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Indicadores Educacionais Confeccionados
Indicadores Educacionais Confeccionados
Capítulo 1
As bases de dados do INEP e os indicadores educacionais: conceitos e aplicações
José Irineu Rangel Rigotti e Cézar Augusto Cerqueira
Capítulo 2
Indicadores educacionais confeccionados a partir de bases de dados do IBGE
Juliana de Lucena Ruas Riani e André Braz Golgher
Capítulo 3
Variáveis de educação dos censos demográficos brasileiros de 1960 a 2000
José Irineu Rangel Rigotti
Capítulo 2:
INDICADORES EDUCACIONAIS CONFECCIONADOS A PARTIR DE
BASES DE DADOS DO IBGE
Este capítulo introduz alguns aspectos das bases domiciliares fornecidas pelo IBGE
– os Censos Demográficos e as Pesquisas Nacionais de Amostra por Domicílios (PNADs)
–, analisando as suas vantagens e desvantagens. Estas bases são abordadas principalmente
no que tange às variáveis educacionais nelas presentes. Tanto os Censos quanto as
PNADs são importantes para o estudo da educação por possibilitarem o cálculo de vários
indicadores educacionais que podem ser desagregados em vários níveis de unidades
geográficas e em variados grupos demográficos e/ou socioeconômicos, como nível de
renda, idade, sexo, grupo educacional dos pais etc., além de permitirem o estudo de
séries históricas. Num segundo momento, é apresentada a metodologia de cálculo para
um conjunto de indicadores educacionais derivados a partir das bases domiciliares. Com
estes indicadores foi possível construir um quadro da evolução da educação brasileira,
bem como analisar vários aspectos e problemas do ensino no país.
*
Doutoranda em Demografia e pesquisadora no Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar)
da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Doutor em Demografia pelo Cedeplar/UFMG e professor do Departamento de Economia da Faculdade de
**
Censos Demográficos
1
Para mais informações, veja a documentação dos microdados da amostra do Censo de 2000 em IBGE (2002).
92 Indicadores educacionais confeccionados a partir de bases de dados do IBGE
2
Tocantins é o único estado dessa região cuja área rural é coberta pela pesquisa.
3
Em 1994, por motivos técnicos, não foi realizado o levantamento da PNAD.
Riani, J.L.R. e Golgher, A.B. 93
trabalho. Dessa forma, quando se deseja fazer uma análise da série histórica
utilizando diversas PNADs, deve-se ter o cuidado de considerar essas mudanças
metodológicas, bem como as revisões feitas nas projeções populacionais usadas
na ampliação da amostra.
Os temas investigados nos levantamentos suplementares permitem realizar
pesquisas mais detalhadas sobre alguns pontos específicos que não seriam
possíveis apenas a partir do questionário básico das PNADs. Os temas investigados
nos levantamentos suplementares das PNADs, desde a década de 1980, foram:
saúde (1981 e 1998); participação político-social e estoque de aparelhos
utilizadores de energia (1982); educação (1982); mão-de-obra e previdência
(1983); fecundidade feminina (1984); situação do menor (1985); anticoncepção,
acesso a serviço social, suplementação alimentar e associativismo (1986); mercado
de trabalho (1989 e 1999); mobilidade social (1996); trabalho infantil e de
adolescentes (2001).
Os dados das PNADs também são disponibilizados pelo IBGE via publicações
e internet. Especificamente sobre educação, encontram-se dados sobre o número
de pessoas classificadas de diferentes maneiras: analfabetos por sexo e situação
de domicílio; por anos de estudo, por sexo e por situação de domicílio; por grau
e série que freqüentavam, por sexo, por situação de domicílio e por grupos de
idades. Estes dados estão disponíveis para Brasil, Grandes Regiões e Unidades
da Federação. Assim como os dados censitários, os dados das PNADs obtidos
em publicações ou via internet permitem calcular vários indicadores educacionais.
Para uma análise mais refinada, porém, deve-se adquirir os microdados.
TABELA 1
Exemplo fictício de microdados para o arquivo Pessoas
4
Na Parte 3, capítulo 2, deste livro é feita uma discussão mais detalhada das variáveis educacionais presentes nos
Censos Demográficos desde 1960.
