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Milton Ruiz Alves | Newton Kara José

Relatores: Fernando Cesar Abib


Tema Oficial do 62º Congresso
Brasileiro de Oftalmologia
Maceió – 2018
Relatores: Fernando Cesar Abib
Milton Ruiz Alves | Newton Kara José

Tema Oficial do 62º Congresso Brasileiro


Aspectos da História da Oftalmologia e do

de Oftalmologia Maceió – 2018


Conselho Brasileiro de Oftalmologia
Newton Kara José | Fernando Cesar Abib

Política Nacional de Atenção


à Oftalmologia
Milton Ruiz Alves

www.culturamedica.com.br

ISBN: 978-85-7006-693-0

9 788 570 06 693 0


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CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

A654 Aspectos da história da oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia /


Newton Kara José, Fernando Cesar Abib. Política Nacional de Atenção à
Oftalmologia / Milton Ruiz Alves. - Rio de Janeiro: Cultura Médica, c2018.

Vários colaboradores.
ISBN 978-85-7006-693-0
Tema Oficial do 62o Congresso Brasileiro de Oftalmologia, Maceió – 2018.

  1. Oftalmologia - História. 2. Oftalmologia – Política nacional. 3. Conselho


Brasileiro de Oftalmologia. I. José, Newton Kara. II. Abib, Fernando Cesar. III.
Alves, Milton Ruiz. Política Nacional de Atenção à Oftalmologia. IV. Título. V. Título:
Política Nacional de Atenção à Oftalmologia.

CDD: 617.7
CDU: 617.7

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Tema Oficial do 62o
Congresso Brasileiro de Oftalmologia
Maceió – 2018

Aspectos da História da Oftalmologia e do


Conselho Brasileiro de Oftalmologia
Newton Kara José
Professor Titular Emérito da Universidade de São Paulo (USP).
Professor Titular Emérito da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Presidente do CBO (1985-1987).
Presidente do Conselho de Diretrizes e Gestão do CBO (2017-2019).

Fernando Cesar Abib


Doutor em Oftalmologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Professor Adjunto do Departamento de Anatomia da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Chefe do Setor de Oncologia Ocular do Hospital Erasto Gaertner, Curitiba, PR.
Membro do Conselho Fiscal do CBO e SOBLEC (2017-2019).
Membro da Academia de Cultura de Curitiba.

Política Nacional de Atenção à Oftalmologia


Milton Ruiz Alves
Professor-Associado de Oftalmologia Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Coordenador da Pós-Graduação em Oftalmologia da FMUSP.
Coordenador de Residência Médica em Oftalmologia da FMUSP.
Chefe do Serviço de Córnea e Doenças Externas Hospital das Clínicas da FMUSP.
Vice-Diretor do Laboratório de Investigação Médica – LIM 33 – FMUSP.

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O fim para que os homens inventaram os livros foi para conservar
a memória das coisas passadas contra a tirania do tempo e
contra o esquecimento dos homens, que ainda é maior tirania.
Padre Antônio Vieira

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Colaboradores

Adalmir Morterá Dantas Fernando Oréfice


Professor Emérito da Universidade Federal do Rio de Ja- Professor Titular Emérito de Oftalmologia da Universidade
neiro (UFRJ). Federal de Minas Gerais (UFMG).
Diretor da Divisão de Uveítes do Centro Brasileiro de Ciên-
Ari de Souza Pena cias Visuais (CBCV).
Doutor e Mestre em Oftalmologia pela Universidade Fede-
ral do Rio de Janeiro (UFRJ). Flavio Bitelman
Membro Titular, Fundador e Ex-Presidente da Sociedade Editor da Revista Universo Visual.
Brasileira de Lentes de Contato, Córnea e Refratometria
(SOBLEC). Francisco Cordeiro
Sócio Titular e Fundador do HON. Doutor em Medicina pela Universidade Federal de São
Paulo (UNIFESP).
Armando Crema Professor Titular de Oftalmologia da Universidade Federal
Doutor em Oftalmologia pela Universidade Federal de São de Pernambuco (UFPE).
Paulo (UNIFESP).
Mestre em Oftalmologia pela Universidade Federal do Rio Jair Giampani Junior
de Janeiro (UFRJ). Doutor em Oftalmologia pela Universidade de São Paulo (USP).
Professor Adjunto e Chefe do Serviço de Oftalmologia da
Carlos Eduardo Leite Arieta Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
Professor Titular da Faculdade de Ciências Médicas da Uni-
versidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Harley E. A. Bicas
Professor da Pós-Graduação da UNICAMP. Professor Titular Sênior da Faculdade de Medicina de Ri-
beirão Preto da Universidade de São Paulo (USP).
Carlos Augusto Moreira Junior Presidente do CBO (2005-2007).
Professor Titular da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Editor-Chefe do Periódico e-Oftalmo. Helder Alves Da Costa Filho
Coordenador Médico do Serviço de Baixa Visão do Institu-
Dácio Carvalho Costa to Benjamin Constant, RJ.
Doutor em Oftalmologia pela Universidade Estadual de Presidente da Sociedade Brasileira de Visão Subnormal
Campinas (UNICAMP). (2007-2009).
Professor da Universidade Estadual do Ceará (UECE).
Jacó Lavinsky
Edil Vidal de Souza Professor Titular de Oftalmologia da Universidade Federal
Administrador do Hospital Oftalmológico de Sorocaba do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Banco de Olhos de Sorocaba. Presidente do CBO (1993-1995).
Eduardo Melani Rocha João Diniz
Professor Titular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Secretário Executivo da Sociedade Brasileira de Oftalmo-
Preto da Universidade de São Paulo (USP). logia (SBO).
Editor-Chefe dos Arquivos Brasileiros de Oftalmologia. Autor do livro sobre a História da Oftalmologia.

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João Marcelo de Almeida Gusmão Lyra Maria Aparecida Onuki Haddad
Doutor em Medicina pela Universidade Federal de Minas Doutora em Oftalmologia pela Universidade de São Paulo
Gerais (UFMG). (USP).
Presidente do Congresso Norte Nordeste. Coordenadora Médica do Setor de Visão Subnormal da Clí-
Presidente do 62o Congresso Brasileiro de Oftalmologia. nica Oftalmológica do Hospital das Clínicas da Faculdade
de Medicina da USP.
Jorge Rocha
Doutor em Ciências Médicas pela Universidade Federal de Maria Auxiliadora Monteiro Frazão
São Paulo (USP). Doutora em Oftalmologia pela Universidade de São Paulo
Presidente da Sociedade Norte Nordeste de Oftalmologia. (USP).
Chefe Adjunta da Clínica da Santa Casa de Misericórdia de
José Álvaro Pereira Gomes São Paulo.
Professor Adjunto e Livre-Docente do Departamento de
Oftalmologia e Ciências Visuais da Escola Paulista de Me- Maria Cecília Machado
dicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/UNI- Doutora em Ciências Médicas pela Universidade Estadual
FESP). de Campinas (UNICAMP).
Keila Monteiro de Carvalho Diretora Assistencial do Hospital Regional de Divinolândia
Professora Titular Oftalmologia Faculdade de Medicina da Newton Kara José, SP.
Universidade Estadual de Campinas (FCM/UNICAMP). Maria de Lourdes Veronese Rodrigues
Editora-Associada do Periódico e-Oftalmo. Professora Titular da Faculdade de Medicina de Ribeirão
Luiz Carlos Pereira Portes Preto da Universidade de São Paulo (FMRP/USP).
Ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia Presidente do Conselho Deliberativo do Centro de Memó-
(SBO). ria e Museu História FMRP/USP.
Ex-Coordenador do Serviço de Oftalmologia do Hospital Morizot Leite Filho
Bonsucesso, RJ.
Chefe do Serviço de Oftalmologia da Policlínica de Bota-
Luiz F. Regis-Pacheco fogo, RJ.
Doutor em Oftalmologia pela Universidade Federal de São Ex-Chefe do Serviço de Oftalmologia do Instituto Benja-
Paulo (UNIFESP). min Constant, RJ.
Professor-Associado de Oftalmologia da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Nassim da Silveira Calixto Filho
Doutor em Oftalmologia pela Universidade Federal de Mi-
Marcelo Palis Ventura nas Gerais (UFMG).
Pós-Doutorado em Glaucoma e Patologia Ocular, McGill
University, Canadá. Newton Kara José Jr.
Professor Titular de Oftalmologia da Universidade Federal Professor Livre-Docente da Faculdade de Medicina da Uni-
Fluminense (UFF). versidade de São Paulo (USP).
Professor da Pós-Graduação da Faculdade de Medicina da USP.
Marcos Ávila
Doutor pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Nicomedes Ferreira Filho
Professor Titular da Faculdade de Medicina da Universida- Professor Adjunto da Faculdade de Medicina da Universi-
de Federal de Goiás (UFG). dade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Presidente da SOBLEC (2003-2005).
Marcos Wilson Sampaio Presidente da Academia Mineira de Medicina.
Presidente da Sociedade Brasileira de Visão Subnormal
(2003-2005). Nobuaqui Hasegawa
Doutor em Oftalmologia pela Universidade de São Paulo Diretor do Centro de Estudo e Pesquisa da Visão do Hospi-
(USP). tal de Olhos de Londrina (HOFTALON).

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Oswaldo Moura Brasil do Amaral Filho Roberto Vieira
Chefe do Setor de Retina e Vítreo e Diretor do Instituto Doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade de
Brasileiro de Oftalmologia (IBOL), RJ. Minais Gerais (UFMG).
Membro Titular da Academia Nacional de Medicina.
Rodrigo Pessoa Cavalcante Lira
Paulo Gelman Vaidergorn Doutor e Livre-Docente pela Universidade Estadual de
Médico do Hospital das Clínicas da Universidade de São Campinas (UNICAMP).
Paulo (USP). Professor Adjunto Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE).
Pedro Carlos Carricondo
Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da Uni- Rogerio Neurauter
versidade de São Paulo (FMUSP). Chefe do Serviço de Oftalmologia do Instituto Benjamin
Médico Chefe do Pronto-Socorro do Hospital das Clínicas Constant, RJ.
da FMUSP.
Rubens Belfort Neto
Pedro Paulo Fabri Doutor em Oftalmologia pela Universidade Federal de São
Presidente da Associação Brasileira de Catarata e Cirurgia Paulo (UNIFESP).
Refrativa (ABCCR). Chefe do Setor Oncologia Ocular da UNIFESP.
Rafael Ernane Almeida de Andrade Saulo Gorenstein
Coordenador do Mutirão de Diabetes de Itabuna. Doutor em Oftalmologia pela Universidade Federal de Mi-
Doutor em Ciências Visuais pela Universidade Federal de nais Gerais (UFMG).
São Paulo (UNIFESP).
Sonia Hae S. Lee
Ramon Coral Ghanen Assistente da Disciplina de Oftalmologia da Faculdade de
Doutor em Oftalmologia pela Universidade de São Paulo (USP). Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Presidente da SOBLEC (2018-2019).
Valdete Maia Teixeira Gonçalves Fraga
Regina de Souza Carvalho Oftalmologista da Fundação Dorina Nowill.
Doutora em Ciências Médicas pela Universidade de São Presidente da Sociedade Brasileira de Visão Subnormal.
Paulo (USP).
Pedagoga Especializada em Deficiência Visual pela Facul- Valter da Justa Freitas
dade de Educação da USP. Ex-Presidente da Sociedade Cearense de Oftalmologia.
Primeiro Chefe da Clínica Oftalmológica do Hospital Geral
Ricardo Lima de Almeida Neves de Fortaleza.
Professor-Assistente de Oftalmologia da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Wilma Lelis Barboza
Doutora pela Faculdade de Medicina da Universidade de
Roberto Lorens Marback São Paulo (FMUSP).
Professor Titular Emérito de Oftalmologia Universidade Presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma (2017-
Federal da Bahia (UFBA). 2019).

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Prefácio

Adquirir e transmitir conhecimentos não é (como decorrência de suas ações criativas


uma habilidade exclusiva dos seres huma- e transformadoras) e história (o relato di-
nos. Entre os vários seres vivos, a subsis- reto de tais ações, tanto sobre a natureza
tência e a sobrevivência são condiciona- quanto sobre ele próprio). Ou seja, a Histó-
das por comportamentos “cognitivos” de ria se aplica a qualquer ramo do conheci-
ação e reação a circunstâncias ambientais mento (“ciência”) para registrar a evolução
(como evitar predadores e buscar alimen- nele ocorrida, como e por quê, quando e
tos), apreendidos de modo atávico ou in- onde as mudanças se deram, e quem foram
tuitivo e aprendidos de outros membros seus protagonistas. Essa remissão ao pas-
do grupo, por imitação. Certamente, por- sado é importante para explicar as orien-
tanto, pode-se falar da transmissão de ex- tações teóricas e práticas de determinada
periências entre gerações, por herança e disciplina (como a Oftalmologia); satisfa-
por ensinamento. Mas, nesses casos, não zer interesses intelectuais a respeito des-
há acumulação nem inovação do conheci- sas condições; homenagear os criadores
mento; só o homem pode transformá-lo, de métodos diagnósticos e terapêuticos;
fazendo ciência (do latim scientia, “conhe- e relatar as dificuldades e realizações dos
cimento”). Somente nele a consciência (o idealizadores, fundadores e mantenedores
conhecimento de si próprio) emerge em de instituições (escolas, clínicas, hospitais,
sua plenitude, faz com que cogite sobre o revistas), explicando as facilidades e razões
passado, situe-se no presente e conjeture do que fazemos no presente.
sobre um futuro. Todavia, uma história é mais que isso.
Saber – que também se usa como si- Ela nos mostra como se urdiram os en-
nônimo de conhecer, mas cujo significado redos e as tentativas de realizações para
transcende ao deste) – tem origem em ou- que possamos adaptá-las a nosso tempo
tra palavra latina (sapere, “ter inteligência”). e conjuntura. Ela nos põe à vista os per-
Por sua capacidade de análise e síntese, calços que se podem antepor a uma pro-
confrontação de argumentos (dialética) posição e nos leva a reflexões sobre como
e mediação (lógica), dedução e indução, ultrapassá-los. As narrativas são lições de
abstração e operação, pensamento e obra vida e de seu exercício. São aulas sobre o
– enfim, pelo poder de aquisição e trans- que já fomos, antes de sermos.
formação dos conhecimentos, o H. sapiens É curioso que ainda não se tenha tido
(o “homem que sabe”) sabe fazer ciência o cuidado de ministrar essa importante

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lição em nossos “temas oficiais”. Outra ser seu praticante, congrega-os e pugna
oportunidade de uma obra como esta por seus interesses.
é a de estimular as sucessivas gerações Assim, nada mais natural que a seção
a preservar suas memórias antes que se seguinte considerasse os membros des-
percam. De fato, não apenas por seus se corpo, as escolas e associações de of-
acertos, mas também por seus erros, os talmologistas nos estados (com especial
fatos de ontem elucidam os elementos destaque à sua predecessora, a Sociedade
de hoje, que, por sua vez, condicionam os Brasileira de Oftalmologia) e as socieda-
que estão por vir. des de subespecialidades.
Aliás, é justamente com essa conve- Para encerrar a Parte I, a quarta seção é
niente articulação que se estrutura este inteiramente dedicada ao assunto da pre-
livro. Na primeira parte (que na verdade venção da cegueira (institutos, histórico
são duas) tecem-se “Considerações sobre das campanhas, projetos e mutirões). Para
a História da Oftalmologia e do Conselho justificar a inclusão desse tema, pode-se
Brasileiro de Oftalmologia” (em que se recorrer ao clássico aforismo de que “tra-
revive o passado e se sustenta o presen- tar é caro e, às vezes, duvidoso; prevenir é
te). Ela se subdivide em seções: a primeira mais barato e, seguramente, mais certo”. A
sobre a “História da Oftalmologia”, esbo- Oftalmologia cuida da visão, e a cegueira
çando tópicos mais relevantes de épocas é sua contraposição. Portanto, a preven-
antes de Cristo, do primeiro e do segundo ção da cegueira se sobressai entre as prin-
milênio da Era Cristã e da História do Bra- cipais finalidades do CBO; e seus projetos,
sil (desde os tempos de Colônia, passando campanhas e procedimentos pelos quais a
pelo Império e pela República, até antes prevenção se concretiza devem ser divul-
do Conselho Brasileiro de Oftalmologia). gados como ações exemplares, encoraja-
Embora com a necessária brevidade, os dos para que se repitam ainda melhores,
relatos devem abrir apetites para expedi- festejados como penhores, garantidores
ções mais demoradas e ambiciosas. de nosso corporativismo sadio.
Segue-se então a “História do CBO”, Visto o passado, que explica o presente,
alinhando fatores que precederam a fun- e as realidades do presente como base do
dação dessa instituição; sua natureza, fi- futuro, chega-se à Parte II, intitulada “Polí-
nalidades e estrutura; sedes e demais in- tica Nacional de Atenção à Oftalmologia”.
formações (gestões, congressos, temas, Trata-se de uma continuação conclusiva,
livros, site, cursos credenciados, revistas lógica e óbvia para os temas que a prece-
periódicas, etc.). Transitando entre tem- deram. O título coincide com o da Portaria
pos já menos afastados e a atualidade, no 957, de 15 de maio de 2008, do Ministé-
a menção a essas referências é de cabi- rio da Saúde, que normatiza ações a serem
mento inequívoco: o CBO é o organismo desenvolvidas em cuidados e competências
que – reconhecido pelo Estado (e por seus de nossa especialidade e, pois, representa
governos) para tratar dos assuntos dessa uma proposta governamental, estatal. No
especialidade em nome da nação (e de entanto, a Parte II considera principalmen-
suas pessoas ou associações) – dá unida- te o caráter “nacional” (próprio de uma en-
de à Oftalmologia brasileira, zela pelo seu tidade como o CBO) para que tais ações,
xii ensino e integridade, certifica quem pode sociais, tomem corpo. O assunto abrange

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uma vivência mais concreta que imaginati- ser enfrentados pelo CBO, mas também
va, mais socialmente engajada que narrati- é certo que já não se pode mais pensar
va. E é justamente por essa (aparente) con- no Conselho como restrito a seus líderes
traposição de conteúdos que as partes se e dirigentes, e sim como uma organização
juntam para formar um todo; distinguem- em que cada um tem sua parte a desem-
se e se completam não apenas pelo tem- penhar. A leitura é mais que oportuna: tor-
po ao qual se aplicam (passado, presente na-se essencial.
e futuro), mas também pelo destinatário Outra acepção de sapere é “ter sabor”,
das atenções. Enquanto a Parte I objetiva a “ter gosto de”. Isso leva à conclusão de
ciência em sua acepção mais genuína (a fa- que o H. sapiens (o “homem que sabe”)
bricação do conhecimento) e seu ensino, a pode saber fazer história (por suas ações
Parte II aborda seus transbordamentos, na criativas e transformadoras), mas, sobre-
atenção a populações desassistidas – uma tudo, deve sabê-la (saboreá-la, gostar dis-
história a ser vivida. so). Que a leitura lhes saiba bem.
Não será difícil a leitura de assuntos
desse teor por quem é acostumado a viver Harley E. A. Bicas
o cotidiano de um consultório. A divisão Professor Titular (agora Sênior) da Faculdade
de Medicina de Ribeirão Preto da USP.
dos capítulos é metodizada, a linguagem
Ex-Presidente do Conselho Brasileiro
é clara, e após informações objetivas apre- de Oftalmologia (2005-2007).
sentam-se “desafios” para cada tópico. Ex-Editor-Chefe dos Arquivos Brasileiros
É certo que todos esses desafios devem de Oftalmologia (1999-2009).

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Prefácio

Conhecer de onde viemos é fundamen- Institute (NEI), do Ministério da Saúde dos


tal para se entender onde estamos e para EUA. Demonstraram também a possibilida-
onde iremos no futuro, inclusive na pro- de de eliminar a deficiência visual por ca-
fissão que escolhemos. A Oftalmologia no tarata e vícios de refração em determinada
Brasil desenvolveu-se nas últimas décadas região com eficiência. Esses projetos foram
de maneira exponencial, e conhecer os replicados pela UNICAMP nos anos seguin-
professores que fizeram parte dessa evo- tes com modificações que permitiram sua
lução esclarece por que estamos em um expansão para outras regiões de São Paulo
alto nível científico e profissional e quais e do Brasil. Alguns anos depois, com a or-
são os desafios que ainda precisamos en- ganização do CBO e a participação de di-
frentar. Esses professores souberam bus- versos serviços universitários, ficou evidente
car o conhecimento e a tecnologia que a viabilidade de tratar a deficiência visual
se desenvolveu principalmente a partir da por catarata em todo o país. Esses projetos
segunda metade do século passado. foram determinantes para que, em 1999, o
Uma das áreas que mais evoluiu no país Ministério da Saúde adotasse a estratégia
foi a da Oftalmologia Preventiva ou Comu- de aumentar a quantidade de cirurgias, com
nitária, com destaque para os Congressos as modificações pertinentes. A partir de en-
Brasileiros de Prevenção da Cegueira pro- tão, o número de cirurgias de catarata ofe-
movidos pelo CBO. Nesta área, a disciplina recidas e realizadas pelo Sistema Único de
de Oftalmologia da Universidade Estadual Saúde (SUS) aumentou de cerca de 80.000
de Campinas (UNICAMP), liderada pelo Prof. para mais de 360.000 por ano. A oferta de
Newton Kara José, desenvolveu o projeto cirurgias aumentou também na iniciativa
Zona Livre de Catarata, ao mesmo tempo privada, beneficiando grande número de
que o Instituto Nacional de Oftalmologia do idosos.
Peru, sob a coordenação do Prof. Francisco Durante o desenvolvimento desses pro-
Contreras, se iniciaram em 1986. Esses proje- jetos, implementou-se um serviço de Of-
tos, realizados em Campinas e em Chimbo- talmologia na cidade de Divinolândia, em
te, no Peru, demonstraram pela primeira vez São Paulo, fruto de um convênio entre ci-
na América Latina a importância da catarata dades da região de São João da Boa Vista
como causa principal de cegueira, e tiveram (Conderg) e o serviço de Oftalmologia da
apoio da fundação Helen Keller Internatio- UNICAMP. Esse serviço atende a uma popu-
nal (HKI), de Nova York, e do National Eye lação de 490.000 habitantes de 16 cidades

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que antes precisavam encaminhar a maioria foi desenvolvido na UNICAMP em parceria
dos pacientes oftalmológicos para centros com a Fundação Kellog, demonstrando a
maiores, pelo SUS. Trata-se de um serviço- importância de se fazer a triagem visual na
modelo que oferece atendimento clínico-ci- fase inicial da escola. Em seguida, em 1998,
rúrgico de Oftalmologia de qualidade e que criou-se a Campanha Nacional de Reabil-
soluciona 95% dos casos. Funciona ininter- itação Visual – Projeto Olho no Olho/“Ve-
ruptamente há 28 anos, com atendimento ja Bem Brasil”, uma parceria do CBO e do
de grande número de pacientes e entrega Ministério da Educação/Fundo Nacional de
de 80.000 óculos produzidos pela óptica co- Desenvolvimento da Educação, instituindo
munitária do serviço a baixo custo e entre- a triagem de todas as crianças da primeira
gues gratuitamente aos pacientes. série do ensino fundamental em todas as
A eliminação de barreiras ao acesso ao cidades com população superior a 40.000
atendimento e a demonstração bem-su- habitantes. Em 1999, o programa atendeu
cedida de cirurgias de catarata incitaram a mais de 2 milhões de crianças, fornecen-
a reunião para treinamento e a difusão do do gratuitamente cerca de 250.000 óculos.
projeto Zona Livre de Catarata. Em 1989, No ano seguinte, fez 450.000 consultas e
oftalmologistas de 9 países da América forneceu 300.000 óculos. Desde então,
Latina se reuniram em Seminário reali- o CBO já organizou e orientou inúmeras
zado em São Paulo e estabeleceram um campanhas de reabilitação visual, ofere-
protocolo comum, lançando o documento cendo consultas oftalmológicas e óculos a
“Programa e manual sobre procedimentos milhares de outras crianças e adultos.
para estabelecer um projeto intensivo de Esses projetos comunitários foram
cirurgias de catarata”. importantes para evidenciar a existência
Esses projetos ofereceram cirurgias de de cegueira recuperável, a exequibilida-
catarata com tecnologia adequada e efi- de de sua erradicação e a disposição dos
ciente, com diminuição das barreiras ao oftalmologistas em participar ativamente
acesso à população de baixa renda que de- dessas ações humanitárias. É com razão,
pende do SUS. Seus resultados foram consi- portanto, que esses profissionais são reco-
derados de alto valor, e durante muitos anos nhecidos no Brasil pelo alto nível da medi-
esses serviços universitários mantiveram um cina que praticam e por sua preocupação
alto volume de cirurgias. O processo imple- social e comunitária.
mentado deveria ter sido adotado como Os autores, Newton Kara José, Fer-
programa regular do SUS, mas essa política nando Cesar Abib e Milton Ruiz Alves,
se deparou com dificuldades que limitaram dedicaram-se a um profícuo trabalho e
e diminuíram o volume anual de cirurgias agora apresentam para a Oftalmologia
oferecidas ao sistema público de saúde. brasileira um livro da maior importância
Também na área comunitária foram sobre sua história – um documento para
desenvolvidos vários projetos para facilitar ser consultado e concluído por pesquisas
a aquisição de óculos, cuja falta concor- posteriores.
re para o baixo desempenho escolar dos
alunos do ensino fundamental e para a Carlos Eduardo Leite Arieta
deficiência visual nos adultos. Na década Professor Titular de Oftalmologia da
xvi de 1990, o projeto Criança Zero a 15 Anos Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP.

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Apresentação

O presente é muito fugaz, e seu real valor nossas revistas. Os documentos anali-
somente poderá ser avaliado no futuro. sados tiveram como fontes principais a
Ao compilar documentos históricos e Revista Paulista de Ophthalmologia, os
relatos dos colaboradores, esta obra con- Arquivos Brasileiros de Oftalmologia e a
tribui para a diminuição das lacunas sobre Revista Brasileira de Oftalmologia, além
o passado da Oftalmologia mundial e bra- de anais de congressos. Algumas revistas
sileira, facilitando o trabalho dos nossos anteriores tiveram curta duração e não fo-
futuros historiadores. ram localizadas pelos autores.
Há divergências de datas em alguns Muitos dos últimos artigos sobre a te-
relatos, mas, devido à impossibilidade de mática da história da Oftalmologia nacio-
constatar a veracidade de uma ou outra, nal a que tivemos acesso foram escritos
as datas informadas foram mantidas. há décadas e, em sua maioria, eram rela-
Foram selecionados os fatos aos quais tos pessoais.
os autores e colaboradores tiveram aces- No desenrolar da história de nossa
so ou tempo de anotar, considerados por especialidade no Brasil, destaca-se a con-
eles como importantes na evolução da tribuição de muitos colegas, dentre os
Oftalmologia. quais Hilton Rocha, Cyro Rezende, Moacir
Historiaram-se a prática, o ensino e Álvaro, Waldemar Belfort de Matos, José
a ação social da oculística nacional. Para Antônio Abreu Fialho, Pereira Gomes, Jo-
isso, foram envolvidos dezenas de profis- viano de Rezende, Ivo Corrêa Meyer, João
sionais médicos e não médicos que tive- Penido Burnier, Almiro de Azevedo, Heitor
ram importante contribuição na elabora- Marack, Hilário de Gouvêa, Leiria de An-
ção desta obra. drade e Archimedes Bussaca.
Não nos cabe identificar o primeiro Tradicionalmente, o ensino da Oftalmo-
oftalmologista, e sim reconhecer que o logia no mundo se iniciou com a transmis-
conhecimento que temos hoje só foi pos- são direta do conhecimento de maneira
sível graças a outros precursores, cujos pessoal, e no Brasil não foi diferente. Na
feitos podem ter se perdido no tempo por década de 1950, iniciaram-se quase ao
carência de documentação dos fatos. mesmo tempo as residências de Oftalmo-
A história da Oftalmologia Nacional logia no Rio de Janeiro, em São Paulo e em
começou a ser documentada, principal- Belo Horizonte, o que fez com que o ensino
mente, a partir da década de 1930, com assumisse uma escala maior e mais formal.

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O histórico da prevenção da ceguei- gica praticamente exigia estágios em ou-
ra no Brasil foi levantado a partir dessas tros países; hoje temos vasta bibliografia
mesmas fontes e dos temas oficiais dos nacional e um ensino de pós-graduação
Congressos de Prevenção da Cegueira. lato e stricto sensu dos mais qualificados
Cresce constantemente o número de no mundo. Nossos serviços de Oftalmolo-
residências de Oftalmologia, assim como gia recebem estagiários de todo o mundo.
a qualidade do ensino, evidenciada pelo Nesse contexto de evolução da prática of-
resultado na Prova Nacional de Oftalmo- talmológica, inúmeros centros prestigio-
logia, o que consequentemente melhora a sos se formaram, inclusive com serviços
assistência à saúde ocular da população. de residência credenciados pelo CBO,
O surgimento das associações de subes- como o Hospital de Olhos de Pernambu-
pecialidades corrobora essa realidade. co (HOPE), o Instituto Paulista de Estudos
Os oftalmologistas em atividades do- e Pesquisas em Oftalmologia (IPEPO) e o
centes e chefias não foram mencionados Centro Brasileiro da Visão (CBV).
nesta publicação, pois suas funções e resul- A revisão e a análise da história da Oftal-
tados ainda estão em curso. O presente só mologia brasileira, relatada nesta obra, tor-
pode ser solidamente avaliado a partir de naram possível fazermos essas afirmações.
suas consequências futuras, e estas devem Estimulam-se a tarefa de historiar, o
ser documentadas em buscas ao passado. desafio de constantes esforços e a abne-
Este trabalho, ao mostrar a dificuldade gação dos oftalmologistas atuais e dos
de se elucidar a história da Oftalmologia, que venham a ser para que melhorem este
abre caminho para que futuros pesquisa- trabalho e eliminem suas falhas e imper-
dores se aprofundem na descoberta de feições, buscando o aperfeiçoamento que
fatos históricos e na sua interpretação. lhe ditarem a experiência e a dedicação.
Até poucas décadas atrás, a maioria
dos livros de Oftalmologia eram em lín- Newton Kara José
gua estrangeira, e a formação oftalmoló- Fernando Cesar Abib

xviii

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Apresentação pelo
Presidente do CBO

REFLEXÕES NECESSÁRIAS A segunda reflexão liga-se à relação


entre os vários aspectos do que chama-
Mas, por que o CBO decidiu patrocinar
mos de Cultura, com a Identidade e a va-
como tema oficial de um de seus congres-
lorização do Capital Intelectual. Uma obra,
sos um livro sobre História da Oftalmologia
como esta que temos em mãos, que dis-
e Política Nacional de Atenção à Oftalmolo-
cute aspectos do passado e do futuro de
gia? No que isso vai ajudar o jovem médico
nossa Especialidade contribui para a gera-
a fazer a facoemulsificação com mais habili-
ção de ideias e conceitos que, certamente,
dade? E como irá explicar como utilizar cor-
resultam na produção de novos conheci-
retamente o mais recente update do apare-
mentos e inovações, bem como na obser-
lho que faz os mais precisos diagnósticos?
vação de aspectos de nossa atuação que
O que a Oftalmologia do século XXI apren-
ficariam ocultos ou desapercebidos e que,
de com práticas e noções do passado? E
quando revelados, enriquecem a grande
qual a relação com as políticas de saúde?
obra de todos nós: a Oftalmologia Brasi-
Essas e tantas outras perguntas cer-
leira.
tamente passam pelas mentes de muitos
O CBO orgulha-se de colocar nas
colegas de todas as idades. Porém, quero
mãos dos colegas esta obra relatada por
compartilhar algumas reflexões que julgo
Fernando César Abib, Milton Ruiz Alves e
fundamentais para que cada um de nós
Newton Kara José, colegas, médicos, hu-
enquanto médicos, e todos, enquanto co- manistas e grandes pesquisadores cientí-
letivo profissional incumbido de cuidar da ficos que dispensam apresentações neste
Saúde Ocular de muitas pessoas, possamos espaço.
nos situar em uma sociedade cambiante e Orgulha-se mais ainda de colocar na
fluído, mas que necessita de algumas bali- lista dos Temas Oficiais dos Congressos
zas para funcionar e, mais importante, para Brasileiros de Oftalmologia este livro, que
não cair no caos e na barbárie. abrirá caminho para novas pesquisas e
A primeira reflexão é quase um lugar outras obras de igual importância.
comum: quem só sabe Medicina, nem Boa leitura a todos!
Medicina sabe. O conhecimento técnico,
importantíssimo, sem várias dimensões José Augusto Alves Ottaiano
humanísticas que o completam, tende Presidente do Conselho Brasileiro de
para a brutalidade. Oftalmologia, Gestão 2018-2019.

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Depoimentos | O Valor da
História da Oftalmologia

ADALMIR MORTERÁ DANTAS isso nos ajuda a entender o que podemos


ser e fazer. A ciência do passado, portanto,
A Oftalmologia brasileira tem promovido
nos ajuda a compreender o presente.
cursos de divulgação aos graduados de
Se a Oftalmologia brasileira não es-
Medicina e de pós-graduação para os alu-
tudar e valorizar sua própria história, di-
nos de residência, Clínica Geral, Pediatria,
ficilmente compreenderá o seu presente,
Enfermagem e Assistência Social, dando a
e certamente comprometerá o seu futuro.
eles uma verdadeira consciência de como
fazer para prevenir a cegueira. Nesse con-
texto, deve-se salientar o importante pa-
CARLOS AUGUSTO MOREIRA JR.
pel do professor universitário de Oftalmo- O aforismo “quem não tem passado não
logia. tem futuro” é bem verdade em todas as
O CBO envolve-se com os Ministérios áreas da atividade humana. Sem conhecer
da Educação, da Saúde, da Previdência o esforço de nossos antepassados, não é
Social e representantes não governamen- possível projetar o futuro das instituições
tais ligados à problemática da cegueira. e dos indivíduos. Na Oftalmologia não
Os objetivos da Oftalmologia brasileira é diferente. As gerações de colegas que
são promover a cooperação dos poderes nos antecederam foram importantíssimas
oficiais e das entidades não governamen- para o progresso da especialidade.
tais; prover e executar programas de as- O CBO, ao reconhecer este passado,
sistência primária; e incentivar o desenvol- consolida seu papel nos destinos da Of-
vimento das pesquisas sobre a cegueira, talmologia brasileira, reconhece o esforço
suas causas, prevenções, diagnósticos, de muitos e pavimenta o caminho para o
tratamento e reabilitação. futuro. Cumprimentos aos editores desta
empreitada, que narra a história de todos
ARMANDO CREMA nós.

A História é a ciência que estuda a vida


da humanidade através do tempo. Investi-
HARLEY E. A. BICAS
ga o que os homens fizeram, pensaram e O acervo de conhecimentos, práticas e
sentiram enquanto seres sociais. instituições de que hoje dispomos resul-
Ao estudá-la nos deparamos com o ta do que outros fizeram antes (e que se-
que os seres humanos foram e fizeram, e guirá mudando pelo que agora se faz). A

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fascinante narrativa sobre quando, onde, um ambiente fraterno e harmonioso, per-
como e por que esse legado foi moldado mitindo o desenvolvimento individual e
e construído, entre conquistas e perdas, das nossas sociedades representativas.
deve interessar. Não apenas por reverên-
cia às virtudes dos que trabalharam, com JORGE ROCHA
suas esperanças e esforços, para compor
O presente é uma construção do passado.
as partes dessa herança, mas também por
Todas as revoluções, guerras, civilizações
tolerância aos humanos erros e desenga-
e culturas construíram o mundo do século
nos que acompanharam tanto as propos-
XXI. Conhecer a história dos nossos ante-
tas vencedoras quanto as oponentes, até
passados nos permite conhecer o homem
que chegassem as soluções. Sobretudo,
moderno, entender o presente e projetar
por permitir compreender os necessários
o futuro. Erros do passado devem ser co-
confrontos desses protagonismos, pelos
nhecidos e evitados, e as vitórias devem
quais ocorrem os avanços. Essas são as
estimular novas conquistas.
lições da História que, nos seguintes re-
Dos primórdios da Medicina no Egito
latos, aplicam-se à Oftalmologia. Boa lei-
Antigo, passando pelos médicos greco-
tura.
romanos imortalizados na figura de Hipó-
crates, chegamos à Revolução Industrial,
JACÓ LAVINSKY que nos levou à Medicina moderna. O
Entre as reflexões sobre a Oftalmologia conhecimento das ciências médicas, cons-
brasileira, destaca-se o crescente papel do trução do passado ao presente, permitiu
CBO nos destinos da Oftalmologia, cuja conquistas até então inimagináveis, como
legitimidade foi alcançada por meio de a descoberta das vacinas e da penicilina,
ensino, defesa de classe, eventos, ações até chegarmos à Medicina atual.
de interesse social e representatividade A história da Medicina é rica e profícua,
junto aos órgãos públicos e à sociedade e a Oftalmologia emerge desse passado
em geral. As realizações foram sempre co- com história própria de importância ímpar.
ordenadas com eficiência, desprendimen- No Brasil, a Medicina se tornou oficial
to e harmonia. em 1808 com a inauguração da Faculda-
Nas últimas décadas, os diferenciais de de Medicina do Terreiro de Jesus por
na prática da especialidade evoluíram. O D. João VI, em 1866. A nossa Oftalmolo-
saber e a habilidade eram os referenciais gia tem um passado de grandes nomes e
mais relevantes inicialmente; mais tarde, grandes conquistas. Temos obrigação de
além destes, também se destacou a dis- conhecer nossa história de lutas, sacrifício
ponibilidade tecnológica. e vitórias na construção de nossa especia-
Atualmente, graças ao grande número lidade. Esta luta incansável vem do passa-
de profissionais bem formados e ao aces- do e se ancora nos dias atuais, e com esse
so à tecnologia para a maioria dos oftal- conhecimento poderemos planejar me-
mologistas, o maior diferencial passou a lhor o futuro que queremos. A história da
ser a geração de conhecimento. Oftalmologia brasileira deve ser lida, estu-
Nestes anos de exercício profissional, dada, comentada e debatida; ela é motivo
xxii vimos a Oftalmologia nacional crescer em de orgulho e jamais deve ser esquecida.

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KEILA MONTEIRO DE CARVALHO época não muito remota, operava-se com
gancho, alça, pinça para extração do nú-
Desde o início de minha carreira como
cleo, uma sutura com 6 a 7 pontos com
docente universitária na Faculdade de Ci-
fio 7 a 8 zeros, receitando no final do pós-
ências Médicas da UNICAMP, já nos idos
operatório lentes Katral (óculos). Hoje, com
anos de 1980, nossa equipe liderada pelo
o advento da facoemulsificação, faz-se
notável Prof. Newton Kara José participa-
a colocação da lente intraocular na maio-
va de campanhas públicas de prevenção
ria das vezes com incisão de 2 a 3mm sem
da cegueira e reabilitação visual. Naque-
sutura e oclusão do olho, e o paciente já
la época, foi realizada uma enquete po-
com uma acuidade visual.
pulacional na cidade de Campinas com
Os microscópios modernos das mais
objetivo de determinar a prevalência de
ambliopia na população pré-escolar, pos- diversas marcas são dotados de diversos
sibilitando assim atuação direta ao foco recursos, diferentemente de épocas re-
do problema. A publicação dos dados ob- motas, quando se usavam lupas. Nesta
tidos foi citada internacionalmente. pequena e curta homenagem à história
Seguiram-se os projetos de catarata da Oftalmologia, é importante ressaltar
realizados na UNICAMP, que culminaram que o futuro depende do que faremos no
com a obtenção do prêmio Humanitarian presente. Ainda serão feitas descobertas
Award Lions Club International pelo Prof. inimagináveis para os tempos atuais.
Newton Kara José, cuja atuação em pre-
venção da cegueira sempre primou pela JAIR GIAMPANI JUNIOR
excelência. Heródoto, nascido no século V a.C. e con-
siderado o pai da História, usou o termo
LUIS CARLOS PORTES historie inicialmente como sinônimo de
“Se queres prever o futuro, estuda o pas- pesquisa, considerando-a um instrumento
sado.” para o conhecimento do comportamento
A evolução histórica da Oftalmologia humano.
é acentuada em todos os setores clínicos Neste sentido, era até então desalen-
ou cirúrgicos. Abordaremos em poucas tador que a Oftalmologia, uma das áre-
palavras a parte clínica oftalmológica e as em que o conhecimento humano e as
a cirurgia da catarata. Na parte clínica, o pesquisas mais avançaram ao longo dos
consultório básico até pouco tempo atrás séculos, carecesse de obras que traçassem
era uma caixa de lentes de provas, tonô- de maneira precisa sua trajetória.
metro manual de indentação (Schiotz), No Brasil, o cenário era ainda mais
oftalmoscópio direto, lâmpada de fenda obscuro, resumindo-se a relatos e docu-
e optotipo sem projeção. Os diagnósticos mentos raramente reunidos.
eram excelentes. Esta obra não poderia ser escrita por me-
Hoje, em outros tempos, é grande o lhor representante da história da Oftalmo-
número de aparelhos com vários recursos logia mundial e brasileira. Prof. Newton
tecnológicos, aprimorando o diagnóstico Kara José foi e é não apenas uma teste-
ainda mais. A cirurgia de catarata se de- munha ocular (com o perdão do trocadi-
senvolveu com o passar dos anos. Em uma lho), mas também partícipe e construtor xxiii

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ativo deste processo, assim como Heró- acontecimentos que marcam a história
doto, formador de toda uma escola de de um indivíduo, de um grupo, de uma
pensadores, que perpetuam nosso ofício instituição, de uma nação ou do mundo.
com sabedoria e amor. Permite fazer justiça a quem contribuiu
Estou ansioso por mergulhar nas pá- para que o progresso ou a diferenciação
ginas deste livro, conhecendo um pouco individual ocorressem, e propicia a quem
mais do nosso passado e certamente do o consulta a oportunidade de conhecer e
nosso futuro. citar fatos verídicos.
Apesar de livros de temas oficiais e
MARCOS ÁVILA anais dos Congressos Brasileiros de Of-
talmologia (aos quais todos podemos
Ao longo dos anos a Oftalmologia bra-
ter acesso) fornecerem dados importan-
sileira tem consolidado seu papel no ce-
tes sobre a evolução científica e social da
nário nacional como especialidade dedi-
especialidade, e de memoriais de profes-
cada às causas sociais, tendo como papel
sores universitários (de acesso restrito)
central o desempenho exemplar no com-
registrarem a história de indivíduos e
bate à cegueira. Várias frentes de ação
ajudaram a tirar o Brasil da posição de instituições (inclusive com reflexões so-
país com índices alarmantes de ceguei- bre essa história), fazia falta um registro
ra reversível, como ações para a doação amplo da história da Oftalmologia bra-
de óculos e cirurgia de catarata em larga sileira.
escala O combate à cegueira irreversível Este livro supre esta lacuna. Parabéns
também foi possível por meio de campa- a todos que contribuíram para a sua via-
nhas e projetos de saúde pública ocular bilização, em especial ao Prof. Dr. Newton
que facilitaram a detecção e o tratamen- Kara José, que, juntamente com o Prof. Dr.
to precoce de doenças como o glaucoma Almiro Azeredo, ensinou-me a valorizar a
e a retinopatia diabética, beneficiando história escrita.
milhares de pessoas.
Tenho a firme convicção de que o pon- NOBUAQUI HASEGAWA
to central do sucesso da Oftalmologia
A importância do conhecimento da histó-
voltada para as causas sociais esta lastre-
ria da Oftalmologia pelo oftalmologista
ado no conhecimento da sua história e na
reside no fato de que entramos na era em
nossa aproximação com os gestores pú-
que a tecnologia e a inteligência artificial
blicos de saúde nos três níveis (municipal,
irão predominar, detendo conhecimentos
estadual e federal), convencendo-os da
antes exclusivos da inteligência humana.
importância da alocação de verbas e da
O futuro só poderá ser vislumbrado pe-
tomada de decisões e ações administrati-
los oftalmologistas de hoje se seus olhos
vas de apoio à saúde ocular.
voltarem-se ao passado. O conhecimento
dos principais fatos da história da Oftal-
MARIA DE LOURDES VERONESE
mologia mundial e, em especial, brasilei-
RODRIGUES ra nos tornará mais capacitados para essa
O registro escrito é de fundamental im- nova era tecnológica. É o objetivo desta
xxiv portância para a transmissão exata dos obra.

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PAULO AUGUSTO DE ARRUDA Parabéns aos ilustres colegas que tiveram
MELLO a feliz ideia de escrever esta obra.

O conhecimento da história da Oftalmolo-


SUEL ABUJAMRA
gia, com as análises das políticas nacionais
de atenção à saúde ocular, é fundamental A arte da boa Oftalmologia foi um dos
para o exercício pleno da nossa especiali- maiores desafios da minha vida. Em con-
dade médica. É uma maneira eficiente de junto com grandes professores e colegas,
ensinar e fazer compreender a Oftalmolo- busquei o melhor conhecimento, e até
gia dos nossos dias. hoje valorizo os ensinamentos de mais de
O passado nos faz entender o presente 50 anos.
e modificar o futuro. A perda de tempo O aprendizado do passado nos garan-
e os gastos com atividades improdutivas te uma Oftalmologia atual melhor. Possuo
e errôneas, adotadas em alguns projetos uma das mais completas bibliotecas de
de prevenção da cegueira, poderiam ser Oftalmologia do país, o que me dá muito
evitados. orgulho, segurança e alegria. Ela é suporte
A história também contribui para o para nossos colegas, residentes e fellows.
ensino da Oftalmologia e estimula novas É muito bom admirar até onde chega a
pesquisas. A tecnologia envolvida na cons- inteligência humana na proteção e na re-
trução da primeira faca de pedra polida foi cuperação do sentido da visão.
tão desafiadora quanto a inteligência posta
a serviço do desenvolvimento de um com- VALTER JUSTA
putador no final do século XX e das novas
Vem em muito boa hora a iniciativa CBO
tecnologias do século XXI.
de publicar este livro. A frenética ativida-
de cotidiana frequentemente nos distan-
PAULO RICARDO DE OLIVEIRA cia dos eventos do passado, que, se não
Muitos oftalmologistas brasileiros estão registrados de forma mais duradoura, fin-
concentrados nas suas atividades profis- dam por se desvanecer, levando consigo
sionais e não estão cientes do que acon- ensinamentos preciosos.
tece hoje e, menos ainda, do que acon- Mais do que simplesmente homenage-
teceu no passado da Oftalmologia. Isso é ar os que nos antecederam, serve a Histó-
uma pena, pois é conhecendo a história ria para inspirar sonhos para o futuro, ao
que o futuro pode ser mais bem plane- mesmo tempo que ilumina o caminho e
jado. Escrever um livro sobre a história previne a repetição de erros. Não por aca-
da Oftalmologia é também uma forma so, Cícero advertia: “desconhecer a História
de fazer justiça aos oftalmologistas que é arriscar-se a agir sempre como criança”.
se dedicaram, estudaram, pesquisaram e Parabéns aos Professores Newton Kara
trabalharam em prol da Oftalmologia bra- José e Fernando Cesar Abib, bem como
sileira, fazendo com que nossos médicos aos seus colaboradores, pela valiosa em-
fossem valorizados no Brasil e no exterior. preitada.

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Agradecimentos

A Jesus Cristo, por ter exaltado, em forma nhecimentos sobre os fatos de nossa his-
de milagres, a necessidade e a importân- tória.
cia da prevenção da cegueira e da reabili- Aos Presidentes das Sociedades Esta-
tação visual. duais e de Subespecialidades, pela coope-
A todos os que contribuíram para a ração na elaboração deste livro.
história da Oftalmologia nacional. Aos funcionários do CBO, que pron-
Aos oftalmologistas brasileiros que tamente nos auxiliaram em todos os mo-
criaram nossas revistas especializadas, mentos da realização deste trabalho.
sem as quais não seria possível a reconsti- As diretorias anteriores do CBO, por te-
tuição de muitos dos fatos relatados. rem criado os Temas Oficiais de Prevenção
Ao Presidente do CBO, Dr. José Augus-
da Cegueira, sem os quais a documenta-
to Alves Ottaiano, pela confiança deposi-
ção e o reconhecimento do trabalho co-
tada.
munitário da Oftalmologia teriam caído
Ao Vice-Presidente do CBO, Dr. José
no esquecimento.
Beniz Neto, pela orientação recebida na
Aos mentores que nos precederam e
execução desta obra.
nos ensinaram a Oftalmologia e o respeito
Aos Presidentes do 62o Congresso Bra-
pelas obras que herdamos.
sileiro de Oftalmologia, Drs. João Marcelo
de Almeida Gusmão Lyra e Mário Jorge Aos nossos pacientes, a quem rende-
Santos, pelo apoio recebido. mos nosso reconhecimento e cuja saúde
A Evaldo Campos, por sua obra Dicio- ocular é nosso objetivo maior.
nário Bio-Bibliográfico dos Oftalmologistas Às autoridades de saúde, em quem
do Brasil, e a João Diniz, pela obra SBO: 90 depositamos nossa confiança e para as
anos de História. quais estamos inteiramente disponíveis
As Diretorias do CBO e SBO pelo traba- para participar da luta pela saúde ocular
lho de congregação de nossa classe para a da população.
construção da Oftalmologia brasileira. Aos oftalmologistas brasileiros, de cuja
Aos colaboradores, que contribuí- labuta diária usufruem os necessitados.
ram para que fossem gravados seus co- A nossas esposas e filhos.

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Sumário

PARTE I
Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

SEÇÃO I 13 Periódicos e Revistas de Oftalmologia...........119


Considerações Sobre a História da
Oftalmologia 14 Série Oftalmologia Brasileira.........................125
 1 História da Oftalmologia Antes de Cristo.......... 5
SEÇÃO III
 2 História da Oftalmologia no Primeiro Escolas e Sociedades de Oftalmologia
Milênio da Era Cristã.......................................... 9
15 Escolas de Oftalmologia e Especialização.....131
 3 História da Oftalmologia no Segundo
Milênio da Era Cristã........................................13 16 Aspectos da História da Sociedade
Brasileira de Oftalmologia.............................167
 4 História da Oftalmologia no Brasil Colônia,
Império e República antes do Conselho 17 Considerações sobre a História da
Brasileiro de Oftalmologia (CBO).....................17 Oftalmologia nos Estados..............................173
 5 Biografias de Vultos da Oftalmologia 18 Associações Estaduais de Oftalmologia........197
do Brasil...........................................................21 19 Sociedades de Subespecialidades de
Oftalmologia..................................................207
SEÇÃO II
História do CBO SEÇÃO IV
 6 Fatos que Precederam a Fundação do CBO......49 Prevenção da Cegueira
 7 Natureza, Finalidades e Estrutura do CBO.......51 20 Considerações Iniciais....................................219
 8 Sedes do CBO...................................................55 21 Aspectos da Correção dos Vícios de
Refração com Óculos.....................................221
 9 Breve Biografia dos Presidentes do CBO..........57
22 Correção dos Vícios de Refração |
10 Gestões do CBO, Congressos e Temas Oficiais.. 75 A Solução de Divinolândia, São Paulo...........225
11 Site do CBO para Médicos................................87 23 Das Primeiras Campanhas de Prevenção
12 Prova Nacional de Oftalmologia e Cursos de de Doenças Oculares ao Projeto
Especialização Credenciados pelo CBO..........103 “Olho no Olho”...............................................227

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24 Histórico das Campanhas de Prevenção 30 Exemplos Notórios de Iniciativas Pessoais
da Cegueira no Brasil.....................................233 de Oftalmologistas na Saúde Pública............253
25 Fórum Nacional de Saúde Ocular e 31 Histórico das Campanhas de Cirurgia de
Campanhas de Prevenção da Cegueira..........239 Catarata..........................................................257
26 Projetos Comunitários para Prevenção da 32 Abril Marrom.................................................261
Cegueira na Visão de um Professor da
UNICAMP.......................................................241 33 Projeto Internacional de Baixa Visão –
27 Dorina Gouvea Nowill....................................243 Lions e Christian Blind Mission......................263
28 Instituto Benjamin Constant..........................247 34 Banco de Olhos de Sorocaba.........................265
29 Histórico da Reabilitação Visual no Brasil......249 Mensagem Final............................................267

PARTE II
Política Nacional de Atenção à Oftalmologia
Introdução......................................................271 39 Atenção de Média e Alta Complexidade
35 Política Nacional de Atenção à em Oftalmologia............................................293
Oftalmologia..................................................273 40 Programas de Combate às Causas
36 Atenção Básica à Saúde.................................279 Prevalentes de Baixa Visão e Cegueira...........297
37 Atenção Básica em Oftalmologia..................285 41 Projeto Mais Acesso à Saúde Ocular..............307
38 Redes de Atenção em Oftalmologia..............289 Referências.....................................................317

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PARTE Aspectos da História da
I Oftalmologia e do Conselho
Brasileiro de Oftalmologia

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SEÇÃO
Considerações Sobre a
I História da Oftalmologia

 1 História da Oftalmologia Antes de Cristo


 2 História da Oftalmologia no Primeiro Milênio da
Era Cristã
 3 História da Oftalmologia no Segundo Milênio da
Era Cristã
 4 História da Oftalmologia no Brasil Colônia, Império e
República antes do Conselho Brasileiro de Oftalmologia
(CBO)
 5 Biografias de Vultos da Oftalmologia do Brasil

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História da Oftalmologia
1 Antes de Cristo

O presente capítulo relata de forma su- prata, porém se o olho for destruído ele
mária fatos históricos que direta ou in- deve ter seus dedos cortados. Já se o olho
diretamente contribuíram para o desen- for de um escravo ele deve pagar metade
volvimento da oftalmologia, seguindo-se do preço".
a linha temporal de acontecimentos que A prática da medicina nessa época se
marcam época num período de aproxima- relacionava diretamente com sacerdotes e
damente 4200 anos de história. fazia-se mesclada com superstição e ma-
Em 2.283 a.C., um Imperador Chinês, gia. Por outro lado, o insucesso já se rela-
para observar as estrelas, utilizava len- cionava com possibilidade de punição do
tes feitas a partir da lapidação de rocha, executor do ato.
quartzo ou ametista. O culto ao deus egípcio Hórus surgiu
A primeira menção aos olhos em docu- há cerca de 5000 anos, quando Hórus, fi-
mentos pode estar no Código de Hamu- lho de Isis, perdeu a visão após ser ata-
rabi (Rei da Babilônia, Assíria), 2250 a.C., cado pelo demônio Seth, recuperando-a
passando a Era Cristã e chegando ao ano quando sua mãe invocou a ajuda de Toth.
1500, como balizador para entrarmos na O “Olho de Hórus” é reconhecido como
era da oftalmologia no Brasil, como Brasil símbolo da prescrição médica.
Colônia, Império e República, até nossos Médicos egípcios passaram a recorrer
dias. ao deus Hórus, utilizando o olho como
O Código de Hamurabi, que versava símbolo de saúde e felicidade. O culto a
sobre o Direito, é um conjunto de leis, em Hórus precedeu a veneração ao grande
que considerável parte versava sobre os Imhotep.
olhos: “Se um homem destruir o olho de Imhotep viveu durante o Antigo Impé-
outro homem, ele deve ter seu olho des- rio Egípcio, entre os anos de 2686-2613
truído. No caso de ser um homem livre, a.C., seu nome significa “aquele que vem
ele pagará um maná de prata e, no caso em paz”. Reconhecido como o primeiro
de ser um escravo, ele pagará metade do médico, morreu cerca de 2500 anos antes
preço.” do nascimento de Hipócrates, conhecido
Na Idade do Bronze, tinha-se que "se como o Pai da Medicina.
um médico drenar um abscesso em um Cem anos após a sua morte, Imhotep
olho com uma lanceta de bronze salvan- (Asclépio para os gregos) foi considerado
do o olho, ele receberá dez dinheiros de um semideus médico e por volta de dois

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mil anos após, foi elevado à categoria de com o auge cultural de Atenas. Pode-se
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

um deus do antigo Egito. Seu templo é reconhecer Imhotep como o pai da antiga
considerado o primeiro hospital da hu- medicina e Hipócrates como o pai da mo-
manidade. A Biblioteca Faraônica Imhotep derna medicina. A seguir a explicação que
armazenava seus tratados de medicina e embasa esse raciocínio.
cirurgia. Pelo que se conhece foram os Fundamentou a sua prática médica na
primeiros tratados médicos escritos. Diag- teoria dos quatro humores corporais, sendo
nosticou e tratou mais de 200 doenças, a vida mantida pelo equilíbrio destes: San-
destas 29 dos olhos. gue, Fleugma, Bílis Amarela e Bílis Negra,
Outra vertente histórica versa que Es- procedentes, respectivamente, do coração,
culápio ou Asclépio era o deus da medi- cérebro, fígado e baço. Cada um desses
cina e da cura. Filho de Apolo, um deus, humores possuía diferentes qualidades: o
e Corônis, uma mortal, nasceu de cesaria- sangue era quente e úmido, a fleuma era
na após a morte de sua mãe, foi criado fria e úmida, a bílis quente e seca e a bílis
por um centauro, Quíron, que o ensinou negra fria e seca. O predomínio natural de
a caçar, as artes da cura pelas ervas e a um destes humores na constituição dos in-
cirurgia. Adquiriu tamanha habilidade que divíduos determinaria diferentes tipos fisio-
podia trazer os mortos de volta à vida e lógicos: o sanguíneo, o fleumático, o bilioso
Zeus então o puniu com a morte por meio ou colérico e o melancólico. As doenças se-
de um raio. riam devidas a um desequilíbrio entre estes
O egiptólogo árabe Ebers descobriu humores, tendo como causas principais al-
um documento historicamente inestimá- terações causadas pelos alimentos, os quais,
vel, entre as pernas de uma múmia em ao serem absorvidos pelo organismo, origi-
Tebas, antigo Egito, datado de 1650 a.C., navam os quatro humores. Entre os alimen-
recebeu a denominação de Papyrus de tos, Hipócrates incluía a água e o ar. A febre
Ebers em sua homenagem. Este papiro era seria devida à reação do corpo para cozer
constituído por 110 páginas ou colunas, os humores em excesso. Seus tratamentos
oito dedicadas aos olhos, que descrevem auxiliavam a physis a seguir os mecanismos
doenças e remédios conhecidos pelos normais, assim expulsando o humor em ex-
egípcios à época. cesso.
Das colunas dedicadas aos olhos exis- Hipócrates foi o responsável pela tran-
tem as relacionadas com a dor no olho, sição da medicina como magia no templo
com a lágrima, com o pus nos olhos, com para a medicina como ciência, ressaltando
o sangue nos olhos, com o giro dos olhos, a importância da observação e do raciocí-
à escuridão, dentre outras. O conheci- nio indutivo.
mento anatômico era geralmente pobre O tratamento de afecções oculares da
apenas pelo domínio das estruturas ana- variedade aguda era realizado por flebo-
tômicas do corpo humano necessário para tomia ou sangria, irritação local ou até em
o embalsamamento de mortos. sítios remotos para remover humores dos
Hipócrates nasceu na ilha de Cós, era olhos. As variedades crônicas foram trata-
membro de uma ilustre família de médi- das principalmente com aplicação local de
cos. Sua existência coincidiu aproxima- leite de mulheres, bile de cabras e prepara-
6 damente com a Guerra do Peloponeso e ções de cobre, ferro e chumbo.

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A escola médica de Alexandria intro- merosos medicamentos antigos, incluindo

História da Oftalmologia Antes de Cristo


duziu aos tratamentos das doenças ocu- um preparado de opioides. Descreve tam-
lares o “collyria”, medicação sólida e não bém muitos procedimentos cirúrgicos,
líquida, composta por vários ingredientes dentre eles a remoção da catarata, na qual
tidos como secretos preparados em uma segundo ele o humor encontrava-se em
espécie de goma. Para serem utilizados ti- um espaço entre a pupila e a lente, obs-
nham um fragmento dissolvido em água, truindo assim os espíritos visuais. Quando
óleo, leite de mulher, urina, bile ou saliva. o sufúsio estava completamente formado,
A doença ocular mais agressiva à épo- era afastado para uma parte do olho por
ca era o tracoma, muito temida e causa- meio de uma operação realizada por uma
dora de muito sofrimento e cegueira. agulha forte e afiada, gentilmente enfia-
Caio Júlio César, militar e governan- da no olho e trabalhando suavemente o
te romano, entre 49 a.C. e 44 a.C. além sufúsio longe da pupila. O nome catarata
das conquistas militares elevou “status” foi adotado mais tarde por Constantinus
de médicos residentes permanentes em Africanus.
Roma, concedendo-lhes cidadania, pois
eram de origem grega ou eram escravos. BIBLIOGRAFIA
A seguir, a Grécia teve três médicos que Hirschberg J. The History of Ophthalmology in Anti-
se sobressaíram: Celsus, Plínio e Galeno. quity. Bonn. 1982; 349.
Celsus, nascido em 25 a.C. registrou Wheeler JR. History of ophthalmology through the
ages. Br J Ophthalmol. 1946; 30(5):264-75. Dis-
em sua obra “A Medicina” os sinais da in-
ponível em: (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/
flamação: dor, calor, rubor e tumor. Foi de- articles/PMC510603/) e (http://bjo.bmj.com/con-
talhista ao descrever a preparação de nu- tent/30/5/264.long).

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História da Oftalmologia no
Antes de
21 Cristo Milênio da Era Cristã
Primeiro

Este ciclo da História da Oftalmologia se sencial da visão, suas ideias sobre a cata-
inicia com o nascimento de Cristo. rata eram as mesmas de Celsus.
Plínio nasceu em Como, na Itália, no Acreditava que a função da retina era
ano 23 da era cristã, tido talvez como o perceber as alterações que ocorriam no
naturalista mais importante da Antiguida- corpo cristalino. Utilizou hyoscyamus para
de. Pregava: “As ilustrações são propensas dilatar as pupilas com propósitos cosmé-
ao engano, especialmente quando se faz ticos. A pupila dilatada era à época sinal
necessário grande número de tintas para de beleza, daí o nome dado a substância,
imitar a natureza,” Por essas razões, reco- atropa belladona. Autor de livros sobre
mendava aos autores “se limitar a uma óptica e doenças dos olhos que infeliz-
descrição verbal” da natureza. Também se mente se perderam no tempo.
aventurou no estudo da medicina e ob- Fundamentou os estudos sobre ana-
servou que os olhos dos animais noturnos tomia médica em macacos, pois a disse-
brilhavam no escuro, mas por não irra- cação humana não era permitida. Esses
diarem luz, observação esta que não foi estudos foram adotados por mais de mil
valorizada por muito tempo. anos até as descrições de dissecações hu-
Cláudio Galeno nascido em 129 da era manas de Andreas Vesalius em 1543. Con-
cristã, romano de origem grega, tornou-se siderado precursor da prática da vivissec-
renomado médico e filósofo. Suas teorias ção e experimentação com animais.
dominaram e influenciaram a ciência mé- Alhazen, físico e matemático pioneiro
dica do ocidente por mais de um milênio. em óptica, pós-Ptolomeu, nasceu no ano
Seus estudos anatômicos do crânio de 965 no Iraque. Escreveu numerosas
e respectivos nervos forneceram bases obras sobre os fenômenos da refração e
para o desenvolvimento do conhecimen- da luz. Em seu livro “Óptica” publicado no
to anatômico e fisiológico dos olhos. En- início do século XI, propôs uma nova teo
fatizava que a Natureza não criava nada ria para a visão; teoria então revolucio-
defeituoso e nada em vão. Descreve o nária e hoje reconhecida como um passo
olho como o mais divino dos órgãos e importante para a compreensão da visão.
admira a sabedoria do criador que to- Luzia, nascida em 283, em Siracusa
mou tanto cuidado no cérebro e na re- ficou conhecida como a Santa proteto-
tina. Como Hipócrates, ele pensou que o ra dos olhos. De família nobre e cristã,
corpo cristalino, a lente, era o órgão es- sua mãe se chamava Eutíquia. Cega de

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nascimento, foi batizada pelo bispo de da. O milagre e a visão confirmavam ainda
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

Ratishoma, e logo recuperou a visão. mais o propósito da virgem, lhe oferendo


Órfã de pai nos primeiros anos da in- ótima ocasião para convencer igualmente
fância, compreendendo o valor inesti- sua progenitora. A mãe cristã não teve ob-
mável da virtude da pureza, consagrou- jeções, sua filha pertencia a Deus e não se
se inteiramente a Deus com voto de vir- falaria mais de matrimônio em sua casa.
gindade perpétua. Nada comunicou, A filha acrescentou mais um pedido:
entretanto, à sua mãe, que pensou em queria receber a parte que lhe tocava em
desposá-la com um jovem nobre e rico de herança, para tudo dar aos pobres. E logo
Siracusa e com ele tudo ficou combina- a fortuna daquela nobre família começou
do. Sem recusar nem aceitar, foi adiando a ser distribuída aos pobres.
sempre a realização das núpcias, enquan- O noivo, porém, ignorando as determi-
to pedia fervidamente ao seu “esposo ce- nações últimas de Eutíquia e sua filha, quis
leste” que a socorresse nessa dificuldade. saber por que motivo se desfazia assim o
Acontece entrementes, que sua mãe patrimônio daquela que deveria ser a sua
adoece gravemente, de moléstia à época companheira. Tinha certo modo direito de
chamada de fluxo de sangue. intervir, porque a mão de Luzia já lhe tinha
Foram inúteis todos os remédios. E sido prometida. Qual foi a sua decepção
como sempre acontece nas famílias cris- ao saber que Luzia já se tinha entregado a
tãs, quando o doente está desenganado outro, ao seu Deus, a quem consagrara sua
pelo médico, apela-se ainda para um úl- virgindade. O amor ferido do moço, pagão,
timo recurso: a intervenção do sobrena- encontrou facilmente um meio de se vingar.
tural, da misericórdia divina. Pede-se um Denunciou Luzia, como cristã, ao pre-
milagre. Luzia quis pedi-lo para sua mãe. feito da cidade, Pescacio. A jovem recebe
Foram ambas a Catânia, cidade não muito ordem, diante do magistrado romano, de
distante de Siracusa, onde se veneravam sacrificar-se aos deuses do Império. Re-
as relíquias de Santa Ágata, martirizada cusa terminantemente, dizendo que só o
nos tempos da perseguição de Décio. faria ao único e verdadeiro Deus, Nosso
Enquanto estavam as duas cristãs, mãe Senhor Jesus Cristo, e não aos ídolos. Ele
e filha, orando no sepulcro de Ágata, Lu- ordenou aos carrascos que a conduzissem
zia, deixando-se vencer pelo sono, con- a uma casa de prostituição, onde o po-
templou em visão a sua protetora, que lhe pulacho poderia saciar-se miseramente.
falava: “Luzia, minha irmã por que pedes a Infamada, deveria morrer no lugar de sua
mim o que tu podes diretamente alcançar infâmia. Era ordem, e os sicários quiseram
de Deus nosso Senhor? Tua mãe já está executá-la imediatamente.
curada. Como eu, tu também darás a vida Os homens de lá não conseguiram
pela tua fé.” Como Catânio se tornou ilus- mover de um passo sequer à frágil e débil
tre pelo martírio, também Siracusa o será donzela. Vencidos os homens, recorreu-se
pelo teu. Tua alma, por causa de tua pure- à força dos animais, e Luzia foi amarrada
za virginal, é um templo em que habita o a algumas juntas de bois. O milagre con-
divino Espírito Santo. tinuou: nem estes animais, habituados ao
A visão desapareceu. E Luzia acordan- peso do arado, conseguiram mover a vir-
do, viu que realmente a mãe estava cura- gem do seu lugar.
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É de imaginar a ira de Pascásio. O povo Os fiéis logo recolheram os seus restos

História da Oftalmologia no Primeiro Milênio da Era Cristã


todo, como sempre acontece nessas oca- sagrados, sepultando-a nas catacumbas
siões, presenciava sua tremenda derrota. Re- que ficaram com seu nome, para depois
correu, para se ressarcir, a outro expediente: colocá-los com toda a pompa na basílica
mandou amontoar lenha ao redor de Luzia que lhe erigiram. Luzia era a mais ilustre
e atear fogo de modo a deixá-la entre as filha de Siracusa.
chamas que consumiram toda a lenha, mas Um artigo publicado por JL Souza, em
não atingiram absolutamente a mártir. 1946 nos Arquivos Brasileiros de Oftalmo-
Sentenciada à pena capital, um golpe logia, é dedicado a Santa Luzia, conhecida
de espada deveria dar à Igreja mais uma como a padroeira dos Médicos Oculistas.
mártir, mas, atingida por grave ferida, Esta é uma das histórias referente à San-
Luzia continuou a falar, para o espanto ta Luzia, outras existem, sempre referida
de todos. Predisse a próxima liberdade como padroeira da visão.
da Igreja, com a queda de Diocleciano
e morte de Maximiniano, seu colega de
BIBLIOGRAFIA
império; predisse a infelicidade de Pascá-
sio, seu algoz, que seria levado a Roma e Hirschberg J. The History of Ophthalmology in Anti-
quity. Bonn. 1982; (2):345.
condenado pelo Senado. De joelhos, re-
Souza JL, Paul S. Luzia, a protetora dos olhos. Arq Bras
zando, depois de ter recebido a Sagrada Oftalmol. 1946; 9:49-64.
Comunhão, entregou placidamente sua Wheeler JR. History of ophthalmology through the
vida. ages. Br J Ophthalmol. 1946; 30(5):264-75.

11

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História da Oftalmologia no
Antes de
31 Cristo Milênio da Era Cristã
Segundo

Em 1050, os turcos, por motivação reli- po da medicina. De sua produção literária


giosa, começaram um período de con- destaca-se o livro Summulae Logicales,
quista e perseguição cristã em torno do Súmulas de Lógica, uma sistematização
Mediterrâneo Oriental tendo como uma da lógica clássica.
das desastrosas consequências o incên- Foi acusado de ser feiticeiro porque
dio da Biblioteca em Alexandria. Isso ge- estudava alquimia e a anatomia do corpo
rou um hiato em termos de obras ali ar- humano; à época tudo o que se relacio-
mazenadas que nunca mais puderam ser nava com experiências era interpretado
resgatadas. como bruxaria.
A essa época foi escrito um tratado Sua fama era tamanha que o poeta ita-
sobre a higiene do olho, por Pedro Ibérico, liano Dante o incluiu no poema Divina Co-
português que se tornou o Papa João XXI. média, escrito em 1321, que também faz
Uma parte especial na história da especia- referência a grandes nomes da ciência da
lidade é atribuída a ele, reconhecido como época, tendo nessa obra sido colocado no
o Papa Oftalmologista. Paraíso e não no Inferno ou no Purgatório,
Pedro Julião, Pedro Hispânico ou mes- as três partes fundamentais do poema.
mo Pedro Ibérico, como era conhecido Único Papa português, falecido em 1277,
por suas obras, nasceu entre 1210 e 1220 em Viterbo, Pedro Julião escreveu obras
em Portugal. Estudou na Universidade científicas como o “Tesouro dos Pobres” e
de Paris, mas a medicina foi cursada em “O Olho”.
Montpellier. Dedicou-se também ao estu- Na obra médica “O Tesouro dos Po-
do eclesiástico por sua fama e méritos. bres” compilou mais de 1.400 receitas
O então sacerdote português chegou para doenças.
à cúria papal duas décadas antes de ser O Olho (Tractatus de Oculis), dedica-
eleito em conclave. Em 1268, foi nomeado do ao tratamento das doenças de olhos
médico principal do Papa Gregório X. foi reconhecido como sua principal obra
Pedro Julião foi eleito Papa com o literária, e continuou sendo pelo menos
nome de João XXI. Após sua nomeação dois séculos e meio após a sua redação.
decidiu estabelecer-se em Viterbo, tendo Proporcionou uma visão do que era a
mandado construir as instalações neces- teoria e a prática, não só da medicina
sárias no palácio pontifical para o prosse- medieval em geral, mas da oftalmologia
guimento das suas investigações no cam- medieval em particular. Nesta obra ele

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explana sobre o que fazia bem aos olhos Coisas que fazem mal aos olhos:
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

e o que fazia mal aos olhos. O seguinte faz mal aos olhos:
Desta obra foram encontrados 36 Choro, fome, jejum, vinho velho, cer-
exemplares em toda a Europa, um deles veja nova, turva, especialmente a de
manuscrito pelo pintor e escultor Miguel centeio, demasiado macerada. Toda
Ângelo, no século XV, que recorreu ao tra- embriaguez e excesso. Todo o le-
tado depois de ter sofrido uma infecção gume, leite, queijo e tudo o que for
nos olhos quando pintava a Capela Sisti- salgado, em fumigação ou estupefa-
na. O manuscrito com algumas das recei- ciente, como a papoila, etc. Sono de-
tas que copiou está guardado na Bibliote- masiado depois das refeições e vigí-
ca do Vaticano. Há, contudo, historiadores lias imoderadas. Canto em demasia
que defendem que o autor destes trata- e coito frequente. Olhar em demasia
dos era um outro Pedro Hispano. para objectos brancos e luminosos.
A seguir, parte transcrita de seu trata- Também faz mal a flebotomia fre-
do, em que relata coisas que fazem bem e quente e ilícita.
que fazem mal aos olhos.
Considerando a interdependente re-
Coisas que fazem bem aos olhos: lação entre o olho como sistema biológi-
Os olhos são órgãos brilhantes, co, tecidos e células, para viabilizar outro
redondos e radiosos, cobertos por sete sistema, o óptico, caracterizado por sua
túnicas e três humores. "Os olhos são precisão física, para não romper o nexo
as janelas da alma", para se verem temporal desde os primórdios sobre o
através deles, como por uma varan- descobrimento da ótica e das lentes, este
da, as cores e as figuras. Por isso diz tema é aqui inserido.
Platão: A vista é da maior utilidade. Os fenícios, próximo ao início da era
Faz-lhe bem todos os colírios e Cristã, descobriram que a areia misturada
pós, arruda, funcho, aloés sucotrino com salitre, fundidos no calor do sol, pro-
na comida, urgebão, mostarda, vina- duziam um sólido, que com o tempo foi
gre de romãs e vinhos dos melhores. denominado vidro em forma bruta.
E mergulhar os olhos em água fria Com o surgimento do vidro e o domí-
com frequência, em tempo de verão. nio da sua manufatura, foram produzidas
Todo o fel de animais vivos, em co- as lentes convexas. Exemplares destas fo-
lírios. Olhar para as montanhas e a ram encontrados nas escavações de Pom-
verdura. Fazer a lavagem frequen- peia; suas distâncias focais eram peque-
te das mãos e dos pés, e raspá-los, nas a ponto de não poderem ser usadas
e conservar também o estômago diante dos olhos.
quente. Igualmente faz bem aos As primeiras referências sobre a exis-
olhos evitar o fumo e muitas coisas tência de lentes bifocais datam de 500 a.C.
que lhe são contrárias. Funcho, ur- e foram encontradas em textos do filóso-
gebão, rosa, erva-andorinha, arruda; fo chinês Confúcio. Durante o século XIII
disto se faz uma água que a vista idosos chineses passaram a utilizar lentes
14 torna aguda. para poder ver coisas pequenas.

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Roger Bacon, inglês nascido em Somer- diferentes cores; foi o primeiro a decom-

História da Oftalmologia no Segundo Milênio da Era Cristã


set em 1214, estudou em Oxford e Mon- por a luz branca através de um prisma.
tpellier, Medicina, tornou-se monge da Or- Thomas Young, em 1801, descobriu
dem de São Francisco de Assis, trabalhou o que hoje se conhece como astigmatis-
no aperfeiçoamento do Calendário Juliano mo. Airy, astrônomo real britânico nascido
e em instrumentos de óptica, estudou tam- próximo de 1835, foi o primeiro a utilizar
bém a refração e desenvolveu os princípios lentes cilíndricas para corrigir o próprio
da confecção de óculos, além de descrever astigmatismo.
o olho como sendo um dispositivo no qual Johannes Kepler em manuscrito de sua
imagens são formadas. autoria, de 1611, com o nome de “Diop-
Em 1785, Benjamin Franklin inventou trice”, sobre ótica dos telescópios iniciou
os primeiros óculos bifocais, com duas com a utilização desse termo na ótica fí-
lentes à frente de cada olho unidas pela sica.
armação, possibilitando enxergar de lon- Nagel, em 1875, formulou uma escala
ge e de perto em um único acessório. de medidas refrativas, cuja unidade foi a
Armati de Florença, nascido em 1285, dioptria, baseada na distância focal de 1
foi reconhecido como um dos invento- metro.
res dos óculos, devido a uma inscrição Monoyer propôs que essa unidade
encontrada numa pedra em uma igreja fosse adotada internacionalmente como
com o seguinte dizer: “Aqui jaz Salvino medida de refração. No último século essa
del Armati de Florença, o inventor dos escala ganhou o mundo.
óculos.”
No século XVI surgiram as lentes nega- BIBLIOGRAFIA
tivas para correção da miopia, que come- Hirschberg J. The history of ophthalmology in antiqui-
çaram a ser comercializadas. O progresso ty. Bonn. 1982; (2):345.
da óptica como ciência para corrigir hoje Sobre a deficiência visual. Disponível em: http://www.
o que se conhece como erros da refração deficienciavisual.pt/r-Tratado_olhos-Pedro_Hispa-
no.htm
veio a seguir.
Wheeler JR. History of ophthalmology through the
Ainda nesse século, máscaras foram ages. Br J Ophthalmol. 1946; 30(5):264-75. Dispo-
utilizadas para tratamento do estrabismo, nível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/arti-
tinham como princípio forçar o olho estrá- cles/PMC510603/.

bico para voltar à posição normal, olhan- http://www.sabado.pt/vida/visita-do-papa-a-fatima/


detalhe/os-nove-meses-do-papa-portugues
do através de uma pequena abertura.
https://www.infopedia.pt/$pedro-hispano-(papa-jo-
Newton, no século XVII, descobriu que ao-xxi)igreja catedral de S. Lourenço, em monu-
a luz branca é composta de raios de luz de mento de pórfiro.

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História da Oftalmologia no Brasil
História da Oftalmologia Antes de
41 Colônia, Império e República
Cristo
antes do Conselho Brasileiro de
Oftalmologia (CBO)

A primeira Santa Casa do mundo foi cria- científica, o que somente começou com a
da em 15 de agosto de 1498, em Lisboa, vinda da Família Real e da criação das fa-
pela Rainha Leonor de Lencastre, esposa culdades de Medicina e de Direito.
do Rei Dom João II, originando a “Con- A Santa Casa de Misericórdia do Rio
fraria de Nossa Senhora de Misericórdia”, de Janeiro, fundada pelo Padre José de
dedicada aos doentes, pobres, órfãos, pri- Anchieta, socorreu inicialmente tripu-
sioneiros e artistas. lantes das caravelas da esquadra do Al-
Ao planejar e fundar a Irmandade de mirante Diogo Flores Valdez que apor-
Invocação a Nossa Senhora da Misericór- taram na Baía de Guanabara em 25 de
dia, com “cem homens de boa fama, sã março de 1582. Padre José de Anchieta
consciência e vida honesta”, a Rainha D. junto com os índios fizeram infusões e
Leonor assumiu o compromisso de apoiar medicamentos com plantas medicinais
os mais desfavorecidos e levar a cabo as para tratar os marinheiros. Diz-se que
14 Obras de Misericórdia, sendo sete espi- aí começa a história da Santa Casa da
rituais e sete materiais, entre elas consolar Misericórdia no Brasil e que essa se res-
os que sofrem, curar e assistir os doentes ponsabilizou pela administração de ce-
e sepultar os mortos. mitérios.
A assistência hospitalar no Brasil se ini- Merece destaque a história das Santas
ciou logo após o descobrimento, quando Casas no Brasil, pois o ensino da medicina
Portugal transferia para suas colônias seu começou dentro delas, mais especifica-
acervo cultural. Nesse período estava em mente na do Rio de Janeiro.
evolução o sistema criado pela Rainha D. Em 1808, foi criada pelo príncipe re-
Leonor. gente D. João a Escola de Anatomia, Me-
No Brasil, a primeira Irmandade da dicina e Cirurgia do Império, instalada no
Santa Casa de Misericórdia foi oficialmen- Hospital Militar do Morro do Castelo, Rio
te fundada em 1543, período colonial, em de Janeiro. Em 1856, foi transferida para
Santos, seguido pela Bahia, Espírito Santo, o prédio do Recolhimento das Órfãs, na
Rio de Janeiro, Olinda e São Paulo. Como Rua Santa Luzia, ao lado da Santa Casa de
primeira instituição hospitalar do país, Misericórdia.
destinava-se a atender aos enfermos dos A outra escola de medicina, contem-
navios nos portos e moradores das cida- porânea a esta, era a Faculdade de Medi-
des. Nesse período nenhuma prática era cina da Bahia, fundada também em 1808.

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Quebrando o nexo temporal, para des- lou não ter constatado casos de tracoma
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

tacar a continuidade desta instituição até na capital paulistana.


nossos dias, esta foi transformada na Fa- Fernando Pires Ferreira, piauiense,
culdade Nacional de Medicina da Univer- em 1867 defendeu em Paris a tese inti-
sidade do Brasil, que em 1965 passou a tulada “De l’opération de la catarate par
ser denominada Universidade Federal do l’extration lineaire scleroticale” e foi alçado
Rio de Janeiro (UFRJ). ao cargo de chefe da clínica oftalmológica
Carlos José Frederico Carron du Villards do célebre oftalmologista de Paris, o ale-
chegou ao Brasil trazendo para a América o mão, Prof. Louis De Wecker. Retornando
invento de Helmholtz, um instrumento que ao Brasil atuou como médico do Impé-
examinava o interior do olho, o oftalmoscó- rio, no Rio de Janeiro, defendendo a tese
pio. Teve papel de destaque no desenvol- “Breves considerações sobre as aplicações
vimento da especialidade na Corte do Rio da iridotomia no tratamento da catarata”.
de Janeiro. Também foi o responsável pela Em 1872 implantou o Curso de Oftal-
criação do Instituto Oftalmológico do Bra- mologia na Santa Casa de Misericórdia do
sil na Santa Casa de Misericórdia em 1850, Rio de Janeiro, sendo considerado como
considerado o primeiro serviço gratuito de o “Pai da Oftalmologia” no Brasil, tanto
assistência aos doentes dos olhos no país. por ser o primeiro médico brasileiro for-
Manoel da Gama Lôbo, nascido em mado nessa especialidade, como por seu
1831 no Pará, decidiu-se pela oftalmolo- pioneirismo na implantação do Curso na
gia ao conhecer o médico Carlos José Fre- Santa Casa.
derico du Villards, criador do já citado Ins- Deixou brilhantes discípulos, entre os
tituto Oftalmológico que funcionou como quais, o eminente Professor José Antonio
uma verdadeira escola, uma vez que a de Abreu Fialho e o Dr. Octávio do Rego
disciplina de oftalmologia não existia nas Lopes.
duas escolas médicas da época. Eusébio de Queiróz Matoso, carioca,
Ficou nacionalmente reconhecido por importante figura do Império, era senador
associar a cegueira a uma carência nu- e chefe do Partido Conservador, chefiou
tricional específica, quando as vitaminas a Clínica Oftalmológica Masculina de San-
ainda não haviam sido descobertas. ta Casa de Misericórdia de São Paulo de
O sergipano José Lourenço de Maga- 1899 a 1923.
lhães escreveu uma importante obra so- Dr. Pires Pontual, de Petrolina, pernam-
bre beribéri, impaludismo e assuntos of- bucano, foi o primeiro chefe da Clínica
talmológicos à época, século XIX. Oftalmológica de Mulheres da Santa Casa
Adolph Gad, possivelmente o primeiro de Misericórdia entre 1902 e 1905.
oftalmologista de São Paulo, foi o che- João Paulo da Cruz Britto, maranhense,
fe do primeiro Serviço de Moléstias dos desde estudante interessou-se pela ocu-
Olhos da Santa Casa de Misericórdia da lística, frequentando as aulas e a Clínica
cidade, conforme registrado em Livro de do Prof. Abreu Fialho. Em 1910 na Europa
Actas, do próprio Nosocômio, em 13 de frequentou serviços de famosos à época
setembro de 1885. que contribuíram para o desenvolvimento
Em 1884 compareceu ao Congresso de da especialidade, tais como Fuchs, Mel-
18 Oftalmologia de Copenhagen, onde reve- ler, Salzmann, Lindner, Dimmer e outros.

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Arnaldo Vieira de Carvalho, em 1916, o destinado aos médicos na forma de guia

História da Oftalmologia no Brasil Colônia, Império e República antes do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO)
convidou para reger a cátedra de oftalmo- prático no uso dos medicamentos.
logia da Faculdade de Medicina, Cirurgia e No ano de 1888 fundou, juntamente
Farmácia de São Paulo. com Hilário de Gouveia, José Cardoso de
José Antônio de Abreu Fialho, sergipa- Moura Brasil e Paula Fonseca, a “Revista
no, estudioso da oftalmologia, em 1896 Brasileira de Oftalmologia” que, embora
doutorou-se com estudo “A oculística pe- tenha lançado apenas dois volumes, foi
rante a patologia – perturbações ocula- considerada como “o despertar da im-
res nas moléstias cerebrais”. Sua tese se prensa oftalmológica em nossa terra”.
tornou importante documento na história Foi também Membro Correspondente
da oftalmologia brasileira. Foi fundador da Societé Française d’Ophtalmologie e
da “Revista de Clínicas” e dos “Annaes das Sociedades de Medicina e Cirurgia de
de Oculística do Rio de Janeiro” esta em Curitiba e de São Paulo, Sócio Correspon-
1928, colaborou também com diversos dente da Associacion de la Prensa (Chile),
periódicos do Brasil e do exterior. É, tam- Membro da Sociedade Brasileira de Neu-
bém, o Patrono da Cadeira 21 da Acade- rologia, Psiquiatria e Medicina Legal, den-
mia Sergipana de Medicina. tre outros cargos.
Sylvio de Abreu Fialho, seu filho, em A partir de 1900, as escolas para o en-
seu livro “Páginas Viradas”, relatou que no sino da oftalmologia cada vez mais cientí-
concurso a que se submeteu para a con- fica ganharam novos interessados, desen-
quista da cátedra, surpreendeu os con- volveram-se inicialmente os centros de
correntes favoritos, isto é, “aqueles cujos ensino da oftalmologia do Rio de Janeiro,
nomes granjeavam maior evidência entre Salvador, Belo Horizonte e São Paulo.
as elites". O único trunfo que Abreu Fialho Os primeiros eventos científicos da
possuía era a enorme confiança no saber especialidade foram cruciais para que os
acumulado nas vigílias do estudo em que médicos oftalmologistas começassem a
se haviam consumido as melhores horas se aglutinar em sociedades, foram eles: A
da sua mocidade”. Semana Oftalmo-Neurológica em 1927, a
Hilário de Gouveia foi o primeiro Len- Primeira Reunião Brasileira de Oftalmo-
te propritário de Clínica Oftalmológica da logia em 1935, que posteriormente ficou
Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. conhecido como I Congresso Brasileiro de
Segundo Edilberto Campos, o ensino da Oftalmologia, II Congresso Brasileiro de
medicina começou no Brasil com D. João Oftalmologia em 1937, III Congresso Bra-
VI, o ensino da oftalmologia como espe- sileiro de Oftalmologia em 1939.
cialidade autônoma ainda se atrasou mais Alguns aspectos históricos da oftal-
meio século, até 1881, quando Hilário o mologia serão relatados no Capítulo 6,
iniciou. considerando-se os fatores precedentes à
Outro sergipano, Edilberto Campos, fundação do Conselho Brasileiro de Oftal-
defendeu tese denominada “Notas sobre mologia (CBO), suas características e atu-
a correção óptica permanente na myo- ação no país, bem como suas realizações.
pia”. Em 1907 nomeado Secretário do Também a estratificação administrativa
Governo do Estado de Sergipe. Editou o iniciada nos estados, decorrência das ne-
livro “Os Medicamentos da Oculística”, cessidades regionais bem como a forma- 19

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ção das sociedades de subespecialidades Edilberto Campos. Revista Brasileira de Oftalmologia.
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

Vol. II, no 2 -Dez ,1943.


reunindo profissionais com interesses es-
https://pt.wikipedia.org/wiki/Santa_Casa_de_
pecíficos em áreas focadas da oftalmolo-
Miseric%C3%B3rdia_de_Passos
gia serão abordadas. https://pt.wikipedia.org/wiki/Santa_Casa_de_
Miseric%C3%B3rdia
BIBLIOGRAFIA h t t p : / / w w w. h o s p i t a l g e r a l s a n t a c a s a r i o . c o m .
120 anos de Oftalmologia. Santa Casa de Misericórdia br/?p=historia
de São Paulo. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2005. http://www.scmp.org.br/materia/61/a-historia-das-
Diniz J, Ventura M, Freitas JAH, Diniz M. SBO – 90 Anos de santas-casas
História – Família Oftalmológica Brasileira. SBO. 2017. http://www.anm.org.br/academicos.asp

20

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5 Biografias de Vultos da
Oftalmologia do Brasil

CARLOS JOSÉ FREDERICO CARRON logiques” em francês, ambas no ano de


DU VILLARDS (1800-1860) 1859.
Exerceu o cargo de médico na Casa
Nasceu em 26 de abril de 1800, em An-
de Saúde Nitherohyense e em 1859 na-
necy, França. Doutorou-se em medicina
turalizou-se brasileiro. No mesmo ano
e cirurgia pelas Universidades de Turim,
de seu falecimento, em 1860, fundou
Amsterdam, Havana e México.
a Imperial Casa de Saúde de Medicina
Tornou-se oculista do S. M. o Rei de
Operatória e de Convalescença.
Sardenha, do exército sardo e inspetor
geral do corpo de saúde do México. Na
MANOEL DA GAMA LÔBO
França atuou como diretor do Instituto
Oftalmológico de Paris e recebeu o aval
(1831-1883)
para lecionar no país. Nasceu em 9 de março de 1831 na cida-
Chegou ao Brasil trazendo o invento de de Monte Alegre, no Estado do Pará.
de Helmohltz, um instrumento que exami- Iniciou seus estudos na Faculdade de
nava o interior do olho – oftalmoscópio. Medicina da Bahia, concluindo o curso
Teve um papel de destaque no desenvol- de medicina na Faculdade de Medicina
vimento da nova especialidade na Corte do Rio de Janeiro no ano de 1858. Sua
do Rio de Janeiro. trajetória profissional teve início no Ar-
Foi responsável pela criação do Ins- senal de Guerra da Corte como médico
tituto Oftalmológico do Brasil na Santa militar.
Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro em Despertou para o estudo da oftalmo-
1850, considerado o primeiro serviço de logia ao conhecer o médico Carlos José
assistência aos doentes dos olhos no país. Frederico du Villards, que havia criado o
Eleito Membro Titular da Academia Instituto Oftalmológico na Santa Casa da
Nacional de Medicina em 1858 apresen- Misericórdia do Rio de Janeiro, o primei-
tando a tese intitulada “Dans l’état actuel ro serviço no Brasil a fornecer assistência
de la science, il est prudent et rationnel de pública a pacientes oftalmológicos e que
faire des efforts exagérés pour extraire les acabou funcionando como uma verdadei-
calculs volumineux par la taille périnéale?”. ra escola, uma vez que a disciplina de of-
Publicou “Adversaria Oftalmológica” talmologia não existia nas duas escolas de
em português e “Passe Temps Ophtalmo- medicina da época.

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Viajou para a Europa para aprofundar Teve diversos trabalhos publicados
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

seus estudos. Na Alemanha especializou- entre livros, teses, monografia e artigos


se em oftalmologia e ao retornar para o periódicos nacionais e internacionais.
Brasil foi o primeiro médico brasileiro a Podemos destacar o artigo “Da Oftalmia
exercer a prática da oftalmologia e o pri- Brasiliensis” no periódico Annaes Brazi-
meiro chefe do Serviço de Olhos da Santa lienses de Medicina.
Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. Faleceu em 7 de junho de 1883.
Realizou pela primeira vez no Brasil a Sua biografia foi extraída do site da
operação de iridectomia, além de introdu- Academia Nacional de medicina onde
zir no país as operações de tumores lacri- ocupa cadeira de membro titular.
mais, praticando também pioneiramente
intervenções na catarata luxada, do cero- FERNANDO PIRES FERREIRA
tocone e das cataratas zonulares. (1842-1907)
Ganhou reconhecimento nacional ao
associar a cegueira a uma carência nu- Nasceu em 26 de abril de 1842 na cidade
tricional específica, quando as vitami- de Parnaíba, Estado do Piauí. Doutorou-
nas ainda não haviam sido descobertas, se pela Faculdade de Medicina de Pa-
comparando a alimentação dos escravos ris, em 1867 defendendo a tese intitu-
de diversas províncias do país. Percebeu lada “De l’opération de la catarate par
que nas províncias produtoras de café e l’extration lineaire scleroticale”. Dedi-
açúcar, onde os escravos alimentavam-se cou-se na especialidade de moléstias
exclusivamente de feijão e de farinha de dos olhos, e alcançou o cargo de Che-
milho, os índices de úlceras crônicas nos fe da Clínica Oftalmológica do célebre
olhos e a cegueira noturna eram superio- oftalmologista de Paris, o alemão, Prof. Dr.
res aos das províncias em que os escravos Louis De Wecker.
se alimentavam de peixe, carne e frutas. Voltando da Europa, habilitou-se na
Suas descrições correspondem ao que Faculdade de Medicina do Rio de Janei-
hoje chamamos de xeroftalmia, a qual só ro para exercer sua profissão no Império,
seria descoberta em 1913. defendendo a tese “Breves considerações
Eleito Membro Titular da Academia sobre as aplicações da iridotomia no tra-
Imperial de Medicina em 1863 com a me- tamento da catarata”.
mória “A Amaurosis Julgada pela Oculísti- Em 1869, foi eleito Membro Titular da
ca Moderna”. Academia Nacional de Medicina apresen-
Em 1872 retornou à Alemanha para tando a tese “Considerações sobre o pte-
dar continuidade aos seus estudos de of- rígio e seu tratamento”.
talmologia sob a orientação de Hermann Em 1872 implantou o Curso de Oftal-
Ludwig von Helmholtz. mologia na Santa Casa de Misericórdia do
Sob a orientação dos mestres Rudolf Rio de Janeiro. Sendo considerado o “Pai
Wirchow (1821-1902) e Salomon Stricker da Oftalmologia” no Brasil: tanto por ser o
(1834-1898) dedicou-se ao estudo de his- primeiro médico brasileiro formado nessa
tologia. Ao retornar para o Brasil, iniciou especialidade, como por seu pioneirismo
uma nova linha de estudos clinicoanato- na implantação do Curso na Santa Casa,
22 mopatológicos sobre febre amarela. onde, aliás, passou a transmitir seus co-

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nhecimentos, criando escola e deixando bre observações que possuía acerca do em-

Biografias de Vultos da Oftalmologia do Brasil


brilhantes discípulos, entre os quais, José prego da pilocarpina na terapêutica ocular.
Antonio de Abreu Fialho e Octávio do Foi prontamente reconhecido, o que lhe
Rego Lopes. A cátedra de oftalmologia só valeu a nomeação, por parte da Sociedade,
foi criada 10 anos depois na Faculdade de de Correspondente Estrangeiro.
Medicina do Rio de Janeiro por iniciativa Eleito Membro Titular da Academia
do Dr. Fernando Pires Ferreira que indicou Nacional de Medicina em 1868, apresen-
para essa cátedra seu amigo e colega Hi- tando a memória intitulada “Conside-
lário Soares de Gouvêa. rações Teóricas e Práticas sobre o Novo
Profissional notável exerceu sua espe- Processo Operatório de Curetagem – Ex-
cialidade de oculista na Santa Casa de Mi- tração Linear Modificada”.
sericórdia, na Ordem 3a de Santo Antonio, Dedicou-se, também, à fundação de
no Hospital de São Francisco de Paula, na núcleos coloniais, através da Campanha
Sociedade Dom Pedro V e na Brigada Po- Colonizadora Industrial, que celebrou um
licial. contrato com o Governo em 1890.
Exerceu gratuitamente o alto cargo de Recebeu diversas condecorações
Delegado da Instrução Pública, tendo sido como Oficial da Ordem da Rosa, Cavalei-
por essa benemerência condecorado com ro da Ordem de Cristo, Oficial da Ordem
a comenda de Oficial da “Ordem da Rosa”, Espanhola de Isabel, a Católica e Oficial da
pelo Imperador D. Pedro II. Ordem da Torre de Espada, de Portugal.
Faleceu em 27 de outubro de 1907, no Faleceu em 14 de janeiro de 1911, no
Rio de Janeiro. Sua biografia foi extraída Rio de Janeiro. Sua biografia foi extraída
do site da Academia Nacional de medicina do site da Academia Nacional de medicina
onde ocupa cadeira de membro titular. onde ocupa cadeira de membro titular.

