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Fig. 1.34: Ilustração dos controles de um gerador síncrono.

1.6.6 Modelo do gerador

A Figura 1.35 mostra o modelo do gerador síncrono de rotor cilíndrico (pólos lisos).

Fig. 1.35: Modelo do gerador síncrono de rotor cilíndrico.

ra = resitência da armadura;
XS = reatância síncrona, que é a soma da reatância Xa, devido a reação da armadura, e da
reactância X devido a dispersão.

Pode-se desprezar a resistência da armadura nas máquinas em que esta é muito menor que XS.

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A representação da carga depende muito do tipo de estudo realizado. Em geral, a carga pode
ser representada por:

 impedância constante;
 corrente constante; ou
 potência constante.

É importante que se conheça a variação das potências activas e reactivas com a variação da
tensão. Em uma barra típica a carga é composta de:

 motores de indução ou assíncronos (50 a 70%);


 motores síncronos (5 a 10%);
 climatização e iluminação (20 a 30%).

1.7.1 Representação de barra em um circuito de suprimento

a) Barra simples (um circuito de suprimento)

O arranjo designado Barra Simples, apresenta um custo bastante baixo, é utilizado para suprir
regiões de baixa densidade de carga. Normalmente, o transformador da subestação (SE)
apresenta potência nominal de 10 MVA. Este tipo de SE pode contar com uma única linha de
suprimento. Este arranjo conta, na alta tensão de um único dispositivo para a proteção do
transformador. Sua confiabilidade é baixa, pois quando ocorre uma contingência na
subtransmissão, há perda de suprimento da SE.

A Figura 1.36 mostra uma barra simples de um circuito de suprimento.

Fig. 1.36: Barra simples (Um circuito de suprimento).

b) Barra Simples (Dois circuitos de suprimento)

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Neste tipo de arranjo, aumenta a confiabilidade do sistema, dotando a SE de dupla alimentação
radial, o alimentador de subtransmissão é construído em circuito duplo operando a SE com
uma das duas chaves de entrada aberta.

Quando houver uma interrupção no alimentador em serviço, abre-se sua chave de entrada,
normalmente fechada (NF), e fecha-se a chave, normalmente aberta (NA) do circuito de
reserva. Para a manutenção do transformador ou do barramento é necessário o desligamento
da SE.

A Figura 1.37 mostra uma barra simples de dois circuitos de suprimento.

Fig. 1.37: Barra simples de dois circuitos de suprimento.

c) Barra dupla com dois circuitos de suprimento

Este arranjo é utilizado em regiões com maior densidade de carga. Aumenta-se o número de
transformadores o que torna a SE com maior confiabilidade e maior flexibilidade operacional.

O diagrama unifilar desta SE apresenta dupla alimentação, dois transformadores, barramentos


de Alta Tensão independentes e barramento de Média Tensão seccionado. Quando ocorre um
defeito ou manutenção em um dos transformadores, abrem-se as chaves anterior e posterior ao
transformador, isolando-o. Fecha-se a chave NA de seccionamento do barramento e opera-se
com todos os circuitos supridos à partir do outro transformador.

A Figura 1.37 mostra uma barra dupla com dois circuitos de suprimento com saída dos
alimentadores primários.

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Fig. 1.37: Barra dupla com dois circuitos de suprimento (Saída dos alimentadores primários).

d) Barra dupla com disjuntor de transferência (Dois circuitos de suprimento)

Este arranjo é uma evolução do arranjo anterior, onde se distribui os circuitos de saída em
vários barramentos, permitindo-se maior flexibilidade na transferência de blocos de carga entre
os transformadores, e a manutenção dos disjuntores é realizada através do disjuntor de
transferência.

A Figura 1.38 mostra uma barra dupla.

Fig. 1.38: Barra dupla com disjuntor de transferência.

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e) Barra dupla com barra de transferência

O arranjo de barra principal e barra de transferência é utilizado para aumentar a flexibilidade


para actividades de manutenção dos disjuntores. O destaque deste arranjo é que todos os
disjuntores são do tipo extraível, ou contam com chaves seccionadoras em ambas as
extremidades.

O disjuntor que faz a interligação entre os barramentos é definido como disjuntor de


transferência. Em operação normal, o barramento principal é mantido energizado e o de
transferência desenergizado, o disjuntor de transferência é mantido aberto.

