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1 Teorias Praticas Educacao Infantil Cenes
1 Teorias Praticas Educacao Infantil Cenes
DISCIPLINA
TEORIAS E PRÁTICAS DA EDUCAÇÃO
INFANTIL
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Teorias e Práticas da Educação Infantil |
Sumário
Sumário
Sumário ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 2
1 Concepções de Infância e Instituições de Atendimento ----------------------------------- 3
1.1 O Surgimento da Infância--------------------------------------------------------------------------------------- 3
1.2 O Surgimento da Educação Infantil -------------------------------------------------------------------------- 5
1.3 O Surgimento da Infância no Brasil -------------------------------------------------------------------------- 7
2 A Educação Infantil no Brasil -------------------------------------------------------------------- 11
2.1 Histórico ----------------------------------------------------------------------------------------------------------- 11
2.2 Legislação --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 20
A Constituição Federal e a Educação Infantil --------------------------------------------------------------------------------- 20
O Estatuto da Criança e do Adolescente e a Educação Infantil ---------------------------------------------------------- 21
A Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional, LDB 9394/96 e a Educação Infantil ---------------------- 22
O FUNDEB e a Educação Infantil ------------------------------------------------------------------------------------------------- 24
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil --------------------------------------------------------------- 26
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil – RCNEI ------------------------------------------------------ 26
A Educação Infantil Pós LDB------------------------------------------------------------------------------------------------------- 30
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Pode-se perceber que a instituição da infância na sociedade foi marcada por duas
posturas distintas com relação à educação das crianças: ou se tinha a criança como
um ser frágil, dependente do adulto, que precisava ser protegido e poupado das más
influências do meio social; ou então se via a criança como um ser “bruto” que
necessitava ser “lapidado” pela educação e o modelo do adulto.
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Os séculos XVII e XVIII foram palco para a ascensão de uma classe social,
constituída de artesãos e comerciantes, que se fortaleceu economicamente, fazendo
surgir novas organizações na sociedade, entre elas, a família nuclear. Com o
surgimento da família nuclear, o conceito de infância vai assumindo relevância social.
Educar as crianças, que antes era uma preocupação da sociedade, passa a ser tarefa
primordial das famílias.
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cada tempo e cada espaço social. Desde as sociedades indígenas, no período colonial,
as crianças pequenas eram cuidadas pelos adultos, para brincarem e aprenderem
coisas necessárias a sua sobrevivência, até que tivessem idade para assumir funções
nas tribos. Assim, observavam as atividades dos adultos e ouviam suas histórias.
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Ainda que vivessem em uma condição mais favorável, havia diferença com
relação às crianças criadas na casa grande, pois o direito à escolarização era dado
somente aos meninos, assim como os mais importantes papéis na sociedade. Desde
cedo, os meninos eram criados para serem os grandes varões, frequentavam escolas,
aprendiam a dar ordens, para assumir, mais tarde, o posto de senhor, chefe da família
e de toda a propriedade: escravos, terras e riquezas. As meninas aprendiam a obedecer
e a se tornar mulheres prendadas. Eram criadas para casar-se e procriar. Poucas
sabiam ler e esse aprendizado, na maioria das vezes, acontecia em casa com ajuda dos
adultos da família.
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Ser criança mesmo no mundo atual é ter infância? Mas qual infância? Sabemos
que muitos dos direitos infantis continuam sendo violados: crianças sem família
biológica ou substituta, crianças as quais faltam alimentos, remédios e médicos,
crianças exploradas, abusadas ou negligenciadas, crianças que trabalham, crianças
sem creche ou pré-escola... Ainda falta muito para que todas as crianças possam ser
crianças e vivam o seu tempo de infância. Uma luta que deve ser dos educadores e de
toda a sociedade.
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2.1 Histórico
O objetivo dessa discussão é fazer um percurso histórico pelo atendimento à
criança pequena no Brasil, identificando suas diversas concepções e propostas.
Logo depois, o nome da instituição passou a ser Casa dos Expostos e foi
transferida para uma habitação no bairro de Santa Teresa, onde permaneceu até 1850.
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Nas Rodas dos Expostos e Asilos mantidos pela Santa Casa, as crianças só ficavam
abrigadas até completarem 7 anos de idade, ou fim da “meninice”, como era
considerada a infância no século XIX. Quando completavam 7 anos, as crianças eram
encaminhadas para o trabalho.