ATALIBA LOPES DE GOMENSORO HILÁRIO SOARES DE GOUVEIA


(1843-1911) (1843-1923)
Nasceu em 12 de abril de 1843, em Recife, Nasceu na cidade de Caeté, em Minas
Pernambuco. Doutorou-se pela Faculdade Gerais, no dia 23 de setembro de 1843.
de Medicina do Rio de Janeiro em 1865, Doutorou-se em 1866 com a tese intitu-
defendendo a tese intitulada “Sobre o lada “Do glaucoma: dos sucos digestivos,
Cancro Venéreo”. estudo chimico-pharmacológico sobre a
Ainda estudante, exerceu o cargo de strychinina, veratrina e brucina, operações
Interino de Clínica Cirúrgica da mesma reclamadas pelos tumores hemorroidaes”.
Faculdade. Clinicou, por algum tempo, em Após formar-se em medicina, morou
Campanha da Princesa, em Minas Gerais. um ano em Paris e quatro em Heidelberg,
Dedicou-se à especialidade de Oftalmo- onde revalidou seu diploma e realizou
logia, tendo feito viagens à Europa para estudos especiais sobre as moléstias dos
aprofundar-se nos estudos. olhos. Foi estagiário e depois chefe de
Na Sociedade de Medicina de Paris, clínica desta universidade, e partilhou da
diante de vários notáveis, em uma sessão convivência com Friedrich Wilhelm Ernst
especial, realizou brilhante conferência so- Albrecht von Graefe (1828-1870), oftal- 23

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mologista alemão considerado o funda- Boletim, 1o Secretário (1892), Vice-Presi-
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

dor da oftalmologia científica. dente (1894) e Presidente (1888, 1889 e


Ao retornar ao Brasil, em 1870, Hilário 1893).
Soares de Gouveia dedicou-se à clínica No 1o Congresso Brasileiro de Medici-
nas áreas de oftalmologia e de otorrino- na e Cirurgia, em 1888 no Rio de Janei-
laringologia. Realizou consultas e opera- ro, ocupou o cargo de 1o vice-presidente,
ções em seu consultório particular, de- apresentando o trabalho intitulado “Ma-
nominado Consultório Oculístico do Dr. turação artificial das cataratas”. Presidiu
Hilário de Gouveia, onde ministrava curso ainda o 2o Congresso Brasileiro de Medi-
público de moléstias de olhos. cina e Cirurgia (Rio de Janeiro, 1889), no
Desde o ano de 1873 integrou, como qual proferiu um discurso fazendo críticas
oculista, o quadro médico da Casa de à política sanitária e à política de forma-
Saúde de Santa Thereza. Relatou diversos ção de profissionais de medicina, condu-
distúrbios e enfermidades relacionadas à zidas pelo governo Imperial, destacando
visão, como a associação dos distúrbios que pouco havia sido feito em relação à
da nutrição com xeroftalmia, cegueira higiene pública.
noturna, destruição de córneas (cerato- No ano de 1888 é fundada a primeira
malacia), além de contribuir na prevenção revista de oftalmologia, intitulada: “Revis-
da cegueira. Registrou, em 1869, seu pri- ta Brazileira de Ophtalmologia”, que teve
meiro caso de xerosis conjunctivae bulbi pouca duração. Integrou, desde 1888, o
de desfecho fatal, enfermidade esta an- corpo de médicos efetivos do Hospital da
teriormente denominada por Manoel da Sociedade Portuguesa de Beneficência.
Gama Lobo de ophtalmia brasiliana, ao Em 1893, organizou, seguindo o mo-
relacioná-la com o clima. delo de assistência a feridos de guerra da
Foi designado em 5 de julho de 1881 Cruz Vermelha, uma comissão que pres-
para reger, a título provisório, a recém- tou socorros médicos durante a Revolta
criada cadeira de Clínica Oftalmológi- da Armada (1893-1894) e a Revolução
ca na Faculdade de Medicina do Rio de Federalista do Rio Grande do Sul (1893-
Janeiro. 1895). Devido à sua participação nestes
Em fevereiro de 1883 prestou concurso eventos e a sua posição contrária a Floria-
para a mesma disciplina, tendo sido apro- no Peixoto, então Presidente da Repúbli-
vado. Em 6 de março de 1883 foi nomea- ca, Hilário Soares de Gouveia foi acusado
do Lente Proprietário de Clínica Oftalmo- de prestar auxílio aos rebeldes, sendo en-
lógica na Faculdade de Medicina do Rio carcerado na Casa de Correção. Instalou-
de Janeiro, cargo este que ocupou até o se na França, tendo chegado a Paris em 1o
ano de 1895. de dezembro de 1893.
Foi médico do consultório oftalmoló- Ao retornar ao Brasil, em 1899, solicitou
gico do Hospital Geral da Santa Casa da sua recondução ao cargo de catedrático de
Misericórdia do Rio de Janeiro. Fundador clínica oftalmológica, na então Faculdade
da Sociedade de Medicina e Cirurgia do de Medicina e Farmácia do Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro, inaugurada em 14 de fe- porém o cargo já era ocupado por José An-
vereiro de 1886. Nesta sociedade também tônio de Abreu Fialho, sendo então direcio-
24 foi 2o Secretário (1887/1888), Redator do nado para a cátedra de otorrinolaringologia.

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Foi eleito membro titular da Academia Em 1889 Dr. Gad mudou-se novamen-

Biografias de Vultos da Oftalmologia do Brasil


Nacional de Medicina em 1899. te para Copenhagen onde exerceu a of-
Integrou várias associações científi- talmologia até 1892. Depois retornando
cas, tanto nacionais quanto estrangeiras, ao Brasil chefiou a Clínica de Olhos, enfer-
como a Société d´Ophtalmologie de Pa- maria dedicada a São Sebastião até 1893.
ris. Participou da Cruz Vermelha Brasilei- Faleceu na Dinamarca em 1907.
ra, fundada em 5 de dezembro de 1908. Em fevereiro de 1918 recebeu ho-
Em 1910, assumiu a direção da Faculdade menagem póstuma com outros antigos
de Medicina do Rio de Janeiro, cargo que chefes da Santa Casa de São Paulo, ten-
exerceu até 1911. do sido lembrado como patrono de uma
Em 1922 foi um dos fundadores, e pri- das seis salas do Pavilhão de Operações
meiro presidente, da Sociedade Brasileira da Santa Casa denominado “O Estado de
de Oftalmologia. Recebeu os títulos de São Paulo”.
Comendador da Ordem da Rosa e de Ca-
valheiro de Cristo de Portugal. JOSÉ CARDOSO DE MOURA BRASIL
Faleceu no Rio de Janeiro em 25 de ou- (1849-1928)
tubro de 1923.
Coube a seu bisneto Oswaldo Moura Bra-
sil do Amaral Filho, escrever a biografia de
PETER ADOLPH ROSTGAARD
seu bisavô.
BRUUN GAD (1846-1907) A família Moura Brasil é a família
Conhecido como Adolph Gad, dinamar- mais longeva, atualmente em sua sexta
quês, formou-se pela Universidade de Co- geração.
penhagen em 1871. Revalidou seu diplo- O Dr. José Cardoso de Moura Brasil
ma na Faculdade de Medicina e Cirurgia nasceu em Vila Iracema, no Estado do
do Rio de Janeiro em 1875 ao defender a Ceará, no dia 10 de fevereiro de 1849.
tese “Das Afecções Simpáticas do Olho”. Formado pela Faculdade de Medicina
Em 1876 mudou-se para São Paulo. da Bahia em novembro de 1872, defen-
Possivelmente o primeiro oftalmolo- dendo a tese “Tratamento Cirúrgico da
gista de São Paulo. Aqui viveu até 1892. Catarata”.
Foi o chefe do 1o Serviço de Moléstias Em 1873, permaneceu três anos na Eu-
dos Olhos da Santa Casa de Misericórdia, ropa. Durante este período, passou dois
conforme registrado no “Livro de Actas No anos em Paris nas Clínicas dos eminentes
6, página 49, verso, a Mesa Administrati- oculistas De Wecker, Galezovski e Meyer,
va da Santa Casa de Misericórdia de São tendo sido indicado pelo Professor De
Paulo, em 13 de setembro de 1885”. Wecker como seu Chefe de Clínica. Tam-
De esmerada educação e altas qua- bém frequentou as Clínicas de Londres e
lidades morais, o Dr. Gad foi especia- Viena a cargo de famosos oftalmologis-
lista de rara competência para a épo- tas, Bowman, Crickett, Arlt, Jaeger, Fuchs
ca, gozando de grande prestígio em e outros.
São Paulo, como médico e como ci- O Dr. José Cardoso de Moura Brasil
dadão, tendo sido nomeado em 1887 regressou ao Brasil em 1876 e exerceu
Vice-Cônsul Dinamarquês. durante mais de 50 anos a Clínica Oftal- 25

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mológica na cidade do Rio de Janeiro, nobre da Câmara Municipal de Fortaleza
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

atendendo milhares de pacientes e publi- ostenta seu retrato como cearense bene-
cando trabalhos expressivos. mérito. No centenário de seu nascimento,
Poderíamos citar, por exemplo: foi inaugurado um busto em sua homena-
Ophthalmologia – Novo processo para gem pelo “Centro Médico Cearense”, em
a extração da catarata – Extração por Fortaleza, no largo do Passeio Público. É
pequeno retalho mixto com iridotomia: Patrono da Cadeira 18 da Academia Cea-
Lombaerts & C., 1881.; Tratamento cirúrgi- rense de Letras e da 34 da Academia Cea-
co do Descollamento da Retina: Typogra- rense de Ciências.
phia do Cruzeiro, 1879; Descollamento da Faleceu na cidade do Rio de Janeiro, no
Retina e seu tratamento pela Esclerotomia dia 31 de dezembro de 1928. Seus descen-
Antero-Posterior Meridiana: Typographia dentes, formadores de verdadeira dinastia,
de Pinheiros & C., 1889. continuaram sua obra. A ele o seguiram
Médico oftalmologista, químico, far- como oftalmologistas, 1 filho, 5 netos, 3
macêutico e pesquisador, foi o criador do bisnetos, 4 trinetos e 1 quadrineto.
centenário colírio que leva seu nome. O patriarca José Cardoso de Mou-
Eleito e empossado em 1882 Membro ra Brasil deu início a uma longa geração
Titular da Academia Imperial de Medicina, de oftalmologistas que representa a mais
apresentando memória sob o título “Tra- longeva família oftalmológica do Brasil.
tamento da Conjuntivite granulosa aguda
pelo Abrus Precatorius”.
ATALIBA FLORENCE (1855-1937)
Foi o Presidente da Academia Nacional
de Medicina e Patrono da Cadeira 66. Nascido em Campinas em 1855 e falecido
O Dr. Moura Brasil publicou interessan- dia 17 de agosto de 1937. Foi chefe da Clí-
tes trabalhos, não só sobre assuntos de nica Ophtalmologia da Santa Casa de São
sua especialidade, como também outros Paulo de 1893 a 1899.
relativos a problemas agrícolas e sociais. Diplomado na Alemanha pela Univer-
Ocupou importantes cargos de governo sidade de Wurzburg, voltou para o Brasil
na área da agricultura e no Ministério do e exerceu por muitos anos a especialidade
Interior, Higiene e Saúde. Foi Presidente de oftalmologia, demonstrando sempre
do Liceu de Artes e Ofícios, da Socieda- achar-se corrente das últimas aquisições
de Nacional de Agricultura e do Centro da da ciência. Espírito reto e culto, clínico ob-
Lavoura do Café do Brasil. Foi, também, servador e consciencioso, a reputação que
um dos fundadores da Clínica de Olhos da gozou foi sempre merecida.
Policlínica Geral do Rio de Janeiro, reeleito Em São Paulo substituiu na chefia do
sucessivamente por 43 anos. serviço oftalmológico, ao seu fundador
Agraciado com os títulos de Comenda- dessa clínica na Santa Casa, o Dr. Adolph
dor da Ordem de Cristo e da Ordem Por- Gad.
tuguesa de Nossa Senhora da Conceição Em 1908 voltou à Alemanha, fixando-
de Vila Viçosa. se em Dresden, onde exerceu a profissão
O Dicionário Biobibliográfico Cearen- médica, e também, por nomeação do go-
se, do Barão de Studart, o denomina “Prín- verno brasileiro, as funções de cônsul na-
26 cipe da cirurgia oculista no País”. O salão quela cidade.

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Em São Paulo onde passou seus últimos Eleito Membro Titular da Academia

Biografias de Vultos da Oftalmologia do Brasil


dias, era assíduo frequentador de bibliote- Nacional de Medicina, em 1897, onde foi
cas, escreveu e publicou artigos científicos Presidente da Seção de Cirurgia Especiali-
em revistas brasileiras e nas alemãs. zada por vários anos, e transferido para a
classe de Honorários, em 25 de setembro
HENRIQUE GUEDES DE MELLO de 1929.
(1857-1934) Foi também Presidente da Sociedade
de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro
O Dr. Henrique Guedes de Mello nasceu
e da Sociedade Médica Naval, Membro
no dia 6 de abril de 1857, em Recife. Sua
Fundador da Sociedade de Jurisprudên-
biografia foi extraída do site da Academia
cia Médica e Antropologia, Sócio Funda-
Nacional de Medicina onde ocupa cadeira
dor da Cruz Vermelha Brasileira e da Liga
de membro titular.
Brasileira Contra a Tuberculose, Mem-
Doutorou-se em Medicina pela Fa-
bro Correspondente da Soviete Française
culdade de Medicina da Bahia, em 1878,
d’Ophtalmologie e das Sociedades de Me-
defendendo tese intitulada “Patogenia do
dicina e Cirurgia de Curitiba e de São Pau-
diabetes sacarino”. Logo após a conclusão
lo, é o Patrono da Cadeira 21 da Academia
do curso, exerceu a clínica em São Paulo e
Brasileira de Medicina Militar.
depois foi para a Europa onde, na Clínica
Faleceu na cidade do Rio de Janeiro, no
Oftalmológica do Prof. Landolt, em Paris,
dia 8 de novembro de 1934.
trabalhou durante dois anos como assis-
tente.
JOSÉ ANTÔNIO DE ABREU FIALHO
No Rio de Janeiro, exerceu por anos a
clínica de olhos, ouvidos, nariz e garganta.
(1874-1940)
Dentre outros cargos, atuou como Chefe Nasceu no dia 20 de janeiro de 1874, em
da Clínica de Oftalmologia e Otorrinola- Aracajú, capital de Sergipe. Sua biografia
ringologia do Hospital Central da Marinha foi extraída do site da Academia Nacional
e Instrutor na Escola Naval. de Medicina onde ocupa cadeira de mem-
Era músico, helenista, latinista, filósofo bro titular.
e escritor e deixou diversos livros, artigos Estudou no Colégio Pedro II e matri-
e memórias publicados sobre os mais va- culou-se na Faculdade de Medicina do
riados assuntos. Escreveu sobre otorrino- Rio de Janeiro em 1891. Doutorou-se
laringologia, neuro-oculística, higiene mi- em Medicina em 1896, defendendo tese
litar, leprologia, tumores cerebrais, além intitulada “A oculística perante a patolo-
de publicar monografias sobre aneuris- gia – perturbações oculares nas moléstias
mas do seio cavernoso, sobre a patologia cerebrais”. Nela, publicou diversos traba-
da hipófise e sobre tumores da retina. lhos, como a tese “Anatomia e fisiologia
Foi chefe e fundador da Clínica de Of- da nutrição ocular”, “Anomalias congêni-
talmologia do Hospital Nacional de Alie- tas do aparelho visual”, “Relações entre
nados, criador da Clínica de Olhos do moléstias dos ouvidos e as dos olhos”,
Hospital Nacional e da Policlínica de Bo- “Hérnia do corpo vítreo na câmara an-
tafogo, além do Hospital dos Lázaros e da terior”, “Afecções oculares por endo-
Policlínica de Crianças. infecção”, entre outros. 27

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Dois anos após a formatura, foi nomea- Militar, Brasil Médico e em outras revis-
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

do, mediante concurso, Professor Substi- tas de medicina. É, também, o Patrono


tuto da Clínica de Moléstias dos Olhos da da Cadeira 21 da Academia Sergipana de
Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, Medicina.
ocasião em que defendeu tese sobre “Es- Dr. José Antônio de Abreu Fialho fale-
tudo físico-clínico da nutrição ocular”. ceu na cidade do Rio de Janeiro em 17 de
Eleito Membro Titular da Academia março de 1940.
Nacional de Medicina em 1899, apresen-
tando a memória intitulada “Anomalias JOSÉ PEREIRA GOMES (1882-1968)
congênitas do aparelho visual”, onde exer-
Oftalmologia, Humanismo e Arte
ceu alguns cargos, como o de Presidente
da Seção de Cirurgia Especializada. Trans- José Álvaro Pereira Gomes, Prof. Ad-
feriu-se para a classe de Honorários em 30 junto Livre-Docente do Departamento de
de novembro de 1933. Oftalmologia e Ciências Visuais da EPM/
Em 1901 e 1902 permaneceu na Euro- UNIFESP escreve sobre seu avô.
pa, onde frequentou a Clínica Fuchs, lo- Segundo Sylvio de Almeida Toledo,
calizada na capital vienense. Ao regressar médico oftalmologista e membro da
ao Brasil em 22 de novembro de 1906, Sociedade Paulista de História da Me-
assumiu a cátedra de Oftalmologia. Em dicina, José Pereira Gomes foi umas das
1907, retornou à Europa em nova viagem figuras mais expressivas da oftalmologia
de estudos, frequentando os hospitais de paulista e brasileira. Juntamente com
Berlim, Paris, Viena e outros centros cien- João Paulo da Cruz Britto e João Penido
tíficos. Burnier.
O Dr. José Antônio de Abreu Fialho José Pereira Gomes nasceu em Itape-
fundou e presidiu a Sociedade Brasileira tininga, São Paulo, em 21 de agosto de
de Oftalmologia, foi Vice-Presidente da 1882.
Sociedade Brasileira de Cultura Alemã, Ingressou na Faculdade Nacional de
Membro Honorário da Sociedade de Of- Medicina na cidade do Rio de Janeiro
talmologia de Viena, da Associação Mé- em 1904 e diplomou-se em Medicina em
dica Argentina e do Instituto Brasileiro de 1909 defendendo a tese de doutoramento
Estomatologia, Membro Titular de várias Estudo Clínico do Reumatismo Tuberculoso
instituições científicas, tais como o Institu- Articular.
to Histórico do Ceará, o Instituto Histórico Após a sua formatura, retornou a Ita-
de Sergipe, o American College of Surge- petininga. Em 1912, transferiu-se para a
ons, a Sociedade Brasileira de Psiquiatria capital paulista, passando a trabalhar na
e Medicina Legal, onde foi, também Vice- 1a Clínica de Olhos da Santa Casa de Mi-
Presidente, e várias outras. sericórdia de São Paulo, sob a chefia de
Foi fundador da “Revista de Clínicas” e Euzébio de Queiroz Mattoso.
dos “Anais de Oculística do Rio de Janei- Em 1914 viajou à Europa, tendo rea-
ro”, colaborador de diversos periódicos lizado curso de aperfeiçoamento em of-
do Brasil e do exterior, notadamente dos talmologia na Faculdade de Medicina de
anais da Academia Nacional de Medici- Paris, com os professores De Lapersonne,
28 na e da Academia Brasileira de Medicina Terrien e Victor Morax. Aproveitou a opor-

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tunidade e visitou os principais centros da Trabalhou ativamente na Santa Casa de

Biografias de Vultos da Oftalmologia do Brasil


especialidade, tendo iniciado correspon- Misericórdia de São Paulo até 1956, lugar
dência com os maiores especialistas mun- que ele considerava o prolongamento de
diais da especialidade. seu próprio lar. Assumiu por mais de um
Após seu regresso ao Brasil, tornou-se ano a Diretoria Clínica do Hospital, tendo
assistente da Disciplina de Oftalmologia ainda sido Vice-Diretor clínico, médico
da Faculdade de Medicina e Cirurgia de emérito e em 1956, por ocasião de seu
São Paulo, cargo que exerceu até 1936 afastamento definitivo do Hospital, nome-
como Livre-Docente da cátedra. Em 1920 ado como Irmão Protetor da Irmandade, a
foi oficializado como chefe da 1a Clínica mais alta honraria dada pela tradicional
de Olhos da Santa Casa de Misericórdia instituição aos seus servidores.
de São Paulo, tendo ali implementado Pereira Gomes ainda ocupou cargos
diversas melhorias tanto administrativas de relevância na oftalmologia nacional
e materiais quanto no ensino da prática e latino-americana. Organizou a Semana
oftalmológica clínica e cirúrgica, o que Oftalmo-Neurológica, ocorrida entre 3 e
10 de setembro de 1927. Nesta ocasião,
atraiu grande número de médicos do es-
que também contou com a participação
tado e de outras unidades da federação.
de ilustres oftalmologistas como J. Britto,
Em 1937, já consolidada como centro de
Aureliano Fonseca, Moacyr Álvaro, Jac-
ensino oftalmológico de alto padrão, foi
ques Tupinambá, Cyro Rezende entre ou-
reinstalada em um amplo pavilhão de 3
tros, oficializou-se a criação da Sociedade
andares destinado a abrigar 150 doentes,
de Oftalmologia de São Paulo, berço do I
graças à doação da família Lara à Santa
Congresso Brasileiro de Oftalmologia que
Casa de São Paulo.
se realizou anos mais tarde em 1933 e da
Dotado de grande habilidade como ci-
Revista de Oftalmologia de São Paulo, que
rurgião, operou mais de 5.000 cataratas,
foi editada até 1943.
além de realizar com extrema elegância
Liderou em 1925 a implantação no
cirurgias de glaucoma e retina. Uma das país do serviço oficial de exames de sani-
suas maiores contribuições foi introduzir dade, médico, otológico e oftalmológico
a anestesia retrobulbar de novacaína e o para a condução de veículos automoto-
bloqueio facial para cirurgia oftalmoló- res. Dois anos mais tarde, por ocasião da
gica. Semana Oftalmo-Neurológica de 1927,
Sua produção científica foi extrema- aproveitou a oportunidade para solicitar
mente profícua para a época, tendo pu- recursos para auxílio aos portadores de
blicado cerca de 60 trabalhos sob a forma cegueira, que se encontravam comple-
de monografias, separatas ou em revistas tamente desamparados. Essa iniciativa
nacionais e internacionais de alto impacto envolveu a igreja, o governo municipal e
científico. O seu trabalho sobre tumores estadual e a sociedade paulistana e cul-
do nervo óptico, apresentado no Con- minou com a fundação do Instituto Padre
gresso de Cleveland, EUA, e publicado no Chico, grandiosa obra destinada ao auxí-
prestigioso American Journal of Ophthal- lio dos cegos que até hoje presta forma-
mology teve enorme repercussão no Brasil ção e encaminhamento moral e profissio-
e no exterior. nal a deficientes visuais. 29

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José Pereira Gomes faleceu em São Janeiro, Assistente de Oftalmologia do
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

Paulo, aos 14 de setembro de 1968, aos 86 Ambulatório Rivadavia Correia e foi pro-
anos de idade. É honrado como patrono fessor da Escola de Enfermagem Alfredo
da cadeira no 80 da Academia de Medicina Pinto.
de São Paulo. Foi membro de conselhos e comis-
sões examinadoras para magistério
EDILBERTO DE SOUZA CAMPOS superior, sociedades e associações na-
(1883-1971) cionais, tais como membro e secretário-
geral da Sociedade Brasileira de Oftal-
Nasceu em 4 de setembro de 1883, na
mologia, e membro e secretário da So-
cidade de Lagarto, no Estado de Sergipe.
ciedade de Medicina e Cirurgia do Rio
Sua biografia foi extraída do site da Aca-
de Janeiro.
demia Nacional de Medicina onde ocupa
Faleceu em 2 de abril de 1971 no Rio
cadeira de membro titular.
de Janeiro.
Doutorou-se em Medicina pela Facul-
dade de Medicina do Rio de Janeiro em
JOAQUIM DE SANTA CECÍLIA
1905, defendendo a tese intitulada “Notas
sobre a correção óptica permanente na
(1886-1941)
myopia”. Logo após a conclusão, publicou Nasceu em 1886, em Ouro Preto, fez o
no Jornal “O Estado de Sergipe”, edição de curso preparatório em Ouro Preto e se di-
21 e 22 de junho de 1905, artigos sobre a plomou em 1905, aos 19 anos, pela Escola
“Higiene Escolar”. de Farmácia daquela cidade.
Em dezembro de 1907 foi nomeado Transferiu-se para Belo Horizonte,
Secretário do Governo do Estado de Ser- onde trabalhou como farmacêutico, na
gipe, cargo que ocupou até outubro de Santa Casa de Misericórdia. Matriculou-
1908, durante o governo do seu pai, Gui- se na Faculdade de Medicina do Rio de
lherme de Souza Campos. Ainda no mes- Janeiro em 1908, vindo a diplomar-se em
mo ano lançou um importante livro, “Os 1912, tendo sido aluno do Professor José
Medicamentos da Oculística”, contendo Antônio Fialho.
144 páginas, destinado a servir de guia Retornou para Belo Horizonte em
prático no uso dos medicamentos pela 1913, voltando a trabalhar na Santa Casa,
categoria médica. como assistente de Dermatologia do Pro-
Buscando especializar-se em oftalmo- fessor Antônio Aleixo.
logia foi para Viena, Áustria, em março de Em 1914, criou o Serviço de Oftalmo-
1909 e retornou ao Brasil no ano de 1911. logia, na Santa Casa de Misericórdia, o
Eleito Membro Titular da Academia qual chefiou por quase 30 anos. Em 1915,
Nacional de Medicina em 1929, apresen- foi indicado para substituto do Professor
tando a memória intitulada “Acidentes da Honorato Alves, responsável pelo ensino
operação de catarata, meios de remediá- da Oftalmologia na Faculdade de Medici-
los”. na de Belo Horizonte.
Exerceu os cargos de Assistente de Clí- Em janeiro de 1916, foi aprovado no
nica Oftalmológica da Policlínica Infantil concurso para preenchimento de vagas,
30 da Santa Casa de Misericórdia do Rio de com a tese Catarata Traumática e seu Tra-

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tamento, para Livre-Docente de Cadeira de datos: Dr. Linneu Silva em 1o lugar, Edil-

Biografias de Vultos da Oftalmologia do Brasil


Oftalmologia da Faculdade de Medicina. berto Campos em 2o lugar e Dr. Joaquim
Foi a São Paulo, para curso de aperfei- de Santa Cecília em 3o lugar. Dr. Linneu
çoamento, durante dois anos, com o Pro- tomou posse como Catedrático.
fessor Brito e, ao retornar, reiniciou suas O Professor Linneu instalou a Clínica
atividades na Faculdade de Medicina. Em Oftalmológica no porão do prédio da fa-
1932, realizou, na Santa Casa de Miseri- culdade, em 8 setembro de 1914, por não
córdia, o primeiro transplante de córnea haver outro espaço físico disponível. Nes-
em Minas Gerais, logo após chegar da sa ocasião, próximo da Faculdade, vagara
Europa. Fazia frequentes viagens de estu- um prédio da Diretoria de Higiene do go-
dos, tendo passado uma temporada em verno de Minas Gerais dirigida pelo Prof.
Campinas, no Instituto Penido Burnier, e, Samuel Libânio. O Diretor da Faculdade
depois, na Argentina e no Uruguai. de Medicina, Cícero Ferreira, Linneu e o
Em 1934, viajou para a Europa e, ao governo de Minas somaram esforços no
regressar, conseguiu, em 1935, fundar a sentido de que o prédio vago fosse cedi-
Sociedade de Oftalmologia de Minas Ge- do para abrigar as duas clínicas OFT e ORL
rais, da qual foi o primeiro Presidente, en- da Faculdade de Medicina de Belo Hori-
cerrando assim a fase de dissidências na zonte. Assim nasceu o Hospital São Ge-
classe. raldo e novamente as duas disciplinas se
Em 1939, organizou e presidiu o 3o uniram. Recebeu o nome de Hospital São
Congresso Brasileiro de Oftalmologia com Geraldo em homenagem ao Santo que
grande sucesso, devido aos seus esforços dedicou sua vida aos pobres e doentes.
e à sua capacidade de organização. Exímio Inaugurado no dia 4 de julho de 1920.
cirurgião, apesar de ter visão monocular, Na década de 1930, Linneu ausentava-
realizou inúmeras cirurgias oftalmológi- se frequentemente de Belo Horizonte
cas, inclusive delicadas operações de cata- para frequentar a clínica de Abreu Fialho
rata, intracapsular, registradas no arquivo no Rio de Janeiro e os três Livres-Docen-
da Clínica Oftalmológica da Santa Casa. tes, Santa Cecília, Laborne Tavares e Hilton
Gozava do maior conceito tanto Rocha assumiam alternadamente a Clínica
em Minas Gerais como no restante do de Oftalmologia da Universidade Federal
de Minas Gerais.
Brasil. Produziu vários trabalhos cien-
Em 1937, Livre-Docente da Clínica de
tíficos. Era membro de Sociedades
Oftalmologia da Faculdade de Medicina
Científicas nacionais e internacionais.
do Rio de Janeiro, a seguir em 1938 Livre-
Regeu a Cátedra de Oftalmologia da Fa-
Docente da Clínica de Oftalmologia da Fa-
culdade de Medicina. Faleceu em 28 de
culdade de Medicina da Universidade Fe-
setembro de 1941.
deral de Minas Gerais, com a tese Sobre a
Pressão da Artéria Central da Retina.
LINNEU SILVA (1885-1954)
Com a fundação da Faculdade de Ci-
Natural de Campos, Rio de Janeiro. Em ências Médicas do Rio de Janeiro, Linneu
janeiro de 1919 realizaram-se as provas Silva requereu e conseguiu a sua trans-
para Professor Substituto da Clínica Oftal- ferência para a referida faculdade, como
mológica, sendo aprovados os três candi- Professor Catedrático. Tomou posse em 8 31

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de março de 1942. Ainda neste ano con- Eleito Membro Titular da Academia
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

quistou a Cátedra de Clínica Oftalmológi- Nacional de Medicina em 1924 com a


ca desta Faculdade com a tese Ângulo da memória intitulada Cataratas Congênitas
Câmara Anterior. – Glaucoma Secundário à Discisão.
Publicou vários trabalhos de sua espe-
GABRIEL DE ANDRADE (1889-1939) cialidade, dentre esses Cromoheteropia e
Catarata (1926), A Operação de Catarata
Sua biografia foi extraída do site da Aca-
Congênita (1928), Tratamento Cirúrgico
demia Nacional de medicina onde ocupa
do Descolamento de Retina (1935), dentre
cadeira de membro titular. Nasceu em 24
outros.
de janeiro de 1889, na cidade de Oliveira,
Faleceu em 19 de outubro de 1939, no
Estado de Minas Gerais.
Rio de Janeiro.
Doutorou-se pela Faculdade de Medi-
cina do Rio de Janeiro, em 1913, defen-
dendo a tese intitulada “Kistectomia Larga
ARCHIMEDES BUSACCA (1893-1971)
na Operação de Catarata”. A biografia deste pesquisador, verdadeiro
Em 1914 foi para a Europa onde se espe- artista à frente do seu biomicroscópio, foi
cializou em oftalmologia. Devido à Guerra escrita por seu discípulo, Professor Fer-
Mundial, voltou ao Brasil e foi convidado a nando Oréfice.
trabalhar na Policlínica Geral do Rio de Ja- Nasceu em Basicó (Messina) na Sicília,
neiro com o seu mestre Moura Brasil. Com em 1893. Em 1916, defendeu tese de dou-
a morte de Moura Brasil, em 1928, assumiu torado em Palermo. Desde o segundo ano
a chefia do serviço oftalmológico da Poli- médico (1911), devotou-se à anatomia,
clínica Geral do Rio de Janeiro, e deu pros- tornando-se Assistente em 1915 e adjunto
seguimento à obra de seu sogro e mestre. de Patologia Geral em 1920.
Organizou cursos gratuitos de oftal- No período de 1912 a 1921 publicou
mologia para médicos e estudantes, cuja 14 trabalhos sobre anatomia, alguns diri-
frequência era extraordinária. Em 1932, foi gidos para o olho. A partir de 1921, As-
eleito Diretor da Policlínica Geral do Rio sistente em Cagliari, Turim e Bolonha. De
de Janeiro e foi responsável pela constru- 1925 a 1928, chefe de clínica em Bolonha,
ção da sede na Av. Nilo Peçanha, no Cen- conquistando, então, o título de Livre-Do-
tro do Rio de Janeiro. cente. Trabalhos seus se sucedem então:
Foi membro de conselhos e comissões vírus herpético, cristalino, seu epitélio,
examinadoras para magistério superior, suas fibras e a lamela Zonular. Vê-se bem
sociedades e associações nacionais e in- a linha de que jamais se afastaria: Oftal-
ternacionais, tais como membro da So- mologia, Histologia e Anatomia Patoló-
ciedade Francesa de Oftalmologia, mem- gica. Foi quando veio à luz sua memória
bro do Colégio Americano de Cirurgiões, sobre depósitos cuticulares nas câmaras
membro do Colégio Brasileiro de Cirurgi- anterior e posterior. Em 1927 surgiu a
ões, membro da Sociedade de Medicina e controvérsia com Vogt: Esfoliação versus
Cirurgia, membro da Sociedade de Endo- Pseudoesfoliação.
crinologia, correspondente de várias revis- No Brasil, estabeleceu-se inicialmente
32 tas da especialidade. em Campinas, em 1928 chegou em São

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Paulo, ano que revalidou seu diploma com Busacca morreu em 1971 em São Pau-

Biografias de Vultos da Oftalmologia do Brasil


a tese Ainda sobre a Patogênese da Infec- lo. Deixou quase a totalidade do seu es-
ção Herpética Humana, No Brasil nenhum pólio para a Universidade da Sicília.
título universitário e excepcional Professor Sobre ele também escreveram Newton
ou Pesquisador sem cátedra. Kara José e Fernando Cesar Abib. Busac-
A endemia tracomatosa foi para ele ca foi professor sem cadeira, tão brilhante
um atrativo. Em 1932, foram se multipli- quanto genioso, fazia grandes admira-
cando seus magistrais trabalhos sobre o dores entre seus pacientes e uns poucos
tracoma, clínicos e anatomopatológicos. colegas, ao mesmo tempo, que por sua
O seu trabalho sobre pannus é clássico. maneira de ser com meritória presunção
No estudo da histologia ocular ele fez ferrenhos inimigos.
mesmo preparava suas lâminas e para Foi um dos maiores patologistas ocula-
cada tempo tinha um toque pessoal, mas res do mundo contemporâneo, sendo seus
sempre inspirado em seu mestre Ruffini. livros e artigos lidos em todo o mundo.
Para a hematoxilina-eosina, sempre que Escrevia praticamente apenas em francês.
possível, preferia corar o olho globalmen- Apesar de trabalhar sozinho em seu con-
te, como um todo, e não sobre os cortes. sultório de clínica privada, tendo conquis-
Quando o desenho da lâmina estu- tado grande clientela, fazia suas pesquisas
dada era muito importante, arquivava-os e estudos com base nesses pacientes.
para levá-lo anualmente a Berna, para sua São inúmeros os testemunhos de pa-
amiga, a desenhista Adelheid Meyer, que cientes relatando uma conduta rude,
lhes daria o cunho artístico para suas pu- porém com os casos de patologia tinha
blicações. uma dedicação especial e era um gran-
Sua contribuição alcançou destaque de diagnosticador de casos difíceis. Além
ao editar livros sobre biomicroscopia e da excelente prática da oftalmologia com
gonioscopia em forma de quatro livros ganhos substanciais para seus pacientes,
Busacca recebia em seu consultório inú-
básicos:
meros colegas que o faziam de maneira
■■ 1945: Eléments de gonioscopie nor-
mais ou menos sorrateira, alguns evitando
mal, pathologique et experimentale.
expor esse contato.
■■ 1957: Biomicroscopie du corps vitré et
Assim mesmo, Busacca fez uma das
dufond d’oeil (em coll. GOLDMANN e mais profícuas escolas de oftalmologia, da
SCHIFFWERTHEIMER). qual até hoje os novos colegas se benefi-
■■ 1952-1964: Biomicroscopie et histo- ciam indiretamente. Seguidores; na Facul-
pathologiede – l’oeil (3 volumes): Vol. dade de Medicina da Universidade de São
I – (1952) – Généralités – Conjonctive – Paulo (USP), Celso Antonio de Carvalho,
Cornée; Vol. II – (1964) – Iris – Chambre um dos expoentes no desenvolvimento
antérieure et Gonioscopie – Chambre do estudo do glaucoma na America Lati-
postérieure. Appendice: Lesuvéitesan- na. Esse sucesso foi alcançado em parceria
térieures; Vol. III – Corpsvitré – Biomi- com o Professor Nassim Calixto da Univer-
croscopiedufond – d’oeil. sidade Federal de Minas Gerais, Fernando
■■ 1966: Manuel de biomicroscopie ocu- Orefice, também da Universidade Federal
laire. de Minas Gerais, além de discípulo, con- 33

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tinuou os estudos sobre biomicroscopia, com Moacyr Álvaro, Cyro de Rezende, Ce-
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

sendo autor de prestigiosíssimo livro so- zário de Andrade, Linneu Silva e Ivo Correa
bre o assunto. Meyer. Dedicou especial atenção ao pro-
Afonso Liborio de Medeiros, pernam- blema da prevenção da cegueira, criando
bucano, foi assistente de Busacca durante em Salvador, a “Fundação contra a Ceguei-
alguns anos e também se tornou divulga- ra Santa Luzia”, destinada ao amparo dos
dor da arte da biomicroscopia, tendo in- doentes da visão.
clusive escrito um livro. Apresentou o trabalho “Quarenta Anos
de Prevenção da Cegueira na Bahia”, onde
COLOMBO SPÍNOLA (1894-1973) sintetizava a atividade de sua longa vida
laboriosa.
Nascido em Salvador, a 14 de julho de
1894, diplomou-se pela Faculdade de Me-
WALDEMAR RANGEL BELFORT
dicina, em 1917, falecendo aos 79 anos.
Integrado na profissão, deixou rabiscado MATTOS (1897-1958)
na sua mesa de trabalho o seu orgulho Este breve relato foi escrito pelo seu bis-
pelo avanço da oftalmologia no Brasil e neto, o Oftalmologista Rubens Belfort
sua alegria de ter sido operado de cata- Mattos Neto.
rata por seu genro, Dr. Fernando Príncipe Waldemar Belfort Mattos entrou na
de Oliveira, ajudado por seu filho, Edmun- primeira turma da Faculdade de Medicina
do Spínola e assistido por um dos seus da Universidade de São Paulo em 1913,
netos. Causou profunda tristeza no meio contraiu gripe Espanhola e quase morreu,
oftalmológico a morte de Colombo Spí- formando-se na segunda turma. Waldemar
nola, ocorrida durante a realização do XVII era filho de José Nunes Belfort Mattos,
Congresso Brasileiro de Oftalmologia, na engenheiro, cientista e responsável pelo
cidade de Salvador, Bahia. observatório da Cidade de São Paulo, que
Esteve presente à solenidade de aber- funcionava na sua casa, na Avenida Paulista.
tura do Congresso, mostrando-se feliz Waldemar provavelmente desenvolveu in-
por reencontrar os amigos de diversos teresse pela oftalmologia ao observar o tra-
Estados. Como vice-presidente do evento, balho de seu pai com lentes e telescópios.
desenvolveu intensa atividade, provendo, Era grande desenhista e responsável
com os demais membros da Comissão pelas ilustrações que os Professores Bove-
Executiva, os meios de dar maior brilho à ro e Oscar Freire utilizavam na Faculdade
reunião. Não chegou a receber, em pessoa, de Medicina da USP em suas aulas, tam-
a Medalha de Ouro que lhe foi conferida bém foi responsável por criar o logo da
pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia, faculdade. Foi o primeiro oftalmologista
e que lhe seria entregue em ato solene, da família e formou-se em 1921.
como merecida homenagem aos serviços Em 1922 mudou-se para Campinas
prestados à oftalmologia nacional. onde participou como sócio do início do
Muito estimado pelos colegas, Colom- Instituto Penido Burnier e no começo da
bo Spínola, desde 1931, tomou parte da década de 1930 mudou-se para São Paulo
moderna fase da oftalmologia brasileira onde continuou exercendo Oftalmologia
34 nos Congressos Oftalmológicos, liderando e se envolveu muito em política tendo

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entrado, como muitos intelectuais da sua do apoio econômico e pedido de artigos

Biografias de Vultos da Oftalmologia do Brasil


época no Partido Comunista Brasileiro Rubens e sua esposa Rosa Belfort também
onde foi colega não apenas de Prestes, cuidavam da “secretaria” da revista, com
mas também de Jorge Amado, Niemeyer Rosinha Belfort ajudando até na correção
e muitos outros intelectuais. ortográfica dos artigos enviados. Rubens
Em 1929 Waldemar Belfort foi um dos Belfort Mattos formou-se em Medicina na
fundadores da Revista de Oftalmologia de primeira turma da Escola Paulista de Me-
São Paulo e em 1933 ingressou na Acade- dicina em 1944 e teve papel de destaque
mia Nacional de Medicina. Foi o primeiro na Associação Pan-Americana de Oftal-
na América do Sul a conseguir fotografias mologia e na organização de congressos
coloridas do fundo do olho. que ajudaram no intercâmbio acadêmico
Em 1938 Waldemar Belfort Mattos e no relacionamento com oftalmologistas
criou os “Arquivos Brasileiros de Oftalmo- da Europa e da América do Norte.
logia” tentando uma revista com publica-
ção periódica de artigos científicos, sem SYLVIO DE ABREU FIALHO
interrupção, o que não existia na oftalmo- (1904-1977)
logia brasileira. O logo da revista é o sím-
bolo encontrado nas embarcações Mara- Nascido a 18 de novembro de 1904, no
joaras, do estado do Pará e foi escolhido Rio de Janeiro (RJ). Filho do oftalmolo-
pela similaridade a símbolos antigos que gista e acadêmico José Antônio de Abreu
representavam o olho, além da simbolo- Fialho e D. Anna Ribeiro Abreu Fialho. Sua
gia do barco que leva informação e conte- biografia foi extraída do site da Academia
údo como publicação. Nacional de Medicina onde ocupa cadeira
Os maiores desafios eram a falta de su- de membro titular.
porte financeiro e de artigos originais envia- Formou-se pela Faculdade de Medici-
dos para publicação. Desta maneira Walde- na do Rio de Janeiro em 1925, defenden-
mar bancou os primeiros 18 anos da revista do tese de doutoramento Estados Anafilá-
e periodicamente solicitava aos colegas ticos e sua Remoção Terapêutica.
oftalmologistas que submetessem artigos Assistente voluntário de Clínica Oftal-
para publicação, mantendo a revista viva. mológica da Faculdade Nacional de Me-
Depois da Segunda Guerra Mundial os dicina, de 1926 a 1929. Livre-Docente de
Europeus sabiam da existência de artigos Clínica Oftalmológica da Faculdade de
científicos interessantes sendo publicados Medicina do Rio de Janeiro por concurso
no Brasil e “perdidos” pela falta de comu- em 1930. Responsável pelo expediente e
nicação durante a guerra. Foi criado pro- pela regência do curso da Clínica Oftal-
grama pela Sociedade Francesa de Oftal- mológica da Faculdade Nacional de Me-
mologia para reproduzir artigos dos ABO e dicina, em períodos letivos de 1949, 1950
um dos primeiros incluiu artigo do funda- e 1951. Catedrático interino de Clínica
dor Waldemar Belfort sobre sua experiên- Oftalmológica na Faculdade de Ciências
cia ao sofrer um descolamento de retina. Médicas, em 1949 e 1950 e da Faculdade
Em 1958, com a morte de Waldemar, a Nacional de Medicina em 1952.
responsabilidade sobre os ABO ficou com Presidente (1944) e Vice-Presidente
seu filho, Professor Rubens Belfort. Além (1942) da Sociedade Brasileira de Oftal- 35

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mologia; Membro titular do Colégio Bra- da Bahia. Estudou em Lisboa, Paris, Viena
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

sileiro de Cirurgiões; Membro honorário e Berlim. Foi diretor do Instituto Benja-


do Instituto Brasileiro de Estomatologia; mim Constant, Professor do Departamen-
Sócio correspondente da Sociedade Cuba- to Nacional de Saúde e diretor do Centro
na de Oftalmologia; Membro honorário de Pesquisas Oftalmológicas. Inventor do
da Sociedade Médica do Instituto Penido aparelho coagulador para o tratamento
Burnier; Sócio honorário da Sociedade de do tracoma. Historiador, homem de ciên-
Oftalmologia de São Paulo; Membro efeti- cia, filantropo, Hermínio, apoiado na au-
vo da Sociedade de Medicina e Cirurgia do toridade que lhe deu fama em congressos
Rio de Janeiro; Membro efetivo da Socie-
internacionais, sustentou que a higiene
dade Médica de Petrópolis; Membro efeti-
dos olhos é fator de economia social e de
vo da Sociedade Brasileira de Cardiologia;
cultura.
Membro efetivo da Sociedade Brasileira de
Segundo secretário da Sociedade
Neurologia, Psiquiatria e Medicina Legal;
Brasileira de Oftalmologia, na década de
Membro titular e fundador da Sociedade
1930, auxiliou tecnicamente o governo
de Neurologia do Rio de Janeiro; Membro
Getúlio Vargas, na aprovação do Decre-
da Associação Pan-Americana de Oftalmo-
to No 20.931, de 11 de janeiro de 1932 e
logia.
Fundador e Diretor da “Revista das do Decreto No 24.492, de 28 de junho de
Clínicas” e dos “Anais de Oculística do 1934 sobre medicina e legislação óptica.
Rio de Janeiro”. Instituiu o “Prêmio Abreu Autor da obra literária A Tragédia Ocu-
Fialho”, a ser conferido pelos Congressos lar de Machado de Assis, Hermínio serve-
Brasileiros de Oftalmologia. Idealizador e se dos olhos de Machado de Assis para
fundador, sob os auspícios da Alta Admi- dissertar profundamente a respeito de um
nistração da Santa Casa de Misericórdia tema de medicina social, difundindo prin-
do Rio de Janeiro, do “Banco de Córneas” cípios que proporcionam, até aos leigos,
daquele nosocômio, e seu Diretor em verdadeira consciência ocular. Esta obra
1948. Foi também fundador e diretor do revelou que o grande romancista tinha os
Laboratório de Pesquisas Oftalmológicas olhos normais na infância, mas desenvol-
da Santa Casa de Misericórdia do Rio de veu miopia mau corrigida desencadeando
Janeiro. Diretor Científico do Instituto Bra- neurastenia.
sileiro de Pesquisas Oftalmológicas. Difundiu ensinamentos rigorosos
Na ocasião de sua posse na Academia para a prevenção da cegueira, contra a
Nacional de Medicina, apresentou me- qual lutou toda a vida, clamando pela
mória intitulada “Indicação Operatória no educação do homem na consciência
Glaucoma”.
ocular, a fim de que os olhos não fossem
Faleceu em 25 de junho de 1977.
fonte de torturas físicas e morais, como
em Machado de Assis. Nunca arrefeceu
HERMÍNIO DE MORAES BRITO da sua luta pela saúde dos olhos. Pu-
CONDE (1905-1964) blicou também Meninos Delinquentes e
Médico, poeta e jornalista, nascido em Pi- Cochrane, Falso Libertador do Norte. Fa-
36 racuruca, Piauí. Formado pela Faculdade leceu em 1964.

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ANTONIO PAULO FILHO Nasceu em 23 de dezembro de 1911,

Biografias de Vultos da Oftalmologia do Brasil


(1905-2002) em Cambuquira (MG). Iniciou seus estu-
dos em Cambuquira, mudou-se para Belo
Sua biografia foi extraída do site da Aca-
Horizonte (BH) para continuar seus estu-
demia Nacional de medicina onde ocupa dos, tendo descrito assim esta mudan-
cadeira de membro titular. ça: “Aqui em BH aportei aos dez anos de
Graduou-se em medicina pela Faculda- idade, com meus pais, a cuja dedicação e
de de Medicina da Universidade do Brasil sacrifício, e principalmente a cujo exem-
(1929). Ingressou logo após no Serviço de plo me habituei, crescendo num ambiente
Doenças dos Olhos do Dr. Raul David San- modesto, probo, honesto e digno. Che-
son e na Clínica Neurológica do Professor guei a BH em 1922.
A. Austregesilo. Após a sua formatura, Hilton Rocha
Obteve o título de Livre-Docente na diz em sua autobiografia: ”Logo envere-
Escola de Medicina e Cirurgia em 1937, dei para a especialidade Oftalmologia que
vindo em 1958 a conquistar a Cátedra de me reteve até hoje, e que me reterá até a
Clínica Oftalmológica. morte. Desejei ser Oftalmologista, e iniciei
Desenvolveu exemplar atividade uni- os meus estudos e o meu aprendizado no
versitária, ministrando cursos de gradu- mesmo local onde sempre militei – o Hos-
ação e pós-graduação, fazendo parte de pital São Geraldo. O Professor Lineu Silva
inúmeras bancas examinadoras entre as e seus Assistentes acolheram-me e ampa-
quais figuram bancas de exame de con- raram-me nos primeiros estudos.”
curso para Professores Catedráticos e Li- Após memorável concurso o candida-
vres-Docentes. to único, Dr. Hilton Ribeiro da Rocha, as-
Participou de várias atividades científi- sumiu a Cátedra. Continua ele em sua au-
cas, no campo da especialidade que exer- tobiografia “A pouco e pouco, estudando,
ceu. trabalhando e concorrendo honestamen-
Teve mais de 75 publicações especia- te, com lealdade, conquistei a Cátedra da
lizadas. Clínica Oftalmológica da UFMG, em mar-
Foi Professor Catedrático e chefe do ço de 1942. Fui um dos Catedráticos mais
Serviço de Olhos do Hospital Gafreé Guin- novos no Brasil, com 31 anos. A partir de
le de 1952 até se aposentar em 1975. então, tudo tenho feito, dentro das mi-
Foi reconhecidamente um dos mais nhas reais limitações, mas com entusias-
importantes oftalmologistas do Brasil e mo e idealismo do qual, felizmente, jamais
figura na lista dos Eminentes da Oftalmo- abdiquei, no sentido de seguir o exemplo
logia Brasileira do Conselho Brasileiro de dos predecessores. Tentei plasmar uma
Oftalmologia. escola Oftalmológica, e centenas de ocu-
Faleceu em 25 de dezembro de 2002. listas por ela tem passado, recebendo as
lições honestas que lhes podemos minis-
trar, para que, cada qual possa, pouco a
HILTON RIBEIRO DA ROCHA
pouco, galgar as posições de prestígio, a
(1911-1993)
que já galgaram, dentro da Oftalmologia
Sua biografia foi escrita por um de seus nacional. Ai do Mestre que não tem um
discípulos, Professor Nicomedes Ferreira. discípulo que o supere. Mas, todos, instruí 37

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dos dentro da ética e da dignidade pro- de Letras, membro Titular da Academia
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

fissionais. Nacional de Medicina. Fundador e primei-


Em 1935 tornou-se Professor-Assisten- ro Presidente do Conselho Regional de
te da Clínica Oftalmológica da Universi- Medicina de Minas Gerais.
dade Federal de Minas Gerais, ainda em Hilton Rocha foi primordialmente um
1935, Livre-Docente de Clínica Oftalmoló- idealista, um visionário, um sonhador e
gica da Faculdade de Ciências Médicas do um grande e carismático líder de classe. A
Rio de Janeiro no Serviço do Professor José Residência Médica em Oftalmologia, que
Antônio de Abreu Fialho em 1937, Livre- fundou na década de 1959, foi um dos
Docente de Clínica Oftalmológica da Facul- exemplos para a especialidade no país
dade de Medicina da Universidade Fede- por ter sido considerada à época o melhor
ral de Minas Gerais – Serviço do Professor serviço de residência em oftalmologia no
Linneu Silva em 1938, Professor Catedráti- Brasil. Também foi Presidente do CBO.
co de Oftalmologia da Clínica de Oftalmo- Em 1970 iniciou a Pós-Graduação –
logia da Faculdade de Medicina de Minas Nível Doutorado em Medicina com área
Gerais em 1942. de concentração em Oftalmologia. Com
Hilton permaneceu, durante quase 40 a famigerada lei da Aposentadoria Com-
anos, na condução da Clínica Oftalmoló- pulsória, quando completou 70 anos, em
gica. Na década de 1940 construiu à custa 1981, foi obrigado a se retirar do Hospital
de doações, um novo pavilhão com dois São Geraldo e de suas grandes realiza-
andares, para abrigar diversos serviços, ções. Fundou então o Instituto Hilton Ro-
bloco cirúrgico, e internação. Um dos so- cha, onde implementou novo serviço de
nhos do Professor Hilton era a criação de Residência Médica.
uma Residência Médica, em regime de O Professor Hilton Rocha foi, na visão
tempo integral e dedicação exclusiva, com de Newton Kara José e Fernando Abib,
dois anos de duração para a formação de dois admiradores e autores deste livro:
especialistas. Foi ele quem planejou a di- Na análise dos mais diferentes aspectos
visão da especialidade em subespecialida- do homem, professor, amigo, educador e
des para o Hospital São Geraldo o que ele cientista, da vida do Prof. Hilton é difícil
denominou serviços: Glaucoma, Retina, fazer ressalvas. Não negava convites para
Estrabismo, Lentes de Contato, Córnea, participar de eventos científicos, não recu-
Plástica Ocular, Uveítes, Visão subnormal, sava orientação a quem o procurava. Sá-
Anatomia e Histologia. Essa estruturação bio nas condutas sobre ensino de gradu-
foi tão importante a ponto de servir de ação e pós-graduação em oftalmologia.
exemplo para o país. Professor rigoroso e eficiente na formação
Foi grande defensor e ativista da parti- de seus discípulos. Defensor incansável
cipação do Médico, em órgãos de classes, na defesa da saúde ocular da população
fundador da Associação Médica Brasilei- carente. Um dos maiores estudiosos do
ra seu segundo presidente empossado ensino de oftalmologia e da excelência na
no dia 5 de novembro de 1955 durante formação de novos profissionais. Poucos
a Assembleia de Delegados realizada em patrícios deixaram na oftalmologia um
Recife, fundador da Academia Mineira de legado a sua altura. Em suma, Professor
38 Medicina, membro da Academia Mineira Hilton lapidou a pedra bruta das carências

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oculares no Brasil à sua época, poucos de culdade do Distrito Federal, hoje Universi-

Biografias de Vultos da Oftalmologia do Brasil


nossa história tiveram uma contribuição à dade do Estado do Rio de Janeiro. No mes-
sua altura! mo ano, também por concurso de provas
e títulos, foi conduzido à Cátedra de Oftal-
WERTHER DUQUE ESTRADA mologia da mesma Instituição. Anos mais
(1912-2001) tarde, recebeu do Governo de Sua Majes-
tade Britânica, por meio do Embaixador da
A biografia de Werther Duque Estrada Grã-Bretanha, Sir Leslie Fry, grande doação
recebeu contribuição do Professor Luiz de instrumental oftalmológico, o que tor-
F. Regis-Pacheco. nou o Serviço de Oftalmologia da UERJ
Graduou-se em Medicina pela Facul- um dos mais bem equipados entre os ser-
dade Nacional de Medicina da Universi- viços do Estado da época.
dade do Brasil, em 1933. Em 1977, foi aprovado para o cargo de
Iniciou-se na Oftalmologia como Inter- Professor Titular de Oftalmologia da Fa-
no do Serviço de Olhos do Professor Raul culdade de Medicina da UFRJ.
David de Sanson. Concluído o curso médi- Organizou e ministrou vários cursos,
co, dedicou-se aos Serviços de Olhos, Ou- inclusive de demonstrações cirúrgicas, na
vidos, Nariz e Garganta da Policlínica de especialidade. Publicou inúmeros artigos
Botafogo e do Hospital São João Batista científicos em revistas brasileiras e estran-
da Lagoa, ambos sobre a chefia do Profes- geiras. Presidiu a Sociedade Brasileira de
sor David de Sanson. Oftalmologia no ano de 1951 e o Conselho
Sua vida acadêmica inicial, entretanto, Brasileiro de Oftalmologia em 1964 e 1965.
foi em Ciências Básicas. Em 1937 tornou-se Foi membro titular de várias Socieda-
Livre-Docente em Anatomia, em concurso des Oftalmológicas nacionais e interna-
de provas e títulos, pela Faculdade Nacio- cionais. No ano de 1958, foi eleito Fellow
nal de Medicina da Universidade do Brasil. da Academia Americana de Oftalmologia,
Dois anos mais tarde, foi designado Cate- título só alcançado anteriormente pelo
drático Interino de Anatomia em substitui- eminente Professor Moacyr Álvaro, da Es-
ção ao Professor Fróes da Fonseca. cola Paulista de Medicina. No Brasil, era o
No ano de 1941, tornou-se Assistente Delegado da Sociedade Francesa de Of-
na 1a Enfermaria da Santa Casa de Miseri- talmologia. Era também Membro da Aca-
córdia do Rio de Janeiro, onde funcionava demia Ophthalmologica Internationalis,
a Cátedra de Clínica Oftalmológica da Uni- constituída de apenas cinquenta mem-
versidade do Brasil, dirigida pelo Professor bros vitalícios.
José Antônio Abreu Fialho. Em 1942, foi Na vida acadêmica recebeu inúmeras
eleito Membro Efetivo da Sociedade Bra- homenagens e distinções, como a Meda-
sileira de Oftalmologia e, no mesmo ano, glia D’Oro G. Favarolo, em 1973, só conce-
diplomado pelo Conselho Nacional de dida até então ao Professor Jules François.
Oftalmologia, hoje Conselho Brasileiro de Na ocasião de sua posse como Mem-
Oftalmologia. bro Titular na Academia Nacional de Me-
No ano de 1955, mediante concurso de dicina, apresentou memória intitulada A
provas e títulos, tornou-se Docente-Livre Nova Cirurgia Extracapsular da Catarata
da Faculdade de Ciências Médicas da Fa- Senil. 39

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Faleceu em 16 de março de 2001, em cias Médicas de Minas Gerais e primeiro
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

Teresópolis, Rio de Janeiro, aos 88 anos. Professor de Oftalmologia.


Em 1953, foi distinguido como sócio
GERALDO QUEIROGA (1913-1976) honorário do Instituto Burnier, de Campi-
nas (SP), e como presidente da Sociedade
Nascido em 22 de março de 1913, gra-
de Oftalmologia de Minas Gerais, pela se-
duou-se pela Faculdade de Medicina da
gunda vez, além de patentear um dispo-
UFMG, em 1937. De 1934 a 1937, foi in-
sitivo para observar e fotografar o fundo
terno da Clínica de Olhos da Santa Casa
de olho por meio de uma câmera reflex.
de Misericórdia de Belo Horizonte, sob
Em 1954, passou a se dedicar à invenção e
orientação do Professor Santa Cecília, ten-
construção de novos aparelhos de óptica
do iniciado treinamento em Oftalmologia.
e, neste campo, deixou várias patentes no
Dois anos depois, defendeu tese de dou-
Brasil e no exterior.
torado sobre nova técnica cirúrgica para o
Em 1967, foi condecorado com a Meda-
tratamento de glaucoma (irideoesclerec-
lha Professor Moacyr Álvaro, de São Paulo,
tocicloidiálise).
outorgada pelo Centro de Estudos de Of-
Sobrinho do Dr. Hilton Rocha, Queiro-
talmologia Paulista. No mesmo ano, distin-
ga assumiu a chefia da Clínica de Olhos da
guiu-se como Membro Honorário do VIII
Santa Casa de Misericórdia de Belo Hori-
Congresso Pan-Americano de Oftalmologia
zonte em 1941. Foi o sucessor do Prof. Jo-
em Mar Del Plata, Argentina, como exposi-
aquim Santa Cecília, a partir de 1942, na
tor científico, a convite. Em 1969, elegeu-se
chefia da Clínica de Olhos. Um dos espe-
membro da Academia Mineira de Medicina,
cialistas mais titulados do país pertenceu,
ocupando a cadeira de no 27, que tem como
como Professor, a três universidades: à Fa-
patrono o Dr. Joaquim Santa Cecília. Em se-
culdade de Ciências Médicas de Minas Ge-
guida, foi eleito presidente do Departamen-
rais, à Faculdade de Medicina da UFMG e à
to de Oftalmologia da Associação Médica
Faculdade Nacional de Medicina da UFRJ.
de Minas Gerais, pela terceira vez.
Entre 1944 e 1945, fez especialização
Revistas nacionais e estrangeiras pu-
na Universidade de lowa, nos EUA, sob di-
blicaram inúmeros de seus trabalhos. Ao
reção do Professor O’Brien, como bolsista
longo da vida, proferiu conferências em
da Kellog Foundation.
várias instituições de ensino do país. Fa-
Em 1947, elegeu-se presidente da So-
leceu em 1976.
ciedade de Oftalmologia de Minas Gerais,
atualmente Departamento de Oftalmolo-
EVALDO DE MENDONÇA CAMPOS
gia da Associação Médica de Minas Gerais
(AMMG) e, em 1948, foi nomeado Docen-
(1915-2003)
te de Oftalmologia da Faculdade de Me- Nascido em 16 de agosto de 1915, de
dicina da Universidade de Minas Gerais, pais sergipanos e de tradicional família
defendendo tese de Membranas Vítreas de políticos, era carioca e no antigo Dis-
do Olho. Em 1950, passou a docente de trito Federal fez seus estudos em escolas
Oftalmologia da Faculdade Nacional de públicas, posteriormente ingressando na
Medicina do Rio de Janeiro e, em 1951, foi Faculdade de Medicina da Universidade
40 um dos fundadores da Faculdade de Ciên- do Brasil em 1932, passando depois a fre-

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quentar o Hospital São Francisco de Assis RUBENS BELFORT MATTOS

Biografias de Vultos da Oftalmologia do Brasil


como interno remunerado na Clínica de (1921-1977)
Oftalmologia. Em seguida para o Serviço
Este breve relato foi escrito pelo neto de
de olhos do Dr. Joaquim Vidal e o Am-
Rubens Belfort Mattos, o médico Oftal-
bulatório Rivadávia Corrêa, município de
mologista Rubens Belfort Mattos Neto,
Engenho de Dentro, onde seu pai era o
referência em Oncologia Ocular.
Chefe da respectiva enfermaria.
Rubens Belfort Mattos formou-se em
Em 1937, foi diplomado e daí por dian-
Medicina na primeira turma da Escola
te se tornou um dos principais médicos da
Paulista de Medicina em 1944 e teve papel
clínica dos Ferroviários da Central do Bra-
de destaque na Associação Pan-America-
sil.
na de Oftalmologia e na organização de
Um dos fundadores da Revista Brasi-
congressos que ajudaram no intercâmbio
leira de Oftalmologia e um dos primei-
acadêmico e no relacionamento com of-
ros associados da Sociedade Brasileira
talmologistas da Europa e da América do
de Oftalmologia na qual se filiou em
Norte.
dezembro de 1938. Autor de mais de 80
A modernidade e a manutenção dos
trabalhos sobre doenças de olhos. Foi
Arquivos Brasileiros de Oftalmologia (ABO)
Professor de Oftalmologia da Escola de até os dias presentes deveu-se mais que
Aperfeiçoamento Médico da Pontifícia tudo a Rubens Belfort Mattos que mesmo
Universidade Católica do Rio de Janeiro antes de 1958 assumiu os ABO e tratou de
e fazia parte da Comissão dos Eminentes iniciar um intercâmbio internacional.
da Oftalmologia do Conselho Brasileiro Graças a sua grande liderança na Asso-
de Oftalmologia. ciação Pan-Americana de Oftalmologia e
Presidindo a Sociedade Brasileira de em outra sociedade fundada por Moacyr
Oftalmologia no período 1955/1956, cou- Álvaro, que depois veio a desaparecer (So-
be-lhe a iniciativa de promover a aquisi- ciedade Sul-Americana de Oftalmologia),
ção da primeira sede própria, para onde, sempre trazia oftalmologistas de Argenti-
de imediato, foi transferida toda a Biblio- na, Paraguai e Uruguai para estar presen-
teca da Revista Brasileira de Oftalmologia, tes nos ABO.
por ele fundada em 1o de junho de 1942 Também foi a influência dele que ter-
com a colaboração de três dos seus cole- minou por entrosar os ABO junto à As-
gas de bancos acadêmicos. sociação Pan-Americana de Oftalmologia
Foi agraciado com os Prêmios Abreu desenvolvendo uma série de programas
Fialho, da Sociedade Basileira de Oftalmo- em conjunto. Isso tudo culminou com
logia e Professor Moacyr Álvaro do Centro o amadurecimento da doação dos ABO
de Estudos Moacyr Álvaro. ao Conselho Brasileiro de Oftalmologia
Sua obra editada em 1979 sob o título sob a liderança dos maiores oftalmolo-
Dicionário Bio-Bibliográfico dos Oftalmo- gistas Brasileiros à época, entre os quais
logistas do Brasil merece destaque, pois Paiva Gonçalves, Newton Kara José e
além de rica em detalhes acadêmicos e Harley Bicas.
históricos foi uma das principais referên- Pai de um dos mais importantes e pro-
cias na elaboração deste livro. fícuos oftalmologistas brasileiros, Profes- 41

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sor Rubens Belfort Mattos Júnior. No Bra- LUIZ EURICO FERREIRA
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

sil formou centenas de oftalmologistas e (1925-1985)


administradores distribuídos por todo o
Nasceu em 20 de dezembro de 1925, São
país.
José dos Campos, (SP). Segundo Newton
Kara José, foi um dos maiores entusiastas
ALMIRO PINTO DE AZEREDO
do ensino da oftalmologia marcando sua
(1921-2016)
história no Brasil. Sua biografia foi extraída
Nasceu em 1921 na cidade do Rio de Ja- do site da Academia Nacional de Medici-
neiro. Iniciou graduação em 1941 pela na, onde ocupa cadeira de membro titular.
Faculdade Nacional de Medicina da Uni- Graduou-se pela Faculdade de Medi-
versidade do Brasil (atual UFRJ) tendo a cina da Universidade do Brasil, atual UFRJ
concluído em 1946. em 1948. Doutor pela Universidade Fede-
Prestou concurso para médico do Ser- ral de Minas Gerais.
viço de Oftalmologia do Hospital dos Ser- Professor Titular de Oftalmologia da
vidores do Estado. Em 1951, obteve bol- Escola de Medicina do Rio de Janeiro da
sa de estudos para ir aos Estados Unidos Universidade Gama Filho por 20 anos, ten-
com a finalidade de aperfeiçoar-se. do ocupado também o cargo de Chefe do
Retornando ao Brasil decidiu ingres- Serviço de Oftalmologia e Diretor do Hos-
sar na carreira universitária. Concurso pital Universitário da Universidade Gama
de Provas e de Títulos possibilitou-lhe a Filho. Chefiou o Serviço de Oftalmologia
Livre-Docência de Oftalmologia da Facul- da Universidade do Estado do Rio de Ja-
dade Nacional de Medicina da Universi- neiro, onde também era Professor. Além
dade do Brasil (atual UFRJ). Tese defendi- disso, foi Livre-Docente das Faculdades de
da: O sistema Reticuloendotelial do Tracto Medicina da UFRJ, UERJ e UFF.
Uveal. Foi homenageado pela Associação Pa-
Convidado para organizar o Departa- ranaense de Oftalmologia.
mento de Oftalmologia da Faculdade de Foi autor das obras Olho e diabetes;
Medicina de Ribeirão Preto da Universi- Fundo de Olho na Arteriosclerose e Hiper-
dade de São Paulo, em 1959. Anos mais tensão Arterial; Enciclopédia Médica Brasi-
tarde, a Faculdade de Medicina conce- leira de Oftalmologia; e Curso Audiovisual
deu-lhe o Título de Professor Emérito da Médico de Oftalmologia. Publicou nume-
USP. Em 1984, submeteu-se ao concurso rosos trabalhos em revistas nacionais e
para Professor Titular da Disciplina de internacionais, além de ter participado e
Oftalmologia da Faculdade de Medicina ministrado centenas de aulas e conferên-
da UFRJ. O título da tese experimental cias em reuniões da especialidade.
foi “Índice de Refração da retina huma- Integrou várias sociedades científi-
na e visão cromática”. Aprovado, exerceu cas, dentre as quais o Colégio Brasileiro
o cargo até 1991, quando atingiu os 70 e Internacional de Cirurgiões, a Academia
anos de idade, obtendo aposentadoria Americana de Oftalmologia e as Socieda-
compulsória. des Francesa e Espanhola de Oftalmologia.
42 Faleceu 6 de janeiro de 2016. Na Sociedade Brasileira de Oftalmologia,

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além de Membro Titular, foi Presidente e São Geraldo da Faculdade de Medicina

Biografias de Vultos da Oftalmologia do Brasil


Diretor de vários departamentos. da UFMG. Em 1959, ao ser organizado
Fundou, em 1970, o Instituto Brasileiro o Curso de Especialização em Oftalmo-
de Oftalmologia (IBOL), uma das clínicas à logia pela Cátedra da Clínica Oftalmoló-
época a realizar exames complementares gica da UFMG, foi convidado a integrar
oftalmológicos no Brasil. O IBOL continua sua equipe docente, como bolsista da
sendo hoje uma das principais clínicas do CAPES, cabendo-lhe a responsabilidade
Rio de Janeiro. de lecionar a disciplina de Aparelho La-
Graças à sua atuação na presidência crimal, bem como de organizar o Serviço
do 2o Congresso Luso-Hispano-Brasileiro de Glaucoma. Trabalhou no Serviço de
de Oftalmologia, foram arrecadados fun- Glaucoma até meados de 2017, mesmo
dos suficientes para a aquisição da atual depois da sua aposentadoria ocorrida em
sede da SBO, custeando Cr$ 200.000,00 junho de 1997.
do valor total de Cr$ 600.000,00 (valores Interessou-se por biomicroscopia
da época). ocular, que aprendeu com o professor e
Cirurgião habilidoso e grande empre- amigo Archimedes Busacca. Na década
endedor, foi pioneiro na introdução do de 1960, por inúmeros fins de semana,
laser de rubi no Brasil, a betaterapia, além viajava a São Paulo, onde trabalhava di-
de técnicas de cirurgia combinada de ca- retamente com o Professor Busacca nas
tarata e glaucoma e iridênclise periférica. sextas-feiras e sábados retornando a Belo
Entre muitas homenagens que recebeu Horizonte no sábado à tarde; essa convi-
em vida, foi agraciado com a Medalha de vência influenciou sobremaneira o seu es-
Ouro Moacyr Álvaro, pela UNIFESP, pela pírito de ensinar, bem como a sua conduta
relevância de sua contribuição à Oftalmo- ético-profissional.
logia Brasileira. Em 1967 concluiu seu doutorado e
Em sua candidatura a Membro Titular tornou-se Professor Livre-Docente do De-
da Academia Nacional de Medicina, apre- partamento de Oftalmologia e Otorrinola-
sentou memória intitulada Transplantes ringologia da UFMG.
Penetrantes da Córnea. Recebeu, em 1971 o Prêmio Adaga
Faleceu em 9 de novembro de 1985. "August Lohnstein" pelo melhor trabalho
publicado na Revista Brasileira de Oftal-
Sua biografia foi extraída do site da
mologia.
Academia Nacional de Medicina.
Em 1974 foi escolhido membro do
Clube Internacional de Glaucoma que na
NASSIM CALIXTO (1927-2018)
época era composto por apenas 50 mem-
Biografia escrita por Nassim Calixto Filho. bros.
Nasceu em 25 de julho de 1927 na cida- Prestou concurso para Professor Titu-
de de Passos, Minas Gerais. Graduou-se lar do Departamento de Oftalmologia da
em Medicina em 1952. Com a ajuda do UFMG em 1981, sendo aprovado em pri-
colega de turma, amigo e compadre Pau- meiro lugar.
lo Péret, iniciou, em 1953, sua formação O seu entusiasmo em aprender não
especializada em oftalmologia (serviço era menor que o de ensinar. Sempre teve
do Professor Hilton Rocha) no Hospital um compromisso inabalável com a for- 43

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mação dos seus alunos. Assim é que, du- deral Fluminense desde 1992. Membro da
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

rante anos, recebeu, semanalmente, em Sociedade Brasileira de Oftalmologia, do


sua casa, os residentes e estagiários do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, do
Serviço de Glaucoma do Hospital São Ge- Centro Brasileiro de Estrabismo do qual
raldo para conversas sobre oftalmologia foi presidente por duas gestões, do Con-
e em particular glaucoma. Dessa forma, selho Latino-Americano de Estrabismo
contribuiu para a formação de gerações (CLADE), da International Strabismological
de médicos oftalmologistas, que levarão Association (ISA) e da Sociedade Brasileira
consigo um pouco de seu conhecimento de Oftalmologia Pediátrica. Membro do
e dedicação à profissão. Corpo editorial dos Arquivos Brasileiros
No ano de 2000 foi agraciado com de Oftalmologia e da Revista Brasileira de
a Medalha Moacyr Álvaro. Em 2008, foi Oftalmologia.
agraciado com o título de Professor Emé- Autor do Manual de Estrabismo, com
rito da Faculdade de Medicina da UFMG. 1 edição em 1997 em parceria com o Pro-
a

Cinco anos depois, recebeu a Medalha fessor Dr. Henderson de Almeida.


Cícero Ferreira, criada durante as come- Membro da Academia de Medicina do
morações do centenário da Faculdade Estado do Rio de Janeiro (ACAMERJ), ten-
de Medicina da UFMG para reconhecer o do sido membro de seu Conselho Cientí-
mérito profissional de professores e ser- fico em 2009, presidente do mesmo Con-
vidores técnico administrativos da Insti- selho em 2010 e Secretário-Geral. Diretor
tuição. do Instituto de Oftalmologia de Niterói
Faleceu em 5 de abril de 2018. (ION). Agraciado com o Prêmio Adaga
Na parte de ensino e pesquisa, teve de Oftalmologia em 1976 e Prêmio Jo-
intensa e ininterrupta participação na gra- viano de Resende em 1981, referentes ao
duação e pós-graduação. melhor trabalho em Oftalmologia publi-
cados na Revista Brasileira de Oftalmolo-
RENATO LUIZ NAHOUM CURI gia. Participação em 112 Congressos de
(1944-2014) Oftalmologia tendo sido organizador de
sete deles. Participação em 105 bancas
Graduou-se em Medicina em 1968 na
examinadoras de residência, mestrado,
Universidade Federal Fluminense, onde
doutorado, para Professor Titular, Adjun-
fez Residência Médica em Oftalmologia.
to e Livre-Docente. Ministrou 34 Cursos
Curso de formação em estrabismo no Ins-
de Formação em convites de Universida-
tituto Barraquer de Barcelona em 1971.
des Brasileiras.
Pós-graduado em Oto-neuro-oftalmolo-
gia pela Pontifícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Professor de BIBLIOGRAFIA
Oftalmologia da UFF desde 1972. Douto- Begliomini H. Biografia de José Pereira Gomes – pa-
trono da cadeira no 80. Academia de Medicina de
rado em Oftalmologia pela Universidade
São Paulo.
Federal de Minas Gerais (1985). Livre-Do-
Diniz J, Ventura M, Freitas JAH, Diniz M. SBO – 90 Anos
cente da UERJ e da UNIRIO. Professor Ti- de História – Família Oftalmológica Brasileira. SBO.
tular de Oftalmologia da Universidade Fe- 2017.

44

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Edilberto Campos. Revista Brasileira de Oftalmologia. http://acervoatitofilho1.blogspot.com.br/2011/02/ou-

Biografias de Vultos da Oftalmologia do Brasil


1943; 2(2). tro-herminio.html
Pereira-Gomes J. Aspectos históricos da fundação da http://www.hospitalgeralsantacasario.com.br/?p=
Sociedade de Oftalmologia de São Paulo. Arq Bras historia
Oftalmol. 1959; 22:142-48. http://www.anm.org.br/academicos.asp
Toledo SA. Vultos da Oftalmologia – Dr. José Pereira http://www.academiamedicinasaopaulo.org.br/
Gomes (o médico e o homem). Arq Bras Oftalmol. biografias/86/BIOGRAFIA-JOSE-PEREIRA-GO-
1957; 20:397-420. MES.pdf

45

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SEÇÃO
II História do CBO

 6
15 Fatos quedePrecederam
Escolas Oftalmologiaa eFundação
Especialização,
do CBO
16
 7 Aspectos da
Natureza, Finalidades
História dae Estrutura
Sociedadedo CBO
 8 Brasileira de Oftalmologia,
Sedes do CBO
17
 9 Considerações
Breve Biografiasobre a História da
dos Presidentes do CBO
10 Oftalmologia nos Estados,
Gestões do CBO, Congressos e Temas Oficiais
18
11 Associações Estaduais
Site do CBO para Médicosde Oftalmologia,
19
12 Sociedades de Subespecialidades
Prova Nacional de Oftalmologia,
de Oftalmologia e Cursos de
Especialização Credenciados pelo CBO
13 Periódicos e Revistas de Oftalmologia
14 Série Oftalmologia Brasileira

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Fatos que Precederam a
6 Fundação do CBO

Os congressos realizados no Brasil sobre III Reunião Brasileira de Oftalmologia


temas da oftalmologia foram motivadores Belo Horizonte, 1939
para que os médicos brasileiros se reunis- Presidente: Hilton Rocha, Minas Gerais
sem em uma associação com finalidade
científica e de foro adequado para discus- Pelos debates ocorridos nesses eventos,
são dos problemas relativos à especialida- decidiu-se pela fundação de uma associa-
de e políticas de prevenção das doenças ção que congregasse os oftalmologistas
oculares e cegueira, bem como a discus- do Brasil: o Conselho Nacional de Oftalmo-
são de novas técnicas diagnósticas e de logia, para colocar em prática a deliberação
tratamento. de reuniões bianuais na forma de Congres-
No Brasil o primeiro evento científico sos Brasileiros de Oftalmologia.
na área de atuação relativa aos olhos e à As II e III Reuniões Brasileiras de Of-
visão, precedente à fundação do CBO, foi: talmologia também foram reconhecidas
como II e III Congressos Brasileiros de Of-
Semana Oftalmo-Neurológica
talmologia, considerando a relevância dos
São Paulo, 1927
Iniciativa: Academia de Medicina de São Paulo eventos à época para a especialidade e
para a sociedade.
Depois desse, foram realizados mais O IV Congresso Brasileiro de Oftalmo-
três, um em São Paulo, outro em Porto logia ocorreu em 1941, após a fundação
Alegre e mais um em Belo Horizonte: do Conselho Nacional de Oftalmologia no
mesmo ano, porém sua realização não foi
I Reunião Brasileira de Oftalmologia iniciativa dessa neófita sociedade, e sim
São Paulo, 1935
Presidentes: J. Brito, São Paulo/
do grupo de oftalmologistas que orga-
Pereira Gomes, São Paulo nizaram as reuniões já comentadas ante-
Depois, esse evento foi reconhecido honorifica-
riormente.
mente como I Congresso Brasileiro de Oftalmo-
logia O Conselho Nacional de Oftalmologia,
entidade que passou a congregar os of-
II Reunião Brasileira de Oftalmologia talmologistas no país, mudou sua deno-
Porto Alegre, 1937 minação em data subsequente para Con-
Presidente: Ivo Corrêa Meyer, Rio Grande do Sul
selho Brasileiro de Oftalmologia.

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Natureza, Finalidades e
7 Estrutura do CBO

O texto explicativo referente à natureza, ■■ Representar judicial e extrajudicial-


finalidades e estrutura administrativa do mente os interesses de seus associa-
CBO foi extraído do estatuto vigente re- dos, independentemente da outorga
gularmente aprovado em 2017. individual ou de autorização prévia dos
órgãos de deliberação superiores, des-
NATUREZA E FINALIDADE de que tais interesses possam ser ca-
racterizados como coletivos ou difusos
O CBO é uma associação constituída por
e possam acarretar benefícios diretos
médicos oftalmologistas, com caráter
ou indiretos para a classe oftalmológi-
científico e cultural, sem fins lucrativos,
com prazo de duração indeterminado, ca como um todo.
regida pelo presente Estatuto e pelas leis ■■ Fomentar e colaborar com a melhoria
aplicáveis à espécie que tem por finalida- do ensino da Oftalmologia nas Escolas
de congregar os oftalmologistas brasilei- Médicas e nos Cursos de Pós-Gradua-
ros e atuar como órgão máximo da Oftal- ção, Especialização, Atualização, Aper-
mologia Nacional e ainda: feiçoamento e Estágios.
■■ Representar a Oftalmologia brasileira ■■ Ministrar, avaliar, credenciar e descre-
perante a sociedade em geral, órgãos denciar instituições para ministrarem
governamentais e organizações priva- Curso de Especialização em Oftalmo-
das nacionais e internacionais nos as- logia, monitorando periodicamente a
suntos pertinentes à especialidade. qualidade do ensino oferecido.
■■ Zelar pela ética e pela eficiência técni- ■■ Organizar e aplicar as avaliações nacio-
co-profissional do oftalmologista cida- nais nos termos do presente Estatuto,
dão e médico, tendo por base elevados outorgando aos aprovados, juntamen-
preceitos sociais e morais. te com a Associação Médica Brasilei-
■■ Resguardar o exercício da Oftalmolo- ra – AMB, o Título de Especialista em
gia e representar os oftalmologistas Oftalmologia cuja valorização pugnará
brasileiros na defesa de seus direitos perante todos os segmentos da socie-
profissionais, sociais e econômicos. dade.
■■ Contribuir para elevar o nível da Oftal- ■■ Empenhar-se para que a Oftalmologia
mologia brasileira e internacional. no Brasil seja praticada por médicos

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portadores do Título de Especialista cutiva, Conselho de Diretrizes e Gestão,
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

registrado nos Conselhos Regionais de Conselho Deliberativo e Conselho Fiscal.


Medicina.
■■ Propugnar pela obediência a esse Es- ASSEMBLEIA GERAL
tatuto, cumprindo e fazendo cumprir o
É constituída pelos associados Titulares
juramento de Hipócrates, a Declaração
com direito a voto e em pleno gozo de
de Princípios dos Oftalmologistas Bra-
suas prerrogativas competindo a ela: ele-
sileiros o Código de Ética Médica em
ger o Presidente, o Vice-Presidente e o Se-
vigor no país e os estatutos e diretrizes
cretário-Geral e os membros do Conselho
do Conselho Federal de Medicina e da
Fiscal Professor Heitor Marback: destituir
Associação Médica Brasileira.
membros da Diretoria Executiva e do Con-
■■ Fiscalizar, prestigiar e incentivar as so- selho Fiscal Professor Heitor Marback; al-
ciedades oftalmológicas filiadas ao CBO terar presente Estatuto; analisar e aprovar
e os eventos por ele reconhecidos. as demonstrações contábeis apresentadas
■■ Realizar e fomentar a realização de pelo Tesoureiro e aprovados pelo Conse-
pesquisas oftalmológicas em geral, por lho Fiscal Professor Heitor Marback e pelo
meio de ajustes, contratos e convênios, Conselho Deliberativo; deliberar quanto à
bem como por meio do Fundo de In- dissolução do CBO; deliberar sobre os as-
centivo à Pesquisa mantido e adminis- suntos levados à sua pauta; e decidir em
trado na forma do Regimento Interno. última instância.
■■ Promover e incentivar a promoção de As Assembleias Gerais Ordinárias serão
campanhas de cunho social que visem realizadas durante os Congressos promo-
prevenir, preservar e recuperar a saúde vidos pelo CBO para tratar dos assuntos
visual da população. constantes de sua pauta e serão convoca-
■■ Realizar anualmente o Congresso Bra- das pelo Presidente com antecedência mí-
sileiro de Oftalmologia. nima de 30 (trinta) dias por meio de edital
■■ Organizar e promover cursos, simpó- afixado em sua sede social ou enviado a
sios, congressos, feiras, projetos de todos os associados via postal ou correio
melhoria da saúde ocular, atividades eletrônico.
científicas e culturais e outros eventos. As Assembleias Gerais Extraordinárias
■■ Manter a publicação da revista científi- poderão ser convocadas pelo Presidente,
ca “Arquivos Brasileiros de Oftalmolo- pelo Secretário Geral, pelo Coordenador
gia – ABO” e do Jornal Oftalmológico do CDG ou por 1/5 (um quinto) dos as-
“Jota Zero”. sociados com direito a voto, por meio de
■■ Manter a publicação dos Temas Oficiais edital afixado na sede social ou enviado a
dos Congressos promovidos pelo CBO. todos os associados via postal ou correio
eletrônico, com antecedência de 30 (trin-
■■ Conceder selos de avaliação.
ta) dias.
■■ Posicionar-se sobre as atividades para-
oftalmológicas e monitorá-las.
DIRETORIA EXECUTIVA
Hierarquicamente o CBO está consti- Eleita durante o Congresso Brasileiro de
52 tuído por Assembleia Geral, Diretoria Exe- Oftalmologia, tem mandato de dois (2)

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anos e atribuições determinadas neste rias: CONSELHEIRO VITALÍCIO: Associado

Natureza, Finalidades e Estrutura do CBO


Estatuto e no RI. É constituída por cinco Titular que, por meio da carreira univer-
(5) membros: Presidente; Vice-Presidente; sitária e de concurso público de provas e
Secretário-Geral; Primeiro Secretário; e títulos, seja portador de um dos seguintes
Tesoureiro. Tem poderes para contratar títulos: Professor Titular, Professor Adjun-
e cancelar contratos celebrados com o to, Livre-Docente ou Doutor em Medicina;
CBO, contratar e demitir funcionários, CONSELHEIRO DESTACADO: Associado
bem como abrir e movimentar as contas Titular, em pleno exercício de um dos se-
bancárias do CBO, todavia nas relações guintes cargos: Presidente do Departa-
com a rede bancária, a documentação mento de Oftalmologia de uma das Fede-
– cheques, recibos, contratos e outros – radas da AMB; Coordenador de Curso de
deverá ser assinada, conjuntamente por Especialização credenciado pelo CBO; ou
dois diretores, indistintamente. Presidente de uma das Sociedades Oftal-
Por força do Convênio com a AMB, as- mológicas filiadas ao CBO.
sinado em 22/09/1964 e reformulado em Ao Conselho Deliberativo compete:
02/05/2003, os membros da Diretoria Exe- deliberar sobre os assuntos da Ordem do
cutiva do CBO constituem, também, a Di- Dia, ou sobre outros temas cuja inclusão
retoria do Departamento de Oftalmologia for aprovada pela maioria dos Conse-
da AMB. Pode elaborar pareceres, comu- lheiros presentes; julgar recursos que lhe
nicados e recomendações sobre assuntos sejam dirigidos pelos demais órgãos, de
afetos à Oftalmologia, para divulgar ou ofi- acordo com o Estatuto; aprovar o creden-
cializar o posicionamento do CBO e, se ne- ciamento e o descredenciamento de Cur-
cessário, assessorar-se-á por uma ou várias sos de Especialização em Oftalmologia;
Comissões Permanentes ou Especiais. aprovar a inclusão de associado na cate-
goria de Benemérito; aprovar a filiação, ao
CONSELHO DE DIRETRIZES CBO, de Sociedades Oftalmológicas; ho-
E GESTÃO mologar as decisões da Comissão de Ética
É o órgão encarregado dos planejamentos, e Defesa Profissional relativas a infrações
proposição de metas e estratégias para o éticas; escolher, de lista tríplice elaborada
CBO. Constituído por Membros Vitalícios, pela Comissão Científica, o Tema Oficial
os ex-presidentes do CBO e Membros Ti- para o Congresso Brasileiro de Oftalmo-
tulares: em número de quatro, eleitos em logia a realizar-se quatro anos depois; por
conformidade com este Estatuto e RI, per- ocasião das reuniões ordinárias, escolher,
mitida reeleição por mais um período. Tem com 4 (quatro) anos de antecedência, a ci-
um Coordenador eleito entre seus pares dade sede do Congresso seguinte.
para mandato de dois anos, coincidindo
com o mandato da Diretoria Executiva, per- CONSELHO FISCAL
mitida reeleição por mais um período.
O Conselho Fiscal recebe honorificamente
o nome “Professor Heitor Marback”, elei-
CONSELHO DELIBERATIVO to juntamente com a Diretoria Executiva,
É constituído por no mínimo dez (10) durante o Congresso Brasileiro de Oftal-
conselheiros distribuídos em duas catego- mologia, é composto de 3 (três) membros 53

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efetivos e 3 (três) suplentes, possui man- examinar em conjunto com o Tesoureiro
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

dato igual ao da Diretoria. do CBO e emitir parecer sobre as contas


Tem por finalidade acompanhar to- dos Congressos que ocorrerem em sua
dos os assuntos ligados ao patrimônio, gestão. Reúne-se ordinariamente uma vez
bens, rendas, fundos e demais aspectos por ano, por ocasião dos Congressos pro-
financeiros e econômicos do CBO; emitir movidos pelo CBO e extraordinariamente,
pareceres sobre os relatórios econômico- por convocação de um de seus integran-
financeiros da Diretoria, em especial das tes ou da Diretoria do CBO. É assessorado
demonstrações contábeis para aprecia- pelo Tesoureiro, presididas pelo Presiden-
ção da Assembleia Geral; exigir e analisar te do CBO e secretariadas pelo 1o Secretá-
o parecer da auditoria contábil externa; rio, todos sem direito a voto.

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8 Sedes do CBO

A Secretaria do CBO nas primeiras déca- tos 21 a 23, Vila Olímpia, em agosto de
das era itinerante, acompanhando seus 2009 na gestão Hamilton Moreira.
primeiros presidentes. Passou a funcionar, Essa aquisição somente foi possível
de 1977 a 1985, em espaço cedido nas pelas competentes administrações das
dependências da Oftalmologia na USP gestões precedentes na tarefa de conso-
quando teve à frente da secretaria o Pro- lidar reserva financeira que viabilizasse a
fessor Newton Kara José. Seguiu da mes- aquisição.
ma forma, ocupando de 1985 a 1989 uma Com o gradual surgimento de deman-
sala na então Escola Paulista de Medicina, das envolvendo caráter legislativo e de-
hoje UNIFESP, por ocasião da secretaria do fesa profissional tornou-se cada vez mais
Professor Rubens Belfort Mattos Jr. necessária a presença do CBO também
Durante a gestão que teve como se- em Brasília, desta forma em 13 de setem-
cretário Geraldo Vicente de Almeida, de bro de 2000, na gestão Marcos Pereira de
1991 a 1993 a sede do CBO localizou-se Ávila foi inaugurado um escritório na ca-
à Rua Cesário Mota Jr., 61 conjunto 123. pital do país, anexo à sede da Associação
A primeira sede própria, Alameda San- Médica Brasileira tendo funcionado até
tos, 1343, 11o andar, inicialmente com os agosto de 2004. Em 26 de maio de 2009,
conjuntos 1109 e 1110 foi adquirida em o CBO inaugurou sua atual sede em Brasí-
20 de agosto de 1993 por ocasião da lia, também na gestão Hamilton Moreira.
gestão João Orlando Ribeiro Gonçalves. Novamente em decorrência da cres-
Posteriormente ampliada com mais três cente demanda operacional do CBO
conjuntos contíguos. Sequencialmente perante suas atribuições estatutárias e
foram adquiridos outros quatro conjuntos atribuições delegadas pela Associação
em andares diversos, sempre no mesmo Médica Brasileira e Conselho Federal de
edifício. Medicina, voltadas para o interesse da
Desta complexidade estrutural aliada à oftalmologia, no final de 2017 durante
necessidade de unificação da área e pelo a gestão Homero Gusmão de Almeida,
crescimento das demandas funcionais, 2015-2017, foi adquirida área comple-
para supri-las, nova sede foi adquirida, mentar, conjunto 20, da sede à Rua Casa
agora na Rua Casa do Ator, 1117, conjun- do Ator.

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Breve Biografia dos
9 Presidentes do CBO

O breve curriculum apresentado a seguir referente aos Presidentes do CBO foi extraí
do da Plataforma Lates – CNPQ http://lattes.cnpq.br/, para os mais antigos que não
o possuíam foi extraído a partir de documentação e relatos de artigos publicados em
literatura oftalmológica nacional e na web, zelando pela uniformização dos dados apre-
sentados.

CESÁRIO DE ANDRADE, RIO DE JANEIRO


Presidente do CBO no período de 1941 a 1954
Foi interno da Clínica Oftalmológica entre 1912 e 1913
com tese inaugural “Glaucoma primitivo”. Diplomou-se
pela Faculdade de Medicina da Bahia (FAMEB) em 1913.
Fez Livre-Docência de Clínica Oftalmológica em 1914,
tornando-se Professor Extraordinário por dois anos
(1914-1915). Em 1915 tornou-se o Professor Catedrático
de Clínica Oftalmológica da FAMEB. Publicou o livro “Of-
talmologia Tropical (Sul-Americana)”. Exerceu a docência
até 1949, mas formalmente ficou na carreira até 1953,
quando se aposentou. Em 1949, o Professor Cesário pas-
sou a residir no Rio de Janeiro, na época, a capital do
país, exercendo o cargo de Membro do Conselho Nacional de Educação e Cultura do
MEC. Deixou o Professor Heitor Marback como Professor Catedrático Interino. Foi mem-
bro atuante da Comissão Organizadora da Universidade da Bahia. Mais informações no
Capítulo 15.

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CYRO DE BARROS REZENDE, SÃO PAULO
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

Presidente do CBO no período de 1954 a 1958


Natural de São Manoel, SP, nascido em 30/01/1905. Es-
tudou nos melhores colégios de São Paulo e aos 17 anos
ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro,
transferindo-se posteriormente para a Faculdade de Me-
dicina de São Paulo e concluindo o curso em 1927, com
apenas 22 anos de idade. Logo após sua Graduação, o
jovem médico parte para terras europeias, onde estagia
por dois anos nas Universidades de Berlin e Viena, es-
pecializando-se em Oftalmologia. Ao retornar ao Brasil,
passa a auxiliar o Professor João Britto na Santa Casa de
São Paulo. Desde cedo demonstrou grande interesse pe-
las atividades científicas e já nos primórdios de sua vida profissional é intensa sua parti-
cipação nos Congressos de Oftalmologia. Em 1938 o Professor João Britto o nomeia seu
primeiro assistente, ainda na Santa Casa e, nove anos mais tarde, com o falecimento do
seu mestre, assume a Cátedra, no recém-inaugurado Hospital das Clínicas. Seu foco foi
dedicar-se ao preparo e à formação dos jovens oftalmologistas. Preocupa-se então, em
organizar cursos teórico-práticos para aqueles que travam os primeiros contatos com a
oftalmologia, denominados: “Cursos de Aperfeiçoamento em Oftalmologia.“ Iniciam-se,
assim, os Cursos de Residência em Oftalmologia, sendo o precursor dos cursos de Re-
sidência atual. Relator do Congresso Internacional de Oftalmologia de 1962 e presidiu
o X Congresso Brasileiro de Oftalmologia realizado em Poços de Caldas. Durante sua
gestão, formou vários Docentes e pode-se dizer que o diferencial do Dr. Cyro de Rezen-
de foi o impulso que soube dar à carreira de tantos que com ele conviviam. Faleceu em
03/06/1962.

MOACYR EYCK ÁLVARO, SÃO PAULO


Presidente do CBO no período de 1954 a 1958
Ocupou a presidência do CBO simultaneamente com o
Dr. Cyro de Barros Rezende.
Nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 12/08/1899, For-
mado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em
1922. Assistente Gehimrat Augenkl (1923/1924). Assis-
tente da Clínica Oftalmológica da Escola Paulista de Me-
dicina (1927/1936). Catedrático de Oftalmologia da Es-
cola Paulista de Medicina (1936/1959). Secretário-Geral
do I Congresso Brasileiro de Oftalmologia. Fundador da
Revista Ophthalmologia Ibero Americana (1939). Presi-
58

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dente da Sociedade de Oftalmologia de São Paulo (1944-1945). Membro da Academia

Breve Biografia dos Presidentes do CBO


Nacional de Medicina (1940). Idealizador e Diretor Executivo do Conselho Brasileiro de
Oftalmologia (1941). Idealizador dos Cursos de Aperfeiçoamento de Oftalmologia e do
Centro de Ortóptica da Escola Paulista de Medicina (1937). Membro do Conselho Inter-
nacional de Oftalmologia (1950). Presidente do Congresso Interamericano do American
College of Surgeons. Presidente do III Congresso Internacional de Oftalmologia (1954).
Medalha do C.E.O. – Grande Presidente Emérito do I.D.O.R.T. Presidente Honorário da
Fundação da Associação Pan-Americana de Oftalmologia. Presidente do X Congres-
so Brasileiro de Oftalmologia. Membro Titular da American Ophthalmological Society.
Membro Titular da American Academy of Ophthalmology. Fellow do American College
of Surgeons. Membro Correspondente da Academia Nacional de Medicina. Sócio Ho-
norário da Sociedade Brasileira de Oftalmologia. Sócio Honorário da Associação Médica
do Instituto Penido Burnier. Sócio Honorário da Sociedade de Oftalmologia e Otorrino-
laringologia do Rio Grande do Sul. Sócio Honorário das Sociedades de Oftalmologia de
Cordoba e Madrid (Espanha), do Instituto Horacio Ferrer (Cuba) e da Sociedade Peruana
de Oftalmologia. Faleceu em 19/07/1959.

IVO CORRÊA MEYER, RIO GRANDE DO SUL


Presidente do CBO nos períodos de 1958 a 1960
e 1967 a 1969
Formou-se no ano de 1923 pela Faculdade de Medicina
do Rio de Janeiro. Em 1924, Doutor em Medicina pela
mesma faculdade e em 1930 se tornou Livre-Docente de
Clínica Oftalmológica pela UFRGS. Fundador e primeiro
diretor da FFFCMPA e chefe de serviço e provedor da
Santa Casa de Porto Alegre. De sua iniciativa foi a criação
dos primeiros cursos para formação de oftalmologistas a
partir de 1955, precedendo a implantação de residências
médicas na especialidade. Recebeu inúmeras homena-
gens, dentre elas a Editoria da Ophthalmologica, Rela-
toria de vários Congressos nacionais e internacionais, medalha Moacyr Álvaro, Harry
Gradle Conference, Comenda Papal (1954), além de ter participado do Conselho Reda-
torial de revistas e sociedades médicas internacionais. Ocupou a presidência do CBO no
período de 1958 a 1960 sendo responsável pela organização do XI Congresso Brasileiro
de Oftalmologia, em Vitória. Foi reconduzido a presidência do CBO de 1967 a 1969.
Sempre nos congressos era conhecido pelos esmerados originais trabalhos científicos,
profundo defensor da verdade científica em seus relatos.

