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Tribunal Regional do Trabalho da 19ª Região - 1º Grau

Tribunal Regional do Trabalho da 19ª Região - 1º Grau

O documento a seguir foi juntado aos autos do processo de número 0000683-69.2021.5.19.0059


em 04/01/2022 14:56:21 - c6e113b e assinado eletronicamente por:
- RICARDO ALEXANDRE DE ARAUJO PORFIRIO

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usando o código:22010414312683400000013704925
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DO TRABALHO DA COMARCA DE PENEDO – ESTADO
DE ALAGOAS.

OBS: DEFESA NOS MOLDES DA RECOMENDAÇÃO CGJT Nº 02 DE 23 DE JULHO DE


2013. IMPOSSIBILIDADE DE COMPARECIMENTO À AUDIÊNCIA INAUGURAL POR SE
TRATAR DE DIREITO INDISPONÍVEL. ARTs. 334, §4º, II E 345, II TODOS DO CPC.

PROC.: 0000683-69.2021.5.19.0059
RECLAMANTE: CLEVERSON NOGUEIRA FIRMO
RECLAMADO: MUNICÍPIO DE CORURIPE

O MUNICÍPIO DE CORURIPE, Estado de Alagoas, Ente Federado e


Pessoa Jurídica de Direito Público Interno, com sede administrativa na Cidade de
Coruripe/AL, localizada na Praça Castro Azevedo, nº 47, Centro, inscrita no CNPJ/MF
sob o nº 12.264.230/0001-47, vem, por conduto de seu Procurador do Município,
exercendo legitimamente a representação Judicial do Ente Municipal como dispõe o
artigo 182 do Novel Código de Ritos Cíveis c/c art. 2º e segs. da Lei Orgânica da
Procuradoria do Município de Coruripe, Lei nº 1.234/2013, pelo que alfim ratifica, à
presença de Vossa Excelência, nos termos doa art. 846 da CLT, ofertar suas razões em

CONTESTAÇÃO

aos fatos, argumentos e fundamentos perquiridos pelo reclamante, Sr. CLEVERSON


NOGUEIRA FIRMO, quando da reclamação trabalhista acima tombada, e faz pelos
argumentos e fundamentos abaixo descritos:

1. DA SÍNTESE FÁTICA

Aduz o Reclamante, em apertada síntese, que foi admitido pelo reclamado


mediante aprovação em concurso público e que foi indevidamente exonerado,
aduzindo ainda não ter havido justo motivo para tanto e tampouco o devido processo
administrativo, requerendo, dada suposição, a reintegração ao cargo que alega ter sido
demitido, bem como o direito de perceber integralmente o vencimento e vantagens
do tempo em que esteve afastado da Administração Pública.
Sequer relata a data de seu desligamento, bem como esquivou-se de
demonstrar alguma comunicação advinda da Administração para que possa tornar
plausíveis suas alegações.

Telefone: (82) 3273-1198


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Junta apenas sua portaria de admissão, deixando de juntar seus
demonstrativos de proventos servíveis para quantificar a alçada da presente ação.
Eis o resumo fático.

2. DAS PRELIMINARES

2.1. INÉPCIA DA INICIAL.

Os documentos indispensáveis à propositura da ação não foram


acostados a petição inicial, sem os quais o pedido não pode ser apreciado pelo mérito.
Sendo, portanto, inexigível qualquer pleito albergado pelo direito em
face deste reclamado, pois, a falta de complemento documental ao pedido, causa a
inépcia da petição inicial, como assim expressa o Art. 320, do Código de Processo Civil,
senão vejamos:

Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos


indispensáveis à propositura da ação.

Os princípios norteadores do direito processual trabalhistas visam,


sobretudo a celeridade processual, contudo o reclamante ao omitir,
injustificadamente, dados que permitem a municipalidade realizar sua defesa, está
tornando sua exordial inepta.

