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Barreiras - BA
2016
DULCINÉA ARAÚJO DOS SANTOS
Barreiras - BA
2016
SISTEMA DE BIBLIOTECAS - UFBA/UFOB
CDD 371.8
DULCINÉA ARAÚJO DOS SANTOS
Banca Examinadora
A meu Santo Expedito, das causas justas e urgentes, meu protetor de todos os
momentos da vida.
Aos meus pais, Edinilso e Deuzilde, pelo exemplo de força, coragem e honestidade.
Por sempre terem me incentivado aos meus estudos e por me ensinar valores que
levarei pelo resto da minha vida.
Aos meus irmãos queridos Dalciene, Danilo e Josinei (in memoriam) por toda
compreensão durante esta jornada, e pelo apoio fundamental para a realização
deste sonho. Amo vocês!
A minha querida amiga Zane Oliveira, pela sincera amizade, pelo grande incentivo
nos meus estudos, por todos os momentos compartilhados desde o Ensino Médio
até a Universidade. Sou eternamente grata a você! Muito Obrigada, Amiga.
Aos meus tios Jailson e Adelice, por todo apoio e incentivo dado ao longo desses
anos de faculdade. Aos meus primos Cintia, Gilsimar, Cristina e Cristiana pelos bons
momentos de convivência.
RESUMO
A Escola Família Agrícola José Nunes da Mata, mais precisamente conhecida como
Escola Família Agrícola de Angical (EFAA), vem desenvolvendo atividades
educativas, com os filhos dos pequenos produtores do município e região, utilizando
como proposta de educação a Pedagogia da Alternância, cujo objetivo principal, é
garantir a formação integral dos jovens do campo e o desenvolvimento do meio,
fortalecendo a pequena propriedade, contribuindo no desenvolvimento da agricultura
familiar. Porém, ao concluir o curso Técnico em Agropecuária, o jovem escolhe
prestar serviço para o agronegócio. Com este trabalho, percebeu-se que a falta de
incentivo ao pequeno produtor, associada aos demais fatores relacionados com as
condições regionais, e a qualidade dos programas do Governo, fazem com que os
egressos, busquem melhores oportunidades de trabalho em outros seguimentos,
como é o caso do agronegócio, resultando na não continuidade desses jovens na
proposta da Escola Família Agrícola. Neste sentido, a presente pesquisa, tem o
objetivo de analisar a relação entre a qualificação dos filhos dos camponeses da
Reforma Agrária, no curso Técnico em Agropecuária ofertado pela EFAA e a sua
relação com o mercado de trabalho. Os procedimentos metodológicos utilizados
neste trabalho consistiram em revisão bibliográfica, atividade de campo e
questionários, para monitores e estudantes do 4° ano, bem como análises
documentais da escola, leitura e interpretação das informações e a elaboração da
monografia. Os resultados evidenciam que de 28 estudantes consultados, nenhum
optou ficar na propriedade com os pais, para colocar em prática os conhecimentos
técnicos adquiridos durante o processo de formação, engajado em seu meio e em
sua comunidade. A partir do resultado, é notória a necessidade de repensar os
objetivos e princípios da Escola Família Agrícola Jose Nunes da Mata. É importante
ressaltar que este trabalho não visa criticar o trabalho da escola, mas sim, de
proporcionar uma reflexão sobre as suas reais finalidades.
ABSTRACT
The School Agricultural Family José Nunes da Mata, precisely known as School
Agricultural Family Angical - BA has been developing educational activities, the
children of small farmers in the county and region, using as education proposal the
Pedagogy of Alternation, with the main objective ensure the comprehensive training
of rural youth and the development of the environment, strengthening the small
property, contributing to the development of family farming. However, to complete the
Technical Course in Agriculture, the young choose to provide service for
agribusiness. With this work, it was realized that the lack of incentives to small
farmers, associated with other factors related to regional conditions, and the quality
of government programs, make these graduates, seek better job opportunities in
other segments, such as in the case of agribusiness, resulting in no continuity of
youth in the proposal of the School Agricultural Family. In this sense, this research
has the objective to analyze the relationship between the skills of the children of
farmers of Agrarian Reform, the course in Agricultural Technical offered by the
School Agricultural Family Angical (EFAA), and its applicability in the labor market.
