Familia Casos Práticos

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NOTA: Imprimir CRC + ART 13º E 15º DO CODIGO COMERCIAL

Caso Prático 1 – Relações Jurídicas Familiares


Carlos e Daniela casaram e têm dois filhos, Eduarda e Fernando. Daniela tem duas irmãs
resultantes do casamento da sua mãe, Ana, com o seu padrasto, Gonçalo, e um irmão, Rui,
resultante do casamento do seu pai, Bernardo, com a sua madrasta, Helena. Uma das irmãs
de Daniela, Inês, juntou-se há uns anos com o namorado de longa data, João, e adotou a
pequena Leonor. Outra das irmãs de Daniela, Mariana, casou com Nuno, que já tinha uma
filha, Olívia, de uma anterior relação. Já Fernando, um dos filhos de Daniela, vive com a
namorada e com os dois filhos, o pequeno Querubim Júnior, que deve o seu nome ao bisavô
paterno, Querubim Sénior, e o jovem Santiago.
(1) Identifique a relação jurídico-familiar existente entre:
a) Daniela e Carlos
O Artigo 1576º determina que sao fontes das relaçoes jurídicas familiares o casamento, o
parentesco,a afinidade e a adoçao.
Segundo o Artigo 1577º o casamento é o contrato celebrado entre duas pessoas que
pretendem constituir família mediante uma plena comunhao de vida, nos termos das disposiçoes
deste Código.
O casamento é simultaneamente uma fonte de uma relaçao jurídica familiar e uma relaçao
jurídico familiar propriamente dita. Portanto, a relaçao jurídica é de casados que se constitui
através do casamento.

b) Daniela e Eduarda
Eduarda é fiha de Daniela. Segundo o Artigo 1578º o parentesco é o vínculo que une duas
pessoas, em consequencia de uma delas descender da outra ou de ambas procederem de um
progenitor comum.
Neste caso, Eduarda descende de Daniela. O Artigo 1579º preve que o parentesco determina-
se pelas geraçoes que vinculam os parentes um ao outro: cada geraçao forma um grau, e a série
dos graus constitui a linha de parentesco.
Segundo o Artigo 1580º, nº1 a linha diz-se reta, quando um dos parentes descende do outro.
Neste caso e nos termos do Artigo 1580º, nº2 a linha reta dir-se-á descendente, pois se considera
patindo do ascendente (Daniela) para o que dele procede.
Segundo o Artigo 1581º, nº1 na linha reta há tantos graus quantas as pessoas que formam a
linha de parentesco excluindo o progenitor.
 Neste caso temos duas pessoas, excluindo o progenitor, Daniela e Eduarda sao
parentes em pprimeiro grau na linha reta.
c) Daniela e Querubim
Querubim Júnior
O Querubim Júnir é filho de Fernando que é filho de Daniela. Segundo o Artigo 1578º o
parentesco é o vínculo que une duas pessoas, em consequencia de uma delas descender da outra
ou de ambas procederem de um progenitor comum.
Neste caso, Querubim descende de Daniela. O Artigo 1579º preve que o parentesco
determina-se pelas geraçoes que vinculam os parentes um ao outro: cada geraçao forma um grau,
e a série dos graus constitui a linha de parentesco.
Segundo o Artigo 1580º, nº1 a linha diz-se reta, quando um dos parentes descende do outro.
Neste caso e nos termos do Artigo 1580º, nº2 a linha reta dir-se-á descendente, pois se considera
patindo do ascendente (Daniela) para o que dele procede (Querubim)
Segundo o Artigo 1581º, nº1 na linha reta há tantos graus quantas as pessoas que formam a
linha de parentesco excluindo o progenitor.
 Neste caso temos 3 pessoas (Querubim+Fernando+Daniela), e excluindo o progenitor
(Daniela), Querubim e Daniela sao parentes em segundo grau na linha reta.

d) Inês e João
Uniao de facto porque é dito que Ines juntou-se com Joao, namorado de longa data. O Artigo
1576º nao preve expressamente a uniao de facto como fonte das relaçoes jurídicas familiares.
A questao que se coloca na doutrina passa precisamente por determina que a Uniao de facto
consubstanica ou nao uma relaçao jurídica familiar.
 Segundo o Professor Jorge Duarte Pinheiro a Uniao de Facto nao é uma relaçao jurídcia
familiar porque a durabilidade é um elemnto fundamental das relaçoes jurídicas
familiares e como tal, é exigido para as relaçoes jurídicas familiares que cessam por
causa diversa da morte a intervençao estatal.
 ORA, na Uniao dde Facto, quer na sua constituiçao, quer na sua extinçao, nao se
exige a intervençao estatal e como tal, falta esta condiçao essencial para que
possamos reconduzir a uniao de facto a uma relaçao familiar.

 A Professora Sofia acompanha a posiçao de natureza para-familiar da Uniao de Facto por


entender que na uniao de facto nao existem as notas essenciais que permite erigir a uniao
de facto a um patamar semelhante ao do casamento e porque os efeitos da uniao de facto
sao distintos dos do casamento.
Assim sendo, entre Ines e Joao nao existe uma relaçao familiar, mas sim para-familiar.
e) Inês e Leonor
Ines adotou Leonor. Segundo o Artigo 1586º a adoçao é o vinculo que, à semelhança da
filiaçao natural, mas independentemente dos laçoes do sangue, se estabelece legalmente entre
duas pessoas.
Nestes casos o legislador equiparou a filiaçao natural e como tal os adotados sao tambem eles
parentes. E passamos a ter uma relaçao de parentesco em primeiro grau na linha reta.
NOTA: O impacto da adoçao na relaçao de afinidade.
A afinidade que é o vinculo que liga o conjuge aos parentes do outro conjuge e portanto o
conjuge adota o parente do seu conjuge. EX: A e B casados e A tem um filho que é o C. O C que
é filho do A é afim de B. Entao se A e C sao parentes e B está casado com A e se a afinidade é o
que une o conjuge ao parente dos seus conjuges entao B é afim de C. Através da adoçao sucede
que o C se torna filho de B e o vínculo que se constitui pela adoçao é o vínculo da filiaçao e
portanto, se através da adoçao C e B se tornam filho e pai, a relaçao entre C e B passa a ser de
parentesco porque a relaçao que se forma pelo vínculo da adoçao é uma relaçao de filiaçao que é
uma relaçao de parentesco e constituindo-se o parentesco já nao pode haver afinidade e assim
sendo o regime do parentesco altera o regime da afinidade.

f) Mariana e Nuno
O Artigo 1576º determina que sao fontes das relaçoes jurídicas familiares o casamento, o
parentesco,a afinidade e a adoçao.
Segundo o Artigo 1577º o casamento é o contrato celebrado entre duas pessoas que
pretendem constituir família mediante uma plena comunhao de vida, nos termos das disposiçoes
deste Código.
O casamento é simultaneamente uma fonte de uma relaçao jurídica familiar e uma
relaçao jurídico familiar propriamente dita.
g) Mariana e Olívia
Olívia é enteada de Mariana. O Artigo 1584º determina que a afinidade é o vínculo que
liga cada um dos conjuges aos parentes do outro.
A constituiçao desta relaçao jurídica familiar depende de duas coisas:
1- Casamento
2- Existir relaçao de parentesco entre a pessoa e o conjuge com o qual queremos
relacionar.
Segundo o Artigo 1585º a afinidade determina-se pelos mesmos graus e linhas que
definem o parentesco. A soluçao passa por determinar a relaçao de parentesco que existe entre
Nuno (pai de Olívia e conjuge de Mariana) e Olívia.
Neste caso Olívia descende de Nuno, pelo que estamos perante uma relaçao de
parentesco na linha reta nos termos do Aritgo 1580º, nº1. Quanto ao computo dos graus o Artigo
1581º determina que na linha reta há tantos graus quantass as pessoas que formam a linha de
parentesco, excluído o projenitor.
 Neste caso temos duas pessoas Olivía+ Nuno e excluindo o projenitor dá um. Logo,
temos uma relaçao de parentesco em primeiro grau na linha reta.
Assim sendo, também Mariana é afim nos mesmos graus e linhas de que o seu conjuge é
parente assim sendo se o seu conjuge é parente na linha reta em primeiro grau, entao Mariana
passa a ser afim na linha reta em primeiro grau de Olívia.
h) Ana e Querubim Júnior
Ana é bisavó de Querubim Júnior. Segundo o Artigo 1578º o parentesco é o vínculo que une
duas pessoas, em consequencia de uma delas descender da outra ou de ambas procederem de um
progenitor comum.
Neste caso, Querubim Júnior descende de Ana. O Artigo 1579º preve que o parentesco
determina-se pelas geraçoes que vinculam os parentes um ao outro: cada geraçao forma um grau,
e a série dos graus constitui a linha de parentesco.
Segundo o Artigo 1580º, nº1 a linha diz-se reta, quando um dos parentes descende do outro.
Neste caso e nos termos do Artigo 1580º, nº2 a linha reta dir-se-á descendente, pois se considera
patindo do ascendente (Ana) para o que dele procede.
Segundo o Artigo 1581º, nº1 na linha reta há tantos graus quantas as pessoas que formam a
linha de parentesco excluindo o progenitor.
i) Neste caso temos Querubim Júnior+Fernando+Daniela+Ana. Excluíndo o projenior, Ana,
obterem uma relaçao de parentesco em terceiro grau na linha reta.

j) Querubim Sénior e Daniela


Daniela é casada com Carlos que é filho de Querubim Sénior. O Artigo 1584º determina que
a afinidade é o vínculo que liga cada um dos conjuges aos parentes do outro.
A constituiçao desta relaçao jurídica familiar depende de duas coisas:
i) Casamento
ii) Existir relaçao de parentesco entre a pessoa e o conjuge com o qual queremos
relacionar.
Segundo o Artigo 1585º a afinidade determina-se pelos mesmos graus e linhas que
definem o parentesco.
A soluçao passa por determinar a relaçao de parentesco que existe entre Carlos e
Querubim Sénio. E é uma relaçao de parentesco na linha reta (Carlos descende de Querubim) de
primeiro grau (Artigo 1581º, nº1 determina que na linha reta há tantos graus quantas as pessoas
que formam a linha de parentesco excluído o progenitor. LOGO: Carlos+ Querubim=2-1=1.
Assim sendo, também Daniela passa a ser por afinidade parente em primeiro grau na
linha reta.
k) Helena e Eduarda
Helena é casada com o avo de Eduarda. Artigo 1584º determina que a afinidade é o vínculo
que liga cada um dos conjuges aos parentes do outro.
A constituiçao desta relaçao jurídica familiar depende de duas coisas:
1- Casamento
2- Existir relaçao de parentesco entre a pessoa e o conjuge com o qual queremos relacionar.
Segundo o Artigo 1585º a afinidade determina-se pelos mesmos graus e linhas que definem
o parentesco. Cabe, portanto, determinar em primeiro lugar a relaçao de parentesco que existe
entre Bernardo e Eduarda.
Segundo o Artigo 1578º o parentesco é o vínculo que une duas pessoas, em consequencia de
uma delas descender da outra ou de ambas procederem de um projenitor comum. Segundo o
Artigo 1580º, nº1 a linha diz-se reta, quando um dos parentes descende do outro. Nos termos do
Aritgo 1581º, nº1 na linha reta há tantos graus quantas as pessoas que formam a linha de
parentesco, exlcuindo o progenitor.
 Eduarda+Daniela+ Bernardo= 3-1 (projenitor, Bernardo)= 2—temos uma relaçao de
parentesco na linha reta de segundo grau entre Eduarda e Bernardo.
Assim sendo, Helena, mulher de Bernardo é afim em segundo grau na linha reta de Eduarda.
l) Ana e Olívia
Ana é mae de Mariana que é madrasta da Olívia. Nao estamos perante uma relaçao de
parentesco, uma vez que Olívia nem descende de Ana, nem existe um projenitor em comum.
Olívia também nao foi adotada por Mariana.
Neste caso, também existe afinidade, pois a regra é de que afinidade nao gera afinidade. A
afinidade nos termos do Artigo 1584º é o vínculo que liga cada um dos conjuges aos parentes do
outro. Portanto, é o vínculo que ligará Olívia e Mariana, mas nao Olívia e Ana. Como a afinidade
é o vínculo que liga um dos conjuges aos parentes do outro, temos que sempre partir de um
conjuge.
Portanto, aqui nao havia nenhuma relaçao jurídica.
2) Tenha agora presente que Mariana vem a divorciar-se de Nuno. Explique qual o impacto
da cessação da relação matrimonial entre ambos nas relações de parentesco e afinidade acima
descritas.
A nível das relaçoes de parentesco nao haverá qualquer impacto.
A cessao da relaçao matrimonial produzirá impacto na relaçao de afinidade acima
descrita entre Marina e Olívia e as relaçoes de afinidade existentes entre Nuno e os parentes de
Mariana. O Artigo 1585º preve que a afinidade nao cessa pela dissoluçao do casamento por
morte.
Este Artigo 1585º sofreu uma alteraçao legislativa, uma vez que a partir de 2008, a
dissoluçao do casamento por divórcioo determina a cessao das relaçoes de afinidade. Esta
alteraçao introduzida em 2008 foi originada pelo fim dos laços afetivos.
Portanto, interpretando o Artigo 1585º a contrario se determina que quando há dissoluçao
do casamento por divórcio cessa o vínculo de afinidade.

a) A resposta dada anteriormente alterar-se-ia se, ao invés da relação matrimonial cessar por
divórcio, Mariana viesse a falecer?
As relaçoes de parentesco nao cessariam. Quanto as relaçoes de afinidade, O Artigo
1585º preve que a afinidade nao cessa pela dissoluçao do casamento por morte.

3) Aprecie, individualmente, cada uma das seguintes sub-hipóteses, tendo presente o regime
dos impedimentos matrimoniais.
Explicaçao sobre os impedimentos
Para que alguem se poossa cassar precisar ter capacidade matrimonial e no Artigo 1600
encontramos um princípio geral de que tem capacidade para contrair casamento em relaçao a
quem nao se verifique nenhum dos impedimentos previstos na lei ou entao em legislaçao avulsa
como sucede no ambito do apadrinhamento civil.
Quer por razos de saúde pública, quer por razoes de ordem moral, o nosso legilsador
procurou impedir que determinadas pessoas que tivessem um vínculo de parentesco próximo ou
de afinidade pudessem casar e por isso estabelece um conjunto de impedimentos e há dois tipos:
1) Impedimentos dirimentes que encontramos no Artigo 1601º e Artigo 1602º que se
subdividem em:
1- Impedimentos dirimentes abslutos que sao aqueles em que uma pessoa nao pode
casar independetemente da pessoa com quem quer casar.
 Menores de 16 anos e isto independetemente da autorizaçao dos pais. O
menor de 16 anos nao pode casar seja com A, B ou C
 Quem sofre de deficiencia notória e esta incapacidade existe quer a pessoa
esteja naquele momento lúcida ou nao.
 Aqueels que ainda estejam casados e o casamento ainda nao esteja dissolvido.
Sao absolutos porque nao tem a ver com a outra pessoa.
2- Impedimentos dirimentes relativos estes impedimentos já estao relacionados com a
relaçao que existe entre aquelas pessoas.
As consequencias que decorrem destes impedimentos dirimentes
Remeter do Artigo 1601º e Artigo 1602º para o Artigo 1631, alínea a) onde encontramos
que sao anuláveis os casamentos contraídos com algum dos impedimentos dirimentes e portanto
nos termos do Artigo 1631/a percebemos que em alguns dos casos do Artigo 1601º e Artigo
1602º os casamentos sao anuláveis. E aí por remissao do Artigo 1631º para o Artigo 1639 e
Artigo 1643º porque o Artigo 1631º diz que o casamento é anulável, mas nao diz em que termos.
E o Artigo 1639º e Artigo 1643º determinam quem tem legitimidade e qual o prazo para a
anulaçao.
Já no Artigo 1643º é dito em que prazo a açao pode ser intentada. Porque é que seria
necessário intentar uma açao de anulaçao depois da dissoluçao do casamento? A dissoluçao é
um ato posterior ao casamento que nao invalida os efeitos produzidos pelo casamento. Enquanto
que com a anulaçao vai haver destruiçao dos efeitos dos efeitos produzidos.

2) Impedimentos impedientes—Artigo 1604º


Sao impedimentos menos gravosos, porque enquanto que nos impedimentos dirimentes o
legislador procurou garantir que o casamento fosse anulado o mesmo nao se passa aqui porque o
casamento pode ser validamente celebrado desde que haja dispensa.
Quanto aos primos diretos que sao os parentes no quarto grau da linha colateral podem casar,
já o tio e sobrinha nao, nos termos do Artigo 1604º/c que sao parente no terceiro grau na linha
colateral.
Temos que compatibilizar o Artigo 1604º e Artigo 1609º. Convem ainda fazer remissao do
Artigo 1604º para as sançoes dos impedimentos que estao no Artigo 1649º e seguintes. Portanto
o legislador entendeu que estes impedimentos podiam ser dispensados e no caso em que nao o
sao para impedir uma confusao patrimonial e por isso estabelece sançoes.

i. Carlos falece em 2018. Daniela fica destroçada e apoia-se em Querubim Sénior, por
quem eventualmente se apaixona e com quem pretende agora casar.
Entre Daniela e Querubim Sénior existia uma relaçao de afinidade na linha reta em primeiro
grau. Segundo o Artigo 1585º a afindade nao cessa pela dissoluçao do casamento por morte.
O Artigo 1602º, alínea d) estabelece que sao impedimentos dirimentos relativos, obstando
ao casamento entre si das pessoas a quem respeitam, a afinidade na linha reta.
Nos termos do Artigo 1631º, alínea a) é anulável o casamento contraído com algum
impedimento dirimente.
 O Artigo 1639º, nº1 determina quem tem legitimidade para intentar a açao de anulaçao
fundada em impediment dirimente, ou para prosseguir nela, os conjuges, ou qualquer
parente deles na linha reta ou até ao quarto grau na linha colateral, bem como os
herdeiros e adotantes dos conjuges, e o Ministério Público.
 O Artigo 1643º, alínea c) determina que a açao de anulaçao deve ser intentada até seis
meses da dissoluçao

ii. Cansado dos conflitos com Helena, Bernardo começa a lembrar os momentos vividos
com Ana e decide retomar contacto, sem nada dizer à esposa. Numa dessas conversas,
de forma precipitada, Bernardo pede Ana novamente em casamento.
Segundo o Artigo 1600º tem capacidade para contrair casamento todos aqueles em quem se
nao verifique algum dos impedimentos matrimoniais previstos na lei.
Neste caso, Bernardo era casado com Helena. Segundo o Artigo 1601º , alínea c) é
impedimento dirimente absoluto, obstando ao casamento da pessoa a quem respeitam com
qualqur outra, o casamento anterior nao dissolvido, católico ou civil, ainda que o respetivo
assento nao tenha sido lavrado no registo do estado civil.
 Oponibilidade erga omnes: no casamento há deveres e deveres esses em que um deles
é a fidelidade. Se no caso há violaçao desse dever entao aquele segundo conjuge
convivente com a bigamia pode ser responsabilizado.
Neste caso, o casamento por força do impedimeto dirimente seria anulável nos termos do Artigo
1631º, alínea a).
 O Artigo 1639º, nº1 determina quem tem legitimidade para intentar a açao de anulaçao
fundada em impediment dirimente, ou para prosseguir nela, os conjuges, ou qualquer
parente deles na linha reta ou até ao quarto grau na linha colateral, bem como os
herdeiros e adotantes dos conjuges, e o Ministério Público.
 O Artigo 1643º, alínea c) determina que a açao de anulaçao deve ser intentada até seis
meses da dissoluçao

iii. Eduarda e Rui sempre foram muito próximos, sendo que mal chegaram à idade adulta
surpreendem a família ao anunciarem o noivado.
Rui é tio de Eduarda. Segunddo o Artigo 1578º o parentesco é o vínculo que une duas
pessoas, em consequencia de uma delas descender da outra ou de ambas procedderem de um
projenitor comum. Segundo o Artigo 1580º, nº1, segunda parte, a linha diz-se colateral quando
nenhum dos parentes descende do outro, mas ambos procedem de um projenitor comum.
Segundo o Artigo 1581º, nº2 na linha colateral os graus contam-se pela mesma forma,
subindo por m dos ramos e descendo pelo outro, mas sem contar o progenitor comum.
 Neste caso, temos Eduarda+Daniela+Ana+ Rui= 4- 1 (projenitor em comum, Ana) sao
parentes na linha colateral em terceiro grau.
Segundo o Artigo 1604º, alínea c) é um impedimento impediente o parentes no terceiro grau
da linha colateral.
Porém, segundo o Artigo 1609º, nº1, alínea a) sao suscetíveis de dispensa o impedidmento
de parentesco no terceiro grau da linha colateral.
Sançao que se aplica aos impedimentos impedientes
Os impedimentos dirimentes fazem com que casamento seja anulável. Já os impedientes (Artigo
1650º

iv. Santiago e Leonor cresceram separados, encontrando-se apenas no Natal e nas demais
reuniões familiares. Mais tarde, ao se reencontrarem no secundário, Santiago e
Leonor apaixonaram-se. Poucos meses depois, ainda antes de entrarem para
faculdade, decidiram casar.
Leonor foi adotada. Segundo o Artigo 1586º a adoçao é o vínculo que à semelhança da
filiaçao natural, mas independetemente dos laços de sange, se estabelece legalmente entre duas
pessoas.
O Artigo 1578º determina que o parenteso é o vínculo que une duas pessoas, em
consequncia de uma delas descender da outra ou de ambas procederem de um progenitor em
comum. Segundo o Artigo 1580º, nº1, segunda parte a linha diz-se colateral quando nenhum dos
parentes descende do outro, mas ambos procedem de um projenitor em comum. Segundo o
Artigo 1581º, nº2 na linha colateral os graus contam-se pela mesma forma como na linha reta,
subindo por um dos ramos e descende pelo outro, mas sem contar com o progenitor comum.
Neste caso: Leonor+Ines+Ana+Daniela+Fernando+Santiago=6 retirando o projenitor em
comum dá 5. Logo sao parentes na linha colateral de quinto grau.
Nao se encontra qualquer impedimento.
OU
Entao se entendessemos que tinham menos de 18 anos e mais do que 16, estaríamos nos
termos do Artigo 1604º, alínea a) perante um impedimento impediente, logo nao temos
anulabilidade. A sançao será a que vem prevista no Artigo 1649º onde teremos uma
emancipaçao restrita.
Hipótese número 2 e 3. Algures nas próximas aulas teremos um quiz sobre as relaçoes de
afinidade e parentesco. Vao libertar no moodle uma entrada com um glossário. Uma única
entrada naquele glossário.
Caso Prático 2 - Constituição do Vínculo Matrimonial | Impedimos Matrimoniais e
Promessa de Casamento
Quando a propósito dos impedimentos dizemos que existe um princípio da tipicidade e o próprio
Artigo 1600º diz isto, nao se circunscreve à lei civil. Tanto que temos impedimentos que nao
constam da lei civil.
Ana e Bernardo conheceram-se durante a licenciatura em Enfermagem, na Universidade
Católica Portuguesa, em 2018. Agora que são finalistas, Bernardo prepara-se para pedir a
mão de Ana em casamento.
(1) Note que Ana foi adotada por um casal de médicos do Algarve, em tenra idade, após
ter sido abandonada pela sua mãe. Porém, descobre, agora, que a sua mãe biológica é,
afinal, a mãe de Bernardo. Pronuncie-se quanto à possibilidade de Ana e Bernardo
contraírem casamento.
Ana foi adotada por uum casal de médicos do Algarve. Segundo o Artigo 1586º a adoçao é o
vínculo que, à semelhança da filiaçao natural, mas independentemente dos laços de sangue, se
estabelece legalmente entre duas pessoas nos termos do Artigo 1973º.
O problema que se coloca passsa por determinara se Ana pode contrair casamento com
Bernardo. Segundo o Artigo 1600º tem capacidade para contrair casamento todos aqueles em
quem se nao verifique algum dos impedimentos matrimoniais previstos na lei.
Nos termos do Artigo 1986º, nº1 pela adoçao, o adotado adquire a situaçao de filho do
adotante, e integra-se com os seus descendentes na família deste, extinguindo-se as relaçoes
familiares entre o adotado e os seus ascendentes colaterais naturais, sem prejuízo do disposto
quanto a impedimentos matrimoniais nos Artigo 1602º e Artigo 1604º. O Artigo 1987º
determina que depois de decretada a adoçao, nao é possível estabelecer a filiaçao natural do
adotado nem fazer a prova dessa filiaçao fora do processo preliminar de casamento.
Neste caso, o problema que se coloca passa por determinar se Ana que foi adotada pelo tal
casal de médicos pode contrair casamento com Bernardo que é seu irmao e como tal parente de
segundo grau na linha colateral nos termos do Artigo 1581º, nº2.
Segundo o Artigo 1602º, alínea c) é impedimento dirimento relativo o parentesco no
segundo grau da linha colateral
Portanto, apesar de a adoçao extinguir normalmente as relaçoes familiares entre o adotado e
os seus ascendentes e colaterais naturais, mantem-se os impedimentos de parentesco e
afinidade derivados da ligaçao biológica por força da parte final do Artigo 1986/1 que ressalva
o disposto nos Artigos 1602º a Artigo 1604º. Sendo que nos termos do Artigo 1987º é possível
estabelecer a filiaçao natural do adotado e fazer prova da mesma apenas no processo preliminar
de casamento.
Isto quer dizer que, havendo adoçao, o adoptado e os seus descendentes tem de respeitar os
impedimentos de parentesco e afinidade quer quanto à família biológica quer quanto à família
adoptiva.
Segundo o Artigo 1631º, alínea a) é anulável o casamento contraído com algum
impedimento dirimente. Segundo o Artigo 1639º, nº1 tem legitimidade para intentar a açao de
anulaçao fundada em impedimento dirimente, ou para prosseguir nela, os conjuges, ou qualquer
parente deles na linha reta ou até ao quarto grau da linha colateral, bem como os herdeiros e
adotantes dos conjuges e o Ministério Público.
Nos termos do Artigo 1643º, alínea c) a açao de anulaçao deve ser instaurada no prazo de
seis meses depois da dissoluçao do casamento.
NOTAS:
Estamos perante adoçao e nos termos do Artigo 1986º o adotado e descendentes integram-se na
família do adotante e extinguem-se as relaçoes familiares anterior. Mas o legislador nao quis que
pessoas unidas por um vínculo biológico contraissem casamento.
O Artigo 1987º diz que depois de decretada a adoçao nao é possível estabelecer a filiaçao
natural do adotado nem fazer prova dessa filiaçao fora do processor preliminar de casamento. No
fundo depois de decretada a adoçao podemos reaviver o laço biológico e aferir a existencia de
impedimentos em força desses laços biológicos.
Artigo 1603º permite a prova da maternidade ou paternidade e fazendo prova disso
demonstramos que sao irmaos e há um impedimento.

(a) Pronuncie-se, em alternativa, quanto à possibilidade de uma eventual união de facto


entre Ana e Bernardo produzir efeitos.
Nos termos do Artigo 1º, nº2 da Lei nº7/2001 de 11 de Maio, a união de facto é a
situação jurídica de duas pessoas que, independentemente do sexo, vivam em condições análogas
às dos cônjuges há mais de dois anos.
O Professor JDP, entende que a uniao de facto nao é uma relaçao jurídica familiar porque a
durabilidade é um elemento fundamental das relaçoes jurídicas familiares e como tal a extinçao
por causa diversa da morte exige a intervençao estatal e na uniao de facto quer na constituiçao,
quer extinçao nao exige a intervençao estatal e como tal, falta esta condiçao essencial. Esta
questao é discutida.

Segundo o Artigo 2º, alínea d) impedem a atribuiçao de direitos ou benefícios, em vida ou


morte, fundados na uniao de facto o parentesco no 2º grau da linha colateral.

Porém, apesar de Ana e Bernardo serem parentes no 2º grau da linha colateral, Ana foi
adotada. E segundo o Artigo 1986º, nº1 pela adoçao, o adotado adquire a situaçao de filho do
adotante, e integra-se com os seus descendentes na família deste, extinguindo-se as relaçoes
familiares entre o adotado e os seus ascendentes colaterais naturais, sem prejuízo do disposto
quanto a impedimentos matrimoniais nos Artigo 1602º e Artigo 1604º.

Ora o Artigo 1986º apenas ressalva os imepedimentos matrimonais previstos nos Artigo
1602º e Artigo 1604º, nao havendo qualquer ressalva relativamente a matéria da UF.

Ora, se nao existe qualquer ressalva nesse sentido, por via da adoaçao extinguem-se o
vínculo familiar que existia entre Ana e Bernardo, e já nao se lhes aplica o Artigo 2º da Lei da
Uniao de Facto.

NOTA: no regime da adoçao e casamento estamos num processo preliminar e embora se diga
que se extingue o vínculo com a familia biolóica esse vinculo pode ser tido em conta no processo
preliminar. Mas esse processo preliminar nao existe na Uniao de Facto. O parentesco no segundo
grau da linha colateral também é uma exceçao à UF e quis impedir que a uniao de facto
produzisse efeitos na UF.
Mas que resposta dar? Nós nao temos uma resposta porque diferentemente ao que sucede no
Artigo 1987º na UF nós nao temos um regime identico. E a questao era saber se podíamos
aplicar o Artigo 1987º de forma extensiva?
 Será que irmao e irma podem fazer IRS em conjunto apesar de se verificar o mesmo
impedimento que se verifica em relaçao ao casamento, porque o Artigo 2º da UF é
igual ao Artigo 1602º do CC e a razao de ser do impedimento é a mesma.
 O nosso legislador nao deu resposta e parece que no ambito da UF nao há como
aplicar a exceçao de produçao de efeitos do Artigo 2º aos parentes que deixam de ser
parentes por força da adoçao. E a UF pode perpetuar-se com este impedimento que
seria ponderado em sede de casamento, mas que nao vai ser ponderado na UF.

(2) Suponha, agora, que Ana e Bernardo se tinham conhecido na colónia de férias da
EDP, onde os pais de ambos trabalhavam. Após um verão de tórrida paixão, Bernardo
pede Ana em casamento. Porém, vem a descobrir, no dia de hoje, que ela apenas tem
15 anos. Quid juris?
Segundo o Artigo 1600º tem capacidade para contrair casamento todos aqueles em quem se
nao verifique algum dos impedimentos matrimoniais previstos na lei.
Nos termos do Artigo 1601º, alínea a) é impedimento dirimente absoluto a idade inferior a
dezasseis anos.
Segundo o Artigo 1631º, alínea a) é anulável o casamento contraído com algum
impeddimento dirimente. Segundo o Artigo 1639º, nº1 tem legitimidade para intentar a açao de
anulaçao fundada em impedimento dirimente, ou para prosseguir nela, os conjuges, ou qualquer
parente deles na linha reta ou até ao quarto grau da linha colateral, bem como os herdeiros e
adotantes dos conjuges e o Ministério Público. Além das pessoas mencionadas no Artigo 1639º,
nº1 pode intentar ou prosseguir a açao o tutor do menor (Artigo 1639º, nº2)

Nos termos do Artigo 1643º, nº1 alínea a) a açao de anulaçao fundada em impedimento
dirimente deve ser instaurada no caso de menoridade até seis meses após o incapaz atingir a
maioridade, se a proposta de açao for feita pelo incapaz. Quando proposta por outra pessoa,
dentro dos 3 anos seguintes à celebraçao do casamento, mas nunca depois da maioridade ou da
cessaçao da incapacidade natural.

Porém, considera-se sanada a anulabilidade se, antes de transitar em julgado a sentença de


anulaçao, o casamento do menor nao núbil for confirmado por este, perante o funcionário do
registo civil e duas testemunhas, depois de atingida a maioridade—Artigo 1633º, nº1, alínea a)

(3) Considere, agora, que Ana havia completado 16 anos. Pronuncie-se acerca da
capacidade nupcial de Ana para contrair casamento com Bernardo.
Segundo o Artigo 1600º tem capacidade para contrair casamento todos aqueles em quem se
nao verifique algum dos impedimentos matrimoniais previstos na lei.
Segundo o Artigo 1604º, alinea a) é impedimento impediente a falta de autorizaçao dos pais
ou do tutor para o casamento do nubente menor, quando nao suprida pelo conservador do registo
civil.
Os impedimentos impedientes sao circunstancias que, embora obstem ao casamento, nao
o tornam anulável se ele chegar a celebrar-se.

O impedimento impediente refere-se aos menores de 16 e 17 anos de idade, dado que a


idade inferior a 16 anos se traduz num impedimento dirimente previsto no Artigo 1601º, alínea
a)

A autorizaçao cabe aos pais (biológicos, adotivos ou por PMA heteróloga) que exerçam
as responsabilidade parentais, ou ao tutor (Artgo 1612º, nº1) e deve ser concedida antes da
celebraçao do casamento ou na própria cerimónia nos termos do CRC.

A requerimento do menor, o conservador do registo civil pode suprir a autorizaçao “se


razoes ponderosas justificarem a celebraçao do casamento e o menor tiver suficiente maturidade
física e psíquica”—Artigo 1612º, nº2.

Apesar de o casamento nao ser anulado, o Artigo 1649º, nº1 preve que o menor que casar
sem ter obtido a autorizaçao dos pais ou do tutor, ou o respetivo suprimento judicial, continua a
ser considerado menor quanto à administraçao de bens que leve para o casal ou que
posteriormente lhe advenham por título gratuito até à maioridade, mas dos rendimentos desses
bens ser-lhe-ao arbitrados os alimentos necessários ao seu estado.
Portanto, se o menor casar sem que ter obtido a autorizaçao dos pais ou do tutor, ou o
respetivo suprimento, ele nao fica plenamente emancipado (Artigo 133º)
NOTAS: Cabe a este propóstio olhar ao Artigo 149º do CRC e o menor núbil (mais de 16 e
menos de 18). O consentimento para o casamento depende da pessoa com quem o menor
pretende casar. E por isso d que se identificar a pessoa com quem vai casar. Por isso temos que
atentar também aos Artigos do CRC.
Artigo 1649/1 coloca a dúvida de saber se estao em causa só atos de administraçao ou
também de disposiçao?A doutrina tem entendido que embora só se fale da administraçao,
também devem englobar os atos de disposiçao que sao atos mais gravosos. Se o menor continua
a ser considerado menor para efeitos de administraaçao também o deve ser considerado para
efeitos de disposiçao. Mas este entendimento nao é consentaneo, e o CF entende que nao pode
haver interpretaao extensiva de normas sancionatórias e como tal nao seria possível estender a
falta de poderes de adminsitraçao aoos atos de disposiçao. Mas, tem se entendido que a
interpretaçao extensiva deve ser admitida poruqe nao faz sentido que ele possa dispor de bens
que nao pode administrar.

Quiz:
1) Zara Phillips e Prince Andrew
 Tio e sobrinha logo há um impedimento impediente- Artigo 1604º alínea c)

2) Kate Midleton e Queen Elizabeth


 Afinidade

3) Prince George e Isla Philips


 Parentes no sexto grau na linha colateral, entao por causa do parentesco nao
haveria qualquer problema?
 Se pretendem casar antes de entrar para a faculdade-- impedimento impediente
por força do Artigo 1604º

4) Princessa Charlote e Princessa Anne


 Quarto grau na linha colateral

5) Princessa Eugenie e Lady Louis


 Primos quarto grau na linha colateral
6) Carlos casa com Camila ainda casado com Diana
 A Isla Philips podia porque é parente no quarto grau da linha colateral e o Artigo
1639 permitia.

7) Princess Ane e Principe Andrews


 Casamento anulável até seis meses depois da dissoluçao do casamento

8) Principe Philips e Zara Philips


 Parentes no segundo grau da linha reta

9) Camila e Kate Middleton


 Afinidade nao gera afinidade. A Kate é afim de Charles e a Camila de William,
mas elas nao tem nenhuma relaçao.

10) Durante o processo preliminar Meghan e Harry descobrem que sao primos. Há
impedimento?
 Nao

Explicaçao sobre a Promessa de Casamento


A promessa de casamento é um contrato preliminar ao contrato de casamento onde os futuros
conjuges se comprometem a celebrar casamento. Qual a diferença relativamente aos demais
contratos promessa?
 O noivo nao pode obrigar a noiva a celebrar casamento só porque houve contrato
promessa de casamento, mas isso nao é caracteristica que resulta do Artigo 1591º. Mas a
expressao “nao dá direito a celebrar casamento” e isto sempre resultaria das regras gerais
do Contrato Promessa porque a execuçao específica apenas pode acontecer quando nao
estejamos perante obrigaçoes de natureza pessoal—Artigo 830

 Mas entao o que distingue o Contrato de promessa de casamento dos restantes


Contratos promessa? É a impossibilidade de pedir indemnizaçoes que nao aqelas que
constem do Artigo 1904º. EX: A e B celebram contrato de casamento, mas o casamento
nao acontece porque A se apaixona por C.
 O nosso legislador quis restringir aquilo que podia ser objeto de indemnizaçao e
veio exlcluir do objeto de indemnizaçao por incumprimento do contrato de
promessa tudo o que nao consta do 1904º e vem dizer que se houver
incumprimento sem justo motivo só haverá lugar a indemnizaçao pelas despesas e
obrigaçoes contraídas na previsao do casamento.
 Referencia ao contrato: no direito canonico já nao se fala de contrato, podia haver uma
promessa unilateral. Mas, no caso do Direito Civil o que há é uma promessa bilateral.