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HILTON RIBEIRO ROCHA, MINAS GERAIS
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

Presidente do CBO no período de 1960 a 1962


Graduou-se pela Faculdade de Medicina de Minas Ge-
rais (1933) e Professor-Assistente de Clínica Oftalmoló-
gica em 1935. Em 1938 tornou-se Livre-Docente, para,
em 1942 tornar-se o mais jovem catedrático do País, aos
32 anos incompletos. À frente do ensino da oftalmologia
mostrou seu ideal pela medicina formando lideranças na
especialidade que além de destacarem-se por sua capa-
cidade, hoje ocupam posições de destaque em institui-
ções de ensino e sociedades das mais variadas na oftal-
mologia. Membro da Academia Mineira de Letras tendo
deixado entre outras obras, “Páginas Esparsas”, uma co-
letânea em três volumes, para onde ele transcreve os seus principais discursos e a vida
dos principais cegos da humanidade. Tornou-se o segundo presidente da Associação
Médica Brasileira em 1955. Foi por duas vezes presidente da Associação Médica de
Minas Gerais (1951 e 1956), fundador e primeiro presidente do Conselho Regional de
Medicina de Minas Gerais, tendo registro no CRM-MG número 0001.

SYLVIO DE ABREU FIALHO, RIO DE JANEIRO


Presidente do CBO no período de 1962 a 1964
Formou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janei-
ro em 1925, defendendo tese de doutoramento “Estados
Anafiláticos e sua Remoção Terapêutica”. Assistente vo-
luntário de Clínica Oftalmológica da Faculdade Nacional
de Medicina, de 1926 a 1929. Livre-Docente de Clínica
Oftalmológica da Faculdade de Medicina do Rio de Janei-
ro em 1930. Responsável pelo expediente e pela regência
do curso da Clínica Oftalmológica da Faculdade Nacional
de Medicina, em períodos letivos de 1949-1951, durante
os quais o Professor Octávio do Rego Lopes esteve de
licença. Catedrático interino de Clínica Oftalmológica na
Faculdade de Ciências Médicas, em 1949 e 1950 e da Faculdade Nacional de Medicina
em 1952. Fundador e Diretor da “Revista das Clínicas” e dos “Anais de Oculística do Rio
de Janeiro”. Instituiu o “Prêmio Abreu Fialho”, conferido pelos Congressos Brasileiros de
Oftalmologia. Idealizador e fundador, sob os auspícios da Alta Administração da Santa
Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, do “Banco de Córneas” daquele nosocômio, e
seu Diretor (1948). Na ocasião de sua posse na Academia Nacional de Medicina, apre-
sentou memória intitulada “Indicação Operatória no Glaucoma”.
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WERTHER DUQUE ESTRADA, RIO DE JANEIRO

Breve Biografia dos Presidentes do CBO


Presidente do CBO nos períodos de 1964 a 1965
e 1981 a 1983
Graduou-se em 1933 pela Faculdade Nacional de Medi-
cina da Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ). Sua vida acadêmica inicial foi
em Ciências Básicas, tornando-se em 1937 Docente-Livre
em Anatomia pela mesma faculdade que se formou. Dois
anos mais tarde, foi designado Catedrático Interino de
Anatomia em substituição ao Professor Fróes da Fonseca.
No ano de 1941, tornou-se Assistente na 1a Enfermaria
da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, onde
funcionava a Cátedra de Clínica Oftalmológica da Univer-
sidade do Brasil, dirigida pelo Professor José Antônio Abreu Fialho. Em 1955 tornou-se
Docente-Livre da Faculdade de Ciências Médicas da Faculdade do Distrito Federal, hoje
Universidade do Estado do Rio de Janeiro. No mesmo ano foi conduzido à Cátedra de
Oftalmologia da mesma Instituição. Anos mais tarde, recebeu do Governo de Sua Majes-
tade Britânica, por meio do Embaixador da Grã-Bretanha, Sir Leslie Fry, grande doação de
instrumental oftalmológico, o que tornou o Serviço de Oftalmologia da UERJ muito bem
equipado. Em 1977, foi aprovado para o cargo de Professor Titular de Oftalmologia da Fa-
culdade de Medicina da UFRJ. Organizou e ministrou vários cursos, inclusive de demons-
trações cirúrgicas. Proferiu inúmeras conferências, participou de aulas, mesas-redondas e
palestras em congressos nacionais e internacionais. Publicou inúmeros artigos científicos
em revistas brasileiras e estrangeiras. Também presidiu a Sociedade Brasileira de Oftalmo-
logia no ano de 1951 a 1953. Em sua posse como Membro Titular na Academia Nacional
de Medicina, apresentou memória intitulada “A Nova Cirurgia Extracapsular da Catarata
Senil”. Faleceu em 16 de março de 2001, em Teresópolis, Rio de Janeiro, aos 88 anos.

PAULO BRAGA MAGALHÃES, SÃO PAULO


Presidente do CBO no período de 1965 a 1967
Formado pela Faculdade de Medicina da Universi
dade de São Paulo. Livre-Docente de Oftalmologia da
Faculdade de Medicina de Universidade de São Paulo
em 1951. Depois da morte do Professor Cyro Rezende
em 1962 abriu concurso para Professor Catedrático e
Paulo Braga Magalhães foi aprovado e assumiu a Cá-
tedra da Oftalmologia na Universidade de São Paulo
em 1963. O Professor Paulo Braga de Magalhães foi
um homem com sentimento humanístico, solidário, e
que contribuiu de maneira importante com a forma-
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ção da estrutura formal atual da oftalmologia brasileira. Dedicou-se a ampliação do
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

ensino da oftalmologia e ações conjuntas para o cumprimento do dever de proteger a


saúde ocular da população. Todos os que com ele conviveram ficaram marcados pelo
seu exemplo de vida, baseado em princípios éticos e exercício de uma oftalmologia
humanizada.

JOÃO PENIDO BURNIER, SÃO PAULO


Presidente do CBO no período de 1969 a 1971
Nasceu em Alagoinhas, Bahia e ingressou em 1898 na
Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro tendo sido in-
terno na Clínica Oftalmológica do Professor Pereira da
Cunha. Concluiu doutoramento com a tese “Simpatecto-
mia no tratamento do glaucoma”. Estudou na Europa em
Berlim, Hamburgo, Roma, Viena, Bruxelas e Paris. Retor-
nando, em 1910 ao se estabelecer em Campinas, como
médico da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, ini-
ciou a estruturação do Instituto Oftálmico de Campinas,
que fundou em 1920, a partir de 1923 foi denominado
Instituto Penido Burnier (IPB). Em 1927 foi fundada a As-
sociação Médica do IPB para promover as atividades médicas e científicas da instituição.
O IPB também participou na criação da Faculdade de Ciências Médicas de Campinas.
Faleceu durante sua gestão na presidência do CBO sendo substituído pelo Dr. Francisco
Arthur Mais (Vice-Presidente) por um mandato tampão em 1971.

FRANCISCO ARTHUR MAIS, SÃO PAULO


Presidente do CBO no período em 1971
Formado em 1944 pela Universidade Federal do Paraná,
teve toda sua vida profissional ligada ao Instituto Penido
Burnier, de Campinas (SP), onde se destacou em suas ati-
vidades profissionais e didáticas.

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HEITOR MARBACK, BAHIA

Breve Biografia dos Presidentes do CBO


Presidente do CBO no período de 1971 a 1973
Foi Aspirante a Interno de Clínica Oftalmológica em 1931
e Interno de 1932 até início de novembro de 1934, no
Hospital Santa Izabel da Santa Casa, hospital-escola da
Faculdade de Medicina da Bahia (FAMEB). Diplomou-
se em 1934 pela FAMEB. Em 1938 tornou-se Assistente
de ensino da Clínica Oftalmológica e Docente-Livre em
1939 com a tese “Sobre a Radiologia do Canal Óptico”.
Em 1949 sucedeu o Professor João Cesário de Andrade
quando este foi ocupar cargo público no Ministério da
Educação e Cultura, tronando-se Professor Catedrático
Interino até 1953. Realizou “Fellow” no Wilmer Ophtal-
mological Institute da Johns Hopkins University com bolsa patrocinada pela Fundação
Kellog. Ao chegar, introduziu no serviço, ainda do Hospital Santa Izabel da Santa Casa
de Misericórdia da Bahia, o uso rotineiro de aventais cirúrgicos, gorros, máscaras e luvas
estéreis. Também se aperfeiçoou em Londres e no Instituto Barraquer em Barcelona, na
Espanha. Em 1954, tornou-se Professor Catedrático de Clínica Oftalmológica da FAMEB,
defendendo a tese “Lesões Oculares de Leishmaniose Tegumentar Americana”. Nos
anos sessenta foi organizada a Residência Médica em Oftalmologia no HUPES, subs-
tituindo o estágio pós-formatura e, em 1980, antes da aposentadoria o Prof. Heitor e
sua equipe conseguiram o reconhecimento do Curso de Especialização de Oftalmologia
como Curso de Pós-Graduação lato sensu para a UFBA.

LEIRIA DE ANDRADE JÚNIOR, CEARÁ


Presidente do CBO no período de 1973 a 1975
Graduado em medicina pela Universidade Federal de
Pernambuco em 1954, Pós-Graduado pela Universidade
Federal de Minas Gerais e iniciou seus trabalhos como
docente na Universidade do Ceará em 1957. Por sua ini-
ciativa um grupo de médicos oftalmologistas do Ceará
se desvincularam da Associação dos Oftalmologistas e
Otorrinolaringologistas do Ceará para fundar em março
de 1963 a Sociedade de Oftalmologia do Ceará. Em 1974
iniciou os trabalhos da fundação Leiria Andrade, entida-
de beneficente focada na Pós-Graduação da Oftalmolo-
gia e atendimento da comunidade.

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PAIVA GONÇALVES FILHO, RIO DE JANEIRO
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

Presidente do CBO nos períodos de 1975 a 1977


e 1989 a 1991
Graduou-se no ano de 1954 em Medicina pela Universi-
dade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Doutorado tam-
bém pela UFRJ em 1963. Professor Titular de Oftalmo-
logia da Escola de Medicina Souza Marques, Professor
Associado de Oftalmologia da Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro e Professor Efetivo de Oftal-
mologia da Escola de Pós-Graduação Médica Carlos Cha-
gas. Foi Livre-Docente de Oftalmologia e Chefe de Ser-
viço de Olhos do Hospital Escola São Francisco de Assis,
da UFRJ. Fundou o Centro de Estudos Oftalmológicos da
Faculdade Nacional de Medicina da UFRJ. Chefe do Serviço de Olhos do Hospital Geral
(1a Enfermaria) da Santa Casa da Misericórdia do Rio de janeiro e do Hospital Aristarcho
Pessoa. Presidiu, ainda, a Comissão da Prevenção da Cegueira no Brasil. Idealizador da
Cânula de Aspiração/Irrigação para a Cirurgia da Catarata fabricada pela D.E. do Brasil.
Na ocasião de sua candidatura a Membro Titular da Academia Nacional de Medicina,
apresentou memória intitulada “Ceropatias Pontuadas”.

JOÃO ORLANDO RIBEIRO GONÇALVES, PIAUÍ


Presidente do CBO no período de 1991 a 1993
Graduação em Medicina pela Universidade Federal de
Pernambuco (1963), especialização em Patologia Ocular
pela Universidade Federal de Pernambuco (1965), es-
pecialização em Oftalmologia pela Universidade Fede-
ral de Minas Gerais (1968), doutorado em Oftalmologia
pela Universidade Federal de Minas Gerais (1968), Pós-
Doutorado pela Université Pierre et Marie Curie (1976)
e Pós-Doutorado pela University of California Los Ange-
les (1995). Professor Titular da Universidade Federal do
Piauí. Tem experiência na área de Medicina, com ênfase
em Clínica Médica, atuando principalmente nos seguin-
tes temas: Pressão intraocular em Trendelemburg; sobrecarga no glaucoma.

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RENATO DE TOLEDO, SÃO PAULO

Breve Biografia dos Presidentes do CBO


Presidente do CBO no período de 1977 a 1979
Substituiu o Professor Moacyr Álvaro na Disciplina de
Oftalmologia da Escola Paulista de Medicina, cuidando
da estruturação da especialidade em Seções Especiali-
zadas por onde os residentes e pós-graduandos pudes-
sem estagiar. Em reconhecimento ao seu trabalho junto
ao Departamento de Oftalmologia da UNIFESP em 1981
esta instituição idealizou a Palestra Professor Renato de
Toledo, hoje tradicional nesta escola, onde uma vez por
ano, um professor de destaque do departamento é es-
colhido por seus pares para realizar a exposição de um
tema de sua escolha.

CLÓVIS AZEVEDO PAIVA, PERNAMBUCO


Presidente do CBO no período de 1979 a 1981
Nasceu em 1917 em São Bento do Una, Pernambuco. For-
mou-se em Oftalmologia pela Universidade Federal de
Pernanbuco (UFPE) em 1940. Fixou residência no Recife e
em 1975, tornou-se Livre-Docente e Professor Catedráti-
co de Oftalmologia desta e da Universidade de Ciências
Médicas de Pernambuco.
Foi o segundo oftalmologista a realizar um transplan-
te de córnea no Brasil, sendo o primeiro nas regiões Nor-
te e Nordeste, no Hospital Pedro II, no Recife, em 1947.
Também foi um dos pioneiros na realização de cirurgias
de catarata com implante de lente intraocular no país.
Ao longo da carreira, consolidou seu legado recebendo inúmeros prêmios, meda-
lhas, títulos, diplomas de honra e placas de homenagens. Faleceu em 2000, aos 82 anos,
dedicou a vida inteira ao exercício da medicina.

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CARLOS AUGUSTO MOREIRA, PARANÁ
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

Presidente do CBO no período de 1983 a 1985


Graduação em Medicina pela Universidade Federal do
Paraná (1955) e doutorado também pela mesma institui-
ção (1977). Médico do Hospital Universitário Evangélico
de Curitiba. Como docente foi Professor Titular do Hos-
pital de Olhos do Paraná, Professor Titular da Faculdade
Evangélica do Paraná e Professor Titular de Oftalmolo-
gia da Universidade Federal do Paraná. Em sua gestão
com Presidente do CBO deu-se a implantação da Prova
Nacional de Oftalmologia. Tem experiência em Medicina
como ênfase em Clínica Médica. Foi presidente da Asso-
ciação Paranaense de Oftalmologia de 1967 a 1970. Teve
ativa participação na carreira acadêmica nas instituições de ensino que se ligou contri-
buindo para a formação de inúmeros médicos oftalmologistas de cunho generalistas.

NEWTON KARA JOSÉ, SÃO PAULO


Presidente do CBO no período de 1985 a 1987
Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina da
Universidade do Brasil (1963). Doutorado em Oftalmolo-
gia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo (1972). Livre-Docente pela Faculdade de Medicina
da USP (1977), Professor de Oftalmologia da Faculdade de
Medicina de Jundiaí (1973), Professor Titular da Faculda-
de de Medicina da UNICAMP (1977), Professor Titular de
Oftalmologia da Faculdade de Medicina da USP (novem-
bro de 1998 a julho de 2008). Idealizador da Prova Nacio-
nal de Oftalmologia, unificada, aos moldes dos Estados
Unidos. Atualmente é Professor Emérito da Disciplina de
Oftalmologia da FMUSP. Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em Cirurgia
Oftalmológica, atuando principalmente nos seguintes temas: oftalmologia, doenças ocu-
lares externas e córnea, lentes de contato, catarata e prevenção da cegueira. Coordenador
de Campanhas de atendimento a idosos (Campanha Catarata) e escolares (Campanha
Olho no Olho) realizadas pelo CBO. Chefe do Laboratório de Investigação Médica em Of-
talmologia LIM-33 do HCFMUSP (1998-2009). Membro do Programa de Pós-Graduação
– Oftalmologia FMUSP. No país, líder da defesa profissional do médico oftalmologista
e na prevenção da cegueira. Dedicou-se além da formação de médicos oftalmologistas
generalistas, também na formação de especialistas na área de córnea e lentes de contato.
Possui distinguida atuação à frente do doutoramento de oftalmologistas e formador de
66 lideranças pelo Brasil e América do Sul.

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JOAQUIM MARINHO DE QUEIROZ, PARÁ

Breve Biografia dos Presidentes do CBO


Presidente do CBO no período de 1987 a 1989
Nascido em 13/02/1926 em Marabá, PA. Formado pela
Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mi-
nas Gerais em 1949. Presidente do Conselho Brasileiro de
Oftalmologia de 1987 a 1989. Responsável pela organi-
zação do VIII Congresso Brasileiro de Prevenção da Ce-
gueira e Reabilitação Visual no Rio de Janeiro e do XXV
Congresso Brasileiro de Oftalmologia, também realizado
no Rio de Janeiro, cujo tema oficial foi Glaucoma Secun-
dário.

JACÓ LAVINSKY, RIO GRANDE DO SUL


Presidente do CBO no período de 1993 a 1995
Graduação em Medicina pela Universidade Federal de
Santa Catarina (1971) e Doutorado em Oftalmologia
pela Universidade Federal de Minas Gerais (1975). Che-
fe do Serviço de Oftalmologia do Hospital de Clínicas
de Porto Alegre a partir de 2009. Professor Titular do
Departamento de Oftalmologia e Otorrinolaringologia
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Chefe
do Serviço de Oftalmologia do Hospital de Clínicas de
Porto Alegre (1981-1993), Coordenador do Programa
Anual de Educação Médica Continuada para Especialis-
tas em Oftalmologia desde 1987, Coordenador e Pes-
quisador Principal de nove Pesquisas Multicêntricas Internacionais (Aprovadas pelo
GPPG HCPA) e Pesquisas Nacionais (Aprovadas pelo GPPG HCPA). Editor e Fundador
da Revista da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo e Presidente do Congresso da
Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo (1999), Membro de Bancas Examinadoras de
Mestrado, Doutorado, Livre-Docência e de Professor Titular. Membro do Conselho
Editorial de Oito Publicações.

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ADALMIR MORTERÁ DANTAS, RIO DE JANEIRO
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

Presidente do CBO no período de 1995 a 1997


Graduado em Medicina pela Universidade Federal Flumi-
nense (1962) e Doutorado em Medicina (Oftalmologia)
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1972). Atu-
almente é Professor Emérito da Universidade Federal do
Rio de Janeiro; Professor Titular aposentado das Univer-
sidades Federais Fluminense e da Universidade Federal
do Rio de Janeiro. Exerceu os cargos de Chefe do Depar-
tamento de Otorrino-Oftalmologia da Faculdade de Me-
dicina e de Chefe do Serviço de Oftalmologia do Hospi-
tal Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade
Federal do Rio de Janeiro. Membro Emérito do Colégio
Brasileiro de Cirurgiões, conferido em julho de 2009. Acadêmico Emérito da Academia
de Medicina do Estado do Rio de Janeiro, em 14 de setembro de 2011. Possui Linha de
Pesquisa em Eletroneurofisiologia. Tem experiência na área de Fisiologia, com ênfase
em Fisiologia dos Órgãos dos Sentidos. Atuando principalmente nos seguintes temas:
fisiologia da visão; eletro-oculografia; eletrorretinografia e potencial evocado visual. Au-
tor do maior número de livros editados na especialidade e como tal homenageado em
2005 pela Associação Paranaense de Oftalmologia na gestão da então Presidente Tânia
Schaefer com o Título de Mestre Editor.

GERALDO VICENTE DE ALMEIDA, SÃO PAULO


Presidente do CBO no período de 1997 a 1999
Graduação em Medicina pela Pontifícia Universidade Ca-
tólica de São Paulo (1962), Especialização em Oftalmolo-
gia pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São
Paulo (1964), Mestrado em Medicina (Oftalmologia) pela
Universidade Federal de São Paulo (1986) e Doutorado
em Medicina (Oftalmologia) pela Universidade Federal
de São Paulo (1994). Atuante professor na Faculdade de
Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Tem ex-
periência na área de Medicina, com ênfase em Clínica
Médica e destaca-se na subespecialidade do Glaucoma,
na qual é considerado inconteste autoridade.

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MARCOS PEREIRA DE ÁVILA, GOIÁS E BRASÍLIA

Breve Biografia dos Presidentes do CBO


Presidente do CBO no período de 1999 a 2001
Graduado em Medicina pela Universidade Federal de
Uberlândia, Residência Médica no Hospital da Lagoa no
Rio de Janeiro, cursou por 5 anos o Fellowship em Doen-
ças Vitreorretinianas na Harvard Medical School e Retina
Foundation em Boston, EUA. Defendeu Tese de Douto-
rado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Professor Titular do Setor de Oftalmologia pela Facul
dade de Medicina da Universidade Federal de Goiás
(UFG), Professor Orientador da Universidade de Brasília
(UnB) e Presidente do Centro Brasileiro da Visão (CBV),
em Brasília e do Centro Brasileiro de Cirurgia de Olhos
(CBCO) e Instituto de Cirurgia a Laser (ICL), Goiânia. Sob sua orientação, mais de 500
médicos concluíram a Pós-Graduação lato sensu (Residência Médica em Oftalmologia
e Fellowship) e stricto sensu (Mestrado e Doutorado). Líder nacional inconteste na es-
pecialidade e Idealizador e coordenador dos Fóruns Nacionais de Saúde Ocular reali-
zados pelo CBO no Senado do Congresso Nacional, em Brasília. Suas principais linhas
de pesquisa são: Degeneração Macular Relacionada com a Idade, Retinopatia Diabética,
Oclusões Vasculares da Retina, Células-Tronco da Retina em Modelo Animal e Técnicas
de Cirurgias Vitreorretinianas.

SUEL ABUJAMRA, SÃO PAULO


Presidente do CBO no período de 2001 a 2003
Graduado em Medicina pela Faculdade de Ciências Mé-
dicas da Universidade do Rio de Janeiro (1957), Dou-
torado em Medicina (Oftalmologia) pela Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (1972) e Livre-
Docência em Oftalmologia pela Universidade de São
Paulo (1982). Foi Presidente da Sociedade Brasileira de
Retina e Vítreo e Grupo Latinoamericano de Angiogra-
fía y Fotocoagulación (GLADAOF). Membro do Conselho
Editorial Nacional da Revista Brasileira de Oftalmologia e
do Conselho Editorial Nacional dos Arquivos Brasileiros
de Oftalmologia. Tem experiência na área de Medicina,
Oftalmologia de alta complexidade, com ênfase em retina e vítreo, clínica e cirurgia. Apo-
sentado como Professor-Associado de Oftalmologia da Faculdade de Medicina da USP.

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ELISABETO RIBEIRO GONÇALVES, MINAS GERAIS
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

Presidente do CBO no período de 2003 a 2005


Graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade
Federal de Pernambuco (1966), especialização em Oftal-
mologia pela Faculdade de Medicina da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG) – Hospital São Geraldo,
Serviço do Professor Hilton Rocha, de 1967 a 1969. Fello-
wship no Serviço de Retina e Vítreo da Clínica Oftalmo-
lógica da Faculdade de Medicina da UFMG (1969-1970)
e fellowship no Medical Center – School of Medicine in
New Orleans, Louisiana State University, Serviço do Pro-
fessor Gholam Peyman (1991). Atuou com Chefe dos
Departamentos de Retina e Vítreo, do Serviço de Eletro-
fisiologia Ocular e do Serviço de Propedêutica Oftalmológica da Clínica Oftalmológica
da Faculdade de Medicina da UFMG de 1969 a 1973. Presidente da Associação dos Mé-
dicos Oftalmologistas de Minas Gerais (AMO-MG), de 1995 a 1999. Membro Internacio-
nal do Marquis Who´s Who Publications Board em Medicina e Saúde Pública, Membro
Internacional da New York Academy of Science e Membro Internacional da American
Association for the Advancement of Science, Membro Internacional da Société Française
d´Ophthalmologie. Homenageado no Palácio do Planalto pelo Presidente Michel Temer
com a Medalha da Ordem do Mérito Médico, na classe de Comendador. Honraria con-
cedida a profissionais que prestaram serviços notáveis na área médica do Brasil e marca
a semana em que se comemora o Dia do Médico.

HARLEY EDISON AMARAL BICAS, SÃO PAULO


Presidente do CBO no período de 2005 a 2007
Graduado em Medicina pela Universidade de São Paulo
(1962) e em Química – Magistério pelo Ministério da Edu-
cação e Cultura (1960), especialização em Oftalmologia
pela Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto (1964),
Doutorado em Oftalmologia pela Universidade de São
Paulo, Ribeirão Preto (1967), Pós-Doutorado pela Uni-
versity of London (1971), Pós-Doutorado pela The Smith
Kettlewell Eye Research Institute (1994) e Pós-Doutora-
do pela The Smith Kettlewell Institute Of Visual Science
(1975). Professor Titular da Universidade de São Paulo,
Membro do Corpo Redatorial do Conselho Brasileiro de
Oftalmologia, Membro do Corpo Redatorial da Sociedade Brasileira de Oftalmologia,
funcionário da Academia de Ciências de Ribeirão Preto, Vice-Presidente da Academia
Brasileira de Oftalmologia, do Centro Brasileiro de Estrabismo, do Conselho Latino-A-
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mericano de Estrabismo, Revisor de periódico da Clinics (USP. Impresso), Revisor de

Breve Biografia dos Presidentes do CBO


periódico da Archivos de la Sociedad Española de Oftalmología e Membro de corpo
editorial do Universo Visual (Buenos Aires). Tem experiência na área de Medicina, com
ênfase em Clínica Médica. Atuando principalmente nas áreas de eletro-oculografia e
semiologia do estrabismo. Inconteste autoridade na refratometria.

HAMILTON MOREIRA, PARANÁ


Presidente do CBO no período de 2007 a 2009
Graduação em Medicina pela Universidade Federal do
Paraná (1984), Residência em Oftalmologia pela Univer-
sidade Federal do Paraná (1987), Mestrado em Medicina
(Clínica Cirúrgica) pela Universidade Federal do Paraná
(1990), Mestrado em Oftalmologia pela Escola Paulista
de Medicina (1990) e Doutorado em Oftalmologia pela
Universidade Federal do Paraná (1992). Atualmente é
membro da Comissão Científica do Conselho Brasileiro
de Oftalmologia, Professor Adjunto da Universidade Fe-
deral do Paraná e da Faculdade Evangélica do Paraná.

PAULO AUGUSTO DE ARRUDA MELLO,


SÃO PAULO
Presidente do CBO no período de 2009 a 2011
Médico Oftalmologista, Professor Titular de Oftalmologia
da Escola Paulista de Medicina (EPM)/Universidade Federal
de São Paulo (UNIFESP), Professor Orientador do Curso de
Pós-Graduação do Departamento de Oftalmologia EPM/
UNIFESP. Curso de Especialização em Oftalmologia – Resi-
dência Médica, Mestrado, Doutorado na Escola Paulista de
Medicina/(UNIFESP). Ex-Professor Titular de Oftalmologia
da Faculdade de Ciências Médicas de Santos. Ex-coordena-
dor da Comissão de Ensino do Conselho Brasileiro de Of-
talmologia. Ex-presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, da Sociedade Brasileira
de Glaucoma, da Sociedade Pan-Americana de Glaucoma, Sociedade Latino-Americana de
Glaucoma, Conselho Científico da Associação Brasileira dos Portadores de Glaucoma, seus
Amigos e Familiares e da Sociedade Brasileira de Laser e Cirurgia refrativa. Atua em Oftalmo-
logia Geral com ênfase em Glaucoma, Catarata, Doenças do Segmento Anterior e Posterior.
Graduação em Lentes de Contato – Universidad de Puerto Rico (USA).
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MARCO ANTÔNIO REY DE FARIA, RIO GRANDE
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

DO NORTE
Presidente do CBO no período de 2011 a 2013
Graduação em Medicina pela Universidade Federal do
Rio Grande do Norte (1975), título de especialista em
Oftalmologia pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia.
Atualmente é professor Adjunto IV da Universidade Fe-
deral do Rio Grande do Norte. Tem experiência na área
de Medicina, com ênfase em Oftalmologia, atuando
principalmente nos seguintes temas: Oftalmologia Clí-
nica, Cirurgia de Catarata, Cirurgia Refrativa, Transplante
de Córnea Penetrantes e Lamelares (Anterior e Posterior),
Cirurgia de Pterígio e Glaucoma clínico e cirúrgico.

MILTON RUIZ ALVES, SÃO PAULO


Presidente do CBO no período de 2013 a 2015
Professor-Associado de Oftalmologia da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo. Coordenador
Responsável da Pós-Graduação em Oftalmologia da Uni-
versidade de São Paulo. Coordenador Responsável da
Residência Médica em Oftalmologia da Universidade de
São Paulo. Chefe do serviço de Córnea e Doenças exter-
nas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
da USP. Vice-Diretor do Laboratório de Investigação Mé-
dica – LIM 33 – da Faculdade de Medicina da USP.

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HOMERO GUSMÃO DE ALMEIDA, MINAS GERAIS

Breve Biografia dos Presidentes do CBO


Presidente do CBO no período de 2015 a 2017
Graduado em Medicina na UFMG em 1970. Concluiu o Curso
de Especialização em 1974. Doutorado em 1977 pela UFMG
e ainda em 1977, como bolsista do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, iniciou
seu Pós-Doutoramento. No Departamento de Oftalmolo-
gia Experimental do Institute of Ophthalmology, trabalhou
com o Professor E.S. Perkins por seis meses, investigando a
relação entre refração, diâmetros oculares e glaucomas. No
Moorfields Eye Hospital, trabalhou na Unidade de Glauco-
ma por 18 meses. Em 1979 realizou estágio em Moscou no
Laboratório de Problemas Experimentais e Clínicos da Cirur-
gia Ocular, sob a orientação do Professor S. Fyodorov, estudando aspectos técnico-cirúrgicos
das lentes intraoculares e da ceratotomia refrativa no tratamento da miopia. De 1979 a 1992
foi o chefe do Departamento de Glaucoma do Instituto Hilton Rocha, Minas Gerais. Desde
1983 é o Professor Adjunto de Oftalmologia na Faculdade de Medicina da Universidade Fe-
deral de Minas Gerais, Chefe do Setor de Doenças Vasculares (Departamento de Retina) até
1990. Foi Coordenador do Curso de Oftalmologia (Graduação). Foi fundador da Sociedade
Brasileira de Glaucoma e Presidente no biênio 1983-1985. Foi Presidente da Sociedade Bra-
sileira de Catarata e Implantes Intraoculares no biênio 2004-2006.

JOSÉ AUGUSTO ALVES OTTAIANO, SÃO PAULO


Presidente do CBO no período de 2017 a 2019
Graduação em Medicina pela Faculdade de Medicina de
Marília – SP (1979). Pós-Graduado, Mestre em Oftalmo-
logia pela Escola Paulista de Medicina (1986), Pós-Gra-
duado, Doutor em Oftalmologia pela Escola Paulista de
Medicina (1990). Foi Diretor-Geral da Faculdade de Me-
dicina de Marília durante o período de 2009 a 2013. Tem
experiência na área de Medicina, com ênfase em Oftalmo-
logia. Organizou e coordenou o Curso de programa de
residência em oftalmologia da Faculdade de Medicina de
Marília. À frente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia
seus principais objetivos de gestão estão na área de ensino, saúde suplementar e defesa
das prerrogativas profissionais do médico oftalmologista.

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Gestões do CBO, Congressos
10 e Temas Oficiais

INTRODUÇÃO III CONGRESSO BRASILEIRO DE


Neste capítulo estão listadas, em ordem OFTALMOLOGIA
cronológica, as gestões do CBO, com res- Belo Horizonte, 1939
pectivas informações da diretoria, con- Presidente: Hilton Rocha, Minas Gerais
gressos realizados e temas oficiais.
A Semana Oftalmo-Neurológica reali- CBO GESTÃO (1941)
zada em São Paulo, em 1927, por iniciativa
Presidente do CBO: Cesário de Andrade,
da Academia de Medicina de São Paulo,
Rio de Janeiro
deu início às reuniões da Oftalmologia
Vice-Presidente: Linneu Silva
brasileira.
Secretário: Paiva Gonçalves
PRIMEIRA REUNIÃO BRASILEIRA Tesoureiro: Paulo C. Pimentel
DE OFTALMOLOGIA
IV Congresso Brasileiro de
Mais tarde reconhecida honorificamente Oftalmologia
como “I Congresso Brasileiro de Oftalmo-
Rio de Janeiro, 1941
logia”.
Presidente: Cesário de Andrade, Rio de
São Paulo, 1935
Janeiro
Presidentes: J. Brito, São Paulo/Pereira Go-
Esse congresso em 1941 ensejou a
mes, São Paulo
fundação do Conselho Nacional de Oftal-
II CONGRESSO BRASILEIRO DE mologia, porém após esta, não sendo sua
OFTALMOLOGIA organização e realização iniciativa desta
neófita sociedade.
Porto Alegre, 1937 O hiato de cinco anos que se segue a
Presidente: Ivo Corrêa Meyer, Rio Grande esse congresso de 1941 deveu-se à Se-
do Sul gunda Guerra Mundial.

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V Congresso Brasileiro de X Congresso Brasileiro de
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

Oftalmologia Oftalmologia
Salvador, 1946 Poços de Caldas, 1958
Presidente: Heitor Marback, Bahia Presidentes: Moacyr E. Álvaro, São Paulo/
Pedro Moacir Aguiar, Rio de Janeiro
VI Congresso Brasileiro de Tema oficial do Congresso: Desloca-
Oftalmologia mento de Retina, Geriatria em Oftalmolo-
Recife, 1949 gia, Oftalmologia na infância, Eletrorreti-
Presidente: Francisco Figueiredo, Recife, nograma e Oftalmologia Psicossomática
faleceu na véspera do evento, tendo sido
convidado Carlos de Moraes, Bahia, para GESTÃO (1958-1960)
ocupar seu lugar. Presidente do CBO: Ivo Corrêa Meyer, Rio
Grande do Sul
VII Congresso Brasileiro de Vice-Presidente: Luís Assumpção Osório
Oftalmologia Secretário: Mário A. Azambuja
Rio de Janeiro, 1951 Tesoureiro: Paulo F. Esteves
Presidente: Paulo Pimentel, Rio de Janeiro
XI Congresso Brasileiro de
VIII Congresso Brasileiro de Oftalmologia
Oftalmologia Vitória, 1960
São Paulo, 1954 Presidente: José de Almeida Rebouças,
Presidentes: Moacyr E. Álvaro, São Paulo/ Espírito Santo
Cyro Rezende, São Paulo
GESTÃO (1960-1962)
GESTÃO (1954-1958)
Presidente do CBO: Hilton Ribeiro Rocha,
Presidentes do CBO: Moacyr Álvaro, São Minas Gerais
Paulo/Cyro Rezende, São Paulo Vice-Presidente: Casemiro Laborne Tava-
Vice-Presidente: Jaques Tupinambá res
Secretários: Sílvio Toledo e Rubens Bel- Secretário: Joaquim Marinho de Queiroz
fort Mattos Tesoureiro: Hélio Faria
Tesoureiros: Renato de Toledo e Paulo
Braga Magalhães XII Congresso Brasileiro de
Obs.: Por acordo entre as escolas de Oftalmologia
São Paulo, o CBO exerceu suas atividades
Belo Horizonte, 1962
com dois presidentes, secretários e tesou-
reiros, simultaneamente. Presidente: Hilton Rocha, Minas Gerais

IX Congresso Brasileiro de GESTÃO (1962-1964)


Oftalmologia Presidente do CBO: Sylvio de Abreu Fia-
Cambuquira, 1956 lho, Rio de Janeiro
Presidente: Cyro Rezende, São Paulo
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Vice-Presidente: Joviano Rezende Filho XV Congresso Brasileiro de

Gestões do CBO, Congressos e Temas Oficiais


Secretário: Evaldo M. dos Santos Oftalmologia
Tesoureiro: José Barbosa da Luz Porto Alegre, 1969
Presidente: Ivo Corrêa Meyer, Rio Grande
GESTÃO (1964-1965) do Sul
Presidente do CBO: Werther Duque Es- Tema oficial do Congresso: Fotocoagula-
trada, Rio de Janeiro ção e Laser, Glaucoma
Vice-Presidente: Jonas Arruda
Secretário: Dario Dias Alves GESTÃO (1969-1971)
Tesoureiro: Rafael Benchimol Presidente do CBO: João Penido Burnier,
São Paulo (falecido em 1971, assumiu a
XIII Congresso Brasileiro de Presidência Francisco Arthur Mais)
Oftalmologia Vice-Presidente: Francisco Arthur Mais
Rio de Janeiro, 1964 Secretário: Hélion de Mello Oliveira
Presidente: Sylvio de Abreu Fialho, Rio de Tesoureiro: Hugo J. Pagano Gallo
Janeiro
XVI Congresso Brasileiro de
GESTÃO (1965-1967) Oftalmologia
Presidente do CBO: Paulo Braga de Ma- Campinas, 1971
galhães, São Paulo Presidente: João Penido Burnier, São Pau-
Vice-Presidente: Manoel Corrêa da Fon- lo, faleceu na véspera do evento, tendo
seca sido convidado Francisco Arthur Mais, São
Secretário: José Belmiro de Castro Moreira Paulo, para ocupar seu lugar.
Tesoureiro: Jorge Alberto F. Caldera
GESTÃO (1971-1973)
XIV Congresso Brasileiro de Presidente do CBO: Heitor Marback,
Oftalmologia Bahia
Presidente: Paulo Braga de Magalhães Vice-Presidente: Colombo Spínola
Tema oficial do Congresso: Aspectos da Secretário: Fernando P. de Oliveira
Patologia Orbitária Tesoureiro: Epaminondas Castelo Branco
São Paulo, 1976 Neto

GESTÃO (1967-1969) XVII Congresso Brasileiro de


Oftalmologia
Presidente do CBO: Ivo Corrêa Meyer, Rio
Grande do Sul Salvador, 1973
Vice-Presidente: Luís Assumpção Osório Presidente: Heitor Marback, Bahia
Secretário: Mário A. Azambuja Tema oficial do Congresso: Uveítes e An-
Tesoureiro: Paulo F. Esteves giofluresceinografia

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GESTÃO (1973-1975) GESTÃO (1977-1979)
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

Presidente do CBO: Leiria de Andrade Jr., Presidente do CBO: Renato de Toledo,


Ceará São Paulo
Vice-Presidente: Sylvio Ideburgue Leal Vice-Presidente: José Carlos Gouvêa
Secretário-Geral: Renato de Toledo Pacheco
Secretário: Antônio M. Rangel Secretário-Geral: Plínio de Toledo Piza
Tesoureiro: Leopoldo Farias Moura Secretário: Newton Kara José
Tesoureiro: José Belmiro de Castro Mo-
I Congresso Brasileiro de Prevenção reira
da Cegueira e Reabilitação Visual
São Paulo, 1974 III Congresso Brasileiro de
Presidente: Arthur Vicente do Amaral, São Prevenção da Cegueira e
Paulo Reabilitação Visual
Rio de Janeiro, 1978
XVIII Congresso Brasileiro de Presidente: José Victorino de A. Lima, Rio
Oftalmologia de Janeiro
Fortaleza, 1975
Presidente: Leiria de Andrade Jr., Ceará XX Congresso Brasileiro de
Tema oficial do Congresso: Doenças Iatro- Oftalmologia
gênicas São Paulo, 1979
Presidente: Renato de Toledo, São Paulo
GESTÃO (1975-1977) Tema oficial do Congresso: Semiologia
Neuro-Oftalmológica
Presidente do CBO: Paiva Gonçalves Fi-
lho, Rio de Janeiro
Vice-Presidente: Adalmir Morterá Dantas
GESTÃO (1979-1981)
Secretário-Geral: Renato de Toledo Presidente do CBO: Clóvis Azevedo Pai-
Secretário: Alberto R. Vidaurreta va, Pernambuco
Tesoureiro: Telemaco Boldrin de F. Lima Vice-Presidente: Alcides Fernandes Paiva
Secretário-Geral: Newton Kara José
II Congresso Brasileiro de Secretário: Abraão Zaverucha
Prevenção da Cegueira e Tesoureiro: Inácio C. Albuquerque
Reabilitação Visual
Brasília, 1976 IV Congresso Brasileiro de
Presidente: Celso Generoso Pereira, Brasília Prevenção da Cegueira e
Reabilitação Visual
XIX Congresso Brasileiro de Belo Horizonte, 1980
Oftalmologia Presidente: Christiano Barsante, Minas Ge-
Rio de Janeiro, 1977 rais
Presidente: Paiva Gonçalves Filho, Rio de Tema oficial do Congresso: Genética e
Janeiro Prevenção da Cegueira

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Tema oficial do Congresso: Traumatologia

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XXI Congresso Brasileiro de VI Congresso Brasileiro de

Gestões do CBO, Congressos e Temas Oficiais


Oftalmologia Prevenção da Cegueira e
Recife, 1981 Reabilitação Visual
Presidente: Clóvis de Azevedo Paiva, Per- Campinas, 1984
nambuco Presidente: Newton Kara José, São Paulo
Tema oficial do Congresso: Patologia e Ci-
rurgia da Córnea XXIII Congresso Brasileiro de
Relatores do livro: Luiz Eurico Ferreira e Oftalmologia
Newton Kara José São Paulo, 1985
Presidente: José Belmiro de Castro Morei-
GESTÃO (1981-1983) ra, São Paulo
Presidente do CBO: Werther Duque Es- Tema oficial do Congresso: Cirurgia de Ca-
trada, Rio de Janeiro tarata
Vice-Presidente: Adalmir Morterá Dantas Conferência CBO: Síndrome da Membrana
Secretário-Geral: Newton Kara José Endotelial Irido-Corneana
Secretário: Eliezer Benchimol Conferencista: Nassim Calixto
Tesoureiro: Orlando Rebelo
GESTÃO (1985-1987)
V Congresso Brasileiro de Presidente do CBO: Newton Kara José,
Prevenção da Cegueira e São Paulo
Reabilitação Visual Vice-Presidente: João Orlando Ribeiro
Curitiba, 1982 Gonçalves
Presidente: Carlos Augusto Moreira, Paraná Secretário-Geral: Rubens Belfort Junior
Secretário: Milton Ruiz Alves
XXII Congresso Brasileiro de Tesoureiro: Geraldo Vicente de Almeida/
Oftalmologia Ralph Cohen
Rio de Janeiro, 1983
Presidente: Werther Duque Estrada, Rio VII Congresso Brasileiro de
de Janeiro Prevenção da Cegueira e
Tema oficial do Congresso: Doenças Cir- Reabilitação Visual
culatórias e Olho Porto Alegre, 1986
Presidente: Jacó Lavinsky, Rio Grande do
GESTÃO (1983-1985) Sul

Presidente do CBO: Carlos Augusto Mo-


XXIV Congresso Brasileiro de
reira, Paraná
Oftalmologia
Vice-Presidente: Renato de Toledo
Secretário-Geral: Newton Kara José Curitiba, 1987
Secretário: Antônio Vantuil Samara Presidente: Carlos Augusto Moreira, Paraná
Tesoureiro: Jayme Arana Tema oficial do Congresso: Uveítes
Relatores do livro: Fernando Oréfice e Ru-
bens Belfort Junior
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Conferência CBO: Cirurgia dos Músculos Vice-Presidente: Morizot Leite Filho
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

Oblíquos do Olho: Situação Atual e Pers- Secretário-Geral: José Ricardo Carvalho


pectivas futuras Lima Rehder
Conferencista: Jorge Alberto F. Caldeira Secretário: Marcus Vinícius Abbud Safady
Tesoureiro: Paulo Augusto de Arruda
GESTÃO (1987-1989) Mello

Presidente do CBO: Joaquim Marinho de


IX Congresso Brasileiro de
Queiroz, Minas Gerais e Pará
Prevenção da Cegueira e
Vice-Presidente: Paiva Gonçalves Filho
Reabilitação Visual
Secretário-Geral: Rubens Belfort Junior
Secretário: José Ricardo Carvalho Lima Salvador, 1990
Rehder Presidente: Humberto Castro Lima, Bahia
Tesoureiro: Geraldo Vicente de Almeida Conferência CBO: Histórico da Situação
Atual e Futuro da Reabilitação
Conferencista: Hilton Rocha
VIII Congresso Brasileiro de
Prevenção da Cegueira e
XXVI Congresso Brasileiro de
Reabilitação Visual
Oftalmologia
Rio de Janeiro, 1988
Belo Horizonte, 1991
Presidente: Adalmir Morterá Dantas, Rio
Presidente: Nassim Calixto, Minas Gerais
de Janeiro
Tema oficial do Congresso: Doenças de
Mácula
XXV Congresso Brasileiro de
Relatores do livro: Pedro Paulo Bonomo e
Oftalmologia
Sérgio L. Cunha
Rio de Janeiro, 1989 Conferência CBO: Leucocorias
Presidente: Adalmir Morterá Dantas, Rio Conferencista: João Orlando R. Gonçalves
de Janeiro
Tema oficial do Congresso: Glaucoma Se- GESTÃO (1991-1993)
cundário
Presidente do CBO: João Orlando Ribeiro
Relatores do livro: Homero Gusmão de Al-
Gonçalves, Piauí
meida
Vice-Presidente: Jacó Lavinsky
Correlatores: Geraldo Vicente de Almeida,
Secretário-Geral: Geraldo Vicente de Al-
Nassim Calixto e Celso Antonio de Carva-
meida
lho
1o Secretário: Carlos Fumiaki Uesugui
Conferência CBO: Responsabilidade do
Tesoureiro: Paulo Augusto de Arruda Mello
Oftalmologista e das Associações na Pre-
venção da Cegueira X Congresso Brasileiro de
Conferencista: Newton Kara José Prevenção da Cegueira e
Reabilitação Visual
GESTÃO (1989-1991)
Manaus, 1992
Presidente do CBO: Paiva Gonçalves Fi- Presidente: Cláudio do Carmo Chaves,
80 lho, Rio de Janeiro Amazonas

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Conferência CBO: Causas de Cegueira nos Relatores do livro: Ana Luiza Höfling, Ja-

Gestões do CBO, Congressos e Temas Oficiais


Indígenas Brasileiros cobo Melamed Cattan e Nassim S. Calixto
Conferencista: Rubens Belfort Mattos Conferência CBO: Ensino de Graduação,
Especialização, Pós-Graduação e Pesquisa
XXVII Congresso Brasileiro de em Oftalmologia no Brasil
Oftalmologia Conferencista: Rubens Belfort Junior
Porto Alegre, 1993
Presidente: Jacó Lavinsky, Rio Grande do GESTÃO (1995-1997)
Sul Presidente do CBO: Adalmir Morterá
Tema oficial do Congresso: Estrabismo Dantas, Rio de Janeiro
Relatores do livro: Carlos R. Souza-Dias e Vice-Presidente: Homero Gusmão de Al-
Henderson C. de Almeida meida
Conferência CBO: Toxocaríase Ocular e Secretário-Geral: Geraldo Vicente de Al-
Sua Epidemiologia meida
Conferencista: Fernando Oréfice 1o Secretário: Paulo Augusto de Arruda
Mello
GESTÃO (1993-1995) Tesoureiro: Henrique Shiguekiyo Kikuta
Presidente do CBO: Jacó Lavinsky, Rio
Grande do Sul XII Congresso Brasileiro de
Vice-Presidente: Rubens Belfort Junior Prevenção da Cegueira e
Secretário-Geral: Geraldo Vicente de Al- Reabilitação Visual
meida São Paulo, 1996
1o Secretário: Henrique Shiguekiyo Kikuta Presidente: Newton Kara José, São Paulo
Tesoureiro: Paulo Augusto de Arruda Tema oficial do Congresso: Realidade do
Mello Atendimento Oftalmológico no Brasil e
Metas Prioritárias
XI Congresso Brasileiro de
Prevenção da Cegueira e XXIX Congresso Brasileiro de
Reabilitação Visual Oftalmologia
Brasília, 1994 Goiânia, 1997
Presidente: Leopoldo Pacini Neto, Brasília Presidente: Marcos Pereira Ávila, Goiás e
Tema oficial do Congresso: Catarata e Pre- Brasília
venção da Cegueira por Catarata Tema oficial do Congresso: Cirurgia Plás-
Relator do livro: Newton Kara José tica Ocular
Relatores do livro: Eduardo Jorge Carneiro
XXVIII Congresso Brasileiro de Soares, Eurípedes M. Moura e João Orlan-
Oftalmologia do R. Gonçalves
Salvador, 1995 Conferência CBO: Jacó Lavinsky
Presidente: Roberto L. Marback, Bahia
Tema oficial do Congresso: Terapêutica
Clínica Ocular
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GESTÃO (1997-1999) XIV Congresso Brasileiro de
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

Prevenção da Cegueira e
Presidente do CBO: Geraldo Vicente de
Reabilitação Visual
Almeida, São Paulo
Vice-Presidente: Roberto Lorens Marback Natal, 2000
Secretário-Geral: Paulo Augusto de Arru- Presidente: Marco Antônio Rey de Faria,
da Mello Rio Grande do Norte
1o Secretário: Ralph Cohen
Tesoureiro: Henrique Shiguekiyo Kikuta XXXI Congresso Brasileiro de
Oftalmologia
XIII Congresso Brasileiro de São Paulo, 2001
Prevenção da Cegueira e Presidentes: Rubens Belfort Jr., São Paulo/
Reabilitação Visual Newton Kara José, São Paulo
Rio de Janeiro, 1998 Tema oficial do Congresso: Senilidade
Presidente: Renato Luiz Nahoum Curi, Rio Ocular
de Janeiro Relatores do livro: Newton Kara José e Ge-
raldo Vicente de Almeida
XXX Congresso Brasileiro de Conferência CBO: A odisseia do glauco-
Oftalmologia ma
Conferencista: Geraldo Vicente de Almei-
Recife, 1999
da, São Paulo
Presidente: Marcelo Carvalho Ventura,
Pernambuco
Tema oficial do Congresso: Retina e Vítreo
GESTÃO (2001-2003)
Clínica e Cirurgia Presidente do CBO: Suel Abujamra, São
Relatores do livro: Carlos Augusto Morei- Paulo
ra Jr., Christiano Barsante, Hisashi Suzuki, Vice-Presidente: Elisabeto Ribeiro Gon-
Jacó Lavinsky, João Orlando Ribeiro Gon- çalves
çalves, Márcio Bittar Nehemy, Marcos Ávi- Secretário-Geral: Mário Luiz Ribeiro
la, Michel Eid Farah e Suel Abujamra Monteiro
Conferência CBO: Retina: Presente e futuro 1o Secretário: Samuel Cukierman
Conferencista: Jacó Lavinsky Tesoureiro: Adamo Lui Netto/Henrique
Shiguekiyo Kikuta
GESTÃO (1999-2001)
XV Congresso Brasileiro de
Presidente do CBO: Marcos Pereira de
Prevenção da Cegueira e
Ávila, Goiás e Brasília
Reabilitação Visual
Vice-Presidente: Paulo Augusto de Arru-
da Mello Curitiba, 2002
Secretário-Geral: Suel Abujamra Presidente: Saly Maria Bugman Moreira,
1o Secretário: Mário Luiz Ribeiro Monteiro Paraná
Tesoureiro: Henrique Shiguekiyo Kikuta

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XXXII Congresso Brasileiro de GESTÃO (2005-2007)

Gestões do CBO, Congressos e Temas Oficiais


Oftalmologia
Presidente do CBO: Harley Edison Ama-
Salvador, 2003 ral Bicas, São Paulo
Presidente: Epaminondas Castelo Branco, Vice-Presidente: Cláudio do Carmo Chaves
Bahia Secretário-Geral: Milton Ruiz Alves
Tema oficial do Congresso: Cirurgia Refra- 1o Secretário: Hamilton Moreira
tiva Tesoureiro: Adamo Lui Netto
Relatores do livro: Milton Ruiz Alves,
Wallace Chamon e Walton Nosé XVIII Congresso Brasileiro
Conferência CBO: Doenças da mácula de Prevenção da Cegueira e
Conferencista: Marcos Pereira de Ávila Reabilitação Visual
Realizado em conjunto com o Congresso
GESTÃO (2003-2005) Mundial e com o Pan-Americano de Of-
Presidente do CBO: Elisabeto Ribeiro talmologia
Gonçalves, Minas Gerais São Paulo, 2006
Vice-Presidente: Hamilton Moreira Presidente: Rubens Belfort Jr., São Paulo/
Secretário-Geral: Walter Yukihiko Newton Kara José, São Paulo
Takahashi
1o Secretário: Marco Antônio Rey de Faria XXXIV Congresso Brasileiro de
Tesoureiro: Adamo Lui Netto Oftalmologia
Brasília, 2007
XVI Congresso Brasileiro de Presidentes: Marcos Ávila, Goiás e Brasília/
Prevenção da Cegueira e João Eugênio G. de Medeiros, Brasília
Reabilitação Visual Tema oficial do Congresso: Doenças Exter-
Rio de Janeiro, 2004 nas e Córnea
Presidentes: Riuitiro Yamane, Rio de Janei- Relatores do livro: Hamilton Moreira, Joel
ro/Yoshifume Yamane, Rio de Janeiro Boteon, Newton Kara José e Rubens Bel-
fort Junior
XXXIII Congresso Brasileiro de Conferência CBO: Elisabeto Ribeiro Gon-
Oftalmologia çalves
Fortaleza, 2005
Presidente: Leiria de Andrade Neto, Ceará GESTÃO (2007-2009)
Tema oficial do Congresso: Refratometria Presidente do CBO: Hamilton Moreira,
Relatores do livro: Aderbal de Albuquer- Paraná
que Alves, Harley E. A. Bicas e Ricardo Uras Vice-Presidente: Homero Gusmão de Al-
Conferência CBO: A retina que eu vivi meida
Conferencista: Suel Abujamra Secretário-Geral: Nilo Holzchuh
1o Secretário: Wallace Chamon
Tesoureiro: Adamo Lui Netto

83

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XVIII Congresso Brasileiro Presidentes: Ítalo M. Marcon, Rio Grande
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

de Prevenção da Cegueira e do Sul/Jacó Lavinsky, Rio Grande do Sul


Reabilitação Visual Tema oficial do Congresso: “Diagnóstico
Florianópolis, 2008 de Glaucoma”
Presidente: Ayrton Roberto Branco Ra- Relatores do livro: Geraldo Vicente de
mos, Santa Catarina/João Luiz Lobo Fer- Almeida, Homero Gusmão de Almeida e
reira, Santa Catarina Paulo Augusto de Arruda Mello
Relatores: Alexandre Taleb, Andrea Zin,
XXXV Congresso Brasileiro de Carlos Arieta, Cecília Nakanami e Roberta
Oftalmologia Ventura
Conferência CBO: Hamilton Moreira
Belo Horizonte, 2009
Presidentes: Elisabeto R. Gonçalves, Minas
GESTÃO (2011-2013)
Gerais/João Agostini Netto, Minas Gerais
Tema oficial do Congresso: Saúde Ocular e Presidente do CBO: Marco Antônio Rey
Prevenção da Cegueira de Faria, Rio Grande do Norte
Relatores do livro: Newton Kara José e Vice-Presidente: Milton Ruiz Alves
Maria de Lourdes Veronese Rodrigues Secretário-Geral: Nilo Holzchuh
Conferência CBO: Harley Edison Amaral 1o Secretário: Carlos Heler Ribeiro Diniz
Bicas Tesoureiro: Mauro Nishi

GESTÃO (2009-2011) XX Congresso Brasileiro de


Prevenção da Cegueira e
Presidente do CBO: Paulo Augusto de
Reabilitação Visual
Arruda Mello, São Paulo
Vice-Presidente: Marco Antônio Rey de São Paulo, 2012
Faria Presidente: Newton Kara José, São Paulo
Secretário-Geral: Nilo Holzchuh Tema oficial do Congresso: “Estratégias de
1a Secretária: Fabíola Mansur de Carvalho Saúde Pública em Função do Perfil Epide-
Tesoureiro: Mauro Nishi miológico das Principais Causas de Ce-
gueiras no Brasil”
XIX Congresso Brasileiro de
Prevenção da Cegueira e XXXVII Congresso Brasileiro de
Reabilitação Visual Oftalmologia
Salvador, 2010 Rio de Janeiro, 2013
Presidente: André Castelo Branco, Bahia Presidente: Haroldo Vieira Moraes Jr., Rio
Tema oficial do Congresso: Prevenção da de Janeiro/Paulo César Silva Fontes, Rio
Cegueira: 10 Anos para 2020 de Janeiro
Tema oficial do Congresso: “Avanços em
XXXVI Congresso Brasileiro de Farmacologia Ocular e Terapêutica”
Oftalmologia Relatores do livro: Marcos P. de Ávila e Au-
gusto Paranhos Junior
Porto Alegre, 2011
Conferência CBO: Paulo Augusto Arruda
84
Mello

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GESTÃO (2013-2015) 1o Secretário: João Marcelo de Almeida

Gestões do CBO, Congressos e Temas Oficiais


Gusmão Lyra
Presidente do CBO: Milton Ruiz Alves,
Tesoureiro: Cristiano Caixeta Umbelino
São Paulo
Vice-Presidente: Renato Ambrósio Júnior
A partir do próximo Congresso a de-
Secretária-Geral: Keila Miriam Monteiro
nominação sequencial destes eventos do
de Carvalho
CBO será sequencial em numeração arábi-
1o Secretário: Leonardo Mariano Reis
ca e não mais romana, também será ado-
Tesoureiro: Mauro Nishi
tada somente a denominação Congresso
Brasileiro de Oftalmologia, e não mais
XXI Congresso Brasileiro de
Congresso Brasileiro de Prevenção da Ce-
Prevenção da Cegueira e
gueira. Mudanças de iniciativa do Profes-
Reabilitação Visual
sor Marcos Ávila apresentada ao Conselho
Recife, 2014 Deliberativo do CBO e aprovada em reu-
Presidente: Liana Ventura e Afonso Me- nião ordinária.
deiros
Tema oficial do Congresso: Refração: Ne- 60o Congressos Brasileiros de
cessidade Social Oftalmologia
Relatores do livro: Milton Ruiz Alves,
Goiânia, 2016
Keila Miriam Monteiro de Carvalho,
Presidente: Francisco Eduardo Lima,
Newton Kara José, Liana Ventura,
Goiás/José Beniz Neto, Goiás/Marcos Pe-
Silvana Schellini e Mauro Nishi
reira de Ávila, Goiás e Brasília
Tema oficial do Congresso: Prevenção da
XXXVIII Congresso Brasileiro de
Cegueira e Deficiência Visual na Infância
Oftalmologia
Relatores do livro: Marco Antônio Rey de
Florianópolis, 2015 Faria e Walton Nosé
Presidentes: Ayrton Roberto Branco Ra- Conferência CBO: Milton Ruiz Alves
mos, Santa Catarina/João Luiz Lobo Fer-
reira, Santa Catarina 61o Congressos Brasileiros de
Tema oficial do Congresso: Catarata Oftalmologia
Relatores do livro: Marco Antônio Rey de
Fortaleza, 2017
Faria e Walton Nosé
Presidentes: Dácio Carvalho, Ceará/David
Congresso CBO: Marco Antônio Rey de
da Rocha Lucena, Ceará
Faria
Tema oficial do Congresso: Diagnóstico
em Oftalmologia: da Anamnese à Gené-
GESTÃO (2015-2017) tica
Presidente do CBO: Homero Gusmão de Relatores do livro: Maria Auxiliadora Mon-
Almeida, Minas Gerais teiro Frazão
Vice-Presidente: José Augusto Alves Ot-
taiano
Secretária-Geral: Keila Miriam Monteiro
de Carvalho
85

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GESTÃO (2017-2019) Presidente: João Marcelo de Almeida Gus-
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

mão Lyra, Alagoas/Mário Jorge Santos,


Presidente do CBO: José Augusto Alves
Alagoas.
Ottaiano, São Paulo
Tema oficial do Congresso: Aspectos da
Vice-Presidente: José Beniz Neto
História da Oftalmologia e do Conselho
Secretário-Geral: Cristiano Caixeta Um-
Brasileiro de Oftalmologia e Política Na-
belino
cional à Oftalmologia.
1o Secretário: Sérgio Henrique Teixeira Relatores do livro: Parte I – Aspectos da
Tesoureiro: Abrahão da Rocha Lucena História da Oftalmologia e do Conselho
Brasileiro de Oftalmologia, Newton Kara
62o Congressos Brasileiros de José e Fernando Cesar Abib, Parte II – Po-
Oftalmologia lítica Nacional de Atenção à Oftalmologia,
Local e data: Maceió, 2018 Milton Ruiz Alves.

86

CBO-2018 - Miolo.indd 86 29-10-2018 11:27:42


11 Site do CBO para Médicos

O website do CBO está estruturado para Disponibiliza em forma de publicação


atender as mais variadas determinações eletrônica um guia jurídico de orientação
estatutárias. Ressalta-se que a estrutura e profissional ao médico oftalmologista
o conteúdo a seguir listados foram trans- 2016/2017 editado pelo próprio CBO.
critos do site oficial do CBO para descre- Referente à legislação que o médico
vê-lo da forma fiel, considerando ser um oftalmologista deve dominar: Decreto
dos objetivos desta publicação relatar a no 24.492 relativo à venda de lentes de
sua história e estrutura. grau, perecer da Anvisa no 1110/2000
O conteúdo a seguir transcrito do web- sobre legislação que regulamenta a atu-
site do CBO versa sobre a plataforma para ação dos profissionais médicos oftalmo-
médicos, a plataforma para não médicos logistas e técnicos em ótica (optometris-
não foi incluída. tas e contactologistas), resolução CFM
1772/2005 que aprova normas para cer-
DEFESA PROFISSIONAL tificado de atualização profissional, pa-
recer do CFM sobre prescrição de lentes,
Na parte Defesa Profissional, tem-se duas
ato privativo de médico, sendo exclusivo
janelas: a primeira, Jurídico e, a segunda,
da oftalmologia a indicação, prescrição
Saúde Suplementar e SUS. e adaptação de lentes de contato sendo
vedado ao médico a comercialização das
Jurídico lentes.
Para defesa profissional do CBO possui O Decreto Lei no 20.931 de 11 janei-
um ativo departamento jurídico que aten- ro de 1931, revigorado pelo Decreto de
de pelo telefone (61)35-43-1470 e pelo 12 de julho de 1991, regula e fiscaliza o
e-mail: jurídico.brasilia@cbo.br. Possui exercício da medicina, da odontologia, da
também um escritório avançado em Bra- medicina veterinária e das profissões de
sília para as necessárias demandas. farmacêutico, parteira e enfermeira, no
Apresenta o Código e Ética Médica por Brasil, e estabelece penas.
meio da resolução do CFM no 1931/2009, O Decreto Lei no 24.492 de 28 de julho
também publicada no D.O.U. em 24 de se- de 1934, revigorado pelo Decreto de 12
tembro de 2009, Seção I, p. 90 e retificado de julho de 1991, baixa instruções sobre
pela publicação também no D.O.U. em 13 o Decreto no 20.931 relativas à venda de
de outubro de 2009, Seção I, p.173. lentes de graus.

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O Decreto Lei no 12.842 de 10 de julho tendo como objetivo qualificar e unifor-
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

de 2013 que dispõe sobre o exercício da mizar todas as estratégias de negociação


Medicina. entre as operadoras de saúde e os mé-
Decreto Lei no 8.080 de 19 de setembro dicos oftalmologistas, buscando propor-
de 1990 que dispõe sobre as condições cionar novo patamar de valorização das
para a promoção, proteção erecuperação prerrogativas profissionais e inclusão de
da saúde, a organização e o funcionamen- procedimentos na cobertura obrigatória.
to dos serviços correspondentes e dá ou- Esta comissão incorporou as atividades
tras providências. da Federação das Cooperativas Estaduais
Também se encontra as CONSIDERA- de Serviços Administrativos em Oftalmo-
ÇÕES SOBRE MALEFÍCIOS ADVINDOS DO logia (FeCOOESO), já com know-how dife-
EXAME REFRATOMÉTRICO OCULAR PARA renciado para a negociação com as prin-
A PRESCRIÇÃO DE ÓCULOS, POR PROFIS- cipais lideranças das operadoras de saúde
SIONAL NÃO HABILITADO EM OFTALMO- de todo o País.
LOGIA, emitido pelo Professor Harley Bicas. Para desenvolver suas atividades utili-
Apresenta um passo a passo sobre za-se de vasto rol de leis, portarias, resolu-
como o colega deve fazer para denunciar o ções, processos e correspondências.
exercício ilegal da Medicina, rotina elabo- Na janela de Contratualização versa so-
rada pelo Departamento Jurídico do CBO. bre a Lei no 13.003 de 2014 que por meio
Demonstrando todos os locais do Bra- de documento da Agência Nacional de
sil onde a Assessoria Jurídica do CBO está Saúde Suplementar (ANS) apresenta res-
em atuação no momento. postas às principais dúvidas sobre esta Lei.
Disponibiliza para os associados mo- Na janela orientação sobre próteses in-
delos de Termo de Consentimento Infor- traoculares, por intermédio de sua Comis-
mado, para serem preenchidos, antes dos são de Saúde Suplementar, e sua entidade
procedimentos cirúrgicos. filiada, Associação Brasileira de Catarata e
Encontra-se também o relatório jurídi- Cirurgia Refrativa, orienta os médicos of-
co de todos os processos em que o CBO talmologistas, associados ou não, acerca
toma parte desde o ano de 2014 até o dos procedimentos de informação e co-
momento, bem como as decisões jurídicas brança, quando couber, a serem expostos
emitidas pela Vigilância Sanitária, Pode- aos pacientes sobre lentes intraoculares
rem Executivo e Legislativo, documentos nas diversas modalidades de cirurgias de
emitidos pelo Ministério Público e mani- catarata.
festos da Advocacia Geral da União. Os documentos a seguir listados funda-
Guia técnico, legislativo e jurídico so- mentam esta cobrança: Acordão STJ 1992,
bre exames oftalmológicos e atuação de Cálculo de Lente – Sugestão e Orientação
profissionais não médicos, além de área de Cobrança de Lio 2012, Resolução CFM
específica para contato eletrônico direto no 1956 de 2010 – Prescrição de Materiais
com o Departamento Jurídico do CBO. Implantáveis, Circular 0049-2005 – Solici-
tação de 4 Lentes, Guia de Relacionamen-
Saúde suplementar e SUS to Declaração de Reembolso de Lio, Nota
Com respaldo estatutário, o CBO criou em Fiscal – Recibo e Nota Fiscal de Serviço
88 2014 a Comissão de Saúde Suplementar, – PARTE e COMPLEMENTO, Parecer So-

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bre Fornecimento e Utilização de Lentes de Suplementar e SUS, onde abre-se os

Site do CBO para Médicos


INTRAOCULARES, Termo de ciência do campos necessários para que tal contato
Pagamento Total – Evento que não conste seja efetivado a fim de dirimir dúvidas.
no Rol da ANS, Termo de ciência – Lente
intraocular – Pagamento direto em conta EDUCAÇÃO CONTINUADA
hospitalar e Termo de ciência – Reembol-
Essa parte do site somente pode ser aces-
so de lente intraocular ao paciente.
sada por associados e está constituída
Ressalta-se que as informações conti-
conforme segue.
das nos termos de ciência devem ser es-
critas no papel timbrado da clínica, con-
sultório ou hospital.
CBO live
A Classificação Brasileira Hierarquizada Disponibiliza vídeos com apresentação de
de Procedimentos Médicos (CBHPM) da aulas dos mais variados temas como fina-
Associação Médica Brasileira – 2016 está lidade instrutiva.
registrada no 3o Registro de Títulos e Do-
cumentos de São Paulo, sob no 1.419.137, Curso fundamental de oftalmologia
sendo proibida a sua reprodução total Periodicamente disponibiliza vídeos refe-
ou parcial por qualquer meio e sistema, rentes a aulas, atualmente estão disponí-
sem o prévio consentimento da AMB. Foi veis os temas glaucoma, óptica e refração,
editada pela primeira vez em 2003, ten- segmento anterior, segmento posterior e
do surgido da imperiosa necessidade dos semiologia ocular.
médicos brasileiros resgatarem o direito
de valorizar o seu trabalho perante a ANS, E-Learning
sempre com a participação das principais
Por este recurso você navega por aulas de
entidades médicas, tais como AMB, CFM,
vários temas, todas disponibilizadas em
FENAM, sociedades médicas estatuais e
forma de audiovisual, os temas atualmen-
sociedades de especialidade. Deve-se tê-
te disponibilizados são: Córnea, estrabis-
la como o padrão mínimo aceitável (Re-
mo, glaucoma, refração, retina, uveítes,
solução CFM no 1.673/03) para o estabe-
visão subnormal e outras aulas.
lecimento da remuneração do exercício
profissional médico.
E-Oftalmo
Pacotes de consultas oftalmológicas
Sulamérica: Nas últimas semanas, o CBO É uma revista eletrônica voltada para a
após ter recebido diversos e-mails de co- oftalmologia. O site foi reestruturado para
legas com dúvidas referentes ao “Pacote facilitar sua interatividade. Os manuscritos
de Consultas Oftalmológicas”, proposto devem ser enviados exclusivamente na
pela Sulamérica, para auxiliar o enten- forma eletrônica pela Internet, por meio
dimento aos associados, a Comissão de do e-Oftalmo. Aceita-se manuscritos em
Saúde Suplementar e SUS preparou pági- português, inglês ou espanhol.
na eletrônica com as respostas das princi-
pais dúvidas encaminhadas. ONE
Existe finalizando esta parte do site do O Conselho Brasileiro de Oftalmologia,
CBO a janela fale com a Comissão de Saú- em parceria com a Academia Americana 89

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de Oftalmologia (AAO), disponibiliza aos encontra-se em sua quarta edição com o
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

associados o acesso ao Ophthalmic News seguinte conteúdo.


& Education (ONE), plataforma de educa-
ção continuada da AAO na internet. Webcast CBO
Para ter acesso a este programa o as- Apresenta muitos dos temas abordados nos
sociado do CBO deve entrar em contato dois últimos congressos, o XXXVIII Congres-
com ensino@cbo.com.br e solicite uma so Brasileiro de Oftalmologia em Florianó-
License Key para realizar seus acessos, de- polis – 2015 e o 60o Congressos Brasileiros
pois poderá navegar por todo seu conteú- de Oftalmologia em Goiânia – 2016. Os só-
do do site, que inclui cursos, vídeos, aces- cios do CBO podem ter acesso ao seu con-
so a periódicos internacionais e a versão teúdo por meio de sua senha e login.
eletrônica do Will’s Eye Manual.
ENSINO
Refratometria ocular 5a edição
Comissão de ensino
O livro Refratometria Ocular e Arte da Pres-
crição Médica de autoria dos professores A Comissão de Ensino do CBO tem como
Milton Ruiz Alves, Mariza Polati e Sidney finalidade deliberar sobre questões per-
Júlio F. e Souza encontra-se disponível em tinentes ao ensino encaminhadas a seu
formato eletrônico para pesquisa on-line. exame e elaborar a prova nacional de of-
talmologia para concessão dos títulos de
Revista ABO especialista.
É constituída por nove integrantes, de
Os Arquivos Brasileiros de Oftalmologia
preferência membros vitalícios do Conselho
é uma publicação do Conselho Brasileiro
Deliberativo, que atuem como docentes em
de Oftalmologia, possui uma versão im-
cursos de especialização credenciado pelo
pressa ISSN 0004-2749 e outra versão on-
CBO. Entre suas atividades destaca-se:
line ISSN 1678-2925. Seu editor chefe é o
Professor Eduardo Melani Rocha, Univer- ■■ Elabora e atualiza as normas para o
sidade de São Paulo, Ribeirão Preto. credenciamento, biblioteca e progra-
ma mínimo adotados nos Cursos de
Série Oftalmologia Brasileira digital Especialização.
■■ Realiza vistorias de inspeção nos re-
A Série Oftalmologia Brasileira, coleção
feridos cursos e apresenta à diretoria
de publicações que versam sobre todas
pareceres sobre punições e descreden-
as subespecialidades da Oftalmologia foi
idealizada pelo Professor Harley Bicas, ciamentos.
então presidente do CBO em 2005, cou- ■■ Avalia e emite parecer sobre aumento
be ao Professor Fernando Cesar Abib sua do número de vagas nos cursos cre-
coordenação, os temas e editores dos denciados.
volumes das ciências básicas e subespe- ■■ Avalia cursos que se candidatam ao
cialidade foram definidos. Em 2007 com a credenciamento pelo CBO levando seu
presidência do Dr. Hamilton Moreira a co- parecer ao Conselho Deliberativo.
ordenação foi redirecionada ao Professor ■■ Pontua os eventos encaminhados para
90 Milton Ruiz Alves. Atualmente a coleção revalidação do Título de Especialista

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encaminhados pela Comissão Nacio- Nacional de Oftalmologia realizada anual-

Site do CBO para Médicos


nal de Acreditação. mente, incumbência delegada pela Asso-
■■ Coordena as atividades de Educação ciação Médica Brasileira para outorgar o
Continuada e incentiva a pesquisa of- Título de Especialista.
talmológica, divulgando bolsas de es-
tudo e prêmios concedidos pelo CBO Recredenciamento de cursos
ou por parceiros. O recredenciamento dos Cursos de Espe-
■■ Responsável pela elaboração e aplica- cialização em Oftalmologia é obrigatório
ção da Prova Nacional de Oftalmolo- para credenciados até o ano de 2012, pro-
gia realizada anualmente. Em conjunto cesso do qual os coordenadores preen-
com a Associação Médica Brasileira, chem os dados, exclusivamente pelo sis-
outorga o Título de Especialista. tema on-line.

Cursos credenciados Solicitação de credenciamento


A Comissão de Ensino periodicamente O Conselho Brasileiro de Oftalmologia
avalia os cursos candidatos ao credencia- por finalidade estatutária, depois de re-
mento, também avalia os cursos já cre- ceber solicitação de credenciamento de
denciados como medida para manter a uma instituição prestadora de serviços
qualidade e aprimorá-los. No Capítulo X médicos da especialidade, obedecendo
estão listados todos os cursos de especia- normas regimental desencadeia processo
lização credenciados pelo CBO. que após rigorosa análise, em se confir-
mando os pré-requisitos sugere mediante
Prova ICO 2018 parecer enviado ao Conselho Deliberativo
O Conselho Brasileiro de Oftalmologia do CBO que a aprove. O coordenador do
aplica anualmente no Brasil os Exames serviço candidato deve preencher os for-
do International Council of Ophthalmo- mulários exclusivamente pelo sistema on-
logy (ICO), simultaneamente em mais de line disponível no site do CBO – link http:
60 países. Esta aprovação é valorizada por //cbo.com.br/ensino/credenciamento/.
instituições estrangeiras facilitando acei-
tação em serviços do exterior. Título de Especialista
É composto por três partes: Basic O Título de Especialista em Oftalmologia é
Science com 80 questões sobre Ciências concedido aos aprovados na Prova Nacio-
Básicas, Optics and Refraction com 30 nal realizada anualmente pelo Conselho
questões sobre Óptica e Refração e Clini- Brasileiro de Oftalmologia.
cal Sciences exclusiva aos aprovados nas O passo a passo necessário para o
duas etapas anteriores. O Exame para o processo de solicitação pode ser obtido
nível Advanced é oferecido somente aos no site oficial do CBO ou pelo link http:
aprovados em todas as anteriores. //www.cbo.net.br/novo/classe-medica/
titulo-especialista.php. Ressalta-se que
Prova Nacional de Oftalmologia após receber o Título de Especialista deve,
A Comissão de Ensino do CBO é respon- obrigatoriamente, registrá-lo no Conselho
sável pela elaboração e aplicação da Prova Regional de Medicina. 91

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FALE CONOSCO Conselho de diretrizes e gestão
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

(CDG)
Fale com a ouvidoria
O Conselho de Diretrizes e Gestão (CDG)
A ouvidoria do CBO é uma instância ad-
é o órgão encarregado do planejamento
ministrativa para acolher reclamações, de-
e proposições de metas e estratégias do
núncias, elogios, críticas e sugestões dos
CBO. Formado por membros vitalícios (ex-
associados e da comunidade oftalmológi-
presidentes da entidade) e representantes
ca em geral. O formulário para esta fina-
da comunidade oftalmológica eleitos du-
lidade é preenchido via internet pelo en-
rante os Congressos Brasileiros de Oftal-
dereço eletrônico http: //www.cbo.net.br/
mologia, com mandato de dois anos.
novo/classe-medica/ouvidoria.php.
Os membros vitalícios, por terem exer-
cido a presidência do CBO estão listados
Fale com a CBO a seguir:
Formulário eletrônico específico deve ser ■■ Newton Kara José (Coordenador), Ges-
preenchido para efetuar a consulta por tão 1985-1987.
meio do endereço eletrônico http: //www. ■■ Elisabeto Ribeiro Gonçalves, Gestão
cbo.net.br/novo/classe-medica/contato. 2003-2005.
php. ■■ Carlos Augusto Moreira, Gestão 1983-
1985.
Fale com o jurídico ■■ Joaquim Marinho de Queiroz, Gestão
Outro formulário eletrônico específico 1987-1989.
deve ser preenchido para efetuar a con- ■■ Paiva Gonçalves Filho, Gestões 1975-
sulta por meio do endereço eletrônico 1977 e 1989-1991.
http: //www.cbo.net.br/novo/classe-medi- ■■ João Orlando Ribeiro Gonçalves, Ges-
ca/contato-juridico.php. tão 1991-1993.
■■ Jacó Lavinsky, Gestão 1993-1995.
INSTITUCIONAL ■■ Adalmir Morterá Dantas, Gestão 1995-
1997.
Atual diretoria
■■ Geraldo Vicente de Almeida, Gestão
Apresenta sempre a diretoria em exercí-
1997-1999.
cio. A atual, para o mandato de 2018 a
■■ Marcos Pereira de Ávila, Gestão 1999-
2020, regularmente eleita no Congresso
2001.
Brasileiro de Oftalmologia de 2017 em
■■ Suel Abujamra, Gestão 2001-2003.
Fortaleza e empossada segue:
■■ Harley Edison Amaral Bicas, Gestão
Presidente: José Augusto Alves Ottaia-
no, Marília, São Paulo. 2005-2007.
Vice-Presidente: José Beniz Neto, Goi- ■■ Hamilton Moreira, Gestão 2007-2009.
ânia, Goiás. ■■ Paulo Augusto de Arruda Mello, Ges-
Tesoureiro: Sérgio Henrique Teixeira, tão 2009-2011.
São Paulo, São Paulo. ■■ Marco Antônio Rey de Faria, Gestão
1o Secretário: Abrahão da Rocha Luce- 2011-2013.
92 na, Fortaleza, Ceará. ■■ Milton Ruiz Alves, Gestão 2013-2015.

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Os representantes da comunidade of- Eleitos no XXXVIII Congresso Brasilei-

Site do CBO para Médicos


talmológica no CDG são eleitos juntamen- ro de Oftalmologia, Florianópolis, em
te com a diretoria do CBO para mandato 2015, para a diretoria 2015/2018 presidi-
de mesma duração. da por Homero Gusmão de Almeida
O CDG foi criado e suas regras consoli- Breno Barth Amaral de Andrade – RN
dadas durante a gestão de Harley Bicas. Sua Newton Kara José Júnior – SP
primeira composição foi eleita em 2007: Abrahão da Rocha Lucena – CE
Luiz Carlos Molinari Gomes – MG
Eleitos no XXXIV Congresso Brasileiro
de Oftalmologia, Brasília, 2007, para a Eleitos no 60o Congresso Brasileiro de
diretoria 2007/2009 presidida por Hamil- Oftalmologia, Fortaleza, em 2017, para
ton Moreira a diretoria 2018/2019 presidida por José
Marco Antônio Rey de Faria – RN Augusto Alves Ottaiano
Milton Ruiz Alves – SP Bernardo Menelau Cavalcanti – PE
Oswaldo Moura Brasil – RJ Breno Barth Amaral de Andrade – RN
Paulo Augusto de Arruda Mello – SP Dácio Carvalho Costa – CE
Newton Andrade Júnior – CE
Eleitos no XXXV Congresso Brasileiro
de Oftalmologia, Belo Horizonte, 2009, Conselho fiscal “Professor Heitor
para a diretoria 2009/2011 presidida por Marback”
Paulo Augusto de Arruda Mello
Estatutariamente está constituído por três
Carlos Heler Ribeiro Diniz – MG
membros efetivos e três suplentes, eleitos
Newton Leitão de Andrade – CE
juntamente com a Diretoria Executiva, duran-
Michel Eid Farah – SP
te os Congressos Brasileiros de Oftalmologia.
Newton Kara-José Júnior – SP

Estatuto social e regimento interno


Eleitos no XXXVI Congresso Brasileiro
de Oftalmologia, Porto Alegre, 2011, Com a finalidade de determinar funções e
para a diretoria 2011/2013 presidida por finalidades, direitos e deveres, o CBO obe-
Marco Antônio Rey de Faria dece a um estatuto, este documento apro-
vado em Assembleia Geral regularmente
Breno Barth Amaral de Andrade – RN
convocada para esta finalidade pode ser
Homero Gusmão de Almeida – MG
acessado pelo endereço eletrônico http: //
Newton Kara José Júnior – SP
www.cbo.net.br/novo/publicacoes/Estatu-
Walbert de Paula e Souza – SC
to_Social_Ata_%20AGE01122016.pdf. Uma
cópia diagramada para ser facilmente lida
Eleitos no XXXVII Congresso Brasileiro e interpretada encontra-se no endereço
de Oftalmologia, no Rio de Janeiro, em eletrônico http: //www.cbo.net.br/novo/
2013, para a diretoria 2013/2015 presidi- publicacoes/Estatuto_social2017.pdf.
da por Milton Ruiz Alves O Regimento Interno tem como finalida-
Breno Barth Amaral de Andrade – RN de regulamentar o Estatuto Social do CBO
Haroldo Vieira de Moraes Júnior – RJ e pode ser acessado pelo endereço http:
Newton Kara José Júnior – SP //www.cbo.com.br/novo/medico/pdf/
Oswaldo Moura Brasil – RJ regimento_interno_CBO_2008.pdf. 93

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Nesta parte do site também está inse- Atualmente, 99 Cursos de Especializa-
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

rido o manual de candidatura para sediar ção em Oftalmologia são credenciados pelo
Congressos de Oftalmologia do CBO, con- CBO, condição obtida após o cumprimento
tendo objetivos, pré-requisitos, estrutura de várias exigências em termos de titulação
física e recursos humanos. Este manual dos professores, carga horária e condições
pode ser acessado pelo endereço http:
de ensino. O CBO também promove anu-
//www.cbo.net.br/novo/publicacoes/ma-
almente a Prova Nacional de Oftalmologia
nual_candidatura.pdf.
para a emissão do título de especialista e
Quem somos para a avaliação permanente da qualidade
do ensino da especialidade no Brasil.
Nesta parte é apresentado um breve des-
Outra grande contribuição do Conse-
critivo do CBO, transcrito de seu site con-
forme segue. lho ao aprimoramento científico de cerca
Fundado em 1941, o Conselho Bra- de 17 mil médicos oftalmologistas está re-
sileiro de Oftalmologia (CBO) é uma as- lacionada com a realização do Congresso
sociação científica e cultural de médicos Brasileiro de Oftalmologia. Uma vez por
oftalmologistas. Principal entidade re- ano, a nata da Oftalmologia nacional é
presentativa da especialidade no Brasil, reunida para discutir o que existe de mais
o CBO tem como missão fundamental a atual na ciência da Especialidade, em um
promoção da saúde visual e ocular da po- evento considerado o segundo maior em
pulação. Para atingir essa meta, o Conse- Oftalmologia de todo o mundo.
lho desenvolve várias ações em defesa do Desde 1996, o CBO desenvolve vários
aprimoramento técnico-científico e ético Programas de Educação Continuada em
dos médicos oftalmologistas e também Oftalmologia com o objetivo de favorecer
na defesa de suas prerrogativas profissio- a constante atualização científica dos mé-
nais. As finalidades do CBO estão defini- dicos oftalmologistas. A entidade também
das em seu Estatuto. é responsável pela elaboração e edição de
O CBO é filiado à Associação Médica coleções de livros básicos sobre os vários
Brasileira (AMB), à Associação Pan-Ame- temas ligados à oftalmologia, que são dis-
ricana de Oftalmologia (APAO), ao Inter- tribuídos aos Cursos de Especialização e
national Council of Ophthalmology (ICO) comercializados em condições especiais
e membro da International Agency for the para alunos e associados.
Prevention of Blindness (IAPB).
Em sua estrutura conta com 17 funcio-
O Conselho edita quatro publicações
nários e colaboradores que trabalham nos
periódicas, sendo uma delas institucional,
departamentos de gerência, assessoria, en-
o Jornal Oftalmológico Jota Zero; a Re-
sino, científico, imprensa e administrativo.
vista Veja Bem, voltada para educação do
A sede do CBO está localizada em São
paciente e as revistas científicas Arquivos
Paulo (SP), na rua Casa do Ator, no 1117, 2o
Brasileiros de Oftalmologia e e-Oftalmo. O
andar – Vila Olímpia.
CBO também organiza os mais importan-
tes congressos de Oftalmologia do Brasil
e, juntamente com a AMB, é responsável Sociedades filiadas
pela emissão do Título de Especialista em O CBO possuiu uma comissão destinada
94 Oftalmologia. às sociedades que atuam em áreas espe-

CBO-2018 - Miolo.indd 94 29-10-2018 11:27:43


cíficas da oftalmologia, atualmente coor-

Site do CBO para Médicos


Sociedade Brasileira de Trauma Ocular
denada pelo Dr. Cristiano Caixeta Umbe- Presidente: Pedro Carlos Carricondo
E-mail: pccarri@uol.com.br
lino e tendo como Secretária-Geral a Dra. Sociedade Brasileira de Uveítes
Keila Miriam Monteiro de Carvalho. Presidente: João Lins Andrade Neto
E-mail: inret@ig.com.br
A seguir listam-se as sociedades que Site: http: //www.uveitesbrasil.com.br
compõe esta comissão, cuja finalidade é Sociedade Brasileira de Visão Subnormal
Presidente: Valdete Maia T. Gonçalves Fraga
o assessoramento do CBO nas determina- E-mail: sbvsn@cbo.com.br
das áreas de atuação. Site: http: //www.visaosubnormal.org.br/

Centro Brasileiro de Estrabismo


Presidente: Monica Fialho Cronemberger NOTÍCIAS
E-mail: cbe@cbo.com.br
Site: http: //www.cbe.org.br/ Calendário oftalmológico
Sociedade Brasileira de Administração em
Oftalmologia O CBO centraliza as informações de todos
Presidente: Paulo Gilberto Jorge Fadel os eventos da especialidade no país. Tem
Email: sbao@sbao.com.br
Site: http: //www.sbao.com.br/ como finalidade informar os colegas so-
Associação Brasileira de Catarata e Cirurgia bre estes e também auxilia todas as so-
Refrativa
Presidente: Pedro Paulo Fabri
ciedades de subespecialidades filiadas e
E-mail: abccr@brascrs.com.br sociedades estaduais demonstrando as
Site: http: www.brascrs.com.br
datas ocupadas e livres para o planeja-
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Ocular
Presidente: Roberto Murillo Limongi mento e execução de eventos científicos.
Site: http: //www.sbcpo.org.br/
Sociedade Brasileira de Ecografia em Comunicados
Oftalmologia
Presidente: Norma Allemann Serve de meio de comunicação oficial
E-mail: norma.allemann@pobox.com
para que os médicos oftalmologistas do
Sociedade Brasileira de Glaucoma
Presidente: Wilma Lelis Barboza país recebam informações classificadas
E-mail: sbglaucoma@sbglaucoma.com
Site: http: //www.sbglaucoma.com.br
como importantes, a partir da iniciativa de
Sociedade Brasileira de Laser e Cirurgia em laboratórios ou fabricantes de insumos ou
Oftalmologia lentes utilizadas na especialidade ou por
Presidente: Fabiano Cade Jorge
Site: http: //www.bloss.com.br nossos pacientes.
Sociedade Brasileira de Lentes de Contato,
Córnea e Refratometria Edital curso desenvolvimento
Presidente: Ramon Coral Ghanem
E-mail: comunicacao@soblec.com.br de liderança
Site: http: //www.soblec.com.br/
A finalidade deste programa é proporcio-
Sociedade Brasileira de Oftalmologia
Pediátrica nar orientação, desenvolver capacidades
Presidente: Galton Carvalho Vasconcelos
E-mail: sbop@cbo.com.br
e proporcionar recursos para os futuros
Site: http: //www.sbop.com.br/ líderes das sociedades e estaduais ou re-
Sociedade Brasileira de Oncologia gionais de oftalmologia e sociedades de
Oftalmológica
Presidente: Marcelo Krieger Maestri subespecialidades filiadas ao CBO.
Site: http: //www.sboo.com.br Conforme o site do CBO, tem como
Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo finalidade identificar oftalmologistas
Presidente: Acácio Muralha Neto
Site: http://www.sbrv.org.br/ com potencial de se tornar futuros líde-
E-mail: atendimento@sbrv.com.br res da Oftalmologia Brasileira, propor- 95

CBO-2018 - Miolo.indd 95 29-10-2018 11:27:43


cionar orientação e desenvolver estas dico oftalmologista. A seguir listam-se as
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

capacidades para facilitar a exposição publicações que o CBO julgou necessário


e amadurecimento destes líderes po- divulgar eletronicamente.
tenciais na Oftalmologia tanto estadual
quanto nacional, facilitar a promoção Censo 2014
dos(as) alunos(as) do Curso de Desen- No site do CBO encontra-se o último Sen-
volvimento de Lideranças em posições so Oftalmológico editado, na gestão do
de liderança tanto nacional quanto in- então Presidente Milton Ruiz Alves (Ges-
ternacional.
tão 2013-2015), onde apresenta aos cole-
Este Programa de Liderança é um com-
gas e, sobretudo, ao Ministério da Saúde,
promisso e um investimento conjunto entre
os resultados do Censo Oftalmológico
o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, os
2014.
candidatos e as Sociedades Oftalmológicas.
A mensagem denominada Palavra do
Presidente, conforme segue descreve a
Notícias
importância da obra.
Serve para listar notícias entendidas como O CBO está atualizando o número de
relevantes aos médicos oftalmologistas, profissionais que atuam na especialidade
ficando à disposição as dos últimos qua- e, também, sua distribuição geográfica
tro anos. pelo território brasileiro. Verifica-se, na re-
gião sudeste, grande concentração de of-
Fórum nacional de saúde ocular talmologistas (57% do total) para atender
Por meio destes fóruns demonstra-se o 42% da população brasileira. Nas regiões
compromisso da Oftalmologia Brasilei- sul, centro-oeste e nordeste a proporção
ra com a responsabilidade social no que oftalmologista/habitantes alcança e supe-
concerne o direito à saúde de todo cida- ra a relação de 1:17.000 preconizada pela
dão brasileiro. Merece especial destaque a Organização Mundial de Saúde (OMS). A
atuação do Dr. Marcos Ávila capitaneando região norte conta apenas com um oftal-
todas as edições do referido fórum. mologista para cada 30.491 habitantes.
V Fórum Nacional de Saúde Ocular Para o Ministério da Saúde (MS), o
realizado no dia 07 de maio de 2015, Dia Censo 2014 revela a distribuição dos of-
Nacional da Saúde Ocular e do Médico talmologistas por grupos de municípios
Oftalmologista reuniu no Senado Federal ou Regiões de Assistência à Saúde (RAS).
centenas de lideranças da Especialidade, Ou seja, mostra que das 439 regiões de
parlamentares, gestores do SUS e repre-
saúde 82,5% contam com atendimento
sentantes do Ministério da Saúde para
oftalmológico regular em pelo menos um
debater os rumos da assistência oftalmo-
dos municípios que as compõem. Estas in-
lógica no Brasil.
formações serão úteis para o MS avaliar,
planejar e orientar os médicos, gestores
PUBLICAÇÕES de saúde e parlamentares na formulação
Em decorrência de demandas específicas de políticas públicas e na tomada de deci-
o CBO edita material das mais variadas sões em investimentos privados e gover-
96 naturezas para balizar a atividade do mé- namentais.

