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PM - DO - 2022-2023

Caso prático n.º 1.


[Remissão a DO]
António tem uma frustração doentia por nunca ter conseguido aprender a tocar bem pia-
no, frustração que aumentou quando Benta, filha de um amigo seu, começou a aprendê-lo. Ben-
ta foi evoluindo na sua arte até que, aos 18 anos, entrou no curso superior do Conservatório.
António ofereceu-lhe então € 25.000 para que nunca mais tocasse. Benta aceitou e António
pagou-lhe. Passado um ano, Benta arrependeu-se. Quid juris?

Caso prático n.º 2.


[Remissão a DO]
Por capricho, mas também por querer beneficiar Daniel, que estava desempregado, Célia
ofereceu-lhe € 50 pelo «serviço» de levar certa carrada de areia de construção do lugar onde
estava para outro lugar a 10 metros dali e trazê-la de volta ao ponto inicial. O trabalho devia ser
feito durante aquela tarde. Daniel aceitou e começou de imediato, mas Célia apareceu passado
um bocadinho dizendo-se arrependida. Quid juris?

Caso prático n.º 3.


[Remissão a DO]
O Casino do Parque Lumière (S.A.), como tantos seus congéneres, celebra contratos com
clientes (viciados) em que se obriga a impedir o cliente de entrar nas suas instalações. Nuns
casos, o contrato é gratuito. Noutros, o Casino cobra um pequeno valor. Etelvina, que aos seis
meses já se tinha de pé, celebrou um desses contratos. Passados uns dias, arrependida e cheia de
vontade de jogar, voltou ao Casino declarando «prescindir» da prestação. Entrou, jogou e perdeu
€ 5.000, que pretende agora recuperar. Quid juris? Tenha em conta a variação entre contratos
gratuitos e onerosos.

Caso prático n.º 4.


No ano passado, PM encomendou à Rem, S.A., por email, um computador com proces-
sador Xenpium VII.3, a 10 GHz, com 2560 Mb de RAM, 20 Tb de disco rígido (marca Wot),
sem monitor, com placa de som e colunas (marca Col), em caixa azul esverdeada. Segundo o

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catálogo, a compra ficava por € 2345. A Rem aceitou o contrato noutro email. A Rem só tem em
stock um aparelho daqueles. Que modalidade de obrigação se gerou? Quem é o proprietário
daquele aparelho?

Caso prático n.º 5.


Zoroastro contratou Xenofonte para lhe decorar a casa de campo, um solar na região do
Douro. Acordou-se a retribuição de € 1.500. Xenofonte, porém, anteviu dificuldades para a
realização do trabalho, porque talvez tivesse outras ocupações na altura acordada. Assim, ficou
acordado que Xenofonte, em vez de realizar aquele trabalho por aquele valor, podia simples-
mente desincumbir-se pagando a Zoroastro € 250, desde que o fizesse com certa antecedência.
Antes de tudo isso, porém, o solar de Zoroastro foi destruído num incêndio fortuito. Quid juris?

Caso prático n.º 6.


A Cabulina, SA, vende livros e outro material escolar. A escola Duarte Lopes comprou-lhe
100 exemplares de certo manual, por € 1000, a entregar em dado prazo. A Cabulina separou os
exemplares, no seu armazém. Logo depois, um pequeno incêndio fortuito consumiu metade dos
livros. A Cabulina tentou encomendar outros tantos à Editora, que respondeu que aquela obra
tinha acabado de esgotar, com uma venda de 500 exemplares à Fafelaria, SA. Esta até admite
vender alguns livros à Cabulina, mas a um preço superior ao praticado pela Editora. Além disso,
o transporte dos livros de Fafe até à escola Duarte Lopes também iria custar alguns tostões. A
Cabulina não está interessada em manter o negócio. Quid iuris?

Caso prático n.º 7.


Ésquilo é dono das últimas 200 garrafas de tinto de certa colheita de grande qualidade.
Fídias comprou-lhe, ao telefone, 100 das ditas, por certo preço. Fídias iria buscar as garrafas daí
a uns dias. Na manhã seguinte ao telefonema, porém, um incêndio fortuito destruiu 100 das gar-
rafas. Nessa tarde, com a confusão gerada, um ladrão, mais tarde identificado, levou as restantes.
Quem é que terá o ónus de reivindicá-las (se não tiverem desaparecido entretanto)?