A partir da Roda dos Expostos, segundo a autora, o que se verifica nos registros
históricos são iniciativas, vindas dos chamados higienistas, para conter o alto nível de
mortalidade infantil da época:
Nos estudos de Monarcha e Kuhlmann Jr. (2001), consta que, em 1883, o Inspetor
Geral de Instrução Pública do Brasil publicou o relatório da visita que fez às instituições
europeias de educação infantil, inclusive ao Jardim de Infância de Fröebel:
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O Jardim de Crianças, como era chamado, tinha por objetivo atender a elite
carioca, e recebia somente meninos, de 3 a 6 anos. Oferecia uma série de atividades,
como: ginástica, pintura, desenho, exercícios de linguagem, cálculo, história, geografia
e religião (Ibidem: 33). Kuhlmann Jr. considera esse fato relevante para a compreensão
do pensamento brasileiro da época com relação à educação institucional de crianças
pequenas, destacando o projeto de Menezes Vieira como pioneiro no Brasil pela sua
estrutura e pelo fato de destinar-se exclusivamente à educação infantil. Porém, antes
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A educação, como instituição vista, nesse período, como preparatória para a vida
em uma sociedade promissora, precisou transformar-se para estar afinada com as
mudanças na sociedade e, principalmente, com as relações de produção e trabalho. A
educação tecnicista, corroborada pela Lei 5692/71, concebia a escola como o espaço
para a preparação dos indivíduos e como a grande promotora de uma sociedade
desenvolvida. Até a homologação dessa Lei, o ensino primário (correspondia do 2º ao
5º ano do Ensino Fundamental), já era garantido pelo Estado na rede pública do país.
A partir de 1971, a obrigatoriedade é estendida para oito anos de escolaridade,
ampliando a oferta da educação pública e criando o ensino de 1º grau, dos 7 aos 14
anos.
Nesse contexto, a educação infantil, até então somente assistencial, passa a ser
vista como compensatória, cuja função era suprir carências e preparar as crianças
pequenas para o ingresso no ensino de 1º grau. O grande paradoxo nessa questão é
que, apesar de considerada importante, pois iniciava os pequenos estudantes na
escolarização de 1º grau, essa etapa da educação não era compreendida, legalmente,
na educação formal. Daí chamada de pré-escolar (anterior à escola).
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Nesse período, com relação à educação infantil, grande ênfase foi dada à faixa-
etária de 4 a 6 anos, pois representava um período da vida da criança cuja educação
deveria ser compartilhada entre família e escola, para garantir uma trajetória no ensino
de 1º grau mais promissora. Com relação às crianças menores, até os 3 anos, eram
atendidas nas creches, porém as poucas mantidas pelo poder público tinham um
caráter ainda assistencial, substitutivo da família, ou seja, para compensar sua
ausência. Não havia cunho pedagógico, e sim recreativo em seu atendimento, e o
setor governamental responsável era a saúde ou os órgãos destinados à assistência
social.
A história nos conta que, pelo caráter não-formal, essas instituições públicas que
atendiam as crianças de 0 a 6 anos, trabalhavam, em sua maioria (e principalmente as
públicas), com pessoas voluntárias, leigas e pouco escolarizadas, sem formação
específica. Sua função era a higiene, a alimentação e o cuidado das crianças,
principalmente a sua segurança; não havia preocupação com o trabalho educativo,
muito menos na qualificação das pessoas que faziam o atendimento às crianças nas
instituições, enquanto, nas creches e pré-escolas particulares, essa preocupação com
o trabalho educativo já era notada. O número de instituições de educação infantil
privadas cresceu consideravelmente nessa época, até pela ausência de uma ação
governamental mais efetiva com as crianças pequenas e suas famílias, e o incentivo,
pelas políticas governamentais, para a privatização dos serviços essenciais, como a
educação.
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24, que “empresas que tenham a seu serviço mães de menores de sete anos serão
estimuladas a organizar e manter, por iniciativa própria ou em cooperação com os
poderes públicos, instituições de educação pré-primária” (LEI n.º 4024/61, Título I, Art.
24).
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2.2 Legislação
A Constituição Federal e a Educação Infantil
(...)
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(...) Serviu ainda como base para construção de uma nova forma
de olhar a criança: uma criança com direito de ser criança. Direito
de afeto, direito de brincar, direito de querer, direito de não
querer, direito de conhecer, direito de sonhar. Direito ainda de
opinar: pelo ECA, a criança e o adolescente são considerados
sujeitos de direito (Ibidem: 184).