Mesmo não tendo do Direito Processual do Trabalho as formalidades


inerentes ao Direito Processual Civil o reclamante, ao deduzir sua pretensão em juízo
não procurou alicerçar o direito subjetivo, que julga possuir, no corpo das normas que
deveriam refletir tal direito.

Apenas por amor ao argumento poderíamos dizer que as ausências da


causa de pedir é uma tentativa do reclamante de inserir os Princípios da extrapetição,
previstos nos artigos 137, §2º, 467 e 496 da CLT, contudo tal remendo não
corresponde a verdade.

É obrigação do autor, aplicar em sua inicial os fatos e fundamentos


jurídicos do pedido com suas especificações, instruída com os documentos
indispensáveis para a propositura da ação.

O autor sequer alega a data do suposto desligamento que acusa ter


sido ocasionado pela Administração Pública, deixando de demonstrar e documentar
a referida data, bem como demonstrativos para se chegar ao valor que entende
devido pela Municipalidade, razão pela qual torna a sua petição inepta.

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Forçoso, portanto, é concluir pelo indeferimento da inicial com a
decretação de sua inépcia, e sua extinção, nos termos do artigo 485, I do CPC.

2.2. DA INCOMPETÊNCIA MATERIAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO.

MM Juiz, antes de enfrentar o mérito da reclamação em testilha,


cumpre verificar que o vínculo funcional demonstrado pelo autor foge à competência
dessa Conspícua Justiça Especializada.

Conforme demonstrado por portaria de nomeação e posse do autor,


este foi servidor público efetivo e demitido por abandono de emprego.

Ainda que, no plano da suposição, pelo que imaginou o reclamante, a


relação havida entre as partes seria considerada como de cunho jurídico-
administrativo, e não trabalhista como forçosamente quer imprimir o reclamante.

Em casos que tais, a jurisprudência Trabalhista já traçou norte sólido,


centrada em precedentes lavrados pelo próprio Pretório Excelso, senão vejam-se os
leading cases abaixo ementados:

RECURSO DE REVISTA - CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA DE SERVIDOR


PÚBLICO - ARTIGO 37, INCISO IX, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA -
INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO A Justiça do Trabalho é
incompetente para processar e julgar as ações em que se
estabeleçam relações de cunho jurídico-administrativo, nas quais se
insere a contratação para atender necessidade temporária de
excepcional interesse público (artigo 37, inciso IX, da Constituição). A
prorrogação do prazo da contratação não altera a natureza jurídica
do vínculo estabelecido originalmente. Diante das reiteradas decisões
do E. Supremo Tribunal Federal, o Pleno do Eg. TST, em sessão
realizada no dia 23/4/2009, decidiu cancelar a Orientação
Jurisprudencial nº 205 da SBDI-1, que se firmava em sentido contrário
(Resolução nº 156/2009, DJe divulgado em 27, 28 e 29/4/2009).
Recurso de Revista conhecido e provido. (TST - RR:
21233920115220004 2123-39.2011.5.22.0004, Relator: Maria
Cristina Irigoyen Peduzzi, Data de Julgamento: 24/04/2013, 8ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 26/04/2013)

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INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO - CONTRATAÇÃO
TEMPORÁRIA PELO MUNICÍPIO - CARACTERIZAÇÃO - PROVIMENTO.
1. A jurisprudência consolidada no STF segue no sentido de que a
Justiça do Trabalho não detém competência material para apreciar
demandas ajuizadas por servidores admitidos por ente público
mediante contrato administrativo por tempo determinado para
atender necessidade temporária de excepcional interesse público. 2.
Em face da jurisprudência pacífica do Supremo, o Tribunal Pleno do
TST, em Sessão realizada no dia 23/04/09, cancelou a Orientação
Jurisprudencial 205 da SBDI-1, e firmou tese consoante com a do STF
de que tais demandas não se originam da relação de trabalho
referida no art. 114, I, da CF, sendo da Justiça Comum a competência
material para julgá-las. Recurso de revista provido. (TST - RR:
154004820095050463 15400-48.2009.5.05.0463, Relator: Ives
Gandra Martins Filho, Data de Julgamento: 20/09/2011, 7ª Turma,
Data de Publicação: DEJT 23/09/2011)

RECURSO DE REVISTA. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.