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Caso prático n.º 8.


a) Teodora é proprietária de uma garrafa antiga de vinho do Porto, a única que sobra de
certa colheita. Vendeu-a pelo telefone a Teodorico, que ficou de vir buscá-la no dia seguinte. De
manhã, porém, vendeu-a de novo a Teodósio, que a levou. Pode Teodorico exigi-la a Teodósio?
b) Teodora é proprietária de duas garrafas antigas de vinho do Porto, as únicas que
sobram de certa colheita. Vendeu «uma delas» (sic) pelo telefone a Teodorico, que ficou de vir
buscá-la no dia seguinte. De manhã, porém, vendeu ambas a Teodósio, que as levou. Pode
Teodorico exigir uma delas a Teodósio? Quid juris se Teodósio soubesse do negócio anterior?

Caso prático n.º 9.


Antonino vendeu e entregou a sua quadriga a Benedito, devendo o preço ser pago em 48
suaves prestações, cada uma até às calendas. Acordou-se que Antonino ficaria proprietário até
ao fim dos pagamentos. Pouco depois, porém, uma alcateia de lobos maus comeu as quatro
bestas. Deve Benedito pagar o preço restante? Ou pode reaver o já pago?

Caso prático n.º 10.


Antonino alugou a sua quadriga a Benedito por quatro anos, e entregou-a. Os alugueres
seriam pagos até às calendas de cada mês. Pouco depois, porém, uma alcateia de lobos maus
comeu as quatro bestas. O que é que acontece aos alugueres vencidos e vincendos?

Caso prático n.º 11.


Ovídio estava em mora, já há meses, no cumprimento de certo contrato. Séneca, a
contraparte, mandou-lhe uma «interpelação admonitória, para efeitos do art. 808.º CC», determi-
nando como «prazo derradeiro» o dia 2 de Dezembro. Nada aconteceu. No dia 3, Séneca intenta
uma acção de cumprimento. Quid juris?

Caso prático n.º 12.


A Boncentrados, SA, encomendou 10 toneladas de tomate a António, a serem entregues
na sede da B., por 1000 €, a pagar no acto da entrega. A. ressalvou que só as levava daí a uma
semana, tendo B. anuído. Logo a seguir, A. telefonou a Carlos, encomendando-lhe 10 toneladas

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de tomate, a entregar a B., na sua sede. C. pagar-se-ia pelos 950 € estipulados recebendo o di-
nheiro de B. e transferindo o restante para a conta de A.. No dia seguinte, C. lá foi entregar o
tomate, mas B. não quer recebê-lo nem pagá-lo, argumentando que ainda não era o dia, que está
à espera do tomate de A. e que, mesmo que o recebesse, só pagaria a A. Este, ao telefone, exige
a B. que receba e pague. Quid juris? Se B. receber o tomate de C., poderá este exigir algum papel
que sirva de prova da entrega?

Caso prático n.º 13.


Deolinda encomendou uma estante a Etelvina, por 2000 €. A estante, a fazer segundo
desenho acordado entre ambas, ocupará cerca de 8 metros de parede, por 3 de altura. A madeira
é pinho. Um mês depois do contrato, estranhando o silêncio de Etelvina, D. telefona-lhe a
perguntar pelo andamento da coisa, tendo aquela sido bastante evasiva. Passado outro mês, D.
insiste, e insiste ainda um mês depois. Às tantas, já ameaça não querer as estantes. Etelvina
responde então que nunca estará em mora sem que um tribunal determine o prazo em que tem
de cumprir. Quanto mais.... Quid juris?

Caso prático n.º 14.