A atual LDB estabelece a educação infantil como direito das crianças, opção das
famílias e dever do Estado. Pela primeira vez, em um texto legal, é considerada como
um nível da trajetória escolar das crianças brasileiras, compondo, com o ensino
fundamental e o ensino médio, a educação básica.
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Para entender um pouco mais sobre esse recurso, leia o trecho abaixo, retirado
do site oficial do MEC, sobre o FUNDEB:
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Nesse sentido, a educação infantil não recebia recursos do governo federal para
sua manutenção, ficando a cargo das prefeituras, dentro de suas possibilidades, uma
vez que, pela prioridade legal, o atendimento ao ensino fundamental absorve grande
parte dos recursos destinados à Educação.
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• A individualidade e a diversidade;
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ordem física, afetiva, cognitiva, ética, estética, de relação interpessoal e inserção social
(Ibidem: 47).
Com relação aos conteúdos, são considerados nos Referenciais como a “matéria-
prima” do conhecimento e, portanto, o meio pelo qual os propósitos de cada
instituição vão se materializar. Os conteúdos, por sua vez, vão contemplar fatos,
conceitos e princípios que emergem da vida social e cultural, possibilitando às crianças
uma ampliação das suas “hipóteses acerca do mundo ao qual pertencem e
constituindo-se em um instrumento para a compreensão da realidade” (Ibidem: 49).
Para que esta forma de organização seja possível nas mais diversas realidades
existentes no Brasil, os Referenciais orientam, como metodologia de trabalho, que o
tempo institucional nas creches e pré-escolas seja planejado a partir de:
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Grosso modo, poderíamos definir as políticas públicas como o meio pelo qual o
Estado participa da organização e funcionamento de setores da sociedade. Elas
traduzem o estabelecimento de regras, metas e diretrizes que orientam o
planejamento e o desenvolvimento de ações de um determinado setor (ROSSETTI-
FERREIRA, 2001: 181).
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Fonte: Educ. Soc., Campinas, vol. 25, n. 86, p. 57-74, abril 2004 67
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A autora nos mostra que a Pedagogia é uma ciência humana, que trata das
questões que dizem respeito à educação de homens e mulheres, portanto a sua
humanização, refletidas no contexto histórico e cultural no qual foram pensadas e
elaboradas, através da interação entre a lógica racional da ciência e a experiência
cultural dos homens.
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ideias da moral e dos bons costumes e os saberes que poderiam garantir uma vida
social harmônica. A ideia de uma educação permanente também foi postulada por
Comênio em seus nove princípios fundamentais para que toda escola pudesse atingir
seus objetivos educacionais com sucesso.
Todos os ramos principais que uma árvore virá a ter, ela fá-los despontar de seu
tronco logo nos primeiros anos, de tal maneira que depois apenas é necessário que
eles cresçam e se desenvolvam. Do mesmo modo, todas as coisas que queremos
instruir num homem para a utilidade de toda a vida deverão ser-lhes plantadas logo
nesta primeira escola (COMÊNIO in ALMEIDA 2002).
O século XVIII, também chamado de século das luzes, representou a busca pelo
conhecimento da ciência. O homem debruçou-se na possibilidade de saber cada vez
mais e também dominar a natureza. A humanidade vai se tornando tecnológica;
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Rosseau dizia que a infância só poderia ser compreendida pelos adultos se estes
conseguissem apreender a simplicidade da vida. Em seus pressupostos inatistas,
afirmou que a natureza humana era pura, porém os males da vida em sociedade é que
corrompiam o homem e o desviavam de sua natureza, transformando-o em um ser
egoísta e cheio de conflitos. Nesse sentido, a educação, para Rosseau, era a grande
responsável na valorização de sua natureza e na promoção do desenvolvimento
harmonioso da sociedade.
Em suas ideias, defendeu uma educação que fosse o resultado do livre exercício
das capacidades infantis e enfatizasse não o que era permitido à criança conhecer,
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mas o que fosse capaz de saber e aprender. Propôs, com isso, uma educação que
permitisse a curiosidade e a liberdade da criança, em que a emoção predominasse
sobre a razão, e essas ideias criaram condições para que, mais tarde, as brincadeiras
infantis ocupassem os espaços de educação de crianças pequenas.
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Suas contribuições foram, então, valiosíssimas para a educação infantil, tanto pré-
escolar, quanto para creche; podemos considerar que as marcas do trabalho e da
filosofia rosseauriana estão presentes nas instituições de educação infantil até os dias
de hoje.