MUNICÍPIO DE MANAUS. CONTRATO TEMPORÁRIO. O Supremo
Tribunal Federal decidiu que, em face do julgamento proferido pelo
Plenário da Corte na ADI 3.395-MC, é incompetente a Justiça do
Trabalho para o processamento e o julgamento das causas que
envolvam o Poder Público e os servidores a ele vinculados por relação
jurídico-administrativa, uma vez que não se trata de ações
decorrentes da relação de trabalho referida no art. 114, I, da
Constituição Federal. Recurso de revista conhecido e provido" (TST-
RR-1177300-30.2007.5.11.0009, Rel. Min. Vieira de Mello Filho, 1ª
Turma, DJ de 12/08/11).

Como se disse acima, essa inteligência remansosa decorre de


entendimento lavrado pelo e. STF nos autos da ADI3395, cujo acórdão restou
redigido dessa forma:

INCONSTITUCIONALIDADE. Ação direta. Competência. Justiça do


Trabalho. Incompetência reconhecida. Causas entre o Poder Público e
seus servidores estatutários. Ações que não se reputam oriundas de
relação de trabalho. Conceito estrito desta relação. Feitos da
competência da Justiça Comum. Interpretação do art. 114, inc. I, da
CF, introduzido pela EC 45/2004. Precedentes. Liminar deferida para
excluir outra interpretação. O disposto no art. 114, I, da Constituição
da República, não abrange as causas instauradas entre o Poder
Público e servidor que lhe seja vinculado por relação jurídico-
estatutária. (ADI 3395 MC, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Tribunal
Pleno, julgado em 05/04/2006, DJ 10-

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O Excelso Supremo Tribunal Federal, já pacificou o entendimento de
que, nos casos em que se presencia características do regime estatutário local, há de
se conceituar como relação jurídico-administrativo, devendo, portanto, ser declinada a
competência da Justiça Trabalhista, como abaixo se vê, diante do Município de Viçosa,
em Alagoas, face à Rcl nº 8876/2009:

DECISÃO : Trata-se de reclamação (art. 102, I, l da Constituição), com


pedido de medida liminar, ajuizada pelo Município de Viçosa contra
quinze decisões proferidas pelo Juízo da Vara Única do Trabalho de
Palmeira dos Índios/AL, por violação da autoridade da ADI 3.395-MC.
Conforme se lê na inicial, os interessados Manoel Rio Barbosa
(00343-2009-063-19-00-0), Jandira Martins Rodrigues (00344-
2009-063-19-00-4), Josefa Maria de Albuquerque (00345-2009-
063-19-00-9), José Cícero dos Santos (00346-2009-063-19-00-3),
José Jorge de Melo (00347-2009-063-19-00-8), Josefa Bertozo dos
Santos (00348-2009-063-19-00-2), José Renato Alves dos Santos
(00342-2009-063-19-00-5), Josefa Venâncio dos Santos (00350-
2009-063-19-00-1), Josefa Gomes da Silva (00349-2009-063-19-00-
7), José Maria da Silveira (00214-2009-63-19-00-1), José Bezerra
da Silva (00213-2009-063-19-00-7), José Cícero Barboza de Lima
(00254-2009-063-19-00-3), Araci Virgínio da Silva (00259-2009-
063-19-00-6), José Cícero de Melo (00252-2009-063-19-00-6) e José
Pinto de Oliveira (00308-2009-063-10-00-0) (Fls. 06-10) ajuizaram
reclamações trabalhistas com o objetivo de ver asseguradas diversas
pretensões ligadas a serviços prestados ao município-reclamante.
Contudo, o regime jurídico aplicável aos interessados teria por base a
Lei Complementar 619/1996, instituidora do regime jurídico único.
Segundo argumenta, ao reconhecer a competência da Justiça do
Trabalho para examinar a peculiar situação de relações jurídicas
administrativas ou estatutárias, a autoridade reclamada teria violado a
autoridade da ADI 3.395-MC. A propósito, diz que “[...] a verdade é
que QUALQUER que seja a contratação pelo poder Público, sua
relação será jurídico-administrativa e NUNCA contratual regido [sic]
pela CLT, quanto mais em relação aos servidores estatutários do
Município, portanto a Justiça do Trabalho não detém competência
para julgar tais feitos” (Fls. 22).
Para justificar o periculum in mora, o município-reclamante alude aos
efeitos financeiros de eventuais condenações transitadas em julgado
(Fls. 37).
Pediu-se a concessão de medida liminar, para suspender a tramitação
dos processos em que proferidas as decisões reclamadas, “inclusive
para obstar a remessa para o Tribunal Regional do Trabalho da 19ª
Região dos processos já sentenciados e recorridos, porém ainda sem
o juízo de admissibilidade da E. Magistrada de piso” (Fls. 39). No
mérito, pede-se a cassação das decisões reclamadas e o
encaminhamento dos autos à Justiça Comum.

