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REFORMA FISCAL EM MOGAMBIQUE E SEU IMPACTO NO CRESCIMENTO ECONOMICO 2005 BIBLIOTECA ECONOMIA Katia Marisa Madeira de Morais Outubro de 2007 Trabalho de Licenciatura em Economia Faculdade de Economia Universidade Eduardo Mondlane Maputo, Mogambique Dectaragao Declaro por minha honra que este trabalho ¢ da minha autoria e constitui resultado da minha investigag2o, estando indicados no texto e bibliografia as fontes que foram usadas. Esta ¢ a primeira vez que o submeto para obtengo de um grau académico numa instituigdo educacional. Kitia Marisa Madeira de Morais Maputo, aos [4] de Outubro de 2007. Aprovagio do Jiri Este trabalho foi aprovado, por nés, membros do jtiri examinador da Universidade Eduardo Mondlane. Maputo, aos 1% de Outubro de 2007 (Presidente do Jiri) (Arguenj (Supervisor) Agradecimentos Honras maiores vao para os meus familiares, amigos ¢ colegas do curso pelo alento estimulo para que o almejado sonho se tomnasse realidade, em especial 4 minha mae pelo incansavel e incondicional apoio, encorajamento e ensinamentos, desde o inicio dos meus estudos e durante os longos anos de duragio do curso, Ao Dr. Manoela Sylvestre, pela prontidao e disponibilidade manifestada na orientagdo do trabalho, roubando-Ihe até os raros momentos de repouso. As todas as demais pessoas que de uma forma ou de outra ficam gravadas na meméria, pelas palavras amigas Dedicatéria Em meméria do meu falecido pai Manuel Rafael de Morais. Abreviaturas ATI: Administragao Tributiria dos Impostos. ATM: Autoridade Tributéria de Mogambique. BM: Banco Mundial DG: Direcgdio Geral dos Impostos, DNEAP: Direcgdo Nacional de Estudos ¢ Avaliagio de Politicas. DNIA: Direegao Nacional de Impostos ¢ Auditoria. FMI: Fundo Monetario Internacional. FRELIMO -Frente de Libertagdo de Mogambique. INE: Instituto Nacional de Estatistica. IVA: Imposto sobre o Valor Acrescentado. IRPC: Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas. IRPS: Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares. MF: Ministério das Finangas. NUIT: Néimero Unico de Identificagao Tributéria. OCDE: Organizagao para a Cooperagdo e Desenvolvimento Econémico, PAE: Programa de Ajustamento Estrutural. PIB: Produto Interno Bruto. PMA: Programa Mundial de Alimentagiio, PPI: Plano Prospectivo Indicativo. PPC-Paridade de Poder de Compra. PRE: Programa de Reabilitagio Econémica PROAGRI: Programa de Investimento Pibblico para 0 Desenvolvimento do Sector Agrario, PVD: Paises em Vias de Desenvolvimento. RF: Reformas Ficais. SF: Sistemas Fiscais SISTAFE: Sistema de Administragdo Financeira do Estado. URTI: Unidade Técnica de Reforma Tributiria dos Impostos Internos. Resumo © trabalho denominado Reforma fiscal em Mogambique ¢ seu impacto no crescimento econémico 1975 - 2005, tem como objectivo caracterizar as reformas tributérias ¢ avaliar até que ponto estas contribuiram para 0 crescimento econémico do pais. Também analisa a ligagdo entre as reformas fiscais e 0 desempenho das receitas, assim como melhores formas para arrecada-las. Embora com um baixo nivel de fiscalidade e com dificuldades para gerar receitas internas para cobrir as suas despesas piiblicas, 0 trabalho mostra que as reformas implementadas tiveram um impacto significativo no crescimento da economia no geral e no sistema de impostos em particular, tendo feito crescer a base tributaria Este crescimento tem sido suportado pela revisio completa da adminstragao tributaria, ¢ melhorias no sistema de impostos para aumentar a sua colecta, combater a evasio e a fraude. Mogambique é um pafs em desenvolvimento, devendo de acordo com as diversas teorias que se debrugam sobre os sistemas tributérios, implementar reformas fiscais constantes. As reformas fesultaram em progressos em termos de procedimentos, sistema legal, capacidade técnica, informatizagio e facilitagdo. As futuras reformas dever3o obedecer os actuais desafios da integragao a nivel regional ¢ da globalizagao no geral, tendo sempre em conta 0 uso de tecnologias de informagao. Nao se pode perder de vista 0 objectivo de manter o crescimento econémico continuo, devendo as reformas fiscais melhorar o sistema e a sua administragaio aperfeigoada com o tempo. iNDICE Declaragao. Aprovagao do Jar. Agradecimentos, Dedicatéria.. Abreviaturas Resumo....- indice... 1. Introdugao. 1.1- Definigao do problema... 1.2- Objectivos do Trabalho. 1.2.1- Objectivo Geral... 1,2.2- Objectivo Especitics 1.3- Relevancia do Tema... 1.4 Metodologia...... 1.5- Estrutura do Trabalho........ 2- Enquadramento Teérico.... 2.1- Objectivo da Politica Tributaria. 2.2- Relagio entre Receita, Gastos ¢ Crescimento Econémico 2.3- Reforma fiscal nos Paises em Vias de Desenvolvimento (PVD, s). 2 cod 3 3 3 4 a woe 5 5 7 2.4- Perigos em processos de Reforma Fiscal nos PVD, s. ul 3- Reformas Fiscais em Mogambique e seu impacto no Crescimento Econémico.12 3.1-Sistema Fiscal em Mogambique..........sssesssee ang 3.2- A I* Reestruturago do sistema fiscal (1976/1978)....... eS 3.3- A Reforma Tributaria de 1987, no Ambito do PRE.........0.sseseeeeeeseealB + 3.4- Aprofundamento pés-estruturalizagéo de 1999-2005 ....esessssscsseeseeeesne20 4- Conclusdes ¢ Recomendagdes......... - Beet as Anexos ae : oT Referéncias Bibliograficas..... 40 1. Introdugdo © Governo Mogambicano identificou o crescimento econdmico ¢ a redugio da pobreza como principais objectivos a longo prazo. O crescimento econdmico & tradicionalménte definido como a taxa de crescimento do rendimento real per capita, Actualmente, a assisténcia extema financia metade do orgamento do Estado e mais de metade da importagdes do pais, dai que uma estratégia de crescimento deva incluir um programa claro para reduzir esta dependéncia (Rolim et al, 2002: 101). Mogambique passou por experiéncias econémicas ¢ sociais marcadas por trés sistemas econémicos distintos acompanhados por uma guerra civil. Cada um destes sistemas corresponde a alterago nos sistemas de finangas piiblicas ¢ foram acompanhadas por trés principais reformas fiscais. A reforma de 1978 coincide a transiga0 pos independéncia do capitalismo colonial para o socialismo, depois a de 1987 representa 0 inicio de uma década de ajustamentos estruturais movendo-se para uma economia de mercado € finalmente, os mais recentes conjuntos de reformas no periodo entre 1999-2005 tendem a consolidar as reformas feitas anteriormente ¢ estabelecer um sistema de financas piiblicas sustentavel ¢ eficiente, Este trabalho tem como objectivo dar continuidade aos desafios enfrentados pelos formuladores de politicas em Mogambique na procura de uma estratégia para acelerar 0 crescimento econémico. A arrecadago de receitas pelo Govemo ¢ feita através da aplicag3o de impostos sobre a economia, um elemento crucial neste processo pois o pais precisa de Fecursos para investir. © objectivo do imposto é de aumentar a receita para financiar as despesas do Governo ao mesmo tempo que promove o crescimento econémico € 0s investimentos pliblicos. Nesse ambito, surge a reforma fiscal, como um elemento chave para aumentar as, receitas através do alargamento da base tributiria contribuindo para 0 crescimento econémico, através do financiamento dos gastos. sistema fiscal necessita ser eficiente na alocagdo de impostos ¢ incentivos bem como possuir um impacto socio-econémico justo e igualitirio na sociedade. As politicas fiscais devem tanto promover a competitividade doméstica como em relago aos outros paises na atracgo do investimento directo estrangeiro. O sistema ideal de impostos deve aumentar a receita necessiria' sem desencorajar ou distorcer a actividade econémica, Igualmente nfo deve ser muito diferente dos sistemas de impostos dos paises da regio. As questdes teéricas e priticas envolvem um sistema que seja t¥o neutro quanto possivel para minimizar o impacto da politica fiscal na fungdo de alocagdo* e promocao simultdnea do emprego e do investimento, Os condicionalismos macroeconémicos de cada pais, a sua estrutura, prioridades sociais, situagao de endividamento externo, as capacidades administrativas e outros aspectos relevantes so tidos em considerasdo na elaboragao de recomendagdes de natureza fiscal que melhor se ajuste a cada pais © presente trabalho debruca-se sobre questdes referentes aos processos de Reformas Fiscais ocorridas em Mogambique de 1975 a 2005, suas motivagdes ¢ implicagées no crescimento econémico. 