Na realização de uma manutenção corretiva ou preditiva, em um dos disjuntores, fecha-se o


disjuntor de transferência, energizando a barra de transferência; fecha-se a chave seccionadora
do disjuntor que vai ser desativado, passando a saída do circuito a ser suprida pelas duas barras;
abre-se o disjuntor e procede-se à sua extração do cubículo, ou abre-se suas chaves
seccionadoras, isolando-o; transfere-se a proteção do disjuntor que foi desenergizado para o de
transferência.

Ao término da manutenção, o procedimento é o inverso do que foi realizado. Neste arranjo,


para a manutenção do barramento principal, é necessário desenergizar a SE, impossibilitando
o suprimento aos alimentadores. Este inconveniente pode ser eliminado utilizando-se um
barramento auxiliar definido como barramento de reserva.

A Figura 1.39 mostra uma subestação com barra principal e barra de transferência.

Fig. 1.39: Subestação com barra principal e barra de transferência.

Geralmente, as SEs empregam transformadores trifásicos. Em alguns sistemas, a instalação de


três transformadores monofásicos permite o uso de duas unidades conectadas em delta aberto
no lado da Alta Tensão.

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Transformadores trifásicos em banco podem operar em conexão Delta aberto (V), com um dos
transformadores monofásicos em manutenção, podendo fornecer 58% da capacidade nominal
do banco.

Fig. 1.40: Transformadores trifásicos em banco.

Nas contingências, a SE pode operar com capacidade reduzida, o que não é possível com
transformadores trifásicos. A utilização de quatro unidades monofásicas permitiria a SE operar
a plena capacidade, com uma unidade fora de serviço.

1.7.2 Fluxo de potência

Embora seja exacto considerar as características da Potência Actia e Tensão (PV) e Potência
Reactiva e Tensão (QV) de cada tipo de carga para simulação de fluxo de carga e estabilidade,
o tratamento analítico é muito complicado. Para os cálculos envolvidos existem três maneiras
de se representar a carga, que são tratadas em módulos apropriados.

1.7.2 Representação da carga para fluxo de potência

A Figura 1.41 mostra a representação da carga como potência activa e reactiva constantes.

Fig.1.41: Representação da carga como potência constante para estudo de fluxo de potência.

1.7.3 Representação da carga para estudo de curto-circuito

Neste estudo, as cargas estáticas e pequenas máquinas são desprezadas. Somente as máquinas
de grande porte contribuem para o curto-circuito, logo apenas estas máquinas são consideradas.

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1.7.4 Representação da carga pelo modelo ZIP

Neste modelo parte da carga é representada por:

 impedância constante;
 corrente constante; e
 potência constante.

𝐶𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑎 = 𝑍𝑐𝑡𝑒 + 𝐼𝑐𝑡𝑒 + 𝑃𝑐𝑡𝑒 (1.67)

𝑃 = (𝑝𝑍 𝑥𝑉 2 + 𝑝𝑖 𝑥𝑉 + 𝑝𝑝 )𝑥𝑃 (𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙)


(1.68)

𝑝𝑧 + 𝑝𝑖 + 𝑝𝑝 = 1,0 (1.69)

onde:
𝑝𝑧 , 𝑝𝑖 𝑒 𝑝𝑝 - São os percentuais de carga com impedância, corrente e potência constantes,
respectivamente. Esse percentual varia se considerada a determinação para a potência
activa ou reactiva
e

𝑄 = (𝑞𝑧 𝑥𝑉 2 + 𝑞𝑖 𝑥𝑉 + 𝑞𝑝 )𝑥𝑄 (𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙) (1.70)

𝑞𝑧 + 𝑞𝑖 + 𝑞𝑝 = 1,0 (1.71)

onde:

𝑞𝑧 , 𝑞𝑖 𝑒 𝑞𝑝 - São os percentuais de carga com impedância, corrente e potência constantes,


respectivamente. Esse percentual varia se considerada a determinação para a potência
activa ou reactiva

qz é a parcela da carga representada como Z constante;


qi é a parcela da carga representada como I constante;
qp é a parcela da carga representada como P constante.

Objetivo: P = f(V) e Q = f(V)

𝑉2
Impedância constante => 𝑃 = , Ex.: Chuveiros, iluminação incandescente.
𝑅

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V
Corrente constante => P = VxI, Ex.: Rcctificadores e iluminação.

V
`Potência constante => VxI Ex.: motores.

