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REVISTA TRIMESTRAL DO CPB (Janeiro 2011)

REVISTA TRIMESTRAL DO CPB


(Janeiro 2011)
EDIÇÃO-3

01-01-2011
CLUBE PORTUGUÊS DO BETTA
Edição: Jorge Bento

www.clubeportuguesdobetta.com
Clube Português do Betta Página 1
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O Clube Português do
Betta tem o apoio de:

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OS BETTA DOS MESES QUE ENGLOBA


VENCEDOR DE NOVEMBRO 2010 FOI FILIPE GAIO COM ESTE EXELENTE
EXEMPLAR PLAKAT MACHO!

VENCEDOR DE DEZEMBRO
2010 FOI SANDRA SOPHIA COM ESTE EXELENTE EXEMPLAR CROWNTAIL MACHO!

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VENCEDOR DE JANEIRO 2011 FOI BRUNO RAMOS COM ESTE EXELENTE


EXEMPLAR HALFMOON MACHO!

PARABÉNS A
TODOS!

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(SECÇÃO INICIANTES) a1a1), tal como acontece com o Verde (A1A1 x


A1A1), onde se obtém a totalidade da

As cores principais descendência verde. No caso do Azul Royal, ao


cruzar dois indivíduos com esta cor, a

dos Bettas
descendência será constituída por 50% Azul
Royal, 25% Azul Aço e 25% Verde (A1a1 x
A1a1).
Devemos ter em consideração a camada seguinte,
a camada preta, que se for rica em pigmento preto,
fará as cores parecerem mais escuras e,
As cores dos nossos bettas são o resultado da consequentemente, mais ricas, enquanto que se
combinação de cerca de 26000 genes, e provém da não se verificar a existência de pigmento preto, a
diferente pigmentação de distintos tipos de aparência é chamada de pastel.
células. Estas, por sua vez, dividem-se em quatro
camadas, sendo elas a camada iridescente, a
camada preta, a camada vermelha e a camada Guanophores dispersos
amarela. A camada iridescente situa-se acima das Este é o gene que confere ao betta a sua aparência
outras (chamada camada superior) enquanto a metálica e brilhante, obtidas em cores como o
camada amarela se situa abaixo das restantes Turquesa. A dispersão é codificada por DiDi,
camadas (chamada camada inferior). sendo que esta dispersão aumenta a irridescência
do betta. Assim, didi revela uma fraca dispersão
das células
Guanophores e consequentemente, uma cor mais
pálida. Crê-se que Didi crie uma irridescência
Camada Iridescente intermédia, mas este gene ainda não está
A chamada camada superior é também conhecida totalmente estudado pela comunidade científica.
como a camada azul, uma vez que controla a
quantidade de pigmentos azuis no betta. Non-Blue
Guaniphores, em inglês, é uma célula Este fenótipo consiste na total ausência da camada
caracterizada pela presença de cristais com grande azul. Apesar de existirem bettas onde se verifica a
capacidade de irradiação. Esta camada consegue total incapacidade de mostrar a cor azul, ainda não
apresentar três fenótipos: é conhecido o gene ou conjunto de genes que
-Azul/Verde; provoca esta eliminação da camada azul.
-Guanophores dispersos;
-Non-Blue;

Azul/Verde
A característica azul/verde é representada por B1,
ou seja, é dominante. Posto isto, a partir deste
gene é possível a criação de três cores distintas,
sendo elas:
-Azul Aço, composta por dois genes recessivos
(a1a1);
-Azul Royal, composta por um gene dominante e
um recessivo (A1A1);
-Verde, composta por dois genes dominantes
(A1A1);
Assim sendo, concluímos que, ao cruzar dois
Bettas Azul Aço, a descendência irá ser totalmente
constituída por indivíduos Azul Aço (a1a1 x Fig.1- Cor Azul Aço
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Fig.4 – Cor Verde

Fig.2 – Cor Azul Royal


Camada Preta
As células pretas (Melanophores) podem dar
origem a três fenótipos:
-Cambodja;
-Blonde/Brilhante;
-Melano;

Cambodja
Para além dos usuais bettas Cambodja, que
consistem num corpo mais claro e barbatanas
vermelhas, podemos agora encontrar uma larga
variedade de bettas aos quais podemos chamar
Cambodja. O gene Cambodja é duplamente
recessivo, o que é melhor representado através de
cc. Quando este gene está presente, o pigmento
preto é eliminado por complete. É ainda possível
verificar, em alguns dos novos tipos de Cambodja,
a presença de barbatanas azuis, verdes, brancas ou
mesmo roxas.