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A medida liminar pleiteada foi deferida nos seguintes termos:

“Decido o pedido de medida liminar.


Sem prejuízo de novo exame por ocasião do julgamento de mérito,
considero presentes os requisitos que justificam a concessão da
medida liminar pleiteada.
Esta Corte firmou entendimento no sentido de que questões
envolvendo servidores ou ex-servidores submetidos à contratação
temporária, com base no estatuto jurídico dos servidores da
localidade, são relações de natureza jurídico-administrativa, cuja
competência para processo e julgamento é da justiça comum.
Confiram-se:

“EMENTA: AGRAVOS REGIMENTAIS EM RECLAMAÇÃO. ADI-MC


3.395/DF. CONTRATO TEMPORÁRIO. REGIME JURÍDICO-
ADMINISTRATIVO. 2. No julgamento da medida cautelar na ADI n°
3.395/DF, entendeu o Tribunal que o disposto no art. 114, I, da
Constituição da República, não abrange as causas instauradas entre o
Poder Público e servidor que lhe seja vinculado por relação jurídico-
estatutária, entendida esta como a relação de cunho jurídico-
administrativo. Os contratos temporários firmados pelo Poder Público
com base no estatuto jurídico de seus servidores submetem-se ao
regime jurídico-administrativo. 3. Não compete ao Tribunal, no
âmbito estreito de cognição próprio da reclamação constitucional,
analisar a regularidade constitucional e legal das contratações
temporárias realizadas pelo Poder Público. 4. Agravos regimentais
desprovidos, à unanimidade, nos termos do voto do Relator.” (Rcl-
MC-AgR 4.990, rel. min. Gilmar Mendes, DJe 13.03.2008);

“EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECLAMAÇÃO. DESIGNAÇÃO


TEMPORÁRIA PARA O EXERCÍCIO DE FUNÇÃO PÚBLICA. REGIME
JURÍDICO-ADMINISTRATIVO. DESCUMPRIMENTO DA AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE N. 3.395/DF. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
DO TRABALHO PARA EXAMINAR EVENTUAL NULIDADE DA
CONTRATAÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA
PROVIMENTO. 1. Incompetência da Justiça Trabalhista para o
processamento e o julgamento das causas que envolvam o Poder
Público e servidores que sejam vinculados a ele por relação jurídico-
administrativa. 2. O eventual desvirtuamento da designação
temporária para o exercício de função pública, ou seja, da relação
jurídico-administrativa estabelecida entre as partes, não pode ser
apreciado pela Justiça do Trabalho. 3. A existência de pedido de
condenação do ente local ao pagamento do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço - FGTS não torna a Justiça do Trabalho competente
para o exame da ação. 4. Agravo regimental ao qual se nega
provimento.” (Rcl 7.039-AgR, rel. Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal
Pleno, julgado em 02/04/2009, DJe-084 DIVULG 07-05-2009 PUBLIC
08-05-2009 EMENT VOL-02359-02 PP-00300);