96 Indicadores educacionais confeccionados a partir de bases de dados do IBGE
Variável v0432 => Curso mais elevado que freqüentou, tendo concluído ao
menos uma série
Respostas possíveis: 01 - Alfabetização de Adultos
02 - Antigo Primário
03 - Antigo Ginásio
04 - Antigo Clássico, Científico etc.
05 - Ensino Fundamental ou 1o Grau
06 - Ensino Médio ou 2o Grau
07 - Superior – Graduação
08 - Mestrado ou Doutorado
09 - Nenhum
Variável v315 => Última série freqüentada com aprovação para pessoas
que não mais freqüentam a escola
Respostas possíveis: 00 - Ainda freqüenta escola
01 a 08 - Série que freqüentou (1ª a 8ª série)
09 - Sem declaração
Variável v317 => Grau da última série freqüentada para pessoas que não
mais freqüentam a escola
Respostas possíveis: 00 - Ainda freqüenta escola
01 - Elementar
02 - Médio – 1o Ciclo
03 - Médio – 2o Ciclo
04 - 1º Grau
05 - 2º Grau
06 - Superior
07 - Doutorado/Mestrado
08 - Alfabetização de Adultos
99 - Sem declaração
5
Na PNAD de 2001 as variáveis v0603 e v0607 sofreram pequenas modificações nas suas categorias de resposta
(ver dicionário dos microdados da amostra da PNAD de 2001).
100 Indicadores educacionais confeccionados a partir de bases de dados do IBGE
Variável v0609 => Concluiu com aprovação pelo menos a 1ª série deste
curso que freqüentou
Respostas possíveis: 01 - Sim
03 - Não
09 - Ignorada
Variável v0610 => Última série concluída neste curso que freqüentou
Respostas possíveis: 01 a 08 - Série que freqüenta (1ª a 8ª série)
09 - Ignorada
Variável v0611 => Concluiu este curso que freqüentou anteriormente
Respostas possíveis: 01 - Sim
03 - Não
09 - Ignorada
Riani, J.L.R. e Golgher, A.B. 101
TABELA 2
Estrutura de resposta dos quesitos de educação nas PNADs (1992 a 2001)
série basta cruzar estas duas variáveis, conforme o exemplo acima. Com a
mesma lógica constrói-se a matrícula nas séries seguintes, obtendo-se a
distribuição da população em todas as séries. A linguagem utilizada foi a do
programa computacional SPSS.
No CD anexado a este livro encontram-se vários algoritmos para construir
os anos de estudo tanto para as PNADs das décadas de 80 e 90, como para os
Censos Demográficos de 1991 e 2000. Eles foram feitos utilizando a linguagem
computacional SPSS, que é um pacote estatístico muito popular em ciências
sociais, mas existem muitos outros pacotes que também podem ser utilizados.
Pela manipulação direta das bases de dados por meio de algoritmos
específicos pode-se obter uma ampla gama de indicadores em demografia da
educação. Na próxima seção são discutidos alguns deles.
Taxa de analfabetismo
ou com 15 anos ou mais de idade (mais utilizada pelo INEP), mas existem
inúmeras outras possibilidades. Considera-se analfabeto aquele indivíduo que é
incapaz de ler e escrever ao menos um bilhete simples na sua língua de origem.
Nos questionários das PNADs e dos Censos Demográficos ele é captado pela
pergunta “Sabe ler e escrever?”. Aquele que responde “não” é considerado
analfabeto.
A fórmula abaixo mostra como calcular a taxa de analfabetismo:
onde:
TA é taxa de analfabetismo;
Pana é a população analfabeta de um determinado grupo etário; e
P é a população total nesse mesmo grupo etário.
GRÁFICO 1
Taxa de analfabetismo na faixa de 15 anos ou mais – Brasil, 1950/2000
60
T ax a de A na lfabetismo
50
40
30
20
10
0
1950 1960 1970 1980 1991 2000
Ano
GRÁFICO 2
Taxa de analfabetismo da população de 15 anos ou mais para diferentes países – 2000
GRÁFICO 3
Taxa de analfabetismo da população de 15 anos ou mais – estados, 2000
sistema de educação, ou seja, é uma medida de estoque. Desta forma, ela não
seria apropriada para avaliar os recentes avanços na educação, uma vez que
políticas educacionais geralmente são voltadas para a população em idade escolar,
com prioridade para o sistema de ensino básico. Avanços educacionais recentes
são, portanto, diluídos pelas deficiências do passado.