Blond/ Brilhante
Á semelhança do gene Cambodja, este também é
Fig.3 – Cor Azul Turquesa duplamente recessivo, e é representado por bb.
Esta característica é melhor observada nos bettas
de cor vermelha, onde se tornam mais ou menos
brilhantes, consoante se verifique ou não a
presença deste gene. Se não se verificar, a
coloração tende a ser mais escura, por outro lado,
a sua presença torna a cor mais viva e brilhante.

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Melano Camada Vermelha


Também duplamente recessivo, mm, tem como As células vermelhas (Erythrophores) podem dar
característica aumenta o pigmento preto no betta, origem a quatro fenótipos, que se destinguem pela
até ao ponto do betta ser completamente preto quantidade de vermelho que apresentam:
(melano). A procura obsessiva pelo betta -Vermelho Estendido;
totalmente negro gerou um erro nos genes, que faz -Vermelho Reduzido;
com que todas as fêmeas negras sejam inférteis, -Non-Red;
tornando assim mais difícil a propagação desta - Barbatanas Vareadas;
característica.
Vermelho Estendido
O gene chamado de V vai controlar a distribuição
e intensidade de vermelho presente no betta. O
betta que possuí este gene para o vermelho
estendido, apresenta uma total cobertura do corpo,
bem como das barbatanas, com a cor vermelha.
Tal como o gene Di acima descrito, este possui
vários graus, variando a distribuição da cor pelo
betta. Os bettas onde se verifica uma menos
distribuição do vermelho são representados por
vv, enquanto que aqueles onde o vermelho cobre
todo o corpo se representam por VV.

Vermelho Reduzido
Ainda não foi encontrado nenhum gene que
reduza a pigmentação vermelha nos bettas. No
entanto, quando estes apresentam um corpo
Fig.5 – Cor Cambodja escuro, geralmente azul, verde ou mesmo preto,
com barbatanas vermelhas, diz-se Vermelho
Reduzido.

Non-Red (não vermelho)


Este gene é duplamente recessivo, e representa-se
por nrnr. O betta que possui este gene não mostra
qualquer pigmento vermelho. O mais aceite entre
a comunidade é que este gene modifica o
pigmento vermelho, tornando-o amarelo.

Barbatanas Vareadas
O gene que codifica esta característica controla a
cor vermelha nas barbatanas, e é o causador do
efeito a que chamamos Butterfly. Esta distribuição
de cor pode ser encontrada em diversos padrões e
intensidades.

Fig.6 – Cor melano

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Outros Padrões

Butterfly
O corpo apresenta uma cor sólida, que se estende
até ao início das barbatanas. Esta cor acaba
subitamente, e o resto da barbatana é transparente
ou não.

Fig.7 – Cor vermelho estendido

Camada Amarela
As células amarelas (Xanthophores) apenas Fig.9 – Padrão Butterfly
podem dar origem a um fenótipo:
-A supressão das camadas vermelha, preta e
iridescente; Mármore
Até agora não foi encontrado o gene que controla Cor do corpo sólida, normalmente clara, que é
a camada amarela, querendo isto dizer que um depois completada com padrões negros e
betta amarelo possui os genes Cambodja (Non- irregulares que se podem alterar com a idade.
Black), Non-Red e Non-Blue. Gene parcialmente dominante.