2 OPERAÇÃO E GESTÃO DE SISTEMAS DE ENERGIA

2.1 Sistema eléctrico de Potência

2.1.1 Função

Um sistema eléctrico tem a função de pôr à disposição do consumidor, a energia eléctrica em


condições que permitam o correcto funcionamento dos receptores eléctricos.

2.1.2 Energia Eléctrica

O grande aumento de demanda por energia eléctrica e o crescente número de interligações


entre os sistemas eléctricos existentes, nas últimas décadas, tornaram a operação e o controle
destes uma tarefa extremamente complexa.

2.1.3 Constituição

O sistema eléctrico é constituído por três subsistemas: subsistema de produção, de transporte e


de distribuição.

A Figura 2.1 mostra o sistema eléctrico de Potência

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Fig. 1.35: Sistema eléctrico de Potência.

Actualmente, os sistemas eléctricos de potência representam as maiores e mais


complexas máquinas já construídas pelo homem, o que exige técnicas e estudos cada vez mais
precisos e refinados para construir, manter e operar estas máquinas. Além disso, eles estão
expostos a múltiplas, adversas e imprevisíveis condições que podem levar a situações
de falha ou má operação, causando transtornos e problemas a todos os que dependem da
energia eléctrica.

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2.1.4 Eficiência

Para atingir um ponto de eficiência, onde se consiga economizar os investimentos, cada vez
mais se tem buscado operar e expandir o sistema utilizando critérios de custos.

Para operar a menor custo, deve-se gerar toda a energia através de fontes hidráulicas, que são
largamente mais baratas. Entretanto, essa operação para longo prazo é complicada, pois
depende do ciclo das águas e do regime de chuvas na região dos reservatórios das usinas.

Nos períodos de seca, estas usinas podem levar a racionamentos na produção de electricidade,
pois as turbinas precisam de uma vazão mínima de água para gerar energia dentro da tensão e
frequência padronizadas. Assim, para a operação, o menor custo é um meio-termo onde se gera
parte nas hidroelétricas e parte em centrais térmicas ou outro tipo de usinas, de forma a deixar
sempre uma certa reserva de energia hidráulica para o futuro.

Para o planeamento da transmissão, o menor custo ocorre quando é mínima a totalização dos
custos dos investimentos necessários para atender o critério de custos das perdas térmicas e
outras perdas de transporte da rede eléctrica. Para transmitir grandes quantidades de energia
com a menor perda possível, faz-se uso de elevadas tensões eléctricas, geralmente, de até
765 000 volts.

O uso de tensões elevadas pode ser explicado pelo efeito da transformação de potência eléctrica
(uso de transformadores), onde temos que ao elevar a tensão elétrica V, para uma
mesma potência elétrica P, teremos uma menor corrente eléctrica I. Como as perdas térmicas
são dadas pela Lei de Joule, que afirma que a perda é proporcional ao quadrado da corrente,
conclui-se que reduzindo a corrente eléctrica e aumentando a tensão obtemos uma significante
redução nas perdas.

Assim, se fará necessário toda uma cadeia de geração, elevação de tensão, subestações,
transmissão, redução de tensão e distribuição da energia elétrica. O que envolve uma enorme
quantidade de equipamentos, como:

 Geradores;
 Transformadores;
 Disjuntores;
 Pára-raios;
 Chaves seccionadoras;
 Relés;
 Isoladores;
 Estruturas de suporte e sustentação;
 Sistemas de gerenciamento por computadores.

Portanto, os sistemas eléctricos de potência são essenciais para garantir o melhor índice de
eficiência na geração e consumo da energia eléctrica, assim como garantir os padrões
de qualidade, confiabilidade e continuidade.

2.2 Gestão de energia e operação de sistemas eléctricos de potência

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A Gestão de Energia e Operação de Sistemas Elétricos é uma tarefa extremamente difícil e
complexa e exige:

 um planeamento prévio bem elaborado;


 uma análise simultânea de uma grande quantidade de informações:

o técnicas;
o econômico-financeiras.

É de lembrar que armazenar uma grande quantidade de energia na forma eléctrica é uma
tarefa inviável.

2.2.1 Objetivos da gestão de energia e operação de sistemas eléctricos

A gestão de energia e a operação de sistemas eléctricos ou electro-energéticos tem como


objetivo principal a promoção do mercado de energia eléctrica, levando-se em conta:

 a continuidade;
 a qualidade; e
 a economia.