The methodological procedures used in this study consisted of a literature review,
field activity and discursive questionnaires for monitors and students of the 4th year,
desk reviews of the school, reading and interpretation of the information and finally
the preparation of the monograph. The results show of 28 students surveyed, none
chose to stay in the property with their parents, to put into practice the technical
knowledge acquired during the training process, engaged in their midst and in their
community. From the results, it is evident the need to environment the objectives and
principles of the School Agricultural Jose Nunes da Mata Family. It is important to
emphasize that this work is not intended to criticize the school work, but rather to
provide a reflection on their real purposes.
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 15
2. EDUCAÇAO E POLÍTICAS PARA O DESENVOLVIMENTO NO CAMPO .......... 18
2.1 Educação no campo no Brasil........................................................................................ 18
2.2 Problemáticas da Permanecia do Jovem no Campo ...................................................... 27
2.3 Antecedentes Históricos: MAISONS FAMILIALES RURALES ....................................... 31
2.4 Origens das EFAs no Brasil e na Bahia ......................................................................... 35
2.4.1 EFAs na Bahia ............................................................................................................ 41
2.5 Metodologia da Pedagogia da Alternância ..................................................................... 43
3. CARACTERIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO .................. 48
3.1 Características do município de Angical ........................................................................ 48
3.2 Localização da Escola Família Agrícola de Angical – BA ............................................... 50
3.3 Contexto Histórico da Escola Família Agrícola José Nunes da Mata ............................ 51
3.4 Espaço Físico ............................................................................................................... 55
3.5 Corpo Docente .............................................................................................................. 57
3.6 Os Estudantes ............................................................................................................... 58
3.7 Recursos Didáticos ........................................................................................................ 63
3.8 Estágio........................................................................................................................... 64
4.METODOLOGIA .................................................................................................... 66
5. A EFA EM ANGICAL-BA: DESAFIOS E PERSPECTIVAS ................................. 69
5.1. Monitores da Escola: Posicionamento e Saberes ......................................................... 69
5.2. Perspectivas dos estudantes do 4° ano do curso de Técnico em Agropecuária ............ 78
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 91
7. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 95
APÊNDICES............................................................................................................................102
15
1. INTRODUÇÃO
.
16
Nesse sentindo, o presente trabalho tem por objetivo geral analisar a relação
entre a qualificação dos filhos dos camponeses da Reforma Agrária no curso
Técnico em Agropecuária ofertado pela Escola Família Agrícola de Angical e a sua
relação com no mercado de trabalho. Acompanhados dos seguintes objetivos
específicos: Identificar quais são os postos de trabalho procurados pelos egressos
no Curso em Técnico Agropecuário; Analisar a necessidade de substituir o Ensino
Regular nessa escola, por uma Escola de Técnicos Agropecuários.
1
Os autores Fernandes e Caldart (2011), trazem uma discussão das diferenças dos prefixos no e do campo, onde
destacam que não basta ter uma escola no campo, e sim uma escola do campo que envolva a identidade, as
experiências, uma pedagogia voltada para os povos do campo.
19
Por outro lado, Leite (2002) afirma que a sociedade brasileira “acordou”
somente para educação rural devido ao forte movimento migratório interno nos anos
1910 - 1920, onde inúmeros camponeses deixaram o campo em busca de locais
onde o processo de industrialização era mais extenso. Porém, vários segmentos
das elites urbanas viam na fixação do homem no campo uma estratégia de evitar
uma explosão demográfica e outros problemas sociais na zona urbana.
2
Para um melhor detalhamento desses movimentos populares no Brasil, em favor da classe
camponesa, ver Dicionário da Educação do Campo, organizado por Molina et al (2012).
3
O trabalho de Araújo (2005), Escola Para O Trabalho, Escola Para A Vida: O Caso da Escola
Família Agrícola de Angical – Bahia, é um trabalho pioneiro pelo Programa de Pós- Graduação em
Educação, sobre as Escolas Famílias Agrícola no Estado da Bahia, mesmo sendo o segundo Estado à
implantar essas escolas.
