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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED (UnISCED)

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS


CURSO DE LICENCIATURA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Direito à Liberdade de Reunião e Manifestação: O Caso de


Moçambique

Vena Feledi Caetano:11230021

Beira, Maio de 2023


UNIVERSIDADE ABERTA ISCED (UnISCED)
FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
CURSO DE LICENCIATURA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Direito à Liberdade de Reunião e Manifestação: O Caso de


Moçambique

Trabalho de Carácter avaliativo, desenvolvido


no Campo a ser submetido na Coordenação
do Curso de Licenciatura em Administração
Pública da UnISCED.

Vena Feledi Caetano:11230021

Beira, Maio de 2023


ÍNDICE

1 Introdução ........................................................................................................................... 1

1.1 Objectivos .................................................................................................................... 1

1.1.1 Objectivo geral: .................................................................................................... 1

1.1.2 Objectivos específicos: ......................................................................................... 1

1.2 Metodologia ...................................................................................................................... 1

2 Desenvolvimento ................................................................................................................ 2

3 Considerações Finais; ......................................................................................................... 4

Referências Bibliográficas .......................................................................................................... 5


1 Introdução

O presente trabalho prático cinge-se em abordar sobre o direito à liberdade de reunião e


manifestação: o caso de Moçambique. Este tema surge no âmbito de elaboração de trabalho
prático na disciplina de Introdução ao Direito.

Para começar, Moçambique é um Estado de Direito Democrático constitucionalmente


instituído, de respeito pela pessoa humana. Assim sendo, o Estado como servidor da segurança
e de tranquilidade públicas, deve criar condições e mecanismos de manutenção, controlo de
ordem pública segurança das pessoas no seu convívio privado, aberto ao público e ao público,
de acordo com os princípios de direito democrático.

A constituição da república estabelece o direito à liberdade de reunião e manifestação, porém,


este direito por vezes colide com a segurança pública e outros direitos, a Polícia na observância
dos seus serviços, deverá actuar com o maior profissionalismo não incorrendo em situações de
abuso de autoridade e de uso excessivo ou desproporcional da força. No prosseguimento destas
ideias, pretende-se elaborar um trabalho de investigação científica centrado na temática do
direito a liberdade de reunião e manifestação.

O presente trabalho obedece seguinte estrutura: primeiramente tem a introdução incluindo


objectivos e metodologia, em seguida apresenta-se o desenvolvimento do tema em estudo e
finalmente contém as considerações finais e as referências bibliográficas.

1.1 Objectivos

1.1.1 Objectivo geral:

✓ Discutir o direito à liberdade de reunião e manifestação em Moçambique

1.1.2 Objectivos específicos:

✓ Analisar nos temos da lei o direito à liberdade de reunião e manifestação;


✓ Descrever as condições de autorização e limitação do direito de reunião e manifestacao.

1.2 Metodologia

Para a realização deste trabalho foi necessário usar o método de pesquisa bibliográfica que
consistiu no levantamento exaustivo de todas as informações disponíveis sobre o estudo no
manual da disciplina, leis, links, artigos, manuais, entre outros que abordam o tema em estudo.
Depois do levantamento bibliográfico fez-se análise crítica da informação existente, o que
culminou com a elaboração do presente trabalho.
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2 Desenvolvimento

A legislação moçambicana aborda, de forma específica, o direito à liberdade de reunião e


manifestação.

Esse direito começa a ser invocado a partir da Constituição da República de Moçambique


(CRM), no seu artigo 51, que diz:

“Todos os cidadãos têm direito à liberdade de reunião e manifestação nos termos da lei.”

O que significa que se trata de um direito fundamental que é directamente aplicável, vincula as
entidades públicas e privadas, deve ser garantido pelo Estado e deve ser exercido no quadro da
Constituição e das leis, conforme se depreende do n.º 1 do artigo 56 da CRM.

É preciso, contudo, esclarecer o que a manifestação deve ter um “carácter pacífico”, que
pressupõe a observância da lei e da moral, o respeito pelos direitos das pessoas singulares ou
colectivas e a não perturbação da ordem e tranquilidades públicas”

Se a manifestação assumir um carácter violento ou tumultuoso não será considerada como


pacífica”. Isto é, perderá, desse modo, a protecção constitucional.

O exercício do direito à reunião e manifestação está regulado na Lei n.º 9/91, de 18 de Julho
(Lei das Manifestações) e na Lei n.º 7/2001, de 7 de Julho que altera alguns artigos da Lei das
Manifestações.

Segundo n.º 3 do artigo 2 da Lei das Manifestações, a manifestação tem por finalidade a
expressão pública de uma vontade sobre assuntos políticos e sociais, de interesse público ou
outros. Trata-se, pois, de exercício de um direito que serve como um meio de supervisão da
Administração Pública ou da actividade do Estado pelo cidadão e é exercida nos processos de
planeamento, acompanhamento, monitoramento e avaliação das acções de gestão pública e na
execução das políticas e programas públicos, visando o aperfeiçoamento da gestão pública à
legalidade e justiça e respeito pelos direitos humanos.