 O legislador quis garantir que havia liberdade e nao havia constrangimentos adicionais a
possibilidade de celebrar casamento.
 Quanto as indemnizaçoes: ela só acontece quando há rompimento da promessa sem que
haja justo motivo. EX: A rompe a promessa porque descobre que B tem uma relaçao com
C, será que há justo motivo? Quando aferimos a justo motivo temos que atender a
conceçao social dominante.
 Quem pode exigir a indemnizaçao? Apenas o conjuge que viu as suas expetativas
defraudas. Mas ela também pode ser feita aos pais e terceiros para acautelar as situaçoes
em que os pais pagam os casamentos.

(4) Após Ana ter dito o “sim” a Bernardo, cedo principiaram os preparativos para o tão
aguardado casamento, com grande empenho e dedicação por parte das famílias de
ambos. Porém, a cerca de 1 mês antes do grande dia, Bernardo rompe o noivado, com
o propósito de fugir para Mykonos com Célia, sua tia, por quem tinha um amor
platónico há largos anos. Pronuncie-se
INFEDILIDADE É UM DOS CASOS QUE PODEMOS SUBSUMIR À FALTA DE JUSTO MOTIVO. TIPICAMENTE A
INFEDILIDADE É RECONDUZIDA A UMA SITUAÇAO DE JUSTO MOTIVO.

NO CASO DE RETRATAÇAO X ROMPER SEM JUSTO MOTIVO: NA RETRATAÇAO TEMOS UM “VOLTAR ATRÁS” E ESSE
“VOLTAR ATRÁS PODE SER RELEVANTE PARA EFEITOS DE JUSTO MOTIVO, MAS A VERDADE É QUE SEJA COM
JUSTO MOTIVO OU SEM JUSTO MOTIVO VAI CONSISTIR NUMA RETRATAÇAO.

QUANDO HÁ JUSTO MOTIVO O ART 1592º OBRIGA À RESTITUIÇAO QUER NO CASO DE RETRATAÇAO QUER
INCAPACIDADE, E PORTANTO QUER AO CULPADO, QUER AO INOCENTE. A RETRATAÇAO NAO TEM EM CONTA SE HÁ
OU NAO JUSTO MOTIVO, E O 1592º ENTENDE QUE TEM QUE HAVER RESTITUIÇAO DOS DONATIVO. EX: A VAI CASAR
COM B E B TINHA OFERECIDO UM ANEL E O A ROMPE A PROMESSA SEM JUSTO MOTIVO PORQUE SE APAIXONOU
POR C E A TEM UM DONATIVO QUE É O ANEL, E NESTA SITUAÇAO O A AINDA QUE SEJA CULPADO VAI TER QUE
RESTITUIR O QUE LHE FOI DADO EM VIRTUDE DA PROMESSA. E O 1592º FALA DA RETRATAÇAO
INDEPENDENTEMENTE DO JUSTO MOTIVO.

JÁ O 1594º EXIGE A VALORAÇAO DO JUSTO MOTIVO E SE NAO HOUVE JUSTO MOTIVO

(i) acerca do desvalor da conduta de Bernardo


Neste caso, após Ana ter dito o “sim” a Bernardo ambos ficam noivos, comprometendo-se a
celebrar o casamento. A promessa de casamento, à qual se dava tradicionalmente o nome de
esponsais ou desposórios, é o contrato pelo qual duas pessoas se comprometem a contrair
casamento e que vem previsto no Artigo 1591º.
Trata-se de um contrato-promessa pelo que, na falta de disposiçoes específicas (Artigo
1591º-1595º) se aplicam as regras gerais do contrato-promessa e, em seguida, as regras gerais
dos negócios jurídicos. Segundo o Artigo 219º a validade da declaraçao negocial nao depende
da observancia de forma especial.
Neste caso Bernardo rompe o noivado para fugir com a sua tia Célia, havendo um
incumprimento do contrato promessa. No entanto, a natureza da obrigaçao de casar obsta à
execuçao específica da promessa nos termos do Artigo 830º, nº1 e Artigo 1591º que determina
que “nao dá direito a exigir a celebraçao do casamento,a falta de cumprimento do mesmo”.

Segundo o Artigo 1591º o nao cumprimento do contrato promessa também nao confere o
direito a reclamar outras indemnizaçoes que nao sejam previstas no Artigo 1594º, mesmo quando
resultantes de cláusula penal.

Nos termos do Artigo 1594º, nº1 se algum dos contraentes romper a promessa sem justo
motivo ou, por culpa sua, der lugar a que outro se retracte, deve indemnizar o esposado inocente,
bem como os pais deste ou terceiros que tenham agido em nome dos pais, quer das despesas
feitas, quer das obrigaçoes contraídas.
Este Artigo apresenta uma limitaçao à extensao da obrigaçao geral de indemnizar, pois
restringe a indemnizaçao a uma parte dos danos patrimonias emergentes, como fruto da
preocupaçao de salvaguardar na medida do possível a liberdade matrimonial das partes.

Além disso, a indemnizaçao é fixada segundo o prudente arbítrio do tribunal, nos termos
do Artigo 1594º, nº3, o que introduz mais um desvio ao regime comum da responsabilidade civil
(Artigo 494º): ainda que haja dolo do agente, o montante da indemnizaçao concedida poderá ser
inferior ao valor das despesas feitas e das obrigaçoes contraídas na previsao do casamento.
Neste caso, Bernardo rompendo o noivado e deste modo nao cumprindo o contrato
promessa, deverá indemniar Ana sendo que o direito de exigir a indemnizaçao cacuda no prazo
de um ano, contado da data do rompimento da promessa, nos termos do Artigo 1595º

NOTA: Até aqui compreendemos que a promessa de casamento é um contrato e este aspeto é
relevante porque no ambito do casamento católico se pensa na promessa quer em termos
unilaterais, quer em termos bilaterais. Mas o ordenamento determinou que a promessa fosse
regulada em termos civis e em portugal é regulada como contrato. E o contrato promessa é o
titulo mediante o qual duas pessoas se comprometem a contrair matrimónio. A grande
especialidade deste contrato promessa, à luz dos demais contratos promessa prennde-se com o
facto de no contrato promessa do casamento nao ser possível reclamar indemnizaçoes para além
daquela que vem prevista no Art 1594º. Quanto a impossibilidade de execuçao específica nao há
aqui novidade porque nos CP que tem natureza pessoal nao é possível ao tribunal substituir-se a
um dos nubentes. E a razao pela qual se restringem as indemnizaçoes tem a ver com a vontade
do legislador em garantir que as pessoas tinham liberdade e nao se encontravam demasiado
restringidas na sua vontade de casar. Quem tem direito à indemnizaçao? O esposado inocente
que é aquele que ve romper a promessa por parte do seu noivo ou noiva sem justo motivo; os
pais. E o sujeito passivo é o nubente que rome a promessa sem justo motivo quer aquele que por
culpa sua dá lugar ao rompimento da promessa.
O que é justo motivo? Haverá justo motivo quando as conceçoes da esfera social dominante dos
nubentes nao seja exigível continuar o noivado e proceder ao casamento. No fndo sempre que
nao pode ser exigido a um dos conjuges a manutençao do vinculo estamos perante um justo
motivo.

Quanto ao rompimento da promessa:o que nao consta do ambito do 1594º quer os lucros
cessantes, quer as obrigaçoes morais, quer tudo o que nao se englobe nas despesas feitas. Neste
caso, tinhamos preparativos e isso será indemnizado.

Imaginemos que tinhamos despesas num montante muito alto: O Artigo 1594º faz referencia ao
prudente arbitrio do tribunal pelo que pode entrar aqui um critério de equidade que pode permitir
que aquele total de despesas possa ser diminuído.

Será que podíamos applicar o Artigo 1592? O Artigo 1594 e 1592 nao se excluem porque o
1594 tem um intuito ressarcitório, enquanto que o 1592º pretende que após o rompimento da
promessa as pessoas tenham acesso àquilo que era delas. Imaginem que no pedido de casamento
é entregue um anel de noivado da avó, ora este tipo de bens embora tenham sido dados, e serem
um donativo, sao bens pessoais que fazem parte de uma família e o legislador pretendeu garnatir
que estes bens sao restituídos.

(ii) sobre a validade do projetado casamento entre Bernardo e Célia.


Bernardo e Célia sao sobrinho e tia. Segundo o Artigo 1578º parentesco é o vínculo que uune
duas pessoas, em consequencia de uma delas descender da outra ou de ambas procederem de um
projenitor comum. Nos termos do Artigo 1580º, nº1 a linha diz-se colateral, quando nenhum dos
parentes descende do outro, mas ambos procedem de um projenitor comum. Por força do Artigo
1581º, nº2 na linha colateral os graus contam-se pela mesma forma, subindo por um dos ramos e
descendo peo outro, mas sem contar o projenitor comum.
Sendo Bernardo e Célia sobrinho e tia, estes sao parentes no terceiro grau da linha
colateral.Segundo o Artigo 1600º tem capacidade para contrair casamento todos aqueles em
quem se nao verifique algum dos impedimentos matrimoniais previstos na lei.Sao circunstancias
que de qualquer modo obstam à realizaçao do casamento.
O Artigo 1604º, alínea c) preve que é um impedimentos impedientes o parentesco no
terceiro grau da linha colateral.
A infraçao do impedimento do parentesco do terceiro grau na linha consta do Artigo 1650º,
nº2 em que se determina que a infraço importa para a tia, a incapacidade para receberem do seu
conjuge qualquer benefício por doaçao ou testamento
 Esta é uma sançao unilateral, pois o legislador entendeu proteger aquela parte que
considera ser a parte mais fraca que no caso concreto é o sobrinho, por em regra o
sobrinhos serem mais novos.
Segundo o Artigo 1609º/1/a—pode haver dispensa Caso nao haja dispensa o conservador
nao poderá proceder ao casamento de ambos, mas caso se prossiga para o casamento aplicamos o
Artigo 1650.

(5) Considere, por fim, que, como forma de congratular o mais recém-casal, Dário e Eva,
pais de Bernardo, ofereceram ao casal uma viagem à Tanzânia, para que estes
pudessem relaxar e descansar antes da boda, ao que o casal acedeu prontamente.
Porém, a apenas uma semana do casamento, Ana vem a falecer, vítima de um violento
tiroteio perpetrado por um grupo de assaltantes ao Hotel em que se encontravam
instalados. Enuncie os efeitos que o desaparecimento repentino de Ana tem na
promessa de casamento ora dissolvida.

Neste caso, após Ana ter dito o “sim” a Bernardo ambos ficam noivos, comprometendo-se a
celebrar o casamento. A promessa de casamento, à qual se dava tradicionalmente o nome de
esponsais ou desposórios, é o contrato pelo qual duas pessoas se comprometem a contrair
casamento e que vem previsto no Artigo 1591º.
Trata-se de um contrato-promessa pelo que, na falta de disposiçoes específicas (Artigo
1591º-1595º) se aplicam as regras gerais do contrato-promessa e, em seguida, as regras gerais
dos negócios jurídicos. Segundo o Artigo 219º a validade da declaraçao negocial nao depende
da observancia de forma especial.
Neste caso, Ana falece sendo que segundo o Artigo 1593º, nº1 preve que se o casamento
nao se efetuar em razao da morte de algum dos promitentes, o promitente sobrevivo pode
conservar os donativos do falecido, mas, nesse caso, perderá o direito de exigir os que, por sua
parte, lhe tenha feito. Sendo que nos termos do nº2 o mesmo promitente pode reter a
correspondencia e os retraatos pessoais do falecido e exigir a restituiçao dos que este haja
recebido da sua parte.
NOTAS: deviamos aplicar o 1593º que trata das restituiçoes em caso de morte e isto é a unica
exceçao relativamente a restitutiçao de donativos que é feita com a promessa .
E os pais de Ana podiam pedir algo de volta? A opçao está do lado do promitente sobrevivo, e se
ele optar por pedir os donativos que fez de volta, entao aí, os pais e terceiros podem pedir entao a
restituiçao dos donativos que lhe foram feitos.

Explicaçao quanto ao CP:


O Artigo 1593º trata das restituiçoes no caso de morte. E se olharmos ao Art 1593º ele
apenas trata dos donativos do falecido e perguntou-se se se podia restituir os donativos de
terceiro, mas o Art 1593º nao trata dos donativos feitos por terceiros. E surge o primeiro
problema porque o Art 1593º nao trata deste tipo de donativos e qual a lógica que devem aplicar
aqui, embora este problema nao seja abordado em nenhum dos manuais. O que é que sucede
quanto aos donativos feitos por terceiros? Elas acham que quando haja um incumprimento da
promessa em razao de morte e haja feito sido feito donativo por terceiro elas entendem que
devemos aplicar o Art 1592º a este tipo de donativos, porque o Art 1593º permite garantir que o
promitente sobrevivo fique com aquilo que lhe foi dado pelo promitente que morreu. Ora, esta
lógica, nao parece fazer muito sentido relativamente aos donativos feitos por terceiro.
Imaginemos:a mãe do promitente que morreu oferece à nora o anel de família. Faria sentido o
sobrevivo escolher ficar com o anel, uma vez que o anel foi dado por uma pessoa que continua
viva?
PORTANTO:
 Quando tivermos donativos do falecido aplicamos o Art 1593º de forma direta, e das
duas uma:
 Ou o promitente vivo opta por ficar com aquilo que lhe tenha sido dado, ou seja, o
que tenha recebido de donativos do falecido, a escolha é dele, e se ficar perde o
direito de exigir aqueles que deu, ou então se ficar, se exigir ficar com os que deu,
perde a exigência de ficar com os que lhe foram dados.
 Caso o promitente sobrevivo tenha recebido donativos do falecido – a escolha é
dele – pode escolher ficar com os donativos, mas perde o direito de exigir aqueles
que deu, ou pode exigir de volta aqueles que deu mas perde o direito daqueles que
recebeu
 Esta regra, tem a excepção, do 1593º nº2, que nos diz que ele pode ficar com tudo
o que aqui se encontra – correspondência e retratos pessoais – neste caso, o
promitente falecido pode ter trocado correspondência e pode ter retratos pessoais,
e o promitente sobrevivo tem o direito de ficar com aqueles que deu, e com o que
lhe foi dado – correspondência e retratos – e porquê ? Porque será a última
memória que terá do promitente falecido – portanto pode reter, e exigir a
restituição.

 O que é que sucede se tivermos donativos de terceiros? Como na hipótese que fizemos,
isto é um donativo de terceiro, porque tinham sido os pais de um deles que ofereceram, e
nestes casos, é de aplicar o 1592º porque este é a regra geral, excecionada pelo 1593º.
 E portanto aplicávamos ou por interpretação extensiva ou por aplicação analógica
o 1592º aos donativos de terceiro.
 Agora, a nossa viagem foi consumida, quando o nº2 do 1593º fala das cartas, mas
nao as coisas que hajas sido consumidas antes da retrataçao ou verificaçao da
incapacidade. Isto está pensado para casos como “oferecer um jantar de noivado”.
A viagem também é consumível na medida em que esta foi realizada e já nao
pode ser repetida. E portanto, no que respeita a viagem que foi consumida antes
da morte, aplicaríamos o 1592/2 por aplicaçao analógica dizendo que embora a
viagem tenha sido oferecida pelos pais enquanto donativo feito com vista a
celebraçao do casamento, esta foi tida e nao é repetível e como tal nao tem que ser
devolviida, ou seja o promitente sobrevivo nao tem que devolver o valor.

PORTANTO, num caso de promessa temos que seguir estes passos:


1) Os factos presentes na hipótese enquadram-se naquilo que é uma promessa de casamento
porque houve uma concordancia, ou seja um pedido e umaa aceitaçao. A promessa de
casamento é um contrato e como tal, nao basta que um diga “eu prometo casar contigo”, é
necessário que a ooutra parte também o diga ou por atos concludentes o demonstre. E
isto porque a promessa de casamento é um contrato entre nós.
 A aceitaçao também pode decorrer de factos concludentes-

2) Se foram feitos os donativos a partida aplicamos o 1592º. A nao ser que haja morte e
nesse caso é o 1593º.

3) E se forem despesas? As despesas estao reguladas no Artigo 1594º e para que possamos
aplicar o Artigo 1594º é necessário que:

a. Vejamos se houve um rompimento da promessa, ou uma retratação em razão


de culpa do outro sem justo motivo – devemos densificar o conceito de justo
motivo, e explicar porque é que com a nossa interpretação, tendo em conta a
conceção social daqueles cônjuges, não se pode integrar aquele caso, num caso
de justo motivo.
b. Devemos depois, ver quem tem o direito a ser indemnizado, se o próprio
esposado inocente, se os pais, se os terceiros que agiram em nome dos pais.
c. Depois devemos ver que tipo de despesa são indemnizáveis, e como já vimos,
devemos ver, se são despesas ou obrigações contraídas na previsão do
casamento – despesas que são feitas tendo em vista o casamento que se iria
celebrar – não estão abrangidas as situações que estão no 1º Acórdão
apresentado, como era o caso do cônjuge deixar de trabalhar, e deixar de
auferir certos lucros, certos rendimentos que iria ter, e isto são lucros
cessantes, e não estão abrangidos no artigo 1594º

4) Por fim, devemos dizer que esta indemnização é atribuída segundo o prudente arbítrio
do Tribunal, o que quer dizer que confluem aqui critérios de equidade. E portanto,
ainda que a indeminização pudesse ser até de um valor absurdo, porque o nubente ou
os pais pagaram o casamento inteiro, não quer dizer que o esposado faltoso, ou culpado
tenha que pagar aquele montante total. O julgador vai aferir as despesas mas também
vai ver os rendimento da pessoa que terá de pagar, e se alguma das despesas ainda
pode ser aproveitada – por exemplo: o catering e a comida deram para vários dias, e o
julgador pode ter isso presente nos termos do artigo 1594º nº3.
5) Para finalizar, ter sempre em atenção que estas ações caducam no final de um ano,
após o rompimento da retratação, ou da morte do promitente.

Caso Prático 3 - Processo Preliminar


Fernando e Guilhermina apaixonaram-se pouco depois de Guilhermina ter integrado a
equipa da consultora onde Fernando trabalhava e da qual era sócio. Anos volvidos e um filho
depois, Fernando e Guilhermina pretendem agora casar. Aprecie, criticamente, os passos que
decidiram tomar para concretizar este sonho.
i) Decidiram iniciar o processo preliminar de casamento e pedir a Helena, irmã de
Guilhermina, que se dirigisse ao Cartório Notarial de Odivelas, declarando que
Fernando e Guilhermina pretendem contrair casamento e requerendo o início do
processo preliminar.
O processo preliminar de casamento destina-se à verificaçao da inexistencia de
impedimentos, é organizado por qualquer conservatória do registo civil nos termos do Artigo
134º do CRC e inicia-se com a declaraçao para casamento.
1) Será que pode ser a irma de Guilhermina a requerer o início do processo preliminar?
Segundo o Artigo 135º, nº1 aqueles que pretendam contrair casamento devem declará-lo,
pessoalmente ou por intermédio de procurador, numa conservatória do registo civil e requerer a
instauraçao do processo de casamento. Portanto, Guilermina poderia declará-lo se tivesse
procuraçao para tal.

2) Será que pode requerer o processo no Cartório Notarial de Odivelas?


Do Artigo 135º, nº1 resulta que a declaraçao de que se pretende contrair casamento deve ser
feita numa conservatória do registo civil. Sendo que segundo o Artigo 134º qualquer
conservátoria do registo civil é competente para a organizaçao do processo preliminar de
casamento. Pelo que deviam diriger-se a uma conservatória do registo civil e nao a um Cartório
Notarial.

ii) Pedem, igualmente, que Helena não revele a existência do filho de ambos, pois
pretendem proteger a sua intimidade e manter a sua identidade confidencial.
Segundo o Artigo 136º, nº2, alínea e) a declaraçao deve conter a indicaçao de algum dos
nubentes ter filhos, salvo se o regime de bens for imperativo.
Neste caso, os nubentes tinham um filho. Segundo o Artigo 1699º, nº2 se o casamento for
celebrado por quem tenha filhos, ainda que maiores ou emancipados, nao poderá ser
convencionado o regime da comunhao geral nem estipulada a comunicabilidade dos bens
referidos no Artigo 1722º, nº1.
Este Artigo 1699º nao distingue se os filhos sao de ambos os nubentes ou de apenas um
deles. Todavia, este preceito é alvo de uma interpretaçao restritiva dominantemente consolidade.
Sendo esta a posiçao defendida pelo Professor Jorge Duarte Pinheiro que considera a proibiçao
aplicável unicamente nos casos em que haja filhos de um nubente com terceiro. Segundo os
defensores desta interpretaçao restritiva, o preceito visa proteger as expetativas sucessórias dos
filhos de apenas um dos nubentes perante as de outros sucessíveis legitimários prioritários deste.
Assim sendo, e seguindo esta interpretaçao restritiva, no caso de os nubentes só terem
descendentes comuns, será portanto, permitida a escolha do regime da comunhao geral e a
estipulaçao da comunicabilidade dos bens referidos no Artigo 1722º, nº1.
Entendendo que o regime de bens nao é imperativo, entao segundo o Artigo 136º, nº2 do
Código do Registo Civil a declaraçao para casamento deve conter a existencia do filho de ambos.

Explicaçao: Quando nós dizemos que o regime de bens é imperativo, significa que as pessoas
apenas podem casar com aquele específico regime de bens e aí apenas podem casar nesse
regime. O Artigo 1699º nao estabelece uma imperatividade, mas sim a proibiçao de casar em
comunhao geral de bens, o que significa que nao há aqui uma imperatividade. Pode acontecer
que o Art 1699º se compatibilize com uma norma que estabelece a imperatividade, por exemplo
se a pessoa tiver mais do que uma certa idade, e aí já nao será necessário dizer que tem um filho
porque já teremos um regime imperativo. Agora, o Art 1699/2 explica a importancia de revelar
em sede de processo preliminar a existencia de um filho e isto vai ter implicaçoes a nível do
regime patrimonial e por isso o legislador tem que fazer constar aquela informaçao da declaraçao
para que as pessoas nao casem no regime que nao lhes é permitido, e por isso a declaraçao deve
conter a existencia do filho de ambos.
iii) Para que Helena requeresse a abertura do processo preliminar, Fernando e
Guilhermina informaram-na que já haviam celebrado uma convenção antenupcial
com o intuito de regularem as suas relações patrimoniais e entregaram os seus cartões
de cidadão para que esta os entregasse ao notário.
Segundo o Artigo 1698º os esposos podem fixar livremente, em convençao antenupcial, o
regime dos bens do casamento, quer escolhendo um dos regimes previstos no CC, quer
estipulando o que a esse respeito lhes aprouver dentro dos limites da lei.
Nos termos do Artigo 1710º as convençoes antenupciais só sao válidas se forem
celebradas por declaraçao prestada perante funcionário do registo civil ou por escritura pública,
nao tendo qualquer valor a indicaçao que, contra o estipulado nesses instrumentos, conste da
declaraçao para casamento
Segundo o Artigo 137º, nº1 alínea b) a declaraçao inicial deve instruída com a certidao
da escritura de convençao antenupcial, caso tenha sido celebrada. E segundo o Artigo 137º, nº1
alínea a) a declaraçao inicial deve ser instruída com os documentos de identificaçao dos
nubentes.
iv) Avisam igualmente Helena que não pretendem que os seus dados pessoais se tornem
públicos, especialmente a sua morada, pois compreendem os riscos inerentes à hiper
exposição e querem garantir a segurança do filho.
A parte da declaraçao para casamento que contém a identificaçao dos nubentes (e os
elementos mencionados na alínea a) b), c) e g) do nº2 do Artigo 136º do CRC é pública,
publicidade que é garantida pelo direito à obtençao de cópia previsto no Artigo 140º do CRC.
A morada vem prevista na alínea a) quando se refere a residencia habitual, pelo que será
publicada.
NOTA: isto é uma questao discutida. Qual a necessidade de publicar informaçoes tao sensíveis.
Mas podemos perguntar até que ponto este processo preliminar deve carecer de publicidade
relativamente a estes bens que sao bastante sensíveis.

v) Helena está algo preocupada com o papel que lhe foi incumbido, pois não consegue
esquecer o facto de a irmã ainda não estar divorciada do marido de quem se separou
antes de conhecer Fernando.
O processo preliminar de casamento destina-se à verificaçao da inexistencia de
impedimentos. Nos termos do Artigo 143º, nº1 do CRC compete ao conservador verificar a
identidade e capacidade matrimonial dos nubentes, podendo colher informaçoes junto de
autoridades, exigir prova testemunhal ou documental complementar e convocar os nubentes ou
os seus representantes legais.
A marcha do processo preliminaar de casamento sofer alteraçoes se, até à celebraçao do
casamento, for deduzido algum impedimento ou a existencia deste chegar, por qualquer forma,
ao conhecimento dos funcionários do registo civil: o andamento do processo é suspenso até que
o impedimento cesse, nos termos do Artigo 142º e 1611º.
Segundo o Artigo 1611º, nº1 até ao momento da celebraçao do casamento, qualquer
pessoa pode declarar os impedimentos de que tenha conhecimento. O Artigo 142º, nº1 confirma
que a a existência de impedimentos pode ser declarada por qualquer pessoa até ao momento da
celebração do casamento e deve sê-lo pelos funcionários do registo civil logo que deles tenham
conhecimento.
Sendo a declaraçao obrigatoria para o Ministério Público e para os funcionários do regiso
civil logo que tenham conhecimento do impedimento, nos termos do Art 1611º, nº2.
vi) Helena é informada de que, em princípio, o certificado de capacidade matrimonial
será emitido no espaço de um mês, comunicando a novidade a Fernando e
Guilhermina. Ambos ficam felizes com a possibilidade de casarem e marcam o
casamento e a boda para daí a um ano, cientes de que preparar um casamento é um
processo moroso.
Se cessar o impedimento e efetuadas as diligencias necessárias, deve o conservador, no
prazo de um dia a contar da última diligencia, proferir despacho final a autorizar os nubentes a
celebrar o casamento nos termos do Artigo 144º.
Se o impedimento nao cessar, entao nos termos do Artigo 144º, nº4 o despacho
desfavorável à celebraçao do casamento é notificado aos nubentes, pessoalmente ou por carta
registada.
Segundo o Artigo 144º, n2 no despacho devem ser identificados os nubentes, feita
referencia à existencia ou inexistencia de impedimentos ao casamento e apreciada a capacidade
matrimonial dos nubentes.
Lavrado o despacho final a autorizar a realizaçao do casamento, este deve celebrar-se
dentro dos seis meses seguintes nos termos do Art 1614º e Artigo 145º. Segundo o nº2 do Art
145, se o casamento não for celebrado no prazo referido no número anterior, o processo pode ser
revalidado, sendo que a revalidaçao apenas pode ter lugar no prazo de um ano contado da data do
despacho final nos termos do nº4.

Antes de entrarmos no Caso Prático 4 relativo à Vontade de contrair casamento, cabe


proceder a uma explicaçao a propósito do consentimento.
O consentimento é o segundo pressuposto do casamento e isto quer dizer que quando
queremos aferir se o casamento é válido, temos nao só que olhar a capacidade mas também ao
consentimento. PORTANTO, numa hipótese:
1) A primeira coisa é aferir se existe ou nao capacidade, porque nós aferimos os
impedimentos no processo preliminar. Mas os mesmos também sao relevantes na
celebraçao do casamento (se só aí forem descobertos).
2) Já o consentimento só vai ser aferido no ato de celebraçao.
Onde se encontra regulado? O consentimento encontra-se regulado no Artigo 1617º a Artigo
1621º onde encontramos a delimitaçao positiva do consentimento, ou seja, é aqui que
encontramos os caracteres que o consentimento deve revestir para que seja válido. Já nos
restantes Artigos encontramos a delimitaçao negativa, isto é os casos onde nao haverá
consentimeento válido porque este ou está inquinado por vícios na formaçao da vontade ou falta
de vontade.
Porque é que o consentimento é tao importante? O casamento é erigido como um contrato e um
NJ bilateral para que seja válido exige que haja vontade de ambas as partes e o consentimento é
a manifestaçao de vontade e por isso quando falamos de consentimento e vontade estamos a
faalar das mesmas faces de uma moeda.
O que é que é necessário para que o consentimento seja válido?
1) Atualidade do consentimento
 Artigo 1617º o consentimento deve ser dado na celebraçao do casamento, se
tivermos um consentimento dado noutro momento fora da celebraçao, esse
mesmo consentimento nao é válido.

2) Consentimento tem de ser infungível e pessoal


 O consentimento deve ser prestado pelos nubentes.
 Nao pode haver substituiçao da vontade do nubente e isto nao é incompatível com
a procuraçao. A incompatibilidade que decorre desta infungibilidade e pessoal é a
da decisao ser tomada por outra pessoa. O casamento por procuraçao depende do
consentimento daquele que vai passar a procuraçao.

3) Consciencia da vinculaçao jurídica


 O consentimento necessita da consciência de vinculação jurídica – 1618º nº2,
ou seja, consciência dos efeitos ligados ao casamento, ter a ideia dos efeitos
pessoais, patrimoniais e da comunhão de vida. Presume-se esta consciência da
vinculação jurídica.

4) Consentimento puro, simples e nao condicionado


 O que quer dizer que ao consentimento e à vontade de celebrar casamento não
podem ser impostas condições ou termos para a celebração do mesmo – isto
não é possível – Art 1618º nº2.
Posto isto, é também necessário que para além destes caracteres do Art 1617º a 1621º é
necessário pensar que como em qualquer contrato que a vontade seja esclarecida. Ou seja, que
a vontade seja prestada por uma pessoa que tem maturidade para compreender os efeitos (temo
desde logo o impedimento da idade). Por outro lado, é necessário que a vontade seja livre, ou
seja que a vontade nao tenha sido pressionada por condiçoes exteriores, ou seja, que o seu
consentimento nao tenha sido prestado por coaçao.
Posto isto, também é necessário compreender que o consentimento tem de ser completo –
enquanto o estudo dos outros caracteres estão no CC, esta necessidade de completude está no
Código do Registo Civil no artigo 155º - que diz que as partes têm de responder de forma sucinta
e completa “é de minha liberdade casar com a pessoa em causa” – têm de ter determinada forma
e expressão que é tipificada.
Nós já tivemos a oportunidade de ver que o casamento tem esses caractere da:
 Liberdade
 Esclarecimento
 Maturidade
E nós vamos encontrar isto naqueles Artigos que limitam negativamente o consentimento
(Art 1631/b) O primeiro ponto a ter em consideraçao:
1) A lei presume que o consentimento é válido com todos os efeitos correspondentes—Art
1634º do CC
 O que é se quer dizer com a presunção? É que caso haja falta de vontade ou vício
na formação da vontade, a parte que quer alegar essa falta ou vício deverá provar
a sua existência dessa mesma falta ou desse mesmo vício. Portanto, os
interessados na anulação do casamento têm de provar que a vontade não existiu
ou que houve falta de prova.
 Porque é que existe esta presunçao? O Artigo 1634º presume a vontade e isto
porque se quis conferir estabilidade ao casamento, porque se nao presumissemos a
vontade qualquer pessoa alegava a falta de vontade e epois cabia a essa pessoa
que sabia que tinha havido falta de vontade provar isso, e isto é uma prova
diabólica!É muito difícil provar que houve vontade de casar, é mais fácil provar
que não houve vontade, ou que esteve viciada por erro ou coação. E portanto, os
interessados nesta anulação é que têm de provar que esta vontade não existia ou
estava viciada.

Em que casos o casamento é anulável?


Posto isto, importa ter em consideração o Art 1527º, que diz que o casamento é válido
salvo os casos previstos na lei. Apenas os casos previstos na lei (1634º 1635º 1636º 1638º) é que
são passiveis de anular o casamento com fundamento em falta ou vícios da vontade. Imaginem
um vício que não esteja previsto nestes artigos, por exemplo a usura, não está previstas e é um
vício da vontade, não se encontrando prevista mas poderíamos pensar, será que podemos aplicar
o regime geral do CC? Parece-nos que a luz do 1527º não, porque parece que o artigo remete só
para artigos previstos em 1634º e ss.Nos artigos 1635º e 1636º e 1638º os casos de falta ou vícios
da vontade.
Caso Prático 4 - Vontade de contrair casamento
Há dez anos, Inês conheceu Jonas numa festa da faculdade. Inês, encantada com a sua
aparência e com a sua inteligência, Jonas encantado com a sua beleza e perspicácia, foi amor
à primeira vista. A relação ia “de vento em popa” e Jonas decidiu fazer o pedido pelo qual
Inês tanto aguardava. No entanto, a vida “trocou-lhes as voltas” e, quando Jonas adoeceu, o
casamento por que ambos ansiavam teve que ser adiado. Ainda assim, no momento em que
decidiram adiar o casamento, tanto Jonas como Inês reiteraram a sua imensa vontade de se
unirem pelo casamento.
i. Imagine agora que, depois de longos tratamentos, Jonas está finalmente curado e
pretende celebrar esta vitória, casando finalmente com Inês. Inês, cansada e
desencantada, entende que o casamento já não é o projeto de vida mais apelativo.
Jonas não compreende e entende que o compromisso assumido no passado por
Inês ainda é válido.
Neste caso, Jonas e Ines estavam noivos, e no momento em que Jonas fica recuperado e
pretende casar com Ines está afirma que o casamento já nao é um projeto de vida apelativo,
sendo que Jonas entende que o compromisso assumido por Ines no passado, relativamente à
vontade de se unirem pelo casamento se mantem válido.
A promessa de casamento, à qual se dava tradicionalmente o nome de esponsais ou
desposórios, é o contrato pelo qual duas pessoas se comprometem a contrair casamento—Artigo
1591º.
Mediante a promessa de casamento, as partes ficam vinculadas a casar uma com a outra.
No entanto, a natureza da obrigaçao de casar obsta à execuçao específica da promessa—Artigo
1591º e Artigo 830º, nº1. No caso de incumprimento, é conferido apenas o direito às
indemnizaçoes previstas no Artigo 1594º, tal como é determinado pelo Artigo 1591º.
Neste caso, Ines recusa casar com Joao por entender que o casamento já nao é um projeto
de vida apelativo., sendo que já tinha decorrido um longo período de tempo desde que as partes
assumiram a vontade de casar. Neste caso, pode entender-se existir um motivo justificado para
qe Ines se encontre cansada e desencantada com a perspetiva de um casamento com Jonas, pelo
que se pode entender que existe um motivo justificado para a sua retrataçao.
Para além do mais, o contrato de casamento exige o mútuo consentimento das partes que
tem de ser exteriorizado no próprio ato, nos termos do Artigo 1617º que consagra o princípio da
atualidade do consentimento matrimonial. Assim sendo, se Ines nao reiterar a sua vontade no
momento do próprio ato, Ines e Jonas nao poderao casar.

NOTA: podemos equacionar aqui um justo motivo, o desencanto, por nao terem vivido uma vida
de casal por causa da doença. Mas também nao tinhamos dados na hipótese que nos permitem
discutir as indemnizaçoes, portanto a questao da promessa tem relevancia. Mas no fundo era
também para chamar atençao para o caracter da atualidade.
ii. Imagine agora que, depois de longos tratamentos, Jonas está finalmente curado e
pretende celebrar esta vitória, casando finalmente com Inês. Nos preparativos da
boda, Inês revela-lhe que ansia pelo dia em que se casarão, mas que espera que
Jonas compreenda que depois de casados caberá a Inês fazer as escolhas
determinantes da vida de ambos, como o local onde irão residir, como o tipo de
casa que adquirirão, como os sítios onde irão passar férias.
O problema que se coloca nesta hipótese passa por determinar se Ines poderá unilateralmente
fazer fazer as escolhas determinantes da vida de ambos, como o local onde irão residir, como o
tipo de casa que adquirirão, como os sítios onde irão passar férias.
O Artigo 1618º, nº1 preve que a vontade de contrair casamento importa a aceitaçao de todos
os efeitos legais do matrimónio, sem prejuízo das legítimas estipulaçoes dos esposos em
convençao antenupcial. Sendo que se consideram nos termos do nº2 nao escritas as cláusulas
pelas quais os nubentes, em convençao antenupcial pretendam modificar os efeitos do
casamento.
À luz do Art 1671º, nº1, o casamento baseia-se na igualdade de direitos e deveres dos
conjuges. Para assegurar o princípio da igualdade no governo da família, a lei impos no Artigo
1671º, nº2 aos conjuges a obrigaçao de tentarem chegar a acordo sobre a orientaçao da vida em
comum tendo em conta o bem da família e os interesses um do outro.
Segundo o Artigo 1673º, nº1 os conjuges devem escolher de comum acordo a residencia da
família, antendendo, nomeadamente, às exigencias da sua vida profissional e aos interesses dos
filhos e procurando salvaguardar a unidade da vida familiar.
O Artigo 1699º, nº1 alínea b) determina que nao podem ser objeto de convençao
antenupcial as alteraçoes dos direitos ou deveres, quer paternais, quer conjugais,
Assim sendo, esta convençao pre nunpcial nao seria válida e ter-se-ia por nao escrita.
O Professor JORGE DUARTE PINHEIRO, apoiando-se no disposto no número 2 do art.
1618.º CCIV constata que são irrelevantes as estipulações dos nubentes que pretendam modificar
os efeitos injuntivos do casamento, considerando-se que o casamento é válido como se tivesse
sido puro e simples o consentimento prestado.
iii. Imagine agora que, depois de longos tratamentos, Jonas está finalmente curado e
pretende celebrar esta vitória, casando finalmente com Inês. Enquanto
organizavam o casamento que avizinhava, Inês e Fernando Jonas concordam fazer
depender a validade do casamento de uma eventual gravidez de Inês.
O consentimento matrimonial deve ser puro e simples, como decorre do Art 1618º. A
vontade de contrair casamento, importa aceitaçao de todos os efeitos legais do matrimónio,
exceto daqueles que podem ser objeto de convençao antenupcial (Art 1698º).
As estipulaçoes dos nubentes que pretendem modificar os efeitos injuntivos do casamento ou
submete-los a condiçao, a termo ou à preexistencia de algum facto, sao irrelevantes,
considerando-se que o casamento é válido como se tivesse sido puro e simples o consentimento
prestado.
PORTANTO, as partes nao poderiam submeter a validade do casamento a uma eventual
gravidez de Ines, considerando-se essa estipulaçao como nao escrita.

iv. Imagine agora que, depois de longos tratamentos, Jonas está finalmente curado,
mas continua bastante débil. Cansado dos adiamentos constantes e ansioso pela
vida de casados e pela estabilidade - económica e psicológica - que o casamento lhe
traria, Fernando expõe a Inês a sua enorme vontade de se casar rapidamente e
pretender fazer-se representar pelo irmão. Inês concorda e decide igualmente
fazer-se representar pela irmã.