1.1- Definigao do problema Mogambique & um pais em desenvolvimento, bastante dependente de ajuda externa, que softeu profuundas alteragdes desde 0 periodo da Independéncia Nacional, época em que o pais ainda no tinha uma politica fiscal propria até a actualidade. Nesse contexto, far-se-A uma abordagem sobre as reformas implementadas, efeitos nos sectores econémico ¢ social de modo a ajustar A necessidade dos recursos financeiros para o Estado e © desenvolvimento do Pais, no se debrugando especificamente sobre os impostos. © trabalho responder & seguinte questo: " Sera o sistema tributério eficaz estruturado por forma A que, as receitas aumentem ao longo do tempo sem que sejam necessétrias mudangas frequentes na lei tributéria ou aumentos nas taxas dos impostos € conduzam ao crescimento econémico”? * Receita necessria para financiar as despesas da administragdo e investimentos piblicos, * Alocagto significa divisto do capital e mBo-de-obra entre 0s virios sectores econdmicos. 1.2- Objectivos do Trabalho 1.2.1-Objectivo Geral trabalho tem por objectivo geral caracterizar as reformas tributérias ocorridas em Mogambique ¢ avaliar as implicagdes de politica no erescimento econémico de 1975 2008. 1.2.2-Objectivo Especifico O objectivo especifico é-de avaliar até que ponto as reformas conduzirio a0 aumento dos recursos publicos e por via destes, ao crescimento econdmico. Para tal, sera considerada como hipétese de investigagao, a existéncia ou nao de tum sistema tributério economicamente eficiente, que permita a obtengdo de receitas piiblicas essenciais 4 promogao do crescimento econémico. 1.3- Relevancia do tema Mogambique ¢ muito dependente de financiamento externo para cumprir com os seus programas de despesas piblicas. A escolha do tema obedeceu razées relacionadas com a estrutura da economia nacional, onde se destaca a necessidade de melhor compreender e conhecer o sistema fiscal. 0 facto de existir o problema da insuficiéncia de receitas, que podera ser agravado no clima actual de liberalizagaio do comércio ao nivel regional e multilateral. A crescente dependéncia entre economias a nivel global, competicdo por mercados, investimentos ¢ capitais internacionais, reforga o interesse pelo tema, O tema é também relevante pelo seu cardcter actual, sendo um processo continuo, devido aos esforgos que desenvolvidos para aumentar a base tributéria, Também porque o proceso de tributagao afecta a economia no geral através da redistribuigao dos rendimentos de modo a proporcionar equidade ¢ justiga social, rumo ao crescimento econdmico do pais. Outra motivagio para escolha deste tema é 0 facto de haver pouca informagaio sobre o sistema tributario para efectuar andlises e fazer previsbes, assim como os futuros desafios com a liberalizago comercial. A escolha do periodo em anilise deve-se ao facto de 1975 representar um marco para o pais, a conquista da independéncia politica do pais, assumindo-se que uma série de 31 anos & mais do que suficiente para analisar o crescimento econémico do pais. 1.4- Metodologia ‘A metodologia ter como base a anélise da literatura sobre finangas piblicas em geral € pesquisa bibliogrifica e documental sobre reformas fiscais ¢ crescimento econémico, A informagao foi tratada ¢ analisada tendo em vista a prossecugao do tema e procurando responder as questdes pertinentes. 1.5- Estrutura do Trabalho trabalho esta dividido em 4 capitulos. No primeiro capitulo, introduz-se o tema, objectivos do trabalho sua estrutura. No segundo, aborda-se de forma breve e especifica a politica tributéria e como ocorrem as reformas tributérias nos Paises em desenvolvimento. Realgam-se as vantagens, perigos € riscos que afectam as politicas econdmicas, o crescimento ¢ desenvolvimento econémico. No terceiro, debruga-se sobre a evolugdo das reformas fiscais em Mogambique, caracterizagao do seu sistema fiscal, realgando os periodos de maior énfase desde a reestruturagdo fiscal ocorrida em 1976, passando pela aderéneia da economia de mercado até a modemizagio do sistema de impostos. Incide também sobre os indicadores ¢ dados estatisticos sobre as tendéncias gerais das reccitas, das despesas, todos eles recolhidos com 0 objectivo de analisar a tendéncia de crescimento do pais ao longo do periodo em andlise. Por iltimo apresentam- se as conclusdes e recomendagdes do trabalho realizado. 2- Enquadramento Teérico sistema tributirio deve ser estruturado de forma a encorajar 0 cumprimento voluntério de pagamentos. 2.1- Objectivo da Politica tributaria O principal objectivo da politica tributéria é de estabelecer um mecanismo efectivo gerador de reccitas, que seja justo, simples, previsivel e economicamente eficiente, ‘Um mecanismo efectivo gerador de receitas permite atingir as metas de receita do Governo, para se obter uma distribuigo adequada dos recursos nacionais pelos servigos piiblicos essenciais. O sistema tributirio deve desenvolver 4 medida que a economia se desenvolve, proporcionando recursos para que o Estado fornega melhores servigos a0 publico, podendo permitir a redugao das taxas dos impostos sobre as pessoas ¢ empresas. A justiga tributaria é geralmente alcangada com base em dois critérios (Ibraimo, 19974: 70): equidade vertical (cobrando maiores pagamentos daqueles que tém maior capacidade para pagar) e horizontal (contribuintes com capacidades similares de pagamento enfrentam semelhantes obrigagdes fiscais), de forma a minimizar a evasio fiscal ¢ altas taxas de impostos. Complexidades administrativas ¢ diferengas arbitrarias na tributagZo sto possiveis de evitar em presenga de um sistema tributirio simples ¢ ainda é possivel uma melhor ‘compreensio por parte dos contribuintes A previsibilidade do sistema tributirio est inclusa numa legislagio tributéria estivel ¢ transparente, requerendo mudangas quando necessérias, de acordo com uma estratégia bem articulada, envolvendo a auscultago das partes envolventes. 