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Familia Casos Práticos
Familia Casos Práticos
Familia Casos Práticos
b) Daniela e Eduarda
Eduarda é fiha de Daniela. Segundo o Artigo 1578º o parentesco é o vínculo que une duas
pessoas, em consequencia de uma delas descender da outra ou de ambas procederem de um
progenitor comum.
Neste caso, Eduarda descende de Daniela. O Artigo 1579º preve que o parentesco determina-
se pelas geraçoes que vinculam os parentes um ao outro: cada geraçao forma um grau, e a série
dos graus constitui a linha de parentesco.
Segundo o Artigo 1580º, nº1 a linha diz-se reta, quando um dos parentes descende do outro.
Neste caso e nos termos do Artigo 1580º, nº2 a linha reta dir-se-á descendente, pois se considera
patindo do ascendente (Daniela) para o que dele procede.
Segundo o Artigo 1581º, nº1 na linha reta há tantos graus quantas as pessoas que formam a
linha de parentesco excluindo o progenitor.
Neste caso temos duas pessoas, excluindo o progenitor, Daniela e Eduarda sao
parentes em pprimeiro grau na linha reta.
c) Daniela e Querubim
Querubim Júnior
O Querubim Júnir é filho de Fernando que é filho de Daniela. Segundo o Artigo 1578º o
parentesco é o vínculo que une duas pessoas, em consequencia de uma delas descender da outra
ou de ambas procederem de um progenitor comum.
Neste caso, Querubim descende de Daniela. O Artigo 1579º preve que o parentesco
determina-se pelas geraçoes que vinculam os parentes um ao outro: cada geraçao forma um grau,
e a série dos graus constitui a linha de parentesco.
Segundo o Artigo 1580º, nº1 a linha diz-se reta, quando um dos parentes descende do outro.
Neste caso e nos termos do Artigo 1580º, nº2 a linha reta dir-se-á descendente, pois se considera
patindo do ascendente (Daniela) para o que dele procede (Querubim)
Segundo o Artigo 1581º, nº1 na linha reta há tantos graus quantas as pessoas que formam a
linha de parentesco excluindo o progenitor.
Neste caso temos 3 pessoas (Querubim+Fernando+Daniela), e excluindo o progenitor
(Daniela), Querubim e Daniela sao parentes em segundo grau na linha reta.
d) Inês e João
Uniao de facto porque é dito que Ines juntou-se com Joao, namorado de longa data. O Artigo
1576º nao preve expressamente a uniao de facto como fonte das relaçoes jurídicas familiares.
A questao que se coloca na doutrina passa precisamente por determina que a Uniao de facto
consubstanica ou nao uma relaçao jurídica familiar.
Segundo o Professor Jorge Duarte Pinheiro a Uniao de Facto nao é uma relaçao jurídcia
familiar porque a durabilidade é um elemnto fundamental das relaçoes jurídicas
familiares e como tal, é exigido para as relaçoes jurídicas familiares que cessam por
causa diversa da morte a intervençao estatal.
ORA, na Uniao dde Facto, quer na sua constituiçao, quer na sua extinçao, nao se
exige a intervençao estatal e como tal, falta esta condiçao essencial para que
possamos reconduzir a uniao de facto a uma relaçao familiar.
f) Mariana e Nuno
O Artigo 1576º determina que sao fontes das relaçoes jurídicas familiares o casamento, o
parentesco,a afinidade e a adoçao.
Segundo o Artigo 1577º o casamento é o contrato celebrado entre duas pessoas que
pretendem constituir família mediante uma plena comunhao de vida, nos termos das disposiçoes
deste Código.
O casamento é simultaneamente uma fonte de uma relaçao jurídica familiar e uma
relaçao jurídico familiar propriamente dita.
g) Mariana e Olívia
Olívia é enteada de Mariana. O Artigo 1584º determina que a afinidade é o vínculo que
liga cada um dos conjuges aos parentes do outro.
A constituiçao desta relaçao jurídica familiar depende de duas coisas:
1- Casamento
2- Existir relaçao de parentesco entre a pessoa e o conjuge com o qual queremos
relacionar.
Segundo o Artigo 1585º a afinidade determina-se pelos mesmos graus e linhas que
definem o parentesco. A soluçao passa por determinar a relaçao de parentesco que existe entre
Nuno (pai de Olívia e conjuge de Mariana) e Olívia.
Neste caso Olívia descende de Nuno, pelo que estamos perante uma relaçao de
parentesco na linha reta nos termos do Aritgo 1580º, nº1. Quanto ao computo dos graus o Artigo
1581º determina que na linha reta há tantos graus quantass as pessoas que formam a linha de
parentesco, excluído o projenitor.
Neste caso temos duas pessoas Olivía+ Nuno e excluindo o projenitor dá um. Logo,
temos uma relaçao de parentesco em primeiro grau na linha reta.
Assim sendo, também Mariana é afim nos mesmos graus e linhas de que o seu conjuge é
parente assim sendo se o seu conjuge é parente na linha reta em primeiro grau, entao Mariana
passa a ser afim na linha reta em primeiro grau de Olívia.
h) Ana e Querubim Júnior
Ana é bisavó de Querubim Júnior. Segundo o Artigo 1578º o parentesco é o vínculo que une
duas pessoas, em consequencia de uma delas descender da outra ou de ambas procederem de um
progenitor comum.
Neste caso, Querubim Júnior descende de Ana. O Artigo 1579º preve que o parentesco
determina-se pelas geraçoes que vinculam os parentes um ao outro: cada geraçao forma um grau,
e a série dos graus constitui a linha de parentesco.
Segundo o Artigo 1580º, nº1 a linha diz-se reta, quando um dos parentes descende do outro.
Neste caso e nos termos do Artigo 1580º, nº2 a linha reta dir-se-á descendente, pois se considera
patindo do ascendente (Ana) para o que dele procede.
Segundo o Artigo 1581º, nº1 na linha reta há tantos graus quantas as pessoas que formam a
linha de parentesco excluindo o progenitor.
i) Neste caso temos Querubim Júnior+Fernando+Daniela+Ana. Excluíndo o projenior, Ana,
obterem uma relaçao de parentesco em terceiro grau na linha reta.
a) A resposta dada anteriormente alterar-se-ia se, ao invés da relação matrimonial cessar por
divórcio, Mariana viesse a falecer?
As relaçoes de parentesco nao cessariam. Quanto as relaçoes de afinidade, O Artigo
1585º preve que a afinidade nao cessa pela dissoluçao do casamento por morte.
3) Aprecie, individualmente, cada uma das seguintes sub-hipóteses, tendo presente o regime
dos impedimentos matrimoniais.
Explicaçao sobre os impedimentos
Para que alguem se poossa cassar precisar ter capacidade matrimonial e no Artigo 1600
encontramos um princípio geral de que tem capacidade para contrair casamento em relaçao a
quem nao se verifique nenhum dos impedimentos previstos na lei ou entao em legislaçao avulsa
como sucede no ambito do apadrinhamento civil.
Quer por razos de saúde pública, quer por razoes de ordem moral, o nosso legilsador
procurou impedir que determinadas pessoas que tivessem um vínculo de parentesco próximo ou
de afinidade pudessem casar e por isso estabelece um conjunto de impedimentos e há dois tipos:
1) Impedimentos dirimentes que encontramos no Artigo 1601º e Artigo 1602º que se
subdividem em:
1- Impedimentos dirimentes abslutos que sao aqueles em que uma pessoa nao pode
casar independetemente da pessoa com quem quer casar.
Menores de 16 anos e isto independetemente da autorizaçao dos pais. O
menor de 16 anos nao pode casar seja com A, B ou C
Quem sofre de deficiencia notória e esta incapacidade existe quer a pessoa
esteja naquele momento lúcida ou nao.
Aqueels que ainda estejam casados e o casamento ainda nao esteja dissolvido.
Sao absolutos porque nao tem a ver com a outra pessoa.
2- Impedimentos dirimentes relativos estes impedimentos já estao relacionados com a
relaçao que existe entre aquelas pessoas.
As consequencias que decorrem destes impedimentos dirimentes
Remeter do Artigo 1601º e Artigo 1602º para o Artigo 1631, alínea a) onde encontramos
que sao anuláveis os casamentos contraídos com algum dos impedimentos dirimentes e portanto
nos termos do Artigo 1631/a percebemos que em alguns dos casos do Artigo 1601º e Artigo
1602º os casamentos sao anuláveis. E aí por remissao do Artigo 1631º para o Artigo 1639 e
Artigo 1643º porque o Artigo 1631º diz que o casamento é anulável, mas nao diz em que termos.
E o Artigo 1639º e Artigo 1643º determinam quem tem legitimidade e qual o prazo para a
anulaçao.
Já no Artigo 1643º é dito em que prazo a açao pode ser intentada. Porque é que seria
necessário intentar uma açao de anulaçao depois da dissoluçao do casamento? A dissoluçao é
um ato posterior ao casamento que nao invalida os efeitos produzidos pelo casamento. Enquanto
que com a anulaçao vai haver destruiçao dos efeitos dos efeitos produzidos.
i. Carlos falece em 2018. Daniela fica destroçada e apoia-se em Querubim Sénior, por
quem eventualmente se apaixona e com quem pretende agora casar.
Entre Daniela e Querubim Sénior existia uma relaçao de afinidade na linha reta em primeiro
grau. Segundo o Artigo 1585º a afindade nao cessa pela dissoluçao do casamento por morte.
O Artigo 1602º, alínea d) estabelece que sao impedimentos dirimentos relativos, obstando
ao casamento entre si das pessoas a quem respeitam, a afinidade na linha reta.
Nos termos do Artigo 1631º, alínea a) é anulável o casamento contraído com algum
impedimento dirimente.
O Artigo 1639º, nº1 determina quem tem legitimidade para intentar a açao de anulaçao
fundada em impediment dirimente, ou para prosseguir nela, os conjuges, ou qualquer
parente deles na linha reta ou até ao quarto grau na linha colateral, bem como os
herdeiros e adotantes dos conjuges, e o Ministério Público.
O Artigo 1643º, alínea c) determina que a açao de anulaçao deve ser intentada até seis
meses da dissoluçao
ii. Cansado dos conflitos com Helena, Bernardo começa a lembrar os momentos vividos
com Ana e decide retomar contacto, sem nada dizer à esposa. Numa dessas conversas,
de forma precipitada, Bernardo pede Ana novamente em casamento.
Segundo o Artigo 1600º tem capacidade para contrair casamento todos aqueles em quem se
nao verifique algum dos impedimentos matrimoniais previstos na lei.
Neste caso, Bernardo era casado com Helena. Segundo o Artigo 1601º , alínea c) é
impedimento dirimente absoluto, obstando ao casamento da pessoa a quem respeitam com
qualqur outra, o casamento anterior nao dissolvido, católico ou civil, ainda que o respetivo
assento nao tenha sido lavrado no registo do estado civil.
Oponibilidade erga omnes: no casamento há deveres e deveres esses em que um deles
é a fidelidade. Se no caso há violaçao desse dever entao aquele segundo conjuge
convivente com a bigamia pode ser responsabilizado.
Neste caso, o casamento por força do impedimeto dirimente seria anulável nos termos do Artigo
1631º, alínea a).
O Artigo 1639º, nº1 determina quem tem legitimidade para intentar a açao de anulaçao
fundada em impediment dirimente, ou para prosseguir nela, os conjuges, ou qualquer
parente deles na linha reta ou até ao quarto grau na linha colateral, bem como os
herdeiros e adotantes dos conjuges, e o Ministério Público.
O Artigo 1643º, alínea c) determina que a açao de anulaçao deve ser intentada até seis
meses da dissoluçao
iii. Eduarda e Rui sempre foram muito próximos, sendo que mal chegaram à idade adulta
surpreendem a família ao anunciarem o noivado.
Rui é tio de Eduarda. Segunddo o Artigo 1578º o parentesco é o vínculo que une duas
pessoas, em consequencia de uma delas descender da outra ou de ambas procedderem de um
projenitor comum. Segundo o Artigo 1580º, nº1, segunda parte, a linha diz-se colateral quando
nenhum dos parentes descende do outro, mas ambos procedem de um projenitor comum.
Segundo o Artigo 1581º, nº2 na linha colateral os graus contam-se pela mesma forma,
subindo por m dos ramos e descendo pelo outro, mas sem contar o progenitor comum.
Neste caso, temos Eduarda+Daniela+Ana+ Rui= 4- 1 (projenitor em comum, Ana) sao
parentes na linha colateral em terceiro grau.
Segundo o Artigo 1604º, alínea c) é um impedimento impediente o parentes no terceiro grau
da linha colateral.
Porém, segundo o Artigo 1609º, nº1, alínea a) sao suscetíveis de dispensa o impedidmento
de parentesco no terceiro grau da linha colateral.
Sançao que se aplica aos impedimentos impedientes
Os impedimentos dirimentes fazem com que casamento seja anulável. Já os impedientes (Artigo
1650º
iv. Santiago e Leonor cresceram separados, encontrando-se apenas no Natal e nas demais
reuniões familiares. Mais tarde, ao se reencontrarem no secundário, Santiago e
Leonor apaixonaram-se. Poucos meses depois, ainda antes de entrarem para
faculdade, decidiram casar.
Leonor foi adotada. Segundo o Artigo 1586º a adoçao é o vínculo que à semelhança da
filiaçao natural, mas independetemente dos laços de sange, se estabelece legalmente entre duas
pessoas.
O Artigo 1578º determina que o parenteso é o vínculo que une duas pessoas, em
consequncia de uma delas descender da outra ou de ambas procederem de um progenitor em
comum. Segundo o Artigo 1580º, nº1, segunda parte a linha diz-se colateral quando nenhum dos
parentes descende do outro, mas ambos procedem de um projenitor em comum. Segundo o
Artigo 1581º, nº2 na linha colateral os graus contam-se pela mesma forma como na linha reta,
subindo por um dos ramos e descende pelo outro, mas sem contar com o progenitor comum.
Neste caso: Leonor+Ines+Ana+Daniela+Fernando+Santiago=6 retirando o projenitor em
comum dá 5. Logo sao parentes na linha colateral de quinto grau.
Nao se encontra qualquer impedimento.
OU
Entao se entendessemos que tinham menos de 18 anos e mais do que 16, estaríamos nos
termos do Artigo 1604º, alínea a) perante um impedimento impediente, logo nao temos
anulabilidade. A sançao será a que vem prevista no Artigo 1649º onde teremos uma
emancipaçao restrita.
Hipótese número 2 e 3. Algures nas próximas aulas teremos um quiz sobre as relaçoes de
afinidade e parentesco. Vao libertar no moodle uma entrada com um glossário. Uma única
entrada naquele glossário.
Caso Prático 2 - Constituição do Vínculo Matrimonial | Impedimos Matrimoniais e
Promessa de Casamento
Quando a propósito dos impedimentos dizemos que existe um princípio da tipicidade e o próprio
Artigo 1600º diz isto, nao se circunscreve à lei civil. Tanto que temos impedimentos que nao
constam da lei civil.
Ana e Bernardo conheceram-se durante a licenciatura em Enfermagem, na Universidade
Católica Portuguesa, em 2018. Agora que são finalistas, Bernardo prepara-se para pedir a
mão de Ana em casamento.
(1) Note que Ana foi adotada por um casal de médicos do Algarve, em tenra idade, após
ter sido abandonada pela sua mãe. Porém, descobre, agora, que a sua mãe biológica é,
afinal, a mãe de Bernardo. Pronuncie-se quanto à possibilidade de Ana e Bernardo
contraírem casamento.
Ana foi adotada por uum casal de médicos do Algarve. Segundo o Artigo 1586º a adoçao é o
vínculo que, à semelhança da filiaçao natural, mas independentemente dos laços de sangue, se
estabelece legalmente entre duas pessoas nos termos do Artigo 1973º.
O problema que se coloca passsa por determinara se Ana pode contrair casamento com
Bernardo. Segundo o Artigo 1600º tem capacidade para contrair casamento todos aqueles em
quem se nao verifique algum dos impedimentos matrimoniais previstos na lei.
Nos termos do Artigo 1986º, nº1 pela adoçao, o adotado adquire a situaçao de filho do
adotante, e integra-se com os seus descendentes na família deste, extinguindo-se as relaçoes
familiares entre o adotado e os seus ascendentes colaterais naturais, sem prejuízo do disposto
quanto a impedimentos matrimoniais nos Artigo 1602º e Artigo 1604º. O Artigo 1987º
determina que depois de decretada a adoçao, nao é possível estabelecer a filiaçao natural do
adotado nem fazer a prova dessa filiaçao fora do processo preliminar de casamento.
Neste caso, o problema que se coloca passa por determinar se Ana que foi adotada pelo tal
casal de médicos pode contrair casamento com Bernardo que é seu irmao e como tal parente de
segundo grau na linha colateral nos termos do Artigo 1581º, nº2.
Segundo o Artigo 1602º, alínea c) é impedimento dirimento relativo o parentesco no
segundo grau da linha colateral
Portanto, apesar de a adoçao extinguir normalmente as relaçoes familiares entre o adotado e
os seus ascendentes e colaterais naturais, mantem-se os impedimentos de parentesco e
afinidade derivados da ligaçao biológica por força da parte final do Artigo 1986/1 que ressalva
o disposto nos Artigos 1602º a Artigo 1604º. Sendo que nos termos do Artigo 1987º é possível
estabelecer a filiaçao natural do adotado e fazer prova da mesma apenas no processo preliminar
de casamento.
Isto quer dizer que, havendo adoçao, o adoptado e os seus descendentes tem de respeitar os
impedimentos de parentesco e afinidade quer quanto à família biológica quer quanto à família
adoptiva.
Segundo o Artigo 1631º, alínea a) é anulável o casamento contraído com algum
impedimento dirimente. Segundo o Artigo 1639º, nº1 tem legitimidade para intentar a açao de
anulaçao fundada em impedimento dirimente, ou para prosseguir nela, os conjuges, ou qualquer
parente deles na linha reta ou até ao quarto grau da linha colateral, bem como os herdeiros e
adotantes dos conjuges e o Ministério Público.
Nos termos do Artigo 1643º, alínea c) a açao de anulaçao deve ser instaurada no prazo de
seis meses depois da dissoluçao do casamento.
NOTAS:
Estamos perante adoçao e nos termos do Artigo 1986º o adotado e descendentes integram-se na
família do adotante e extinguem-se as relaçoes familiares anterior. Mas o legislador nao quis que
pessoas unidas por um vínculo biológico contraissem casamento.
O Artigo 1987º diz que depois de decretada a adoçao nao é possível estabelecer a filiaçao
natural do adotado nem fazer prova dessa filiaçao fora do processor preliminar de casamento. No
fundo depois de decretada a adoçao podemos reaviver o laço biológico e aferir a existencia de
impedimentos em força desses laços biológicos.
Artigo 1603º permite a prova da maternidade ou paternidade e fazendo prova disso
demonstramos que sao irmaos e há um impedimento.
Porém, apesar de Ana e Bernardo serem parentes no 2º grau da linha colateral, Ana foi
adotada. E segundo o Artigo 1986º, nº1 pela adoçao, o adotado adquire a situaçao de filho do
adotante, e integra-se com os seus descendentes na família deste, extinguindo-se as relaçoes
familiares entre o adotado e os seus ascendentes colaterais naturais, sem prejuízo do disposto
quanto a impedimentos matrimoniais nos Artigo 1602º e Artigo 1604º.
Ora o Artigo 1986º apenas ressalva os imepedimentos matrimonais previstos nos Artigo
1602º e Artigo 1604º, nao havendo qualquer ressalva relativamente a matéria da UF.
Ora, se nao existe qualquer ressalva nesse sentido, por via da adoaçao extinguem-se o
vínculo familiar que existia entre Ana e Bernardo, e já nao se lhes aplica o Artigo 2º da Lei da
Uniao de Facto.
NOTA: no regime da adoçao e casamento estamos num processo preliminar e embora se diga
que se extingue o vínculo com a familia biolóica esse vinculo pode ser tido em conta no processo
preliminar. Mas esse processo preliminar nao existe na Uniao de Facto. O parentesco no segundo
grau da linha colateral também é uma exceçao à UF e quis impedir que a uniao de facto
produzisse efeitos na UF.