“EMENTA: RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL. AUTORIDADE DE


DECISÃO PROFERIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: ARTIGO

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102, INCISO I, ALÍNEA L, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. MEDIDA
CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE N. 3.395.
CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA DE SERVIDORES PÚBLICOS: ARTIGO 37,
INCISO IX, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. AÇÕES AJUIZADAS POR
SERVIDORES TEMPORÁRIOS CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM. CAUSA DE PEDIR RELACIONADA
A UMA RELAÇÃO JURÍDICO-ADMINISTRATIVA. AGRAVO REGIMENTAL
PROVIDO E RECLAMAÇÃO PROCEDENTE. 1. O Supremo Tribunal
Federal decidiu no julgamento da Medida Cautelar na Ação Direta de
Inconstitucionalidade n. 3.395 que "o disposto no art. 114, I, da
Constituição da República, não abrange as causas instauradas entre o
Poder Público e servidor que lhe seja vinculado por relação jurídico-
estatutária". 2. Apesar de ser da competência da Justiça do Trabalho
reconhecer a existência de vínculo empregatício regido pela
legislação trabalhista, não sendo lícito à Justiça Comum fazê-lo, é da
competência exclusiva desta o exame de questões relativas a vínculo
jurídico-administrativo. 3. Se, apesar de o pedido ser relativo a
direitos trabalhistas, os autores da ação suscitam a descaracterização
da contratação temporária ou do provimento comissionado, antes de
se tratar de um problema de direito trabalhista a questão deve ser
resolvida no âmbito do direito administrativo, pois para o
reconhecimento da relação trabalhista terá o juiz que decidir se teria
havido vício na relação administrativa a descaracterizá-la. 4. No caso,
não há qualquer direito disciplinado pela legislação trabalhista a
justificar a sua permanência na Justiça do Trabalho. 5. Agravo
regimental a que se dá provimento e reclamação julgada
procedente.” (Rcl 4.489-AgR, rel.: Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a)
p/ Acórdão: Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em
21/08/2008, DJe-222 DIVULG 20-11-2008 PUBLIC 21-11-2008 EMENT
VOL-02342-01 PP-00177).

Registro que a autoridade do precedente também tem sido estendida


às questões similares ainda que versadas nos autos de ação civil
pública. Confiram-se, nesse sentido, os seguintes precedentes:

“EMENTA Constitucional. Reclamação. Ação civil pública. Servidores


públicos. Regime temporário. Justiça do Trabalho. Incompetência. 1.
No julgamento da ADI nº 3.395/DF-MC, este Supremo Tribunal
suspendeu toda e qualquer interpretação do inciso I do artigo 114 da
Constituição Federal (na redação da EC nº 45/04) que inserisse, na
competência da Justiça do Trabalho, a apreciação de causas
instauradas entre o Poder Público e seus servidores, a ele vinculados
por típica relação de ordem estatutária ou de caráter jurídico-
administrativo. 2. As contratações temporárias para suprir os serviços
públicos estão no âmbito de relação jurídico-administrativa, sendo
competente para dirimir os conflitos a Justiça comum e não a Justiça
especializada. 3. Reclamação julgada procedente.” (Rcl 4.872, rel.:
Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MENEZES
DIREITO, Tribunal Pleno, julgado em 21/08/2008, DJe-211 DIVULG 06-
11-2008 PUBLIC 07-11-2008 EMENT VOL-02340-02 PP-00262
RDECTRAB v. 15, n. 173, 2008, p. 281-284);