2.2-Relagao entre Receita, Gastos e Crescimento Econémico Definindo Y como o nivel de produto que a economia produz, este seria igual a: Y= CHI+GHX-M, Onde C é 0 consumo privado da economia, I é 0 investimento privado, G sto as despesas do Governo, X & o valor das exportagbes e M, 0 valor das importagdes. Onde AD ¢ a procura agregada, representando 0 nivel de bens © servigos procurados na economia e AS é a oferta agregada, representando o nivel de bens ¢ servigos oferecido na economia P €o nivel de pregos e ra taxa de juros em vigor na economia. A IS representa 0 mercado de bens e servigos (real) e a LM, 0 mercado monetario. E é 0 ponto de equilibrio, quer entre a oferta e procura, quer entre o mercado real e © monetitio. gréfico 1 mostra como as reccitas arrecaadas pelo Estado sero aplicadas em investimentos piblicos, aumentando assim os gastos do governo e a procura agregada da economia, deslocando as curvas IS ¢ AD para a direita, de [So para IS) ¢ ADp para AD; No ponto de equilibrio inicial (Eo) passar a existir um excesso de procura por bens e por moeda por motivo de transagdo, elevando a taxa de juros e os pregos (ry para T1€ Po para pi), passando o nivel de rendimentos de Yo para Y2, Eo para Ep. Note-se que este aumento de rendimentos iré provocar 0 aumento de receitas de impostos sobre tais rendimentos, que cobrirdo parte do aumento dos gastos piblicos. Este novo nivel de rendimento (Y2) é maior que o inicial (Yo), porém menor do que © que seria o produto gerado se nfo estivesse incluso o efeito da taxa de juro na economia (Y}), facto que reduz o nivel de investimento privado, sendo que o aumento da despesa do Governo é feito A custa do sector privado (Branson, 2001:98-99). Griifieo 1. Efeito dos Gastos do Governo na Economia Fonte: Branson, W.H. (2001). 2.3- Reforma fiscal nos Paises em Vias de Desenvolvimento (PVD, s) ‘Nos PVD, s, uma das causas de desequilibrio externo tem sido a emissdo de moeda excessiva, que tem origem em acgdes do sector piiblico, que na auséncia de mercados de capitais bem dimensionados, recorrem com frequéncia, ao financiamento de grandes défices fiscais através de empréstimos externos e da expanstio monetéria interna. Quando o erédito estrangeiro é retido ou deixa de estar disponivel ¢ os empréstimos contraidos no sector privado sao limitados ou deixam de ser possiveis, a expansio monetiria passa a ser a tinica alternativa. Contudo, mostra-se rapidamente incompativel com taxas cambiais fixas ou obrigat6rias (Rolim et al, 2002: 101). Espera-se com as reformas, a reabilitagdo dos sectores chaves da economia (industrial), maior mobilizagao dos recursos do Estado; travagem da espiral de corrupgao na administragao publica e a promogao da facilitag3o comercial através da redugao dos ccustos com obrigagdes fiscais. Nos tiltimos vinte anos, assistiu-se em quase todo o mundo uma vaga de Reformas Fiscais (RF) -iniciada com as RF da Gra - Bretanha ¢ dos Estados Unidos da América na primeira metade dos anos 80-sendo de algum modo, um fenémeno novo. As frequentes modificagdes que actualmente ocorrem sao reflexo de (Rolim et al, 2002: 101): 1. Por um lado, a insatisfagao social face aos sistemas fiscais (0 facto de os impostos pagos no serem os mais justos, nem promoverem da melhor maneira a actividade produtiva como se desejaria; 2. Por outro lado, da crescente interdependéncia das economias a nivel global e da competigdo por mercados, investimentos € capitais intemnacionais cada vez mais méveis que leva a que o factor fiscal tenda a desempenhar um papel relevante enquanto instrumento na politica de conquista e de atracgdo desses mesmos factores. Essas modificagdes por efeito demonstragao das priticas de outros paises (mimetismo fiscal) ¢ através da redugdo de taxas e da concessio de beneficios fiscais (competigao fiscal) tém as suas vantagens ¢ os seus perigos (Santos, 1998: 122): - Vantagens, porque sio um factor de modemizagao e de busca de melhorias em prol de um sistema fiscal mais desejével; + Perigos, porque podem conduzir, através de uma corrida desenfreada, a verdadciras «anibalizagdes» da receita fiscal, mormente nos paises menos desenvolvidos (PVD), quer em troca de capital, da criagdo de emprego ou da instalagdo de novas indistrias (muitas vezes pouco duradouras ou que pouco acrescentam ao valor nacional incorporado), esti «dispostos» a ceder parte significativa do seu poder tributério (receitas fiscais); = Desvantagens ainda, porque modificagées frequentes e profundas do sistema tributério aumentam e acarretam custos elevados, quer do ponto de vista administrativo, quer do cumprimento das obrigagdes fiscais, por parte da administragao fiscal, das ‘empresas e dos contribuintes em geral. As RF reclamam-se sempre de certos objectivos, social ¢ politicamente valorizados, que no fundo, traduzem aquilo que, em determinado momento histérico ¢ face 20 contexto em que se inserem, se consideram como os mais desejéveis. Esta perspectiva normativa do que deve ser um sistema fiscal faz apelo a principios de aceitagdo mais ou menos generalizada, embora se possa divergir quanto a prioridade ‘ou peso relativo que devera ser dado a cada «argumenton. Alguns dos mais consensuais e invocados so (Mario ct al, 1989: 417-451): 1. Equidade: a distribuigio da carga fiscal deve ser equitativa, isto ¢, cada individuo deve pagar uma parte considerada justa, comparticipando no financiamento dos bens piiblicos fornecidos pelo Estado. i Eficiéncia econémica: os impostos devem ser escolhidos de modo a minimizarem a interferéncia com decisdes econémicas eficientes, ou seja, deve ser reduzida a «carga excessiva». Simplicidade administrativa: a administragao de um sistema fiscal, bem como 0 respectivo custo de administragio, devem ser to baixos que permita a compatibilizagdo com outros objectivos de politica fiscal. Flexibilidade: a estrutura fiscal deve facilitar 0 uso da politica fiscal na obtengio dos objectivos ao nivel de estabilizagao e do crescimento. Transparéncia: 0 sistema fiscal deve permitir uma administragdo eficiente ¢ nao arbitréria, e deve ser compreensivel por parte dos contribuintes, reduzindo a0 indispensavel os custos de cumprimento por parte destes. Os aspectos acima referidos constituem um referencial obrigatério ¢ orientador para qualquer sistema fiscal. Porém no é mais do que isso, pois & necessério ter presente que os sistemas fiscais concretos no sto expliciveis exclusivamente por razdes de equidade ou eficdcia econémica. Os sistemas fiscais so um produto imperfeito ¢ hibrido, resultado de um complexo jogo de influéncias histéricas, culturais, econémicas, nao existindo, portanto, um SF «quimicamente» puro. Note-se que na maioria dos paises que fazem parte dos PVD, s, nio se verificam 65 principios acima referenciados, uma vez que a base tributéria ainda nio é na sua maior parte abrangida pelo controlo do Estado, nao permitindo que cada individuo pague a parte considerada justa, havendo pobres que pagam impostos ¢ ricos que nao fazem. Tal & a situagio de Angola ¢ Cabo Verde, cujas reformas tiveram como objectivos ‘© aumento constante da reccita através de maior eficiéncia tributéria e do aumento das actividades de inspecgdo tributéria (Campanigo, 1998: 5-30). Entre 1983 e 1993, o Gana passou por um processo de reforma fiscal com um impacto significativo em todo o sistema de impostos. Isto deveu-se principalmente por sucessivas desvalorizagdes da taxa de cambio, aboligo do controle de pregos ¢ simplificaco nas taxas ¢ tarifas de importagées. Embora 0 seu PIB tenha continuado baixo comparado com a média obtida nos PVD, s, a reforma resultou na melhoria de geragdo de receitas, alcance de eficiéneia na administragao de impostos e equidade no sistema em geral. (Younger, 1989: 6). Na Tanzania, apesar da reforma fiscal ocorrida ter sido importante, o crescimento da economia continuou baixo devido principalmente aos grandes niveis de incentivos fiscais para novos investimentos, redugdo da capacidade do sector estatal ¢ lento crescimento do sector privado. Contribuiram também para este facto a drastica redugao das despesas € 0 impacto negativo nos sectores sociais (Levin, 2001: 23). Estes paises esperam alargar as bases de incidéncia, pautando pela redugdo de incentivos fiscais (motivados por politicas sectoriais de desenvolvimento ¢ investimento extemo), que