CBO-2018 - Miolo.indd 96 29-10-2018 11:27:43


Em maio deste ano (2014) o CBO pro- Dia mundial da visão

Site do CBO para Médicos


tocolou, junto ao MS, o documento “Mais Celebrado na segunda quinta-feira de ou-
acesso à Saúde Ocular” que elenca as me- tubro, neste ano de 2018, dia 11. É a opor-
didas necessárias para levar a assistência tunidade para envolver e dialogar com o
oftalmológica de qualidade a todos os universo à sua volta – com a família de um
cidadãos brasileiros, independente de paciente, com aqueles que raramente fa-
condição social ou local de moradia. Rela- zem o exame oftalmológico, com pessoas
ciona, também, os princípios necessários que têm fator de risco para desenvolvi-
para que a assistência oftalmológica seja mento de doenças, como o glaucoma e
integrada às políticas públicas de saúde a retinopatia diabética, enfim, todos que
e ao Sistema Único de Saúde (SUS), não precisam absorver a mensagem de que a
como um dispendioso apêndice, mas saúde ocular precisa ser acompanhada e
como elemento primordial para melhoria cuidada com atenção, ao longo de toda
da saúde dos brasileiros, e como parte da a vida.
nacionalidade que a todos cumpre cons- Do site do CBO extrai-se que no Brasil,
truir. O documento “Mais acesso à Saúde há mais de 1,2 milhão de cegos. A Orga-
Ocular” tem três objetivos básicos: 1) am- nização Mundial de Saúde (OMS) estima
pliar a inserção dos médicos oftalmologis- que entre 60% e 80% dos casos de ce-
tas nas unidades de atendimento do SUS; gueira são evitáveis e/ou tratáveis. Isso
2) diminuir a carência de médicos oftal- significa que quase 700 mil brasileiros que
mologistas nas regiões onde existe; 3) for- são cegos poderiam estar enxergando se
talecer a política de educação permanente tivessem recebido tratamento apropriado
com a integração do ensino com a ativida- e em tempo adequado. Por isso, o acesso
de profissional cotidiana dos especialistas.
ao atendimento médico oftalmológico é
Com o Censo 2014, o CBO cumpre a sua
decisivo para alterar as condições de saú-
missão de contribuir permanentemente
de ocular do povo brasileiro.
para a melhoria da saúde ocular, especial-
Mas, essa triste realidade não ocorre
mente focado em diminuir o déficit social apenas no Brasil. A OMS se uniu a outras
dos desassistidos. Somente as sociedades, instituições globais para, ao menos um
que conhecem a si mesmas, podem deline- dia por ano, chamar a atenção de toda
ar e construir o seu futuro. Assim concluiu a sociedade para os perigos da cegueira
o Professor Milton Ruiz Alves. evitável: o Dia Mundial da Visão. Nessa
data, em todo o planeta, médicos, pacien-
Dia do oftalmologista tes, autoridades e comunidades realizam
Na gestão do então Presidente Homero ações de conscientização.
Gusmão de Almeida, O CBO lançou uma O Conselho Brasileiro de Oftalmologia
nova página no Facebook, com foco ex- (CBO) e a International Agency for Preven-
clusivo na educação de pacientes onde tion Of Blindness (IAPB) – da qual o CBO
disponibiliza-se vídeos e posts com obje- agora é membro atuam disponibilizando
tivo de esclarecer a população sobre cui- aos médicos oftalmologistas e público
dados preventivos e tratamento de pato- geral, peças publicitárias para mídias digi-
logias oculares. tais da campanha “Make Vision Count” ou 97

CBO-2018 - Miolo.indd 97 29-10-2018 11:27:43


“Cuide da sua visão”, na versão adaptada, empresas que fazem parte do grupo de
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

elaborada para esta data. Patronos do CBO, que patrocinaram esta


publicação.
Direitos médicos
Tema de extrema relevância para o mé- Ética médica
dico oftalmologista. O que os médicos A publicação Ética Médica Comentada
precisam saber sobre seus direitos, infor- para Oftalmologistas de iniciativa do Con-
mações compiladas em uma publicação selho Brasileiro de Oftalmologia é um guia,
de iniciativa do Sindicato dos Médicos de com comentários e exemplos, todos ex-
São Paulo. Encontra-se disponível no site traídos de resoluções e pareceres do CFM
do CBO pelo endereço eletrônico http: // e dos Conselhos Regionais que integram
www.cbo.net.br/novo/classe-medica/di- sua autarquia, que pode orientar diante
reitosmedicos.php. de dificuldades do dia a dia e ajudar você,
oftalmologista. Também pode ser baixado
Diretrizes CBO/AMB da área restrita do site do CBO. Ressalta
Editado em iniciativa conjunta do Conse- que “A construção de uma carreira médica
lho Federal de Medicina e da Associação de sucesso deve ter como base três pila-
Médica Brasileira, encontra-se disponível res: formação, conhecimentos científicos e
na área restrita aos associados onde texto a interface com os pacientes”.
publicado do Projeto Diretrizes CFM/AMB
pode ser baixado. Representa um avanço Guia CBO saúde suplementar
muito importante na documentação das
Editado entre as gestões dos Presidentes
boas práticas em diversas especialidades.
Milton Ruiz Alves e Homero Gusmão de
Concretiza a parceria que todos nós
Almeida, o Guia CBO de Relacionamento
acreditamos que deva existir entre o CFM,
com as Operadoras de Planos de Saúde
a AMB e as Sociedades de Especialidades.
tem como objetivo oferecer aos oftalmo-
Ao longo de 12 anos, 400 diretrizes foram
logistas brasileiros informações relevan-
elaboradas. Ao longo do tempo o próprio
tes, de forma prática e sucinta, sobre as
processo, de pesquisa, análise e estabele-
interfaces entre nós, em nossas rotinas de
cimento delas foi sendo aperfeiçoado. O
trabalho em consultórios e centros cirúr-
CBO, parceiro de primeiro momento desse
gicos, e as empresas que hoje respondem
projeto, tem três Diretrizes já publicadas, e
como fontes pagadoras importantes na
uma quarta, já preparada e aprovada.
saúde suplementar. Também pode ser bai-
Como a publicação CFM/AMB reúne
todas as 400 Diretrizes, consideramos que xado da área restrita do site do CBO.
seria muito útil para o nosso associado
ter acesso diretamente às da Oftalmolo- Guia do associado
gia nesta publicação, disponível por meio O objetivo do Conselho Brasileiro de Of-
digital, no portal CBO também. Nossos talmologia ao publicar a edição de 2016
agradecimentos aos colegas que dedica- deste Guia é colocar o colega a par dos
ram seu já escasso tempo ao desenvolvi- diversos produtos disponibilizados por
98 mento das Diretrizes aqui publicadas, e às nosso Conselho e fornecer informações

CBO-2018 - Miolo.indd 98 29-10-2018 11:27:43


relevantes sobre seu relacionamento com Precisamos conhecer nossos direitos,

Site do CBO para Médicos


o CBO. os caminhos que existem para que faça-
Permite aos associados do CBO conhe- mos valer nossas prerrogativas profissio-
cer os colegas colaboradores do nosso nais, e nossas obrigações diante da socie-
Conselho. O trabalho destes é incessante dade e de nossos pacientes.
e abnegado com foco na promoção da Também pode ser acessada na íntegra
educação continuada, no relacionamento a partir da área restrita aos associados no
com a comunidade e com as autoridades site do CBO.
e na defesa de nossas legítimas prerroga-
tivas profissionais. Guia técnico/legislativo/jurídico
Também pode ser acessado eletronica- Por meio deste material o CBO leva ao
mente e baixado a partir da área restrita conhecimento de órgãos públicos, pode-
aos associados no site do CBO. res Executivo, Legislativo e Judiciário, nas
esferas federal, estadual e municipal a im-
Guia jurídico portância e legalidade do exame de vista
Guia Jurídico de orientação profissional ao como ato privativo de médicos oftalmolo-
médico oftalmologista editado na gestão gistas, não podendo ser realizado por pro-
do então Presidente Homero Gusmão de fissionais não médicos, os optometristas.
Almeida, diz ele: Também pode ser acessada na íntegra
Em um mundo ideal, médicos de- a partir da área restrita aos associados no
veriam se preocupar apenas com seu site do CBO.
aperfeiçoamento científico e técnico,
a fim de que pudessem oferecer o me- Jota Zero digital
lhor atendimento aos seus pacientes, A Publicação Jota Zero inicialmente im-
dentro dos mais rigorosos princípios pressa foi ampliada para a versão ele-
éticos e científicos. trônica e versa sobre temas de interesse
Mas no mundo real, cada um de do médico oftalmologista do Brasil, tais
nós, no exercício da Medicina, precisa como congressos, notícias da oftalmolo-
se manter atento aos ditames legais gia, saúde suplementar, ações do CBO e
que se fazem presentes em nossa saúde ocular. Importante para o médico
prática profissional. oftalmologista tomar ciência dos fatos e
acontecimentos além da formação médi-
Dentre esses ditames, temos questões ca continuada.
relacionadas com o exercício ilegal da es-
pecialidade, ao relacionamento com as Jota Zero em revista
operadoras de planos de saúde e ainda, à A Publicação Jota Zero impressa em forma
interface com os pacientes. Para nós que de revista versa sobre temas de interesse
escolhemos a Medicina pode parecer es- do médico oftalmologista do Brasil, tais
téril e inútil. Mas não podemos usar a nos- como congressos, notícias da oftalmolo-
sa vocação e nossas boas intenções como gia, saúde suplementar, ações do CBO e
desculpa para buscarmos ficar ao largo de saúde ocular. Editada como periódico pelo
tais questões. CBO atualmente já superou 170 edições. 99

CBO-2018 - Miolo.indd 99 29-10-2018 11:27:43


Juntos contra o diabete Manual ajuste de conduta
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

Campanha do CBO que, conforme seu Nesta publicação, coloca-se entre a classe
site, reporta que o Novembro Azul é uma oftalmológica e as operadoras de planos
causa importante e não deve passar em de saúde, os custos abordando para cada
branco. Afinal, por meio dele, é possível tipo de procedimento valores de taxa de
levar a mais pessoas informações sobre o sala, gazes medicinais, materiais, medica-
quão prejudicial o diabetes pode ser à vi- mentos, taxas e equipamentos.
são e sobre o quanto é fundamental que Segundo os autores da publicação,
pacientes portadores da doença deem a tenta-se estabelecer bases de negocia-
devida atenção à Saúde dos seus olhos. ção entre médicos oftalmologistas e as
Convida os colegas a ajudar na dissemina- operadoras de planos de saúde, que re-
ção do conhecimento sobre esta doença presentam fontes de pagamento muito
disponibilizando material de apoio para importantes para aqueles que atuam em
os associados, para que sejam promovi- serviços privados no Brasil. Periodicamen-
das palestras, caminhadas e outros even- te as planilhas são reavaliadas, novos pro-
tos. cedimentos são incorporados. Esta publi-
Importante ressaltar, como diz o CBO, cação encontra-se a disposição dos sócios
é essencial que cada um se engaje nesta do CBO na área restrita de seu site.
ação e faça sua parte, inclusive, falando
sobre o assunto com pacientes. Com o es- Manual do aluno
forço de todos podemos levar essa ação Esta publicação apresenta os Cursos de
tão importante a muito mais pessoas! Especialização em Oftalmologia do Brasil,
entre instituições públicas e particulares,
Kit educação do paciente num total de 95 cursos credenciados pelo
Este programa disponibiliza aos pacientes CBO, em todas as regiões do País.
folders educativos que podem ser impres- Para que um curso seja credenciado
sos e utilizados como fonte de informa- necessita de que a instituição desenvolva
ções sobre diversas doenças oculares. Im- o programa de ensino da especialidade,
portante ferramenta de apoio ao trabalho sugerido pelo CBO. A Comissão de Ensi-
do médico oftalmologista. no e a Diretoria do Conselho, em conjun-
Os temas a seguir relacionados são to com coordenadores e mentores dos
apresentados por catarata, glaucoma, cursos, constantemente somam esforços
importância da consulta oftalmológi- para o aperfeiçoando do programa de
ca, problemas oftalmológicos e terceira ensino.
idade, colírios, o que você precisa sa- Aborda a Prova Nacional do CBO que é
ber sobre conjuntivites, prevenir é me- composta por quatro etapas: prova teórica
lhor, importância dos cuidados oculares I, prova teórica II, prova teórico-prática e a
nas principais fases da vida, manual de prova prática com objetivo de conceder o
prevenção de acidentes oculares, visão Título de Especialista em Oftalmologia.
subnormal, olho seco, olho diabético e O Certificado de Atualização Profissio-
estrabismo e degeneração macular rela- nal em Oftalmologia, de suma importân-
100 cionada com a idade. cia para manter o médico atualizado, há

CBO-2018 - Miolo.indd 100 29-10-2018 11:27:44


dez anos já é realizado pela AMB. O mé- edição em 2015 tem como organizado-

Site do CBO para Médicos


dico deve acumular 100 pontos obtidos res Dr. Marcos Ávila, Mauro Nishi e Milton
ao participar de eventos de atualização Ruiz Alves. Segundo estes é o registro de
profissional, educação médica continua- mais um importante capítulo na história
da e titulação universitária, que devem ser da Oftalmologia brasileira. Descreve-se
revalidados a cada cinco anos. O processo importantes debates e apresentações so-
de revalidação é opcional. bre saúde ocular. Esta publicação pode ser
Segundo o Programa de Educação baixada pelos associados do CBO na área
Continuada “cada médico é peça funda- restrita do seu site.
mental para que o aperfeiçoamento da
especialidade seja constante”. O CBO o Relatório 1 ano de gestão 2015-2017
oferece em seu portal na internet, para O então Presidente Homero Gusmão de
que seja acessível a todos, em qualquer Almeida com demais integrantes da di-
lugar. O CBO disponibiliza gratuitamente retoria do CBO à época, emitem pres-
este programa para seus associados. tação de contas à classe oftalmológica
considerando a formação do médico of-
Meu primeiro consultório talmologista, educação continuada, de-
Atualmente com quatro edições, tem- partamento jurídico, defesa profissional,
se da apresentação da primeira edição aproximação das sociedades estaduais e
que com frequência, durante congressos temáticas, visão social e institucional.
e reuniões, uma das maiores dificuldades
do médico recém-formado é seu despre- Revista Veja Bem
paro para lidar com as questões relaciona- A Revista Veja Bem é editada bimestral-
das com a gestão. Desejam montar seus mente pelo Conselho Brasileiro de Of-
consultórios, mas se deparam com muitas talmologia e distribuída gratuitamente a
dúvidas sobre o que fazer, o que não fazer cada oftalmologista cadastrado na enti-
e por onde começar. dade. Sua missão é levar informação rele-
Esta publicação auxilia o neófito of- vante sobre a saúde ocular aos pacientes
talmologista em sua jornada, nas dúvidas dos consultórios. Disponível para down
das mais variadas áreas que deverá domi- load do material em qualidade de impres-
nar, tais como informática, contabilidade, são gráfica no site do CBO.
gestão de pessoas, dentre outras. Resulta
do trabalho realizado conjunto do CBO Seminário Mais Acesso à Saúde
e SBAO (Sociedade Brasileira de Admi- Ocular
nistração em Oftalmologia). Encontra-se Esta publicação do CBO apresenta 20 pro-
disponível no site do CBO para consulta postas do Conselho Brasileiro de Oftalmo-
pelos seus associados. logia para aumentar a inserção do médico
oftalmologista na atenção básica do SUS.
Olhares sobre o Brasil Composta por três blocos: I – Imple-
A publicação Olhares sobre o Brasil, pela mentação da Atenção Primária Oftalmoló-
ampliação do acesso da população aos gica, II – Ampliação da inserção do médico
cuidados com a saúde ocular na sexta oftalmologista nas áreas de interesse do 101

CBO-2018 - Miolo.indd 101 29-10-2018 11:27:44


SUS e III – Fortalecimento da política de Classificados
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

educação permanente com a integração Espaço exclusivo para serviços, o associa-


ensino-serviço. Encontra-se disponível no do do CBO pode publicar, gratuitamente,
site do CBO. anúncios de interesse da comunidade oftal-
mológica. Sempre que possível, os anúncios
Um olhar sobre o Brasil serão confirmados antes de sua publicação.
Segundo esta publicação o Brasil apre-
senta mais de 16.300 oftalmologistas su- Minha conta CBO
perando com folga a proporção de ha- Serve para que o médico acesse de forma
bitantes por especialista recomendada rápida as principais ferramentas disponibi-
pela organização mundial da saúde, mas lizadas no site do CBO, tais como: Informa-
em consequência da distribuição irregular ções de cadastro, minicurrículo, carteirinha
dos profissionais pelo território nacional do associado e classificados, anuidade CBO
23% dos brasileiros não têm acesso ao 2018, educação médica continuada, comis-
são de ensino, publicações, atalhos úteis,
médico oftalmologista.
fale conosco e redes sociais.
Importante sua leitura para o conhe-
cimento da situação demonstrada nestas
Novo cadastro
breves palavras, além de expor vasta área
territorial onde os novos especialistas po- Apresenta os motivos pelos quais o CBO
derão atuar de forma promissora. Dispo- incentiva o médico a associar-se, além de
nível no site do CBO. fornecer formulário eletrônico para que
seja preenchido diretamente no site. Den-
tre os inúmeros serviços prestados aos as-
SERVIÇOS
sociados destaca:
Por meio desta categoria o CBO vai de en- ■■ Receber boletins informativos do CBO
contro aos médicos oftalmologistas para em seu e-mail.
facilitar seu dia a dia. ■■ Receber comunicados dos Congressos
Brasileiros de Oftalmologia.
Certificados ■■ Informar-se sobre os eventos ligados às
Por meio de links específicos aos con- sociedades estaduais e de subespecia-
gressos promovidos pelo CBO, o asso- lidades, além das principais atividades
ciado pode obter seu certificado de par- científicas da oftalmologia brasileira.
ticipação, bastando selecioná-lo e clicar ■■ Inteirar-se sobre os principais assuntos
sobre este. do exercício e da prática da profissão.

102

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Prova Nacional de Oftalmologia
12 e Cursos de Especialização
Credenciados pelo CBO

Professor Newton Kara José, secretário do cias, já que alguns serviços conside-
CBO em quatro gestões, de 1977 a 1985, ravam que seria uma perda de poder
e presidente na gestão seguinte, de 1985 em benefício do CBO. Mas a ideia se
a 1987, em entrevista à revista Jota Zero impôs por sua absoluta necessidade.
relata muitos fatos referentes a história da
Prova Nacional de Oftalmologia que me- O coordenador do CDG conta que em
recem ser reproduzidos: seus primórdios, a Prova Nacional de Of-
Quando era chefe dos residentes talmologia era elaborada pelo CBO (ge-
de Oftalmologia da Universidade ralmente pelo presidente com a ajuda do
McGill (Canadá) pude examinar de secretário-geral e de outros integrantes
perto o sistema de titulação baseado da diretora), enviada para os diversos
na realização de uma prova nacional
cursos de especialização, devolvida ao
unificada, então em vigor naquele
CBO e corrigida pelo presidente com a
país e nos Estados Unidos. De vol-
ajuda dos outros diretores. A preocupa-
ta ao Brasil, juntamente com outros
ção com a lisura do procedimento logo
colegas dos quais destaco Rubens
fez com que o CBO enviasse um obser-
Belfort Junior e Carlos Augusto Mo-
vador a cada local de aplicação para evi-
reira, conseguimos fazer com que o
tar possíveis fraudes. Outro passo nes-
CBO instituísse a Prova Nacional de
se sentido foi a limitação dos locais de
Oftalmologia.
aplicação, inicialmente em onze capitais
Quando da implantação da prova, du- do País, depois seu número foi gradativa-
rante a gestão de Carlos Augusto Moreira, mente reduzido até a unificação da prova
cada serviço tinha seus próprios mecanis- em São Paulo, por questões logísticas e
mos para aprovação e titulação dos mé- de uniformização dos critérios de aplica-
dicos-residentes e que, muitas vezes, nem ção.
se davam ao trabalho de informar ao CBO A Prova Nacional de Oftalmologia é
sobre a sistemática de ensino e a lista dos considerada uma das mais perfeitas do
novos especialistas. O Professot Newton mundo e cada oftalmologista do Brasil
Kara José declarou: deve se orgulhar do sistema de ensino e
A implantação da Prova Nacional titulação instituído pelo CBO. O Professor
de Oftalmologia encontrou resistên- Newton Kara José concluiu que:

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Mesmo assim, considero que o estatutariamente regida e uma vasta rede
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

sistema precisa ser aprimorado, pois de Centros de ensino credenciados para


nossa estrutura de atendimento de tal finalidade.
saúde é hierarquizada, o que signi- É atribuição da Comissão de Ensino do
fica que somente chegam aos hospi- CBO deliberar sobre questões pertinentes
tais (e aos alunos que nele fazem a ao ensino da especialidade. Periodicamen-
especialização) casos mais compli- te elabora e atualiza as normas para o cre-
cados que não foram resolvidos nas denciamento, biblioteca e programa míni-
unidades básicas. Com isso, nossos mo adotados nos Cursos de Especialização.
alunos perdem oportunidade de en- Realiza vistorias de inspeção nos referi-
trarem em contato e resolverem os dos Cursos e apresenta à diretoria parece-
casos mais frequentes, que fatalmen- res sobre punições e descredenciamentos.
te vão encontrar na vida profissional. Avalia e emite parecer sobre aumento do
Acredito que o CBO precisa atentar número de vagas nos cursos credenciados.
para este ponto. Avalia cursos que se candidatam ao
credenciamento pelo CBO levando seu
Uma das consequências mais destaca- parecer ao Conselho Deliberativo.
das da Prova Nacional de Oftalmologia é a A distribuição dos cursos de especia-
concessão do Prêmio CBO Ensino ao alu- lização em oftalmologia credenciados
no do Curso de Especialização credencia- pelo CBO por região e número de vagas
do pelo CBO que obteve a melhor média segue (Figura 12.1): região sudeste com
na prova do respectivo ano e ao coorde- 44 cursos credenciados e 279 vagas; re-
nador do curso credenciado cujos alunos gião sul com 13 cursos credenciados e
obtiveram a melhor média considerando 53 vagas; região nordeste com 26 cursos
os últimos 4 anos. credenciados e 104 vagas; região centro-
O prêmio consiste no pagamento de oeste com 10 cursos credenciados e 40
viagem, estada e taxa de inscrição para vagas; região norte com 5 cursos creden-
que os vencedores possam participar da ciados e 16 vagas.
reunião da Association for Research in A distribuição dos 98 cursos creden-
Vision and Ophthalmology (ARVO) do ciados por estado e respectivo número de
ano correspondente (eventualmente os vagas também se encontra demonstrada
ganhadores negociam a participação no na Figura 12.1. Os únicos estados a não
encontro da Academia Americana de Of- terem curso de especialização em Oftal-
talmologia). mologia credenciados pelo CBO são Ron-
Inicialmente, o prêmio foi financiado dônia, Roraima e Amapá.
pela empresa Ciba e posteriormente pela Ressalta-se que existem no país ainda
Allergan. Em 2010 passou a se chamar os cursos reconhecidos e credenciados
Prêmio CBO Ensino e, em 2017, passou a pelo MEC, mas não pelo CBO, conside-
se denominar Prêmio CBO Ensino “Profes- rando as exigências da especialidade se-
sor Hilton Rocha”. gundo esta sociedade de médicos oftal-
Para que os pós-graduandos em of- mologistas. Os cursos a seguir listados na
talmologia se preparem para esta prova o Figura 12.1 são somente os credenciados
104 CBO possui atuante Comissão de Ensino, pelo CBO.

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DISTRIBUIÇÃO/UF SP 22 cursos/153 vagas

CBO-2018 - Miolo.indd 105


SUDESTE: 44 RJ 12 cursos/169 vagas
VAGAS: 279 9 cursos/53 vagas
MG
ES 1 curso/4 vagas

PR 6 cursos/29 vagas
SUL: 13 4 cursos/15 vagas
RS
VAGAS: 53
SC 3 cursos/9 vagas

BA 6 cursos/32 vagas

PE 5 cursos/23 vagas

CE 6 cursos/26 vagas
NORDESTE: 26 2 cursos/5 vagas
VAGAS: 104 AL
MA 1 curso/4 vagas

PB 2 cursos/4 vagas

PI 1 curso/3 vagas

RN 1 curso/4 vagas

SE 2 cursos/3 vagas

GO 3 cursos/16 vagas
Regiões
CENTRO-OESTE: 10 DF 3 cursos/15 vagas
Norte
VAGAS: 40 MS 2 cursos/5 vagas

MT 2 cursos/4 vagas Nordeste

1 curso/2 vagas Centro-oeste


AC
AM 2 cursos/8 vagas sudeste
NORTE: 5
VAGAS: 16 PA 1 curso/4 vagas
1 curso/2 vagas Sul
TO

Figura 12.1 Cursos credenciados pelo CBO.

105
Prova Nacional de Oftalmologia e Cursos de Especialização Credenciados pelo CBO

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A seguir, a lista dos coordenadores e
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

1997-1999 Ana Luisa Hofling de Lima –


integrantes da Comissão de Ensino do Coordenadora
CBO desde sua implementação. Carlos Augusto Moreira
José Augusto Alves Ottaiano
1985-1987 Jacó Lavinsky – Coordenador Mário Luiz Ribeiro Monteiro
Nassin da Silveira Calixto Renato Luiz Nahoum Curi
Paiva Gonçalves Fo Riuitiro Yamane
Roberto Lorens Marback
Assessora:
Assessor: Luciene Barbosa Souza
José Ricardo L. Rehder 1999-2001 Carlos Augusto Moreira –
1987-1989 Carlos Augusto Moreira – Coordenador
Coordenador Ana Luisa Hofling de Lima
Jacó Lavinsky Ítalo Mundialino Marcon
João Orlando Ribeiro Gonçalves José Augusto Alves Ottaiano
Nassim da Silveira Calixto Paulo Augusto de Arruda Mello
Ralph Cohen
Assessor:
Renato Luiz Nahoum Curi
Paulo Augusto de Arruda Mello
1989-1991 Adalmir Morterá Dantas – Riuitiro Yamane
Coordenador Roberto Lorens Marback
Carlos Alexandre de Amorim Garcia Vital Paulino Costa
João Orlando Ribeiro Gonçalves 2001-2003 Paulo Augusto de Arruda Mello –
Coordenador
Mariza Toledo de Abreu
1991-1993 Adalmir Morterá Dantas – Carlos Augusto Moreira
Coordenador Denise de Freitas
Carlos Alexandre de Amorim Garcia Haroldo Vieira de Moraes Júnior
Nassim da Silveira Calixto Ítalo Mundialino Marcon
Sérgio L. Cunha José Augusto Alves Ottaiano
Ralph Cohen
Assessora:
Renato Luiz Nahoum Curi
Ana Luisa Hofling de Lima
1993-1995 Carlos Augusto Moreira Jr. – Roberto Lorens Marback
Coordenador Vital Paulino Costa
Ana Luisa Hofling de Lima 2003-2005 Paulo Augusto de Arruda Mello –
Coordenador
Remo Sussana Jr.
Ana Rosa Pimental de Figueiredo
Adjuntos: Carlos Augusto Moreira
Jayme Arana Haroldo Vieira de Moraes Júnior
José Augusto Alves Ottaiano
Maria de Nazaré F. Trindade Italo Mundialino Marcon
Rosana N. Pires da Cunha Jacó Lavinsky
1995-1997 Ana Luisa Hofling de Lima – João Orlando Ribeiro Gonçalves
Coordenadora Nicomedes Ferreira Filho
Carlos Eduardo Leite Arieta
Paulo Péret
Denise de Freitas
Ralph Cohen
José Augusto Alves Ottaiano
Mário Luiz Ribeiro Monteiro Roberto Lorens Marback
Renato Luiz Nahoum Curi Wagner Duarte Batista
Riuitiro Yamane
Rosana N. Pires da Cunha
Sebastião Cronemberg Sobrinho
106

CBO-2018 - Miolo.indd 106 29-10-2018 11:27:44


Prova Nacional de Oftalmologia e Cursos de Especialização Credenciados pelo CBO
2005-2007 Paulo Augusto de Arruda Mello – 2012-2013 Mário Luiz Ribeiro Monteiro –
Coordenador Coordenador
Ana Tereza Ramos Moreira Adalmir Morterá Dantas
Ítalo Mundialino Marcon Adamo Lui Netto
João Agostini Netto Arlindo Jose Freire Portes
José Augusto Alves Ottaiano Ítalo Mundialino Marcon
Maria Rosa Bet Moraes e Silva José Beniz Neto
Ralph Cohen Keila Miriam Monteiro de Carvalho 
Roberto Lorens Marback Roberto Lorens Marback
Riuitiro Yamane
Assessores:
2007-2009 Paulo Augusto de Arruda Mello –
Andre Augusto Homsi Jorge 
Coordenador
Sérgio Henrique Sampaio Meirelles
Bruno Castelo Branco
2013-2015 Mário Luiz Ribeiro Monteiro –
Jacó Lavinsky Coordenador
João Orlando Ribeiro Gonçalves Arlindo José Freire Portes
José Augusto Alves Ottaiano   Augusto Paranhos Jr.
Márcio Bittar Nehemy Carlos Alexandre de Amorim Garcia
Ralph Cohen Carlos Eduardo Leite Arieta
Riuitiro Yamane Ítalo Mundialino Marcon
Roberto Lorens Marback José Augusto Alves Ottaiano
2009-2011 Rubens Belfort Jr. – Coordenador José Beniz Neto
Ana Rosa Pimentel de Figueiredo Roberto Lorens Marback 
Bruno Castelo Branco
Assessores:
Haroldo Vieira de Moraes Júnior
Adamo Lui Netto
João Orlando Ribeiro Gonçalves
André Augusto Homsi Jorge
Liana Maria V. O. Ventura
Adroaldo de Alencar Costa
Marcelo Palis Ventura
Otavio Siqueira Bisneto
Maria Cristina Nishiwaki Dantas
Sérgio Henrique Sampaio Meirelles
Rodrigo Jorge 2015-2017  José Augusto Alves Ottaiano –
Coordenador
Assessores:
Ana Rosa Pimentel de Figueiredo
Ana Maria N. Petrilli
2011-2012 Rubens Belfort Júnior – Coordenador Augusto Paranhos Jr.
Ana Rosa Pimentel de Figueiredo Carlos Alexandre de Amorim Garcia
Bruno Castelo Branco Carlos Eduardo Leite Arieta
Liana Maria V. O. Ventura   Marcelo Krieger Maestri
José Augusto Aves Ottaiano Maria Auxiliadora Monteiro Frazão
José Beniz Neto Paulo Augusto de Arruda Mello
Marcelo Palis Ventura Sidney Júlio de Faria e Sousa
Maria Cristina Nishiwaki Dantas
Assessores:
Mário Junqueira Nóbrega Adroaldo de Alencar Costa Filho
André Augusto Homsi Jorge
Assessores:
Ana Maria N. Petrilli Keila Miriam Monteiro de Carvalho
Haroldo Vieira de Moraes Júnior Milton Ruiz Alves -Publicações
Raul Nunes Galvarro Vianna Otávio Siqueira Bisneto

107

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Oculare Oftalmologia Avançada –
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

2018-2019 Maria Auxiliadora Monteiro Frazão –


Coordenadora Oculare Social
Alexandre Chater Taleb
Endereço: Rua Desembargador Tenório,
Ana Rosa Pimentel de Figueiredo
Carlos Eduardo Leite Arieta
no 60
Eder Massao Ueda CEP: 57050-50 – Maceió-AL
Eduardo Ferrari Marback Tel.: (82) 3234-2353
Haroldo Vieira de Moraes Júnior E-mail: gerencia@hver.com.br
Otávio Siqueira Bisneto
Paulo Augusto de Arruda Mello AMAZONAS (AM)
Raul Nunes Galvarro Vianna
Instituto de Oftalmologia Oculistas
Assessores: Associados de Manaus
Adroaldo de Alencar Costa Filho
André Augusto Homsi Jorge Endereço: Avenida 7 de Setembro, 1613 –
Carlos Alexandre de Amorim Garcia Centro
Luiz Carlos Molinari Gomes CEP: 69005-141 – Manaus-AM
Milton Ruiz Alves 
Tel.: (92) 3633-2954/Fax: (92) 3232-0166
E-mail: suporteiom@hotmail.com
A seguir, por estado, a relação comple- Site: www.iom.med.br
ta dos Cursos de Especialização em Oftal-
mologia credenciados pelo CBO. Vision Clínica de Olhos Ltda. – EEP
Endereço: Avenida Joaquin Nabuco, 2055,
ACRE (AC) Centro
CEP: 69020-031 – Manaus-AM
Hospital Oftalmológico do Acre Tel.: (92) 8439-9959/Fax: (92) 365-93131
Endereço: Avenida Ceará, 1755 E-mail: clinicadeolhos.vision@gmail.com
CEP: 69900-088 – Rio Branco-AC
Tel.: (68) 3224-2161 BAHIA (BA)
E-mail: hoa-ac@hotmail.com
Site: www.hoacre.com.br Hospital de Olhos (HCOE)
Endereço: Rua Castro Alves, 1739
ALAGOAS (AL) CEP: 44001-184 – Feira de Santana-BA
Tel.: (75) 3604-9191
Universidade Federal de Alagoas/ E-mail: repasse@hcoe.com.br
Hospital Universitário Professor Site: www.hcoe.com.br
Alberto Antunes (HUPAA)
Endereço: Avenida Lourival Melo Mota, Escola Bahiana de Medicina e
s/n. Tabuleiro do Martins Saúde Pública da Fundação para o
CEP: 54072-900 – Maceió-AL Desenvolvimento da Ciência
Tel.: (82) 3202-3874/3202-3737 Endereço: Rua Pedro Lessa, 118 – Canela
E-mail: bancodeolhos-ufal@hotmail.com CEP: 40110-050 – Salvador-BA
Site: http://www.hupaaufal.org Tel.: (71) 3173-8218/(71) 3173-8219/Fax:
(71) 3173-8218
108
E-mail: ihhcl@hotmail.com

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Faculdade de Medicina da CEARÁ (CE)

Prova Nacional de Oftalmologia e Cursos de Especialização Credenciados pelo CBO


Universidade Federal da Bahia/
Fundação Leiria de Andrade
Hospital Universitário Prof. Edgard
Endereço: Rua Rocha Lima, 1140
Santos (HUPES)
CEP: 60135-000 – Fortaleza-CE
Endereço: Rua Augusto Viana s/n – Bairro
Tel.: (85) 3266-5566/(85) 3266-5511
Canela
Fax: (85) 3266-5566
CEP: 40110-060 – Salvador-BA
E-mail: flandrade2009@hotmail.com
Tel.: (71) 3339-6334/Fax: (71) 3235-9368
Site: http://leiriadeandrade.com
E-mail: secretariaoftalmologia@gmail.com
Site: www.portal.ufba.br/servicos/saude
Clínica Oftalmológica do Hospital
Geral de Fortaleza
Hospital Santa Luzia/Fundação
Endereço: Rua Ávila Goulart, 900
Colombo Spínola
CEP: 60155-290 – Fortaleza-CE
Endereço: Praça Conselheiro Almeida Cou-
Tel.: (85) 3101-3259/Fax: (85) 3101-3259
to, 110 – Nazaré
Site: www.hgf.ce.gov.br/index.php/espe-
CEP: 40050-405 – Salvador-BA
cialidades/oftalmologia
Tel.: (71) 2109-3500
E-mail: administracao@hospitalsantaluzia.
Universidade Federal do Ceará (UFC)/
org.br
Hospital Universitário Walter Cantídio
Site: www.hospitalsantaluzia.org.br
Endereço: Rua Capitão Francisco Pedro,
1290
CLIHON Hospital de Olhos de Feira
CEP: 60110-110 – Fortaleza-CE
de Santana
Tel.: (85) 3201-1015/Fax: (85) 320-1100
Endereço: Rua Barão do Rio Branco, 882
Site: www.huwc.ufc.br
– Centro Médico e Empresarial Augusto
Freitas, 5o Andar. Fundação de Ciência e Pesquisa
CEP: 44001-535 – Feira de Santana-BA Maria Ione Xerez Vasconcelos
Tel.: (75) 2102-2000/Fax: (75) 2102-2020 (FUNCIPE)
E-mail: residenciamedica@clihon.com.br Endereço: Avenida 13 De Maio, 1820
Site: www.clihon.com.br CEP: 60040-531 – Fortaleza-CE
Tel.: (85)3243 4477/Fax: (85) 3243 4477
Hospital de Olhos Ruy Cunha – E-mail: funcipeoft@gmail.com
DayHorc Site: www.funcipe.com.br
Endereço: Avenida Ruffo Galvão, 274,
Centro Escola Cearense de Oftalmologia
CEP: 45600-000 – Itabuna-BA Endereço: Avenida Oliveira Paiva, 1599
Tel.: (73) 3214-2020 CEP: 60822-131 – Fortaleza-CE
E-mail: coord.tecnica@dayhorc.com.br Tel.: (85) 3271-2501/Fax: (85) 3271-2501
Site: http://www.dayhorc.com.br/pt E-mail: escolacearenseoftalmologia@
gmail.com
Site: www.escolacearenseoftalmologia.com.
br 109

CBO-2018 - Miolo.indd 109 29-10-2018 11:27:45


Instituto Cearense de Oftalmologia CEP: 29043-900 – Vitória-ES
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

Endereço: Rua Idefonso Albano, 1373 Tel.: (27) 3335-7100


CEP: 60115-000 – Fortaleza-CE E-mail: dmedecbm@npd.ufes.br
Tel.: (85) 3201-1020 Site: www.ufes.br
E-mail: cldo@terra.com.br
Site: www.cldo.com.br GOIÁS (GO)
Faculdade de Medicina da
DISTRITO FEDERAL (DF) Universidade Federal de Goiás/
Hospital de Base do Distrito Federal Centro de Referência em
Oftalmologia (CEROF)
Endereço: SMHS – Quadra 101 – Área Es-
pecial Plano Piloto Endereço: Primeira Avenida, s/n, Setor
CEP: 70335-900 – Brasília-DF Leste Universitário
Tel.: (61) 3315-1481/Fax: (61) 3315-1742 CEP: 74605-020 – Goiânia-GO
Site: www.saude.df.gov.br Tel.: (62) 3269-8443/Fax: (62) 3269-8448
E-mail: cerofhcufg@hotmail.com
Site: http://www.ufg.br/
Hospital Oftalmológico de Brasília/
Fundação Regional de Assistência
Hospital da Fundação Banco de
Oftalmológica (FRAO)
Olhos de Goiás
Endereço: Avenida L2 Sul, Quadra 607,
Endereço: Rua Couto Magalhães, 50, Jar-
Módulo G
dim da Luz
CEP: 70200-640 – Brasília-DF
CEP: 74850-410 – Goiânia-GO
Tel.: (61) 3442-4136
Tel.: (62) 3219-4106/(62) 3282-1002
E-mail: ceora@hobr.com.br; dalvani.batis-
E-mail fubog@fubog.org
ta@hobr.com.br
Site: http://www.fubog.org
Site: www.hobr.com.br
Hospital de Olhos Aparecida (HOA)
Fundação Universidade de Brasília Endereço: Avenida Abel Ribeiro, Qd 32 Lt.
(UnB) 05 a 10 Centro
Endereço: SGAS 613, Avenida L2 Sul, Lote CEP: 74980-010 – Aparecida de Goiânia-GO
91 Tel.: (62) 3097-8127/(62) 3097-2100
CEP: 70200-730 – Brasília-DF E-mail: taleb@hoa.com.br
Tel.: (61) 3214-5000 Site: http://www.hoa.com.br/index.asP
E-mail: seconm@unb.br
MARANHÃO (MA)
ESPÍRITO SANTO (ES)
Universidade Federal do Maranhão/
Universidade Federal do Espírito Hospital Universitário/Prédio da
Santo/Hospital Universitário Oftalmologia do HUUFMA
Cassiano Antônio Moraes Endereço: Rua Silva Jardim, s/n Oftalmo-
Endereço: Avenida Marechal Campos, s/n, logia
110 Maruípe CEP: 65020-560

CBO-2018 - Miolo.indd 110 29-10-2018 11:27:45


Cidade: São Luís – MA MINAS GERAIS (MG)

Prova Nacional de Oftalmologia e Cursos de Especialização Credenciados pelo CBO


Tel.: (98) 2109-1020
Faculdade de Medicina da
E-mail:oftalmo@huufma.br
Universidade Federal de Minas
Gerais/Hospital São Geraldo
MATO GROSSO (MT)
Endereço: Avenida Prof. Alfredo Balena,
Universidade Federal do Mato 190, sl. 199
Grosso CEP: 30130-100 – Belo Horizonte-MG
Hospital Universitário Júlio Muller Tel.: (31) 3409-9767/(31) 3409-9666/Fax:
Endereço: Rua Philippe Pereira Leite, s/n (31) 3409-9767
Bairro Alvorada E-mail: oftorl@medicina.ufmg.br
CEP: 78048-602 – Cuiabá, Mato Grosso-MT Site: www.medicina.ufmg.br
Tel.: (65) 3615-7238 (oferece Pós-Graduação em Oftalmologia)
Site: www.ufmt.br
Clínica de Olhos da Santa Casa de
Centro Oftalmológico e Cáceres Belo Horizonte (FCM-MG)
(COC) Endereço: Avenida Francisco Sales, 1221,
Endereço: Rua Treze de Junho, 64 Zona Hospitalar
CEP: 78200-000 – Cáceres-MT CEP: 30150-221 – Belo Horizonte-MG
Tel.: (65)3223-7100 Tel.: (31) 3238-8805/Fax: (31) 3238-8803
E-mail: adm@cocmt.com.br E-mail: clinicadeolhos@santacasabh.org.br
Site: http://www.cocmt.com.br Site: www.santacasabh.org.br

MATO GROSSO DO SUL (MS) Instituto de Estudo Pesquisa Centro


Oftalmológico de Minas Gerais
Sociedade Beneficente Santa Casa
(COMG)
de Campo Grande
Endereço: Rua Santa Catarina, 941 – Lour-
Endereço: R. Eduardo Santos Pereira, 88
des
CEP: 79000-000 – Campo Grande-MS
CEP: 30170-080 – Belo Horizonte-MG
Tel.: (67) 3322-4109/Fax: (67) 3382-0502
Tel.: (31) 3232-4100/(31) 32324136/Fax:
Site: www.sbcg.org.br
(31) 3232-4179
E-mail: residencia@centrooftalmologi-
Associação de Auxílio e
comg.com.br
Recuperação dos Hansenianos
Site: www.centroftalmologicomg.com.br
Hospital São Julião (a partir de 2018)
Endereço: Rua Lino Villachá, 1250 Instituto de Previdência Servidores
CEP: 79017-200 – Campo Grande-MS de MG (IPSEMG)/Hospital Geral
Tel.: (67) 3358-1500 Israel Pinheiro (HGIP)
E-mail: beatriz@saojuliao.org.br
Endereço: Alameda Ezequiel Dias 225/Clí-
Site: www.saojuliao.org.br
nica Oftalmológica
CEP: 30130-110 – Belo Horizonte-MG
Tel.: (31) 32372281/Fax: (31) 32372283
111

CBO-2018 - Miolo.indd 111 29-10-2018 11:27:45


E-mail: dvmed.oftalmo@ipsemg.mg.gov.br PARÁ (PA)
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

Site: www.ipsemg.mg.gov.br/
Universidade Federal do Pará/
Hospital Universitário Bettina Ferro
Fundação Hilton Rocha
de Souza (HUBFS)
Endereço: Avenida José do Patrocínio
Endereço: Campus IV da UFPA – Rua Au-
Ponte, 1355 – Mangabeiras
gusto Corrêa, 01 – Bairro Universitário do
CEP: 30210-090 – Belo Horizonte-MG
Guamá
Tel.: (31) 3282-1333/Fax: (31) 3281-1162
CEP: 66053-020 – Belém-PA
E-mail: especializacaofhr@yahoo.com
Tel.: (91) 3201-7810/Fax: (91) 3201-7815
Site: www.fundacaohiltonrocha.com.br
E-mail: oftalmobettina@hotmail.com
Site: http://www.ufpa.br/bettina
Faculdade de Medicina do Trabalho
do Triângulo Mineiro (UFTM)
PARAÍBA (PB)
Endereço: Avenida Frei Paulino, 30
CEP: 38025-180 – Uberaba-MG Faculdade de Ciências Médicas de
Tel.: (34) 3312-0600/(34) 3318-5000 Campina Grande
Site: www.uftm.edu.br Endereço: Avenida Senador Argemiro de
E-mail: oftalmologia@hc.uftm.edu.br Figueiredo, 1901 – Itararé
CEP: 58411-020 – Cidade: Campina Gran-
Universidade Federal de de-PB
Uberlândia/Hospital de Clínicas Tel.: (83) 2101.8800/Fax: (83) 2101-8800
Endereço: Avenida Pará, 1720 Depto de E-mail: coreme@cesed.br
Cirurgia, Bloco 2H Site: http://www.cesed.br/portal/?page_
CEP: 38400-902 – Uberlândia-MG id=21411
Tel.: (34) 3218-2364/Fax: (34) 3232-8620
Memorial Santa Luzia (a partir de
Site: www.ufu.br
2018)
Endereço: Avenida Senador Ruy Carneiro,
Universidade Federal de Juiz de
860
Fora/Hospital Universitário
CEP: 58032-100 – João Pessoa-Paraíba
Endereço: Avenida Eugênio do Nascimen- Tel.: (83) 3226-7000
to, s/n – Bairro Dom Bosco E-mail: adm@memorialsantaluzia.com
CEP: 36038-330 – Juiz de Fora-MG Site: www.memorialsantaluzia.com
Tel.: (32)4009-5300/(32) 4009-5351
E-mail: direcaohu.cas@ufjf.edu.br PARANÁ (PR)
Site: www.hu.ufjf.br
Faculdade Evangélica de Medicina
Hospital Universitário Ciências do Paraná
Médicas/Instituto de Olhos Endereço: Alameda Augusto Stelfeld, 1908
CEP: 80730-150 – Curitiba-PR
Endereço: Rua Pouso Alegre, 407
Telefax: (41) 3240-5000
CEP: 30110-010 – Belo Horizonte-MG
Site: www.fepar.edu.br
Tel.: (31) 3248-7110
112
Site: www.hucm.org.br

CBO-2018 - Miolo.indd 112 29-10-2018 11:27:45


Faculdade de Medicina PERNAMBUCO (PE)

Prova Nacional de Oftalmologia e Cursos de Especialização Credenciados pelo CBO


Universidade Federal do Paraná/
Universidade Federal de
Hospital de Clínicas
Pernambuco/Hospital das Clínicas
Endereço: Rua Pasteur, 26 – Batel
Endereço: Rua Prof. Moraes Rego s/n
CEP: 80250-080 – Curitiba-PR
CEP: 50760-420 – Recife-PE
Tel.: (41) 3223-8727/(41) 3223-8547/Fax:
Tel.: (81) 2126-3835
(41) 3322-1481
Site: www.ufpe.br
E-mail: alexandra.albareda@ufpr.br
Site: www.hc.ufpr.br
Fundação Altino Ventura
Hospital de Olhos do Paraná Endereço: Rua da Soledade, 170 – Boa Vista
Endereço: Rua Presidente Taunay, 483 CEP: 50070-040 – Recife-PE
CEP: 80420-180 – Curitiba-PR Tel.: (81) 3302-4300/(81) 3302-4305/Fax:
Tel.: (41) 3222-4222/(41) 3310-4100/Fax: (81) 3302-4322
(41) 3224-4010 E-mail: coordenaçãoensino@doefav.com
E-mail: marise.zinher@hospitaldeolhos- Site: www.fundacaoaltinoventura.org.br
doparana.com.br
Site: www.hospitaldeolhosdoparana.com.br Hospital de Olhos Santa Luzia
Endereço: Estrada do Encanamento,
Santa Casa de Misericórdia de 909/873 – Casa Forte
Curitiba CEP: 52071-350 – Recife-PE
Endereço: Praça Rui Barbosa, 694 Tel.: (81) 2121-9100/(81) 3442-0272/Fax:
CEP: 80001-030 – Curitiba-PR (81) 2121-9100
Tel.: (41) 3271-5758/Fax (41) 3322-1071 E-mail: hospital@hospitalsantaluzia.com.br
E-mail: academica.santacasa@pucpr.br Site: http://www.hospitalsantaluzia.com.br
Site: www.pucpr.br/saúde/aliança/sta_casa
Instituto de Olhos do Recife
Universidade Estadual de Londrina Endereço: Rua Vicente Meira, 137
CEP: 52020-150 – Recife/PE
Hospital Universitário de Londrina
Tel.: (81) 2122-5000/Fax: (81) 34235353
Endereço: Avenida Dr. Robert Koch, s/n
E-mail: residenciamedica@ior.com.br
CEP: 86038-350 – Londrina-PR
Site: www.ior.com.br
Tel.: (43) 3371-2269/(43) 3371-5785
Site: www.uel.br
Serviço Oftalmológico de
HOFTALON — Centro de Estudo e Pernambuco (SEOPE)
Pesquisa da Visão Endereço: Rua Antônio Gomes de Freitas,
131 – Ilha do Leite
Endereço: Rua Senador Souza Naves,
CEP: 50070-480 – Recife-PE
no 648
Tel.: (81) 3221-7301
CEP: 86010-160 – Londrina-PR
E-mail: residenciaseope@hotmail.com
Tel.: (43) 3375-9500/Fax: (43) 3322-0433
Site: http://www.seope.com.br
E-mail: resimed@hoftalon.com.br
Site: www.hoftalon.com.br 113

CBO-2018 - Miolo.indd 113 29-10-2018 11:27:45


PIAUÍ (PI) Hospital Federal dos Servidores do
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

Estado do Rio de Janeiro


Universidade Federal do Piauí/
Hospital Universitário Endereço: Rua Sacadura Cabral, 178 – 5o
andar – Saúde
Endereço: Campus Universitário Ministro
CEP: 20221-161 – Rio de Janeiro-RJ
Petrônio Portella, s/n – Ininga
Tel.: (21) 2291-3131 ramal 3774 ou 3299/
CEP: 64049-550 – Teresina-PI
(21) 3396-6270/Fax: (21) 3516-1539
Tel.: (86) 3238-5321
E-mail: gpassos@hse.rj.saude.gov.br
E-mail: coremehupi2014@outlook.com
Site: www.hse.rj.saude.gov.br
Site: www.ufpi.br

Faculdade de Medicina da
RIO DE JANEIRO (RJ)
Universidade Federal Fluminense/
Universidade do Estado do Rio Hospital Antônio Pedro
de Janeiro/Hospital Universitário Endereço: Avenida Marquês do Paraná,
Pedro Ernesto 303 – 2o andar
Endereço: Avenida 28 de setembro, 87 – CEP: 24033-900 – Niterói-RJ
Vila Isabel Tel.: (21) 2629-9000/Fax: (21) 2629-9411
CEP: 20551-900 – Rio de Janeiro-RJ E-mail: facmed-uff@vtm.uff.br
Tel.: (21) 2587-6406/(21) 2587-6404/Fax: Site: www.huap.uff.br
(21) 2255-4589
Site: www.uerj.br Universidade Federal do Rio de
Janeiro/Hospital Universitário
Centro de Estudos e Pesquisas Clementino Fraga Filho
Oculistas Associados (CEPOA) Endereço: Rua Prof. Rodolpho Paulo Roc-
Endereço: Rua Jornalista Orlando Dantas, co, 225, Oftalmologia 11o andar
49 – Botafogo CEP: 21941-913 – Rio de Janeiro-RJ
CEP: 22231-010 – Rio de Janeiro-RJ Telefax: (21) 2562-2841
Tel.: (21) 2189-9333/(21) 2189-9319/Fax: E-mail: sam@hucff.ufrj.br
(21) 2553-5039 Site: www.ufrj.br
E-mail: cepoa@oculistasassociados.com. (oferece Pós-Graduação em Oftalmologia)
br
Site: http://www.cepoa.com.br/ Hospital Municipal da Piedade
Endereço: Rua Capela, 96 – Piedade
Serviço de Oftalmologia Instituto CEP: 20740-310 – Rio de Janeiro-RJ
“Benjamin Constant” Tel.: (21) 3111-6540/Fax: (21) 3111-6550
Endereço: Avenida Pasteur, 350 – Botafo- E-mail: ceahmpiedade@gmail.com
go
CEP: 22290-240 – Rio de Janeiro-RJ Hospital Federal da Lagoa
Tel.: (21) 3478-4426/(21) 3478-4427/Fax: Endereço: Rua Jardim Botânico, 501
(21) 3478-4426 CEP: 22470-050 – Rio de Janeiro-RJ
E-mail: dpmo@ibc.gov.br Tel.: (21)2629-0000/Fax: (21) 3111-5105
Site: www.ibc.gov.br E-mail: dirhgl@nerj.rj.saude.gov.br
114

CBO-2018 - Miolo.indd 114 29-10-2018 11:27:45


Hospital Federal de Bonsucesso RIO GRANDE DO SUL (RS)

Prova Nacional de Oftalmologia e Cursos de Especialização Credenciados pelo CBO


Endereço: Rua Londres, 616 – Bonsucesso Universidade Federal do Rio Grande
CEP: 21041-030 – Rio de Janeiro-RJ do Sul/Hospital de Clínicas
Tel.: (21) 3977-9764
Endereço: Rua Ramiro Barcelos, 2390
E-mail: oftalmologiahfb@gmail.com ou
CEP: 90035-903 – Porto Alegre-RS
oftalmologiahfb@yahoo.com.br
Tel.: (51) 3359-8247/Fax: (51) 3359-8001
Site: http://www.hgb.rj.saude.gov.br
E-mail: mmdsilva@hcpa.ufrgs.br Site:
www.hcpa.ufrgs.br
Policlínica de Botafogo
Endereço: Avenida Pasteur, 72 – Botafogo Santa Casa de Porto Alegre
CEP: 22290-240 – Rio de Janeiro-RJ Endereço: Rua Prof. Annes Dias, 295
Tel.: (21) 3235-9200/Fax: (21) 2205-2240 CEP: 90020-090 – Porto Alegre-RS
E-mail: oftalmodapoliclinica@yahoo.com. Tel.: (51) 3214-8363/(51) 3214-8080/Fax:
br (51) 3214-8363
Site: www.santacasa.org.br
Hospital da Gamboa/Instituto de
Oftalmologia do Rio de Janeiro Instituto de Oftalmologia “Prof. Ivo
Endereço: Rua Sete de Setembro, 43 – 5o Corrêa-Meyer”
andar – Centro Endereço: Av. Cristovão Colombo, 2948 –
CEP: 20050-003 – Rio de Janeiro-RJ salas 308 e 309 – Higienópolis
Tel.: (21) 3717-0490 CEP: 90560-002 – Porto Alegre-RS
E-mail: atendimentoiorj@outlook.com Tel.: (51) 3346-3423/(51) 3395-3602/Fax:
Site: www.iorj.med.com.br (51) 3311-1646
E-mail: iicm@terra.com.br
Universidade Federal do Estado Site: www.cursoicm.com.br
do Rio de Janeiro/Hospital
Universitário Gaffrée e Guinle Hospital Banco de Olhos de Porto
Endereço: Rua Mariz e Barros, 775
Alegre
CEP: 20270-004 – Rio de Janeiro-RJ Endereço: Rua Engenheiro Walter Boehl, 285
Tel.: (21) 2264-6357 CEP: 91360-090 – Porto Alegre-RS
E-mail: residenciahugg@unirio.br Fone/Fax: 3018-3100 ramal 3110/(51)
Site: www.iorj.med.com.br 3018-3144
E-mail: hbo@hbo.org.br
RIO GRANDE DO NORTE (RN) Site: www.hbo.org.br

Universidade Federal do Rio Grande


do Norte/Hospital Universitário
SANTA CATARINA (SC)
Onofre Lopes Hospital Regional de São José
Endereço: Avenida Nilo Peçanha, 620 Endereço: Rua Adolfo Donato da Silva, s/
CEP: 59012-300 – Natal-RN no – Praia Comprida
Tel.: (84) 3342-5091/Fax: (84) 3211-3322 CEP: 88103-450 – São José-SC
E-mail: prontoc.de.olhos@digi.com.br Tel.: (48) 3271-9095/(48) 3271-9096/Fax:
Site: www.ufrn.br (48) 3271-9018
115

CBO-2018 - Miolo.indd 115 29-10-2018 11:27:45


E-mail: oftalmologiahrsj@saude.sc.gov.br Santa Casa de Misericórdia de São
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

Site: http://www.saude.sc.gov.br/hrsj/in- Paulo


dex.htm Endereço: Rua Dr. Cesário Mota Jr., 112/2o
andar – Edifício Conde de Lara
Hospital Governador Celso Ramos CEP: 01221-020 – São Paulo-SP
Endereço: Rua Irma Benwarda, 297 Tel.: (11) 2176-7225/Fax: (11) 3331-4660
CEP: 88015-270 – Florianópolis-SC E-mail: oftalmo@santacasasp.org.br
Tel.: (48) 3251-7150/(48) 3251-7000/Fax: Site: www.oftalmosantacasa.com.br
(48) 3224-0895
E-mail: cedfd@hotmail.com Hospital do Servidor Público
Estadual
Hospital de Olhos de Blumenau Endereço: Rua Borges Lagoa, 1755 – Oftal-
Endereço: Rua 7 de Setembro, 1300 mologia, 3o andar
CEP: 89010-202 – Blumenau-SC CEP: 04038-034 – São Paulo-SP
Tel.: (47) 3322-5000 Tel.: (11) 5549-2937/(11) 5088-8167/Fax:
E-mail: adm@hob.med.br (11) 5549-2937
Site: www.hob.med.br E-mail: oftalmologia@iamspesaude.com.
br
SÃO PAULO (SP) Site: www.iamspesaude.com.br

Universidade de São Paulo/Hospital


Faculdade de Medicina de Ribeirão
das Clínicas – Inst. Central Divisão
Preto/Hospital das
de Clínica Oftalmológica, 6o andar
Clínicas
sl. 6121
Endereço: Campus universitário s/n –
Endereço: Rua Doutor Enéas Carvalho
Monte Alegre
Aguiar, 255
CEP: 14048-900 – Ribeirão Preto-SP
CEP: 05403-900 – São Paulo-SP
Tel.: (16) 3602-2864
Tel.: (11) 2661-7217/(11) 2661-7872/Fax:
E-mail: elianesd@fmrp.usp.br
(11) 2661-7872
Site: www.fmrp.usp.br
E-mail: sandra.macedo@hc.fm.usp.br
(oferece Pós-Graduação em Oftalmologia)
Site: www.hcnet.usp.br
(oferece Pós-Graduação em Oftalmologia)
Fundação Dr. João Penido Burnier
Escola Paulista de Medicina Endereço: Rua Doutor Mascarenhas, 249 –
(UNIFESP)/Departamento de Botafogo
Oftalmologia e Ciências Visuais CEP: 13013-175 – Centro – Campinas-SP
Endereço: Rua Pedro de Toledo, 781 Tel.: (19) 3232-5866/(19) 3233-8880/Fax:
CEP: 04039-032 – São Paulo-SP (19) 3231-8757
Tel.: (11) 5576-4981 E-mail: fundac@penidoburnier.com.br
E-mail: secretariaoftalmo@unifesp.br Site: http://www.penidoburnier.com.br/
Site: www.oftalmo.epm.br
(Oferece Pós-Graduação em Oftalmologia
116 e Ciências Visuais)

CBO-2018 - Miolo.indd 116 29-10-2018 11:27:45


Universidade Estadual de Campinas CEP: 17.522-230 – Marília-SP

Prova Nacional de Oftalmologia e Cursos de Especialização Credenciados pelo CBO


(UNICAMP)/Hospital das Clínicas Tel.: (14) 3402-1744 ramal 1597
Endereço: Rua Tessália Vieira de Camargo, E-mail: oftalmo@famema.br
126 – Barão Geraldo Site: www.famema.br
CEP: 13083-887 – Campinas-SP
Tel.: (19) 3521-7380/(19) 3521-7110/Fax: Universidade de Santo Amaro
(19) 3521-7380 (UNISA)/Hospital Escola Wladimir
E-mail: discoft@fcm.unicamp.br Arruda (HEWA)/Ambulatório de
Site: www.unicamp.br Oftalmologia
(oferece Pós-Graduação em Oftalmologia) Endereço: Campus I – R. Prof. Enéas de
Siqueira Neto, 340 – Jd. das Imbuias, CEP
Faculdade de Medicina de Jundiaí/ 04829-300 – São Paulo-SP
Hospital Geral de Taipas Tel.: (11) 2141-8619/(11) 0800-171-796
Endereço: Rua Elísio Teixeira Leite, 6999 – E-mail: residenciamedica@unisa.br
Parada de Taipas Site: www.unisa.com.br
CEP: 02810-000 – São Paulo-SP
Tel.: (11) 4587-1095 Hospital Oftalmológico de Sorocaba
Site: http://www.fmj.br/ Endereço: Rua Nabeck Shiroma, 210 – Jd.
Emília
Universidade Estadual Paulista CEP: 18031-060 – Sorocaba-SP
(UNESP)/Hospital das Clínicas Tel.: (15) 3212-7077/(15) 3212-7000 ramal
Endereço: Distrito de Rubião Junior – Bo- 7270/Fax: (15) 3212-7077
tucatu E-mail: ceo@hosbos.com.br
CEP: 18618-970 – Botucatu-SP Site: http://www.hosbos.com.br/
Telefax: (14) 3811-6256
E-mail: oftalmo@fmb.unesp.br Instituto Cema de Oftalmologia e
Site: www.fmb.unesp.br Otorrinolaringologia
Endereço: Rua Paschoal Moreira, 449
Faculdade de Medicina da Fundação CEP: 03182-050 – São Paulo-SP
do ABC Tel.: (11) 2602-4034/Fax: (11) 2602-4098
Endereço: Avenida Príncipe de Gales, 821 E-mail: centrodeestudos@cemahospital.
– Príncipe de Gales com.br
CEP: 09060-650 – Santo André-SP Site: www.cemahospital.com.br
Tel.: (11) 4337-4286/Fax: (11) 4468-1398
E-mail: secretaria@oftalmoabc.com.br Instituto Suel Abujamra
Site: www.fmabc.com.br Endereço: Rua Tamandaré, 693 – 6o Andar
CEP: 01525-001 – São Paulo-SP
Faculdade de Medicina de Marília/ Tel.: (11) 3349-3000/Fax: (11) 3272-8832
Unidade de Oftalmologia da FAMEMA E-mail: sabujamra@terra.com.br
Endereço: Rua Coronel Moreira Cesar, 475 Site: www.institutosuelabujamra.com.br
(antigo Hosp. São Francisco)
117

CBO-2018 - Miolo.indd 117 29-10-2018 11:27:45


Hospital Quarteirão da Saúde de E-mail: hoip.araraquara@gmail.com
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

Diadema Site: hoipararaquara.com.br


Endereço: Avenida Antônio Piranga, 700.
Centro Universidade de Taubaté/Hospital
CEP: 09911-160 – Diadema-SP Regional do Vale do Paraíba
Tel.: (11) 4043-8000 Endereço: Avenida Tiradentes, 280
E-mail: anapaulaoft@spdm-pais.org.br CEP: 1203-180 – Taubaté-SP
Tel.: (12) 3634-2000
Faculdade de Medicina de São José E-mail: prppg@unitau.br
do Rio Preto (FAMERP)/Hospital de Site: www.hospitalregional.org.br
Base de São José do Rio Preto
Endereço: Avenida Brigadeiro Faria Lima, Hospital Oftalmológico Visão Laser
5416 – Vila São Pedro Endereço: Avenida Conselheiro Nébias, 355
CEP: 15090-000 – São José do Rio Preto-SP CEP: 11015-001 – Santos, São Paulo-SP
Tel.: (17) 3201-5700/3201-5000 ramal Tel.: (13) 2104-5000
5060/Fax: (17) 3229-1777 Site: www.visaolaser.com.br
E-mail: oftalmologia_famerp@hotmail.
com; ma@famerp.br SERGIPE (SE)
Site: www.famerp.br
Hospital de Olhos de Sergipe
Irmandade Santa Casa de Endereço: Rua Campo do Brito, 995
Misericórdia de Limeira/ CEP: 49020-380 – Aracaju-SE
Ambulatório de Especialidades Tel.: (79) 3212-0800
Endereço: Rua Benedito Kuhl, 999 – Vila E-mail: hos@infonet.com.br
Cláudia Site: www.hosergipe.com.br
CEP: 13481-410 – Limeira-SP
Instituto Oftalmológico de Sergipe
Telefone: (19) 3404-3111/Fax: (19) 3404-3112
E-mail: ogaiotto@gmail.com Endereço: Rua Lagarto, 907, Cidade – Ara-
caju-SE
Complexo Hospitalar Padre Bento CEP: 49010-390
de Guarulhos Tel.: (79) 3023-3308
E-mail: gerente.ita@iose.com.br
Endereço: Avenida Emílio Ribas, 1819
Site: www.iose.com.br
CEP: 07051-000 – Guarulhos-SP
Tel.: (11) 2463-5750
E-mail: diretoria.oftalmopb@gmail.com
TOCANTINS (TO)
Site: www.oftalmopadrebento.com.br Vision Laser – Centro de Correção
Visual LTDA. (a partir de 2018)
Hospital Oftalmológico do Interior Endereço: 504 Sul, Av. LO 11, LOTE 12
Paulista/Santa Casa de Araraquara CEP: 77021-670 – Palmas-TO
Endereço: Avenida José Bonifácio, 794 Tel.: (63) 3217-2222
CEP: 14801-150 – Araraquara-SP E-mail: visionlaseradm@outlook.com
118 Tel.: (16) 3331-5531 Site: www.visionlaserpalmas.com.br

CBO-2018 - Miolo.indd 118 29-10-2018 11:27:45


Periódicos e Revistas de
13 Oftalmologia

Na história da oftalmologia no Brasil exis- ANNAES DE OCULÍSTICA DO RIO DE


tem vários tipos de publicações, as primei- JANEIRO (1928)
ras de cunho científico, cujo rigor técnico
A necessidade de publicar e divulgar os tra-
foi sempre ditado pela época em que era
balhos em oftalmologia fez com que fosse
publicada, o que evoluiu em consequên-
fundada pelos Professores José Antônio de
cia da evolução científica e das implica-
Abreu Fialho e Sylvio Abreu Fialho a Revis-
ções éticas em pesquisas.
ta Annaes de Oculística do Rio de Janeiro.
Revistas de natureza informativa tam-
Seu primeiro número foi impresso somente
bém foram surgindo de acordo com as
em 1929 tornando-se publicação oficial da
necessidades de comunicação com o pú-
Sociedade Brasileira de Oftalmologia. Seu
blico oftalmologista sobre eventos cientí-
último fascículo foi impresso em 1937.
ficos, fatos ocorridos na especialidade e
acontecimentos de cunho político perti-
nentes à oftalmologia.
REVISTA DE OPHTHALMOLOGIA DE
Seguindo uma nova tendência, com a SÃO PAULO (1931)
difusão da era da informática, começaram Revista de Ophthalmologia de São Paulo,
as publicações eletrônicas para servir tan- fundada em 1931, sob a responsabilida-
to as de finalidade científicas como as não de da Sociedade Ophthalmologica de São
científicas. Paulo teve em seu primeiro volume como
A seguir são apresentadas, em ordem Comissão de Redação os doutores Pereira
cronológica de surgimento, as revistas cujo Gomes, Aureliano Fonseca, Cyro Rezende,
público-alvo é o médico oftalmologista. Moacyr Álvaro e Waldemar Belfort Mattos.
Durante 15 anos atuou como porta-
REVISTA BRAZILEIRA DE voz do pensamento dos oculistas do esta-
OPHTHALMOLOGIA (1888) do de São Paulo, tendo seu último volume
editado em 1944.
Hilário de Gouveia em 1888 fundou a Re-
vista Brazileira de Ophthalmologia, junto
ARQUIVOS DO INSTITUTO PENIDO
estavam Moura Brasil, Paulo Fonseca e
Ribeiro dos Santos. Teve somente quatro
BURNIER (1932)
números editados. Primeiro periódico da Em 1927 foi fundada a Associação Médica
especialidade no Brasil. do Instituto Penido Burnier para promo-

CBO-2018 - Miolo.indd 119 29-10-2018 11:27:46


ver suas atividades médicas e científicas. em 2001 pela SciELO (Scientific Electronic
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

Em 1932 foi publicado o primeiro número Librecry Online), em 2002 pelo Latindex
dos Arquivos do Instituto Penido Burnier. (Regional System of Inoformation Online
A associação médica foi criada com a fina- for Scientific Journals of Latin America, Ca-
lidade de difundir o conhecimento médi- ribe, Spain and Portugal), ainda em 2002
co oftalmológico e incentivar a pesquisa, no Periodica (Index of Latin American
permanecendo ativa até hoje. Journals of Science), em 2005 no MEDLI-
NE/Publimed (Medical Literature Analysis
ARQUIVOS BRASILEIROS DE and Retrieval System Online), banco de
OFTALMOLOGIA (1938) dados da National Library of Medicine, em
2005 ainda a EMBASE (Excerpta Médica),
Os Arquivos Brasileiros de Oftalmologia
em 2008 Scopus (Elsevier) e ISI (The Insti-
foram publicados inicialmente em 1938 e
tute for Scientific Information) e o Web of
tiveram como fundadores Waldemar Bel-
Knouledge (Web of Science, Thomson Reu-
fot Mattos, Benedito Paula Santos e Dur-
ters) e em 2009 para o portal de periódi-
val Prado.
cos da Coordenação de Aperfeiçoamento
Por seis anos a Revista de Ophthalmo-
de Pessoal de Nível Superior (CAPES), fun-
logia de São Paulo e os Arquivos Brasilei-
dação do Ministério da Educação.
ros de Oftalmogia foram editados conco-
mitantemente, em 1945 sofreram fusão
REVISTA DA SOCIEDADE BRASILEIRA
permanecendo o nome Arquivos Brasilei-
ros de Oftalmologia.
DE OFTALMOLOGIA (1942)
Com o prematuro falecimento de Wal- Segundo Abreu Fialho esta revista foi a
demar Belfort Mattos, passou a ser dirigi- continuidade dos Annaes de Oculística do
da pelo seu filho, Rubens Belfort Mattos Rio de Janeiro fundada em 1928.
e posteriormente por seu neto, Rubens Em 1942 a Revista Brasileira de Of-
Belfort Mattos Jr. talmologia foi fundada pelos Drs. Evaldo
Em 1977 os Arquivos Brasileiros de Of- Campos, Jonas de Arruda e Osvaldo Bar-
talmologia passaram a ser custeados pelo bosa. Dr. Evaldo Campos como proprie-
Conselho Brasileiro de Oftalmologia. A tário fez sua doação para a Sociedade
doação dos Arquivos Brasileiros de Oftal- Brasileira de Oftalmologia por meio de
mologia pela família Belfort, para o Con- escritura pública na gestão Marcello Mar-
selho Brasileiro de Oftalmologia, deu-se tins Ferreira (1964-1965).
em fevereiro de 2000 pelo representante De sua fundação até 1994 era editada
da família Prof. Rubens Belfort Mattos Jr. trimestralmente, a partir de 1995 passou a
Além da publicação impressa, em ou- ser mensal permanecendo assim até mar-
tubro de 1999 iniciou-se sua publicação ço de 2004. Passou a ser bimestral a partir
eletrônica, pelo SciELO. O ISSN eletrônico do volume maio-junho de 2004. Desde
foi obtido em 2004. a circulação do primeiro número até de-
Com o aprimoramento do nível cientí- zembro de 1989 a revista era impressa
fico dos artigos publicados pelo ABO ini- no sistema linotipo, passou em fevereiro
cialmente foram incluídos no LILACS (La- de 1990 a ser impressa em fotolito e com
120 tin American Literature in Health Sciences), novo formato, o americano.

CBO-2018 - Miolo.indd 120 29-10-2018 11:27:46


Desde seu primeiro número, em se- anuidade, fixada em 2 ORTNs (Obrigações

Periódicos e Revistas de Oftalmologia


tembro de 1942, foi editada ininterrupta- Reajustáveis do Tesouro Nacional) indexa-
mente até os dias de hoje. É enviada gra- dor utilizado na época em que a inflação
tuitamente para todas as bibliotecas das era superior a 10% ao mês. O boletim era
faculdades de medicina do Brasil e para os impresso no mimeógrafo da Sociedade
membros da sociedade. Brasileira de Oftalmologia e distribuído
pela Sudop/Varilux.
ANAIS DE OFTALMOLOGIA (1982) Os primeiros números do Boletim con-
tinuaram com esta estrutura rudimentar.
Periódico editado pela Associação Para-
Em seu primeiro ano de existência foram
naense de Oftalmologia (APO), iniciado
publicados seis números. Na última edi-
na primeira gestão Mauricio Brik em 1982,
ção do ano de 1986, ele recebeu o nome
permanecendo este como editor durante
de “Jota Zero”, em uma referência ao mi-
toda sua operacionalidade de quase uma
núsculo tamanho da letra utilizado, em
década. Tinha como objetivo veicular, por
referência à tabela para medição da acui-
meio de documentação impressa, confe-
dade visual de perto.
rências, palestras e trabalhos científicos
No ano de 1987 também foram publi-
apresentados e seus eventos.
cados seis números e, paulatinamente, o
boletim informativo foi ganhando mais
JORNAL BRASILEIRO DE páginas, embora ainda seja impresso em
OFTALMOLOGIA (1987) sistemas artesanais.
No início da gestão Flavio Rezende à fren- Em 1991, em sua 28a edição, Jota Zero
te da Sociedade Brasileira de Oftalmolo- passa a ser impresso em papel jornal, rota-
gia, 1987-1988, foi criado o Jornal Brasilei- tiva e tamanho tabloide. Ganha “cara” de
ro de Oftalmologia (JBO) com a finalidade jornal, maior número de páginas e algu-
de divulgar notícias e fatos políticos da es- mas seções fixas, como o Calendário Of-
pecialidade, bem com divulgar eventos de talmológico. Na 32a edição, julho de 1992,
natureza científica. Permanece sendo edi- aparece a primeira foto no Jota Zero, em
tada regularmente até hoje com frequên preto e branco, carregada nas tintas que
cia trimestral. torna quase irreconhecíveis os brasilei-
ros que ganharam prêmios no congresso
American Society of Cataract and Refrati-
JORNAL OFTALMOLÓGICO
ve Surgery (Walton Nosé, Renato Neves e
JOTA ZERO
Rubens Belfort Junior). Foi também nesta
Lançado no início do ano de 1986, o Bo- edição que o jornalista José Vital Monteiro
letim CBO era um despretensioso im- assumiu o cargo de editor da publicação.
presso de uma folha frente e verso com Ao longo do tempo, o Jota Zero passou
a composição da diretoria da entidade, por várias mudanças gráficas e editoriais,
data dos próximos congressos, notas so- das quais as mais importantes ocorreram
bre mudança do estatuto e a nova posi- na edição no 42, de maio-junho de 1994,
ção do conselho sobre a cirurgia da mio- com o início da impressão em cores (apro-
pia. Trazia também um apelo para que veitando o lançamento da primeira Cam-
os médicos realizassem o pagamento da panha Nacional de Reabilitação Visual 121

CBO-2018 - Miolo.indd 121 29-10-2018 11:27:46


do Idoso – Catarata – coordenada pelo OFTALMOLOGIA EM FOCO
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

CBO) e na edição no 93, janeiro fevereiro


Idealizada pelo então presidente da Socie-
de 2004, com o início da impressão no
dade Brasileira de Implantes Intraoculares
formato de revista (21 cm x 28 cm).
(SBII), Tadeu Cvintal, sendo compartilhada
Durante todos esses anos, manteve
com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Re-
sua periodicidade bimestral e sua pauta
frativa (SBCR). Pedro Paulo Fabri, atual Pre-
básica de publicação de notícias sobre ati-
sidente da Associação Brasileira de Catara-
vidades da diretoria, comissões e departa-
ta e Cirurgia Refrativa (ABCCR), sociedade
mentos do CBO, eventos oftalmológicos,
resultante da fusão da SBII com a SBCR, re-
campanhas de saúde ocular, atividades
lata que em 1990 o antigo boletim da So-
de destaque realizadas por médicos of-
ciedade Brasileira de Implantes Intraocula-
talmologistas, entrevistas com lideranças
res sofreu reformulação gráfica originando
médicas e oftalmológicas e sobre a situa-
a Oftalmologia em Foco, cujo objetivo era
ção da Especialidade e as perspectivas da
o de médicos escreverem como jornalistas.
profissão.
A editora chefe oftalmologista, Wendy Fal-
Ganhou versão digital em 2009, incor-
zoni, permaneceu por 18 anos. Possui três
porada ao site da entidade. A publicação
objetivos: Convidar grandes nomes para
digital passou por diversas modificações
redigirem artigos informativos sobre te-
e integra-se no sistema de comunicação
mas específicos, noticiar inovações da área
do CBO pela internet que envolve as re-
apresentadas especialmente nos congres-
des sociais Facebook, Twitter, Instagram,
sos internacionais e estimular os oftalmo-
Linkedin e Youtube e a revista eletrônica
logistas a incorporarem a redação de arti-
e-Oftalmo (a seguir), além do próprio site
gos e casos em suas rotinas.
da entidade.
Em 2016, na gestão Pedro Paulo Fabri
foi reformulada para os padrões interna-
REVISTA E-OFTALMO cionais, já como veículo oficial da ABCCR,
A e-Oftalmo é uma publicação científica ganhando nova apresentação e privile-
trimestral, bilíngue (português e inglês), giando em sua capa imagens científicas.
do Conselho Brasileiro de Oftalmologia A mudança gráfica veio acompanha-
(CBO), destinada a oftalmologistas e outros da de reformulação editorial, levando à
profissionais da saúde. Tem como objetivo publicação artigos de subespecialidades
publicar artigos de revisão da literatura, relacionadas com a catarata e com a re-
de atualização, opinião de especialistas, frativa, como córnea, glaucoma, retina e
perspectivas e discussões sobre as diversas superfície ocular. Uma equipe formada
áreas da Oftalmologia, utilizando para tal por mais de 20 jovens médicos, da mais
os diversos tipos de mídia digital existentes alta qualificação, entrou para dar suporte
(escrita em PDF/A, áudio em MP3 e vídeo à diretoria de Publicações da ABCCR.
em MP4). Indexadores: Google Scholar Cita- Também disponibilizada em site próprio:
tion, Scilit, Latindex, LivRe!, Diadorim. Todos www.oftalmologiaemfoco.com.br. Publicada
os artigos já são publicados com DOIs ati- em três idiomas: português, espanhol e in-
vos e em português, inglês e títulos e resu- glês, ampliando sua abrangência, a partir de
122 mos em espanhol. plataforma digital para o público global.

CBO-2018 - Miolo.indd 122 29-10-2018 11:27:46


UNIVERSO VISUAL ção, Qualidade, Finanças e Investimentos,

Periódicos e Revistas de Oftalmologia


Jurídico, Faturamento, Gestão Estratégi-
Revista de cunho informativo para oftal-
ca, Educação Do Paciente, Gestão em RH,
mologistas, em 2017 o Universo Visual
Atendimento e Marketing.
comemorou a 100a edição em 15 anos de
Seu público-alvo: Oftalmologistas e
atuação, possui atualmente tiragem de 16
administradores de clínicas oftalmoló-
mil exemplares impressos e distribuídos
gicas, como também todo o pessoal de
gratuitamente para todos os oftalmologis-
apoio a gestão em oftalmologia. A finali-
tas. Publicação independente, de grande
dade da Revista é manter todos os perso-
destaque e credibilidade no setor oftálmico
nagens envolvidos na gestão, atualizados
brasileiro, tem à frente Flavio Mendes Bitel-
com os processos, normatizações e meios
man como Publisher desde sua fundação.
de implementação.
Inicialmente tratava sobre Lentes de
Contato, pois era uma parceria com a SO-
BLEC, Paulo Dantas foi o primeiro editor REVISTA VEJA BEM – CONSELHO
clínico. Com o passar do tempo, passou a BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA
abordar todos os temas da Oftalmologia, Publicação do Conselho Brasileiro de Of-
e se ressalta a importância da diretoria da talmologia voltada exclusivamente para a
SOBLEC, na época comandada pelo Prof. educação dos pacientes. Pode ser encon-
Dr. Newton Kara José, que nos incentivou trada nas salas de espera dos consultórios
a tornarmos a Universo Visual uma revis- oftalmológicos por todo o País. Sua prin-
ta de Oftalmologia Geral. A seguir Ha- cipal mensagem nestes temos: Oftalmo-
milton Moreira tornou-se editor clínico, logista é o médico que cuida dos olhos.
na sequência Paulo Augusto de Arruda Somente ele tem o conhecimento e está
Mello contribuiu para o desenvolvimento habilitado para garantir a sua saúde ocular.
da revista. Seguiram-se outros colabora-
dores, dentre eles Jacó Lavinsky, Homero Colaboradores e fontes
Gusmão de Almeida, Marcos Ávila, Paulo
Revista Brazileira de Ophthalmologia, 1888
Schor, Remo Susanna Jr., Rubens Belfort
Diniz, J. SBO: Sociedade Brasileira de Of-
Jr., Wallace Chamon, dentre outros.
talmologia – 90 anos de história

SBAO EM REVISTA Annaes de Oculística do Rio de Janeiro


A SBAO em Revista – Gestão em Oftalmo- Diniz, J. SBO: Sociedade Brasileira de Oftal
logia, teve sua primeira publicação em ju- mologia – 90 anos de história
nho de 2010. Desde seu início conta com a
parceria da American Society of Ophthal- Revista de Ophthalmologia de São Paulo
mic Administrators (ASOA), que autorizou Revista da Sociedade Ophthalmologica de
que a cada edição da revista SBAO, um São Paulo
artigo da Adminstrative Eye Care, concei-
tuado periódico oficial ASOA, fosse repu- Arquivos Brasileiros de Oftalmologia
blicado em nosso meio. Rocha EM, Alves M, Furtado JM, Regatieri
Em 2018, já chegamos a 29 edições C. ABO: 80th anniversary. Arq Bras Oftal-
que falam sobre Tecnologia da Informa- mol. 2018; 81(1):V. 123

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Belfort Jr. 80 anos dos Arquivos Brasileiros Oftalmologia em FOCO
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

de Oftalmologia (ABO). Arq Bras Oftalmol. Pedro Paulo Fabri, Presidente da Associação
2018; 81(1):VII-VIII. Brasileira de Catarata e Cirurgia Refrativa
Bicas, HEA. The Arquivos Brasileiros de Of-
talmologia and I. Arq Bras Oftalmol. 2018; Jornal Oftalmológico Jota Zero
81(1):V. http://www.cbo.net.br/novo/classe-medi-
Anais do XIX Congresso Brasileiro de Of- ca/revista-jotazero.php
talmologia. 1977; 22-7.
Revista eOftalmo – Conselho Brasileiro
Revista da Sociedade Brasileira de Oftal- de Oftalmologia
mologia http://www.eoftalmo.cbo.com.br/
Diniz, J. SBO: Sociedade Brasileira de Of-
talmologia – 90 anos de história. Rio de Revista Veja Bem – Conselho Brasileiro
Janeiro; 2012 de Oftalmologia
http://www.cbo.net.br/novo/publico-ge-
Anais de Oftalmologia ral/vejabem.php
Associação Paranaense de Oftalmologia
SBAO em Revista
Universo Visual Paulo Fadel, Presidente da Sociedade Bra-
Flavio Bitelman sileira de Administração em Oftalmologia

124

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14 Série Oftalmologia Brasileira

A Série Oftalmologia Brasileira, coleção 6 mil páginas, reunidas em 17 volumes


de publicações que versam sobre todas e escritas por mais de 400 profissionais.
as subespecialidades da Oftalmologia foi É a maior obra da principal instituição
idealizada pelo Prof. Harley Bicas, então oftalmológica brasileira: Conselho Brasileiro
presidente do CBO em 2005; coube ao de Oftalmologia. Com um texto de fácil
Prof. Fernando Cesar Abib sua coorde- compreensão, os volumes são uma rica
nação, os temas e editores dos volumes fonte de consulta e a série representa
das ciências básicas e subespecialidade uma referência nacional para a prova de
foram definidos. Em 2007 com a presi- especialização.
dência do Dr. Hamilton Moreira a coor- Na iminência do esgotar da primeira
denação foi redirecionada ao Prof. Mil- edição, os autores foram convidados para
ton Ruiz Alves. executar revisão e atualização do conteú-
Foi concluída na presidência do Prof. do, mantendo o formato didático da obra,
Dr. Hamilton Moreira. Considerada impor- porém respeitando as suas características
tante marco na literatura oftalmológica, individuais.
não meramente pela sua abrangência, Veio a segunda edição com 18 vo-
mas pelo seu conteúdo. Havia naquele lumes. Seguiu-se a terceira edição com
momento a necessidade da existência de 19 volumes e, atualmente, encontra-se
uma obra de alto padrão capaz de ser a na quarta edição. Importante ressaltar o
base para a formação de jovens especia- empenho da Editora Cultura Médica capi-
listas e também útil na educação médica taneada pelo idealista do ensino médico
continuada. por livros, Sr. Ezequiel Feldmann.
O Brasil tem um conjunto de autores A Série Oftalmologia Brasileira, atu-
que se dedicam ao ensino e pesquisa. almente é a segunda maior coleção de
Ocupam lugar de destaque no cenário livros do mundo sobre a especialidade,
nacional e internacional. Elaboram publi- atrás apenas da americana.
cações, muito apreciadas pelas suas quali- Sua sua versão eletrônica está disponí-
dades, que são inseridas nos mais impor- vel no site do CBO para leitura e consulta.
tantes livros e revistas do mundo. Os volumes que compõem a quarta
A Coleção CBO – Série Brasileira de edição, com respectivos coordenadores,
Oftalmologia inicialmente com mais de encontram-se a seguir listados.

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Anatomia do Aparelho Visual Óptica, Refração e Visão Subnormal
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

■■ Adalmir Morterá Dantas ■■ Paulo Schor


■■ Ricardo Uras
Embriologia, Genética e Malformações ■■ Maria Aparecida Onuki Haddad
do Aparelho Visual
■■ Adalmir Morterá Dantas Estrabismo
■■ Juliana M. Ferraz Sallum ■■ Carlos Ramos de Souza Dias
■■ Harley Bicas
Fisiologia, Farmacologia e Patologia ■■ Henderson Celestino de Almeida
Ocular
■■ Adalmir Morterá Dantas Lentes de Contato
■■ Roberto L. Marback ■■ Adamo Lui Netto
■■ Acácio Alves de S. Lima Filho ■■ Cleusa Coral-Ghanem
■■ Paulo Ricardo de Oliveira
Semiologia Básica em Oftalmologia
■■ Carlos Augusto Moreira Cirurgia Refrativa
■■ Renato Ambrósio Junior
Doenças Externas Oculares e Córnea
■■ Wallace Chamon
■■ Ana Luisa Höfling-Lima
■■ Mauro Silveira de Queiroz Campos
■■ Maria Cristina N. Dantas
■■ Carlos Heler Ribeiro Diniz
■■ Milton Ruiz Alves

Uveítes
Glaucoma
■■ Fernando Oréfice
■■ Paulo Augusto de Arruda Mello
■■ Clovis Arcoverde Freitas Neto
■■ Remo Susanna Jr.
■■ Homero Gusmão de Almeida Órbita, Sistema Lacrimal e Oculoplástica
■■ José Vital Filho
Cristalino e Catarata
■■ Antonio A. Velasco e Cruz
■■ Carlos Eduardo L. Arieta
■■ Silvana A. Schellini
■■ Marco Antônio Rey de Faria
■■ Suzana Matayoshi
■■ Ana Rosa P. de Figueiredo
Retina e Vítreo
■■ Guilherme Herzog Neto
■■ Carlos Augusto Moreira Jr.
■■ Jacó Lavinsky
Banco de Olhos e Transplante de Cór-
■■ Marcos P. de Ávila nea
■■ Hamilton Moreira
Neuroftalmologia
■■ Luciene Barbosa de Sousa
■■ Mário Luiz Ribeiro Monteiro
■■ Elcio H. Sato
■■ Marco Antônio Rey de Faria

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Iatrogenias e Manifestações Oculares Metodologia Científica

Série Oftalmologia Brasileira


de Doenças Sistêmicas e Oncologia ■■ Harley Bicas
Ocular ■■ Maria de Lourdes V. Rodrigues
■■ Sergio Felberg
■■ Sérgio Kwitko Prova Nacional de Oftalmologia
■■ Paulo Elias C. Dantas ■■ Paulo Augusto de Arruda Mello
■■ Fernando Cesar Abib ■■ Marco Antônio Rey de Faria
■■ José Vital Filho
■■ José Wilson Cursino

127

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SEÇÃO
Escolas e Sociedades de
III Oftalmologia

15 Escolas de Oftalmologia e Especialização


16 Aspectos da História da Sociedade
Brasileira de Oftalmologia
17 Considerações sobre a História da
Oftalmologia nos Estados
18 Associações Estaduais de Oftalmologia
19 Sociedades de Subespecialidades de Oftalmologia

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Escolas de Oftalmologia e
15 Especialização

UNIVERSIDADE FEDERAL DO um projeto para a construção da Faculda-


RIO DE JANEIRO (UFRJ) de de Medicina. A localização escolhida
foi a Praia Vermelha, na Avenida Pasteur.
Adalmir Morterá Dantas
A Faculdade da Praia Vermelha era um
belo prédio. Com dois andares, tinha ins-
As origens da atual Faculdade de Medici-
talações adiantadas para a época. Anfite-
na Universidade Federal do Rio de Janeiro
atros com todo o conforto. Ótimos labo-
(UFRJ) remontam a 1808, quando ocorreu
ratórios. Boas instalações para os setores
um marco fundamental da história do Bra-
administrativos e uma magnífica sala de
sil: A migração da corte portuguesa para
congregação, onde eram realizadas todas
a sua colônia mais importante, em virtu-
as solenidades e concursos. Correndo por
de da invasão de Portugal pelas tropas de
toda a extensão do primeiro andar havia
Napoleão.
um corredor no qual estavam colocados
O príncipe regente D. João, propiciou
os retratos, em pintura a óleo, de todos os
ao país, em sua chegada, empreendimen-
catedráticos. Era uma galeria que, além de
tos de grande importância, como abertu-
contar parte da história da Faculdade, exi-
ra dos portos, o alvará permitindo a ins-
bia muito da história da pintura no Brasil.
talação local de indústrias, a fundação do
Os quadros destacavam-se, pendurados
Banco do Brasil, a criação do Jardim Bo-
no corredor, que, como todo o primeiro
tânico, de museus e bibliotecas e, como
andar tinha o pé-direito de 8 metros. To-
particularmente nos interessa, a fundação
dos que conheceram esta fantástica cole-
de duas escolas de medicina, origem das
ção temem pelo destino dos quadros de-
hoje consolidadas Faculdades de Medi-
pois de levados para o Centro de Ciências
cina da Universidade Federal da Bahia
da Saúde na Ilha do Fundão. Os prédios lá
(UFBA) e da UFRJ.
existentes, de baixo pé-direito, não ofere-
Em 1916, no governo do Presidente
cem a proteção nem o destaque merecido
Venceslau Brás foi, finalmente, aprovado
pelos quadros.
A construção deixara no centro um
*As informações contidas neste capítulo não cobrem
todas as atividades das escolas. Os autores reconhe- espaço octogonal onde existia agradável
cem que as informações foram coletadas dentro do pátio ajardinado, área de lazer e descan-
possível. Mais dados podem ser obtidos nos sites das
so. O prédio sofreu uma grande reforma e
instituições. Abrangem apenas algumas instituições
sem representar demérito para as ausentes. ficou, bem instalada e organizada, a pre-

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ciosa biblioteca. De 1918 a 1973, passa- ao Instituto Osvaldo Cruz, que consti-
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

ram pela Faculdade de Medicina da Praia tuiriam a Ilha da Cidade Universitária.


Vermelha milhares de alunos. Todos com Foram reunidas, por aterros, as ilhas do
ela estabeleciam profunda ligação afeti- Fundão, Baiacus, Cabras, Catalão, Pindaí
va e sempre se orgulharam do título de do Ferreira, Pindaí do França, Bom Jesus
Faculdade Nacional de Medicina, que se e Sapucaia. A área total resultante dessa
recusaram a abandonar mesmo quando reunião era de 4.500.000m2. A localiza-
a Universidade do Brasil recebeu a nova ção da cidade universitária nesse local foi
denominação Universidade Federal do Rio definida pelo Decreto-Lei 7.563 de 21 de
de Janeiro. Uma frase escrita no laborató- maio de 1945.
rio de Farmacologia pelo Professor Pedro A primeira construção terminada e
Pinto, sintetizava o que por ela sentiram inaugurada na futura Cidade Universitá-
todos os que por lá passaram: Ama esta ria foi uma unidade ligada à Faculdade
casa como se fora casa de teus pais. de Medicina: o Instituto de Puericultura e
A Universidade tanto desejada veio, Pediatria Martagão Gesteira. Sua constru-
finalmente, a ser fundada em 7 de setem- ção durou 4 anos, tendo sido inaugurado
bro de 1920, reunindo a Faculdade de Me- em 1953 pelo então Reitor Pedro Calmon.
dicina, de Direito e a Escola Politécnica do Permanecia a Faculdade de Medicina na
Largo de São Francisco. Recebeu o nome Praia Vermelha, enquanto na cidade uni-
de Universidade do Rio de Janeiro e seu versitária iam sendo consumidos e insta-
primeiro Reitor foi o Barão Ramiz Galvão, lados diversos Centros, como o Centro de
Médico, Professor da Faculdade de Me- Tecnologia, o Centro de Ciências Matemá-
dicina e Diretor da Instrução Pública. A ticas e da Natureza e a Faculdade de Ar-
universidade recebeu mais tarde as deno- quitetura. Esta última acabou por abrigar
minações Universidade do Brasil (1945) e, em seu primeiro andar a sede da reitoria
finalmente, Universidade Federal do Rio e o Conselho Universitário e no oitavo an-
de Janeiro (1965) que mantém até hoje. dar as sub-reitorias e setores administrati-
Porém, a Universidade continuava dis- vos da Universidade.
persa e persistia o desejo de construir As obras do Hospital Universitário e do
um campus que lhe desse corpo. Muitos Centro de Ciências da Saúde arrastavam-
projetos foram apresentados. Foram pro- se, lentamente, com dificuldade de verbas,
postas várias localizações, entre as quais até que no dia 20 de janeiro de 1970, o
podem ser citadas a Quinta da Boa Vista, Presidente Emílio Garrastazu Médici assi-
Vila Valqueire, Praia da Gávea, Niterói, os nou o Decreto 66.195, abrindo um crédito
arredores do Morro da Viúva em Botafo- especial de 23 milhões de cruzeiros para
go e até a lagoa Rodrigo de Freitas, num acabar a obra da Cidade Universitária na
projeto de construção sobre palafitas. É Ilha do Fundão.
difícil entender por que não foi retomada A mudança da Faculdade de Medicina
a ideia da construção na extensa área da para a Ilha do Fundão foi realizada em ja-
Praia Vermelha. neiro de 1973. Era então Diretor da Facul-
Finalmente, foi escolhida uma área dade de Medicina o Professor Lopes Pon-
constituída pela interligação de várias tes e do Instituto de Ciências Biomédicas,
132 ilhas da baía: de Guanabara, fronteiras o Professor Newton de Castro.