Todavia, para fazer as manifestações do tipo marcha, desfile ou cortejo em lugares públicos ou
abertos ao público deve-se informar nesse sentido, avisando ou comunicando, por escrito, essa
pretensão com antecedência mínima de quatro dias úteis, as autoridades civis e policiais da área
em questão. É o que determina o n.º 1 do artigo 10 da Lei das Manifestações.

Entretanto, na interpretação do n.º 2 do artigo 56 da CRM, é fácil perceber que o direito à


manifestação pode ser limitado em razão da salvaguarda de outros direitos ou interesse
protegidos pela Constituição, como é o caso da salvaguarda da ordem e tranquilidade públicas,
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da saúde pública e da vida. A manifestação do tipo marcha pode ser limitada em virtude da luta
contra a Pandemia da Covid-19, tendo sempre em conta que pelo imperativo constitucional,
essa limitação só por ter lugar nos casos expressamente previstos na Constituição.

Por outro lado, a Lei 9/91 (11 de Julho), alterada pela Lei 7/2001 regula que a demonstração
não necessita de autorizações (artigo 3º, n.º 1). A disposição dispõe que «todos os cidadãos
podem, pacificamente e livremente, exercer o seu direito de reunião e de manifestação, sem
qualquer autorização prevista pela lei».

O artigo 11º da Lei n.º 9/91 prevê especificamente que «a decisão de proibir ou restringir [a
liberdade de reunião e demonstração] deve ser fundamentada e notificada aos promotores [...]
no prazo de dois dias a contar da recepção da comunicação.

As autoridades, por exemplo, só podem interromper a realização de reunião ou manifestação


realizada em lugares públicos ou abertos ao público, quando forem afastadas da sua finalidade
ou objectivos e quando perturbem a ordem e tranquilidade públicas.

Aliás, qualquer decisão de proibição ou restrição da manifestação compete a autoridade civil


da área em causa e não à autoridade policial, para além de que essa proibição deve ser
fundamentada e notificada por escrito aos promotores da manifestação, no prazo de dois dias a
contar da data da recepção da comunicação pelas autoridades, sob pena de ineficácia da
proibição caso não sejam respeitados estes requisitos consagrados no artigo 11 da Lei das
Manifestações e sobretudo os critérios de limitação dos direitos e liberdades fundamentais
constitucionalmente estabelecidos.

As normas do direito internacional sobre os direitos humanos de que o Estado moçambicano é


parte, cujos princípios orientadores inspiraram a elaboração da CRM, também protegem os
direitos e liberdades fundamentais, incluindo o direito à liberdade de reunião e de manifestação,
de restrições ou limitações arbitrárias como se pode aferir da Declaração Universal dos Direitos
Humanos, da Carta Africana sobre os Direitos Humanos e dos Povos, do Pacto internacional
dos Direitos Civis e Políticos, da Carta Africana sobre os Valores e Princípios da Função,
Administração Pública, etc.

Todavia, em Moçambique tem sido recorrente a inviabilização do exercício de direito à reunião


e manifestação com participação dos agentes da polícia sem observância da lei. Um dos casos
recentes desta inviabilização foi no dia 10 de Março de 2023, onde a polícia reprendeu marchas
em homenagem ao rapper moçambicano Azagaia em várias cidades do pais. No entanto, A
Amnistia Internacional (AI) criticou a repressão das marchas, pois viola a constituição.
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3 Considerações Finais;

Com a pesquisa e leitura realizada conclui se que, a manifestação é indubitavelmente,


pressuposto do princípio constitucional da participação democrática dos cidadãos na vida
pública.

Assim sendo, a democracia é vista como sinónimo de reunião ou manifestação, quer seja
pacífica, violenta, inopinadas ou com pré-aviso. A gestão destes eventos face aos novos riscos
e ameaças para a ordem e tranquilidade públicas exigem muito empenho por parte das
Autoridades policiais, servidores de segurança pública em Moçambique.

Nesta conjuntura, o regime jurídico do direito de reunião e manifestação está assente nos art.º
51º da CRM e art.º 45º CRP com os pressupostos legais assentes nas Lei nº 7/2001, de 7 de
Julho, revoga em partes a Lei nº 9/91, de 18 de Julho, (direito de reunião e manifestação em
Moçambique).

Portanto, os grandes desafios com que a Polícia moçambicana se tem deparado consistem na
restrição do direito de reunião e manifestação. As autoridades administrativas e policiais devem
estar cientes de que o direito de reunião e manifestação está estatuído na constituição e nas
demais leis, mesmo sendo inopinadas estão protegidas pela lei, desde que sejam pacíficas.

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Referências Bibliográficas

Legislação

Constituição da República de Moçambique (actualizada). (2011). Maputo: Imprensa Nacional


de Moçambique, E.P.

Lei n.º 9/91 (18 de Julho de 1991). Regula o exercício do direito de reunião e manifestação.
Maputo: Imprensa Nacional de Moçambique, E.P.

Lei n.º 7/2001 (7 de Julho de 2001). Lei que regula o exercício do direito à liberdade da reunião
e manifestação. Maputo: Imprensa Nacional de Moçambique, E.P.

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