contribuird para a existéncia de um sistema fiscal coerente ¢ credivel, que proporcione uma estabilidade as receitas publicas. Contudo, toma-se extremamente itil poder dispor de critérios mais objectivos para aferigo da qualidade de um Sistema Fiscal e da necessidade ¢ sentido a introduzir no Ambito de uma Reforma Fiscal, sendo (Santos, 1998: 124-125): 1. Indice de concentragdo: num «oom SF» uma parte importante da RF deve provir de um conjunto pouco numeroso de impostos taxas de tributagzo. . Indice de dispersdo: deve procurar-se que seja reduzido o numero de impostos que rendem pouca receita ow cujo papel nfo seja considerado relevante. . indice de erosdo: num «bom SF» as bases efectivas de tributagtio deverdo ‘estar proximas das suas bases potenciais. . Indice de atraso: 0 momento de pagamento ou de entrega do imposto deve estar 0 mais préximo possivel do periodo em que se produziu o rendimento ou o facto gerador da obrigatoriedade do imposto. \. Indice de especificagdo: a importancia que os impostos de taxa especifica ou por unidade produzida tém no conjunto do SF e nas receitas deve ser reduzida, salvo os casos em que razBes de outra ordem os justifiquem. 6. Indice de objectividade: um «bom SF» deve basear-se em bases tanto quanto possivel reais, embora possam existir situagées em que tal se tome dificil Indice de Efectividade: deve ser assegurado um grau elevado de cumprimento da legislagio tributéria, de modo que seja minima a diferenga entre o sistema fiscal estatuario (legal) e 0 efectivo. Indice de custos: num «bom SF» ¢ objective devera se cobrar no maximo ‘a9 mesmo custo, ou cobrar o mesmo com o menor custo possivel Independentemente da sua estrutura, o sistema fiscal de um pafs serd considerado tanto mais eficiente quanto apresente elevados indices de concentragio, baixos indices de erosio, de atraso na cobranga ¢ de especificidade, elevados indices de objectividade, razoaveis sistemas de penalizagdes e multas e baixo custo de administrago e cobranga. 2.4-Perigos em processos de Reforma Fiscal nos PVD, s E arriscado pretender enumerar todos os erros a evitar num processo de RF, tentando-se identificar os mais relevantes, que demonstram algumas armadilhas que muitos PVD, s tém encontrado no deseje de melhorarem o seu SF, sob influéncia de «amodas» ou orientagdes menos avisadas (Tanzi, 1985: 205-241): O perigo da «experimentagdo», um pais menos desenvolvido, com poucos recursos © graves caréncias, tanto a nivel social como econémico, ¢ 0 lugar menos aconselhavel para efectuar experimentagSes, nomeadamente fiseais (sendo um exemplo clissico, a introdugao do IVA). O perigo das diferengas e valores culturais, & necessirio estar alerta para recomendagdes, ainda que tecnicamente defensiveis, que reflictam valores nio assumidos nem predominantes nas sociedades onde a reforma se vai implantar (veja-se 0 caso da «progressividade» na tributago). O perigo do «optimismo fiscaly, a sobrevalorizagao do papel que os impostos podem desempenhar no contexto dos PVD, s enquanto instrumentos incentivadores de poupanga ¢ de crescimento, do trabalho ¢ da iniciativa empresarial, ¢ muito frequente, esquecendo-se que no «ambiente» e em que serio aplicados ou reformados, os impostos ¢ © SF tendem a ser mais o efeito que a causa, 0 produto que a razio. O perigo das reformas radicais ou globais, & frequente querer-se modificar a totalidade do SF, os seus principios e objectivos, as modalidades técnicas usadas, a importincia relativa dos diversos impostos, a estrutura ¢ organizago da administragao fiscal, os cédigos de conduta ¢ criminalizagao fiscal e muito mais. Teoricamente pode ser preferivel esta abordagem globalizante & modificagdo de ‘uma parte apenas do sistema fiscal existente. Porém, na pritica, corre-se 0 grave risco de, querendo alcangar tudo, no conseguir melhorar nada. E que existem custos importantes associados as mudangas profundas, para cujo prego é preciso estar alerta (capacidade efectiva da administragio fiscal, recursos disponiveis, resisténcias econdmicas, sociais ¢ politicas). 3- Reformas Fiscais em Mocambique e seu impacto no Crescimento Economico Analisando as reformas fiscais ocorridas no pais ¢ os indicadores ¢ dados estatisticos sobre as tendéncias gerais das receitas e despesas, neste capitulo seré abordada a tendéncia de crescimento do pais. O crescimento econémico duma economia é afectado pelas variagdes de recursos dessa economia (humanos ¢ financeiros) e pela forma como estes recursos sto utilizados Se estes recursos aumentarem ¢ forem usados de forma eficiente, i.e, de forma produtiva, espera-se que impulsione a actividade econémica, aumentando assim 0 nivel de produgao da economia ¢ consequentemente o erescimento econémico. © Ponto de partida do Sistema Fiscal Mogambicano foi o sistema fiscal herdado do periodo colonial, que consistiu na manutengao da estrutura deste sistema depois da independéncia, com duas importantes alteragdes (Ibraimo, 1997b: 111): 1. Uma que dizia respeito & redefinigio dos objectivos politicos do sistema, a partir de uma opgio socialista de desenvolvimento e de organizag3o; 2. A outra que distinguia e diferenciava os impostos sobre as unidades econémicas ¢ sobre a populagao, integrando novos impostos e alterando a incidéncia de outros. 3.1- Sistema Fiscal em Mogambique Mogambique ¢ um pais que sofreu varias mutagdes no seu sistema fiscal desde a independéncia nacional. Tal deveu-se a enorme dependéncia do orgamento geral do Estado das receitas fiscais provenientes de um sistema de tributagdo incidente sobre a economia, de impostos internos ¢ também dos impostos externos que influenciam o desenvolvimento interno da economia. Mocambique nao possui ainda exploragées de recursos naturais que possibilitem uma receita fiscal proveniente dos mesmos, tal como acontece nos paises produtores de petréleo, diamantes, minas, ete. Assim, perante pressdes de natureza politica, econémica € social, as previsées de despesas piblicas tiveram logo apds a independéncia, uma tendéncia crescente, obrigando a alteragdes sucessivas ¢ constantes do sistema fiscal por forma a garantir o nivel de receitas pretendidas. Entretanto, a adequago desejada do sistema fiscal nem sempre conheceu os melhores resultados e hoje pode-se dizer que se esta perante uma situagao insustentavel de inadequago do sistema tributario face 20 desenvolvimento econdmico que o pais vem conhecendo, As instituigdes piblicas vocacionadas para implementar o sistema precisam de ser adaptadas as novas perspectivas de desenvolvimento do pais, assim como os agentes da administrago fiscal & nova conjuntura das regras de mercado. O sistema tributério em vigor até independéncia adequava-se aos objectivos de entio ¢ mostrava-se dimensionado as necessidades orgamentais do entao Estado. © aparelho estatal de administragao fiscal era perfeitamente adaptado ¢ pessoal convenientemente treinado, nio obstante a complexidade da legislagao que se mostrava inacessivel maioria dos contribuintes. As unidades econémicas cujos lucros dependiam do éxito da contribuigo Industrial, foram alvo de abandono dos seus proprietérios e algumas sofreram sabotagens econdmicas. Estes factos, aliados & debilidade da administragZio devido ao abandono do pais de funciondrios qualificados, levaram 4 uma queda brusca de matéria colectavel. As poucas empresas privadas que ainda produziam lucros tinham contabilistas de competéncia superior aos funcionérios dos impostos pelo que o controlo do fisco passou a ser quase inexistente. Nao havendo lucros, nao havia dividendos, e portanto, nao havia imposto de aplicago de capitais. Estava assim posta em causa, qualquer possibilidade de continuar a garantir o volume de receitas que era habitualmente atingido. Entretanto, logo apés a independéncia, foi decidido que Orgamento Geral do Estado deveria assegurar verbas substancialmente maiores nos sectores sociais, particularmente na Saitde e na Educagao. Surgiu assim a necessidade de se proceder a uma reforma fiscal para assegurar a realizago das receitas para fazer face a esta situago, © que veio a ser coneretizado em Fevereiro de1978, assente nos principios de politica fiscal definidos na Resolugio n° 5/77 de 1 Setembro, da Assembleia Popular. Com o decorrer do tempo, ocorrem ajustamentos decorrentes da necessidade imposta pela realidade econémica mogambicana e pelos objectivos da politica prosseguida, distinguindo-se 3 (trés) fases principais: YA I*reestruturago operada no periodo de 1976 a 1978; Y A teforma tributéria de 1987, no ambito do PRE (Programa de Reabilitagio Econémica); ¥ Aprofundamento pés-estruturalizago de 1999-2005. 