Para captar o avanço de políticas voltadas para o ensino básico e auxiliar
na formulação de políticas de alfabetização de adultos, é conveniente analisar a
taxa de analfabetismo por faixa etária. Desta forma, também se estaria tirando
o efeito composição da estrutura etária que está embutido nesta taxa. Como o
maior número de analfabetos concentra-se nas idades mais velhas, uma
população mais envelhecida pode ter uma taxa de analfabetismo mais alta que
outra mais jovem, mesmo que elas tenham as mesmas taxas por grupos etários.
No Gráfico 4 encontram-se as taxas de analfabetismo para diferentes grupos
de idade em 2001. Note-se que, diferentemente dos Gráficos 1 e 3, que foram
baseados nos dados do Censo Demográfico, o Gráfico 4 foi construído a partir
dos resultados da PNAD. Fica bastante evidenciado o diferencial entre as gerações.
A maior taxa nas populações mais idosas é resultado da deficiência do sistema
106 Indicadores educacionais confeccionados a partir de bases de dados do IBGE
GRÁFICO 4
Taxa de analfabetismo por grupo etário – Brasil, 2001
50
45
40
Taxa de analfabetismo
35
30
25
20
15
10
0
15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54 55 a 59 60 a 64 65 a 69 70 e
mais
Grupo Etário
Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2001.
GRÁFICO 5
Taxa de analfabetismo para a população de 15 anos ou mais por sexo
e situação de domicílio – Brasil, 2001
GRÁFICO 6
Taxa de analfabetismo para a população de 15 anos ou mais
por rendimento domiciliar – Brasil, 2001
onde:
P0 é a população com zero ano de estudo;
P1 é a população com um ano de estudo;
P17 é a população com 17 anos de estudo; e
P é a população total.
As pessoas com zero ano de estudo são aqueles que nunca estudaram e os
que, se freqüentaram a escola, não conseguiram ser aprovados nem na 1ª série
do Ensino Fundamental. Os indivíduos com um ano de estudo são aqueles que já
foram aprovados na 1ª série do Ensino Fundamental mas ainda não foram aprovados
na série seguinte, e assim sucessivamente.
A escolaridade média é um importante indicador educacional porque na sua
estimativa estão embutidas as taxas de rendimento escolar – aprovação,
reprovação e evasão –, bem como o grau de atendimento do sistema de ensino.
Portanto, altos níveis de atendimento escolar e taxas de aprovação tendem a
elevar a escolaridade média, uma vez que há maior número de pessoas dentro da
escola e que estas estão progredindo para séries mais avançadas. Por outro lado,
taxas de evasão e reprovação maiores tendem a diminuir a escolaridade média.
Dessa forma, esta é uma boa medida síntese das taxas de rendimento escolar e
do nível de atendimento do sistema de ensino.
O Gráfico 7 mostra a evolução dessa variável para a população brasileira
entre os anos de 1981 e 2001, em uma série histórica obtida pelo uso de todas as
PNADs realizadas entre esses anos. Cabe lembrar que em 1991 e em 2000 as
PNADs não foram realizadas porque foram anos de Censos, e que em 1994
problemas técnicos impediram a realização da pesquisa. Note-se que a escolaridade
do povo brasileiro aumentou de forma lenta na década de 80 e, depois disso,
passou a aumentar mais rapidamente6.
6
Um aumento na quantidade que vem acompanhado, em geral, de um incremento na qualidade. Todavia, deve-
se ter em mente que nem sempre essa relação é verdadeira.
Riani, J.L.R. e Golgher, A.B. 109
GRÁFICO 7
Anos médios de estudo da população de 7 a 25 anos total e por sexo – Brasil, 1981-2001
GRÁFICO 8
Anos médios de estudo da população de 7 a 25 anos segundo o grupo de anos de estudo
do chefe de família – Brasil, 1981-2001
GRÁFICO 9
Anos médios de estudo da população de 7 a 25 anos segundo a cor do chefe de família
– Brasil, 1982-2001
8,0
7,0
6,0
5,0
Anos de Estudo
4,0
3,0
4,0
1,0
0,0
82 84 86 87 88 89 90 92 93 95 96 97 98 99 2001
PNAD
GRÁFICO 10
Anos médios de estudo da população de 15 anos ou mais – Brasil e Grandes Regiões, 2000
8.00
7.00
6.00
5.00
4.00
3.00
2.00
1.00
0.00
Nordeste Norte Brasil Centro-Oeste Sul Sudeste
7
Nos anos de 1981, 1983 e 1985 a PNAD não incluiu o quesito sobre cor ou raça, impossibilitando a desagregação
da escolaridade média nesses anos.