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Em março de 1973, foram iniciadas as Sua história está estreitamente ligada à

Escolas de Oftalmologia e Especialização


aulas do Instituto de Ciências Biomédicas, dos ilustres Professores Hilário Soares de
nas novas instalações do Centro de Ciên- Gouveia, José Antônio Abreu Fialho e seu
cia da Saúde na Ilha do Fundão. Em um filho Antônio de Abreu Fialho, Werther
dos blocos do prédio, alojaram-se as dire- Duque Estrada e Almiro Pinto de Azeredo,
torias de todas as unidades pertencentes cujas biografias encontram-se no Capítu-
ao Centro de Ciência da Saúde. lo 5, Biografia de Personagens Importantes
Finalmente, a realização do grande so- da Oftalmologia Brasileira.
nho. Em 1o de março de 1978, foi inaugura-
do o Hospital Universitário da UFRJ, sendo FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS
Presidente da República o General Ernesto DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO
Geisel, Reitor da Universidade o Professor
RIO DE JANEIRO (UERJ)
Luís Renato Caldas e Diretor da Faculdade
de Medicina o Professor Clementino Fraga Luiz Fernando Regis-Pacheco
Ricardo Lima de Almeida Neves
Filho. Era atendido o anseio de gerações
de professores e estudantes que, durante
quase dois séculos esperavam não só pela Este histórico da Disciplina de Oftalmolo-
sede própria como pelo seu indispensável gia da Faculdade de Ciências Médicas da
complemento – o Hospital Universitário. Universidade do Estado do Rio de Janeiro
O hospital recebeu, mais tarde, a deno- (UERJ) foi redigido pelos Professores Luiz
minação Hospital Clementino Fraga Filho. F. Regis-Pacheco e Ricardo Lima de Almei-
As enfermarias da Santa Casa da Miseri- da Neves, em homenagem ao Professor Dr.
córdia que durante tantos anos serviram Werther Duque Estrada (1912-2001) com
ao ensino da Faculdade e às quais todos informações obtidas em seu curriculum vi-
os médicos devem ser gratos, foram ocu- tae e Academia Nacional de Medicina.
padas por outras escolas particulares. Na A Cátedra de Oftalmologia da Faculda-
Avenida Venceslau Brás permaneceram os de de Ciências Médicas da Universidade
Institutos de Neurologia e Psiquiatria, re- do Distrito Federal, depois Universidade
centemente tombados, evitando que com do Rio de Janeiro, posteriormente Uni-
eles acontecesse o que aconteceu com o versidade do Estado da Guanabara (UEG),
antigo prédio da Faculdade. atualmente Universidade do Estado do Rio
Terminava a busca pela sede própria. de Janeiro (UERJ), foi inaugurada no ano
Aos que ocupam a sede definitiva da Fa- de 1941, com a posse do Professor Cate-
culdade e se utilizam de seu magnífico drático Dr. Linneu Silva, que se transferira
hospital cabe honrar a tradição daquela de Belo Horizonte, Minas Gerais, a convite
que já foi a Faculdade Nacional de Medi- do Diretor da Faculdade de Ciências Mé-
cina. dicas, Professor Rolando Monteiro, onde
A oftalmologia foi, nas primeiras déca- exercera a Cátedra da Clínica de Otorrino-
das do século XIX, da mesma forma que laringologia e Oftalmologia, desde 1927,
na época colonial, apanágio aos cirurgiões da Faculdade de Medicina da Universida-
aprovados, que realizavam operações de de Federal de Minas Gerais (UFMG).
catarata, de fístula lacrimal e de enuclea- Com o falecimento do Professor Linneu
ção do globo ocular. Silva, em 1954, foi nomeado, neste mesmo 133

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ano, mediante concurso de títulos, para No ano de 1965, O Hospital Pedro Er-
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

exercer a Cátedra de Oftalmologia, o Pro- nesto foi incorporado à UEG como Hospi-
fessor Werther Duque Estrada, que a regeu tal das Clínicas e a partir do ano de 1975
interinamente até julho de 1955. Nesta passou a se chamar Hospital Universitário
data, a ela foi reconduzido, uma vez apro- Pedro Ernesto (HUPE).
vado no Concurso de Títulos, Trabalhos Com a dotação de um hospital próprio
e Provas para a Docência-Livre da Clínica para a Faculdade de Ciências Médicas,
Oftalmológica da Faculdade de Ciências coube ao Professor Duque Estrada organi-
Médicas, da Universidade do Distrito Fede- zar o novo serviço, sendo de extrema valia
ral, quando defendeu a tese “Ora Serrata a oferta que lhe fez o Governo de Sua Ma-
Retinae. Contribuição ao Estudo Anátomo- jestade Britânica, por intermédio do seu
Patológico da Periferia da Retina”. Embaixador Sir Leslie Fry.
Em março de 1956, após concurso de No ano de 1967, foi aprovado em Con-
Títulos, Trabalhos e Provas para a Cátedra curso de Títulos, Trabalhos e Provas para a
de Clínica Oftalmológica, o Professor Wer- Docência-Livre de Oftalmologia o Profes-
ther Duque Estrada tomou posse como sor Afonso Fatorelli, com a tese “Catarata
Professor Catedrático daquela Faculdade, na Criança e no Jovem. Contribuição ao
quando defendeu a tese “Incisões e Sutu- Estudo Clínico-Cirúrgico”.
ras na Operação da Catarata”. Nesta época o corpo docente era
Como ainda não dispusesse a Facul- constituído pelos Drs. Afonso Fatorelli, Ar-
dade de Ciência Médicas de um Hospital geu Barbieri, Eloy Pereira (Chefe de Clíni-
de Clínicas, as aulas eram realizadas na 1a ca), Luiz Eurico Ferreira, Marcello Martins
Enfermaria da Santa Casa de Misericórdia Ferreira, Paulo Nei Viana, Ricardo Lúcio de
do Rio de Janeiro. Souza, Ronald Galvarro Vianna, e Rosuel
No ano de 1957, as atividades docen- Zaidan. Posteriormente, juntou-se ao gru-
tes da Cátedra de Oftalmologia da Facul- po o Dr. Carlúcio Andrade.
dade de Ciências Médicas passaram para No início do ano de 1975 passaram a
o Hospital da Cruz Vermelha Brasileira, na integrar a Disciplina de Oftalmologia os
Lapa, centro da cidade do Rio de Janeiro. Drs. Luiz Fernando Regis-Pacheco, João
Nesse mesmo ano, foi aprovado em Gabriel Cordeiro Costa, e Rubeval Souza
Concurso de Títulos, Trabalhos e Provas, de Araújo. Posteriormente, em anos sub-
para a Docência-Livre de Oftalmologia da sequentes, foram admitidos os Drs. Sérgio
Faculdade de Ciências Médicas, da Uni- Guedes de Araújo, Maria Elisa Katayama, e
versidade do Distrito Federal, o Professor Ricardo Lima de Almeida Neves.
Luiz Eurico Ferreira, com a tese “Cirurgia No início daquele mesmo ano, a Dis-
do Claucoma Primário”. ciplina de Oftalmologia recebeu o legado
No ano de 1962, a UEG recebeu do Go- que fizeram August e Else Lohnstein, que
verno do Estado da Guanabara, por meio possibilitou a ampliação e aparelhamento
do governador Carlos Lacerda, o Hospi- do ambulatório de oftalmologia, que se
tal Pedro Ernesto, tornando-se Hospital- mudava para novo prédio.
Escola da Faculdade de Ciências Médicas, Em 1983, com a aposentadoria do Pro-
localizado à Avenida Vinte e Oito de Se- fessor Werther Duque Estrada assumiu a
134 tembro, Vila Isabel. chefia o Prof. Dr. Luiz Eurico Ferreira, uma

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vez aprovado no concurso para Professor Neves – Professor-Assistente; e Sergio

Escolas de Oftalmologia e Especialização


Auxiliar de Oftalmologia. Neste concurso, Guedes de Araújo – Professor-Assistente.
realizado em duas fases, passaram para a Após o concurso, em 1995, o Professor
segunda fase os Drs. Luiz Eurico Ferreira, Riuitiro Yamane passou a integrar o corpo
Roseana Greco Gonçalves, e Luiz Santiago docente da Disciplina de Oftalmologia.
Gerscovich. Compunham ainda o Corpo Clínico os
No ano de 1990, foi aprovado em Con- Doutores Maria Teresa de Andrade Silvei-
curso de Títulos, Trabalhos e Provas para ra, Márcia Brazuna de Castro, Marco An-
a Docência-Livre de Oftalmologia o Pro- dré Cruz Gomes, Marisa Florence e Yeda
fessor João Gabriel Cordeiro Costa, que já Maceira de Almeida Neves.
fazia parte do corpo docente do Serviço Em 2010 foram aprovados em con-
desde 1975. curso público para médico do Hospital
A partir do novo estatuto da Universi- Universitário Pedro Ernesto, os Drs. Flávio
dade, que exigia que o Chefe de Serviço MacCord, Laura Mello e Márcia Brazuna,
e Coordenador de Disciplina fosse eleito para o setor de retina, e os Drs. Luiz Paulo
entre seus pares, a cada dois anos, com Lázaro, Jr., Lucas Vianna, e Mário Araújo,
direito a apenas uma reeleição, vários do- para o setor de catarata.
centes, Ricardo Lúcio de Souza, João Ga- No final do ano de 2017 foram inaugu-
briel Cordeiro Costa, Ricardo Lima de Al- radas as novas instalações do Centro de
meida Neves, Sérgio Guedes de Araújo, e Diagnóstico Ocular, em homenagem ao
Riuitiro Yamane (após sua aprovação em Prof. Dr. Luiz Fernando Regis-Pacheco, e
Concurso para Professor Titular, em 1995) novo Centro Cirúrgico, exclusivo da Disci-
exerceram a Coordenadoria da Disciplina plina de Oftalmologia, em homenagem ao
de Oftalmologia, método que permanece Prof. Dr. Werther Duque Estrada.
até os dias atuais. Atualmente, coordena a Disciplina de
No ano de 1995, aberto o Concurso Oftalmologia o Dr. Ricardo Lima de Almei-
de Títulos, Trabalhos e Provas para Profes- da Neves.
sor Titular da Disciplina de Oftalmologia, Agradecimentos à Sra. Solange Floren-
inscreveram-se os candidatos: Professores ce e Dra. Maria Teresa de Andrade Silveira,
Riuitiro Yamane, da Universidade Federal pela revisão do texto.
Fluminense (UFF); Luiz Fernando Regis-
Pacheco, da UERJ e Eliezer Israel Benchi-
UNIVERSIDADE FEDERAL
mol, da UFRJ. Foi colocado em primeiro
FLUMINENSE (UFF)
lugar o Professor Riuitiro Yamane, que to-
mou posse no final do mesmo ano. Marcelo Palis Ventura
Naquela época a Disciplina de Oftal-
mologia contava com sete docentes: os Em 1925, os médicos Antônio Pedro Pi-
Professores João Gabriel Cordeiro Costa mentel e Sena Campos, aliados a dois
– Professor Adjunto e Docente-Livre; José grupos de médicos do Rio de Janeiro e de
Edmar Gonçalves – Professor Auxiliar; Luiz Niterói, fundaram, a 25 de junho, a “Facul-
F. Regis-Pacheco – Professor Adjunto e dade Fluminense de Medicina”. O suces-
Docente-Livre; Maria Elisa Katayama – Pro- so da iniciativa foi decorrente em grande
fessora Adjunta; Ricardo Lima de Almeida parte, do apoio que o então Presidente do 135

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Estado do Rio de Janeiro Abreu Sodré deu ■■ Professores Adjuntos: Henri Wadih Curi,
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

à iniciativa (antes da Revolução de 1930 os regente da disciplina, Eduardo de Fran-


Governadores dos Estados chamavam-se ça Damasceno, Mauricio Bastos Pereira
também Presidentes). e Luiz Claudio Santos de Souza Lima.
Antônio de Barros Terra considerado
o consolidador da Faculdade de Medici- UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO
na foi sucessivamente reeleito Diretor da
PAULO (UNIFESP)
Faculdade de 1932 até o ano de 1945. Sua
primeira grande iniciativa foi a reunião do Paulo Augusto de Arruda Mello
“Gabinete Radiológico” e dos seis ambu-
latórios então existentes (Oftalmologia, A Escola Paulista de Medicina (EPM) foi a
Otorrinolaringologia, Pediatria, Clínica 11a a ser criada no país; seu Manifesto de
Médica, Ginecologia e Urologia) com a Fundação foi publicado em 1o de junho de
Clínica Odontológica, para formar a Poli- 1933. Instalou-se em sede definitiva à Rua
clínica da Faculdade de Medicina. Botucatu em 30 de setembro de 1936 e
Entre 1949 e 1950, a Faculdade lutou inaugurou o Pavilhão Maria Thereza em
muito pela sua federalização. A federali- 19 de junho de 1937. Foi reconhecida ofi-
zação da Faculdade deu-se finalmente em cialmente em 31 de maio de 1938 e a fe-
dezembro de 1950, na administração de deralização da Escola ocorreu pelo Decre-
Parreiras Horta, em decorrência da perse- to Presidencial de 21 de janeiro de 1956.
verança de diretores e docentes interessa- O serviço de Oftalmologia da Escola
dos, após longas negociações políticas nos Paulista de Medicina iniciou seus traba-
ministérios e na Câmara dos Deputados.
lhos assistenciais e de pesquisas em 1937,
A Lei 3.848, de 18 de dezembro de
mesmo antes de a primeira turma desta
1960, criou, com a incorporação das Fa-
Escola, fundada em 1933, atingir a sexta
culdades de Direito, Medicina, Farmácia,
série. Seu primeiro catedrático foi o Prof.
Odontologia, Medicina Veterinária, Filoso-
Moacyr E. Álvaro, que em 1942 fundou o
fia, Ciências Econômicas, Engenharia, En-
Centro de Estudos em Oftalmologia que
fermagem, e da Escola de Serviço Social,
uma nova instituição de ensino, a Univer- leva o seu nome. Em 1945 instituiu os pri-
sidade Federal do Estado do Rio de Janei- meiros cursos de especialização em oftal-
ro (UFERJ). A Lei 4.831 de 5 de novembro mologia e em 1947 o primeiro Curso de
de 1965 alterou-lhe a denominação, que Ortóptica no Brasil. Permaneceu como
passou a ser Universidade Federal Flumi- Professor até 1957 quando prematura-
nense (UFF). mente veio a falecer (ver Capítulo 9, Breve
A cronologia dos docentes segue hie- Biografias dos Presidentes do CBO).
rarquicamente a seguir: Seu substituto na Disciplina de Oftal-
■■ Professores Titulares: Paulo Pimentel, mologia foi o Prof. Dr. Renato de Toledo
Adalmir Morterá Dantas, Renato Luiz o qual cuidou da estruturação em Seções
Nahoum Curi, Guilherme Herzog Neto Especializadas por onde os residentes e
e Marcelo Palis Ventura. pós-graduandos pudessem estagiar. O
■■ Professores-Associados: Raul Nunes quadro de Professores da Disciplina na
Galvarro Vianna, Helena Parente Solari época era composto por Renato de To-
136 e Roberto Sebastiá Peixoto. ledo como titular, Rubens Belfort Mattos,

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José Belmiro de Castro Moreira, Paulo Bei, forma que o aluno pudesse ter apropria-

Escolas de Oftalmologia e Especialização


Milton Correa Meyer como adjuntos, José do conhecimento teórico de oftalmologia,
Carlos Reys e Ricardo Uras como assis- capacidade de aplicá-lo na prática médica
tentes, Rubens Belfort Jr. como auxiliar de com responsabilidade social; desenvolver
ensino e Ernesto Consoni como colabora- no jovem médico o interesse em atualizar
dor, além das ortoptistas Alexina Ferreira, seus conhecimentos e a capacidade de criar
Dalel Haddad, Maria Cecília Lapa da Silva, novos e melhores métodos propedêuticos
Doris Blay e Sueli Muller. e terapêuticos; capacitá-lo para comuni-
A Disciplina sempre contou com a cação com o paciente dentro de conduta
colaboração de profissionais voluntários ética e alto senso de profissionalismo; apri-
e destacamos aqui o saudoso Prof. José morar o espírito crítico com entendimento
Carlos Gouvêa Pacheco, responsável pelo real do que é metodologia científica.
estágio em oncologia ocular, uma vez que Para cumprir esses objetivos o De-
era Chefe da Clínica Oftalmológica do partamento de Oftalmologia e Ciências
Hospital A. C. Camargo da Fundação An- Visuais da Escola Paulista de Medicina
tonio Prudente. estruturou-se com trinta e cinco setores,
Outros Professores contribuíram gran- que além dos clássicos, como por exem-
demente na formação do nosso hoje De- plo, Retina, Glaucoma, Motilidade Ocular,
partamento de Oftalmologia: Alexandre Óptica Cirúrgica, também tem setores de
Tena Almada, Hamleto Emílio Molinari, inovação (Bioengenharia ocular – células-
José Ricardo Carvalho de Lima Rehder, e tronco, Pesquisa Clínica, Centro de Treina-
Mariza Toledo de Abreu. mento de Pesquisa Cirúrgica).
Em 1979 o Prof. Dr. Renato de Toledo No início da Residência os médicos fo-
transformou o Curso em Residência Mé- ram e são apresentados à especialidade
dica com a participação dos Professores com um Curso Básico intensivo e poste-
Rubens Belfort Mattos, José Belmiro de riormente participam do Programa Avan-
Castro Moreira, Paulo Bei, Milton Correa çado de Ensino Teórico da Oftalmologia
Meyer e como adjuntos, José Carlos Reys (PAETO). São aulas que fazem parte da
e Ricardo Uras. grade das atividades obrigatórias. A cada
Em 1990 os docentes da Residência período estipulado pelos preceptores, um
fundaram o Instituto Paulista de Estudos setor é convocado para ministrar aulas
e Pesquisas em Oftalmologia (IPEPO), com temas atuais.
entidade sem fins lucrativos, de caráter Anualmente os Residentes participam
filantrópico que presta serviços médicos do Simpósio do Departamento (SIMASP)
e cirúrgicos em projetos assistenciais e que reúne aproximadamente 2.500 pro-
didáticos com a missão de promover, de fissionais e do Research Days, onde há
modo sustentável e inovador, a gestão apresentação de trabalhos desenvolvidos
de recursos, apoiando o ensino, pesquisa no Departamento com discussão de Pro-
e assistência oftalmológica do Departa- fessores convidados do exterior.
mento de Oftalmologia do Hospital São Os alunos semanalmente têm oportu-
Paulo e da Escola Paulista de Medicina. nidade de frequentar as reuniões clínicas
Os objetivos da Residência sempre dos setores e o Grand Round onde parti-
foram: o ensino da especialidade, de tal cipam várias outras instituições de ensino. 137

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As atividades dos residentes eram de- Residência têm frequentemente recebi-
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

senvolvidas somente nos ambulatórios do do o Prêmio de Melhor Coordenador do


Hospital São Paulo. Atualmente também Brasil.
participam do processo outros Centros A procura pelo Programa de Residên-
Médicos conveniados. cia em Oftalmologia do Departamento de
O Departamento desenvolveu convê- Oftalmologia e Ciências Visuais da Escola
nios com Instituições de Ensino do exte- Paulista de Medicina tem sido muito gran-
rior que proporcionam intercâmbios de de e os candidatos eleitos obtêm tradicio-
residentes e discussões de caso on-line nalmente as maiores notas no Concurso
(teleconferências). elaborado pela Comissão de Residência
Os residentes têm oportunidade de Médica da Universidade
acompanhar trabalhos comunitários de A cronologia dos recentes docentes
atendimento à população menos privile- segue hierarquicamente:
giada do Brasil, bem como acompanhar ■■ Professores Titulares: Ana Luisa Ho-
as atividades do setor de Pesquisa Clínica fling, Rubens Belfort Jr., Paulo Augusto
que em parceria com as mais conceitua- de Arruda Mello, Solange Rios Salo-
das Instituições de todo o mundo desen- mão.
volve e lidera mais de 80 protocolos de ■■ Professores-Associados: Adriana Bere-
pesquisa clínica e cirúrgica para desenvol- zovsky e Michel Eid Farah.
vimento e aprovação de novas terapias e ■■ Professores Adjuntos: Augusto Para-
medicamentos. nhos Jr., Cristina Muccioli, Denise de
Com o passar dos anos os jovens fo- Freitas, José Álvaro Pereira Gomes,
ram desenvolvendo atividades em con-
Maria Cecília Saccomani Lapa, Mauro
junto com pós-graduando stricto sensu. O
S. de Queiroz Campos, Norma Alle-
curso de pós-graduação mantém a lide-
mann, Paula Yuri Sacai Munhoz, Pe-
rança em todo o Brasil no conhecimento
dro Paulo de Oliveira Bonomo, Paulo
dos processos da visão e da oftalmologia
Schor, Wallace Chamon A. de Oliveira
de forma abrangente e multidisciplinar.
e Walton Nosé.
Envolve médicos, tecnólogos, psicólogos,
biólogos, enfermeiros, veterinários e ou-
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
tros profissionais de atividades da saúde
(USP) – SÃO PAULO
ocular e visual. Há vários anos têm man-
tido a maior nota CAPES do país na sua A Faculdade de Medicina e Cirurgia de
área, formando Professores e Pesquisa- São Paulo foi criada em 1912, e no perío-
dores. do de 1916 a 1946 funcionou na Santa
O Centro de Estudos Moacyr Álvaro Casa de Misericórdia de São Paulo.
realiza cursos complementares para a for- Em 1947 a escola mudou-se para o
mação dos Residentes, além de disponibi- Hospital das Clínicas já com o nome de
lizar a sua biblioteca. Faculdade de Medicina da Universidade
Nas avaliações dos jovens oftalmolo- de São Paulo.
gistas, realizadas pelo Conselho Brasilei- Em 1916 tomou posse seu primeiro
ro de Oftalmologia, os Residentes têm Professor Catedrático, João Paulo da Cruz
138 as maiores notas e os Supervisores da Britto. Assistentes os Professores: José Pe-

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reira Gomes, Jacques Tupinambá e Moacyr culdade de Ciências Médicas da Universi-

Escolas de Oftalmologia e Especialização


Eyck Álvaro. dade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Em 1932, os Professores José Perei- 1981 – Professores Carlos Alberto Rodri-
ra Gomes e Jacques Tupinambá pediram gues Alves e Alberto Jorge Betinjane
demissão sendo substituídos pelos Pro- 1982 – Professores Suel Abujamra e Hi-
fessores Durval Prado e Cyro de Barros sashi Suzuki.
Rezende. O Professor Moacyr Eyck Álvaro 1991 – Professor Remo Susanna Junior.
pediu demissão para assumir a Cátedra da 1994 – Professor Roberto Freire Santiago
Escola Paulista de Medicina. Malta.
Em 1932 foi contratado o Profes
1995 – Professor Milton Ruiz Alves.
sor Paulo Braga de Magalhães. O Profes-
1997 – Professores Mário Luiz Ribeiro
sor Plínio de Toledo Piza substitui o Pro-
Monteiro e Samir Jacob Bechara.
fessor Durval Prado.
2001 – Professor Vital Paulino Costa.
Em 1938 o Professor Cyro de Barros
2007 – Professor Newton Kara José Júnior.
Rezende tornou-se Livre Docente com a
2009 – Professora Suzana Matayoshi.
tese ”Do emprego de córnea de cadáver
na queratoplastia”. Foi assim o pioneiro de 2010 – Professor Walter Yukihiko Takahashi.
transplante de córnea no Brasil.
Em 1947 faleceu o Professor João Pau- Em 1983 com a aposentadoria do Pro-
lo da Cruz, após concurso para preenchi- fessor Paulo Braga de Magalhães e após
mento da vaga o Professor Cyro de Barros concurso foi indicado e tomou posse o
Rezende tomou posse. Professor Jorge Alberto Fonseca Caldeira.
Foram criados os Serviços de Órbita, Uveí-
Livre-Docente te, Plástica Ocular e Anatomia Patológica,
1940 – Professores Benedito de Paula San- ao lado dos já existentes de Motilidade
tos Filho e Durval Prado. Extrínseca, Glaucoma, Retina, Doenças Ex-
1948 – Professor José Mendonça de Bar- ternas, Biopatologia-Imunologia e Emer-
ros. gências.
1951 – Professor Paulo Braga de Maga- 1997 – Com a aposentadoria do Pro-
lhães. fessor Titular Jorge Alberto Fonseca Cal-
1954 – Professores Plínio de Toledo Piza e deira, foi aberto concurso vencido pelo
Jorge Cavalheiro Willmersdorff. Professor Newton Kara José, que tomou
1955 – Professor Antonio Augusto de Al- posse em 1998.
meida. 1998-2008 – O comando da Disciplina
1962 – Professor Cyro de Barros Rezende esteve a cargo do Professor Newton Kara
faleceu e após concurso o lugar de Profes- José. Os novos tempos pelos quais passa-
sor Catedrático foi ocupado pelo Profes- va o país vinham a exigir certa adequação
sor Paulo Braga de Magalhães. de rumos, assim como um maior engaja-
1964 – Professor Celso Antonio de Carvalho. mento da função social da Universidade.
1965 – Professores Jorge Alberto Fonseca Assim é que, desde sua posse, tem-se
Caldeira e Sérgio Lustosa da Cunha. procurado alicerçar seus pontos de apoio
1977 – Professor Newton Kara José foi com base em um tripé que engloba en-
contratado como Professor Titular da Fa- sino, pesquisa e atuação na comunidade. 139

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Desta forma, ampliou as vagas de Re- Regente da Disciplina de Clínica Oftalmo-
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

sidência, de 5 para 14 e criou o Centro lógica.


Cirúrgico Ambulatorial, de modo que foi 2009 – Após concurso, o Professor
possível aumentar o número de cirurgias Remo Susanna Junior tomou posse como
de catarata, que passam de 50 para 430 Professor Titular.
mensais. Em termos de faturamento men-
sal tornou-se a Divisão com maior recita Livre-Docente
do H.C. 2009 – Professora Suzana Matayoshi
A Pós-Graduação, sob a chefia do Pro- 2010 – Professor Walter Yukihiko Takahashi.
fessor Carlos Alberto Rodrigues Alves, 2010 – Após Concurso tomou posse como
tomou caráter nacional, com o ingresso Professora Associada a Professora Suzana
de colegas desde o Amazonas até o Rio Matayoshi em seguida os Professores Mil-
Grande do Sul e com o aumento no nú- ton Ruiz Alves e Walter Yukihiko Takahashi
mero de vagas, de 8 para 44. 2011 – Submeteu-se a Concurso de Pro-
Foram instituídos os mutirões para fessor-Associado S-3 da Disciplina de
diagnóstico e tratamento da catarata, Oftalmologia – Prof. Dr. Walter Yukihiko
que ganharam repercussão nacional, bem Takahashi assumindo em 2012.
como os de saúde ocular. Estes últimos
têm por finalidade detectar e corrigir defi-
Graduação
ciências visuais em crianças. Muitas vezes,
A Disciplina de Clínica Oftalmológica para
a simples prescrição de óculos, que resul-
os alunos da FMUSP é ministrada duas
ta em visão melhor, pode significar a dife-
vezes por ano, no 1o semestre e no 2o se-
rença entre a exclusão social e uma vida
mestre.
produtiva.
Este início do século XXI impõe novos Esse curso tem como objetivo a orien-
desafios ao médico oftalmologista. Não tação para a formação oftalmológica do
há mais dúvida que o profissional deve ir clínico geral.
ao encontro dos anseios que a Sociedade
espera e aguarda. Este texto contém in- Pós-Graduação (lato sensu)
formações extraídas do artigo “História do A residência de oftalmologia da USP é das
Departamento de Oftalmologia e Otorri- mais tradicionais do Brasil. Durante muitos
nolaringologia da FMUSP” escrito por Vai- anos teve cinco alunos por ano em 2008 pas-
dergorn PG, Kara-José N, Miniti A, Bento sou para dez em seguida passou para cator-
RF, Butugan O. publicado na Rev. Med. ze por ano. Hoje, em número, é o maior ser-
São Paulo (81) especial: 28-33 – novem- viço do Brasil. Concomitantemente a clínica
bro 2002. foi se adequando para manter uma melhora
Os Professores-Associados Celso An- de sua produção em assistência, pesquisa
tonio de Carvalho e Sérgio Lustosa da e ensino. O sucesso dessa missão pode ser
Cunha aposentaram-se em 1998 e 1999, constatado pela grande procura por candi-
respectivamente. datos e pela posição de destaque na avalia-
O Professor Newton Kara José aposen- ção da Prova CBO para obtenção do Título
tou-se em 2008. O Departamento indicou de Especialista. Nos anos de 2014 e 2018
140 o Prof. Dr. Alberto Jorge Betinjane para obteve a melhor nota média nacional. O

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primeiro preceptor foi o Professor Newton No período de 2008 a 2012 concluíram

Escolas de Oftalmologia e Especialização


Kara José, que havia chegado recentemente o curso 144 alunos, e outros 27 estão re-
dos EUA e exercendo o cargo durante os gularmente matriculados.
anos de 1970 e 1971. Anualmente são con- Após o término da residência, é ofere-
tratados três ex-residentes para atuarem em cido àqueles que desejam se aprofundar
regime de tempo integral como precepto- em uma subespecialidade um “Estágio de
res dos residentes. O coordenador atual do Complementação Especializada”, com a
Curso é o Professor Milton Ruiz Alves. duração de três anos. A par disto a Clínica
O treinamento dos residentes é feito Oftalmológica oferece estágios para “Mé-
em ambulatório e centro cirúrgico e tam- dico Colaborador” e para “Médico Pesqui-
bém nas seções de subespecialidades, a sador”, com a duração de um ano. Final-
saber, glaucoma, motilidade extrínseca, mente, para aquele desejando atualizar-se
em determinado aspecto da Especialidade,
retina, vítreo, uveíte, plástica ocular, doen-
há a possibilidade de permanecer durante
ças externas, órbita, anatomia patológi-
três meses como “Médico Observador”.
ca, catarata, visão subnormal e exames
complementares. A clínica dispõe de um
Laboratório Experimental (LIM 33), funcio-
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
nando no prédio da Faculdade de Medici- (USP) – RIBEIRÃO PRETO
na, onde há facilidades para pesquisa em Maria de Lourdes Veronese Rodrigues
animais. Rogério Mazzucato Castania
A clínica conta ainda com suporte de Eduardo Melani Rocha

uma biblioteca com cerca de 3.000 volu-


mes e das mais destacadas revistas na- As demandas da sociedade civil do in-
cionais e internacionais de oftalmologia. terior do Estado de São Paulo, na se-
A Biblioteca recebeu, como doação, as gunda metade da década de 1940, in
cluíam a criação de Faculdades em locais
bibliotecas particulares dos Professores
mais distantes da Capital, para viabilizar o
João Paulo da Cruz Britto e Cyro de Barros
acesso de seus filhos à educação superior.
Rezende.
Por outro lado, os administradores de
algumas cidades, como Ribeirão Preto, sa-
Pós-Graduação (stricto sensu)
biam que uma nova Faculdade traria van-
Até o fim da década de 1960 o Doutora- tagens culturais e econômicas para o Mu-
mento era obtido pela apresentação de um nicípio e o Centro Médico local via uma
trabalho, dito Tese, junto a uma Faculdade oportunidade de atualização e progresso
e submetido a aprovação de uma banca. da Medicina oferecida à população.
Na oftalmologia da USP vários colegas se Na Universidade de São Paulo existiam
inscreveram, dentro desse regulamento e Livre-Docentes aguardando oportunida-
defenderam sua tese nos anos seguintes. des de ingresso na carreira universitária,
A seguir a CAPES determinou nova mas não havia consenso na Universidade
regulamentação para a pós-graduação de São Paulo (USP) sobre a adequação da
stricto sensu, que na oftalmologia da USP criação de uma Faculdade de Medicina no
ocorre apenas no nível de doutorado. interior. 141

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A aprovação da estrutura curricular nistradas pelo oftalmologista Plínio Uchoa,
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

pelo Conselho Universitário da USP ocor- que também recebia pequenos grupos de
reu em 1951 e no final do mesmo ano o alunos para atividades práticas na Santa
funcionamento da FMRP foi autorizado Casa de Misericórdia de Ribeirão Preto.4
pelo Governo do Estado e Zeferino Vaz foi Mas a busca por um organizador do
indicado para ser o primeiro Diretor.1,3 Em Ensino de Oftalmologia era contínua e o
poucos meses a administração da nova evento que propiciou o contato de Zefe-
Escola estava organizada, viabilizando a rino Vaz com Almiro Azeredo foi o I Con-
realização do primeiro vestibular e a aula gresso da Associação Médica Brasileira
inaugural aconteceu em maio de 1952.3 (AMB), realizado em Ribeirão Preto em
Zeferino Vaz era empreendedor, dinâ- 1956. Segundo Hilton Rocha:
mico e conhecia as tendências do Ensino Os médicos do Brasil sabem-no e
da Medicina. O padrão-ouro da época principalmente sentem e reconhecem
que a Faculdade de Medicina de Ribei-
era o modelo Flexneriano, que também
rão Preto foi uma espécie de clarinada,
era o recomendado pela Fundação Rock-
que serviu para reunir céleres todos os
feller, principal fonte de apoio financeiro que, cogitando da melhoria do ensino
nos primórdios da FMRP. Assim, o tem- médico nacional, viram a possibilidade
po integral para os docentes, a existência de se concretizarem os seus projetos,
de um ciclo básico e um ciclo clínico, a suas convicções e seu ideal.5
superespecialização e a importância da
tecnologia e da pesquisa, foram consi- Como Membro da Diretoria do Centro
derados na elaboração da estrutura cur- de Estudos do Hospital dos Servidores do
ricular. Mas, no Projeto da FMRP, foram Estado do Rio de Janeiro, Almiro Azeredo
considerados, também, outros fatores, participou desse Congresso e se identifi-
entre eles: as mudanças no sistema de cou com o projeto político-pedagógico
Saúde Brasileiro (criação de Institutos de da FMRP, por encontrar semelhanças com
Previdência), a valorização mundial da o que admirava nos Estados Unidos. Aze-
prevenção, a possibilidade de introdução redo e Vaz conversaram informalmente e
da Residência Médica no Brasil e as ne- foi considerada a possibilidade do Pro-
cessidades sociais da população. Assim, fessor Almiro, após a sua planejada Livre-
foram planejados o Hospital Universitário Docência, passar a integrar o corpo de
e o Centro de Saúde Escola.1* professores da FMRP.6
Entre as disciplinas da FMRP, constava
a Clínica Oftalmológica, planejada para o Marcos históricos4,6
final do Curso. Na Biblioteca da FMRP, em 1959 (abril) – Contratação do Prof. Dr.
1956, já estavam disponibilizados dois pe- Almiro Pinto de Azeredo, Livre-Docente
riódicos de Oftalmologia, mas, para as três pela Faculdade Nacional de Medicina da
primeiras turmas, ainda não havia um pro- Universidade do Brasil (atual Universidade
fessor. Assim, as aulas teóricas foram mi- Federal do Rio de Janeiro), para organizar
*Os parágrafos finais deste texto foram atualiza- o Ensino, a Pesquisa e a Extensão Univer-
dos do capítulo de Rocha EM. A Oftalmologia da sitária na FMRP-USP.
FMRP-USP no terceiro milênio. In: Azeredo A. Me-
morial das Atividades Educacionais. Ribeirão Preto,
1959-1960 – Organização do então
142 FUNPEC. 2015; 99-102. Departamento de Oftalmologia (incluin-

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do enfermaria e Laboratório de Patologia Cruz, e passou a englobar a Otorrinolarin-

Escolas de Oftalmologia e Especialização


Ocular), com a colaboração da Secretária gologia e a Cirurgia de Cabeça e Pescoço.
Edna IssaHallak e da atemdente Argemira 1971 (segundo semestre) – instalação
Cassiano dos Santos. do Programa de Pós-Graduação com o in-
1960 – O novo Professor iniciou o Ensi- gresso dos primeiros pós-graduandos.
no de Oftalmologia no Curso de Gradua- 1972 – Contratação de Nivaldo Vieira
ção (5o e 6o Anos). de Souza e de Maria de Lourdes Veronese
1961 – Criação da Residência Médica Rodrigues, que substituíram Geraldo Fer-
(duração de 1 ano) e ingresso dos resi- reira Vianna e Guilherme Ortolan Junior,
dentes: Argemiro Lauretti Filho, Clóvis que haviam deixado o Departamento.
Lerro, Geraldo Ferreira Vianna, José Tanuri 1975 – Contratação de Laudo Silva
Habib e Moema Rocha Augusto. Costa.
1961 – Ampliação das instalações dos 1978 – Mudança do Departamento
ambulatórios, da enfermaria e das salas para o Hospital das Clínicas “Campus”,
destinadas à administração do Departa- com importante ampliação da área física.
mento. 1979 (dezembro) – Aposentadoria do
1962 – Contratação de três Instruto-
Chefe do Departamento, Almiro Azeredo.
res de Ensino (Docentes): Geraldo Ferreira
1979 (dezembro) e 1980 março – José
Vianna, Argemiro Lauretti Filho e José Ta-
Tanuri Habib exerceu a Chefia do Depar-
nuri Habib.
tamento.
1963 – Contratação de Erasmo Romão.
1980 (março) – Harley Bicas assumiu
1964 – Contratação de Harley Edson
a Chefia do Depatamento, exercendo-a
Amaral Bicas, que completou o quadro
por vários períodos, alternados com man-
inicial de docentes da Oftalmologia.
datos de docentes da Oftalmologia e da
1964 – Início da criação dos Setores
Otorrinolaringologia.
da Oftalmologia, todavia o de Estrabismo
1980 – Contratação de Sidney Júlio Fa-
contratou, posteriormente, a Ortoptista
ria e Souza, na vaga deixada por Azeredo.
Gilda Soares de Sordi.
1964 – Posse de Almiro Azeredo como 1981 – Primeiro concurso de Professor
Professor Catedrático Vitalício da USP. Titular do Departamento, no qual Harley
1966 – Fundação, estimulada e orien- Bicas foi aprovado.
tada por Azeredo, do Centro de Estudos 1987 – Contratação de Antonio Augus-
Oftalmológicos “Cyro de Rezende”. to Velasco e Cruz.
1967 – Criação do Curso de Ortóptica, 1989 – Criação do Banco de Olhos do
que encerrou em 1970 e graduou 14 or- Hospital das Clínicas da FMRP, sob a co-
toptistas. ordenação de Sidney Julio Faria e Souza e
1968 – Contratação de Guilherme Or- Stela Barretto.
tolan Junior. 1991 – Almiro Azeredo assume a Vice-
1970 – Aprovação do Programa de Of- Diretoria da FMRP (mandato 1971-1975).
talmologia (Mestrado e Doutorado) do 1992 – Aposentadoria de José Tanuri
Curso de Pós-Graduação da FMRP-USP, Habib.
que em 2003 foi reestruturado, sob a co- 1994 – Erasmo Romão foi empossado
ordenação de Antonio Augusto Velasco e como Chefe do Departamento. 143

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2000 – A Disciplina de Cirurgia de Ca- Nesse novo milênio, mais precisamen-
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

beça e Pescoço passou a integrar o Depar- te em 2018, a Oftalmologia possui 8 pro-


tamento (agora de Oftalmologia, Otorri- fessores, 21 médicos assistentes, 16 mé-
nolaringologia e Cirurgia de Cabeça e dicos adidos colaboradores, 21 fellows ou
Pescoço). médicos em estágio de complementação
especializada, nas diversas especialida-
A partir da década de 1960, até o ano des, 30 médicos-residentes, e um valoro-
2000, sete docentes da Oftalmologia rea- so grupo de funcionários de outras áreas
lizaram estágios no exterior e o Professor profissionais, que colaboram diretamente
Azeredo realizou um Programa de Visitas com a Oftalmologia.
a Escolas Médicas Inovadoras, em diver- A atuação em ensino, pesquisa clíni-
sos países. ca e assistência ocorre nos ambulatórios,
enfermaria e centro cirúrgico do Hospi-
A oftalmologia da FMRP-USP no tal das Clínicas de Ribeirão Preto (HCRP),
novo milênio Hospital Estadual de Ribeirão Preto –
HERP, Banco de Olhos do HCRP, Centro de
Desde o início do século XXI, estão ocor-
Saúde Escola e laboratórios de pesquisa e
rendo modificações no corpo docente da
salas de aula da FMRP. As pesquisas bási-
Oftalmologia, com as aposentadorias de
cas são realizadas, em sua grande parte,
Argemiro Lauretti Filho (2004), Erasmo
nos Laboratórios Multiusuários (Anexo C
Romão (2005), Harley Bicas (2007), Lau-
da FMRP) e no Laboratório de Fisiopato-
do Silva Costa (2009) e Nivaldo Vieira de
logia da Audição, Olfato e Visão (Casa 19
Souza (2011). Em suas vagas ingressaram
no Campus da USP Ribeirão).
Eduardo Melani Rocha (2003), Rodrigo São oferecidas 4 disciplinas regulares
Jorge (2004), Jayter Silva Paula (2008), de graduação, 3 eletivas e 5 de pós-gra-
André Márcio Vieira Messias (2009) e duação em conjunto com outras áreas
João Marcelo Fortes Furtado (2013), gru- médicas, por onde passam cerca de 350
po que, com suas qualidades científicas, alunos por ano. Nos últimos anos a Oftal-
didáticas e humanas, muito contribui mologia da FMRP-USP tem sido respon-
para o desenvolvimento do Departamen- sável pela formação de cerca de 20 pós-
to. Todos eles complementaram suas for- graduandos e publicação de mais de 20
mações em instituições dos Estados Uni- artigos científicos originais por ano.
dos e Europa. A oftalmologia da FMRP-USP conta
Na área de Oftalmologia, foram reali- com centros de excelência em tratamento
zados vários concursos de Livre-Docência de glaucoma, laserterapia, visão subnor-
e três concursos para Professor Titular, mal e reabilitação visual, oftalmopediatria,
ocupando estes cargos os Profs. Drs. An- retina e vítreo, doenças oculares externas,
tonio Augusto Velasco e Cruz, Maria de incluindo superfície ocular e adaptação
Lourdes Veronese Rodrigues e Eduardo de lente de contato. Também são reali-
Melani Rocha tendo, cada um deles, exer- zadas em média 60 mil consultas, 50 mil
cido mais de um mandato na Chefia do procedimentos e 3.500 cirurgias, entre as
Departamento, em alternância com Pro- quais 150 transplantes de córnea, 2.000
144 fessores de Otorrinolaringologia. cirurgias de catarata, 150 vitrectomias e

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outras dezenas de cirurgias oculoplásti- 2. Moreira AC. O Jubileu da Faculdade de Medicina

Escolas de Oftalmologia e Especialização


de Ribeirão Preto e a Universidade de São Paulo.
cas, orbitárias de glaucoma e estrabismo.
Medicina Ribeirão Preto. 2002; 35:237-40.
Isso, além dos atendimentos nas outras
3. Rodrigues MLV. Inovações no Ensino Médico e ou-
unidades mencionadas, que fazem parte tras mudanças: aspectos históricos e na Faculdade
do complexo hospitalar do HCRP, mas se de Medicina de Ribeirão Preto (editorial). Medicina
localizam fora do campus da USP. Ribeirão Preto. 2002; 35:231-5.

A partir de 2015, as atividades foram 4. Bicas HEA, Oliveira JAA. Mamede RCM, Rodrigues
MLV. Departamento de Oftalmologia, Otorrinola-
expandidas também para o Hospital de ringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço – His-
Américo Brasiliense, HC Criança, e para o tórico. Medicina Ribeirão Preto. 2002; 35:321-34.
Hospital Estadual de Barretos. 5. Comissão de Graduação, Comissão de Cultura e
Na área de cultura e extensão, a divisão Extensão Universitária – Nota Histórica. Medicina
Ribeirão Preto. 2006; 39:1-2.
de oftalmologia atua por meio de campa-
6. Azeredo A. Memorial das Atividades Educacionais.
nhas de orientação, detecção e prevenção Ribeirão Preto, FUNPEC. 2015.
de doenças oculares e de cegueira, pales-
tras em congressos, informações para jor-
Histórico do Centro de Estudos
nais, rádio, TV e divulgação de atividades
Oftalmológicos “Cyro de Rezende”
nas suas páginas na internet: www.roo.
Harley E. A. Bicas
fmrp.usp.bre http://www.oftalmouspri-
beirao.com.br/home. A divisão de oftal-
Quando foi dada a primeira aula de Of-
mologia tem produzido material didáti-
talmologia da recém-nascida Faculdade
co e livros, como a contribuição no livro
de Medicina de Ribeirão Preto, em curso
Semiologia Geral e Especializada, organi-
de férias por ela promovido a professores
zado pelos Professores Badini Martinez,
normalistas do Ensino Rural (por Plínio de
Dantas e Voltarelli e, mais recentemente,
Mendonça Uchoa, oftalmologista da San-
o Atlas de Oftalmologia, organizado pelos
ta Casa de Misericórdia de Ribeirão Pre-
Professores Eduardo Melani Rocha e Maria
to).1
de Lourdes Veronese Rodrigues, que con-
Ao ser nomeado para assumir a che-
tou com a colaboração de quase todos os
fia da cadeira de Oftalmologia, em
membros da Divisão de Oftalmologia.
29/04/1959, Almiro Pinto de Azeredo, che-
Os Docentes da Oftalmologia partici-
gado do Rio de Janeiro, não encontrou coi-
pam de órgãos decisórios e colegiados do
sa muito diferente. Juscelino Kubitschek de
HCRP, FMRP e USP, além de serem con-
Oliveira era o Presidente, sucedendo a três
sultores e revisores de orgãos de fomento
outros. Com egressos da primeira turma de
à pesquisa, revistas médicas, sociedades
Residência em Oftalmologia (1961-1962,
de especialidade e instituições privadas.
Geraldo Ferreira Vianna, Argemiro Lauret-
Eles participam ainda de intercâmbio e
ti Filho e José Tanuri Habib), da segunda
colaborações com instituições de ensino e
(1962-1963, Erasmo Romão) e da terceira
pesquisa nacionais e internacionais.
(1963-1964, Harley Edison Amaral Bicas)
formava-se o corpo docente do Departa-
Referências
mento de Oftalmologia.2
1. Rodrigues MLV, Iliano RT. FMRP-USP – História.
Disponível em: http://www.fmrp.usp.br/a-faculda- O Centro de Estudos Oftalmológicos
de/historia/. Acesso em: 8 de abril de 2018. “Cyro de Rezende” foi fundado em 12 de 145

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janeiro de 1966. As comunicações ain- participar dessas reuniões anuais foi Ar-
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

da eram muito difíceis: para comparecer chimedes Busacca (1970). Mas os que de
à primeira reunião científica (4 de junho fato atravessaram fronteiras foram H. Car-
de 1966), um dos dois palestrantes convi- dona e R. Sampaolesi (1974). Memoráveis
dados (J.A.F. Caldeira) viajou de São Paulo festas e atividades esportivas alegraram
a Barrinha (a cerca de 40 km de Ribeirão as programações. Recentemente, a partir
Preto) de trem, durante a madrugada, de 2010, elas passaram a ser conjuntas,
sendo de lá trazido em automóvel. com a Oftalmologia da UNICAMP e da
O inspirador e articulador da funda- UNESP (Botucatu), nas Jornadas Paulistas
ção do “Céo”, como, carinhosamente, a de Oftalmologia.
instituição passou a ser chamada, foi o
Professor Almiro Pinto de Azeredo, che- Referências
fe do Departamento de Oftalmologia da 1. Vaz Z. Ofício 832/54 a Plínio de Mendonça Uchoa.
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Ribeirão Preto. FMRP-USP. 20 de julho de 1954.
2. Bicas HEA, Oliveira JAA, Mamede RCM, Rodrigues
As razões que o motivaram e as lembran-
MLV. Departamento de Oftalmologia, Otorrinola-
ças das primeiras atividades documentam ringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço. Histó-
os primórdios do “Céo”. 3 O nome home- rico. Medicina Ribeirão Preto. 2002; 35(3):321-34.
nageava o Catedrático do Departamento 3. Azeredo AP. Histórico do Centro de Estudos Cyro
homônimo da Faculdade de Medicina da de Rezende. Anais da Reunião Jubileu de Prata do
Centro de Estudos Oftalmológicos Cyro de Rezen-
Universidade de São Paulo, Cyro de Barros
de, M.L.V. Rodrigues. Ribeirão Preto; 1989. p. 59-
Rezende, falecido em acidente automobi- 61.
lístico em 1962. As finalidades da institui- 4. Livro de Atas do Centro de Estudos Oftalmológi-
ção eram “...o aprimoramento oftalmológi- cos Cyro de Rezende (1966-1995).
co ... e o aumento das relações sociais entre 5. Rodrigues MLV. Anais da Reunião Jubileu de Prata
do Centro de Estudos Oftalmológicos Cyro de Re-
seus membros.”4,5 Ficavam, pois, claramen- zende. Ribeirão Preto. 1989. p. 1-48.
te definidas as duas vertentes do “Céo”,
que norteariam suas atividades: ciência e
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE
estudo de um lado, confraternização e fol-
guedos de outro. Na verdade, as “reuniões
CAMPINAS (UNICAMP)
de congraçamento” foram as que acaba- Em 1974, o oftalmologista Newton Kara
ram por se tornar tradicionais. José foi convidado pelo Professor Lopes
Desde então, a regularidade anual das de Faria para assumir a chefia da Disciplina
reuniões científicas consolidou o congra- de Oftalmologia da Unicamp, entretanto,
çamento dos egressos do Departamento recusou o honroso convite por se julgar
de Oftalmologia da FMRP-USP. (Residen- ainda imaturo.
tes e Pós-Graduandos) e seus Professores. O oftalmologista Newton Kara José
As sessões científicas logo se distin- ingressou na Unicamp no ano de 1977
guiram por seus altos níveis, contando, após o afastamento do Professor Antônio
sempre, com renomados convidados, Augusto de Almeida. Sua história como
tanto do Brasil, como de outros países. Professor Titular e como Chefe do Depar-
Um memorial resumido dessas primeiras tamento de Oftalmologia da Faculdade de
reuniões acha-se preservado.5 O primeiro Ciências Médicas se mistura com a evolu-
146 estrangeiro, embora radicado no Brasil, a ção do próprio Departamento. Conta, que

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quando começou, a Oftalmologia funcio- matéria de equipamentos. Nós tínhamos

Escolas de Oftalmologia e Especialização


nava debaixo de uma escada e hoje serve três docentes que tinham terminado o
como referência para diversas instituições. segundo ano de residência e tinham sido
Pai de um dos projetos sociais mais bem- passados para MS1, quer dizer, três au-
sucedidos do país, o Projeto Catarata, xiliares de ensino, isso era tudo. Mas o
que realizou 420 mil cirurgias de catarata pessoal era muito bom. Rapidamente
gratuitamente, o Dr. Newton Kara José é conseguimos então instalar a residência,
mais um dos fascinantes personagens que passamos os auxiliares de ensino para
fazem parte dos 40 anos de histórias da assistentes e depois em seguida foram
Faculdade de Ciências Médicas da UNI- contratados, a Dra. Ana Marcondes, o Dr.
CAMP. Roberto Caudato e Hassan Constantino
Em março do ano 1977 combinou Saba; e o serviço começaram realmente
com o Professor Pinotti que ficaria em a crescer e mais tarde outros docentes
um período probatório para ver se teria foram sendo contratados, atendendo ao
condição de levar adiante o projeto, que corpo clínico da Oftalmologia. Desde o
não podia nunca ser um projeto peque- começo não tínhamos leitos, começamos
no. Coordenou a disciplina de março até a fazer cirurgias à noite e graças a essa
agosto de 1977, quando aceitou sua coor- dificuldade essa escola implantou a ci-
denação. Empossado e junto com Profes- rurgia ambulatorial de catarata no Brasil.
sor Terzi reiniciou a residência médica que Operávamos à noite e dávamos alta para
tinha sido interrompida; havia alunos R3, o paciente. Quando necessário usávamos
não havia R1 e R2. leitos vagos na própria noite e dávamos
Depois de uma longa conversa concor- alta de manhã”.
dou em reabrir a residência, começamos Para melhorar a residência e o atendi-
uma residência com três médicos, corre- mento a comunidade, criou um convênio
mos atrás, literalmente, de doações para com o Hospital Central de Divinolândia
reequipar o serviço de Oftalmologia, o – Hospital Adhemar de Barros de Divi-
que foi feito rapidamente. nolândia que fica a 120km de Campinas
Em seguida, começaram a aumentar o – instalando lá um serviço de Oftalmolo-
número de vagas de residentes. Hoje te- gia que funciona até hoje e atende uma
mos 14 residentes de primeiro ano, 14 de região de 16 cidades e mais de 440 mil
segundo ano e 14 de terceiro ano. Che- habitantes.
gamos a ter cinco residentes de quarto Iniciou em 1986 um projeto comuni-
ano. tário de reabilitação visual do idoso e de
Sua história como Professor Titular catarata, fruto disto foi reconhecido em
dessa escola se mistura muito com a 1990 com a outorga do maior prêmio in-
própria evolução da Faculdade. Diz Pro- ternacional do Lions Club International,
fessor Newton Kara José “a Oftalmologia que é o prêmio por trabalhos humanitá-
quando eu cheguei funcionava literal- rios. Esse prêmio, uma bolsa de 250 mil
mente embaixo de uma escada. Tinha dólares, doado à Unicamp e com isso foi
um microscópio, uma lâmpada de fenda, construída a ala nova da Oftalmologia
um refrator para óculos e não tinha mi- e reequipada a Oftalmologia. Seguiram-
croscópio cirúrgico. Era muito fraca em se muitas doações instituições nacionais 147

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como a Kellogg Foundation, do Lions Club por catarata porque eu era um técnico,
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

International e da própria Reitoria e da acho até que relativamente bom e o ser-


Faculdade de Medicina e assim foi cons- viço onde eu frequentava, eu tratava de
truído o primeiro apêndice de uma área fazer com que operassem todos os in-
oftalmológica. Na época o reitor Pinotti, já divíduos que com catarata que chegas-
possuía também a parte de Ginecologia e sem, sem cobrar nada, absolutamente
Obstetrícia. gratuito. Na minha visão de técnico es-
É uma das mais concorridas do Brasil, o tava resolvido o problema de catarata no
que mostra o seu padrão e sua qualidade. Brasil. Eu nunca tinha atentado, porque a
E a outra coisa que faltava era a pós-gra- população que chega ao hospital é uma
duação, desde 1996 foi instituída, uma população seleta, mesmo quando é po-
das mais produtivas e mais disputadas do bre ela é seleta, porque pobre mesmo
Brasil. não chega. Em 1986 eu fui convidado por
Teve seu trabalho reconhecido em de- um amigo que tem um posto muito im-
corrência da graduação, da residência mé- portante na Oftalmologia americana para
dica e da pós-graduação e consequente- uma reunião em Washington para discu-
mente pelos relevantes serviços prestados tir cegueira por catarata na América La-
à comunidade. Os projetos Zona Livre de tina. Eu falei, não vou. No Brasil não tem
Catarata e depois Reabilitação Visual do cegueira por catarata e jurava que não
Idoso merecem destaque. tinha. Mas a proposta era boa, tinha um
Em 1988 o projeto Zona Livre de Cata- Congresso logo a seguir, tinha passagem
rata foi entregue para 12 países da Amé- e estadia paga, eu fui e o tempo todo
rica Latina e hoje por meio do Projeto Si- eu dizia no Brasil não tem cegueira por
ght First do Lions passou a ser aplicado catarata. E o pessoal dizia: mas tem no
na maioria dos países de terceiro mundo. mundo todo e apresentava números que
São projetos que se iniciaram na Unicamp me deixavam realmente muito em dúvida
e ganharam projeção nacional e interna- e como havia uma bolsa de 100 mil dóla-
cional. res para fazer um projeto em Campinas,
Ainda destaca... “Quando você entra eu decidi apurar melhor os fatos. Voltei,
na Faculdade de Medicina, faz sua re- fiz um projeto grande em Campinas, um
sidência, começa a publicar seus traba- projeto muito bom, passamos em 25 mil
lhos, começa a dar aula, vira doutor, vira residências, mapeamos a cidade, fomos
livre-docente e de repente você vira um de porta em porta, pegamos as pessoas
líder no meio universitário, só que você idosas, com mais de cinquenta anos, me-
foi um indivíduo que teve uma formação dimos a acuidade visual, os que tinham
tecnicista por excelência, caso contrá- visão baixa, fazíamos exame oftalmoló-
rio, você não chegaria lá. É muito difícil gico num posto de campanha colocado
ou demora muito até que você entenda em um posto de saúde perto das casas e
que só a tecnologia não resolve todos os aí, literalmente, os conceitos que eu tinha
problemas e que você tem que facilitar vieram todos abaixo. Mesmo essa cidade
a população de modo geral a ter acesso com 110 oftalmologistas na época, duas
ao que a ciência pode dar. Até 1986 eu universidades, hospitais públicos, 50%
148 achava que no Brasil não tinha cegueira dos indivíduos que ficavam cegos por

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catarata em Campinas morriam cegos. com doze países da América Latina em

Escolas de Oftalmologia e Especialização


Deficiência visual, nem se diga, apenas que expusemos nossos planos de como
10% eram operados. A partir daquilo ali, o projeto era feito e a maioria desses
eu falei bom, agora, quando você sabe países, do Chile ao México, começaram
de uma coisa a responsabilidade é muito a fazer também projetos catarata. Em se-
maior. Iniciamos os projetos Catarata em guida, o Lions, em 1990 agraciou o nosso
São João da Boa Vista, Divinolândia, Ara- trabalho com o prêmio de trabalhos hu-
raquara, Bebedouro. Começamos a fazer manitários, aquele prêmio que deu uma
um grande número de projetos em Cam- bolsa de 250 mil dólares e o Lions come-
pinas, um em cada bairro e a coisa se re- çou com o trabalho Sight First que hoje
petia da mesma maneira. Campinas 50% existe na maioria dos países de terceiro
dos operados, qualquer cidade ao re- mundo. É um exemplo de que uma vez
dor 15% de operados e os demais cego. convertido você pode atuar e fazer muito
Começamos a batalhar pelo aumento melhor do que você está fazendo.
do número de cirurgias de catarata, au- O número de problemas oftalmoló-
mentamos ao máximo o número aqui na gicos cresce muito depois dos cinquenta
nossa escola, abrimos o Hospital de Divi- anos de idade, mas ele existe em todas
nolândia e depois o Hospital de Taquari- as faixas etárias. A criança aos 7 anos de
tinga, operando muita catarata, até que idade, 6% delas tem uma deficiência vi-
em 1989, conseguimos que o Conselho sual de tal monta, que se ela não tiver
Brasileiro de Oftalmologia também ade- óculos ela não consegue acompanhar
risse, em seguida o Ministério da Saúde a escola. Nós iniciamos nessa escola
também aderisse e o Brasil que fazia ver- em 1985 um projeto muito grande jun-
gonhosamente 60 mil cirurgias de cata- to com a Kellogg Foundation. Tivemos
rata em 1990 fez em 2002, 420 mil cirur- uma bolsa de 300 mil dólares da Kellogg
gias. Aumentou-se 7 vezes o número de Foundation para desenvolver um proje-
cirurgias e precisamos dobrar isso para to para atendimento escolar, ingressan-
que toda a população tenha o máximo te nas escolas públicas. O Projeto foi se
de sua capacidade visual, sem problemas desenvolvendo e em 1996 conseguimos
de deficiência visual por catarata. Nós com que o Governo Federal encampasse
temos que chegar ainda a cerca de 800 esse projeto. Graças a isso, todo o mode-
mil cirurgias de catarata por ano, mas a lo dele é nosso, todos os livros dele são
tarefa hoje é um décimo da que tivemos nossos, as condutas são nossas. Todo ano
no começo, tivemos que provar que ha- 3 milhões e 300 mil crianças ingressantes
via cegueira por catarata, tive que provar em escolas públicas têm uma triagem of-
para mim mesmo que havia e depois a talmológica na escola e todas as necessi-
gente provar para os oftalmologistas e tadas têm exame oftalmológico e óculos
para o governo e as organizações não doados gratuitamente. Esse é um proje-
governamentais a importância do Proje- to que precisa ser expandido ainda, que
to catarata. Ainda em 1988, já convicto atualmente ele pega cidades com mais
do tamanho do problema nós fizemos de 50 mil habitantes e ele precisa atin-
uma reunião junto com a Hellen Keller gir todas as cidades, todos os escolares
International, que patrocinou a reunião e ingressantes e no futuro os escolares do 149

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terceiro ano do ensino fundamental. Isso cidade e, na medida que São Paulo am-
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

é absolutamente importante para que as pliava seus horizontes e a população cres-


crianças não sejam alijadas da escola por cia, foi necessário reservar espaço maior
causa de problemas. Outros problemas para acolher e cuidar dos doentes.
ainda que a gente tem em Oftalmologia Em 1884, um novo Hospital foi inaugu-
e que vão merecer projetos importantes, rado “nos altos do Arouche”, localizando-
são projetos para educar a população se, até hoje, no mesmo lugar. Em 1912,
para evitar acidentes. Só “an passant”, o Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho, diretor
projeto do cinto de segurança ocorreu no clínico do Hospital, apresentou à Prove-
Brasil muitos anos antes por causa dos doria da Irmandade um projeto que for-
projetos, das campanhas que a nossa es- malizava o ensino das Ciências Médicas
cola fez, baseado no ferimento dos olhos, no Hospital. Em 1913, o Ensino Médico
porque quando você tinha uma batida de foi iniciado na Faculdade de Medicina
carro sem o cinto de segurança a primei- e Cirurgia de São Paulo. Desse modo,
ra coisa que você feria era o rosto e no o Hospital da Santa Casa foi o primeiro
rosto o mais importante eram os olhos. local a formar médicos e cirurgiões no
Na época em que ele ocorreu, em gran- Estado de São Paulo.
de parte graças a iniciativa dessa escola. Em meados da década de 1930, com
Nós temos ainda projetos de acidentes, a criação da Universidade de São Paulo
que tem que ter uma educação maior (USP), as cadeiras clínicas da Faculdade
e medidas preventivas maiores ainda de Medicina de São Paulo utilizavam as
–óculos para adulto – um levantamen- enfermarias da Santa Casa, sendo o Cur-
to que fizemos nessa Universidade 56% so do “Dr. Arnaldo” integrado ao da USP,
das pessoas entre 18 e 40 anos de idade cujas cadeiras básicas foram transferidas
usavam óculos. Essa porcentagem é de para o prédio da Avenida Doutor Arnaldo
80%, então mesmo em uma Universida- em 1945.
de tem 20% da população que precisam A partir de 1933, alunos de outra insti-
de óculos e não têm. Na população em tuição de ensino médico também usufruí-
geral talvez 70, 80% dos que precisem de ram do aprendizado ofertado pelo Hospi-
óculos não têm. tal Central: a Escola Paulista de Medicina,
atual Universidade Federal do Estado de
São Paulo (UNIFESP), até a década de
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS
1950 e o início das atividades da primeira
DA SANTA CASA DE SÃO PAULO
unidade hospitalar construída exclusiva-
A Irmandade da Santa Casa de Misericór- mente para o ensino do país, o Hospital
dia de São Paulo é uma instituição mul- São Paulo. Nessa mesma década as unida-
tissecular, de origem portuguesa, que se des do Hospital de Clínicas da USP foram
dedica, desde o século XVI, à assistência sendo ativadas e os seus alunos transferi-
aos órfãos, idosos, pobres e doentes. A ram-se para as novas instalações.
palavra misericórdia compreende no sen- Por esses fatos históricos, o Hospital
tido emotivo “colocar a bondade, o cora- da Santa Casa foi o berço das primeiras
ção”, nos atos a favor do próximo. Durante Escolas Médicas da cidade de São Paulo.
150 muito tempo, esse foi o único Hospital da Essa vocação para o ensino, assistência

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e pesquisa persistiram e resultaram em Ciência e Tecnologia. Alunos e docentes

Escolas de Oftalmologia e Especialização


históricas reivindicações para que os desenvolvem reconhecidas atividades de
futuros médicos voltassem a frequentá- pesquisas técnico-científicas em diversas
lo. Atualmente são atendidas em média entidades, como Hospital Central, Hos-
mais de 8 mil pessoas diariamente em pital São Luís Gonzaga, Centro de Aten-
todas as especialidades médicas, com ção Integrada à Saúde Mental, Centro de
mais de 1.200 leitos disponíveis para in- Saúde-Escola Barra Funda e Hospital Ge-
ternações. riátrico Dom Pedro II.
Em 5 de abril de 1962, foi instituída A organização estrutural e didática do
a Fundação Arnaldo Vieira de Carvalho, curso de graduação em medicina se ba-
entidade mantenedora da Faculdade de seia em um currículo com Departamentos,
Ciências Médicas da Santa Casa de São onde as disciplinas afins são agrupadas
Paulo. Foi qualificada como uma Funda- para se otimizar o ensino, além de evi-
ção de caráter permanente, provendo e tar excessos e gigantismos burocráticos-
administrando recursos, com as seguintes financeiros e com administração funda-
finalidades: mentada na meritocracia e alternância de
■■ Promover o ensino das Ciências Mé-
comando. Tal esquema inédito no Brasil
dicas e estimular o aprimoramento de em 1963 foi seguido pelas demais, após
a Lei de Diretrizes e Bases da Educação de
profissionais que se dedicam à área.
1968. O currículo está voltado para a for-
■■ Desenvolver a investigação científica e
mação do médico generalista, humanista,
ampliar sua divulgação.
visão crítica e reflexiva.
■■ Contribuir para a solução dos proble-
O serviço de Oftalmologia da Santa
mas médico-sociais.
Casa de Misericórdia de São Paulo é um
■■ Formar pessoal técnico-científico de dos mais antigos do país, com 133 anos.
graus médio e superior, inclusive para Fundado em 1885, pelo médico dinamar-
as atividades didáticas e de produção quês Peter Adolph Gad, sob o nome Ser-
científica. viço de Moléstias dos Olhos. Gad foi um
dos primeiros oftalmologistas da cidade
Inserida no Complexo Hospitalar da de São Paulo. Diversos jornais da época o
Irmandade da Santa Casa de Misericór- citavam como um dos melhores do mun-
dia de São Paulo, a Faculdade de Ciên- do, tendo influenciado toda uma geração
cias Médicas da Santa Casa de São Paulo de médicos no Brasil. Na época, a Oftal-
está posicionada entre as melhores Ins- mologia ocupava lugar de destaque no
tituições de Ensino Superior em Medici- hospital.
na do país, segundo avaliação realizada Sua importância era tal que, nos pri-
pelo Ministério da Educação (Enade), em meiros anos de existência da instituição
2013. A sua contribuição para o desen- filantrópica, seu quadro clínico era consti-
volvimento na área da saúde é eviden- tuído por dois especialistas em moléstias
ciada pelas inúmeras pesquisas científi- internas, dois cirurgiões e um especialista
cas, tanto na área básica quanto clínica, em doenças dos olhos. Parte dessa impor-
contando com cerca de 40 grupos de tância deveu-se ao tracoma, doença cuja
pesquisa registrados no Ministério de alta incidência mobilizou a comunidade 151

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médica mundial do final do século XIX até partamento e daqui saiu o primeiro chefe
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

a década de 1970 do século XX. A Clínica de Oftalmologia da Universidade de São


da Santa Casa foi pioneira no combate ao Paulo. O médico João Paulo da Cruz Britto
tracoma no Estado, transformando-se em era o chefe do serviço na Santa Casa e foi
centro de treinamento para médicos do convidado para chefiar a cadeira de Oftal-
Interior e referência no país. mologia na USP.”
Segundo o CREMESP, em publicação Em 1966, a direção da Santa Casa
alusiva aos 120 anos de História da Santa agrupou os serviços em departamentos.
Casa de Misericórdia de São Paulo, o mé- Assim, em 8 de julho daquele ano o ser-
dico Eusébio de Queirós Carneiro Matto- viço de moléstias dos olhos transformou-
so – que chefiou a Oftalmologia da Santa se em Departamento de Oftalmologia da
Casa de 1899 a 1914 – dirigiu a primeira Santa Casa, dirigido por Jacques Tupinam-
campanha oficial contra o tracoma no Es- bá. Em 1971, foi implantado na Faculdade
tado de São Paulo e foi um dos artífices de Medicina da Santa Casa o curso de es-
da criação de postos antitracomatosos pecialização em Oftalmologia, incorpora-
em cidades com maior incidência da do- do ao departamento homônimo. Em 2005
ença no Interior. No período de Mattoso, a especialidade já era responsável por cer-
os registros da Santa Casa apontam que a ca de 6.900 consultas ambulatoriais, 410
clínica de olhos realizava o segundo maior internações e 20 transplantes de córnea
número de consultas, superada apenas ao mês e um corpo clínico. Afirma ain-
pela de Medicina Interna. da Professor Geraldo “Ninguém constrói
Professor Carlos Ramos de Souza- nada sozinho. Se hoje o departamento
Dias foi responsável pelo ensino do tem esse nível técnico e científico foi gra-
estrabismo na graduação e residência ças ao trabalho de todos os médicos que
desta instituição. Formado e doutora- passaram por aqui”.
do pela USP e Professor Livre Docen- Fundado em 8 de maio de 1982 seu
te pela Escola Paulista de Medicina em centro de estudos, com o nome de Cen-
1975, Titular da Faculdade de Ciências tro de Estudos Oftalmológicos Jacques
Médicas da Santa Casa de São Paulo em Tupinambá. Tem como missão promover
1979 e Professor Emérito pela mesma o ensino, a pesquisa, extensão e atenção
em 2018. Estrabólogo de renome inter- à saúde, oferecendo à comunidade pro-
nacional tendo editado o livro “Estrabis- fissionais com formação científica, ética,
mo” com 5 edições em espanhol, inglês humanística e responsabilidade social.
e português e “Os Estrabismos”, além
de ter recebido o Prêmio Troutman- Referências
Veronneau Prize-Winning Paper. http://www.santacasasp.org.br/portal/site/quemso-
Professor Geraldo Vicente de Almei- mos/historico
da, então diretor do Departamento de h t t p s : / / w w w. c r e m e s p . o r g . b r / ? s i t e A c a o =
Revista&id=205
Oftalmologia da Santa Casa, relata ser
http://www.santacasasp.org.br/portal/site/pub/12139/
a instituição é “o berço da Oftalmologia novo-website---departamento-de-oftalmologia-
paulista”. “Aqui foi criado o primeiro De- quem-somos#cursos

152

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FACULDADE DE MEDICINA DE UNIVERSIDADE ESTADUAL

Escolas de Oftalmologia e Especialização


MARÍLIA PAULISTA (UNESP)
A Faculdade de Medicina de Marília, FAME- Implantada em 1963 como Faculdade de
MA foi criada pela Lei Estadual no 9236, de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu
19 de janeiro de 1966[2], pelo então go- (FCMBB) e incorporada à Unesp em 1976.
vernador Adhemar de Barros (projeto de lei Seu objetivo é formar profissionais com
de autoria do deputado Diogo Nomura), senso crítico, conscientes de seu papel na
atendendo antiga reivindicação da prefei- sociedade.
tura e da população local. Ela foi viabilizada Posteriormente, passou a ser designa-
a partir de um convênio entre a Santa Casa da de Faculdade de Medicina de Botucatu,
de Misericórdia de São Paulo com a San- que oferece cursos de Medicina e Enfer-
ta Casa de Marília, na qual o provedor de magem.
ambas as Santas Casas foi o Dr. Cristhiano Em 1967 e 1968, o curso de oftalmo-
Altenfelder Silva, a Santa Casa de São Pau- logia era ministrado aos finais de sema-
lo daria suporte técnico e a Santa Casa de na sob a coordenação do Professor Jorge
Marília seria o local das primeiras ativida- Alberto Fonseca Caldera, tendo como as-
des até a adequação do recém-construído sistentes os Drs. Newton Kara José, Karlo
Hospital das Clínicas de Marília. Kassei, Marco Goldshmit e Fabio Guima-
Foi escolhida, em 1992, pela Fundação rães Lobo.
W.K. Kellogg, para receber apoio técnico e Em 1968, a convite do Prof. Dutra, o Dr.
financeiro para o desenvolvimento de um Newton Kara José ministrou um curso de
projeto baseado na parceria entre a acade- uma semana sobre Fundo de Olho.
mia, os serviços de saúde e a comunidade. Inicialmente foram abertas duas vagas
Em 1994 foi estadualizada. O corpo e com a evolução constante e a dedica-
docente da Instituição conta com 289 pro- ção dos ex-residentes, futuros docentes
fissionais (207 docentes e 82 assistentes em tempo integral, construiu-se o pilar de
de ensino). A graduação em oftalmolgia e sustentação do ensino na Faculdade de
sua residência reconhecida pelo CBO con- Medicina da UNESP de Botucatu, atual-
ta com o seguinte corpo docente: Aurea mente com sete vagas.
Fudo Yonekubo, Eder Massao Ueda, Evan- A residência de Oftalmologia em Bo-
dro Portaluppe Bosso, Fabio Triglia Pinto, tucatu iniciou-se em 1970 com a contra-
Luis Carlos Martins, Rosana Teresa Alves tação do médico oftalmologista Milton
Lois e José Augusto Alves Ottaiano, atual Massato Hida como Instrutor de Ensino
Coordenador da Residência de Oftalmolo- no Departamento de Cirurgia em Regi-
gia e Presidente do Conselho Brasileiro de me de Dedicação Integral à Docência e à
Oftalmologia. Pesquisa. O primeiro Professor Titular por
concurso foi o Dr. Milton Massato Hida;
Referências após sua aposentadoria, a Dra. Silvana Ar-
http://www.famema.br/ tioli Schellini tornou-se Professora Titular,
http://www.famema.br/ensino/ensino.php também por concurso.

153

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O quadro docente encontra-se a seguir Oftalmologia cearense na primeira
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

relatado: Titulares: Milton Hida, Silvana metade do século XX


Artioli Schellini; Professor Regente: Oswal- A oftalmologia cearense na primeira me-
do Monteiro de Barros; Livre-Docente: tade do século XX, era incipiente, baseada
Maria Rosa Bet de Moraes Silva; Adjuntos: em consultórios individuais, sem serviços
Antonio Carlos Lottelli Rodrigues, Eliane estruturados, escolas médicas ou insti-
Chaves Jorge, Edson Nacib Jorge. tuições que unificassem ou liderassem a
prática da especialidade. A que mais se
Referências aproximava deste ideal era a Santa Casa
http://fmb.unesp.br/#!/instituicao/administrativo/di- de Misericórdia construída em etapas
retoria/missao/
desde 1845 e concluída em 1861. Dentre
http://fmb.unesp.br/#!/departamentos/dep-oftalmo-
otorrino-e-ccp/
os nomes que exerceram a oftalmologia
na primeira metade do século XX no Cea-
rá, podemos destacar:
ENSINO DE OFTALMOLOGIA NO
Dr. Manuel Duarte Pimentel, nasceu
CEARÁ
em Fortaleza, a 5 de abril de 1857. Em
Dácio Carvalho Costa 1887, diplomado médico pela Faculdade
Valter da Justa Freitas de Medicina do Rio de Janeiro. Orientou-o
nesse mister outro cearense, o Dr. Moura
Os primórdios Brasil, que o iniciou na especialidade e o
Tudo indica que o primeiro oftalmologis- encaminhou a Paris, onde estagiou com o
ta do Ceará foi o Dr. José Cardoso Moura Professor Wecker. Foi ainda o grande idea
Brasil e que as primeiras cirurgias da espe- lizador e um dos fundadores do Centro
cialidade foram por ele realizadas na San- Médico Cearense, em 1913. Faleceu em
ta Casa de Misericórdia de Fortaleza. Em Fortaleza, em 1917.
1875, de retorno ao Brasil após quase dois Dr. Meton de Alencar Filho – nasceu
anos de estágio na clínica do famoso Pro- em Fortaleza em 1875. Iniciou sua forma-
fessor Louis de Wecker, em Paris, o jovem ção acadêmica na Faculdade de Medicina
oftalmologista, nascido em Quixoçó (atual da Bahia onde cursou os dois primeiros
município de Iracema, Ceará) em 1846, anos. Transferiu-se para a Faculdade de
aqui se demorou de agosto até dezembro. Medicina e de Farmácia do Rio de Janeiro
Seus auxiliares foram os Drs. João da onde foi Adjunto da Clínica Oftalmológi-
Rocha Moreira, Antônio Mendes da Cruz ca da Policlínica geral do Rio de Janeiro e
Guimarães e Pedro Augusto Borges. Na auxiliar do Dr. Moura Brasil em sua clínica.
qualidade de observadores registrados os Logo após concluir o curso médico, em
nomes dos Drs. Meton de Franca Alencar, 1899, defendeu tese com o título “Con-
José Lourenço de Castro e Silva, Rufino tribuição para o estudo da herança em
Antunes de Alencar e Antônio Pompeu de ophtalmologia” (1900).
Sousa Brasil. Desse grupo, um único mé- Retornando a Fortaleza chefiou o Ser-
dico (Dr. João da Rocha Moreira) apresen- viço de Oftalmologia da Santa Casa de
tara tese relacionada com a oftalmologia. Misericórdia. Foi o pioneiro do transplan-
154 Os demais eram cirurgiões gerais. te de córnea em nosso estado (1926),

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tendo realizado doze xenotransplantes receber o nome que até hoje ostenta. Foi

Escolas de Oftalmologia e Especialização


usando córneas de galinhas e de coelhos o primeiro banco de olhos a ser fundado
com finalidade tectônica. Seu pioneiris- no Ceará.
mo foi retomado, 40 anos depois, pelo
Dr. Valzenir Rodrigues de Castro, em ci- Oftalmologia cearense na segunda
rurgias de transplante corneano utilizan- metade do século XX
do córneas humanas. Foi o criador de
Foi somente na segunda metade deste
várias fórmulas muito conhecidas à épo-
século que a oftalmologia se individuali-
ca, entre as quais o “Ophtalmol” e o “Tra-
zou como especialidade. Uma única agre-
chomatol”, além do conhecido “Asseptol”.
miação científica, a Associação dos Oftal-
Faleceu em 1932.
mologistas e Otorrinolaringologistas do
Ainda no final da primeira metade do
Ceará, servia a seus propósitos de inter-
século XX, em 1942, foi fundada a So-
câmbio de ideias. Registramos aqui, como
ciedade de Assistência aos Cegos (SAC)
praticante exclusivamente da oftalmolo-
pelas seguintes personalidades: Padre
gia nessa época, o nome do Dr. Ricardo de
Arquimedes Bruno, Oftalmologista Hélio
Gouveia Soares. Nasceu em Fortaleza, em
Góes Ferreira e Desembargador Eugênio
25 de dezembro de 1918. Retornando ao
Avelar Rocha. Há de se ressaltar o notá-
Ceará, em 1947, fixou-se definitivamente
vel trabalho do Rotary Club que sempre
em Fortaleza a partir de 1951.
ajudou a SAC desde a sua criação até a
Em junho de 1969, entrou em fun-
inauguração do Centro Cirúrgico Casa da
Amizade. cionamento a Clínica Oftalmológica do
Já adentrando cronologicamente na Hospital Geral de Fortaleza (HGF), sendo
segunda metade do século XX, vale a organizador e primeiro chefe o Dr. Val-
pena ressaltar o desenvolvimento das ter da Justa Freitas. Ocuparam também
atividades e expansões da SAC: Institu- a chefia da clínica os doutores Emilson
to Hélio Góes: fundado em 1943 sob o Barros de Oliveira, Fernando Monte,
nome Instituto de Cegos do Ceará, é a Carlos Afonso Silva e Cleanto Jales de
escola pioneira em todo estado para a Carvalho Filho.
educação de deficientes visuais. Biblio- Por iniciativa de grupo liderado pelo
teca Braille Josélia Almeida: criada nos Dr. Leiria de Andrade Jr. os oftalmologis-
anos 1970, recebeu em 1994 o nome que tas se desvincularam da Associação dos
hoje detém, é a única biblioteca Braille Oftalmologistas e Otorrinolaringologis-
existente no Ceará. Imprensa Braille Rosa tas do Ceará. Fundou-se então, oficial-
Baquit: instalada em 1993, sua finalida- mente, em 1o de março de 1963, a So-
de prioritária é suprir a carência de livros ciedade de Oftalmologia do Ceará. Sua
didáticos e curriculares em Braille. Banco primeira diretoria foi constituída pelos
de Olhos do Ceará – fundado em 1976, Drs. Leiria de Andrade Jr. (Presidente),
pelo oftalmologista Dr. Francisco Waldo Décio Teles Cartaxo (Vice-Presidente),
Pessoa de Almeida, recebeu inicialmente Leopoldo Farias Moura (Secretário-Ge-
o nome de Banco de Olhos Dr. Hélio Góes ral) e Walter Machado da Ponte (Tesou-
Ferreira, passando pouco tempo depois a reiro). 155

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A Sociedade de Oftalmologia do Ceará Ao aproximar-se o final do século XX,
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

funcionou regularmente até 1974, quando cresceu em influência na prática médica


enfrentou dissensões causadoras de con- no Brasil, o princípio do cooperativismo.
siderável marasmo em suas atividades. Este princípio, norteou a fundação das co-
Ironicamente, em fase má da Sociedade, operativas de trabalho médico, as Unimed.
ocorreu em Fortaleza em 1975 o Congres- No Ceará, a Unimed Fortaleza nasceu em
so Brasileiro de Oftalmologia, sob a pre- 09 de janeiro de 1978. Fundamentados
sidência do Dr. Leiria de Andrade, então nesse pensamento, em Fortaleza, em 17
presidente do Conselho Brasileiro de Of- de outubro de 1990, foi fundada a Coo-
talmologia. perativa dos Oftalmologistas do Ceará –
Para superar a ausência de atividades Coftalce.
da Sociedade de Oftalmologia um grupo A Coftalce foi pioneira no coopera-
liderado pelos Drs. Valter Justa, Fernando tivismo de oftalmologistas no Brasil. A
Monte e Emilson Barros de Oliveira fun- Coftalce serviu de modelo para as outras
dou, em 1977, o Centro de Estudos Oftal- cooperativas de trabalho de médicos of-
mológicos do Ceará (CEOCE), que funcio- talmologistas posteriormente implanta-
nou sob a presidência do Dr. Valter Justa das em todo o país.
até a regularização das atividades da So-
ciedade em 1979, quando se dissolveu. O Oftalmologia cearense na primeira
CEOCE organizou a Primeira Jornada Cea- metade do século XXI
rense de Oftalmologia, ocorrida no Cen- Nestes primeiros anos do século XXI, nu-
tro de Convenções do Hotel Colonial, nos merosas mudanças socioeconômicas têm
dias 6 e 7 de janeiro de 1978, com par- influenciado enormemente a prática e,
ticipação dos Oftalmologistas locais e de consequentemente, a história da oftal-
outros estados. mologia no Brasil com reflexos no Ceará.
A segunda jornada, realizada em 29- Percebeu-se o nascimento de grandes
30 de agosto de 1980, passou para a grupos de oftalmologistas, substituindo
responsabilidade da Sociedade de Oftal- a prática solo por uma prática mais em-
mologia do Ceará, novamente atuante, presarial. Alguns destes grupos iniciaram
tendo sido presidida, também, pelo Dr. a formação de novos oftalmologistas com
Valter Justa. Abrangeu temas de Refra- cursos de formação de especialistas. Estes
ção e Doenças Externas e contou com novos cursos, estão desligados das ins-
a participação do Drs. Hilton Rocha, de tituições tradicionalmente responsáveis
Belo Horizonte, o maior nome da oftal- pelo ensino médico como universidades,
mologia brasileira à época, Newton Kara- hospitais públicos ou filantrópicos.
José, Professor Emérito da Unicamp e da Também neste começo de século a
Universidade de São Paulo. As Jornadas oftalmologia cearense se organizou para
Cearenses de Oftalmologia, cresceram trazer ao Ceará congressos expressivos da
em número de participantes e se trans- especialidade como o Congresso Norte-
formaram no Congresso Cearense de Of- Nordeste, Congresso Brasileiro de Retina
talmologia. Já foram realizadas até 2017, e por duas vezes a nossa reunião nacional,
28 edições do Congresso Cearense de além de promover arduamente o combate
156 Oftalmologia. a optometria não médica.

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Em 2005, foi realizada pela segunda O Professor Leiria de Andrade Júnior,

Escolas de Oftalmologia e Especialização


vez em solo cearense, o Congresso Brasi- irmão do Professor José Maria Andrade,
leiro de Oftalmologia. Chefiou o encontro, com curso de especialização no Serviço
o filho do presidente do primeiro con- do Professor Hilton Rocha, da Faculdade
gresso, que também leva o nome de seu de Medicina da UFGM e o título de Assis-
pai, o Dr. Leiria de Andrade Neto. tente do Professor Clóvis Paiva da Facul-
Em 2017, pela terceira vez, o Ceará, dade de Medicina do Recife, foi indicado
recebeu o Congresso Brasileiro de Oftal- para assistente no ano de 1956.
mologia. Foram presidentes os Drs. David Em 1961, mais dois Assistentes foram
da Rocha Lucena e Dácio Carvalho Costa. nomeados para a disciplina de Oftalmolo-
Este congresso foi realizado no novíssimo gia, o Professor Walter Machado da Ponte
Centro de Eventos do Ceará, pareando com formação na Faculdade de Medicina
em conforto, organização, nível técnico e da Bahia e a Professora Francisca Leitão
científico com os melhores congressos of- de Andrade, fruto da própria Faculdade
talmológicos do mundo. de Medicina, segunda turma, ano de 1954.
Fez carreira universitária e casou-se com o
História do ensino da oftalmologia Professor Leiria de Andrade Júnior, dando
no Ceará origem a uma nobre estirpe de oftalmo-
O ensino da oftalmologia no Ceará evo- logistas.
luiu in crescendo de especialistas vindos Em 1964, tendo cumprido o estágio de
de outros locais, especialmente Rio de Ja- 2 anos de pós-graduação no Serviço de
neiro, Salvador e do velho continente até Oftalmologia do Hospital das Clínicas, o
a formação autóctone de especialistas, já Dr. Leopoldo Farias de Moura é indicado
germinando, ao tempo em que este capí- pelo Professor José Maria de Monteiro e
tulo é escrito (2018) em pós-graduações Andrade e distinguido com um contrato
com ênfase em oftalmologia, a nível de de professor com a UFC.
mestrado. A partir de 1975, após aprovação da
Em relação ao ensino formal da oftal- Comissão de Ensino do Conselho Brasi-
mologia em cursos de medicina, podemos leiro de Oftalmologia, foram autorizados
considerar o início do ensino da Oftalmo- os seguintes cursos de especialização no
logia no Ceará, a partir da criação do Ins- Ceará: o da Fundação Leiria de Andrade,
tituto de Ensino Médico, responsável pela coordenador Professor Leiria de Andra-
estruturação da futura Faculdade de Me- de Neto, foi o primeiro. Seguiram-se o
dicina, que passou a ter existência legal, a Instituto de oftalmologia Rodrigues de
começar do dia 28 de julho de 1946. Castro, coordenador Dr. Valzenir Rodri-
O Professor José Maria de Monteiro e gues de Castro e o da clínica oftalmo-
Andrade, tendo em vista seu vasto currí- lógica do Hospital Geral de Fortaleza
culo o título de Assistente do Professor (HGF), coordenador Dr. Emilson Barros de
Cezário de Andrade, foi o primeiro e único Oliveira, sendo este último o primeiro a
Catedrático da disciplina de Oftalmologia. ser regulamentado pela comissão de Na-
Assumiu a cadeira em 1954, ano em que cional de residência médica. A residência
ocorreu a federalização da Faculdade de de Oftalmologia do HGF entrou em fun-
Medicina. cionamento em 1977. Francisco Alequy 157

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Vasconcelos Filho e Pedro Paulo Oliveira consta pela primeira vez do Regimento da
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

foram os primeiros de várias fornadas de mesma Faculdade, criada pelo Decreto no


bons especialistas ali preparados e que 9.311 de 25 de outubro de 1884. Portanto,
hoje atuam Brasil afora. O credenciamen- setenta e seis anos após a criação da Es-
to pela Comissão de Ensino do CBO veio, cola de Cirurgia da Bahia, em 1808, e 52
posteriormente em 1983, por ocasião do anos após a Escola de Cirurgia da Bahia
22o Congresso Brasileiro de Oftalmolo- ter recebido a designação de Faculdade
gia. O coordenador da residência desde de Medicina da Bahia, em 1832.
2011 é o Dr. Dácio Carvalho Costa. Professor Francisco dos Santos Perei-
Ao concluirmos a história da oftalmo- ra: Natural da Bahia, diplomado médico
logia e do seu ensino no Ceará, passan- pela FAMEB em 1868. Lente de Clínica
do pelos primórdios, primeira e segunda Oftalmológica da FAMEB por concurso
metades do século XX, adentrando pelo em 1886, com a Tese “Afecções Oculares
começo do atual século, constatamos a Simpáticas”, exerceu o cargo até 1911 e
rápida evolução da especialidade em nos- faleceu em 1912.
sa terra. Saindo de uma província periféri- Professor Clodoaldo de Andrade: Na-
ca no tempo do Brasil imperial para uma tural da Bahia, diplomado médico pela
oftalmologia com forte viés econômico, FAMEB em 1879. Professor Ordinário de
concorrencial embora cooperativista e Clínica Oftalmológica da FAMEB de 1911
tecnicamente desenvolvida, esperamos a 1913. Aposentou-se em 1914 e faleceu
que este crescimento rápido seja ponde- em 1934.
rado por preocupações éticas, igualitárias Professor Eduardo Rodrigues de Mo
e formativas. raes: Natural da Bahia. Diplomado médico
pela FAMEB em 1903. Professor Ordinário
Bibliografia de Clínica Otorrinolaringológica de 1911 a
Costa DC, Freitas FVJ. Sociedade Cearense de Oftal-
1915. Regeu interinamente a Clínica Oftal-
mologia: 50 anos de História. Fortaleza: Expressão mológica em 1914. Professor Catedrático
Gráfica e Editora; 2013. 100 p. da Clínica Otorrinolaringológica de 1915 a
Freitas FVJ. História da Oftalmologia no Ceará. 1943, ano do seu falecimento.
Anais da Academia Cearense de Medicina. 2001;
Professor José de Souza Pondé: Na-
IX(9):391-404.
tural da Bahia. Diplomado médico pela
Moura LF. História do Ensino da Oftalmologia no Cea-
rá. Anais da Academia Cearense. FAMEB em 1900. Docente-Livre de Clínica
Oftalmológica em 1914. Professor Extra-
ordinário da mesma Cadeira, por concur-
UNIVERSIDADE FEDERAL DA
so em 1914.
BAHIA (UFBA)
Professor Heitor da Costa Pinto Mar-
A história da Clínica Oftalmológica da Facul- back: Natural de Salvador, Bahia, nascido
dade de Medicina da Bahia, UFBA a seguir é em 27 de julho de 1910. Diplomado mé-
relatada de 1884 a 2007 pelo Professor Ro- dico pela FAMEB em 08 de dezembro de
berto Lorens Marback. 1934. Aspirante a Interno de Clínica Of-
Dados colhidos dos arquivos da Fa- talmológica da FAMEB (1931). Interno de
culdade de Medicina da Bahia – UFBA, Clínica Oftalmológica da FAMEB (1932 a
158 informam que a Cátedra de Oftalmologia 1934). Assistente de Ensino da Clínica

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Oftalmológica da FAMEB (1938 a 1949). Os grandes méritos do Professor Hei-

Escolas de Oftalmologia e Especialização


Docente-Livre de Clínica Oftalmológi- tor Marback certamente foram a educação
ca da FAMEB em 1939, com Tese “Sobre ao lado do valor científico, capacidade de
a Radiologia do Canal Óptico”. Professor organização, assiduidade, pontualidade,
Catedrático Interino de Clínica Oftalmoló- cumprimento dos deveres do seu cargo.
gica da FAMEB de 1949 a 1953, quando
do afastamento do Professor Cesário de Ensino da oftalmologia, 1980 a
Andrade para exercer altos cargos no Mi- 1999
nistério da Educação e Cultura no Rio de De 1980 a 1999, a Clínica Oftalmológica
Janeiro. Presidente do Conselho Brasileiro da FAMEB-UFBA foi coordenada pelo Pro-
de Oftalmologia (1971-1973). Professor fessor Roberto Marback. Durante esses 19
Catedrático de Clínica Oftalmológica da anos, a Clínica Oftalmológica da FAMEB
FAMEB em 1954, com a Tese “Lesões Ocu- cresceu sobretudo com a qualificação de
lares de Leishmaniose Tegumentar Ame- muitos dos seus professores obtendo títu-
ricana”. Aposentou-se compulsoriamente los de Doutourado e com a ampliação das
ao completar setenta anos de idade em suas atividades didáticas e assistenciais.
1980. Professor Emérito da FAMEB em Em 1999, portanto quase 20 anos após
1984. Faleceu em 03 de julho de 1988. a aposentadoria do Professor Heitor Mar-
back, ocorreu a abertura de concurso e o
Ensino da oftalmologia, de Professor Roberto Marback é aprovado.
1931 a 1980 A graduação, disciplina de Oftalmolo-
gia é atualmente ministrada durante o sé-
No que diz respeito ao ensino da Oftal-
timo ou oitavo semestre (4o ano) do Curso
mologia na FAMEB-UFBA, tem-se dados a
de graduação em Medicina. A especia-
partir de 1931, fornecidos pelo Professor
lização em Oftalmologia a partir do ano
Heitor Marback. Dados existentes no Cur-
de 1980, Curso de Especialização em Of-
riculum vitae do Professor Heitor Marba-
talmologia em regime de Residência, foi
ck também apontam que àquela época já reconhecido como Pós-Graduação “lato
havia a Clínica Oftalmológica do Hospital sensu” pela UFBA sendo também creden-
Santa Isabel da Santa Casa de Misericór- ciado pelo Conselho Brasileiro de Oftal-
dia da Bahia que serviu como Hospital Es- mologia, e a partir de 1981 pela Comissão
cola da FAMEB até o ano de 1949, quan- Nacional de Residência Médica.
do foi inaugurado o Hospital das Clínicas
hoje denominado Hospital Universitário ESCOLA BAHIANA DE MEDICINA E
Prof. Edgard Santos em homenagem ao SAÚDE PÚBLICA
seu idealizador.
Em 1954, aprovado em concurso públi- Instituto Brasileiro de Oftalmologia
co de provas e títulos, torna-se Professor e Prevenção da Cegueira (IBOPC)
Catedrático de Oftalmologia da FAMEB. A — Atual Hospital Humberto Castro
partir do ano de 1953, a Clínica Oftalmológi- Lima
ca da FAMEB passou a funcionar no recém- Humberto de Castro Lima formou-se,
construido Hospital das Clínicas. em 1948, pela Faculdade de Medicina da 159

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Bahia. Mesmo antes da conclusão de sua Lima nasceu em 3 de outubro de 1924 e
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

graduação, fez um curso de especialização faleceu em 1 de julho de 2008.


em Oftalmologia, ministrado pelo emi- Atualmente, o IBOPC administra um
nente professor Moacyr Álvaro. Em segui- Curso de Especialização em Oftalmologia
da, foi para os Estados Unidos, em agosto do Conselho Brasileiro de Oftalmologia,
de 1949, permanecendo lá durante quase com 8 vagas para residentes do 1o ano,
4 anos. Ao final, submeteu-se aos exames coordenado pela Dra. Regina Helena Pi-
do American Board of Ophthalmology. No nheiro Ratsam.
retorno ao Brasil, em 1952, aproximou-
se de um dos mais notáveis sanitaristas RESUMO HISTÓRICO DA
brasileiros, o professor Manoel Ferreira e, OFTALMOLOGIA DA UNIVERSIDADE
com sua ajuda, instalou em um barracão FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE)
da Fundação Gonçalo Muniz, em Salvador,
Francisco Cordeiro
uma clínica para atendimento de pesso-
as carentes, embrião do que viria a ser o
Em 1895, ocorreu a primeira tentativa de
futuro Instituto Brasileiro de Oftalmologia
criação de uma Faculdade de Medicina
e Prevenção da Cegueira (IBOPC), criado
em Pernambuco, por questões políticas
em 1959. Ao lado dessas atividades assis-
locais e nacionais a ideia não prosperou.
tenciais e de prevenção da saúde ocular, a Apenas em 1920 o curso médico do Re-
vocação para o ensino levou-o a promo- cife realizou o primeiro concurso de Vesti-
ver inúmeros cursos e tornar-se professor bular. Entre os anos 1920 e 1927, o curso
titular de Oftalmologia da Escola Bahiana de Medicina do Recife funcionou no prédio
de Medicina e Saúde Pública. Em 1965, da Faculdade de Farmácia, localizado na
fez seu doutorado pela Faculdade Nacio- Rua do Sebo, hoje Barão de São Borja. Em
nal de Medicina da Universidade do Brasil abril de 1927, foi construída no bairro do
e em seguida a Livre-Docência em Oftal- Derby, a primeira edificação para abrigar a
mologia pela mesma instituição. Durante Faculdade de Medicina do Recife.
toda vida, foi membro ativo do Conselho Em 1928, foi equiparada às demais fa-
Brasileiro de Oftalmologia, foi fundador da culdades oficiais do Brasil, em agosto de
Sociedade Pan-Americana de Glaucoma, 1946 foi incorporada à Universidade do
membro da Sociedade Pan-Americana de Recife, quando passou a ser chamada Fa-
Oftalmologia, patrono da Associação Pan- culdade de Medicina da Universidade do
Americana de Oftalmologia e membro Recife. Sua federalização ocorreu em 1949.
de inúmeras entidades interncionais. Foi Em 1965 passou a ser chamada de Uni-
Diretor-executivo do IBOPC e Coordena- versidade Federal de Pernambuco (UFPE),
dor- Geral da Fundação Bahiana para De- dez anos depois, 1975, com a Reforma
senvolvimento das Ciências, mantenedora Universitária e introdução do Sistema De-
da Escola Bahiana de Medicina e Saúde partamental, foi extinta a Congregação da
Pública. Foi um homem com espírito pú- Faculdade de Medicina e criado o Centro
blico, em luta permanente para conseguir de Ciências da Saúde (CCS) da UFPE.
atendimento digno à população carente Quanto à Cátedra de Oftalmologia,
160 da Bahia. O Professor Humberto de Castro esta foi fundada a partir de um projeto do

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Professor Isaac Salazar da Veiga Pessoa. ■■ Francisco Cordeiro-Barbosa, Professor

Escolas de Oftalmologia e Especialização


Doutor Isaac, formado pela Faculdade de Titular, Chefe do Departamento de Ci-
Medicina do Rio de Janeiro, em 1911, fez rurgia.
parte da primeira Congregação da Medi- ■■ Maria Izabel Lynch Gaete, Professor-
cina junto ao Professor Octávio de Freitas. Associado, Chefe do Serviço de Oftal-
O serviço de Oftalmologia escolhido e cre- mologia.
denciado para o curso médico foi a Clínica ■■ Marcio Zisman, Professor Adjunto, Co-
de Olhos do Hospital Pedro II, dirigida por ordenador de Atenção Especializada à
ele. Com a morte prematura do Professor Saúde.
Isaac Salazar, em 30 de março de 1941, a
■■ Rodrigo P. Cavalcanti Lira, Professor
cadeira foi assumida pelo Professor Fran-
Adjunto, Chefe da Pós-Graduação
cisco da Fonseca Figueiredo Filho, Catedrá-
Stricto Sensu.
tico de Física Médica – Óptica Fisiológica
■■ Virginia Lucas Torres, Professora Ad-
Clínica, precursora da Cadeira de Biofísica.
junta, Chefe da Pós-Graduação Lato
Professor Francisco Figueiredo, faleceu
Sensu (Residência/Especialização).
no dia 21 de junho de 1949, durante os
preparativos para o Congresso Brasileiro ■■ Trinta e Três (33) médicos contratados

de Oftalmologia que foi realizado, no Re- como preceptores.


cife pelo Conselho Brasileiro de Oftalmolo- ■■ Oito (8) alunos de mestrado.
gia no Recife, em 1950. Clóvis de Azevedo ■■ Quatro (4) alunos de doutorado.
Paiva assumiu a Cátedra e permaneceu a ■■ Quatro (4) fellows de retina.
sua frente até completar os setenta anos, ■■ Quinze (15) especializandos e residentes.
em 1987. Assumiu então o Livre-Docente
Alcides Fernandes Costa que Chefiou a UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS
Cadeira de Oftalmologia por cinco anos.
GERAIS (UFMG)
A partir deste período as atividades da
antiga Cadeira de Oftalmologia passaram No início dos anos 1900 se discutia a pos-
a ser coordenadas pelo Departamento de sibilidade de criação de uma Faculdade de
Cirurgia do Centro de Ciências da Saúde, e, Medicina em Minas Gerais. Após acalora-
consistiam em três atividades básicas: Pro- das discussões, vários médicos dentre os
grama Teórico e Prático para os alunos do quais os Drs. Cícero Ferreira e Cornélio Vaz
Décimo Período do Curso Médico; Serviço de Melo, clínicos famosos em Belo Hori-
Assistencial da Clínica Oftalmológica do zonte (BH) na época, fundaram, em março
Hospital das Clínicas; Coordenação da Re- 1911, a Faculdade de Medicina de Belo
sidência Médica e Especialização em Of- Horizonte.
talmologia do CBO e MEC. Nestas funções Seu Estatuto foi aprovado em 03 de
alternaram-se os Professores Fernando maio de 1911. Nesta nova faculdade um
Pragana Paiva, Alvacir dos Santos Rapo- dos 12 fundadores, era o Professor Hono-
so Filho, Ely Almeida Santos, Maria Izabel rato Alves, nomeado Professor da Clínica
Lynch Gaete e Francisco Cordeiro-Barbo- Oftalmológica (OFT) e da Clínica Otorrino-
sa. Atualmente o Serviço de Oftalmologia laringológica (ORL). Ao que parece, este
da UFPE conta com o seguinte Corpo Do- professor nunca exerceu as especialidades
cente/Discente: mencionadas, conforme afirma trabalho 161

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de Nassim Calixto. Ele se dedicava mais à doação do referido prédio para instalar a
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

política que à Medicina. Então, a direção clínica. A boa estrela de Linneu ganhou a
da instituição resolveu abrir dois concur- batalha e o Presidente do Estado Arthur
sos, separando as duas especialidades. Na Bernardes e seu secretário Affonso Penna
ORL, após concurso público, o candidato Junior foram sensíveis ao pedido. Os es-
único vencedor foi Dr. Renato B. Machado forços conjugados do Governo do Estado,
e na Oftalmologia permaneceu Honorato da Diretoria da Faculdade de Medicina e
Alves. de doações de professores da própria Es-
Professor Renato instalou a Clínica cola, de Médicos e pessoas da sociedade,
ORL em cômodo da policlínica da Santa foram os responsáveis pela reforma do
Casa de BH. Em agosto de 1918 foi con- prédio. O Diretor da Faculdade de Medi-
vocado juntamente com outros Médicos cina, Cícero Ferreira, Linneu e o governo
Mineiros, chefiados por Borges da Costa, de Minas somaram esforços no sentido
para a Missão Brasileira da Primeira gran- de que o prédio vago fosse cedido para
de guerra (1918/1919). Ao retornar não abrigar as clínicas de OFT e ORL da Fa-
encontrou mais guarida na Santa Casa. culdade de Medicina de Belo Horizonte.
Esboçou-se novamente a duplicidade de Assim nasceu o Hospital São Geraldo e
serviços (OFT e ORL). novamente as duas disciplinas se uniram.
Em janeiro de 1919 realizaram as pro- Recebeu o nome de Hospital São Geral-
vas para Professor Substituto da Clínica do em homenagem ao Santo que dedicou
Oftalmológica, sendo aprovados os três sua vida aos pobres e doentes.
candidatos: Dr. Linneu Silva em 1o lugar O Hospital São Geraldo foi inaugurado
foi indicado Professor substituto Edilberto no dia 04 de julho de 1920. No dia 07 de
Campos (2o lugar) e Dr. Joaquim de Santa setembro de 1927 o Presidente Antonio
Cecília (3o lugar), foram indicados Livre- Carlos Ribeiro de Andrade cria a Univer-
Docentes e Dr. Linneu Silva tomou posse sidade de Minas Gerais (UMG). Ela nasceu
como Catedrático em 16/07/1916. numa época em que devaneio seria admi-
Dr. Santa Cecília planejou e fundou a ti-la. Mas nunca é devaneio uma obra que
Clínica de Olhos da Santa Casa de BH. se sustenta na genialidade e no idealismo.
Professor Linneu instalou a Clínica OFT Na década de 1930 Linneu ausentava-
no porão do prédio da Faculdade, em 08 se frequentemente de BH para frequentar
setembro de 1914, por não haver outro a clínica de Abreu Fialho no Rio de Janei-
espaço físico disponível. Nessa ocasião, ro e os três Livres-Docentes Santa Cecília,
próximo da Faculdade, vagara um prédio Laborne Tavares e Hilton Rocha assumiam
da Diretoria de Higiene do governo de alternadamente esta clínica da UMG.
Minas dirigida pelo Professor Samuel Li- Com a fundação da Faculdade de Ciên
bânio. Depois de intensa luta conseguiu- cias Médicas do Rio de Janeiro, Linneu Sil-
se, com a ajuda de Cícero Ferreira e Sa- va requereu e conseguiu a sua transferên-
muel Libânio a doação deste prédio para cia para a referida faculdade como Profes-
abrigar as duas Clínicas: OFT e ORL que se sor Catedrático.
uniram novamente. Em memorável concurso o candidato
Dr. Linneu fez um pedido dramático único, Dr. Hilton Ribeiro da Rocha, assu-
162 ao Governador Arthur Bernardes para miu a Cátedra. Continua ele em sua au-

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tobiografia “A pouco e pouco, estudando, Plástica Ocular, Refração e Lentes de Con-

Escolas de Oftalmologia e Especialização


trabalhando e concorrendo honestamen- tato, Retina, Uveítes e Visão Sub-normal.
te, com lealdade, conquistei a Cátedra da Hilton Rocha foi, primordialmente um
Clínica Oftalmológica da UFMG, em mar- idealista, um visionário, um sonhador e
ço de 1942. Fui um dos Catedráticos mais um grande e carismático líder de classe.
novos no Brasil, com 31 anos. A partir de Agregou à sua escola o Doutorado
então, tudo tenho feito, dentro das mi- em Medicina com área de concentração
nhas reais limitações, mas com entusias- em Oftalmologia, à época aprovado pelo
mo e idealismo do qual, felizmente, jamais MEC. Não só inúmeros professores minei-
abdiquei, no sentido de seguir o exemplo ros, mas também docentes de outros es-
dos predecessores. Tentei plasmar uma tados o fizeram e conseguiram conquistar
escola oftalmológica, e dezenas de ocu- tão cobiçado Título.
listas por ela tem passado, recebendo as Com a famigerada lei da Aposentado-
lições honestas que lhes podemos minis- ria Compulsória, quando completou 70
trar, para que, cada qual possa, pouco a anos, em 1981, foi obrigado a se retirar do
pouco, galgar as posições de prestígio, a Hospital São Geraldo e de suas grandes
que já galgaram, dentro da Oftalmologia realizações, mas fundando também em
nacional. Ai do Mestre que não tem um BH o Instituto Hilton Rocha e a Fundação
discípulo que o supere. Mas, todos, sem Hilton Rocha.
exceção, instruídos dentro da ética e da
dignidade profissionais, e, para alegria UNIVERSIDADE FEDERAL DO
minha, todos constituindo uma família
PARANÁ (UFPR)
fraterna e unida”.
Permaneceu, durante quase 40 anos, Da publicação intitulada Contribuição à
na condução da Clínica Oftalmológica História da Medicina no Paraná, ditada
que, posteriormente, passou a Departa- em 2011 pelo estimado Profesor Ehren-
mento OFT e OTR. Na década de 1940 fried Othmar-Wittig tem-se um relato rico
construiu à custa de doações, um novo e objetivo do histórico do ensino da of-
pavilhão com dois andares, para abrigar talmologia no Paraná, de autoria dos Pro-
diversos departamentos, bloco cirúrgico, fessores Carlos Augusto Moreira e Rubem
nova cozinha, apartamentos para interna- Nogueira de França.
ção etc. Julius Szymanski, nascido em Kielce,
Professor Hilton criou Residência Mé- Polônia, em 1870. Diplomou-se em 1896,
dica de Oftalmologia em 1959, regime de pela Faculdade de Medicina de Kiev, Ucrâ-
tempo integral e dedicação exclusiva, com nia, transferiu-se para o Paraná, em 1912.
dois anos de duração para a formação de Aprovado no primeiro concurso para a
Especialistas. cátedra de Oftalmo-Otorrinolaringologia
Instituiu em seu serviço a divisão da es- da Universidade do Paraná, foi empossado
pecialidade em subespecialidades, criando em 1917 como Primeiro Lente Catedrático
no Hospital São Geraldo os serviços: Ana- da Clínica Oftalmológica e Otorrinolarin-
tomia e Histologia Ocular, Anatomia Pa- gológica. Exerceu a cátedra de Clínica Of-
tológica, Córnea, Estrabismo, Glaucoma, talmológica durante os anos 1918 e 1919. 163

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Com sua saída, Leônidas do Amaral Em 1957, com a aposentadoria de Le-
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

Ferreira ocupou seu lugar na Cátedra de ônidas Ferreira a direção da Clínica Of-
Oftalmologia em 1920, permanecendo talmológica, passou a ser exercida por
durante 37 anos, até sua aposentadoria, Egon Armando Krueger, especialista pelo
em 1957. Durante este período, o servi- Instituto Penido Burnier, em Campinas,
ço de Oftalmologia era sediado na Santa Catedrático até 1976, quando se aposen-
Casa de Misericórdia. Participaram deste tou. Durante a chefia de Egon Armando
serviço Carlos Alberto Pereira de Olivei- Krueger, deu-se a construção do Hospital
ra (1940), Rubem Nogueira de França de Clínicas da UFPR que muito contribuiu
(1945), Arthur Borges Dias (1945), Raquel para o desenvolvimento da especialidade.
Rebello (1949), Leônidas do Amaral Fer- Sua construção começou em 1949, durou
reira Filho (1951), Francisco de Paula Soa- 10 anos.
res Filho (1953) e Egon Armando Krueger Novos professores concursados assu-
(1956). miram: Carlos Augusto Moreira (1957), Ru-
Nos anos 1940 eram poucos os que bem Nogueira de França (1960), Moysés
clinicavam no Paraná: Leônidas Ferreira, Lerner (1961), Nelson Bockmann (1965),
Carlos Estrella Moreira, Mathias Piechnik Paulo Zelter Gruppenmacher (1973).
Filho, Celso Ferreira, Saul Chaves, Bernar- Em 1976 Carlos Augusto Moreira e
do Pericás, Carlos Alberto Pereira de Oli- Paulo Gruppenmacher prestaram con-
veira, Arthur Borges Dias, Fernando Simas, curso à Livre-Docência, ambos aprovados
Egon Krueger, Julio Garmatter, Laffayette com distinção.
Vianna, Moysés Lerner, Raquel Rebello Após a aposentadoria de Krueger, em
(primeira médica ortoptista do Paraná), 1976, a disciplina passou a ser chefia-
Rubem Nogueira de França, James Ross e da em rodízio de um ano por Leônidas
João Leite. A estes juntaram-se nos anos Ferreira Filho, Francisco de Paula Soares
1950 Leônidas Ferreira Filho, Francisco de Filho, Carlos Augusto Moreira e Paulo Z.
Paula Soares Filho, Luiz Zornig, Nelson Bo- Gruppenmacher. Com a aposentaria de
ckmann, Carlos Augusto Moreira, Felizar- Leônidas Ferreira Filho, em 1981, e de
do Leite Ferreira e Walmyr Peixoto, todos Paula Soares, em 1983, ficou a cargo de
radicados em Curitiba. Em Rio Negro atua Moreira e Gruppenmacher, por meio de
va Antonio Saliba, que mais tarde trans- revezamento anual. Na sequência fo-
feriu-se para Ponta Grossa, onde também ram aprovados em concursos Humberto
exerciam a Oftalmologia Paula Xavier e Schwartz Filho, em 1976, e Naoye Shio-
Antonio Chechia. No norte do Paraná, em kawa, em 1979, a princípio como Assis-
Londrina, praticava a especialidade Arthur tentes e depois como Adjuntos. Depois
van der Berg. foram aprovados em concursos subse-
Sem residências no Brasil, Paula Soa- quentes Hamilton Moreira, Ana Tereza
res, em 1952, e Carlos Augusto Moreira, Ramos Moreira, Mario Teruo Sato e Lu-
em 1956, a fizeram em Rosário, Argentina. ciane Moreira.
Na volta ligaram-se à Universidade Fede- Em concurso público para Titular de
ral do Paraná (UFPR), como Auxiliar de En- Oftalmologia em 1990, inscritos Carlos
sino, propiciando desse modo o início de Augusto Moreira e Carlos Augusto Morei-
164 suas carreiras universitárias. ra Júnior, ambos foram aprovados. Carlos

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Augusto Moreira tornou-se o Titular da pesquisas, além de inúmeros prêmios no

Escolas de Oftalmologia e Especialização


Oftalmologia da UFPR, abdicando e as- Brasil e exterior, normatizou a nível mun-
sumindo então o cargo de Titular, Carlos dial a análise do endotélio corneano, in-
Augusto Moreira Júnior. fluenciou o aprimoramento dos microscó-
Em 2002, por meio de eleição, Car- pios especulares das principais marcas do
los Augusto Moreira Júnior tornou-se mercado mundial, além de ter desenvol-
Reitor da UFPR assumindo mandato de vido método que orienta a realização da
29/04/2002 a 24/04/2006 sendo recondu- microscopia especular de córnea a obter
zido ao cargo por reeleição para mandato validação amostral e analisa seus resulta-
iniciado em 25/04/2006. dos por controle etário. Esta metodologia
Referente à vida acadêmica, outros lhe rendeu o título de inventor conferido
dois médicos oftalmologistas no Paraná pelos institutos de marcas e patentes do
se destacam pela ligação à Disciplina de Canadá, China, Estados Unidos e Japão,
Anatomia Humana na UFPR: O primeiro, além dos direitos adquiridos pelas paten-
Carlos Estrella Moreira, anatomista que tes nos respectivos países.
ocupou a chefia do Departamento de
Morfologia da UFPR; o segundo, Fernan- Referência
do Cesar Abib, também Professor do De-
Moreira CA, França RN. História da Oftalmologia no
partamento de Anatomia da UFPR, pes- Paraná. In: Othmar-Wittig E. Contribuição a Histó-
quisador de Endotélio de Córnea. De suas ria da Medicina no Paraná; 2011.