O problema que se coloca nesta hipótese passa por determinar se tanto Ines com Jonas se
podem fazer representar pelos respetivos irmao e irma.
O casamento por procuraçao constitui uma exceçao ao princípio do caráter pessoal do
consentimento. Segundo o Artigo 1619º a vontade de contrair casamento é estritamente pessoal
em relaçao a cada um dos nubentes. É porém, nos termos do Artigo 1620º lícito a um dos
nubentes fazer-se representar por procurado na celebraçao do casamento.
No entanto, se ambos os nubentes se fizerem representar por procurador, o casamento é
inexistente, nos termos do Art 1628º, alínea c). Aplica-se o Art 1628º, alínea c) porque nao é
lícito o segundo procurador e como tal a declaraçao de vontade do segundo procurador é uma
nao declaraçao que nao vincula o nubente, ele nao configura um procurado lícito.
Também ter presente o Artigo 44º do CRC que determina que: No acto da celebração do
casamento só um dos nubentes pode fazer-se representar por procurador.

v. Imagine agora que, depois de longos tratamentos, Jonas está finalmente curado,
mas apaixonou-se por Kátia, uma das enfermeiras que dele cuidava, e decide
cancelar o casamento. Leonor, mãe de Jonas, não quer acreditar na novidade e
entende que o filho deve estar com sequelas psicológicas fortes que o impedem de
raciocinar, querendo substituir-se ao filho e consentir por ele no casamento.
Segundo o Artigo 1619º a vontade de contrair casamento é estritamente pessoal em
relaçao a cada um dos nubentes. É porém, nos termos do Artigo 1620º lícito a um dos
nubentes fazer-se representar por procurado na celebraçao do casamento. Sendo que
segundo o nº2 desse Artigo a procuraçao deve conter poderes especiais para o ato, a
designaçao expressa do outro nubente e a indicaçao da modalidade do casamento.
Neste caso, a mae de Jonas nunca se poderia fazer substituir a este sem uma procuraça
que lhe conferisse os poderes para tal.
Segundo o Artigo 1628º, alínea d) é juridicamente inexistente o casamento contraído por
intermédio de procurado, quando celebrado depois de terem cessado os efeitos da
procuraçao, ou quando esta nao tenha sido outorgada por quem nela figura como constiuinte,
ou quando seja nula por falta de concessao de poderes especiais para o ato ou de designaçao
expressa do outro contraente.
Neste caso, nao tinham sido concedidos poderes especiais à mae de Jonas para que esta se
lhe substituisse.

Caso Prático 5 - Casamento Urgente - COVID-19


Manuel e Nuna encontravam-se nos últimos preparativos para o seu casamento, que se
encontrava agendado para o dia 20 de junho de 2021 quando foram surpreendidos pela
notícia de que Nuna se encontrava infetada com o novo coronavírus. Tal diagnóstico foi
confirmado em virtude de teste PCR realizado na semana que antecedia o casamento,
obrigando os noivos a adiar o grande dia. Confiante de que iria, em breve, testar negativo
para o COVID-19, pois que Nuna não demonstrava grandes sintomas, para além de algumas
dores musculares e perda de olfato, decidiram remarcar o casamento para dali a um mês.
Todavia, logo perceberam que os seus planos seriam frustrados, em virtude do agravamento
galopante do quadro clínico de Nuna.
i) Pronuncie-se quanto à viabilidade de Manuel e Nuna casarem, tendo em
consideração o delicado estado de saúde de Nuna. Considere, ainda, que Manuel e
Nuna casaram, em casa, na presença de um amigo de infância.
1) Quanto à viabilidade de Manual e Nunca casarem
O casamento civil urgente sob forma civil é aquele cuja celebraçao é permitida
independentemente do processo preliminar de casamento e sem a intervençao do funcionário do
registo civil (Art 1622/1)
Segundo o Artigo 1622/1 quando haja fundado receio de morte próxima de algum dos
nubentes, ou na iminencia de parte, é permitida a celebraçao do casamento independentemente
do respetivo processo preliminar e sem a intervençao do funcionário do registo civil.
Neste caso, ao que tudo indica havia um fundado receio de morte próxima de Nuna pelo seu
delicado estado de saúde, pois houve um agravamento galopante do seu quadroo clínico.

2) Manuel e Nuna casaram, em casa, na presença de um amigo de infancia


Quanto ao local de casamento, à semelhança do casamento civil comum, o Artigo 156º do
CRC preve a proclamaçao oral ou escrita de que vai celebrar-se o casamento, feita à porta da
casa onde se encontram os nubentes, por qualquer das pessoas presentes.Assim sendo, Manuel e
Nunca podiam casar em casa, mais ainda tendo em conta o estado delibitado de Nuna.
O casamento urgente celebra-se com a declaraçao expressa do consentimento de cada um dos
nubentes perante quatro testemunhas, duas das quais nao podem ser parentes sucessíveis dos
nubentes (Art 156/b CRC).
Uma das formalidades relativas ao casamento urgente é a presença de quatro testemunhas,
neste caso, Manuel e Nuna apenas tinham uma testemunha que era o seu amigo de infancia.
Segundo o Artigo 1624º, nº1, alínea a) o casamento nao pode ser homologado se nao se
verificarem os requisitos exigidos por lei, ou nao tiverem sido observadas as formalidades
prescritas para a celebraçao do casamento urgente. O casamento civil urgente nao homologado é
juridicamente inexistente (Art 1628º, alínea b).

+ Artigo 160 do CRC que nao podia haver homologaçao


Explicaçao sobre o casamento urgente
Casamento urgente—Art 1622 a 1624 e mencionado a propósitod o 1690 que é tido por civil ou
católico consoante a vontade dos nubentes e pelo Artigo 1699º que determina que a dispensa do
processo preliminar. O casamento urgente apresenta um duplo desvio a tramitaçao comum:
1) Dispensa o processo preliminar em momento antecedente a celebraçao
2) Nao exige a celebraçao por um funcionário do registo civil ou do páraco no caso de
casamento religioso
Quando há casamento urgente? Em uma de duas situaçoes: fundado receio de morte ou
iminencia de parto. O fundado receio de morte tem razoes patrimoniais subjacente e a
iminencia de parte tem subjacente razoes de ordem moral como a presunçao de paternidade que
vigora em beneficio do marido da mae, se nao há marido tem que haver perfilhaçao e as pessoas
também podem querer que o filho possa nascer na tramitaçao do património.
Agora, também é necessário que se verifiquem certas formalidades e que sao aquelas que vem
previstas no Artigo156º do CRC, é necessário desde logo uma declaraçao expressa (o beijo entre
conjuges nao chega) a presença de 4 testemunhas, que seja redigida a ata de casamento que seja
documento escrito particular e nao carece de autenticaçao nem de outorga pelo notário.
O que sucede depois da redaçao da ata? A ata tem que ser entregue ao conservador do registo
civil que vai organizar o processo preliminar, porque nao é um facto de nao haver processo
preliminar em momento antecedente tal nao significa que ele nao vai ocorrer, porque o legislador
quando pensou nos impedimentos quer que ele valha quer para o casamento comum, quer para o
urgente e por isso também aqui tem que haver a verificaçao dos impedimentos que consta do
Artigo 159º. E tal vai terminar na homologaçao do casamento, sendo que a homologaçao nao
ocorre nos casos do Artigo 160º do CRC e do Artigo 1624º CC
E que causas sao essas que podem justificar a nao homologaçao? Artigo 1624º
Quais as consequencias da falta de homologaçao? Artigo 1628º. Agora imaginemos que duas
pessoas de bela saude chegam junto de um amigo e pedem para ele os casar urgentemente, nesse
caso nao se verificam os requisitos para o casameneto urgente, logo o casamento será
juridicamente inexistente por força do Artigo 1628/a. Já, a alínea b) do Artigo 1628º aplica-se
quando os requisitos de fundo do casamento urgente (fundado receio de morte ou iminencia
parto) se verificam, MAS, nao se verificam as formalidades. PORTANTO, pela falta de
requisitos de fundo (nao houve fundado receio de morte ou iminencia de parte) entao o que
aplicamos é o Artigo 1628/a.
 Se o casamento for considerado inexistente, temos saber qual o regime da inexistencia e
tal vem previsto no Art 1630º. E pode ser invocada a todo tempo por qualquer pessoa
diferentemente da anulabilidade.
 Já o casamento celebrado perante funcionário de facto nao é tido por inexistente para
efeitos do Artigo 1629º. EX: pessoa que toda a vida fingiu ser páraco, o casamento nao
seria inexistente nos termos do Artigo 1628/a porque celebrado perante quem nao tinha
“competencia funcional”. Agora, se as partes estivessem de má fé entao já nao
aplicaríamos o Arigo 1629º
Qual o regime do casamento? Agora quem casa por casamento urgente, casa sempre em
separaçao de bens. O legislador pretendeu acautelar estas situaçoes 1720/a

ii) Suponha, agora, que Nuna se encontrava grávida de 7 meses, sendo desejo de
ambos que a criança nascesse já na constância do casamento. Tendo presentes as
restrições impostas pelo 11.ª Estado de Emergência e o cancelamento de todos os
atos de registo civil não urgentes, refira se assiste ao casal a possibilidade de
recorrerem ao instituto do casamento urgente para acolher a sua pretensão.
O casamento civil urgente sob forma civil é aquele cuja celebraçao é permitida
independentemente do processo preliminar de casamento e sem a intervençao do funcionário do
registo civil (Art 1622/1)
Segundo o Artigo 1622/1 quando haja fundado receio de morte próxima de algum dos
nubentes, ou na iminencia de parto, é permitida a celebraçao do casamento independentemente
do respetivo processo preliminar e sem a intervençao do funcionário do registo civil.
Nuna já se encontrava grávida de 7 meses, podendo-se afirmar que aos 7 meses de gravidez
uma pessoa já se encontra numa situaçao de iminencia de parte. Mais ainda, que existe uma
razao social para a qual as partes pretendem casar: nao querem que no assento apareça que os
pais sao pessoas solteiras.
Assim sendo, estaria preenchido um requisito de fundo para se proceder à celebraçao do
casamento urgente.

NOTA: o legislador pensou no casamento urgente para situaçoes pandémicas, aliás, o casamento
urgente foi criado para acautelar situaçoes excecionais por isso porque raio havemos de restringir
o casmaneto urgente ao fundado receio de morte, quando o legilsador quis garantir que também
no caso de iminencia de parto as pessoass podem casar. Mas no 11ª Estado de Emergencia o
executivo com o Covid restringiu a permissao de celebraçao dos cassamento urgentes apenas em
casos de perigo de morte iminente.

Caso Prático 6 – Falta de Vontade e Vícios da Vontade


1) Octávio é finalista do Curso Superior de Enfermagem e tem estado a auxiliar nos
internamentos COVID-19 desde que a pandemia se instalou, trabalhando longas
horas. Cansado e desanimado, é comum sentar-se nas escadas do seu prédio, bebendo
uma ou outra cerveja quando chega dos seus turnos. Aí, é comum cruzar-se com
Pureza, filha de um seu vizinho, estudante de Comunicação Social. Esta é sempre
muito simpática e senta-se por diversas vezes num dos degraus conversando sobre
banalidades - meteorologia, filmes, livros, fofocas. Num desses dias, depois de um
turno particularmente duro, Octávio chega a casa desanimadíssimo, começando a
beber significativamente. Quando chega Pureza, Octávio declara-se, dizendo-lhe que
esta tem sido a luz dos seus dias e que não queria passar nem mais um dia sem a ter na
sua vida, pedindo-a em casamento. Pureza fica visivelmente contente e aceita o pedido
de casamento, acreditando que a relação que se havia estabelecido entre eles era
inquebrável. A data é marcada e Octávio nem quer acreditar na loucura que havia
cometido: estava prestes a casar com alguém que apenas vira no vão das escadas! Para
afastar as dúvidas, umas horas antes do casamento, chama os padrinhos, que o
aconselham a beber uns quantos shots de tequila. Na hora do casório, lá estava
Octávio, esperando no altar uma bonita Pureza. Quid Iuris?
Neste caso, coloca-se o problema de saber se o casamento de Otávio com Pureza pode ser
anulado por falta de vontade.
O Artigo 1631º, alínea b) determina que é anulável o casamento celebrado, por parte de um
ou de ambos os nubentes, com falta de vontade ou com a vontade viciada em erro ou coaçao.
O Artigo 1635º, alínea a) preve que o casamento é anulável por falta de vontade quando o
nubente no momento da celebraçao, nao tinha consciencia do ato que praticava, por incapacidade
acidental ou por ooutra causa.
Neste caso, Otávio tinha bebido uns quantos shots de tequila para que pudesse casar com
Pureza, pois tinha percebido a loucura que tinha cometido.
Com exceçao dos casos de anulaçao por simulaçao, nos restantes casos previstos no Art
1635º, a açao só pode ser proposta pelo conjuge cuja vontade faltou ou nao coincidiu com a
declaraçao; se ele falecer na pendencia da causa, podem prosseguir na açao os seus parentes,
afins na linha reta, herdeiros ou adoptantes, nos termos do Art 1640/2.
Segundo o Artigo 1644º a açao de anulaçao por falta de vontade de um ou ambos os
nubentes só pode ser instaurada dentro dos tres anos subsequentes à celebraçao do casamento,
ou, se este era ignorado do requerente, nos seis meses seguintes ao momento em que ele teve
conhecimento.

2) Quim é sócio de uma grande sociedade de advogados do Porto e conheceu Rubi


quando esta o consultou no âmbito do divórcio com o então marido Simão. Foram
muitas as reuniões e muitas as conversas. Desolada e desanimada, Rubi explicou ao
advogado que o casamento não resultou porque Rubi queria muito ter filhos e o
marido não tinha a parentalidade nos seus planos. Pouco depois do divórcio ter sido
decretado, Quim ganha coragem e convida Rubi para sair, e foi assim que começou a
sua relação, que já dura há três anos. No 4º aniversário de namoro, Quim pede Rubi
em casamento e a data é imediatamente marcada. Rubi não podia estar mais feliz, ia
casar com alguém que amava e que a compreendia, com quem pudera partilhar as
suas esperanças e ambições, com quem pudera desabafar sobre os seus desejos de ser
mãe e sobre a sua conceção de família. O casamento celebra-se e um ano mais tarde,
Rubi procura falar com Quim sobre os seus planos para ampliar a família, momento
em que Quim lhe comunica ser infértil. Rubi não quer acreditar e sente-se traída e
entende que aquele casamento terminou, porque nunca teria casado se soubesse deste
problema de Quim e se soubesse que Quim lhe havia ocultado algo tão relevante para
si.
O contrato de casamento exige o mútuo consentimento das partes que tem de ser
exteriorizado no próprio ato, nos termos do Artigo 1617º que consagra o princípio da atualidade
do consentimento matrimonial.
O Artigo 1619º estabelece o princípio do caráter pessoal do consentimento, do qual
resulta a necessidade de a vontade de contrair matrimónio ser manifestada pelos próprios
nubentes.
O consentimento matrimonial deve ser puro e simples, como decorre do Art 1618º.À
declaraçao, prestada pelas partes na cerimónia de casamento, deve estar subjacente a vontade de
contrair matrimónio, o que pressupoe a existencia de uma vontade negocial e a coincidencia
entre a vontade e a declaraçao. Além disso, a vontade deve ser livre, ou seja que a vontade nao
tenha sido pressionada por condiçoes exteriores, ou seja, que o seu consentimento nao tenha sido
prestado por coaçao e a vontade deve ser esclarecida, ou seja, que a vontade seja prestada por
uma pessoa que tem maturidade para compreender os efeitos
Neste caso, coloca-se o problema de saber se o casamento entre Rubi e Quim pode ser
anulado com fundamento no erro, uma vez que Rubi que tinha partilhado com Quim o seu desejo
de ser mae, nunca teria casado com este se soubesse que Quim era infértil.
O Artigo 1631º, alínea b) determina que é anulável o casamento celebrado, por parte de um
ou de ambos os nubentes, com falta de vontade ou com a vontade viciada em erro ou coaçao.
Segundo o Artigo 1636º, o erro que vicia a vontade só é relevante para efeitos de anulaçao
quando recaia sobre qualidades essenciais da pessoa do outro conjuge, seja desculpável e se
mostre que sem ele, razoavelmente casamento nao teria sido celebrado.
Assim sendo, cabe analisar se:
1. O erro recaiu sobre as qualidades essenciais do outro conjuge;
 Qualidade essencial é a qualidade de uma pessoa que, em abstrato, seja idónea
para determinar o consentimento matrimonial.
 A fertilidade ou infertilidade é uma qualidade essencial, desde logo, e tal
como decorre da consciencia social dominante, a maioria das pessoas
quando casa tem em vista a procriaçao e o aumento da família.

2. Tem de ser desculpável


 A desculpabilidade significa que se nao pode tratar de um erro grosseiro, em que
nao teria caído uma pessoa normal nas circunstancias do caso.
 Neste caso, Rubi tinha partilhado por diversas vezes com Quim o seu
desejo de ser mae, sendo que até ao momento em que ela decidiu ter com
ele a conversa sobre o aumento da família, este nunca tinha revelado ser
infértil.

3. Tem de ser essencial


 É preciso que o erro seja objetivamente essencial, ou seja só releva uma qualidade
em concreto que, a ser conhecida, tornaria legítima a nao celebraçao do
casamento, à luz da consciencia social dominante.
 Ora, do ponto de vista social é aceite que as pessoas casam para procriar,
por isso do ponto de vista objetivo, a infertilidade pode à luz da
consciencia social dominante determinar a nao celebraçao do casamento.
 Tem de verificar-se igualmente a essencialidade subjetiva: é indispensável a prova
de que a parte que está em erro nao teria celebradoo casamento, se tivesse uma
representaçao correta da realidade.
 Neste caso, também a essencialidade subjetiva se encontra verificada.
Desde logo, porque o motivo para o divórcio de Rubi com o seu primeiro
marido foi justamente o facto de este nao desejar ter filhos.

Assim sendo, o erro em que Rubi se encontra é relevante para efeitos de anulaçao. Segundo
o Artigo 1641º a açao de anulaçao fundada em vícios da vontade só pode ser intentada pelo
conjuge que foi vítima do erro ou da coaçao; mas podem prosseguir na açao os seus parentes,
afins na linha reta, herdeiros ou adotantes, se o autor falecer na pendencia da causa.
Segundo o Artigo 1645º a açao de anulaçao fundada em vícios da vontade caduca, se nao for
instaudada dentro dos 6 meses seguintes à cessaçao do vício.
NOTAS: começar por referir que o consentimento é um dos pressupostos do casamento e que se
caracteriza por ser atual, pura e simples como vimos nos termos do Artigo 1617º e que tem que
ser perfeito. Também temos que dizer que tem que ser completo. No presente caso, uma vez que
o consentimento tem quer ser perfeito e a perfeiçao implica que o conjuge tenha uma vontade
esclarecida é necessário que o conjuge nao esteja em erro no momento em que deu o
consentimento. PORTANTO, imaginem que ela só descobria a infertilidade 3 anos depois do
casamento e a infertilidade só ocorria um ano depois do casamento, entao à data do casamento o
erro nao relevava porque ele era fértil. Portanto, só será erro se ele tiver representado mal a
realidade no momento da celebraçao doc casmaento. Imaginem que o conjuge fica impotente
depois do casamento, embora ela quisesse muito ter filhos e a impotencia viesse inviabilizar tal
possibilidade, a verdade é que ela representou bem a realidade. ORA, havendo erro, a vontade
nao é esclarecida. E é necessário verificar se estao previstos os pressupostos do erro.:
1) Qualidades essenciais: que podem ser naturais ou jurídicas (EX: descubro que o meu
marido já era casado e aqui posso invocar um impedimento ou entao anularo com
fundamento em erro). Algumas das qualidades essenciais que sao aqui chamadas é o
estado civil ou religioso do outro conjuge; vida e costume desonrosos (há anos atrás era
frequente que se a pessoa casa com uma mulher que esteve com muitos homens, ou
beber, impotencia, doenças incuráveis, e isto fundava o erro sobre as qualidades
essenciais).

2) Desculpabilidade: refere-se ao erro e nao há qualidade, porque ele “nao tem culpa de ser
infértil” nós temos que averiguar se a pessoa foi diligente e se ainda assim nao ficou
esclarecida entao o erro será relevante. Agora imaginem que o agora marido já tinha dito
várias vezes que “nao estava a ver como ia ter filhos”, as amigas já tinham dito “ele deve
ser infértil”. Agora nesta hipótese ela disse por várias vezes que queria ter filhos e da
parte dele nao houve abertura para dizer o problema da infertilidade, dificilmente se pode
equacionar commo é que ela podia saber.´
3) Tem de ser esssencial

4) Propriedade???—embora dificilmente a podemos equacionar a luz dos diferentes


requisitos. A propriedade é aquela caracteristica de o erro ser a unica causa anulatória.

Regime do casamento putativo que se aplica sempre que os conjues ajam de BF (Art 1647º) se
ele tiver contraido casamento na ignorancia desculpável do vício entao esse conjuje poderá
beneficiar do casamento putativo que diz que é possível arrogar-se dos beneficios do estado
matrimonial

3) Ulisses vive em Jerusalém, onde trabalha numa empresa de gás natural. Aí, Ulisses
conheceu Violeta, filha do dono da empresa em que trabalha e por quem se
apaixonara. A relação entre eles sempre fora uma relação secreta, pois ambos temiam
as repercussões do conhecimento dessa relação no emprego de Ulisses e as reações do
pai de Violeta, que já andava a planear o casamento da filha com um empresário
israelita, Xavier. Completamente apaixonados, Violeta e Ulisses decidem casar,
acreditando que depois do casamento o pai de Violeta pouco poderia fazer. Envoltos
em secretismo, Violeta e Ulisses marcam a data e combinam que Violeta deverá dirigir-
se ao local combinado de cara tapada, para que ninguém a reconheça. No dia do
casamento, Ulisses encontra uma mulher de cara tapada esperando por ele e o
casamento é celebrado. Após a celebração, achando-se livre de perigo, Ulisses levanta
o pano que cobria a cara da amada para a beijar, deparando-se com uma mulher, Zoe,
que nunca tinha visto. No outro lado da cidade, uma Violeta contrariada é levada ao
encontro de Xavier pelo pai, que lhe comunica que irão casar imediatamente. Vendo
que Violeta se recusa, o pai perde a cabeça e relembra-lhe que ele sabe exatamente
onde se encontra Ulisses e que se esta teimar em não levar o casamento avante, ele
tomará medidas mais drásticas para acabar de vez com “o disparate daquela relação”.
Preocupada com Ulisses e ciente de que o pai tudo faria para a obrigar a casar com
Xavier e para impedir qualquer contacto futuro com Ulisses, Violeta decide aceitar
casar, acreditando que apenas assim protegeria o amor da sua vida. Quid Iuris?
O contrato de casamento exige o mútuo consentimento das partes que tem de ser
exteriorizado no próprio ato, nos termos do Artigo 1617º que consagra o princípio da atualidade
do consentimento matrimonial.
O Artigo 1619º estabelece o princípio do caráter pessoal do consentimento, do qual resulta a
necessidade de a vontade de contrair matrimónio ser manifestada pelos próprios nubentes.
O consentimento matrimonial deve ser puro e simples, como decorre do Art 1618º.À
declaraçao, prestada pelas partes na cerimónia de casamento, deve estar subjacente a vontade de
contrair matrimónio, o que pressupoe a existencia de uma vontade negocial e a coincidencia
entre a vontade e a declaraçao. Além disso, a vontade deve ser livre, ou seja que a vontade nao
tenha sido pressionada por condiçoes exteriores, ou seja, que o seu consentimento nao tenha sido
prestado por coaçao e a vontade deve ser esclarecida, ou seja, que a vontade seja prestada por
uma pessoa que tem maturidade para compreender os efeitos
Porém, neste caso colocam-se dois problemas:

1- O primeiro relativamente ao casamento de Ulisses com a mulher de cara tapada que


julgava ser Violeta
O Artigo 1631º, alínea b) determina que é anulável o casamento celebrado, por parte de um
ou de ambos os nubentes, com falta de vontade ou com a vontade viciada em erro ou coaçao. O
Artigo 1635º, alínea b) determina que o casamento é anulável por falta de vontade quando o
nubente estava em erro acerca da identidade física do outro contraente.
Segundo o Artigo 1636º, o erro que vicia a vontade só é relevante para efeitos de anulaçao
quando recaia sobre qualidades essenciais da pessoa do outro conjuge, seja desculpável e se
mostre que sem ele, razoavelmente casamento nao teria sido celebrado. Assim sendo, neste
caso:
1. O erro recai sobre as qualidades essenciais do outro conjuge. Sendo que qualidade
essencial é a qualidade de uma pessoa que, em abstrato, seja idónea para determinar o
consentimento matrimonial. Ora que qualidade mais essencial que nao a própria
identidade.
2. O erro é desculpável, pois qualquer outra pessoa naquelas circunstancias teria caído
naquele erro, uma vez que Ulisses e Violeta tinham combinado que Violeta estaria de
cara tapada pelo receio que tinham do pai desta. E sendo que neste caso, a própria
Senhora de cara tapada esperava por Ulisses.
3. O erro é essencial:
 É preciso que o erro seja objetivamente essencial: só releva uma qualidade em
concreto que, a ser conhecida, tornaria legítima a nao celebraçao do casamento, à
luz da consciencia social dominante.
 Ora, à luz da consciencia social dominante, alguém o erro sobre a
identidade do conjuge tornaria legítimo a nao celebraçao do casamento.

 Tem de verificar-se igualmente a essencialidade subjetiva: é indispensável a prova


de que a parte que está em erro nao teria celebrado casamento, se tivesse
representaçao correta da realidade.
 Neste caso, Ulisses amava Violeta e era com esta que pretendia casar e se
soubesse que a mulher debaixo do pano nao era Violeta nunca teria casado
com ela.
Artigo 1640º
Art 1644º
Erro sobre a identidade física do outro nubente e este erro distingue do Art 1636º
porque neste caso há uma falta de vpontade.

2- O segundo problema nesta hipótese coloca-se relativamente ao casamento de


Violeta com Xavier perante as ameaças do pai
O Artigo 1631º, alínea b) determina que é anulável o casamento celebrado, por parte de um
ou de ambos os nubentes, com falta de vontade ou com a vontade viciada em erro ou coaçao.
Neste caso, o pai de Violeta, perante a recusa desta em casar com Xavier perde a cabeça e
relembra-lhe que ele sabe exatamente onde se encontra Ulisses e que se esta teimar em não levar
o casamento avante, ele tomará medidas mais drásticas para acabar de vez com “o disparate
daquela relação”. Preocupada com Ulisses e ciente de que o pai tudo faria para a obrigar a casar
com Xavier e para impedir qualquer contacto futuro com Ulisses, Violeta decide aceitar casar.
Segundo o Artigo 11638º, nº1 é anulável o casamento celebrado sob coaçao moral, contando
que seja grave o mal com que o nubente é ilicitamente ameaçado e justificado o receio da sua
consumaçao.
ORA, o que parece decorrer dos dados da hipótese é de que o pai de Violeta lhe dirige sérias
ameças quanto à vida, ou pelo menos quanto ao bem-estar de Ulisses. Sendo que, sendo o pai de
Violeta dono de uma empresa de gás natural, também parece ser uma pessoa com poder, que
facilmente levaria avante as suas ameças, havendo este justificado receio da consumaçao do mal
com que Violeta é ameaçada.
Assim sendo, o casamento de Violeta com Xavier podia ser anulado com fundamento em
coaçao moral. Segundo o Artigo 1641º a açao de anulaçao fundada em vícios da vontade só pode
ser intentada pelo conjuge que foi vítima do erro ou da coaçao; mas podem prosseguir na açao os
seus parentes, afins na linha reta, herdeiros ou adotantes, se o autor falecer na pendencia da
causa.
Segundo o Artigo 1645º a açao de anulaçao fundada em vícios da vontade caduca, se nao for
instaudada dentro dos 6 meses seguintes à cessaçao do vício.
NOTAS:
 Ilicitude
 Essencialidade
 Intencionalidade do coator
 Gravidade da ameaça
 Justificado receio de consumaçao

EX: locatário que tem direito de preferencia, é locatário em momento anterior a celebraçao do
casamento e depois da celebraçao do casamento decidem ficar com a casa onde viviam e
comprar a casa para a familia nela passar a residir. E o locatário tem um direito de preferencia
nessa compra, exerce o direito de preferencia e o apartamento é comprado. Sucede que o direito
de preferencia é anterior a celebraçao do casamento e o bem vai considerar-se próprio e o Art
1622º ressalva os bens que apesar de adquiridos em momento posterior remetem a um direito
próprio.

Caso Prático 7 - Efeitos Pessoais do Casamento


Alberta é managing partner de uma grande consultora estratégica. Filha de pais separados,
Alberta cresceu na família materna, uma família matriarcal, marcada por um pensamento
muito avant-garde, pautada por valores de igualdade entre homem e mulher que se
exacerbaram com a separação dos pais. Bruno é engenheiro agrónomo, curso que tirou para
poder cuidar da quinta da família. Terceiro filho numa família com nove filhos e um décimo a
caminho, Bruno foi educado no âmago da religião católica, numa família um tanto ao quanto
conservadora em que os homens eram obrigados a assumir as responsabilidades patrimoniais
e a desenvolver os seus estudos sem nunca descurar o cuidado com a terra.
Numa festa de um amigo comum, Alberta e Bruno conhecem-se e apaixonam-se. Apesar de a
relação se desenvolver à distância - Alberta em Lisboa, Bruno na quinta da família no
Alentejo -, o amor de ambos foi crescendo. Numa visita de Alberta à quinta de Bruno, Bruno
pede Alberta em casamento, num grande campo, rodeados de macieiras e tangerineiras.
Alberta aceita e, com grande pompa e circunstância, o casal casa na pequena capelinha na
quinta de Bruno onde toda a família de Bruno se havia casado.

i) Na noite de núpcias, em Janeiro de 2020, Bruno questiona Alberta sobre se já se


havia despedido da consultora e feito as malas para se mudar para um terreno que
Bruno havia comprado ao lado da quinta de família e onde tinha mandado
construir uma moradia de luxo para receber a esposa. Alberta fica perplexa e não
quer crer que Bruno acredita que esta se ia despedir da consultora, ainda para
mais agora que havia há pouco sido promovida. De forma perentória, Alberta
explica que não se vai despedir, que pretende continuar a trabalhar como sempre
fizera, embora estivesse disponível para receber Bruno e a vida conjugal na sua
vida, fazendo um esforço para o ir visitar ao Alentejo, permanecendo na casa que
este mandara construir sempre que pudesse ausentar-se de Lisboa e trabalhar de
casa. Bruno fica desolado, mas quer acreditar que Alberta irá mudar de ideias
quando finalmente engravidar e perceber que a quinta de ambos será o melhor
sítio para educar as crianças e que não fazia sentido esta continuar a trabalhar
uma vez casada.
O Art 36/3 da CRP faz referencia ao princípio da igualdade Artigo 1671º, nº1 determina que o
casamento baseia-se na igualdade de direitos e deveres dos conjuges. As decorrencias deste
princípio:

1. A igualdade dos conjuges proíbe a discriminaçao em razao do sexo, sendo tal uma trave
mestra do casamento ocidental moderno.
2. Numa das suas vertentes mais nítidas (letra do Art 1671/1) o princípio da igualdade
influi na quantificaçao e concretizaçao dos deveres conjugais.
 Os conjuges estao reciprocammente vinculados a situaçoes jurídicas em igual
número e com igual conteúdo, nao sendo, em regra, lícita uma leitura dos deveres
variável em funçao do género.

3. Noutra vertente, o princípio implica, nos termos do Art 1671/2 a atribuiçao aos membros
do casal da direçao conjunta da família. Este Artigo determin que a direçao da família
pertence a ambos os conjuges, que devem acordar sobre a orientaçao da vida em comum
tendo em conta o bem da família e os interesses um e outro.

Assim, por força da igualdade entre conjuges o Bruno nao podia unilateralmente decidir que
após o casamento, ele e Alberta se mudaria para a moradia de luxo no Alentejo e que a mulher
deixaria de trabalhar, e deste modo colocando em causa os interesse de Alberta. Segundo o
Artigo 1673º, nº1 os conjuges devem escolher de comum acordo a residencia da família,
antendendo, nomeadamente, às exigencias da sua vida profissional e aos interesses dos filhos e
procurando salvaguardar a unidade da vida familiar.
Alberta recusa abandonar o seu trabalho e mudar-se para o Alentejo, mas diz que fará um
esfroço para visitar o marido no Alentejo sempre que possível e que trabalharia a partir de casa
sempre que tal oportunidade surgisse. Colocando-se aqui o problema de saber se nao estará a ser
colocado em causa o dever de coabitaçao.
O Art 1672º enumera os deveres recíprocos dos conjuges: respeito, fidelidade, coabitaçao,
cooperaçao e assistencia. Estas situaçoes jurídicas integram o núcleo intangível da comunhao
conjugal, exprimindo, no seu conjunto, um entendimento legal da obrigaçao de comunhao
tendencialmente plena de vida a que se vinculam as partes que contraem matrimónio e que nao
podem alterar.
 Deste modo, é clara a inderrogabilidade dos deveres conjugais, que, se já decorreria do
Art 1618º, é reforçada expressamente pelo disposto no Art 1699º, nº1 alínea b) que
determina que nao podem ser objeto de convençao antenupcial a alteraçao dos direitos ou
deveres quer parentais, quer conjugais.

Estaria em causa aqui o cumprimento do dever de coabitaçao que na perspetiva comum e


clássica impoe “comunhao de leito, mesa e habitaçao”. Quanto à comunhao de mesa que é
aquela que estaria aqui em causa, na aceçao tradicional, esta comunhao de habitaçao exige a
convivencia dos conjuges a tempo inteiro ou, pelo menos, habitual num determinado local—a
casa de morada da família. Essa ideia de convivencia está subjacente ao Art 1673º
No entanto, a obrigaçao de comunhao de habitaçao, na aceçao tradicional torna-se, por vezes,
pouco viável na sociedade atual, que reclama uma elevada mobilidade das pessoas por razoes
profissionais e que valoriza o direito à liberdade de atividade.
De qualquer modo, vigora sempre uma obrigaçao de comunhao de habitaçao, se bem que
possa assumir uma configuraçao particular: nao sendo exequível a convivencia num esquema de
residencia habitual, os conjuges tem de se esforçar por desenvolver uma convivencia que se
aproxime o mais possível daquela (EX: aproveitando ao máximo os fins-de-semana; férias e
feriados) e por eliminar os obstáculos ao afastamento do ideal legal.
Neste caso, apesar de a Alberta nao ser possível mudar-se para o Alentejo, ela está
determinada em fazer um grande esforço.

NOTA:
Quando falamos do princípio da igualdade nao referir apenas o Artigo 1671º, mas
também a referencia que se faz na CRP no Artigo 36/3.
Este princípio da igualdade veio justificar que o legislador no Artigo 1677º-D tenha
estabelecido a liberdade de exercício da profissao dizendo que qualquer conjuge pode exercer a
sua atividade sem consentimento do outro e isto porqe no regime anterior, o exercício deste
direito por parte de mulher, estava dependente da autorizaçao do marido. Agora,sendo isto
verdade, temos que ter em conta os acordos feitos pelos conjuges, por exemplo se acordam que
nos primeiros temos de vida a mae vai dar mais atençao aos filhos enquanto o marido se desloca
mais, a mae nao pode unnilateralmente decidir arranjar um trablalho que lhe consumirá todo o
tempo.
Por outro lado, também ter presente que este Artigo 1677º-D é o reconhecimento de que nao
é por funçao do casamento que os direitos de personalidade dos conjuges se apagam. Continua a
haver uma dimensao intersubjetiva dos conjuges, há que respeitar os seus direitos de
personalidade e respeitar o seu livre desenvolvimento da personalidade.
Ainda podíamos equacionar uma possível violaçao do dever de coabitaçao, o Artigo 1673º
quando fala de “motivos podenrosos” permite-nos afastar neste caso a violaçao desse dever de
coabitaçao.
Houve aqui a violaça do princípio da igualdade, mas nao de um dever e por isso nao
equacionamos a indemnizaçao neste caso. A nao ser que a violaçao deste princípio de igualdade
gerasse um dano.