Mas que resposta dar? Nós nao temos uma resposta porque diferentemente ao que sucede no
Artigo 1987º na UF nós nao temos um regime identico. E a questao era saber se podíamos
aplicar o Artigo 1987º de forma extensiva?
Será que irmao e irma podem fazer IRS em conjunto apesar de se verificar o mesmo
impedimento que se verifica em relaçao ao casamento, porque o Artigo 2º da UF é
igual ao Artigo 1602º do CC e a razao de ser do impedimento é a mesma.
O nosso legislador nao deu resposta e parece que no ambito da UF nao há como
aplicar a exceçao de produçao de efeitos do Artigo 2º aos parentes que deixam de ser
parentes por força da adoçao. E a UF pode perpetuar-se com este impedimento que
seria ponderado em sede de casamento, mas que nao vai ser ponderado na UF.
(2) Suponha, agora, que Ana e Bernardo se tinham conhecido na colónia de férias da
EDP, onde os pais de ambos trabalhavam. Após um verão de tórrida paixão, Bernardo
pede Ana em casamento. Porém, vem a descobrir, no dia de hoje, que ela apenas tem
15 anos. Quid juris?
Segundo o Artigo 1600º tem capacidade para contrair casamento todos aqueles em quem se
nao verifique algum dos impedimentos matrimoniais previstos na lei.
Nos termos do Artigo 1601º, alínea a) é impedimento dirimente absoluto a idade inferior a
dezasseis anos.
Segundo o Artigo 1631º, alínea a) é anulável o casamento contraído com algum
impeddimento dirimente. Segundo o Artigo 1639º, nº1 tem legitimidade para intentar a açao de
anulaçao fundada em impedimento dirimente, ou para prosseguir nela, os conjuges, ou qualquer
parente deles na linha reta ou até ao quarto grau da linha colateral, bem como os herdeiros e
adotantes dos conjuges e o Ministério Público. Além das pessoas mencionadas no Artigo 1639º,
nº1 pode intentar ou prosseguir a açao o tutor do menor (Artigo 1639º, nº2)
Nos termos do Artigo 1643º, nº1 alínea a) a açao de anulaçao fundada em impedimento
dirimente deve ser instaurada no caso de menoridade até seis meses após o incapaz atingir a
maioridade, se a proposta de açao for feita pelo incapaz. Quando proposta por outra pessoa,
dentro dos 3 anos seguintes à celebraçao do casamento, mas nunca depois da maioridade ou da
cessaçao da incapacidade natural.
(3) Considere, agora, que Ana havia completado 16 anos. Pronuncie-se acerca da
capacidade nupcial de Ana para contrair casamento com Bernardo.
Segundo o Artigo 1600º tem capacidade para contrair casamento todos aqueles em quem se
nao verifique algum dos impedimentos matrimoniais previstos na lei.
Segundo o Artigo 1604º, alinea a) é impedimento impediente a falta de autorizaçao dos pais
ou do tutor para o casamento do nubente menor, quando nao suprida pelo conservador do registo
civil.
Os impedimentos impedientes sao circunstancias que, embora obstem ao casamento, nao
o tornam anulável se ele chegar a celebrar-se.
A autorizaçao cabe aos pais (biológicos, adotivos ou por PMA heteróloga) que exerçam
as responsabilidade parentais, ou ao tutor (Artgo 1612º, nº1) e deve ser concedida antes da
celebraçao do casamento ou na própria cerimónia nos termos do CRC.
Apesar de o casamento nao ser anulado, o Artigo 1649º, nº1 preve que o menor que casar
sem ter obtido a autorizaçao dos pais ou do tutor, ou o respetivo suprimento judicial, continua a
ser considerado menor quanto à administraçao de bens que leve para o casal ou que
posteriormente lhe advenham por título gratuito até à maioridade, mas dos rendimentos desses
bens ser-lhe-ao arbitrados os alimentos necessários ao seu estado.
Portanto, se o menor casar sem que ter obtido a autorizaçao dos pais ou do tutor, ou o
respetivo suprimento, ele nao fica plenamente emancipado (Artigo 133º)
NOTAS: Cabe a este propóstio olhar ao Artigo 149º do CRC e o menor núbil (mais de 16 e
menos de 18). O consentimento para o casamento depende da pessoa com quem o menor
pretende casar. E por isso d que se identificar a pessoa com quem vai casar. Por isso temos que
atentar também aos Artigos do CRC.
Artigo 1649/1 coloca a dúvida de saber se estao em causa só atos de administraçao ou
também de disposiçao?A doutrina tem entendido que embora só se fale da administraçao,
também devem englobar os atos de disposiçao que sao atos mais gravosos. Se o menor continua
a ser considerado menor para efeitos de administraaçao também o deve ser considerado para
efeitos de disposiçao. Mas este entendimento nao é consentaneo, e o CF entende que nao pode
haver interpretaao extensiva de normas sancionatórias e como tal nao seria possível estender a
falta de poderes de adminsitraçao aoos atos de disposiçao. Mas, tem se entendido que a
interpretaçao extensiva deve ser admitida poruqe nao faz sentido que ele possa dispor de bens
que nao pode administrar.
Quiz:
1) Zara Phillips e Prince Andrew
Tio e sobrinha logo há um impedimento impediente- Artigo 1604º alínea c)
10) Durante o processo preliminar Meghan e Harry descobrem que sao primos. Há
impedimento?
Nao
O legislador quis garantir que havia liberdade e nao havia constrangimentos adicionais a
possibilidade de celebrar casamento.
Quanto as indemnizaçoes: ela só acontece quando há rompimento da promessa sem que
haja justo motivo. EX: A rompe a promessa porque descobre que B tem uma relaçao com
C, será que há justo motivo? Quando aferimos a justo motivo temos que atender a
conceçao social dominante.
Quem pode exigir a indemnizaçao? Apenas o conjuge que viu as suas expetativas
defraudas. Mas ela também pode ser feita aos pais e terceiros para acautelar as situaçoes
em que os pais pagam os casamentos.
(4) Após Ana ter dito o “sim” a Bernardo, cedo principiaram os preparativos para o tão
aguardado casamento, com grande empenho e dedicação por parte das famílias de
ambos. Porém, a cerca de 1 mês antes do grande dia, Bernardo rompe o noivado, com
o propósito de fugir para Mykonos com Célia, sua tia, por quem tinha um amor
platónico há largos anos. Pronuncie-se
INFEDILIDADE É UM DOS CASOS QUE PODEMOS SUBSUMIR À FALTA DE JUSTO MOTIVO. TIPICAMENTE A
INFEDILIDADE É RECONDUZIDA A UMA SITUAÇAO DE JUSTO MOTIVO.
NO CASO DE RETRATAÇAO X ROMPER SEM JUSTO MOTIVO: NA RETRATAÇAO TEMOS UM “VOLTAR ATRÁS” E ESSE
“VOLTAR ATRÁS PODE SER RELEVANTE PARA EFEITOS DE JUSTO MOTIVO, MAS A VERDADE É QUE SEJA COM
JUSTO MOTIVO OU SEM JUSTO MOTIVO VAI CONSISTIR NUMA RETRATAÇAO.
QUANDO HÁ JUSTO MOTIVO O ART 1592º OBRIGA À RESTITUIÇAO QUER NO CASO DE RETRATAÇAO QUER
INCAPACIDADE, E PORTANTO QUER AO CULPADO, QUER AO INOCENTE. A RETRATAÇAO NAO TEM EM CONTA SE HÁ
OU NAO JUSTO MOTIVO, E O 1592º ENTENDE QUE TEM QUE HAVER RESTITUIÇAO DOS DONATIVO. EX: A VAI CASAR
COM B E B TINHA OFERECIDO UM ANEL E O A ROMPE A PROMESSA SEM JUSTO MOTIVO PORQUE SE APAIXONOU
POR C E A TEM UM DONATIVO QUE É O ANEL, E NESTA SITUAÇAO O A AINDA QUE SEJA CULPADO VAI TER QUE
RESTITUIR O QUE LHE FOI DADO EM VIRTUDE DA PROMESSA. E O 1592º FALA DA RETRATAÇAO
INDEPENDENTEMENTE DO JUSTO MOTIVO.
Segundo o Artigo 1591º o nao cumprimento do contrato promessa também nao confere o
direito a reclamar outras indemnizaçoes que nao sejam previstas no Artigo 1594º, mesmo quando
resultantes de cláusula penal.
Nos termos do Artigo 1594º, nº1 se algum dos contraentes romper a promessa sem justo
motivo ou, por culpa sua, der lugar a que outro se retracte, deve indemnizar o esposado inocente,
bem como os pais deste ou terceiros que tenham agido em nome dos pais, quer das despesas
feitas, quer das obrigaçoes contraídas.
Este Artigo apresenta uma limitaçao à extensao da obrigaçao geral de indemnizar, pois
restringe a indemnizaçao a uma parte dos danos patrimonias emergentes, como fruto da
preocupaçao de salvaguardar na medida do possível a liberdade matrimonial das partes.
Além disso, a indemnizaçao é fixada segundo o prudente arbítrio do tribunal, nos termos
do Artigo 1594º, nº3, o que introduz mais um desvio ao regime comum da responsabilidade civil
(Artigo 494º): ainda que haja dolo do agente, o montante da indemnizaçao concedida poderá ser
inferior ao valor das despesas feitas e das obrigaçoes contraídas na previsao do casamento.
Neste caso, Bernardo rompendo o noivado e deste modo nao cumprindo o contrato
promessa, deverá indemniar Ana sendo que o direito de exigir a indemnizaçao cacuda no prazo
de um ano, contado da data do rompimento da promessa, nos termos do Artigo 1595º
NOTA: Até aqui compreendemos que a promessa de casamento é um contrato e este aspeto é
relevante porque no ambito do casamento católico se pensa na promessa quer em termos
unilaterais, quer em termos bilaterais. Mas o ordenamento determinou que a promessa fosse
regulada em termos civis e em portugal é regulada como contrato. E o contrato promessa é o
titulo mediante o qual duas pessoas se comprometem a contrair matrimónio. A grande
especialidade deste contrato promessa, à luz dos demais contratos promessa prennde-se com o
facto de no contrato promessa do casamento nao ser possível reclamar indemnizaçoes para além
daquela que vem prevista no Art 1594º. Quanto a impossibilidade de execuçao específica nao há
aqui novidade porque nos CP que tem natureza pessoal nao é possível ao tribunal substituir-se a
um dos nubentes. E a razao pela qual se restringem as indemnizaçoes tem a ver com a vontade
do legislador em garantir que as pessoas tinham liberdade e nao se encontravam demasiado
restringidas na sua vontade de casar. Quem tem direito à indemnizaçao? O esposado inocente
que é aquele que ve romper a promessa por parte do seu noivo ou noiva sem justo motivo; os
pais. E o sujeito passivo é o nubente que rome a promessa sem justo motivo quer aquele que por
culpa sua dá lugar ao rompimento da promessa.
O que é justo motivo? Haverá justo motivo quando as conceçoes da esfera social dominante dos
nubentes nao seja exigível continuar o noivado e proceder ao casamento. No fndo sempre que
nao pode ser exigido a um dos conjuges a manutençao do vinculo estamos perante um justo
motivo.
Quanto ao rompimento da promessa:o que nao consta do ambito do 1594º quer os lucros
cessantes, quer as obrigaçoes morais, quer tudo o que nao se englobe nas despesas feitas. Neste
caso, tinhamos preparativos e isso será indemnizado.
Imaginemos que tinhamos despesas num montante muito alto: O Artigo 1594º faz referencia ao
prudente arbitrio do tribunal pelo que pode entrar aqui um critério de equidade que pode permitir
que aquele total de despesas possa ser diminuído.
Será que podíamos applicar o Artigo 1592? O Artigo 1594 e 1592 nao se excluem porque o
1594 tem um intuito ressarcitório, enquanto que o 1592º pretende que após o rompimento da
promessa as pessoas tenham acesso àquilo que era delas. Imaginem que no pedido de casamento
é entregue um anel de noivado da avó, ora este tipo de bens embora tenham sido dados, e serem
um donativo, sao bens pessoais que fazem parte de uma família e o legislador pretendeu garnatir
que estes bens sao restituídos.
(5) Considere, por fim, que, como forma de congratular o mais recém-casal, Dário e Eva,
pais de Bernardo, ofereceram ao casal uma viagem à Tanzânia, para que estes
pudessem relaxar e descansar antes da boda, ao que o casal acedeu prontamente.
Porém, a apenas uma semana do casamento, Ana vem a falecer, vítima de um violento
tiroteio perpetrado por um grupo de assaltantes ao Hotel em que se encontravam
instalados. Enuncie os efeitos que o desaparecimento repentino de Ana tem na
promessa de casamento ora dissolvida.
Neste caso, após Ana ter dito o “sim” a Bernardo ambos ficam noivos, comprometendo-se a
celebrar o casamento. A promessa de casamento, à qual se dava tradicionalmente o nome de
esponsais ou desposórios, é o contrato pelo qual duas pessoas se comprometem a contrair
casamento e que vem previsto no Artigo 1591º.
Trata-se de um contrato-promessa pelo que, na falta de disposiçoes específicas (Artigo
1591º-1595º) se aplicam as regras gerais do contrato-promessa e, em seguida, as regras gerais
dos negócios jurídicos. Segundo o Artigo 219º a validade da declaraçao negocial nao depende
da observancia de forma especial.
Neste caso, Ana falece sendo que segundo o Artigo 1593º, nº1 preve que se o casamento
nao se efetuar em razao da morte de algum dos promitentes, o promitente sobrevivo pode
conservar os donativos do falecido, mas, nesse caso, perderá o direito de exigir os que, por sua
parte, lhe tenha feito. Sendo que nos termos do nº2 o mesmo promitente pode reter a
correspondencia e os retraatos pessoais do falecido e exigir a restituiçao dos que este haja
recebido da sua parte.
NOTAS: deviamos aplicar o 1593º que trata das restituiçoes em caso de morte e isto é a unica
exceçao relativamente a restitutiçao de donativos que é feita com a promessa .
E os pais de Ana podiam pedir algo de volta? A opçao está do lado do promitente sobrevivo, e se
ele optar por pedir os donativos que fez de volta, entao aí, os pais e terceiros podem pedir entao a
restituiçao dos donativos que lhe foram feitos.
O que é que sucede se tivermos donativos de terceiros? Como na hipótese que fizemos,
isto é um donativo de terceiro, porque tinham sido os pais de um deles que ofereceram, e
nestes casos, é de aplicar o 1592º porque este é a regra geral, excecionada pelo 1593º.
E portanto aplicávamos ou por interpretação extensiva ou por aplicação analógica
o 1592º aos donativos de terceiro.
Agora, a nossa viagem foi consumida, quando o nº2 do 1593º fala das cartas, mas
nao as coisas que hajas sido consumidas antes da retrataçao ou verificaçao da
incapacidade. Isto está pensado para casos como “oferecer um jantar de noivado”.
A viagem também é consumível na medida em que esta foi realizada e já nao
pode ser repetida. E portanto, no que respeita a viagem que foi consumida antes
da morte, aplicaríamos o 1592/2 por aplicaçao analógica dizendo que embora a
viagem tenha sido oferecida pelos pais enquanto donativo feito com vista a
celebraçao do casamento, esta foi tida e nao é repetível e como tal nao tem que ser
devolviida, ou seja o promitente sobrevivo nao tem que devolver o valor.
2) Se foram feitos os donativos a partida aplicamos o 1592º. A nao ser que haja morte e
nesse caso é o 1593º.
3) E se forem despesas? As despesas estao reguladas no Artigo 1594º e para que possamos
aplicar o Artigo 1594º é necessário que:
4) Por fim, devemos dizer que esta indemnização é atribuída segundo o prudente arbítrio
do Tribunal, o que quer dizer que confluem aqui critérios de equidade. E portanto,
ainda que a indeminização pudesse ser até de um valor absurdo, porque o nubente ou
os pais pagaram o casamento inteiro, não quer dizer que o esposado faltoso, ou culpado
tenha que pagar aquele montante total. O julgador vai aferir as despesas mas também
vai ver os rendimento da pessoa que terá de pagar, e se alguma das despesas ainda
pode ser aproveitada – por exemplo: o catering e a comida deram para vários dias, e o
julgador pode ter isso presente nos termos do artigo 1594º nº3.
5) Para finalizar, ter sempre em atenção que estas ações caducam no final de um ano,
após o rompimento da retratação, ou da morte do promitente.
ii) Pedem, igualmente, que Helena não revele a existência do filho de ambos, pois
pretendem proteger a sua intimidade e manter a sua identidade confidencial.
Segundo o Artigo 136º, nº2, alínea e) a declaraçao deve conter a indicaçao de algum dos
nubentes ter filhos, salvo se o regime de bens for imperativo.
Neste caso, os nubentes tinham um filho. Segundo o Artigo 1699º, nº2 se o casamento for
celebrado por quem tenha filhos, ainda que maiores ou emancipados, nao poderá ser
convencionado o regime da comunhao geral nem estipulada a comunicabilidade dos bens
referidos no Artigo 1722º, nº1.
Este Artigo 1699º nao distingue se os filhos sao de ambos os nubentes ou de apenas um
deles. Todavia, este preceito é alvo de uma interpretaçao restritiva dominantemente consolidade.
Sendo esta a posiçao defendida pelo Professor Jorge Duarte Pinheiro que considera a proibiçao
aplicável unicamente nos casos em que haja filhos de um nubente com terceiro. Segundo os
defensores desta interpretaçao restritiva, o preceito visa proteger as expetativas sucessórias dos
filhos de apenas um dos nubentes perante as de outros sucessíveis legitimários prioritários deste.
Assim sendo, e seguindo esta interpretaçao restritiva, no caso de os nubentes só terem
descendentes comuns, será portanto, permitida a escolha do regime da comunhao geral e a
estipulaçao da comunicabilidade dos bens referidos no Artigo 1722º, nº1.
Entendendo que o regime de bens nao é imperativo, entao segundo o Artigo 136º, nº2 do
Código do Registo Civil a declaraçao para casamento deve conter a existencia do filho de ambos.
Explicaçao: Quando nós dizemos que o regime de bens é imperativo, significa que as pessoas
apenas podem casar com aquele específico regime de bens e aí apenas podem casar nesse
regime. O Artigo 1699º nao estabelece uma imperatividade, mas sim a proibiçao de casar em
comunhao geral de bens, o que significa que nao há aqui uma imperatividade. Pode acontecer
que o Art 1699º se compatibilize com uma norma que estabelece a imperatividade, por exemplo
se a pessoa tiver mais do que uma certa idade, e aí já nao será necessário dizer que tem um filho
porque já teremos um regime imperativo. Agora, o Art 1699/2 explica a importancia de revelar
em sede de processo preliminar a existencia de um filho e isto vai ter implicaçoes a nível do
regime patrimonial e por isso o legislador tem que fazer constar aquela informaçao da declaraçao
para que as pessoas nao casem no regime que nao lhes é permitido, e por isso a declaraçao deve
conter a existencia do filho de ambos.
iii) Para que Helena requeresse a abertura do processo preliminar, Fernando e
Guilhermina informaram-na que já haviam celebrado uma convenção antenupcial
com o intuito de regularem as suas relações patrimoniais e entregaram os seus cartões
de cidadão para que esta os entregasse ao notário.
Segundo o Artigo 1698º os esposos podem fixar livremente, em convençao antenupcial, o
regime dos bens do casamento, quer escolhendo um dos regimes previstos no CC, quer
estipulando o que a esse respeito lhes aprouver dentro dos limites da lei.
Nos termos do Artigo 1710º as convençoes antenupciais só sao válidas se forem
celebradas por declaraçao prestada perante funcionário do registo civil ou por escritura pública,
nao tendo qualquer valor a indicaçao que, contra o estipulado nesses instrumentos, conste da
declaraçao para casamento
Segundo o Artigo 137º, nº1 alínea b) a declaraçao inicial deve instruída com a certidao
da escritura de convençao antenupcial, caso tenha sido celebrada. E segundo o Artigo 137º, nº1
alínea a) a declaraçao inicial deve ser instruída com os documentos de identificaçao dos
nubentes.
iv) Avisam igualmente Helena que não pretendem que os seus dados pessoais se tornem
públicos, especialmente a sua morada, pois compreendem os riscos inerentes à hiper
exposição e querem garantir a segurança do filho.
