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CV de Bens Consumo e Empreitada de Consumo
CV de Bens Consumo e Empreitada de Consumo
Neste caso, estamos perante uma venda de bens de consumo, sujeita ao regime do DL n.º 84/2021, de 18/10, por se tratar de uma venda entre
profissional (art. 2.º o)) e consumidor (art. 2.º g)), nos termos do 3.º/1, a)).
Ver se há desconformidades (arts. 7º a 9º). Caso haja falta de conformidade, vamos ao art. 12º/1 - o profissional é responsável no prazo de 3
anos a contar da entrega do bem e ao art. 13º/1 – a desconformidade manifestada num prazo de 2 anos a contar da data de entrega do bem
presume-se existente à data da entrega do bem.
Não há ónus de denunciar, sendo que os direitos do consumidor caducam decorridos 2 anos após a comunicação da desconformidade (17.º/1).
Diretos do consumidor – 15º e ss: 1º reparação ou substituição do bem* (15º/2 e 3 + 18º), 2º redução proporcional do preço (19º + 15º/4, 5 e 9)
ou resolução do contrato (20º + 15º/4, 6 e 9). Há uma hierarquia de meios de reação, tal como no 1221º e 1222º CC.
*Atenção ao 15º/2: por ex., exigir a substituição de um veículo cuja bateria está a descarregar muito rápido face ao expectável é muito
desproporcional (al. c)! Atenção ao 15º/4!
Art. 16º: se a desconformidade se manifestar dentro de 30 dias depois da entrega, o consumidor pode solicitar a imediata substituição do bem ou
a resolução do contrato.
Empreitada de consumo:
Neste caso, estamos perante uma empreitada de consumo, sujeita ao regime do DL n.º 84/2021, de 18/10, por o empreiteiro ser um profissional
(art. 2.º o)) e o dono da obra um consumidor (art. 2.º g)), nos termos do 3.º/1, a)), visando a obra para fins não profissionais
O cumprimento perfeito implica que a obra seja entregue sem vícios que excluam/reduzam o seu valor, ou a sua aptidão para o uso a que é
destinada, o que não se verificará se a mesma não apresentar a qualidade que o consumidor pode razoavelmente esperar, atenta a natureza da
obra em questão.
O regime da empreitada de bens de consumo não impõe ao dono da obra o dever de verificar, apenas irresponsabilizando o empreiteiro se o
defeito for aparente (se o dono da obra conhecia a falta de conformidade ou não podia razoavelmente ignorá-la ou se esta resultar dos materiais
fornecidos pelo próprio dono (EX o dono alega que o mobiliário era de cor branca e no contrato tinha sido estabelecido que seria de cor
castanha).
Art. 24º n3: apesar de este preceito legal não fixar um prazo concreto para o caso da reparação dos imóveis, deve considerar-se, por um lado (i)
a natureza da desconformidade em apreço (ex.: reparação do telhado), e, por outro lado (ii) o facto de o prazo para a reparação de um móvel, ser
fixado no máximo de 30 dias (no caso do telhado, se o dono fixar apenas 8 dias para a sua reparação, parece haver uma desrazoabilidade).
Quanto ao dono poder recorrer a 3ºs, substituindo o empreiteiro, p/ eliminação dos defeitos e quanto a exigir do empreiteiro as despesas
inerentes: Em princípio o dono da obra não tem o direito de recorrer a 3ºs para eliminar esses defeitos, assumindo os custos da eliminação dos
defeitos e depois imputando os mesmos ao empreiteiro. Se o fizer, tais custos correm por sua conta. Contudo, a doutrina e a jurisprudência têm
admitido que esta construção não é absoluta, podendo ceder em casos de urgência (estado de necessidade, ação direta, etc).
Discussão doutrinária sobre o art. 3º n1 al. b) do DL face à terminologia utilizada (‘’bens fornecidos no âmbito de um contrato de
empreitada’’):
Notas:
Em certos casos, os profissionais e pessoas coletivas podem, ou não, ser tidos por consumidores, sendo possível aplicar o regime da cv
de bens de consumo. Na ausência de quaisquer dados em sentido contrário devia optar-se pela aplicação de regime civil e não pela
compra e venda de bens de consumo. Mesmo para quem defenda que profissionais e pessoas coletivas podem, em certos cenários, ser
consumidores, o ónus da prova da factualidade que justificaria a aplicação desse regime, está a cargo de quem o invoca e dependente
da efetiva existência de factos suscetíveis de apoiar essa solução.
Tomada de posição fundamentada sobre se o regime impositivo de um “dever de entrega dos bens em conformidade” ( art. 5.º e ss. do
DL) implica um desvio às regras gerais de transferência de risco estabelecidas no art.º 796.º CC, tendo em conta o considerando 38)
da Diretiva (UE) 2019/771, do Parlamento e do Conselho, de 20 de maio de 2019 (no sentido de as regras dos EMs sobre risco não
serem afetadas), mas também o facto de a responsabilidade do profissional relativamente à não conformidade do bem tomar como
momento de referência o da entrega (e não a transferência da propriedade) – cf. o art.º 12.º/1 do DL.