21
Quanto ao MOBRAL, o projeto educacional era voltado tanto para zona rural,
quanto para a urbana, porém, visou exclusivamente à questão econômica do
regime, promovendo o aumento da produção e inibindo avanços sociais para as
classes trabalhadoras. “No balanço geral sobre o MOBRAL, o saldo é negativo. O
analfabetismo não foi erradicado no país” (LEITE; 2002 p. 52), Diante da
problemática, percebe-se o equívoco por parte dos idealizadores do projeto.
construir uma identidade própria nas escolas existentes no campo. Como exemplo,
podemos citar as Escolas-Família Agrícolas (EFA), que existem em vários Estados
acerca de 30 anos, voltadas para a educação dos filhos da agricultura familiar;
Alfabetização de Jovens e Adultos, através do trabalho do Movimento de Educação
de Base (MEB); a luta do Movimento Sem Terra (MST); o Movimento dos Atingidos
por Barragens (MAB);a luta dos indígenas e as diversas iniciativas de comunidades
e professores espalhados nos mais variados cantos do país.
Com a Articulação Nacional por uma Educação do Campo, que estabeleceu
parcerias com entidades, como o Fundo das Nações Unidas para a Infância
(UNICEF), a Organização das Nações Unidas para a Educação e Cultura
(UNESCO), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Universidade
de Brasília (UnB), além de contar com outros movimentos articuladores, como o
Movimento Sem Terra, os Centros Familiares de Formação por Alternância
(CEFFAs), desenvolvidas pelas Escolas Famílias Agrícolas (EFAs) e pelas Casas
Familiares Rurais (CFRs), propuseram uma discussão sobre educação do campo no
Brasil.
Conforme a LDB/1996, que prevê a regulamentação da educação nacional
em todos os níveis e modalidades de ensino, promoveu a primeira Conferência
Nacional Por uma Educação Básica do Campo aconteceu em Luziânia, GO, de 27 a
31 de julho de 1998, tendo como participação defesas do público alvo em questão,
como afirmam (ARROYO e FERNANDES, 1999, p. 05),”sobretudo envolvendo, de
modo muito participativo, expressiva quantidade de educadoras e educadores do
campo”. Nesta conferência, as discussões se deram em torno da formulação de
diretrizes e políticas públicas de educação para o campo.
Em 04 de dezembro de 2001, com a aprovação por unanimidade pelo
Conselho Nacional de Educação das Diretrizes Operacionais para a Educação
Básica nas Escolas do Campo – Resolução nº 01, de 03 de abril de 2002/CNE/MEC,
homologadas pelo Ministro da Educação em 12/02/2002, as discussões, sobre
Educação no Campo disseminaram. A aprovação dessa Diretriz representa para
Fernandes (2011)
[...] um importante avanço na construção do Brasil rural, de um campo
de vida, onde a escola é espaço essencial para o desenvolvimento
humano. É um novo passo dessa caminhada de quem acredita que o
campo e a cidade se complementam e, por isso mesmo, precisam ser
compreendidos como espaços geográficos singulares e plurais,
autônomos e interativos, com suas identidades culturais e modos de
24
No: o povo tem direito a ser educado no lugar onde vive; Do: o povo
tem direito a uma educação pensada desde o seu lugar e com a sua
participação, vinculada à sua cultura e às necessidades humanas e
sociais (CALDART, 2011, p.150).
Esta discussão possibilita o sujeito do campo a construir sua própria
identidade, tendo autonomia de poder construir uma proposta pedagógica a partir
do seu próprio lugar, sendo esta uma das aprovações das Diretrizes Operacionais
para a Educação Básica nas Escolas do Campo. Porém os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN, 1998) referem-se a uma educação para todos, procurando, de um
lado, respeitar diversidades regionais, culturais, políticas existentes no país e, de
outro, considerar a necessidade de construir referências nacionais comuns ao
processo educativo em todas as regiões brasileiras, ou seja, não pensam em uma
educação especifica para o meio rural e sim uma educação comum a todos. “A
26
Mas, quem é esse jovem que vive no campo? O que teria ou tem de
diferente de tantos outros jovens que vivem no meio urbano? Em que
pesem as especificidades de um e de outro, das peculiaridades
destes, nada. Simplesmente são jovens e, como tal, sonham com um
presente e um futuro onde possam viver com dignidade; trabalhar;
construir uma família - serem felizes (PERIPOLLI, 2011, p.10).