112 Indicadores educacionais confeccionados a partir de bases de dados do IBGE
onde:
PPAE é a porcentagem da população por anos de estudo;
Pi,c é a população com c anos de estudo em um determinado grupo etário i; e
Pi é a população total no mesmo grupo etário.
Nos Gráficos 11 e 12 são mostradas as porcentagens da população com 10
anos ou mais de idade por anos de estudo. No Gráfico 11, onde este indicador
está desagregado por sexo, percebe-se nos níveis mais baixos de escolaridade
uma proporção maior de homens do que mulheres, tendência que é invertida
nos níveis mais elevados. Dois outros fatos chamam a atenção: a grande
proporção de pessoas com zero ano de estudo (mais de 12%, próxima à taxa de
analfabetismo8) e os picos que ocorrem para 4, 8 e 11 anos de estudo. Estes
picos são devidos à maior evasão escolar na conclusão de níveis bem definidos
de escolaridade: 4ª série (antigo Elementar completo), 8ª série (Ensino
Fundamental completo) e 3ª série do Ensino Médio (Ensino Médio completo).
Este fenômeno é chamado de efeito certificado.
Quando se analisa a porcentagem da população com c anos de estudo
segundo a situação de localização do domicílio (Gráfico 12), é confirmado o
maior percentual de pessoas com maior escolaridade nas áreas urbanas,
relativamente às rurais. Esse fato pode ser parcialmente explicado pelas diferenças
no mercado de trabalho entre esses dois setores, com uma forte presença de
atividades agropecuárias na zona rural e a maior participação dos setores
industriais e de serviços nas cidades.
8
Nem todos os que possuem zero ano de estudo são analfabetos, pois, relembrando, só se considera analfabeto
aquele que não sabe ler nem escrever um bilhete simples.
Riani, J.L.R. e Golgher, A.B. 113
GRÁFICO 11
Porcentagem de pessoas com 10 anos e mais de idade com c anos de estudo,
segundo o sexo – Brasil, 2001
16,00
14,00
12,00
10,00
8,00
6,00
4,00
2,00
0,00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 1 1 1 2 1 3 1 4 1 5
Homens Mulheres
Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2001.
GRÁFICO 12
Porcentagem de pessoas com 10 anos e mais de idade com c anos de estudo,
segundo a situação de domicílio – Brasil, 2001
100%
80%
60%
40%
20%
0%
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Urbano Rural
GRÁFICO 13
Porcentagem de pessoas com 25 anos por grupos de anos de estudo
– Brasil, 1991/2000
35
30
25
20
15
10
0
0 1a3 4a7 8 9 a 10 11 12 a 17
Anos de Estudo
1991 2000
onde:
TAE é a taxa de atendimento escolar;
MATi é a matrícula em todos os níveis de ensino na faixa etária selecionada; e
Pi é a população na mesma faixa etária.
Antes de mostrarmos alguns dos resultados obtidos para o Brasil, cabe
ressaltar que esse indicador apresenta ambigüidades. Uma região pode apresentar
uma taxa de atendimento escolar superior a uma outra e deter um sistema
educacional muito mais precário devido a altas taxas de defasagem escolar.
Portanto, com este indicador não é possível avaliar a questão da repetência, ou
seja, não é possível avaliar a proporção de pessoas que se encontram cursando
um nível de ensino inadequado à sua idade, o que pode ser feito através de
outros tipos de indicadores, que serão vistos mais adiante.
O Gráfico 14 traz as taxas de atendimento para as faixas etárias
correspondentes ao Ensino Fundamental, Médio e Superior, utilizando dados dos
Censos Demográficos de 1991 e 2000. Percebe-se que entre estes dois anos
ocorreu um aumento no atendimento escolar em todas as faixas etárias analisadas.
