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LEITURA E TIPOS DE LEITURA

1. Introdução

Todos nós lemos a nós e ao mundo à nossa volta para


vislumbrar o que somos e onde estamos. Lemos para
compreender, ou para começar a compreender. Não
podemos deixar de ler.
(Alberto Manguel)

Neste relatório, serão abordadas, de maneira simples sobre leitura e tipos de


leitura, por ser uma aCtividade imprescindível a todo e qualquer pesquisador,
facilitando a exploração dos temas a serem pesquisados e auxiliando na análise
e interpretação dos textos.

O relatório enquadra-se na disciplina de Método de Ensino do curso de formação


de professor.

Dessa forma, este relatório objectiva apresentar e discutir os principais aspectos


relacionados ao processo de leitura, em especial da leitura informativa ou de
estudo, a fim de preparar o acadêmico enquanto leitor frequente dos mais
variados gêneros textuais que circulam. Com isso, o desenvolvimento dessa
exposição perpassará os seguintes objetivos: i) conceituar leitura; ii) identificar
os diferentes tipos de leitura e as fases da leitura de estudo; iii) identificar os
passos necessários para a garantia de uma leitura satisfatória de diferentes
textos.

Para a elaboração deste relatório, utilizou-se a pesquisa bibliográfica e


qualitativa que visa levar em consideração não só a quantidade, mas também a
qualidade e a compreensão que o pesquisador teve sobre o assunto pesquisado.

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2. Conceito de Leitura

O entendimento do conceito de leitura ultrapassa a concepção de decodificação


do código escrito. Ou seja, a habilidade que se deve ter de leitura não é somente
reconhecer e traduzir sílabas ou palavras (signos linguísticos), em sons,
isoladamente (a decodificação), mas é atribuir significado àquilo que é lido.

Buscando a definição do Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa,


encontramos que leitura é:

1. acto de decifrar signos gráficos que traduzem a linguagem oral; arte de ler. 2.
acção de tomar conhecimento do conteúdo de um texto escrito, para se distrair
ou se informar. 3. maneira de compreender, de interpretar um texto, uma
mensagem, um acontecimento. 4. acto de decifrar qualquer notação; o resultado
desse acto.

No entanto, para compreendermos, de facto, o fenômeno da leitura, não basta


o seu sentido dicionarizado. Por isso, vamos buscar a definição apresentada
por Lajolo (1982, apud FILHO, 2011), que afirma:

Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É a


partir do texto, ser capaz de atribuir-lhe significado, conseguir relacioná-lo a
todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de
leitura que seu autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a esta
leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo outra não prevista.

Nesse sentido, a leitura é um processo de interlocução entre leitor/autor mediado


pelo texto. É uma espécie de encontro com o autor, que está ausente, mas
mediado pela palavra escrita.

Paulino et al (2001, apud FILHO, 2011), ao discutirem o conceito de leitura,


partem da etimologia da palavra ler, que vem do latim legere. Segundo os
autores, na origem do vocábulo, encontram-se três significados: primeiro, ler
significa soletrar, agrupar as letras em sílabas; segundo, ler está relacionado ao
acto de colher, a leitura passa a ser a busca de sentidos no interior do texto,
nessa concepção os sentidos vivem no texto, basta que eles sejam retirados,
colhidos como uvas no vinhedo; e, terceiro e último sentido apontado vincula o
ler ao roubar, isto é, o leitor tem a possibilidade de tirar do texto sentidos que
estavam ocultos, o leitor cria até significados que, em princípio, não tinha
autorização para construir.

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Nesta última concepção, o sentido nasce das vontades do leitor - o autor escreve
o texto, mas quem lhe confere vida é o leitor.

2.1. Importância da leitura

“Quem lê constrói sua própria ciência; quem não lê memoriza elementos


de um todo que não se atingiu” (RUIZ, 2002).