Em decorrência do grande desafio e da grande quantidade de informações a serem analisadas


e processadas, tornou-se imprescindível automatizar a Operação e o Gerenciamento de
Sistemas Electro-Energéticos, que consiste na:

 Automação da Operação, ou Gerenciamento de Energia, só foi possível com a


implantação de dois tipos de Centros de Controle:

o um responsável pela gestão dos Sistemas de Geração e Transmissão,


denominado ”Sistema de Gerenciamento de Energia” ou EMS (Energy
Managment System); e
o o outro responsável pela gestão dos Sistemas de Distribuição de Energia,
denominado ”Sistema de Gerenciamento de Distribuição” ou DMS
(Distribution Managment System).

2.2.2 Tarefas de centros de controle

A Figura 2.1 mostra as tarefas de centros de controle.

Fig. 2.1: Tarefas de centros de controle.

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A dificuldade ou a complexidade da gestão de energia aumenta à medida que mais agentes
(geradores, transmissores, consumidores, etc), novas tecnologias e forças sócio-econômicas
são incluídos nos Sistemas Electro-Energéticos.

Os estudos tradicionais em Sistemas Eléctricos podem ser divididos da seguinte forma:

A necessidade de um maior aproveitamento energético, e a expansão e interligação dos


Sistemas Eléctricos, tornou-se imperativo para uma gestão ou controle central para todo
Sistema sob jurisdição de uma mesma empresa.

Assim, os controles locais passaram a compartilhar os seus dados com um controle


central e assim integrar o nível mais baixo na hierarquia de gestão e controle.

Os controles centrais são responsáveis pela coordenação geral dos sistemas, isto é, passam
a ocupar-se do nível mais alto na hierarquia.

2.2.3 Evolução da gestão e operação de sistemas eléctricos de Potência

Os primeiros Centros de Controle eram dotados de 2 sistemas independentes:

Sistema Supervisório (ou SCADA - Supervisory Control and Data Acquisition):

 aquisição e processamento de dados no sistema eléctrico através das


unidades terminais remotas (UTRs);
 representação dos dados aos operadores via interfaces homem-máquina;
 representação dos dados aos operadores via interfaces homem-máquina;
 controle remoto de abertura e fechamento de disjuntores e de dispositivos; e
reguladores de níveis de tensão (reatores, capacitores, taps de transformadores, etc).

 Controle de Geração:

 controle de geração das centrais do sistema com intuito de estabilizar a


frequência, devido às alterações nas cargas demandadas;

o Para este fim, duas sub-funções são inerentes ao processo:

Controle Automático de Geração (CAG);

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Despacho Econômico (ou óptimo).

A estratégia de dois sistemas independentes, perdurou até o final da década de 60, quando os
pesquisadores começaram a analisar o problema de um ponto de vista sistêmico, tendo como
motivação:

 Blecautes (blackout ou apagão) frequentes que ocorriam nas redes


eléctricas em todos os países (principalmente no Nordeste dos EUA);
 Avanço tecnológico nas áreas de computação e telecomunicação;
Evidente necessidade de se dispor de estratégias de controle; e
 operação mais rápidas e efetivas, em resposta a fragilidade dos Sistemas
Eléctricos face às mudanças dos estados operativos.

A partir daqui surge o conceito de:

 Segurança; e
 de Controle de Segurança em Tempo-Real

Definido como um sistema integrado de controles manuais e automáticos (computador),


responsáveis pela permanente operação do Sistema Eléctrico frente às várias condições de
operações.

 Funções de um Centro de Controle Moderno

o Controle de Geração;

o Sistema e Controle Supervisório;

o Análise e Controle de Segurança em Tempo-Real.

 Novo objetivo da Operação em Tempo-Real:

o Manter o Sistema Elétrico operando sem sobrecarga em equipamentos e


atendendo todos os consumidores, em qualquer condição ou estado de
operativo.

2.3 Estados operativos de um Sistema eléctrico de potência

Para a determinação dos estados operativos, as seguintes restrições devem ser consideradas:

 Restrições de Carga [ g(x) = 0 ]:


o traduzem o facto de que o Sistema deve atender todos os seus
consumidores. Logo, são restrições de igualdade, sendo “x” as variáveis
de estado (tensões fasoriais nas barras do sistema);
 Restrições de Operação [ h(x) = 0 ]:

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o refletem a necessidade de serem obedecidos os limites de operação dos
equipamentos do Sistema, por exemplo, a máxima potência que pode ser
transmitida por uma determinada linha de transmissão; e

 Restrições de segurança [ s(x) = 0 ]:

o consiste em analisar um conjunto preestabelecido de contingências


possíveis (ou as mais prováveis) de equipamentos do Sistema para um
determinado estado de operação. Tem o papel de verificar a capacidade
do Sistema Eléctrico continuar operando da forma adequada após a
simulação de alguma perturbação (contingência).