A partir desses questionamentos, traz a reflexão que, atualmente, os meios
de comunicação (televisão, o rádio, telefone e a internet) são meios que encurtam a
distância entre as diferentes realidades, no caso, entre o mundo rural e o urbano.
Para Franca-Begnami (2010), ao considerar os diferentes contextos de vida dos
jovens rurais, seus espaços de formação, trajetórias escolares, projetos pessoais e
profissionais, não existe uma definição de juventude rural e sim conceitos de
juventudes em construção.
Nosella 2012 4 , com toda sua experiência sobre a temática, expõe que “A
história das Escolas-Família é antes de tudo a história de uma ideia, ou melhor, a
história de uma convicção que permanece viva ainda hoje, contra tudo e contra
todos”. (NOSELLA, 2012, p.45). A escola foi uma ideia voltada para o meio rural,
que repense com o modelo urbano e atender os camponeses. O primeiro Maison
Familiale (MFR) nasceu na França em 21 de novembro de 1935 como solução,
definida pelos moradores locais, à recusa de jovens da área rural de frequentarem a
escola convencional.
4
É importante destacar que Nosella foi o primeiro autor a trabalhar Pedagogia da Alternância no Brasil
32
A visão era mais favorável à vida na cidade. Essa realidade levou o padre à
idealização de uma educação voltada ao meio rural que permitisse aos jovens a não
privação de sua família, da sua imprescindível força de trabalho, buscando a
integração entre escola, trabalho e família, nascendo à ideia de alternância. Desse
modo, no dia 21 de novembro de 1935, em uma cidade chamada de Sérignac-
Péboudou, interior da França, surge a Maison Familiale Rurale ou Casa Familiar
Rural.
MG
GO
MA
MS
RO
MT
TO
CE
RS
AC
ES
BA
AP
SE
PA
UF
RJ
PI
EFAS
1969
1974
1983
1984
1989
1989
1989
1994
1994
1994
1994
1995
1995
2000
2001
2009
2010
Fonte: UNEFAB /2012 citado por NOSELLA 2012
.
Tabela 2: Associações Regionais
Desse modo, o grande lutador na Bahia, para implantação das EFAs foi o
Padre italiano Aldo Lucchetta, junto com os líderes locais, estimulando a criação das
escolas. A Primeira experiência de EFA com sua pedagogia, a Alternância,
aconteceu no município de Brotas de Macaúbas, implantada em 1974 e com início
de funcionamento em 1975. Neste sentindo, Araújo (2005,) afirma que:
Outra associação criada foi a Rede das Escolas Famílias Agrícolas Integradas
do Semiárido (REFAISA), compreendendo os Estados da Bahia e Sergipe, estas
auxiliam técnica e pedagogicamente, todas as escolas, constituindo atualmente as
regionais com o maior número de EFA do Brasil, ou seja, 30 escolas nas diferentes
regiões do interior baiano, contando, em 2004, com 2.482 estudantes matriculados
(ARAUJO, 2005).
5
Na EFA, os professores são chamados de monitores, devido o papel desempenhado integralmente, no
acompanhamento dos alunos no período de permanecia na escola, quanto na família e comunidade.
44
Segundo Araújo (2005), Brejo de Angical foi o nome que denominou as terras
do município no início do século XIX, no qual o motivo era a existência da madeira
do angico. No ensejo, foram adquiridas pelos três irmãos da família Almeida (o
Coronel José Joaquim de Almeida, Joaquim Herculano de Almeida e Manuel
Frederico de Almeida.), vindos de Lençóis, na Chapada Diamantina, descendentes
de Portugal e que tinham muito prestígio junto ao Imperador do Brasil.
O terreno para construção da Escola foi doado pela Família José Nunes da
Matta (o nome da Escola, uma forma de homenagem ao doador) que se localiza na
Comunidade de Vila Nova (antiga Covas) a 1,5 km da sede. No dia 23 de agosto de
1995 acontece o primeiro mutirão com voluntários das comunidades rurais e do
município para a construção da escola.
