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PECADO E INFERNO

Pe. Daniel Linhares


Palestra – ECC

Este tema, 'PECADO E INFERNO' aborda dois assuntos que estão intimamente
ligados, isto podemos perceber já de vista, quando lembramos que é por causa do
pecado que podemos viver eternamente nesta realidade chamada inferno.

Mas o que realmente entendemos por pecado? Quais suas causas? Quais seus
efeitos ou consequências? Como nos livramos dele? E podemos nos livrar dele? Como
entender a graça de Deus, mediante a realidade do pecado? Existem pecados mais
graves que outros? Posso ser perdoado de qualquer pecado? O que acontece com quem
persiste no pecado até a morte? Que meio tenho para ser perdoado pelos pecados?

Mas também surgem perguntas a respeito do Inferno: Existe esta realidade


chamada inferno? Quem o criou? Como podemos falar de algo que nem conhecemos?
Existe alguém que governa ele assim como Deus governa o céu? O inferno é fogo que
queima, como sempre nos ensinou a devoção oral dos cristãos? Se Deus perdoa tudo,
como se consegue ir para o Inferno? Ele é eterno?

Todas estas perguntas e muitas outras nascem de nossa curiosidade e desejo por
conhecer mais a fé e a vida que buscamos junto de Deus. Muitas décadas atrás, se
falava muito mais destas realidades negativas do destino humano, eram abordados nos
chamados Novíssimos do Homem, assunto frequente nos catecismos doutrinas e
devocionários.

Por algum tempo, mais recente, foi-se deixando um pouco de lado estes assuntos
principalmente porque se acreditava ser negativo demais, para se gastar tempo em
pregações ou discursos, se pensava ser preferível utilizar este tempo para falar das
realidades positivas do destino do homem e de sua vida neste mundo.

Mas hoje se percebe que não é tempo perdido falar destas duas realidades, pois sem
elas fica incompleto falar de Deus e Sua graça, pois não somos anjos, temos em nós a
realidade do pecado que nos pode apartar de Deus definitivamente, ou seja, o inferno.
Depois, a própria visão da morte, realidade inevitável, é encarada de forma mais
corajosa e cheia de esperança.

O QUE É PECADO?

Acredito ser conveniente começar pela definição de pecado que nos apresenta o
Catecismo da Igreja Católica:

“o pecado é uma falta contra a razão, a verdade, a consciência reta; é uma


falta ao amor verdadeiro, para com Deus e para com o próximo por causa de
um apego perverso a certos bens. Fere a natureza do homem e ofende a
solidariedade humana. Foi definido como 'uma palavra, um ato ou um
desejo contrários à lei eterna' (Santo Agostinho, Faust. 22)”(CIC 1849).

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Por este motivo, é falta contra a razão quando alguém faz opção por algo que não
corresponde com a busca sincera da razão, quando faz opção por algo que não seja
verdadeiro, bom ou belo.

POR EXEMPLO: quando alguém decide apoiar uma decisão que resultará na morte de
alguém, tipo ABORTO! Ele fez isto racionalmente, pois acreditou que, mediante tal
atitude resolveria outra dificuldade, mas sabia que resultaria na morte de outro ser
humano. Optou pelo erro, porque a morte provocada de um ser humano nunca é um
bem verdadeiro, sempre será um erro pois não faz parte da natureza humana que
provoquemos a morte uns dos outros.

Por algum tempo, mais recente, foi-se deixando um pouco de lado estes assuntos
principalmente porque se acreditava ser negativo demais, para se gastar tempo em
pregações ou discursos, se pensava ser preferível utilizar este tempo para falar das
realidades positivas do destino do homem e de sua vida neste mundo.

Mas hoje se percebe que não é tempo perdido falar destas duas realidades, pois sem
elas fica incompleto falar de Deus e Sua graça, pois não somos anjos, temos em nós
a realidade do pecado que nos pode apartar de Deus definitivamente, ou seja, o
inferno. Depois, a própria visão da morte, realidade inevitável, é encarada de forma
mais corajosa e cheia de esperança.

A ORIGEM DO PECADO

Segundo estudiosos da Bíblia o primeiro pecado foi cometido no céu, quando houve a
rebelião de anjos liderada por Lúcifer. Há também consenso de que a origem do pecado
humano foi a terrível escolha de Adão e Eva no jardim do Éden.