Fig.10 – Padrão mármore


Fig.8 – Cor amarelo

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Dragão (SECÇÃO CRIADORES)


O corpo apresenta uma cor sólida, normalmente
vermelho, e a parte superior deste apresenta
escamas de cor iridescente pálida, por vezes, cor
CONCEITOS
de cobre, formando uma espécie de armadura. FUNDAMENTAIS DE
GENETICA (LINHAGENS
PURAS)
Os Animais têm duas cópias de cada gene. Cada
um desses genes é uma sequência de DNA que
codifica uma determinada proteína. Algumas
proteínas são estruturais ou trás têm actividade
enzimática. O facto de os Animais terem duas
cópias de cada gene não quer dizer que ambas as
cópias são idênticas, as duas cópias podem ter
ligeiras diferenças na sequencia de DNA que as
formam. As vezes essas ligeiras diferenças podem
Fig.11 – Padrão dragão codificar proteínas diferentes.

Para facilitar a manutenção de registos cada


Multicor variação da sequência é chamada alelo, os
Betta com 3 ou mais cores, dispostas sem nenhum Animais recebem uma cópia de cada gene (alelo),
padrão específico, e que não se encaixam em um do pai e outro da mãe. Muitos alelos codificam
nenhuma das categorias anteriores. uma proteína perfeitamente funcional, o que não
permite distinguir que tipo de alelo carrega o
Animal, isto é, fenótipo (aparência externa) é
perfeitamente normal, não sabendo assim que tipo
de genótipo o Animal carrega, apenas possível
pela sequenciação do gene.

Por exemplo, no mundo dos Bettas para


conseguir-se a cor azul escuro iridescente o Betta
tem de ter dois alelos diferentes presentes no gene,
um alelo chamado “aço” e outro alelo designado
de “verde”. Este dois alelos produzem o gene que
dá a cor azul escuro iridescente ao Betta.