F. devia 11.000 € a G, a pagar em prestações de 1.000 € nos dias 7 de Janeiro a Outubro
de 2020. A dívida resultava de um contrato de empreitada. F. pagou a prestação de Janeiro, mas
falhou logo a de Fevereiro. G. enviou-lhe então uma carta, no dia 15 de Fevereiro, exigindo o
pagamento total. As partes tinham acordado juros de mora de 5%. No dia 15 de Fevereiro de
2021, F. mandou 10.000 € a G., e nunca mais pagou coisa alguma. Nesse dia, G. ainda ponderou
não aceitar o pagamento de F., mas acabou por fazê-lo. Podia ter recusado? Quanto é que F.
deve a G. no dia 15 de Fevereiro de 2022?

Caso prático n.º 15.


Por negócio unilateral, Gottlob obrigou-se a pagar 2000 € a quem, durante o dia 17 de
Outubro, lhe transportasse as suas 2000 cadeiras de um para outro anfiteatro de certa
universidade. Ludwig e Elisabeth, ao saberem do negócio, acordaram um com o outro fazer o
transporte a meias, começando às oito da manhã do dia indicado. A essa hora, porém, Ludwig
não estava no anfiteatro. Elisabeth decidiu não começar o transporte antes que Ludwig chegas-
se, o que só aconteceu já perto do meio-dia. Terá ela feito bem?

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Caso prático n.º 16.


J. e K. encontraram-se num café e acordaram que o primeiro vendia ao segundo o seu car-
ro, com a matrícula 99-99-XX, pelo preço de 10.000 €. J. entregaria o carro daí a 15 dias, sendo
o preço pago no momento. O contrato ficou a constar, em duplicado, de uns guardanapos de
papel assinados por ambos. Uma semana depois, K. vendeu o mesmo, noutro guardanapo, a L.,
por 12.000 €. Ao saber do segundo negócio, J. ficou furioso e comunicou a K. que «já não está
interessado» na venda. K., para não ter de se aborrecer, está a considerar a hipótese de
«rescindir» a compra. L., porém, diz que isso não pode ser, insistindo com K. para que force J. à
entrega. E pondera ele próprio tomar medidas. O que é que se pode fazer?

Caso prático n.º 17.


António é militar. Nos tempos livres, trabalha em computadores. Berenice contratou-o
para corrigir uma série de defeitos no seu computador, que se manifestavam já há alguns meses.
A. ficou de realizar o trabalho, por € 180, dentro de, no máximo, 15 dias. Entretanto, A. recebeu
ordem de partida, em missão militar, para um país longínquo, durante 3 meses. Sai cinco dias
antes de terminado o prazo para arranjar o computador de B.. A. telefonou a B. dizendo que já
não pode fazer-lhe o serviço. Esta diz que ele tem de vir fazê-lo antes de partir. Quid juris?
Qual a solução se A., em vez de ser militar, trabalhasse para uma multinacional?

Caso prático n.º 18.


Gilberto obrigou-se perante Hélio a entregar-lhe o seu cão de raça por seis vezes, em dias
seguidos, para tentar engravidar a cadela de Hélio. Gilberto recebeu 100 € quando fizeram o
acordo e teria ainda direito a ficar com um dos cachorros. Quid juris, supondo que:
a) O cão de Gilberto morre num acidente de viação antes da execução do negócio.
b) O cão de Gilberto morre num acidente de viação ao fim de três dias, sem que a cadela
tivesse engravidado.
c) O cão de Gilberto morre ao fim de três dias, mas a cadela já tinha engravidado.
d) O acasalamento corre bem, mas a ninhada morre ao fim de uns dias.

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Caso prático n.º 19.


Irene contrata Joana, por 200 €, para ir buscar certa máquina, em dia a indicar, à fábrica a
que Irene a comprou, deixando-a nas instalações desta. Por lapso do fabricante, a máquina foi
por ele levada às instalações de Irene. Quid juris?

Caso prático n.º 20.


a) Por escritura pública de Janeiro deste ano, António vendeu a Bento o seu apartamento.
A chave seria entregue com o pagamento do preço, que deveria ser realizado daí a um mês. Um
desabamento de terras, consequência da muita chuva, fez todo o edifício ruir entretanto. Que
reflexos tem o acidente nas obrigações das partes?
b) Por escritura pública de Janeiro deste ano, Antónia vendeu a Benta o seu apartamento.
No acto, Benta pagou metade do preço. Antónia precisava ainda de um mês para de lá tirar as
suas coisas e mudar-se. A casa seria entregue ao fim desse tempo, contra pagamento do restante
preço. Um desabamento de terras fez o edifício ruir. Quid juris?

