Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INTRODUÇÃO
A indústria, hoje, tem se apegado a este tipo de análise antes da criação de protótipos e
projetos, pois uma gama de parâmetros e variáveis pode ser drasticamente reduzida,
diminuindo tempo e custos e gerando, conseqüentemente, maior competitividade industrial.
No campo acadêmico, pode-se dizer que o emprego das simulações computacionais, além de
suprir a demanda do mercado, é de grande valia para a geração de novas tecnologias e
inovações. No entanto, deve-se ater ao modo como os estudos serão direcionados, visto que
há hoje uma grande quantidade de softwares que realizam simulações usando o método de
elementos finitos.
1
2. OBJETIVOS
Como objeto do estudo para posteriores usos e análises, confeccionar uma apostila com
um tutorial para a execução de trabalhos utilizando o SolidWorks e o COSMOSWorks.
2
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
As companhias simplesmente podem não ter condições para despender recursos para construir
e testar o número dos protótipos necessários até chegar a um projeto otimizado e é necessário
aceitar um projeto “bom o bastante”, com custo compatível, do que continuar criando novos
projetos. Observa-se então que corpos de prova e protótipos físicos são os obstáculos
principais, pois embora tornem o desenvolvimento do produto bem sucedido, criam
problemas e adicionam custo, além de aumentar os ciclos do projeto, freqüentemente sem
produzir um efeito suficientemente eficaz.
3
Este trabalho tem por objetivo mostrar a viabilidade de se compreender o valor da análise do
projeto tridimensional (3D) para descrever, avaliar e selecionar o máximo em benefícios para
o processo de desenvolvimento do produto.
Em linhas gerais, pode-se definir o MEF como um método matemático, no qual um meio
contínuo é discretizado (subdividido em elementos que mantêm as propriedades do objeto
original). Esses elementos são descritos por equações diferenciais e resolvidos por modelos
matemáticos para que sejam obtidos os resultados desejados. [2]
Segundo Oliveira [3], em 1943 o conceito de elementos finitos foi apresentado, ainda sem
esta denominação, por Richard Courant (1888–1972) e, em 1960, os pesquisadores Turner,
Clough, Martins e Topp utilizaram pela primeira vez o nome “Método de Elementos Finitos”,
descrevendo-o e detalhando os fundamentos de seu enorme potencial. A partir de então, o
desenvolvimento do MEF foi exponencial, aplicando-se à simulação e à solução de problemas
em diversos campos da Engenharia, Medicina, Odontologia e áreas afins.
O método, quando bem gerenciado, pode proporcionar diversas vantagens em relação a outros
estudos, pela facilidade de obtenção e interpretação dos resultados. Entretanto, para a correta
execução desta metodologia, é necessária a interação entre profissionais das diversas áreas
para que as idéias possam ser postas em prática e resultados corretos e válidos sejam obtidos.
4
Os resultados de simulação obtidos por meio dos elementos finitos são bastante variados, indo
desde a distribuição de tensões e deformações até o preenchimento de matrizes e a detecção
do surgimento de trincas. O emprego do método de elementos finitos no estudo da
conformação de metais, até o final da década de 80, era baseado no princípio da discretização
através de uma malha de elementos finitos. Para essa situação, as formulações de fluxo ou
elasto-plástica dos códigos são elaboradas utilizando as informações provenientes da malha
de elementos finitos gerada para o modelo a ser analisado. [4]
Assim, o Método dos Elementos Finitos é uma ferramenta extremamente valiosa para ajudar
as equipes de engenharia numa das tarefas mais importantes no desenvolvimento de produtos:
a de determinar o seu comportamento estrutural e garantir que não haverá falha tanto em
condições normais de operação como em situações críticas, por intermédio da determinação
da distribuição de tensões nos diversos componentes. [4]
Sabe-se, no entanto, que o uso de softwares e o MEF são muito vantajosos, porém as
desvantagens existem, dentre elas o fato de não haver uma solução perfeitamente compatível,
capaz de prever qualquer situação. Sabe-se também da importância de uma ferramenta de
auxílio, bastando estudo, compreensão de suas funcionalidades e, principalmente, o bom
senso de quem opera com ela. Sabe-se, ainda, que os programas de elementos finitos não são
ferramentas que independem do julgamento do analista, pois constituem apenas um auxílio a
ele, que deve conhecer os conceitos fundamentais do MEF e o comportamento dos principais
elementos da Biblioteca do Programa [4]. Uma base conceitual adequada é o melhor caminho
para se obter bons resultados nas aplicações práticas do dia-a-dia com os softwares de
Elementos Finitos.
Em seus termos mais simples, a análise do projeto é uma tecnologia poderosa de software
empregada para simular seu comportamento físico num computador.