Contudo muitas modificações na sequencia do


DNA leva á criação de alelos não funcionais. Por
exemplo, num Betta pensa-se que a criação do
Fig.12 – Padrão multicor pigmento vermelho é produzida por várias etapas
enzimáticas. Lembrando, para a produção de uma
Escrito por André Duarte
Para o Clube Português do Betta enzima específica é preciso um gene específico
para codificá-la. Agora supondo que a as várias
etapas enzimáticas começa com uma molécula
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sem cor, que é convertida numa molécula amarela então 25% dos descendentes terá 2 bandeiras
pela enzima André. Depois aparece a enzima Rui vermelhas no mesmo gente (ponto). Se este gene
e converte essa molécula amarela numa vermelha. codificar algo cosmético, como a cor ou a género
Agora imaginem que uma cópia do gene que de barbatanas não haverá qualquer problema, mas
codifica o Rui sofre uma mutação (deixa de ser se codificar algo importante para a sobrevivência
funcional), o peixe continua a ser vermelho do Betta este fenómeno será mortal para 25% da
porque a segunda cópia continua funcional e a descendência. Isto raramente acontece porque a
produzir Rui’s. Em outras palavras o alelo probabilidade de o gene ter o alelo responsável no
mutante é recessivo. De facto a maioria dos alelos mesmo lugar que no outro gene é muito pequeno.
que sofrem mutações são recessivos em relação ao
alelo funcional. Se ambas as cópias dos alelos Agora imaginem que se cruza irmãos da
sofrem mutações deixa de haver produção de descendência (F1). Por algum motivo muitos dos
Rui’s, logo não há a transformação do pigmento descendentes deste cruzamento mostram
amarelo para o vermelho, a consequência disto é o deficiências ou então morrem. A razão para isto é
Betta mostrar uma cor amarela. Esta ideia base que os irmãos (F1) que reproduzimos têm
pode ser seguida para outras cores. Se este bandeiras vermelhas nos mesmos genes. Significa
conceito for aplicado a genes que não codifiquem que qualquer que seja o casal reprodutor que
cores mas sim o tamanho do corpo, o escolhemos da geração (F1), esse casal vai ter em
desenvolvimento apropriado das guelras ou média 5 bandeiras vermelhas em comum, isto é,
barbatanas? Ora bem nesses casos se ambos os no mesmo (gene). A descendência do casal (F1)
genes estiverem em falta ou sofrerem mutações o que escolhemos vai ter 25% de probabilidades de
Betta terá problemas muito sérios, o que em casos herdar as duas bandeiras vermelhas de cada um
extremos pode dar origem á morte. Isto explica dos 5 genes. Isto significa que cada individuo
deformações que aparecem em alguns Bettas, ou (F2), vai acabar por ter em média 1.25 genes em
então Bettas que se reproduzem e as ninhadas não que ambas as copias sofreram mutações. Cada
sobrevivem mais que um período de tempo muito descendente (F2) pode ter um número diferente de
curto, normalmente só algumas horas ou dias. genes em que ambos os alelos estão modificados
(ambos têm bandeira vermelha), e cada um pode
Agora imaginem que um genoma tem uma linha ter uma selecção diferente de 5 genes faltando.
de 40 mil pontos, cada ponto representa um gene.
Agora coloquem uma bandeira vermelha em 10 Por exemplo nos 5 genes em que o casal (F1) tem
genes diferentes, isto significa apenas uma das em comum a bandeira vermelha, um descendente
cópias do gene está “funcional”. Agora imaginem (F2) pode herdar 1 cópia ou as duas copias com
que encontram uma Betta fêmea perfeita para bandeira vermelha dos 5 genes, enquanto outro
reproduzir com este Betta macho, tendo esta descendente pode apenas herdar 1 cópia com
fêmea também 10 bandeiras em 10 genes bandeira vermelha de apenas 1 dos 5 genes. É aqui
quaisquer. Quando estes dois Betta reproduzirem- que começa a ficar interessante para quem está
se há uma probabilidade extremamente pequena interessado em purificar a linhagem, porque este
que tenha as bandeiras vermelhas nos mesmos ultima descendente tem menos genes com
ponto, sendo assim a descendência deverá ser bandeiras vermelhas que o casal original desta
igual aos pais e saudáveis como eles, com uma reprodução (F0), sendo mais “puro”, porque
média de 10 Bandeiras (5 do macho e 5 da fêmea). perdeu alguns dos alelos modificados. Se
Mas se por acaso a fêmea tiver uma bandeira cruzamos novamente na geração (F2) entre irmãos
vermelha no mesmo ponto (gene) que o macho, o mesmo processo volta a acontecer. Alguns
descendentes herdam 2 cópias com ambas
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bandeiras vermelhas, podendo apresentar algum que ainda não começaram a produzir linhagens
defeito. Outros vão herdar apenas cópias puras!
funcionais do mesmo gene, sendo este mais puro
que o casal que deu-lhe origem. Ao continuar o Escrito por Jorge Bento
cruzamento os alelos que causam problemas Baseado e adaptado do artigo de Brian Ahmer,
mortais ao Bettas começam a perder-se e apenas Ph.D. “Inbreeding is a good thing”.
se mantém os alelos que queremos. Em aspecto de
conclusão existem uns conceitos importantes a
reter neste artigo. Um gene pode sofrer
modificações, estas modificações podem levar a
mutações que levam os genes a serem não
funcionais benignos (quando se trata da cor ou
tipo de barbatana) ou maligno (quando se trata de
algo fundamental para a sobrevivência do Betta).

Estes dois tipos de mutações são aspectos


importantes a levar em conta, porque às vezes os
Bettas defeituosos têm exactamente as cores ou
tipo de barbatana que queremos, mas lembrem-se
que se escolhermos esse Betta mais cedo ou mais
tarde teremos problemas na saúde do peixe Betta.
Isto acontece nas fêmeas pretas que são inférteis.