Parte disso pode ser explicado pelas recentes políticas educacionais de retenção
de crianças na escola, como a merenda escolar e a bolsa-escola, além da maior
oferta de escolas e vagas. Para as pessoas de 7 a 14 anos, pode-se dizer que já
há uma quase universalização do acesso no Ensino Fundamental, uma vez que
hoje mais de 94,5% das pessoas nesta faixa freqüentam escola.
Quando se analisa a taxa de atendimento da faixa etária de 7 a 14 anos por
Grandes Regiões (Gráfico 15), observa-se que em 1991 as diferenças regionais
eram maiores do que em 2000. Apesar de todas as regiões apresentarem
crescimento desta taxa no período analisado, a região Nordeste foi a que teve
maior aumento. A diminuição das diferenças regionais pode ser atribuída, em
parte, ao reflexo de políticas focalizadas para corrigi-las, dentre elas, a criação
de um novo modelo de financiamento da educação – o Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF).
116 Indicadores educacionais confeccionados a partir de bases de dados do IBGE
GRÁFICO 14
Taxa de atendimento por faixa etária – Brasil, 1991/2000
GRÁFICO 15
Taxa de atendimento para a faixa etária de 7 a 14 anos – Brasil e Regiões, 1991/2000
GRÁFICO 16
Taxa de atendimento para a faixa etária de 15 a 17 anos – Brasil e Regiões, 1991/2000
onde:
TEB é a taxa de escolarização bruta;
MATj é a matrícula total em um determinado nível de ensino j; e
Pi é a população na faixa etária adequada a esse nível de ensino.
Como o numerador desta taxa é a matrícula total independente da idade,
ela pode ser inflada devido ao grande número de alunos que se encontram fora
da idade adequada de cursar determinado nível de ensino. A grande proporção
de pessoas fora da faixa apropriada ocorre devido à entrada tardia na escola ou
à repetência.
Nos Gráficos 17 e 18 encontram-se as taxas de escolarização bruta para o
Ensino Fundamental e o Médio, respectivamente. No caso do Ensino Fundamental,
GRÁFICO 17
Taxa de escolarização bruta do Ensino Fundamental – Brasil e estados, 2000
160
140
120
100
80
60
40
20
0
Mato Grosso
Mato Grosso do Sul
Espírito Santo
Maranhão
Paraná
Pará
Ceará
Paraíba
Acre
Brasil
São Paulo
Pernambuco
Rondônia
Amapá
Bahia
Rio Grande do Norte
Sergipe
Amazonas
Minas Gerais
Goiás
Alagoas
Rio Grande do Sul
Distrito Federal
Rio de Janeiro
Santa Catarna
Roraima
Piauí
Tocantins
GRÁFICO 18
Taxa de escolarização bruta do Ensino Médio – Brasil e estados, 2000
160
140
120
100
80
60
40
20
0
Mato Grosso
Mato Grosso do Sul
Maranhão
Espírito Santo
Paraíba
Ceará
Pará
Paraná
Acre
Pernambuco
Brasil
São Paulo
Rondônia
Bahia
Amapá
Sergipe
Amazonas
Goiás
Minas Gerais
Rio Grande do Sul
Rio de Janeiro
Distrito Federal
Santa Catarna
Roraima
Piauí
Tocantins
tendência a apresentar valores abaixo da média nacional. Esse fato indica que
os aspectos negativos que trazem ambigüidade ao indicador ainda são os
preponderantes.
No caso do Ensino Médio, a taxa de escolarização bruta é menor, devido, em
parte, ao grande contingente de pessoas de 15 a 17 anos que ainda estão cursando
o Ensino Fundamental e, em parte, à maior evasão nas idades mais velhas.
O Gráfico 18 mostra que a ambigüidade do indicador nesse nível de ensino
tende para os aspectos positivos. Os estados que apresentam os maiores valores
são, de forma geral, aqueles com os melhores sistemas de ensino.
onde:
TEL é a taxa de escolarização líquida;
MATij é a matrícula na faixa etária adequada a um determinado nível de ensino; e
Pi é a população na mesma faixa etária.
9
Note-se que um estudante de 10 anos de idade na 1ª série do Ensino Fundamental tem idade certa para estar
no nível em que se encontra, mas não está na série adequada.