5
“Quebrará?” ... “Deformar-se-á?” ... “Ficará muito quente?” ...
Estes são alguns tipos de perguntas para quais a análise do projeto fornece respostas exatas.
Em vez de construir um protótipo e desenvolver regimes elaborados, testando e analisando o
comportamento físico de um produto através de estudos e testes em protótipos, os projetistas
podem apreciar estas informações com rapidez e precisão diretamente no computador, pois
projetar a análise pode minimizar ou mesmo eliminar os protótipos físicos. Isto tem feito
deste método uma valiosa ferramenta de desenvolvimento, hoje presente em quase todos os
campos da engenharia.
Melhor que despender tempo e recursos com a confecção de protótipos e corpos de prova,
bem como com a realização dos respectivos testes, é projetar e analisar modelos desenhados
em computador, com o auxílio do MEF. Os pacotes de software de criação e análise de
projeto, no princípio do desenvolvimento do MEF, eram as aplicações únicas, altamente
especializadas que foram usadas para as simulações originais e específicas que não poderiam
ser testadas eficazmente com protótipos. A construção do reator nuclear é um exemplo do uso
inicial da análise de projeto, simulando um cenário e testando ambientes extremamente
perigosos, antes de se construir o projeto real.
6
Nos textos de apresentação de praticamente todos os softwares disponíveis no mercado, pode-
se constatar a ocorrência de termos comuns a todos os fatores: “mais poderoso”, “mais fácil
de usar” e “menos caro” [1].
Fig. 3.1 – Etapas para a análise computacional usada pelo método de elementos finitos, na seqüência:
a) peça projetada 3D; b) malha de elementos gerada pelo software; c) análise de tensões. [5]
Como se pode ver, os modelos CAD são verdadeiros protótipos virtuais e os programas de
análise computacional suplantaram os testes físicos, permitindo produzir resultados
rapidamente e a um custo reduzido, otimizando, assim, o desenvolvimento de novos
processos, equipamentos e componentes. Além disso, o projeto e a análise computacionais
permitem exames detalhados do desempenho do produto sempre que for necessário, levando a
produtos mais inovadores, mais confiáveis e mais facilmente produzíveis.
Alguns estudos mostram que 80% dos custos na produção de um produto estão dentro da
Análise de projeto, isso porque a necessidade de se executar iterações rápidas e baratas no
projeto antes de liberara-lo para a produção em série se transformou em uma grande
7
vantagem, devido as inúmeras vantagens supra citadas. Com a Análise de projeto, é possível
se executar iterações através de computador em vez de protótipos físicos e possivelmente
caros. [6]
Numerosas concepções antigas cercam o uso de software para a análise do projeto. Muitos
acreditam que a análise baseada no MEF é cara e difícil de usar. Outros acreditam que o
análise do projeto baseada em software requer a operação de um Ph.D., e é usada somente por
grandes companhias, sendo desnecessária para alguns tipos de trabalho. Os estudos
mostraram que sete entre dez projetistas que usam softwares CAD têm estas impressões [1].
No entanto sabe-se, por questões de economia, custo e tempo, que estas afirmações estão cada
vez mais desaparecendo, dando lugar a uma nova tendência no mercado e na engenharia.
Talvez em uma época anterior, essas afirmações tenham sido verdadeiras, no entanto em se
tratando de funcionalidade, poder de execução e balanço dos custos, pode-se observar como
está se comportando o cenário atual. Assim, mais e mais engenheiros têm utilizado as
ferramentas da análise de projeto.
8
4. APLICAÇÃO DO SOFTWARE SOLIDWORKS A
PROBLEMAS MECÂNICO-METALÚRGICOS
O SolidWorks supre a lacuna entre o projeto industrial e a engenharia com poderosos recursos
que permitem o acabamento de superfícies, a importação simplificada de geometria a partir de
ferramentas de projeto industrial dedicadas, análises usando MEF e o melhor ambiente de
engenharia mecânica do setor, tendo a grande vantagem de se incorporar estas funcionalidade
em um único pacote. Neste documento, mostra-se como o software SolidWorks pode fornecer
um ambiente de modelagem completo para conduzir projetos desde a concepção de idéias à
fabricação.
Constituir o uso de uma ferramenta flexível, usável e que possa atender inúmeras expectativas
em um único produto, é a chave para o sucesso da conversão de uma concepção artística de
produto para a usabilidade final e a transição da mesa de projeto para a linha de fabricação.
Neste ponto, que é parte da proposta deste trabalho, podemos considerar e apresentar o
software SolidWorks, não como solução mas como uma das possibilidades de estudo.