A parte da declaraçao para casamento que contém a identificaçao dos nubentes (e os
elementos mencionados na alínea a) b), c) e g) do nº2 do Artigo 136º do CRC é pública,
publicidade que é garantida pelo direito à obtençao de cópia previsto no Artigo 140º do CRC.
A morada vem prevista na alínea a) quando se refere a residencia habitual, pelo que será
publicada.
NOTA: isto é uma questao discutida. Qual a necessidade de publicar informaçoes tao sensíveis.
Mas podemos perguntar até que ponto este processo preliminar deve carecer de publicidade
relativamente a estes bens que sao bastante sensíveis.
v) Helena está algo preocupada com o papel que lhe foi incumbido, pois não consegue
esquecer o facto de a irmã ainda não estar divorciada do marido de quem se separou
antes de conhecer Fernando.
O processo preliminar de casamento destina-se à verificaçao da inexistencia de
impedimentos. Nos termos do Artigo 143º, nº1 do CRC compete ao conservador verificar a
identidade e capacidade matrimonial dos nubentes, podendo colher informaçoes junto de
autoridades, exigir prova testemunhal ou documental complementar e convocar os nubentes ou
os seus representantes legais.
A marcha do processo preliminaar de casamento sofer alteraçoes se, até à celebraçao do
casamento, for deduzido algum impedimento ou a existencia deste chegar, por qualquer forma,
ao conhecimento dos funcionários do registo civil: o andamento do processo é suspenso até que
o impedimento cesse, nos termos do Artigo 142º e 1611º.
Segundo o Artigo 1611º, nº1 até ao momento da celebraçao do casamento, qualquer
pessoa pode declarar os impedimentos de que tenha conhecimento. O Artigo 142º, nº1 confirma
que a a existência de impedimentos pode ser declarada por qualquer pessoa até ao momento da
celebração do casamento e deve sê-lo pelos funcionários do registo civil logo que deles tenham
conhecimento.
Sendo a declaraçao obrigatoria para o Ministério Público e para os funcionários do regiso
civil logo que tenham conhecimento do impedimento, nos termos do Art 1611º, nº2.
vi) Helena é informada de que, em princípio, o certificado de capacidade matrimonial
será emitido no espaço de um mês, comunicando a novidade a Fernando e
Guilhermina. Ambos ficam felizes com a possibilidade de casarem e marcam o
casamento e a boda para daí a um ano, cientes de que preparar um casamento é um
processo moroso.
Se cessar o impedimento e efetuadas as diligencias necessárias, deve o conservador, no
prazo de um dia a contar da última diligencia, proferir despacho final a autorizar os nubentes a
celebrar o casamento nos termos do Artigo 144º.
Se o impedimento nao cessar, entao nos termos do Artigo 144º, nº4 o despacho
desfavorável à celebraçao do casamento é notificado aos nubentes, pessoalmente ou por carta
registada.
Segundo o Artigo 144º, n2 no despacho devem ser identificados os nubentes, feita
referencia à existencia ou inexistencia de impedimentos ao casamento e apreciada a capacidade
matrimonial dos nubentes.
Lavrado o despacho final a autorizar a realizaçao do casamento, este deve celebrar-se
dentro dos seis meses seguintes nos termos do Art 1614º e Artigo 145º. Segundo o nº2 do Art
145, se o casamento não for celebrado no prazo referido no número anterior, o processo pode ser
revalidado, sendo que a revalidaçao apenas pode ter lugar no prazo de um ano contado da data do
despacho final nos termos do nº4.
NOTA: podemos equacionar aqui um justo motivo, o desencanto, por nao terem vivido uma vida
de casal por causa da doença. Mas também nao tinhamos dados na hipótese que nos permitem
discutir as indemnizaçoes, portanto a questao da promessa tem relevancia. Mas no fundo era
também para chamar atençao para o caracter da atualidade.
ii. Imagine agora que, depois de longos tratamentos, Jonas está finalmente curado e
pretende celebrar esta vitória, casando finalmente com Inês. Nos preparativos da
boda, Inês revela-lhe que ansia pelo dia em que se casarão, mas que espera que
Jonas compreenda que depois de casados caberá a Inês fazer as escolhas
determinantes da vida de ambos, como o local onde irão residir, como o tipo de
casa que adquirirão, como os sítios onde irão passar férias.
O problema que se coloca nesta hipótese passa por determinar se Ines poderá unilateralmente
fazer fazer as escolhas determinantes da vida de ambos, como o local onde irão residir, como o
tipo de casa que adquirirão, como os sítios onde irão passar férias.
O Artigo 1618º, nº1 preve que a vontade de contrair casamento importa a aceitaçao de todos
os efeitos legais do matrimónio, sem prejuízo das legítimas estipulaçoes dos esposos em
convençao antenupcial. Sendo que se consideram nos termos do nº2 nao escritas as cláusulas
pelas quais os nubentes, em convençao antenupcial pretendam modificar os efeitos do
casamento.
À luz do Art 1671º, nº1, o casamento baseia-se na igualdade de direitos e deveres dos
conjuges. Para assegurar o princípio da igualdade no governo da família, a lei impos no Artigo
1671º, nº2 aos conjuges a obrigaçao de tentarem chegar a acordo sobre a orientaçao da vida em
comum tendo em conta o bem da família e os interesses um do outro.
Segundo o Artigo 1673º, nº1 os conjuges devem escolher de comum acordo a residencia da
família, antendendo, nomeadamente, às exigencias da sua vida profissional e aos interesses dos
filhos e procurando salvaguardar a unidade da vida familiar.
O Artigo 1699º, nº1 alínea b) determina que nao podem ser objeto de convençao
antenupcial as alteraçoes dos direitos ou deveres, quer paternais, quer conjugais,
Assim sendo, esta convençao pre nunpcial nao seria válida e ter-se-ia por nao escrita.
O Professor JORGE DUARTE PINHEIRO, apoiando-se no disposto no número 2 do art.
1618.º CCIV constata que são irrelevantes as estipulações dos nubentes que pretendam modificar
os efeitos injuntivos do casamento, considerando-se que o casamento é válido como se tivesse
sido puro e simples o consentimento prestado.
iii. Imagine agora que, depois de longos tratamentos, Jonas está finalmente curado e
pretende celebrar esta vitória, casando finalmente com Inês. Enquanto
organizavam o casamento que avizinhava, Inês e Fernando Jonas concordam fazer
depender a validade do casamento de uma eventual gravidez de Inês.
O consentimento matrimonial deve ser puro e simples, como decorre do Art 1618º. A
vontade de contrair casamento, importa aceitaçao de todos os efeitos legais do matrimónio,
exceto daqueles que podem ser objeto de convençao antenupcial (Art 1698º).
As estipulaçoes dos nubentes que pretendem modificar os efeitos injuntivos do casamento ou
submete-los a condiçao, a termo ou à preexistencia de algum facto, sao irrelevantes,
considerando-se que o casamento é válido como se tivesse sido puro e simples o consentimento
prestado.
PORTANTO, as partes nao poderiam submeter a validade do casamento a uma eventual
gravidez de Ines, considerando-se essa estipulaçao como nao escrita.
iv. Imagine agora que, depois de longos tratamentos, Jonas está finalmente curado,
mas continua bastante débil. Cansado dos adiamentos constantes e ansioso pela
vida de casados e pela estabilidade - económica e psicológica - que o casamento lhe
traria, Fernando expõe a Inês a sua enorme vontade de se casar rapidamente e
pretender fazer-se representar pelo irmão. Inês concorda e decide igualmente
fazer-se representar pela irmã.
O problema que se coloca nesta hipótese passa por determinar se tanto Ines com Jonas se
podem fazer representar pelos respetivos irmao e irma.
O casamento por procuraçao constitui uma exceçao ao princípio do caráter pessoal do
consentimento. Segundo o Artigo 1619º a vontade de contrair casamento é estritamente pessoal
em relaçao a cada um dos nubentes. É porém, nos termos do Artigo 1620º lícito a um dos
nubentes fazer-se representar por procurado na celebraçao do casamento.
No entanto, se ambos os nubentes se fizerem representar por procurador, o casamento é
inexistente, nos termos do Art 1628º, alínea c). Aplica-se o Art 1628º, alínea c) porque nao é
lícito o segundo procurador e como tal a declaraçao de vontade do segundo procurador é uma
nao declaraçao que nao vincula o nubente, ele nao configura um procurado lícito.
Também ter presente o Artigo 44º do CRC que determina que: No acto da celebração do
casamento só um dos nubentes pode fazer-se representar por procurador.
v. Imagine agora que, depois de longos tratamentos, Jonas está finalmente curado,
mas apaixonou-se por Kátia, uma das enfermeiras que dele cuidava, e decide
cancelar o casamento. Leonor, mãe de Jonas, não quer acreditar na novidade e
entende que o filho deve estar com sequelas psicológicas fortes que o impedem de
raciocinar, querendo substituir-se ao filho e consentir por ele no casamento.
Segundo o Artigo 1619º a vontade de contrair casamento é estritamente pessoal em
relaçao a cada um dos nubentes. É porém, nos termos do Artigo 1620º lícito a um dos
nubentes fazer-se representar por procurado na celebraçao do casamento. Sendo que
segundo o nº2 desse Artigo a procuraçao deve conter poderes especiais para o ato, a
designaçao expressa do outro nubente e a indicaçao da modalidade do casamento.
Neste caso, a mae de Jonas nunca se poderia fazer substituir a este sem uma procuraça
que lhe conferisse os poderes para tal.
Segundo o Artigo 1628º, alínea d) é juridicamente inexistente o casamento contraído por
intermédio de procurado, quando celebrado depois de terem cessado os efeitos da
procuraçao, ou quando esta nao tenha sido outorgada por quem nela figura como constiuinte,
ou quando seja nula por falta de concessao de poderes especiais para o ato ou de designaçao
expressa do outro contraente.
Neste caso, nao tinham sido concedidos poderes especiais à mae de Jonas para que esta se
lhe substituisse.
ii) Suponha, agora, que Nuna se encontrava grávida de 7 meses, sendo desejo de
ambos que a criança nascesse já na constância do casamento. Tendo presentes as
restrições impostas pelo 11.ª Estado de Emergência e o cancelamento de todos os
atos de registo civil não urgentes, refira se assiste ao casal a possibilidade de
recorrerem ao instituto do casamento urgente para acolher a sua pretensão.
O casamento civil urgente sob forma civil é aquele cuja celebraçao é permitida
independentemente do processo preliminar de casamento e sem a intervençao do funcionário do
registo civil (Art 1622/1)
Segundo o Artigo 1622/1 quando haja fundado receio de morte próxima de algum dos
nubentes, ou na iminencia de parto, é permitida a celebraçao do casamento independentemente
do respetivo processo preliminar e sem a intervençao do funcionário do registo civil.
Nuna já se encontrava grávida de 7 meses, podendo-se afirmar que aos 7 meses de gravidez
uma pessoa já se encontra numa situaçao de iminencia de parte. Mais ainda, que existe uma
razao social para a qual as partes pretendem casar: nao querem que no assento apareça que os
pais sao pessoas solteiras.
Assim sendo, estaria preenchido um requisito de fundo para se proceder à celebraçao do
casamento urgente.
NOTA: o legislador pensou no casamento urgente para situaçoes pandémicas, aliás, o casamento
urgente foi criado para acautelar situaçoes excecionais por isso porque raio havemos de restringir
o casmaneto urgente ao fundado receio de morte, quando o legilsador quis garantir que também
no caso de iminencia de parto as pessoass podem casar. Mas no 11ª Estado de Emergencia o
executivo com o Covid restringiu a permissao de celebraçao dos cassamento urgentes apenas em
casos de perigo de morte iminente.
Assim sendo, o erro em que Rubi se encontra é relevante para efeitos de anulaçao. Segundo
o Artigo 1641º a açao de anulaçao fundada em vícios da vontade só pode ser intentada pelo
conjuge que foi vítima do erro ou da coaçao; mas podem prosseguir na açao os seus parentes,
afins na linha reta, herdeiros ou adotantes, se o autor falecer na pendencia da causa.
Segundo o Artigo 1645º a açao de anulaçao fundada em vícios da vontade caduca, se nao for
instaudada dentro dos 6 meses seguintes à cessaçao do vício.
NOTAS: começar por referir que o consentimento é um dos pressupostos do casamento e que se
caracteriza por ser atual, pura e simples como vimos nos termos do Artigo 1617º e que tem que
ser perfeito. Também temos que dizer que tem que ser completo. No presente caso, uma vez que
o consentimento tem quer ser perfeito e a perfeiçao implica que o conjuge tenha uma vontade
esclarecida é necessário que o conjuge nao esteja em erro no momento em que deu o
consentimento. PORTANTO, imaginem que ela só descobria a infertilidade 3 anos depois do
casamento e a infertilidade só ocorria um ano depois do casamento, entao à data do casamento o
erro nao relevava porque ele era fértil. Portanto, só será erro se ele tiver representado mal a
realidade no momento da celebraçao doc casmaento. Imaginem que o conjuge fica impotente
depois do casamento, embora ela quisesse muito ter filhos e a impotencia viesse inviabilizar tal
possibilidade, a verdade é que ela representou bem a realidade. ORA, havendo erro, a vontade
nao é esclarecida. E é necessário verificar se estao previstos os pressupostos do erro.:
1) Qualidades essenciais: que podem ser naturais ou jurídicas (EX: descubro que o meu
marido já era casado e aqui posso invocar um impedimento ou entao anularo com
fundamento em erro). Algumas das qualidades essenciais que sao aqui chamadas é o
estado civil ou religioso do outro conjuge; vida e costume desonrosos (há anos atrás era
frequente que se a pessoa casa com uma mulher que esteve com muitos homens, ou
beber, impotencia, doenças incuráveis, e isto fundava o erro sobre as qualidades
essenciais).
2) Desculpabilidade: refere-se ao erro e nao há qualidade, porque ele “nao tem culpa de ser
infértil” nós temos que averiguar se a pessoa foi diligente e se ainda assim nao ficou
esclarecida entao o erro será relevante. Agora imaginem que o agora marido já tinha dito
várias vezes que “nao estava a ver como ia ter filhos”, as amigas já tinham dito “ele deve
ser infértil”. Agora nesta hipótese ela disse por várias vezes que queria ter filhos e da
parte dele nao houve abertura para dizer o problema da infertilidade, dificilmente se pode
equacionar commo é que ela podia saber.´
3) Tem de ser esssencial
Regime do casamento putativo que se aplica sempre que os conjues ajam de BF (Art 1647º) se
ele tiver contraido casamento na ignorancia desculpável do vício entao esse conjuje poderá
beneficiar do casamento putativo que diz que é possível arrogar-se dos beneficios do estado
matrimonial
3) Ulisses vive em Jerusalém, onde trabalha numa empresa de gás natural. Aí, Ulisses
conheceu Violeta, filha do dono da empresa em que trabalha e por quem se
apaixonara. A relação entre eles sempre fora uma relação secreta, pois ambos temiam
as repercussões do conhecimento dessa relação no emprego de Ulisses e as reações do
pai de Violeta, que já andava a planear o casamento da filha com um empresário
israelita, Xavier. Completamente apaixonados, Violeta e Ulisses decidem casar,
acreditando que depois do casamento o pai de Violeta pouco poderia fazer. Envoltos
em secretismo, Violeta e Ulisses marcam a data e combinam que Violeta deverá dirigir-
se ao local combinado de cara tapada, para que ninguém a reconheça. No dia do
casamento, Ulisses encontra uma mulher de cara tapada esperando por ele e o
casamento é celebrado. Após a celebração, achando-se livre de perigo, Ulisses levanta
o pano que cobria a cara da amada para a beijar, deparando-se com uma mulher, Zoe,
que nunca tinha visto. No outro lado da cidade, uma Violeta contrariada é levada ao
encontro de Xavier pelo pai, que lhe comunica que irão casar imediatamente. Vendo
que Violeta se recusa, o pai perde a cabeça e relembra-lhe que ele sabe exatamente
onde se encontra Ulisses e que se esta teimar em não levar o casamento avante, ele
tomará medidas mais drásticas para acabar de vez com “o disparate daquela relação”.
Preocupada com Ulisses e ciente de que o pai tudo faria para a obrigar a casar com
Xavier e para impedir qualquer contacto futuro com Ulisses, Violeta decide aceitar
casar, acreditando que apenas assim protegeria o amor da sua vida. Quid Iuris?
O contrato de casamento exige o mútuo consentimento das partes que tem de ser
exteriorizado no próprio ato, nos termos do Artigo 1617º que consagra o princípio da atualidade
do consentimento matrimonial.
O Artigo 1619º estabelece o princípio do caráter pessoal do consentimento, do qual resulta a
necessidade de a vontade de contrair matrimónio ser manifestada pelos próprios nubentes.
O consentimento matrimonial deve ser puro e simples, como decorre do Art 1618º.À
declaraçao, prestada pelas partes na cerimónia de casamento, deve estar subjacente a vontade de
contrair matrimónio, o que pressupoe a existencia de uma vontade negocial e a coincidencia
entre a vontade e a declaraçao. Além disso, a vontade deve ser livre, ou seja que a vontade nao
tenha sido pressionada por condiçoes exteriores, ou seja, que o seu consentimento nao tenha sido
prestado por coaçao e a vontade deve ser esclarecida, ou seja, que a vontade seja prestada por
uma pessoa que tem maturidade para compreender os efeitos
Porém, neste caso colocam-se dois problemas:
EX: locatário que tem direito de preferencia, é locatário em momento anterior a celebraçao do
casamento e depois da celebraçao do casamento decidem ficar com a casa onde viviam e
comprar a casa para a familia nela passar a residir. E o locatário tem um direito de preferencia
nessa compra, exerce o direito de preferencia e o apartamento é comprado. Sucede que o direito
de preferencia é anterior a celebraçao do casamento e o bem vai considerar-se próprio e o Art
1622º ressalva os bens que apesar de adquiridos em momento posterior remetem a um direito
próprio.
1. A igualdade dos conjuges proíbe a discriminaçao em razao do sexo, sendo tal uma trave
mestra do casamento ocidental moderno.
2. Numa das suas vertentes mais nítidas (letra do Art 1671/1) o princípio da igualdade
influi na quantificaçao e concretizaçao dos deveres conjugais.
Os conjuges estao reciprocammente vinculados a situaçoes jurídicas em igual
número e com igual conteúdo, nao sendo, em regra, lícita uma leitura dos deveres
variável em funçao do género.
3. Noutra vertente, o princípio implica, nos termos do Art 1671/2 a atribuiçao aos membros
do casal da direçao conjunta da família. Este Artigo determin que a direçao da família
pertence a ambos os conjuges, que devem acordar sobre a orientaçao da vida em comum
tendo em conta o bem da família e os interesses um e outro.
Assim, por força da igualdade entre conjuges o Bruno nao podia unilateralmente decidir que
após o casamento, ele e Alberta se mudaria para a moradia de luxo no Alentejo e que a mulher
deixaria de trabalhar, e deste modo colocando em causa os interesse de Alberta. Segundo o
Artigo 1673º, nº1 os conjuges devem escolher de comum acordo a residencia da família,
antendendo, nomeadamente, às exigencias da sua vida profissional e aos interesses dos filhos e
procurando salvaguardar a unidade da vida familiar.
Alberta recusa abandonar o seu trabalho e mudar-se para o Alentejo, mas diz que fará um
esfroço para visitar o marido no Alentejo sempre que possível e que trabalharia a partir de casa
sempre que tal oportunidade surgisse. Colocando-se aqui o problema de saber se nao estará a ser
colocado em causa o dever de coabitaçao.