3.2- A 17 Reestruturagao do sistema fiscal (1976/1978) Logo apés a independéncia, diversos factores levararam a que houvesse necessidade de introduzir alteragdes, algumas das quais radicais, aos principios da politica fiscal existente. ‘A Reforma Fiscal no pais enquadra-se nas reformas fiscais em curso no PVD's. Esta reforma centra-se na necessidade de aumentar o volume de receitas internas do Estado com base no alargamento da base tributiria e de criar um quadro fiscal que promova o desenvolvimento do sector privado. A primeira alterago de fundo surgiu logo apés a independéncia, que inicia em 1976 com a aprovagio do Cédigo do Imposto de Consumo, por Decreto-Lei n® 29/76, de 29 de Julho. Porém, foi basicamente com a Resolugo n° 5/77, de 1 de Setembro, da Assembleia Popular que se verificou uma significativa mutagio, ao definirem-se os principios gerais da nova politica fiscal. As razBes desta alteragio circunscreveram-se da necessidade de uma grande mobilizagio de meios financeiros decorrente para reforgar a capacidade defensora do Pais e para a satisfagio de objectivos de justiga social. Com esta reforma pretendia-se almejar os seguintes objectivos: (1) simplificar 0 processo de captago de rendimento das empresas através da retengio antecipada; (2) manter a Contribuigo Industrial e 0 Imposto Complementar apenas como imposto correctivos; (3) fundir as diversas formas de tributagio do rendimento do trabalho num imposto apenas, estabelecendo-se taxas progressivas neste imposto de acordo com as normas constitucionais; (4) agravar as taxas dos impostos sobre o lucro das empresas. Esta reforma, também permitiu a geragdo de receitas necessérias ¢ de certa forma contribuiu para o melhoramento do Sistema Fiscal até 1983 (receitas totais como percentagem do PIB atingiram cerca de 14,1%), coincidindo com o periodo em que a ‘economia teve sucesso no periodo pés-colonial (vide grafico 2). Com a alteragio verificada, concretizava-se 0 principio de justiga social, favorecendo os rendimentos do trabalho ¢ estabelecem-se directivas de simplificagao, desburocratizagio, fiscalizago ¢ controle do sistema fiscal. Neste sistema fiscal foram entendidos como primordia, rés niveis de actuagao: + Oniivel das unidades de produc; + Oniivel dos rendimentos da populagao; + Nivel dos pregos. Ao nivel da tributagdo das unidades de produgdo foi introduzido um imposto que iria atingir indirectamente os lucros reais ou normais da empresa, Deste modo, através da Lei n° 3/78, de 4 de Margo, foi criado o Imposto de Circulagao, que resultava da aplicagao de uma percentagem sobre as receitas brutas das vendas de bens ou servigos realizados pelas ‘empresas estatais ou privadas e que funcionava como antecipagio provisoria da Contribuigdo Industrial Ao nivel da tributagdo dos rendimentos da populagéo foi concretizado o principio de tributar num tinico imposto os rendimentos do trabalho, assim como do seu tratamento mais favoravel, de simplificagao da cobranga através de mecanismos de retengao na fonte; Deste modo, através da Lei n° 2/78, de 16 de Fevereiro, foi aprovado o Cédigo do Imposto de Reconstrugao Nacional, reformulando a tributago dos rendimentos da populago, em especial os rendimentos do trabalho; Assim, 0 Imposto de Reconstrugdo Nacional passou a ser 0 tinico imposto a incidir sobre as remuneragdes do trabalho assalariado, extinguindo-se os anteriores Imposto Profissional, © Imposto Geral Minimo (imposto de capitagio) ¢ 0 Imposto sobre as exploragdes. Ao nivel dos pregos, em 1978 foram introduzidas principais medidas fiscais que tiveram como objectivo a mobilizagio de recursos necessirios para o financiamento de programas de reconstrugo nacional e de redugao do défice da balanga comercial, tendo-se concretizado: ¥ Em correcgdes a Pauta Aduaneira, na fixagio em 10% da taxa de Emolumentos Gerais Aduaneiros; Y Na actualizagdo das taxas do Imposto de Consumo sobre a cerveja € 0 tabaco ‘manipulado, operados pelo Decreto n° 3/78, de 2 de Margo. éxito da reforma de 1978 estava assente nos impostos directos e constituiu uma realidade até 1983. A partir deste ano, assistiu-se 4 degradagao da economia ¢, consequentemente, & ineficdcia do sistema fiscal, comegando 0 Estado a arrecadar receitas em percentagem cada vez menor do PIB. ‘Apés este periodo assistiu-se 4 uma degradacdo acentuada da economia assim como do sistema fiscal como resultado do sistema de planificagao centralizada e dos varios controles introduzidos na economia. Factores como a guerra fizeram com que houvesse um aumento acentuado das despesas piiblicas no acompanhadas pelo melhoramento das receitas fiscais, eriando um desajustamento do sistema econémico. (as receitas totais como percentagem do PIB cairam para 8% em 1985), como se pode ver no grafico 2. Esta queda dristica de receitas depois de 1983, reflecte também a crise econémica softida, resultado da combinagao de intensos conflitos internos no inicio dos anos 80, 0s caros programas sociais do govemo e politicas econémicas inadequadas. (Ibraimo, 19972: 94). Deste modo a degradag3o da economia ¢ ineficdcia do sistema criam espago para © surgimento de um grande sector informal que reduziu 0 espaco de tributagao e as receitas fiscais, por nao ser abrangido pelo sistema tributirio uma vez que os impostos, na altura, ineidiam apenas sobre o mercado de pregos oficiais e no pelo referido sector 0 que dava espago a evasto fiscal. Em 1984, no ambito da filiago do nosso pais no sistema do Fundo Monetério Internacional e do Banco Mundial, 0 Governo introduz varias reformas dentre clas, a liberalizagao do sector Privado. Esta reforma teve como principais resultados: 1, Imposto de Reconstrugao Nacional (2-60%); 2. Imposto de Circulagao (3%) € 3. Em 1982, a introdugdo da progressividade na Contribuigao Industrial. 