Você está na página 1de 1

Acomunados nas matas, o olhar preto que espia o olho d´água,

Viu o virtuoso encontro de Boiuna e Dandalunda.


Santos reis Bantos e Encantados, bravos e insubmissos,
Sonhando desobediência ao coração de pólvora batida,
Que pintou de urucum de morte, o avô onde me banho e vivo.

Com Tajá toquei tambor de fogo na trincheira.


A armadura branca, pálida, empalidece mais ainda.
Tilintando temor na terra, no encerado piso,
E em sua prataria, vinda de Paris.

Mas o pálido, sempre o pálido!


Palhaço, fantasma, faminto, pútrido.
Arrancou a punhal minha memória,
Enquanto anunciava: “Deus salve a fome!”
Com sua zarabatana que cuspiu morte.

Foram muitas matracas, cacau, cana e borracha,


Com selo verde de sangue, feito à mão,
Flutuando nas canoas com barrigas mórbidas,
Grávidas de horror.

A morte, parente da vida,


Que penteou o meu Cabelo de Velha, em Mairí,
Me contou em sonho, que eu, menino-rio-boto,
Hei de ficar aqui, para não ouvir “Santa Maria cheia de desgraça”,
Mas serpentear como Felipa e Krenak,
O facão Tuíra do rio e da floresta.

Anunciando à frente, aquilo que não ficou atrás,


Aquilo que carrego comigo, contra os superlativos da morte.
Para que aproveitem sua boca de lobo na boca da noite,
Porque Jaci, nos trará em sonhos
Vida fecunda no despertar.

Você também pode gostar