O Art 1672º enumera os deveres recíprocos dos conjuges: respeito, fidelidade, coabitaçao,
cooperaçao e assistencia. Estas situaçoes jurídicas integram o núcleo intangível da comunhao
conjugal, exprimindo, no seu conjunto, um entendimento legal da obrigaçao de comunhao
tendencialmente plena de vida a que se vinculam as partes que contraem matrimónio e que nao
podem alterar.
Deste modo, é clara a inderrogabilidade dos deveres conjugais, que, se já decorreria do
Art 1618º, é reforçada expressamente pelo disposto no Art 1699º, nº1 alínea b) que
determina que nao podem ser objeto de convençao antenupcial a alteraçao dos direitos ou
deveres quer parentais, quer conjugais.
NOTA:
Quando falamos do princípio da igualdade nao referir apenas o Artigo 1671º, mas
também a referencia que se faz na CRP no Artigo 36/3.
Este princípio da igualdade veio justificar que o legislador no Artigo 1677º-D tenha
estabelecido a liberdade de exercício da profissao dizendo que qualquer conjuge pode exercer a
sua atividade sem consentimento do outro e isto porqe no regime anterior, o exercício deste
direito por parte de mulher, estava dependente da autorizaçao do marido. Agora,sendo isto
verdade, temos que ter em conta os acordos feitos pelos conjuges, por exemplo se acordam que
nos primeiros temos de vida a mae vai dar mais atençao aos filhos enquanto o marido se desloca
mais, a mae nao pode unnilateralmente decidir arranjar um trablalho que lhe consumirá todo o
tempo.
Por outro lado, também ter presente que este Artigo 1677º-D é o reconhecimento de que nao
é por funçao do casamento que os direitos de personalidade dos conjuges se apagam. Continua a
haver uma dimensao intersubjetiva dos conjuges, há que respeitar os seus direitos de
personalidade e respeitar o seu livre desenvolvimento da personalidade.
Ainda podíamos equacionar uma possível violaçao do dever de coabitaçao, o Artigo 1673º
quando fala de “motivos podenrosos” permite-nos afastar neste caso a violaçao desse dever de
coabitaçao.
Houve aqui a violaça do princípio da igualdade, mas nao de um dever e por isso nao
equacionamos a indemnizaçao neste caso. A nao ser que a violaçao deste princípio de igualdade
gerasse um dano.
ii) Pouco tempo depois, em Março de 2020, a pandemia veio alterar o paradigma de
trabalho de Alberta e esta decide mudar-se temporariamente para o Alentejo, uma
vez que estava capacitada a trabalhar de casa. De forma coincidente, Alberta
descobre estar grávida e comunica a Bruno, que fica esfuziante com a notícia. Uns
meses mais tarde, o confinamento é levantado e Alberta retorna a Lisboa para
prosseguir com o projeto que tinha em mãos. Em Dezembro de 2020, perto do
Natal, nasce Carolina, que é apresentada à família de ambos numa grande festa de
Natal em sua honra em Lisboa. Em Janeiro de 2020, a situação epidemiológica
piora novamente e Alberta e Bruno optam por retornar ao Alentejo, por forma a
protegerem-se do COVID-19, que em Lisboa aumentava drasticamente.
iii) Magoada, Alberta decide deixar o Alentejo e retornar a Lisboa, onde viviam
também os seus pais e que a ajudariam certamente nos cuidados com a filha,
deixando para trás um Bruno escandalizado com a ousadia da mulher. Os meses
foram passando, com Bruno no Alentejo e com Alberta em Lisboa, até que Alberta
recebe um telefonema da sogra exigindo-lhe que regresse com urgência ao
Alentejo, pois o filho tinha-se perdido de amores por uma rapariga do campo e,
imagine-se!, pretendia divorciar-se e juntar-se com a rapariga com quem já vinha
vivendo desde que Alberta o abandonara. Nessa mesma chamada, a sogra pediu-
lhe encarecidamente ajuda a pagar a contas médicas do sogro de Alberta, que
havia caído nas últimas vindimas e partido a perna em três sítios, tendo precisado
de intervenções cirúrgicas e muitos meses de fisioterapia que nem os sogros, nem
Bruno conseguiriam pagar. Quid Iuris?
Aos deveres a que os conjuges estao vinculados correspondem, no lado ativo, direitos
subjetivos (permissao normativa específica de aproveitamento de um bem) e nao poderes
funcionais.Estes direitos caracterizam-se pelo seu caráter estatutário, sao direitos que se ligam ao
estado de casado e subsistem, em princípio, enquanto nao operar uma alteraçao do estado civil,
mesmo que haja incumprimento ou rutura.
Na constancia do matrimónio, uma violaçao do dever de coabitaçao, a separaçao de facto
pela qual um dos conjuges for o único ou principal culpado, é normalmente sancionada com a
suspensao do dever de assistencia a cargo do outro: o único ou principal culpado continua
obrigado ao dever de assistencia perante o conjuge inocente ou menos culpado, mas nao pode
exigir a este o respetivo cumprimento (Art 1675/3).
O dever de assistencia que corresponde a um dever estruturalmente patrimonial, envolvendo
prestaçoes suscetíveis de avaliaçao pecuniária e que integra a obrigaçao de contribuir para os
encargos familiares, sendo que essa obrigaçao vincula o conjuge quer perante o outro quer
perante os familiares a cargos dos conjuges extingue-se em todas as hipóteses em que falta a vida
em comum, nomeadamente por haver separaçao de facto que neste caso é imputável a Bruno.
Verificando-se a rutura da vida em comum, a obrigaçao de contribuir para os encargos da
vida familiar converte-se numa obrigaçao de alimentos que vincula um conjuge perante o outro
e, se necessário, noutra obrigaçao de alimentos autónoma, que incumbirá a cada um dos conjuges
relativamente aos familiares a seu próprio cargo, como os filhos.
Neste caso Alberta regressou a Lisboa, mas a origem que esteve subjacente a tal rutura foi o
incumprimento dos deveres conjugais por parte de Bruno, sendo que este era o principal culpado
por tal regresso de Alberta. Assim sendo, há uma suspensao do dever de assistencia por parte de
Alberta. O Artigo 1675/2 preve que o dever de assistencia mantém-se durante a separaçao de
facto se esta nao for imputável a qualquer dos conjuges. MAS, o nº3 do Art 1675º preve que se a
separaçao de facto for imputável a um dos conjuges, ou a ambos, o dever de assistencia, só
incumbe, em princípio ao único ou principal culpado; o tribunal pode, todavia, excecionalmente
e por motivos de equidade, impor esse dever ao conjuge inocente ou menos culpado,
considerando, em particular, a duraçao do casamento e a colaboraçao que o outro conjuge tenha
prestado à economia do casal.
NOTAS: podíamos estar perante uma violaçao do dever de coabitaçao, mas tinhamos que
perceber se havia ou nao causa para tal. Se entendermos que o dever de coabitaçao pode ser
excecionado e ela desloca-se para Lisboa e assim nao haveria violaçao do dever de coabitaçao.
Posto isto, ele morre de amores por outra rapariga e aqui temos que equacionar o incumprimento
do dever de fidelidade e explicar se há ou nao violaçao do dever de respeito (depende se
entendermos se é ou nao residual). E equacionar se a infidelidade moral preenche o conceito de
infidelidade, e segundo o Acórdao da Relaçao, consubstancia essa violaçao do dever moral. E
depois a questao do dever de assistencia. E ainda deviamos equacionar se nao havia uma
excessiva contribuiçao de Alberta e como tal equacionar a aplicaça do Artigo 1676/2 e
questionar se nao se podia aplicar aqui o crédito compensatório e quais os pressupostos para que
haja esse credito compensatório?
1. O primeiro requisito é uma contribuiçao de um dos conjuges para a vida familiar
2. Renúnica excessivamente aos seus interesses
3. Prejuízos relevantes para efeitos profissionais numa situaçao como esta
E é no momento da partilha que se vai aferir isto. Porque é o momento mais adequado. Como se
vai efetuar a partilha? Parilha consta do Artigo 1789º. Portanto fazer esta remissao porque vamos
ter que explicar isto.
AGORA, quato a análise do Artigo 1675/3 que eu fiz: esta norma da culpa é dificil de aferir
porque hoje em dia já nao existe divórcio culposo. E podíamos equacionar se aquela separaçao
de facto tinha como causa imputável a conduta de Bruno e aí apenas Bruno estaria obrigado ao
dever de assistencia. E portanto podíamos equacionar isto.
Por um lado a obrigaçao de prestar alimentos que ganha autonomia numa situaçao de
rutura. Verificando-se a rutura da vida em comum, a obrigaçao de contribuir para os encargos da
vida familiar converte-se numa obrigaçao de alimentos que vincula um conjuge perante o outro
e, se necessário, noutra obrigaçao de alimentos autónoma, que incumbirá a cada um dos
conjuges relativamente aos familiares a seu próprio cargo, como os filhos. Segundo o Artigo
1675º, nº2 o dever de assistencia mantém-se durante a separaçao de facto se esta nao for
imputável a qualquer dos conjuges. Neste caso, a separaçao nao era imputável a nenhum dos
conjuges, pura e simplesmente ambos foram-se afastando, pelo que Dora podia exigir o
cumprimento da obrigaçao de alimentos por parte de Lucas.
Por outro lado, a obrigaçao de contribuir para os encargos da vida familiar foi realizada
por Dora através do trabalho despendido no lar e na manutençao e educaçao dos filhos.
O Art 1676/2 estabelece que se a contribuiçao de um dos conjuges for consideravelmente
superior ao que é devido “porque renunciou de forma excessiva à satisfaçao dos seus interesses
em favor da vida em comum, designadamente à sua vida profissional, com prejuízos
patrimoniais importantes, esse conjuge tem direito de exigir do outro a correspondente
compensaçao.”
Este preceito visa implicitamente, valorizar a relevancia do trabalho no lar, protegendo o
conjuge que, por se ter dedicado excluusiva ou predominantemente ao trabalho doméstico, nao
exerceu uma atividade remunerada nem progrediu na carreira.
O conceito “renuncia excessiva” e “contribuiçao consideravelmente superior” estariam
preenchidos se um dos conjuges abdica total ou parcialmente do exercício de uma
profissao remunerada para se dedicar ao trabalho de casa e com os filhos.
E o conceito “prejuízos patrimoniais importantes” inspira-se no
instituto do enriquecimento sem causa, havendo que efetuar a
prova de que o trabalho proporcionado à família, sem retribuiçao,
criou uma situaçao de desequilíbrio económico entre os conjuges.
Assim sendo, Dora tem direito a uma compensaçao por via do Artigo 1676º, nº2. Sendo que
o nº3 determina que o crédito só é exigível no momento da partilha dos bens do casal, a nao ser
que vigore o regime da separaçao.
Portanto, Dora tem a sua disposiçao ou a obrigaçao de alimentos ou o crédito
compensatório pelo esforço que fez em ter renunciado à sua vida profissional.
NOTAS: muito dificil quantificar o crédito compensatório, nomeadamente quanto é que a
pessoa estaria aganhar. Dificil também repor o patamar profissional. E é uma prova muito dificil
porque tem que provar que resultou um prejuízo patrimonial muito grande. Há uma diferença
substancial, porque a obrigaçao de alimentos procura garantir o mínimo de subsistencia, e nao se
conseguiria o mesmo que se consegue com o crédito compensatório. E seria possível cumular
quer a obrigaçao de alimentos, quer o crédito compensatório, pura e simplesmente a funçao seria
diferente. Mas a minha resposta está certa.
ii) A sua resposta seria a mesma se Dora e Lucas não fossem casados, tendo, ao invés,
vivido em condições análogas às dos cônjuges durante os 25 anos de vigência da sua
relação?
NOTAS: questao de saber se devemos aplicar analogicamente o Artigo 1676º hipótese que
parece de repudiar, porque pode haver unidos de facto que escolhem a uniao de facto justamente
porque nao querem que se lhe aplique o regime do casmaento. Mas, ao mesmo tempo, parece
que o munido de facto que realiza estas tarefas fica extremamente desprotegido, e no Acórdao
entende-se que podemos estar perante uma obrigaçao natural (Art 403º) e que a pessoa nunca
seria recompensada pelas tarefas que desenvolveu. E o que o Tribunal veio dizer é que
subjacente a obrigaçao natural nao é só um dever moral, mas também um dever de justiça. ORA,
este princípio de justiça subjacente as obrigaçoes naturais nao se compatibiliza com um princípio
de igualdade da UF, e se um dos conjuges contribui mais nao estaríamos perante a verficiaçao do
princípio da igualdade e por isso nao podemos sustentar que estas tarefas sao obrigaçoes
naturais. E entao, nao estando perante uma obrigaçao natural, parece que aquela contribuiçao nao
tem fundamento legítimo, MAS, a causa daquela contribuiçao e realizaçao daquelas tarefas é a
UF. Se a causa é a UF, uma vez cessando, finda a causa. E por isso podemos aplicar as regras do
ESC nos termos do Artigo 473º (nao é nem obrigaçao natural porque nao cumpre um princípio
de justiça e igualdade e é isto que alicerça a obrigaçao natural, nem contratual) nao há causa
justificativa; há um enriquecimento por parte do outro (que teve a possibilidade de ascender na
carreira porque o ooutro conjuge pode assumir tarefas); deixa de existir a causa, e aí podemos
fundamentar um ressarcimento nos termos do ESC. O que o tribunal veio dizer é que a ESC
retroage, ou seja, tudo se passa como se mesmo durante a altura em que existia vínculo da UF
tudo se passa como se nao existisse essa causa. OU SEJA, as pessoas viveram em uniao de facto
e havia causa para o enriquecimento, sendo a causa a própria UF. Depois, cessando a UF, deixa
de existir causa, mas o tribunal veio dizer que esta cessaçao da UF que determina a cessaçao do
vínculo retroage e portanto a Dora receberá um ressarcimento nos termos do ESC.
Se houvesse um contrato de habitaçao entao havia uma causa e só na sua existencia é que
avaliariamos se estamos perante uma obrigaçao natural
O Artigo 2016º, nº1 preve que cada conjuge deve prover à sua subsistencia, depois do
divórcio. Porém, nos termos do nº2 qualquer dos conjuges tem direito a alimentos,
independentemente do tipo de divórcio, sendo que por razoes de equidade esse mesmo direito
pode ser negado.
O Artigo 2016-A, nº1 determina que na fixaçao dos alimentos deve o tribunal tomar em
conta a duraçao do casamento, a colaboraçao prestada à economia do casal, a idade e estado de
saúde dos conjuges, as suas qualificaçoes profissionais e a possibilidades de emprego, o tempo
que terao de dedicar, eventualmente à criaçao de filhos comuns, os seus rendimentos e proventes,
um novo casamento ou uniao de facto e, de modo geral, todas as circunstancias que influam
sobre as necessidades do conjuge que recebe os alimentos e as possibilidades do que os presta.
Porém, o nº2 determina que o Tribunal deve dar prevalencia a qualquer obrigaçao de
alimentos relativamente a um filho do conjuge devedor sobre a obrigaçao emergente do divórcio
em favor do ex-conjuge. E por fim, segundo o nº3 o conjuge credor nao tem o direito de exigir a
manutençao do padrao de vida de que beneficiou na constancia do matrimónio.
Quanto à compensaçao prevista no Artigo 1676/2 este estabelece que se a contribuiçao
de um dos conjuges for consideravelmente superior ao que é devido “porque renunciou de forma
excessiva à satisfaçao dos seus interesses em favor da vida em comum, designadamente à sua
vida profissional, com prejuízos patrimoniais importantes, esse conjuge tem direito de exigir do
outro a correspondente compensaçao.” Sendo que este crédito só é exigível no momento da
partilha dos bens do casal. Ao contrário da obrigaçao de alimentos que é devida sobre a forma de
pensao ou prestaçao pecuniária mensal (Art 2005º).
NOTA: temos outro expediente para garantia a subsistencia em sede de divórcio. Reparemos que
vigora já algum tempo o princípio de autosuficiente. Uma vez decretado o divórcio nao é forçoso
que haja obrigaçao de alimentos (Art 2016º), mas em certas situaçoes há uma ideia de
solidariedade pós-conjugal e atribuir-se este direito a obrigaçao de alimentos quando haja a
necessidade desta subsistencia e manutençao deste estilo de vida digno. Atençao que hoje em
dia, já nao se exige que haja esta manutençao do mesmo estilo de vida que existia durante o
matrimónio. E a ideia é garantir que o conjuge tenha como sobreviver. Até 2008 procurava-se
introduzir uma compensaçao em sede de obrigaçoes de alimentos, mas hoje tal nao é possível
porque o Artigo fala só em “necessário para a subsistencia”.
iv) Suponha agora que durante a vigência do matrimónio, Dora e Lucas adquiriram, o
seguinte conjunto de bens:
- Casa de morada de família, sita em Carcavelos, no valor de € 620.000,00;
- Casa de férias no Alvor, no valor de € 210.000,00, sendo que o preço foi pago pelo
produto da venda de um apartamento em que Lucas vivia antes do casamento, e que
lhe havia sido doado pelos seus pais, por ocasião de conclusão da sua licenciatura, o
restante foi aplicado;
- Dois carros, um da marca Mercedes e outro da marca Audi, sendo este último
utilizado primordialmente por Lucas para as suas deslocações profissionais, ao passo
que o Mercedes é o carro familiar, sendo maioritariamente utilizado por Dora para
acorrer às necessidades familiares quotidiana—o valor dos carros era 90000 Euros.
- Uma mota que Lucas utilizava para as suas deslocações citadinas, totalizando €
185.000, que havia sido adquirida com as poupanças decorrentes do trabalho de
monitor que exercia, nos verões, em colónias de férias;
Dinheiro herdado por Dora: entende-se que o Artigo 1733º, embora esteja
previsto no ambito do regime da comunhao geral de bens deve aplicar-se
também quando os conjuges casarem em comunhao de adquiridos. A
aplicabilidade do Artigo 1733º a este regime pode fundamentar-se na
proibiçao geral de afastar em qualquer caso, por meio de convençao
antenupcial, a incomunicabilidade que ele preve (Art 1699/1/d) e também
por força de um argumento de maioria de razao – se os bens mencionados
resistem à comunicaçao em comunhao geral, mais claramente devem resisitr
à comunhao noutro qualquer regime. Ora, segundo o Artigo 1733º, nº1
alínea a) sao excetuados da comunhao os bens doados ou deixados, ainda
que por conta da legítima, com a cláusula de intercomunicabilidade.
PORTANTO, era um bem próprio.
Segundo o Artigo 1689º, nº2 havendo passivo a liquidar, sao pagas em primeiro lugar as
dívidas comunicáveis até ao valor do património comum, e só depois as restantes. E segundo o
nº3 os créditos de cada um dos conjuges sobre o outro sao pagos pela meaçao do cojuge devedor
no património comum; mas, nao existindo bens comuns, ou sendo estes insuficientes, respondem
os bens próprios do conjuge devedor.
O valor da meaçao corresponderá a metade do património comum (valor da casa+ valor
dos carros+ valor da mota+ 40% da conta) o que dá no final o valor de 455000 euros.
Sendo que segundo o Artigo 1731º se os instrumentos de trabalho de cada umods
conjuges tiverem entrado no património comum por força d regime de bens, o conjuge que deles
necessite para o exercício da sua profissao tem direito a ser neles encabeçado no momento da
partilha, portanto a meaçao do Lucas seria em parte preenchida pelo valor do Audi que apesar de
ser um bem comum, é um bem que era por este utilizado para o exercício da sua profissao.
PORTANTO:
1) Separaçao de bens próprios
2) Liquidaçao do património comum para aferirmos o património comum líquido
Pagamento de dívidas
Compensaçoes
Nos termos do Artigo 184º, nº1 do CRC o casamento de portugues e estrangeiro será
registado no consulado portugues competente.
O casamento celebrado perante as autoridades estrangeiras pela forma estabelecida na lei
do lugar da celebraçao, é registado por transcriçao do documento comprovativo do casamento,
passado de harmonia com a referida lei (Art 184º, nº2 do CRC). Em qualquer das hipóteses, a
transcriçao é subordinada à prévia organizaçao do processo preliminar de casamento (Art 185º,
nº1 do CRC) e deve ser recusada se houver impedimento dirimente à celebraçao do casamento,
desde que tal impedimento ainda subsista (Art 185º, nº3 do CRC).