Riani, J.L.R. e Golgher, A.B. 121
GRÁFICO 19
Taxa de escolarização líquida do Ensino Fundamental – Brasil e estados, 2000
100.000
90.000
80.000
70.000
60.000
50.000
40.000
30.000
20.000
10.000
0.000
Mato Grosso
Espírito Santo
Pará
Paraíba
Ceará
Paraná
Acre
Pernambuco
Brasil
São Paulo
Bahia
Rondônia
Amapá
Sergipe
Alagoas
Goiás
Minas Gerais
Rio de Janeiro
Distrito Federal
Santa Catarna
Piauí
Tocantins
GRÁFICO 20
Taxa de escolarização líquida do Ensino Médio – Brasil e estados, 2000
60.00
50.00
40.00
30.00
20.00
10.00
0.00
Mato Grosso
Espírito Santo
Pará
Paraíba
Ceará
Paraná
Acre
Pernambuco
Brasil
São Paulo
Bahia
Rondônia
Amapá
Sergipe
Amazonas
Goiás
Minas Gerais
Rio de Janeiro
Distrito Federal
Roraima
Santa Catarna
Piauí
Tocantins
onde:
TDISjs é taxa de distorção idade/série da série s do nível de ensino j;
MAT jsi_sup é o número de matrículas de pessoas com idade superior à idade
adequada de estar cursando uma determinada série s do nível de ensino j; e
MATjs é o número total de matrículas na série s do nível de ensino j.
Riani, J.L.R. e Golgher, A.B. 123
GRÁFICO 21
Taxa de distorção idade/série para a 1ª série do Ensino Fundamental
– Brasil e estados, 2000
70.00
60.00
50.00
40.00
%
30.00
20.00
10.00
0.00
Mato Grosso
Mato Grosso do Sul
Espírito Santo
Maranhão
Paraná
Ceará
Paraíba
Pará
Acre
São Paulo
Brasil
Pernambuco
Rondônia
Amapá
Bahia
Rio Grande do Norte
Sergipe
Minas Gerais
Goiás
Amazonas
Alagoas
Distrito Federal
Rio de Janeiro
Roraima
Santa Catarina
Piauí
Tocantins
série por ser uma das que registram maior repetência. Como pode ser observado,
em 2001 havia no país quase 38,5% de alunos matriculados na 1ª série que
estavam fora da idade adequada. Os estados do Nordeste são, em geral, os que
apresentam as maiores taxas, sendo o Piauí o pior estado, com quase 70% das
matrículas referentes a pessoas em idade inadequada. A distorção idade/série,
causada principalmente pelas altas taxas de repetência, é um dos principais
problemas brasileiros, prejudicando o financiamento do sistema de educação,
visto que os alunos demoram mais de um ano para concluir uma série.
onde:
prof/hab é a razão professor por mil habitantes;
NP é o número de professores; e
P é a população total.
10
Todavia, deve-se levar em consideração que por meio deste quesito só são captados os professores que têm
esta profissão como a principal.
Riani, J.L.R. e Golgher, A.B. 125
Razão aluno/professor
onde:
Aluno/prof é a razão aluno/professor;
Mj é a matrícula no mesmo nível de ensino; e
NPj é o número de professores em um determinado nível de ensino.
Também a título de ilustração, apresentamos a seguir alguns dados com-
parativos entre países (Tabela 3). Todos os países com renda mais elevada têm
uma razão aluno/professor abaixo de 20, indicando que os estudantes dessas
regiões têm um melhor acompanhamento. Os países de renda intermediária
apresentam valores um pouco mais elevados, entre 20 e 30 alunos por professor.
A exceção é a Hungria, que apresenta valores muito mais baixos, possivelmente
pela herança de seu recente passado comunista. As regiões com menor renda
TABELA 3
Número de alunos por professor para alguns países selecionados
por habitante mostram valores muito mais elevados desse índice, sinalizando a
precariedade do ensino nessas áreas. A China é o único país que destoa desse
quadro geral, pois apresenta um valor próximo dos países de renda intermediária,
apesar de ter uma renda média mais baixa. Além de seguir políticas diferenciadas
no campo socioeconômico, por ser teoricamente comunista, a China está entre
os países que mais crescem economicamente, e esse investimento na educação
deve ter uma relação direta com isso.
Conclusão
Referências bibliográficas