9
4.1. COSMOSWorks
10
Em um ciclo de desenvolvimento do produto inclui tipicamente as seguintes etapas:
• Construção de um protótipo do projeto;
• Teste do protótipo em laboratório;
• Avaliação dos resultados dos testes;
• Modificação do projeto baseando-se nos resultados dos testes;
Este processo continua até que uma solução satisfatória seja alcançada. Assim, a análise via
simulações computacionais pode ajudar a realizar as seguintes tarefas:
• Reduzir o custo simulando testes de seu modelo no computador em vez dos testes de
laboratórios que eventualmente podem ser dispendiosos.
11
freedom, DOFs). A figura 4.2 ilustra um elemento finito tridimensional típico (neste caso,
tetraédrico), ressaltando seus nós e arestas.
Assim, o software formula as equações que governam o comportamento de cada elemento que
se faz necessário de acordo com as características de ensaio a se examinar fazendo
considerações e relações de sua ligação a outros elementos.
12
Fig. 4.3 - Exemplo de estudo executado com o COSMOSWorks. [5]
Assim, ao construir um objeto com sua “malha” e suas características definidas, o software
procede da forma citada a seguir, de acordo com a seqüência mostrada na figura 4.4:
13
• Em seguida, usa os resultados e as correlações para calcular a distribuição de tensões
(e/ou de deformações), mostrando-as ao usuário na forma de um diagrama de cores.
Deslocamentos
Esforços
Tensões
Estudos de freqüência.
Estudos térmicos.
14
Os estudos térmicos calculam temperaturas, gradientes de temperatura e fluxo de calor
baseado na geração do calor, na condução, na convecção, e em certas condições da radiação.
Os estudos térmicos podem ajudar a evitar condições térmicas indesejáveis como o
superaquecimento e o derretimento. Deve-se notar que o estudo térmico no SolidWorks não
agrega estudos como os de transformações térmicas, transformações de fase, bem como as
dinâmicas dos processos térmicos e termoquímicos, sendo necessários, nestes casos, estudos
co-relacionados, análises qualitativas e estudos de similaridade.
Para estudos térmicos transientes, o software conta com um sistema de termostato, onde são
definidas as temperaturas máximas e mínimas e, assim, é executada uma rotina como a
esquematizada na figura 4.5.
Estudos de Otimização.
15
• Objetivo: Deve-se indicar claramente o objetivo do estudo já que existem uma gama de
variáveis disponíveis na questão da otimização, poderíamos citar, por exemplo, a variável
do material mínimo a ser usado.
Estudos não-lineares.
Quando as suposições necessárias para a análise baseadas em estática linear não se aplicam,
pode ser necessário usar estudos não-lineares para resolver o problema. As fontes principais
do não-linearidade são: grandes deslocamentos, propriedades dos materiais não-lineares, e
16
contato. Os estudos não-lineares calculam deslocamentos, forças da reação, tensões, forças em
níveis incrementais, variando as cargas e as restrições. Para estudos térmicos, o software
resolve automaticamente um problema linear ou não-linear baseado em propriedades
materiais, restrições e cargas térmicas.
Resolver um problema não-linear requer muito mais tempo e recursos do que um estudo de
estática linear similar. O princípio da superposição não se aplica para estudos não-lineares.
Por exemplo, se uma força F1, aplicada em um ponto, produz um efeito S1 e uma força F2,
aplicada no mesmo ponto, produz um efeito S2, as forças aplicadas em conjunto (F1 + F2)
não causam necessariamente o efeito conjunto resultante (S1+S2), no ponto, como acontece
no caso dos estudos lineares. Os estudos não-lineares ajudam a avaliar o comportamento do
projeto, como um todo.
Para os estudos não-lineares, devem ser incorporados ao sistema métodos numéricos para a
solução de problemas usando o MEF. Essas ferramentas auxiliares devem controlar as etapas
do processo e usar um método iterativo eficiente para o cálculo. Como exemplo ilustrativo,
podemos citar um dos artifícios usados pelo software COSMOSWorks, o método de Newton-
Raphson, esquematizado na figura 4.8.
17
Fig. 4.8 - Método de Newton-Raphson usado como sistema de cálculo para estudos não-lineares. [5]
Neste esquema, ma matriz da linha tangencial esta formada e decomposta em cada interação
de acordo com cada passo, como mostra a figura 4.8. O método de Newton-Raphson tem uma
alta taxa de convergência e esta taxa de convergência é quadrática. Contudo, como a linha
tangencial é formada e decomposta a cada interação, isso poderá ser proibitivamente
demorado para grandes modelos, podendo, nesses casos, ser vantajoso usar outros métodos de
interação.
Testes de queda.