Neste caso, nao é claro se Ana se chegou a divorciar ou nao de Xavier, porque se nao se
divorciou entao estamos perante um impedimento dirimente absoluto nos termos do Artigo
1601º, alínea c). Sendo que segundo o Artigo 1631º, alínea a) é anulável o casamento contraído
com algum impedimento dirimente. Uma vez que o impedimento subsiste, o Artigo 185º, nº3
preve que se o consul verificar que o casamento foi celebrado com algum impedimento que o
torne anulável entao a transcriçao deve ser recusada.
NOTAS: nesta hipótese temos que começar por aferir a capacidade matrimonial. E lendo o
Artigo 49º e Art 31º percebemos que a lei que regula será a lei da nacionalidade e este é o critério
porque durante muitos anos, a verdade é que o critério e a proximidade com o ordenamento
jurídico da sua nacionalidade era o mais forte. Hoje em dia já nao é assim e por isso a lei
europeia estabelece que será a da residencia. PORTANTO, de acordo com o Artigo 49º e 31º
vemos que nao é por a Ana casar no Sudao que nao aplicaríamos a lei portuguesa. E por isso
aplicaríamos o Artigo 1601º e seguintes. Quando se afere esta capacidade? EM sede de processo
preliminar, a que os portugueses que pretendam casar no estrangeiro estao subordinados. E
aplicamos o Art 162º e 163º.
Qual a fomra que segue: aplica-se o Artigo 161º e Art 51º e diz que a forma do casamento é a da
forma prevista no local. E estes Artigos dizem que se for casamento de um portugues com
estrangeiro pode recorrer-se a forma prevista no nosso CC e pode recorrer-se a tramitaçao de
acordo com a lei portuguesa. Este casamento deve ser registado.
Como ela é portuguesa aplica-se a lei da sua nacionalidade.Aplica-se-lhe o Artigo 1600º e
seguintes, havia um impedimento e como tal há uma causa a que obsta a inscriçao ou transcriçao
(consoante o tipo de registo) enquanto o impedimento subsistir.
b. Meses mais tarde, já casados, Zayan e Ana retornam a Portugal para passar uma
temporada e para celebrarem com a família de Ana aquele laço tão especial, numa
boda improvisada. Nessa boda, Zayan conhece a prima de Ana, Bárbara, perdendo-se
de amores. Acreditando que casar com Bárbara viria alargar e completar a família que
tanto estimava e que permitiria a Ana sentir-se mais acompanhada e mais próxima da
família que ficaria em Portugal quando regressassem ao Sudão, Zayan pede Bárbara
em casamento e decide com ela casar ainda em Portugal
Segundo o Artigo 1651º, nº1, alínea b) é obrigatório o registo dos casamentos de portugues
celebrado no estrangeiro. E presumindo que neste caso ocorreu o registo ou a transcriçao nos
termos do Artigo 185º do CRC.
Segundo o Artigo 1601º, alínea c) constitui impedimento dirimente absoluto, obstando ao
casamento da pessoa a quem respeitam com qualquer outra o casamento anterior nao dissolvido,
católico ou civil, ainda que o respetivo assento nao tenha sido lavrado no registo do estado civil.
Esta é uma disposiçao que visa impedir a bigamia.
Na hipótese de bigamia, nos termos do Artigo 1639/2, o primeiro conjuge do bígamo tem
legitimidade para intentar ou prosseguir a açao de anulaçao, ao lado das pessoas referidas no
Artigo 1639/1.
Segundo o Artigo 1643º, nº1 alínea c) a açao de anulaçao fundada em impedimento dirimente
deve ser instaurada depois da dissoluçao do casamento.
NOTA: a sua lei pessoal seria do Sudao relativamente a Zayan. Até que ponto o conservador do
Registo Civil tinha que aplicar a lei do sudao visto que temos o Artigo 1601/c entre nós que
proibe a bigamia? Ora, a reserva da orem publica internacional é um ultimo reduto para garantir
que o nosso legislador nao aplique regras estrangeiras que seria contrárias ao nosso ordenamento.
Matérias dos Efeitos Patrimoniais do Casamento sao as que suscitam mais dúvidas. Nesta
matéria:
1) A primeira coisa a fazer é aferir o regime de bens que nos encontramos e ver de acordo
com o Art 1717º em uqe regime aqueles conjuges se casaram. ORA, havendo convençao
antenupcial podemos estar perante vários regimes. Caso nao tenham celebrado convençao
antenupcial entao de acordo com o Artigo 1717º estaremos perante o regime supletivo.
2) Aferir a titularidade dos bens: determinar se estamos perante bens próprios ou comuns,
pois tal será relevante para efeitos de responsabilidade por dívidas e adminsitraçao dos
bens. E aqui temos que ir especificamente a cada um dos regimes.
3) Uma vez aferida a titularidade vamos ter que determinar que tipo de administraçao temos.
Em matéria de administraçao há uma regra quanto aos bens próprios (Art 1678_ cada um
dos conjuges tem a administraçao relativamente aos seus bens próprios) e outra quanto
aos comuns (Art 1678/3 a regra será distinta conforme estejamos perante atos de
administraçao ordinária—administraçao disjunta OU administraçao extraordinária—regra
da administraçao conjunta ou seja ambos os conjuges tem que estar de acordo).
Estas regras vao ser excecionadas pelo Artigo 1678/2. E por isso temos que ver se
estamos ou nao perante uma das exceçoes.
4) Se estivermos no ambito da disposiçao oou alienaçao temos que aplicar o Artigo 1682º-A
(bens imóveis) e Artigo 1680º (bens móveis).
5) Depois ainda temos a responsabilidade por dívidas e importa saber que cada um dos
conjuges tem legitimidade para contrair dívidas.
Caso Prático 10 - Doações entre esposados
André e Beatriz conheceram-se no fim da faculdade e casaram, em comunhão geral de bens,
uns anos depois, numa cerimónia muito bonita com a família de ambos. Com vista ao
casamento, André ofereceu a Beatriz um colar de pérolas de elevado valor monetário que
pertencia à sua avó. Seria o “something old” e simbolizava a esperança de um casamento feliz
e para toda a vida. Afira a titularidade do colar de pérolas, tendo presente que:
i) A oferta foi formalizada em convenção antenupcial.
Neste caso estamos perante uma doaçao para casamento que segundo o Artigo 1753º, nº1
é a doaçao feita a um dos esposados, ou a ambos, em vista do seu casamento. Sendo feita em
vista do casamento, a doaçao em preço tem como causa jurídica o casamneto, do qual
depende (Art 1760/1/a)
Segundo o Artigo 1754º as doaçoes para casamento pode ser feitas por um dos esposados
ao outro, pelos dois reciprocamente, ou por terceiro a um ou a ambos os esposados. Neste
caso a doaçao era feita por um dos esposados ao outro.
Segundo o critério do momento da eficácia previsto no Artigo 1755º esta é uma doaçao
intervivos.
O Artigo 1756º, nº1 as doaçoes para casmaento só podem ser feitas na convneao
antenupcial.
Separaçao de bens
Segundo o Artigo 1735º se o regime de bens imposto ou adotado pelos
esposados for o da separaçao, cada um deles conserva o domínio e fruiçao
de todos os seus bens presentes e futuros, podendo dispor deles
livremente.
O bem seria próprio de Filipa.
Comunhao de adquiridos
Segundo o Artigo 1724º, alínea b) fazem parte da comunhao os bens
adquiridos pelos conjuges na constancia do matrimónio, que nao sejam
excetuados por lei.
Neste caso, o bem nao tinha sido adquirido na constancia do matrimónio,
logo o bem era de Guilherme.
Separaçao de bens
Segundo o Artigo 1735º se o regime de bens imposto ou adotado pelos
esposados for o da separaçao, cada um deles conserva o domínio e fruiçao
de todos os seus bens presentes e futuros, podendo dispor deles
livremente.
O bem é de Guilherme.
Comunhao de adquiridos
Segundo o Artigo 1724º, alínea b) fazem parte da comunhao os bens
adquiridos pelos conjuges na constancia do matrimónio, que nao sejam
excetuados por lei.
Por força do Artigo 1699º, o Artigo 1733º é extensivel a comunhao de
adquiridos loog o bem é próprio de Filipa.
NOTA: Na comunhao de geral é uma comunhao que abrange maior numero de graus, tanto que
os bens doados só vao ser considerados próprios em situaçoes excecionais. Se ainda assim na
comunhao geral se entende que estes bens sao próprios entao é porque eles estao tao afetos a
pessoa e por isso temos que extende-los a comunhao de adquiridos que até tem menos bens
comuns. E portanto, aplicamos este Artigo 1733 ao regime de comunhao de adquiridos por via
do Artigo 1699/d e de um argumento de maioria de razao.
Separaçao de bens
Segundo o Artigo 1735º se o regime de bens imposto ou adotado pelos
esposados for o da separaçao, cada um deles conserva o domínio e fruiçao
de todos os seus bens presentes e futuros, podendo dispor deles
livremente.
Logo, de Filipa
Comunhao de adquiridos
Segundo o Artigo 1722º, nº1 alínea c) sao considerados bens próprios dos
conjuges, os bens adquiridos na constancia do matrimónio por virtude de
direito próprio.
Segundo o Artigo 1722º, nº2 alínea d) consideram-se adquiridos por
virtude de direito próprio anterior, os bens adquiridos no exercício de
direito de preferencia fundado em situaçao já existente à dta do casamento.
Logo, os bens sao de Guilherme.
Separaçao de bens
Segundo o Artigo 1735º se o regime de bens imposto ou adotado pelos
esposados for o da separaçao, cada um deles conserva o domínio e fruiçao
de todos os seus bens presentes e futuros, podendo dispor deles
livremente.
LOGO, os bens sao de Guilherme.
Trocador de marfim que Filipa herdou de sua mae, que temendo que os namorados
da filha dela se aproveitassem, deixou em testamento que o bem apenas à filha
pertencia
Comunhao de adquiridos
Segundo o Artigo 1724º, alínea b) fazem parte da comunhao os bens
adquiridos pelos conjuges na constancia do matrimónio, que nao sejam
excetuados por lei.
Segundo o Artigo 1722º, nº1 alínea b) sao considerados próprios dos
conjuges os bens que lhe advierem depois do casameneto por sucessao ou
doaçao.
Logo, este bem pertenceria apenas a Filipa.
Separaçao de bens
Segundo o Artigo 1735º se o regime de bens imposto ou adotado pelos
esposados for o da separaçao, cada um deles conserva o domínio e fruiçao
de todos os seus bens presentes e futuros, podendo dispor deles
livremente.
LOGO, é de Filipa.
Comunhao de adquiridos
Segundo o Artigo 1724º, alínea b) fazem parte da comunhao os bens
adquiridos pelos conjuges na constancia do matrimónio, que nao sejam
excetuados por lei.
Neste caso, também aplicaráriamos o Artigo 1733º a luz do tal argumento
de maioria de razao e a luz do Artigo 1699/d.
Logo, o bem é de Filipa.
Separaçao de bens
Segundo o Artigo 1735º se o regime de bens imposto ou adotado pelos
esposados for o da separaçao, cada um deles conserva o domínio e fruiçao
de todos os seus bens presentes e futuros, podendo dispor deles
livremente.
LOGO, é de Filipa.
Edifício comprado por Guilherme e Filipa, na maior parte com o dinheiro de uma
indemnizaçao recebida por Filipa, como se fez constar da escritura pública de
aquisiçao
Separaçao de bens
Segundo o Artigo 1735º se o regime de bens imposto ou adotado pelos
esposados for o da separaçao, cada um deles conserva o domínio e fruiçao
de todos os seus bens presentes e futuros, podendo dispor deles
livremente.
LOGO, este bem é adquirido em compropriedade.
Patusco, o golden retriever que Guilherme recebera como prenda pelo 100% que
obtiver no exame de Matemática do 9º ano
Comunhao de adquiridos
Segundo o Artigo 1722º, nº1 alínea a) sao considerados próprios do
conjuges, os bens que cada um deles tiver ao tempo da celebraçao do
casamento.
LOGO, o animal é de Guilherme.
Separaçao de bens
2. Daniel e Eduarda casaram em 2002 e em 2003 acordaram em mudar-se para uma moradia
em Cascais. Afere a titularidade da moradia definida como casa de morada de família tendo
presente as hipóteses abaixo descritas:
a. A moradia pertencia aos pais de Daniel que decidiram oferecê-la a Daniel, após a
celebração do casamento, sem quaisquer formalidades adicionais.
Uma vez que nada é dito relativamente ao regime de bens convencionado, aplica-se o
regime supletivo. Segundo o Artigo 1717º , na falta de convençao antenupcial, ou no caso de
caducidade, invalidade ou indeficácia da convençao, o casamento considera-se celebrado sob o
regime da comunhao de adquiridos.
Segundo o Artigo 1724º, alínea b) fazem parte da comunhao os bens adquiridos pelos
conjuges na constancia do matrimónio, que nao sejam excetuados por lei. Segundo o Artigo
1722º, nº1 alíbea b) sao considerados próprios dos conjuges os bens que lhes advierem depois do
casmanto por sucessao ou doaçao.
Neste caso os pais ofereceram o bem a Daniela. Logo, por força desse mesmo Artigo 1722º o
bem pertenceria apenas a Daniela.
Segundo o Artigo 947º, nº1 sem prejuízo do disposto em lei especial, a doaçao de coisas
imóveis só é válida se for celebrada por escritura pública ou por documento particular
autenticado. Se neste caso nao se verificou nenhuma formalidade, entoa essa doaçao seria
inválida.
b. A moradia foi herdada por Eduarda uns meses depois de casar.;
Segundo o Artigo 1724º, alínea b) fazem parte da comunhao os bens adquiridos pelos
conjuges na constancia do matrimónio, que nao sejam excetuados por lei. Segundo o Artigo
1722º, nº1 alíbea b) sao considerados próprios dos conjuges os bens que lhes advierem depois do
casmanto por sucessao ou doaçao.
Estariamos perante bens próprios.
c. A moradia foi comprada por Eduarda após a celebração do casamento com o valor da
venda de um apartamento que havia comprado após a faculdade, uns anos antes de
conhecer Daniel (vide AUJ nº12/15 e Acórdão do STJ de 13 de Julho de 2000,
Processo nº 104/06-9TVPTR.P1.S1);
Segundo o Artigo 1724º, alínea b) fazem parte da comunhao os bens adquiridos pelos
conjuges na constancia do matrimónio, que nao sejam excetuados por lei.
Porém, o apartamento era um bem próprio de Eduarda nos termos do Artigo 1722, nº1 alínea
a) em que se determina que sao considerados próprios dos conjuges os bens que cada um deles
tiver ao tempo da celebraçao do casamento. E segundo o Artigo 1723º, alínea c) conservam a
qualidade de bens próprios os bens adquiridos ou as benfeitoriais feitas com dinheiro ou valores
própios de um dos conjuges, desde que a proveniencia do dinheiro ou valores seja devidamente
mencionada no documento de aquiisçao, ou em docuento equivalente com a intervençao de
ambos os conjuges.
É particularmente polémica a consequencia da falta de mençao documental da natureza
própria dos meios utilizados na aquisiçao de outros bens:
Um setor sustenta que os bens adquiridos com dinheiro ou valores próprios seriam
entao comuns, nos termos do Artigo 1724º, alínea b) cabendo ou nao ao conjuge
adquirente um crédito compensante sobre o património comum
f. A moradia era arrendada por Daniel e foi comprada e paga por este e por Eduarda
após o casamento (vide Acórdão de 3 de Julho de 2014, Processo nº
20580/11.4T2SNT.L1.S).
O primiero ponto a ter em comparaçao é de que os arrendatários tem um direito de
preferencia na compra e por isso em princípio aplicaríamso o Artigo 1722/1/c e Art 1722/2/d.
Tem se entendido que nao se exerça formalmente a preferencia, basta que ele tenha o direito a
preferencia sobre aquele negócio, porque muitas pessoas exercem a preferencia. Ou seja, nao é
por ele nao ter exercido que nao estamos perante um direito próprio.
PORÉM, o imóvel foi comprado e pago por ambos os conjuges nao se deverá aplicar o
Artigo 1722/d porque nao é o direito de preferencia que vai fundamentar a aquisiçao. A
aquisiçao é fundamentada por um esforço de ambos. E portanto nao tem que ser um exercício
formal da preferencia. E depois vem dizer que embora em princípio aplicassemos o Artigo
1722/d o bem nao deve ser considerado próprio se foi pago por ambos porque é uma aquisiçao
em que ambos participaram voluntariamente, e ambos assumiram a responsabilidade
relativamente ao pagamento do imóvel.
Aquilo que o Acórdao diz: embora houvesse um direito de preferencia, como houve um
esforço por ambos e o contrato ter sido celebrado por ambos nao vamos aplicar o Artigo
1722/2/d mas sim a regra geral da comunhao nos termos do Artigo 1724º do CC.
O Artigo 1720º, n1º alínea a) preve que o considera-se contraído sob o regime de separaçao
de bens, o casamento celebrado sem precedencia do processo preliminar de casamento. Ora,
sendo o casamento celebrado um casamento urgente, nao ocorreu no mesmo o processo
preliminar. Logo, o regime de bens aplicável seria o de separaçao de bens.
Segundo o Artigo 1735º se o regime de bens imposto por lei ou adotado pelos esposados for
o da separaçao, cada um deles conserva o domínio e fruiçao de todos os seus bens presentes e
futuros, podendo dispor deles livremente.
Cabe determinar se perante o regime que vigora entre as partes, o Gonçalo poderia proceder a
doaçao da sua quinta a Felícia, sendo que segundo o Artigo 940º, nº1 se determina que doaçao é
o contrato pelo qual uma pessoa, por espírito de liberalidade e à custa do seu património, dispoe
gratuitamente de uma coisa ou de um direito, ou assume uma obrigaçao, em benefício do outro
contraente.O Artigo 1761º determina que as doaçoes entre casados regem-se pelas disposiçoes
desta secçao e, subsidiariamente pelas regras dos Artigo 940º a Art 979º.
Segundo o Artigo 1762º é nula a doaçao entre casados, se vigorar imperativamente entre os
conjuges o regime da separaçao de bens.
Qual a razao de ser? Quer evitar-se que por via da doaçao se alcance aquilo que se procurou
proibir ao instituir um regime imperativo de separaçao de bens. Se os conjuges tivessem casado
em comunhao de adquiridos ou comunhao geral ou separaçao de bens por opçao entao o
legislador já nao teria estipulado a mesma soluçao.
1. A sua resposta alterar-se-ia se Felícia e Gonçalo tivessem casado segundo a tramitação
normal do casamento?
Nao, porque Gonçalo tinha mais do que 60 anos. Sendo que segundo o Artig 1720º, nº1
alínea b) o casamento celebrado por quem tenha completado sessenta anos de idade é contraído
sob o regime de separaçao de bens.
Segundo o Artigo 1762º é nula a doaçao entre casados, se vigorar imperativamente entre os
conjuges o regime da separaçao de bens.
Porém, sendo uma doaçao de coisa imóvel devia realizar-se por escritua pública ou documento
particular autenticado nos termos do Artigo 947º, nº1. E segundo o Artigo 1764º, nº1 só podem
ser doados bens próprios do doador. Neste caso vigoraria o regime supletivo do Artigo 1717º. E
precisariamos de determinar se o bem é próprio e segundo o Artigo 1721º e seguintes. Nos
termos do Artigo 1722/1/a o bem é próprio do Gonçalo e portanto a doaçao é válida. Sendo que
segundo o nº2 desse mesmo Artigo, os bens doados nao se comunicam seja qual for o regime. E
portanto o bem será da titularidade de Felícia.