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Aspectos da História da Sociedade
16 Brasileira de Oftalmologia

INTRODUÇÃO sobre o decreto anterior, na parte relativa à


venda de lentes de grau. Estes encontram-
Em 13 de outubro de 1918 o Professor
se em pleno vigor até a presente data. O
José Antônio de Abreu Fialho iniciou
autor intelectual destas leis foi o Dr. Her-
movimento para a criação da Sociedade
mínio Brito Conde, à época 2o secretário da
Brasileira de Oftalmologia e Otorrinola-
Sociedade Brasileira de Oftalmologia.
ringologia. Foi inaugurada em 6 de se-
De 19 a 25 de janeiro de 1935, reali-
tembro de 1922. A união destas duas es-
zou-se a Primeira Reunião Brasileira de
pecialidades não durou muito, em 1932
Oftalmologia, posteriormente consagra-
foi reestruturada por meio da atuação do
da como Primeiro Congresso Brasileiro
Dr. Hermínio Brito Conde, sendo fundada de Ophtalmologia, teve como instituições
então a Sociedade Brasileira de Oftalmo- envolvidas em sua organização a Socieda-
logia por 39 médicos, sua ata registrada de Brasileira de Ophtalmologia, Socieda-
em 1932. de de Ophtalmologia do Rio Grande do
Em 1929 foi criada a publicação de An- Sul e Sociedade de Ophtalmologia de São
naes de Oculística do Rio de Janeiro por Paulo, segundo os Annaes do I Congresso
José Antonio de Abreu Filho. Nesta época, Brasileiro de Ophtalmologia.
por ser o Rio de Janeiro a capital do país Em 1938 a Sociedade Brasileira de Of-
e a Sociedade Brasileira de Oftalmologia talmologia realizou o 1o Curso sobre Tra-
reunir lideranças e eminentes autoridades comatologia no Rio de Janeiro.
do conhecimento oftalmológico, executou Em 1939 capitaneou a Campanha da
relevante papel na orientação técnica ao Boa Visão tendo contribuído ativamente
então presidente Getúlio Vargas, que em para a fundação da Liga Nacional de Pre-
11 de janeiro de 1932 promulgou o De- venção da Cegueira.
creto Lei no 20.931 para regular e fiscalizar Em 1942 a Revista Brasileira de Oftal-
o exercício da medicina, da odontologia, mologia teve como um de seus fundado-
da medicina veterinária e das profissões res o Dr. Evaldo Campos, como seu pro-
de farmacêutico, parteira e enfermeira, no prietário fez a doação da mesma para a
Brasil, estabelecendo penas. Sociedade Brasileira de Oftalmologia atra-
Em 28 de junho de 1934 foi promulgada vés de escritura pública, à época o presi-
também pelo Presidente Getúlio Vargas o dente da SBO era o Dr. Marcello Martins
Decreto-Lei no 24.492 que baixa instruções Ferreira.

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Em 1956 criou o primeiro Banco Central clarecimento à população referente a pro-
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

de Olhos e de Pesquisas em convênio como blemas de visão.


Hospital dos Servidores do Estado. Neste Em 1963, na presidência do Dr. Raphael
mesmo ano, na Evaldo Campos, adquiriu a Benchimol, realizou-se a Campanha Na-
primeira sede própria, à Rua México. cional do Estrábico.
Em maio de 1958, surgiu o Boletim da De 1 a 6 de agosto de 1990, na pre-
Sociedade Brasileira de Oftalmologia cria- sidência do Dr. Oswaldo Moura Brasil,
do pelo então presidente, Pedro Moacyr realizou-se a Campanha Nacional de pre-
Aguiar, com a finalidade de divulgar os venção do Glaucoma, com divulgação dos
trabalhos de seus médicos. resultados alcançados. Na mesma gestão,
Em 1971, por meio do Presidente Mu- em 1991, realizou-se a Campanha Na-
rilo Fontoura Carvalho, auxiliado pelo Dr. cional de Medida da Acuidade Visual na
Jaison Tupy Barreto, à época Deputado Infância. Ainda nesta, juntamente com o
Federal por Santa Catarina, evitou que Lions Club, foi realizada a campanha de
fosse aprovado projeto de lei favorecendo medida da pressão intraocular.
a formação de técnicos e a adaptação de De 30 de agosto a 1o de setembro de
lentes de contato por óticos. 1993, na presidência do Professor Morizot
Em 1972 foi criado o Prêmio Varilux, leite Filho, realizou-se a Campanha Nacio-
tendo se tornado importante concurso de nal de Doação de Córneas. Foram edita-
trabalhos científicos na especialidade no dos dois filmes institucionais, levados ao
país, atualmente é outorgado aos traba- ar em todo o Brasil.
lhos vencedores nas categorias Máster, De 22 a 26 de agosto de 1994, na mes-
Sênior e Refração Social. ma presidência, a SBO promoveu a II Cam-
A sede atual da SBO localiza-se à Rua
panha Nacional de Doação de Córnea.
São Salvador, 107, em Laranjeiras, no Rio
De 1 a 5 de junho de 1996, na presi-
de Janeiro, na quadra entre a Praça São
dência do Dr. Sérgio Fernandes, foi reali-
Salvador e a Rua Ypiranga, próxima à Esta-
zada nova Campanha de doação de cór-
ção Largo do Machado do Metrô.
neas, nos principais shoppings da cidade.
Segundo a própria sociedade, trata-se
Realizou-se também a Campanha Nacio-
da mais antiga da especialidade no país e
nal da Visão na Infância.
quarta das Américas, apenas a Academia
Em outubro de 2004, na presidência do
Americana de Oftalmologia, a Sociedade
Dr. Paulo César Fontes, com a colaboração
Mexicana e a Sociedade Argentina a proce-
do Lions Club Internacional., foi realizada
deram. A Sociedade Brasileira de Oftalmo-
a Campanha de Prevenção do Glaucoma,
logia (SBO) já teve 55 presidentes, desde
quando atendidas cerca de 4.600 pessoas.
sua fundação em 6 de setembro de 1922.
Nos dias 17 e 18 de maio de 2005, na
O curso de especialização em oftalmo-
presidência do Professor Yoshifumi Yama-
logia da SBO é o mais antigo do Brasil.
ne, realizou-se, juntamente com a ABRAG-
RJ, Campanha de Prevenção do Glaucoma
CAMPANHAS DA SOCIEDADE
realizada conjuntamente com a Campanha
BRASILEIRA DE OFTALMOLOGIA de Saúde do DETRAN-Rio, atendendo-
A Sociedade Brasileira de oftalmologia se 415 pessoas. Em outubro de 2005, rea-
168 tem longa tradição de campanhas de es- lizou juntamente com o Lions Club do Rio

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de Janeiro, Secretaria estadual de Saúde idade. Foi produzido filme alusivo a esta

Aspectos da História da Sociedade Brasileira de Oftalmologia


e ABRAG-RJ, Campanha de Prevenção do campanha com a colaboração do Dr. An-
Glaucoma em 14 cidades do estado do Rio dré Portes, sendo exibido pela TV Globo
de Janeiro. em todo o Brasil durante cerca de 30 dias,
Realizou-se também, juntamente com a partir de 20 de junho de 2008.
as Secretarias de estado de educação, Na presidência do Professor Mário
Saúde e Defesa Civil, a Campanha Olhan- Motta realizou-se, em conjunto com a Se-
do a Escola. No primeiro momento foi cretaria de Envelhecimento Saudável da
feita triagem de 59 mil alunos das duas Prefeitura do Rio de Janeiro e ABRAG-RJ,
primeiras séries do ensino fundamental Campanhas de Prevenção do Glaucoma,
das escolas estaduais de todos os muni- no dia 26 de maio e 6 de junho de 2009,
cípios. Foram encaminhados para exame em Campo Grande, zona oeste do mu-
nos consultórios dos oftalmologistas cer- nicípio do Rio de Janeiro. Ainda em sua
ca de 9 mil, dos quais apenas 6.500 com- presidência a SBO participou junto com a
pareceram às consultas. Foram receitados FIRJAN, da Ação Global realizada em 21
e entregues óculos a 2.011 alunos. de junho de 2009, na Vila Cruzeiro (Com-
Ainda na sua presidência, Professor
plexo do Alemão), voltada para a Pre-
Yoshifumi Yamane realizou a Campanha
venção do Glaucoma. A SBO participou
de Prevenção do Glaucoma (2006), em
juntamente com a Secretaria Municipal
seis postos na cidade do Rio de Janeiro
de Saúde, Lions Club do Rio de Janeiro,
e em 10 municípios do Estado do Rio de
Essilor e a Tecnol, do Projeto Piloto “Ver
Janeiro.
Bem – Aprender Melhor” no qual foram
Em 2007, na presidência do Dr. Luiz
examinados alunos de 5 escolas munici-
Carlos Portes, realizou-se a Campanha
pais e doados os respectivos óculos. Nesta
de Prevenção do Glaucoma em conjun-
foram avaliados 1.484 alunos, 180 foram
to com a Comissão de Saúde da Câma-
encaminhados para exame oftalmológico
ra dos Vereadores do Rio de Janeiro,
e 65 receberam óculos.
presidida pelo vereador Dr. Carlos Edu-
ardo Mattos, e ABRAG-RJ. Esta deu- Ainda na presidência do Professor
se na praia do Leblon, realizou também Mário Motta formou-se parceria da SBO-
uma jornada de Glaucoma em 2007 na UADERJ – União das Associações de Dia-
praia do Leblon. Ainda em sua presidên- béticos do Rio de Janeiro, para o projeto
cia, realizou em conjunto com a Comissão Oftalmologistas Amigos do Jovem Dia-
de Saúde da Câmara de Vereadores do bético. Cadastrou-se mais de 50 oftal-
Rio de Janeiro ABRAG-RJ, a Campanha de mologistas que atenderam mensalmen-
Prevenção do Glaucoma, quando foram te dois pacientes gratuitamente em seus
examinados cerca de 900 pacientes na Su- consultórios. A SBO participou do “Proje-
per Via (Central do Brasil) e Center Shop- to Prazer em Ver“ desenvolvido conjun-
ping Jacarepaguá. tamente com a Prefeitura Municipal da
Foi realizada também Campanha da Educação de Niterói, neste foram entre-
SBO e CBO para demonstrar as principais gues 296 óculos a alunos de 6 a 8 anos.
doenças que acometem o sistema visual O projeto foi resultado de um convênio fir-
em pessoas com mais de 60 anos de mado com a Lotérica do Estado do Rio de 169

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Janeiro e o Instituto Brasileiro de Assistên- ■■ 1957-1958: José Barbosa da Luz
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

cia e Pesquisa (IBAP). ■■ 1958-1959: Pedro Moacyr de Aguiar


Em 26 de Maio de 2011, na presidên- ■■ 1959-1960: Carlos Henrique Bessa
cia do Professor Aderbal Alves Jr., a SBO, ■■ 1960-1961: Evaldo Machado dos San-
Lions e ABRAG-RJ realizaram no Largo do tos
Machado a Campanha de Prevenção do
■■ 1961-1962: Luiz Eurico Ferreira
Glaucoma.
■■ 1962-1963: Ruy Costa Fernandes
■■ 1963-1964: Raphael Benchimol
Sede da Sociedade Brasileira de Oftalmologia
R. São Salvador, 107 – Laranjeiras, Rio de Janeiro-RJ, ■■ 1964-1965: Marcelo Martins Ferreira
CEP 22.231-130
■■ 1965-1966: Afonso Fatorelli
Telefone: (21) 2205-2240
E-mail: sbo@sboportal.org.br ■■ 1966-1967: Aderbal de Albuquerque
Site: http://sboportal.org.br
Alves
■■ 1967-1968: Dario Dias Alves
GESTÕES E PRESIDENTES DA
■■ 1968-1969: Antônio Giardulli
SOCIEDADE BRASILEIRA DE
■■ 1969-1970: Renato Pereira Machado
OFTALMOLOGIA
■■ 1970-1971: Fernando Dantas Coutinho
■■ 1922-1940: José Antônio de Abreu ■■ 1971-1972: Murilo José Fontoura Car-
Fialho valho
■■ 1940-1940: Nelson Moura Brasil do ■■ 1972-1973: Dilson Marques da Silva
Amaral ■■ 1973-1974: Paiva Gonçalves Filho
■■ 1940-1942: Otávio do Rego Lopes ■■ 1974-1975: Cláudio Humberto Savas-
■■ 1942-1943: Ruy de Castro Rolim tano Ramalho
■■ 1943-1944: Sylvio Abreu Fialho ■■ 1975-1976: João Baptista Braga Teixei-
■■ 1944-1945: Carlos de Paiva Gonçalves ra
■■ 1945-1945: Eduardo Augusto de Cal- ■■ 1976-1977: Adalmir Morterá Dantas
das Brito ■■ 1977-1978: Botelho Ferreira da Silva
■■ 1946-1947: Edilberto de Souza Cam- ■■ 1978-1981: Alberto Rodrigues Vidaur-
pos reta
■■ 1947-1948: Joaquim Vidal Leite Ribeiro ■■ 1981-1983: José Victorino de Araújo
■■ 1948-1949: Natalício Lopes de Farias Lima
■■ 1949-1950: João Celso Uchoa Caval- ■■ 1983-1985: Almiro Pinto de Azeredo
canti ■■ 1985-1987: Celso Marra Pereira
■■ 1950-1951: Paulo Cesar de Almeida Pi- ■■ 1987-1990: Flávio Rezende
mentel ■■ 1990-1993: Oswaldo Moura Brasil do
■■ 1951-1953: Werther Duque Estrada Amaral Filho
■■ 1953-1954: Joviano de Rezende Filho ■■ 1993-1995: Luiz Augusto Morizot Leite
■■ 1954-1955: Jonas Arruda Filho
■■ 1955-1956: Evaldo de Mendonça Cam- ■■ 1995-1997: Sérgio Pinho Costa Fernan-
pos des
170 ■■ 1956-1957: Orlando da Silva Rebello ■■ 1997-1999: Miguel Ângelo Padilha

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■■ 1999-2001: Samuel Cukierman ■■ 2015-2017: João Alberto Holanda de

Aspectos da História da Sociedade Brasileira de Oftalmologia


■■ 2001-2003: Carlos Fernando Ferreira Freitas
■■ 2003-2005: Paulo César Fontes ■■ 2017-2019: Armando Stefano Crema
■■ 2005-2007: Yoshifumi Yamane
■■ 2007-2009: Luiz Carlos Pereira Portes
BIBLIOGRAFIA
■■ 2009-2011: Mário Martins dos Santos
Annaes do I Congresso Brasileiro de Ophtalmologia.
Motta
1935; I:3-5.
■■ 2011-2013: Aderbal Alves Jr.
Diniz J, Ventura M, Freitas JAH, Diniz M. SBO – 90 Anos
■■ 2013-2015: Marcus Vinicius Abbud Sa- de História – Família Oftalmológica Brasileira. SBO.
fady 2017.

171

CBO-2018 - Miolo.indd 171 29-10-2018 11:27:51


CBO-2018 - Miolo.indd 172 29-10-2018 11:27:51
Considerações sobre a História da
17 Oftalmologia nos Estados

O levantamento da história da oftalmo- O Acre apesar de não ser o estado com


logia nos estados de nosso país foi uma o menor número de oftalmologistas pelo
tarefa árdua considerando a dificuldade Censo Oftalmológico realizado pelo CBO
de levantar fatos históricos, pois estes fre- em 2014, possui segundo este senso 20
quentemente não são registrados. Fica-se médicos especialistas. Sua população é de
então a mercê de relatos esparsos. 776.463 habitantes e uma relação oftal-
A publicação Família Oftalmológica mologista/habitantes de 38.823. Situação
Brasileira, versa sobre descendentes of- bem diversa dos demais estados. O nú-
talmologistas, alusiva ao 95o aniversário mero de oftalmologistas tem aumentado
da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, constantemente.
editada em 2017 por grandes conhecedo-
res da oftalmologia brasileira, tais como ALAGOAS (AL)
João Diniz, Marcelo Ventura, João Alberto
■■ Médicos Oftalmologistas: 187
Holanda de Freitas e Marcelo Diniz, muito
contribuiu nesta tarefa. ■■ População: 3.300.935 habitantes
Como documento histórico não so- ■■ Relação oftalmologista/
mente consoante às famílias de médicos população: 18.137
oftalmologistas merece destaque por
apresentar breve e objetivo histórico da O texto que apresenta a História da Of-
especialidade nos estados do Brasil. Mui- talmologia Alagoana foi extraído do site da
tas das informações pertinentes aos esta- Sociedade Alagoana de Oftalmologia, de
dos de nosso país, a seguir apresentadas, autoria dos médicos Everaldo Lemos, Allan
tiveram como fonte este contemporâneo Barbosa, Dalton Ramos e Isaac Ramos.
documento histórico. Alguns estados tive- No início da história conhecida, a oftal-
ram seu conteúdo complementado. mologia ou o que fosse mais parecido como
tal, se resumia ao tratamento de lesões
ACRE (AC) traumáticas com unguentos desconheci-
dos para nós, e ao tratamento da catarata
■■ Médicos Oftalmologistas: 20 pelo chamado processo de reclinação, que
■■ População: 776.463 habitantes persistiu durante muito tempo como trata-
■■ Relação oftalmologista/ mento da opacidade do cristalino. Egípcios,
população: 38.823 sumérios e hitiras nos deixaram algumas

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notícias a respeito. Tratava-se simplesmente tos e da tecnologia trouxeram a oftalmo-
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

de empurrar o cristalino opaco em direção logia alagoana para um patamar de nível


ao vítreo. Acredita-se que de vez em quan- internacional. Grandes nomes como os já
do devia dar certo. Enucleação para trata- citados José Carneiro D’ Albuquerque, Joa
mento de tumorações provavelmente tam- quim Neves Pinto, Artur Breda e Dario Ra-
bém eram realizadas, embora só mais tarde mos Barbosa, juntamente com Oceano
com Bartisch se padronizou uma técnica Carleial, José Lins de Gusmão Lyra, Olavo
mais ou menos parecida com o que se usou Uchoa de Omena, Aristóreles Calazans Si-
nos últimos três séculos. mões, e Manoel Moura Rezende Filho serão
Em Alagoas, o que se sabe a respeito sempre lembrados como a base da oftal-
dos primeiros tratamentos oftalmológicos mologia que temos hoje em nosso estado.
vem do início do século XX, com alguma A necessidade de organização da es-
coisa escrita e alguns relatos orais. Em tor- pecialidade, tanto para o exercício na área
no de 1920, José Carneiro D’Albuquerque, científica, como para a atuação da classe
cirurgião geral, fazia o possível dentro das em defesa de objetivos comuns, culminou
limitações da época. Provavelmente caute- com a fundação da Sociedade Alagoana
rizações, uso de colírios de ervas, excisão de Oftalmologia em 1o de outubro de
de pequenos tumores, e talvez alguma re- 1982, e da Cooperativa dos Oftalmologis-
fração, que inclusive já era feita desde a Re- tas de Alagoas, em 14 de junho de 2000.
nascença. Mas pelos relatos dos que com
ele conviveram, o pioneiro real da Oftal- AMAPÁ (AP)
mologia como especialidade, foi Joaquim
■■ Médicos Oftalmologistas: 16
Neves Pinto, em torno dos anos 1930, com
■■ População: 734.996 habitantes
a inauguração da casa de saúde que trouxe
■■ Relação oftalmologista/
seu nome até quase o século XXI.
população: 45.937
Desde esta época até os anos 1960
fazia-se a especialidade atrelada à Otorri-
O Amapá é o estado com o menor nú-
nolaringologia. Até que Artur Breda, ten-
mero de oftalmologistas pelo Censo Of-
do feito Residência de Oftalmologia em
talmológico realizado pelo CBO em 2014,
Belo Horizonte na Clínica de Hilton Rocha,
possui segundo este senso 16 médicos
o papa do assunto nesse tempo, se dedi-
especialistas. Sua população é de 734.996
cou a tratar especificamente as afecções
habitantes e uma relação oftalmologista/
oculares a partir de 1960. Em seguida,
habitantes de 45.937, a maior do país.
Dario Ramos, regressando do estágio na
Até o presente momento não existe
Universidade Federal de São Paulo, seguiu
especialização em Oftalmologia com o re-
o mesmo caminho dedicando-se ape-
conhecimento do CBO no estado.
nas à Oftalmologia e criando em 1963 o
Instituto Santa Luzia, primeira clínica em AMAZONAS (AM)
Alagoas especializada exclusivamente no
tratamento das doenças oculares. ■■ Médicos Oftalmologistas: 162
A constante atualização científica dos ■■ População: 3.807.921 habitantes
profissionais da terra, em conjunto com o ■■ Relação oftalmologista/
174 desenvolvimento natural dos procedimen- população: 23.506

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A base do texto a seguir foi extraída de oftalmo-otorrinolaringologia por qua-

Considerações sobre a História da Oftalmologia nos Estados


da publicação Família Oftalmológica Bra- se quatro décadas, foi um dos professores
sileira e tem como título “A História da Of- de Otorrinolaringologia na recém-criada
talmologia do Amazonas”, de autoria do Faculdade de Medicina da Universidade
Professor Claudio Chaves. Federal do Amazonas, desde a sua funda-
Pouco se sabe sobre a existência de ção, até se aposentar no início dos anos
médico oftalmologista no Amazonas an- 1980.
tes de 1900. Acredita-se que a história Foram também os Drs. Franco de Sá e
da oftalmologia amazonense passou a Nilson Vasconcelos, conselheiros do Tri-
ser escrita no século XX. Da comunica- bunal de Contas do Amazonas, sendo o
ção pessoal do professor de Matemática primeiro, um dos seus fundadores e o pri-
Cleomenes do Carmo Chaves, o primeiro meiro presidente da corte.
médico a praticar a medicina oftalmológi- A partir da década de 1960 surgem os
ca no Amazonas foi o Dr. Manoel Barreto três primeiros não mais oftalmo-otorrino-
Lins, de Pernambuco. Chegou nos anos laringologistas, mas somente oftalmolo-
1920 e atuou como clínico na Santa Casa gistas. Desta época destacam-se quatro
de Misericórdia de Manaus. Sua atuação por terem atuado como professores de
deixou poucos registros, pois como oftal- Oftalmologia da recém-nascida Faculdade
mologista se limitava a realizar consultas e de Medicina da Universidade Federal do
exames de refração. Amazonas, os Drs. Kaleb, Ozildo Aragão,
As primeiras cirurgias oftalmológicas Roberto Góes Monteiro e Paulo Russo. Os
foram realizadas na mesma época em Ma- dois primeiros militares do Exército Brasi-
naus, no Hospital Beneficente Portuguesa, leiro, foram transferidos, assim com breve
pelo cirurgião geral Dr. Jorge de Morais, passagem em Manaus.
tendo aprendido a realizar extração de ca- Os Drs. Roberto Góes Monteiro e Paulo
tarata na Europa. Russo, foram os professores que estrutu-
Nos anos 1930, a classe médica amazo- raram a disciplina de Oftalmologia da Fa-
nense recebeu o primeiro especialista em culdade de Medicina e atuaram no magis-
oftalmo-otorrinolaringologia (a especialida- tério médico até meados dos anos 1970.
de que cuidava dos olhos também tratava A partir da outra metade da década de
das doenças dos ouvidos, nariz e garganta) 1970, a história da nossa medicina oftal-
– o Dr. Agenor de Magalhães – que, em Ma- mológica passou a registrar maior cres-
naus, clinicou por mais de três décadas, até cimento, tanto científico e tecnológico,
a sua morte ocorrida nos anos 1960. quanto numérico, relativamente aos pro-
Na década de 1940, o povo amazo- fissionais médicos especialistas em Oftal-
nense foi contemplado com mais dois mologia, qualificados com o certificado
oftalmo-otorrinolaringologistas: Dr. José de Residência Médica e o Título de Espe-
Raimundo Franco de Sá e Dr. Avelino Pe- cialista nessa área da Medicina.
reira. O primeiro, filho de tradicional fa- Com a saída dos Drs. Paulo Russo e
mília amazonense, o segundo oriundo do Góes Monteiro da docência de Oftalmo-
Rio Grande do Norte. logia da Faculdade de Medicina da UFAM,
Nos anos 1950 chegou o médico per- essa passou a ser ocupada pelos Drs. Pau-
nambucano Dr. Nilson Vasconcelos, além lo Pinto, Roberval Tavares, Claudio Chaves 175

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e Francisco Marinho, mais tarde também ■■ Relação oftalmologista/
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

por Jacob Coheo. população: 15.105


Em 1988 o Instituto de Oftalmologia
– Oculistas Associados de Manaus, em Até onde alcança o meu conhecimen-
convênio com a Universidade Federal do to, o início da oftalmologia no Estado da
Amazonas, passou a ministrar o ensino Bahia ocorreu no ano de 1884 com a cria-
médico em Oftalmologia e a formar novos ção da disciplina de Oftalmologia na Fa-
especialistas em Manaus. culdade de Medicina da Bahia. O ensino
Ainda na década de 1990 o médico prático funcionou no Hospital Santa Isabel
oftalmologista Claudio Chaves, teve parti- da Santa Casa de Misericórdia até 1952,
cipação no Congresso Nacional brasileiro quando foi transferido para o Hospital das
como deputado federal pelo Estado do Clínicas, hoje denominado Hospital Uni-
Amazonas, quando ocupou, interinamente, versitário Professor Edgard Santos, Uni-
na condição de vice-presidente, a presi- versidade Federal da Bahia.
dência da Comissão de Saúde e Segurida- A primeira instituição oftalmológica
de Social e Família da Câmara dos Deputa- da Bahia foi o Hospital Santa Luzia, criado
dos, tendo sido até o presente momento o pelo Professor Colombo Spínola em 1934.
único médico oftalmologista amazonense Serviu ao ensino da Oftalmologia da Esco-
a ter assento na Câmara Baixa do país. la Baiana de Medicina e Saúde Pública até
Na virada do século XX e do milênio, a meados dos anos 1960.
oftalmologia amazonense já se apresen- Em 1959 foi fundado o Instituto Bra-
tava pujante, eficiente e respeitada com sileiro de Oftalmologia e Prevenção da
seus quase 150 pares entre especialistas, Cegueira pelo Professor Humberto Cas-
(a maioria aqui formados pela equipe tro Lima que posteriormente e até os dias
do Instituto de Oftalmologia), mestres, atuais funciona como Serviço de Oftal-
doutores, e pós-Ph.D. Hoje, na segunda mologia da Escola Baiana de Medicina e
década do século XXI, o ensino da Oftal- Saúde Pública. Estas três instituições antes
mologia amazonense está presente em mencionadas constituíram a base da of-
três Faculdades de Medicina – Universi- talmologia em nosso Estado.
dade Federal do Amazonas, Universida- Salientamos ainda o papel desempe-
de do Estado do Amazonas e Uni Nilton nhado por universidades brasileiras e do
Lins – e formando, anualmente, cerca de exterior, onde muitos oftalmologistas foram
duas dezenas de novos especialistas nos buscar aprimoramentos na especialidade.
três Serviços credenciados pelo MEC para A classe oftalmológica iniciou sua inte-
ministrar Residência Médica nessa espe- gração através da Sociedade de Medicina
cialidade – Instituto de Oftalmologia de da Bahia, fundada pelo Professor Alfredo
Manaus, Hospital Universitário Getúlio Britto, em 1908, e da Sociedade Médica
Vargas e Clínica Vision. dos Hospitais criada pelo Professor Cle-
mentino Fraga, em 1914, no Hospital San-
ta lsabel.
BAHIA (BA)
Em 1943, foi criada a Associação Baia-
■■ Médicos Oftalmologistas: 996 na de Medicina e em 1951 foi fundada a
176 ■■ População: 15.044.137 habitantes Associação Médica Brasileira, da qual a

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Associação Baiana de Medicina passou a Dr. Celso Generoso Pereira, natural de

Considerações sobre a História da Oftalmologia nos Estados


ser filiada. Foi criada então a Seção de Of- Sabinópolis, MG, atuou como Deputado
talmologia, hoje existente como Socieda- Federal de 1965-1967, estabeleceu-se em
de de Oftalmologia da Bahia, exercendo Brasília e criou centro de cirurgia oftalmo-
atividades científicas através de suas reu- lógica ligada à sua clínica no estilo dos
niões específicas e com importantes lutas atuais serviços privados.
em prol da classe oftalmológica baiana. Dr. João Eugênio Gonçalves de Medei-
Atualmente, o Estado da Bahia possui ros, discípulo do Professor Hilton Rocha,
número significativo de excelentes oftal- atuou no hospital de base e se dedicou
mologistas em Salvador e em grande nú- na formação de muitos oftalmologistas
mero de outras cidades baianas, com vá- que trabalham nesta cidade e em outros
rias clínicas, hospitais e consultórios. estados.
Dr. Eduardo de Almeida Meneses, tam-
bém discípulo do Professor Hilton Rocha,
BRASÍLIA (DF)
notabilizou-se pelos seus conhecimentos
■■ Médicos Oftalmologistas: 537 de lentes de contato e teve relevante par-
■■ População: 2.789.761 habitantes ticipação na criação da Sociedade Brasilei-
■■ Relação oftalmologista/ ra de lentes de Contato.
população: 5.195 Professor Cláudio Costa, foi o primeiro
professor de Oftalmologia da Universida-
de de Brasília e grande incentivador da
Contemporâneo de um passado que
prevenção da cegueira.
se distancia, ao me instalar em Brasília
Dr. Francisco Silvino foi chefe do Servi-
cidade, relata Paccini, tive o privilégio de
ço de Oftalmologia do Hospital das Forças
conhecer e de conviver com uma elite
Armadas e teve importante destaque na
de oftalmologistas que já se distinguia
constituição e na organização do Banco
no cenário nacional. Neste grupo de
de Olhos de Brasília.
iniciados, lembro-me dos colegas com
Professor Marco Antonio Vieira Pascoal
quem que tive contato mais estreito. São
em substituição ao Professor Cláudio Cos-
eles: Dr. Celso Generoso Pereira, Dr. João
ta foi por muitos anos responsável pela
Eugênio Gonçalves de Medeiros, Dr. cadeira de Oftalmologia da Universidade
Eduardo de Almeida Meneses, Profes- de Brasília, onde ministrou aulas e confe-
sor Cláudio Costa, Dr. Francisco Silvino, rências que deixaram marcas do seu acer-
Professor Marco Antonio Vieira Pascoal, vo cultural.
e tantos outros que me penitencio em Na capital federal o Prof. Marcos Ávi-
não os evocar porque fugiria do escopo la, além de orientador da pós-graduação
deste relato sumário. na Universidade de Brasília (UnB) e Presi-
Dr. José Victorino de Araújo Lima atuou dente do Centro Brasileiro da Visão (CBV),
em Brasília no início de sua carreira profis- possui inquestionável liderança e função
sional para em seguida se instalar no Rio representativa de nossa classe junto aos
de Janeiro onde foi um dos pioneiros no Três Poderes. Parte disto se deve ao su-
tratamento da visão subnormal e se firmou cesso do que idealizou como Presidente
como a maior autoridade neste campo. do CBO, pois coordenou, a cada 2 anos, os 177

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Fóruns Nacionais de Saúde Ocular realiza- Falcão, Décio Teles Cartaxo, José Edmilson
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

dos no Congresso Nacional, em Brasília Barros de Oliveira, Honório Correia Pioto,


com importantes resultados na alocação Ocelo Pinheiro, Sylvio Ideburgue Carneiro
de recursos financeiros para implementa- Leat, Emilio Moura Leite, José Nilson Fer-
ção de políticas públicas destinadas à pre- reira Gomes e Ricardo de Gouveia Soares.
venção da cegueira no Brasil.
ESPÍRITO SANTO (ES)
CEARÁ (CE)
■■ Médicos Oftalmologistas: 227
■■ Médicos Oftalmologistas: 529 ■■ População: 3.839.366 habitantes
■■ População: 8.778.576 habitantes ■■ Relação oftalmologista/
■■ Relação oftalmologista/ população: 16.914
população: 16.595
A Oftalmologia do Espírito Santo teve,
Consta como primeiro oftalmologista entre seus primeiros protagonistas, o Dr.
do Ceará o Dr. José Cardoso Moura Brasil Raul Oliveira Neves e o renomado pro-
e que as primeiras cirurgias foram realiza- fessor José de Almeida Rebouças. Este
das por ele na Santa Casa de Misericórdia
foi o primeiro professor da Faculdade de
de Fortaleza, após seu retorno ao Bra-
Medicina da Universidade Federal do Es-
sil em 1875, depois de estagiar por dois
pírito Santo (UFES), fundada em 1961, im-
anos no Serviço do famoso Professor Lou-
portante fonte de inspiração para alguns
is de Wecker, em Paris. Nasceu em Qui-
colegas que continuaram trabalhando no
xoçó hoje município de Iracema – CE, em
estado, entre os quais, o Dr. Kamel Cauerk
10/12/1846, faleceu em 31/12/1928. For-
Moysés.
mou-se em 30/11/1872 pela faculdade de
Dentre outras figuras de renome, numa
Medicina da cidade da Bahia. Foram seus
geração subsequente, vale citar os Drs.
auxiliares: Drs. João da Rocha Moreira, An-
Adir Gomes, Ârgeo Barbieri Filho e Carly-
tonio Mendes da Cruz Guimarães e Pedro
le Passos Júnior, tendo esse último suce-
Augusto Borges. Faleceu aos 82 anos no
Rio de Janeiro e deixou grandes colabo- dido o Dr. Rebouças no serviço da UFES.
radores, descendentes do ilustre cearense, Os grandes motores de desenvolvimento
formando uma verdadeira dinastia. da oftalmologia do Estado foram, natural-
Vale citar outros nomes ilustres que fi- mente suas Escolas de Medicina, com seus
zeram a oftalmologia cearense: Meton de respectivos serviços. O Serviço de Oftal-
França Alencar, José Lourenço de Castro mologia da UFES, no qual, os Drs. Ângelo
e Silva, Rufino Antonio, Alencar Antonio Ferreira Passos, Diusete Maria Pavan Batis-
Pompeu de Sousa Brasil, Manuel Duarte ta e Abraão Garcia Mendes sucederam o
Pimentel, Meton de Alencar Filho, Anto- Dr. Carlyle, teve sua residência iniciada em
nio Góes Ferreira, Helio Góes Ferreira, Josa 2002 e hoje conta com um grande corpo
Magalhães, Cyro Leal, Joío Mendes Nepo- clínico, composto, em sua maior parte, por
muceno Filho, Fernando Leite, João Luis de ex-alunos da Universidade, está habilitado
Oliveira Pombo, João Batista Saraiva Leão, também a formar mestres, pelo programa
178 José Maria Monteiro de Andrade, Orlando de Mestrado Profissional da UFES.

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Outro serviço antigo é o da Santa Casa do Departamento de Saúde do Estado de

Considerações sobre a História da Oftalmologia nos Estados


de Misericórdia, inicialmente comandado Goiás.
por Dr. Adir Gomes e, posteriormente, pelos Apesar de ter exercido pouco a oftal-
Drs. César Ronaldo Vieira Gomes e Alcides mologia em Goiás, José Peixoto da Silveira
Viana Moraes. Outro colega que participou pode ser considerado o segundo da es-
dessa escola, ministrando aulas teóricas, pecialidade no estado, chegou antes mas
foi o Dr. Laurentino Biccas Neto. Esse Ser- começou a atuar na profissão depois de
viço/Escola teve seu Programa de Residên- Olinto Manso Pereira.
cia iniciado em 2014, mesmo ano em que Após os pioneiros, seguiram-se os que
teve início outro Programa de Residência chegavam à capital, alguns dos destaques
em Oftalmologia, o do Serviço do Hospital foram Edson Linche de Faria e Ênio Men-
Evangélico de Vila Velha. Esses dois serviços nicure, que trabalhou na Santa Casa de
contêm também um corpo clínico de bri- Goiânia e montou um consultório no cen-
lhantes oftalmologistas e, juntamente com tro da cidade. Em 1960 fundou o Hospital
o da UFES, são responsáveis pela formação São Geraldo, o primeiro da especialidade
de nove oftalmologistas por ano. (e de otorrinolaringologia) em Goiânia,
Fora do contexto desses serviços, ou- junto com Luiz Onofre Velloso. A unidade
tros brilhantes colegas têm contribuído de saúde foi precursora no atendimento
para o crescimento constante da nossa especializado em estrabismo e reeduca-
oftalmologia. A Sociedade Capixaba de ção visual em crianças.
Oftalmologia, fundada em 1916, tem sido Em 1976 foi criado o Instituto de Olhos
também uma importante fonte de infor- de Goiânia, começando a trabalhar com
mação e união da classe. a filosofia da subespecialização dentro
da oftalmologia. Depois de 18 anos des-
GOIÁS (GO) ta parceria houve um desmembramento
da sociedade inicial, com a constituição
■■ Médicos Oftalmologistas: 329 do Centro Brasileiro de Cirurgia de Olhos
■■ População: 6.434.048 habitantes (CBCO). Dois outros grupos surgiram
■■ Relação oftalmologista/ na cidade após a criação do Instituto de
população: 19.556 Olhos: Oftalmoclínica e Hospital dos Olhos
de Goiás, que depois se fundiram para for-
O primeiro oftalmologista goiano, mar o Instituto Pan-Americano da Visão.
Olinto Manso Pereira, chegou a Goiânia Em 1999, foi criado o Centro de Refe-
em 1942. Mineiro de Belo Horizonte, for- rência em Oftalmologia (CEROF/HC/UFG),
mara-se pela Faculdade de Medicina da instituição considerada hoje uma das
Universidade de Minas Gerais em 1942. maiores em atendimento público na área
Sete anos depois saía especializado em de oftalmologia no País.
Oftalmologia pela Escola de Medicina de Sediou em 1997 o XXIX Congresso Bra-
São Paulo. O pioneiro chegou a Secretário sileiro de Oftalmologia presidido pelo Pro-
de Saúde durante o governo de Coimbra fessor Marcos Pereira de Ávila, em 2016 o
Bueno (1947-1950). Além disso, foi pre- 60o Congresso Brasileiro de Oftalmologia
sidente da Junta Médica Oficial e diretor foi presidido pelos Professores Francisco 179

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Eduardo Lima, José Beniz Neto e Márcos do de Souza, Dalva N. Cordeiro, Roberto E.
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

Pereira de Ávila. Minikoviski, Maria Celeste T. Anunciação,


Marco Sérgio C. Corrêa, Nilson Tadeu Pe-
MARANHÃO (MA) res, Daisy Mishiara, Rafael da Silva, Jesus
Aparecido Dias, Auto Lopes, Hélio Alves
■■ Médicos Oftalmologistas: 148
da Silva, Ginger Barunk, Márcia Maria Aze-
■■ População: 6.794.301 habitantes vedo, Antonio Florêncio de Oliveira Filho,
■■ Relação oftalmologista/ Eunice Martins, Kenji Eguchi,
população: 45.907 Nesta época foram iniciadas as cam-
panhas de “Prevenção de Cegueira e
O estado do Maranhão pelo Censo Of- Reabilitação Visual para Cirurgias de
talmológico realizado pelo CBO em 2014, Catarata” e “Prevenção do Glaucoma”.
possui 148 médicos especialistas. Sua Campanhas de “Multiação” foram reali-
população é de 6.794.301 habitantes e zadas pelos presidentes seguintes: Salim
uma relação oftalmologista/habitantes de Nadaf, Roberto Minikowski, Marcos Ser-
45.907, situação bem diversa dos demais gio C. Corrêa, Dalva N. Cordeiro, Luri Ca-
estados. etano Rosa, Maria Regina V. A. Marques,
Adriana Silva B. Giampani (in memoriam),
MATO GROSSO (MT) Fabiano Saulo Rocha Junior, Mauricio Do-
natti, Jair Giampani Junior e Renato José
■■ Médicos Oftalmologistas: 163
Bete Correia.
■■ População: 3.182.113 habitantes Em 1991, o Dr. Edson Bussik iniciou as
■■ Relação oftalmologista/ atividades ambulatoriais na Universidade
população: 19.522 Federal do Mato Grosso (UFMT) como
professor convidado e posteriormente
O primeiro oftalmologista do esta- como professor adjunto e onde permane-
do de Mato Grosso, o Dr. Nicola Miguel ceu até 2011, quando se aposentou.
Kalix, estudou na Faculdade de Ciências Em 2005, o Professor Dr. Jair Giampani
Médicas do RJ e especializou-se, no Ins- Junior tomou posse como professor ad-
tituto Barraquer na Espanha, retornou a junto e com a ajuda dos Drs. Adriana B.
Mato Grosso em 1956 e estabeleceu-se Giampani (in memoriam), Eduardo Bussik e
em Cuiabá, onde exerceu a profissão até Murilo Campos Borges, implementaram as
falecer em 2015. atividades ambulatórias e iniciaram as ativi-
Em 1972 chegaram ao estado os mé- dades de cirurgias no Hospital Universitário
dicos, Drs. Rubens Chiconelli, Napoleão Júlio Muller (HUJM). Em 2009 foi fundada
João da Silva, Salim Nadaf, Edson Bussik a Liga da Oftalmologia da UFMT (LOFT),
e Kerginaldo Pereira Santos. A história da embrião para criação do programa de Re-
oftalmologia de Mato Grosso está ligada à sidência Médica em Oftalmologia da UFMT
Associação Mato-Grossense de Oftalmo- – HUJM, que teve sua 1o turma em 2012.
logia (AMO), que foi fundada em 03/1988 A Universidade de Cuiabá (UNIC) está
e teve como a primeira presidente a Dra. completando 20 anos e a Divisão do Of-
Marlene de Miranda e demais sócios fun- talmologia está sob a coordenação de Dr.
180 dadores: Salim Nadaf, Wilfran O. Benhol- José P. Filho. Existem aproximadamente 30

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oftalmologistas formados nessa universi- ensinando os residentes, na época de meu

Considerações sobre a História da Oftalmologia nos Estados


dade, todos com títulos de especialistas. mestre Wether Duque Estrada, a quem re-
Atualmente somos em todo Estado de verencio. Em 1966, a convite do saudo-
Mato Grosso aproximadamente 150 oftal- so professor John Clark Mustarde, cursei
mologistas, todavia 90 atuam na capital. pós-graduação na Escócia, Grã-Bretanha,
Vale citar nomes ilustres que contribuíram no Ballochwyle Hospital.
para a evolução da oftalmologia mato- Cheguei em Campo Grande em 1968
grossense: (na época, ainda Estado do Mato Grosso),
Adriano Jorge Mattoso Rodovalho, An- e aqui fui o primeiro professor da disciplina
dreia Cristina L. Preza Cunha, Alexandre de Oftalmologia na recém-inaugurada Uni-
Mattoso Liborio, Ana Maria Pereira Akia- versidade Estadual do Mato Grosso – a qual,
ma, Ana Paula de F. Martim Duarte, Ange- após a divisão do Estado, intitulou-se Uni-
la Maria Gomes Alvarez, Aurélio Leal Boiça versidade Federal de Mato Grosso do Sul
Junior, Braulio Torres C. Junior, Celso José (UFMS). No Hospital Universitário da UFMS
Hoffman, Celso Marcelo Cunha, Divino realizei o primeiro transplante de córnea do
Cesar dos Santos, Dorismar Rodrigues dos Estado, e anos mais tarde, sucedeu-me na
Santos, Fabio Alexandre Lopes, Gonçalo cadeira da Oftalmologia na Universidade o
Curvo da Silva, Hebert Paulo de Almeida, Dr. Eduardo Velasco de Barros.
Gladis Marchiori Marcon, João José A. De- No passado, a oftalmologia do recém-
lamonica Freire, João Manoel de Oliveira, criado Mato Grosso do Sul foi abrilhanta-
José Antonio da Costa Sardinha, Kenia Ka- da por figuras distintas, dentre os atuais
tia B. Vasconcelos, Leticia de Avila Franco, se destacaram os Drs. Francisco Aires, Síl-
Luiz Arthur de F. Figueiredo, Marco Antô- vio Muller, Augustin Nachif, Luis Lani, José
nio C. Borges Leal, Maxuel Alves Vascon- Basmage e o Dr. Guimarães, este militar.
celos, Nilsicler Julieta Squarezi, Noenir Al- Ao longo dos anos a Oftalmologia de-
bernaz, Orivaldo A. Nunes Filho, Reinaldo senvolveu-se no Estado, com congressos
T. Nakamura, Ricardo de Matos Chiconelli, e vida acadêmica ativa, e hoje temos clíni-
Ricardo Marcelo J. Noronha, Rui Sérgio cas importantes, a destacar o Instituto da
Duarte, Sydnei S. Araujo e Willson Duarte. Visão, dos Drs. Álvaro Hilgert e Jânio Car-
neiro Gonçalves, o Instituto de Olhos, da
MATO GROSSO DO SUL (MS) Dra. Isabel Vieira Barbosa, além do Hos-
pital São Julião, referência em expressivo
■■ Médicos Oftalmologistas: 173 serviço na oftalmologia.
■■ População: 2.587.269 habitantes Em 1994 inaugurei o Hospital de Olhos
■■ Relação oftalmologista/ de Campo Grande, tendo convidado os
população: 14.955 ilustres Drs. Beogival Wagner Lucas San-
tos e José Eduardo Cançado como meus
Sou Eloy Pereira, agora com 81 anos companheiros, os quais lá permanecem
e aposentado, um apaixonado pela of- até hoje.
talmologia. Minha formação deu-se no Sinto orgulho por fazer parte da his-
Rio de Janeiro, onde cursei Medicina na tória da Oftalmologia em nosso jovem
Faculdade de Ciências Médicas da UERJ e Estado de Mato Grosso do Sul, com a
onde fui chefe de clínica da Oftalmologia, confiança no futuro promissor construído 181

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pelos colegas que aqui dedicam sua vida construção de novos aparelhos de óptica
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

profissional por amor à Medicina. e, neste campo, deixou várias patentes no


Brasil e no exterior.
MINAS GERAIS (MG) Seguiram-se a Hilton Rocha, Professor
Catedrático de Oftalmologia da Faculda-
Fernando Cesar Abib
de de Medicina da Universidade de Minas
■■ Médicos Oftalmologistas: 1.883
Gerais (Hospital São Geraldo), Nassim da
■■ População: 20.593.356 habitantes Silveira Calixto, Henderson de Alemida,
■■ Relação oftalmologista/ Fernando Oréfice, Sebastião Cronenberger
população: 10.936 Sobrinho, Marcio Bittar Nehemy; Geraldo
Queiroga, professor titular de oftalmolo-
Em 1914 Joaquim Santa Cecília cria o gia da Faculdade de Ciências Médicas da
Serviço de Oftalmologia, na Santa Casa Universidade Católica de Minas Gerais na
de Misericórdia de Belo Horizonte, o qual Clínica Oftalmológica da Santa Casa de
chefia por quase 30 anos. Ainda em 1915, Misericórdia. Além destes serviços uni-
foi indicado para substituto do Professor versitários outros como, da Faculdade de
Honorato Alves, responsável pelo ensino Medicina da Universidade Federal de Juiz
da Oftalmologia na Faculdade de Medi- de Fora (Rubem Soto Maior), Faculdade de
cina de Belo Horizonte, tendo regido sua Medicina da Universidade Federal de Ube-
cátedra. raba, Faculdade de Medicina de Montes
À época, Linneu Silva foi importante Claros, Faculdade de Medicina de Itajubá
professor de oftalmologia, contemporâneo (Hélia Angotti), Instituto Hilton Rocha. Es-
a Joaquim Santa Cecília, participou ativa- tes serviços foram responsáveis por cente-
mente do movimento para a fundação do nas de especialistas espalhados pelo nosso
Hospital São Geraldo. Em 1937 tornou-se imenso território que hoje praticam oftal-
Livre-Docente de Clínica Oftalmológica da mologia que não deixa nada a desejar aos
Faculdade de Medina do Rio de Janeiro e praticados em outros países de primeiro
a seguir em 1938 Livre-Docente de Clínica mundo. Também influenciaram estes pro-
Oftalmológica da Faculdade de Medicina fissionais, entidades como Sociedade de
da Universidade de Minas Gerais. Oftalmologia de Minas Gerais, fundada e
Seguidos por Geraldo Queiroga, sobri- sendo seu primeiro Presidente Hilton Ro-
nho do Professor Hilton Rocha, em 1941 cha, e Associação Médica de Minas Gerais.
assumiu a chefia da Clínica de Olhos da A ser jubilado, como então Titular de Of-
Santa Casa de Misericórdia de Belo Ho- talmologia, atuando no Hospital São Ge-
rizonte. Foi o sucessor do Prof. Joaquim raldo da Faculdade de Medicina da UFMG,
Santa Cecília, a partir de 1942, na chefia investiu seu prestígio e conhecimento mé-
da Clínica de Olhos. Um dos especialistas dico-científico e fundou em 5 de março de
mais titulados do país, pertenceu, como 1979 a Fundação Hilton Rocha. Entidade
professor, a três universidades: à Faculda- responsável pela formação de distingui-
de de Ciências Médicas de Minas Gerais, dos oftalmologistas, instituição nacional e
à Faculdade de Medicina da UFMG e à internacionalmente reconhecida.
Faculdade Nacional de Medicina da UFRJ. Professor Hilton Rocha, talvez tenha
182 Em 1954, passou a se dedicar à invenção e sido o oftalmologista mais reconhecido e

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destacado do Brasil, com cargos em várias A oftalmologia no Pará tem como seus

Considerações sobre a História da Oftalmologia nos Estados


sociedades e só para citar alguns, presi- membros, desde os primeiros tempos
dente da Associação Médica Brasileira, pre- ilustres paraenses que contribuíram para
sidente do Conselho Brasileiro de Oftalmo- o crescimento da especialidade no esta-
logia e fundador do Instituto Hilton Rocha. do, Aracy Barreto, Sarah Lemos, Oriente
Sua contribuição ao ensino da especialida- Vasconcelos, Francisco Barata, Paulo Dias,
de ocupou uma posição de destaque, não Joaquim Queiroz, Mário Antônio Martins,
somente em Minas Gerais, mas no Brasil. Ofir Dias Vieira, Armando Arede, Jorge
Da escola do Professor Hilton Rocha Hage Amaro, Luiz Gonzaga Cardoso No-
na UFMG, instituição na qual foi criado o gueira (ex-vice-presidente da SBO), Sonia
primeiro Doutorado em Medicina tendo Nogueira, Carlos Berbary, Miguel Hage
como Área de Concentração Oftalmolo- Amaro (ex-vice-presidente da SBO-2X),
gia. Nesta instituição destaca-se a parti- José Alegria Costa, Milton Kataoca, Fer-
cipação dos seguintes professores suas nando Dias, Edmundo Almeida, Eduardo
áreas de atuação: Nicomedes Ferreira Fi- Braga, Jairo Barja, José Braga, Ângelo Lei-
lho – Contatologia e refratometria, Seba- te, Oscar Pereira Junior, Ricardo Mesquita,
tião Cronemberger Sobrinho – Glaucoma, José Rubens Vendramini, Roberto Carlei
Homero Gusmão de Almeida – Glaucoma, Lima, Sergio Cruz, Joaquim Queiroz Junior,
Joel Edmur Boteon – Córnea, Fernando Fernando Queiroz, Alexandre Rosa, Luiz
Oréfice – Uveítes, Henderson Almeida – Fernando Cruz, Paulo Fernandes, Thiago
Estrabismo, Marcio Bittar Nehemy, Ricardo Fernandes, Angela Queiroz, João Cota,
Queiroz Guimarães – Cirurgia Refrativa e o Enos Souza, Luiz Augusto Siqueira Silva,
inesquecível Professor Nassim da Silveira Edgar Botti, Thiago Botti, Maria de Fátima
Calixto Jr, ou simplesmente Nassim Calix- Reis Monteiro, Mauricio Vulcão, Claudio
to glaucomatólogo e exímio condutor das Guilhon, Flávia Araújo Hage Amaro, Tubi
reuniões clínicas do Hospital São Geraldo, d’Oliveira, Armando Vidonho, Edmilson
a ele nossa póstuma homenagem pelo seu Rocha, Francisca Rocha, Maria de Nazaré
recente passamento. Vasconcelos, Mauro Olivia Santos, Augus-
Paralelo à UFMG, Joao Agostini Net- to Luz, Fabio Luz.
to, Doutor em Oftalmologia por esta ins-
tituição (1977) ocupa relevante posição PARAÍBA (PB)
no ensino de Oftalmologia, graduação
■■ Médicos Oftalmologistas: 210
e pós-graduação, na Santa Casa de Belo
Horizonte, onde é o atual coordenador do ■■ População: 3.914.421 habitantes

Curso de Especialização em Oftalmologia ■■ Relação oftalmologista/


da Santa Casa de Belo Horizonte. população: 18.640

PARÁ (PA) Uma pequena citação Histórica sobre


a Oftalmologia na Paraíba, por Oswaldo
■■ Médicos Oftalmologistas: 235 Travasos de Medeiros, um ícone da do-
■■ População: 7.969.654 habitantes cência da oftalmologia no Brasil, verda-
■■ Relação oftalmologista/ deiro cientista e inventor, conforme se-
população: 33.913 gue. 183

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Numa resumida história da oftalmo- A partir de 1970 pode ser considerado
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

logia da Paraíba, enfatizada em períodos, um terceiro período, com a Universidade


pode haver a descrição de que houve, de mais presente. A exigência da pós-gradu-
início, um período em que era comum ação na docência passou a contar com o
os profissionais praticarem atos médicos seu primeiro professor, o médico oftalmo-
oculares, até mesmo com a prescrição de logista Osvaldo Travassos de Medeiros,
óculos, de forma simples, juntamente a chegado da especialização e doutorado
outra área médica quase sempre a otor- de curso reconhecido e realizado na Uni-
rinolaringológica. O nome do médico versidade Federal de Minas Gerais. Com
Manoel Paiva Sobrinho simbolizava bem sua progressão na carreira universitária
aquela condição. tornou-se professor titular por concurso,
José de Seixas Maia, em 1950, foi o pri- impulsionou a oftalmologia no estado
meiro professor de oftalmologia da escola dando-lhe destaque nacional. Nos dias
de medicina e há referência de ter sido o atuais, em suas atividades, além da clíni-
primeiro oftalmologista na Paraíba. ca privada tem se dedicado às pesquisas
A partir de 1960 os que se dedicavam e extensão sempre contribuindo com os
à dupla especialidade definiram-se pela avanços das especialidades. Seu exemplo
Otorrinolaringologia. Nessa época torna- estimulou vários alunos que se inclinaram
va-se comum a presença de médicos vin- à especialidade oftalmológica. Pode ser
dos de aprendizados oftalmológicos, com dito como palavras conclusivas deste re-
a abertura de consultórios e clínicas, ca- sumo histórico que a oftalmologia cresceu
racterizando um segundo período, numa na Paraíba, está presente em várias cida-
atuação mais especifica mais especiali- des, e a prática desta ciência médica vem
zada. Nesse contexto, em João pessoa, a contribuindo para os cuidados visuais da
capital, destacaram-se nomes como Ro- população.
berto Granville, (professor da disciplina de
Oftalmologia na UFPB), Carlos Agripino PARANÁ (PR)
Branco, Alberto Urquisa Wanderley, Luiz
Barreto, devendo também ser registrado ■■ Médicos Oftalmologistas: 1.031
a atividade oftalmológica do médico João ■■ População: 10.997.465 habitantes
Eugenio Gonçalves de Medeiros, que ape- ■■ Relação oftalmologista/
sar de sua relativa curta permanência no população: 10.667
Estado, também prestou, como os demais
relevantes serviços. Da publicação intitulada Contribuição
Em Campina Grande, a maior cidade à História da Medicina no Paraná, 2011
do interior paraibano, era conhecida a editada pelo estimado Professor Ehren-
atuação do médico oftalmologista Fran- fried Othmar-Wittig tem-se um relato
cisco Pinto que, com destaque para sua objetivo da História da Oftalmologia no
grande assistência à região polarizada por Paraná, de autoria dos Professores Carlos
aquela cidade, teve continuidade dos seus Augusto Moreira e Rubem Nogueira de
trabalhos através do filho médico oftal- França, este a sua época, citado por Du-
184 mologista Roberto Pinto. que Elder em seu tratado.

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Relatam que a Oftalmologia se desen- Participaram deste serviço Carlos Alberto

Considerações sobre a História da Oftalmologia nos Estados


volveu tardiamente no estado. Até o fim Pereira de Oliveira (1940), Rubem Noguei-
do século XIX eram os clínicos e os cirur ra de França (1945), Arthur Borges Dias
giões gerais que praticavam uma Oftal- (1945), Raquel Rebello (1949), Leônidas
mologia primária. do Amaral Ferreira Filho (1951), Francisco
Na segunda e terceira décadas dos de Paula Soares Filho (1953), Egon Arman-
anos 1900 surgiram em Curitiba e em do Krueger (1956).
Ponta Grossa os primeiros oftalmo-otor- Nos anos 1940 eram poucos os que
rinolaringologistas: Julius Szymanski, Le- clinicavam no Paraná: Leônidas Ferreira,
ônidas do Amaral Ferreira, Carlos Estrella Carlos Estrella Moreira, Mathias Piechnik
Moreira, Celso do Amaral Ferreira e Saul Filho, Celso Ferreira, Saul Chaves, Bernar-
Chaves, em Curitiba, e Joaquim de Paula do Pericás, Carlos Alberto Pereira de Oli-
Xavier, em Ponta Grossa. veira, Arthur Borges Dias, Fernando Simas,
Merece especial atenção Julius Szy- Egon Krueger, Julio Garmatter, Laffayette
manski, nascido na Polônia, 1870, diplo- Vianna, Moysés Lerner, Raquel Rebello
mou-se em Kiev, na Ucrânia e tornando-se (primeira médica ortoptista do Paraná),
assistente da Clínica Oftalmológica desta.
Rubem Nogueira de França, James Ross e
Atuou na Rússia, especializou-se em Pa-
João Leite.
ris, passou por Viena onde foi Assistente
A estes juntaram-se nos anos 1950,
Voluntário na Clínica do Professor Fuchs,
Leônidas Ferreira Filho, Francisco de Pau-
lá conheceu J. Britto, que, mais tarde, viria
la Soares Filho, Luiz Zornig, Nelson Bock-
a ser professor da Faculdade de Medicina
mann, Carlos Augusto Moreira, Felizardo
de São Paulo. Em Barcelona aprofundou-
Leite Ferreira e Walmyr Peixoto, todos ra-
se em cirurgia de catarata.
dicados em Curitiba. Em Rio Negro atuava
Emigrou para a América do Norte, Chi-
Antonio Saliba, que mais tarde transferiu-
cago e devido ao clima frio transferiu-se
se para Ponta Grossa, onde também exer-
para o Paraná, 1912. Radicou-se em Curi-
ciam a Oftalmologia Paula Xavier e Anto-
tiba, Paraná.
Empossado em 1917, após concurso, nio Chechia. No norte do Paraná, em Lon-
como Primeiro Lente Catedrático da Clíni- drina, praticava a especialidade Arthur van
ca Oftalmológica e Otorrinolaringológica, der Berg. Merece destaque também Dra.
exerceu-a em 1918 e 1919. Editou dois li- Saly Moreira, primeira médica contactólo-
vros em língua portuguesa: Resumos das ga do Paraná.
Lições de Oftalmologia, Oftalmologia para Em 1952 Paula Soares e em 1956 Car-
Estudantes, também em versão polonesa. los Augusto Moreira descolaram-se para
A Oftalmologia do Paraná se orgulha de Rosário, Argentina, para fazer residência
ter começado por uma brilhante mente. em Oftalmologia. Na volta ligaram-se à
Com sua saída, Leônidas do Amaral Universidade Federal do Paraná, como
Ferreira ocupou seu lugar na Cátedra de Auxiliar de Ensino, propiciando desse
Oftalmologia em 1920, permanecendo modo o início de suas carreiras universi-
durante 37 anos, até sua aposentadoria, tárias. A criação do Hospital de Clínicas da
em 1957. Nesta época a Oftalmologia era UFPR contribuiu para o desenvolvimento
sediada na Santa Casa de Misericórdia. da especialidade. 185

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Paralelo a isto, a fundação da Associa- reira Filho, Francisco de Paula Soares Fi-
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

ção Paranaense de Oftalmologia – APO, lho, Carlos Augusto Moreira e Paulo Z.


em 1957 tendo como primeiro presidente Gruppenmacher. Com a aposentaria de
o Professor Leônidas do Amaral Ferreira, Leônidas Ferreira Filho, em 81, e de Paula
seguido de Rachel Amorin Rabello, Egon Soares, em 83, ficou a cargo de Moreira e
Armando Kruger, Felizardo Ferreira, Fran- Gruppenmacher, por meio de revezamen-
cisco De Paula Soares, Carlos Augusto to anual. Na sequência foram aprovados
Moreira, Egon Armando Krueger, Anto- em concursos Humberto Schwartz Filho,
nio Vantuil Samara, Aristides De Athay- em 1976, e Naoye Shiokawa, em 1979, a
de Neto, Saly Maria Bugmann Moreira, princípio como Assistentes e depois como
Maurício Brik, novamente Antonio Vantuil Adjuntos.
Samara, Dr. Carlos Augusto Moreira Jú- Em concurso público para Titular de
nior, José Jorge Neto, Hamilton Moreira, Oftalmologia, inscritos Carlos Augusto
Tania Mara Cunha Schaefer, Fernando Ce- Moreira e Carlos Augusto Moreira Júnior.
sar Abib, Ezequiel Portella, Otávio Siquei- As teses defendidas foram “Análise das
ra Bisneto e atualmente Marcello Mattos Condições dos Diabéticos Encaminhados
Fonseca. para Foto-coagulação”, por Carlos Au-
Em 1957, com a aposentadoria de Le- gusto Moreira, e “Utilização de um Novo
ônidas Ferreira a direção da Clínica Oftal- Perfluoroquímico na Cirurgia Vítreo-reti-
mológica, passou a ser exercida por Egon niana. Estudo Experimental e Clínico”, por
Armando Krueger, especialista pelo Insti- Carlos Augusto Moreira Júnior. Ambos fo-
tuto Penido Burnier, em Campinas, Cate- ram aprovados com distinção no referido
drático até 1976, quando se aposentou. concurso.
Neste período foi inaugurado o Hospital Em 1990, Carlos Augusto Moreira, após
de Clínicas, transferindo-se então o servi- abdicar ao cargo de Titular, tomou pos-
ço da Santa Casa para esta nova sede. se deste Carlos Augusto Moreira Júnior,
Novos professores concursados assu- tornando-se o profissional mais jovem do
miram: Carlos Augusto Moreira (1957), Ru- Brasil a assumir o cargo de Professor Titu-
bem Nogueira de França (1960), Moysés lar de Oftalmologia em uma Universidade
Lerner (1961), Nelson Bockmann (1965), Federal.
Paulo Zelter Gruppenmacher (1973). Hoje o Paraná conta com pouco mais
Em 1976 Carlos Augusto Moreira e de 1.000 oftalmologistas. Possui 29 vagas
Paulo Gruppenmacher prestaram concur- para especialização em Oftalmologia dis-
so à Livre-Docência com as teses “Asso- tribuídas em 6 serviços: Faculdade Evan-
ciação de Estrabismo Convergente, Pa- gélica de Medicina do Paraná, Faculdade
ralisia de Látero-versão, Diplegia Facial e de Medicina da UFPR, Hospital de Olhos
Escoliose” e “Contribuição ao Estudo da de Londrina – HOFTALON – Centro de
Degeneração Tapeto-retiniana, Tipo Hia- Estudos e Pesquisa da Visão, Hospital de
lina-Amauric”, respectivamente, ambos Olhos do Paraná, Santa Casa de Misericór-
aprovados com distinção. dia de Curitiba e Universidade Estadual de
Após a aposentadoria de Krueger, em Londrina.
1976, a disciplina passou a ser chefiada Após as gestões Paula Soares e Carlos
186 em rodízio de um ano por Leônidas Fer- Augusto Moreira que projetaram a APO

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no contexto nacional, seguiu-se o saudo- gistas no Paraná. Seguiram-se Ezequiel

Considerações sobre a História da Oftalmologia nos Estados


so Antônio Vantuil Sâmara que imprimiu Portella e Otávio Siqueira Bisneto.
operacionalidade às suas atividades. Em 2017, na gestão Marcelo Fonseca,
A APO adquiriu sede própria nas ges- por meio de convênio firmado com o Tri-
tões do então Presidente Aristides de bunal de Justiça do Estado do Paraná e
Athayde Neto, de 1974 a 1978, que tam- Secretaria de Justiça e Direitos Humanos
bém se caracterizou pela pujança científi- do Governo do Estado com a APO, iniciou-
ca em nível nacional. se o projeto Paraná Cidadão e Criança e
Na gestão Saly Moreira, 1978 a 1982, Adolescente protegidos, para atendimen-
deu-se a ampliação da sede própria em tos oftalmológicos à população do esta-
decorrência de sua dinâmica atuação fo- do. Relata Dr. Arthur Schaefer, secretário
cando Banco de Olhos e Contatologia. da atual gestão, que o projeto teve como
Na gestão Mauricio Brik iniciada em exemplo outros já realizados pelo CBO,
1982 foram implantados os Anais de Of- encabeçados pelo Professor Dr. Newton
talmologia da APO, sendo este seu edi- Kara José.
tor. Nas gestões Carlos Augusto Moreira
Jr., José Jorge Neto e Hamilton Moreira o PERNAMBUCO (PE)
grande foco passou a ser a defesa profis-
sional do médico oftalmologista. ■■ Médicos Oftalmologistas: 677

Como sucesso científico e financeiro ■■ População: 9.208.550 habitantes


das gestões Tania Schaefer, 2002 a 2006, ■■ Relação oftalmologista/
e Fernando Abib, 2006 a 2008, foi realiza- população: 13.602
da reforma e readequação de toda a sede
da APO às atuais demandas tecnológicas A história da Oftalmologia em Pernam-
e científicas e duas homenagens se des- buco data do período holandês. Em 1637,
tacaram: O auditório passou a se chamar o Conde Mauricio de Nassau traz em sua
Auditório Leônidas do Amaral Ferreira, comitiva o médico e naturalista Guilher-
homenagem ao Professor Catedrático de me Piso, o qual faz o primeiro relato de
Oftalmologia da UFPR que permaneceu doenças oftalmológicas em nossa terra
ativo por 37 anos; e a sala de acesso a este na obra HISTORIA NATURALIS BRASILIAE.
onde se realizam as confraternizações re- Decorrem dois séculos até o surgimen-
cebeu o nome do saudoso Presidente An- to do ensino médico em Pernambuco. A
tônio Vantuil Sâmara. Em 2008, também Revolução Pernambucana de 1817 leva
na gestão Fernando Abib, foi concluído a fundação do Hospital Militar do Reci-
mapeamento dos municípios do estado fe, buscando atender vítimas do conflito.
servidos e não servidos por oftalmologis- Cursos de cirurgia prática são instituídos.
tas, projeto Censo Oftalmológico do Pa- Na metade do século XIX, o Dr. Barre-
raná, neste se levantou municípios onde to Sampaio, médico e deputado cearen-
a optometria estava presente. Os médicos se, viaja a Paris para cursar oftalmologia.
residentes que concluíram sua especiali- Barreto Sampaio deixa seu nome inscri-
zação neste mandato foram convidados a to na ata de fundação do CONCILIUM
comparecer à sede da APO para tomarem OPHTALMOLOGICO UNIVERSALAE. De
ciência das áreas carentes de oftalmolo- volta ao Brasil, Barreto Sampaio decide 187

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residir em Recife onde mantém consul- de 1915, decidindo em favor da reforma
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

tório em sua residência, atendendo tam- do corpo docente pela nova legislação de
bém no Hospital de Santo Amaro. Eram ensino – a Reforma Maximiliano. Entre as
os tempos da oftalmologia de José Be- disciplinas da nova faculdade consta a Clí-
rardo Carneiro da Cunha, Pereira da Sil- nica Oftalmológica, sob comando do Pro-
va, Pedro Pontual e José Ferreira da Silva. fessor Isaac Salazar da Veiga Pessoa.
Com o advento da República, em 1889, Isaac Salazar nasceu no dia 11 de abril
surgem as faculdades particulares, entre de 1886. Formou-se na Faculdade de Me-
as quais as escolas de Farmácia e Odon- dicina do Rio de Janeiro em 1911. De volta
tologia. Em 1895, durante mandato do ao Recife, assume a cátedra de oftalmo-
governador Alexandre Barbosa Lima, logia aos 34 anos de idade. Durante os
ocorre a proposta de criação da Facul- vinte e um anos em que ocupou o cargo,
dade de Medicina do Recife. A proposta participa da transferência da sede da Fa-
é rejeitada no Senado. Em 1909, durante culdade da Rua Barão de São Borja para
o I Congresso Médico de Pernambuco, o prédio no Derby – onde funcionara o
é apresentada pelo farmacêutico Durval Mercado de Delmiro Gouveia, político e
Brito a proposta de criação da Escola Li- industrial nordestino. O terreno foi cedi-
vre de Medicina, sendo rejeitada nova- do pela prefeitura do Recife, sendo a nova
mente sob alegação de falta de recursos. escola inaugurada em 1922 por Dr. Otávio
Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Pa- de Freitas, diretor da Faculdade de Me-
raná já possuem estabelecimentos de dicina. Entre os feitos de Isaac Salazar se
ensino médico, até que em 1914, a ideia encontra a cirurgia de catarata do Padre
da criação da Faculdade de Medicina Cícero Romão Batista.
do Recife parte de médicos que lecio- Em 1941, na sua residência na Avenida
nam no estado, oriundos da Escola de Rosa e Silva, 1.002, morre Isaac Salazar. Em
Farmácia e Odontologia de Pernambu- seu lugar, assume Dr. Francisco Figueiredo,
co. Desta vez, é formada a Comissão de professor de Biofísica, homem requintado
Elaboração da futura Faculdade de Me- e de extrema educação. Artista da medi-
dicina, sendo eleita a diretoria provisória cina, incansável no atendimento aos pa-
composta pelos doutores José Otávio de cientes, cabe a Figueiredo a organização
Freitas (diretor), Alfredo Cordeiro da Fon- do VI Congresso Brasileiro de Oftalmolo-
seca Medeiros (tesoureiro) e Tomé Isido- gia a ser realizado em Recife em 1949. O
ro Dias da Silva (secretário). No dia 6 de esforço, no entanto, resulta em demasia.
dezembro daquele ano, os estatutos são Nas vésperas do Congresso, o coração do
apresentados. Estabelecem o provimento professor não resiste e ele vem a falecer
das cadeiras por nomeação da Congrega- em sua residência na Estrada do Arraial.
ção de Farmácia de Pernambuco, consti- Para substituir Dr. Figueiredo surge
tuída por vinte e oito lentes catedráticos. Clóvis de Azevedo Paiva. Médico nascido
A primeira guerra assume o protagonismo no dia 16 de julho de 1917 em São Bento
dos acontecimentos. Apenas em 1920 é do Una, cidade do interior pernambucano,
realizada a segunda congregação prepa- antigo cantor e locutor da rádio PRA-8,
ratória da Faculdade de Medicina do Reci- interno da Clínica Oftalmológica desde o
188 fe, na qual se aprova a ata do dia 5 de abril quinto ano de medicina. Em 1947 começa

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a realizar transplantes de córnea no Hos- sume a direção da clínica numa época de

Considerações sobre a História da Oftalmologia nos Estados


pital Pedro II. Em dezembro de 1950, atra- profunda evolução nas técnicas operató-
vés de concurso público tendo como con- rias, em especial da cirurgia de catarata.
correntes os doutores Sílvio Paes Barreto Aproveitando lucro obtido com o Con-
e Tubal Valença, Clóvis Paiva conquista a gresso Brasileiro de 1983, Dr. Fernando
Cátedra de Oftalmologia com a tese: SO- compra um Facofragmentador de Girard
BRE A AÇÃO HIPOTONIZANTE DA IRIDEN- para o centro cirúrgico do Instituto Mater-
CLESIS DE HOLTH NO GLAUCOMA PRI- no Infantil de Pernambuco (IMIP). O próxi-
MÁRIO SIMPLES. Em julho de 1952, Clóvis mo no comando da clínica oftalmológica
realiza no Hospital Pedro II, as primeiras é Dr. Alvacyr Raposo, vocação de profes-
cirurgias de catarata com implante de len- sor, cujo maior prazer consiste em ensinar.
te intraocular de Ridley em toda América O seu mandato é marcado por grave crise
Latina. Curiosamente, é o primeiro ex- financeira no Hospital das Clínicas, para
aluno a ocupar a diretoria da Faculdade de onde havia sido transferida a especialida-
Medicina da Universidade Federal de Per- de. Dr. Alvacyr se torna, em suas próprias
nambuco, no período 1965/1968 e tam- palavras, um "saudosista" do Hospital Pe-
bém o último catedrático de oftalmologia dro II. A cadeira de oftalmologia perde a
até nossos dias. clínica com auditório, sala de cirurgia pró-
Durante a viagem do Dr. Clóvis ao pria e grande quantidade de leitos por um
Congresso da Sociedade Francesa de Of- novo ambiente onde prevalecem disputas
talmologia, assume interinamente o cargo por sala de aula, bloco cirúrgico inoperan-
de diretor Dr. Afonso Ligório de Medeiros. te dividido com outras especialidades e
Discípulo de Hilton Rocha e Archimede poucos pacientes para aprendizado. Tudo
Busacca, profundo conhecedor da Biomi- em meio ao caos acadêmico dos anos
croscopia, personagem cativante, profes- 1980 e 1990 no país.
sor de várias gerações de oftalmologistas, Dr. Eli Almeida é o próximo na regência
aos oitenta anos ainda dava aulas aos re- da clínica oftalmológica. Pioneiro no uso
sidentes. Fundador do Instituto de Olhos da toxina botulínica no Brasil, sempre de-
do Recife (IOR), coroou sua carreira com fendeu sua utilização nas cirurgias de es-
a presidência do XXI Congresso Brasileiro trabismo. Ligado ao Professor Clóvis Pai-
de Prevenção da Cegueira e Reabilitação va, concluiu tese de mestrado no Hospital
Visual em 2014. São Geraldo, em Belo Horizonte, orienta-
Após este período, cabe ao Dr. Alcides do pelo Professor Henderson Almeida.
Fernandes continuar a história da oftal- Durante todos esses anos não aconte-
mologia na Faculdade de Medicina. Com cem concursos para a titularidade da ca-
formação profissional alemã, na cida- deira. A especialidade sobrevive dividida.
de de Bonn, capital da antiga Alemanha Dr. Francisco Cordeiro assume a chefia
Ocidental, Dr. Alcides era hábil cirurgião, do departamento de cirurgia. Retinólogo
extremamente simpático e elegante, de por vocação, batalhador pela oftalmolo-
relacionamento fácil na Reitoria. Deve-se gia pernambucana, defensor dos ideais
a ele a chegada do curso de Mestrado da nordestinos perante o Conselho Brasilei-
Faculdade de Medicina nos anos 1970. Dr. ro de Oftalmologia (CBO), Dr. Francisco
Fernando Paiva, filho de Clóvis Paiva, as- executa a reforma dos estatutos e proce- 189

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dimentos da Sociedade Norte Nordeste Raimundo Braga Fernandes Vieira
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

de Oftalmologia, da qual foi presidente. começa escrevendo que a oftalmologia


Através de convênio com o Lions Club, ele piauiense é pujante. A estrutura física,
consegue modernizar a clínica oftalmoló- profissional e humana da oftalmologia
gica. Como resultado, o curso de especia- ombreia aos melhores serviços do País.
lização em oftalmologia da Faculdade de Todos os profissionais têm especialização
Medicina é reativado junto ao CBO. e alguns são mestres e doutores. Os of-
Enquanto isso, a Oftalmologia é co- talmologistas do Piauí são mais ou menos
mandada desde 2008 por Dra. Maria Isa- 200 profissionais na capital e no interior.
bel Lynch, símbolo da presença cada vez A oftalmologia piauiense tem como
mais importante das mulheres na medici- referência o Hospital Getúlio Vargas, que
na. Professora chilena, naturalizada brasi- já foi a vanguarda da oftalmologia do
leira, título de especialista em Oftalmolo- Piauí. Foi criado o Serviço de Oftalmolo-
gia de excelência nos anos 1960. Tinha
gia pela Universidade do Chile em 1985,
como chefe o Prof. Dr. João Orlando Ri-
Dra. Isabel conquista seu Mestrado em
beiro Gonçalves, professor aposentado do
2003 e Doutorado em 2007 já pela Uni-
Departamento de Oftalmologia da UFPI,
versidade Federal de Pernambuco (UFPE).
uma referência nacional. Já foi presidente
Perto do seu centenário, a oftalmologia
do CBO. Antes de ser criado o Serviço de
incorpora médicos de serviços distintos
Oftalmologia quem dirigia o Ambulatório
como Hospital Agamenon Magalhães e
do HGV era o Dr. Evaldo Carvalho.
Hospital da Restauração. O curso de Mes-
Como fato histórico ainda na oftal-
trado está mantido, assim como o de espe-
mologia do Piauí, a primeira cirurgia de
cialização do CBO. Atualmente se planeja a catarata foi realizada na cidade de Oeiras
inauguração de Pronto-Socorro oftalmoló- – Piauí pelo médico e naturalista inglês
gico ligado ao Hospital das Clínicas. George Gardner, conforme relato em seu
Das salas de aula de oftalmologia des- livro “Viagem ao Interior do Brasil”.
ta faculdade, surgiram presidentes do Em 1975 chegou a Teresina o Dr. Rai-
Conselho Brasileiro de Oftalmologia, no- mundo Braga Fernandes Vieira vindo da
mes como Clóvis Paiva, João Orlando R. residência do Hospital dos Servidores do
Gonçalves e Elisabeto R. Gonçalves. Pro- Estado do Rio de Janeiro.
fissionais que orgulham a Oftalmologia Vieram depois Dr. Francisco Vilar, que
brasileira. Confiantes em tal história, é fundou moderno centro oftalmológico
possível imaginar que o futuro manterá – Hospital de Olhos Francisco Vilar junta-
acesa essa chama. mente com o Dr. Raimundo Tércio Rezen-
Chama tão imortal quanto é imortal a de. Foram os primeiros oftalmologistas a
letra do hino pernambucano. fazer cirurgia de catarata pelo método de
facoemulsificação do estado. O Dr. Tércio
PIAUÍ (PI) criou o moderno Serviço de Oftalmologia
Centro de Catarata. Dr. Irapuan criou, jun-
■■ Médicos Oftalmologistas: 183 tamente com outros colegas, a Clínica São
■■ População: 3.184.166 habitantes Camilo, que com certeza foi a primeira a
■■ Relação oftalmologista/ fazer cirurgia de pequeno porte, também
190 população: 17.400 em regime ambulatorial. Em seguida foram

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criados outros serviços, não em ordem cro- As informações mais relevantes da pri-

Considerações sobre a História da Oftalmologia nos Estados


nológica de fundação: Clínica Santa Môni- meira fase, a que precedeu a formação das
ca – Dr. Mansueto Martins Magalhães, COE escolas médicas com ensino formal da oftal-
– Dr. Cleber Reynaldo e Dra. Claúdia Fer- mologia, para não se fazer repetitivo, estão
raz, Oftalmocenter – Dra. Almira Noronha contidas na biografia dos vultos de nossa
de Castro Monte e Dra. Teresinha Raulino, especialidade, apresentados no Capítulo 5.
Prontoftalmo – Dr. José Neto, COT – Dr. Aspectos da segunda fase, caracteriza-
Marcos Guedes e Dra. Leila Mendes Silvei- da pelas universidades já constituídas, para
ra, Clínica José Paiva – Dr. José Paiva, Previ- o ensino da oftalmologia em graduação
são – Dr. Francisco das Chagas Viana, e especialização, antes e após a instaura-
ção das residências de oftalmologia, estão
RIO DE JANEIRO (RJ) contidos na biografia dos contemporâneos
vultos de nossa especialidade, Capítulo 5.
■■ Médicos Oftalmologistas: 5.348
Informações complementares sobre as
■■ População: 16.369.179 habitantes
principais escolas médias do estado, da
■■ Relação oftalmologista/
Sociedade Brasileira de Oftalmologia, além
população: 8.164
de relatos de campanhas de prevenção da
cegueira e reabilitação visual estão conti-
Falar da oftalmologia fluminense re-
das nos Capítulos 15, 16 e 17.
monta à criação da segunda Faculdade
de Medicina no Brasil, por meio de Carta
RIO GRANDE DO NORTE (RN)
Régia assinada por D. João VI em 05 de
novembro de 1808, com o nome de Escola ■■ Médicos Oftalmologistas: 201
de Anatomia, Medicina e Cirurgia e insta- ■■ População: 3.373.959 habitantes
lada no Hospital Militar do Morro do Cas- ■■ Relação oftalmologista/
telo, no Rio de Janeiro. Em 1856, já como população: 16.789
Faculdade, passa a funcionar na Rua Santa
Luzia, ao lado da Santa Casa de Miseri- O Rio Grande do Norte pelo Censo Of-
córdia e transferida em 12 de outubro de talmológico realizado pelo CBO em 2014,
1918 para a Praia Vermelha, onde se torna possui 201 médicos especialistas. Sua
referência no país como Faculdade Nacio- população é de 3.373.959 habitantes e
nal de Medicina, da Universidade do Bra- uma relação oftalmologista/habitantes de
sil. Em 1965 passa a ser reconhecida como 16.789. O estado sediou vários congressos
Universidade Federal do Rio de Janeiro. de âmbito nacional, inclusive o congresso
Nota-se então que a história da of- do CBO. Um de seus expoentes, Marco An-
talmologia no Estado do Rio de Janeiro tonio Rey de Faria, foi presidente do CBO.
se divide em duas fases, a primeira pre-
cedente à formação das escolas médicas RIO GRANDE DO SUL (RS)
com ensino formal de oftalmologia, a se-
gunda caracterizada pelo surgimento das ■■ Médicos Oftalmologistas: 929
universidades e o ensino da oftalmologia ■■ População: 11.164.043 habitantes
dentro destas, mesmo antes do início das ■■ Relação oftalmologista/
residências de oftalmologia. população: 12.017 191

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O primeiro Serviço de Oftalmologia Jacobo Melamed Cattan, ldel Luis Kwitko,
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

que se tem história no Rio Grande do Sul João Borges Fortes, José da Costa Gama,
foi inaugurado na Santa Casa de Miseri- Júlio Bocaccio, Ítalo Marcon, Paulo Horta
córdia de Porto Alegre pelo Dr. lvo Corrêa- Barbosa, Saul Bastos, Clodoaldo dos San-
Meyer em 1930. Em 1932 o Dr. Ivo torna- tos, Lorival Cardoso, Afonso Pereira e Ma-
se professor catedrático de Oftalmologia nuel Vilela.
da Universidade Federal do Rio Grande do Vários filhos dos colegas mencionados
Sul (UFRGS), e em 1934 funda a Socieda- antes seguiram a Oftalmologia, tais como
de de Oftalmo-Otorrino do Rio Grande do João Borges Fortes Filho, Antônio José da
Sul. Costa Gama, Jorge Esteves, Humberto Lu-
Uma das primeiras imagens retinográ- bisco Filho, Henrique Lubisco, Francisco
ficas colhidas em nosso continente (1934) Bocaccio, Newron Carlos Degrazia, Ga-
pertencem ao Professor Ivo Corrêa-Meyer, briela Corrêa-Meyer, Alexandre Marcon,
bem como a introdução no Rio Grande do Isabel Cardoso. Muitos destes se destaca-
Sul de métodos tais como a gonioscopia, ram na Santa Casa, no Hospital de Clínicas
oftalmoscopia indireta, transplantes de e/ou no Hospital de Banco de Olhos de
córnea, retinopexias, angiofluoresceino- Porto Alegre.
grafia, fotocoagulação e vitrectomia via O Hospital Banco de Olhos de Porto
pars plana. Alegre foi inaugurado em 1956, tendo
Por iniciativa de Ivo Corrêa-Meyer foi também como importantes oftalmologis-
feito o primeiro transplante de córnea no tas, além dos mencionados anteriormen-
Rio Grande do Sul em 1938 pelo Dr. Archi- te, Antônio Augusto Silveiro Cruz, Antônio
mede Busacca. Também por sua iniciativa Celso de Araújo, Luiz Roberto Freda e Ze-
foram implementados os primeiros cursos niro Sanmattin.
para formação de oftalmologistas desde Alguns destes colegas acima também
1955, fato que precede a criação das resi- tiveram filhos que seguiram a Oftalmolo-
dências médicas, marcando um pioneiris- gia, tais como Roberto Freda, Ricardo Fre-
mo na própria universidade. da e Aline Lutz Araújo.
A partir de 1960 as ligações universi- O Serviço de Oftalmologia do Hospi-
tárias estenderam-se com a Fundação Fa- tal de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) deu
culdade Federal de Ciências Médicas de início às suas atividades em 1972, com o
Porto Alegre (antiga faculdade Católica de Dr. Idel Luiz Kwitko. Com a transferência
Medicina) por meio de seu filho, o Dr. Ri- do ensino da UFRGS para o HCPA, vários
vadávia Corrêa-Meyer. outros professores da UFRGS que atua-
Dentre os inúmeros colegas que fize- vam na Santa Casa passaram também a
ram parte do Instituto Ivo Corrêa-Meyer pertencer a este serviço, além de Jacó La-
e do Serviço de Oftalmologia da Santa vinsky, Samuel Rymer e Edson Procianoy.
Casa de Misericórdia de Porto Alegre con- Vários filhos destes colegas também
tribuindo de maneira significativa para o seguiram a Oftalmologia, tais como Sér-
crescimento da oftalmologia no Estado, gio Kwitko, Daniel Lavinsky, Fábio Lavinsky,
destacam-se: Luis Assumpção Osório, Má- Fernando Procianoy e Letícia Procianoy.
rio Azambuja, Paulo Esteves, Israel Scher- E vários colegas ligados a outras ins-
192 mann, Flávio Ferreira, Humberto Lubisco, tituições também contribuíram para o

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crescimento da Oftalmologia no RS, tais SANTA CATARINA (SC)

Considerações sobre a História da Oftalmologia nos Estados


como, entre outros, Leandro Alves, Flávio
■■ Médicos Oftalmologistas: 544
Romani, Francisco Chotgues, Carlos Men-
■■ População: 6.634.254 habitantes
na Barreto, Vicente Menna Barreto e Cláu-
dio Silveira. ■■ Relação oftalmologista/
população: 12.195

RONDÔNIA (RO) A história da oftalmologia de Santa Ca-


■■ Médicos Oftalmologistas: 55 tarina é recente, começa no início da dé-
■■ População: 1.728.214 habitantes cada de 1940 com Sadalla Amin Ghanem,
natural de Biblos, Líbano e com formação
■■ Relação oftalmologista/
no Rio de Janeiro, chegando a Joinville.
população: 32.538
Contemporâneos a ele, João de Araújo e
Otto Freusberg, este o primeiro professor
O estado de Rondônia possui apenas
de oftalmologia do estado.
55 oftalmologistas pelo Censo Oftalmo-
João de Araújo, aluno de Raul David de
lógico realizado pelo CBO em 2014. Sua
Sansson, chefe do Serviço de Oftalmolo-
população é de 1.728.214 habitantes e
gia e ORL da Policlínica de Botafogo, Rio
uma relação oftalmologista/habitantes de
de Janeiro, 1928, fixa-se em Lages nos
32.538. Situação bem diversa dos demais
anos 1950. Terminada a II Grande Guerra,
estados.
o oftalmologista Otto Freusberg, prisio-
Até o presente momento não existe
neiro do exército russo é libertado e ins-
especialização em Oftalmologia com o re-
tala-se em Florianópolis com o aval de Ivo
conhecimento do CBO no estado.
Correa Mayer. Em 1960 outros oftalmo-
logistas chegaram ao estado, dentre eles
RORAIMA (RR) David Groismann Raskin e Simão Raskin.
A FMUFSC foi fundada em 1960, Otto
■■ Médicos Oftalmologistas: 15
exerceu a medicina na Casa de Saúde São
■■ População: 488.072 habitantes
Sebastião e tornou-se Professor Catedrá-
■■ Relação oftalmologista/ tico de Oftalmologia nesta instituição em
população: 32.538 1963 quando a disciplina foi criada.
Em 1966 foi criado o Departamento de
Roraima é o estado com o menor nú- Oftalmologia da Associação Catarinense
mero de oftalmologistas pelo Censo Of- de Medicina (ACM), que por questões es-
talmológico realizado pelo CBO em 2014, tatutárias tornou-se possível com a che-
possui segundo este senso 15 médicos gada do quinto médico oftalmologista à
especialistas. Sua população é de 488.072 cidade de Florianópolis, Dr. Décio Madeira
habitantes e uma relação oftalmologista/ Neves. Jayson Tupi Barreto, de Blumenau,
habitantes de 32.538. Situação bem diver- ex-deputado federal e ex-senador, foi o
sa dos demais estados. primeiro presidente e secretário deste
Até o presente momento não existe novo Departamento da ACM, foi sobrinho
especialização em Oftalmologia com o re- do falecido J.J. Barreto, oftalmologista de
conhecimento do CBO no estado. Florianópolis. 193

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Outros oftalmologistas de destaque no SERGIPE (SE)
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

estado são Ayrton Roberto Branco Ramos


■■ Médicos Oftalmologistas: 115
e João Luiz Lobo Ferreira, que presidiram
em 2008 o XVIII Congresso Brasileiro de ■■ População: 2.195.662 habitantes

Prevenção da Cegueira e Reabilitação Vi- ■■ Relação oftalmologista/


sual e em 2015 o XXXVIII Congresso Bra- população: 19.093
sileiro de Oftalmologia, ambos em Floria-
nópolis. O primeiro oftalmologista em Sergipe,
que também era otorrinolaringologista,
SÃO PAULO (SP) foi Dr. Juliano Calasans Simões (1904-
1984), que também foi secrerário da pri-
■■ Médicos Oftalmologistas: 5.348 meira diretoria do CRM-SE (1958). Nasceu
■■ População: 43.663.669 habitantes em Salvador-BA; em 1925, transferiu-se
■■ Relação oftalmologista/ para Sergipe, passando a clinicar em Ara-
população: 8.164 caju e em 1926, realizou a primeira cirur-
gia oftalmológica de Sergipe, no Hospital
A história da oftalmologia no Estado de Cirurgia. Influenciado pelo seu padri-
de São Paulo se divide em duas fases, a nho de batismo Dr. Juliano, o sergipano
primeira precedente à formação das esco- Dr. Álvaro de Azevedo Santana (1917-
las médicas em universidades, a segunda 1995) exerceu somente a oftalmologia,
caracterizada pelo surgimento das univer- no Hospital Santa Izabel e em consultório
sidades e o ensino da oftalmologia dentro privado. Simultaneamente com Dr. Álvaro,
destas, mesmo antes do início das resi- veio o sergipano Dr. Lauro de Britto Por-
dências de oftalmologia. to, também oftalmo/otorrino; quando da
As informações mais relevantes da pri- inauguração da Faculdade de Medicina da
meira fase, a que precedeu a formação UFS (1961). Ele veio a se tornar professor
das escolas médicas em universidades, das duas especialidades, realizando suas
para não se fazer repetitivo, estão conti- cirurgias no Hospital de Cirurgia (do qual
das na biografia dos vultos de nossa es- também foi diretor), que também era o
pecialidade, apresentados no Capítulo 5. Hospital Universitário naquela época. Al-
Aspectos da segunda fase, caracteri- gumas décadas depois, Dr. Lauro deixou
zada pelas universidades já constituídas, a cadeira de Otorrino na UFS e posterior-
para o ensino da oftalmologia em gra- mente também no consultório, ficando
duação e especialização, antes e após a apenas na Oftalmologia. Faleceu em 2010,
instauração das residências de oftalmo- aos 99 anos de idade e deixou vários alu-
logia, estão contidos na biografia dos nos, entre os mais próximos: Dr. Max Gois
contemporâneos vultos de nossa espe- (Professor da UFS anos depois) e Dr. Má-
cialidade, Capítulo 20. Informações com- rio Ursulino. Após Dr. Lauro Porto, vieram
plementares sobre as principais escolas ilustres colegas que iniciaram a dissemi-
médicas do estado, além de relatos de nação da oftalmologia: Drs. Max e Ha-
campanhas de prevenção da cegueira roldo Gois (irmãos), Dr. Paulo Franco, Dr.
e reabilitação visual estão contidos nos Raimundo Emanuel, Dra. Marley Menezes,
194 Capítulos 15 e 17. Dr. Antonio Carlos, Dra. Marilena Tavares,

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Dra. Naira Franco, Dr. Carlson Silva, Dra. Freitas JAH. Família Oftalmológica Brasileira no Ceará.