Para apurar a nossa linhagem temos de escolher o


casal da mesma geração (irmãos), com as
características que desejamos e cruzar, é bom
primeiro trabalhar num dos aspectos físico que
queremos e fixar esse gene, primeiro a cor e
depois o tipo de barbatana, porque ao tentar fixar
as duas ao mesmo tempo podemos perder uma
delas pelo caminho ou nunca atingir exactamente
aquilo que queremos. Aqui entra um conceito
muito importante que a maioria dos hobistas não
leva em atenção mas que os criadores sérios têm, é
a manutenção durante longos períodos de tempo
de casais específicos. Porque podemos durante a
nossa “purificação” encontrar outras
características que queremos manter, para isso é
preciso cria uma linhagem paralela, isto é feito
através de um cruzamento entre pais e filhos,
deste modo podemos dividir em 2 linhagens
diferentes uma única linhagem, este processo de
cruzamentos chama-se inbreeding, para o qual não
conheço tradução para português. Espero ter
ajudado com este artigo a criadores experientes
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The Israeli Journal of Aquaculture – Bamidgeh 55(1), 2003, 39-52. 39


EFFECT OF ANIMAL AND PLANT PROTEIN DIETS
ON GROWTH AND FECUNDITY IN ORNAMENTAL FISH,
BETTA SPLENDENS (REGAN)
Raja James* and Kunchitham Sampath
Department of Zoology, V.O. Chidambaram College, Tuticorin 628 008, Tamilnadu, India

(SECÇÃO ARTIGOS CIENTIFICOS)


Nesta edição o artigo científico escolhido foi RESULTADOS
sobre a diferença do desenvolvimento em Bettas
splendens, quando alimentados com ração com
diferentes teores de proteína animal e vegetal. Os
artigos aqui traduzidos por membros do Clube
Português do Betta são apenas um resumo
compacto, se quiser visualizar o artigo completo é
só precisa pesquisar na net o titulo do artigo que
foi colocado no inicio desta área

INTRODUÇÃO
Fig 1- Impacto da dieta com proteína animal no Betta Splendens
A produção de qualquer espécie em aquacultura
só é viável economicamente quando se conhece as
qualidades e quantidades nutricionais para ter uma
taxa de crescimento óptima sem haver desperdício
de alimento. Sabe-se que a quantidade de proteína
presente num alimento influencia a reprodução
dos peixes. As fêmeas precisam de uma
percentagem adequada de proteínas no alimento
para a produção de ovos ou embriões. A proteína
também é necessária para a formação de folículos
e outros tecidos ovários, também tem um papel
importante no desenvolvimento larval. Se o
alimento dado não tiver a quantidade de proteína Fig 2- Impacto da dieta com proteína vegetal no Betta Splendens

adequada à espécie em reprodução pode afectar a


sobrevivência das larvas.

O Betta é ovíparo e alimenta-se de comida viva,


como o tubifex, daphnia, pequenos insectos
aquáticos e larvas de mosquito no seu habitat
natural. Contudo aceita também ração
industrializada e comida congelada. A fonte de
energia desta espécie são proteínas, hidratos de
carbono e lipidos, como a maioria dos animais.

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DISCUSSÃO número de ovos produzidos pelas fêmeas.


Aconteceu o mesmo aos Bettas sujeitos às dietas
Este estudo revelou que níveis de proteína de 35% com 45% de proteínas que também tiveram um
nos alimentos obtiveram os melhores resultados crescimento menor, neste estudo a razão apontada
no crescimento do Betta Splendens. Valores é o gasto energético grande que é necessário para
superiores ou menores tiveram piores resultados digerir as proteínas e o aumento na produção de
em termos de crescimento de biomassa. Bettas amónia pelos peixes.
Splendens alimentados com dietas com conteúdos
de 35% de proteína animal ou vegetal tiveram as Comparando agora a alimentação de 35% em
taxas de crescimento e de ingestão de alimento relação a proteínas vegetais e animais. Sem
maiores, assim como uma eficiência de conversão qualquer dúvida as proteínas animais tiveram
alimentar mais elevada. melhores resultados que as vegetais, como se pode
observar pelo gráfico. Isto deve-se á falta de
aminoácidos importantes para os Betta Splendens.