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“EMENTA: CONSTITUCIONAL. RECLAMAÇÃO. MEDIDA LIMINAR NA
ADI 3.357. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SERVIDORES PÚBLICOS. REGIME
TEMPORÁRIO. JUSTIÇA DO TRABALHO. INCOMPETÊNCIA. 1. No
julgamento da ADI 3.395-MC, este Supremo Tribunal suspendeu toda
e qualquer interpretação do inciso I do artigo 114 da CF (na redação
da EC 45/2004) que inserisse, na competência da Justiça do Trabalho,
a apreciação de causas instauradas entre o Poder Público e seus
servidores, a ele vinculados por típica relação de ordem estatutária
ou de caráter jurídico-administrativo. 2. Contratações temporárias
que se deram com fundamento na Lei amazonense nº 2.607/00, que
minudenciou o regime jurídico aplicável às partes figurantes do
contrato. Caracterização de vínculo jurídico-administrativo entre
contratante e contratados. 3. Procedência do pedido. 4. Agravo
regimental prejudicado.” (Rcl 5381, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO,
Tribunal Pleno, julgado em 17/03/2008, DJe-147 DIVULG 07-08-2008
PUBLIC 08-08-2008 EMENT VOL-02327-01 PP-00136).
No caso em exame, o juízo pela competência da Justiça do Trabalho
para conhecer das pretensões dos interessados fundamenta-se na
suposta invalidade da contratação de servidores sem a observância
do concurso público (José Renato Alves dos Santos - Fls. 115; Josefa
Gomes da Silva - Fls. 170; Josefa Bertoso - Fls. 234; Jandira Martins -
Fls. 311; José Cícero de Melo - Fls. 337; José Bezerra - Fls. 415; José
Cícero Barbosa - Fls. 464; Araci Virgínio da Silva - Fls. 512; José Maria
- Fls. 529; Josefa Venâncio - Fls. 609; Josefa Maria - Fls. 673; José
Cícero dos Santos - Fls. 737; Manuel Rio Barbosa - Fls. 791; José Jorge
- Fls. 848; José Pinto - Fls. 874). Não obstante, o reclamante invoca a
Lei Complementar 619/1996 para argumentar que a relação jurídica
mantida com os interessados era administrativa ou estatutária.
Ante o exposto, concedo a medida liminar pleiteada, tão-somente
para suspender o curso dos processos nos quais prolatadas as
decisões reclamadas, até o julgamento final desta reclamação.
Solicitem-se informações à autoridade-reclamada, no prazo de dez
dias.
Comunique-se o teor desta decisão à autoridade-reclamada.
Publique-se.
Brasília, 31 de agosto de 2009.
Ministro JOAQUIM BARBOSA
Relator”

As informações foram prestadas (Fls. 963-965).


O Ministério Público Federal, em parecer elaborado pelo procurador-
geral da República, Dr. Roberto Monteiro Gurgel Santos, opina pela
procedência da reclamação (Fls. 984-986).
É o relatório.

Decido.
Não há razão para modificar o entendimento formado por ocasião do
exame da medida liminar.
No julgamento da ADI 3.395-MC, esta Corte decidiu que “o disposto
no art. 114, I, da Constituição da República não abrange as causas
instauradas entre o Poder Público e servidor que lhe seja vinculado
por relação jurídico-estatutária”. Por seu turno, a discussão sobre a
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validade do estabelecimento do vínculo não modifica a conclusão a
que chegou a Corte (cf., e.g., a Rcl 5.924-AgR (rel. min. Eros Grau,
Pleno, DJe-200 de 23.10.2009).
Ante o exposto, com fundamento no art. 161, § 1º do Regimento
Interno do Supremo Tribunal Federal, julgo procedente o pedido para
cassar as decisões reclamadas. Encaminhem-se os autos das
reclamações trabalhistas 00343-2009-063-19-00-0 (Manoel Rio
Barbosa), 00344-2009-063-19-00-4 (Jandira Martins Rodrigues),
00345-2009-063-19-00-9 (Josefa Maria de Albuquerque), 00346-
2009-063-19-00-3 (José Cícero dos Santos), 00347-2009-063-19-00-8
(José Jorge de Melo), 00348-2009-063-19-00-2 (Josefa Bertozo dos
Santos), 00342-2009-063-19-00-5 (José Renato Alves dos Santos,
00350-2009-063-19-00-1 (Josefa Venâncio dos Santos), 00349-2009-
063-19-00-7 (Josefa Gomes da Silva), 00214-2009-63-19-00-1 (José
Maria da Silveira), 00213-2009-063-19-00-7 (José Bezerra da Silva),
00254-2009-63-19-00-3 (José Cícero Barboza de Lima), 00259-2009-
063-19-00-6 (Araci Virgínio da Silva), 252-2009-063-19-00-6 (José
Cícero de Melo) e 00308-2009-063-10-00-0 (José Pinto de Oliveira) à
Justiça Comum.
Comunique-se à autoridade-reclamada.
Publique-se.