A leitura só será proveitosa se o leitor conseguir compreender o que foi lido,


sendo capaz de discutir seu conteúdo. Mas uma boa leitura está associada às
boas condições ambientais as quais o leitor está submetido. É de suma
importância que o leitor tenha um ambiente agradável para realizar uma leitura
eficaz. Deve-se atentar para um ambiente silencioso, com boa iluminado e que
propicie uma boa acomodação física. O domínio do vocabulário é fundamental
para um bom rendimento da leitura, portanto o leitor deve ter em mãos sempre
um dicionário,

Não basta ser alfabetizado para realmente saber ler. Há leitores que deixam os
olhos passarem pelas palavras, enquanto sua mente voa por esferas distantes.
Esses lêem apenas com os olhos. Só percebem que não leram quando chegam
ao fim de uma página, um capítulo ou um livro. Então devem recomeçar tudo de
novo porque de facto não aprenderam a ler. É preciso ler, mas, também é preciso
saber ler. Não adianta orgulhar-se que leu um livro rapidamente em algumas
dezenas de minutos, se ao terminar a leitura é incapaz de dizer sobre o que
acabou de ler (GALLIANO, 1986, apud FILHO, 2011).

Apesar do avanço tecnológico referente aos recursos audiovisuais, todos


precisam ler, porque o conhecimento é adquirido através da leitura, e para obtê-
lo é necessário ler muito e ler bem. A leitura possibilita a ampliação de
conhecimentos e a reflexão sobre o mundo.

Ler adequadamente é mais do que ser capaz de decodificar as palavras ou


expressões linearmente ordenadas em sentenças ou textos. Se as pessoas
lessem assim, não seriam capazes de perceber quando um texto é irônico, não
entenderiam “indiretas” e duplos sentidos, muitos avisos, e, além disso, a maior
parte das piadas e textos de propaganda, por exemplo.

Assim, ler adequadamente é sempre o resultado da consideração de dois tipos


de fatores: os propriamente linguísticos (ou significados literais das palavras, os

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fatores sintáticos etc.) e os contextuais ou situacionais (que podem ser de
natureza bastante variada). O bom leitor, por exemplo, é aquele capaz de
integrar, ao interpretar um texto, estes dois tipos de fatores.

2.2. Finalidades da leitura

As finalidades da leitura estão relacionadas com as diversas modalidades de


leitura. Em alguns momentos, lemos com o objectivo de adquirir conhecimentos,
noutros momentos buscamos simplesmente lazer ou entretenimento. Por isso
que, da forma que lemos um jornal ou uma revista, em que a leitura pode ter
como finalidade a informação, sobre factos ou notícias, não lemos um romance,
cuja finalidade é a distração, o entretenimento.

3. Tipos de leitura

Partindo do pressuposto de que os textos não são lidos da mesma maneira,


interessa-nos perguntar. A classificação dos tipos de leitura varia de autor para
autor. No entanto, dentre os diversos tipos de leitura apresentados por muitos
autores, podemos sintetizar, com base em Andrade (1999), em: i) leitura de
higiene mental ou recreativa; ii) leitura técnica; 3) leitura de informação; e 4)
leitura de estudo.

A leitura de higiene mental (ou recreativa) tem como objectivo trazer satisfação
à inteligência, a distração, o entretenimento, o lazer. É o caso da leitura de
romances, revistas em quadrinhos etc.

A leitura técnica implica, muitas vezes, a habilidade de ler e interpretar tabelas


e gráficos. Por exemplo: relatórios ou obras de cunho científico.

A leitura de informação está ligada às finalidades da cultura geral.

Por fim, temos a leitura de estudo, que visa à colecta de informações para
determinado propósito, aquisição e ampliação de conhecimentos.

Dente todos esses tipos de leitura, o mais importante de aprender é como


realizar uma leitura informativa ou de estudo, já que, a todo momento, no âmbito
acadêmico nos deparamos com textos técnicos, teóricos, de cunho filosófico-
científico Para isso, precisa dominar as fases e as estratégias necessárias para

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a realização de uma leitura adequada e satisfatória dos seus textos,
principalmente daqueles que constituem seu material de estudo.

3.1. Fases da leitura informativa ou de estudo

Segundo Cervo, Bervian e Da Silva (2006), as fases da leitura informativa ou de


estudo são:

Pré-leitura ou leitura de reconhecimento: também classificada por outros


autores como leitura prévia ou de contacto, é a fase preliminar da leitura
informativa. Este tipo de leitura permite ao leitor selecionar o documento ou a
obra que poderá ser aproveitada no seu trabalho e também obter uma visão geral
do tema abordado. Para Gil (2002) esta leitura pode ser denominada de
exploratória, porque “é comparada à expedição de reconhecimento que fazem
os exploradores de uma região desconhecida”.