Os testes de queda, como o próprio nome diz, avaliam o efeito de se submeter projeto a uma
situação na qual este se choca a um assoalho rígido, a partir de uma altura estabelecida. Pode
ser especificada a altura e/ou a velocidade devida à altura do impacto, além da aceleração da
gravidade. O programa resolve este problema dinâmico em função do tempo, usando métodos
explícitos de integração. Os métodos explícitos são rápidos, mas requerem o uso de
incrementos pequenos de tempo. Depois de terminada a simulação, pode-se traçar os gráficos
de velocidade, aceleração, tensão e força. A figura 4.9 apresenta um exemplo de resultado de
simulação de teste de queda realizado na UFOP, em setembro de 2006, pelo hoje engenheiro
metalurgista Rodrigo Cruz Oliveira, na época concluindo sua monografia de graduação. [4]
18
Figura 4.9 – Exemplo de Teste de Queda mostrando a distribuição da tensão efetiva ao longo de
um cilindro de alumínio lançado verticalmente sobre uma superfície plana [4]
Estudos de fadiga.
19
Fig. 4.10- Ilustração de uma curva de fadiga usada pelo software. [5]
20
5. Fatores e aspectos diferenciais
5.1. Materiais
Uma das grandes vantagens do SolidWorks, além da facilidade de uso, está no fato de ele
permitir alterar, no sistema, os valores das propriedades dos materiais em estudo, tornando
possível uma grande variedade de testes e simulações, com situações ainda não previstas, bem
como o estudo das variações de comportamento dos materiais quando se alteram essas
variáveis durante as simulações.
21
Outra funcionalidade é a possibilidade de se obter características isotrópicas e anisotrópicas
para os materiais facilitando uma série de análises.
Nos materiais isotrópicos, o Cosmos, entende que as propriedades mecânicas e térmicas são
as mesmas em todas as direções, e nos anisotrópicos, elas variam dependendo da direção,
assim como é a definição de isotropia. [5]
Além destes modelos mais usados, pode-se ainda atribuir modelos hiperelásticos (modelo de
Rivlin, modelo de Odgen e modelo de Blatz), modelos de viscoelasticidade e modelos de
fluência.
Fig. 4.11 - Exemplo típico de uma curva tensão-deformação para um material não-linear. [5]
22
5.2 Carregamentos e Restrições
Por exemplo, se for aplicado uma pressão P a uma área A1, o equivalente da força aplicada é
PA1. No entanto se é modificado valor da área para A2, então o equivalente é automaticamente
mudado para PA2. A reestruturação da malha do modelo é necessária a cada mudança na
geometria para o cálculo dos carregamentos e restrições.
Quando é criado um estudo ou cenário de estudo, o programa SolidWorks cria uma pasta
“Load/Restraint” na árvore “COSMOSWorks” e, para cada carregamento e restrição que for
definida, é adicionado um item nesta pasta.
• Estudo Térmico
o Temperatura
o Convecção
o Fluxo de Calor
o Radiação
o Fonte de Calor
23
6. Considerações finais
A grande vantagem, no entanto, está no fato de que se pode avaliar e modificar as propostas e
projetos à medida que estes são desenvolvidos, permitindo evitar problemas que de outro
modo poderiam passar despercebidos, desde a concepção até a linha de produção de um
modelo ou protótipo.
Como a área acadêmica é um reflexo da área industrial, e vice-versa, é natural que uma se
beneficie do desenvolvimento tecnológico da outra, visto que o desenvolvimento industrial,
via simulação com o método de elementos finitos, é uma tecnologia nova, porém muito
utilizada, e é dever da área acadêmica propor métodos e soluções para o desenvolvimento e
propagação desta nova técnica de análise de dados. Partindo deste princípio, e para abertura
de novos meios para esta propagação, foi anexada a este trabalho uma primeira apostila onde
se expõe a funcionalidade do software SolidWorks aliado a uma introdução ao emprego do
sistema de análise COSMOSWorks, de uma forma mais didática e abrangente.
O desenvolvimento, porém, não pode parar por aí: serão necessárias mais pesquisas
abrangendo tanto outras funcionalidades do software SolidWorks, como a de outros softwares
de simulação, para que novos interessados possam exercer, no mínimo, o poder de escolha.
24
7. Referências Bibliográficas
3. OLIVEIRA, E. J. Biomecânica básica para ortodontistas. 1.ª ed. Belo Horizonte: UFMG,
2000. 196p., apud Lotti, R. S. [ref. 2].
6. VOLPE, M. L., Productivity and return of investment from COSMOS finite element
software, MIT, 2003, http://www.cosmosm.com/pages/services/support/documents/ROI-Report-
COSMOS.pdf (consulta em abril de 2007)
25