Brasília, 24 de novembro de 2009.

Ministro JOAQUIM BARBOSA


Relator

Por outro lado, essas decisões foram determinantes para a fixação de


uma jurisprudência mais ampla, alcançando toda e qualquer situação de contratação
ou admissão de servidor pelo Poder Público (ainda que sem concurso público), com a
fixação do entendimento de que nesses casos a relação funcional teria natureza
institucional e que, portanto, não se inseria na competência da Justiça do Trabalho.

Em outras palavras, a competência material da JT somente comportaria


aqueles casos de contratação regular, com expressa definição do regime único
justrabalhista a reger a relação de trabalho, e aquelas situações em que o ente público
não possua regime jurídico estatutário, prevalecendo assim a regra geral do regime
justrabalhista ordinário (celetista).

Nas hipóteses em que o ente público tem regime jurídico estatutário a


admissão de servidor importaria desvirtuação do regime jurídico-administrativo,
inserindo-se na competência material da Justiça Comum.
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Isso porque, segundo as diretrizes traçadas pelo entendimento firmado
pelo Supremo Tribunal Federal, cabe à Justiça Comum decidir sobre a existência, a
validade e a eficácia das relações jurídico-administrativas entre servidor e
Administração Pública.

Nesse sentido, a decisão do C. TST adiante transcrita:


CONTRATAÇÃO DE SERVIDOR SEM CONCURSO PÚBLICO.
COMPETÊNCIA PARA DECIDIR SOBRE EXISTÊNCIA, VALIDADE E
EFICÁCIA DAS RELAÇÕES JURÍDICOADMINISTRATIVAS ENTRE
SERVIDOR E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
1. Discute-se a competência material da Justiça do Trabalho
para apreciar lide que envolve empregado contratado sem
prévia aprovação em concurso público posteriormente à
promulgação da Constituição da República de 1988.
2. O Tribunal Regional consignou que não se trata de contrato
temporário e que "o simples fato de existir regime estatutário a
reger as relações entre servidores e o Estado, tal condição não
exclui a competência da Justiça do Trabalho, uma vez que o
regime formal só incide quando o ingresso do servidor no
serviço público acontece de maneira regular", declarando a
competência da Justiça do Trabalho para apreciar a lide "nos
moldes do art. 114 da CF, cujo campo de abrangência engloba
todo e qualquer litígio que envolva as relações de trabalho" (fls.
161).
3. O Supremo Tribunal Federal, em sua composição plena, ao
modificar o entendimento de que a competência não se fixa
pelo pedido e causa de pedir deduzidos na peça inicial,
determinou a competência da Justiça Comum para decidir
sobre a existência, a validade e a eficácia das relações jurídico-
administrativas entre servidor e Administração Pública, uma
vez que, para o reconhecimento da relação trabalhista, terá o
juiz que decidir se teria havido vício na relação administrativa a
descaracterizá-la.
4. Assim, o Tribunal Regional, ao declarar a competência da
Justiça do Trabalho para julgar lide em que houve a contratação
sem a devida formalização – contratação de servidor sem a
existência de concurso público -, tendo em vista o
posicionamento do Supremo Tribunal Federal de que compete
à Justiça Comum decidir sobre a existência, a validade e a
eficácia das relações jurídico-administrativas entre servidor e
Administração Pública, viola o art. 114, inc. I, da Constituição da
República. Recurso de Revista de que se conhece e a que se dá
provimento. (RR 15396320115220103 1539-63.2011.5.22.0103.