Caso prático n.º 21.


a) Carlos vende mobílias em Mangualde. Daniel encomendou-lhe uma estante de certo
modelo. Como Carlos não tem serviço de distribuição abaixo do Mondego, acordou-se que ele
enviaria a estante através da transportadora É-Já, SA, pagando pelo transporte. A factura seria
emitida no momento do envio, que seria feito no prazo de um mês. Por negligência do condutor
da É-Já, houve um acidente que inutilizou a estante. Quid juris?
b) Daniela encomendou certa estante a Carla. Apesar de Carla normalmente não fazer
entregas abaixo do Mondego, acordou-se que Daniela receberia as estantes, no prazo de um
mês, na estação da É-Já em Lisboa, devendo pagar na altura. Por negligência do condutor da
É-Já..... Quid juris?

Caso prático n.º 22.


Da sua célebre colheita de vinho de 1990, Fernanda já só tem 200 garrafas. Vendeu 100 a
Gertrudes por € 1000, que viria buscá-las quando quisesse. Passados uns dias, Fernanda vendeu
120 garrafas para um casamento de arromba, em que terão sido bebidas, e avisou disso Gertru-
des. Gertrudes mandou um email a Fernanda dizendo que iria buscar as restantes 80 daí a uma

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semana e que Fernanda teria de pagar pelo prejuízo. Na verdade, Gertrudes vende aquelas gar-
rafas no seu restaurante a € 30 cada uma. Mas também é certo que Gertrudes vende outro vinho
com o mesmo sucesso, pelo mesmo preço e com iguais custos. Na véspera da vinda de Gertru-
des e apesar dos inexcedíveis cuidados de Fernanda, 20 garrafas foram furtadas. QJ?
Quid juris se Fernanda nada tivesse dito a Gertrudes?

Caso prático n.º 23.


a) Helena vendeu toda a sua colheita de trigo à Icereais, SA. O trigo devia ser entregue nas
instalações da Icereais «o mais tardar até 10 de Agosto». Colhido o trigo, Helena teve alguma
dificuldade em conseguir quem lho levasse em condições. No dia 12 de Agosto, ainda o trigo
estava por entregar. A Icereais informou então Helena de que já não estava interessada no trigo
e que, portanto, «rescindia o negócio». Ainda assim, Helena levou-o à Icereais no dia 14. QJ?
b) Quid juris se, no dia 11, a Icereais tivesse comprado igual quantidade de trigo a Joana,
ficando com isso totalmente ocupada a sua capacidade produtiva para esse ano?
c) Se houver uma grande necessidade de actuação rápida no mercado trigueiro, como é
que o advogado da Icereais devia tê-la aconselhado a redigir o contrato inicial?
d) Suponha que o atraso de Helena se deveu exclusivamente a uma falha do transportador
que ela tinha tempestivamente contratado. Alguma coisa se altera?
e) Suponha agora que Helena levou o trigo para ser entregue no dia 1 de Agosto. Por azar,
parece que todos os fornecedores da Icereais escolheram o mesmo dia para cumprir as suas
obrigações. Os homens contratados por Helena tiveram de esperar 24 horas para conseguir
fazer a entrega, de modo que Helena se viu contratualmente obrigada a pagar-lhes o acréscimo
de tempo despendido. Pode repercutir esse custo na Icereais?

Caso prático n.º 24.


António, agricultor, vendeu o seu pomar de laranjas à Citrinos, L.da, por 2000 euros. [Ou
seja, vendeu as laranjas, que haviam de ser colhidas pela própria Citrinos]. Antes da colheita,
uma chuva ácida destruiu três quartos das laranjas. António quer, ainda assim, que a Citrinos lhe
pague. Quid juris?

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Caso prático n.º 25.