Artigo cientifico traduzido e resumido por:

Jorge Bento

Clube Português do Betta

A ingestão adequada de energia e proteínas é


essencial para um crescimento máximo. Os peixes
que consumiram dietas com elevado teor proteico
tiveram uma retenção de proteínas maior,
sugerindo que uma porção das proteínas digeridas
foi utilizada como energia para a manutenção e o
restante da energia foi utilizada para o
crescimento das gonadas e tecidos somáticos. No
caso dos ensaios em que os Bettas tiveram dietas
alimentares com menor teor de proteínas, grande
parte dessa energia era investida na manutenção
do Betta restando pouca energia para o
desenvolvimento das gónadas, prejudicando o
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(SECÇÃO BETTAS SELVAGENS) Floresta de Mahachai


A floresta de Mahachai, onde se podem encontrar os
plakad verdes, encontra-se a cerca de 20Km de
Bangkok. Mahachai é a maior cidade da zona, o
Betta Mahachai – Perigo de que proporciona um maior desenvolvimento
extinção antes de existir industrial. Fábricas, campos de sal e a apanha de
camarões têm vindo a alterar o ecossistema do
pântano. As fábricas poluem as águas e o ciclo da
Introdução água está ser controlado. O caudal do rio e as
Entre várias espécies de Betta, existe uma em marés são o que controlam a salinidade do
particular que tem sido alvo de muitas discussões pântano do Betta Mahachai, se este ciclo é
nos últimos anos. É uma espécie selvagem, alterado, as condições deixam de ser as ideais.
descoberta recentemente por investigadores, que
A popularidade do plakad verde tem aumentado
vive onde nenhum outro Betta consegue viver.
nos últimos tempos e tem sido apanhado em
Lugar este, que tem vindo a diminuir as condições
grandes quantidades do seu habitat natural. Outro
de vida devido a fábricas e ao crescimento do
factor muito importante para a extinção do B.
desenvolvimento nessa zona. O Betta Mahachai
Mahachai é o facto de ter sido introduzido uma
ainda não foi identificado oficialmente como uma
espécie de planta – Azolla. Um feto aquático de
espécie – pensa-se que é apenas um híbrido de
fácil desenvolvimento, principalmente no meio
Bettas locais – e o seu habitat natural pode
onde se encontra. O seu rápido crescimento forma
extinguir-se mesmo antes de ser identificado como
um tapete espesso verde à superfície da água, o
espécie.
que impossibilita o Betta de vir à superfície
respirar.
Espécie ou não?
Tudo isto pode levar à extinção do habitat natural
Os habitantes locais da cidade chamam ao Betta
do Betta Mahachai. Como ainda não foi
Mahachai de “plakad verde” e aos Betta
identificado como uma espécie, não são feitas
Splendens selvagens de “plakad vermelhos” e,
grandes medidas para proteger este peixe.
constatam que os plakad verdes e os plakad
vermelhos nunca são encontrados juntos. No entanto, um criador conseguiu reproduzir o B.
Mahachai em cativeiro e distribuir a espécie para
Muitos dizem que o Betta Mahachai é um híbrido
outros criadores. A espécie não será extinta
entre Betta Splendens e Bettas selvagens locais
mesmo que a sua origem seja.
como o Imbellis, ou um híbrido de Splendens
selvagens com domésticos. Apesar das
semelhanças entre os Bettas, muitos afirmam ser
uma espécie nova porque nenhum outro Betta
consegue viver onde o plakad verde vive, pois a
água é ligeiramente salgada. Outro aspecto muito
importante é o comportamento social, os machos
Mahachai conseguem coabitar com outros
machos, havendo apenas umas lutas territoriais, tal
como muitos outros peixes.