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Segundo Formosinho, Kishimoto & Pinazza (2007: 37), Fröebel, já naquela época,
trazia aspectos fundamentais para a compreensão do desenvolvimento infantil como
“o papel do brincar no desenvolvimento da linguagem, a educação e o cuidado, as
linguagens integradas na educação de crianças pequenas e a formação do educador”,
que, na visão das autoras, foi extremamente importante na promoção de uma
pedagogia da infância. A filosofia e as propostas de Fröebel influenciaram não só a
Europa, como diversas partes do mundo, assim como o Brasil, como já visto nos
tópicos anteriores deste instrucional.
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Dessa forma, Lina estava sempre alegre e ativa, porque não sentia
o tempo pesar, não existia mau humor em sua vida, ao contrário,
porque sempre estava contente e animada, ela sempre foi o
deleite especial de seus pais, assim como um exemplo para outras
crianças, as quais gostariam de ser o mesmo para os seus pais, e
também gostam de brincar e são felizes de forma viva, ordenada
e ativa. (FRÖEBEL, 1917: 286 in ARCE, 2002: 110)
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A partir desta lei, Fröebel buscou explicar sobre as coisas que nos fazem humanos
por natureza, assim como aquilo que nos diferencia uns dos outros. Afirmava que na
relação com a natureza, e com os outros seres de outras espécies, era possível
perceber quem somos, a nossa unidade e a nossa essência humana. Portanto,
conectando-se ao mundo das coisas, era possível conhecê-las e fazer um
autoconhecimento.
Fröebel estabelecia uma relação de causa e efeito entre infância e vida adulta.
Para ele, compreender e valorizar a infância significava a solução para muitos males
da vida adulta. Também procurava explicar marcos presentes no desenvolvimento dos
humanos na própria história da evolução da humanidade.
Sua contribuição para a educação infantil foi, sem dúvida, essencial. Uma série de
princípios relevantes no trabalho com crianças pequenas foi postulada por Fröebel,
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Nesse contexto, podemos destacar o médico belga Ovide Decroly (1871- 19632),
que iniciou seu trabalho na educação especial, propondo uma pedagogia voltada para
o interesse e as necessidades das crianças. Fundamentada na psicologia, sua proposta
privilegiava as atividades individuais e coletivas das crianças, organizadas a partir de
centros de interesse. Desta forma, Decroly pretendia substituir os textos dos livros da
pedagogia tradicional por um conjunto de saberes, inerentes aos interesses,
necessidades e curiosidades da criança, essenciais no seu desenvolvimento.
A educação, segundo ele, não se restringia à preparação para a vida adulta, como
pressupunha a escola tradicional. Para o pensador, a criança devia viver intensamente
a sua idade e ser desafiada à vida no seu tempo e na medida certa de suas
potencialidades. O método de trabalho de Decroly era fundamentado no que ele
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próprio considerava como questões de natureza da infância, uma etapa da vida das
crianças: descobrir, brincar, expressar-se livremente e ser ajudada e cuidada pelos
adultos. Desta forma, era possível que o desenvolvimento seguisse seu percurso
natural.
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homem. (...) A criança cria a própria ‘cerne mental’, usando as coisas que estão no
ambiente” (Ibidem: 118).
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Uma ação pedagógica sobre as crianças pequenas, para ser eficaz, deverá ser, em
primeiro lugar, dirigida para este fim: ajudá-las a avançar na vida da independência.
Ajudá-las a aprender a andar sem ajuda, a correr, a subir e a descer as escadas, a
apanha os objetos tombados, a vestir-se e a despir-se, a lavar-se, a falar para exprimir
claramente as suas próprias necessidades, a fazer ensaios para chegar a satisfazer os
seus desejos, eis aí a educação da independência (Ibidem).
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Celestin Freinet
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O professor teria que ser formado para dedicar-se menos ao ensino e mais a
deixar viver, a organizar o trabalho, a não obstaculizar o impulso vital da criança. Trata-
se de um papel essencialmente antiautoritário dar à criança consciência de sua força
e convertê-la em autora de seu próprio futuro em meio à grande ação coletiva
(Ibidem: 178).
O legado que Freinet deixou para a educação propõe uma nova organização
escolar, através de um modelo de gestão do tempo e do espaço a partir da
participação, da cooperação e da coletividade. Sanches & Elias, colocaram, em seus
estudos sobre a pedagogia de Freinet, que suas ideias sofreram grande influência do
pensamento anarquista alemão e do marxismo. Seu modelo de gerenciamento do
cotidiano escolar pressupunha a quebra de uma série de paradigmas e de rituais,
possibilitando uma escola mais participativa. Tudo que tornasse a rotina escolar rígida
deveria ser abolido de sua prática: o programa, a seriação, a fragmentação em
disciplinas, a organização rígida de horários, entre outras questões (SANCHES & ELIAS
in FORMOSINHO et al, 2007: 161).