O Sport Barroso e Lamarosa «vendeu» Zinho ao Desportivo da Lezíria. Zinho foi trocado
por € 20.000 e ainda por Zico e Zeco, que valem € 10.000 cada um. O negócio seria executado
no início da próxima época dos matraquilhos, e Zinho deveria ser entregue em bom estado de
saúde, sob pena de o DL poder repudiar o negócio. Ainda nesta época, Zinho sofreu uma
pequena lesão. Contudo, o SBL forçou-o a fazer mais alguns jogos, que agravaram o estado do
jogador, ao ponto de este ter de ficar inactivo, por imposição médica, durante largos meses.
Entretanto, o DL havia «vendido» Zinho a outro clube por € 50.000. O DL declarou ao SBL
que o contrato está resolvido, exigindo-lhe € 10.000 de indemnização. Quid juris?

Caso prático n.º 26.


Oráculo obrigou-se perante a Rádio Interior, por € 500, a comentar e prever os resultados
eleitorais à medida que eles iam saindo. Cumprido o seu dever cívico, lá se dirigiu ao Interior,
cheio de ideias e previsões. Vinha Oráculo a meio da viagem, porém, um incêndio nas instala-
ções da RI impossibilitou a transmissão radiofónica para os próximos tempos. Oráculo, ainda
assim, quer haver o seu. Quid juris?

Caso prático n.º 27.


Jasmim, pai de Jacinta, contratou com a Janquetes, L.da, a realização da festa de casamento
da sua filha com Albert Einstein (incluídas todos os disparates do costume). Pagou 5000 euros
de sinal, num valor total de 20.000 euros. Na véspera do casamento, Albert fugiu para o Uzbe-
quistão / Usbequistão. Quid juris?

Caso prático n.º 28.


Zebedeu é dono duma carrinha com a qual faz pequenos transportes. Em especial, por
contrato com a Pastelaria X, faz todos os dias a distribuição dos bolos por esta vendidos a vários
restaurantes. O contrato dura há dois anos. No dia 17 de Março de 2019, António ficou em casa
a dormir, porque se sentia deprimido, e faltou à entrega. A Pastelaria não conseguiu, por isso,
fazer chegar os bolos aos compradores. Furiosa, pretende resolver o contrato com Zebedeu.

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Caso prático n.º 29.


António obrigou-se a entregar certo parecer técnico até ao dia 20 de Fevereiro, último dia
em que Bento, o credor, poderia utilizá-lo. Na véspera, porém, um amigo de António, que o
visitava, caiu em cima do seu computador por negligência, tendo-se perdido todo o trabalho aí
armazenado, o que impediu António de cumprir. Quid juris?

Caso prático n.º 30.


Camila obrigou-se a fazer reparações numa das duas casas sitas em certa quinta de que
Daniela era dona, pelo preço global de € 35.000. Caberia a Daniela indicar a Camila qual das
casas pretendia recuperar. Por lapso dos trabalhadores de um outro empreiteiro de Daniela, uma
das casas foi demolida antes da indicação. Quid juris?

Caso prático n.º 31.


Eduardo obrigou-se a transportar certa máquina de Fernanda para as novas instalações da
sua oficina. Quando Eduardo estava a içar a máquina, para dar início ao transporte, partiu-se o
cabo que a prendia, tendo a máquina ficado destruída com a queda. Não se apuraram com
exactidão as causas da quebra do cabo. Quid juris?

Caso prático n.º 32.


João celebrou há pouco tempo um contrato de arrendamento com Manuela. As rendas
seriam pagas por transferência bancária, mas Manuela, apesar das insistências de João, ainda não
lhe deu o IBAN. As semanas vão passando. Quid juris?

Caso prático n.º 33.


Daniel deve € 1000 a Eduardo, a pagar daqui a seis meses. Daniel, infelizmente, teve de
informar Eduardo de que não estará em condições de cumprir a sua obrigação. Quid juris?
Quid juris se Daniel se tivesse obrigado a realizar uma pintura da casa de Eduardo pela qual
receberia certo valor?

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Caso prático n.º 34.