Na tentação do homem e da mulher percebemos o seguinte processo: Insinuação, que


Deus era demasiado e severo, dúvida quanto ao perigo de comer o fruto, é finalmente,
o tentador acusou Deus de ser egoísta. Ora, a serpente era mais astuta que todas as
alimárias do campo que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse a mulher: É assim que
Deus disse: não comereis de toda árvore do jardim?

“disse a mulher a serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos, mas


do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: não comereis dele,
nem nele tocareis para que não morrais”. Então a serpente disse a mulher:
certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes
se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o
mal (GÊNESIS 3,1 – 5).

No entanto o propósito de Deus ao proibir o fruto consistia em testar a fidelidade do


homem. Porque o perigo habita naquilo que não podemos tocar. Não é pecado ser
tentado, mas e errado ceder à tentação.

Sendo assim, foge também das paixões da mocidade, e segue a justiça, a fé, o amor,
e a paz com os que são de coração puro, invocam o Senhor (2 TIMOTEO 2,22).

Portanto, submetam-se a Deus, resistam ao diabo, e ele fugirá de vocês (TIAGO 4,7).

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O pecado é ainda “uma falta ao amor verdadeiro, para com Deus e para com o
próximo por causa de um apego perverso a certos bens”, pois não existe pecado
que seja cometido por “amor”. Pecado e amor são como que duas substâncias que não
se misturam de forma alguma.

Onde existe o pecado não existe amor. Visto ser o pecado algo totalmente motivado
pelos vícios, principalmente do egoísmo e vaidade. Não se pode pensar que alguém
cometa algo por amor, no amor não existe nada que possa justificar um ato egoísta,
avarento, soberbo, etc. Este pecado, de qualquer ordem e gravidade, é diretamente
falta contra o amor para com

Deus, pois, mesmo sendo algo leve direcionado para alguma coisa material, mexemos
na obra criada por Deus, e indiretamente direcionamos nossa ofensa a Ele.

Santo Agostinho nos fala que pecado é qualquer ato, palavra ou desejo contrários
à Lei Eterna, ou seja, aquela lei nascida da vontade de Deus que governa o homem.

OS PECADOS SÃO DIVERSOS

A diversidade dos pecados é grande, são tão numerosos quanto pode ser numeroso
os anos do homem sobre a terra. O Novo Testamento nos oferece uma vasta lista de
pecados descobertos em confronto com as palavras de Cristo.

O apóstolo Paulo nos diz em sua carta aos Gálatas: “as obras da carne são
manifestas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, feitiçaria, ódio,
rixas, ciúmes, ira, discussões, discórdia, divisões, invejas, bebedeiras, orgias
e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos previno...os que
praticam estas coisas não herdarão o Reino de Deus” (Gl5,19-21).

Existem muitas maneiras de LISTAR E DIVIDIR OS TIPOS DE PECADOS, o


próprio Catecismo nos oferece algumas:

 PODE-SE DISTINGUIR OS PECADOS SEGUNDO SEU OBJETO, como em todo


ato humano, ou segundo as virtudes a que se opõem, por excesso ou por defeito,
ou segundo os mandamentos que eles contrariam.
 Pode-se também CLASSIFICÁ-LOS CONFORME dizem respeito a Deus, ao
próximo ou a si mesmo;
 PODE-SE DIVIDI-LOS em PECADOS ESPIRITUAIS E CARNAIS, ou ainda em
pecados por pensamento, palavra, ação ou omissão.

A raiz do pecado está no coração do homem, em sua livre vontade, segundo o


ensinamento do Senhor: "Com efeito, é do coração que procedem más
inclinações, assassínios, adultérios, prostituições, roubos, falsos testemunhos
e difamações. São estas as coisas que tomam o homem impuro" (Mt 15,19-20).

No coração reside também a caridade, princípio das obras boas e puras, que o pecado
fere. (CIC 1853)

Mesmo podendo diferenciá-los de tantas formas, sempre será claro que o que nos leva
a todos eles é o próprio coração humano, cheio do mundo e vazio de Deus.