Quid iuris quando há violaçao de um dever conjugal? Há lugar a indemnizaçao? Se houve


violaçao de deveres conjugais temos que aferir quais os meios a disponibilidade do conjuge
lesado. E durante muito tempo entendeu-se que nao havia lugar a uma indemnizaçao, apenas
podia recorrer ao divórcio como forma de reaçao o que se denominava de tese da fragilidade da
garantia. Mas esta já nao é a tese que domina por força da nova redaçao do Art 1792CC com
base na qual a doutrina maioritáira entende que pode haver reparaçao dos danos casusados sendo
que se discute se a reparaçao é feita nos termos da responsabilidade contratual (a maioria diz que
sim), mas depois ooutra parte diz que é em sede de responsabilidade extracontratual, na medida
em que estamos perante a violaçao de um direito fundamental que consubstanica um direito
subjetivo e que dá lugar a responsabilidade extracoontratual. Na cadeira, afastamos a tese da
fragilidade da garantia, acreditam que há lugar a indemnizaçao nos termos do Artigo 1792º e sao
da opiniao que há indemnizaçao quer no ambito da responsabilidade contratual e extracontratual,
dizendo-se que houve violaçao do do dever conjugal (dizendo o Artigo que consagra o dever) .
Por outro lado, esses atos também sao passíveis de violar um direito de personalidade, e a sua
violaçao pode consubstanciar um facto gerador de responsabilidade extracontratual. Cumulam-se
os pedidos.

ii) Pouco tempo depois, em Março de 2020, a pandemia veio alterar o paradigma de
trabalho de Alberta e esta decide mudar-se temporariamente para o Alentejo, uma
vez que estava capacitada a trabalhar de casa. De forma coincidente, Alberta
descobre estar grávida e comunica a Bruno, que fica esfuziante com a notícia. Uns
meses mais tarde, o confinamento é levantado e Alberta retorna a Lisboa para
prosseguir com o projeto que tinha em mãos. Em Dezembro de 2020, perto do
Natal, nasce Carolina, que é apresentada à família de ambos numa grande festa de
Natal em sua honra em Lisboa. Em Janeiro de 2020, a situação epidemiológica
piora novamente e Alberta e Bruno optam por retornar ao Alentejo, por forma a
protegerem-se do COVID-19, que em Lisboa aumentava drasticamente.

Já no Alentejo, com a pequena Carolina com pouco mais de um mês, Alberta é a


alocada a um projeto megalómano de reestruturação de uma grande sociedade de
advogados. Cansada de acordar durante a noite incessantemente com o choro de
Carolina, fatigada de todos os cuidados que a bebé reclamava, exausta da rotina
dos banhos e da ginástica de bebé de que Carolina precisava, consumida por todas
as tarefas que Bruno nunca assumia, Alberta chama Bruno e confessa-lhe que não
aguenta mais e que precisa da ajuda deste ou não irá conseguir cumprir com todos
os seus projetos e prazos. Calmamente, Bruno explica-lhe que esse não é o seu
papel, que está demasiado cansado de cuidar dos campos das 8h-17h, todos os dias,
aconselhando Alberta a abandonar o seu trabalho, para conseguir assegurar todas
as necessidades familiares. Quid Iuris?
O problema que se coloca nesta hipótese é relativo ao dever de cooperaçao. Segundo o
Artigo 1672º os conjuges estao reciprocamente vinculados pelos deveres de respeito, fidelidade,
coabitaçao, cooperaçao e assistencia.
O dever de cooperaçao vem previsto no Artigo 1674º em que se determina que o dever de
cooperaçao importa para os conjuges a obrigaçao de socorro e auxílio mútuos e a de assumirem
em conjunto as responsabilidades inerentes à vida da família que fundaram.
Deste dever de cooperaçao decorre a obrigaçao de assunçao em conjunto das
responsabilidades inerentes à vida familiar. Esta obrigaçao implica a cooperaçao no sustento,
guarda e educaçao dos filhos, bem como o apoio a outros familiares que estejam a cargo de um
ou de outro conjuge.
Este dever de cooperaçao liga-se ao princípio da igualdade previsto no Art 1671º que
determina no nº1 que o casamento baseia-se na igualdade de direitos e deveres dos conjuges.
Assim sendo, ambos os conjuges se encontram reciprocamente vinculados por este dever de
cooperaçao, pelo que Bruno nao tem razao ao afirmar que o papel de cuidar dos filhos pertence
única e exclusivamente a Alberta.
 REFERIR A VIOLAÇAO DO DEVER DE RESPONSABILIDADE
Havendo hoje em dia um afastamente da tese da fragilidade da garantia e do seu
afastamento. A maioria da doutrina entende que a luz do Artig 1672º é possível petecionar a
existencia de uma responsabilidade contratual com base na violaçao de deveres conjugais e
petecionar a existencia de responsabilidade extracontratual por violaçao do direito de
personalidade.
NOTAS: a violaçao deste dever de coooperaçao consubstanciam também uma violaçao do dever
de respeito e dos direitos de personalidade porque a Alberta nao consegue desenvolveer a sua
profissao, por outro lado, tal provoca um desgaste enorme na senhora. Agora, quanto à violaçao
do dever de respeito ele só consta do Artigo 1672º e por isso o Guilherme Oliveira diz que isso
lhe dá um caráter residual, porque apenas haverá violaçao do dever de respeito se ele existir
autonomamente. Porém, essa nao é a opniao da cadeira. Mas se entendermos que é residual
entao havendo aqui violaçao do dever de cooperaçao entao o dever de respeito é asborvido. Já se
entendermos serem autónomos (posiçao da cadeira) entao, ambos foram violados.
Depois neste caso tinhamos que falar da tese da fragilidade da garantia e do seu afastamento. A
maioria da doutrina entende que a luz do Artig 1672º é possível petecionar a existencia de uma
responsabilidade contratual com base na violaçao de deveres conjugais e petecionar a existencia
de responsabilidade extracontratual por violaçao do direito de personalidade.

iii) Magoada, Alberta decide deixar o Alentejo e retornar a Lisboa, onde viviam
também os seus pais e que a ajudariam certamente nos cuidados com a filha,
deixando para trás um Bruno escandalizado com a ousadia da mulher. Os meses
foram passando, com Bruno no Alentejo e com Alberta em Lisboa, até que Alberta
recebe um telefonema da sogra exigindo-lhe que regresse com urgência ao
Alentejo, pois o filho tinha-se perdido de amores por uma rapariga do campo e,
imagine-se!, pretendia divorciar-se e juntar-se com a rapariga com quem já vinha
vivendo desde que Alberta o abandonara. Nessa mesma chamada, a sogra pediu-
lhe encarecidamente ajuda a pagar a contas médicas do sogro de Alberta, que
havia caído nas últimas vindimas e partido a perna em três sítios, tendo precisado
de intervenções cirúrgicas e muitos meses de fisioterapia que nem os sogros, nem
Bruno conseguiriam pagar. Quid Iuris?
Aos deveres a que os conjuges estao vinculados correspondem, no lado ativo, direitos
subjetivos (permissao normativa específica de aproveitamento de um bem) e nao poderes
funcionais.Estes direitos caracterizam-se pelo seu caráter estatutário, sao direitos que se ligam ao
estado de casado e subsistem, em princípio, enquanto nao operar uma alteraçao do estado civil,
mesmo que haja incumprimento ou rutura.
Na constancia do matrimónio, uma violaçao do dever de coabitaçao, a separaçao de facto
pela qual um dos conjuges for o único ou principal culpado, é normalmente sancionada com a
suspensao do dever de assistencia a cargo do outro: o único ou principal culpado continua
obrigado ao dever de assistencia perante o conjuge inocente ou menos culpado, mas nao pode
exigir a este o respetivo cumprimento (Art 1675/3).
O dever de assistencia que corresponde a um dever estruturalmente patrimonial, envolvendo
prestaçoes suscetíveis de avaliaçao pecuniária e que integra a obrigaçao de contribuir para os
encargos familiares, sendo que essa obrigaçao vincula o conjuge quer perante o outro quer
perante os familiares a cargos dos conjuges extingue-se em todas as hipóteses em que falta a vida
em comum, nomeadamente por haver separaçao de facto que neste caso é imputável a Bruno.
Verificando-se a rutura da vida em comum, a obrigaçao de contribuir para os encargos da
vida familiar converte-se numa obrigaçao de alimentos que vincula um conjuge perante o outro
e, se necessário, noutra obrigaçao de alimentos autónoma, que incumbirá a cada um dos conjuges
relativamente aos familiares a seu próprio cargo, como os filhos.
Neste caso Alberta regressou a Lisboa, mas a origem que esteve subjacente a tal rutura foi o
incumprimento dos deveres conjugais por parte de Bruno, sendo que este era o principal culpado
por tal regresso de Alberta. Assim sendo, há uma suspensao do dever de assistencia por parte de
Alberta. O Artigo 1675/2 preve que o dever de assistencia mantém-se durante a separaçao de
facto se esta nao for imputável a qualquer dos conjuges. MAS, o nº3 do Art 1675º preve que se a
separaçao de facto for imputável a um dos conjuges, ou a ambos, o dever de assistencia, só
incumbe, em princípio ao único ou principal culpado; o tribunal pode, todavia, excecionalmente
e por motivos de equidade, impor esse dever ao conjuge inocente ou menos culpado,
considerando, em particular, a duraçao do casamento e a colaboraçao que o outro conjuge tenha
prestado à economia do casal.

NOTAS: podíamos estar perante uma violaçao do dever de coabitaçao, mas tinhamos que
perceber se havia ou nao causa para tal. Se entendermos que o dever de coabitaçao pode ser
excecionado e ela desloca-se para Lisboa e assim nao haveria violaçao do dever de coabitaçao.
Posto isto, ele morre de amores por outra rapariga e aqui temos que equacionar o incumprimento
do dever de fidelidade e explicar se há ou nao violaçao do dever de respeito (depende se
entendermos se é ou nao residual). E equacionar se a infidelidade moral preenche o conceito de
infidelidade, e segundo o Acórdao da Relaçao, consubstancia essa violaçao do dever moral. E
depois a questao do dever de assistencia. E ainda deviamos equacionar se nao havia uma
excessiva contribuiçao de Alberta e como tal equacionar a aplicaça do Artigo 1676/2 e
questionar se nao se podia aplicar aqui o crédito compensatório e quais os pressupostos para que
haja esse credito compensatório?
1. O primeiro requisito é uma contribuiçao de um dos conjuges para a vida familiar
2. Renúnica excessivamente aos seus interesses
3. Prejuízos relevantes para efeitos profissionais numa situaçao como esta
E é no momento da partilha que se vai aferir isto. Porque é o momento mais adequado. Como se
vai efetuar a partilha? Parilha consta do Artigo 1789º. Portanto fazer esta remissao porque vamos
ter que explicar isto.
AGORA, quato a análise do Artigo 1675/3 que eu fiz: esta norma da culpa é dificil de aferir
porque hoje em dia já nao existe divórcio culposo. E podíamos equacionar se aquela separaçao
de facto tinha como causa imputável a conduta de Bruno e aí apenas Bruno estaria obrigado ao
dever de assistencia. E portanto podíamos equacionar isto.

Caso Prático 8 - Crédito Compensatório vs. Obrigação de Alimentos


Explicaçao sobre credito compensatório: embora tenha sido introduzido o princípio de
igualdade no Artigo 1671 e Art 36º essta igualdade nao se verificada e por isso foi introduzido
esse credito compensatório pra compensar esta desigualdade fáctica que ainda se verificava e
auxiliar a mulher em face de esta nao ter uma carreira tao desenvolvida e atribuir-lhe um crédito
por tudo a que esta renunciou e nao ter desenvolvido a sua profissao. AGORA, este credito só se
verifica se se verificarem os pressupostos do Artigo 1676/2. Há uma tentativa de promover uma
adjudicaçao de um crédito que vem aqui nivelar as situaçoes. Os requisitos sao:
1. Existencia de contribuiçao de um dos conjuges superior a exigida (EX: conjuge que além
de exercer atividade profissional exerce todas as tarefas domésticas e há aqui
contribuiçao superior aquele que só trabalha). A professora Rita Lobo Xavier diz que se
um dos conjuges renuncia a sua carreira, a sua contribuiçao deve ser sempre considerada
superior. A Madalena discorda e acho que isto é casuistico porque a pessoa pode
renunciar, mas nao se dedicar aos filhos.
2. Renuncia excessiva dos seus próprios interesses: conjuge lesado nao exercer qualquer
profissao porque esteve dedicado ao cuidado dos filhos e há tentativa de garantir que,
embora nao consiga ter o trabalho que teria se nao tivesse renunciado e ser compensado
3. Prejuízos patrimoniais decorrentes da renuncia: e estes prejuizos podem ser
supervenientes, ou seja aquilo que na receberia se tivesse exercido.
O momento para a operacionalizaçao do crédito é a partilha, mas o Artigo 1676º, diz que no caso
de separaçao de bens já nao será a partilha. Mas nao nos parece que essa lógica valha aqui para o
crédito compensatório porque se um conjuge vem exigir o credito compensatório demonstra que
o casamento já terminou e por isso parece que esta diferenciaçao nao tem uma justificaçao
suficientemente válida.
Dora, de 20 anos, estudante de Jornalismo, viajara, em Outubro de 95, até aos EUA com vista
a realizar um semestre de Erasmus na Universidade de NY e a conseguir lançar-se na
carreira internacional com que sempre sonhara.
Entretanto, por intermédio de amigos comuns, conheceu, na passagem de ano, Lucas, um
consultor financeiro luso-americano bem-sucedido, dez anos mais velho. Cedo surgiu entre
ambos uma grande cumplicidade.
Num curto espaço de meses, Lucas pediu a mão de Dora em casamento, ao qual esta assentiu
prontamente, perdida de amores. O casamento viria a ter lugar no Peso da Régua, terra natal
de de Dora, no verão do ano seguinte, logo após Dora ter concluído a sua Licenciatura.
Lucas, que possuía já «um pequeno império», convenceu Dora de que esta não precisava de
trabalhar, visto os rendimentos daquele serem mais do que suficientes para ambos manterem
um bom nível de vida.
Dora, que havia recentemente descoberto que estava grávida de gêmeos, prontamente anuiu
ao pedido de Lucas, radiante por poder dedicar-se a ser «mãe e mulher».
Ao longo de 25 anos de casamento, Dora foi sempre uma esposa extremosa, mãe dedicada e
devota a Helena e Ivo, apoiando, incessante e constantemente, todas as metas profissionais a
que Lucas se propusera, o qual, recentemente, havia sido promovido a managing partner na
Deloitte International.
Porém, as estadias cada vez mais prolongadas de Lucas, fruto das viagens de trabalho que o
cargo demandava, conduziram a um afastamento progressivo do casal, que já mais não via no
outro a paixão de outrora, mas somente indiferença.
Lucas passou a refugiar-se ainda mais no trabalho, ao passo que Dora já não encontrava nos
filhos e na casa o brilho e realização pessoal de tempos idos. Volvidos meses, ambos
concordam que o casamento chegou ao fim, pretendendo pôr termo à comunhão conjugal.
i) Tenha presente que Dora, hoje com 50 anos, é licenciada em Jornalismo, contudo,
não dispõe de qualquer experiência profissional na área, sendo agora confrontada,
perante o advento do divórcio, com uma excessiva dificuldade em encontrar um
emprego na sua área, facto especialmente agravado pela sua idade. Aprecie
criticamente quais os mecanismos que se encontram à disposição de Dora para refrear
a situação de maior precariedade em que se encontra no pós-divórcio.
O dever de assistencia corresponde a um dever estruturalmente patrimonial, envolvendo
prestaçoes suscetíveis de avaliaçao pecuniária. Segundo o Artigo 1675º, nº1 o dever de
assistencia compreende a obrigaçao de prestar alimentos e a de contribuir para os encargos da
vida familiar. Portanto, neste dever cabem duas obrigaçoes que nunca vigoram simultaneamente
e que diferem quanto ao círculo de beneficiários.

Por um lado a obrigaçao de prestar alimentos que ganha autonomia numa situaçao de
rutura. Verificando-se a rutura da vida em comum, a obrigaçao de contribuir para os encargos da
vida familiar converte-se numa obrigaçao de alimentos que vincula um conjuge perante o outro
e, se necessário, noutra obrigaçao de alimentos autónoma, que incumbirá a cada um dos
conjuges relativamente aos familiares a seu próprio cargo, como os filhos. Segundo o Artigo
1675º, nº2 o dever de assistencia mantém-se durante a separaçao de facto se esta nao for
imputável a qualquer dos conjuges. Neste caso, a separaçao nao era imputável a nenhum dos
conjuges, pura e simplesmente ambos foram-se afastando, pelo que Dora podia exigir o
cumprimento da obrigaçao de alimentos por parte de Lucas.

Por outro lado, a obrigaçao de contribuir para os encargos da vida familiar foi realizada
por Dora através do trabalho despendido no lar e na manutençao e educaçao dos filhos.
O Art 1676/2 estabelece que se a contribuiçao de um dos conjuges for consideravelmente
superior ao que é devido “porque renunciou de forma excessiva à satisfaçao dos seus interesses
em favor da vida em comum, designadamente à sua vida profissional, com prejuízos
patrimoniais importantes, esse conjuge tem direito de exigir do outro a correspondente
compensaçao.”
Este preceito visa implicitamente, valorizar a relevancia do trabalho no lar, protegendo o
conjuge que, por se ter dedicado excluusiva ou predominantemente ao trabalho doméstico, nao
exerceu uma atividade remunerada nem progrediu na carreira.
 O conceito “renuncia excessiva” e “contribuiçao consideravelmente superior” estariam
preenchidos se um dos conjuges abdica total ou parcialmente do exercício de uma
profissao remunerada para se dedicar ao trabalho de casa e com os filhos.
 E o conceito “prejuízos patrimoniais importantes” inspira-se no
instituto do enriquecimento sem causa, havendo que efetuar a
prova de que o trabalho proporcionado à família, sem retribuiçao,
criou uma situaçao de desequilíbrio económico entre os conjuges.

Assim sendo, Dora tem direito a uma compensaçao por via do Artigo 1676º, nº2. Sendo que
o nº3 determina que o crédito só é exigível no momento da partilha dos bens do casal, a nao ser
que vigore o regime da separaçao.
Portanto, Dora tem a sua disposiçao ou a obrigaçao de alimentos ou o crédito
compensatório pelo esforço que fez em ter renunciado à sua vida profissional.
NOTAS: muito dificil quantificar o crédito compensatório, nomeadamente quanto é que a
pessoa estaria aganhar. Dificil também repor o patamar profissional. E é uma prova muito dificil
porque tem que provar que resultou um prejuízo patrimonial muito grande. Há uma diferença
substancial, porque a obrigaçao de alimentos procura garantir o mínimo de subsistencia, e nao se
conseguiria o mesmo que se consegue com o crédito compensatório. E seria possível cumular
quer a obrigaçao de alimentos, quer o crédito compensatório, pura e simplesmente a funçao seria
diferente. Mas a minha resposta está certa.
ii) A sua resposta seria a mesma se Dora e Lucas não fossem casados, tendo, ao invés,
vivido em condições análogas às dos cônjuges durante os 25 anos de vigência da sua
relação?
NOTAS: questao de saber se devemos aplicar analogicamente o Artigo 1676º hipótese que
parece de repudiar, porque pode haver unidos de facto que escolhem a uniao de facto justamente
porque nao querem que se lhe aplique o regime do casmaento. Mas, ao mesmo tempo, parece
que o munido de facto que realiza estas tarefas fica extremamente desprotegido, e no Acórdao
entende-se que podemos estar perante uma obrigaçao natural (Art 403º) e que a pessoa nunca
seria recompensada pelas tarefas que desenvolveu. E o que o Tribunal veio dizer é que
subjacente a obrigaçao natural nao é só um dever moral, mas também um dever de justiça. ORA,
este princípio de justiça subjacente as obrigaçoes naturais nao se compatibiliza com um princípio
de igualdade da UF, e se um dos conjuges contribui mais nao estaríamos perante a verficiaçao do
princípio da igualdade e por isso nao podemos sustentar que estas tarefas sao obrigaçoes
naturais. E entao, nao estando perante uma obrigaçao natural, parece que aquela contribuiçao nao
tem fundamento legítimo, MAS, a causa daquela contribuiçao e realizaçao daquelas tarefas é a
UF. Se a causa é a UF, uma vez cessando, finda a causa. E por isso podemos aplicar as regras do
ESC nos termos do Artigo 473º (nao é nem obrigaçao natural porque nao cumpre um princípio
de justiça e igualdade e é isto que alicerça a obrigaçao natural, nem contratual) nao há causa
justificativa; há um enriquecimento por parte do outro (que teve a possibilidade de ascender na
carreira porque o ooutro conjuge pode assumir tarefas); deixa de existir a causa, e aí podemos
fundamentar um ressarcimento nos termos do ESC. O que o tribunal veio dizer é que a ESC
retroage, ou seja, tudo se passa como se mesmo durante a altura em que existia vínculo da UF
tudo se passa como se nao existisse essa causa. OU SEJA, as pessoas viveram em uniao de facto
e havia causa para o enriquecimento, sendo a causa a própria UF. Depois, cessando a UF, deixa
de existir causa, mas o tribunal veio dizer que esta cessaçao da UF que determina a cessaçao do
vínculo retroage e portanto a Dora receberá um ressarcimento nos termos do ESC.
Se houvesse um contrato de habitaçao entao havia uma causa e só na sua existencia é que
avaliariamos se estamos perante uma obrigaçao natural

iii) Pronuncie-se quanto à possibilidade de Dora reclamar de Lucas uma obrigação de


alimentos, como forma de mitigar os prejuízos advenientes da rutura do casamento.
Refira os critérios que devem nortear a determinação desta obrigação e articule este
mecanismo com o que abordou na alínea i) anterior
Segundo o Artigo 2003º, nº1 por alimentos entende-se tudo o que é indispensável ao
sustento, habitaçao e vestuário. A obrigaçao de alimentos insere-se no dever de assistencia, só
adquirindo autonomia quando nao haja vida em comum. Por força do Artigo 2009º, nº1 alínea
a) estao vinculados à prestaçao de alimentos, o conjuge ou os ex-conjuges.
A medida dos alimentos é orientada pelo binómio necessidade do alimentado e
possibilidade do obrigado (Art 2004º): os alimentos destinam-se a prover ao que é indispensável
à vida de uma pessoa que nao tem bens suficientes nem consegue trabalhar o bastante para
assegurar a sua própria subsistencia; e há de ser proporcionados aos meios económicos do
devedor.
 PORTANTO, existem dois limites alternativos à fixaçao dos alimentos que
nao pode exceder:

i) Nem o que é necessário ao credor


ii) Nem o que é exigível, no contexto, em funçao da capacidade do devedor

O Artigo 2016º, nº1 preve que cada conjuge deve prover à sua subsistencia, depois do
divórcio. Porém, nos termos do nº2 qualquer dos conjuges tem direito a alimentos,
independentemente do tipo de divórcio, sendo que por razoes de equidade esse mesmo direito
pode ser negado.
O Artigo 2016-A, nº1 determina que na fixaçao dos alimentos deve o tribunal tomar em
conta a duraçao do casamento, a colaboraçao prestada à economia do casal, a idade e estado de
saúde dos conjuges, as suas qualificaçoes profissionais e a possibilidades de emprego, o tempo
que terao de dedicar, eventualmente à criaçao de filhos comuns, os seus rendimentos e proventes,
um novo casamento ou uniao de facto e, de modo geral, todas as circunstancias que influam
sobre as necessidades do conjuge que recebe os alimentos e as possibilidades do que os presta.
Porém, o nº2 determina que o Tribunal deve dar prevalencia a qualquer obrigaçao de
alimentos relativamente a um filho do conjuge devedor sobre a obrigaçao emergente do divórcio
em favor do ex-conjuge. E por fim, segundo o nº3 o conjuge credor nao tem o direito de exigir a
manutençao do padrao de vida de que beneficiou na constancia do matrimónio.
Quanto à compensaçao prevista no Artigo 1676/2 este estabelece que se a contribuiçao
de um dos conjuges for consideravelmente superior ao que é devido “porque renunciou de forma
excessiva à satisfaçao dos seus interesses em favor da vida em comum, designadamente à sua
vida profissional, com prejuízos patrimoniais importantes, esse conjuge tem direito de exigir do
outro a correspondente compensaçao.” Sendo que este crédito só é exigível no momento da
partilha dos bens do casal. Ao contrário da obrigaçao de alimentos que é devida sobre a forma de
pensao ou prestaçao pecuniária mensal (Art 2005º).

NOTA: temos outro expediente para garantia a subsistencia em sede de divórcio. Reparemos que
vigora já algum tempo o princípio de autosuficiente. Uma vez decretado o divórcio nao é forçoso
que haja obrigaçao de alimentos (Art 2016º), mas em certas situaçoes há uma ideia de
solidariedade pós-conjugal e atribuir-se este direito a obrigaçao de alimentos quando haja a
necessidade desta subsistencia e manutençao deste estilo de vida digno. Atençao que hoje em
dia, já nao se exige que haja esta manutençao do mesmo estilo de vida que existia durante o
matrimónio. E a ideia é garantir que o conjuge tenha como sobreviver. Até 2008 procurava-se
introduzir uma compensaçao em sede de obrigaçoes de alimentos, mas hoje tal nao é possível
porque o Artigo fala só em “necessário para a subsistencia”.
iv) Suponha agora que durante a vigência do matrimónio, Dora e Lucas adquiriram, o
seguinte conjunto de bens:
- Casa de morada de família, sita em Carcavelos, no valor de € 620.000,00;

- Casa de férias no Alvor, no valor de € 210.000,00, sendo que o preço foi pago pelo
produto da venda de um apartamento em que Lucas vivia antes do casamento, e que
lhe havia sido doado pelos seus pais, por ocasião de conclusão da sua licenciatura, o
restante foi aplicado;

- Dois carros, um da marca Mercedes e outro da marca Audi, sendo este último
utilizado primordialmente por Lucas para as suas deslocações profissionais, ao passo
que o Mercedes é o carro familiar, sendo maioritariamente utilizado por Dora para
acorrer às necessidades familiares quotidiana—o valor dos carros era 90000 Euros.

- Uma mota que Lucas utilizava para as suas deslocações citadinas, totalizando €
185.000, que havia sido adquirida com as poupanças decorrentes do trabalho de
monitor que exercia, nos verões, em colónias de férias;

- Contas de depósito a prazo constituídas por dinheiro proveniente, em 40%, dos


salários e prémios que Lucas auferiu, ao longo da sua carreira; o restante 60% de
dinheiro que Dora havia herdado por morte da sua tia-avó, Casemira, no valor global
de € 500.000,00.

Pronuncie-se quanto ao modus operandi de divisão do património comum, referindo qual o


regime de bens vigente e apreciando criticamente as regras vigentes nesta matéria,
enquadrando, também, a solução adoptada à luz da alínea i) anterior.

Segundo o Artigo 1717º na falta de convençao antenupcial, ou no caso de caducidade,


invalidade ou ineficácia da convençao, o casamento considera-se celebrado sob o regime da
comunhao de adquiridos.
Segundo o Artigo 1689º, nº1 cessando as relaçoes patrimoniais entre os conjuges, estes
ou os seus herdeiros recebem os seus bens próprios e a sua meaçao no património comum,
conferindo cada um deles o que dever a este património.
Cabendo, portanto, em primeiro lugar, qualificar os bens. sA eparaçao de bens próprios é
uma separaçao preliminar a partilha porque é necessário afastar os bens próprios para se poder
proceder a partilha. E depois, só o património líquido vai ser dividido, pois só através deles
podemos calcular a meaçao.

 Quanto à casa de morada de família segundo o Artigo 1724º, alínea b) fazem


parte da comunha os bens adquiridos pelos conjuges na constancia do
matrimónio, que nao sejam excetuados por lei. Para que os bens se possam
considerar adquiridos na constancia do matrimónio, é preciso que os efeitos
técnicos da aquisiçao se produzam nesse período, designadamente, que a
transmissao da propriedade para o adquirente ocorre dentro do casamento.
PORTANTO, este é um bem comum do casal
 Quanto à casa de férias que tinha sido adquirida pelo produto da venda de um
apartamento em que Lucas vivia antes do casamento e que lhe tinha sido doado
pelos seus pais, o Artigo 1722/1/c determina que sao considerados próprios dos
conjuges os bens adquiridos na constancia do matrimónio por virtude de direito
próprio anterior. PORTANTO, é um bem próprio, desde que o Lucas consiga
fazer prova de que o bem foi pago com um valor que era próprio.
 Quanto aos dois carros, havendo dúvidas quanto à questao de saber como é que
estes integraram o património, o Artigo 1725º estabelece que quando haja dúvidas
sobre a comunicabilidade dos bens móveis, este consideram se comuns.
 Quanto à mota que tinha sido adquirida com dinheiro que o Lucas tinha poupado
enquanto trabalhava na colónia de férias é um bem comum, pois segundo o
Aritgo 1724/a fazem parte da omunha o produto do trabaho dos conjuges.
 Quanto ao dinheiro que se encontrava nas contas de depósito:
 Dinheiro que provinha do salário e dos prémios considera-se nos termos do
Artigo 1724º, alínea a) que fazem parte da comunhao. Logo os 40% do
dinheiro era um bem comum.

 Dinheiro herdado por Dora: entende-se que o Artigo 1733º, embora esteja
previsto no ambito do regime da comunhao geral de bens deve aplicar-se
também quando os conjuges casarem em comunhao de adquiridos. A
aplicabilidade do Artigo 1733º a este regime pode fundamentar-se na
proibiçao geral de afastar em qualquer caso, por meio de convençao
antenupcial, a incomunicabilidade que ele preve (Art 1699/1/d) e também
por força de um argumento de maioria de razao – se os bens mencionados
resistem à comunicaçao em comunhao geral, mais claramente devem resisitr
à comunhao noutro qualquer regime. Ora, segundo o Artigo 1733º, nº1
alínea a) sao excetuados da comunhao os bens doados ou deixados, ainda
que por conta da legítima, com a cláusula de intercomunicabilidade.
PORTANTO, era um bem próprio.

Segundo o Artigo 1689º, nº2 havendo passivo a liquidar, sao pagas em primeiro lugar as
dívidas comunicáveis até ao valor do património comum, e só depois as restantes. E segundo o
nº3 os créditos de cada um dos conjuges sobre o outro sao pagos pela meaçao do cojuge devedor
no património comum; mas, nao existindo bens comuns, ou sendo estes insuficientes, respondem
os bens próprios do conjuge devedor.
O valor da meaçao corresponderá a metade do património comum (valor da casa+ valor
dos carros+ valor da mota+ 40% da conta) o que dá no final o valor de 455000 euros.
Sendo que segundo o Artigo 1731º se os instrumentos de trabalho de cada umods
conjuges tiverem entrado no património comum por força d regime de bens, o conjuge que deles
necessite para o exercício da sua profissao tem direito a ser neles encabeçado no momento da
partilha, portanto a meaçao do Lucas seria em parte preenchida pelo valor do Audi que apesar de
ser um bem comum, é um bem que era por este utilizado para o exercício da sua profissao.

Explicaçao sobre a partilha


Tinhamos que proceder a partilha. E a norma mais importante em termos de partilha e
que diz como é que se deve proceder a partilha é o Artigo 1689º. E apenas se partilham os bens
comuns, por isso em primeiro lugar temos que olhar ao património, ver qual o regime de bens e
qualificar os bens. A separaçao de bens próprios é uma separaçao preliminar a partilha porque é
necessário afastar os bens próprios para se poder proceder a partilha. E depois, só o património
líquido vai ser dividido, pois só através deles podemos calcular a meaçao.
O relacionamento entre bens e direitos comuns é a listagem do ativo dos bens comuns e
portanto, temos que compreender todos os bens que estao neste património comum. E depois
proceder as compensaçoes que sao as movimentaçoes que ocorrem entre os conjuges (certos
bens próprios terem respondido por dívidas comuns ou bens comuns a responderem por dívidas
próprias). No fundo garantir que os conjuges nao saem prejudicados nem beneficiados pela
partilha. No Artigo 1626º temos um decréscimo do património comum, mas o bem se considera
próprio e assim sendo é devida uma compensaçao ao património comum.Também haverá
situaçoes em que o património comum é credor quando haja responsabilizaçao do património
comum por dívidas próprias.
Depois temos que proceder ao pagamento de dívidas que sao o passivo daquele
património comum, sao as dívidas relativamente a credores terceiros e dívidas em relaçao aos
próprios conjuges e depois de fazermos essa partilha. O Artigo 1731º que diz que há uma
atribuiçao preferencial que tem a regra de que quanto aos instrumentos de trabalho estes devem
ser em primeiro lugar entregues ao conjuge que os utiliza.

PORTANTO:
1) Separaçao de bens próprios
2) Liquidaçao do património comum para aferirmos o património comum líquido
 Pagamento de dívidas
 Compensaçoes

3) Partilha strictu sensu dos conjuges


 Onde temos o crédito compensatório

No caso 8, tinhamos a casa de morada de familia que consideravamos património comum+


carros e motas que também seria considerados bens comuns + contass de depósito a prazo 40%)
que também era comum. Quanto aos bens próprios a tal casa de alvor caso Lucas fizesse prova
de que foi pago com valor próprio podendo haver compensaçao. E em matéria de património
próprio de Dora temos os restantes 60% das contass.
A meaçao seria de 455 mil euros. E depois tinhamos que antender ao Art 1731 sobre a
atribuiçao preferencial sobre o carro. O que significa que um dos conjuges tinha os 455 e que 30
mil deveria ser preenchido pelo tal automóvel.

Caso Prático 9 - Casamento de portugueses no estrangeiro e de estrangeiros em Portugal


Ana, portuguesa de gema, e Zayan, sudanês, conheceram-se e apaixonaram-se na viagem de
fim de curso de Ana e nunca mais perderam contacto. No dia em que defendeu a sua
dissertação de Mestrado, Ana informou os pais que se ia mudar para o Sudão para casar e
viver com Zayan. Admita as seguintes hipóteses:

a. Chegada ao Sudão, começam os preparativos para o casamento. Ana, temendo uma


reação ciumenta, omite de Zayan a sua anterior relação com Xavier, com quem havia
casado num ímpeto e de quem se separara pouco depois do casamento.
NOTA: reparar que quando diz “separar” significa que nao se divorciaram

 Art 161º do CRC: portugueses no estrangeiro podem celebrar casamento


 Art 162º do CRC

Nos termos do Artigo 184º, nº1 do CRC o casamento de portugues e estrangeiro será
registado no consulado portugues competente.
O casamento celebrado perante as autoridades estrangeiras pela forma estabelecida na lei
do lugar da celebraçao, é registado por transcriçao do documento comprovativo do casamento,
passado de harmonia com a referida lei (Art 184º, nº2 do CRC). Em qualquer das hipóteses, a
transcriçao é subordinada à prévia organizaçao do processo preliminar de casamento (Art 185º,
nº1 do CRC) e deve ser recusada se houver impedimento dirimente à celebraçao do casamento,
desde que tal impedimento ainda subsista (Art 185º, nº3 do CRC).
Neste caso, nao é claro se Ana se chegou a divorciar ou nao de Xavier, porque se nao se
divorciou entao estamos perante um impedimento dirimente absoluto nos termos do Artigo
1601º, alínea c). Sendo que segundo o Artigo 1631º, alínea a) é anulável o casamento contraído
com algum impedimento dirimente. Uma vez que o impedimento subsiste, o Artigo 185º, nº3
preve que se o consul verificar que o casamento foi celebrado com algum impedimento que o
torne anulável entao a transcriçao deve ser recusada.

NOTAS: nesta hipótese temos que começar por aferir a capacidade matrimonial. E lendo o
Artigo 49º e Art 31º percebemos que a lei que regula será a lei da nacionalidade e este é o critério
porque durante muitos anos, a verdade é que o critério e a proximidade com o ordenamento
jurídico da sua nacionalidade era o mais forte. Hoje em dia já nao é assim e por isso a lei
europeia estabelece que será a da residencia. PORTANTO, de acordo com o Artigo 49º e 31º
vemos que nao é por a Ana casar no Sudao que nao aplicaríamos a lei portuguesa. E por isso
aplicaríamos o Artigo 1601º e seguintes. Quando se afere esta capacidade? EM sede de processo
preliminar, a que os portugueses que pretendam casar no estrangeiro estao subordinados. E
aplicamos o Art 162º e 163º.
Qual a fomra que segue: aplica-se o Artigo 161º e Art 51º e diz que a forma do casamento é a da
forma prevista no local. E estes Artigos dizem que se for casamento de um portugues com
estrangeiro pode recorrer-se a forma prevista no nosso CC e pode recorrer-se a tramitaçao de
acordo com a lei portuguesa. Este casamento deve ser registado.
Como ela é portuguesa aplica-se a lei da sua nacionalidade.Aplica-se-lhe o Artigo 1600º e
seguintes, havia um impedimento e como tal há uma causa a que obsta a inscriçao ou transcriçao
(consoante o tipo de registo) enquanto o impedimento subsistir.

b. Meses mais tarde, já casados, Zayan e Ana retornam a Portugal para passar uma
temporada e para celebrarem com a família de Ana aquele laço tão especial, numa
boda improvisada. Nessa boda, Zayan conhece a prima de Ana, Bárbara, perdendo-se
de amores. Acreditando que casar com Bárbara viria alargar e completar a família que
tanto estimava e que permitiria a Ana sentir-se mais acompanhada e mais próxima da
família que ficaria em Portugal quando regressassem ao Sudão, Zayan pede Bárbara
em casamento e decide com ela casar ainda em Portugal
Segundo o Artigo 1651º, nº1, alínea b) é obrigatório o registo dos casamentos de portugues
celebrado no estrangeiro. E presumindo que neste caso ocorreu o registo ou a transcriçao nos
termos do Artigo 185º do CRC.
Segundo o Artigo 1601º, alínea c) constitui impedimento dirimente absoluto, obstando ao
casamento da pessoa a quem respeitam com qualquer outra o casamento anterior nao dissolvido,
católico ou civil, ainda que o respetivo assento nao tenha sido lavrado no registo do estado civil.
Esta é uma disposiçao que visa impedir a bigamia.
Na hipótese de bigamia, nos termos do Artigo 1639/2, o primeiro conjuge do bígamo tem
legitimidade para intentar ou prosseguir a açao de anulaçao, ao lado das pessoas referidas no
Artigo 1639/1.
Segundo o Artigo 1643º, nº1 alínea c) a açao de anulaçao fundada em impedimento dirimente
deve ser instaurada depois da dissoluçao do casamento.