Baseando-se nas restrições, quatro estados operativos foram definidos:

 Normal Seguro;
 Normal Alerta;
 Emergência; e
 Restaurativo

Estado Normal Seguro:

 É o estado de operação ideal, pois são obedecidos os três conjuntos de


restrições: carga, operação e segurança. Isto significa que o Sistema está em
perfeitas condições de operação.

Estado Normal Alerta (ou Inseguro):

 Neste estado, são obedecidas as restrições de carga e operação; nem todas as restrições
de segurança são obedecidas.

Da mesma maneira que no estado seguro, o sistema está intacto, com atendimento de
toda a sua demanda e sem nenhuma violação de limites de operação, porém, a
ocorrência de pelo menos uma das contingências listadas como possíveis poderá levar
o sistema para o estado de emergência.

Estado de Emergência:

 que caracteriza o estado de emergência é a violação das restrições de operação. A


emergência pode ser provocada por uma contingência e consequente desligamento de
um ou mais componentes do Sistema (linhas, geradores, etc).

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Estado Restaurativo:

 Este estado é atingido quando uma emergência é eliminada por desligamento manual
ou automático de partes do sistema, efetuado pelo centro de controle ou por dispositivos
locais.
 As restrições operacionais são obedecidas, mas o sistema não está intacto (cargas não-
atendidas, ilhamentos, etc). Nota-se, portanto, que ao se passar do estado de emergência
para o estado restaurativo, sacrifica-se a integridade total do sistema, a fim de se
resgatar a observância das restrições de operação.

2.4 Conceito de segurança em sistemas eléctricos e sistema de análise de redes

A seguir são apresentadas as formas de execução das estratégias de Segurança apresentadas


acima.

 Para a execução das estratégias acima, os centros de controle são constituídos pelo
Sistema de Análise de Redes, que aglutinam várias funções ou programas distintos.

Para reduzir os problemas de análise de redes, a rede eléctrica é geralmente dividida em:

 sistema interno; e
 sistema externo

Sistema interno: o sistema interno abrange todas as barras e circuitos pertencentes e


supervisionados por uma dada empresa, e também de áreas fronteiriças supervisionadas.

Sistema externo: compreende todas as áreas não supervisionadas que são interligadas ao
sistema interno de uma dada empresa.

2.4.1 Funções do sistema de análise de redes

Programa de Pré-filtragem: Este programa executa testes de compatibilidade sobre as


medidas analógicas, de modo a detectar e excluir possíveis medidas errôneas contidas no
plano de medição, as quais comprometeriam a modelagem do SEP e, por conseguinte, os
demais aplicativos do sistema de análise de redes.

São aquelas realizadas continuamente e usualmente se constituem de fluxo de potência activa


e reactiva nas linhas, injeção de potência activa e reactiva e magnitudes de tensão nas barras.

Configurador de redes: esta configuração é responsável pela obtenção, em tempo-real, da


topologia e a correspondente configuração de medidores, no modelo barra linha, que
corresponde ao diagrama unifilar (ou trifilar) da rede. Para isto, o configurador processa
medidas digitais, transmitidas pelo Sistema SCADA, que consistem em informações lógicas
sobre os estados de disjuntores e chaves.

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A Figura 2.2 mostra o modelo de barra-linha considerando chaves e medidores.

Fig. 2.2: Modelo de barra-linha.

 Barra – Usinas/centrais e subestações;


 Linha – linhas de transmissão e transformadores;
 Geradores e cargas são considerados parte externa do sistema e são modelados através
de injecções de potência nas barras do sistema.

2.4.2 Funções do Sistema de Análise de Redes

Processo de Estimação de Estado:

 Responsável pelo processamento de medidas e informações redundantes e


contaminadas por ruído, com a finalidade de fornecer a melhor estimativa para as
tensões complexas (variáveis de estado) nas barras pertencentes ao sistema interno.

1) Análise de Observabilidade;
2) Estimação de Estado propriamente dito;
3) Processamento de Erros Grosseiros.

3) Processamento de Erros Grosseiros

 O processamento de erros grosseiros - é responsável pela detecção e identificação de


medidas com grau de imprecisão muito maior do que o suportado pelo modelo de
medição, ou seja, de medidas portadoras de erros grosseiros (EGs). Caso o algoritmo
detecte e identifique alguma medida com EG, esta é removida e as variáveis de estado
são estimadas novamente.