3.3- A Reforma Tributdria de 1987, no ambito do PRE A grande reformulagao das bases da politica fiscal até entio vigentes verifica-se aquando da introdugao do Programa de Reabilitaglo Econémica (PRE) cm 1987, através da Lei n° 3/87, de 19 de Janeiro, que introduz uma profunda alterag4o no sistema fiscal mogambicano, com 0 objective de proceder a correcgio dos graves desequilibrios econémicos ¢ financeiros surgidos nos ultimos anos na Repiiblica de Mogambique. Como objectivos essenciais desta reforma, realgam-se: a, Realizago de receitas com vista a custear a actividade corrente do Estado e a financiar as suas instituigdes; Realizar a justiga social através de uma tributagdo diferenciada dos rendimentos de trabalho, do capital e de uma personalizagio ¢ progressividade do imposto; Oneragdo dos consumos através da tributacdo diferenciada de imposto © consumo; Canalizagao de excedentes para o orgamento do Estado que permite 0 financiamento do investimento directo do Estado. Assim, passou-se a incorporar no sistema (1) a tributagio directa dos rendimentos da riqueza, incidindo sobre os rendimentos dos individuos ¢ (2) a tributagio indirecta, incidindo sobre os niveis de despesa dos cidadaos com base nos bens e servigos que satisfazem parte das suas necessidades. Com as medidas fiscais introduzidas no PRE, pretendia-se contribuir para o desagravamento do déficit do orgamento corrente e inverter a tendéncia do crescimento das receitas cobradas em relagdo ao PIB, facto que foi ocorrendo, olhando para o grafico 2, pode-se ver que as receitas foram crescendo alcangando em 1996, 13.6%, De realgar que houve uma melhoria no sistema, os impostos indirectos passaram a ter uma importancia mais decisiva, s6 que a incidéncia deste imposto significou maior sacrificio do rendimento das populagdes. Por outro lado os impostos directos trouxeram maior ajustamento a tributago de rendimentos do trabalho, ¢ 0 nivel de tributagao da Contribuig2o Industrial continuou a perturbar 0 processo de recupera¢do das unidades econémicas. Assim realgam-se como resultados desta reforma: 1. AlteragSes & cobertura da Contribuigio Industrial (50% sobre lucros, depois 25-45%); Imposto sobre Rendimentos de Trabalho (0-20%); Alteragdes a0 imposto de circulagao (a 5-10%); . Introdugao da Lei de Investimento, em 1993; Grifico 2. Receitas Totais (% do PIB) fee Ee erate eee ‘Glpostn erenda. imports eldespessn de consumo Mm Outastxas (hp. S30, mp. Reconsuito Nacional) Fonte: MPD, DNEAP (2005) Esta reforma no corrigiu por completo as dificuldades do anterior sistema de tributagdo que era deficitério, mas de elguma meneira contribuiu para o aumento das receitas fiscais e para a reposigdo de alguns prineipios que orientam as leis do mercado. Um dos objectivos da reforma era contribuir para o desajustamento do déficit do orgamento corrente e inverter a tendéncia do crescimento das receitas cobradas em relagio do PIB, esta reforma fez com que a tributago incidisse no apenas sobre 0 mercado oficial, mas também sobre o mercado informal. Analisando 0 anexo 6, pode dizer-se que, com a introdugio do IRPS, IRPC e IVA, houve uma tendéncia do aumento da contribuigdo, uma vez que o IRPC chegou a ter um crescimento real de 42.1% e uma conttibuigo para o PIB de 0.8% em 2004, este aumento deve-se em parte pelo facto do pagamento do imposto ter abrangido também os funciondrios do Aparelho de Estado (que ¢ o maior empregador). A evidéncia empirica mostra que entre 1998 ¢ 2004, apesar da queda em 2001, houve um aumento da base tributéria com a introdugio do IVA em 1998 (implementagio em 1999), do IRPS e IRPC em 2002. Esta expanso deveu-se: (i) 4 eliminagdo da isengaio de impostos sobre os rendimentos dos funciondrios piblicos que elevou o némero de contribuintes; (ii) a introdugdo do principio de retengdo na fonte, possibilitando maior abrangéncia do fisco; (iii) novas actividades geradoras de valor acrescentado significativo (MOZAL e SASOL), que beneficiam de isengdes fiscais. Analisando 0 anexo 7, pode-se comprovar 0 que se disse acima, notando-se que, a elasticidade-rendimento do PIB é mais do que unitaria (superior a 1), significando que o aumento em 1 unidade no PIB gerou aumentos mais do que proporcionais nas receitas, apesar das isengdes de impostos. 3.4- Aprofundamento pés-estruturalizagao de 1999-2005 Em 26 de Junho de 2002, pela Assembleia da Republica, foi aprovada a Lei n° 15/2002, criando as bases do sistema tributario, em substituigiio da Lei n n° 3/87, de 19 de Janeiro. Esta reforma, que jé havia sido iniciada com a introdugdo do Imposto Sobre o Valor ‘Acrescentado ¢ alteragao do Imposto de Consumo geral em Imposto Sobre os Consumos Especificos, visou a prossecugdo dos seguintes objectivos (Ibraimo, 1997a: 104): (Alargamento da base tributiria; (ji) Redugdo da carga fiscal no conjunto da tributaglo directa; (iii) Aumento no nivel de receitas fiscais; (iv) Simplificago dos procedimentos; (v) Modernizagao do sistema de impostos; (vi) Racionalizagdo do sistema de beneficios fiscais. Com a Lei n® 15/2002, de 26 de Junho, para além de se introduzir profundas alterages na estrutura dos impostos, repde-se alguns principios técnico-fiscais universalmente usados, para além de se consagrar novo tipo de instrumentos financeiros ~ Os Instrumentos Financeiros Derivados. ‘A reforma dos impostos foi prosseguida, quer na vertente dos impostos intemos, quer das Alfandegas. Dentre outras acgdes destacam-se as seguintes: ¥ Aprovada a Lei de Administrag3o Financeira do Estado e respectivo regulamento; Y Elaborado o primeiro Cadastro © Inventério do Patriménio do Estado, com a referéncia a 31 de Dezembro de 2001; Estruturada a Unidade técnica de Reforma Tributaria dos Impostos Intemos - URTI, criada em 2001 para se dedicar de todo o processo de reforma tributéria dos impostos intemos, outra legislagdo fiscal, bem como propor a reestruturagdo da Administragao Tributéria; Aprovados os novos Cédigos dos Impostos sobre os Rendimentos das Pessoas ‘Singulares e das Pessoas Colectivas e respectiva divulgag3o ao Sector Privado. Efectuado o levantamento das diversas areas de actuagdo, desde a gestio do imposto pelas repartigdes de finangas até ao controlo das cobrangas e articulagao com outras entidades, para a elaboragdo de um Projecto de Informatizagaio com as fases de implementagao, nomeadamente a tributagio directa em complemento da Informatizagao do IVA, bem como a organizagao do Cadastro dos Contribuintes e a atribuigao do NUIT (Numero Unico de Identificago Tributdria) para todos os contribuintes, incluindo as pessoas fisicas, trabalho que tem em vista a aplicagio dos novos Impostos sobre o Rendimento da Pessoas Colectivas © das Pessoas Singulares; Aprovado 0 Novo Cédigo dos Beneficios Fiscais, que entrou em vigor a partir de 1 de Jutho de 2002; Desenvolvido um diagnéstico da situag2o em que se encontra a Administragio Tributéria, como um passo prévio para o estabelecimento da Autoridade Tributéria em Mogambique; Entrada em funcionamento das Repartigdes Especiais de Finangas de Maputo ¢ Beira destinadas ao atendimento dos grandes contribuintes; Introduzido nas principais Repartigdes de Finangas, um sistema informatizado de gestdo de cobrangas visando um maior controlo de pagamentos de impostos; Elaborada a Proposta de Revistio da Pauta Aduaneira e extingtio da legislagdo que determinava a pré-declaragio de importagao; Revista ¢ reedita a legislag2o aduaneira, nomeadamente, regulamentos dos transitos aduaneiros; Armazéns de regime aduaneiros; Armazéns para produtos petroliferos; Terminais intemacionais de mercadorias; regime aduaneiro de zonas francas industriais; exereicio da actividade de despacho de mereadorias, inspecgio pré- embarque (caso especial para Sasol); prorrogagio do regime especial para as 21 indistrias utilizadoras de agiicar e regulamento de importagao temporéria de veiculos; Redefinida a estratégia de Iuta contra corrupgio € 0 contrabando, através de um sistema de inteligéncia ¢ estreita colaboragdo com a Policia da Repiblica de Mogambique e Guarda Fronteira; Realizados cursos de formagao para os funcionérios; informatizagao ¢ preparagao de medidas sobre a facilitago do comércio internacional; Iniciadas obras de construgo ¢ reabilitago