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Mestiço
Mestiço
Mestiço!
Ah!
Mas eu não me danei...
e muito calminho
arrepanhei o meu cabelo para trás
fiz saltar fumo do meu cigarro
cantei do alto
a minha gargalhada livre
que encheu o branco de calor!...
Mestiço!
Dói
a mesmíssima angústia
nas almas dos nossos corpos
perto e à distância.
Naturalidade
Europeu, me dizem.
Eivam-me de literatura e doutrina
européias
e europeu me chamam.
Ainda
o meu sonho de batuque em noites de luar
E nas senzalas
nas casas
nos subúrbios das cidades
para lá das linhas
nos recantos escuros das casas ricas
onde os negros murmuram: ainda
O meu Desejo
transformado em força
inspirando as consciências desesperadas.
Sou um mistério.
Perto e longe
continuam massacrando-me a carne
sempre viva e crente
no raiar dum dia
que há séculos espero.
Um dia
que não seja angústia
nem morte
nem já esperança.
Dia
dum eu-realidade.
Observação:
quissange: espécie de pequeno xilofone