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Jesus já nos diz que é no coração do homem e da mulher que reside o amor, a
caridade, a misericórdia, a fidelidade. É dele que parte também as virtudes que
devemos praticar contrapondo as atitudes de pecado.

Num coração onde não é cultivado este amor, esta caridade, esta misericórdia, esta
fidelidade, certamente será alvo fácil para o mal se instalar aí e aos poucos controlar
sua vontade, fazendo com que enxergue somente o seu próprio bem, fazendo crescer
o egoísmo, a vaidade, a luxúria, a ira e tornando sua mente fechada a luz da Palavra
de Deus.

PECADO MORTAL E VENIAL


O PECADO MORTAL DESTRÓI a caridade no coração do homem por uma infração grave
à Lei de Deus. Desvia o homem de Deus, que é o seu último fim, a sua bem
aventurança, preferindo-Lhe um bem inferior.

O PECADO VENIAL deixa SUPRIMIR a caridade, embora ofendendo-a e ferindo-a.


[1856] O pecado mortal, atacando em nós o princípio vital que é a caridade, torna
necessária uma nova iniciativa da misericórdia de Deus e uma conversão do coração
que normalmente se realiza no quadro do sacramento da Reconciliação:

Para que um PECADO SEJA MORTAL, requerem-se, em simultâneo, TRÊS


CONDIÇÕES: “É pecado mortal o que tem por objeto UMA MATÉRIA GRAVE, e é
cometido com PLENA CONSCIÊNCIA e de PROPÓSITO DELIBERADO
(DETERMINADO)” (Reconciliatio et Penitencia, 17).

A matéria grave é precisada pelos dez Mandamentos, segundo a resposta que Jesus
deu ao jovem rico: “Não mates, não cometas adultério, não furtes, não levantes
falsos testemunhos, não cometas fraudes, honra pai e mãe” (Mc 10, 18).

A GRAVIDADE DOS PECADOS É MAIOR OU MENOR: um homicídio é mais grave


que um roubo. A qualidade das pessoas lesadas também entra em linha de conta: a
violência cometida contra pessoas de família é, por sua natureza, mais grave que a
exercida contra estranhos.

Para que o pecado seja mortal tem de ser cometido com plena consciência e total
consentimento.

O pecado venial, embora pareça sem importância, é um passo que conduz ao abismo.
Um após o outro, leva a pessoa para o buraco, que é o rompimento da amizade com
Deus. O Catecismo cita Santo Agostinho para explicar melhor como se dá a ação dos
pecados veniais:

Mas esses pecados que chamamos leves, não os consideres insignificantes, se


os consideras insignificantes ao pesá-los, treme ao contá-los. Um grande
número de objetos leves faz uma grande massa; um grande número de gotas
enche um rio; um grande número de grãos faz um montão. Qual é então nossa
esperança? Antes de tudo, a confissão.” (CIC 1863)

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O PECADO NA SOCIEDADE ATUAL

Lamentavelmente assistimos a vida de uma sociedade permissiva e empenhada a


reinterpretar os valores como liberdade, família, amor e o próprio conceito de verdade.
É claro que um dos primeiros efeitos desta atitude é a descrença no pecado e em suas
consequências.

“Quando uma pessoa defendeu publicamente e colaborou com graves atos


pecaminosos, levando muitos à confusão e ao erro em questões fundamentais
que dizem respeito à vida humana e à integridade do matrimônio e da família,
o seu arrependimento também deve ser público”.

AS TERRÍVEIS CONSEQUÊNCIAS DO PECADO

Ao ceder à voz de satanás, o homem escolhia agradar a si mesmo, desobedecendo


deliberadamente a Deus. Esse primeiro pecado trouxe consequências terríveis das quais
citamos:

Adão e Eva conheceram pessoalmente o mal: “Seus olhos foram abertos” (Gn 3,7),
a comunhão e a amizade com Deus foram interrompidas e fugiram de sua presença, o
que chamamos de morte espiritual.

“[...] mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no


dia em que comer certamente você morrerá” (Gn 2,17).

Portanto o homem deixou de ser inocente, tendo uma natureza corrompida, sua mente
ficou suja e passou a ter vergonha do seu próprio corpo (Gn 3,10). Então adão quis
culpar a Deus pela companheira que ele havia lhe dado (Gn 3,12).