de postos frontcirigos, moradias ¢ escritérios nas estincias aduaneiras de Maputo, Sofala, Manica, Nampula, Tete, Gaza e Cabo Delgado. Gréfico 3. Evolugdo das Despesas Totais 25,000,000.00 F 26,000,000.00 § 15,000,000.00 10,000,000.00 | 5,000,000.00 0.00 5 Anos Fonte: INE - Dados de Anuarios Estatisticos (1975-2005). Apesar das medidas tomadas para aumentar as receitas do Estado (a introdugaio do imposto sobre as vendas ¢ simplificagdo das tarifas alfandegérias) feitas no perlodo entre 1976 © 1978, os investimentos piiblicos aumentaram, visando restabelecer parte da destruigdo material causada pela desestabilizagao. Logo apés a independéncia, foi tragada a estratégia de desenvolvimento pela FRELIMO -Frente de Libertagdo de Mogambique, em 1977, no seu 3° Congresso, concretizada mais tarde através dum plano (PPI- Plano Prospectivo Indicativo), cujo objectivo era acabar com o subdesenvolvimento em dez. anos, Dentre os objectivos principais constavam a modemizacao da agricultura (base de desenvolvimento), sendo.a indisiria 0 factor dinamizador, esperando-se aumentar a produgto ¢ as'exportagbes (Abraiamsson 1994-43). © arindos do pnp dp bt'a oferta se iria adaptar & procura, nfo se tomaram ribdidas para ¢orrigh-0 problema’ edtrinarah Basie qlie-se sentia com a fuga da forga de trabalho especializada, redugo dos consumidores (portugueses), a sucessiva importagio de pocas sobressalentes a produgo industrial, sem esquecer que muitas destas indistrias sofreram sabotagens neste periodo. Sabotagens estas que levaram & redugo de fornecimento de bens alimentares (levando ao aumento dos pregos) e das reccitas de exportagdes. Observando o gréfico 3, pode-se verificar que no periodo em anilise, o nivel de gastos do Governo aumentou € isto deveu-se principalmente a seca e crise econémica que se fazia sentir na época, debilidade da estrutura da rede comercial, muitos recursos titham sido gastos nas machambas estatais, sem no entanto resullarem no que se tinha previsto (Abrahamsson, 1994: 45).. A reconstrugio de sectores cruciais para 0 crescimento do pais como a educagio, saiide, estradas, pontes e caminhos-de-ferro, exigiram do Governo esforgos redobrados para revitalizagao da economia do pais (Abrahamsson, 1994: 56). Grafico 4.1mpostos sobre o Rendimento (% do PIB) 1975 1977 1979 1981 1983 1985 1967 1969 1961 1963. 1998 1997 1999 2001 2003 2008 rps Fonte: MPD, DNEAP (2005). Olhando para o grafico 4 nota-se que hd um progresso de receitas sobre rendimentos individuais assim como de empresas. Ha um intereémbio de dominio entre as duas tendéneias, dominando o IRPS até 1982 A partir deste ano, com a introdugao de taxas progressivas, 0 IRPC passou a dominar devido também & maior abrangéncia das actividades econdmicas, quer no sector formal como no informal, voltando a dominar 0 IRPS a partir de 1993, céntribuindo para tal a aboligdo de isengdo de impostos dos funciondrios piblicos (Ibraimo, 1997b:80). Gréfico 5. Crescimento do PIB Real (USD-Paridade de poder de Compra) Crescimento do PIB Real 40,000 00.00 & 20,000,000.00 3 20,000,000.00 @ te 1,000 00.00 a 000 fo 5 $ og do. LE LE ELH LISEESES SE ‘Anos, Fonte: Heston, A., Summers, R. and Aten, B., Penn World Table (September 2006). © grafico $ mostra claramente que a tendéncia geral do PIB é crescente entre 1975 e 2003, facto que tem posto Mogambique em evidéncia, devido a0 seu enorme esforgo em manter tal tendéncia de crescimento ¢ melhoré-la, apesar das dificuldades que enfienta em estabelecer uma estrutura dindmica que interligue os diversos sectores econdmicos. 4- Conclusées e Recomendagées As reformas tributarias sto vistas no sentido de reduzir as distorgbes ¢ desigualdades no sistema existenté e como mecanismos adoptados no sentido de contomar a dispersto da carga tributéria nas familias pobres ¢ assegurar que a estrutura tributaria a adoptar tome-se mais equitativa. A reforma fiscal ¢ um instrumento crucial para a obtenca0 de receitas piblicas necessirias a0 desenvolvimento do pais. Quaisquer que sejam os esforgos empreendidos para melhorar um sistema fiscal, tal s6 produzira efeitos se baseado numa administragao efectiva, com a melhor qualidade técnica da actividade fiscalizadora tributaria, em conjunto com uma melhoria na area das informagées e apoio ao contribuinte. Contudo, nota-se 0 esforgo do Govemo em aumentar os niveis de cobrangas de reccitas intemas através da promogdo do crescimento econdmico e melhoria da administragdo tributaria, Reforma Fiscal no pais centrou-se na necessidade de aumentar 0 volume de receitas intemas do Estado com base no alargamento da base tributiria e através da criago dum quadro fiscal que promova o desenvolvimento do sector privado € crescimento econémico. A reforma tributéria em Mogambique pode ser analisada tendo em conta trés fases: (i) reforma de 1978 tinha em vista a adequagio do sistema fiscal & filosofia de promogao de maior justica social e contribuigao para o desejado progresso social, (ii) reforma fiscal de 1987, fez com que se reduzissem alguns impostos; (iii) reforma de 1999 2 2005 que tem vindo a alargar a base tributaria e modemizar o sistema fiscal. As medidas fiscais introduzidas, pretendiam contribuir para a diminuigao do défice do orgamento corrente ¢ inverter a tendéncia do crescimento das receitas cobradas em relagao ao PIB. Embora tenha havido crescimento na arrecadagio de impostos, este no foi acompanhado por uma redugao da despesa piblica, tomando 0 Estado cada vez mais dependente da ajuda externa, Este facto afectou negativamente 0 crescimento ¢ desenvolvimento econémico do Pais assim como a redistribuigdo de rendimentos ¢ equidade social. De acordo com as especificidades do pais, alguns aspectos devem ser levados em corita para que as futuras reformas conduzam ao crescimento econémico, A estrutura da adrhinistragao tributéria deve ser methorada com vista a tomé-la mais eficiente ¢ o processo de informatizagdo do sector piblico deve ser acelerado, bem como a introdugo de um pacote contabilistico de controlo da execugdo da colecta tributéria Devem ser promovidas campanhas para consciencializar os cidadaos a verem 0 imposto como uma contribuigdo para o desenvolvimento ¢ nfio como uma multa, bem __ como a progressiva reduc da ajuda externa, Isto toma necessiria a adopeio de medidas urgentes no sentido de aumentar os recursos internos ao dispor do Estado ¢ de methorar a utilizago que € feita das receitas. E necessario o reconhecimento de que a RF é mais do que uma mudanca de politica, devendo haver equilibrio entre objectivos politicos, mudangas nas regras fiscais, methorias na area administrativa, na formago e educagio, quer dos contribuintes, quer dos funcionérios tributérios. As reformas fiscais dificilmente terdo éxito se nio for dada a atengo, os meios ¢ 0s incentivos (materiais, humanos, logisticos) aos que iro administrar os novos impostos, ou se os mesmos encararem a reforma como algo que Ihes ¢ estranho-e exterior, mio devendo o pais tomar-se refém das recomendagdes vindas dos financiadores. We S< Hz og 30 a 3° GVORUIAINN) ° ° < > ° ws 3 (S002) dVANA ‘adW ‘2100 0e7 [067 [OFZ ‘009 | 06S | 05S ‘BERET SEAN ‘OWNSUOD ‘9p sesadsep /s sorsodw "pual /S SO}SOqU| Tala %) sieo1 SeNSseN wer [00% [ore Zier [926+ | SZ6L (8861-SL61) Bld % - 81801, SeHO99y “| OXoUY soxouy (S002) dVANC ‘Cd 210g OO'E! | OSE | OOF! | OOF ‘SEXE} SEANC oot | 00's [006 | 086 OwnsUOS ‘9p sesadsep /s soysoduy) voz [oz [oe | we ual /S So\soduu z66t_| r66r | o66r | eset (aid %) SRL SENOON (S007-6861) Ald % ~ 518401, SE}999y “| OxaUy (S002) dVANG ‘Cd ‘140g zs't_[ 660 | sz'o [Sz'o [oro | ss'0 [ss'0 [oor Ocul ‘ovr | 660 | 080 | 06'0 [06.0 | 08'0 [860 | OT ‘Sdul ZaGr | HAGE | ORGI | GZ6L | BZ6r | 2264 | S261 | SLB ta “puoy/s soysoduny (8861-SL61) did OP % -osauLIpuay 0 o1qos soysodwiy “7 Oxouy (S002) VAIN ‘Gd :21U0.f ‘680 [620 [660 [00 [ort [set [ort [zsh Odul zz't [tor [tot [oot [660 | 290 | zs'0 | 6r'0 Sdut ‘9660 | S6BL | EBL | CesT | Zeer | veer | O6et | 6aBT Ty “puoy/s: ‘soysoduy (5002-6861) did Op % ~oiuauNIpP Udy o d1qos soISOdUIT “7 OXOUY Anexo 3, Crescimento da Populacdo, PIB Real de Mocambique Anos Pop uso ‘Taxa de Crescimento PIB Real per capita (%) PIB Real (USD PPC) 1975 10,432.60, 430.90 1.47 4,495,407.34 1976 10,769.65 465.48 2.31 5,013,056 68 1977 11,127.87 478.80 -3.39 5,328,024 16 1978 11,466.48 501.02 ot 5,744,935.81 1979 11,828.03, 542,05 0.08. 