Legenda: Betta Mahachai


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Selvagens em cativeiro Conclusão do Clube Português do Betta


Os plakad verdes são fáceis de ter em cativeiro. O Para nós é uma espécie fantástica dada as suas
pH da água do seu habitat natural é de 7,8 mas a condições de água e o seu comportamento social.
7,0 também é bem aceite, abaixo da neutralidade Está numa zona muito infeliz: a poluição, a sua
dificilmente se reproduzirá. A água deve ser apanha excessiva, a introdução de novas espécies
ligeiramente dura e salgada. A relação de água / e o facto de ainda não ser oficialmente uma
sal é de uma colher de chá de sal para cada 8L, espécie, torna a sua extinção inevitável.
embora também possa ser mais diluído. A
temperatura ideal ronda os 25-26ºC. Fizemos algumas pesquisas em relação à Azolla e
não só impossibilita o Betta de respirar à
Os aquários devem ser de 40L, mas se forem superfície, como torna a água imprópria. A Azolla
maiores, pode-se ter mais um par de Bettas tem uma simbiose com uma cianobactéria e
Mahachai para poderem reproduzir. Bem plantado consegue transformar o azoto da atmosfera em
para fornecer muitos esconderijos, embora sejam amónia. É usada como fertilizante em arrozais
mais sociais, têm o seu lado territorial. (ironicamente, onde muitos Bettas são
encontrados), mas a água deste pântano tem as
condições ideais para a Azolla. Um crescimento
Reprodução rápido desta planta e um, espaço cada vez mais
A reprodução é idêntica à dos Bettas Splendens, pequeno, torna-se impossível fazer um ciclo de
com algumas diferenças. Em relação à fêmea, não filtragem correcto.
é necessário retira-la após a desova, o macho não
fica agressivo com ela. As riscas verticais são Queremos acreditar que sejam feitas medidas
idênticas às do B. Splendens, mas quando rápidas para que se possa proteger esta espécie.
começam os abraços, ela fica com uma cor tão Não apenas começar a reproduzir com outras
forte como à do macho. A fêmea aproxima-se do espécies e se perca os genes originais. É
macho com a cabeça para baixo como o normal e necessário que a espécie Mahachai se mantenha.
os abraços também são iguais. Após cada abraço,
Artigo escrito por:
a fêmea dobra a barbatana pélvica em forma de
gancho para apanhar alguns ovos, para que o Mário Bernardes para o Clube Português do Betta
macho não tenha de ir apanha-los ao fundo mas
sim à barbatana.

O ninho desta espécie selvagem parece ser mais


compacto que o habitual. O macho parece fazer
um ninho temporário e um principal. Os ovos são
colocados no temporário até o principal estar
pronto. No fim, conduz a fêmea para fora da área
de reprodução e coloca os ovos no ninho
principal.

O tempo de desova é como o B. Splendens e os


pequenos começam a nada na horizontal aos 4/5
dias. Podem ser alimentados com artémia recém
eclodida, que cresceram rapidamente.

Legenda: Habitat do Betta Mahachai


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(SECÇÃO ENTREVISTA)
4) Que cores? Tipo de Cauda é mais usual
Entrevista ao Criador André reproduzir?
Duarte, fundador do Clube
HM e CT são as caudas de eleição, sendo que as
Português do Betta cores que prefiro são azul e branco, em padrão
butterfly.

1) Quando começou a criar Bettas?

Iniciei-me na reprodução de bettas à apenas 1 ano,


pouco tempo depois de ter o meu primeiro betta.
Apaixonei-me rapidamente pelas cores e formas
das caudas, e depressa quis aprender mais sobre a
espécie, acabando por encontrar o CPB que me
ajudou bastante.

2) Qual o tipo de Cauda que começou por


Reproduzir?

A minha primeira reprodução foi de um macho 5) Conhecemos casos de pessoas que são
plakat com uma fêmea SpadeTail. bastante supersticiosas, então, só iniciam uma
reprodução num dia x, ou numa lua tal, você
tem algum tipo de superstição?
3) Onde costuma adquirir os seus exemplares? Não, eu acho que qualquer dia é um bom dia para
(Criadores estrangeiros, Criadores se reproduzir um betta. Conheço algumas pessoas
Portugueses? Outros…) que apenas juntam o casal na lua cheia, alegam
que induz a desova.
Maioritariamente a lojas de animais e criadores
nacionais.