O pecado trouxe consequências individuais e coletivas que se estendeu até nós. As


principais consequências do pecado original são a morte (Rm 6,23) e o afastamento de
Deus (Rm 3,23). É de fato que não pecamos contra o mandamento, mas pecamos
contra uma pessoa. O pecado não é uma ofensa contra uma alma vivente, o pecado
mata os relacionamentos, no entanto não a há remédio capaz de trazer os mortos a
vida.

“[...]a única maneira de tratar com o pecado é pela ressurreição, o perdão é


ressurreição, vida dentre os mortos (PETERSON, 2011, P. 43).

O pecado não conseguiu retirar do homem a imagem de Deus, mas a deportou e o fez
violentos, imorais e corruptos. O pecado faz com que o homem se desvie dos propósitos
de Deus e perca a sua companhia, o que fez por Adão faz por todos nós. Ele ainda está
procurando os pecados e dizendo “onde estas?”. Porque a sua misericórdia e infinita e
o seu amor incomparável.

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O INFERNO
Para falarmos desta realidade chamada inferno, é preciso antes esclarecer que não se
poderá crer na existência deste “local” senão se crê antes na alma imortal. É justamente
ela que, conforme uma vida desordenada e afastada de Deus, viverá eternamente neste
lugar.

Mas existe esta realidade chamada inferno?

Muitos ainda se perguntam se realmente existe o inferno. Não podemos imaginar que
não exista, visto que este pensamento levaria a concluir que somente exista um lugar
para as almas irem independente de como foi conduzida suas vidas terrenas.

Em última análise, acreditar que não exista o inferno é confessar que o pecado não
têm importância nenhuma, que ele não interfere em nossa união com Deus, e isto
leva ao permissivismo moral, onde tudo é permitido já que não existe um castigo
eterno.

Mas não acreditamos na existência do inferno somente para nos enchermos de medo
do pecado, ele é consequência de uma vida que não se importa realmente com Deus,
que não se interessa em viver na eternidade junto do Deus que dá a felicidade.

Quem o criou? Como podemos falar de algo que nem conhecemos? Existe
alguém que governa ele assim como Deus governa o céu?

Este lugar chamado inferno, não é obra de Deus, pois Sua obra é perfeito amor, algo
que não constitui o fundamento do inferno. Ele surge por causa da pessoa que morre
impenitente, por causa desta alma que se desligou do corpo sem se arrepender e pedir
perdão a Deus de seus pecados.

É o pecado grave, não confessado que leva a alma a se afastar da Luz, se afastar da
claridade, levando-a somente para à escuridão, o Inferno.

Do Inferno podemos falar por força da Revelação de Deus na Sagrada Escritura. Por
muitas vezes Cristo fez alusão a um lugar onde as almas agarradas a seus pecados
estão:

Jesus fala muitas vezes da «Geena» do “fogo que não se apaga” (Cf. Mt 5,22.29;Mc
9,4348) reservada aos que recusam, até ao fim da vida, acreditar e converter-se, e na
qual podem perder-se, ao mesmo tempo, a alma e o corpo (Cf. Mt 10,28).

Jesus anuncia, em termos muitos severos, que «enviará os seus anjos que tirarão
do seu Reino [...] todos os que praticaram a iniquidade, e hão de lançá-los na
fornalha ardente» (Mt 13, 41-42), e sobre eles pronunciará a sentença: “afastai-
vos de Mim, malditos, ides para o fogo eterno” (Mt 25, 41).

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Este local de escuridão e infelicidade eterna não têm um governante “instituído” assim
como não têm um criador, pois isto vai contra sua própria natureza que é de caos e
desordem. No entanto, sabemos que o mal recebe uma personificação poderosa
naquele ser rebelado, que se manifestou contra Deus e por isso também foi lançado na
escuridão.

Este anjo rebelde, juntamente com aqueles que o seguiram, que recebem a qualificação
de demônios (aqueles que dividem), assume a escuridão como seu lar e para lá tenta
levar quantos puderem para ferir aquele que os expulsou do Paraíso.