6,411,383.65 1980 12,102.62 629.03 2.31 7,812,911.06 1981 12,363.60 694.15 4.12 8,582,192.94 1982 12,588.43 711.95. "4.86 8,962,332.74 1983 12,774.85 706.09. “7.43 9,020,193.84 1984 12,925.72 719.39 5.60 9,298,633.71 1985 13,064.92 649.50 “12.22 8,485,665.54 1986 13,143.29) 734.37 1.26 9,852,037.88 1987 12,889.28 744.34 8.92 9,594,006. 68 1988 12,517.06. 761.58 40.57 9,532,492.21 1989 12,466.99 839.49 7.98 10,465,913.44 1990 12,649.15, (895.70 1.51 11,329,843.66 1991 12,911.72 894.29 “2.43 11,546,822.08 1992 13,148.93 789.65 “9.46 40,383,184.06 1993 13,653.05 839.26 5.00 11,458,458.74 1994 14,728.53 922.36 3.77 13,585,006.93 1995 15,678.92 779.33 17.16 12,249,052.72 1996 16,169.58 864.94 4.26 13,985,716.53, 1997 16,571.61 967.78 9.53 16,037,672.73, 1998 16,957.14 1,062.91 7.44 18,023,913.68 1999 17,324.94 4,049.79 “4.37 18,187,548.76 2000 17,672.63 1,093.18 4.26 19,319,365.66 2001 17,997.24 4,309.81 14.74 23,572,964.92 2002 18,296.10 1,471.54 5.06 26,923,442.99 2003 18,567.85 1,700.08 10.23 31,566,830.43 2004 18,930.13 na, na na 2005 na na. na na Fonte: Heston, A., Summers, R. and Aten, B., Penn World Table (September 2006). (S002) soonsneisa sougnuy sop sopeg — INI :9u0d OTe |OSPELIC | ONSarET | OODPELT | OsDEOPI | OODLDOT | OO'DEFOI | OOCeS | OVBSIZ | OOTEDOD wsrIEee |osecore | oreeor | occoraI | OsSecHI |oreseT! | oseestl |oOeere |orsera | osore #861 E861 ze6r TROT O86r Ler LG or S16 SL6r “P86I-SL6T -LLIN 9VOI ) OPEISY Op oJUaUIESIO Op OLdNIaXy "p OxIUY “(s00z) Soanseisy souNUY Sop sopeq — GNI :21U0, ‘007000 G91 OF 008 FE- Or Oe eT ‘O000F ‘0070007 ‘wooor eT OMS TT ‘oo0r'ér ORE ‘oaSGT ‘owwaureroueunt ‘007000 91S ‘O'00E gL ‘ooToOL Lz ‘00°05 89T oo'00L 18 oovrszs oo'oor te ‘ovT08ss ovorTs ‘ona, ‘oquoureroueut 00700095 OOOS TIL BOOT HTT ‘o0;006#T oo'00z 98 0000799 ODOT TS OorORS Sz ovOore ‘OnGUTETUNET ‘00008 S59 ‘oo'00s t= ‘00'007 FIT ‘00'006 897 ‘o0'008 98° ‘00'00z 99" o'00L = ‘OOT0RS Sz (0 00F 2p siodop woyoq. D0 008 SILT DIS OST oor OT D0 00s BOOT GT ‘Woes Tst WOOF TE OOOO Ce ‘DOOOP TT 2p seme 4oyeq ‘DOTS 960 O'OoE OST OTE 856 ‘O0'007 €69 OOOO ELF ‘oo 00s 88 OOSer ost oor Ts DOTO9 OE Sieio, sesodsoq, (o0'00s #1 ‘0000s FOOT ‘O0'00T 9 ‘OT00T TE ooLos 9, ‘OOTCLS OC ‘ooreosOT O0'06rs ‘overs D0 00L T0ee 007006621 WOOF gz sd DLO OTT WO R60 S wore ST ‘oorEr cr Ooo TIFT OTT Ler (00'000'867 OO LOT LEE, ‘00%699 081 ‘00 109'89 oorecr ec ooToLo ee. S66r 1667 66 BGT BGT TRG S86 SRG OGY OTT "S661-S861 -(LWW 901 ) opts op ousWESIG op oLSMDoxq “p OXY (s00z) soonspersg sougnury sop sopeg ~ ANI ‘010g ‘GODOT ORT T | OVDOTESS | OO}ODDEOF | OO'DODFET- | ODDO | OOTOOUSLE 3 omuaure WOOT T | OVDOTTEST | OOOO TIE | OO'OODEIST | OFODOTTET | OO'ODNZLET ‘oman ‘owoweroucu! ‘WTO ST | OVDODSET | OO'OOT'RDS | DO'ODDELDT | OVGOOTCET | OO'00ECOOT ‘o1usiueISUENT ‘WOOO TSOET | OF GON SEC | OO;OOV9S | OO'OOT BEIT | ODS ESC T | O0'0E ZOOT- $07 2p sjodsp 1ioya ‘00000 PED Ze | OU'OTTOGTS | OO';DOD FIGS | OO'OT OPS | OOODS TEP | OOD TET E DODO TLFET | WOOOOTSUEI | OVOOSTHLSI | OODOF HLS EI | OO'DOD PEN EL | OOOO ESTOT | OOOO PES IT | OO'OOS SHS | OODLE | OO'OOR TILE O0'D00L06~ [| OOTOOOTZIT | OO'ODSTS6 | OVDOTTSE | O';DOLTES | OV'DOEUGS | OOOO FF | GOOF YE | OO'DOC Ese | OOTDOL SEZ SBSSE OBN SENDS ‘o0"o0o'scoret | 00°05 (00'00z Zz9°ET | O09 TEV OF | ON'DOSBOSS | OO'OL'sI69 | OO'DONECL's | OO'O0O SPE | OO'ODE TOE | OO'OOT ESTE SqRDI a HOD ‘W000 TEST | ON'OOS ESOT | OO'OONELS FI | OOO EE TT | OOOO OOF'G | OO'O0EYL | OO'ODIZOe9 | OO';DOFOIES | OOTODSSHSs | OO;DOTRLFE STEIO, SOHSSS S007 007 e002 2007 1007 0007 6661 8661 1661 9661 SOUY/ONSTITSS "$007-9661 -CLIN 9v01 ) Opens Op oyuawES10 Op oESnIaxq “p oxaUY eupBpd eunxoid eu enunueD 1% We “OpONET Op Uj) OUDDSSpA! Op OXEL TEnTBIa) SBEPBOVSA Tan epaow BRUOUODS ED OSI 08 OUPBIO I SOUNseIdIS © [eyes ap esedseg ‘ajusii6s esadseq, Sopmnby SoMASAITUIS esadsoq res joy OWAUIpION ‘OPENS OP OWBUESION ve C= DeIdOp) oy EATOGIS OIGUIED Op EXEL THISSN “e1p9w) jeuoU oIqiugS Bp EXEL 7 ze {sojoeTo1d sapuei6 joxe) 200 op SOWA | 56a v2 TSoysaToud SopuBIO ToxS “SUUTIOA) SOQSE HOA ee jpaToad sapuesd opuinjaxe TaUInjOA) OBeyOdKy, zo id SepueIb joxe) SeuOpeDTeU ap oRSEVOdUT a) vv SojSTOIS SpUEIS OPUIAIOXS "WSL eo vr Terai) senopesiour op oeSenoc CureKg Opes TS EOL ToporTed Op Uy) TOPIUINEUCS OU SOSA 6p ves reo Tienue eipew) JOpIUNSUOD OU SOSSig Op SoIPU] es ves Bid OP 25;eyeq 50 60 eydes 16d 281 Gia ey SL TsoppaToid SopueIs OpUInISKS) 15S) Gd ov SL raeld TOHEIIGOS US OBESIPUT ONES TENUE OBSELER Op EXE) SOBSId © |GUODEN OIUSUIPUSH, ‘S661 ‘veer souy 0002-661 ‘sopeuorsa9[9s sosrsoueuyy 9 soo!u9Uoa9 so10pedrpul :anbIquIBSoWy “s OxoUY ojo] — sojuaUeBeg op eDueTeR {GONTEUOP Bp SIOUEpY SeIUENIOD Sogoesuel] Bp edLEIEG Tash oP SoouTU WS) vr Toporiad op wil) seyrug SieuoTDeUIBITI seAIOSOY (Sei He-ORU SOSAISS 8 Suaq Sp SegdenOTUT Op SOSOUI Ue) vie EATS 616 BepewesBorg ‘O1/S0UEUI-OBU BUIA)XS BpIAIp ep OBINIES ele TWa 08 BIN OpUIN|DX "EANDaIS vez TW O8 ePID OpUINUT EARSSI vel Td 08 epiAip opuInpur ‘epedieiBorg TEIOV CUE )xe EpINIp Ep OSINOS oe zeeT ‘SIVBISIXS CUIOKO EPIAID EP enay OPIN] z01eA (Genoppej-ORU sOsiAIeS 8 SuBq Sp Segbepodk sep wsBeyusdied wa) ‘OUra}U OUPOUE OAWEOUEUI ‘oursyU OUBWILT OPES ‘SOAHEUOP ap siodap je10} ebueleg SONTEUOP SP TEIOL jeUop Sp Sajue jeIO} BBUETER ispiduie [e}0] esadsaq iol OaUIPUEY, TEGSUIBUIOASH OVUSWESION ‘Conyeuop-s9d) sajuaTdD sagsoesuel] ep eduvieE ‘epenie oma Bing jeuoisen eduednog ‘OpeALE ‘onan ‘Oynag OUTBIUT OWAUISOAU, ‘Squewysonureduednod Opies. souy ‘oBsenunUOD (0007-7661) ANI :231404 [erst | vezt TSSNAIN 'S8SSW ZI OP eIpoU) OpeDIeW Bp oInUIRD ep EXEL Ler OBL Te | cae sz LW = SINE SP S8OIG) IEUIUON Bid (Sepenyjoedse sepepiun seu) v8 ve | ve BIO zet Torr [veer ‘OPIATORUS OTUEIUOM Bee 7 Eee. i (Gysa) Apes wounsnipy resnjonng pssuewuy ep oBuge oe soweweted | ger zse__[ oer Tavsa} hues weuisnipy ieanjonis peaueyua ep OBuge oe SosjoqueseG ‘Opuny Op SOSINGBI Bp OBSEZINA O65 zs [eae (oparied op wil) seyruq stevODeUTB UT SEASON @ 69 | orez “Topori8d op way "conan s0;Des) soUIB;KS SopesEATY 66h 7661 | 9664 souiy 1S0Z err [eee Toponed Op Wil} BUTE EPIAIP EP TOL Anexo 6. Imposto sobre o Rendimento Pessoas Singulares e Colectivas (unidade: mde) Cone Prev Goi Real Difrenga Crescreal 200320042004 (86) 2004-2003 PB INP. S/O RENDINENTO TIGA9 T8OO ISDS 30.1 76 le, ‘SiRend Pessoas 6546 12244 1063.3 BR 3987 08 Coectivas 17S 26034 2322 91'S 6558 el limp. STRend Pesos 121313961682 118438 1 Singur LeSS 24609 22170 900 GIIG te Rendimento 2 Categoria mo 0 ms ous fx 00 Outros Rendimentes 24 MB 774 35 i 00 Inmposios Directs Exitos Inposto Especil Sobre 0 jogo ‘MPF, ATI Relatirio de DGlao NXV Semindvio Nacional a Bxecu(to a Folica Fiscal Exerc de 7004

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