6) Como costuma alimentar os seus Bettas


durante a preparação para a Reprodução e

depois da mesma? (Quantas vezes por dia, com


que tipo de alimentos)

3 vezes ao dia com Larvas de mosquito vivas e


ração industrializada (Attison Betta Food, Attison
Betta Pro e Spirulina).

7) Pode-nos descrever que alimentos costuma


dar aos seus juvenis até aos separar, com que
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frequência os alimenta por dia? E a que idade Sim, e aí entram comunidades como o Clube
os separa? Português do Betta, que servem para dar a
conhecer grande parte dos criadores nacionais,
No primeiro mês de vida alimento com artémia bem como os desenvolvimentos das suas
recém eclodida e microvermes, depois começo a linhagens, o que pode contribuir para um aumento
introduzir a ração industrializada. A separação é da qualidade dos bettas vendidos em Portugal.
por volta do mês de meio de vida.

8) Podia dar-nos alguns detalhes sobre o seu


método de Reprodução?

O método de reprodução não foge muito do usual,


aquário maturado, água nos 28º, com uma altura
da coluna de água entre os 10cm e os 12cm e
folha de amendoeira da Índia como suporte para o
ninho. Macho no aquário no dia 1, fêmea
introduzida passados dois dias, dentro de uma
garrafa cortada. Casal solto no 3º ou 4º dia
(Dependendo do tamanho do ninho e
receptividade do casal), dá-se o abraço e retiro a
fêmea.
11) Acredita que ainda falta muito trabalho em
Portugal para podermos encontrar exemplares
com boa qualidade? Ou já se começam a ver
9) Qual a taxa de sobrevivência que consegue
alguns?
nas suas reproduções? Como os distribui?
(Vende a lojas, fica com todos, ou vende a Já existem bons exemplares a serem vendidos,
outras pessoas?) infelizmente a larga maioria é importada. Os
bettas produzidos pelos criadores nacionais vão
Até agora não têm sido muito elevadas, visto as
aos poucos começando a chegar ás lojas, mas
primeiras reproduções serem marcadas por
ainda somos uma comunidade relativamente
algumas experiências nomeadamente no que diz
pequena. Muitas vezes é preferível vender online.
respeito à qualidade da água e frequência das
TPA´s para aperfeiçoar o método, o que prejudica
a contagem final.

12) Já alguma vez apresentou algum exemplar


10) Sabemos que por vezes, muitas lojas não numa exposição?
têm bons exemplares. Acredita que a criação
Nacional de bons exemplares poderia ser um Não, conto fazê-lo na primeira exposição do
bom caminho para fornecer as lojas a preços Clube Português do Betta.
mais acessíveis que bons exemplares
estrangeiros?

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REVISTA TRIMESTRAL DO CPB (Janeiro 2011)

13) A nível de Aquariófila em Geral, mantém


ou reproduz outras espécies?

Mantenho neste momento um aquário plantado


comunitário com outras espécies para além de
bettas, como rasboras e corydoras, entre outras.

Escrito por Rui Fernandes

Para o Clube Português do Betta

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REVISTA TRIMESTRAL DO CPB (Janeiro 2011)

ASSUNTOS TRATADOS NA PRÓXIMA EDIÇÃO

(Artigo para criadores) “Desvantagens de linhagens inbred e


as respectivas soluções para o problema”

(Artigo para iniciantes) “Qual é a importância da qualidade da


água na manutenção e criação

(Entrevista) “O aquariofilista Martinho Brazão”

(Artigo Cientifico) “Ainda por definir”

AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que escreveram os artigos para que esta edição fosse feita

Aproveito também para agradecer aos apoios que estão a ser dados por várias empresas, tanto para o site
como para a exposição, um Grande obrigado para eles.

CONTACTOS
Quer Participar, ou ver um artigo escrito por si na REVISTA DO CPB?
Tem alguma opinião a dar, ou conselhos quanto à edição da revista?

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