Houve então uma batalha no Céu: “Miguel e seus anjos guerrearam contra o
Dragão. O Dragão lutou, juntamente com os seus anjos, mas foi derrotado; e
eles perderam seu lugar no céu. Assim foi expulso o grande Dragão, a antiga
Serpente, que é chamado Diabo e Satanás, o sedutor do mundo inteiro. Ele foi
expulso para a terra, e os seus anjos foram expulsos com ele”. (Ap 12,7-9)

Pedro também nos fala sobre esta queda e o lugar onde se encontram esses demônios:
“Deus não poupou os anjos pecadores, mas os precipitou no lugar do castigo
e os entregou aos abismos das trevas, onde estão guardados até o juízo final”.
(2Pd 2,4)

Esta anjo que a Tradição sempre teve como chefe dos demônios – Diabo, Lúcifer ou
Satanás – não foi criado como nenhuma propensão ao mal, assim como os demais
anjos. A Escritura e a Tradição afirmam que o Diabo foi primeiro um anjo bom, criado
por Deus. Em 1215, o IV Concílio de Latrão afirmou: “De fato, o Diabo e os outros
demônios foram por Deus criados naturalmente bons; mas eles, por si, é que
se fizeram maus”.

Mas esta IMAGEM TRADICIONAL DO INFERNO COMO UM GRANDE CALDEIRÃO


PODE SER MELHORADA. Isto porque a imagem do fogo é mais adequadamente
usada para Deus e Seu amor, que verdadeiramente inflama os que deixam ser
amados.

Por isso, uma outra imagem que pode ser usada para este castigo eterno é o do gelo,
que queima igualmente, mas que não produz calor nem luz, algo insosso que não
deixa haver animação mas somente rigidez, frio, onde tudo fica cinza-escuro. Esta
imagem fica, talvez, mais adequada a este local onde se “morre sem morrer”.

PODE HAVER ARREPENDIMENTO DEPOIS DA MORTE? O INFERNO É ETERNO?

São João Damasceno em sua obra “A fé Ortodoxa” (II, 4: PG 94, 877) afirma:

“Não há arrependimento para eles [anjos] depois da queda, tal como não há
arrependimento para os homens depois da morte”.

Assim como nos tornamos merecedores do Céu durante esta vida, também podemos
ser merecedores do Céu e irmos para o Inferno. Isto se decide aqui, nesta vida, com
este corpo. Não podemos protelar nossa santidade para a outra vida, depois da morte
não haverá mais tempo (como conhecemos) nem opções como temos aqui.

O ensinamento da Igreja afirma a existência e a eternidade do inferno. As almas dos


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que morreram em estado de pecado mortal descem imediatamente depois da morte
aos infernos, onde sofrem as penas do inferno, “o fogo eterno” (Cf. DS
76;409;411;801;858;1002;1351;1575).

LIBERDADE, RESPONSABILIDADE E CONVERSÃO

O Catecismo da Igreja Católica, nos fala um pouco sobre a liberdade que temos, e do
quanto ela deve ser usada com responsabilidade em vista da vida eterna.

As afirmações da Sagrada Escritura e os ensinamentos da Igreja a respeito do Inferno


são um apelo ao sentido de responsabilidade com que o homem deve usar da sua
liberdade, tendo em vista o destino eterno. Constituem, ao mesmo tempo, um apelo
urgente à conversão:

“Entrai pela porta estreita, pois larga é a porta e espaçoso o caminho que
levam à perdição e muitos são os que seguem por eles. Que estreita é a porta
e apertado o caminho que levam à vida e como são poucos aqueles que os
encontram!” (Mt 7, 13-14)

A constituição Dogmática Lumen Gentium vai nos dizer, ou seja, o magistério da Igreja:
Como não sabemos o dia nem a hora, é preciso que, segundo a recomendação
do Senhor, vigiemos continuamente, a fim de que, no terminoo da nossa vida
terrena, que é só uma, mereçamos entrar com Ele para o banquete de núpcias
e ser contados entre os benditos, e não sejamos lançados, como servos maus
e preguiçosos, no fogo eterno, nas trevas exteriores, onde "haverá choro e
ranger de dentes" (LG 48).

Deus não predestina ninguém para o Inferno (Cf. DS 397;1567). Para ter semelhante
destino, é preciso haver uma aversão voluntária a Deus (pecado mortal) e persistir nela
até ao fim.

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