NOTA: a sua lei pessoal seria do Sudao relativamente a Zayan. Até que ponto o conservador do
Registo Civil tinha que aplicar a lei do sudao visto que temos o Artigo 1601/c entre nós que
proibe a bigamia? Ora, a reserva da orem publica internacional é um ultimo reduto para garantir
que o nosso legislador nao aplique regras estrangeiras que seria contrárias ao nosso ordenamento.

Matérias dos Efeitos Patrimoniais do Casamento sao as que suscitam mais dúvidas. Nesta
matéria:
1) A primeira coisa a fazer é aferir o regime de bens que nos encontramos e ver de acordo
com o Art 1717º em uqe regime aqueles conjuges se casaram. ORA, havendo convençao
antenupcial podemos estar perante vários regimes. Caso nao tenham celebrado convençao
antenupcial entao de acordo com o Artigo 1717º estaremos perante o regime supletivo.

2) Aferir a titularidade dos bens: determinar se estamos perante bens próprios ou comuns,
pois tal será relevante para efeitos de responsabilidade por dívidas e adminsitraçao dos
bens. E aqui temos que ir especificamente a cada um dos regimes.

3) Uma vez aferida a titularidade vamos ter que determinar que tipo de administraçao temos.
Em matéria de administraçao há uma regra quanto aos bens próprios (Art 1678_ cada um
dos conjuges tem a administraçao relativamente aos seus bens próprios) e outra quanto
aos comuns (Art 1678/3 a regra será distinta conforme estejamos perante atos de
administraçao ordinária—administraçao disjunta OU administraçao extraordinária—regra
da administraçao conjunta ou seja ambos os conjuges tem que estar de acordo).

 Estas regras vao ser excecionadas pelo Artigo 1678/2. E por isso temos que ver se
estamos ou nao perante uma das exceçoes.

4) Se estivermos no ambito da disposiçao oou alienaçao temos que aplicar o Artigo 1682º-A
(bens imóveis) e Artigo 1680º (bens móveis).

5) Depois ainda temos a responsabilidade por dívidas e importa saber que cada um dos
conjuges tem legitimidade para contrair dívidas.
Caso Prático 10 - Doações entre esposados
André e Beatriz conheceram-se no fim da faculdade e casaram, em comunhão geral de bens,
uns anos depois, numa cerimónia muito bonita com a família de ambos. Com vista ao
casamento, André ofereceu a Beatriz um colar de pérolas de elevado valor monetário que
pertencia à sua avó. Seria o “something old” e simbolizava a esperança de um casamento feliz
e para toda a vida. Afira a titularidade do colar de pérolas, tendo presente que:
i) A oferta foi formalizada em convenção antenupcial.
Neste caso estamos perante uma doaçao para casamento que segundo o Artigo 1753º, nº1
é a doaçao feita a um dos esposados, ou a ambos, em vista do seu casamento. Sendo feita em
vista do casamento, a doaçao em preço tem como causa jurídica o casamneto, do qual
depende (Art 1760/1/a)
Segundo o Artigo 1754º as doaçoes para casamento pode ser feitas por um dos esposados
ao outro, pelos dois reciprocamente, ou por terceiro a um ou a ambos os esposados. Neste
caso a doaçao era feita por um dos esposados ao outro.
Segundo o critério do momento da eficácia previsto no Artigo 1755º esta é uma doaçao
intervivos.
O Artigo 1756º, nº1 as doaçoes para casmaento só podem ser feitas na convneao
antenupcial.

ii) A oferta foi formalizada em escritura pública.


Segundo o Artigo 1756º, nº1 as doaçoes para casamento só podem ser feitas em convençao
antenupcial, celebrada quer por escritura pública quer por declaraçao preestada perante o
funcionário do registo civil (na ausencia de qualquer restriçao imposta pela atual versao do
Artigo 189º do CRC).
NOTA: No Artigo 1757º temos uma regra relativamente a propriedade. Mas, se aqui temos uma
inobservancia de forma entao vamos aplicar as regras gerais do regime de casamento em que nos
encontramos. Como neste caso, estamos perante um regime de comunhao geral de bens, vamos
ter que aplicar as regras gerais referentes ao regime. Segundo o regime da comunhao geral,
quando é que os bens doados sao bens próprios? Artigo 1733/1/a. Por força deste Artigo a maior
parte dos bens doados e deixados para efeitos sucessórios integram o património comum. No
regime da comunhao geral só serao considerados bens próprios se houver cláusula de
incomunicabilidade ou seja se se disser estes bens nao comunicam entre si.
Alguém resolveu isto como sendo possível subsumir para uma doaçao para casamento à luz
daquilo que o prof GO defende? Este professor entende que as doaçoes para casameento podem
observar outra forma que nao as da convençao antenupcial, porque tal como ele diz nem todos os
conjuges celebram esta convneçao, e só o fazem quando querem afastar o regime supletivo. E
por isto ele diz que devíamos alargar o ambito do Artigo 1756º a outros documentos com igual
força probatória. E se entendessemos a posiçao dele entao a escritura pública seria uma forma
válida e como tal o bem pertenceria a mulher (Art 1757º).
PORTANTO: havia duas formas de resoluçao:
1) Nao havia convençao antenupcial, logo aplicaríamos o regime de 940 e em
específico o Artigo 1732º relativo ao regime de comunhao geral de bens que diz
que as doaçoes na comunhao geral tornam os bens doados em bens comuns e
apenas os tornam prórpio
2) Ou entao seguiamos a posiçao do GOM que entende que deviamos alargar o
Artigo 1756º
NOTA: num caso destes de doaçoes quando dizem só “escritura pública” é porque nao houve
convençao antenupcial

iii) A oferta foi formalizada em convenção antenupcial. No entanto, após a celebração


do casamento, André descobriu que Beatriz era casada com Carlos e pretende
anular o casamento.
Neste caso, André tinha descobero que Beatriz era casada com Carlos e pretende anular o
casamento. Segundo o Artigo 1600º tem capacidade para contrair casamento todos aqueles em
quem se nao verifique algum dos impedimentos matrimoniais previstos na lei.
Nos termos do Artigo 1601º, alínea c) sao impedimentos dirimentes, obstando ao casamento
da pessoa a quem respeita com qualquer outra o casmaento anterior nao dissolvido, católico ou
civil, ainda que o respetivo assento nao tenha sido lavrado no registo do estado civil.
O Artigo 1631º, alínea a) determina que é anulável o casamento contraído com algm
impedimento dirimente. Sendo que nos termos do Artigo 1639º, nº1 tem legitimidade para
intentar a açao de anulaçao fundada em impedimento dirimente, ou para prosseguir nela, os
conjuges. Logo, André poderia intentar uma açao de anulaçao.
Ora, quanto à doaçao, que Carlos tinha André tinha realizado. Estávamos perante um doaçao
para casamento, uma vez que segundo o Artigo 1753º, nº1 é a doaçao feita a um dos esposados,
ou a ambos, em vista do seu casamento.
Segundo o Artigo 1754º as doaçoes para casamento pode ser feitas por um dos esposados
ao outro, pelos dois reciprocamente, ou por terceiro a um ou a ambos os esposados. Neste
caso a doaçao era feita por um dos esposados ao outro.
Segundo o critério do momento da eficácia previsto no Artigo 1755º esta é uma doaçao
intervivos.
O Artigo 1760º, nº1, alínea a) determina que as doaçoes para casamento caducam se o
casamento nao for celebrado dentro de um ano, ou se, tendo-o sido, vier a ser declarado nulo ou
anulado, salvo o disposto em matéria de casamento putativo.
Assim sendo, uma vez anulado o casamento, a doaçao caducaria.

Caso Prático 11 – Titularidade


1. Afere a titularidade dos bens em função dos diferentes regimes de bens, preenchendo a
tabela com o titular do bem e com o fundamento jurídico dessa titularidade.

 Jóias doadas a Filipa pela avós após a celebraçao do casamento


 Comunhao geral de bens
 Segundo o Artigo 1732º no regime da comunhao geral de bens, o
património comum é constituído por todos os bens dos conjuges que nao
sejam excetuados por lei.
 Segundo o Artigo 1733º, nº1 alínea a) é excetuado da comunha o bem
doado ou deixado, ainda que por conta da legítima com a cláusula e
incomunicabilidade.
 LOGO, bem comum do casal porque nao há cláusula de
incomunicabilidade.
 Comunhao de adquiridos
 Segundo o Artigo 1724º, alínea b) fazem parte da comunhao os bens
adquiridos pelos conjuges na constancia do matrimónio, que nao sejam
excetuados por lei.
 Segundo o Artigo 1722º, nº1 alínea b) sao considerados próprios dos
conjugs os bens que lhe advierem depois do casamento por sucessao ou
doaçao.
 Neste caso, a titularidade pertenceria a Filipa.

 Separaçao de bens
 Segundo o Artigo 1735º se o regime de bens imposto ou adotado pelos
esposados for o da separaçao, cada um deles conserva o domínio e fruiçao
de todos os seus bens presentes e futuros, podendo dispor deles
livremente.
 O bem seria próprio de Filipa.

 Moradia deixada a Guilherme pelo padrinho ainda antes de conhecer Filipa


 Comunhao geral de bens
 Segundo o Artigo 1732º no regime da comunhao geral de bens, o
património comum é constituído por todos os bens dos conjuges que nao
sejam excetuados por lei.
 O bem é comum do casal.

 Comunhao de adquiridos
 Segundo o Artigo 1724º, alínea b) fazem parte da comunhao os bens
adquiridos pelos conjuges na constancia do matrimónio, que nao sejam
excetuados por lei.
 Neste caso, o bem nao tinha sido adquirido na constancia do matrimónio,
logo o bem era de Guilherme.

 Separaçao de bens
 Segundo o Artigo 1735º se o regime de bens imposto ou adotado pelos
esposados for o da separaçao, cada um deles conserva o domínio e fruiçao
de todos os seus bens presentes e futuros, podendo dispor deles
livremente.
 O bem é de Guilherme.

 Roupa comprada por Filipa na lua de mel


 Comunhao geral de bens
 Segundo o Artigo 1732º no regime da comunhao geral de bens, o
património comum é constituído por todos os bens dos conjuges que nao
sejam excetuados por lei.
 Segundo o Artigo 1733º, nº1, alínea f) sao excetuados da comunha os
vestidos, roupas e outros objetos de uso pessoal e exclusivo de cada um
dos conjuges, bem como os seus diplomas e a sua correspondencia.
 LOGO, é um bem próprio de Filipa

 Comunhao de adquiridos
 Segundo o Artigo 1724º, alínea b) fazem parte da comunhao os bens
adquiridos pelos conjuges na constancia do matrimónio, que nao sejam
excetuados por lei.
 Por força do Artigo 1699º, o Artigo 1733º é extensivel a comunhao de
adquiridos loog o bem é próprio de Filipa.
NOTA: Na comunhao de geral é uma comunhao que abrange maior numero de graus, tanto que
os bens doados só vao ser considerados próprios em situaçoes excecionais. Se ainda assim na
comunhao geral se entende que estes bens sao próprios entao é porque eles estao tao afetos a
pessoa e por isso temos que extende-los a comunhao de adquiridos que até tem menos bens
comuns. E portanto, aplicamos este Artigo 1733 ao regime de comunhao de adquiridos por via
do Artigo 1699/d e de um argumento de maioria de razao.

 Separaçao de bens
 Segundo o Artigo 1735º se o regime de bens imposto ou adotado pelos
esposados for o da separaçao, cada um deles conserva o domínio e fruiçao
de todos os seus bens presentes e futuros, podendo dispor deles
livremente.
 Logo, de Filipa

 Apartamento adquirido por Guilherme no exercício do direito de preferencia


 Comunhao geral de bens
 Segundo o Artigo 1732º no regime da comunhao geral de bens, o
património comum é constituído por todos os bens dos conjuges que nao
sejam excetuados por lei.
 LOGO, é um bem comum.

 Comunhao de adquiridos
 Segundo o Artigo 1722º, nº1 alínea c) sao considerados bens próprios dos
conjuges, os bens adquiridos na constancia do matrimónio por virtude de
direito próprio.
 Segundo o Artigo 1722º, nº2 alínea d) consideram-se adquiridos por
virtude de direito próprio anterior, os bens adquiridos no exercício de
direito de preferencia fundado em situaçao já existente à dta do casamento.
 Logo, os bens sao de Guilherme.

 Separaçao de bens
 Segundo o Artigo 1735º se o regime de bens imposto ou adotado pelos
esposados for o da separaçao, cada um deles conserva o domínio e fruiçao
de todos os seus bens presentes e futuros, podendo dispor deles
livremente.
 LOGO, os bens sao de Guilherme.

 Trocador de marfim que Filipa herdou de sua mae, que temendo que os namorados
da filha dela se aproveitassem, deixou em testamento que o bem apenas à filha
pertencia

 Comunhao geral de bens


 Segundo o Artigo 1732º no regime da comunhao geral de bens, o
património comum é constituído por todos os bens dos conjuges que nao
sejam excetuados por lei.
 Segundo o Arito 1733º, nº1 alínea a) é excetuado da comunha o ben doado
ou dexiado, ainda que por conta da legítima com a cláusula e
incomunicabilidade.
 LOGO, este bem pertenceria apenas a Filipa.

 Comunhao de adquiridos
 Segundo o Artigo 1724º, alínea b) fazem parte da comunhao os bens
adquiridos pelos conjuges na constancia do matrimónio, que nao sejam
excetuados por lei.
 Segundo o Artigo 1722º, nº1 alínea b) sao considerados próprios dos
conjuges os bens que lhe advierem depois do casameneto por sucessao ou
doaçao.
 Logo, este bem pertenceria apenas a Filipa.

 Separaçao de bens
 Segundo o Artigo 1735º se o regime de bens imposto ou adotado pelos
esposados for o da separaçao, cada um deles conserva o domínio e fruiçao
de todos os seus bens presentes e futuros, podendo dispor deles
livremente.
 LOGO, é de Filipa.

 Direito de usufruto de Filipa


 Comunhao geral de bens
 Segundo o Artigo 1732º no regime da comunhao geral de bens, o
património comum é constituído por todos os bens dos conjuges que nao
sejam excetuados por lei.
 Segundo o Arito 1733º, nº1 alínea c) é excetuado da comunhao o usufruto.
 LOGO, é um bem próprio de Filipa.

 Comunhao de adquiridos
 Segundo o Artigo 1724º, alínea b) fazem parte da comunhao os bens
adquiridos pelos conjuges na constancia do matrimónio, que nao sejam
excetuados por lei.
 Neste caso, também aplicaráriamos o Artigo 1733º a luz do tal argumento
de maioria de razao e a luz do Artigo 1699/d.
 Logo, o bem é de Filipa.

 Separaçao de bens
 Segundo o Artigo 1735º se o regime de bens imposto ou adotado pelos
esposados for o da separaçao, cada um deles conserva o domínio e fruiçao
de todos os seus bens presentes e futuros, podendo dispor deles
livremente.
 LOGO, é de Filipa.

 Edifício comprado por Guilherme e Filipa, na maior parte com o dinheiro de uma
indemnizaçao recebida por Filipa, como se fez constar da escritura pública de
aquisiçao

 Comunhao geral de bens


 Segundo o Artigo 1732º no regime da comunhao geral de bens, o
património comum é constituído por todos os bens dos conjuges que nao
sejam excetuados por lei.
 O bem é próprio, porque por força do Artigo 1734º aplicamos ao regime
da comunhao geral também o regime do Artigo 1723º e Artigo 1726º.

NOTA: a indemnizaçao é um bem próprio a luz do Artigo 1733º. Embora no ambito da


comunhao geral nao temos um Artigo semelhante ao Artigo 1723º , por força do Artigo 1734º
tem se entendido que o Artigo 1723º e Art 1726º também se aplicam a comunhao geral.
 Comunhao de adquiridos
 Aplicamos o Artigo 1733º por maioria de razao e Art 1699/d e daí
retiramos que a indemnizaçao é um bem próprio.
 Aplicamos o Artigo 1723º que diz que os bens adquiridos com bens
próprios, conservam o titulo de bens próprios.
 E Artigo 1726º que determina que se o bem for comprado com bens
próprios e com bens comunsd, prevalece a designaçao da parte mais
valiosa.
 LOGO, o bem será próprio.

 Separaçao de bens
 Segundo o Artigo 1735º se o regime de bens imposto ou adotado pelos
esposados for o da separaçao, cada um deles conserva o domínio e fruiçao
de todos os seus bens presentes e futuros, podendo dispor deles
livremente.
 LOGO, este bem é adquirido em compropriedade.

 Patusco, o golden retriever que Guilherme recebera como prenda pelo 100% que
obtiver no exame de Matemática do 9º ano

 Comunhao geral de bens


 Segundo o Artigo 1732º no regime da comunhao geral de bens, o
património comum é constituído por todos os bens dos conjuges que nao
sejam excetuados por lei.
 Segundo o Artigo 1733º, nº1 alínea h) sao excetuados da comunha os
animais de companhia que cada um dos conjuges tiver ao tempo da
celebraçao do casamento.
 LOGO, o animal é de Guilherme.

 Comunhao de adquiridos
 Segundo o Artigo 1722º, nº1 alínea a) sao considerados próprios do
conjuges, os bens que cada um deles tiver ao tempo da celebraçao do
casamento.
 LOGO, o animal é de Guilherme.

 Separaçao de bens

 Segundo o Artigo 1735º se o regime de bens imposto ou adotado pelos


esposados for o da separaçao, cada um deles conserva o domínio e fruiçao
de todos os seus bens presentes e futuros, podendo dispor deles
livremente.
 LOGO, o animal é de Guilherme.

2. Daniel e Eduarda casaram em 2002 e em 2003 acordaram em mudar-se para uma moradia
em Cascais. Afere a titularidade da moradia definida como casa de morada de família tendo
presente as hipóteses abaixo descritas:
a. A moradia pertencia aos pais de Daniel que decidiram oferecê-la a Daniel, após a
celebração do casamento, sem quaisquer formalidades adicionais.
Uma vez que nada é dito relativamente ao regime de bens convencionado, aplica-se o
regime supletivo. Segundo o Artigo 1717º , na falta de convençao antenupcial, ou no caso de
caducidade, invalidade ou indeficácia da convençao, o casamento considera-se celebrado sob o
regime da comunhao de adquiridos.
Segundo o Artigo 1724º, alínea b) fazem parte da comunhao os bens adquiridos pelos
conjuges na constancia do matrimónio, que nao sejam excetuados por lei. Segundo o Artigo
1722º, nº1 alíbea b) sao considerados próprios dos conjuges os bens que lhes advierem depois do
casmanto por sucessao ou doaçao.
Neste caso os pais ofereceram o bem a Daniela. Logo, por força desse mesmo Artigo 1722º o
bem pertenceria apenas a Daniela.
Segundo o Artigo 947º, nº1 sem prejuízo do disposto em lei especial, a doaçao de coisas
imóveis só é válida se for celebrada por escritura pública ou por documento particular
autenticado. Se neste caso nao se verificou nenhuma formalidade, entoa essa doaçao seria
inválida.
b. A moradia foi herdada por Eduarda uns meses depois de casar.;
Segundo o Artigo 1724º, alínea b) fazem parte da comunhao os bens adquiridos pelos
conjuges na constancia do matrimónio, que nao sejam excetuados por lei. Segundo o Artigo
1722º, nº1 alíbea b) sao considerados próprios dos conjuges os bens que lhes advierem depois do
casmanto por sucessao ou doaçao.
Estariamos perante bens próprios.
c. A moradia foi comprada por Eduarda após a celebração do casamento com o valor da
venda de um apartamento que havia comprado após a faculdade, uns anos antes de
conhecer Daniel (vide AUJ nº12/15 e Acórdão do STJ de 13 de Julho de 2000,
Processo nº 104/06-9TVPTR.P1.S1);
Segundo o Artigo 1724º, alínea b) fazem parte da comunhao os bens adquiridos pelos
conjuges na constancia do matrimónio, que nao sejam excetuados por lei.
Porém, o apartamento era um bem próprio de Eduarda nos termos do Artigo 1722, nº1 alínea
a) em que se determina que sao considerados próprios dos conjuges os bens que cada um deles
tiver ao tempo da celebraçao do casamento. E segundo o Artigo 1723º, alínea c) conservam a
qualidade de bens próprios os bens adquiridos ou as benfeitoriais feitas com dinheiro ou valores
própios de um dos conjuges, desde que a proveniencia do dinheiro ou valores seja devidamente
mencionada no documento de aquiisçao, ou em docuento equivalente com a intervençao de
ambos os conjuges.
É particularmente polémica a consequencia da falta de mençao documental da natureza
própria dos meios utilizados na aquisiçao de outros bens:
 Um setor sustenta que os bens adquiridos com dinheiro ou valores próprios seriam
entao comuns, nos termos do Artigo 1724º, alínea b) cabendo ou nao ao conjuge
adquirente um crédito compensante sobre o património comum

 Considerando que a exigencia de mençao documental visa acautelar os interesses


de terceiros credores, na falta de tal mençao, outro setor nao exclui o caráter
próprio dos bens, na relaçao entre os conjuges ou quando a atribuiçao desse
caráter nao afete interesses de terceiros.
 Esta orientaçao é aquela que parece mais ajustada de acordo com o
Professor JDP. O Artigo 1723, alínea c) ao fazer depender de um
requisito formal a qualificaçao como próprios dos bens adquiridos ou das
benfeitorias feitas com dinheiro ou valores próprios de um dos conjuges,
tem em vista exclusivamente a proteçao de terceiros. De facto, a disciplina
do preceito nao se adequa ao plano das relaçoes entre conjuges.

 Admitir que um bem adquirido com dinheiro ou valores próprios seja


considerado um bem comum apenas por ter faltado a mençao da
proveniencia do dinheiro ou dos valores noo documento de adquisiçao
equivale a admitir uuma transferencia, a título gratuito, de um património
próprio para o património comum que nem sequer é suscetível de ser
entendida como uma doaçao válida.

 A simples ausencia de mençao nao pode ser entendida como uma


liberalidade que tivesse por objeto o dinheiro ou os valres aplicados e,
ainda que o pretendesse ser, nao observaria os requisitos da doçao entre
casos, porque os bens objeto de doaçao entre conjuges nunca se comunica
(Art 1764º, nº1).

 Além disso, defender que a ausencia de mençao da proveniencia do


dinheiro ou valores próprios implique pura e simplesmente a qualificaçao
como bem comum do bem adquirido seria especialmente gravoso na
relaçao entre conjuges, dado que, ao contrário da doaçao entre casados
(Art 1765º), a transferencia patrimonial ocorrida nem sequer poderia ser
revogada unilateralmente pelo conjuge a quem pertencia o dinheiro ou os
valores aplicados na aquisiçao do bem.
NOTA: temos que fazer o percurso lógico: I) De quem é o apartamento? A luz do Artigo 1722
era próprio. II) De quem é o dinheiro produto da venda? Artigo 1723º é também próprio III) De
quem é a moradia comprada
O que se discutia nesta hipótese e o STJ veio tomar decisao no AUF de saber o que acontece se
nao se fizer constar que a aquisiçao é feita com poveniencia de bens próprios. E veio-se dizer que
a ratio é a tutela dos credores, porque quando veem essa aquisiçao contam com o património de
ambos os conjuge como tutela dos seus créditos. E o STJ entende que o bem pode vir a ser
considerado próprio se estiver em causa o interesse de um dos conjuges. E por isso os requisitos
do Artigo 1723/c de que o dinheiro que provem para a aquisiçao do bem é necessária para efeitos
de interesse de credores. Já, se só estiver em causa só o interesse dos conjuges, entao sao
admitidos todos os meios de prova, caso de prove efetivamente que o bem foi adquirido com
bens próprios.
 Por outtro lado, há autores que entendem que o Artigo 1723º, traz uma presunçao
inilidivel (AV).
 Já professsor Coelho discorda dos autores que entendem que o Artigo 1723º deve ser lido
de forma literal e entende que ele apenas deve relevar quadno estejam em causa interesse
de terceiros-
Portanto, se estivessem em causa apenas interesses dos conjuges entao já se podia fazer prova
por ooutro meio que nao o do documento de aquisiçao.

d. A moradia foi objeto de um contrato promessa de compra e venda celebrado por


Daniel antes da celebração do casamento e adquirida uns meses depois de estarem
casados.
Nao é pacífica a qualificaçao dos bens adquiridos depois do casamento, em cumprimento de
contrato-promessa anterior. Para alguma jurisprudencia, só seriam próprios no caso de ter sido
atribuída eficácia real ao contrato promessa. E portanto se tiver eficácia meramente obrigacional
nao estamos perante uma aquisiçao por virtude de direito próprio anterior e portanto o bem seria
comum.
Mas, segundo o Professor JDP nao existem motivos para a distinçao. O Art 1722/2/d nao o faz
quanto ao direito de preferencia, que pode ter caráter obrigacional ou real. Dada a manifesta
afinidade entre o pacto de preferencia e o contrato-promessa, o Professor JDP entende que os
bens adquiridos depois do casamento, em cumpriment do contrato promessa, cabem na previsao
do Artigo 1722/1/c, independentemente de o contrato promessa ter sido ou nao dotado de
eficácia real e como tal seria um bem considerado próprio. Esta é a posiçao com a qual a
Professora Sofia Henriques
e. A moradia fora adquirida por Eduarda após a celebração do casamento em virtude de
contrato de compra e venda com reserva de propriedade celebrado antes da celebração
do casamento.
Segundo o Art 1722º, nº1 alínea c) sao considerados próprios dos conjuges os bens adquiridos na
constancia do matrimónio por virtude de deireito próprio anterior.
Segundo o Art 1722º, nº2 consideram-se entre outros, adquiridos por virtude de direito próprio
anterio, sem prejuízo da compensaçao eventualmente devida ao património comu, os bens
comprados antes do casamento com reserva de propriedade.

f. A moradia era arrendada por Daniel e foi comprada e paga por este e por Eduarda
após o casamento (vide Acórdão de 3 de Julho de 2014, Processo nº
20580/11.4T2SNT.L1.S).
O primiero ponto a ter em comparaçao é de que os arrendatários tem um direito de
preferencia na compra e por isso em princípio aplicaríamso o Artigo 1722/1/c e Art 1722/2/d.
Tem se entendido que nao se exerça formalmente a preferencia, basta que ele tenha o direito a
preferencia sobre aquele negócio, porque muitas pessoas exercem a preferencia. Ou seja, nao é
por ele nao ter exercido que nao estamos perante um direito próprio.
PORÉM, o imóvel foi comprado e pago por ambos os conjuges nao se deverá aplicar o
Artigo 1722/d porque nao é o direito de preferencia que vai fundamentar a aquisiçao. A
aquisiçao é fundamentada por um esforço de ambos. E portanto nao tem que ser um exercício
formal da preferencia. E depois vem dizer que embora em princípio aplicassemos o Artigo
1722/d o bem nao deve ser considerado próprio se foi pago por ambos porque é uma aquisiçao
em que ambos participaram voluntariamente, e ambos assumiram a responsabilidade
relativamente ao pagamento do imóvel.
Aquilo que o Acórdao diz: embora houvesse um direito de preferencia, como houve um
esforço por ambos e o contrato ter sido celebrado por ambos nao vamos aplicar o Artigo
1722/2/d mas sim a regra geral da comunhao nos termos do Artigo 1724º do CC.

Caso Prático 12 - Doações entre casados


Doaçoes entre casados nos Artigo 1761º a Art1766º e devemos conjugar com as regras das
doaçoes que constam do Artigo 940º e seguintes. Relativamente ao Artigo 1763º que nao se
refere a doaçoes de coisas imóveis. E a verdade é que nao é necessário que ele fale da doaçao de
coisas imóveis, porque o Artigo 1761º já determina que nós vamos aplicar o regime geral das
doaçoes e no regime geral das doaçoes (Art 945º) já é dito que a doaçao de coisas imóveis segue
forma especial. O Artigo 1763º fala das coisas móveis porque no regime geral de doaçoes as
doaçoes de coisas móveis nao carecem de qualquer forma especial, enquanto que na doaçao de
coisas móveis em sede de casamento é exigida por ser um meio probatório. EX: se a madalena
nos doasse um computador era fácil aferir que houve uma doaçao porque a Madalena nao levava
o computador para casa. Já se a doaçao fosse entre casados, seria mais díficil.
Felícia conheceu Gonçalo entre jogos de bisca e de xadrez no lar de idosos onde ambos
residiam e foi amor à primeira “bisca”. Quando Gonçalo, ainda na primeira vaga, adoeceu
gravemente de COVID-19, Felícia foi informada da gravidade da sua situação clínica e ambos
decidiram casar imediatamente, numa cerimónia pequena, em que apenas estavam presentes
os quatro médicos que acompanhavam Gonçalo e o diretor do Hospital. Mas, Gonçalo acabou
por melhorar e este pretende agora doar a Felícia a sua pequena quinta como demonstração
do amor que por ela sente e como agradecimento pelo seu apoio constante. Quid Iuris?
Segundo o Artigo 1622º, nº1 quando haja fundado receio de morte próxima de algum dos
nubentes, ou iminencia de parto, é permitido a celebraçao do casamento independentemente do
respetivo processo preliminar e sem intervençao do funcionário do registo civil. Neste caso,
Felícia e Gonçalo celebraram um casamento urgente, uma vez que ambos estavam assustados
com a gravidade da situaçao clínica de Gonçalo. O casamento urgente celebra-se com a
declaraçao expressa do consentimento de cada um dos nubentes perante quatro testemunhas,
duas das quais nao podem ser parentes sucessíveis dos nubentes (Art 156/b CRC), sendo que
neste caso as testemunhas seria os médicos e o diretor do Hospital.

O Artigo 1720º, n1º alínea a) preve que o considera-se contraído sob o regime de separaçao
de bens, o casamento celebrado sem precedencia do processo preliminar de casamento. Ora,
sendo o casamento celebrado um casamento urgente, nao ocorreu no mesmo o processo
preliminar. Logo, o regime de bens aplicável seria o de separaçao de bens.
Segundo o Artigo 1735º se o regime de bens imposto por lei ou adotado pelos esposados for
o da separaçao, cada um deles conserva o domínio e fruiçao de todos os seus bens presentes e
futuros, podendo dispor deles livremente.
Cabe determinar se perante o regime que vigora entre as partes, o Gonçalo poderia proceder a
doaçao da sua quinta a Felícia, sendo que segundo o Artigo 940º, nº1 se determina que doaçao é
o contrato pelo qual uma pessoa, por espírito de liberalidade e à custa do seu património, dispoe
gratuitamente de uma coisa ou de um direito, ou assume uma obrigaçao, em benefício do outro
contraente.O Artigo 1761º determina que as doaçoes entre casados regem-se pelas disposiçoes
desta secçao e, subsidiariamente pelas regras dos Artigo 940º a Art 979º.
Segundo o Artigo 1762º é nula a doaçao entre casados, se vigorar imperativamente entre os
conjuges o regime da separaçao de bens.
Qual a razao de ser? Quer evitar-se que por via da doaçao se alcance aquilo que se procurou
proibir ao instituir um regime imperativo de separaçao de bens. Se os conjuges tivessem casado
em comunhao de adquiridos ou comunhao geral ou separaçao de bens por opçao entao o
legislador já nao teria estipulado a mesma soluçao.
1. A sua resposta alterar-se-ia se Felícia e Gonçalo tivessem casado segundo a tramitação
normal do casamento?
Nao, porque Gonçalo tinha mais do que 60 anos. Sendo que segundo o Artig 1720º, nº1
alínea b) o casamento celebrado por quem tenha completado sessenta anos de idade é contraído
sob o regime de separaçao de bens.
Segundo o Artigo 1762º é nula a doaçao entre casados, se vigorar imperativamente entre os
conjuges o regime da separaçao de bens.

2. A sua resposta alterar-se-ia se Gonçalo e Felícia se tivessem conhecido num campo de


férias em que ambos eram monitores e tivessem casado na Conservatória do Registo
Civil, onde apresentaram o certificado de capacidade matrimonial emitido pelo
conservador do registo civil?
Neste caso, nos termos do Artigo 1727º nao havendo convençao em contrário, o casamento
considerar-se-ia celebrado sob o regime de comunhao de adquiridos. Esta doaçao seria possível,
o Artigo 1762º a contrario permite essa doaçao.
O Artigo 1761º determina que as doaçoes entre casados regem-se pelas disposiçoes desta
secçao e, subsidiariamente pelas regras dos Artigo 940º a Art 979º.

Porém, sendo uma doaçao de coisa imóvel devia realizar-se por escritua pública ou documento
particular autenticado nos termos do Artigo 947º, nº1. E segundo o Artigo 1764º, nº1 só podem
ser doados bens próprios do doador. Neste caso vigoraria o regime supletivo do Artigo 1717º. E
precisariamos de determinar se o bem é próprio e segundo o Artigo 1721º e seguintes. Nos
termos do Artigo 1722/1/a o bem é próprio do Gonçalo e portanto a doaçao é válida. Sendo que
segundo o nº2 desse mesmo Artigo, os bens doados nao se comunicam seja qual for o regime. E
portanto o bem será da titularidade de Felícia.
Caso Prático 13 - Administração e Disposição de Bens
Henrique e Inês namoram há já vários anos, tendo-se conhecido numa ida ao supermercado,
na zona da padaria, onde se aperceberam que ambos gostavam de pão de Rio Maior, sítio
onde ambos haviam crescido. Foi precisamente em Rio Maior, na casa de família de Inês, que
Henrique pediu Inês em casamento. O casal pretende agora casar e dirigiu-se ao cartório
notarial para celebrar uma convenção antenupcial. Imagine agora que:
1. Henrique e Inês pretendem fazer constar da convenção antenupcial a seguinte
cláusula: “Cada um dos cônjuges tem a administração dos bens próprios do outro
cônjuge e apenas Henrique tem a administração dos bens comuns”.
O Artigo 1678º fixa os poderes de administraçao dos bens do casal que cabem a cada um dos
conjuges.
Por força do Artigo 1699º, nº1 alínea c), a alteraçao das regras sobre a adminsitraçao dos
bens do casal nao pode ser objeto de convençao antenupcial, elemento que leva alguma doutrina,
nomeadamente o Professor GOM a concluir pelo caráter imperativo do Artigo 1678º.
Nao obstante isto, o próprio Artigo 1678º, alínea g) do nº2 , admite que um dos conjuges
administre os bens próprios do outro conjuge, se este lhe conferir por mandato esse poder,
estatuiçao que, portanto, confere às partes um meio de afastarem a regra geral de administraçao
dos bens próprios. Este preceito tem afinal um sentido mais amplo, concedendo aos conjuges a
faculdade de estipularem por mandato revogável uma qualquer regra de administraçao, ainda
que diversa da que resultaria de todo o restante Artigo 1678º.
Consequentemente, é preferível segundo o Professor JDP falar de um mandato livremente
revogável. O que o legislador quis proibir com o Art 1699/1/c foi somente uma alteraçao
irrevogável das regras da administraçao prevista no Artigo 1678º dado as estipulaçoes em
convençao antenupcial estarem subordinadas ao princípio da imutabilidade.