Por escritura pública do Janeiro passado, Felismina vendeu a Gilberta certo terreno em
área urbanizável. O terreno deveria ser entregue em Outubro próximo, contra o pagamento do
preço ainda em dívida. O prazo foi estipulado em benefício da Gilberta. Em Abril, uma vasta
zona em que se integrava o terreno em causa foi declarada reserva natural, ficando proibidas as
edificações urbanas. Quid juris civilis?

Caso prático n.º 35.


A Bibliófila, S.A., obrigou-se perante a UCP a produzir uma base de dados completa da
biblioteca e a reorganizar os livros segundo certos critérios. Convencionou-se o preço de € 100.
000. Feito o trabalho, a UCP foi observando alguns erros na catalogação, o que comunicou —
sem grandes efeitos, diga-se — à Bibliófila. Estimam-se em cerca de 3% os livros mal cataloga-
dos. Várias vezes instada a reparar a falta, a Bibliófila nada fez. Às tantas, a UCP avisou-a de
que, se não fizesse a devida correcção dentro de um mês, o trabalho seria entregue a outra enti-
dade. O que veio a acontecer. Conseguiu-se uma empresa mais barata, que cobrou apenas € 2.
500 pela correcção. Quid juris? E se a nova empresa cobrasse € 5.000?

Caso prático n.º 36.


Nuno obrigou-se a pintar o interior da casa de Ofélia. No contrato, estabeleceu-se que
Nuno não seria responsável pela tinta que sujasse a casa e as mobílias de Ofélia, salvo se o
sucedido se devesse a sua culpa grave. Quid juris?

Caso prático n.º 37.


Rita, construtora civil, obrigou-se a construir certo edifício para Teresa. Pelos atrasos na
construção, Rita pagaria € 50 por dia; € 100 a partir do 30.º dia, inclusive. Rita não seria porém
responsável, nem nos termos contratuais, nem nos termos gerais de direito, por quaisquer atra-
sos devidos aos seus empregados ou fornecedores. Quid juris?

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Caso prático n.º 38.


Antónia vendeu uma bicicleta de dois lugares a Benta e Carla. Recebeu logo ¼ do preço,
pago com um cheque de Benta. O resto seria pago daí a um mês. Pode Antónia exigi-lo a Carla?

Caso prático n.º 39.


a) Joana obrigou-se a instalar um sistema comum de alarmes nas moradias de Luísa,
Manuela e Noémia. Estas ficaram solidariamente obrigadas a pagar o preço respectivo. Feita a
obra, Joana recebeu todo o dinheiro de Luísa. Esta exige agora 2/3 desse valor a Manuela. Esta
responde-lhe que não paga coisa alguma, visto que, durante a instalação, Joana lhe causou por
negligência danos equivalentes a 1/3 do preço. Quid juris?
b) Suponha, pelo contrário, que Luísa recebeu 1/3 de Manuela, mas que Noémia, agora,
não paga a sua parte, tendo desaparecido para local incerto. Quid juris?

Caso prático n.º 40.


Yehudi e Stéphane, violinistas, obrigaram-se a tocar uma série de duetos por ocasião do
aniversário de Niccolò. Acordou-se ainda que, «havendo motivo grave para isso», poderiam os
artistas fazer-se substituir, um deles ou ambos, por intérpretes de igual valor (por assim dizer).
Niccolò pagaria € 200.000 pelo serviço. Stéphane, sentindo-se preguiçoso, solicitou ao credor
que o libertasse da obrigação, o que foi concedido. Quid juris? Qual a solução se o contrato
inicial fosse gratuito?

Caso prático n.º 41.


Górgias obrigou-se fazer certa investigação histórico-filosófica para Heródoto, pelo preço
de € 20.000. Para o bom sucesso da empresa, era necessário consultar várias bibliotecas espalha-
das pelo mundo e obter a colaboração de diversas entidades. Devido a dificuldades inesperadas e
alheias a qualquer das partes, as consultas e a colaboração só ocorreram um ano depois do espe-
rado. E só praticamente um ano depois do previsto, portanto, pôde o trabalho ser entregue.
Górgias exige agora € 20.599, dada a inflação de 3% nesse ano. Quid juris?
Quid juris se o preço fossem 20.000 dólares (USD)?
E se o preço fosse «o de 2 quilos de ouro»?