Considerações sobre a História da Oftalmologia nos Estados


In: Diniz J, Ventura M, Freitas JAH, Diniz M. Família
Marlene Carvalho, Dr. César Faro (Profes-
Oftalmológica Brasileira. SBO. 2017; 37-8.
sor da UFS) e Dr. Mário Ursulino (fundador
http://sao-al.com.br/historia.php
do primeiro Curso de Especialização pelo Kwitko IL. Resumo da História da Oftalmologia do Rio
CBO de SE). Grande do Sul. Diniz J, Ventura M, Freitas JAH, Di-
niz M. Família Oftalmológica Brasileira. SBO. 2017;
100-1.
TOCANTINS (TO)
Marback RL. A História da Oftalmologia no Estado da
■■ Médicos Oftalmologistas: 54 Bahia. In: Diniz J, Ventura M, Freitas JAH, Diniz M.
Família Oftalmológica Brasileira. SBO. 2017; 29-30.
■■ População: 1.478.164 habitantes
Medeiros OT. Pequena citação histórica sobre a oftal-
■■ Relação oftalmologista/ mologia na Paraíba In: Diniz J, Ventura M, Freitas
população: 27.373 JAH, Diniz M. Família Oftalmológica Brasileira.
SBO. 2017; 66-7.
Miranda M. História da Oftalmologia em Mato Grosso.
O estado de Rondônia possui apenas
In: Diniz J, Ventura M, Freitas JAH, Diniz M. Família
54 oftalmologistas pelo Censo Oftalmo- Oftalmológica Brasileira. SBO. 2017; 53-4.
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população é de 1.478.164 habitantes e Diniz J, Ventura M, Freitas JAH, Diniz M. Família
uma relação oftalmologista/habitantes de Oftalmológica Brasileira. SBO. 2017; 69-70.
Moreira CA, França RN. História da Oftalmologia no
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Pacini Neto L. Breve história da Oftalmologia de Bra-
Nota sília. In: Diniz J, Ventura M, Freitas JAH, Diniz M.
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encontram-se relatadas no Capítulo 12. In: Diniz J, Ventura M, Freitas JAH, Diniz M. Família
Oftalmológica Brasileira. SBO. 2017; 105-7.

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Chaves C. A História da Oftalmologia no Amazonas. talmológica Brasileira. SBO. 2017; 122-3.
In: Diniz J, Ventura M, Freitas JAH, Diniz M. Família Ventura M. História da Oftalmologia Pernambucana.
Oftalmológica Brasileira. SBO. 2017; 25-7. Diniz J, Ventura M, Freitas JAH, Diniz M. Família Of-
Diniz J, Ventura M, Freitas JAH, Diniz M. Minas trabalha talmológica Brasileira. SBO. 2017; 74-5.
em silêncio. In: Diniz J, Ventura M, Freitas JAH, Di- Vieira RBF. Pequeno resumo da história da oftalmologia
niz M. Família Oftalmológica Brasileira. SBO. 2017; no Piauí. Diniz J, Ventura M, Freitas JAH, Diniz M.
56-7. Família Oftalmológica Brasileira. SBO. 2017; 79-80. 195

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Associações Estaduais de
18 Oftalmologia

As sociedades de oftalmologia no Brasil ALAGOAS (AL)


são as de cunho nacional (Conselho Bra-
Sociedade Alagoana de Oftalmologia
sileiro de Oftalmologia e Sociedade Brasi-
Telefone: (82) 98802-4444/(82) 3217-2700
leira de Oftalmologia), as de abrangência
E-mail: carlosanchieta@oi.com.br
regional e as estaduais.
A seguir são listados os contatos das
sociedades regionais: AMAPÁ (AP)
Não formalizou a criação da Sociedade no
Sociedade Centro-Oeste de Oftalmologia Amapá
Telefone: (61) 98138-7500/(62) 3212-1014 Telefone: (96) 9971-1775/(96) 3222-4000
E-mail: durvaloftalmo@gmail.com E-mail: climed.macapa@hotmail.com/re-
nomariateresa@gmail.com
Sociedade Norte-Nordeste de Oftalmo-
logia
BAHIA (BA)
Telefone: (85)99984-3784/(85)3486-6366
E-mail: david@retinaecatarata.com.br/ta- Sociedade de Oftalmologia da Bahia
mara.luzia@yahoo.com.br Telefone: (75) 99133-6325/
(71) 3245-3955/(75) 3603-3900
As sociedades estaduais de oftalmolo- E-mail: sofba@sofba.com.br/amiltonsam-
gia existentes no país encontram-se a se- paio@terra.com.br
guir listadas com o nome oficial, telefone
e e-mail. As informações solicitadas refe- CEARÁ (CE)
rentes a forma de contatá-las, gestões e
presidentes são transcritas após a relação Sociedade Cearense de Oftalmologia
de todas as existentes no país com seus Telefone: (85) 3264-9404
respectivos contatos. E-mail: sco@sco.med.br

ACRE (AC) DISTRITO FEDERAL (DF)


Sociedade de Oftalmologia do Acre Sociedade Brasiliense de Oftalmologia
Telefone: (68) 9213-1304/(68) 3224-2116 Telefone: (61) 99221-0440/(61) 30388001
E-mail: medsafe_ac@hotmail.com E-mail: brunodocprieto@yahoo.com.br

CBO-2018 - Miolo.indd 197 29-10-2018 11:27:54


ESPÍRITO SANTO (ES) PARÁ (PA)
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

Sociedade Capixaba de Oftalmologia Sociedade Paraense de Oftalmologia e


Telefone: (27)99223-5865/(27)3227-9108 da Associação Paraense de Oftalmolo-
E-mail: fermarim@gmail.com gia
Telefone: (91) 981310070/(91) 32597845
GOIÁS (GO) E-mail: carloshvl@hotmail.com

Sociedade Goiana de Oftalmologia


Telefone: (62) 99251-9641/(62)3096-8000
PARAÍBA (PB)
E-mail: fernando-heitor@hotmail.com Sociedade Paraibana de Oftalmologia
Telefone: (83) 98184-0163/(83) 2107-6262
MARANHÃO (MA) E-mail: gustavorcdalia@gmail.com

Associação Maranhense de Oftalmolo-


gia
PARANÁ (PR)
Telefone: (98) 98104-8888/(98) 3221-5864 Associação Paranaense de Oftalmolo-
E-mail: amo.oftalmo@hotmail.com gia
Telefone: (41) 99280-8500/(41) 3310-
MATO GROSSO (MT) 4200/(41) 3232-4031
E-mail: intitutodavisao@terra.com.br
Associação Mato-Grossense de Oftal-
mologia (AMO)
Telefone: (65) 9982-1466/(65) 3052-2435
PERNAMBUCO (PE)
E-mail: renatobett@bol.com.br Sociedade de Oftalmologia de Pernam-
buco
MATO GROSSO DO SUL (MS) Telefone: (81) 99271-7354/(81) 2121-
9100/(81) 3423-3628
Associação Sul Mato-Grossense de Of-
E-mail: marcelovalenca@ior.com.br/sof-
talmologia
talpe@gmail.com
Telefone: (67)98205-0000/Simone Moro
(67)3044-1811
E-mail: asoftms@gmail.com/lani@coll.
PIAUÍ (PI)
med.br Departamento de Oftalmologia da So-
ciedade Piauiense de Medicina
MINAS GERAIS (MG) Telefone: (86)99452-4014/(86)3133-7300
E-mail: almiranoronha2002@yahoo.com.
Sociedade Mineira de Oftalmologia
br/anoronha@oftalmocenterpi.com.br
Telefone: (31) 9122-6691/(31) 3222-2175
E-mail: elisabeto@iobh.com.br

198

CBO-2018 - Miolo.indd 198 29-10-2018 11:27:54


RIO GRANDE DO NORTE (RN) PARANÁ (PR)

Associações Estaduais de Oftalmologia


Sociedade de Oftalmologia do Rio Associação Paranaense de Oftalmolo-
Grande do Norte gia
Telefone: (84) 9985-3245/(84) 3221-5100 Rua Ébano Pereira, 60 Edifício Central 11
E-mail: nrsgalvao@gmail.com/ngalvao@ andar cj 1102 e 1103 Centro Curitiba-PR
supercabo.com.br Fone: (41) 3232-4031
Site: www.apo.com.br
RIO GRANDE DO SUL (RS) E-mail: adm@apo-pr.com.br

Sociedade de Oftalmologia do Rio


Gestões e Presidentes:
Grande do Sul
■■ 1957-1958 Leônidas Do Amaral Ferreira
Telefone: (51) 99991-9100/(51) 3311-1346
E-mail: belcardoso@hotmail.com ■■ 1958-1960 Rachel Amorin Rabello
■■ 1960-1962 Egon Armando Krueger

RONDÔNIA (RO) ■■ 1962-1964 Felizardo Ferreira


■■ 1964-1966 Francisco de Paula Soares
Associação Rondoniense de Oftalmologia
■■ 1966-1970 Carlos Augusto Moreira
Telefone: (69) 99977-2004/(69) 3229-2929
E-mail: rodrigo.oftalmo@hotmail.com ■■ 1970-1972 Egon Armando Krueger
■■ 1972-1974 Antonio Vantuil Samara

SANTA CATARINA (SC) ■■ 1974-1978 Aristides De Athayde Neto


■■ 1978-1982 Saly Maria Bugmann Mo-
Sociedade Catarinense de Oftalmologia
reira
Telefone: (48) 9961-3303/(48) 3222-9600
■■ 1982-1986 Maurício Brik
E-mail: ar@vista.med.br
■■ 1986-1990 Antonio Vantuil Samara

SÃO PAULO (SP) ■■ 1990-1994 Carlos Augusto Moreira Jú-


nior
Departamento de Oftalmologia da As-
■■ 1994-1998 José Jorge Neto
sociação Paulista de Medicina
■■ 1998-2002 Hamilton Moreira
Telefone: (11) 99159-6513/(11) 5545-1310
■■ 2002-2006 Tania Mara Cunha Schaefer
E-mail: mairamorales63@uol.com.br/dra-
mairamorales@gmail.com ■■ 2006-2008 Fernando Cesar Abib
■■ 2008-2012 Ezequiel Portella

SERGIPE (SE) ■■ 2012-2016 Otávio Siqueira Bisneto


■■ 2016-2018 Marcello Mattos Fonseca
Sociedade Sergipana de Oftalmologia
Telefone: (79)99978-2255/(79)3212-0800
Em 2017 com a missão de tornar nossa
E-mail: gustavobmelo@yahoo.com.br
entidade relevante num cenário de afas-
tamento progressivo dos profissionais.
TOCANTINS (TO) Acreditando que a sociedade civil pode
Sociedade Tocantinense de Oftalmologia se organizar para solucionar boa parte
Telefone: (63) 8402-9654/(63) 3219-9700 de seus problemas, chamou para si uma
E-mail: nubiamaia@uol.com.br grande responsabilidade. Avaliar e solu- 199

CBO-2018 - Miolo.indd 199 29-10-2018 11:27:54


cionar ametropias nas crianças em idade PERNAMBUCO (PE)
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

de alfabetização da rede pública de ensi-


Sociedade de Oftalmologia de Pernam-
nos municipal e estadual.
buco
Identificou dificuldades. Como ter
Endereço: Rua Francisco Alves, no 75 Edi-
acesso aos estudantes foi um deles e
fício Empresarial Sérgio Maia Beltrão, sala
como triar milhares de crianças e com que
908, Ilha do Leite, Recife-PE
recursos providenciar a solução eram os
CEP: 50.070-490
maiores.
Telefone: (81) 3423-3628
Diante destes desafios firmou convê-
E-mail: softalpe@gmail.com
nio com o Tribunal de Justiça do Estado
do Paraná e Secretaria de Justiça e Direi-
Gestões e Presidentes:
tos Humanos do Governo do Estado, in-
■■ 1997-1999 Pedro Gondim
cluindo a APO-PR em um projeto já em
■■ 1999-2001 Marcelo Ventura
andamento, chamado Paraná Cidadão e
■■ 2001-2003 Durval Valença
Criança e Adolescente protegidos, cuja
finalidade é oferecer serviços que promo- ■■ 2003-2005 Theophilo Freitas

vam cidadania, defesa de direitos e inclu- ■■ 2005-2007 Vasco Bravo


são social da população paranaense (Lei ■■ 2007-2009 Paulo Suassuna
16.583/2010). ■■ 2009-2011 João Pessoa De Souza Filho
Nossa demonstração de mobilização ■■ 2011-2013 João Pessoa De Souza Filho
fez surgir, na indústria e no comércio o ■■ 2013-2015 Alexandre Ventura
apoio que nos faltava. Recebemos das ■■ 2015-2017 Paulo Saunders
Óticas Lens e Laboratórios Hoya e Zeiss
um total de 15 mil óculos para o projeto. RIO GRANDE DO NORTE (RN)
Ao longo de 2017, num projeto deno-
minado Veja Bem Paraná, foram atendi- Sociedade de Oftalmologia do Estado
das mais de 6 mil crianças em Curitiba, do Rio Grande do Norte
São José dos Pinhais, Londrina, Arapon- Endereço: Av. Prudente De Morais, 419,
gas, Marechal Cândido Rondon, Casca- Petrópolis, Natal-RN
vel, Foz do Iguaçu, União da Vitória, São CEP: 59020-395
Telefone: (84) 3221-5100
Pedro do Ivaí e Paranavaí. Um total de
E-Mail: Nrsgalvao@gmail.com
987 estudantes receberam gratuitamente
seus óculos.
Gestões e Presidentes:
Este projeto teve como exemplo ou-
tros trabalhos já realizados pelo Conse- ■■ 1979-1980 Orione Barreto

lho Brasileiro de Oftalmologia, encabeça- ■■ 1980-1981 João Maria De Miranda


dos pelo Prof. Dr. Newton Kara José para Monte
atendimento de crianças na idade escolar. ■■ 1981-1982 Marco Antonio Rey de Faria
Papel importante neste, destaca-se a De- ■■ 1982-1983 Carlos Alexandre De Amo-
sembargadora Dra. Lidia Maejime, Dr. Ar- rim Garcia
thur Schaefer, Secretário-Geral e Jackson ■■ 1984-1985 Nelson Roberto Salustino
200 Barreto Jr. ambos da APO-PR. Galvão

CBO-2018 - Miolo.indd 200 29-10-2018 11:27:54


■■ 1986-1987 Nelson Roberto Salustino A SOERN atuou em ações sociais pe-

Associações Estaduais de Oftalmologia


Galvão riódicas tendo promovidas por várias ins-
■■ 1988-1990 José Rosendo Cavalcanti tituições, inclusive na gestão atual.
Neto A SOERN representado pelo seu presi-
■■ 1991-1993 Marísio Eugênio De Almei- dente teve papel importante juntamente
da Filho com outras sociedades do Nordeste para
■■ 1994-1995 Absalão Pinheiro Filho propor ao CBO no último Congresso da
Costa de Sauípe, a criação de um conse-
■■ 1993-1995 Carlos Roberto Pinheiro
lho de sociedades estaduais que com as
■■ 1995-1997 João Maria De Miranda
adaptações já então em estudo pelo CBO,
Monte
resultou na criação do CBO Mais Perto,
■■ 1997-2000 Marco Antônio Rey De Faria
voltado para essas sociedades estaduais
■■ 2000-2002 Carlos Alexandre De Amo-
rim Garcia Informações mais relevantes sobre SOER:
■■ 2002-2004 Pedro Florêncio Primeira Sociedade brasileira a introdu-
■■ 2004-2006 Israel Monte Nunes zir já em 1985 a pioneira tabela da AMB
■■ 2006-2008 Uchoandro Costa Uchôa lançada em 1985, atendendo então todos
■■ 2008-2010 Alexandre Henrique Bezerra os seus itens: consultas + procedimentos
■■ 2010-2014 Ricardo Maia cirúrgicos + universalização dos convênios.
■■ 2014-2018 Nelson Roberto Salustino Primeira Sociedade Brasileira a reali-
Galvão zar o primeiro curso de imersão teórico-
prático da técnica manual e mecanizada
Em algumas gestões houve reeleição de cirurgia extracapsular da catarata com
do período normal da diretoria, em outras, implante de lio, fora do Rio de Janeiro, já
houve prorrogações de mandatos por re- que estes até então só eram realizados
eleição para um período complementar, somente lá pelo grupo da Oftalmoclínica
em outros porque não se inscreveram no- Botafogo do Rio de Janeiro, que implanta-
vos candidatos para concorrer a uma nova ram a técnica no Brasil.
eleição pretendida, e finalmente ainda ou- Primeira Sociedade da região e uma
tros em decorrência de uma prorrogação das primeiras brasileiras a receber jorna-
de mandato por algum tipo de consenso das regionais, ou seja, a primeira jornada
da classe envolvida com a SOERN apro- de cirurgia da catarata e implantes intrao-
vando a gestão e sua prorrogação.* culares da região norte-nordeste.
A SOERN promove atualmente sessões Primeira Sociedade da região a ter um
mensais científicas e informativas de as- vice-presidente nacional da Sociedade
suntos extraoftalmologia, mas de interes- Brasileira de Catarata e Implantes de Lio
se da classe, cognominada como “Grand para a regional norte-nordeste.
Round”. Primeiro evento brasileiro que foi fil-
mado todas as suas aulas foi realizado no
Rio Grande do Norte, em Natal, na jorna-
*Para a próxima eleição para o período a se iniciar da N-N da SBII.
em maio de 2018, a chapa candidata anunciada por
enquanto única, é comandada pelo oftalmologista
Membros da SOERN criaram a ABRAS-
Marco Rey de Faria. SO local com previsão para ABRASSO NA- 201

CBO-2018 - Miolo.indd 201 29-10-2018 11:27:54


CIONAL e Cooperativa de Especialidade, ■■ 1993-1994 Dr. Joni Cardon
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

que posteriormente, no âmbito nacional, ■■ 1995-2010 Dr. Afonso Pereira


juntando com demais experiências de ou- ■■ 2011-2016 Inativa
tros estados (como a COFTALCE no Ceará), ■■ 2017-2019 Dra Isabel Habeyche Car-
foi também uma precursora da COESSO e doso
da FECOOESO.
A SOERN apoiou em Natal dois Con-
Vivemos momentos cada vez mais difí-
gressos Norte-Nordeste de Oftalmologia.
ceis para a boa prática de nossa profissão.
Apoiou em Natal o Congresso Brasilei-
A cada dia, novas ameaças às condições
ro de prevenção da Cegueira, dois simpó-
de trabalho e à liberdade de definir con-
sios Regionais da SBCII, eventos nacionais
dutas surgem para atentar contra a saúde
na área da retina, o Congresso Internacio-
ocular da população. Mais do que nunca,
nal da SBCII e da SBCR.
o momento é de união dos Oftalmologis-
A SOERN já teve mais de uma vez
tas! Vivenciando esta realidade, a fim de
membros dela ocupando cargos regionais
termos uma sociedade representativa, a
e nacionais de diversas sociedades, como
SORIGS foi reativada, totalmente reformu-
também acontece atualmente, colaboran-
lada, praticamente começando do zero, e
do com a oftalmologia nacional.
está de cara nova com o objetivo de de-
A SOERN foi a primeira sociedade re-
fender e representar a classe Oftalmológi-
gional e talvez a nacional a realizar curso
ca em todos os aspectos.
de imersão (teórico-prático) de adaptação
Após anos de inatividade, em junho de
de lentes de contato.
2017 a chapa “Cristalino Transparente” foi
A sede da SOERN (duas salas no Edi-
eleita por aclamação e tomou posse, cheia
fício Princesa Isabel), foi inaugurada em
de novas ideias, muito empenho e dispos-
20/08/1999 na gestão de 1997-2000.
ta a reerguer a sociedade. O trabalho tem
Podemos dizer que em todas as ges-
sido intenso, e os frutos já começaram a
tões da SOERN seus dirigentes, cada ges-
surgir. Após uma total restruturação, a so-
tão à sua maneira, prestigiaram uma pro-
ciedade já conta com um expressivo nú-
gramação científica periódica, as ações
mero de sócios em todo o RS, sede, site,
sociais voltadas para a oftalmologia e as
empresa que auxilia no gerenciamento e
políticas de defesa da classe.
também um grande grupo de WhatsApp,
que congrega todos os associados em de-
RIO GRANDE DO SUL (RS)
bates e discussões diárias, unindo e forta-
Sociedade Rio-Grandense de Oftalmo- lecendo os laços de amizade e coleguis-
logia mo. Além disso, a parte jurídica, tributária
Endereço: Rua Sem. Salgado Filho 135, 6o e contábil também foi regularizada.
andar, Porto Alegre, RS Já em 2017 foram organizados dois cur-
CEP: 90010-220 sos de Defesa Profissional em Oftalmolo-
gia, em Porto Alegre e em Caxias do Sul,
Gestões e Presidentes: ministrados pelo Advogado da SORIGS
■■ 1987-1989 Dr. Marco Antônio Becker e do CBO, Dr. Carlos Magnum Nunes. A
202 ■■ 1990-1992 Dr. Saul Bastos SORIGS tornou-se sociedade filiada ao

CBO-2018 - Miolo.indd 202 29-10-2018 11:27:54


CBO, e começou a usufruir dos benefícios Oftalmologistas com colegas de outras

Associações Estaduais de Oftalmologia


oferecidos pelo Programa CBO Mais Per- especialidade afins, como Reumatologia,
to. Inspirado nisso, foi criado o programa Endocrinologia e outras, para uma maior
SORIGS Mais Perto, no qual a sociedade integração interdisciplinar e ampla discus-
promove encontros científicos e de defesa são de patologias em comum.
de classe em cidades-polo do interior do Também estão sendo desenvolvidos
RS. Em 2018 ocorrerão 4 eventos, que abor- projetos de webmeetings, para auxiliar na
darão conteúdo de atualização científica e educação médica continuada dos asso-
de defesa de classe, nas cidades de Pelotas, ciados, além de reuniões presenciais, em
Santa Maria, Lajeado e Passo Fundo. cursos e congressos, como a Jornada Gaú-
A diretoria tem feito questão de dialo- cha de Oftalmologia, que ocorre bianual-
gar e se reunir com as autoridades com- mente, e o Congresso Sul-Brasileiro de
petentes, a fim de tentar dar um basta Oftalmologia, que em 2019 será em Porto
ao exercício ilegal da medicina no RS rea Alegre, organizado pela SORIGS.
lizado por profissionais não médicos, e Atuando em outra frente, a SORIGS
para tanto, já ocorreram reuniões muito está negociando com as operadoras de
profícuas em Brasília, com o Ministro da saúde, a fim de melhorar a remuneração
Saúde (Ricardo Barros), e em Porto Alegre, médica e ajudar a evitar e conter fraudes.
com o Secretário de Saúde do Estado do Com esse intuito, reuniões mensais com
RS (João Gabardo) e com a Chefia da Vi- a diretoria da Unimed Porto Alegre tem
gilância Sanitária Estadual. Em Santa Ma- ocorrido.
ria e em Caxias do Sul também houveram Nossa sociedade defende e represen-
reuniões com as Chefias das Vigilâncias ta os sócios em todos os aspectos: éticos,
Sanitárias locais, além de reunião com o legais, profissionais e financeiros, além de
Prefeito e o representante do Ministério promover a disseminação de conteúdo
Público de Santa Maria. científico e de defesa de classe em todo
A “nova SORIGS” visa, além da Defesa o Estado.
Profissional, disseminar entre a popula-
ção informações pertinentes aos cuidados SANTA CATARINA (SC)
com a saúde ocular, assim como a preven-
ção das doenças oftalmológicas, lembran- Associação Catarinense de Oftalmolo-
do sempre que o Médico Oftalmologista gia
é o único profissional capacitado e habi- Endereço: Rodovia SC 401, Km 04, no 3854
litado para o exame dos olhos. Isso tam- Saco Grande – Florianópolis-SC
bém já foi iniciado, e em abril de 2017 a CEP: 88032-005
SORIGS fez parte da Campanha Nacional Telefone: (48) 3231-0360
“Abril Marron”, amplamente divulgada nos Site: www.sociedadesco.com.br
meios de comunicação locais, que exibi- E-mail: sociedade.cat.oftalmologia@gmail.
ram entrevistas em vários programas de com
TV e de Rádio de diferentes emissoras.
Além disso, em 2018 estão progra- Gestões e Presidentes:
mados encontros do projeto “Oftalmo ■■ 1986 Otávio Nesi
Convida”, que consistem em reuniões dos ■■ 1987 Wislen Roberto Dos Santos Braga 203

CBO-2018 - Miolo.indd 203 29-10-2018 11:27:54


■■ 1988 Ailton Barbosa concernem à preservação da visão e da
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

■■ 1989 Benedito Juarez Borges De Souza saúde ocular.


■■ 1990 Laércio Braz Ghisi Ao longo destes anos a Sociedade Ca-
■■ 1991 Mário Junqueira Nóbrega
tarinense de Oftalmologia vem desempe-
nhando diversas atividades, tais como or-
■■ 1992 Ademar Valsechi
ganização de Congressos Sul-Brasileiros,
■■ 1993-1994 Nestor Heusi Neto
Encontros Regionais da Oftalmologia Ca-
■■ 1995-1996 Assad Rayes tarinense, que são seminários realizados
■■ 1997-1998 Maurício Macedo Bertolini de 3 a 4 vezes ao ano, em diversas cidades
■■ 1999-2000 João Luiz Lobo Ferreira do interior do estado. Além disso, realiza
■■ 2001-2002 Fernando Fonseca Botelho o trabalho, em parceria com o jurídico do
■■ 2003-2004 Otávio Nesi CBO, de combate a optometria não médi-
■■ 2005-2006 Roberto Von Hertwig ca. Em adição a isto, também tem parti-
■■ 2007-2008 Ademar Valsechi
cipado ativamente de diversas atividades
sociais e de ocupação de espaços, tais
■■ 2009-2010 Walbert De Paula e Souza
como: mutirão de consultas no mês do
■■ 2011-2012 Ernani Luiz Garcia
diabetes, Ação Global para orientação da
■■ 2013-2014 Ramon Coral Ghanem população sobre a importância do exame
■■ 2015-2016 Ayrton Roberto Branco Ra- oftalmológico, exame oftalmológico de
mos crianças em idade pré-escolar, inclusive
■■ 2017-2019 Ayrton Roberto Branco Ra- com doação de óculos, campanhas de
mos conscientização sobre saúde ocular, entre
outras.
A Sociedade Catarinense de Oftalmo-
logia tem por missão promover o estudo SERGIPE (SE)
e a pesquisa em assuntos relacionados
Associação Sergipana de Oftalmologia
com a ciência em oftalmologia, bem como
Endereço: Rua Guilhermino Resende, 426
realizar a divulgação de seus resultados,
SOMESE – 1o andar – Salgado Filho
promover a educação dos médicos oftal-
CEP: 49020-270
mologistas na prática médica oftalmoló-
Site: ssoftalmo.com.br
gica, trabalhar na definição e na defesa de
E-mail: sso@infonet.com.br
padrões científicos, técnicos e éticos ten-
do sempre em vista e em primeiro lugar, o
Gestões e Presidentes:
maior benefício aos pacientes, a educação
■■ 1984-1987 Lauro de Britto Porto
do público em assuntos relacionados com
■■ 1987-1988 Álvaro Azevedo Santana
a visão e a saúde visual do ser humano, o
respeito e a defesa do ato médico, na es- ■■ 1988-1989 Antônio Carlos Vieira De
fera jurídica ou fora dela, promover o con- Morais
graçamento social dos associados, traba- ■■ 1990-1991 Carlson José Da Silva
lhar na defesa dos interesses profissionais ■■ 1991-1992 Haroldo Rollemberg Góis
coletivos dos associados, buscar a defesa ■■ 1992-1993 Mário Ursulino Machado
dos interesses públicos, nas questões que Carvalho
204

CBO-2018 - Miolo.indd 204 29-10-2018 11:27:54


■■ 1993-1994 Paulo Cardoso De Menezes ■■ 2014-2015 Carlos Barreto Barboza Jú-

Associações Estaduais de Oftalmologia


Franco nior
■■ 1994-1995 Augusto César Nabuco De ■■ 2016-2018 Jussara Tavares da Cunha
A. Faro
■■ 1995-1996 José Euclides Moura Neto
Atividades desenvolvidas: Eventos
Científicos (simpósio da sociedade sergi-
■■ 1996-1997 José Augusto Lima
pana de oftalmologia, cursos), Reuniões
■■ 1997-1998 Haroldo Rollemberg Góis
em defesa profissional ( junto ao MP, com
■■ 1998-1999 Cristiano Mendonça autoridades formadoras de opinião), Pro-
■■ 1999-2001 Augusto Cesar Batista e Silva jeto de lei (apresentada na mesa diretora
■■ 2001-2003 Max Rollemberg Gois durante sessão plenária realizada no dia
■■ 2003-2005 Joel Carvalhal Borges 13/03/2018, no projeto de lei ordinária
número 29/2018 com o objetivo de proi-
■■ 2005-2007 Joel Carvalhal Borges
bir óticas a comercializarem óculos sem
■■ 2008-2009 Raimundo Emanuel Mene-
prescrição médica), Ação social (mutirão
zes Maciel controle do diabetes e novembro azul),
■■ 2009-2011 Fábio Ribas Matos e Silva Marketing (outdoor, rádio, panfletagem,
■■ 2012-2013 Bruno Campelo Leal guia do oftalmologista de Sergipe etc.).

205

CBO-2018 - Miolo.indd 205 29-10-2018 11:27:54


CBO-2018 - Miolo.indd 206 29-10-2018 11:27:55
Sociedades de Subespecialidades
19 de Oftalmologia

O CBO possuiu uma comissão específica ■■ Gestão 1981-1983: Jorge Alberto Fon-
destinada ao assessoramento de relações seca Caldeira
Institucionais entre ele e todas as socieda- ■■ Gestão 1983-1985: Harley Edison Ama-
des que atuam em subespecialidades da ral Bicas
oftalmologia. ■■ Gestões 1985-1987/2001-2003: Rena-
A seguir listam-se estas sociedades to Luiz Nahoum Curi
com algumas informações relevantes para ■■ Gestão 1987-1989: Keila Miriam Mon-
conhecimento de suas atividades, direto- teiro de Carvalho
rias presentes e pretéritas, além das ati- ■■ Gestão 1989-1991: Edson Procianoy
vidades desenvolvidas em prol dos seus
■■ Gestão 1991-1993: Carlos Fumiaki Ue-
associados.
sugui
■■ Gestão 1993-1995: Paulo Sérgio Prat-
CENTRO BRASILEIRO DE tes Horta Barbosa
ESTRABISMO (CBE) ■■ Gestão 1995-1997: Miguel Ângelo
Fundação: 1967 Gontijo Álvares
E-mail: cbe@cbo.com.br ■■ Gestão 1997-1999: Mauro Goldchmit
Site: www.cbe.org.br ■■ Gestão 1999-2001: Maria de Lourdes
Motta Moreira Villas Boas
Gestões e Presidentes: ■■ Gestão 2003-2005: Tomás Fernando
■■ Gestão 1969-1971: Henderson Celesti- Scalamandre Mendonça
no de Almeida ■■ Gestão 2005-2007: Geraldo de Barros
■■ Gestão 1971-1973: Luiz Eurico Ferreira Ribeiro
■■ Gestão 1973-1975: Carlos Ramos de ■■ Gestão 2007-2009: Luís Eduardo Mora-
Souza Dias to Rebouças de Carvalho
■■ Gestão 1975-1977: João Francisco ■■ Gestão 2009-2011: Galton Carvalho
Cêntola Nóbrega Vasconcelos
■■ Gestão 1977-1979: Paulo Sérgio Prat- ■■ Gestão 2011-2013: Maria de Lourdes
tes Horta Barbosa Fleury Franco de Carvalho Tom Back
■■ Gestão 1979-1981: Roberto Motiaki ■■ Gestão 2013-2015: Marcelo Francisco
Endo Gaal Vadas

CBO-2018 - Miolo.indd 207 29-10-2018 11:27:55


■■ Gestão 2015-2017: Marta Halfeld Fer- E-mail: rmurillousp@hotmail.com
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

rari Alves Lacordia Site: www.sbcpo.org.br


■■ Gestão 2017-2019: Monica Fialho Cro-
nemberger Gestões e Presidentes:
■■ Gestão 1975-1977: Eduardo Jorge Car-
No site o sócio tem acesso a publica- neiro Soares
ções científicas e discussão de casos clíni- ■■ Gestão 1977-1979: Edvaldo Machado
cos com especialistas. Promove jornadas Santos
anuais para atualização e encontro cientí- ■■ Gestão 1979-1981: Euripedes da Mota
fico dos seus membros. Moura
■■ Gestão 1981-1983: Eduardo Jorge Car-
SOCIEDADE BRASILEIRA neiro Soares
DE ADMINISTRAÇÃO EM ■■ Gestão 1983-1985: Sebastião Eloy Pe-
OFTALMOLOGIA (SBAO) reira
Fundação: 1996 ■■ Gestão 1985-1987: Waldir Martins Por-
Sede: Praia do Flamengo, 66B sala 401 – telinha
Flamengo – Rio de Janeiro – RJ ■■ Gestão 1987-1989: Vicente Muniz de
CEP: 22.210-903 Carvalho
Telefone: (21) 2285-6052 ■■ Gestão 1989-1991: Valêncio Perez
E-mail: sbao@sbao.com.br França
Site: www.sbao.com.br ■■ Gestão 1991-1993: Marilisa Nano Costa
■■ Gestão 1993-1995: Waldir Martins Por-
Gestões e Presidentes:
telinha
■■ Gestão 1996-1998: Hamleto Emílio
■■ Gestão 1995-1997: Roberto Caldato
Molinari
■■ Gestão 1997-1999: Helcio Bessa
■■ Gestão 1998-2000: Carlos Heler Diniz
■■ Gestão 1999-2001: Ana Rosa Pimentel
■■ Gestão 2000-2002: Virgílio Centurion
■■ Gestão 2001-2003: Antonio Augusto
■■ Gestão 2002-2004: Paulo Fadel
Velasco e Cruz
■■ Gestão 2004-2006: Edna Almodin
■■ Gestão 2003-2005: Ana Estella Besteti
■■ Gestão 2006-2010: Renato Ambrósio Jr. P. Ponce Sant´Anna
■■ Gestão 2010-2012: Mário Ursulino Ma- ■■ Gestão 2005-2007: Raquel Dantas
chado Carvalho
■■ Gestão 2007-2009: Silvana Schellini
■■ Gestão 2012-2014: Flávio Rezende Dias
■■ Gestão 2009-2011: Suzana Matayoshi
■■ Gestão 2014-2016: Ronald Cavalcanti
■■ Gestão 2011-2013: Ricardo Morsch-
■■ Gestão 2016-2018: Paulo Fadel
bacher
■■ Gestão 2013-2015: Guilherme Herzog
SOCIEDADE BRASILEIRA DE
■■ Gestão 2015-2017: Murilo Alves Rodri-
CIRURGIA PLÁSTICA OCULAR gues
(SBCPO) ■■ Gestão 2017-2019: Roberto Murillo Li-
208 Fundação: 1974 mongi

CBO-2018 - Miolo.indd 208 29-10-2018 11:27:55


SOCIEDADE BRASILEIRA DE ■■ Gestão 2011-2013: Vital Paulino Costa

Sociedades de Subespecialidades de Oftalmologia


ECOGRAFIA EM OFTALMOLOGIA ■■ Gestão 2013-2015: Francisco Eduardo
Lopes de Lima
Presidente: Norma Allemann
■■ Gestão 2015-2017: Marcelo Palis Ven-
E-mail: norma.allemann@pobox.com
tura
■■ Gestão 2017-2019: Wilma Lelis Barboza
SOCIEDADE BRASILEIRA DE
GLAUCOMA (SBG)
Fundação: 1981 SOCIEDADE BRASILEIRA DE LASER
Endereço: Rua Mato Grosso, 306 Conj. E CIRURGIA EM OFTALMOLOGIA
1702. Higienópolis, São Paulo, SP. (BLOSS)
CEP: 01239-040 Fundação: 1992
Telefone: (11) 3214-2004 Sem sede própria
E-mail: sbglaucoma@sbglaucoma.com E-mail: bloss-l@googlegroups.com
Site: www.sbglaucoma.com.br Site: www.bloss.com.br

Gestões e Presidentes: Gestões e Presidentes:


■■ Gestão 1981-1983: José Carlos Reys ■■ Período 1992-2007: Não informado
■■ Gestão 1983-1985: Homero Gusmão
■■ Gestão 2007-2009: Fabio Henrique Ca-
de Almeida cho Casanova
■■ Gestão 1985-1987: Paulo Augusto de
■■ Gestão 2009-2011: Maria Regina Catai
Arruda Mello
Chalita
■■ Gestão 1987-1989: Ítalo Marcon
■■ Gestão 2011-2013: Caio Vinicius Saito
■■ Gestão 1989-1991: Remo Susanna Jr.
Regatieri
■■ Gestão 1991-1993: Geraldo Vicente de
■■ Gestão 2013-2015: Caio Vinicius Saito
Almeida
Regatieri
■■ Gestão 1993-1995: Sebastião Cronem-
■■ Gestão 2015-2017: Fabiano Cade Jorge
berger
■■ Gestão 2017-2019: Richard Yudi Hida
■■ Gestão 1995-1997: Ralph Cohen
■■ Gestão 1997-1999: Riuitiro Yamane
A BLOSS tem como objetivo principal
■■ Gestão 2001-2003: Alberto Jorge Be- a divulgação do conhecimento e troca
tinjane de experiências pessoais na área da Of-
■■ Gestão 2003-2005: Carmo Mandia Jr. talmologia, por meio de discussões por
■■ Gestão 2005-2007: Roberto Pedrosa e-mails, apresentações de congressos
Galvão virtuais e de participações em congres-
■■ Gestão 2007-2009: Carlos Akira Omi sos. Atualmente com mais de 1.700 mé-
■■ Gestão 2009-2011: João Antônio dicos oftalmologistas associados de dife-
Prata Jr. rentes países.

209

CBO-2018 - Miolo.indd 209 29-10-2018 11:27:55


SOCIEDADE BRASILEIRA DE XX Congresso Brasileiro de Oftalmologia,
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

LENTES DE CONTATO E CÓRNEA E foi aprovada a solicitação de reconheci-


REFRATOMETRIA (SOBLEC) mento da SOBLEC pelo CBO, pelo então
Secretário do CBO Newton Kara José.
A Defesa da Adaptação de Lentes de Importante ressaltar que à época a SO-
Contato como Ato Médico BLEC foi a segunda sociedade a nível mun-
dial a congregar médicos oftalmologistas
Hilton Rocha, Jonas de Arruda, Gilberto nesta área de atuação, sendo primeira a
Lima de Arruda, Ciro de Rezende, Moacir Contact Lens Associtation of Ophthalmo-
Álvaro, Wellington Piantino, entre outros logists (CLAO), servido esta de modelo
plantaram a semente. O trabalho desses para sua estruturação no Brasil.
mestres, visando a adaptação de lentes O ensino da adaptação e controle de
de contato, pelo médico, permitiu que, já lentes de contato, bem como doenças da
em 1970, um grupo de jovens iniciasse, no córnea e superfície ocular passaram a ser
âmbito de toda a Oftalmologia brasileira, fomentados por esta neófita sociedade,
uma produtiva, rápida e eficaz tarefa de considerando a necessária inter-relação
divulgação da contatologia, para treinar entre estas duas áreas de abrangência.
milhares de especialistas. Houve uma ava- Na gestão do Professor Nicomedes
lanche de reuniões, cursos, trabalhos cien- Ferreira Filho em 2005 teve seu nome al-
tíficos, ao lado da luta política, para incluir, terado para Sociedade Brasileira de Len-
no Conselho Brasileiro de Oftalmologia, tes de Contato, Córnea e Refratometria.
a adaptação das lentes de contato como Esta readequação de nome foi efetivada
subespecialidade. de acordo com normas estatutárias para
Em 1971, ao final do Congresso Brasi- melhor descrever suas áreas de atuação
leiro de Oftalmologia, lançavam Jonas, Gil- no nome oficial da sociedade: Lentes de
berto, Ary Penna, Emir Soares, Newton Kara Contato, Córnea e Refratometria.
José e outros a ideia da criação da Socieda- A adaptação de lente de contato é um
de Brasileira de Lentes de Contato, com a processo contínuo e que exige, além de
formação da sua primeira diretoria provisó- boa acuidade visual e conforto, a manu-
ria, propiciando, no ano seguinte, em Belo tenção das condições fisiológicas do olho,
Horizonte, o registro em cartório da mesma. dentro de limites seguros. Esse controle
Durante o XVI Congresso Brasileiro de requer um amplo conhecimento oftalmo-
Oftalmologia de 1971, em Campinas, os lógico, para selecionar, adaptar e orientar
fundadores da SOBLEC colheram assina- os candidatos, além de prevenir e detectar
turas dos professores membros do Con- precocemente os sinais de perigo para o
selho Deliberativo do CBO pedindo seu olho do paciente.
reconhecimento. Naquele momento ha- A Oftalmologia brasileira vem cumprin-
via a oposição de muitos oftalmologistas do a função de oferecer aos oftalmologis-
contra o uso de lentes de contato, hou- tas o que há de mais seguro, de melhor e
ve também grande oposição à fundação de mais atualizado no campo de lentes de
desta sociedade. contato. São inúmeros os cursos de difu-
Em 1979, por ocasião da reunião do são, pesquisas científicas, livros didáticos,
210 Conselho Deliberativo do CBO durante o apostilas e vídeos educativos. O ensino

CBO-2018 - Miolo.indd 210 29-10-2018 11:27:55


sobre lente de contato tornou-se obrigató- Conforme já dito, fundada em 1971

Sociedades de Subespecialidades de Oftalmologia


rio em todos os serviços de especialização com a denominação Sociedade Brasileira
credenciados pelo Conselho Brasileiro de de Lentes de Contato e Córnea. Na gestão
Oftalmologia, a maioria dos quais tem um do Professor Nicomedes Ferreira Filho em
setor especializado em adaptação. 2005 teve seu nome alterado para Socie-
Já no I Congresso Brasileiro de Oftal- dade Brasileira de Lentes de Contato, Cór-
mologia, 1936, dois trabalhos dos profes- nea e Refratometria. Esta readequação de
sores Cyro Rezende e Moacyr Álvaro sobre nome foi efetivada de acordo com normas
adaptação de vidros de contato, termo estatutárias para melhor descrever suas
que denotava lentes de contato à época,
áreas de atuação no nome oficial da socie-
já preconizavam sua adaptação pelo oftal-
dade: Lentes de Contato, Córnea e Refra-
mologista.
tometria.
Do grupo pioneiro da SOBLEC saíram
as bases para o ensino da adaptação de
Fundação: 1971
Lentes de Contato e para a defesa como
Sede própria: Alameda Santos, no 1343
sendo esta tarefa um ato médico.
Com a difusão das Lentes de Contato Conjunto 1707 – Jd Paulista-SP
como modalidade para correção dos er- CEP: 01419-002
ros refrativos, os problemas aumentaram. Telefone: (11) 3262-4737
Apesar da legislação em vigor, a prescri- E-mail: comunicacao@soblec.com.br
ção e adaptação de lentes de contato em Site: www.soblec.com.br
nosso país passou a ser cobiçada por ou-
tros profissionais não médicos. Gestões e Presidentes:
Merece destaque o ocorrido em 1971, ■■ Gestão 1971-1972: Gilberto Lima de
onde o então Presidente da SBO, Murilo Arruda
Fontoura Carvalho, auxiliado pelo médico ■■ Gestão 1972-1974: Gilberto Lima de
oftalmologista Jaison Tupy Barreto, à épo- Arruda
ca Deputado Federal por Santa Catarina,
■■ Gestão 1974-1976: Tadeu Cvintal
evitou a aprovação de projeto de lei favo-
■■ Gestão 1976-1979: Ari de Souza Pena
recendo a formação de técnicos e a adap-
tação de lentes de contato por óticos. ■■ Gestão 1979-1981: Newton Kara José
Nesta tarefa da defesa do ato médico ■■ Gestão 1981-1983: Orestes Miraglia
da adaptação de Lentes de Contato me- Junior
rece destaque a fundação da Sociedade ■■ Gestão 1983-1985: Ari de Souza Pena
Brasileira de Lentes de Contato e Córnea ■■ Gestão 1985-1987: Nilo Holzchuh
(SOBLEC) em 1971 e seus fundadores: Gil- ■■ Gestão 1987-1989: Saly Moreira
berto Lima de Arruda, Ari de Souza Pena e
■■ Gestão 1989-1991: Ricardo Uras
Newton Kara José.
■■ Gestão 1991-1993: Newton Kara José
Num paralelo ao que Hermínio de Bri-
to Conde conseguiu referente à prescrição ■■ Gestão 1993-1995: Cleusa Coral Gha-
de óculos apenas por oftalmologistas, a nem
SOBLEC conseguiu a adaptação de lentes ■■ Gestão 1995-1997: Paulo Ricardo de
de contato pelo médico oftalmologista. Oliveira 211

CBO-2018 - Miolo.indd 211 29-10-2018 11:27:55


■■ Gestão 1997-1999: Paulo Ricardo de ■■ Gestão 2005-2007: Rosane da Cruz
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

Oliveira Ferreira
■■ Gestão 1999-2001: Adamo Lui Netto ■■ Gestão 2007-2009: Islane Maria Castro
■■ Gestão 2001-2003: Hamilton Moreira Verçosa
■■ Gestão 2003-2005: Nicomedes Ferreira ■■ Gestão 2009-2011: Célia Regina Naka-
Filho nami
■■ Gestão 2005-2007: Nilo Holzchuh ■■ Gestão 2011-2013: Rosa Maria Grazia-
■■ Gestão 2007-2009: Tania Mara Cunha no
Schaefer ■■ Gestão 2013-2015: João Borges Fortes
■■ Gestão 2009-2011: Tania Mara Cunha Filho
Schaefer ■■ Gestão 2017-2019: Galton Carvalho
■■ Gestão 2011-2013: César Lipener Vasconcelos
■■ Gestão 2013-2015: Newton Kara José
■■ Gestão 2015-2017: Cleber Godinho SOCIEDADE BRASILEIRA DE
■■ Gestão 2018-2019: Ramon Coral Ghanem ONCOLOGIA EM OFTALMOLOGIA
(SBOO)
SOCIEDADE BRASILEIRA DE Fundação: 06 de setembro de 2000
OFTALMOLOGIA PEDIÁTRICA E-mail: mmaestri@terra.com.br
(SBOP) Site: www.sboo.com.br
Data da fundação:
Endereço: R. Casa do Ator, 1177 Conjunto 21 Gestões e Presidentes:
CEP 04546-004 ■■ Gestão 2000-2001: Clélia M. Erwenne
E-mail: sbop@cbo.com.br ■■ Gestão 2001-2003: Jacob Melamed
Site: www.sbop.com.br ■■ Gestão 2003-2005: Roberto Lorenz
Marback
Gestões e Presidentes:
■■ Gestão 2005-2007: José Wilson Cursino
■■ Gestão 1989-1991: Clélia Maria Erwen-
■■ Gestão 2007-2009: José Vital Filho
ne
■■ Gestão 2009-2011: Renato Luiz Gon-
■■ Gestão 1991-1993: Rosana Nogueira
zaga
Pires da Cunha
■■ Gestão 2011-2013: Priscilla Luppi
■■ Gestão 1993-1995: Edson João Gerais-
Ballalai
sate Filho
■■ Gestão 2013-2015: Virgínia Laura Lu-
■■ Gestão 1995-1997: Mauro Plut
cas Torres
■■ Gestão 1997-1999: Tomás Fernando
■■ Gestão 2015-2017: Eduardo F. Marback
Scalamandre Mendonça
■■ Gestão 2017-2019: Marcelo K. Maestri
■■ Gestão 1999-2001: Ana Tereza Ramos
Moreira
SOCIEDADE BRASILEIRA DE RETINA
■■ Gestão 2001-2003: Luis Carlos Ferreira
de Sá E VÍTREO (SBRV)
212 ■■ Gestão 2003-2005: Andrea Araújo Zin Fundação: 1976

CBO-2018 - Miolo.indd 212 29-10-2018 11:27:55


Endereço: Alameda Santos, 1343 – sala ■■ Gestão 2016-2018: Acácio Muralha

Sociedades de Subespecialidades de Oftalmologia


408 – Jardim Paulista- São Paulo/SP Neto
Telefone: (11) 3262-3587 ■■ Gestão 2018-2020: Magno Antônio
E-mail: atendimento@sbrv.com.br Ferreira
Site: www.sbrv.org.br
SOCIEDADE BRASILEIRA DE TRAUMA
Gestões e Presidentes:
OCULAR
■■ Gestão 1975- 1977: Joviano Rezende
■■ Gestão 1978-1979: Sergio Lustosa da Presidente: Pedro Carlos Carricondo
Cunha E-mail: pccarri@uol.com.br
■■ Gestão 1979-1981: Christiano Fausto
Barsante Santos SOCIEDADE BRASILEIRA DE
■■ Gestão 1981-1983: João Alberto Ho- UVEÍTES (SBU)
landa de Freitas Fundação: 1981
■■ Gestão 1983-1985: Suel Abujamra Data da filiação do CBO:
■■ Gestão 1985-1987: João Eugênio Gon- E-mail: inret@ig.com.br
çalves Medeiros Site: www.uveitesbrasil.com.br
■■ Gestão 1987-1989: Oswaldo Moura
Brasil Gestões e Presidentes:
■■ Gestão 1989-1991: João Agostini Netto ■■ Gestão 2005-2007: Maria Auxiliadora
■■ Gestão 1991-1993: Marcos Pereira de Monteiro Frazão
Ávila ■■ Gestão 2007-2009: Ana Maria Noriega
■■ Gestão 1993-1995: Michel Eid Farah Petrilli
■■ Gestão 1995-1997: Carlos Augusto ■■ Gestão 2009-2011: Moyzés Eduardo
Moreira Junior Zajdenweber
■■ Gestão 1997-1999: Marcio Bittar Nehe-
■■ Gestão 2011-2013: Wilton Feitosa
my
Araújo
■■ Gestão 1999-2001: Jaco Lavinsky
■■ Gestão 2013-2015: Áisa Haidar Lani
■■ Gestão 2001-2003: João Ribeiro Gon-
■■ Gestão 2015-2017: Fernanda Belga Ot-
çalves
toni Porto
■■ Gestão 2003-2005: Roberto Abdalla
■■ Gestão 2018-2019: João Lins de Andra-
Moura
de Neto
■■ Gestão 2005-2007: Jorge Mitre
■■ Gestão 2008-2010: Arnaldo Pacheco
SOCIEDADE BRASILEIRA DE VISÃO
Cialdini
■■ Gestão 2010-2012: Mário Martins dos
SUBNORMAL (SBVSN)
Santos Motta Fundação: 03 de setembro de 1994
■■ Gestão 2012-2014: Walter Yukihiko Sede: CBO – Rua Casa do Ator, 1.117, cj. 21
Takahashi CEP: 04546-004
■■ Gestão 2014-2016: André Marcelo Telefone: (11) 3266-4000
Vieira Gomes E-mail: sbvsn@cbo.com.br 213

CBO-2018 - Miolo.indd 213 29-10-2018 11:27:55


Gestões e Presidentes: SOCIEDADE BRASILEIRA DE
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

■■ Gestão 1994-1996: Silvia Veitzman CATARATA E IMPLANTES


■■ Gestão 1996-1998: Keila Monteiro de INTRAOCULARES (SBCII)
Carvalho
Fundação: 1982
■■ Gestão 1998-2000: Daena Nascimento
Data da filiação do CBO: XXXXX
Barros
■■ Gestão 2001-2003: Luciene Chaves Gestões e Presidentes:
Fernandes
■■ Gestão 1981-1983: Pedro Moacir
■■ Gestão 2003-2005: Marcos Wilson Aguiar
Sampaio
■■ Gestão 1983-1985: Afonso Fatorelli
■■ Gestão 2005-2007: Maria Aparecida O.
■■ Gestão 1985-1987: Miguel Ângelo Padi-
Haddad
lha
■■ Gestão 2007-2009: Helder Alves da
■■ Gestão 1987-1990: Paulo César Silva
Costa Filho
Fontes
■■ Gestão 2009-2011: Alexandre Costa
■■ Gestão 1990-1992: Tadeu Cvintal
Lima de Azevedo
■■ Gestão 1992-1994: João Alberto Ho-
■■ Gestão 2011-2013: Mayume Sei
landa de Freitas
■■ Gestão 2013-2015: Maria de Fátima
■■ Gestão 1994-1996: Fernando Luis Can-
Neri Goes
çado Trindade
■■ Gestão 2015-2017: Evandro Lopes de
■■ Gestão 1996-1998: Flávio Rezende Dias
Araújo
■■ Gestão 1998-2000: Miguel Ângelo Pa-
■■ Gestão 2017-2019: Valdete Maia Tei-
dilha
xeira Gonçalves Fraga
■■ Gestão 2000-2002: Carlos Gabriel de
Figueiredo
Atividades atualmente desempenha-
■■ Gestão 2002-2004: Marcelo Carvalho
das em prol da subespecialidade: Dar
Ventura
continuidade aos cursos de imersão para
■■ Gestão 2004-2006: Homero Gusmão
oftalmologistas da Sociedade Brasileira
de Visão Subnormal e organização de de Almeida
congressos, simpósios, levando a outros ■■ Gestão 2006-2008: Durval Moraes de
estados, atividades planejadas. Promo- Carvalho
ver parcerias com as sociedades filiadas ■■ Gestão 2008-2010: Marco Antônio Rey
ao Congresso Brasileiro de Oftalmologia de Faria
(CBO) e subespecialidades de retina, of- ■■ Gestão 2010-2012: Leonardo Akaishi
talmopediatria, glaucoma, neuro-oftalmo ■■ Gestão 2012-2014: Armando Stefano
e outras, interagindo desta forma, com Crema
colegas dessas áreas para melhorar a
qualidade de vida dos pacientes.

214

CBO-2018 - Miolo.indd 214 29-10-2018 11:27:56


Em 2014 foi submetida a fusão com a ■■ Gestão 2010-2012: Newton Leitão de

Sociedades de Subespecialidades de Oftalmologia


Sociedade Brasileira de Cirurgia Refrativa Andrade
originando a Associação Brasileira de Ca- ■■ Gestão 2012-2014: Renato Ambrósio
tarata e Cirurgia Refrativa. Junior

SOCIEDADE BRASILEIRA DE Em 2014 foi submetida a fusão com a


CIRURGIA REFRATIVA (SBCR) Sociedade Brasileira de Catarata e Implan-
tes Intraoculares originando a Associação
Fundação: 1985
Brasileira de Catarata e Cirurgia Refrativa.
Data da filiação do CBO: XXXXXXX

Gestões e Presidentes:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
■■ Gestão 1985-1988: Carlúcio Andrade
CATARATA E CIRURGIA REFRATIVA
(ABCCR/BRASCRS)
■■ Gestão 1988-1990: Renato Ambrósio
■■ Gestão 1990-1992: Canrobert de Oli- Fundação: 2014
veira Data da filiação do CBO:
■■ Gestão 1992-1994: Carlos França Ran- Sede própria: Praia do Flamengo no 66,
gel bloco B, salas 401/405, Flamengo – Rio de
■■ Gestão 1994-1996: Ricardo Guimarães Janeiro-RJ.
CEP: 22.210-903
■■ Gestão 1996-1998: Paulo César Fontes
Telefone: (21) 2225-2600
■■ Gestão 1998-2000: Ednei Nascimento
E-mail: abccr@brascrs.com.br
■■ Gestão 2000-2002: Walton Nosé
Site: www.brascrs.com.br
■■ Gestão 2002-2004: José Eutrópio Vaz
■■ Gestão 2004-2006: Carlos Heler Ribei- Gestões e Presidentes:
ro Diniz ■■ Gestão 2014-2016: Carlos Gabriel de
■■ Gestão 2006-2008: Waldir Martins Por- Figueiredo
tellinha ■■ Gestão 2016-2018: Pedro Paulo Fabri
■■ Gestão 2008-2010: José Ricardo Carva-
lho Lima Rehder

215

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CBO-2018 - Miolo.indd 216 29-10-2018 11:27:56
SEÇÃO
IV Prevenção da Cegueira

20 Considerações Iniciais
21 Aspectos da Correção dos Vícios de Refração com
Óculos
22 Correção dos Vícios de Refração | A Solução de
Divinolândia, São Paulo
23 Das Primeiras Campanhas de Prevenção de Doenças
Oculares ao Projeto “Olho no Olho”
24 Histórico das Campanhas de Prevenção da Cegueira no
Brasil
25 Fórum Nacional de Saúde Ocular e Campanhas de
Prevenção da Cegueira
26 Projetos Comunitários para Prevenção da Cegueira na
Visão de um Professor da UNICAMP
27 Dorina Gouvea Nowill
28 Instituto Benjamin Constant
29 Histórico da Reabilitação Visual no Brasil
30 Exemplos Notórios de Iniciativas Pessoais de
Oftalmologistas na Saúde Pública
31 Histórico das Campanhas de Cirurgia de Catarata
32 Abril Marrom
33 Projeto Internacional de Baixa Visão – Lions e Christian
Blind Mission
34 Banco de Olhos de Sorocaba

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20 Considerações Iniciais

Para a organização e compilação de fatos Uma campanha comunitária visa: co-


referentes a iniciativas de prevenção da nhecer as condições atuais de atendimen-
cegueira muitos desafios foram encontra- to da população-alvo; aumentar a cober-
dos. tura de saúde daquela população durante
Houve iniciativas muito bem estru- a sua duração; mostrar a frequência do
turadas no país, inclusive precedendo a problema, a morbidade, a exequibilidade
fundação do Conselho Brasileiro de Oftal- de tratamento e a possibilidade de torná-
mologia (CBO), mas o que chama a aten- la programa permanente; educar a popu-
ção são aquelas atividades que tomaram lação visando a adoção de condutas cor-
cunho promocional de natureza temporá- retas de prevenção.
ria, esparsamente distribuídas pelo Brasil, Sugere-se que essas campanhas não
não menos importantes, pois eficientes parem, que sejam sempre realizadas e re-
em demonstrar as carências e as necessi- portadas ao CBO em uma estrutura a ser
dades regionais para definir metodologias criada para albergar as informações re-
de intervenção. ferente a objetivos, público-alvo, resulta-
Da obra literária “Olho no Olho”, afere- dos e conclusões obtidas a partir de cada
se entre os conceitos básicos de cam- iniciativa tomada no país, por menor que
panhas comunitárias, que o sistema de seja.
saúde pública de um país não fornece co-
bertura suficiente em áreas consideradas BIBLIOGRAFIA
importantes; e que é possível promover
Carvalho RS, Kara José N, Arieta CEL, Castro RS. Cam-
campanhas para, entre outras finalidades,
panhas comunitárias – Conceitos básicos. In: Kara
propor a inclusão de novas modalidades José N, Gonçalves ER, Carvalho RS. Olho no olho.
de tratamento. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2006. p. 7-16.

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Aspectos da Correção dos Vícios
21 de Refração com Óculos

Como citado por Durval Prado e publica- Dessa forma a prática da refração ca-
do nos Arquivos Brasileiros de Oftalmolo- racteriza-se por uma pacífica situação que
gia de 1944, poucos assuntos de nossa es- também é científica. Ao lado do oftalmo-
pecialidade oferecem maior contribuição logista temos o profissional óptico, que
e valor prático à sociedade que a esquias- é o técnico em lentes que ao ler a pres-
copia e a prescrição de óculos. crição das lentes provenientes do ato da
A oftalmologia tem em sua principal optometria médica, adequa a escolha da
atividade a realização do exame de refra- lente às armações, fazendo a montagem
ção, etapa inteiramente dependente de dos óculos.
um sistema óptico construído às custas de Conforme citado no livro “História da
tecidos e células, desta feita a melhor for- Óptica no Brasil”, os médicos oftalmolo-
ma de servir à correção das imperfeições gistas não prescreviam óculos no início do
óticas e o auxílio por um especialista em século XX, porém nas propagandas inseri-
medicina. das no mesmo livro tem-se que em 1924
Em 1939, Durval Prado em artigo in- a Ótica Especialista e em 1928 a Ótica Ge-
titulado a prática da optometria comenta rin, dentre todas, só aviavam as receitas de
que “felizmente, a rigor, não possuímos o lentes de óculos prescritas pelos médicos,
problema do optometrista no Brasil, visto à época ditos oculistas.
que não possuímos leis que os amparem Os monges lapidavam pedras semipre-
quando diplomados lá fora”. ciosas e criavam um tipo de lupa rudimen-
Também Durval Prado, em 1944, em tar. Francis Bacon apresentou algumas
seu livro intitulado “Noções de Ótica, Re- dessas ditas “pedras de visão”, os óculos.
fração Ocular e Adaptação de Óculos”, já As primeiras lentes não tinham grau e
no prefácio expõe que forçoso é reconhe- eram usadas para caracterizar riqueza e
cer que a oftalmologia constitui uma espe- para embelezar. A seguir as lentes corri-
cialidade pouco cirúrgica. Os casos atendi- giam apenas presbiopia e hipermetropia.
dos nos consultórios são os de clínica pura, Eram fabricadas manualmente, muito ca-
principalmente refração. ras e usadas por poucas pessoas.
Pela assistência que presta à popula- Óculos com lentes cada vez de melhor
ção no Brasil a optometria continua como qualidade e armações mais elegantes são
doutrina exclusiva do médico oftalmolo- de disponibilidade muito recente, princi-
gista. palmente após a Segunda Guerra Mundial.

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Uma porcentagem muito grande da Professor A. Duarte, com sua reco-
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

população tinha déficit visual por erros nhecida experiência em refração, destaca
refracionais não corrigidos. Esta situação, a contribuição de alguns oftalmologis-
embora em proporção cada vez menor, tas, predominantemente europeus, para
perdura até hoje. a evolução da especialidade, a partir do
A partir do aumento das necessidades século XIX, quando são criados e desen-
laborais em decorrência da rotineira utiliza- volvidos aparelhos que até os dias de hoje
ção de microcomputadores, com monito- fazem parte de um consultório oftalmo-
res nas mais variadas alturas, aumentaram lógico. A contribuição de pioneiros como
as exigências visuais e muitos pacientes Donders, Jäger, Badal, Snellen, Cuignet,
passaram a necessitar de lentes oftálmicas Ruete, Helmholtz, Goldmann e Gullstrand,
prescritas considerando suas necessidades entre outros, é bastante conhecida, mas
ocupacionais, o que leva à escolha de len- poucos sabem da contribuição de brasi-
tes mais complexas e passa pela seleção e leiros, como Hilário de Gouveia, médico
indicação de um determinado modelo de oftalmologista, que em 1873 inaugurou
lente progressiva ou multifocal. no Rio de Janeiro o Instituto Ophthalmo-
Decorrente ainda da necessidade de logico Brazileiro, onde receitava óculos
visão plena, de perto e para as distâncias pelos modernos métodos optométricos
intermediárias, surgiu uma nova categoria de Donders. Assim como também traba-
de lentes, as chamadas lentes ocupacio- lhos de José Antonio de Abreu Fialho, que
nais. Nessas, a correção óptica se faz des- em 1926 publica o Tratado de Ophthal-
de o perto até o intermediário, variando mologia, onde na parte IV – Anomalias
este de 1 a 2 metros ou pouco mais, po- da refração ou defeitos ópticos dos olhos,
rém sua seleção deve ser individualizada descreve seu tratamento com óculos de
para a necessidade visual diagnosticada. grau e apresenta uma armação de provas,
Essas são mais dependentes ainda da ana- por ele mandada construir.
mnese e conhecimento médico. Na última parte do seu artigo, Profes-
Considerando o levantamento históri- sor A. Duarte enumera ainda outras con-
co referente ao exame do paciente para tribuições de oftalmologistas brasileiros
a prescrição de lentes de óculos, a seguir para estabelecer as bases do tratamento
transcreve-se do Jornal Brasileiro de Of- das ametropias e presbiopia pelos ócu-
talmologia, considerações sobre a oftal- los de grau no país, ressaltando os cursos
mologia e a evolução da optometria por de introdução e atualização em Refração
A. Duarte. Clínica promovidos pela SBO, pelo CBO e
O tratamento dos erros de refração e pela Soblec.
da presbiopia, que só podem ser feitos a Até fins do século XIX havia poucos
partir de um exame realizado por médico médicos oftalmologistas. Muitas vezes o
oftalmologista, o único capaz de diagnos- cliente comprava óculos depois de expe-
ticar e prescrever óculos, lentes de con- rimentá-los por tentativas em tendas e lo-
tato e detectar problemas oculares, dos jas de artigos ópticos ou no sortimento de
mais simples aos mais complexos, percor- vendedores ambulantes. E os óculos eram
222 reu um longo caminho até os dias de hoje. feitos geralmente com as duas lentes na

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mesma graduação e as duas faces da len- olho humano, o qual chamou optômetro.

Aspectos da Correção dos Vícios de Refração com Óculos


te na mesma curvatura. Daí derivam o conceito e o termo opto-
A situação atual resulta do estudo e metria. Em 1801, baseado nos planos de
dedicação de médicos oftalmologistas, a Porterfield, o médico e polímata inglês
quem se devem os aparelhos, os métodos Young constrói um optômetro prático,
de exame e principalmente o entendi- com o qual realiza dezenas de optome-
mento da relação entre doenças sistêmi- trias.
cas, ametropias e presbiopia, bem como Outro recurso para a refração objetiva
o conhecimento da forma das lentes e sua é o retinoscópio de faixa, cujo primeiro
colocação na armação dos óculos. modelo se deve a Wolff, médico oftalmo-
Devido à limitação de espaço, o pre- logista alemão, que em 1900 constrói o
sente artigo apresenta nomes e realiza- retinoscópio (ou esquiascópio) elétrico,
ções de apenas alguns dentre dezenas precursor dos atuais. O aparelho de Wolff,
destes pioneiros, dos quais se destaca por sua vez, deriva do esquiascópio de
Donders, médico oftalmologista holan- espelho plano (1873) de Cuignet, médico
dês. Após mais de 14 anos de pesquisas, oftalmologista francês. Já o esquiascópio
Donders publica em 1864 Anomalias da de Cuignet é um desenvolvimento do of-
acomodação e da refração, estabelecendo talmoscópio indireto de Ruete, médico of-
as bases do tratamento das ametropias e talmologista alemão. Ruete criou seu of-
presbiopia pelos óculos de grau. Aperfei- talmoscópio indireto em 1852, inspirado
çoados ao longo do tempo, os métodos pelo oftalmoscópio direto de Helmholtz,
fundamentais de Donders continuam sen- médico alemão, que o apresentara no ano
do utilizados pelo oftalmologista de nos- anterior. Ambos se destinavam primaria-
sos dias. mente à fundoscopia. A partir dos dados
No exame oftalmológico atual, logo da refração objetiva, o médico oftalmolo-
depois da anamnese o médico deter- gista passa a determinar a refração sub-
mina a visão do paciente pela leitura de jetiva.
textos derivados de trabalhos realizados Em nosso país, se faz em geral com o
em 1854 por Jäger, médico oftalmologista aparelho coloquialmente chamado Greens.
vienense, e pelo reconhecimento de opto- Para apurar o astigmatismo, o médico ser-
tipos oriundos de estudos publicados em ve-se habitualmente do cilindro cruzado,
1862 por Snellen, médico oftalmologista introduzido em 1887 por Jackson, médico
holandês. oftalmologista norte-americano.
A seguir, o médico oftalmologista pro- Para a refração subjetiva alguns médi-
cede à refração objetiva, geralmente com cos preferem as lentes e armação de pro-
o refrator automático, se baseia no op- vas em vez do Greens.
tômetro de Badal, médico oftalmologista No conhecimento do autor, a referên-
francês que o introduziu em 1876. cia mais antiga a lentes e armação de pro-
A linhagem dos optômetros remonta, vas para refração subjetiva é de 1843 por
porém, a Porterfield, médico oftalmolo- Fronmüller, médico oftalmologista ale-
gista escocês, que em 1759 concebeu e mão. Determinada a refração, o médico
desenhou os projetos do primeiro dispo- passa a examinar o segmento anterior à
sitivo para determinação da refração do lâmpada de fenda, instrumento criado em 223

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1911 por Gullstrand, médico oftalmolo- dicado exclusivamente à refração clínica,
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

gista sueco, detentor de Prêmio Nobel. As receituário de óculos e lentes de contato,


atuais lentes asféricas de Volk derivam das até hoje sucessivamente reeditado.
asféricas introduzidas também por Gulls- Em 1989, Aderbal de Albuquerque Al-
trand em 1919. ves, médico oftalmologista publica Refra-
A evolução do conhecimento e dos pro- ção com 29 coautores, atualmente (2014)
cedimentos optométricos descritos antes na 6a edição.
repercutiu imediatamente no Brasil, apesar Em 2000, o Conselho Brasileiro de Of-
do pequeno número de médicos oftalmo- talmologia publica Óptica e refração ocu-
logistas no país. Em 1863, para se habilitar lar. Coleção de manuais básicos, (Coorde-
a exercer a especialidade no Império do nador) Ricardo Uras, com 18 coautores.
Brasil, Carlos Pedraglia, médico oftalmo- Em 2005, o Conselho Brasileiro de Of-
logista alemão aqui radicado, obtém seu talmologia publica Refratometria Ocular,
doutorado no Rio de Janeiro com a tese: sob a coordenação de Harley Bicas, Ader-
Dissertação sobre os phenomenos da re- bal de Albuquerque Alves e Ricardo Uras,
fracção e accomodação do olho humano. com 48 coautores.
Em 1873, Hilário de Gouveia, médico Em 2008, o Conselho Brasileiro de
oftalmologista brasileiro, inaugura no Rio Oftalmologia publica Óptica e Rrefração
de Janeiro o Instituto Ophthalmologico Ocular. Reedição ampliada.
Brazileiro, onde receita óculos pelos mo- Em 2009, Milton Ruiz Alves, Mariza Po-
dernos métodos optométricos de Donders. lati e Sidney Julio de Faria e Sousa, médicos
Em 1898, Manoel F. C. Leal Jr., médico oftalmologistas brasileiros e professores da
oftalmologista brasileiro, se apresenta ao USP, publicam Refratometria Ocular. Atual-
concurso de Lente Substituto na Cadeira mente, a SBO, o CBO e a SOBLEC mantêm
de Clínica Oftalmológica da Faculdade de cursos de introdução e atualização em Re-
Medicina e Farmácia do Rio de Janeiro fração Clínica em numerosas cidades bra-
com a tese: Processos objetivos de opto- sileiras.
metria – Seu valor clínico.
Em 1926, José Antonio de Abreu Fia- BIBLIOGRAFIA
lho publica no Rio de Janeiro: Tratado de
Duarte A. A Oftalmologia e a evolução optométrica
Ophthalmologia. A parte IV, intitulada dos primórdios à atualidade. J Bras Oftalmol. 2013;
Anomalias da refração ou defeitos ópti- 160:10-1.
cos do olho descreve seu tratamento com Prado D. Noções de ótica, refração ocular e adaptação
óculos de grau. Apresenta uma armação de óculos. 2. ed. São Paulo Médico Editora: São
Paulo; 1944. 352p.
de provas, modelo do autor, por ele man-
Prado D. Lentes oftálmicas. Arq Bras Oftalmol. 1938;
dada construir no Rio de Janeiro.
1:80.
Em 1942, Durval Prado, publica Noções Prado D. A esquiascopia. Arq Bras Oftalmol. 1938; 1:17-8.
de óptica, refração ocular e adaptação de Prado D. A prática da optometria. Arq Bras Oftalmol.
óculos. Foi o primeiro livro brasileiro de- 1939; 2:65-6.

224

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Correção dos Vícios de Refração |
22 A Solução de Divinolândia, São
Paulo

Maria Cecília Machado | Newton Kara José |


Newton Kara-Junior | Carlos Eduardo Leite Arieta

Erros de refração não corrigidos para lon- nolândia pelo “Consórcio de Desenvol-
ge são a maior causa de diminuição da vi- vimento da Região de Governos de São
são, calculando-se 200 a 250 milhões em João da Boa Vista” (Conderg)* em parce-
todo o mundo.¹ Para conseguir a correção ria com a UNICAMP, com a finalidade de
dos erros de refração é necessário o cum- confeccionar óculos de baixo custo para a
primento de uma série de quesitos que clientela atendida.4-6
vão desde o sentir a necessidade visual, a A óptica funciona ininterruptamente
decisão de procurar atendimento, acesso desde a sua instalação e atende aos clientes
e aquisição de óculos. do serviço de oftalmologia. Nesses 29 anos
Apesar de fácil correção e de seu baixo foram confeccionados 50.520 óculos. Os
custo o problema parece estar aumentan- óculos foram distribuídos gratuitamente e
do em todo o mundo. As barreiras para a financiados pelo SUS a R$ 28,00 por óculos.
correção óptica são multifatoriais, sendo as Os custos marginais da óptica são sub-
principais, o reconhecimento das necessi- vencionados pelo Conderg, que oferece
dades, a dificuldade de acesso ao exame o local com as despesas de manutenção,
oftalmológico e a aquisição de óculos. despesas de escritório, aquisição de novos
A experiência mostra que na quase to- equipamentos e pagamento com pessoal
talidade dos serviços de atendimento do (uma secretária).4-6
SUS a aquisição de óculos fica por conta Os óculos são entregues em até 30 dias
do paciente, e em muitos casos não é rea e os obstáculos para a confecção mais rá-
lizada por falta de condições financeiras. pida são o tempo de pedido e de entrega
A Organização Mundial da Saúde das armações e lentes corretivas.
(OMS) atenta para a barreira que repre- Nos seus 29 anos de existência, a óp-
senta a aquisição de óculos, vem estimu- tica do Conderg vem aumentando pro-
lando os estados membros a priorizarem gressivamente sua capacidade de atendi-
projetos de distribuição de óculos gratui- mento.
tamente ou a baixo custo.²
Baseado nessa premissa, em 1994, a
*O Conderg, formado em 1987, abrange 16 muni-
UNICAMP instalou uma óptica de baixo cípios do Estado de São Paulo (480 mil habitantes),
custo para a população carente.³ criou em Divinolândia um serviço de oftalmologia
junto com a UNICAMP, para atendimento do pacien-
O modelo dessa óptica foi novamente
te SUS, nos moldes do atendimento realizado em
implantado em 1998 na cidade de Divi- Campinas.

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No início a óptica confeccionava em O exemplo da óptica de Divinolândia
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

média 50 óculos por mês, em 2000 a pro- que possibilita a correção dos erros de re-
dução passou para 200 óculos e em 2001 fração da maioria dos usuários do hospi-
para 400 óculos. tal, serve de modelo no combate ao grave
O aumento da produção de óculos foi problema dos óculos receitados, porém
possível pela aquisição de novos equipa- não confeccionados por falta de condi-
mentos e a contratação de mais um auxi- ções financeiras.
liar além do óptico, que é o mesmo desde Enquanto o problema não é resolvido,
o início.4,5 milhões de brasileiros continuam com a
Atualmente, a óptica tem capacidade qualidade de vida prejudicada.
instalada e recursos humanos para confec-
cionar até 1.600 óculos por mês (20 por dia), REFERÊNCIAS
porém, sua produção foi reduzida a 250 por 1. Vitale S, Cotch MF, Sperduto RD. Prevalence of vi-
mês por limitação imposta pela verba SUS. sual impairment in the United States. JAMA. 2006;
Assim como os grandes hospitais pú- 295:2158-63.
blicos possuem farmácia própria para ser- 2. Thylefors B, Négrel AD, Pararajasegaram R, Dadzie
KY. Reviews/Analyses. Global data on blindness.
vir seus usuários, seria aconselhável que
Bull WHO. 1995;73:115-21.
mantivessem, também, uma óptica, dimi- 3. Kara-José N, Melo HFR, Matsui IA. Senne FMB. Pe-
nuindo os custos dos óculos para os pa- reira VL. Criação de um banco de óculos.
cientes necessitados.³ 4. Machado MC, Kara-José N, Goes JL. Óculos de
Além disso, o governo brasileiro deve- baixo custo: Experiência em Divinolândia (SP). Arq.
Bras Oftalmol. 2010; 73(1):57-9.
ria estimular a industrialização de um tipo
5. Machado MC, Kara-José N. Acesso à correção óp-
de armação padronizada e com preço mí- tica: experiência de óptica em hospital público de
nimo para ser adquirido pela população Divinolândia, SP. In Kara-José N, Rodrigues MLV,
de baixa renda. Em uma segunda etapa, Carvalho RS. Saúde ocular e prevenção da ceguei-
ra. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2009.
através de seus órgãos competentes, de-
6. Arieta CEL, Delgado AMN, Kara-José N et al. Re-
veria realizar a distribuição gratuita de
fractive errors and cataract as causes of visual im-
óculos com lentes corretoras, a exemplo pairment in Brazil. Ophthalmic Edpidemiol. 2003;
do que já ocorre em outros países.³ 1(1):15-22.

226

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Das Primeiras Campanhas de
23 Prevenção de Doenças Oculares ao
Projeto “Olho no Olho”

A seguir listam-se as primeiras campanhas da infância, procurando implantar hábitos


desenvolvidas nas primeiras décadas do e atitudes higiênicas indispensáveis para a
século XX até o projeto “Olho no Olho”, conservação da saúde do indivíduo e da
idealizado como Campanha Nacional de coletividade.1
Prevenção à Cegueira e Reabilitação Visual Referia o autor que “além da sua ação
do Escolar, cujos detalhes encontram- educativa, visando formar no aluno a
se reportados na publicação de mesmo consciência sanitária, deverá o professor
nome, de autoria dos Professores Newton exercer ação curativa, fazendo o trata-
Kara José, Elisabeto Ribeiro Gonçalves e mento dos alunos na própria escola, após
Regina de Souza Carvalho. formação por meio de cursos práticos de
Em 1938, a prevenção da cegueira na aprendizagem fornecidos pelas educado-
infância visava, basicamente, o combate à ras sanitárias”.1
oftalmia neonatorum, à profilaxia do tra- Além disso, o professor mantinha in-
coma, da varíola e da sífilis hereditária, e tercâmbio com os pais, transmitindo a
em algumas regiões do Brasil falava-se orientação sobre a maneira correta de se
também na deficiência de vitamina A. comportarem no combate ao tracoma.
Buscava-se a obrigatoriedade das Recebeu em 1939, o Prêmio Nacional
parturientes em se submeterem a exa- da Prevenção à Cegueira pela Liga Na-
me ginecológico pré-natal; a adesão ao cional de Prevenção à Cegueira. A obra
método de Credé e a colaboração en- premiada foi adotada no curso de Traco-
tre pediatras, oftalmologistas, obstetras mologia do Ministério da Educação, pro-
e poderes públicos no planejamento de movido pelo Departamento Nacional de
estratégias para prevenção da cegueira Saúde, no intuito de ampliar em todo o
na infância. país, os benefícios do plano de combate
Já naquela época, o Dr. Silvio de Al- ao tracoma pela escola primária.2
meida Toledo, oftalmologista do Serviço Dr. Francisco Amêndola também afir-
de Tracoma do Estado de São Paulo, no mava que, “se cada mestre tivesse recebi-
trabalho “Cooperação da Escola Primária do noções do que é o tracoma, quais suas
no Combate ao Tracoma”, ressaltava a im- consequências, como reduzir ao mínimo
portância das professoras no combate à possível sua infecção, como evitar a difu-
doença. Abordava a escola e a sua ação são entre os sãos, então teríamos exército
como elementos de instrução e educação permanente”.3

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Começavam assim, as campanhas com ções de acuidade visual e equilíbrio bino-
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

os escolares tendo os professores como cular em crianças de uma escola pública.


parceiros. Concluiu pela evidente necessidade de
A seguir continua o breve histórico das mobilização das autoridades públicas so-
Campanhas Comunitárias em Escolas no bre o assunto em questão.6
Brasil de autoria dos professores Regina A partir de 1968, a Secretaria da Edu-
de S. Carvalho e Newton Kara José. cação do Estado de Minas Gerais iniciou
Em 1940 o Centro Médico Pedagógi- uma pesquisa das condições de acuidade
co Osvaldo Cruz foi inaugurado, e um de visual nas crianças das Escolas Públicas do
seus trabalhos foi inspecionar a visão dos primeiro grau. Professoras foram treina-
alunos de 6.000 escolas nos Estados de das para realizar os testes de visão. Os re-
Minas Gerais, Piauí e Maranhão. Consta- sultados obtidos, entretanto, esbarravam
taram a incidência de 11% de anomalias com o problema da solução; o que fazer
visuais entre os alunos que passaram de e para onde encaminhar as crianças que
ano e 32% entre os repetentes. Também apresentavam deficiência visual? Faltavam
constataram que milhares de alunos ape- ainda as infraestruturas necessárias.6
nas acompanhavam o ensino oralmente, Em 1971, o Serviço de Ensino Primá-
pois não podiam adquirir óculos correto- rio, associado ao Serviço de Saúde Escolar
res dos respectivos vícios de refração.4 e Serviço da Secretaria da Saúde de São
A escola como elemento educacional Paulo, propiciou aos orientadores pedagó-
na luta da prevenção à cegueira, tam- gicos de Saúde, com atuação nas Escolas
bém foi enfatizada por Durval Prado, em de Primeiro Grau do Estado, um Seminá-
1941. Nele, o autor refere que “...da esco- rio sobre Oftalmologia Sanitária Escolar.7
la, com sua múltipla finalidade de educar Esse Seminário sob coordenação médica
e instruir, muito se pode esperar como dos Drs. Oswaldo Galotti e Newton Kara
elemento eficiente de educação na luta José, e educacional de Maria de Lourdes
de prevenção à cegueira. O médico, pe- Ferrarini e Edméa Rita Temporini, em que
los achados nos seus exames, o professor, houve significativa participação da área
pelo contato cotidiano com os alunos e a médica, visava a orientação de professo-
educadora sanitária, pela estreita relação res da rede de ensino e consequentemen-
entre a escola e a família dos alunos, re- te dos alunos e pais sobre cuidados com
presentam uma verdadeira cadeia de ele- os olhos e com a visão. A partir daí, foi
mentos conjugados, em condições de co- sentida a necessidade da sistematização
laboração estreita e eficiente no tocante à das ações de oftalmologia sanitária em
educação dos princípios necessários à luta escolas, como também a coordenação das
de prevenção à cegueira”.5 atividades.
Programas continuados de triagem vi- Um grupo de técnicos das Secretarias
sual e assistência oftalmológica, desenvol- da Educação e da Saúde, constituído por
vidos por meio de parcerias entre setores médicos, educadores sanitários, pedago-
de educação e saúde, tiveram início na gos e enfermeiros, elaborou o Plano de
década de 1950. Oftalmologia Sanitária Escolar (POSE), que
Em Belo Horizonte, Neyde Oréfice foi aprovado pelo governo do Estado em
228 (1966), fez um levantamento das condi- 1973; época em que também foi implan-

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tado nas escolas de primeiro grau do Es- apresentavam alterações oftalmológicas

Das Primeiras Campanhas de Prevenção de Doenças Oculares ao Projeto “Olho no Olho”


tado de São Paulo.7 eram enviados aos serviços médicos após
Os objetivos do POSE eram: entrevista com os pais. Também orienta-
■■ Contribuir para o bem-estar do escolar, vam alunos e pais sobre higiene visual.8
assistindo-o em seus problemas oftal- O Serviço Social do Palácio, através do
mológicos. Fundo de Assistência Social (FAS), garantia
■■ Diminuir a incidência da morbidade of- verba para as consultas oftalmológicas e
talmológica entre os escolares. eventualmente para a aquisição de óculos.
As Prefeituras Municipais, clubes de servi-
■■ Contribuir para a melhoria do rendi-
ços, Associações de Pais e Mestres mobili-
mento escolar.
zavam-se para participar ativamente desta
■■ Tentar evitar que os problemas oftal-
programação.7,9
mológicos da infância se tornem defi-
Nos anos 1973, 1974 e 1975, 2.981.276
nitivos ou incapacitantes com prejuízo
alunos tiveram sua visão testada pelos pro-
do rendimento socioeconômico do fu-
fessores (93,19% dos alunos-alvo da pro-
turo cidadão.
gramação), e 399.647 foram encaminhados
■■ Contribuir para o desenvolvimento de para exames oftalmológicos.8
pesquisas referentes ao estabeleci- Após exame oftalmológico feito pelos
mento de coeficientes que expressem médicos, 66,99% (94.535) dos atendidos
fidedignidade à situação do problema tiveram óculos prescritos; 91,85% dos
entre nós. óculos prescritos foram adquiridos pela
própria família, APM e/ou Clubes de Ser-
O POSE destinava-se aos alunos das viços.8
primeiras séries do primeiro grau, do ensi- Ressalta-se que o desenvolvimento
no pré-primário e de classes de educação das atividades educativas foi um dos pon-
especial das escolas estaduais.8 Inicial- tos básicos na programação para o alcan-
mente, a aplicação do POSE foi previsto ce dos objetivos e metas estabelecidas.
para 4 anos, com avaliações frequentes, Os projetos comunitários realizados
tornando-se um programa incorporado pelo Núcleo de Prevenção à Cegueira da
na rotina dos diversos serviços das Secre- Universidade de Campinas (NPC-UNI-
tarias de Educação e/ou de Saúde.7,8 CAMP), criados em abril de 1986 com
Para a realização do POSE houve en- objetivo primordial de melhorar a saúde
volvimento dos professores, que foram ocular da população em geral, contribuí
devidamente orientados pelos técnicos ram para a construção do modelo de
dos setores regionais de orientação pe- atendimento em campanhas de caráter
dagógica (SEROPS) e estes contaram com comunitário, tais como os Projetos Cata-
o assessoramento das educadoras sanitá- rata e Olho no Olho.10
rias que eram supervisoras atuantes.7-9 O Núcleo era coordenado pelo Pro-
Os professores mediam a visão com a fessor Newton Kara José e composto por
Tabela de Snellen, anotavam sintomas in- oftalmologistas, educadores, alunos de
dicativos de dificuldade visual. O restante graduação e outros profissionais de saú-
era feito nos escolares com acuidade igual de, reunidos na disciplina de oftalmologia
ou abaixo de 0,8 no pior olho. Aqueles que da FCM-UNICAMP. 229

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Na década de 1980, os projetos promo- ações integradas dos setores de saúde e
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

vidos pelo Núcleo de Prevenção à cegueira educação.11


destinados às crianças, tiveram como par- Em 1990, o Núcleo de Prevenção à
ceiros órgãos como a Kellogg Foundation, Cegueira da UNICAMP desenvolveu um
e como metas, a promoção de campanhas modelo simplificado para atendimento de
periódicas de detecção de problemas vi- crianças de 0 a 7 anos, juntamente com 13
suais nos escolares e a orientação de pais, municípios da região de Campinas, volta-
professores e alunos por meio de palestras do para o estudo de prevalência de distúr-
nas escolas, material gráfico e audiovisual bios oculares nesta faixa etária.12
sobre prevenção à cegueira, cuidados com No ano de 1995, em Goiânia, iniciou-se
os olhos e prevenção de acidentes ocula- o “Projeto Boa Visão”, formado pelas se-
res, entre outros. guintes instituições: Instituto de Olhos de
Ainda na década de 1980, o Departa- Goiânia, responsável pelo atendimento por
mento de Assistência ao Escolar (DAE), ór- seu corpo clínico (residentes e docentes),
gão do governo do Estado de São Paulo, enfermagem, aparelhagem, ambulatório e
vinha executando programas de orienta- centro cirúrgico; a ONG “Fundação Jaime
ção em saúde geral e saúde ocular com Câmara”, responsável pela organização,
objetivo de capacitar o professor a agir coordenação e triagem dos alunos de toda
face a desvios de saúde de seus alunos, rede pública municipal de Goiânia; um gru-
uma vez que os professores queixavam- po de óticas responsável pelo fornecimen-
se de despreparo no campo da saúde to das lentes e montagem dos óculos aos
do escolar.11 Para tanto, foi instituído no alunos; Secretaria Municipal de Educação
sistema estadual de ensino, o orientador que disponibilizava recursos financeiros e
de Ações de Assistência ao Escolar (OAE), organização dos alunos, bem como pro-
denominação conferida ao professor fessores para o atendimento.13 Entre 94.583
que se encarregava da multiplicação das escolares das escolas públicas municipais
orientações em saúde a nível de unidade de Goiânia, 16.806 (17,76%) foram selecio-
escolar.11 nados para exame oftalmológico na uni-
As OAE previamente preparadas por dade volante do Projeto. Após 5 anos do
educadores em saúde pública, orientavam início deste projeto, foram prescritos 6.290
os demais professores da escola sobre óculos e realizadas 127 cirurgias.13
saúde, cuidados com os olhos e aplica- Todas essas ações comunitárias desti-
ção do teste de acuidade visual. Por outro nadas às crianças influenciaram as “Cam-
lado, a observação de condições de saú- panhas de Prevenção e Reabilitação Visual
de do aluno realizada pelo professor de Olho no Olho”.
classe comum, constituía-se também no Esses projetos salientavam a impor-
ponto de partida do “Sistema Integrado tância de parcerias das escolas, professo-
de Atendimento Médico ao Escolar” (SIA- ras e sanitaristas no processo de triagem
ME), que vinha sendo implantado grada- e orientação de cuidados oftalmológicos,
tivamente, desde 1980, em municípios do e a iniciativa “Olho no Olho” seguiu esses
Estado de São Paulo. Esse sistema previa preceitos.

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PÚBLICO-ALVO | POR QUE  2. Prêmio Nacional de Prevenção da cegueira de

Das Primeiras Campanhas de Prevenção de Doenças Oculares ao Projeto “Olho no Olho”


1939. Arq Bras Oftal. 1940; 3:44-5.
CRIANÇAS DA PRIMEIRA SÉRIE?  3. Amendola F. A professora na profilaxia do Traco-
Pedro C. Carricondo ma. Arq Bras Oftal. 1939; 2:14-5.
Sonia H. Lee  4. Conde BH. Prevenção da cegueira no Brasil; méto-
dos e fins – Conferência pronunciada ao microfo-
Regina de S. Carvalho
ne da Liga Nacional de Prevenção à Cegueira, Rio
Newton Kara José
de Janeiro, 2 de agosto de 1940. Arq Bras Oftal.
1940; 2:271-6.
Uma campanha de saúde ocular ideal  5. Prado D. A escola como elemento educacional
deve ser eficaz e exequível a partir dos na luta de prevenção da cegueira. Arq Bras Oftal.
1941; 4:146-51.
recursos materiais e humanos disponíveis.
 6. Oréfice NL. Fatores causais dos resultados, muitas
Determinar o melhor público-alvo para vezes negativos, do tratamento da ambliopia. Arq
uma campanha dessa natureza é funda- Bras Oftal. 1984; 47(1):17-21.
mental para seu sucesso. Deve haver uma  7. São Paulo. Secretaria da Educação. Plano de Of-
reflexão sobre a comunidade, com a par- talmologia Sanitária Escolar e Elementos Subsidiá-
rios. São Paulo, Secretaria de Educação/Secretaria
ticipação ativa desta para a busca de so- de Saúde, 1973.
luções.  8. Kara-José N, Ferrarini ML, Temporini ER. Avaliação
O estudo do custo-benefício em cada do desenvolvimento do Plano de Oftalmologia Sa-
faixa etária é indispensável para a deter- nitária Escolar em três anos da sua aplicação no Es-
tado de São Paulo. Arq Bras Oftal. 1977; 40(1):9-15.
minação do grupo que será beneficiado
 9. Temporini ER. O plano de oftalmologia sanitária
como prioridade em saúde pública. De- do escolar do Estado de São Paulo: aspectos téc-
vem ser avaliados o impacto e a repercus- nicos-administrativos; tese de Mestrado apresen-
são da intervenção naquele momento, a tada na Faculdade de Saúde Pública da USP; 1980.
resolutividade da intervenção, as possi- 10. Novaes P, Kara-José N. Núcleo de Prevenção à
Cegueira da UNICAMP 1977-2002; Painel apresen-
bilidades de alcance da população a ser tado no XV Congresso Brasileiro de Prevenção à
avaliada e de parcerias. Cegueira e Reabilitação Visual, 2002, Curitiba, PR.
A proposta da triagem da acuidade Arq Bras Oftal. 2002; 65(4):107.
visual na primeira série do primeiro grau 11. Temporini ER. Percepções de professores do siste-
ma de ensino do estado de São Paulo sobre seu
(atual ensino fundamental), partiu do
preparo em saúde do escolar. Rev Saúde Pública.
POSE, baseada no conhecimento de seus 1988; 22(5):411-21.
autores.7,8 12. Delgado AMN, Arieta CEL, Kara-José N. Poster
apresentado X Congresso Brasileiro de Oftalmolo-
gia. Modelo de atenção oftalmológica na infância.
REFERÊNCIAS Arq Bras Oftalmol. 1992; 55(4):183.
 1. Toledo AS. Cooperação da escola primária no 13. Nassaralla Jr JJ, Nassaralla BRA. Atendimento of-
combate ao tracoma, Empresa gráfica revista dos talmológico no sistema público de ensino em Goi-
tribunais, São Paulo, 1938 in Análises, resumos e ânia – Projeto Boa visão. Rev Bras Oftalmo. 2002;
comentários. Arq Bras Oftal. 1938; 1:134-8. 61(6):446-52.

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Histórico das Campanhas de
24 Prevenção da Cegueira no Brasil

Regina de Souza Carvalho | Maria de Lourdes Veronese Rodrigues |


Newton Kara José

O Professor Doutor Newton Kara José ■■ 1905: Victor de Brito, com trabalho so-
empenhou sua vida acadêmica em prol da bre “Profilaxia do Tracoma”, iniciou a
prevenção da cegueira no Brasil, uma vida prevenção da Cegueira no Rio Grande
dedicada à cidadania, fazendo jus ao ápi- do Sul.
ce da carreira universitária como titular de ■■ 1908: João de Castro Pache Faria, pu-
Oftalmologia da UNICAMP e da USP de blicou a tese “Da Higiene Ocular nas
São Paulo. Seu trabalho foi assessorado escolas do Distrito Federal” e Manoel
pelas Professoras Maria de Lourdes Vero- Gomes Tarlé a tese “Contribuição ao
nese Rodrigues e Regina de Souza Carva- Estudo das Causas de Cegueira no Rio
lho. Compilou as principais atividades em de Janeiro”.
prol da prevenção da cegueira no Brasil, ■■ 1911: Amphilophio de Albuquerque
sendo a primeira datada de 1866 por ini- Meio defendeu tese sobre “Profilaxia
ciativa de Hilário de Gouveia. A seguir es- Ocular”.
sas iniciativas em ordem cronológica. ■■ 1919: a atenção dos leigos foi atraída
■■ 1866: Hilário de Gouveia criou os cur- para a problemática da cegueira por um
sos livres de Oftalmologia e mais tarde, artigo de Edilberto Campos publicado
juntamente com outros colegas, idea- no jornal “O País”, do Rio de Janeiro.
lizou a reforma do ensino médico no ■■ 1920: início do envolvimento dos alu-
Brasil, que resultou na oficialização do nos de graduação em Medicina na
ensino de Oftalmologia. Prevenção da Cegueira; isto foi feito
■■ 1881: chegou ao Brasil a notícia do tra- por Lineu Silva, de Minas Gerais, que
balho de Credé, sobre a profilaxia da enviou por meio deles carta às au-
Oftalmia Neonatorum, interessando toridades de seu Estado, falando da
grandemente aos médicos brasileiros, necessidade da profilaxia da Oftalmia
porque essa doença era responsável Neonatorum (Método de Credé).
na época por cerca de 50% dos casos ■■ 1928: em São Paulo, Manoel Corrêa da
de cegueira. Apesar disso, somente em Fonseca, apresentou tese de doutora-
1935 foi aprovado o decreto que tor- mento sobre “Profilaxia da Cegueira”.
nou obrigatório o uso do Método de ■■ 1929: Colombo Spínola iniciou a Pre-
Credé no Brasil. venção da Cegueira na Bahia; criou a

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Fundação Santa Luzia e enfatizou dois “Plano de Combate ao Tracoma”. Na
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

pontos básicos para a Prevenção da mesma década foram realizadas várias


Cegueira: “esclarecimento da popula- “Campanhas de Prevenção da Ceguei-
ção das suas causas e tratamento pre- ra”, geralmente lideradas por Moacyr
coce adequado das doenças oculares”. Álvaro.
Essa fundação, em 1973, passou a cha- ■■ 1938: prevaleciam como causa de ce-
mar-se “Fundação Colombo Spínola.” gueira: tracoma, sífilis, tuberculose e
hanseníase (lepra), doenças amplamen-
Ainda em 1929, foi fundada a Associação te difundidas na população brasileira.
Internacional para a Prevenção da Cegueira, ■■ Em 8 de novembro de 1938, sob o pa-
com sede em Paris, estimulando a criação trocínio da Sociedade Brasileira de Of-
de comitês nacionais em vários países. talmologia, foi fundada a “Liga Nacio-
Em 1931, em São Paulo, foi fundado o nal de Prevenção da Cegueira”, tendo
“Comitê Nacional Brasileiro de Prevenção como metas:
da Cegueira”, com subcomitês em diver- ●● Incentivo à higiene ocular individual.
sos Estados da Federação, em sessão da
●● Incentivo à higiene ocular coletiva e
Sociedade de Oftalmologia de São Paulo
à assistência oftalmológica aos in-
sob a presidência do Professor João da
digentes.
Cruz Britto e membros: Moacyr Álvaro, To-
●● Incentivo ao ensino, às associações
ledo Passos, Cyro de Rezende e Jacques
e aos congressos oftalmológicos e
Tupinambá. No mesmo ano foram cria-
à divulgação de conhecimentos re-
dos os Comitês de Prevenção da Cegueira
lativos à higiene ocular.
do Rio de Janeiro, do Nordeste e de São
●● Incentivo da luta contra o tracoma,
Paulo (a criação de Comitês Regionais era
a oftalmia dos recém-nascidos e/ou
uma das metas do Comitê Nacional). Ain-
doenças oculares.
da em 1931, o Brasil passou a ser repre-
sentado em reuniões internacionais sobre ●● Incentivo à higiene da iluminação.