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Programa de Previsão de Carga:

 baseia-se na previsão de demanda da rede supervisionada e da não supervisionada.


Este programa é utilizado pelo Controle Automático de Geração (CAG) para melhor
balancear a potência gerada com a carga demandada, e, consequentemente, evitar
alterações bruscas na frequência do sistema interligado. O programa de previsão de
carga possibilita, ainda, a previsão da demanda por barra do sistema interligado,
através dos fatores de distribuição, obtidos pelas análises das curvas de consumo
(diário-semanais).

Fluxo de Carga (ou Potência):

 visa à determinação das tensões complexas (magnitudes e ângulos) de todas as


barras da rede interna e/ou externa do SEP. Para isto, o configurador deve conter,
previamente, informações a respeito da topologia e da previsão de carga da rede
externa.

 Neste programa, as tensões complexas são obtidas pela execução do algoritmo de


fluxo de carga, considerando as barras da rede interna como referências (a partir
dos resultados do estimador de estado), e as da rede externa dos tipos PV ou PQ.
Também pode ser utilizado na verificação dos efeitos de ações de controles
preventivos ou corretivos, antes mesmo de os mesmos serem executados.

Programa de Análise de Segurança:

 Este programa caracteriza-se pela determinação da segurança do sistema elétrico


através da análise de um conjunto de contingências previamente estabelecidas.
Dessa forma o programa de análise de segurança é constituído por subprogramas,
ou rotinas específicas, responsáveis pela seleção e simulação das contingências
mais plausíveis de ocorrer. Estas simulações podem ser divididas em estáticas ou
dinâmicas.

Simulações Estáticas:

 desprezam o comportamento dinâmico dos elementos dos sistemas- desprezam


o comportamento dinâmico dos elementos dos sistemas elétricos, representando
tais sistemas através de equações algébricas não-lineares ou lineares.

 Apesar das aproximações na modelagem matemática, as simulações estáticas


dão um bom indicativo do comportamento dos sistemas elétricos e, além disso,
suas exigências computacionais viabilizam suas utilizações em tempo-real.
 Dentre as análises que englobam este tópico pode-se citar: a Análise de
Instabilidade (ou colapso) de Tensão;

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 Análise de Fluxo de Potência e de Estimação de Estado sob condições de
contingências de equipamentos (perda de geradores, linhas, transformadores,
medidores, UTRs, etc);
 Análise e Detecção de Ilhamento Elétrico e Identificação de Ramos Críticos (ou
Linhas Críticas).

Programa de Análise de Segurança:

 Este programa caracteriza-se pela determinação da segurança do sistema elétrico


através da análise de um conjunto de contingências previamente estabelecidas.
Dessa forma o programa de análise de segurança é constituído por subprogramas,
ou rotinas específicas, responsáveis pela seleção e simulação das contingências
mais plausíveis de ocorrer. Estas simulações podem ser divididas em estáticas ou
dinâmicas.

Simulações Dinâmicas:

 Exigem grande esforço computacional, já que o comportamento - exige grande


esforço computacional, uma vez que o comportamento dinâmico dos elementos não
é desprezado, fazendo-se com que os sistemas elétricos sejam representados através
de equações diferencias.
 Dentre as análises de simulações dinâmicas, enquadram-se: o problema de
estabilidade à pequenas perturbações e estabilidade transitória.

Programa de Análise de Segurança:

Controle Preventivo:

 Caso a análise de segurança acuse que o sistema eléctrico em análise esteja


vulnerável a uma dada contingência, o próximo passo é determinar as acções
que devem ser tomadas para levar o sistema ao estado de segurança, se isto for
possível.

 Para determinar as melhores estratégias preventivas a serem tomadas, executa-se


novamente simulações estáticas e dinâmicas.

 Após tais simulações, as ações preventivas são implementadas.

 Programa de Carga Óptimo:

 é comumente utilizado para se determinar quais as melhores estratégias de controle


correctivo ou preventivo devem ser tomadas pela operação e suas consequências para
o sistema.
 Neste aplicativo, busca-se encontrar uma solução ótima que satisfaça as restrições
de operação, de cargas, e de segurança, sem alterar em demasia o ponto de operação
do sistema. A ele, podem-se agregar factores econômicos, de modo a diminuir os
custos operativos.

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