NOTA: o Artigo 1678º prescreve a regra para a administraçao dos bens próprios e cada um dos
conjuges tem a administraçao dos bens próprios. Ou seja, o que eles queria era uma
administraçao cruzada e isso contende com o que diz o Artigo 1678º. E o Artigo 1699/1/c vem
dizer que nao é possível alterar estas regras de administraçao e isto para garantir que o princípio
da igualdade é observado casuísticamente e nao é derrogado por vontade das partes, ou seja,
como durante muito tempo quem tinha administraçao era o marido, pretendeu-se evitar que fosse
só o conjuge marido a ter esta possibilidade de administraçao.
No Artigo 1678/3 temos a regra quanto a administraçao de bens comuns e ele distingue duas
situaçeos:
 Administraçao ordinária: estes atos seguem uma regra de administraçao disjunta, ou seja
cada um dos conjuges tem a possibilidade de isoladamente administrar
 Administraçao extraordinária: seguem uma regra de administraçao conjunta. Ou seja, tem
que have consentimento
Quando as partes querem conferir poderes apenas ao henrique estao a contender com os limites
do Artigo 1699/1/c e este Artigo apenas fala de regras quanto a administraçao, mas onde diz
administraçao, temos que ler também “disponibilizaçao e oneraçao”, porque do mesmo modo
que se veda a alteraçao das regras de administraçao, se deve impedir a alteraçao das regras
relativas a oneraçao, disposiçao ou responsabilidade.
Por fim, deveríamos aplicar o Artigo 1699/1/c. Mas a posiçao adotada por certos autores é de que
pode fazer-se constar da convençao antenupcial as regras da administraçao, mas tal vai ser
entendido como um mandato livremente revogável e aí estaríamos no ambito do Artigo
1678º/2/g. Mas esta interpretaçao contende com um princípio básico das convençoes
antenupciais que é o da imutabilidade e aí os próprios terceiros nao teriam como conhecer as
regras. E esta visao é de aproveitamento da cláusula, ou seja: as partes poe aquela cláusula e
segundo uma certa posiçao essa cláusula será inválida (a cláusula e nao toda a convençao) e
outros entendem que podemos aproveitar essa cláusula como mandato livremente revogável.
2. Henrique e Inês casaram em comunhão de adquiridos e querem agora saber quem tem
legitimidade para:
NOTA: O Artigo 1678º tem duas regras:
1- Relativamente aos bens próprios cada um administra o seu bem e pratica os atos que bem
entender: atos de administraçao odinária e extraordinária
2- Só no casos de bens comuns é que é relevante a distinçao

i. Renovar o apartamento comprado por Inês antes da celebração do casamento;


Segundo o Artigo 1678º, nº1 cada um dos conjuges tem a administraçao dos seus bens próprios.
Neste caso, Henrique e Ines casaram-se segundo o regime de comunhao de adquiridos. O Artigo
1721º preve que se o regime de bens adotado pelos esposados, ou apllicado supletivamente, for o
da comunhao de adquiridos observar-se -á o disposto nos Artigos seguintes.
Segundo o Artigo 1722º, nº1, alínea a) sao considerados próprios dos conjuges os bens que
cada um deles tiver ao tempo da celebraçao do casamento. Neste caso, o apartamento já
pertencia a Ines antes do casamento, logo o bem é próprio.
ii. Reconfigurar a moradia adquirida por Henrique e por Inês na constância do
matrimónio, criando um open space com a cozinha e a sala;
Segundo o Artigo 1724º alínea b) fazem parte da comunhao os bens adquiridos pelos conjuges na
constancia do matrimónio que nao sejam excetuados por lei. Logo, essa moradia é um bem
comum do casal.
Segundo o Artigo 1678º, nº3 fora dos casos previstos no número anterior, cada um dos conjuges
tem legitimidade aara a prática de atos de administraçao ordinária relativamente aos bens
comuns do casal; os restantes atos de administraçao só podem ser praticados com o
consentimento de ambos os conjuges.
A administraçao ordinária corresponde à gestao normal. Sendo atos de administraçao ordinária,
desde logo aqueles que naao implicando a alteraçao da substancia da coisa, se destinam à sua
frutificaçao ou conservaçao. Neste caso, estava em causa um ato de administraçao extraordinária
pois tal envolvia a alteraçao da substancia da coisa, pelo que ambos deviam dar o seu
consentimento.
NOTA: estamos perante um bem comum, logo a regra é do Artigo 1678º e temos que distinguir
se o ato é de administraçao ordinária onde a regra é da administraçao disjunta. Ou atos de
administraçao extraordinária em que é necessário o consentimento. O que distingue os atos de
administraçao ordinária e extraordinária? Há inumera jurisprudencia mas o que se entende é que
os de administraçao ordinária sao os atos corriqueiros, onde nao é necessário ir as poupanças do
casal, nao envolvem um esforço patrimonial muito grande. O Professor AV vem chamar a
colaçao o conceito de benfeitorias necessárias e vem dizer que sempre que estejamos perante
benfeitorias necessárias entao, estamos perante atos de administraçao ordinária. Se
recorressemos ao conceito de benfeitoria necessária (Art 216º) e todas aquelas que aumentem o
valor ou nao sendo indispensáveis sejam só feitas por recreio entao já serao atos de
administraçao extraordinária.
Aqui muito dificilmente considerararíamos que a administraçao é ordinária, mas sim de
administraçao extraordinária.
Uma vez concluindo que é um ato de administraçao extraordinária aplicamos o Artigo 1678/3. O
que acontece se o ato for praticado sem consentimento? O Artigo 1687º é omisso quanto aos atos
de administraçao extraordinária praticados sem consentimento e por isso a doutrina equaciona
qual seja a sançao porque é estranho que se exiga o consentimento, mas nao haja sançao.
 Há quem entenda que devemos aplicar por analogia o Artigo 1687/1 e o ato será anulável.
MAS, há um princípio geral segundo o qual nao podemo saplicar analogicamente normas
sancionatórias e excecionais.
 E o que se vem entender é que devemos aplicar o princípio geral do Artigo 294º de que
consequencia será a da nulidade em conjugaçao com o Artigo 1687/4. Mas cominar a
nulidade aqui também é exagerado porque vender a casa de família sem a autorizaçao do
outro conjuge (que determina anulabilidade) é mais gravoso que praticar um ato de
administraçao sem o consentimento do outro conjuge. E entao como é que para um vício
menos gravoso, aplicamos uma regra mais grave? E por isso afastamos também a
nulidade
 Qual a conclusao? Conclui-se que estamos perante uma ineficácia relativamente ao
conjuge que nao deu o seu consentimento. EX: imaginemos que o Henrique quer criar
este open space, e contraiu muita dívida, como o outro conjuge nao deu o seu
consentimento nao vai ser onerada com aquela dívida. E de onde retiramos esta
ineficácia? Do Artigo 1691/1/c. E onde encontramos esta doutrina? Consta do Acórdao
do Tribunal da Relaçao de Guimaraes.

iii. Chamar um canalizador para vir arranjar o lava-loiças da moradia adquirida por
ambos na constância do matrimónio.
Segundo o Artigo 1724º alínea b) fazem parte da comunhao os bens adquiridos pelos
conjuges na constancia do matrimónio que nao sejam excetuados por lei. Logo, essa moradia é
um bem comum do casal.
Segundo o Artigo 1678º, nº3 ora dos casos previstos no número anterior, cada um dos
conjuges tem legitimidade paara a prática de atos de administraçao ordinária relativamente aos
bens comuns do casal; os restantes atos de administraçao só podem ser praticados com o
consentimento de ambos os conjuges.
A administraçao ordinária corresponde à gestao normal. Sendo atos de administraçao
ordinária, desde logo aqueles que naao implicando a alteraçao da substancia da coisa, se
destinam à sua frutificaçao ou conservaçao. Que em regra é o que está em causa quando se
chama o canalizador.

iv. Mandar substituir o processador do MacIntosh adquirido por Inês na constância


do matrimónio e utilizado por Henrique no desenvolvimento dos projetos da
empresa de design para a qual trabalhava.
Segundo o Artigo 1722º, nº1 alínea a) sao considerados próprios dos conjuges os bens que cada
um deles tiver ao tempo da celebraçao do casamento, pelo que o bem é próprio de Ines.
O Artigo 1678º, nº2 alínea e) preve que cada um dos conjuges tem a administraçao dos bens
móveis, próprios do outro conjuge ou comuns, por ele exclusivamente utilizados como
instrumento de trabalho.
Assim sendo, para além de Ines que tem legitimidade para proceder a substituiçao do
processador por ser um bem próprio dela (Artigo 1678º, nº1 preve que cada um dos conjuges tem
a administraçao dos seus próprios bens), também Henrique terá legitimidade para proceder a
subsituiçao. Só se houvesse acordo sobre a orientaçao da vida em comum é que a administraçao
podia ser feita unilateralmente pelo Henrique. Ou seja, a mera utilizaçao do computador por este
nao determina que este passa a ter unica e exclusivamente o poder de administraçao.
NOTA: em relaçao ao Artigo 1678/2/e tem se discutido a que é que se afere este
“exclusivamente utilizados”. Ou seja se apenas àquele conjuge que utiliza o bem (Henrique) ou
que ele apenas o utiliza para efeitos do computador. O que se entende é que se ele utilizar
exclusivamente o computador, mesmo que o bem seja próprio por Ines, ainda que ele utilize para
trabalho e para mais alguamas coisas como compras online. Ou seja, independentemente de ele
usar para efeitos de trabalho e outros, desde que nao haja partilha do instrumento e ele pode
administrar esse bem. No fundo como ele é o único utilizador do computador, nao se vem
permitir que o titular do bem próprio venha prejudicar o trabalho do conjuge.

3. Joana e Leonardo casaram em comunhão geral de bens e pretendem saber quem tem
legitimidade para:

i. Mandar polir a moldura de prata oferecida a Joana pela mãe, que havia
explicitado em documento escrito (do qual constava a oferta) que Leonardo nunca
teria poderes sobre tal moldura.
Segundo o Artigo 1732º se o reegime de bens adotado pelos conjuges for o da comunhao
geral, o património é constituído por todos os bens presentes e futuros dos conjuges, que nao
sejam excetuados por lei.
Segundo o Artigo 1733º, nº1 alínea a) sao excetuados da comunhao os bens doados ou
deixados, ainda que por conta da legítima com cláusula de incomunicabilidade (aqui nao
tinhamos incomicabilidade, mas sim exclusao de poderes). E por isso nao aplicaríamos o Artigo
1733º. E nos terms do Artigo 1732º entenderíamos que se trataria de um bem comum. E em
princípio estaria sujeita as regras do Artigo 1678º, nº3. No entanto, o Artigo 1678/2, alínea d)
preve os casos em que o bem foi deixado a um dos conjuges com exclusao de poderes de outro
conjuge.
ii. Aplicar os 1.000€ recebidos por Joana a título de indemnização por danos morais
em fundos de investimento
Segundo o Artigo 1733º, alínea d) sao excetuados da comunhao as indemnizaçoes devidas
por factos verificados contra a pessoa de cada um dos conjuges ou contra os seus bens próprios.
Por força do Artigo 1678º, nº1 cada um dos conjuges tem a administraçao dos seus próprios
bens.
Logo é Joana que tem legitimidade para administrar tal bem.

iii. Aplicar os 1.000€ recebidos por Leonardo a título de salário em fundos de


investimento.
No regime da comunhao geral de bens, o salário é um bem comum.
De acordo com o Artigo 1678/2/a o produto do trabalho é administrado pelo conjuge que
aufere. Só que o preceito, referindo-se aos proventos de trabalho que sejam comuns por força do
regime de bens que vigora no casamento, nao exonera o conjuge que os recebe do cumprimento
do dever conjugal de assistencia. Por conseguintem ele é livre de aplicar os seus rendimentos do
trabalho como entender, mas só depois de ter reaizado a contribuiçao para os encargos da vida
familiar ou a prestaçao de alimentos a que eventualmente esteja vinculado.
4. Maurício e Nerédia conheceram-se num passeio higiénico em plena 1ª vaga de
COVID-19 e foi “amor à primeira vista”. Uns meses mais tarde, mal terminou o
confinamento, Maurício e Nerédia casaram, optando por celebrar convenção
antenupcial pela qual convencionaram o regime da separação de bens.

i. Pouco depois do casamento, Nerédia vende o seu apartamento de solteira que se


encontrava abandonado desde que tinham ido viver juntos. Pode fazê-lo?
Sim. Segundo o Artigo 1682º-A, nº1 alinea a) carece do consentimento de ambos os
conjuges, salvo se entre eles vigorar o regime da separaçao de bens, a alienaçao, oneraçao,
arrendamento ou constituiçao de outros direitos pessois de gozo sobre imóveis próprios ou
comuns. Neste caso vigorava entre as partes o regime de separaçao de bens logo Nerédia podia
vender sem o consentimento do marido.
NOTA: o que é que acontece se o apartamento que é um bem próprio for vendido por Maurício?
Será uma venda de bens alheios e o Artigo 1687/4 remete para as regras relativas à compra e
venda de bens alheios.
ii. Depois do nascimento do primeiro filho do casal, Maurício pretende reformar–se
para poder aproveitar a parentalidade de forma plena e decide trespassar a
sapataria de que era dono.
Segundo o Artigo 1682º-A, nº1, alínea b) carece do consentimento de ambos os conjuges, salvo
se entre eles vigorar o regime da separaçao de bens, a alienaçao, oneraçao ou locaçao de
establecimento comercial, próprio ou comum. Como os bens casaram em separaçao de bens já
nao se exige o consentimento.

iii. No decorrer do segundo confinamento, desencantado com o apartamento sito na


Amadora que havia comprado e para onde se tinham mudado imediatamente após
o casamento, Maurício decide surpreender Nerédia e vender o apartamento em que
se encontravam a viver para poder comprar uma grande moradia no Estoril.
Pela especial dignidade de que se reveste a casa da morada da família, o Artigo 1682º-A, nº2
determina que a alienaçao, oneraçao, arrendamento ou constituiçao de outros direitos pessoais de
gozo sobre a casa de morada da família carece sempre do consentimento de ambos os conjuges e
isto independentemente do regime de bens que vigore.
O Artigo 1687/2 temos as regras sobre o direito de anulaçao.
NOTA:Art 1682/1 vimos que os conjuges casados em separaçao de bens nao carecem do
consentimento do outro paara alienarem. Estando em causa a alienaçao ou oneraçao da casa de
morada de familia entao é necessario o consentimento. O Art 1687º preve como se dará a
anulaçao.
Ainda relativamente à adminsitraçao:
Quanto ao Artigo 1680º esta norma tem que ser extendida e ser aplicada a quaisquer
movimentos bancários, desde logo os movimentos relativos aos Cartoes de Crédito.
Nós temos no Artigo 1691º que se diz que se exige que o conjuge tenha agido no ambito
de poderes de administraçao. Se celebraram um contrato bancário entende-se que ele podia
movimentar essa conta (isto no casos em que gasta dinheiro do cartao por exemplo)

Caso Prático 14 - Responsabilidade por Dívidas


BREVE APONTAMENTO SOBRE AS DÍVIDAS
Qualquer conjuge pode acumular dívidas sem consentimento do outro. Quando há consentimento
entao a dívida será comunicavel, o Artigo 1691º, alínea b) c) d) preve os casos em que nao há
consentimento, mas ainda assim, a dívida vai ser comum.
 Alinea b) o que sao encargos normais da vida familiar
 Alinea c): saber se há poderes de administraçao; ver se a pessoa agiu no ambito
dos seus poderes de administraçao; e for em proveito comum (Artigo 1699/4 o
proveito comuum nao se presume.
 Devemos conjugar nao só o Artigo 1678º mas também o Artigo 1680º que
deve abranger nao só os depósitos, mas também os demais contratos
bancários.
 Alínea d) dívida contraída no exercício do comércio e presume-se que foi
contraída em proveito próprio do casal.
Artigo 1694/1 e 1693/2 também tratam de dívidas comunicáveis.

Rui e Rosa casaram, um com o outro, sem convenção antenupcial, em janeiro de 1993. Rosa,
arquiteta de profissão, montou o seu atelier no logradouro anexo à casa de morada de família,
sita na pacata localidade de Santa Luzia, trabalhando, praticamente, a partir de casa.
Bem cedo, Rui pretendia ter um negócio próprio, que lhe permitisse ter a sua independência
financeira, não estando vinculado a qualquer poder de direção por parte de uma entidade
empregadora.
Assim, visando conjugar a sua paixão por desporto e a ambição de ser um «empresário de
sucesso», em meados de maio de 2000, celebrou com a empresa VIMARANENSE XXI, Lda.,
um contrato de arrendamento por um período inicial de 5 anos, com vista à exploração de
duas lojas, no centro da cidade de Guimarães, destinadas ao lançamento do seu negócio de
comércio de artigos de desporto. Ficou estipulado que a loja A teria uma renda mensal de
400,00 EUR e a loja B, com mais 100 m2 que a primeira, seria arrendada mediante o
pagamento de uma renda mensal de 500,00 EUR.
Fortemente impulsionado pela euforia generalizada que se sentia em virtude das conquistas
de ouro da selecção portuguesa, o negócio de Rui corria «de vento em popa», tendo permitido
auferir generosas receitas por vários anos.
Todavia, com o advento da pandemia COVID-19 o negócio de Rui, que não havia ainda sido
transposto para as redes sociais, sofreu um forte abalo, não obstante os apoios concedidos
pelo Governo para fazer face às dificuldades de tesouraria. Por inerência, desde maio de 2020
que não mais conseguiu liquidar quaisquer das rendas a que se encontrava obrigado
contratualmente, assim como outros fornecedores, cujas faturas se encontravam já vencidas
há largos meses, sem perspetivas de melhoria.
Após várias interpelações para pagamento, Pedro Alves, sócio-gerente da VIMARANENSE
XXI, Lda. interpôs uma ação judicial destinada a obter a resolução do contrato de
arrendamento, com fundamento na falta de pagamento das rendas devidas desde maio de
2020, pedindo, ainda, que quer Rui quer Rosa, casados entre si fossem solidariamente
condenados a pagar as rendas vencidas e vincendas até entrega efetiva dos locais arrendados.
i. Na qualidade de Advogado de Rosa, pronuncie-se acerca dos mecanismos de que
Rosa dispõe para não ser responsabilizada por esta dívida.
Neste caso foi celebrado um casamento, entre Rui e Rosa, vigorando o regime da Comunhão
de Adquiridos, regime de bens supletivo nos termos do artigo 1717º, uma vez que os cônjuges
não estipularam o regime de bens em sede de convenção antenupcial.
Neste caso, estamos perante dívidas que foram contraídas apenas por Rui. Segundo o Artigo
1690º, nº1 qualquer dos conjuges tem legitimidade para contraír dívidas sem o consentimento do
outro. Segundo o nº2 para a determinaçao da responsabilidade dos conjuges, as dividas por eles
contraídas tem a data do facto que lhes deu origem.
O Artigo 1691º, nº1 alínea a) sao da responsabilidade de ambos os conjuges, as dívidas
contraídas, antes ou depois da celebraçao do casamento, pelos dois conjuges, ou por um deles
com o consentimento do outro. No fundo este Artigo reproduz o princípio geral de Direito das
Obrigaçoes segundo o qual só responde pela dívida quem a contraiu.
O Artigo 1691º, nº1 alínea d) sao da responsabilidade de ambos os conjuges as dívidas
contraídas por qualquer dos conjuges no exercício do comércio salvo se se provar que nao foram
contraídas em proveito comum do casal, ou se vigorar entre os conjuges o regime de separaçao
de bens. A maioria da doutrina defende que o regime do Artigo 1691º, nº1 alínea d) só se aplica
às dívidas comerciais integradas no exercício habitual do comércio do conjuge comerciante. O
Artigo 15º do Código Comercial dispoe que “As dívidas comerciais do conjuge comerciante
presumem-se contraídas no exercício do seu comércio”.
O que Rosa poderia fazer para afastar a comunicabilidade da dívida e como tal a sua
responsabilidade era demonstrar que a dívida nao foi contraída no exercício do comércio do
devedor, ao contrário do que indica a presunçao do Artigo 15º do Código Comercial. E
demonstrando que aquela dívida nao era contraída em proveito comum do casal. Para provar
a inexistencia de proveito comum era necessário provar que com a sua atividade Rui nao tinha
como objetivo potenciar a obtençao de rendimentos para o casal, através da exploraçao do seu
negócio.
Se Rosa nao conseguisse fazer tal prova, e nao havendo convençao antenupcial o que significa
que o regime de bens nao era o da separaçao de bens, entao Rosa também teria que responder
pela dívida. Sem prejuízo de recorrer à compensaçao prevista no Artigo 1697º, nº1 se pela
dívidas da responsabilidade de ambos os conjuges tenham respondido bens de um só deles, entao
este torna-se credor do outro pelo qe haja satisfeito além do que lhe competia satisfazer.
Nota: conjugar as normas do artigo 1691º que nos falam dividas comunicáveis e das regras do
Código comercial e isto porque o 1691/d trata de casos de dívidas contraídas no exercício do
comercio mas para concluirmos isto temos que fazer todo um exercício prévio. E por isso temos
que começar por ver se o conjuge é comerciante e fazemos isto atendendo ao Art 13º do Codigo
Comercial que diz que é comerciante. O que sucede é que se entendemos que ele é comerciante,
entao ele vai estar sujeito à regra do ART 15º que determina que as dívidas contraídas por
comerciante essas dívidas presumem-se de dívidas de comércia. E portanto as dívidas
presumem-se comerciaias e como tal presume-se a aplicaçao do Art 1691/d. Mas o Ar 1691/d
ainda fala da presunçao de proveito comum. Este proveito comum nao tem que se provar porque
vigora a presunçao do Art 1691 e além desta presunçao de proveito comum temos presunçao de
que a dívida é comercial. E portanto, o casal onde um dos conjuges é comerciante vem a sua
posiçao bastante debilitada porque vai ter que se provar que aquela dívida nao é comercial. O
que podem fazer para que esta alinea nao seja aplicável?
 Afastarem a presunçao do Art 15º
 Neste caso era muito dificil porque
 Ou que nao foi feita no proveito comum
 Muito dificilmente porque ele adquiriu antes do Covid
Logo, nao podemos afastar o Art 1691º/D e a dívida é comunicável.E os bens que vao responder
sao os bens comuns do casal e eles tem bens em comum (Art 1695º). E se nao forem suficientes
entao vao também responder os bens próprios em regime de solidariedade.

ii. Suponha que, não obstante a prolação da sentença do Tribunal de Comarca de


Lisboa, na qual foi Rui condenado a pagar os montantes em dívida, sem que a
dívida fosse sanada, Pedro Alves lançou mão da ação executiva para pagamento de
quantia certa, visando a cobrança coerciva dos montantes de capital em dívida
acrescidos dos juros de mora vencidos até à data de interposição do correspondente
requerimento executivo. Vieram a ser penhorados quer a CMF quer a pensão de
reforma de Rui. Pronuncie-se quanto aos mecanismos de que dispõe Rosa para
proteger a sua meação no património comum.
Neste caso, estamos perante dívidas que foram contraídas apenas por Rui.
Segundo o Artigo 1690º, nº1 qualquer dos conjuges tem legitimidade para contraír dívidas sem
o consentimento do outro. Segundo o nº2 para a determinaçao da responsabilidade dos conjuges,
as dividas por eles contraídas tem a data do facto que lhes deu origem.
O Artigo 1691º, nº1 alínea a) sao da responsabilidade de ambos os conjuges, as dívidas
contraídas, antes ou depois da celebraçao do casamento, pelos dois conjuges, ou por um deles
com o consentimento do outro. No fundo este Artigo reproduz o princípio geral de Direito das
Obrigaçoes segundo o qual só responde pela dívida quem a contraiu.
O Artigo 1691º, nº1 alínea d) sao da responsabilidade de ambos os conjuges as dívidas
contraídas por qualquer dos conjuges no exercício do comércio salvo se se provar que nao foram
contraídas em proveito comum do casal, ou se vigorar entre os conjuges o regime de separaçao
de bens.
Neste caso, o problema coloca-se relativamente aos bens que vao responder pelas dívidas.
Segundo o Artigo 1695º, nº1 pelas dívidas que sao da responsabilidade de ambos os conjuges
respondem os bens comuns do casal, e, na falta ou insuficiencia deles, solidariamente, so bens
próprios de qualquer dos conjuge.
O regime de bens entre os conjuges é o da comunhao de adquiridos, pois segundo o
Artigo 1717º na falta de convençao antenupcial, ou no caso de caducidade, invalidade ou
inerficácia da convençao, o casamento considera-se celebrado sob o regime da comunhao de
adquiridos.
No regime de bens adquiridos, o Artigo 1724º, preve na alínea a) que faz parte da
cmunhao o produto dos trabalhos dos conjuges (sendo que a doutrina entende estarem aqui
incluídas para além dos salários, as pensoes) e nos termos da alínea b) os bens adquiridos pelos
conjuges na constancia do matriónio, que nao sejam excetuados por lei.
Quanto a casa de família, esta também é um bem comum, esta nao está a salvo de ser
penhorada para satisfaçao de dívidas dos conjuges, a nao ser que sejam dívidas fiscais ou à
Segurança Social (o que nao era o caso, pelo que a casa de família podia ser penhorada).
NOTA: a dívida era comum e portanto responderiam os bens comuns. Mas a única pessoa que
assume aqui a açao passiva na açao de execuçao é Rui. E pode em sede de açao executiva
movida apenas contra um se pretender executar um bem comum? O Art 742º do CPC preve que
é possível que quando a açao é movida apenas contra um dos conjuges, o outro conjuge pode
pedir a separaçao do património. E isto porque vem-se permitir separar os bens de forma a que
nao sejam penhorados os bens comuns. Mas a dívida era comum e o Rui pode nos termos do
Artigo 1741º exigir que os bens comuns sejam executados no lugar dos bens próprios. OU SEJA,
o que eu tenho escrito está certo: a dívida é comum+ respondem pelas dívidas comuns os bens
comuns e os bens podiam ser penhorados + mas tenho a regra do Art 742º em que se só um dos
conjuges é citado, entao o outro conjuge pode pedir a separaçao dos bens comuns e a Rosa pode
defender-se nestes termos + mas o Rui ainda pode nos termos do Art 1741º pedir que os bens
comuns também sejam executados.

iii. Imagine, agora, que Rosa, visando surpreender o marido, bastante cabisbaixo por
força do impacto que a pandemia estava a ter no seu negócio, lançou mão do
cartão de crédito de ambos para adquirir um pacote de viagens para os Açores,
pequeno paraíso português cujas medidas de contingência perante os turistas são
francamente mais facilitadas. Refira quem é responsável pelo pagamento desta
dívida e que património é onerado com vista à satisfação da mesma.

Segundo o Artigo 1691º, nº1 alínea c) sao da responsabilidade de ambos os conjuges as dívidas
contraídas na constancia do matrimónio pelo conjuge administrador em proveito comum do casal e nos
limites dos seus poderes de administraçao. Sendo que se entende que uma vez celebrado o contrato com o
banco, ambos os conjuges sao livres de movimentar a conta, é o que decorre do Artigo 1680 que deve ser
interpretado extensivamente e que determina que qualquer que seja o regime de bens e pode livremente
movimenta-los
Sendo a dívida da responsabilidade de ambos os conjues, o Artigo 1695º, nº1 respondem os bens
comuns do casal e, na falta ou insficiencia deles, solidariamente, os bens próprios de qualquer dos
conjuges.
Nota: só podemos aplicar o 1691/1/c precisamos de verificar se agiu dentro dos seus poderes de
administraçao (neste caso aplicavamos o Art 1680º alvo de uma interpretaçao extensiva) e em
proveito comum do casal. E aqui, por força do Art 1680º parece que Rosa agiu dentro do seus
poderes de administraçao. E para além disso é necessário entender se há proveito comum do
casal.
 Como aferimos o proveito comum?
1. Em primeiro lugar ver se aquela pessoa quis satisfazer também o outro conjuge
(aferiçao subjetiva).
 Em termos subjetivos nao há dúvidas de que ela queria beneficiar o Rui.
2. Olhando ao homem médio e verificando se aquela dívida é suscetível de satisfazer o
conjuge.
 Em termos de homem médio também é plausível que tal divida fosse contraída
para o proveito comum do casal.
 E tinhamos que demonstrar o proveito comum porque com exceçao do caso da
alinea b) em que a lei determina que o proveito comum se presume entao
teríamos que demonstrar.
Logo a dívida era comum e aplicavamos o Art 1695º
iv. Suponha que, numa das aventuras exploratórias da «Chef Rosa», como é
carinhosamente tratada pela família e amigos, deflagrou um pequeno incêndio na
copa, tendo originado alguns danos, nomeadamente, nos cortinados e telas
pintadas à mão por Rosa. Rui que sempre pensara que aquele espaço se encontrava
subaproveitado, aproveitou a oportunidade para redecorar aquela pequena divisão,
tendo lá montado um pequeno bar, para servir os seus intentos de barman.
Pronuncie-se quanto ao regime de responsabilidade por dívidas a aplicar;
Segundo o Artigo 1717º na falta de convençao antenupcial, ou no caso de caducidade,
invalidade ou ineficácia da convençao, o casamento consiidera-se ceebrado sob o regime de
comunhao de adquiridos
Segundo o Artigo 1724º, alínea b) fazem parte da comunhao do casal os bens adquiridos
pelos conjuges na constancia do matrimónio que nao sejam excetuados por lei. Assim sendo, a
casa era um bem comum do casal.
O Artigo 1678º, nº3 preve que fora dos casos previstos no número anterior, cada um dos
conjuges tem legitimdiade para a prática de atos de administraçao ordinária relativamente aos
bens comuns do casal. Sendo que os restantes atos de administraçao só podem ser praticados
com o consentimento de ambos os conjuges. Neste caso, o problema passava justamente por
determinar se o ato praticado por Rui era um ato de administraçao ordinária ou extraordinária.
Há inumera jurisprudencia que versa sobre o problema da distinçao entre atos de
adminsitraçao ordinária e atos de administraçao extraordinária. O que se entende é que os de
administraçao ordinária sao os atos corriqueiros, onde nao é necessário ir as poupanças do casal,
nao envolvem um esforço patrimonial muito grande. O Professor AV vem chamar a colaçao o
conceito de benfeitorias necessárias e vem dizer que sempre que estejamos perante benfeitorias
necessárias entao, estamos perante atos de administraçao ordinária. Segundo o Artigo 216º, nº3
as benfeitorias necessárias sao as que tem por fim evitar a perda, destruiçao ou deterioraçao da
coisa; úteis as que, nao sendo indispensáveis para a sua conservaçao lhe aumentam, todavia, o
valor; voluptuárias as que, nao sendo indispensávies para a sua conservaçao nem lhe aumentando
o valor, servem apenas para recreio do benfeitorizante. ORA, neste caso, estavamos perante
benfeitorias voluptuárias porque elas nao eram indispensáveis para a conservaçao e serviam
apenas para recreito do benfeitorizante. Correspondendo esta alteraçao a um benfeitoria
voluptuária, e seguindo o critério do professor AV, entao estavamos perante um ato de
administraçao extraordinária que carecia do consentimento de ambos os conjuges.
Ora, Rui atuando sem o consentimento de Rosa, com a sua conduta nao parece caber
dentro do Artigo 1691º, nº1 alínea c) que determina que sao da responsabilidade de ambos os
conjuges as dívidas contraídas na constancia do matrimónio pelo conjuge administrador, em
proveito comum do casal e nos limites dos seus poderes de administraçao.
Assim sendo, a dívida é incomunicável, sendo que o Artigo 1692º, alíne a) determina que
sao de exclusiva responsabilidade do conjuge a que respeita as dívidas contraídas, antes ou
depois da celebraçao do casamento, por cada um dos conjuges sem o consentimento do outro,
fora dos casos indicados nas alínea b) e c) do nº1 do artigo anterior. O Artigo 1696º, nº1 preve
que pelas dívidas da exclusiva responsabilidade de um dos conjuges respondem os bens próprios
do conjuge devedor e, subsidiariamente, a sua meaçao nos bens comuns.
Porém, segundo o Artigo 1696/2 também podem responder ao mesmo tempo que os bens
próprios do conjuge devedor, bens comuns. Sendo que o Artigo 1697º, nº1 preve que quando por
dívidas da responsabilidade de ambos os conjuges tenham respondido bens de um só deles, este
torna-se credor do outro pelo que haja satisfeito além do que lhe comeptia satisfazer; mas este
crédito só é exigível no momento da partilha dos bens do casal, a nao ser que vigore o regime da
separaçao.

NOTAS:
1) Comunhao de adquiridos por força do Art 1717º
2) Uma vez que é da comunhao de adquiridos entao aquele imóvel é um bem comum do
casal entao aquela alteraçao do bar só é admitida se for um ato de administraçao
ordinária porque se nao o fosse entao o 1678 manda haver consentimento de ambos.
3) Neste caso temos despesa feita para alteraçao daquele imóvel e como tal baseando o
critério da administraçao ordinária e extraordinária no conceito das benfeitorias
necessárias entao parece que estamos perante um ato de administraçao extraordinária.
4) Atuando Rui sem o consentimento nao parece que possamos aplicar o Artigo 1691/c que
exige que o conjuge atue dentro dos poderes de administraçao, coisa que nao parece
acontecer.
5) Sendo a dívida incomunicável, quais os bens que respondem? Artigo 1696º
 Começam por responder os bens próprios
 E só depois os bens comuns. MAS atençao ao Art 1696/2 os bens comuuns
também podem ser chamados a responder ao mesmo tempo que os bens próprios.
 Agora, sempre que os bens comuns respondem por dívidas incomunicáveis, pode
haver compensaçao nos termos do Art 1697

v. Considere, agora, que Rui havia contraído um mútuo bancário, no valor de €


25.000,00, sem o conhecimento de Rosa, para acomodar o quarto de arrumos às
necessidades da sua sogra, doente de Alzheimer e que, em virtude da pandemia,
deixou de poder contar com o apoio do lar social de Santa Luzia. Pronuncie-se
quanto ao regime de responsabilidade por dívidas aplicável.
Segundo o Artigo 1717º na falta de convençao antenupcial, ou no caso de caducidade,
invalidade ou ineficácia da convençao, o casamento considera-se ceebrado sob o regime de
comunhao de adquiridos
O Artigo 1690º, nº1 preve que qualquer dos conjuges tem legitimidade para contrair
dívidas sem o consentimento do outro. Sendo que por força do nº2 para a determinaçao da
responsabilidade dos conjuges, as dívidas por ele contraídas tem a data do facto que lhes deu
origem.
Segundo o Artigo 1691º, nº1 alínea b) sao da responsabilidade de ambos os conjuges as
dívidas contraídas por qualquer dos conjuges, antes oou depois da celebraçao do casamento,
para ocorrer aos encargos normais da vida familiar.
Este encargo a que Rui ocorreu é um encargo da vida familiar, desde logo, à luz de uma
interpretaçao sistemática, pois este encargo tem que ser interpretado à luz dos deveres de
cooperaçao e assistencia que vinculam os conjuges (Art 1674º).
Nos encargos familiares, para além dos encargos da vida quotidiana, também se integram
despesas extraordinárias relativamente à contribuiçao para a vida familiar. E outras despesas
e dívidas que possam vir a ser necessárias para acautelar a vida da familiar também pode
serm englobadas no Artigo 1691/b. Assim sendo, embora se tratando de um valor avultado,
esste montante era necessário para acorrer aos encargoss da vida familiar. Sendo uuma dívida
da responsabilidade de ambos os casos, o Artigo 1695º, nº1 preve que pelas dívidas que sao
da responsabilidade de ambos os conjuges respondem os bens comuns do casal, e, na falta ou
insuficiencia deles, solidariamente, os bens próprios de qualquer dos conjuges.

NOTAS:
Relativamente ao Artigo 1691º, alínea b) temos que entender o que sao engargos
familiares. Ora, sao encargos da vida familiar, nomeadamente as despesas com agua, gas, luz.
Mas aqui também se podem equacionar despesas extraordinárias feitas relativamente a
contribuiçao para a vida familiar. E outras despesas e dívidas que venham acautelar a vida da
família podem ser englobadas no Art 1691/b. E por isso embora seja um valor avultado e que
nao é pago de forma periódica, porque ele pagou 25 mil euros de uma só vez, este montante era
necessário para acorrer aos encargos da vida familiar. Se considerassemos que se aplicava o Art
1691/b também teriams que aplicar o Art 1695º uma vez que a dívida é comunicável.
NOTA:
Imaginem que a família comprava um automóvel para garantir que havia um automóvel pra
levar os filhos a escola e fazeer os caminhos casa-trabalho, essa despesa também é extraordinária
mas pode ser enquadrada no Art 1691/b. Houve apesar de tudo um acórdao que entendia que nao
era um encargo da vida familiar normal, mas ela acha que esse acordao desligou-se da nossa
realidade. O mesmo por exemplo quanto a compra de uma maquinta de lavar roupa que apesar
de ser uma despesa avultaa também é necessaria para os encargos da vida familiar

vi. Por fim, suponha que Rosa era também conhecida pelo seu «pé pesado», sendo
frequentes as circunstâncias em que «por um triz» não era interceptada pelos
radares que se encontram instalados nas diversas autoestradas do Norte. Porém, a
partir de meados de fevereiro de 2020 começou a ser bombardeada com
notificações da ANSR, com dezenas de multas por excesso de velocidade (por sorte,
apenas qualificadas como contra-ordenações leves, que não conduzem à perda de
pontos), que ascendem a centenas de euros. Considere que as multas foram
liquidadas com recurso a poupanças de Rui, amealhadas pelos trabalhos realizados
durante os tempos de faculdade na apresentação da sua resposta (vide Ac. TRC de
07/10/2014, Processo n.º 741/13.2TBLRA.C1
A dívida contraída por Rosa não responsabiliza ambos os cônjuges, não correspondendo a
nenhuma das situações enunciadas no artigo 1691º nº1 e nº2. Nos termos do artigo 1692º alínea
b), são da exclusiva responsabilidade do cônjuge a que respeitam as dívidas provenientes de
crimes, bem como as multas devidas por factos imputáveis a cada um dos cônjuges, a não ser
que esses factos estejam abrangidos pelo disposto no artigo 1691º. Neste caso, as
contraordenações praticadas por Rosa determinam o pagamento de coimas, no valor de centenas
de euros, que não podem ser consideradas como contraídas para satisfazer os encargos normais
da vida familiar, nem em proveito comum do casal.
A dívida é da exclusiva responsabilidade de Rosa, segundo o artigo 1692º alínea a), por ter
sido contraída sem o consentimento do outro cônjuge, Rui. Nos termos do artigo 1696º nº1, neste
caso serão os bens próprios do cônjuge devedor a responder pela dívida, respondendo
subsidiariamente a sua meação nos bens comuns.
Considerando que a dívida foi paga com recurso a poupanças de Rui, amealhadas pelos
trabalhos realizados durante os tempos de faculdade, importa aferir a titularidade deste bem,
atendendo ao regime de bens sob o qual o casamento foi celebrado.
Neste caso, o casamento entre Rosa e Rui foi celebrado ao abrigo do regime supletivo, a
comunhão de adquiridos, nos termos do artigo 1717º do Código Civil, uma vez que os cônjuges
não estipularam o regime de bens em sede de convenção antenupcial.
Nos termos do artigo 1724º, fazem parte da comunhão o produto do trabalho dos cônjuges,
segundo a alínea a), e os bens adquiridos pelos cônjuges na constância do matrimónio, salvo as
exceções consagradas na lei, de acordo com alínea b).
Portanto, as poupanças de Rui, obtidas durante os tempos da faculdade, constituem um bem
próprio deste cônjuge, nos termos do artigo 1722º nº1 alínea a), uma vez que já integravam o seu
património antes da celebração do casamento.
Assim sendo, temos uma dívida própria de um dos cônjuges, Rosa, que foi paga com bens
próprios do outro cônjuge, Rui
O Artigo 1697º, nº1 preve que quando por dívidas a responsabilidade de ambos os conjuges
tenham respondido bens de um só deles, este torna-se credor do outro pelo que haja satisfeito
além do quue lhe competia satisfazer OU quando por dívidas da exclusiva responsabilidade de
um só dos conjuges tenham respondido bens comuns. Neste caso, nao estávamos no ambito de
aplicaçao do Artigo 1697º porque tinhamos uma dívida própria para o pagamento da qual foram
utilizados bens próprios do outro conjuge.
O que significa que temos uma situaçao de ESC, pois o Artigo 473º, nº1 preve que aquele
que, sem causa justificativa, enriquecer à custa de outrem é obrigado a restituir aquilo com que
injustificadamente se locupletou.

