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Ao longo de minha vida, o Senhor me abençoou com visitas a muitos mosteiros e conventos, tanto na
Europa como nos Estados Unidos, onde homens e mulheres vivem a vida religiosa de forma plena:
liturgia solene cantada, um cronograma exigente, jejum e abstinência, muito estudo e lectio divina,
trabalho manual... O pacote completo.
Em muitos casos, esses monges e religiosas vivem uma vida, em essência, pouco diferente da vida dos
pais e mães do deserto dos tempos antigos, como se a modernidade, com suas complexidades cada
vez maiores e uma confusão cada vez mais profunda, não tivesse nada de importante a lhes dizer. E
eles estão certos: ela só poderia falar-lhes de forma lúgubre do mundo, da carne e do demônio,
enquanto eles estão buscando o céu, a graça e Deus, para si e para outros. Não precisam estar
atualizados, na correria com todas as outras pessoas, num desejo frenético de ser notado, de ser
relevante, de estar na vanguarda. Na verdade, é o mundo que precisa desesperadamente desses
monges e religiosas, de sua oração, de sua paz. Por serem irrelevantes e imperceptíveis em sua
jornada diária de oração e penitência, eles possuem um remédio que cura as vítimas da mudança
implacável, da atividade frenética e da autocomiseração.
Essas visitas não me deixaram apenas impressionado. Mudaram minha forma de pensar sobre o que é
realmente importante na vida e na Igreja.
É o mundo que precisa desesperadamente desses monges e religiosas, de sua oração, de sua paz.
Enquanto participava dos bastidores da vida de cristãos para quem a Eucaristia, pão dos anjos descido
do céu, é verdadeiramente a fonte e o ápice de todo o seu ser e fonte de sua alegria, comecei a me dar
conta da magnitude da morte que a vida religiosa tradicional sofreu no período posterior ao Concílio
Vaticano II. Nos mosteiros e casas religiosas, regras com séculos de existência foram subitamente
descartadas; hábitos foram modificados ou abandonados; a rotina diária de oração foi duramente
reduzida ou mesmo substituída por novidades insignificantes; a Santa Missa perdeu o espírito
contemplativo, rebaixada a experimentos arbitrários e subjetivos. Locais que foram epicentros de
devoção em cidades, províncias e países não podiam mais oferecer a leigos sedentos a concentração
da oração e a pureza de visão que ardentemente desejavam. Os que conhecem as estatísticas sabem o
que aconteceu: em poucos anos, a vida monástica colapsou em quase todos os lugares, já que
muitos abandonaram suas vocações. Congregações e ordens inteiras desapareceram da face da
terra.
Embora um número muito maior de fiéis tenha sido prejudicado pelas inovações e pela dissidência nas
paróquias e dioceses, a perda da plenitude da vida cristã vivida nos conventos e mosteiros, em total
conformidade com Cristo, Sumo Sacerdote e Vítima, foi um golpe devastador no coração do Corpo
Místico de Cristo na terra. Se a oração é o oxigênio da alma, como o Padre Pio disse certa vez, o
colapso da vida monástica representou uma desoxigenação da força vital da Igreja. Tem-se
afirmado com frequência que a vitalidade missionária e externa da Igreja é diretamente proporcional à
vitalidade da vida contemplativa nela escondida, assim como o aspecto de uma pessoa depende da
saúde do seu coração.
Temos a sorte de estar vivos exatamente agora, em meio à fase inicial de recuperação, à medida que o
número de comunidade religiosas autênticas de homens e mulheres cresce rapidamente, pela
misericórdia de Deus, apesar da masmorra, do fogo e da espada (ou de seus equivalentes
eclesiásticos). Que o Senhor, que ama a fecundidade da vida escondida, a joia da contemplação
celeste e o sol ardente da justiça interior, possa ter misericórdia de nós e nos salvar, pois Ele é benigno
e ama a humanidade, e a Ele glorificamos, Pai, Filho e Espírito Santo, hoje e sempre para todo o
sempre. Amém.