Caso Prático 13 - Administração e Disposição de Bens
Henrique e Inês namoram há já vários anos, tendo-se conhecido numa ida ao supermercado,
na zona da padaria, onde se aperceberam que ambos gostavam de pão de Rio Maior, sítio
onde ambos haviam crescido. Foi precisamente em Rio Maior, na casa de família de Inês, que
Henrique pediu Inês em casamento. O casal pretende agora casar e dirigiu-se ao cartório
notarial para celebrar uma convenção antenupcial. Imagine agora que:
1. Henrique e Inês pretendem fazer constar da convenção antenupcial a seguinte
cláusula: “Cada um dos cônjuges tem a administração dos bens próprios do outro
cônjuge e apenas Henrique tem a administração dos bens comuns”.
O Artigo 1678º fixa os poderes de administraçao dos bens do casal que cabem a cada um dos
conjuges.
Por força do Artigo 1699º, nº1 alínea c), a alteraçao das regras sobre a adminsitraçao dos
bens do casal nao pode ser objeto de convençao antenupcial, elemento que leva alguma doutrina,
nomeadamente o Professor GOM a concluir pelo caráter imperativo do Artigo 1678º.
Nao obstante isto, o próprio Artigo 1678º, alínea g) do nº2 , admite que um dos conjuges
administre os bens próprios do outro conjuge, se este lhe conferir por mandato esse poder,
estatuiçao que, portanto, confere às partes um meio de afastarem a regra geral de administraçao
dos bens próprios. Este preceito tem afinal um sentido mais amplo, concedendo aos conjuges a
faculdade de estipularem por mandato revogável uma qualquer regra de administraçao, ainda
que diversa da que resultaria de todo o restante Artigo 1678º.
Consequentemente, é preferível segundo o Professor JDP falar de um mandato livremente
revogável. O que o legislador quis proibir com o Art 1699/1/c foi somente uma alteraçao
irrevogável das regras da administraçao prevista no Artigo 1678º dado as estipulaçoes em
convençao antenupcial estarem subordinadas ao princípio da imutabilidade.
NOTA: o Artigo 1678º prescreve a regra para a administraçao dos bens próprios e cada um dos
conjuges tem a administraçao dos bens próprios. Ou seja, o que eles queria era uma
administraçao cruzada e isso contende com o que diz o Artigo 1678º. E o Artigo 1699/1/c vem
dizer que nao é possível alterar estas regras de administraçao e isto para garantir que o princípio
da igualdade é observado casuísticamente e nao é derrogado por vontade das partes, ou seja,
como durante muito tempo quem tinha administraçao era o marido, pretendeu-se evitar que fosse
só o conjuge marido a ter esta possibilidade de administraçao.
No Artigo 1678/3 temos a regra quanto a administraçao de bens comuns e ele distingue duas
situaçeos:
Administraçao ordinária: estes atos seguem uma regra de administraçao disjunta, ou seja
cada um dos conjuges tem a possibilidade de isoladamente administrar
Administraçao extraordinária: seguem uma regra de administraçao conjunta. Ou seja, tem
que have consentimento
Quando as partes querem conferir poderes apenas ao henrique estao a contender com os limites
do Artigo 1699/1/c e este Artigo apenas fala de regras quanto a administraçao, mas onde diz
administraçao, temos que ler também “disponibilizaçao e oneraçao”, porque do mesmo modo
que se veda a alteraçao das regras de administraçao, se deve impedir a alteraçao das regras
relativas a oneraçao, disposiçao ou responsabilidade.
Por fim, deveríamos aplicar o Artigo 1699/1/c. Mas a posiçao adotada por certos autores é de que
pode fazer-se constar da convençao antenupcial as regras da administraçao, mas tal vai ser
entendido como um mandato livremente revogável e aí estaríamos no ambito do Artigo
1678º/2/g. Mas esta interpretaçao contende com um princípio básico das convençoes
antenupciais que é o da imutabilidade e aí os próprios terceiros nao teriam como conhecer as
regras. E esta visao é de aproveitamento da cláusula, ou seja: as partes poe aquela cláusula e
segundo uma certa posiçao essa cláusula será inválida (a cláusula e nao toda a convençao) e
outros entendem que podemos aproveitar essa cláusula como mandato livremente revogável.
2. Henrique e Inês casaram em comunhão de adquiridos e querem agora saber quem tem
legitimidade para:
NOTA: O Artigo 1678º tem duas regras:
1- Relativamente aos bens próprios cada um administra o seu bem e pratica os atos que bem
entender: atos de administraçao odinária e extraordinária
2- Só no casos de bens comuns é que é relevante a distinçao
iii. Chamar um canalizador para vir arranjar o lava-loiças da moradia adquirida por
ambos na constância do matrimónio.
Segundo o Artigo 1724º alínea b) fazem parte da comunhao os bens adquiridos pelos
conjuges na constancia do matrimónio que nao sejam excetuados por lei. Logo, essa moradia é
um bem comum do casal.
Segundo o Artigo 1678º, nº3 ora dos casos previstos no número anterior, cada um dos
conjuges tem legitimidade paara a prática de atos de administraçao ordinária relativamente aos
bens comuns do casal; os restantes atos de administraçao só podem ser praticados com o
consentimento de ambos os conjuges.
A administraçao ordinária corresponde à gestao normal. Sendo atos de administraçao
ordinária, desde logo aqueles que naao implicando a alteraçao da substancia da coisa, se
destinam à sua frutificaçao ou conservaçao. Que em regra é o que está em causa quando se
chama o canalizador.
3. Joana e Leonardo casaram em comunhão geral de bens e pretendem saber quem tem
legitimidade para:
i. Mandar polir a moldura de prata oferecida a Joana pela mãe, que havia
explicitado em documento escrito (do qual constava a oferta) que Leonardo nunca
teria poderes sobre tal moldura.
Segundo o Artigo 1732º se o reegime de bens adotado pelos conjuges for o da comunhao
geral, o património é constituído por todos os bens presentes e futuros dos conjuges, que nao
sejam excetuados por lei.
Segundo o Artigo 1733º, nº1 alínea a) sao excetuados da comunhao os bens doados ou
deixados, ainda que por conta da legítima com cláusula de incomunicabilidade (aqui nao
tinhamos incomicabilidade, mas sim exclusao de poderes). E por isso nao aplicaríamos o Artigo
1733º. E nos terms do Artigo 1732º entenderíamos que se trataria de um bem comum. E em
princípio estaria sujeita as regras do Artigo 1678º, nº3. No entanto, o Artigo 1678/2, alínea d)
preve os casos em que o bem foi deixado a um dos conjuges com exclusao de poderes de outro
conjuge.
ii. Aplicar os 1.000€ recebidos por Joana a título de indemnização por danos morais
em fundos de investimento
Segundo o Artigo 1733º, alínea d) sao excetuados da comunhao as indemnizaçoes devidas
por factos verificados contra a pessoa de cada um dos conjuges ou contra os seus bens próprios.
Por força do Artigo 1678º, nº1 cada um dos conjuges tem a administraçao dos seus próprios
bens.
Logo é Joana que tem legitimidade para administrar tal bem.
Rui e Rosa casaram, um com o outro, sem convenção antenupcial, em janeiro de 1993. Rosa,
arquiteta de profissão, montou o seu atelier no logradouro anexo à casa de morada de família,
sita na pacata localidade de Santa Luzia, trabalhando, praticamente, a partir de casa.
Bem cedo, Rui pretendia ter um negócio próprio, que lhe permitisse ter a sua independência
financeira, não estando vinculado a qualquer poder de direção por parte de uma entidade
empregadora.
Assim, visando conjugar a sua paixão por desporto e a ambição de ser um «empresário de
sucesso», em meados de maio de 2000, celebrou com a empresa VIMARANENSE XXI, Lda.,
um contrato de arrendamento por um período inicial de 5 anos, com vista à exploração de
duas lojas, no centro da cidade de Guimarães, destinadas ao lançamento do seu negócio de
comércio de artigos de desporto. Ficou estipulado que a loja A teria uma renda mensal de
400,00 EUR e a loja B, com mais 100 m2 que a primeira, seria arrendada mediante o
pagamento de uma renda mensal de 500,00 EUR.
Fortemente impulsionado pela euforia generalizada que se sentia em virtude das conquistas
de ouro da selecção portuguesa, o negócio de Rui corria «de vento em popa», tendo permitido
auferir generosas receitas por vários anos.
Todavia, com o advento da pandemia COVID-19 o negócio de Rui, que não havia ainda sido
transposto para as redes sociais, sofreu um forte abalo, não obstante os apoios concedidos
pelo Governo para fazer face às dificuldades de tesouraria. Por inerência, desde maio de 2020
que não mais conseguiu liquidar quaisquer das rendas a que se encontrava obrigado
contratualmente, assim como outros fornecedores, cujas faturas se encontravam já vencidas
há largos meses, sem perspetivas de melhoria.
Após várias interpelações para pagamento, Pedro Alves, sócio-gerente da VIMARANENSE
XXI, Lda. interpôs uma ação judicial destinada a obter a resolução do contrato de
arrendamento, com fundamento na falta de pagamento das rendas devidas desde maio de
2020, pedindo, ainda, que quer Rui quer Rosa, casados entre si fossem solidariamente
condenados a pagar as rendas vencidas e vincendas até entrega efetiva dos locais arrendados.
i. Na qualidade de Advogado de Rosa, pronuncie-se acerca dos mecanismos de que
Rosa dispõe para não ser responsabilizada por esta dívida.
Neste caso foi celebrado um casamento, entre Rui e Rosa, vigorando o regime da Comunhão
de Adquiridos, regime de bens supletivo nos termos do artigo 1717º, uma vez que os cônjuges
não estipularam o regime de bens em sede de convenção antenupcial.
Neste caso, estamos perante dívidas que foram contraídas apenas por Rui. Segundo o Artigo
1690º, nº1 qualquer dos conjuges tem legitimidade para contraír dívidas sem o consentimento do
outro. Segundo o nº2 para a determinaçao da responsabilidade dos conjuges, as dividas por eles
contraídas tem a data do facto que lhes deu origem.
O Artigo 1691º, nº1 alínea a) sao da responsabilidade de ambos os conjuges, as dívidas
contraídas, antes ou depois da celebraçao do casamento, pelos dois conjuges, ou por um deles
com o consentimento do outro. No fundo este Artigo reproduz o princípio geral de Direito das
Obrigaçoes segundo o qual só responde pela dívida quem a contraiu.
O Artigo 1691º, nº1 alínea d) sao da responsabilidade de ambos os conjuges as dívidas
contraídas por qualquer dos conjuges no exercício do comércio salvo se se provar que nao foram
contraídas em proveito comum do casal, ou se vigorar entre os conjuges o regime de separaçao
de bens. A maioria da doutrina defende que o regime do Artigo 1691º, nº1 alínea d) só se aplica
às dívidas comerciais integradas no exercício habitual do comércio do conjuge comerciante. O
Artigo 15º do Código Comercial dispoe que “As dívidas comerciais do conjuge comerciante
presumem-se contraídas no exercício do seu comércio”.
O que Rosa poderia fazer para afastar a comunicabilidade da dívida e como tal a sua
responsabilidade era demonstrar que a dívida nao foi contraída no exercício do comércio do
devedor, ao contrário do que indica a presunçao do Artigo 15º do Código Comercial. E
demonstrando que aquela dívida nao era contraída em proveito comum do casal. Para provar
a inexistencia de proveito comum era necessário provar que com a sua atividade Rui nao tinha
como objetivo potenciar a obtençao de rendimentos para o casal, através da exploraçao do seu
negócio.
Se Rosa nao conseguisse fazer tal prova, e nao havendo convençao antenupcial o que significa
que o regime de bens nao era o da separaçao de bens, entao Rosa também teria que responder
pela dívida. Sem prejuízo de recorrer à compensaçao prevista no Artigo 1697º, nº1 se pela
dívidas da responsabilidade de ambos os conjuges tenham respondido bens de um só deles, entao
este torna-se credor do outro pelo qe haja satisfeito além do que lhe competia satisfazer.
Nota: conjugar as normas do artigo 1691º que nos falam dividas comunicáveis e das regras do
Código comercial e isto porque o 1691/d trata de casos de dívidas contraídas no exercício do
comercio mas para concluirmos isto temos que fazer todo um exercício prévio. E por isso temos
que começar por ver se o conjuge é comerciante e fazemos isto atendendo ao Art 13º do Codigo
Comercial que diz que é comerciante. O que sucede é que se entendemos que ele é comerciante,
entao ele vai estar sujeito à regra do ART 15º que determina que as dívidas contraídas por
comerciante essas dívidas presumem-se de dívidas de comércia. E portanto as dívidas
presumem-se comerciaias e como tal presume-se a aplicaçao do Art 1691/d. Mas o Ar 1691/d
ainda fala da presunçao de proveito comum. Este proveito comum nao tem que se provar porque
vigora a presunçao do Art 1691 e além desta presunçao de proveito comum temos presunçao de
que a dívida é comercial. E portanto, o casal onde um dos conjuges é comerciante vem a sua
posiçao bastante debilitada porque vai ter que se provar que aquela dívida nao é comercial. O
que podem fazer para que esta alinea nao seja aplicável?
Afastarem a presunçao do Art 15º
Neste caso era muito dificil porque
Ou que nao foi feita no proveito comum
Muito dificilmente porque ele adquiriu antes do Covid
Logo, nao podemos afastar o Art 1691º/D e a dívida é comunicável.E os bens que vao responder
sao os bens comuns do casal e eles tem bens em comum (Art 1695º). E se nao forem suficientes
entao vao também responder os bens próprios em regime de solidariedade.
iii. Imagine, agora, que Rosa, visando surpreender o marido, bastante cabisbaixo por
força do impacto que a pandemia estava a ter no seu negócio, lançou mão do
cartão de crédito de ambos para adquirir um pacote de viagens para os Açores,
pequeno paraíso português cujas medidas de contingência perante os turistas são
francamente mais facilitadas. Refira quem é responsável pelo pagamento desta
dívida e que património é onerado com vista à satisfação da mesma.
Segundo o Artigo 1691º, nº1 alínea c) sao da responsabilidade de ambos os conjuges as dívidas
contraídas na constancia do matrimónio pelo conjuge administrador em proveito comum do casal e nos
limites dos seus poderes de administraçao. Sendo que se entende que uma vez celebrado o contrato com o
banco, ambos os conjuges sao livres de movimentar a conta, é o que decorre do Artigo 1680 que deve ser
interpretado extensivamente e que determina que qualquer que seja o regime de bens e pode livremente
movimenta-los
Sendo a dívida da responsabilidade de ambos os conjues, o Artigo 1695º, nº1 respondem os bens
comuns do casal e, na falta ou insficiencia deles, solidariamente, os bens próprios de qualquer dos
conjuges.
Nota: só podemos aplicar o 1691/1/c precisamos de verificar se agiu dentro dos seus poderes de
administraçao (neste caso aplicavamos o Art 1680º alvo de uma interpretaçao extensiva) e em
proveito comum do casal. E aqui, por força do Art 1680º parece que Rosa agiu dentro do seus
poderes de administraçao. E para além disso é necessário entender se há proveito comum do
casal.
Como aferimos o proveito comum?
1. Em primeiro lugar ver se aquela pessoa quis satisfazer também o outro conjuge
(aferiçao subjetiva).
Em termos subjetivos nao há dúvidas de que ela queria beneficiar o Rui.
2. Olhando ao homem médio e verificando se aquela dívida é suscetível de satisfazer o
conjuge.
Em termos de homem médio também é plausível que tal divida fosse contraída
para o proveito comum do casal.
E tinhamos que demonstrar o proveito comum porque com exceçao do caso da
alinea b) em que a lei determina que o proveito comum se presume entao
teríamos que demonstrar.
Logo a dívida era comum e aplicavamos o Art 1695º
iv. Suponha que, numa das aventuras exploratórias da «Chef Rosa», como é
carinhosamente tratada pela família e amigos, deflagrou um pequeno incêndio na
copa, tendo originado alguns danos, nomeadamente, nos cortinados e telas
pintadas à mão por Rosa. Rui que sempre pensara que aquele espaço se encontrava
subaproveitado, aproveitou a oportunidade para redecorar aquela pequena divisão,
tendo lá montado um pequeno bar, para servir os seus intentos de barman.
Pronuncie-se quanto ao regime de responsabilidade por dívidas a aplicar;
Segundo o Artigo 1717º na falta de convençao antenupcial, ou no caso de caducidade,
invalidade ou ineficácia da convençao, o casamento consiidera-se ceebrado sob o regime de
comunhao de adquiridos
Segundo o Artigo 1724º, alínea b) fazem parte da comunhao do casal os bens adquiridos
pelos conjuges na constancia do matrimónio que nao sejam excetuados por lei. Assim sendo, a
casa era um bem comum do casal.
O Artigo 1678º, nº3 preve que fora dos casos previstos no número anterior, cada um dos
conjuges tem legitimdiade para a prática de atos de administraçao ordinária relativamente aos
bens comuns do casal. Sendo que os restantes atos de administraçao só podem ser praticados
com o consentimento de ambos os conjuges. Neste caso, o problema passava justamente por
determinar se o ato praticado por Rui era um ato de administraçao ordinária ou extraordinária.
Há inumera jurisprudencia que versa sobre o problema da distinçao entre atos de
adminsitraçao ordinária e atos de administraçao extraordinária. O que se entende é que os de
administraçao ordinária sao os atos corriqueiros, onde nao é necessário ir as poupanças do casal,
nao envolvem um esforço patrimonial muito grande. O Professor AV vem chamar a colaçao o
conceito de benfeitorias necessárias e vem dizer que sempre que estejamos perante benfeitorias
necessárias entao, estamos perante atos de administraçao ordinária. Segundo o Artigo 216º, nº3
as benfeitorias necessárias sao as que tem por fim evitar a perda, destruiçao ou deterioraçao da
coisa; úteis as que, nao sendo indispensáveis para a sua conservaçao lhe aumentam, todavia, o
valor; voluptuárias as que, nao sendo indispensávies para a sua conservaçao nem lhe aumentando
o valor, servem apenas para recreio do benfeitorizante. ORA, neste caso, estavamos perante
benfeitorias voluptuárias porque elas nao eram indispensáveis para a conservaçao e serviam
apenas para recreito do benfeitorizante. Correspondendo esta alteraçao a um benfeitoria
voluptuária, e seguindo o critério do professor AV, entao estavamos perante um ato de
administraçao extraordinária que carecia do consentimento de ambos os conjuges.
Ora, Rui atuando sem o consentimento de Rosa, com a sua conduta nao parece caber
dentro do Artigo 1691º, nº1 alínea c) que determina que sao da responsabilidade de ambos os
conjuges as dívidas contraídas na constancia do matrimónio pelo conjuge administrador, em
proveito comum do casal e nos limites dos seus poderes de administraçao.
Assim sendo, a dívida é incomunicável, sendo que o Artigo 1692º, alíne a) determina que
sao de exclusiva responsabilidade do conjuge a que respeita as dívidas contraídas, antes ou
depois da celebraçao do casamento, por cada um dos conjuges sem o consentimento do outro,
fora dos casos indicados nas alínea b) e c) do nº1 do artigo anterior. O Artigo 1696º, nº1 preve
que pelas dívidas da exclusiva responsabilidade de um dos conjuges respondem os bens próprios
do conjuge devedor e, subsidiariamente, a sua meaçao nos bens comuns.
Porém, segundo o Artigo 1696/2 também podem responder ao mesmo tempo que os bens
próprios do conjuge devedor, bens comuns. Sendo que o Artigo 1697º, nº1 preve que quando por
dívidas da responsabilidade de ambos os conjuges tenham respondido bens de um só deles, este
torna-se credor do outro pelo que haja satisfeito além do que lhe comeptia satisfazer; mas este
crédito só é exigível no momento da partilha dos bens do casal, a nao ser que vigore o regime da
separaçao.
NOTAS:
1) Comunhao de adquiridos por força do Art 1717º
2) Uma vez que é da comunhao de adquiridos entao aquele imóvel é um bem comum do
casal entao aquela alteraçao do bar só é admitida se for um ato de administraçao
ordinária porque se nao o fosse entao o 1678 manda haver consentimento de ambos.
3) Neste caso temos despesa feita para alteraçao daquele imóvel e como tal baseando o
critério da administraçao ordinária e extraordinária no conceito das benfeitorias
necessárias entao parece que estamos perante um ato de administraçao extraordinária.