I. Leitura seletiva: é quando se realiza uma leitura do livro todo, tentando


selecionar as informações fundamentais, ou seja, escolher o material que
realmente interessa à pesquisa. Entretanto, deve haver critérios de seleção
baseados nos propósitos do trabalho.
II. Leitura crítica ou reflexiva: é quando o leitor concentra-se nos aspectos
mais relevantes do texto, sendo capaz de separar as ideias secundárias da
ideia central. Essa é uma fase que requer reflexão que pode ser obtida por
meio da análise, comparação, diferenciação, síntese e julgamento das ideias
do autor da obra.
III. Leitura interpretativa: – é uma leitura mais complexa e para que ela seja
proveitosa é necessário que se estabeleça o procedimento a seguir:
 Identificar quais as intenções do autor e o que ele afirma sobre o tema,
suas hipóteses, metodologia, resultados, discussões e conclusões;
 Relacionar as afirmações do autor com os problemas para os quais se
está procurando equacionar;
 Saber discernir, de forma imparcial, o que verdadeiro ou falso.

Feita a análise e o julgamento daquilo que foi lido, o leitor está apto agora para
fazer a síntese de tudo o que leu, a integrar os dados descobertos durante a
leitura ao seu cabedal de conhecimentos.

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4. Procedimentos da leitura

Para se obter uma leitura proveitosa e compreender o que foi lido devem ser
seguidos os passos abaixo.

 Quando o texto for selecionado, faz-se sua leitura completa, para ter uma
visão geral do todo. Em seguida deve-se reler o texto e assinalar palavras
ou expressões desconhecidas, que devem ser consultadas em dicionário.
 Esclarecidas as dúvidas, fazer uma nova leitura, para compreensão do
todo.
 Tornar a ler, procurando a idéia central, que pode estar implícita ou
explicita no texto.
 Localizar acontecimentos ou idéias, comparando-as entre si e procurando
semelhanças e diferenças existentes.
 Agrupá-los pelo menos por semelhança importante e organizá-los por
ordem hierárquica de importância.
 Interpretar as idéias do autor e descobrir suas conclusões.

Para que a leitura seja proveitosa e eficaz deve-se estar atento ao que está
sendo lido, evitando desconcentração e distração. O leitor deve sentir-se atraído
pela leitura e desenvolver uma velocidade adequada na leitura, não devendo ler
vagarosamente, para não esquecer o que foi lido no final do parágrafo, ou muito
veloz propiciando a incompreensão do que foi lido.

A velocidade da leitura depende do gênero do próprio texto e da velocidade com


que o leitor fala. Cada leitor deve “atingir sua velocidade ideal, mas é certo que
sempre é possível aumentar a velocidade sem prejuízo da compreensão” (RUIZ,
2002).

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Conclusão

Com base nas pesquisas realizadas acerca da leitura e seus tipos, conclui-se
que, a leitura é parte essencial na vida em sociedade. É através dela que nos
comunicamos, interagimos com o outro, adquirimos conhecimento etc. Por isso,
ler é muito mais do que decifração do código escrito, é muito mais do que o
reconhecimento das letras, das palavras. Ler é, antes de tudo, atribuição de
sentido ao que se lê.

Realizamos a leitura por diversas finalidades: para adquirirmos conhecimento,


para distrairmos, para nos mantermos informados etc. Para cada finalidade de
leitura, há um tipo específico de leitura;

Para finalizar, para a garantia de um nível desejável de leitura, é preciso que se


obedeça a alguns passos, como a identificação de elementos básicos do texto,
como: tema, problema, tese, objetivos, ideias centrais

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5. Bibliografia

ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico.


4. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A.; DA SILVA, R. Fases da elaboração da pesquisa.


In: Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Pearson Pretice Hall, 2007.

DINIZ, Célia Regina & DA SILVA, Iolanda Barbosa. Leitura: análise e


interpretação. In: Metodologia científica. Campina Grande; Natal: UEPB/UFRN -
EDUEP, 2008.

FILHO, Urbano Cavalcante. Estratégias de leitura, análise e interpretação de


textos na universidade: da decodificação à leitura crítica. Cadernos do CNLF,
Vol. XV, Nº 5, t. 2. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2011.

GIL, A. C. Como delinear uma pesquisa bibliográfica? In: Como elaborar projetos
de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Pesquisa bibliográfica. In: Metodologia do


trabalho científico. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

RUIZ, J. A. Estudo pela leitura trabalhada. In: Metodologia científica: guia para
eficiência nos estudos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

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