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Caso prático n.º 42.


No banco em que Eurípides tem certa conta a prazo, os juros da mesma capitalizam de 6
em 6 meses. Acha bem?

Caso prático n.º 43.


Diógenes devia ter pago € 10.000 à Pirro, L.da, faz hoje exactamente um ano. Mas o
dinheiro continua por pagar. Qual o capital hoje em dívida?

Caso prático n.º 44.


Maria vendeu o seu automóvel a Noémia, devendo o preço ser pago daí a seis meses. Para
não esperar tanto tempo, Maria passou o seu crédito a Otília, por um preço relativamente infe-
rior ao seu valor nominal. Findos os seis meses, Otília não conseguia que Noémia lhe pagasse e,
por isso, pretende resolver o contrato de compra e venda do automóvel. Quid juris?

Caso prático n.º 45.


Teresa comprometeu-se perante o Laboratório a realizar quatro estudos técnicos, pelo
valor total de € 10.000, a pagar daí a seis meses. Teresa vendeu o crédito a Umbelina quando já
tinha entregue dois dos estudos. Disso se notificou o Laboratório. Teresa, porém, não entregou
mais nenhum estudo. E os dois primeiros estavam cobertos de defeitos. Quid juris?

Caso prático n.º 46.


Segismundo é senhorio de Teófila, a inquilina. Por andar com dificuldades de dinheiro,
Segismundo vendeu ao Vanco «os seus créditos sobre Teófila relativos aos próximos dois anos
de rendas, num total de € 24.000 (€ 1000 por mês)». Passado menos de um ano, Segismundo
vendeu a casa arrendada a Onofre, que foi de tudo previamente informado. Quid juris?

Caso prático n.º 47.


Alberto vendeu o seu crédito sobre Albertina a Benedito e, depois, a Benedita. Albertina
tomou conhecimento da coisa através de um empregado de Alberto. Benedita mandou-lhe então

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um papelinho a comunicar a venda. No dia seguinte, Benedito fez o mesmo. A quem deve Alber-
tina pagar?

Caso prático n.º 48.


Joana deve € 50.000 a Luísa. Preparava-se para pagar quando soube que Luísa devia
€ 53.000 a Manuela e que esta se via em desesperantes dificuldades para cobrar. Será que Joana
consegue aproveitar a situação em seu favor?

Caso prático n.º 49.


João é fiador de Joana. José, não conseguindo haver o dinheiro de Joana, propôs acção
executiva contra João, que acabou por lhe pagar. João tem de intentar nova acção contra Joana
para receber o seu dinheiro?

Caso prático n.º 50.


Em Janeiro, António obrigou-se por contrato a fornecer a Bento, ao longo de um ano,
certas quantidades de carnes de qualidades variadas, a certos preços. Do contrato ficou a constar
uma cláusula do seguinte teor: «Durante a vigência do contrato, Bento terá o poder de indicar
uma pessoa que o substitua definitivamente nos direitos e obrigações provenientes deste contra-
to. Nesse caso, as carnes passarão a ser entregues nas instalações da pessoa nomeada, conquanto
sitas no concelho de Lisboa.»

Por contrato celebrado a 1 de Junho entre Carlos e Bento, o primeiro «assume os direitos
e obrigações» provenientes do contrato celebrado com António. Em troca, Bento obrigou-se a
pagar a Carlos, até ao dia 1 de Julho, € 500.

a) Acha verosímil o contrato entre Bento e Carlos? Que figuras jurídicas aí encontra?
b) No dia 8 de Junho, António entregou uma remessa a Bento, mas este recusou recebê-la, in-
formando nesse momento António do contrato com Carlos. António guardou, então, as
ditas carnes num armazém frigorífico perto das instalações de Bento, informando-o de que
poderia ir lá buscá-las se quisesse. No dia seguinte, António facturou as carnes a Carlos. As
carnes vieram a estragar-se, por ninguém as ter ido levantar. Quid juris?