Contrato Promessa De Partilha


Contrato pelo qual os conjuges acordam em sede de divócio sobre como vao partilhar os bens. E
é a promessa de que no momento da partilha celebrarao novo contrato. E este contrato é perigoso
porque através dele se pode tentar afastar a regra da meaçao. OU SEJA, nao é pelo facto de
celebrarem este contrato, tal nao significa que o conjuge A vai poder receber mais do que o
conjge B. E é um contrato que muitas vezes pode resultar de chantagem (ou me dás isto e eu
retiro-te as crianças) e por isso estes contratos tem que ser vistos com atençao.
O que se faz constar deste CP:
 Identificaçao
 Relaçao de bens comuns e isto porque a unica forma de prometer partilhar de
determinada forma é os bens serem determinados e concretos.
O CP fica sujeito a execuçao especifica e o que é que acontece se o CP atribuir um valor maior a
um dos conjuges? Será inválido, porque nao pode derrogar a regra da meaçao. E portanto, os CP
definem o modo como vao fazer a divisao dos bens do casal.
Caso Prático 15 – Divórcio e os seus efeitos
Tamara e Vicente casaram-se no início da década de 2000, em regime de comunhão geral de
bens, logo após ambos terem terminado as suas licenciaturas em design e enfermagem,
respetivamente. Fiel às tradições familiares, Vicente pediu a Tamara que adotasse o seu nome
de família “Trindade Vaz”, ao que esta anuiu, tendo estes estabelecido a sua morada de
família na quinta que os pais de Vicente lhe haviam deixado, avaliada em €600.000,00.
Fruto de uma proposta de trabalho num atelier de alta costura, Tamara e Vicente rumaram,
em 2006, até Paris, onde construíram as bases da sua vida familiar. Aí adquiriram um
apartamento, mesmo diante dos impetuosos Champs-Élysées, avaliado, ao dia de hoje, em €
525.000,00, no qual sediaram a casa de morada de família. Com a progressão de carreira de
Tamara, conseguiram, em 2010, adquirir, também, uma casa de férias em Biarritz, no valor
de € 200.000,00, na qual era comum passarem longas temporadas no verão, sendo também o
centro de reunião familiar nas épocas festivas de Natal e Páscoa.
Em 2015, com 37 anos de idade, Tamara veio a dar à luz o casal de gêmeos, Mara e Miguel,
assim cumprindo o desejo de Vicente em ter um “lar feliz e completo”. Porém, escassos meses
volvidos após o nascimento, Tamara começou a demonstrar sinais de depressão pós-parto,
rejeitando, inclusive, amamentar os pequenos gêmeos. Vicente, enfermeiro especializado em
neonatologia, especialidade que exercia no Hospital Santa Maria, sendo o Enfermeiro-Chefe
daquela secção até decidirem emigrar para Paris, para que Tamara cumprisse o seu sonho,
muniu-se das ferramentas necessárias para auxiliar a sua mulher neste momento difícil,
tendo, inclusive, com o auxílio de colegas, conseguido uma marcação no melhor psiquiatra da
cidade, Dr. Pierre Girard.
Todavia, o que não contava Vicente era que Tamara desenvolvesse uma relação de tamanha
intimidade com o Dr. Girard e que a mesma viesse a ser o «entornar do copo» de um
casamento frouxo e moribundo. Na verdade, em janeiro de 2020, Tamara transmitiu-lhe não
mais ter vontade de manter um projeto familiar que já não lhe proporcionava qualquer
realização pessoal, mais lhe comunicando que tinha 2 semanas para abandonar a CMF,
sendo que os gêmeos ficariam consigo a residir, face à sua tenra idade.
Vicente, desconsolado, abandona a CMF, dizendo-lhe que vai lutar pela guarda dos filhos e
por tudo o que tem direito em virtude da violação das suas legítimas expectativas consolidadas
ao longo de quase 21 anos de casados. Vicente regressa, assim, a Lisboa, em finais de janeiro
de 2020, tendo adquirido, em meados de agosto desse ano, um pequeno chalé na Costa
Vicentina, como seu retiro espiritual. Suponha que, no dia de hoje, Vicente o procura,
enquanto Advogado, pedindo-lhe apoio ao nível do processo de divórcio e sobre os direitos que
lhe assistem. Como aconselharia o seu Constituinte?
Artigo 36º da CRP
Segundo o Artigo 1788º o divórcio dissolve o casamento e tem juridicamente os
mesmos efeitos da dissoluçao por morte, salvas as exceçoes consagradas na lei. Por conseguinte,
o divórcio determina a cessaçao da generalidade dos efeitos pessoais e patrimoniais do
casamento previstos no Artigo 1688º e que opera para o futuro. Segundo o Artigo 1689º, nº1
cessando as relaçoes patrimoniais entre os conjuges, estes ou os seus herdeiros recebem os seus
bens próprios e a sua meaçao no património comum, conferido cada um deles o que dever a este
património.
Segundo o Artigo 1773º, nº1 o divorcio pode ser por mútuo consentimento ou sem
consentimento de um dos conjuges. O Artigo 1773º, nº3 o divórcio sem mútuo consentimento
carece de ser demonstado algum dos fundamentos do Artig 1781º e aqui podíamos invocar a
separaçao de facto como fundamento. Segundo o Artigo 1781º, alínea a), a separaçao de facto
por um ano consecutivo constitui fundamento do divórcio sem consentimento de um dos
conjuges. Segundo o Artigo 1782º, nº1 entende-se que há separaçao de facto, quando nao existe
comunhao de vida entre os conjuges e há da parte de ambos, ou de um deles, o propósito de nao
a restabelecer. A separaçao de facto verifica-se quando se preencham dois elementos, um
objetivo e outro subjetivo. O elemento objetivo é a falta de vida em comum dos conjuges, a
ausencia de coabitaçao. O elemento subjetivo consiste no propósito de nao restabelecer a vida
em comum, numa disposiçao interior de nao retomar a coabitaçao; esse propósito tanto pode ser
de ambos os conjuges como de só um deles.

MAS, também podíamos equacionar se o divórcio era por mútuo consentimento que pode
ser tramitado na conservatória do registo civil. E em princípio esse divórcio é tramitado na
Conservatória do Registo Civil e isto resulta desde logo do Artigo 1773º. E na segunda parte
temos uma situaçao excecional relativamente ao divórcio por mútuo consentimento dizendo que
embora o divórcio seja tramitado na Conservatória, pode ser no tribunal quando nao se consiga
acordo sobre algum dos aspetos previstos no Artigo 1775º
O que sucede é que em algumas siutaçoes entende-se que a conservatória nao tem
competencia para decretar o divórcio porque faltam acordos relativamente a questoes que o
tribunal entende que nao sendo decididas por acordo nao podem ser decididas na conservatória.
E quais sao as situaçoes em que o processo nao vai ser tramitado na consevatória:
1) Conjuges nao apresentam algum dos acordos previstos no Artigo 1775º
2) Outra situaçao será quando um dos acordos nao será homologado.
3) Processo começa como divórcio sem mútuo consentimento, e a meio do processo
converte-se em divórcio por mútuo consentimento, mas o divórcio vai ser decretado pelo
Tribunal, nao fazendo sentido que regressasse a Conservatória.
Assim sendo, o divórcio determina a cessao dos efeitos pessoais e patrimoniais do
casamento e dá lugar a partilha.
Quanto à cessaçao dos efeitos pessoais e patrimoniais do casamento importa referir que:
 Cessa a afinidade que ligava cada um dos conjuges aos parentes do outro por força do
Artigo 1585º a contrario

 O ex-conjuge nao pode conservar os apelidos do outro, salvo consentimento deste ou


autorizaçao do tribunal (Art 1677º- B), pelo que Tamara em princípio nao poderia
conservar o apelido de Vicente.

 Cada conjuge perde todos os benefícios recebidos ou que haja de receber do outro
conjuge ou de terceiro, em vista do casamento ou em consideraçao do estado de casado
por força do Artigo 1791º, incluindo os correspondentes a disposiçoes testamentárias
feitas por um dos conjuges em benefício do outro (Art 2317º, alínea d)

 O ex-conjuge perde o direito de suceder como herdeiro legal do outro por força do Artigo
2133º, nº3 e Artigo 2157º isto na sucessao legal. E perde o direito também na sucessao
testamentária.

 Uma vez que Tamara e Vicente tinham dois filhos, ainda o alertaria para que com o
divórcio acresce uma subordinaçao a uma disciplina distinta das matérias do exercício
das responsabilidades parentais.
 O Artigo 2009º, nº1 alínea a) determina que o ex conjuge que careça de alimentos
tem direito a obte-los do outro sendo que o Artiog 2006º, nº2 qualquer do
conjuges tem direito a alimentos, independentemente do tipo de divórcio, isto é
quer este seja por mútuo consentimento ou sem o consentimento de um dos
conjuges.
 Art 2016º + 2016º-A

Quanto a Partilha dos Bens e quanto ao destino da casa de família. Segundo o Artigo
1689º, nº1 cesssando as relaçoes patrimoniais entre os conjuges, estes ou os seus herdeiros
recebem os seus bens próprios e a sua meaçao no património comum, conferido cada m deles o
que dever a este património. Segundo o Artigo 1790º nenhum dos conjuges pode na partilha
(familiar) receber mais do que receberia se o casamento tivesse sido celebrado segundo o regime
de comunhao de adquiridos (Art 1790º). Vicente e Tamara eram casados segundo o regime de
comunhao geral de bens.Segundo o Artigo 1732º se o regime de bens adotado pelos conjuges for
o da comunhao geral, o património comum é constituído por todos os bens presentes e futuros
dos conjuges, que nao sejam excetuados por lei.
Neste caso, todos os bens adquiridos eram bens comuns do casal. Porém, tendo em conta
o Artigo 1790º nenhum conjuge pode ficar numa situaçao melhor do que aquela em que estaria
se o casamento tivesse sido celebrado segundo o regime da comunhao geral de adquiridos e
segundo esse regime por força do Artigo 1722/, nº1 alínea a) a quinta que os pais deixaram a
Vicente e avaliada em 600000 euros corresponderia a um bem próprio de Vicente.
Ainda quanto ao Chale adquirido em agosto de 2020, depois de ter regressado em finais
de janeiro para portugal, chamaria a atençao para o seguinte: segundo o Artigo 1789º, nº1 os
efeitos do divorcio produzem-se a partir do transito em julgado da respetiva sentença, mas
retrotraem-se à data da proposiçao da açao quanto às relaçoes patrimoniais entre os conjuges.
ORA, no momento em que Vicente procede a compra ainda tnao tinha sido proposta a açao pelo
que o bem seria considerado comum no casal. PORÉM, o Artigo 1789º, nº2 preve que se a
separaçao dde facto entre os conjuges estiver provada no processo, qualqeur deles pode requerer
que os efeitos do divórcio retroajam à data que a sentença fixará, em que a separaçao tenha
começado. Sendo que segundo o Artigo 1782º, nº1 entende-se que há separaçao de facto quando
nao existe comunhao de vida entre os conjuges e há da parte de ambos, oou de um deles, o
propósito de nao a restabelecer.
Alertaria Vicente ainda quanto ao destino da casa de morada de família que tinha sido
fixada no apartamento que tinham comprado em Paris. Segundo o Artigo 1793º, nº1 pode o
tribunal dar de arrendamento a qualquer dos conjuges, a seu pedido, a casa de morada de família,
quer essa seja comum quer própria do outro, considerando, nomeadamente, as necessidades de
cada um dos conjuges e o interesse dos filhos do casal.

NOTAS:
1. Explicar o que é o divórcio
2. Explicar se o divórcio é sem ou com mútuo consentimento.
 O divórico sem consentimento é tramitado em Tribunal e temos que ter algum dos
fundamentos do Artigo 1781º e neste caso o fundamento é a separaçao de facto e
por isso temos que explicar o que é Separaçao de Facto e demonstrar os seus
elementos. E ainda que nao houvesse separaçao de facto temos o Artigo 1781/d
que tem como que uma válvula de escape. EX: alguem que é vitima de violencia
doméstica e nao quer recorrer ao divórcio, a violencia doméstica naquele caso nao
será fundamento da rutura de vida.

 Divórcio com mútuo consentimento: temos o Artigo 1773º e em regra esse


processo será tramitado na conservatória e tal como resulta do Artigo 14º do DL
nº272/2001O que sucede é que em algumas siutaçoes entende-se que a
conservatória nao tem competencia para decretar o divórcio porque faltam
acordos relativamente a questoes que o tribunal entende que nao sendo decididas
por acordo nao podem ser decididas na conservatória. E quais sao as situaçoes em
que o processo nao vai ser tramitado na consevatória:
1. Conjuges nao apresentam algum dos acordos previstos no Artigo 1775º
2. Outra situaçao será quando um dos acordos nao será homologado.
3. Processo começa como divórcio sem mútuo consentimento, e a meio do
processo converte-se em divórcio por mútuo consentimento, mas o
divórcio vai ser decretado pelo Tribunal, nao fazendo sentido que
regressasse a Conservatória.

1) Efeito relativamente a OA
Agora, um dos grandes efeitos do casamento é a possibilidade de serem atribuídos
rendimentos ao conjuge que nao tem possibilidade de subsistir e isto em virtude de uma
solidariedade pós-conjugal. E por isso o legislador previu que é possível haver obrigaçao de
alimentos. Os alimentos provisórios podem constar do acordo de divórcio por mútuo
consentimento e podem ser fixados livremente pelo juíz em qualquer fase do divórcio.
Reparemos também que isto quanto aos alimentos provisórios que temos que distinguir
relativamente aos alimentos definitivos.
Porque se equacionou a necessidade de alimentos provisórios? O Artigo 2007 fala de
alimentos provisórios e a justiça é lenta, os processos de divórcio sao lentos em que o litigio é tal
que se discutem coisas até ao milinimo e se os alimentos sao para acudir a susbistencia entao nao
se pode esperar que o Tribunal decida o que fazer a pessoa pode nao conseguir subsistir e por
isso vao ser atribuídos alimentos provisórios e que depois podem transformar-se em definitivos.
Estes alimentos nao podem ser penhorados nem pode haver compensaçao. Iimaginem
que o Tribunal condena o A a pagar alimentos a B, e imaginem que o B tem uma dívida ao A
podia haver uma situaçao de compensaçao. Mas, como a pensao é necessária para a
sobrevivencia, entao nao pode aqui haver uma compensaçao, nem pode haver renúnica ainda que
se trate de prestaçoes já vencidas.
É possível alterar o montante fixado de alimentos: pessoa recebia 3000 mil euros e tinha
que pagar 1000 euros de alimentos. ORA, se passasse a receber 1000 entao podia haver
alteraçao.
Normalmente se paga pensoes mensais, mas podem ser pagas numa única prestaçao. Em
termos de princípio nao é isso que se fará mas pode-se decretar este tipo de medidas.
Uma forma de garantia o cumprimento, há uma hipoteca legal em que se consagra uma
hipoteca legal que vem tutelar estes alimentos porque se os alimentos sao tao necessários entao é
necessário que o legilsldor garante que aquele credor da OA fique numa posiçao mais benefíca.

2) Destino da casa deixada pelos pais de Vicente


Antes da CMF temos que começar a tratar da partilha e é necessário proceder a partilha
dos bens comuns. ORA, todos os bens seriam aqui em princípio bens comuns, seja a casa
adquirida por testamento, seja a casa comprada na constancia do matrimónio, seja a casa de
férias. E em princípio somaríamos todos estes bens, dividiríamos por 2 e teríamos a meaçao de
cada um. O problema é que temos norma especifica em matéria de partilha no caso de divórcio
que é a do Artigo 1790º que diz que nenhuum dos conjuges pode receber mais do que aquilo que
receberia se tivesse casado segundo a comunhao de adquiridos.
E relativamente aquela casa que foi herdade, segundo o regime da Comunhao geral de
adquiridos a casa seria um bem próprio nos termos do Artio 1722º. E o que se tem interpretado
(tribunais+ SFH) é que o Artgo 1790º é que em termos de valor nenhum dos herdeiros recebe
mais do que se o regime fosse o da Comunhao geral de adquiridos, mas a casa deixada em
testamento pelos pais, nao deixava de ser um bem comum, ele apenas é excluido para efeitos de
cálculo da meaçao. Aquele bem nao muda de qualidade, apenas o tiramos para efeitos de cálculo.
3) Destino da CMF
O Art 1793º preve regime especifico para quando a casa de família seja tutelada por um dos
conjuges ou por ambos e sucede que a casa pode ser atribuída àquele que nao é titular do bem.
 Se a casa for um bem próprio é possível que o seu titulaar fique com ela ou se o outro
conjuge tiver grande necessidade a casa pode ser arrendada ao outro
 Se a casa for de ambos, entao o conjuge que ficar com a casa pode ter que pagar o
arrendamento.
Se a casa for arrendada aplicamos o regime do Artigo 1105º e por um dos conjuges, entao é
possível o arrendamento transmitir-se; se era dos dois é possível que se concentre.
Efeitos do divórcio
Artigo 1789º os efeitos do divórcio retroatgem à data da proposiçao da açao quanto ás
relaçoes patrimoniais entre os conjuges e isto refere-se quer a compra de bens, quer as dívidas.
Atençao ao Artigo 1789/2 mesmo quando o divórcio seja por separaçao de facto os conjuges vao
ter todo o interesse em demonstrar o momento em que se iniciou a separaçao de facto.
PORTANTO: todos os efeitos que temos vindo a falar tem que seguir esta regra. No que
toca aos efeitos pessoais apenas depois do transito da senteça, quando aos efeitos patrimónios
produzem-se efeitos retroativos desde a data da proposiçao da açao.
Temos que ainda atentar ao Artigo 1791º que determina a perda de benefícios que os conjuges
tenham recebido ou hajam de reber. Ou seja, sempre que tivermos uma doaçao para casamento
ou entre casados há perda destes benefícios. Uma coisa sao os beneficios e aqui entende-se que
sao liberalidades e outra coisa é os donativos segundo os usos sociais que segundo GOM nao
cabem neste Artigo 1791º.
Perda do direito a suceder quer na sucessoa legal (Art 2133/3) e na sucessao testamentária por
força do Aritgo 2317º, alínea d).
4) Relativamente aos Filhos
Temos o progenitor com quem a criança reside e o projenitor das visitas. Relativamente aos
atos da vida corrente tem legitimidade o projenitor com quem a criança esteja e o projenitor das
visitas nao pode contrair as diretrizes mais relevantes. EX: criança fica a residir com o pai e o pai
é vegan e acha que a criança nao pode comer carne. E a mae tem direito a visitas, se
considerarmos que é um ato da vida corrente (o que pode ser dúbio) mas a considerar ato da vida
corrente, a mae tem legitimidade paara aots da vida corrente mas nao pode contrair as diretrizes
mais relevantes, a mao nao podia alimentar a criança de carne. Já quanto aos atos de particular
importancia aqui a decisao já tem que ser tomada pelos dois. EX: criança tem que ser sujeita a
uma intervençao cirurgica e um dos projenitores nao pode tomar a decisao por si só.
Para além disso ainda temos que falar do Artigo 1905º sobre os alimentos devidos ao filho.
Quanto aos alimentos devidos ao filho, se atentarmos ao 1878º que fala do conteúdo das relaçoes
parentais, o Artigo 1905º vem densificar as relaçoes parentais. É o 1877º que nos vem dizer que
em princípio todos os filhos tem direito a alimentos.
Estes alimentos exatamente porque se tenta garantir que a criança seja sustentada vigoram
inclusive durante o período em que a criança nao nasceu. E vao para além da maioridade por
força do Artigo 1880º os filhos tem direito a alimentos.
Quid iuris nos casos em que o parente nao paga a OA? Temos o Fundo de Garantia de
Alimentos que vem criar um mecanismo de intervençao subsidiária por parte do Estado em que
este se substitui ao devedor de alimentos sempre que os alimentos sejam necessários à
subsistencia da criança. Mas este é um mecnaismo subsidiário. Notemos no entanto que primeiro
é preciso que se garantam todas as vias possíveis para exigir o cumprimento do devedor, desde
logo executar-lhe o salário.
O nosso CC preve um processo de execuçao especial por alimentos e que estas dívidas podem
ser exigidas através dos mecanismso usuais de recurso para o Tribunal para efetivar o seu
cumprimento.

Caso Prático 16 - Simples Separação de Bens


Miguel e Miriam, casados desde 2001, sem convenção antenupcial, são os sócios da
“Frescos&Bons, Lda.”, uma sociedade limitada por quotas, cujo objeto social consiste na
exploração de pequenos supermercados espalhados pelos concelhos de Cascais e Oeiras. Em
virtude de Miriam desenvolver a sua atividade profissional como Professora de 1.º ciclo, o
casal acordou em nomear Miguel como único gerente, visto ser este quem se dedica
integralmente a esta atividade.
Miguel tinha como hobby jogar póquer todas as quintas-feiras à noite com o seu grupo de
amigos, tendo contraído várias dívidas que, ao longo dos anos, trouxeram várias «dores de
cabeça» para o casal, que tem sido abalado por várias penhoras sobre o património comum.
Por diversas vezes, é Miriam quem ultrapassa tais problemas, com recurso a poupanças de
solteira e heranças recebidas dos seus avós e tios-avós.
Saturada de andar constantemente a correr atrás dos prejuízos que o vício do seu marido
causava, no dia de hoje, Miriam procura o seu aconselhamento jurídico-legal para saber de
que forma se pode proteger a si e ao património comum.
Neste caso, Miguel e Maria casaram sem convençao antenupcial. Ora, segundo o Artigo
1717º na falta de convençao antenupcial, ou no caso de caducidade, invalidade ou ineficácia da
convençao, o casamento considera-se celebrado sob o regime da comunhao de adquiridos.
Ambos eram sócios da “Frescos&Bons Lda” que eram um bem comum do casal, pois
segundo o Artigo 1724º, alínea b) fazem parte da comnhao os bens adquiridos pelos conjuges na
constancia do matrimónio, que nao sejam excetuados por lei.
Segundo o Artigo 1714º, nº1 fora dos casos previstos na lei, nao é permitido alterar,
depois da celebraçao do casamento, nem as convençoes antenupciais nem os regimes de bens
legalmente fixados. Porém, o Artigo 1715º, nº1 alínea b) preve que sao admitidas alteraçoes ao
regime de bens pela simples separaçao judical de bens.
Neste caso, as partes tinham acordado que a administraçao seria feita exclusivamente
pelo Migual. Segundo o Artigo 1681º, nº1 o conjuge qe adminsitrar bens comuns ou próprios do
outro conjuge, ao abrigo do disposto nas alínea a) a f) do nº2 do Artigo 1678º, nao é obrigado a
prpestar contas da sua administraçao, mas responde pelos atos intencionalmente praticados em
prejuízo do casal ou do outro conjuge.
Porém, neste caso, Miguel andava a contrair várias dívidas e Miriam procura uma forma
de se proteger a si e ao património comum. Segundo o Artigo 1767º qualquer dos conjuges pode
requerer a simples separaçao judicial de bens quando estiver em pergio de perder o que é seu
pela má administraçao do outro conjuge. Esta providencia é concedida ao conjuge que se achar
em perigo de perder o que for seu pela má administraçao do outro—Art 1767º.

O Artigo 1768º determina que a separaçao só pode ser decretada em açao intentada por
um dos conjuges contra o outro. Sendo tres os pressupostos que se devem verificar:
1) É necessário que o conjuge esteja em perigo de perder o que for seu

 O sentido do conceito de “perigo” nao será muito fácil de precisar em teoria. Mas
se alguma orientaçao prática dele se pode tirar é de que nao basta um ou outro
ato isolado de má administraçao. É sim exigida uma gestao sistematicamente
mal conduzida e que, com grande probabilidade, vá causar o prejuízo que se
receia.

 Exigindo a lei, como exige, nao apenas um risco, mas o perigo de o conjuge
perder o que é seu, ela mostra bem que o juiz só deve decretar a separaçao em
casos em que a situaçao assuma alguma gravidade.

Neste caso, havia este perigo, pois tal como indica a hipótese, o poker era um hobby
habitual do Miguel que jogava todas as semanas e que muito se endividava, sendo que inclusive,
vários bens próprios de Miriam já tinham respondido por essas dívidas (pois estando perante um
casamento que segue o regime geral de adquiridos e estando em causa as poupanças de solteira e
heranças recebidas, por força do Artigo 1722º alínea a) e alínea b) trata-se de bens próprios de
Miriam).

2) É necessário que o requerente esteja em perigo de perder o que é seu


A fórmula quer referir-se aos bens próprios do requerente de que o outro tenha a
administraçao ou aos bens comuns de que o outro tenha a administraçao exclusiva nos termos do
Artigo 1678/2
Neste caso, Miguel tinha a administraçao exclusiva de um bem comum que poderiam vir a
responder pelas dívidas contraídas pelo Miguel.

3) É preciso que o perigo de o autor perder o que é seu resulte da má administraçao do


outro conjuge e nao de quaisquer outras causas
Cabe definir o que se entende por “má administraçao.”
 A má administraçao pode consistir na prática reiterada de atos que diminuam os bens
próprios do outro conjuge, ou os bens comums;

 A má administraçao pode também adviri de um endividamente excessivo que


comprometa diretamente o património comum.

Neste caso, por força da má administraçao do Miguel já tinha resultado um perigo para os
bens próprios de Miriam, e havia um constante risco de endividamente excessivo que poderia
comprometer diretamente o património comum que poderia vir a ter que responder pelas dívidas
contraídas pelo Miguel.
Este pressuposto da má administraçao na depende da culpa, estando preenchido sempre que
haja uma “conduta errada”, ou seja, sempre que o conjuge administrador se tenha desviado,
reiteradamente, daquilo que faria um administrador médio em identicas circunstancias.

Estando verificados os pressupostos, Miriam por força do Artigo 1769º teria legitimidade
paara a separaçao judicial de bens. Sendo que segundo o Artigo 1770º, nº1 após o transito em
julgado da sentença que decretar a separaçao judicial de bens, o regime matrimonial, sem
prejuízo do disposto em matéria de registo, passa a ser o da separaçao, proccedendo-se à partilha
do património ccomo como se o casamento tivesse sido dissolvido.
Caberia ainda alertar Miriam para o disposto no Artigo 1771º: a simples separaçao judicial de
bens é irrevogável.
NOTAS:
No fundo tinhamos que ver se se encontravam verificados os pressupostos para a
Separaçao de Bens. Temos um conjuge comerciante que pratica atos de comércio, ORA se ele
tem como profissao atos de comércio (compra para revenda) entao nos termos do Artigo 13º do
Código Comercial estamos perante um conjuge comerciante e o Artigo 15º presume que a dívida
seja contraída no exercício do comércio e por força do Artigo 1691/d vai se presumir que a
dívida nao é comunicável e para afastar o Artigo 1691/d deveríamos por exemplo demonstrar
que a dívida nao foi contraída no exercício do comércio e assim já nao se aplicaria a presunçoa.
E portanto Miriam tinha que demnstrar que a dívida nao foi contraída em exercício de comércio
OU entao afastando a presunçao de proveito comum.
Relativamente a figura de Separaçao de Bens, ela consta do Artigo 1767º e tem sempre
natureza judicial e isto já nao será verdade relativamente a separaçao de pessoas e bens. A
separaçao de bens é permitia por força do Artigo 1715º. Mas a separaçao judicial de bens tem
sempre caráter litigosa e isso decorre do Art 1768º. Agora, é necessário que:
1) Se coloque em perigo aquilo que é seu (bens comuns de que o outro conjuge tem
exclusiva administraçao e bens próprios).
 Porque é que nao estao aqui abrangidos os atos de administraçao que nao
sejam de administraçao exclusiva? Porque nesses casos nao há uma má
administraçao.
 Neste caso temos a administaçao de um bem comum exclusivamente por
Miguel.

2) O que se entende por má administraçao?


 O endividamente excessivo correponde a uma má administraçao. E o que se promove é
no fundo uma separaçao de bens e é uma convulaçao do regime de comunhao
Na separaçao judicial de bens, do mesmo modo com o que ocorre no divóricio, tem que
haver partilha e a partir daí cada um dos conjuges tem a administraçao dos seus próprios bens.
Quem tem legitimidade? Conjuge lesado nos termos do Artigo 1769º
A simples separaçao de bens é irrevogável, pelo que mesmo que o conjuge que fez a má
administraçao, ainda assim nao se pode voltar ao regime de comunhao, salvo se as partes fizerem
uma espécie de fraude a lei divorciando-se e voltando a casar. Os efeitos produzem-se após ao
transito em julgado relativamente aos efeitos patrimoniais e nao aos efeitos pessoais.
Será que é preciso que haja culpa? Tem se questionado se tem que haver culpa na má
administraçao. Entende-se que nao é necessário que haja culpa. Nao é necessário que os conjuges
o façam com intencionalidade de prejudicar o património comum, pelo menos é assim que GOM
e PER

Caso Prático 17 – União de Facto e Vivência em Economia Comum


Ate agora vimos uma das relaçoes familiares mais importantes, o Casamento: vimos o
processo; o consentimento e vícios do consentimento; efeitos pessoais do casamento onde
concretizamos e explicitamos a questao da possibilidade ou nao de recorrer a uma açao de
indemnizaçao; vimos os efeitos patrimoniais tripartidos em regime de bens e
titularidade+administraçao, disposiçao e oneraçao+ responsabilidade por dívidas.
Nestas últimas aulas temos estado a tratar do fim desta relaçao conjugal e dos vários
vícios que esta relaçao conjugal pode sofrer.
Agora, vamos estudar a UF e VEC porque sao relaçoes parecidas porque partem de
pressupostos identicos, embora a UF tenha um pressuposto adicional porque implica uma
comunhao de leito, mesa e habitaçao. Enquanto a VEC pressupoe apenas a comunhao de mesa e
habitaçao.
Todas as pessoas em UF encontram-se também em VEC e por isso se houver direitos que
os que vivem em VEC e nao estejam previstos no diploma da UF, entao esses direitos vao se
aplicar. Isto em princípio nao se sucederá porque a UF é mais regulamentada.
A grande questao relativamente à UF prende-se com a cessaçao da mesma, porque
quando há cessaçao do casamento há um conjunto de regras que se aplicam e que tem em vista
garantir que em termos patrimoniais estes se verificam. Já na UF nao temos as mesmas regras.
No fundo na UF nao temos regimes de bens; nao temos regras relativas a administraçao de bens,
e muito menos em relaçao as dívidas. Se eu for a uma loja com o meu unido de facto OU dirijo-
me com o meu marido, para o terceiro aquelas situaçoes sao exatamente iguais. Vai sempre
haver um prejuízo perante o terceiro que nunca sabe com o que contar, a nao ser que peça ou
inquira. E por força disto, alguns autores tem defendido a aplicaçao das regras de
responsabilidade por dívidas.
Durante muito tempo se pensou como se havia de acautelar as relaçoes entre os conjuges
nao só durante a UF mas também após a cessaço. E o que se tem dito é que na falta de
regulamentaçao da UF entao rejeita-se a aplicaçao em bloco dos efeitos do casamento. Mas,
podem os unidos de facto escolher que certas regras do casamento se lhes apliquem, porque aí
estamos perante a vontade deles celebrando contratos de co-habitaçao.
Mas e se nao existir este contrato de co-habitaçao o que acontece relativamente a todas
aquelas contribuçoes que foram feitas por um dos unidos? Entende-se que sao verdadeiras e
próprias obrigaçoes naturais. Aquilo que se tem procurado defender é que estas contribuiçoes
diárias sao verdadeiras obrigaçoes naturas, mas tudo aquilo que exceda o normal a doutrina e
jurisprudencia tem questionado o que se deve aplicar?
 Tese da dissoluçao de facto: Há quem vinha defender a aplicaçao das regras da sociedade
de facto. Mas nao será escandaloso?
 Vinham sugerir a aplicaçao do Artigo 1007º:
i) As sociedades tem fim lucrativo e é escandaloso defendermos a aplicaçao
analógica do regime das sociedades de facto que prosseguem um fim
lucrativo
ii) Sociedades de facto sao pessoas coletivas
iii) A UF nao é uma irregularidade face ao casamento, nao há aqui um
processo para a consttuiçao da UF, sendo que tal existe para a constituiçao
de sociedades.

 ESC

Mas antes que tudo, ou seja, antes de recorrermos as Obrigaçoes naturais, tese da dissoluçao
de facto, ESC, o que se entende é que devemos recorrer a instituos gerias do CC.
 Benfeitorias: que se entende é que se um dos conjuges realizou benfeitorias vamos
aplicar o regime das benfeitoria
 Mútuo
 Doaçoes

Anita é uma arquiteta de renome, tendo no seu portfólio vários edifícios modernos, de entre os
quais o MAAT. Após muitos anos de um casamento conflituoso e infeliz com Benjamim, em
2014, Anita abandona a casa em que viviam e divorcia-se. Uns anos mais tarde, em 2017,
Anita cruza-se com Caim, curador no MAAT, por quem se apaixona. Estando ambos
desgastados com as relações anteriores, o namoro apenas é assumido à família e aos amigos
de ambos um ano depois, em Janeiro de 2019, data em que Anita e Caim decidem mudar-se
para a moradia de dois andares completamente funcionais e, se necessário, autónomos,
arrendada por Caim, sita no Estoril.
Nesta moradia moravam, igualmente, Diego e Elisa, colegas de faculdade de Caim. Foi
precisamente na faculdade que Caim, Diego e Elisa se conheceram e decidiram ir viver
juntos, em 1998, já Diego e Elisa namoravam. Elisa é instrutora de fitness no Holmes Place,
onde recebe não apenas pelos serviços de Personal Trainer prestados, mas também pelas
aulas de yoga e pilates que dá. Diego é designer de moda e em 2008, com a crise financeira
mundial, viu-se desempregado e sem trabalho.
Desde cedo que Caim, Diego e Elisa acordaram criar uma conta comum para as despesas
gerais da casa e encargos com bens essenciais. As contribuições de cada uma iam variando
em função da situação profissional em que se encontravam, sem nunca haver problemas de
qualquer tipo, em razão da amizade e do espírito de entreajuda que os unia. Havia,
igualmente, entre eles um acordo tácito sobre como se repartiam as tarefas domésticas, cada
um deles organizando uma refeição ou dedicando-se aos cuidados com a roupa. Aos sábados
organizavam uma sessão de cinema ou uma sessão de jogos de tabuleiro, convidando outros
amigos.
A mudança de Anita para a casa que Caim arrendava pouco veio alterar à rotina dos três
amigos, sendo que Diego e Elisa a receberam de “braços abertos”, conscientes de que fora
preciso muito para que Caim se voltasse novamente a apaixonar após o degosto que havia
sofrido. Anita contribuia para as despesas com a água, luz e gás e com as despesas para a
alimentação e manutenção da casa, porém não se sentia à vontade com a proximidade ao
casal, entendendo que esta e Caim precisavam do seu espaço e das suas rotinas e não de
estarem constantemente acompanhados.
Com o aparecimento do COVID-19 em Portugal, o decretamento do confinamento obrigatório
e a obrigação de teletrabalho, em Março de 2020, a relação de Anita com Diego e Elisa torna-
se mais conflituosa, na medida em que a primeira entende ser totalmente desnecessária a
convivência constante e inexistência de independência e autonomia - financeira e não só - de
todos. Os eventos de sábado à tarde, agora proibidos por lei, deixam de servir de escape e
tornam-se momentos de grande tensão. A isto acresce o facto de Anita ver todos os seus
projetos parados e todos os seus potenciais rendimentos suspensos em virtude da paralisação
da atividade económica.
Imagine agora que:
1. Ao longo do primeiro confinamento, Anita foi aconselhada por uma amiga a dedicar-
se à jardinagem como modo de aliviar o stress associado à crise pandémica. Seguindo
o conselho da amiga, Anita decidiu remodelar e replantar o jardim da moradia que -
em razão da falta de cuidados - se encontrava decrépito. Para o efeito, Anita comprou
terra, adubo e materiais de jardinagem no valor de 1.000€, comprou diversas plantas
de exterior no valor de 3.000€ e comprou ainda um grande canteiro quadrangular e
várias sementes para nele criar uma pequena horta no valor total de 4.500€. No
decurso das plantações e escavações, Anita apercebe-se que um dos canos se
encontrava estragado e que Caim andava a pagar valores elevados de água em razão
da fuga, despendendo 950€ para a necessária substituição do dito cano. O seu trabalho
paisagista e hortícula valorizou a propriedade em 20.000€, mais do dobro do que havia
gasto.
Já no segundo confinamento, Anita conclui que a relação com Caim nunca resultaria
enquanto continuassem a habitar a mesma casa que Diego e Elisa. Uma vez que este
não estava disposto a repensar a situação de ambos, Anita entende que não pode
continuar com Caim e decide separar-se em Maio de 2021. Anita quer agora saber se
tem direito a ser ressarcida dos gastos acima descritos e das despesas gerais para as
quais tinha contribuído.

1) Qualificar a relaçao entre eles. E verificar se estaria verificado o requisito objetivo,


subjetivo e o requisito temporal.
 Requisito subjetiva: convivencia de duas pessoas em condiçoes análogas às dos
conjuges ou com uma coabitaçao, na tribla vertente de comunhao de leito, mesa e
habitaçao
 Verificam-se estes tres requisitos. Sabemos também que Anita contribuia
para estas despesas e há uma comunhao nos tres planos.

 Requisito temporal: UF eficaz e como tal goza da tutela.