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da pesquisa experimental. Esses três eixos de trabalho, para Freinet, eram a base para
a formação do indivíduo cooperativo, participante e responsável, pilares fundamentais
de uma sociedade democrática.
Henri Wallon
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Jean Piaget
Sua teoria ficou sendo conhecida como construtivismo, uma vez que, para ele, o
ato de conhecer significava organizar, estruturar e explicar suas percepções do real a
partir da própria experiência, e não somente reproduzir ações ensinadas. Propôs, no
entanto, uma epistemologia genética do conhecimento humano, estudando a gênese
do conhecimento, desde as suas formas mais elementares até as mais complexas
situações de organização cognitiva.
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social (Piaget, 1973). Essas ideias constituem a essência de sua visão construtivista
acerca do desenvolvimento (LOURENÇO, 1994, 1997; FLAVELL, 1991 in FORMOSINHO
et al 2007: 197).
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A partir dos sete anos, quando a criança inicia na escola suas experiências formais
de acesso ao saber socialmente organizado, sua atividade inteligente já começa a lhe
permitir operações lógicas, ainda que apoiadas em situações concretas. Nessa etapa,
Piaget classifica a inteligência infantil de operatório-concreta, que vai se prolongar
até, mais ou menos, os doze anos de idade, quando se inicia a fase da adolescência.
Na adolescência até a fase adulta, o sujeito vai ampliando sua capacidade de uso da
inteligência reflexiva, já sendo possível realizar operações lógicas, o que a define como
formal.
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A linguagem e o pensamento humano têm sua origem na vida social dos sujeitos,
sendo essa dimensão sócio-histórica e cultural que vai sustentar a forma como
Vygotsky postula a relação desenvolvimento e aprendizagem, que para o teórico são
processos interdependentes e interativos, em que a aprendizagem vai se efetivar em
contextos sociais específicos.
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3.3 Conclusão
Atualmente, o cotidiano nas instituições é visto como parte fundante das
pedagogias infantis, pois funciona como organizador de todas as experiências que as
crianças vão viver no coletivo com outras crianças, nos espaços das creches e/ou pré-
escolas. Barbosa (2006) coloca que, no Brasil, as ações do cuidar, educar e socializar
crianças pequenas estão presentes nas diversas propostas destinadas à educação
infantil. Já autores italianos, segundo a autora, cuja bibliografia tem sido referência em
muitas discussões sobre educação infantil, incorporam também questões ligadas à
arte, ao imaginário da criança e valorizam, como parte essencial da rotina, as
atividades livres (BARBOSA, 2006: 204).
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Referências
Referências
ALMEIDA, Ordália Alves. “Educação Infantil na História: a História da Educação Infantil”.
In: Congresso Brasileiro de Educação Infantil. OMEP/BR/MS, 2002.
ARCE, Alessandra. Lina, uma criança exemplar!: Friedrich Fröebel e a pedagogia dos
jardins-de-infância. Revista Brasileira de Educação. mai/jun/jul/ago., 2002, n.º 20.
BARBOSA, Maria Carmen Silveira. Por amor e força: Rotinas na Educação Infantil. Porto
Alegre, RS: Artmed, 2006.
CAMPOS, Maria Malta; FERREIRA, M. Isabel & ROSEMBERG, Fúlvia. Creches e Pré-
escolas no Brasil. São Paulo: Cortez Editora, 1995.
CANDAU, Vera Maria (org.). Reinventar a Escola. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
FREIRE, Madalena. A paixão de conhecer o mundo. São Paulo: Paz e Terra, 1994.
GADOTTI, Moacir. História das ideias pedagógicas. Rio de Janeiro: Ática 2005.
GARCIA, Regina L. & LEITE FILHO, Aristeo (org.). Em defesa da Educação Infantil. Rio
de Janeiro: DP&A, 2001.
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Referências
KRAMER, Sonia (org). Com a pré-escola nas mãos: uma alternativa curricular para a
educação infantil. São Paulo: Ática, 1993.
LEITE FILHO, Aristeo. “Direitos das crianças, desafi os dos educadores”. In: ASBREI,
Anais pré-congresso. Rio de Janeiro, set., 2003.
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