A missa foi presidida pelo Bispo Dom Ricardo, da Diocese de Barreiras, com
a participação dos Pe. Geraldo e Reinaldo, de Barreiras. Após a missa, houve a
benção das instalações da EFAA e um momento cívico coordenado pelo Sr. Josafá
Ramos (atual vereador do município) além do pronunciamento das seguintes
pessoas: Pe. Geraldo – Presidente da AEFAA; Senhora Jussara da Matta Ribeiro e
o Senhor José Nunes da Matta, representantes da Família José Nunes da Matta,
doadora do terreno para a construção da EFAA, o Sr. Joaquim de Oliveira Nogueira
– representante da AECOFABA/UNEFAB e Sra. Terezinha Eloíza Batista –
monitora.
A EFA conta ainda com duas propriedades (Figura 02), uma com área de 48
ha, já beneficiada com pomar, uma área para pastagens, outra propriedade com
4.000m², onde se localiza o prédio escolar com uma área de pastagens, uma área
para cultivo de hortaliças (A), uma com pomar (B), plantas medicinais(C), um campo
de futebol para atividades esportivas(D), viveiros e uma área para culturas.
A B
C D
6
Amigo austríaco refere-se a entidades religiosas católicas, que contribuem através de doações, a fim
de ajudar manter a escola.
57
3.6 Os Estudantes
Neste trabalho foi identificado que os estudantes dessa EFA são provenientes
do município de Angical e municípios vizinhos como, Cotegipe, Riachão das Neves,
Barreiras, Luís Eduardo Magalhães, Baianópolis, São Desiderio e Santa Rita de
Cássia (Figura 08). Desde a mudança do Ensino Regular para o Ensino Técnico, a
escola vem sendo atraída por diversos estudantes de vários municípios da região.
IX, o CETEP, a Expo agro Barreiras e estão com projeto de participar de outra
conferência que acontecera em Petrolina-PE.
Nas aulas práticas (Figura 11), os estudantes vão para o campo aplicar os
conhecimentos adquiridos em sala de aula e vice-versa. Dentre as atividades estão:
cuidar da horta, do pomar, das plantas medicinais, cuidar dos animais, limpar a
pocilga, ordenhar as vacas, limpar a escola, aprender a fazer um canteiro, castrar
porco e bode, vacinar as galinhas, extrair as ervas daninhas da horta, fazer adubo
orgânico, preparar viveiro de mudas, dentre outras atividades.
Outro meio de transporte disponível na escola, são duas motos CG/125, que
são utilizadas pelos monitores para visitação às famílias dos estudantes que
residem nas comunidades mais próximas da escola. Além de dispor também de
trator com implementos agrícolas, empilhadeira, Kit de irrigação por gotejo;
enxadas, baldes, regadores, cavador serrote, forrageira e etc.
3.8 Estágio
7
Os estágios podem acontecer em outras Fazendas que não estão ligadas a escola ou Igreja, desde que
o aluno tenha uma autorização da escola de reconhecimento para a realização do estágio.
65
em casas de amigos, parentes próximos para cumprir esta exigência das Escolas
Família Agrícolas.
I I
II
4. METODOLOGIA
Revisão Bibliografica
Redação da monografia
Brasil. Foram utilizados também Elias (2012), Mondardo (2009), Dotto (2011),
Peripolli (2011), Castro (2005), Carneiro (2005), com esses autores, dentre outros,
inicia uma discussão voltada sobre a influência da expansão de complexas
agroindústrias barrando a agricultura familiar desde a migração do jovem rural para
o meio urbano e os problemas que enfrentam no campo. Na questão relacionada às
origens das EFFAs e sua expansão no Brasil e na Bahia e sobre a metodologia da
alternância, foram utilizadas referências de Araújo (2005) Nosella (2012) Azevedo
(2005), Begnami (2003) Ribeiro (2010) Burghgrave (2003), Vergutz (2012),Queiroz
(1997),bem como, consultas das leis e de sites relevantes como IBGE, MEC,
UNEFAB,SEI dentre outros que circundam com o tema. Os mesmos serviram como
suporte para a realização de fichamentos de aspectos relevantes deste trabalho de
monografia.
8
A pesquisadora optou por trabalhar com as iniciais dos nomes dos monitores e dos estudantes que
responderam os questionários.