Segundo o Artigo 8º, nº1 alínea b) a UF dissolve-se por vontade de um dos seus membros. A
dissoluçao por rutura terá de ser judicialmente declarada quando se pretendam fazer valer
direitos que dependam daquela e tal declaraçao judicial deve ser proferida na açao em que os
direitos reclamados sao exercidos, ou em açao que siga o regime processual das açoes do Estado
nos termos do Artigo 8º, nº2 3 da LUF.

2) Durante este tempo Anita andou a fazer obras.


 Em matéria patrimonial a lei de UF nao consagrou qualquer tipo de regras
semelhantes às que existem para o casamento e cabe saber o que é que acontece
em caso de dissoluçao de UF, uma vez que nao temos regras equivalentes as do
regime matrimonial. E vai-se começar por afastar uma possível aplicaçao
analógica dos efeitos matrimoniais, nao só em razao do princípio da igualdade
pois estao em causa relaçoes diferentes. Mas também, em funçao do direito
constitucional de nao casar. E portanto, tendo isto em consideraçao devemos
afastar uma aplicaçao analógica.
 Mas entao o que se tem equacionado é, o que aplicar?
 Tese da dissoluçao das sociedades de facto
 Tese das obrigaçoes naturais
 Tese do ESC
E o que se tem entendio é de que quando estejam em causa encargos normais para a vida
familiar, os tribunais tem entendido que estamos perante verdadeiras obrigaçoes naturais porque
resultam de um dever moral e nao há direito a ser repetido o que foi prestado. E neste caso,
tinhamos despesas que podiam ser considerados encargos normais e como tal consideradas
obrigaçoes naturais e nao podendo Anita ser ressarcida pelas mesmas por força do Artigo 403º:
seriam as despesas que ela teve com água, luz, gás.
Quid iuris quanto à reparaçao do cano? É uma benfeitoria necessáaria nos termos do
Artigo 216º. E o Artigo 1273º preve que tem direito a ser indemnizado.
A utilizaçao dos instrumentos é uma despesa extraordinária, e como tal nao poderá ser
uma obrigaçao natural. Poderíamos neste caso recorrer ao ESC (Artigo 473+ Artigo 474º). E
teríamos que verificar os requisitos da ESC, e a maior dificuldade coloca-se quanto ao requisito
da falta de causa. ORA, a causa para aquele investimento era a UF. Porém, a partir do momento
em que cessa a UF, extingue-se posteriormente a causa aquele investimento e extinguindo-se a
causa, temos o requisito da falta de causa da justificaçao do ESC.
E relativamente àquelas despesas que resultam na valorizaçao do imóvel? Seria despesas
úteis nos termos do Artigo 1273/2 que remete para as regras do ESC (Artigo 473+ Artigo 474º).
A causa para aquele investimento era a UF. Porém, a partir do momento em que cessa a UF,
extingue-se posteriormente a causa aquele investimento e extinguindo-se a causa, temos o
requisito da falta de causa da justificaçao do ESC.

NOTA EXTRA:
No caso de trabalho doméstico, há um Acordao que permite equacionar o ESC porque extravassa
o limite daquilo que se entende por Onatural porque se o princípio que alicerça as obrigaçoees
naturais é um princípio de justiça, e se neste caso temos este trabalho doméstico que extravassa o
normal, podemos recorrer ao ESC.

2. Pouco após a separação de Anita e de Caim, tendo Anita regressado à casa dos pais,
Caim falece, vítima de um acidente mortal, a sete anos do contrato de arrendamento
caducar.
Neste caso, a casa era arrendada por Caim colocando-se o problema de saber se o direito de
arrendamento se transmite ou nao. Neste caso, cessa a UF e nao é neccessario nos termos do
Artio 8º a intervençao estaatal.
Segundo o Artigo 5º, nº10 em caso de morte do membro da UF arrendatário da casa de
morada da família, o membro sobrevivo beneficia da proteçao prevista no Artigo 1106º.Segundo
o Artigo 1106º, nº1 alínea b) o arrendamento para habitaçao nao caduca por morte do
arrendatário quando lhe sobreviva pessoa que com ele vivesse em UF há mais de um ano.
Mas neste caso, já se tinha verificado a dissoluçao da UF, nos termos do Artigo 8º, nº1 alínea
b) pelo que já nao havia uma situaçao de UF entre Antia e Caim e ela nao pode reclamar o
direito.
Mas, à data da morte de Caim, viviam com ele, em economia comum, Elisa e Diego. Nos
termos do Artigo 2º, nº1 da LEC entende-se por economia comum a situação de pessoas que
vivam em comunhão de mesa e habitação.A CEC entre eles era protegida:
a) A duração é superior a dois anos (art. 2/1, da LEC);
b) É uma vivência com entreajuda ou partilha de recursos (art. 2/1, da LEC)
c) Existe pelo menos um membro que seja maior de idade (art.º 2/2 da LEC);
d) A convivência não está "relacionada com a prossecução de finalidades transitórias" (art.º
3/c da LEC);
e) E há integração livre de todos os membros no grupo (art.º 3/d da LEC).
No caso de morte do membro da convivência em economia comum que era arrendatário da
casa de morada comum – no caso Caim –, um dos membros sobrevivos pode beneficiar da
transmissão por morte do arrendamento para habitação, nos termos do art. 1106º do Código
Civil.
A posição de arrendatário transmite-se para a pessoa que convivesse com o arrendatário em
economia comum há mais de um ano e residisse no locado também há mais de um ano (na falta
de cônjuge ou de membro de união de facto protegida, em condições de beneficiar da
transmissão).
Tendo sobrevivido ao arrendatário vários conviventes em economia que preencham os
requisitos legais da transmissão, a prioridade na aquisição do arrendamento cabe,
sucessivamente, ao parente do arrendatário, ao parente mais próximo, ao parente mais velho, ao
afim, ao afim mais próximo, ao afim mais velho, ou, na falta de parentes ou afins, àquele que for
o mais velho.
O arrendamento habitacional decorrente de transmissão por morte está, em regra, limitado,
por natureza, a um período máximo de cinco anos, ainda que o falecido fosse titular de um
direito de arrendamento de duração indeterminada (art.º 5/1 da Lei da CEC).

NOTA: como compatibilizamos o 1 ano do Artigo 1106º e os dois anos da CEC? Há


controvérsia, há quem entenda que esse ao prazo de doois anos da CEC acresce o prazo de um
ano. E por outro lado há quem entende que basta 1 ano. E há quem entenda que bastam os 2
anos.
E se o Diego e a Luisa pagassem renda ao Caim? Artigo 3º preve os impeditivos da produçao
dos efeitos jurídicos.
3. Em Maio de 2020, Caim é vítima de um acidente mortal. Anita pretende agora
continuar a residir no apartamento, requerendo ao senhorio o fecho da porta que
separa os dois andares, de forma a não ter que residir com Diego e Elisa. Aprecie a
validade da sua pretensão.
Neste caso, a casa era arrendada por Caim colocando-se o problema de saber se o direito de
arrendamento se transmite ou nao. Segundo o Artigo 5º, nº10 em caso de morte do membro da
UF arrendatário da casa de morada da família, o membro sobrevivo beneficia da proteçao
prevista no Artigo 1106º.Segundo o Artigo 1106º, nº1 alínea b) o arrendamento para habitaçao
nao caduca por morte do arrendatário quando lhe sobreviva pessoa que com ele vivesse em UF
há mais de um ano, e que o tempo de residencia do sobrevivo no locado fosse superior a um ano.
Discute-se como se deve compatibilizar o Artigo 1106º com o Artigo 2º. Se entendemos que este
prazo é independente do prazo de 2 anos, entao o direito de arrendamento transmitia-se para
Anita.
Porém, ainda viviam na mesma casa Diego e Elisa em economia comum. No caso de morte
do membro da convivencia em economia comum que era arrendatário da casa de morada
comum, um dos membros sobrevivos pode beneficiar da transmissao por morte do arrendamento
para habitaçao, nos termos do Artigo 1106º. A posiçao de arrendatário transmite-se para a pessoa
que convivesse com o arrendatário em economia comum há mais de um ano e residisse no
locado também há mais de um ano, na falta de conjuge ou de membro de uniao de facto
protegida em condiçoes de beneficiar da transmissao.
Assim sendo, o direito transmitir-se ia para a Anita uma vez que a sua posiçao prevalece.

4. Em Maio de 2022, Anita e Caim separam-se e Anita pretende continuar a residir no


apartamento. Aprecie a validade da sua pretensão
Segundo o Artigo 8º, nº1 alínea b) a UF dissolve-se por vontade de um dos seus membros. A
dissoluçao por rutura terá de ser judicialmente declarada quando se pretendam fazer valer
direitos que dependam daquela e tal declaraçao judicial deve ser proferida na açao em que os
direitos reclamados sao exercidos, ou em açao que siga o regime processual das açoes do Estado
nos termos do Artigo 8º, nº2 3 da LUF.
Após a separaçao, se o casal residia em casa arrendada a um dos membros da UF, aquele que
nao é arrendatário pode vir a adquirir o direito exclusivo de habitar nessa casa, graças ao
mecanismo de transmissao inter vivos do direito de arrendamento. A transmissao da posiçao de
arrendatário faz-se por acordo ou sentença. O Artigo 4º da LUF preve que, em caso de separaçao,
é aplicável o disposto no Artigo 1105º, com as necessárias adaptaçoes.
Por foça do Artigo 1105º, nº3 a transmissao do arrendamento por acordo do casal tem de ser
homologada pelo juíz e deve ser notificada oficiosamente ao senhorio, notificaçao que também
se estende à transferencia do arrendamento por decisao judicial.
Na falta de acordo o Artigo 1105º, nº2 preve que cabe ao tribunal decidir, tendo em conta as
necessidades de cada um dos conjuges, os interesses dos filhos e outros fatores relevantes.
NOTA: diferentemente ao que acontece na CEC, o legilsador tutelou a rutura no caso de UF
relativamente a CMF. E o unido de facto pode ficar com a casa que era arrendada, ou entao se a
CMF pertencia ao ooutro pode arrendá-la.

SUM UPA UF vem acautelar o direito das pessoas que nao querem casar porque sem essa lei
nenhuns direitos lhes seriam acautelados. As caracrerristicas sao:
1) Convivencia que se traduz nos 3 planos
2) Establidade
3) Nao tem que ser declarada judicialmente, apenas nos casos do Artigo 8/2
Depois temos que verificar os requisitos da UF. Por um período mínimo de 2 anos. Sendo que
esse requisito tem sido entendido como requisito de eficácia e isto é controverso. E depois a nao
verificaçao dos impedimentos do Artigo 2º: alguns sao comuns aos impedimentos ao casamento.
A lei tutela a CMF quer em caso de rutura (Art 4º) ou em caso de morte. Nos casos de rutura
temos que distinguir consoante a casa seja própria ou arrendada (Art 4º). Nos casos de morte
vem regulada no Arigo 5º.
Inexistencia de normas patrimoniais:
 Aplicaça analógica que afastamos
 Possibilidade de recorrermos ao ESC
 E o princípio basilar de que as obrigaçoes para a vida corrente sao uma obrigaçao natural
e como tal nao haverá lugar a indemnizaçao por força do regime do CC que preve que
nao há indemnizaça.

Dúvida:
Relativamente a matéria de responsabilidade por dívidas, nomeadamente quanto ao
Artigo 1691/1/b.
No manual do Professor JDP ele diz que esta alínea apenas se aplica quando estiverem
reunidas duas condiçoes:
i. A dívida deve ter sido contraída para ocorrer aos encargos da vida familiar
ii. Esses encargos devem ser normais
 E a propósito desta segunda condiçao ele diz que a normalidade é aferida pelo
critério de valor e que como tal a dívida tem que ser pequena tendo em conta o
padrao de vida do casal. E ele dá o exemplo da compra do automóvel e ele diz
que apesar da compra corresponder a um encargo para a vida familiar, para
um caso médio nao é um encargo normal.
 E tendo este exemplo eu fiquei com uma dúvida relativamente a uma das
alíneas do caso que fizemos relativamente a responsabilidade por dívidas que
era o caso de um dos conjuges contrair um mútuo bancário de 25000 para
conseguir acomodar a sogra que padecia de doença

E eu fiquei na dúvida porque para mim os dois casos sao muito parecidos, porque quanto
a primeira condiçao nao há qualquer dúvida, mas mesmo quanto a esta normalidade, apesar de os
valores avultados serao em regra dividas que qualquer casal acabar por ter que incorrer.

Resposta: O Artigo 1691 nao concretiza o que se entende por encargo normal e o
Professor JDP dá um critério pecuniária e podemos de facto entender que 25000 euros é demias.
Mas a verdade é que neste caso em que ele gasta 25000 euros já engloba o valor periódico que
ele pagava pelo lar que fechou com o Covid. E o que nos perguntamos é: se a familia pode pagar
todos os meses pelo lar, porque é que pagar os 25000 euros nao pode ser considerado um
encargo normal?
Se no exame dissessemos que nao é um encargo normal porque o valor é avultado tendo
em conta o critério pecuniário introduzido pelo JDP. Porém segundo as Professoras,falar em
encargos normais da vida familiar tem que ir um pouco mais além do conceito pecuniário porque
esse critério nao permite atender a certos encargos que sao normais. MAS, se entendermos que
nao é um encargo normal da vida familiar, será que podíamos fazer caber esta hipótese num caso
de aproveitamento comum do casal?
Toda esta questao dos encargos normais é evolutiva.

Dúvida: quanto a possibilidade de a casa de familia ser penhorada. Eu ainda nao entendi como é
que se compatibiliza isso com o direito fundamental à habitaçao previsto na CRP. Ela diria que a
penhorar a nao ser
 Deixou de ser possíveln possível para efeitos de lei fiscal proceder a venda executiva.
Nao quer dizer que o bem nao pode ser penhorado. Relativamente a esta penhora, a CMF
continua a ser propriedade, mas o imóvel continua ter o ónus da penhora.
 Nao é que a casa nao possa ser penhorada, o que significa é que nao pode haver venda
executiva relativamente a casa de morada de família

Caso Prático 18 - Filiação


Modalidades:
1) Biológica
 Natural—Art 1796º norma fundamental que trata da paternidade e maternidade.
 Estabelecimento da maternidade
 Artigo 1796º é fundamental para efeitos de maternidade. Mae é quem dá a
luz. Porém, a vigorar o regime de barrigas de aluguer há o afastamento
desta regra porque mae será a beneficiária e nao a gestante
 Se a mae é quem dá a luz é necessário declarar a maternidade. E quem
pode declarar? A própria mae OU quem possa identificar a mae (EX:
médico que ajudou a dar a luz a criança pode ser ele próprio a declarar
aquela maternidade). Quando nao haja maternidade estabelecida, há um
trabalho em procurar determinar quem é a mae através do instituto da
averiguaçao oficiosa da maternidade.
 Caso a mae nao esteja estabelecida e o Estado nao consiga determinar,
pode o filho recorrer a açao de investigaçao da maternidade no caso de ter
suspeitas de que certa pessoa possa ser sua mae.
 A grande questao é a de saber se o prazo para intentar a açao é legítimo.
OU SEJA, nao será incostitucional dizer que a partir dos 29 anos nenhum
de nós pode investigar a mae nos termos do Artigo 1817º? Sendo que este
Artigo 1817º também se aplica a paternidade por remissao. E a questao é
saber se este prazo pode vigorar a luz do princípio de dignidade da pessoa
humana, sabendo que o direito ao conhecimento das origens é essencial
para a descoberta identitária de cada um de nós. O prazo já foi de 2 anos e
aí o TC pronunciou-se no sentido da inconstitucionalidade. Em 2018 o
TC disse que era incostitucional, a questao foi ao plenário e o plenário
entendeu que nao era incostitucional.

 Estabeleciemento da Paternidade
 Art 1796º quando ao pai é necessário distinguir:
 O pai casado com a mae, e do Artigo 1796º vamos para o 1826º
qee estabelece a presunçao.
 Pai nao é casado e aí:
1. Perfilhaçao
2. Reconhecimento judicial

 PMA
 Os pais sao os beneficiário (Art 20º da Lei da PMA).

2) Adoçao
Os pais adotivos porque pela sentença que decreta a adoçao rompem-se os vínculos com a
família biológica.

Sabrina tem 33 anos. Formada em Direito, melhor aluna do seu curso, entrou numa grande
sociedade de advogados mal terminou a licenciatura, tendo concluído o curso da Ordem com
distinção. Ulisses tem 44. Filho de sapateiro, no 10º ano optou pelo ensino profissional, onde
adquiriu as competências que necessitava para continuar o projeto do pai. Num concerto dos
Maroon 5, Sabrina e Ulisses conheceram-se e criaram imediatamente uma ligação especial.
Ao fim de cinco anos de um companheirismo improvável, Ulisses pede Sabrina em casamento
e o casal é unido pelo matrimónio. Vivendo numa bolha de amor desde então, Sabrina
engravida e conta a Ulisses, que chora de felicidade.

1.Pouco conhecedor das implicações jurídicas que advêm do nascimento da criança e


envergonhado com a falta de conhecimento, Ulisses procura informar-se consigo. Esclareça
as dúvidas de Ulisses:
a) Como se estabelece a maternidade?
Nos termos do 1796º,1 CC a filiação, em relação à mae, é regulada nos artigos 1803º a 1825º
e resulta do facto do nascimento
Ora , nos termos destes artigos o estabelecimento da maternidade pode ser feito de 2 formas:
1. Declaraçao de maternidade
2. Reconhecimento judicial .

A declaração de maternidade surge regulada nos Aritgos.1803º - 1807ºCC. Sendo o modo


normal de estabelecer a maternidade, constitui uma identificação de maternidade que tanto pode
ser efetuada pela mãe, como por terceiros
 Se a declaração de maternidade é efetuada pela própria mãe, falamos em declaração de
maternidade em sentido estrito

Por norma, a declaração de maternidade é feita por menção desta no registo de nascimento
do filho. Nesse caso, a declaração tem a denominação especifica de menção da maternidade –
epígrafe Artigo 1803º CC

 O nascimento é um facto que carece de registo obrigatório, nos termos do Artigo


1º,nº1, al. a) CRC, sendo que o declarante do nascimento devera identificar sempre que
possivel a mae do registando – 112º,1 CRC e 1803º,1 CC

A mãe não perfilha, ela declara a maternidade:A declaração de maternidade em sentido


estrito (declarada pela mae) é uma declaração de ciência que consiste numa mera confissão,
numa comunicação do facto nasciemnto

 Declaração de maternidade em sentido estrito = a figura homóloga da perfilhação, pois


que ambos são actos jurídicos simples e não negociais. Diferem, sim, por a declaração de
maternidade ser uma declaração de ciência e a perfilhação ser uma declaração de
consciência

Quanto ao reconhecimento judicial da maternidade, este vem previsto nos Artigos1814º


- 1825º CC. Ocorre através de uma acção autónoma de declaração da maternidade  sendo
que o tribunal devera comunicar a qualquer conservatória do Registo civil a deisão que
reconhecer a maternidade, para que seja feito o averbamento da filiação estabelecia – 78º CRC

PORTANTO, sao duas as formas de estabelecimento da maternidade. A averiguação


oficiosa da maternidade, não é uma maneira e estabelecer a maternidade, mas sim um
mecanismo imposto por lei para que esta possa ser estabelecida através dos dois métodos
supracitados

Neste caso a maternidade vai resultar da declaraçao de maternidade (Art 1796º+ Art 1803º a
Art 1825º)

b) Como se estabelece a paternidade?


No 1796º CC, define-se que a paternidade se presume em relação ao marido da mãe e
que, em casos de filiação fora do casamento, se estabelece por reconhecimento

o A presunção de paternidade – pater is est – é regulada pelos arts 1826º - 1846º CC,
sendo que esta presunçao pressupoe que a mãe é casada no momento do nascimento ou
da concepção.

O reconhecimento da paternidade está disciplinado nos arts 1847º - 1873º CCDo art
1847o CC resulta que o reconhecimento da paternidade pode efectuar-se por perfilhação ou
decisão judicial em ação de investigação

 Tal como acontece no caso da maternidade, a averiguação oficiosa da


paternidade não é uma forma de a reconhecer, mas sim uma actividade
que visa possibilitar o seu reconhecimento através dos dois processos
supraindicados

Destes, a perfilhação é o modo mais comum de estabelecer a paternidade de filhos


nascidos ou concebidos fora do casamento. O reconhecimento judicial é indicado para o
reconhecimento da paternidade de filhos nascidos ou concebidos fora do casamento, quando não
tenha ocorrido perfilhaçãoHá, assim, três modos de estabelecer a paternidade – a presunção
de paternidade, a perfilhação e o reconhecimento judicial

o Quanto à Presunção de paternidade regulada no Artigo 1826 e seguintes.


 O 1826, nº 1 CC estabelece que o filho nascido ou concebido na constância do
matrimónio da mãe tem como pai o marido da mesma
o Esta regra abrange os casos de concepção e nascimento durante o
casamento; de concepção antes do casamento, mas nascimento na
cosntancia do matrimónio; e de concepção durante o casamento, mesmo
que nascido depois deste cessar / se dissolver
o O 1827º CC estende a presunção aos casamentos anulados ou declarados
nulos, desde que registados
o Conjugando o nº2 do 1826 e o 1827º concluímos que a presunção em
causa vigora até ao trânsito em julgado da sentença de anulação
o No caso de casamento católico  a presunção vigora ate ao
registo civil da sentença de declaração de nulidade

 A presunção pater is est é ilidível por impugnação judicial – art 1838º CC.
 A cessação de presunção de paternidade ocorre nos termos dos arts 1828º, 1829º
e 1832º CC
 A presunção de paternidade que cessa com base no art 1829º pode
renascer (art 1831o CC) ou reiniciar (art 1830o CC)

 No caso de bigamia ou casamento sucessivo da mãe com desrespeito pelo prazo


internupcial (300 dias após a dissolução do casamento anterior), o conflito de
presunções de paternidade é resolvido com base no art 1834º, 1:
 Prevalece a presunção de que o pai é o segundo marido
o Se a paternidade do segundo marido for impugnada com
sucesso, então o art 1834o, no 2 dita que renasça a
presunção relativa ao anterior marido da mãe

o Perfilhação
 A perfilhação é o modo de estabelecer a paternidade fora do casamento – é o acto
através do qual uma pessoa do sexo masculino declara que um outro indivíduo é
seu filho

 A perfilhação é um acto pessoal:


 Tem de ser feita pelo próprio pai ou por intermédio de procurador
com poderes especiais (1849º CC);
 Não é um acto patrimonial

 É TAMBÉM um ato livre , o que se confirma pela previsão de


anulabilidade da perfilhação viciada por coecção moral, nos termos do
Aritgo 1860º Contudo não é um ato facultativo , pois o o pai biologico tem
um dever jurídico do perfilhar, sendo que a não observância desse dever é
susceptível de originaar nos termos gerais uma obrigação de indemnizar
perante o filho

 É ainda um ato solene – apenas pode revestir uma das formas previstas no
Art 1853º

 E é irrevogável

 A perfilhação tem de corresponder à verdade, segundo o Art 1859º, no1


CC

 A perfilhação deve obedecer a alguns requisitos de fundo, cuja


inobservância implica impugnabilidade, invalidade ou ineficácia
 Estes requisitos prendem-se com a capacidade e o consentimento:
o Relativamente ao perfilhante, é exigida capacidade nos
termos do art 1850º,1 CC e consentimento (o perfilhante
tem de declarar que quer perfilhar). É exigido que o
perfilhante identifique a mãe (art 1855ºCC);

o Relativamente ao perfilhando, é exigida a ausência de outra


paternidade estabelecida, a concepção do perfilhando, a
existência do perfilhando e o assentimento do perfilhando
maior ou emancipado

 A perfilhação não pode ser invocada antes de ser lavrado o respectivo


registo. É um simples acto jurídico, dado que o seu efeito se produz por
força da lei – tem natureza não negocial (art 1852º CC). É, no fundo, uma
declaração de consciência

Neste caso, como a mae se encontra casada, a paternidade vai-se presumir em relaçao ao seu
marido. Ora assims sendo, presume-se que Ulisses será pai de Viole

c) O que são as responsabilidades parentais?


Segundo o Artigo 1878º, nº1 compete aos pais, no interesse dos filhos, velar pela
segurança e saúde destes, prover a seu sustento, dirigir a sua educaçao, representá-los, ainda que
nascituros e administrar os seus bens.
As responsabilidades parentais surgem como um meio de suprimento da incapacidade de
exercício dos menores nao emancipados. Efetivamente, a criança carece de capacidade genérica
de exercício nos termos do Artigo 123º, pelo que nao pode, em regra, praticar pessoalmente atos
e negócios jurídicos. No exercício dos seus direitos e no cumprimento das suas obrigaçoes,
normalmente, ela tem de ser representado pelos seus pais, na qualidade de titulares das
responsabilidades parentais (Art 124º, 1878º e Art 1881º).
Todavia, as responsabilidades parentais sao mais do que um meio de suprimento da
incapacidade dos menos: nao se circunscrevem ao poder de representaçao e ao poder-dever de
guarda, od ever de prover e o poder-dever de dirigir a educaçao previstos no Art 1878/1
As responsabilidades parentais consistem no conjunto de situaçoes jurídicas que,
normalmente emergem do vínculo de filiaçao e incumbem aos pais cm vista à proteçao e
promoçao do desenvolviemento integral do filho meno nao emancipado (Art 1877º e Art 1878º).
As responsabilidades parentais formam uma situaçao jurídica familiar complexa que
apresenta grande paarte das características que sao comuns a outras situaçoes jurídicas
familiares: caráter estatutário, indisponibilidade, funcionalidade.
O princípio coreal seria o superior interesse da criança e isso resulta das próprias normas
relativas ao exerício.
As responsabilidades parentais só duram até a emancipaçao ou maioridade apesar de
haver um resquício das responsabilidades parentais no caso de crianças que estudem.

NOTA: a Sofia disse na aula o porque do conceito de responsabilidades ser melhor do que o
conceito de poder.

d) Quem é titular das responsabilidades parentais?

Todos os pais e mais sao titulares de responsabilidades parentais apenas por serem pais e
maes. Segundo o Artigo 1882º os pais nao podem renunciar às responsabilidades parentais nem a
qualquer dos direitos que ele especialmente lhes confere, sem prejuízo do que se dispoe no
Código. O Artigo 1901º determina que na constancia do matrimónio, o exercício das
responsabilidades parentais pertence a ambos os pais.

E o titulares costumam exercer as responsabilidades parentais. No entanto, por vezes,


pode ser estabelecida uma limitaçao do exercício das responsabilidades parentais, no interesse do
filho nos termos do Artigo 1918º; em casos mais graves, pode estabelecer-se ma inibiçao do
exercício das responsabilidades. A partir destes momentos, os titulares deixam de ter a faculdade
dde exercer as responsbailidades, parcial ou totalmente,c onforme os casos. Nesses casos em
que existe limitaçao ou inibiçao—tendo em conta que o filho continua a precisar do apoio
durante a menoridade—o exercício das responsabilidades parentais será total ou parcialmente
confiado a uma pessoa diferente dos titulares.

O titular de responsablidades parentais também pode delegar seu exercício no que


respeita aos atos da vida corrente. O círculo de terceiras pessoas
Reparar que titularidade e exercício sao coisas diferentes.

e) Como se exercem as responsabilidades parentais?

As responsabilidades dividem-se nos atos da vida corrente e nas questões da particular


importância. Mas, neste caso, as questões da vida corrente ficam à responsabilidade do
progenitor que está com a criança. Já os atos de particular importância continuam a ter que ser
decididos por mútuo acordo. A questão é que a lei não nos diz como interpretar estes conceitos
indeterminados. Antigamente tínhamos o poder paternal, esta evolução relacionada com as
responsabilidades parentais faz como vejamos a criança não como uma coisa ou um
prolongamento dos pais, mas sim, como uma pessoa. Apesar de os pais serem titulares das
decisões, não são titulares dos interesses.
Este é um poder-dever de que os pais são titulares, mas de exercício vinculado. tendo em
conta que as responsabilidades parentais são orientadas segundo o superior interesse da criança,
esta tem várias necessidades e algumas que podem influenciar em maior ou menor grau o seu
desenvolvimento.
Posto isto, é preciso analisar o ato em concreto e saber como este pode influenciar a
personalidade da criança. As responsabilidades das crianças estão reguladas no artigo 1901º e
seguintes.

O atual sistema de exercício das responsabilidades parentais, criado pela Lei nº61/2008 de 31
de Outubro orienta-se pelos seguintes princípios:

 Exercício em comum dessas responsabilidades, salvo exceçoes


 Exercício em comum mitigado das responsabilidades parentais quando os pais nao vivam
juntos
 Possibilidade de exercício das responsabilidades parentais por terceiro

Portanto, vigora a regra de que o exercício das responsabilidades parentais pertence a ambos
os pais, que as exercem em conjunto (Art 1901º, 1906º, nº1; 1911º e 1912º).
 Se os pais vivem juntos, casados ou em UF, aplica-se o regime de exercício conjunto
pleno das responsabilidades parentais (Art 1901º, 1902º e 1911/1). Ou seja, ambos
decidem em acordo (efetivo ou presumid) todas as questoes da vida do filho, sejam elas
ou nao de particular importancia.

 Se falta acordo dos pais coabitantes em questao de particular importancia, qualquer um


dos pais pode recorrer ao tribunal que tentará a conciliaçao (Art 44º do RGPTC). Se a
conciliaçao nao for possível, o tribunal ouvirá o filho, antes de decidir, salvo quando
circunstancias ponderosas o desaconselhem segundo o Art 1901º, nº3)

 Se um dos pais praticar ato que integre o exercício das responsabilidades parentais,
presume-se que age de acordo com o ooutro, salvo quando a lei expressamente exija o
consentimento de ambos os pais ou se trate de ato de particular importancia.

O exercício das responsabilidades parentais incumbe a um dos pais unicamente nas seguintes
situaçoes:
o Impedimento ou morte do outro (Art 1903º e 1904º);
 Sendo que este conceito abarca a incapacidade acidenta provocada por
toxicomania ou alcoolismo.
 Por morte de um dos pais, o exercício das responsabilidades parentais
pertence ao soobrevivo, a nao ser que se verifique impedimento do projenitor
sobrevivo decretado pelo tribunal (Art 1904/2; Art 1911/1 e Art 1912/1).
 NOTA_(POR NA SEBENTA): note-se que o menor nao emanccipado pode
exercer as responsabilidades parentais, salvo em matéria de represetançao e de
administraçao dos bens do filho (Art 1913/2)

o Quando a filiaçao se nao encontrar constituída quanto ao outro pai (Art 1910º);
o Quando os pais nao vivam juntos e o exercício em comum seja tido como contrário
ao interesse do filho (Art 1906/2, 1911/2 e 1912/1)

No caso de os pais nunca terem vivido juntos ou serem divociados ou estarem separados
ou terem deixado de viver em UF, haverá exercício conjunto mitigado das responsabilidades
parentais (Art 1906º, nº1 e 3+ Art 1911/2 e Art 1912/1). Isto é, ambobs decidem em matérias de
particular importancia. No que toca aos atos da vida corrente do filho, o exercício das
responsabilidades parentais cabe ao progenitor que com ele reside habitualmente.

NOTA: o melhor critério para determinar se estamos perante um ato de particular importancia é
o interesse da criança

Imagine agora que Ulisses, extremamente católico, pretende batizar a filha entretanto
nascida, Violeta, mas nada pretende dizer a Sabrina, porque sabe que esta considera que a
liberdade é um valor determinante na educação e pretende que a filha cresça sem quaisquer
influências, livre de escolher a religião com que se identifica. Imagine, igualmente, que o
Padre Xavier que deverá batizar Violeta conhece a vontade de Sabrina (Vide Acórdão do TRL
de 21.06.2012, Processo 2366/09.8TMLSB-B.L1-2).
Segundo o Artigo 1901º, nº1 na constancia do matrimónio, o exercício das
responsabilidades parentais pertence aos pais, sendo que nos termos do n2 os pais exercem as
responsabilidades parentais de comum acordo e, se este faltar em questoes de particular
importancia qualquer deles pode recorrer ao tribunal, que tentará a conciliaçao.

O conceito de questoes de particular importancia carece de densificaçao. Nos trabalhos


preparatórios da Lei nº 61/2008 é dada uma diretiva, esclarecendo que tais assuntos sao aqueles
que se resumem a questoes existenciais graves e raras na vida de uma criança, questoes essas que
“pertencem ao núcleo essencial dos direitos que sao reconhecidos às crianças”. As decisoes
que respeitem a educaçao religiosa do filho sao tidas como questoes de particular importancia
que devem ser tomadas conjuntamente.

O Artigo 1902º , nº1 preve que se um dos pais praticar ato que integre o exercicio das
responsabilidades parentais, presume-se que age de acordo com o outro, salvo quando a lei
expressamente exija o consentimento de ambos os projenitores ou se trata de ato de particular
importancia; sendo que a falta de acordo nao é oponível a terceiro de boa fé. Porém, neste caso, o
padre tinha conhecimento da posiçao de Violenta, e segundo o nº2 do Artigo 1902º o terceiro
deve recusar-se a intervir no ato praticado apneas por um dos pais quando nao se presuma o
acordo do outro pai ou quando conheça a oposiçao deste. Os atos praticados por um só dos pais
sem o acordo do outro sao anuláveis, por aplicaçao analógica do Art 1893º segundo o Professor
JDP.
 Qual o vicio de que padece? O Professor JDP defende a aplicaçao
analógica do Artigo 1893º e isto é discutível porque: os atos que praticam
em relaçao a pessoa do filho é o mesmo vício que se pratica em relaçao
aos vícios relativos a bens patrimoniais. E entende-se que os atos
praticados em relaçao aos filhos sao muito mais gravosos e esses atos
devem ser sancionados com a nulidade (Art 294º) e era esta a posiçao da
Ana Filipa

NOTA: discutirmos a luz do Artigo 1901º e 1902º do CC. Nofundo tratando-se o batismo de um
ato que é suscetível de preencher o conceito de ato de particular importancia devia estar sujeito
ao consentimento de ambos os conjuges e é um ato de particular importancia. O consentimento
do outro conjuge nao se vai presumir e é necessário que os conjuges cheguem a acordo e o
tribunal terá que intervir, tentando a conciliaçao que uma vez frustrada o tribunal ouvirá o filho
se for possível e vai decidir qual a decisao/opçao a tomar. É possível que seja o tribunal a decidir
batizar (como caso do Acordao porque ambos os pais eram católicos e a decisao de um dos pais
era apenas esperar porque ele nao era contra o batismo). Ter em anteçao que os pais só podem
decidir algo sobre a vida religiosa dos filhos até ao 16 anos dos mesmos.
Qual o vicio de que padece? O Professor JDP defende a aplicaçao analógica do Artigo
1893º e isto é discutível porque: os atos que praticam em relaçao a pessoa do filho é o mesmo
vício que se pratica em relaçao aos vícios relativos a bens patrimoniais. E entende-se que os atos
praticados em relaçao aos filhos sao muito mais gravosos e esses atos devem ser sancionados
com a nulidade (Art 294º) e era esta a posiçao da Ana Filipa

3.Equacione agora que Sabrina, descobrindo dos intentos do marido e apercebendo-se da sua
irredutibilidade, entende que o casamento não pode prosseguir, divorciando-se com o
consentimento de Ulisses. Umas semanas após o divórcio, no qual fora decretado que Violeta
ficaria a residir habitualmente com o pai, que tinha mais disponibilidade para a acompanhar
durante o pré-escolar e para a transportar às atividades extracurriculares em que estava
inscrita e que passaria o fim-de-semana de quinze em quinze dias com a mãe, Violeta adoece
com uma apendicite enquanto estava em casa da mãe, sendo necessário decidir imediatamente
a submissão de Violeta a procedimento cirúrgico. Quid Iuris?
Segundo o Artigo 1878º, nº1 compete aos pais, no interesse dos filhos, velar pela
segurança e saúde destes, prover a seu sustento, dirigir a sua educaçao, representá-los, ainda que
nascituros e administrar os seus bens.

As responsabilidades parentais surgem como um meio de suprimento da incapacidade de


exercício dos menores nao emancipados.

Segundo o Artigo 1901º, nº1 na constancia do matrimónio, o exercício das


responsabilidades parentais pertence aos pais, sendo que nos termos do n2 os pais exercem as
responsabilidades parentais de comum acordo. Porém, o divórcio introduz modificaçoes no
exercício das responsabilidades parentais que passa a seguir um modelo de exercício conjunto
mitigado: as responsabilidades em questoes de particular importancia para a vida do filho sao
exercidas em conjunto por ambos os pais; as responsabilidades parentais relativas aos atos da
vida corrente do filho sao exercicio das apenas por um ou apenas por outro nos termos do Artigo
1906º, nº1 e nº3.

O conceito de questoes de particular importancia carece de densificaçao. Nos trabalhos


preparatórios da Lei nº 61/2008 é dada uma diretiva, esclarecendo que tais assuntos sao aqueles
que se resumem a questoes existenciais graves e raras na vida de uma criança, questoes essas que
“pertencem ao núcleo essencial dos direitos que sao reconhecidos às crianças”. A intervençao
cirurgica é tida como uma questao de particular importancia de forma praticatimente unanime
pela doutrina, pelo que suporia nos termos do Artigo 1906º, nº1 o exercício conjunto das
responsabilidades parentais.

No entanto, segundo o Artigo 1906º, nº1 segunda parte, nos casos de manifesta urgencia,
qualquer dos projenitores pode agir sozinho, devendo prestar informaçoes ao outro logo que
possível. Neste caso é dito que era necessário decidir imediatamente. Ora, se nao fosse possível
esperar pelo contacto do pai, entao Violeta podia decidir sozinha a intervençao.

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