4) Atuando Rui sem o consentimento nao parece que possamos aplicar o Artigo 1691/c que
exige que o conjuge atue dentro dos poderes de administraçao, coisa que nao parece
acontecer.
5) Sendo a dívida incomunicável, quais os bens que respondem? Artigo 1696º
Começam por responder os bens próprios
E só depois os bens comuns. MAS atençao ao Art 1696/2 os bens comuuns
também podem ser chamados a responder ao mesmo tempo que os bens próprios.
Agora, sempre que os bens comuns respondem por dívidas incomunicáveis, pode
haver compensaçao nos termos do Art 1697
NOTAS:
Relativamente ao Artigo 1691º, alínea b) temos que entender o que sao engargos
familiares. Ora, sao encargos da vida familiar, nomeadamente as despesas com agua, gas, luz.
Mas aqui também se podem equacionar despesas extraordinárias feitas relativamente a
contribuiçao para a vida familiar. E outras despesas e dívidas que venham acautelar a vida da
família podem ser englobadas no Art 1691/b. E por isso embora seja um valor avultado e que
nao é pago de forma periódica, porque ele pagou 25 mil euros de uma só vez, este montante era
necessário para acorrer aos encargos da vida familiar. Se considerassemos que se aplicava o Art
1691/b também teriams que aplicar o Art 1695º uma vez que a dívida é comunicável.
NOTA:
Imaginem que a família comprava um automóvel para garantir que havia um automóvel pra
levar os filhos a escola e fazeer os caminhos casa-trabalho, essa despesa também é extraordinária
mas pode ser enquadrada no Art 1691/b. Houve apesar de tudo um acórdao que entendia que nao
era um encargo da vida familiar normal, mas ela acha que esse acordao desligou-se da nossa
realidade. O mesmo por exemplo quanto a compra de uma maquinta de lavar roupa que apesar
de ser uma despesa avultaa também é necessaria para os encargos da vida familiar
vi. Por fim, suponha que Rosa era também conhecida pelo seu «pé pesado», sendo
frequentes as circunstâncias em que «por um triz» não era interceptada pelos
radares que se encontram instalados nas diversas autoestradas do Norte. Porém, a
partir de meados de fevereiro de 2020 começou a ser bombardeada com
notificações da ANSR, com dezenas de multas por excesso de velocidade (por sorte,
apenas qualificadas como contra-ordenações leves, que não conduzem à perda de
pontos), que ascendem a centenas de euros. Considere que as multas foram
liquidadas com recurso a poupanças de Rui, amealhadas pelos trabalhos realizados
durante os tempos de faculdade na apresentação da sua resposta (vide Ac. TRC de
07/10/2014, Processo n.º 741/13.2TBLRA.C1
A dívida contraída por Rosa não responsabiliza ambos os cônjuges, não correspondendo a
nenhuma das situações enunciadas no artigo 1691º nº1 e nº2. Nos termos do artigo 1692º alínea
b), são da exclusiva responsabilidade do cônjuge a que respeitam as dívidas provenientes de
crimes, bem como as multas devidas por factos imputáveis a cada um dos cônjuges, a não ser
que esses factos estejam abrangidos pelo disposto no artigo 1691º. Neste caso, as
contraordenações praticadas por Rosa determinam o pagamento de coimas, no valor de centenas
de euros, que não podem ser consideradas como contraídas para satisfazer os encargos normais
da vida familiar, nem em proveito comum do casal.
A dívida é da exclusiva responsabilidade de Rosa, segundo o artigo 1692º alínea a), por ter
sido contraída sem o consentimento do outro cônjuge, Rui. Nos termos do artigo 1696º nº1, neste
caso serão os bens próprios do cônjuge devedor a responder pela dívida, respondendo
subsidiariamente a sua meação nos bens comuns.
Considerando que a dívida foi paga com recurso a poupanças de Rui, amealhadas pelos
trabalhos realizados durante os tempos de faculdade, importa aferir a titularidade deste bem,
atendendo ao regime de bens sob o qual o casamento foi celebrado.
Neste caso, o casamento entre Rosa e Rui foi celebrado ao abrigo do regime supletivo, a
comunhão de adquiridos, nos termos do artigo 1717º do Código Civil, uma vez que os cônjuges
não estipularam o regime de bens em sede de convenção antenupcial.
Nos termos do artigo 1724º, fazem parte da comunhão o produto do trabalho dos cônjuges,
segundo a alínea a), e os bens adquiridos pelos cônjuges na constância do matrimónio, salvo as
exceções consagradas na lei, de acordo com alínea b).
Portanto, as poupanças de Rui, obtidas durante os tempos da faculdade, constituem um bem
próprio deste cônjuge, nos termos do artigo 1722º nº1 alínea a), uma vez que já integravam o seu
património antes da celebração do casamento.
Assim sendo, temos uma dívida própria de um dos cônjuges, Rosa, que foi paga com bens
próprios do outro cônjuge, Rui
O Artigo 1697º, nº1 preve que quando por dívidas a responsabilidade de ambos os conjuges
tenham respondido bens de um só deles, este torna-se credor do outro pelo que haja satisfeito
além do quue lhe competia satisfazer OU quando por dívidas da exclusiva responsabilidade de
um só dos conjuges tenham respondido bens comuns. Neste caso, nao estávamos no ambito de
aplicaçao do Artigo 1697º porque tinhamos uma dívida própria para o pagamento da qual foram
utilizados bens próprios do outro conjuge.
O que significa que temos uma situaçao de ESC, pois o Artigo 473º, nº1 preve que aquele
que, sem causa justificativa, enriquecer à custa de outrem é obrigado a restituir aquilo com que
injustificadamente se locupletou.
MAS, também podíamos equacionar se o divórcio era por mútuo consentimento que pode
ser tramitado na conservatória do registo civil. E em princípio esse divórcio é tramitado na
Conservatória do Registo Civil e isto resulta desde logo do Artigo 1773º. E na segunda parte
temos uma situaçao excecional relativamente ao divórcio por mútuo consentimento dizendo que
embora o divórcio seja tramitado na Conservatória, pode ser no tribunal quando nao se consiga
acordo sobre algum dos aspetos previstos no Artigo 1775º
O que sucede é que em algumas siutaçoes entende-se que a conservatória nao tem
competencia para decretar o divórcio porque faltam acordos relativamente a questoes que o
tribunal entende que nao sendo decididas por acordo nao podem ser decididas na conservatória.
E quais sao as situaçoes em que o processo nao vai ser tramitado na consevatória:
1) Conjuges nao apresentam algum dos acordos previstos no Artigo 1775º
2) Outra situaçao será quando um dos acordos nao será homologado.
3) Processo começa como divórcio sem mútuo consentimento, e a meio do processo
converte-se em divórcio por mútuo consentimento, mas o divórcio vai ser decretado pelo
Tribunal, nao fazendo sentido que regressasse a Conservatória.
Assim sendo, o divórcio determina a cessao dos efeitos pessoais e patrimoniais do
casamento e dá lugar a partilha.
Quanto à cessaçao dos efeitos pessoais e patrimoniais do casamento importa referir que:
Cessa a afinidade que ligava cada um dos conjuges aos parentes do outro por força do
Artigo 1585º a contrario
Cada conjuge perde todos os benefícios recebidos ou que haja de receber do outro
conjuge ou de terceiro, em vista do casamento ou em consideraçao do estado de casado
por força do Artigo 1791º, incluindo os correspondentes a disposiçoes testamentárias
feitas por um dos conjuges em benefício do outro (Art 2317º, alínea d)
O ex-conjuge perde o direito de suceder como herdeiro legal do outro por força do Artigo
2133º, nº3 e Artigo 2157º isto na sucessao legal. E perde o direito também na sucessao
testamentária.
Uma vez que Tamara e Vicente tinham dois filhos, ainda o alertaria para que com o
divórcio acresce uma subordinaçao a uma disciplina distinta das matérias do exercício
das responsabilidades parentais.
O Artigo 2009º, nº1 alínea a) determina que o ex conjuge que careça de alimentos
tem direito a obte-los do outro sendo que o Artiog 2006º, nº2 qualquer do
conjuges tem direito a alimentos, independentemente do tipo de divórcio, isto é
quer este seja por mútuo consentimento ou sem o consentimento de um dos
conjuges.
Art 2016º + 2016º-A
Quanto a Partilha dos Bens e quanto ao destino da casa de família. Segundo o Artigo
1689º, nº1 cesssando as relaçoes patrimoniais entre os conjuges, estes ou os seus herdeiros
recebem os seus bens próprios e a sua meaçao no património comum, conferido cada m deles o
que dever a este património. Segundo o Artigo 1790º nenhum dos conjuges pode na partilha
(familiar) receber mais do que receberia se o casamento tivesse sido celebrado segundo o regime
de comunhao de adquiridos (Art 1790º). Vicente e Tamara eram casados segundo o regime de
comunhao geral de bens.Segundo o Artigo 1732º se o regime de bens adotado pelos conjuges for
o da comunhao geral, o património comum é constituído por todos os bens presentes e futuros
dos conjuges, que nao sejam excetuados por lei.
Neste caso, todos os bens adquiridos eram bens comuns do casal. Porém, tendo em conta
o Artigo 1790º nenhum conjuge pode ficar numa situaçao melhor do que aquela em que estaria
se o casamento tivesse sido celebrado segundo o regime da comunhao geral de adquiridos e
segundo esse regime por força do Artigo 1722/, nº1 alínea a) a quinta que os pais deixaram a
Vicente e avaliada em 600000 euros corresponderia a um bem próprio de Vicente.
Ainda quanto ao Chale adquirido em agosto de 2020, depois de ter regressado em finais
de janeiro para portugal, chamaria a atençao para o seguinte: segundo o Artigo 1789º, nº1 os
efeitos do divorcio produzem-se a partir do transito em julgado da respetiva sentença, mas
retrotraem-se à data da proposiçao da açao quanto às relaçoes patrimoniais entre os conjuges.
ORA, no momento em que Vicente procede a compra ainda tnao tinha sido proposta a açao pelo
que o bem seria considerado comum no casal. PORÉM, o Artigo 1789º, nº2 preve que se a
separaçao dde facto entre os conjuges estiver provada no processo, qualqeur deles pode requerer
que os efeitos do divórcio retroajam à data que a sentença fixará, em que a separaçao tenha
começado. Sendo que segundo o Artigo 1782º, nº1 entende-se que há separaçao de facto quando
nao existe comunhao de vida entre os conjuges e há da parte de ambos, oou de um deles, o
propósito de nao a restabelecer.
Alertaria Vicente ainda quanto ao destino da casa de morada de família que tinha sido
fixada no apartamento que tinham comprado em Paris. Segundo o Artigo 1793º, nº1 pode o
tribunal dar de arrendamento a qualquer dos conjuges, a seu pedido, a casa de morada de família,
quer essa seja comum quer própria do outro, considerando, nomeadamente, as necessidades de
cada um dos conjuges e o interesse dos filhos do casal.
NOTAS:
1. Explicar o que é o divórcio
2. Explicar se o divórcio é sem ou com mútuo consentimento.
O divórico sem consentimento é tramitado em Tribunal e temos que ter algum dos
fundamentos do Artigo 1781º e neste caso o fundamento é a separaçao de facto e
por isso temos que explicar o que é Separaçao de Facto e demonstrar os seus
elementos. E ainda que nao houvesse separaçao de facto temos o Artigo 1781/d
que tem como que uma válvula de escape. EX: alguem que é vitima de violencia
doméstica e nao quer recorrer ao divórcio, a violencia doméstica naquele caso nao
será fundamento da rutura de vida.
1) Efeito relativamente a OA
Agora, um dos grandes efeitos do casamento é a possibilidade de serem atribuídos
rendimentos ao conjuge que nao tem possibilidade de subsistir e isto em virtude de uma
solidariedade pós-conjugal. E por isso o legislador previu que é possível haver obrigaçao de
alimentos. Os alimentos provisórios podem constar do acordo de divórcio por mútuo
consentimento e podem ser fixados livremente pelo juíz em qualquer fase do divórcio.
Reparemos também que isto quanto aos alimentos provisórios que temos que distinguir
relativamente aos alimentos definitivos.
Porque se equacionou a necessidade de alimentos provisórios? O Artigo 2007 fala de
alimentos provisórios e a justiça é lenta, os processos de divórcio sao lentos em que o litigio é tal
que se discutem coisas até ao milinimo e se os alimentos sao para acudir a susbistencia entao nao
se pode esperar que o Tribunal decida o que fazer a pessoa pode nao conseguir subsistir e por
isso vao ser atribuídos alimentos provisórios e que depois podem transformar-se em definitivos.
Estes alimentos nao podem ser penhorados nem pode haver compensaçao. Iimaginem
que o Tribunal condena o A a pagar alimentos a B, e imaginem que o B tem uma dívida ao A
podia haver uma situaçao de compensaçao. Mas, como a pensao é necessária para a
sobrevivencia, entao nao pode aqui haver uma compensaçao, nem pode haver renúnica ainda que
se trate de prestaçoes já vencidas.
É possível alterar o montante fixado de alimentos: pessoa recebia 3000 mil euros e tinha
que pagar 1000 euros de alimentos. ORA, se passasse a receber 1000 entao podia haver
alteraçao.
Normalmente se paga pensoes mensais, mas podem ser pagas numa única prestaçao. Em
termos de princípio nao é isso que se fará mas pode-se decretar este tipo de medidas.
Uma forma de garantia o cumprimento, há uma hipoteca legal em que se consagra uma
hipoteca legal que vem tutelar estes alimentos porque se os alimentos sao tao necessários entao é
necessário que o legilsldor garante que aquele credor da OA fique numa posiçao mais benefíca.
O Artigo 1768º determina que a separaçao só pode ser decretada em açao intentada por
um dos conjuges contra o outro. Sendo tres os pressupostos que se devem verificar:
1) É necessário que o conjuge esteja em perigo de perder o que for seu
O sentido do conceito de “perigo” nao será muito fácil de precisar em teoria. Mas
se alguma orientaçao prática dele se pode tirar é de que nao basta um ou outro
ato isolado de má administraçao. É sim exigida uma gestao sistematicamente
mal conduzida e que, com grande probabilidade, vá causar o prejuízo que se
receia.
Exigindo a lei, como exige, nao apenas um risco, mas o perigo de o conjuge
perder o que é seu, ela mostra bem que o juiz só deve decretar a separaçao em
casos em que a situaçao assuma alguma gravidade.
Neste caso, havia este perigo, pois tal como indica a hipótese, o poker era um hobby
habitual do Miguel que jogava todas as semanas e que muito se endividava, sendo que inclusive,
vários bens próprios de Miriam já tinham respondido por essas dívidas (pois estando perante um
casamento que segue o regime geral de adquiridos e estando em causa as poupanças de solteira e
heranças recebidas, por força do Artigo 1722º alínea a) e alínea b) trata-se de bens próprios de
Miriam).
Neste caso, por força da má administraçao do Miguel já tinha resultado um perigo para os
bens próprios de Miriam, e havia um constante risco de endividamente excessivo que poderia
comprometer diretamente o património comum que poderia vir a ter que responder pelas dívidas
contraídas pelo Miguel.
Este pressuposto da má administraçao na depende da culpa, estando preenchido sempre que
haja uma “conduta errada”, ou seja, sempre que o conjuge administrador se tenha desviado,
reiteradamente, daquilo que faria um administrador médio em identicas circunstancias.
Estando verificados os pressupostos, Miriam por força do Artigo 1769º teria legitimidade
paara a separaçao judicial de bens. Sendo que segundo o Artigo 1770º, nº1 após o transito em
julgado da sentença que decretar a separaçao judicial de bens, o regime matrimonial, sem
prejuízo do disposto em matéria de registo, passa a ser o da separaçao, proccedendo-se à partilha
do património ccomo como se o casamento tivesse sido dissolvido.
Caberia ainda alertar Miriam para o disposto no Artigo 1771º: a simples separaçao judicial de
bens é irrevogável.
NOTAS:
No fundo tinhamos que ver se se encontravam verificados os pressupostos para a
Separaçao de Bens. Temos um conjuge comerciante que pratica atos de comércio, ORA se ele
tem como profissao atos de comércio (compra para revenda) entao nos termos do Artigo 13º do
Código Comercial estamos perante um conjuge comerciante e o Artigo 15º presume que a dívida
seja contraída no exercício do comércio e por força do Artigo 1691/d vai se presumir que a
dívida nao é comunicável e para afastar o Artigo 1691/d deveríamos por exemplo demonstrar
que a dívida nao foi contraída no exercício do comércio e assim já nao se aplicaria a presunçoa.
E portanto Miriam tinha que demnstrar que a dívida nao foi contraída em exercício de comércio
OU entao afastando a presunçao de proveito comum.
Relativamente a figura de Separaçao de Bens, ela consta do Artigo 1767º e tem sempre
natureza judicial e isto já nao será verdade relativamente a separaçao de pessoas e bens. A
separaçao de bens é permitia por força do Artigo 1715º. Mas a separaçao judicial de bens tem
sempre caráter litigosa e isso decorre do Art 1768º. Agora, é necessário que:
1) Se coloque em perigo aquilo que é seu (bens comuns de que o outro conjuge tem
exclusiva administraçao e bens próprios).
Porque é que nao estao aqui abrangidos os atos de administraçao que nao
sejam de administraçao exclusiva? Porque nesses casos nao há uma má
administraçao.
Neste caso temos a administaçao de um bem comum exclusivamente por
Miguel.
ESC
Mas antes que tudo, ou seja, antes de recorrermos as Obrigaçoes naturais, tese da dissoluçao
de facto, ESC, o que se entende é que devemos recorrer a instituos gerias do CC.
Benfeitorias: que se entende é que se um dos conjuges realizou benfeitorias vamos
aplicar o regime das benfeitoria
Mútuo
Doaçoes
Anita é uma arquiteta de renome, tendo no seu portfólio vários edifícios modernos, de entre os
quais o MAAT. Após muitos anos de um casamento conflituoso e infeliz com Benjamim, em
2014, Anita abandona a casa em que viviam e divorcia-se. Uns anos mais tarde, em 2017,
Anita cruza-se com Caim, curador no MAAT, por quem se apaixona. Estando ambos
desgastados com as relações anteriores, o namoro apenas é assumido à família e aos amigos
de ambos um ano depois, em Janeiro de 2019, data em que Anita e Caim decidem mudar-se
para a moradia de dois andares completamente funcionais e, se necessário, autónomos,
arrendada por Caim, sita no Estoril.
Nesta moradia moravam, igualmente, Diego e Elisa, colegas de faculdade de Caim. Foi
precisamente na faculdade que Caim, Diego e Elisa se conheceram e decidiram ir viver
juntos, em 1998, já Diego e Elisa namoravam. Elisa é instrutora de fitness no Holmes Place,
onde recebe não apenas pelos serviços de Personal Trainer prestados, mas também pelas
aulas de yoga e pilates que dá. Diego é designer de moda e em 2008, com a crise financeira
mundial, viu-se desempregado e sem trabalho.
Desde cedo que Caim, Diego e Elisa acordaram criar uma conta comum para as despesas
gerais da casa e encargos com bens essenciais. As contribuições de cada uma iam variando
em função da situação profissional em que se encontravam, sem nunca haver problemas de
qualquer tipo, em razão da amizade e do espírito de entreajuda que os unia. Havia,
igualmente, entre eles um acordo tácito sobre como se repartiam as tarefas domésticas, cada
um deles organizando uma refeição ou dedicando-se aos cuidados com a roupa. Aos sábados
organizavam uma sessão de cinema ou uma sessão de jogos de tabuleiro, convidando outros
amigos.
A mudança de Anita para a casa que Caim arrendava pouco veio alterar à rotina dos três
amigos, sendo que Diego e Elisa a receberam de “braços abertos”, conscientes de que fora
preciso muito para que Caim se voltasse novamente a apaixonar após o degosto que havia
sofrido. Anita contribuia para as despesas com a água, luz e gás e com as despesas para a
alimentação e manutenção da casa, porém não se sentia à vontade com a proximidade ao
casal, entendendo que esta e Caim precisavam do seu espaço e das suas rotinas e não de
estarem constantemente acompanhados.