69
Para avaliação da relevância dos dados, foi dividido em dois itens. O primeiro
item aborda as opiniões dos monitores sobre a escola, os desafios, as expectativas,
a formação. O segundo item apresenta a visão dos estudantes do 4° ano, sobre a
escola e suas expectativas quando egresso.
9
Texto disponível na aba Histórico, no site www.unefab.com.br.
70
Uso de tecnologias
Técnicas de criação e tratamento dos animais
Fonte: SANTOS, Dulcinea Araújo (Julho/2015)
Líder Resistente
Técnico Qualificado
Idealista Critico
Consciente Preparado
No inicio muito mais, pois a ideia da EFA em Angical surgiu da Igreja, hoje
continua mais com menos intensidade (J.B.Z. S, 2015).
10
Informação verbal, do monitor J.S. D. Agosto/2015.
77
20 18
21 18
20 18
19 17
21 18
18 18
21 18
17 a 21 anos
19 19
17 19
19 18
20 18
20 20
18 18
18
20
TOTAL 15 homens 13 mulheres
Fonte: SANTOS, Dulcinea Araújo (Julho/2015)
maioridade, onde apenas dois são menores de idade. Esses 28 estudantes são
oriundos de diferentes municípios da região, como mostra a tabela 2 a seguir.
ANGICAL 13
BARREIRAS 05
BAIANOPOLIS 03
COTEGIPE 02
SÃO DESIDERIO 01
11
Queiroz (1997), em sua dissertação, intitulada O processo de Implantação da Escola família
Agrícola (EFA) de Goiás, identificou 70 alunos matriculados em três anos de atividades da escola,
sendo estes alunos provenientes de Assentamento de Reforma Agrária, Pequenas Propriedades
Rurais Cidade e Povoado.
80
NOME DA NUMERO DE
CATEGORIAS LOCALIDADE ESTUDANTES
Benfica 01
Assentamento de Reforma Agraria Umburuçu 01
Varjão 01
Pequenas Propriedades Rurais Brejo 01
Angical e
Cidade Distrito 04
Missão de
Aricobé
Mandim 03
Povoado Alto da Santa 01
Cruz
São Joaquim 01
Fonte: SANTOS, Dulcinea Araújo (Julho/2015)
Nesta análise é possível perceber que a maioria dos estudantes da turma
trabalhada é da cidade de Angical e seu distrito Missão de Aricobé. Já no
Assentamento de Reforma Agrária, tem três estudantes, o número considerado
baixo, haja vista que a escola foi criada pensando em atender principalmente os
filhos de agricultores dos assentamentos do município.
A partir do exposto, entende-se que existe, uma problemática, uma razão por
parte dessa categoria com a escola. Em conversa com o monitor sobre este
assunto, ele acredita que este número de estudantes vem diminuindo, devido ao
“fácil acesso” de hoje de irem até a cidade, pois a prefeitura em parceria com o
Estado disponibiliza transporte todos os dias para os estudantes se locomoverem
da sua casa para a escola. O monitor acredita ainda que os pais dos estudantes
acham esta uma melhor alternativa para os filhos irem e voltarem todos os dias.
Porém, é importante ressaltar que estes são casos que vêm acontecendo, mas
somando os estudantes de toda a escola, ainda existe um número significativo que
moram em assentamentos e que estudam na Escola Família Agrícolas de Angical.
perde a naturalidade com que era vivida até então pelas famílias e pelos indivíduos
envolvidos (DALCIN E TROIAN, 2009).
BASE BASE
COMUM COMUM
Alunos
Alunos
PARTE PARTE DIVERSIFICADA
DIVERSIFICADA
01 15 Agricultura, zootecnia e
Irrigação.