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c) No dia 15 de Junho, ao receber a remessa seguinte, Carlos descobriu que Bento o tinha en-
ganado quanto aos fornecedores de António, e pretende anular o contrato. Quid juris?
d) Bento não pagou os € 500 a Carlos. No dia 8 de Julho, este informa António de que não
recebe nem paga carnes algumas enquanto Bento não lhe pagar o que deve. Quid juris?
e) Daniel era fiador de Bento. Às tantas, foi surpreendido por António, que lhe exigia um pa-
gamento que Carlos não realizara. Quid juris?
f) Suponha que, no caso da alínea b), Bento recebia e pagava a remessa de carnes daquele dia.
Pode impor uma «redução do preço» a Carlos?
g) Pode Carlos passar a Eduardo a sua relação com António?

Caso prático n.º 51.


Por contrato de mútuo, João ficou devedor de € 800 a Luís. Chegada a altura de pagar,
João estava com pouca liquidez. Felizmente, Luís concordou em, em vez do dinheiro, ficar com
o direito de João a receber 100 sacos de cimento de Manuel. João tinha-os encomendado por
€ 810. Informou-se Manuel de que o cimento «passou a ser» para Luís, devendo ser entregue na
obra deste, e não na de João. Manuel, de facto, entregou o cimento a Luís, preparando-se ainda
para lhe entregar a factura (de pagamento a 40 dias). Luís explicou-lhe, porém, que a factura
devia ser entregue a João.
a) Vários dos sacos de cimento entregues estavam molhados, e o cimento, portanto, par-
cialmente estragado. Luís tratou de pedir explicações a João. Quid juris?
b) Quid juris se a obra de Luís fosse mais longe das instalações de Manuel do que a do
João?

Caso prático n.º 52.


Eduardo devia € 12.345 ao Branco, tendo-se estipulado que o pagamento ocorreria no dia
1 de Janeiro e que, em caso de mora, se venceriam juros de 5% ao ano. No dia do pagamento,
porém, Branco causou negligentemente danos a Eduardo num valor próximo daquele. Eduardo
já não pagou. Foi esperando, esperando... Às tantas, enviou ao Branco a quantia devida e respec-
tivos juros, mas este pretende devolver o dinheiro, com o argumento de que a dívida se encon-
trava compensada. Quid juris?

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PM - DO - 2022-2023

Caso prático n.º 53.


Joana, acossada pelos credores, vendeu um terreno a Luísa, por € 90.000, planeando fazer
o dinheiro desaparecer com rapidez. Luísa sabia das grandes dificuldades de Joana, mas entrou
no contrato até por ter conseguido um preço favorável (o terreno valeria € 100.000, pelo me-
nos), pensando que Joana preferia pagar aos credores a esperar que os seus bens fossem execu-
tados e vendidos ao desbarato.
a) O Banco X moveu uma auto-intitulada «acção pauliana» contra Luísa, exigindo-lhe o
pagamento do seu crédito de € 200.000 ou a entrega do terreno, porque não consegue encontrar
quaisquer bens de Joana, excepto a propriedade sobre 20 táxis em serviço na Guiné -Bissau.
b) Luísa suscitou a intervenção acessória provocada de Joana, pretendendo ressarcir-se
contra ela de tudo quanto o Banco X lhe exige. Quid juris?
c) O Banco Y, outro credor, interroga-se sobre o que deve fazer perante aquela acção.

Caso prático n.º 54.

a) António vendeu um piano a Bento, ficando de entregá-lo daí a uma semana. O piano
seria pago em 10 prestações semanais; a primeira, de imediato, tendo-se Carlos constituído «fia-
dor e principal pagador» de Bento. Acordou-se um juro moratório de 9%. Passada uma semana,
Bento não pagou coisa nenhuma, mas António também não entregou o piano. António vem,
porém, exigir a Carlos a totalidade do pagamento. Quid juris?

b) Suponha que o piano já havia sido entregue e que Carlos cumpre. Este nada diz a
Bento, que transfere igual quantia para a conta bancária de António, nos termos do contrato.
Carlos intenta uma acção contra António e Bento pedindo a restituição do seu dinheiro, acres-
cido de juros de 9% a contar do momento em que pagou. Quid juris?

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