Com o aparecimento do COVID-19 em Portugal, o decretamento do confinamento obrigatório
e a obrigação de teletrabalho, em Março de 2020, a relação de Anita com Diego e Elisa torna-
se mais conflituosa, na medida em que a primeira entende ser totalmente desnecessária a
convivência constante e inexistência de independência e autonomia - financeira e não só - de
todos. Os eventos de sábado à tarde, agora proibidos por lei, deixam de servir de escape e
tornam-se momentos de grande tensão. A isto acresce o facto de Anita ver todos os seus
projetos parados e todos os seus potenciais rendimentos suspensos em virtude da paralisação
da atividade económica.
Imagine agora que:
1. Ao longo do primeiro confinamento, Anita foi aconselhada por uma amiga a dedicar-
se à jardinagem como modo de aliviar o stress associado à crise pandémica. Seguindo
o conselho da amiga, Anita decidiu remodelar e replantar o jardim da moradia que -
em razão da falta de cuidados - se encontrava decrépito. Para o efeito, Anita comprou
terra, adubo e materiais de jardinagem no valor de 1.000€, comprou diversas plantas
de exterior no valor de 3.000€ e comprou ainda um grande canteiro quadrangular e
várias sementes para nele criar uma pequena horta no valor total de 4.500€. No
decurso das plantações e escavações, Anita apercebe-se que um dos canos se
encontrava estragado e que Caim andava a pagar valores elevados de água em razão
da fuga, despendendo 950€ para a necessária substituição do dito cano. O seu trabalho
paisagista e hortícula valorizou a propriedade em 20.000€, mais do dobro do que havia
gasto.
Já no segundo confinamento, Anita conclui que a relação com Caim nunca resultaria
enquanto continuassem a habitar a mesma casa que Diego e Elisa. Uma vez que este
não estava disposto a repensar a situação de ambos, Anita entende que não pode
continuar com Caim e decide separar-se em Maio de 2021. Anita quer agora saber se
tem direito a ser ressarcida dos gastos acima descritos e das despesas gerais para as
quais tinha contribuído.
Segundo o Artigo 8º, nº1 alínea b) a UF dissolve-se por vontade de um dos seus membros. A
dissoluçao por rutura terá de ser judicialmente declarada quando se pretendam fazer valer
direitos que dependam daquela e tal declaraçao judicial deve ser proferida na açao em que os
direitos reclamados sao exercidos, ou em açao que siga o regime processual das açoes do Estado
nos termos do Artigo 8º, nº2 3 da LUF.
NOTA EXTRA:
No caso de trabalho doméstico, há um Acordao que permite equacionar o ESC porque extravassa
o limite daquilo que se entende por Onatural porque se o princípio que alicerça as obrigaçoees
naturais é um princípio de justiça, e se neste caso temos este trabalho doméstico que extravassa o
normal, podemos recorrer ao ESC.
2. Pouco após a separação de Anita e de Caim, tendo Anita regressado à casa dos pais,
Caim falece, vítima de um acidente mortal, a sete anos do contrato de arrendamento
caducar.
Neste caso, a casa era arrendada por Caim colocando-se o problema de saber se o direito de
arrendamento se transmite ou nao. Neste caso, cessa a UF e nao é neccessario nos termos do
Artio 8º a intervençao estaatal.
Segundo o Artigo 5º, nº10 em caso de morte do membro da UF arrendatário da casa de
morada da família, o membro sobrevivo beneficia da proteçao prevista no Artigo 1106º.Segundo
o Artigo 1106º, nº1 alínea b) o arrendamento para habitaçao nao caduca por morte do
arrendatário quando lhe sobreviva pessoa que com ele vivesse em UF há mais de um ano.
Mas neste caso, já se tinha verificado a dissoluçao da UF, nos termos do Artigo 8º, nº1 alínea
b) pelo que já nao havia uma situaçao de UF entre Antia e Caim e ela nao pode reclamar o
direito.
Mas, à data da morte de Caim, viviam com ele, em economia comum, Elisa e Diego. Nos
termos do Artigo 2º, nº1 da LEC entende-se por economia comum a situação de pessoas que
vivam em comunhão de mesa e habitação.A CEC entre eles era protegida:
a) A duração é superior a dois anos (art. 2/1, da LEC);
b) É uma vivência com entreajuda ou partilha de recursos (art. 2/1, da LEC)
c) Existe pelo menos um membro que seja maior de idade (art.º 2/2 da LEC);
d) A convivência não está "relacionada com a prossecução de finalidades transitórias" (art.º
3/c da LEC);
e) E há integração livre de todos os membros no grupo (art.º 3/d da LEC).
No caso de morte do membro da convivência em economia comum que era arrendatário da
casa de morada comum – no caso Caim –, um dos membros sobrevivos pode beneficiar da
transmissão por morte do arrendamento para habitação, nos termos do art. 1106º do Código
Civil.
A posição de arrendatário transmite-se para a pessoa que convivesse com o arrendatário em
economia comum há mais de um ano e residisse no locado também há mais de um ano (na falta
de cônjuge ou de membro de união de facto protegida, em condições de beneficiar da
transmissão).
Tendo sobrevivido ao arrendatário vários conviventes em economia que preencham os
requisitos legais da transmissão, a prioridade na aquisição do arrendamento cabe,
sucessivamente, ao parente do arrendatário, ao parente mais próximo, ao parente mais velho, ao
afim, ao afim mais próximo, ao afim mais velho, ou, na falta de parentes ou afins, àquele que for
o mais velho.
O arrendamento habitacional decorrente de transmissão por morte está, em regra, limitado,
por natureza, a um período máximo de cinco anos, ainda que o falecido fosse titular de um
direito de arrendamento de duração indeterminada (art.º 5/1 da Lei da CEC).
SUM UPA UF vem acautelar o direito das pessoas que nao querem casar porque sem essa lei
nenhuns direitos lhes seriam acautelados. As caracrerristicas sao:
1) Convivencia que se traduz nos 3 planos
2) Establidade
3) Nao tem que ser declarada judicialmente, apenas nos casos do Artigo 8/2
Depois temos que verificar os requisitos da UF. Por um período mínimo de 2 anos. Sendo que
esse requisito tem sido entendido como requisito de eficácia e isto é controverso. E depois a nao
verificaçao dos impedimentos do Artigo 2º: alguns sao comuns aos impedimentos ao casamento.
A lei tutela a CMF quer em caso de rutura (Art 4º) ou em caso de morte. Nos casos de rutura
temos que distinguir consoante a casa seja própria ou arrendada (Art 4º). Nos casos de morte
vem regulada no Arigo 5º.
Inexistencia de normas patrimoniais:
Aplicaça analógica que afastamos
Possibilidade de recorrermos ao ESC
E o princípio basilar de que as obrigaçoes para a vida corrente sao uma obrigaçao natural
e como tal nao haverá lugar a indemnizaçao por força do regime do CC que preve que
nao há indemnizaça.
Dúvida:
Relativamente a matéria de responsabilidade por dívidas, nomeadamente quanto ao
Artigo 1691/1/b.
No manual do Professor JDP ele diz que esta alínea apenas se aplica quando estiverem
reunidas duas condiçoes:
i. A dívida deve ter sido contraída para ocorrer aos encargos da vida familiar
ii. Esses encargos devem ser normais
E a propósito desta segunda condiçao ele diz que a normalidade é aferida pelo
critério de valor e que como tal a dívida tem que ser pequena tendo em conta o
padrao de vida do casal. E ele dá o exemplo da compra do automóvel e ele diz
que apesar da compra corresponder a um encargo para a vida familiar, para
um caso médio nao é um encargo normal.
E tendo este exemplo eu fiquei com uma dúvida relativamente a uma das
alíneas do caso que fizemos relativamente a responsabilidade por dívidas que
era o caso de um dos conjuges contrair um mútuo bancário de 25000 para
conseguir acomodar a sogra que padecia de doença
E eu fiquei na dúvida porque para mim os dois casos sao muito parecidos, porque quanto
a primeira condiçao nao há qualquer dúvida, mas mesmo quanto a esta normalidade, apesar de os
valores avultados serao em regra dividas que qualquer casal acabar por ter que incorrer.
Resposta: O Artigo 1691 nao concretiza o que se entende por encargo normal e o
Professor JDP dá um critério pecuniária e podemos de facto entender que 25000 euros é demias.
Mas a verdade é que neste caso em que ele gasta 25000 euros já engloba o valor periódico que
ele pagava pelo lar que fechou com o Covid. E o que nos perguntamos é: se a familia pode pagar
todos os meses pelo lar, porque é que pagar os 25000 euros nao pode ser considerado um
encargo normal?
Se no exame dissessemos que nao é um encargo normal porque o valor é avultado tendo
em conta o critério pecuniário introduzido pelo JDP. Porém segundo as Professoras,falar em
encargos normais da vida familiar tem que ir um pouco mais além do conceito pecuniário porque
esse critério nao permite atender a certos encargos que sao normais. MAS, se entendermos que
nao é um encargo normal da vida familiar, será que podíamos fazer caber esta hipótese num caso
de aproveitamento comum do casal?
Toda esta questao dos encargos normais é evolutiva.
Dúvida: quanto a possibilidade de a casa de familia ser penhorada. Eu ainda nao entendi como é
que se compatibiliza isso com o direito fundamental à habitaçao previsto na CRP. Ela diria que a
penhorar a nao ser
Deixou de ser possíveln possível para efeitos de lei fiscal proceder a venda executiva.
Nao quer dizer que o bem nao pode ser penhorado. Relativamente a esta penhora, a CMF
continua a ser propriedade, mas o imóvel continua ter o ónus da penhora.
Nao é que a casa nao possa ser penhorada, o que significa é que nao pode haver venda
executiva relativamente a casa de morada de família
Estabeleciemento da Paternidade
Art 1796º quando ao pai é necessário distinguir:
O pai casado com a mae, e do Artigo 1796º vamos para o 1826º
qee estabelece a presunçao.
Pai nao é casado e aí:
1. Perfilhaçao
2. Reconhecimento judicial
PMA
Os pais sao os beneficiário (Art 20º da Lei da PMA).
2) Adoçao
Os pais adotivos porque pela sentença que decreta a adoçao rompem-se os vínculos com a
família biológica.
Sabrina tem 33 anos. Formada em Direito, melhor aluna do seu curso, entrou numa grande
sociedade de advogados mal terminou a licenciatura, tendo concluído o curso da Ordem com
distinção. Ulisses tem 44. Filho de sapateiro, no 10º ano optou pelo ensino profissional, onde
adquiriu as competências que necessitava para continuar o projeto do pai. Num concerto dos
Maroon 5, Sabrina e Ulisses conheceram-se e criaram imediatamente uma ligação especial.
Ao fim de cinco anos de um companheirismo improvável, Ulisses pede Sabrina em casamento
e o casal é unido pelo matrimónio. Vivendo numa bolha de amor desde então, Sabrina
engravida e conta a Ulisses, que chora de felicidade.
Por norma, a declaração de maternidade é feita por menção desta no registo de nascimento
do filho. Nesse caso, a declaração tem a denominação especifica de menção da maternidade –
epígrafe Artigo 1803º CC
Neste caso a maternidade vai resultar da declaraçao de maternidade (Art 1796º+ Art 1803º a
Art 1825º)
o A presunção de paternidade – pater is est – é regulada pelos arts 1826º - 1846º CC,
sendo que esta presunçao pressupoe que a mãe é casada no momento do nascimento ou
da concepção.
O reconhecimento da paternidade está disciplinado nos arts 1847º - 1873º CCDo art
1847o CC resulta que o reconhecimento da paternidade pode efectuar-se por perfilhação ou
decisão judicial em ação de investigação
A presunção pater is est é ilidível por impugnação judicial – art 1838º CC.
A cessação de presunção de paternidade ocorre nos termos dos arts 1828º, 1829º
e 1832º CC
A presunção de paternidade que cessa com base no art 1829º pode
renascer (art 1831o CC) ou reiniciar (art 1830o CC)
o Perfilhação
A perfilhação é o modo de estabelecer a paternidade fora do casamento – é o acto
através do qual uma pessoa do sexo masculino declara que um outro indivíduo é
seu filho
É ainda um ato solene – apenas pode revestir uma das formas previstas no
Art 1853º
E é irrevogável
Neste caso, como a mae se encontra casada, a paternidade vai-se presumir em relaçao ao seu
marido. Ora assims sendo, presume-se que Ulisses será pai de Viole
NOTA: a Sofia disse na aula o porque do conceito de responsabilidades ser melhor do que o
conceito de poder.
Todos os pais e mais sao titulares de responsabilidades parentais apenas por serem pais e
maes. Segundo o Artigo 1882º os pais nao podem renunciar às responsabilidades parentais nem a
qualquer dos direitos que ele especialmente lhes confere, sem prejuízo do que se dispoe no
Código. O Artigo 1901º determina que na constancia do matrimónio, o exercício das
responsabilidades parentais pertence a ambos os pais.
O atual sistema de exercício das responsabilidades parentais, criado pela Lei nº61/2008 de 31
de Outubro orienta-se pelos seguintes princípios:
Portanto, vigora a regra de que o exercício das responsabilidades parentais pertence a ambos
os pais, que as exercem em conjunto (Art 1901º, 1906º, nº1; 1911º e 1912º).
Se os pais vivem juntos, casados ou em UF, aplica-se o regime de exercício conjunto
pleno das responsabilidades parentais (Art 1901º, 1902º e 1911/1). Ou seja, ambos
decidem em acordo (efetivo ou presumid) todas as questoes da vida do filho, sejam elas
ou nao de particular importancia.
Se um dos pais praticar ato que integre o exercício das responsabilidades parentais,
presume-se que age de acordo com o ooutro, salvo quando a lei expressamente exija o
consentimento de ambos os pais ou se trate de ato de particular importancia.
O exercício das responsabilidades parentais incumbe a um dos pais unicamente nas seguintes
situaçoes:
o Impedimento ou morte do outro (Art 1903º e 1904º);
Sendo que este conceito abarca a incapacidade acidenta provocada por
toxicomania ou alcoolismo.
Por morte de um dos pais, o exercício das responsabilidades parentais
pertence ao soobrevivo, a nao ser que se verifique impedimento do projenitor
sobrevivo decretado pelo tribunal (Art 1904/2; Art 1911/1 e Art 1912/1).
NOTA_(POR NA SEBENTA): note-se que o menor nao emanccipado pode
exercer as responsabilidades parentais, salvo em matéria de represetançao e de
administraçao dos bens do filho (Art 1913/2)
o Quando a filiaçao se nao encontrar constituída quanto ao outro pai (Art 1910º);
o Quando os pais nao vivam juntos e o exercício em comum seja tido como contrário
ao interesse do filho (Art 1906/2, 1911/2 e 1912/1)
No caso de os pais nunca terem vivido juntos ou serem divociados ou estarem separados
ou terem deixado de viver em UF, haverá exercício conjunto mitigado das responsabilidades
parentais (Art 1906º, nº1 e 3+ Art 1911/2 e Art 1912/1). Isto é, ambobs decidem em matérias de
particular importancia. No que toca aos atos da vida corrente do filho, o exercício das
responsabilidades parentais cabe ao progenitor que com ele reside habitualmente.
NOTA: o melhor critério para determinar se estamos perante um ato de particular importancia é
o interesse da criança
Imagine agora que Ulisses, extremamente católico, pretende batizar a filha entretanto
nascida, Violeta, mas nada pretende dizer a Sabrina, porque sabe que esta considera que a
liberdade é um valor determinante na educação e pretende que a filha cresça sem quaisquer
influências, livre de escolher a religião com que se identifica. Imagine, igualmente, que o
Padre Xavier que deverá batizar Violeta conhece a vontade de Sabrina (Vide Acórdão do TRL
de 21.06.2012, Processo 2366/09.8TMLSB-B.L1-2).
Segundo o Artigo 1901º, nº1 na constancia do matrimónio, o exercício das
responsabilidades parentais pertence aos pais, sendo que nos termos do n2 os pais exercem as
responsabilidades parentais de comum acordo e, se este faltar em questoes de particular
importancia qualquer deles pode recorrer ao tribunal, que tentará a conciliaçao.
O Artigo 1902º , nº1 preve que se um dos pais praticar ato que integre o exercicio das
responsabilidades parentais, presume-se que age de acordo com o outro, salvo quando a lei
expressamente exija o consentimento de ambos os projenitores ou se trata de ato de particular
importancia; sendo que a falta de acordo nao é oponível a terceiro de boa fé. Porém, neste caso, o
padre tinha conhecimento da posiçao de Violenta, e segundo o nº2 do Artigo 1902º o terceiro
deve recusar-se a intervir no ato praticado apneas por um dos pais quando nao se presuma o
acordo do outro pai ou quando conheça a oposiçao deste. Os atos praticados por um só dos pais
sem o acordo do outro sao anuláveis, por aplicaçao analógica do Art 1893º segundo o Professor
JDP.
Qual o vicio de que padece? O Professor JDP defende a aplicaçao
analógica do Artigo 1893º e isto é discutível porque: os atos que praticam
em relaçao a pessoa do filho é o mesmo vício que se pratica em relaçao
aos vícios relativos a bens patrimoniais. E entende-se que os atos
praticados em relaçao aos filhos sao muito mais gravosos e esses atos
devem ser sancionados com a nulidade (Art 294º) e era esta a posiçao da
Ana Filipa
NOTA: discutirmos a luz do Artigo 1901º e 1902º do CC. Nofundo tratando-se o batismo de um
ato que é suscetível de preencher o conceito de ato de particular importancia devia estar sujeito
ao consentimento de ambos os conjuges e é um ato de particular importancia. O consentimento
do outro conjuge nao se vai presumir e é necessário que os conjuges cheguem a acordo e o
tribunal terá que intervir, tentando a conciliaçao que uma vez frustrada o tribunal ouvirá o filho
se for possível e vai decidir qual a decisao/opçao a tomar. É possível que seja o tribunal a decidir
batizar (como caso do Acordao porque ambos os pais eram católicos e a decisao de um dos pais
era apenas esperar porque ele nao era contra o batismo). Ter em anteçao que os pais só podem
decidir algo sobre a vida religiosa dos filhos até ao 16 anos dos mesmos.
Qual o vicio de que padece? O Professor JDP defende a aplicaçao analógica do Artigo
1893º e isto é discutível porque: os atos que praticam em relaçao a pessoa do filho é o mesmo
vício que se pratica em relaçao aos vícios relativos a bens patrimoniais. E entende-se que os atos
praticados em relaçao aos filhos sao muito mais gravosos e esses atos devem ser sancionados
com a nulidade (Art 294º) e era esta a posiçao da Ana Filipa
3.Equacione agora que Sabrina, descobrindo dos intentos do marido e apercebendo-se da sua
irredutibilidade, entende que o casamento não pode prosseguir, divorciando-se com o
consentimento de Ulisses. Umas semanas após o divórcio, no qual fora decretado que Violeta
ficaria a residir habitualmente com o pai, que tinha mais disponibilidade para a acompanhar
durante o pré-escolar e para a transportar às atividades extracurriculares em que estava
inscrita e que passaria o fim-de-semana de quinze em quinze dias com a mãe, Violeta adoece
com uma apendicite enquanto estava em casa da mãe, sendo necessário decidir imediatamente
a submissão de Violeta a procedimento cirúrgico. Quid Iuris?
Segundo o Artigo 1878º, nº1 compete aos pais, no interesse dos filhos, velar pela
segurança e saúde destes, prover a seu sustento, dirigir a sua educaçao, representá-los, ainda que
nascituros e administrar os seus bens.
No entanto, segundo o Artigo 1906º, nº1 segunda parte, nos casos de manifesta urgencia,
qualquer dos projenitores pode agir sozinho, devendo prestar informaçoes ao outro logo que
possível. Neste caso é dito que era necessário decidir imediatamente. Ora, se nao fosse possível
esperar pelo contacto do pai, entao Violeta podia decidir sozinha a intervençao.