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NavioNegreiro CastroAlves Poesiaword
NavioNegreiro CastroAlves Poesiaword
Navio Negreiro
Castro Alves
I
II
Do Espanhol as cantilenas
Requebradas de langor,
Lembram as moças morenas,
As andaluzas em flor!
Da Itália o filho indolente
Canta Veneza dormente,
— Terra de amor e traição,
Ou do golfo no regaço
Relembra os versos de Tasso,
Junto às lavas do vulcão!
Os marinheiros Helenos,
Que a vaga jônia criou,
Belos piratas morenos
Do mar que Ulisses cortou,
Homens que Fídias talhara,
Vão cantando em noite clara
Versos que Homero gemeu ...
Nautas de todas as plagas,
Vós sabeis achar nas vagas
As melodias do céu! ...
III
IV
VI
O índio foi um herói bem mais fácil de ser forjado, pois existia apenas como mito, não participava
da sociedade e tinha valor heróico, por causa da sua tradição guerreira. Assim, o negro, em Castro
Alves, é quase sempre um mulato com feições e sensibilidade de um branco. O amor é tratado como
um encantamento da alma e do corpo e não mais como uma esquivança ou desespero ansioso dos
primeiros romances.
A temática social abordada por Castro Alves, explicitada na denúncia dos horrores da escravidão e na
luta pela sua abolição, difere por completo dos tópicos recorrentes na fase do Ultra-Romantismo ou "Mal
do Século", representados por poemas que abordam, num universo de pessimismo e angústia, os
seguintes aspectos: individualismo, solidão, melancolia, frustração e morte.
Um dos mais conhecidos poemas da literatura brasileira, O Navio Negreiro – Tragédia no Mar foi
concluído pelo poeta em São Paulo, em 1868. Quase vinte anos depois, portanto, da promulgação da
Lei Eusébio de Queirós, que proibiu o tráfico de escravos, de 4 de setembro de 1850. A proibição, no
entanto, não vingou de todo, o que levou Castro Alves a se empenhar na denúncia da miséria a que
eram submetidos os africanos na cruel travessia oceânica. É preciso lembrar que, em média, menos da
metade dos escravos embarcados nos navios negreiros completavam a viagem com vida.
Composto em seis partes, o poema alterna métricas variadas para obter o efeito rítmico mais adequado
a cada situação retratada. Assim, inicia-se com versos decassílabos que representam, de forma
claramente condoreira, a imensidão do mar e seu reflexo na vastidão dos céus.