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Relator(a): João Batista Brito Pereira. Julgamento: 12/06/2013.
Órgão Julgador: 5ª Turma. Publicação: DEJT 21/06/2013

Destarte, caso Vossa Excelência entenda pela tese obreira, a relação


entre as partes é caracterizada como Jurídico-administrativa, portanto, distinta da
competência desta R. Justiça em julgá-la.

Além disso, o Município de Coruripe possui Lei de Estatuto dos


Servidores Públicos (em anexo, Lei 243/1973; alterada pela Lei 1.057/2006; alterada
pela Lei 1.299/2014) e Lei própria para a contratação temporária por excepcional
interesse público, assim como se depreende da Lei Municipal de nº 1.258/2013.

Não se perca de vista, que, ainda que se argua qualquer irregularidade


na contratação. Importante reforçar que o Eg. STF entende que, até mesmo nos casos
de definição de eventual irregularidade na contratação de servidores ou empregados,
ainda que gere a nulidade do vínculo, não descaracteriza sua natureza jurídico-
administrativa, conforme se extrai da ementa a seguir transcrita:

AGRAVO REGIMENTAL. ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL. CARGO


EM COMISSÃO. REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO. AUSÊNCIA DE
ARGUMENTOS SUSCEPTÍVEIS DE MODIFICAR A DECISÃO
AGRAVADA. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO.
1. É competente a Justiça comum para processar e julgar ações
relativas a conflitos relativos a vínculo jurídico-administrativo entre o
Poder Público e seu agente.
2. Irregularidade na contratação de servidores pode dar ensejo à
nulidade do contrato, com todas as consequências daí decorrentes,
mas não altera a natureza jurídica de cunho administrativo que se
estabelece originalmente.
3. Agravo regimental não provido.
(STF, Tribunal Pleno, Rcl 8197 Ag/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, j.
17/02/2010, p. DJe 16/04/2010). (Grifa-se)

Assim, havendo incompetência para o Julgamento desta lide por esta


Justiça Especializada, pugna-se, o reclamado, pela extinção do presente feito, nos
termos do art. 485, I do CPC.

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3. DOS PEDIDOS.

Ex positis, com acatamento e respeito devidos, requer a Vossa Excelência,


consubstanciado na Carta Magna de 1988 e na Consolidação das Leis do Trabalho/CLT
o seguinte:
a) Seja retirada de pauta a audiência inicial, nos termos do art 1º, I da
Recomendação CGJT Nº 02 de 23 de julho de 2013 c/c arts. 334, §4º, II e 345, II todos
do CPC.
b) Seja considerada TOTALMENTE IMPROCEDENTE a ação reclamatória
litigada pela reclamante, dados fundamentos alçados nesta defesa.
c) Sejam acolhidas as preliminares aqui arguidas, para resolver o feito sem
exame de mérito, nos termos do art. 354 do CPC com a declaração da incompetência
da Justiça Trabalhista, dado o não alcance à EC Nº 45/2004, c/c Lei Complementar
Municipal nº 1.299/2013;
d) A condenação da Reclamante ao pagamento das custas e demais
despesas processuais cabíveis e honorários advocatícios fixados em 20% sobre o valor
dado a demanda.
Protesta provar o alegado, por todos os meios de provas em direito
admitidas, ou seja, testemunhal, documental e pericial, bem como a juntada de
documentos e outros que se façam necessários, especialmente pelo depoimento
pessoal da Reclamante, que fica desde já requerido, sob pena de confissão, e o que
mais se fizer necessário para a elucidação dos fatos.

Pede deferimento.

Coruripe, AL, 03 de janeiro de 2022.

RICARDO ALEXANDRE DE ARAÚJO PORFÍRIO


PROCURADOR DO MUNICÍPIO DE CORURIPE
MAT. 3035
OAB/AL 7.528

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