Agricultura e
zootecnia
02 16 Agricultura, zootecnia e
ADM. Rural
Português Zootecnia, Agricultura Matemática
e ADM. Rural
09 Construções e 23 Zootecnia
Instalações
10 Agricultura e 24 Zootecnia
zootecnia
13 Agricultura 27 Educação
Física
Perguntados sobre quais são assuntos que mais discutem em sala de aula,
as opiniões dos jovens estudantes foram diversas como se pode observar:
84
A questão 17, “Qual ou quais cursos de nível superior você considera como
área de conhecimento mais relevante para a vida e atuação na sociedade, e na
comunidade onde mora? Por quê?”, os cursos mencionados pelos os estudantes
foram Agronomia, Veterinária, Pedagogia, Medicina, Psicologia, Ciências Contábeis,
Engenharia Ambiental, Zootecnia e Direito, como pode ser observado no quadro 05
abaixo:
Cursos de nível superior como área(s) de conhecimento mais relevante para a vida e
atuação na sociedade e na comunidade
Assim compartilha -se com Nogueira (1999, apud ARAÚJO, 2005) que é de
fato um sonho do movimento ESCOLA-FAMÍLIA oferecer aos filhos de pequeno
agricultor uma Faculdade de agronomia; para isso tem a FAPA (Faculdade de
86
organizações sociais para que haja inclusão da escola como uma dimensão social
das comunidades do campo.
Vai depender das propostas que irei receber, mais darei todo o
suporte necessário quando minha família precisar (I.R. C,2015)
Pretendo estudar para ter mais conhecimentos nas áreas que mais
preciso (L.A.T. S, 2015).
Eu e minha família não temos muito recursos, por isso pretendo fazer
faculdade de Agronomia e ingressar no mercado de trabalho (J.C.B.
S, 2015).
Tenho intuito de garantir uma melhor renda para minha família, para
isso a melhor opção é trabalhar onde a oferta de salário é maior
(C.P. S, 2015).
morando no campo por entender que eles podem morar viver bem e ganhar mais
com a prática da agricultura familiar, pelo fato de serem filhos e filhas dos
proprietários da terra. Porém cabe ressaltar que na época de sua pesquisa o ensino
da EFAA era regular e atendia apenas o fundamental, não era uma escola Técnica.
Desse modo a diferença de resultados talvez se agregue na mudança do ensino
regular para uma escola Tecnificada.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com este trabalho foi possível perceber que a Escola atende jovens de toda
Região Oeste, não restringe apenas aos filhos de pequenos produtores do
assentamento da Reforma Agrária de Angical, como é idealizada no município.
Mediante esta questão, a pesquisa evidenciou que o número de estudantes
oriundos de assentamentos rurais é baixo. A partir disso, surgem novos problemas
a serem pesquisados, a Escola família Agrícola de Angical tem trabalhado com
projetos de extensão, nos assentamentos do município, para mostrar o fundamento
real da escola? Os assentados conhecem de fato a Escola Família Agrícolas?
Ficam aqui problemas propostos a serem pesquisados.
Subsídio teórico que possam contribuir com os planejamentos das políticas públicas
do município de Angical, em prol da agricultura familiar e dos jovens do campo;
6. REFERÊNCIAS
ABRAMOVAY, R.; SILVESTRO, M.; CORTINA, N.; BALDISSERA, T.; FERRARI, D.;
TESTA, V. M. Juventude e agricultura familiar: desafios dos novos padrões
sucessórios. Brasília: UNESCO, 1998, 104p.
ALMEIDA. I.P. Oeste Baiano 2000. São Paulo: Câmara Brasileira do Livro, 1999.
ARAÚJO, Sandra Regina Magalhães. Escola para o trabalho, escola para a vida: o
caso da escola família agrícola de Angical – Bahia Salvador, 2005. Dissertação
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ARAUJO. Cintia Soares. SANTANA. Maria Ioneide. Aula de Campo e Ensino de
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Acadêmicos, Code, 2011.
101
APÊNDICE
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1. Nome _______________________________________________________
2. Naturalidade__________________________________________________
3. Profissão ____________________ Função na EFA ___________________
4. Considera o ensino da EFA diferenciado das outras instituições? Por quê?
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104
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11. Qual interlocução da EFA com o sindicato dos trabalhadores rurais de Angical?
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1. Nome:_______________________________________________________
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8. No período que passa em casa com sua família, você coloca em prática o que
aprende na escola? Como?
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10. Quais ou quais cursos de nível superior você considera como área (s) de
conhecimento mais relevante para a vida e atuação na sociedade, na
comunidade onde mora?
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12. O que a EFAA representa na sua vida como estudante e como cidadão?
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