Prevenção da Cegueira. ●● Incentivo à criação das classes de

■■ 1935: foi importante para a Oftalmolo- conservação da visão e cursos de


gia brasileira, pois além de conseguir a prevenção da cegueira.
obrigatoriedade do uso do Método de ●● Cooperação com as autoridades
Credé em todo o território nacional, os sanitárias e associações oftalmoló-
oftalmologistas brasileiros realizaram gicas relativas à prevenção da ce-
o “I Congresso Brasileiro de Oftalmo- gueira no país.
logia”, no qual foram apresentados 12 ●● Intercâmbio e auxílio às organiza-
trabalhos sobre Prevenção da Ceguei- ções de assistências aos cegos.
ra, foi pleiteada a criação de classes ●● Realização de um inquérito perma-
para amblíopes e estabelecido que se nente sobre as condições locais das
passasse a dar mais atenção à preven- várias regiões do Brasil em relação
ção dos acidentados nas indústrias. à cegueira.
■■ 1936: foi organizado em São Paulo ●● Promover o engrandecimento mo-
234 o “Instituto do Tracoma” e feito um ral, incluídos a valorização do tra-

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balho oftalmológico e o exercício por meio de documentos e manifestações

Histórico das Campanhas de Prevenção da Cegueira no Brasil


exclusivo da oftalmologia pelo mé- em Congressos, gestões junto aos órgãos
dico oculista. públicos e ações, tais como:
■■ 1939: essa Liga passou a se dirigir aos ■■ Realização de campanhas educativas
leigos por intermédio da imprensa es- preventivas e de reabilitação visual.
crita e falada e instalou-se na Bahia o ■■ Mutirão de execução de exames ocula-
Departamento Regional da “Liga Na- res e cirurgias.
cional de Prevenção da Cegueira”. ■■ Gestões junto aos poderes públicos
■■ 1939: foi editado o primeiro número e aos médicos oftalmologistas obje-
dos Arquivos Brasileiros de Prevenção tivando melhorar a assistência oftal-
da Cegueira (foram publicados quatro mológica à população e priorizando a
números, o último dos quais em 1942). multiplicação de ações preventivas que
■■ 1940: realizou no Rio de Janeiro a “Pri- garantam a saúde ocular.
meira Reunião Anual da Liga Nacional ■■ Manutenção de um rígido código de
de Prevenção da Cegueira”. ética da especialidade, visando com-
■■ 1940: foi realizado o “Censo Nacional bater a mercantilização na Medicina.
de Prevenção da Cegueira” e João Pau- ■■ Gestões para a criação, consolidação
lo Soares propôs, no Rio Grande do e aprimoramento dos vários serviços
Sul, o “Plano de Combate ao Tracoma". universitários dedicados à formação
■■ 1941: o CBO foi fundado com o nome de oftalmologistas.
de Conselho Nacional de Oftalmologia ■■ Incentivo às práticas de aperfeiçoa-
com os seguintes objetivos básicos: mento profissional e de divulgação
Defender e melhorar a saúde ocular científica por meio de Congressos pro-
da população brasileira e seu acesso movidos pela entidade em defesa do
à assistência oftalmológica da melhor exercício profissional.
qualidade, representar a Oftalmologia
Brasileira, contribuir para a elevação do Cronologicamente pode-se citar:
nível técnico e ético do exercício pro- ■■ 1943: o Ministério da Saúde iniciou o
fissional dos oftalmologistas. combate ao tracoma e outras conjunti-
vites transmissíveis.
Na concepção dos fundadores e dos of- ■■ 1947: a “Comissão Paulista de Preven-
talmologistas que deram continuidade ao ção da Cegueira”, patrocinada pela
CBO estes três objetivos estão intimamen- “Fundação do Livro do Cego do Brasil”,
te ligados e formam um conjunto de me- realizou importante Campanha de Pre-
tas inseparáveis; todo o progresso obtido venção da Cegueira.
em qualquer uma delas acaba refletindo- ■■ 1950: o Ministério da Educação e Saú-
se positivamente sobre as demais. Esses de criou o “Setor de Prevenção da Ce-
objetivos permanecem válidos até hoje. A gueira”, dirigido por Hermínio Brito
luta constante pela melhoria da saúde ocu- Conde, que realizou campanha pre-
lar da população e o combate às causas da ventiva regional.
cegueira em nosso país têm sido concreti- ■■ 1952: foi fundada a “Comissão de Pre-
zados junto às autoridades e à sociedade, venção da Cegueira da Associação 235

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Pan-americana de Oftalmologia” (em Benjamin Constant” realizou um levan-
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

1965 passou a chamar-se “Comissão tamento de causas de cegueira em ins-


de Prevenção da Cegueira no Brasil”) tituições semelhantes no país.
que teve como primeira diretoria: Na- ■■ 1970: a Secretaria da Saúde do Estado
talício Lopes de Farias, Carlos Alberto de São Paulo realizou uma pesquisa
Correia e Joaquim Gomes Campos. por amostragem, de perdas visuais, em
■■ 1954: a “Comissão de Prevenção da Ce- todo o Estado.
gueira da Associação Pan-americana de ■■ 1973: por ocasião do XVIII Congresso
Oftalmologia” promoveu “Campanha Brasileiro de Oftalmologia (em Salva-
Nacional de Prevenção da Cegueira”. dor) Francisco Mais propôs mudança
■■ 1954: Dorina Nowil, presidiu em São nos estatutos da “Comissão de Preven-
Paulo o “Congresso Pan-americano de ção da Cegueira no Brasil” para que a
Assistência aos Cegos e Prevenção da esta tivesse nova estrutura de atuação.
Cegueira”. ■■ 1973: um grupo de técnicos das Se-
■■ 1957: realizou-se o “I Simpósio de Pre- cretarias da Educação e da Saúde,
venção da Cegueira” da “Comissão de constituído por médicos, educadores
Prevenção da Cegueira da Associação sanitários, pedagogos e enfermeiros,
Pan-americana de Oftalmologia”. elaborou o Plano de Oftalmologia Sa-
■■ 1959: Humberto de Castro Lima criou nitária Escolar (POSE), que foi implan-
na Bahia o “Instituto Brasileiro de Of- tado nas escolas de 1° grau do Esta-
talmologia e Prevenção da Cegueira”, do de São Paulo. Nos anos de 1973,
orientado para pesquisa, ensino e pro- 1974 e 1975, 2.981.276 alunos tiveram
filaxia da cegueira. sua visão testada pelos professores e
■■ 1962, 1963 e 1965, realizaram-se as 1a, 399.647 foram encaminhados para
2a e 3a “Reunião de Consultas, Debates exames oftalmológicos.
e Estudos Oftalmológicos”, coordena- ■■ 1974: pessoas ligadas à “Associação
das pela Comissão de Prevenção da Paulista de Saúde Pública” e à Coor-
Cegueira no Brasil. denadoria de Serviços Técnicos Espe-
■■ 1965: a Comissão de Prevenção da Ce- cializados da Secretaria da Saúde do
gueira no Brasil passou a ser dirigida Estado de São Paulo, realizaram um
pela Comissão Executiva do Conselho “Simpósio sobre a Problemática da Ce-
de Oftalmologia, tendo como uma das gueira”.
suas metas a realização de campanhas
de Prevenção da Cegueira”, de dois em Um grande marco na luta pela saúde
dois anos. ocular foi a criação do Congresso de Pre-
■■ 1969: durante o XV Congresso Brasilei- venção da Cegueira em 1974 pelo CBO.
ro de Oftalmologia realizado em Porto Esse evento que ocorre a cada 2 anos com
Alegre, Luiz Assunção Osório apresen- o nome de “Congresso Brasileiro de Pre-
tou trabalho no qual estudou a ceguei- venção da Cegueira e Reabilitação Visual”
ra em regiões de agropecuária. tem sido muito importante para mostrar
■■ 1970 a “Seção de Medicina e Pesquisa as ações comunitárias e criar uma menta-
236 da Prevenção da Cegueira do Instituto lidade de conscientização da importância

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de se estender os benefícios da oftalmo- ■■ 1986; os projetos comunitários reali-

Histórico das Campanhas de Prevenção da Cegueira no Brasil


logia a toda população do país. zados pelo Núcleo de Prevenção à Ce-
O primeiro foi realizado em São Pau- gueira da Universidade de Campinas
lo, sob a presidência de Arthur Vicente (NCP-UNICAMP), criados em abril de
do Amaral Filho. Seguiram-se mais 27 1986 com o objetivo primordial de me-
congressos, sendo que desde o de 1984, lhorar a saúde ocular da população em
realizado em Campinas e presidido por geral, contribuíram para a construção
Newton Kara José, com mais de 1.000 par- do modelo de atendimento em cam-
ticipantes, passaram a interessar não só a panhas de caráter comunitário.
oftalmologistas, como a outros profissio- ■■ 1994: marco histórico – “Campanha
nais da saúde e da educação. Nacional de Reabilitação Visual do
■■ 1974: primeira tentativa de introdu- Idoso”: – Etapas da campanha de
ção da obrigatoriedade do ensino de 1994.
Prevenção da Cegueira nos Cursos de ■■ 1995: Projeto Boa Visão, em Goiânia,
Graduação. formado pelas instituições: Instituto
■■ 1978: passaram a existir duas Comis- de Olhos de Goiânia, “Fundação Jai-
sões de Prevenção da Cegueira: a “Co- me Câmara”, Secretaria Municipal de
missão de Prevenção da Cegueira do Educação e um grupo de óticas. Foram
Conselho Brasileiro de Oftalmologia” e prescritos 6.290 óculos.
a “Comissão de Prevenção da Cegueira ■■ 1996: “II Campanha Nacional de Pre-
no Brasil”. venção à Cegueira e Reabilitação Vi-
■■ 1985: Prof. Dr. Newton Kara José apre- sual do Idoso”, I Fase: “Campanha Na-
senta Plano de Prevenção da Cegueira cional de Prevenção à cegueira – Veja
da Associação Pan-americana de Of- Bem Brasil – Projeto Itinerante”: “XII
talmologia. Congresso Brasileiro de Prevenção à
■■ 1986: adaptação desse plano pelo CBO Cegueira e Reabilitação Visual”.
(Presidente: Prof. Dr. Newton Kara José) ■■ 1998: Programa Nacional de Preven-
e pela Comissão de Prevenção da Ce- ção à Cegueira e Reabilitação Visual
gueira (Cleusa Coral Ghanen, Joaquim “Veja Bem Brasil”.
Marinho de Carvalho, Maria de Lour- ■■ 1999: “Campanha Nacional de Preven-
des Veronese Rodrigues [Presidente], ção à Cegueira e Reabilitação Visual
Norma Helen Medina e pelo Presi- Olho no Olho”.
dente e Secretário-Geral do Conselho ■■ 2000: “Campanha Nacional de Cirur-
Brasileiro de Oftalmologia, Profs. Drs. gias de Catarata”; “Campanha Nacio-
Newton Kara José e Rubens Belfort Jú- nal de Prevenção e Reabilitação Visual
nior), sendo redigido novo Plano Na- Olho no Olho”.
cional de Prevenção da Cegueira. ■■ 2001, 2002 e 2003: “Campanha Nacio-
■■ 1986: recomendação do CBO de que a nal de Cirurgias de Catarata”; “Campa-
Prevenção da Cegueira seja ensinada nha Nacional de Prevenção e Reabilita-
nos Cursos de Graduação de Medicina, ção Visual Olho no Olho”.
de Enfermagem e de outras profissões ■■ 2004: Política Nacional de Procedimen-
da área da saúde. tos Eletivos de Média Complexidade. 237

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■■ 2006: suspensão dos Mutirões de Ci- mais de 350.000 óculos; 2 – a campa-
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

rurgias Eletivas. nha de catarata senil com o processo


■■ 2006: elaboração do livro “Olho no de pagamento extrateto, responsável
Olho – Campanha Nacional de Preven- por ter elevado o número dessas cirur-
ção e Reabilitação Visual do Escolar”, gias a mais de 520.000 por ano.
pelos autores Newton Kara José, Eli-
sabeto Ribeiro Gonçalves e Regina de A oftalmologia no Brasil, por iniciati-
Souza Carvalho; apoio cultural do Con- va do CBO, das sociedades regionais e de
selho Brasileiro de Oftalmologia e da subespecialidades, bem como residências
Editora Cultura Médica. médicas, tem permanentemente realizado
■■ 2007: elaboração do livro “Olhares so- ações comunitárias. Essas iniciativas ocor-
bre o Brasil – Perspectivas da Saúde rem nos mais diferentes campos da oftal-
Ocular para o Século XXI”, organiza- mologia, desde a educação comunitária
do pelo Dr. Marcos Ávila, em parceria e Prevenção de Cegueira até campanhas
Conselho Brasileiro de Oftalmologia e específicas em áreas tais como glaucoma,
da Walprint Gráfica e Editora. cirurgia de catarata, refração em crianças
■■ 2008: proposta do CBO ao Ministério e adultos, distribuição de óculos, retino-
da Saúde: “Recuperação do deficiente patia diabética, retinoblastoma e de visão
visual por catarata: programa de aten- subnormal.
dimento”.
■■ 2008: elaboração do livro “Cirurgia BIBLIOGRAFIA
de Catarata: Necessidade Social” dos Campos E. Subsídios para a História da Prevenção da
autores Newton Kara-José, Harley E. Cegueira no Brasil – Anais do IV Congresso Brasi-
A. Bicas e Regina de Souza Carvalho, leiro de Prevenção da Cegueira, Belo Horizonte;
I980: p. 41-3.
apoio cultural Conselho Brasileiro de
Fanas L. Prevenção de Cegueira no Brasil. Rev Bras Of-
Oftalmologia. tal. 1975; 34:5.
■■ 2009: edição do livro “Saúde Ocular Kara José N, Gonçalves ER, Carvalho RS. “Olho no
e Prevenção da Cegueira – CBO” de Olho – Campanha nacional de prevenção e rea-
bilitação visual do escolar”. Rio de Janeiro: Cultura
autoria dos Professores Newton Kara
Médica; 2006.
José e Maria de Lourdes Veronese Ro-
Kara-José N, Ferrarini ML, Temporíni ER. Avaliação do
drigues, relatores deste Tema Oficial desenvolvimento do plano de oftalmologia sanitá-
do XXV Congresso Brasileiro de Oftal- ria escolar em três anos de sua aplicação no Esta-
mologia – 2009. do de São Paulo. Arq Bras Oftalmol. 1977; 40:9-15.
Liga Nacional de Prevenção da Cegueira. Várias. Arq
■■ 2008 a 2018: neste período foram in-
Bras Oftal. 1938; 1:153.
terrompidas as ações governamentais Prevenção da Cegueira: Algumas Sugestões para um
que suportavam os projetos nacionais Programa Nacional Anais do IV Congresso Brasi-
de prevenção da cegueira: 1 – campa- leiro de Prevenção da Cegueira, Belo Horizonte:
nha Olho no Olho que atendia todas as 1980. p. 595-600.
Relatório de Atividades – gestão 2001-2003. CBO, 30
cidades com mais de 50.000 habitantes
de setembro de 2002.
realizando triagem e/ou exames oftal-
Rodrigues MLV. Carvalheiro JR. Predomínio de Pro-
mológicos em mais de 3.000.000 de blemas Oftalmológicos Graves en una Pobacion
crianças da primeira série, distribuindo Urbana. Rev Oftalmol. 1985; 6:8-11.
238

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Fórum Nacional de Saúde Ocular
25 e Campanhas de Prevenção da
Cegueira
Marcos Ávila

Tendo coordenado desde 1997 mutirões câmaras técnicas, programas de cirurgias


pioneiros no centro-oeste de cirurgia de eletivas e doação de colírios, instalação de
catarata, glaucoma e laser na retinopa- centros de referência, assinatura dos inú-
tia diabética na UFG, e, a partir de 1999, meros protocolos e portarias, e da política
como presidente do CBO, tendo dado an- nacional de atenção à oftalmologia.
damento aos projetos dos mutirões de ca- Houve também a essencial alocação
tarata e Olho no Olho pude perceber que de recursos públicos significativos para o
o caminho era a aproximação com o go- tratamento das doenças oculares. Dentro
verno federal. Minha convicção ficou con- deste contexto de aproximação, convenci-
solidada a partir da implantação, através mento e ações efetivas, a população brasi-
do CBO, do 1o Fórum Nacional de Saúde leira muito deve ao Conselho Brasileiro de
Ocular em 2001 no Congresso Nacional Oftalmologia na diminuição significativa
em Brasília, com a presença marcante de do número de cegos no nosso país, nos
oftalmologistas de todo Brasil, de minis- últimos 20 anos.
tros de estado, ministros dos tribunais Avançou-se muito e tem-se mantido
superiores, parlamentares e equipes de as conquistas com muito esforço e dedi-
vários ministérios. cação. Entretanto, meu maior sonho é ver
O objetivo era a conscientização das sancionada a lei federal colocando o com-
autoridades dos poderes executivo, legis- bate à cegueira como Política de Estado, e
lativo e judiciário da sua importância, par- não de governo, com destinação obriga-
ticipando de alguma forma no combate à tória de recursos públicos anuais à saúde
cegueira no Brasil. pública ocular independente de decisão
Na sequência houve outros quatro Fó- governamental.
runs, todos no Congresso Nacional (2007, Já estivemos próximos de alcançar este
2008, 2012 e 2015), os quais coordenei jun- objetivo, tenho a esperança de que com
tamente com outros presidentes do CBO. persistência, determinação e trabalho a
Todos os Fóruns trouxeram grandes oftalmologia brasileira, através do CBO,
avanços no convencimento dos vários en- poderá transformar este sonho em reali-
tes públicos, principalmente de ministros dade efetiva, consolidando definitivamen-
da saúde desde então, na instalação de te o combate à cegueira no nosso Brasil.

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Projetos Comunitários para
26 Prevenção da Cegueira na Visão
de um Professor da UNICAMP

Carlos Eduardo Leite Arieta

Uma das áreas da oftalmologia que mais se tários mostrou-se a viabilidade e possibi-
desenvolveu no país foi a da Oftalmologia lidade de atacar a deficiência visual por
Preventiva ou Comunitária, com destaque catarata no país todo.
para os Congressos Brasileiros de Preven- Estes projetos foram determinantes
ção à Cegueira promovidos pelo Conselho para que o ministério da saúde adotasse a
Brasileiro de Oftalmologia (CBO). estratégia, com as modificações pertinen-
Nessa área, a Disciplina de Oftalmolo- tes, em 1999.
gia da Universidade Estadual de Campi- Houve crescimento acelerado da ofer-
nas, liderada pelo Professor Newton Kara ta de cirurgias. O número de cirurgias de
José, desenvolveu o Projeto Zona Livre de catarata oferecidas e realizadas pelo SUS
Catarata, concomitantemente ao Instituto aumentou de cerca de 80.000 ao ano, e
Nacional de Oftalmologia do Peru, sob a nos anos seguintes para mais de 360 mil
coordenação do Professor Francisco Con- anuais. Desde então a oferta de cirurgias
treras, em 1986. aumentou também na área privada bene-
Esses projetos, realizados em Campinas, ficiando grande número de idosos.
Brasil e Chimbote no Peru, demonstraram A estratégia de eliminar barreiras de
pela primeira vez, na América Latina, a im- acesso ao atendimento e cirurgias de cata-
portância da catarata como causa principal rata demonstradas tiveram tanto êxito que
de cegueira. Tiveram o apoio da Fundação provocaram reunião para treinamento e
Hellen Keller de Nova Iorque (HKI) e do Ins- difusão do Projeto Zona Livre de Catarata.
tituto Nacional de Olhos (NEI) do ministé- Em 1989 oftalmologistas de nove paí
rio da Saúde dos Estados Unidos. ses da América Latina se reúnem em Se-
Também ficou demonstrada a possibi- minário realizado em São Paulo, e esta-
lidade de eliminar a deficiência visual por belecem um protocolo comum, lançando
catarata e vícios de refração em determi- um documento intitulado “Programa e
nada região com eficiência. Manual sobre procedimentos para esta-
Esses projetos foram replicados, pela belecer um projeto intensivo de cirurgias
UNICAMP, nos anos seguintes com modifi- de catarata”.
cações que permitiram a expansão para ou- Os oftalmologistas são reconhecidos
tras regiões do estado de São Paulo e Brasil. no Brasil pelo alto nível da medicina que
Alguns anos depois com a participação praticam e também pela preocupação so-
do CBO e de diferentes serviços universi- cial e comunitária.

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27 Dorina Gouvea Nowill

Maria Aparecida Onuki Haddad | Valdete Maia Teixeira Gonçalves Fraga |


Marcos Wilson Sampaio

Aprendi muito cedo que a aceitação e ■■ Foi responsável pela implantação do


a resignação diante do imutável não primeiro curso, na América Latina, de
significa capitulação dos nossos sonhos
especialização na Educação de Cegos,
e ideais. Há, dentro de todos nós, uma
em uma escola de Formação de Pro-
força estranha nesses momentos que
nos conduz para a fonte inesgotável da fessores – Escola Normal Caetano de
criatividade, para resolver os problemas Campos.
que a vida nos apresenta. (Dorina Gou- ■■ A Companhia Paulista de Estrada de
vea Nowill) Ferro, a pedido de Dorina, iniciou a
produção nacional de regletes que fo-
Dorina Gouvea Nowill nasceu em São ram utilizadas para o Serviço Voluntá-
Paulo, no dia 28 de maio de 1919. Sua rio de Transcrição de Livros em braile,
mãe, Dolores Panella, era italiana de San- em parceria com a Cruz Vermelha.
ta Crocci e seu pai, Manuel Monteiro de
■■ Colaborou para a elaboração da lei de
Gouvea, português de Lamego.
integração escolar, regulamentada no
Aos 17 anos de idade, em 1936, Do-
ano de 1956.
rina perdeu a visão em decorrência de
■■ Criou a então Fundação para o Livro
uma afecção retiniana de causa desco-
do Cego no Brasil, em 11 de março de
nhecida.
1946, com o intuito de permitir o aces-
Após oito anos sem estudar, em decor-
so, no Brasil, a livros em braile.
rência de sua perda visual, retornou à es-
cola. Foi a primeira aluna cega a frequen- ■■ Especializou-se em educação de cegos

tar um curso regular na Escola Normal no Teacher´s College da Universidade


Caetano de Campos a convite da diretora de Columbia, em Nova Iorque, EUA.
Dona Carolina Ribeiro. Na época, a Profa. ■■ Em 1948, a Fundação para o Livro do
de Metodologia, Zuleika de Barros Mar- Cego no Brasil recebeu, da Kellogg
tins Ferreira, incluiu a aluna cega em todas Foundation e da American Foundation
as atividades sem discriminação. Segundo for Overseas Blind, uma imprensa brai-
a própria Dorina, nesse período que se es- le completa, com maquinários, papel e
tabeleceram as bases de todo o trabalho outros materiais.
que viria a desenvolver ao longo de sua ■■ Em 1954, articulou uma reunião con-
vida, como podemos, dentro de uma lista junta entre o Conselho Mundial para o
interminável de feitos, ressaltar: Bem-Estar dos Cegos, o Conselho Bra-

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sileiro de Oftalmologia e Organização ram a favor da proposta do Conselho
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

Pan-Americana de Saúde. Mundial para o Bem-Estar do Cego,


■■ De 1961 a 1973, Dorina dirigiu a Cam- pela aprovação da Convenção 159 e
panha Nacional de Educação de Cegos da Recomendação 168, que convocam
do Ministério da Educação e Cultura os Estados membros a cumprirem o
(MEC). Em sua gestão foram criados os acordo, oferecendo programas de rea-
serviços de educação de cegos em to- bilitação, treinamento e emprego para
das as Unidades da Federação. as pessoas com deficiência.
■■ Articulou, na década de 1970, o CETRE- ■■ A Fundação para o Livro do Cego do
VIS (Centro de Treinamento de Visão Brasil recebe nova denominação Fun-
Subnormal) a partir do conhecimento dação Dorina Nowill para Cegos no
do problema da baixa visão ao ter con- ano de 1991.
tato com a Dra. Eleanor Faye duran- ■■ Dorina foi presidente do Conselho
te visita à instituição Lighthouse, em Mundial para o Bem-Estar dos Cegos,
Nova Iorque – EUA. O CETREVIS con- hoje, União Mundial de Cegos, e re-
tou com o apoio do Sr. Antônio Ermí- cebeu condecorações nacionais e in-
rio de Moraes, diretor superintendente ternacionais ao longo de suas mais de
do Hospital Beneficência Portuguesa, seis décadas de trabalho à frente da
onde foi implantado. Os oftalmologis- Fundação Dorina Nowill para Cegos.
tas responsáveis pelo CETREVIS foram ■■ Em seus últimos anos de vida, em-
o Dr. Armando de Arruda Novaes e o penhou-se em difundir o trabalho da
Dr. Alexandre Costa Lima de Azevedo. fundação que criou, sua experiência e
■■ Implantou a Clínica de Visão Subnor- o sistema braille, por meio de traba-
mal na Fundação para o Livro do Cego lhos com a comunidade, professores
do Brasil para integrar a área de rea- e palestras requisitadas por empresas,
bilitação e educação. Foi a primeira escolas, universidades e instituições de
clínica dentro de uma organização so- São Paulo e do Brasil.
cial no Brasil e contou com a atuação e ■■ Em 2009, durante as comemorações
cooperação ativa do oftalmologista Dr. dos 200 anos de nascimento de Lou-
Alexandre Costa Lima de Azevedo. is Braille, inventor do sistema braille,
■■ Em 1982, lutou pela abertura de vagas chamou a atenção para questões re-
e encaminhamento das pessoas com lacionadas com a deficiência. Na oca-
deficiência para o mercado de traba- sião, buscou envolver a sociedade em
lho. Durante a Conferência da Organi- uma ampla reflexão do uso do sistema
zação Internacional do Trabalho (OIT), como um instrumento indispensável
em Genebra, conseguiu que a Reco- para as pessoas com deficiência visual,
mendação 99, sobre a reabilitação pro- tanto na educação quanto no exercício
fissional, fosse discutida. da cidadania com maior independên-
■■ Em 1983, quando a Conferência da cia e autonomia.
OIT se reuniu no congresso, os repre- ■■ Neste mesmo ano, quando completou
sentantes do governo brasileiro, dos 90 anos, Dorina recebeu diversas ho-
244 empresários e dos trabalhadores vota- menagens por uma vida inteira dedi-

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cada à inclusão das pessoas com defi- ra da inclusão social da pessoa com defi-

Dorina Gouvea Nowill


ciência visual nas mais diversas áreas: ciência visual. Ao longo do trabalho rea-
cultura, educação, saúde e trabalho. lizado em mais de 70 anos de dedicação,
permitiu a transformação de vidas.
Dorina Gouvea Nowill faleceu em 29
de agosto de 2010, aos 91 anos de idade.
A Presidente Emérita e Vitalícia da BIBLIOGRAFIA
Fundação Dorina Nowill para Cegos foi Nowill DG. E eu venci assim mesmo. São Paulo: Editora
um exemplo de resignação e superação. Totalidade. 1996. 290p
A partir de sua formidável capacidade de Fundação Dorina Nowill para Cego. www.fundacao-
aprender e articular ações, foi a precurso- dorina.org.br

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28 Instituto Benjamin Constant

Morizot Leite Filho | Rogerio Neurauter

O primeiro colégio para deficientes visuais cuidando da integração da pessoa cega e


no Brasil foi criado pelo Imperador D. Pe- portadores de visão subnormal.
dro II, mediante o Decreto no 1.428, de 17 No que tange a oftalmologia, o ser-
de setembro de 1854, e inaugurado no viço foi criado no governo do Marechal
mesmo dia e ano com a denominação de Eurico Gaspar Dutra, recebeu o nome de
Imperial Instituto dos Meninos Cegos. Sua SEÇÃO DE MEDICINA E PESQUISA SOBRE
criação aconteceu graças aos esforços de A CEGUEIRA tendo como chefe o Dr. Hil-
um jovem brasileiro cego, Jose Álvares de ton Ferreira. Naquela época o Serviço, que
Azevedo. Este estudou no Instituto Real ocupa uma área de 800m², contava com
dos Jovens Cegos em Paris. De volta ao oftalmologistas, clínicos, pediatra, otor-
Brasil, passou a ensinar o Método Braille rino, urologista, anestesista e laboratório
a uma cega, filha de Xavier Sigaud, mé- de análises clínica que realizava todos os
dico do Paço Imperial. Este o levou até D. exames pré-operatórios. O pediatra resi-
Pedro II, ocasião em que expôs suas ideias dia numa casa dentro da área do Instituto
e seu plano para se criar uma instituição e dava assistência dia e noite às crianças
semelhante a existente em Paris. Impres- internadas. A Imprensa Braile do Institu-
sionou muitíssimo o Imperador pela sua to editava uma revista médica denomi-
eloquência e ao demonstrar, com sua nada ARQUIVOS OFTALMOLÓGICOS DO
atitude, ser possível um cego saber ler e INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT onde
escrever. Posteriormente um professor de se publicava os trabalhos do Serviço e era
matemática chamado Benjamin Constant distribuída aos oftalmologistas gratuita-
ingressou na Instituição e ocupou o cargo mente. O Serviço possui duas enferma-
de diretor por 20 anos e após a sua mor- rias, para o sexo masculino com oito leitos
te, o Presidente da República assinou um divididas para adultos e crianças e duas
decreto denominando Instituto Benjamin para o sexo feminino também com a mes-
Constant o antigo Imperial Instituto dos ma divisão.
Meninos Cegos. Atualmente trata-se de O primeiro curso realizado pelo Servi-
uma instituição de ensino do Ministério ço foi um curso para formação de óticos
da Educação e Cultura para alunos cegos em 1957, realizou-se o curso de Atenden-
e de portadores de visão subnormal, rea- te de Oftalmologia que preparava profis-
liza estudos e pesquisas nos campos pe- sionais para exercer a função de auxiliar
dagógico, psicossocial e oftalmológico, de enfermagem em oftalmologia.

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Com a passagem do Dr. Hilton Ferreira Projeto Criança Em Idade Escolar, Projeto
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

para diretor do Instituto Benjamin Cons- Sight First em convênio com o Lions Club
tant, ocupou o cargo o Dr. Luiz Augusto do Rio de Janeiro que constava na realiza-
Morizot Leite que faleceu em 1959. As- ção de 1.000 cataratas entre 2000 e 2001.
sumiu o Dr. Joaquim de Azevedo Barros Em 2001 o Serviço foi credenciado
que criou o Banco de Olhos do Instituto pela Comissão de Residência Médica do
Benjamin Constant que funcionava com Ministério da Educação e Cultura.
dificuldade só conseguindo melhorar Em 2003 realizou uma grande refor-
quando iniciou a importação de córneas ma no centro cirúrgico e ambulatório
dos EUA e da África. Com a aposentado- e passou a ser reaparelhado e em 2005
ria do Dr. Joaquim de Azevedo Barros fi- teve ajuda do Banco de Desenvolvimento
cou à frente da oftalmologia Luiz Augusto Econômico e Social e da Caixa Escolar do
Morizot Leite Filho. Não possui residentes Instituto nas compras de mais aparelhos e
somente médicos estagiários que faziam computadores.
a formação em oftalmologia. Em 1971 ini- De 2003 a 2016 foram atendidos 40
ciou a primeira turma de residentes cujo mil consultas e exames complementares
diploma era fornecido pelo Instituto e mostrando o crescimento do Serviço, po-
1975 passou a ser um curso de especiali- rém em março de 2016 por determinação
zação do CBO com duração de dois anos. do Ministério Público houve interrupção
Em 1996 com a aposentadoria de Mo- do apoio da Caixa Escolar do Instituto
rizot Leite Filho, assumiu a chefia o Dr. Benjamin Constant que ocasionou as in-
Rogerio Neurauter. Em 1998 com número terrupções das cirurgias e da entrada de
reduzido de oftalmologistas do quadro novos residentes em 2017.
do Ministério, criou-se os setores de glau- Em 2018 com o convênio entre a Em-
coma, catarata, uveíte, retina etc. chefia- presa Brasileira de Serviços Hospitalares,
dos por médicos voluntários e a partir daí Guinle (HUGG) e o Instituto Benjamin
houve um desenvolvimento mais acelera- Constant foi possível voltar as ativida-
do do Serviço podendo ser realizado mu- des normais com a entrada de novos
tirão de catarata, campanhas como Veja residentes e campanhas de cirurgia para
Bem Brasil, coordenado pelo CBO e Minis- as pessoas carentes, sendo a primeira
tério da Saúde, Campanha de Reabilitação ação deste convênio realizada na sema-
Visual Olho no Olho, Campanhas de Saú- na de 19 a 23 de março com a realização
de Ocular, com parceria de Helen Keller, de 202 cirurgias de catarata em pacientes
Instituto de Saúde Ocular e Sul América, carentes.

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Histórico da Reabilitação
29 Visual no Brasil

Maria Aparecida Onuki Haddad | Helder Alves da Costa Filho |


Marcos Wilson Sampaio

De acordo com a Lei Brasileira de Inclu- recomendação de vendar os olhos das


são das Pessoas com Deficiência (LBI), o crianças com alguma visão, para que
processo de habilitação e de reabilitação não a utilizassem para o Braile.
tem por objetivo o desenvolvimento de ■■ A partir da década de 1950 foram cria-
potencialidades, talentos, habilidades e das no IBC, as Classes de Conservação
aptidões físicas, cognitivas, sensoriais, psi- da Visão (CCV) de 1a a 4a séries, nas
cossociais, atitudinais, profissionais e ar- quais os alunos que não eram conside-
tísticas que contribuam para a conquista rados cegos tinham professores viden-
da autonomia da pessoa com deficiência tes, usavam salas com quadro-negro,
e de sua participação social em igualdade boa iluminação e cadernos com pau-
de condições e oportunidades com as de-
ta mais larga. Aos alunos da CCV era
mais pessoas.
sugerido o aprendizado de Braille. A
No Brasil, o processo de reabilitação
partir do ginásio, as turmas se torna-
visual apresentou avanços, ao longo das
vam mistas (CCV e cegos), com pouca
últimas décadas, em concordância com o
utilização do quadro-negro.
panorama mundial. Historicamente, po-
■■ Em 1928, no Estado de São Paulo, foi
demos ressaltar os seguintes fatos:
iniciado o atendimento especializado
■■ A primeira escola para cegos na Amé-
na área de deficiência visual com a Es-
rica do Sul foi criada no Rio de Janeiro
cola Profissional para Cegos, que mais
em 1854, pelo Imperador D. Pedro II,
tarde passou a se chamar Instituto Pa-
com a denominação Imperial Instituto
dos Meninos Cegos. Em 1891 passou a dre Chico.
se chamar Instituto Benjamin Constant ■■ Criada a Fundação para o Livro do Cego
(IBC). no Brasil (atual Fundação Dorina Nowill
■■ Por ser uma Escola de referência para para Cegos), em 11 de março de 1946,
cegos, eram encaminhados alunos com com o intuito de permitir o acesso, no
deficiência visual que não eram cegos Brasil, a livros em braile.
e não conseguiam evoluir em escolas ■■ No Brasil, a reabilitação de pessoas
regulares. Estes alunos aprendiam o com visão subnormal incrementou-se
Braile e alguns o liam com os olhos. com Vitorino de Araújo Lima no Rio de
Era prática comum nas instituições a Janeiro na década de 1970.

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■■ Em 1974 surge a primeira clínica de Visuais (ABEDEV), Associação Brasilei-
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

visão subnormal, o Cetrevis (Centro ra de Assistência ao Deficiente Visual


de Treinamento de Visão Subnormal – Laramara, Fundação Dorina Nowill
do Hospital Beneficência Portugue- para Cegos, Secretaria de Estado da
sa de São Paulo) com o empenho do Educação de São Paulo e Universidade
Dr. Armando de Arruda Novaes, do Dr. Estadual de São Paulo. Dentro desse
Alexandre Costa Lima de Azevedo e da projeto foi desenvolvido a “Capacitação
Profa. Dorina de Gouvêa Nowill. de Recursos Humanos na área de Visão
■■ A partir da década de 1980 foram im- Subnormal para Profissionais da área da
plantados os Serviços de Visão Subnor- Saúde e da Educação” para atuação jun-
mal dentro das Clínicas Oftalmológicas to à população escolar com baixa visão.
dos Serviços Universitários, destacan- Foram capacitados 54 oftalmologistas
do-se a Universidade de Campinas, a (2 por unidade da Federação) e 54 edu-
Universidade de São Paulo, a Univer- cadores ligados aos Centros de Apoio
sidade Federal de São Paulo, a Santa Pedagógico e constituiu-se no maior
Casa de Misericórdia de São Paulo e a projeto de capacitação na área de bai-
Universidade Federal de Minas Gerais. xa visão com abrangência nacional.
■■ Nas instituições de atendimento inter- ■■ O Conselho Brasileiro de Oftalmologia,
disciplinar à deficiência visual também por meio de sua Comissão de Ensino
são criados serviços de baixa visão, determina que todos os cursos de es-
com a participação de oftalmologistas, pecialização credenciados tenham ser-
entre elas: Laramara, Fundação Dorina viços de baixa visão para capacitação
Nowill para Cegos, Instituto de Cegos do oftalmologista.
da Bahia, Instituto Benjamin Constant ■■ A Sociedade Brasileira de Visão Sub-
e Fundação Altino Ventura. normal implementa os cursos de imer-
■■ No ano de 1995 é fundada a Socieda- são em baixa visão para oftalmolo-
de Brasileira de Visão Subnormal (SB- gistas a partir do ano de 2005, sob a
VSN), filiada ao Conselho Brasileiro de gestão do Dr. Marcos Wilson Sampaio.
Oftalmologia e que congrega oftalmo- ■■ Publicado o Decreto no 5296 de 2 de
logistas e profissionais não médicos da dezembro de 2004 que estabelece
área de reabilitação visual. normas gerais e critérios básicos para
■■ No ano de 2001, sob a coordenação do a promoção da acessibilidade das pes-
Prof. Dr. Newton Kara José, é realizado soas portadoras de deficiência ou com
o “Projeto Nacional para Alunos com mobilidade reduzida.
Baixa Visão”. Esse projeto foi fruto da ■■ A Convenção Internacional sobre os
parceria com a Secretaria de Educação Direitos das Pessoas com Deficiência
Especial (SEESP), do Fundo Nacional de e seu Protocolo Facultativo, são apro-
Desenvolvimento da Educação (FNDE) vados por meio do Decreto Legislativo
do Ministério da Educação, Universi no 186, de 9 de julho de 2008, com sta-
dade de São Paulo, Universidade Es- tus de emenda constitucional, e pro-
tadual de Campinas, Associação Bra- mulgados pelo Decreto no 6.949, de 25
250 sileira de Educadores de Deficientes de agosto de 2009.

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■■ O Ministério da Saúde, após consultoria ■■ A Secretaria de Estado dos Direitos da

Histórico da Reabilitação Visual no Brasil


técnica de profissionais da área de rea- Pessoa com Deficiência de São Paulo,
bilitação visual, publica a Portaria 3.128, sob a liderança da Secretária de Esta-
de 24 de dezembro de 2008, que defi- do, Profa. Dra. Linamara Rizzo Battis-
ne que as Redes Estaduais de Atenção tella, implanta, no ano de 2016, o pri-
à Pessoa com Deficiência Visual sejam meiro Centro de Tecnologia e Inovação
compostas por ações na atenção básica para Pessoas com Deficiência Visual na
e Serviços de Reabilitação Visual. cidade de São Paulo.
■■ A Presidência da República publica ■■ É instituída a Lei Brasileira de Inclu-
o Decreto 7.612, de 17 de novembro são da Pessoa com Deficiência (Es-
de 2011, que institui o Plano Nacional tatuto da Pessoa com Deficiência Lei
dos Direitos da Pessoa com Deficiên- 13.146/2015 de 06/07/2015, destinada
cia – Plano Viver sem Limite, com a a assegurar e a promover, em condi-
finalidade de promover, por meio da ções de igualdade, o exercício dos di-
integração e articulação de políticas, reitos e das liberdades fundamentais
programas e ações, o exercício pleno por pessoa com deficiência, visando à
e equitativo dos direitos das pessoas sua inclusão social e cidadania.
com deficiência, nos termos da Con-
venção Internacional sobre os Direitos REFERÊNCIAS
das Pessoas com Deficiência e seu Pro- 1. Sampaio MW, Haddad MAO, Costa Filho HA,
tocolo Facultativo. Siaulys MOC. Baixa visão e cegueira: os cami-
■■ O Ministério da Saúde publica a Por- nhos para a reabilitação, a educação e inclusão.
Rio de Janeiro: Cultura Médica Guanabara Koo-
taria 793, de 24 de abril de 2012 que gan; 2010.
institui a Rede de Cuidados à Pessoa 2. Brasil. Decreto no 7.612, de 17 de novembro de
com Deficiência por meio da criação, 2011. Institui o Plano Nacional da Pessoa com De-
ampliação e articulação de pontos de ficiência – Plano Viver sem Limites. Diário Oficial
[da] República Federativa do Brasil. Brasília: DOU
atenção à saúde para pessoas com de-
de 18.11.2011.
ficiência temporária ou permanente; 3. Kara-José N, Carvalho KMM, Pereira VL et al. Es-
progressiva, regressiva ou estável; in- tudo retrospectivo dos primeiros 140 casos aten-
termitente ou contínua, no âmbito do didos na línica de Visão Subnormal do Hospital
de Clínicas da Unicamp. Arq. Bras. Oftalmol. 1988,
Sistema Único de Saúde (SUS). O Cen-
51(2):65-9.
tro Especializado de Reabilitação (CER) 4. Haddad MAOH, Sampaio MW. Reabilitação da
é um ponto de atenção ambulatorial Pessoa com Deficiência Visual. In: Rodrigues MLV,
especializada em reabilitação que rea- Kara-José N. Perfil epidemiológico das principais
liza diagnóstico, tratamento, concessão, causas de cegueira no Brasil. Rio de Janeiro: Cultu-
ra Médica; 2012.
adaptação e manutenção de tecnologia
5. http://portalms.saude.gov.br/sismob/instru-
assistiva, constituindo-se em referência tivo-e-legislacao-dos-programas/viver-sem-
para a rede de atenção à saúde. limite#centros-especializados-em-reabilitacao

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Exemplos Notórios de Iniciativas
30 Pessoais de Oftalmologistas na
Saúde Pública

São centenas de oftalmologistas e/ou es- patia diabética e tratamento com laser. O
colas médicas que desde os primórdios evento evoluiu ao longo dos anos para
do CBO e SBO tem realizado de maneira uma Campanha Multidisciplinar com am-
persistente e crescente Projetos de aten- pla participação da comunidade e reco-
dimento às comunidades carentes. nhecimento a nível nacional, como exem-
Entre os primeiros projeto destacamos plo de Campanha em Diabetes.
a luta pela erradicação do tracoma, o mé- O Projeto visa a proporcionar orienta-
todo de Crede, regulamentação da pres- ção, conscientização, mobilização e atendi-
crição e aviamento de óculos. mento médico especializado gratuito para
Mais recentemente projetos de refra- as principais complicações associadas ao
ção escolar, retinopatia diabética, trauma Diabetes (cegueira, amputação, insufi-
ocular, glaucoma, visão subnormal e uso ciência renal, entre outras), com o intuito
do cinto de segurança. de diminuir sua morbimortalidade e me-
Os projetos são inúmeros e realizados lhorar a qualidade de vida dos pacientes
de maneira independente. Assim, é im- diabéticos. Através de grande campanha
possível enumerá-los todos. Praticamente de mobilização social e informação, com
não existe nenhum Estado do Brasil onde múltiplos serviços multidisciplinares e a
eles não tenham ocorrido. realização de procedimentos médicos es-
Em nome do conjunto da obra, refe- pecializados.
rimo-nos à Hilton Rocha, Claudio Chaves, Nos 13 primeiros anos de campanha,
Liana Maria O. Ventura, Rubens Belfort Jr, aproximadamente 22 mil pacientes com
Arlindo Portes, José Ricardo Carvalho Lima diabetes foram submetidos a mapeamen-
Rehder e Maria de Lourdes V. Rodrigues. to de retina e a exame para detecção do
pé do diabético. Mais de 2.000 pacientes
graves foram tratados gratuitamente com
MUTIRÃO DO DIABETES DE ITABUNA
fotocoagulação a laser da retina, sendo
A Campanha anual de Combate ao Dia- estes submetidos a exames bioquímicos
betes de Itabuna conhecida como Muti- para detecção da nefropatia diabética. Por
rão do Diabetes começou no ano 2004, edição são avaliados clinicamente cerca
atendendo cerca de 199 pacientes em sua de 1.500 a 2.000 diabéticos.
primeira edição, somente com exame de Nas semanas que antecedem o Muti-
fundo de olho para a detecção da retino- rão do Diabetes, geralmente a partir do

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dia primeiro de novembro, inicia-se o tica, farmacêutico, entre outras), além de
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

“Novembro Azul”, são realizadas ações de mais 5.000 glicemias capilares por edição,
grande mobilização social, como a Peda- para a detecção de possíveis novos casos
lada Azul, um passeio ciclístico com cerca de diabetes. O Diabetes Kids, área lúdica
de 1.000 ciclistas que percorrem as prin- infantil com estandes de detecção e orien-
cipais avenidas da cidade, e a Campanha tação de diabetes em crianças, sendo ava-
Itabuna Azul que transforma Itabuna em liadas cerca de 300.
uma das cidades mais iluminadas com a Cerca de 1.100 voluntários participam
“Luz Azul” do Brasil, com vários marcos anualmente de forma direta dos Mutirões,
iluminados, assim como pontes, avenidas, como médicos, enfermeiros, nutricionis-
igrejas, praças, hospitais, torres, prédios, tas, psicólogos, educadores físicos, far-
e, principalmente, as varandas das casas, macêuticos, odontologistas, advogados,
mostrando a grande participação espon- clubes de serviços, fisioterapeutas, entre
tânea da comunidade ao longo dos anos. outros, além de mais de 400 estudantes
Em 2017, em sua 13a edição, o Mutirão destas áreas, principalmente de medicina
de Itabuna, com cerca de 1.100 voluntá- e enfermagem. Mais 50 médicos, entre
rios, foram examinados em torno de 1.700 clínicos, angiologistas, nefrologistas, en-
pacientes com diabetes, com mapeamen- docrinologistas, cardiologistas, oftalmo-
to de retina para detecção de retinopatia logistas, e principalmente especialistas
diabética e Exame do Pé Diabético, com em retina, que possuem vasta experiência
tratamento gratuito com fotocoagulação em Mutirões de detecção da retinopatia
a laser da retina nos casos indicados, em diabética, que vêm de várias partes do
torno de 170 pacientes. Cerca de 400 pa- País. E pelo 7o ano seguido aconteceu a
cientes com Retinopatia Diabética foram transmissão ao vivo do Programa de te-
submetidos a avaliação renal e bioquímica levisão aberta no Mutirão (Record TV Ca-
(sumário de urina por fita, hemoglobina brália) atingindo cerca de 30 cidades do
glicada, creatinina, glicemia e colesterol interior da Bahia, para aproximadamente
total e frações), e, também, a avaliação 2 milhões de potenciais telespectadores,
cardiológica, com exames gratuitos de levando a informação e a prevenção para
Eletrocardiograma e Ecocardiograma, to- várias outras pessoas.
davia mais de 20 pacientes foram encami- As sociedades médicas como o Con-
nhados para cateterismo cardíaco quase selho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e
que imediato e mais de 50 pacientes sus- a Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo
peitos de isquemia para cintilografia cardí- (SBRV), assim como a Sociedade Brasi-
aca. Realiza-se, concomitantemente uma leira de Diabetes (SBD) vêm apoiando o
grande Feira Multidisciplinar de Educação evento e muita delas lá representadas.
em Saúde voltada exclusivamente para o Nos últimos anos em parceria com o CBO,
Diabetes para mais de 15 mil pessoas da e mais recentemente, com a participação
Comunidade, com mais de 30 estandes de da SBRV, através do seu portal eletrônico,
múltiplos serviços, que possuem o cará- múltiplas campanhas foram estimuladas
ter educativo e de assistência ao cuidado pelo Brasil, tendo o Mutirão do Diabe-
com o diabetes (psicologia, avaliação físi- tes de Itabuna como um importante
254 ca, nutricional, odontológica, fisioterapêu- referencial.

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PROJETOS SOCIAIS DO CENTRO DE ■■ Primeiros Olhares: atendimento das

Exemplos Notórios de Iniciativas Pessoais de Oftalmologistas na Saúde Pública


ESTUDO E PESQUISA DA VISÃO crianças das Creches dos bairros mais
carentes da Cidade todos os meses
Instituição fundada em 1992 para dar as-
(uma vez ao mês); projeto existente há
sistência a todas as camadas da população,
12 anos (3.366 atendimentos).
focada principalmente nas camadas mais
carentes da população. O Hoftalon – Centro ■■ Projeto Glaucoma: existente há 14
de Estudo e Pesquisa da Visão, em Londri- anos, realizado em áreas de grande
na, possui certificação de filantropia (CEBAS concentração popular duas vezes ao
25000015026/2010-63), 100% das consul- ano (4.646 atendimentos).
tas eletivas são pelo SUS (com atendimento ■■ Projeto Visão da 3a idade: atendi-
de cerca de 150.000 pacientes ano, gerando mentos dos centros de acolhimento
14.500 cirurgias ano, cerca de 400.000 pro- dos idosos (asilos), projeto existente
cedimentos, entre consultas, exames, revi- há dois anos.
sões, acompanhamentos, cirurgias, dentre
■■ Atendimentos aos presos das Peni-
outros). Possui curso de especialização em
tenciárias: presos de bom comporta-
oftalmologia reconhecido pelo MEC desde
mento que estudam, projeto existente
2004 e pelo CBO desde 2013.
Responsável pelo ensino teórico e prá- há 5 anos.
tico da oftalmologia do curso de medicina ■■ Projeto Gentileza: atendimento aos
da PUC, Londrina, mantém vários Projetos parentes dos colaboradores da Insti-
Sociais, entre eles: tuição.

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Histórico das Campanhas de
31 Cirurgia de Catarata

Newton Kara Junior

Estudos epidemiológicos mostraram que, te por uma equipe de oftalmologistas.


para a solução da problemática da ceguei- Os casos com indicação de cirurgia são
ra por catarata no Brasil, não é suficiente submetidos à biometria, para o cálculo
apenas oferecer o tratamento gratuito, da lente intraocular e avaliação clínica. Os
mas necessário, também, adotar medidas pacientes participam de um seminário ex-
educativas junto à população, além de plicativo sobre o que é a catarata, como
criar condições que facilitem o acesso à ci- é realizada a cirurgia, as possibilidades
rurgia, reduzindo os obstáculos logísticos de recuperação visual e os cuidados pós-
impostos pelo próprio sistema de saúde. operatórios. Os indivíduos selecionados
Objetivando superar os obstáculos lo- têm a cirurgia marcada e só precisarão
gísticos que dificultam o acesso dos ne- comparecer ao hospital no dia agendado
cessitados à cirurgia de catarata e melho- para a operação.
rar a situação da cegueira por catarata na Os Projetos Catarata mostraram que,
população carente, foi criado, em 1986, mesmo nas cidades onde existe hospital-
pelo Prof. Newton Kara José, na Universi- escola, grande parte da população neces-
dade de Campinas (UNICAMP), o Projeto sitada de cirurgia de catarata não é aten-
Zona Livre de Catarata. Os Projetos Ca- dida pelo sistema de saúde vigente. Con-
tarata têm conseguido mobilizar a classe tudo, as pessoas procuram submeter-se à
médica, além de outros setores da socie- cirurgia, quando as medidas educativas e
dade como clubes de serviços e associa- de facilidade de acesso realizadas por es-
ções de bairros. Centenas desses projetos ses projetos lhes são oferecidas.
já foram organizados no país. Em 1998, por iniciativa do Conselho
As pessoas acima de 50 anos, de uma Brasileiro de Oftalmologia (CBO), do Mi-
determinada região-alvo, são orientadas, nistério da Saúde, do Prof. Newton kara
por meio de ampla divulgação por meio José e com o auxílio das escolas de me-
da imprensa (escrita, falada e televisada), dicina, foi instituída a Campanha Nacional
cartazes e faixas explicativas, a compare- de Catarata (CNC). O acesso ao tratamen-
cer a postos de atendimento próximos às to foi facilitado com a realização de muti-
suas casas para medir a visão com uma rões para diagnóstico e, posterior, cirurgia,
equipe de voluntários previamente treina- em todo o país (Projetos-Catarata). Foi a
dos. Os casos triados por baixa de visão ação de maior impacto para a saúde vi-
são atendidos no fim de semana seguin- sual no Brasil, que quase duplicou o nú-

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mero de cirurgias realizadas. Por meio de adicionais por ano e inaugurou um novo
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

estudos epidemiológicos, a efetividade centro cirúrgico. O número de cirurgias de


e a segurança das cirurgias de catarata catarata realizadas anualmente aumentou
realizadas, em larga escala, em hospitais de 836 em 1998, para 5.078 em 2005. Atu-
universitários foram sendo confirmadas e almente, devido à limitação orçamentária,
os Projetos Catarata foram sendo aprimo- o número anual de cirurgias realizadas no
rados. Contudo, em 2006, o Ministério da HCFMUSP em 2015 foi de 3.902 procedi-
Saúde descontinuou a Campanha Nacio- mentos. Situação semelhante foi observa-
nal sob alegação de falta de verbas para da em outros hospitais universitários.
custear todas as cirurgias. Assim, hospitais Contudo, segundo os dados oficiais
voltaram a ter cotas limitadas para a reali- disponíveis, o número de cirurgias de ca-
zação dos procedimentos cirúrgicos. Essa tarata realizados no Brasil está aumentan-
medida causou impacto negativo na pro- do. Provavelmente devido aos contratos
gressão do número de cirurgias realizadas de prestação de serviços com empresas
anualmente no país, reduzindo a utilização privadas. Na região Norte-Nordeste, es-
da capacidade instalada para cirurgia de pecificamente, há um estímulo governa-
catarata nos hospitais públicos e voltando mental para realização de cirurgias em
a impor mais uma barreira ao acesso da unidades móveis (carretas com centro ci-
população necessitada à cirurgia correti- rúrgico adaptado), o que provavelmente
va: a limitação da oferta cirúrgica. explica o significativo aumento no núme-
Apesar de todas as evidências clínicas ro de procedimentos na região.
demonstradas nos estudos epidemiológi- Diferente da época em que Universida-
cos publicados, que confirmavam o suces- des públicas assumiam a responsabilidade
so da metodologia utilizada na CNC para pela realização da maior parte das cirur-
a erradicação da cegueira por catarata no gias de catarata e o Conselho Brasileiro de
Brasil, o Governo Federal e diversas admi- Oftalmologia coordenava as ações nacio-
nistrações municipais optaram por uma nais, onde a transparência dos resultados
nova estratégia para lidar com o problema. e a qualidade dos procedimentos eram
Atualmente, o principal projeto de saúde garantidos pela ideologia universitária
pública para o tratamento da catarata é e evidenciados por publicações de estu-
por meio de licitações, em que empresas dos epidemiológicos, numa licitação, em
privadas, algumas com unidades cirúrgi- que o vitorioso é quem oferece o menor
cas móveis, negociam o menor valor para custo por procedimento e o objetivo da
realizar cotas de milhares de cirurgias. empresa contratada é o lucro, não faltam
Durante a vigência da CNC, a capaci- dúvidas sobre a qualidade do serviço que
dade cirúrgica nos hospitais-escola foi é prestado.
redimensionada para atender à crescen- Nesta nova realidade, algumas ques-
te demanda. O Serviço de Oftalmologia tões precisariam ser elucidadas:
do Hospital das Clínicas da Faculdade de ■■ Será que a população realmente ne-
Medicina da Universidade de São Paulo cessitada está sendo atendida? A dú-
(HCFMUSP), por exemplo, elevou o nú- vida decorre de relatos informais de
mero de médicos residentes de 5 para 14 que alguns pacientes operados po-
258 ao ano, matriculou 20 médicos estagiários deriam ter sido reabilitados somente

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com a troca de óculos. Como já ha- Assim, mesmo considerando a eficácia

Histórico das Campanhas de Cirurgia de Catarata


via sido evidenciado que o desafio da no novo projeto de saúde pública para
erradicação da cegueira por catarata o tratamento da catarata, no sentido de
era em acessar os necessitados, sen- incremento na quantidade de procedi-
do que equipes de hospitais univer- mentos ofertados, acreditamos na necessi
sitários no projeto anterior tinham de dade de maior transparência sobre como
penetrar em comunidades isoladas as cirurgias estão sendo feitas, quem está
para identificar pacientes cirúrgicos, é sendo operado e qual o índice de compli-
de se estranhar a facilidade com que cações, para que sejam realizados estudos
clínicas privadas conseguem captar epidemiológicos de custo-efetividade,
milhares de casos. para avaliação da qualidade do serviço
■■ Qual a porcentagem de complicações prestado à sociedade, a fim de justificar
cirúrgicas nestes mutirões particula- a substituição do eixo Universidade/So-
res? Em geral, as unidades cirúrgicas ciedade Médica pelo Setor Privado, no
móveis, comuns na região Norte e Nor- tratamento preferencial da catarata pelo
deste, não oferecem acompanhamen- sistema público de saúde.
to pós-operatório. Casos que evoluem
mal, em sua maioria, são atendidos REFERÊNCIAS
em postos de saúde da região. Assim,
De Senne FM, Cardillo JA, Rocha EM, Kara-José N.
não há dados sobre a segurança clínica Long-term visual outcomes in the Cataract-Free
deste tipo de projeto, assim como seu Zone Project in Brazil. Acta Ophthalmol Scand.
impacto social a longo prazo. 2002; 80(3):262-6.

■■ Como avaliar a qualidade dos insumos Kara-José N, Temporini ER. Cataract surgery: why are
there some patients excluded. Rev Panam Salud
utilizados? Ter lucro com cirurgias pelo
Publica. 1999; 6(4):242-8.
Sistema Único de Saúde não é fácil. É Kara-Junior N, Schellini SA, Silva MRBM, Bruni LF, Al-
possível que para garantir receita, haja meida AGC. Projeto catarata – Qual a sua impor-
economia em insumos básicos. tância para a comunidade? Arq Bras de Oftalmol.
1996; 59(5):490-6.
Kara-Junior N, Temporini ER, Kara-Jose N. Cataract
Consideramos que a fim de se justi-
surgery: expectations of patients assisted during
ficar trocar um projeto de saúde pública a community project in São Paulo, State of São
de efetividade, qualidade e segurança Paulo, Brazil. Rev Hosp Clín Fac Med USP. 2001;
comprovados por uma nova estratégia 56(6):163-8.
com resultados obscuros, com prejuízo Kara-Junior N, Espindola RF. Evolução e viabilização
de um centro cirúrgico ambulatorial para cirur-
inclusive para a formação de novos ci-
gias de catarata em larga escala em um hospital
rurgiões e ignorando a ampliação da es- universitário. Arq Bras Oftalmol. 2010; 73:494-6.
trutura física de hospitais públicos, o que Kara-Junior N, Mazurek, MGG, Santhiago MR, Parede
poderia inclusive dificultar a aceitação de TR, Espindola RF, Carvalho RS. Phacoemulsifica-
futuras ações de incentivo à cirurgia de tion versus extracapsular extraction: governmental
catarata, seja necessário que dados so- costs. Clinics. 2010; 65:4.
Kara-Júnior, Newton; Dellapi Jr, Roberto Espíndola, Ro-
bre os resultados pós-operatórios sejam
drigo França de. Dificuldades de acesso ao trata-
disponibilizados para a comunidade mé- mento de pacientes com indicação de cirurgia de
dica, a fim de comprovar a efetividade da catarata nos Sistemas de Saúde Público e Privado.
nova iniciativa. Arq Bras Oftalmol. 2011; 74:323-5. 259

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Kara-Junior N. A situação do ensino da facoemul- dom events or a product of mistaken public poli-
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

sificação no Brasil. Rev Bras Oftalmol. 2011; 70: tics? Clinics. 2016; 71(60).
275-7. Marback RF, Temporini ER, Kara-Junior N. Emotional fac-
Kara-Junior N. A review of cataract surgery teaching-. tors prior to cataract surgery. Clinics. 2007; 62:433-8.
Arq Bras Oftalmol. 2015; 78:392. Temporini ER, Kara-Junior N, Holzchuh N, Kara-Jose N.
Kara-Junior N, Kara-José N. The occurrences of con- Popular beliefs regarding the treatment of senile
secutive infections after cataract surgeries: ran- cataract. Rev de Saúde Públ. 2002; 36(3):343-9.

260

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32 Abril Marrom

Suel Abujamra

A campanha Abril Marrom busca cons- vesse chance de um diagnóstico e um


cientizar a população para o diagnóstico e tratamento precoce, ela poderia não
tratamento precoce da cegueira. estar cega”, esclarece o oftalmologista
Castanho é a cor dos olhos da maioria e ex-presidente do Conselho Brasileiro
dos brasileiros e serviu de inspiração para de Oftalmologia, Suel Abujamra. Para o
a campanha Abril Marrom, que alerta para especialista, é preciso que seja feito um
a prevenção das doenças que causam a trabalho de conscientização e educação
cegueira. da população para prevenir e tratar as
No Brasil, os dados impressionam; se- possíveis causas da cegueira. “As doenças
gundo o IBGE em 2010, existem mais de caminham silenciosamente e as pessoas
6,5 milhões de pessoas com alguma defi- só procuram o médico quando já perde-
ciência visual, sendo que 528.624 são pes- ram parte da visão. Neste momento, o
soas cegas. De acordo com a Organização problema já está em estado avançado e
Mundial de Saúde (OMS), se tivessem os resultados nem sempre recuperam a
consultado um oftalmologista pelo me- visão. A população precisa ficar alerta e
nos uma vez por ano, cerca de 80% dos querer se cuidar. É preciso procurar o of-
casos de cegueira poderiam ser evitados. talmologista para fazer exames e detec-
Frequentemente busca-se tratamento tar possíveis doenças”, afirma.
quando não é possível reverter o avanço da Os diabéticos, adultos acima de 40
doença. Por isso que é essencial informar, anos, idosos acima de 60 anos de idade e
prevenir e combater as causas da cegueira. as crianças devem ter ainda maior atenção
Na cidade de São Paulo cerca de 2,3 aos cuidados com a visão. “Oitenta e cinco
milhões de pessoas têm deficiência visual por cento da nossa comunicação com o
e 53 mil são cegas (CENSO 2010 – Insti- mundo exterior se dá através dos olhos.
tuto Brasileiro de Geografia e Estatística Eles são um patrimônio muito precioso,
– IBGE). Com o objetivo de reduzir essas mas não são tratados com a devida aten-
estatísticas, foi criado na capital paulista, o ção. Isso precisa mudar”, alerta o oftalmo-
Abril Marrom, mês de conscientização da logista Suel Abujamra.
população para a prevenção da cegueira. Em comemoração ao Abril Marrom são
“A cegueira é inaceitável. Cerca de realizados fóruns de discussões, no mês
60% das doenças oculares que causam de abril, com a participação de gestores
cegueiras são tratáveis. Se a pessoa ti- públicos, médicos e cidadãos comuns,

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para conscientizar a população para a pre- como: vícios de refração, catarata, retino-
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

venção da cegueira (diagnósticos e trata- patia diabética, glaucoma, degeneração


mentos precoces), abordando problemas macular relacionada com a idade e outros.

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Projeto Internacional de Baixa
33 Visão – Lions e Christian Blind
Mission

Liana Maria Vieira de Oliveira Ventura

Este projeto internacional de iniciativa do tico, workshop de tecnologia assistiva,


Lions e da Christian Blind Mission (CBM) workshop de adaptação de auxílios ópti-
tem como: cos e curso Bayley. Capacitação em Baixa
Visão para Profissional de Saúde e Educa-
Coordenadores técnicos: ção em Pernambuco foi realizada em Vi-
■■ Dra. Rosario Espinza – Assessora Re- tória de Santo Antão, Igarassu, Tamanda-
gional da CBM em baixa visão. ré, Paulista e Olinda. Também foi realizada
■■ Dra. Daena Leal – Fundação Altino em Itabuna-BA, Aracajú-SE, Fortaleza-CE,
Ventura, Pernambuco. João Pessoa-PB, Macapá-AP, Boa Vista-RR
■■ Dra. Celia Nakanami – UNIFESP, São
e Maceió-AL; Monitoramento de 7 Servi-
ços: Fundação Regina Cunha – BA, Hospi-
Paulo.
tal de Olhos de Sergipe-SE, Hospital Ge-
■■ Dra. Luciene Fernandes – UFMG, Belo
ral de Fortaleza-CE, Fundação de Apoio ao
Horizonte e Dr. Galton Vasconcelos –
Deficiente – PB, Dra. Daene Leal e Tatiana
UFMG, Belo Horizonte.
Freitas, Universidade Federal do Amapá-
AP, Oculistas associados de Roraima-RR e
Coordenadores administrativos:
Centro de Reabilitação APAE-AL.
■■ Dra. Liana Ventura – Coordenadora
Realizou também treinamento de of-
Geral.
talmologistas e terapeutas capacitados
■■ José Vieira – Coordenador Administra- em Workshop de baixa Visão, terapeutas
tivo e Oficial Financeiro. capacitados em Tecnologia Assistida no
■■ Luciana Rodrigues – Analista de Proje- CER – Fundação Altino Ventura, agentes
to LIONS. comunitários de Saúde, visitas de treina-
■■ Bruno Rosas – Coordenador de Proje- mentos e capacitação de Professores em
to. Pernambuco.
Locais dos atendimentos realizados em
Seus objetivos. Melhorar infraestrutura 2016. Roraima – Oculistas Associados de
dos serviços, capacitar recursos dos ser- Roraima, Amapá – Universidade Federal do
viços, doar recursos ópticos, não ópticos e Amapá, Ceará – Hospital Geral de Fortale-
realizar tratamento multidisciplinar. za, Paraíba – Fundação de Apoio ao Defi-
Atividades realizadas referente a ca- ciente, Bahia – Fundação Regina Cunha,
pacitações. Workshop teórico e prá- Pernambuco – Fundação Altino Ventura,

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Alagoas – Centro de Reabilitação Visual de O Projeto teve como metas alcançadas
PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

Alagoas e Sergipe – Hospital de Olhos de em 18 meses. Atendimento de 74% dos


Sergipe. pacientes com baixa visão, capacitação de
Locais de atendimentos realizados em 58 oftalmologistas e terapeutas e capaci-
2017. Roraima – Oculistas Associados de tação de 1.578 agentes de saúde e pro-
Roraima, Amapá – Universidade Fede- fessores.
ral do Amapá, Ceará – Hospital Geral de Para o primeiro semestre de 2018 o cro-
Fortaleza, Paraíba – Fundação de Apoio nograma de atividades ficou estrutura-
ao Deficiente, Bahia – Fundação Regi- do da seguinte forma: Visitar e Realizar
na Cunha, Pernambuco – Fundação Alti- Monitoramento nos Serviços. Roraima,
no Ventura, Alagoas – Centro de Reabilita- Amapá, Ceará, Bahia, Paraíba, Sergipe e
ção Visual de Alagoas, Sergipe – Hospital Alagoas; Entregar os Recursos Ópticos para
de Olhos de Sergipe. Neste ano as ativida- Doação aos pacientes nos 5 Estados (dis-
des realizadas tiveram como auxílios ópti- positivos de apoio): Roraima, Amapá, Ce-
cos prescritos para melhora da visão: Lu- ará, Bahia e Paraíba; Realizar Projetos de
pas manuais, lentes esféricas, lupas dome, Atendimento – Sight First em Caruaru; Ca-
lentes filtrantes e lupas de apoio. pacitar professores da Rede Municipal de
Da análise dos resultados da campanha Ensino de Recife quanto a baixa visão, de-
algumas lições foram tiradas. A impor- tecção e tratamento; Auditar o Projeto; Re-
tância da Integração entre a Fundação Al- alizar Avaliação Intermediária do Projeto.
tino Ventura e os oito serviços dos esta- Segundo a Fundação Altino Ventura
dos do projeto, importância da adesão ao “Este projeto, pioneiro no Brasil, represen-
projeto e participação dos parceiros nos ta um marco na deficiência visual, com-
estados, diferenças de realidades Regio- preendendo ações de educação e empo-
nais impactando as ações do projeto em deramento profissional, rompe barreiras
cada serviço, então a importância das visi- de acesso ao serviço especializado e fa-
tas in loco nos serviços, gestores de saúde, vorece a inclusão social dos pacientes de
educação e ação social. baixa renda”.

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34 Banco de Olhos de Sorocaba

Edil Vidal de Souza

O Banco de Olhos de Sorocaba (BOS) é anos consecutivos, ela contribuiu significa-


uma instituição filantrópica, sem fins lu- tivamente para a formação de profissionais
crativos, fundada em 1979. Buscando o especializados que atendem no BOS e em
desenvolvimento progressivo, tanto tec- outras destacadas unidades hospitalares
nológico como humano a fim de garantir do país, tendo profissionais formados atu-
atendimento à população, tornou-se refe- ando em praticamente todos os Estados.
rência na área de transplantes de córnea. Após a residência, o médico também
Por meio da busca ativa de potenciais do- pode continuar fazendo subespecialização
adores, destaca-se como a principal insti- nas diferentes áreas da Oftalmologia. O
tuição nacional a ofertar tecido ocular hu- Centro de Estudos criado para o desenvol-
mano para fins de transplantes, com mais vimento científico recebe o nome do Diretor
de 160.000 córneas captadas, conforme a “Pascoal Martinez Munhoz” em sua home-
Figura 35.1. nagem e promove, periodicamente, eventos
O BOS mantém campanhas de cons- para aprimoramento dos seus profissionais,
cientização sobre a doação de córneas, além de simpósios nacionais e internacionais
estimuladas por meio da divulgação nos também com renomados médicos da área.
diferentes meios de comunicação, utili-
zando cartão do doador, camisetas, brin- Adendo histórico (pelos autores do livro)
des, impressos e participação de artistas. Muito do que se alcançou nas últimas décadas
A legislação brasileira só permite a doa- em termos de transplante de córnea se deve aos
resultados obtidos e ao exemplo do Banco de Olhos
ção de córneas e órgãos após a morte com a de Sorocaba.
autorização de familiares. Para facilitar esse Em 2016 o Ministério da Saúde editou relatório
sobre a realização de transplantes no Brasil
processo, criou o Cartão do Doador a fim
reportando 24.958 transplantes e destes 14.641
de que todo cidadão possa manifestar seu (CC%) eram de córnea.
desejo em doar, indicando, em seu cadastro,
os parentes que devem ser contatados para BIBLIOGRAFIA
firmar a autorização após seu falecimento.
Resende C. Enxerto de córnea de cadáver no vivo. Co-
Pessoas de todo o Brasil podem preencher
municação feita à Sociedade de Oftalmologia de
tal cadastro no site www.bos.org.br. São Paulo.
Possui residência em oftalmologia re- http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2017/
conhecida pelo CBO. Com duração de três marco/09/Transplantes_RJ.pdf

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PARTE I  Aspectos da História da Oftalmologia e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

266

CBO-2018 - Miolo.indd 266


16.000

14.000 13.624

12.000 11.406 11.282 11.217 11.152


10.844 10.926

9.894
10.000 9.702
9.300 9.214
9.040

7.862
8.000

6.000

4.120
4.000

2.557
2.286
2.000 1.593
995 846 1.016
746 726 803 668
500 492 436 566 518
248 358 404 342 379
0
1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Ano
Figura 35.1 Total de córneas doadas.

29-10-2018 11:28:01
Mensagem Final

Carlos da Silva Lacaz é considerado um dos maiores historiadores da


medicina brasileira; diz em seu livro “História da Faculdade de Medi-
cina – USP” referente à conclusão da construção do Hospital de Clí-
nicas da USP “que organismos como esses nunca se completam em
sua evolução, pois caminham sempre na estrada de aspirações sem
limites”.
Escrever sobre a História assim o é! Os autores então parafraseiam
Lacaz para o contexto desta: “Obras como esta nunca se completam,
pois caminham sempre na estrada de aspirações sem limites”.
Consideramos esta obra acabada, porém não completa.
Newton Kara José
Fernando Cesar Abib

Lacaz CS. História da Faculdade de Medicina – USP. 2. ed. Belo Hori-


zonte: Atheneu; 1999. 224p.

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PARTE
Política Nacional de
II Atenção à Oftalmologia

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Introdução

Milton Ruiz Alves

O setor de saúde brasileiro movimenta é demorado, diminuindo a eficácia e one-


mais de R$ 550 bilhões por ano. Desse rando o processo.1
total, 47% são recursos públicos destina- Em 16 de maio de 2008, o Ministério
dos à assistência de 77% dos brasileiros da Saúde (MS), por meio da Portaria GM/
que dependem do Sistema Único de Saú- MS no 957, institui a Política Nacional de
de (SUS). O setor de saúde suplementar Atenção em Oftalmologia (PNAO), que
e o gasto direto das famílias somam 53% reitera a necessidade de ações integradas
dos recursos, mas só 23% têm plano de para a assistência primária, prestadas por
saúde. O investimento público é incapaz equipes multiprofissionais integradas e
de fazer valer o que determina a Consti- resolutivas para evitar o encaminhamen-
tuição, que “saúde é direito de todos e to desnecessário para os outros níveis de
dever do Estado”. Faltam recursos à saú- complexidade.3 A aproximação da Oftal-
de, mas também podemos fazer mais mologia da atenção primária é importante
com o que temos.1 para a construção de rede de atenção em
Reconhecido pela Organização Mun- Oftalmologia, interligando a atenção pri-
dial da Saúde (OMS) como o maior sis- mária aos níveis mais complexos de aten-
tema gratuito e universal do mundo, o dimento oftalmológico.
SUS chega aos 30 anos de existência com O Brasil só conseguirá suprir as neces-
muitas vitórias e inúmeros desafios, em sidades mais prementes de saúde ocular
especial, o de encontrar meios para ga- da população com a expansão dos servi-
rantir a sua sustentabilidade. O programa ços integrais e integrados de atenção of-
Estratégia Saúde da Família (ESF) criado talmológica. E, nesse processo, ainda falta
oficialmente em 1994, também é obje- a construção da atenção primária em Of-
to de reconhecimento internacional.2 No talmologia com a inserção do médico of-
SUS, o programa ESF, porta de entrada talmologista ao Núcleo de Apoio à Saúde
do sistema, atinge 70% da população. No da Família (NASF).
entanto, como a estrutura da atenção pri- O relatório “O Financiamento da Co-
mária está voltada para o encaminhamen- bertura Universal”, da OMS, aponta que
to, nota-se um gargalo na assistência de entre 20% e 40% de todos os gastos em
média e alta complexidade e na ausência saúde são desperdiçados por ineficiên-
do médico de referência. O agendamento cia.4 No Brasil, isso representa de R$ 110
para consultas com especialistas e exames bilhões a R$ 220 bilhões. Desse modo,

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percebe-se que o maior problema da REFERÊNCIAS
PARTE II  Política Nacional de Atenção à Oftalmologia

saúde não está apenas na escassez de 1. Mere Jr YA. Saúde, desperdício e corrupção. Fal-
recursos financeiros, mas no desperdício. tam recursos ao setor, mas pode-se fazer mais.
A eficiência do sistema deve ser perse- Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/opi-
niao/2018/05/yussif-ali-mere-jr-saude-desperdi-
guida. O desperdício deve ser combatido.
cio-e-corrupcao.shtml.Acessado em: 24/05/2018.
A inclusão da Oftalmologia na atenção 2 5o Fórum A Saúde Do Brasil Desperdício e or-
primária aumenta a eficiência do sistema çamento restrito ameaçam saúde pública e priva-
com os seus mais de 85% de resolubili- da no país. Disponível em https://www1.folha.uol.
com.br/seminariosfolha/2018/04/desperdicio-e-
dade e combate o desperdício diminuin-
-orcamento- Acesso em: 24/05/2018.
do o encaminhamento à assistência de
3. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Política Nacional
média e alta complexidade. Além disso, o de Atenção em Oftalmologia. Disponível em: http://
combate à corrupção, a garantia de mais bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2008/
recursos e a avaliação da qualidade da prt0957_15_05_2008.html. Acesso em: 30/04/2017.
4. Organização Mundial da Saúde (OMS). Financia-
assistência prestada continuarão sendo
mento dos sistemas de saúde — O caminho para a
essenciais para garantir a sustentabilida- cobertura universal. Disponível em: http://www.who.
de do sistema. int/whr/2010/whr10_pt.pdf. Acesso em: 30/04/2018.

272

CBO-2018 - Miolo.indd 272 29-10-2018 11:28:01


Política Nacional de
35 Atenção à Oftalmologia

Não importa ao tempo o minuto que pas- ■■ Igualdade entre sexos e valorização da
sa, mas o minuto que vem. mulher.
(Machado de Assis – 1839-1908) ■■ Reduzir a mortalidade infantil.
■■ Melhorar a saúde das gestantes.
ACESSO UNIVERSAL AO ■■ Combater a AIDS, a malária e outras
SISTEMA DE SAÚDE doenças.
Em 2010, de acordo com as estimativas ■■ Qualidade de vida e respeito ao meio
da Organização Mundial de Saúde (OMS), ambiente.
285 milhões de pessoas, do mundo intei- ■■ Todo mundo trabalhando pelo desen-
ro, tinham deficiência visual (DV) e destas volvimento, devemos lutar para obter
39 milhões eram cegas. As populações po- pelo menos estes três ideais ou valo-
bres e os grupos de idosos eram os mais res:4
afetados: 82% das pessoas cegas e 65% ●● Igualdade social.
das pessoas com cegueira moderada ou ●● Justiça social.
grave tinham mais de 50 anos. Cerca de ●● Acesso universal ao sistema de saú-
80% dos casos de DV, incluída a cegueira, de.
são evitáveis.1
O mundo moderno assiste a uma dra- Dentre as necessidades humanas, a
mática deterioração das condições de vida saúde ocupa lugar de centralidade. A saú-
que atinge segmentos cada vez maiores de é um bem, um recurso e um direito
da população. Uma parcela significativa de alienável, é condição fundamental para
filósofos, políticos, empresários e trabalha- o desenvolvimento dos povos e para o
dores discutem sobre o que fazer para me- equilíbrio social. A saúde, em seus deter-
lhorar a saúde e a qualidade de vida.2 minantes e condicionantes, é resultado de
Podemos sonhar com um mundo sem predisposições biológicas e de influências
fome e sem doença? Para atingir os oito ambientais, sociais e culturais, mas, tam-
Objetivos de Desenvolvimento do Milê- bém, da oferta de aparatos sociais que se
nio, que são:3 empenham na proteção e recuperação do
■■ Acabar com a fome e com a miséria. estado de saúde das pessoas e da coleti-
■■ Educação básica para todos. vidade.5

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As razões de interesse nessa área po- 2008, institui a Política Nacional de Aten-
PARTE II  Política Nacional de Atenção à Oftalmologia

deriam ser de natureza humanitária, mas ção em Oftalmologia (PNAO), que reitera
são de natureza econômica.2 Esta situa- a necessidade de ações integradas para:8
ção exige um posicionamento cada vez ■■ A constituição de redes regionalizadas
mais definido quanto à exclusão social; à e hierarquizadas de serviços de aten-
questão do acesso aos serviços de saúde; ção em Oftalmologia.
à qualidade, equidade e à ética nas ações ■■ A garantia de uma linha de cuidados
de saúde, sua distribuição e suporte finan- integrais e integrados para a atenção
ceiro.2 oftalmológica por meio do credencia-
O impacto da perda visual tem profun- mento das Unidades de Atenção Espe-
das implicações para a sociedade como cializada em Oftalmologia e dos Cen-
um todo. Dados do Instituto Brasileiro de tros de Referência em Oftalmologia.
Geografia e Estatística (IBGE) do Censo de ■■ O estabelecimento dos fluxos assisten-
2000 indicam que a primeira causa de de- ciais que perpasse todos os níveis de
ficiência entre 24,5 milhões de deficientes atenção.
brasileiros é a visual, representando 48,1%
■■ O desenho dos mecanismos de refe-
do total.6 Não há como desconsiderar a im-
rência e contrarreferência.
portância social da cegueira e da baixa vi-
■■ A adoção de providências necessárias
sual na vida individual, familiar e da comu-
que perpasse todos os níveis de aten-
nidade, uma vez que desencadeiam graves
ção, para que haja a articulação assis-
problemas sociais, econômicos e educacio-
tencial entre os serviços.
nais (repetência e evasão escolar) e, depois,
dificuldades na inserção ou inserção inade-
A PNAO foi concebida com as seguin-
quada no mercado de trabalho.7
tes competências:8
A visão do Plano de Ação Mundial
■■ Atenção Básica: realização de ações de
2014-2019 da OMS é um mundo no qual
caráter individual ou coletivo, voltadas
ninguém sofre de deficiência visual por
à promoção da saúde e à prevenção
causas evitáveis, onde as pessoas com
dos danos e recuperação, bem como
perda de visão inevitável podem alcançar
ações clínicas para o controle das do-
seu pleno potencial, e onde existe acesso
enças que levam a alterações oftalmo-
universal aos serviços integrais de atenção
lógicas e às próprias doenças oftal-
oftalmológica.1 Na realidade, sistemas de
mológicas, que possam ser realizadas
saúde estruturados, eficientes, efetivos e
neste nível, ações essas que terão lugar
equitativos, ainda que não assegurem todo
na rede de serviços básicos de saúde.
o projeto de vida das pessoas, constituem-
■■ Atenção Especializada em Oftalmo-
se em condição absolutamente necessária
logia: realizar atenção diagnóstica e
à promoção da qualidade de vida humana.5
terapêutica especializada e promover
o acesso do paciente portador de do-
POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO À
enças oftalmológicas a procedimentos
OFTALMOLOGIA (PNAO) de média e alta complexidade, em ser-
O Ministério da Saúde (MS), por meio da viços especializados de qualidade, vi-
274 Portaria GM/MS n.º 957, de 16 de maio de sando a alcançar impacto positivo na

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morbidade e na qualidade de vida dos ■■ Capacitação e educação permanen-

Política Nacional de Atenção à Oftalmologia


usuários do SUS, por intermédio da te das equipes de saúde de todos os
garantia da equidade. âmbitos da atenção, a partir de um
■■ A organização das Redes de Atenção enfoque estratégico promocional, en-
em Oftalmologia respeitando o Plano volvendo os profissionais de nível su-
Diretor de Regionalização (PDR) de perior e os de nível técnico, em acordo
cada unidade federada e os princípios com as diretrizes do SUS, e alicerçada
e diretrizes de universalidade, equi- nos polos de educação permanente
dade, regionalização, hierarquização em saúde.
e integralidade da atenção à saúde, ■■ Acesso à assistência farmacêutica dis-
cujas ações referentes a esse nível de ponibilizada pelo SUS.
atenção serão realizadas em Hospitais ■■ Acesso a recursos ópticos, não ópticos
Gerais ou Especializados, Hospitais de e outras ajudas técnicas, disponibiliza-
Ensino, Ambulatórios Especializados dos pelo SUS.
em Assistência Oftalmológica, cuja
normatização será definida em porta- Na PNAO, a Atenção Básica à Saúde
ria da Secretaria de Atenção à Saúde. (ABS) deve integrar a rede de cuidados
■■ Plano de Prevenção e Tratamento das em Oftalmologia, bem como favorecer o
Doenças Oftalmológicas, que deve fa- acompanhamento de famílias e de indiví-
zer parte integrante dos Planos Muni- duos por meio de ações educativas, teste
cipais de Saúde e dos Planos de De- de acuidade visual, consultas e ações pre-
senvolvimento Regional dos Estados e ventivas de investigação diagnóstica.8 De
do Distrito Federal. acordo com a OMS, um sistema de saú-
■■ Regulamentação suplementar e com- de compreende todas as organizações,
plementar por parte dos Estados, do pessoas e ações, cujo objetivo primário é
Distrito Federal e dos Municípios, com promover, restaurar ou manter a saúde.1
o objetivo de regular a atenção ao pa- Por isso, o princípio de hierarquização do
ciente com doença oftalmológica. SUS procura garantir ao cidadão o acesso
■■ A regulação, a fiscalização, o controle aos serviços do sistema público de saúde,
e a avaliação de ações de atenção ao desde o mais simples até o mais comple-
portador de doença oftalmológica se- xo. Mas para que este sistema funcione,
rão de competência das três esferas de o acesso à Atenção Básica deve ser mais
governo. amplo, se comparado aos outros níveis de
■■ Sistema de informação que possa ofere- atenção, com qualidade e resolutividade.
cer ao gestor subsídios para tomada de A Atenção Básica Oftalmológica deve
decisão para o processo de planejamen- ser a responsável pelo primeiro contato
to, regulação, controle e avaliação, e pro- na Atenção à Saúde para todas as condi-
mover a disseminação da informação. ções oculares e pelo acompanhamento,
■■ Protocolos de conduta em todos os prevenção e reabilitação de algumas con-
níveis de atenção que permitam o dições oculares. Essa prática deve acon-
aprimoramento da atenção, regulação, tecer em todos os níveis do sistema de
controle e avaliação. saúde e por uma equipe multiprofissional, 275

CBO-2018 - Miolo.indd 275 29-10-2018 11:28:01


bem como de capacitações e educação ■■ Orientação sobre o uso correto de me-
PARTE II  Política Nacional de Atenção à Oftalmologia

permanente desses profissionais. No en- dicamentos e efeitos colaterais de al-


tanto, cada país tem a sua própria forma guns medicamentos.
de organizar a maneira de prestar serviços ■■ Reabilitação social de deficientes vi-
básicos de saúde a seus cidadãos. suais.
Na PNAO, o profissional médico da
Equipe da Saúde da Família ou da Unida- A implantação das Redes Estaduais
de de Atenção Básica, com o apoio dos de Atenção em Oftalmologia, estabele-
outros profissionais e do NASF (Núcleos cidas pela PNAO do MS continua sendo
de Apoio à Saúde da Família), deve res- um dos grandes desafios da PNAO que,
ponsabilizar-se com as seguintes situa- ainda, prevê a hierarquização dos presta-
ções da saúde ocular:9 dores de serviços especializados de Of-
■■ Conhecimento das unidades especia- talmologia. A organização das Redes de
lizadas de seu território e das dispo- Atenção em Oftalmologia deve respeitar o
nibilidades da rede de atenção para Plano Diretor de Regionalização (PDR) de
triagem para problemas oculares mais cada unidade federada e os princípios e
frequentes. as diretrizes de universalidade, equidade,
■■ Ações preventivas de investigação diag- regionalização, hierarquização e integrali-
nóstica relacionada com as comorbida- dade da Atenção à Saúde, cujas ações re-
des, principalmente o diabetes melito, a ferentes a esse nível de atenção devem ser
hipertensão arterial e a hiperlipidemia. realizadas em hospitais gerais ou especia-
lizados, hospitais de ensino, ambulatórios
■■ Referenciamento de pessoas de acor-
especializados em assistência oftalmoló-
do com o risco para determinadas do-
gica, cuja normatização está definida em
enças oculares para exames oftalmoló-
portaria da Secretaria de Atenção à Saúde
gicos com especialistas.
(SAS) do Ministério da Saúde.9
■■ Informações sobre principais causas
A Portaria no 288 da Secretaria de Aten-
de cegueira e deficiência visual no seu
ção à Saúde (SAS) do MS, de 19 de maio
contexto de atuação.
de 2008,8 determina ainda a organização
■■ Controle adequado de doenças sis-
de uma linha de cuidados em Oftalmolo-
têmicas, o que pode diminuir o risco gia, desde a Atenção Básica até os Cen-
de complicações oculares associadas a tros de Referência, para alcançar impacto
condições como diabetes e hiperten- positivo na morbidade e na qualidade de
são arterial. vida dos usuários do SUS, por intermédio
■■ Atendimento e, se for o caso, encami- da garantia da equidade, continuidade e
nhamento de pacientes com olho ver- integralidade.
melho, diminuição aguda, subaguda e Os profissionais da Equipe de Saúde da
crônica da acuidade visual da criança, Família devem sempre procurar conhecer
do adulto e do idoso, estrabismo e os recursos para a Atenção Especializada
traumas oculares. de Oftalmologia de seu município e/ou
■■ Incentivo à adesão e à continuidade do região de saúde, que podem ainda não
tratamento ocular indicado pelo médi- ter organizado as estruturas previstas pela
276 co oftalmologista. PNAO.9

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A Portaria no 288 também define as procedimentos de diagnose e tera-

Política Nacional de Atenção à Oftalmologia


competências de cada nível, a saber:9 pia complementares.
■■ Unidade de Atenção Básica em que ●● Atendimento das complicações que
deverão ser realizadas ações de pro- advierem do tratamento cirúrgico
moção e prevenção em Oftalmolo- realizado.
gia que permitam a identificação e o ●● Procedimentos de diagnose, tera-
acompanhamento das famílias e dos pia e cirúrgicos, contidos nos ane-
indivíduos, sendo desenvolvidas: xos desta Portaria, compatíveis com
●● Ações educativas. o tipo de assistência especializada
●● Consultas médicas. ao qual se credenciar/habilitar.
●● Consultas de enfermagem. ■■ Unidade de Atenção Especializada em
●● Ações preventivas e de investiga- Oftalmologia (habilitada a realizar pro-
ção diagnóstica relacionadas com cedimentos de média e alta complexi-
as comorbidades, tais como diabe- dade) que deverá realizar, obrigatoria-
tes e hipertensão, e que precederão mente:
o atendimento especializado em ●● Atendimento de Urgência e Emer-
Oftalmologia. gência em regime de 24h, de acor-
●● Acompanhamento dos usuários do com a necessidade local e/ou
contrarreferenciados pelas Unida- regional.
des de Atenção Especializada em ●● Atendimento ao paciente portador
Oftalmologia. de glaucoma.
■■ Unidade de Atenção Especializada em ●● Atendimento em reabilitação visual,
Oftalmologia (apta a realizar apenas na própria unidade de atenção ou
procedimentos de média complexida- referenciamento de serviços que
de) que deverá realizar, obrigatoria- realizem este atendimento – trata-
mente: mento e reabilitação visual para in-
●● Consulta oftalmológica com avalia- divíduos com baixa visão e ceguei-
ção clínica que consiste em: anam ra, que consiste na avaliação clínica,
nese, aferição de acuidade visual, avaliação funcional, prescrição de
refração dinâmica e/ou estática, recursos ópticos e não ópticos e
biomicroscopia do segmento an- demais ajudas técnicas que venham
terior, exame de fundo de olho, a ser regulamentadas.
hipótese diagnóstica e apropriada ●● Assistência Especializada em Trans-
conduta propedêutica e terapêu- plantes Oftalmológicos.
tica. ●● Assistência Especializada em Tumo-
●● Procedimentos de diagnose, tera- res Oftalmológicos.
pia e acompanhamento da patolo- ●● Assistência Especializada em Re-
gia oftalmológica identificada. construção de Cavidade Orbitária.
●● Seguimento ambulatorial pré- ■■ Centro de Referência em Oftalmologia
operatório e pós-operatório, conti- o qual compreende as Unidades de
nuado e específico para os proce- Atenção Especializada em Oftalmolo-
dimentos cirúrgicos, incluindo os gia que cumpram, cumulativamente, 277

CBO-2018 - Miolo.indd 277 29-10-2018 11:28:02


os seguintes critérios e prestem os se- −− atendimento de urgência e
PARTE II  Política Nacional de Atenção à Oftalmologia

guintes serviços assistenciais: emergência em Oftalmologia


●● Ser Hospital de Ensino, certificado em regime de 24h;
pelo Ministério da Saúde e Ministé- −− a totalidade dos procedimentos
rio da Educação. de diagnose, terapia e cirúrgicos
●● Ser, preferencialmente, hospital pú- contidos no Anexo V da Portaria;
blico. −− atenção especializada e integral

●● Participar, de forma articulada e in-


aos pacientes portadores de
Retinopatia da Prematuridade,
tegrada, do sistema local e regional;
atuando nas mais variadas mo-
●● Possuir adequada estrutura geren-
dalidades assistenciais.
cial, capaz de zelar pela eficiência,
eficácia e efetividade das ações
DESAFIOS
prestadas.
●● Subsidiar as ações dos gestores na A PNAO colocou o Brasil na vanguarda
regulação, fiscalização, no controle das reformas em saúde. Cada país é di-
e na avaliação, incluindo estudos ferente. Cada um precisa encontrar o seu
de qualidade e estudos de custo- próprio caminho para a assistência uni-
versal à saúde. No entanto, ainda não se
efetividade.
construiu a Atenção Básica em Oftalmo-
●● Participar dos processos de desen-
logia. Não há como universalizar o Pro-
volvimento profissional em parceria
grama de Atenção Integral à Saúde sem
com o gestor, tendo como base a
a participação da Oftalmologia e dos
Política de Educação Permanente
médicos oftalmologistas. No momen-
para o SUS, do Ministério da Saúde. to atual, o modelo vigente restringe o
●● Garantir a assistência nas seguintes acesso da população à saúde ocular, pois
áreas: esta ainda se encontra longe da porta
−− a totalidade das ações previstas de entrada do sistema, que acontece na
para as Unidades de Atenção Atenção Básica. O grande desafio está na
Básica e as Unidades de Atenção construção da Atenção Básica em Oftal-
Especializada em Oftalmologia; mologia no SUS.10

278

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36 Atenção Básica à Saúde

A SAÚDE NO BRASIL a ABS, como componente-chave do siste-


ma de saúde, teve renovada sua concep-
Antes da instituição do Sistema Único de
ção, do ponto de vista teórico e prático,
Saúde (SUS), a atuação do Ministério da
de forma a nortear o desenvolvimento
Saúde (MS) se resumia às atividades de
dos sistemas de saúde. Ressalta-se que
promoção da saúde e prevenção de do-
o propósito do Plano de Ação Mundial
enças (vacinação), realizadas em caráter
2014-20191 é reduzir a deficiência visual
universal, e à assistência médico-hospita-
evitável, como problema de saúde pública
lar para poucas doenças; servia aos indi-
mundial, e garantir o acesso aos serviços
gentes, ou seja, a quem não tinha acesso
de reabilitação para os deficientes visuais.
ao atendimento pelo Instituto Nacional O propósito do Plano de Ação é alcançar
de Assistência Médica da Previdência So- esse objetivo melhorando o acesso aos
cial (INAMPS). No entanto, todo sistema serviços integrais de atenção oftalmoló-
de serviços de saúde possui duas metas gica que estejam integrados nos sistemas
principais: a primeira é otimizar a saú- de saúde. O Plano se sustenta em cinco
de da população por meio do emprego princípios e enfoques: o acesso universal e
mais avançado do conhecimento sobre a equidade, os direitos humanos, a prática
as causas das enfermidades, manejo das baseada em dados científicos, um enfo-
doenças e maximização da saúde. A se- que baseado na totalidade do ciclo vital,
gunda meta, e igualmente importante, é e a potencialização das pessoas com defi-
minimizar as disparidades entre os grupos ciência visual.
populacionais, de modo que determina- Está escrito na Constituição Federal: “a
dos grupos não estejam em desvantagem saúde é direito de todos e dever do Es-
sistemática em relação ao acesso aos ser- tado”. Esse direito deve ser garantido por
viços de saúde e ao alcance de um ótimo meio da integração de políticas sociais
nível de saúde.11 e econômicas e de um sistema baseado
Para a Organização Pan-Americana de nos princípios da universalidade, integra-
Saúde (OPAS) basear os sistemas de saú- lidade e participação social. Sem medidas
de na Atenção Básica à Saúde (ABS) con- fundamentais, legais e institucionais sobre
siste na melhor abordagem para produzir a questão do subfinanciamento crônico,
melhorias sustentáveis e equitativas nas do baixo percentual do gasto público do
populações das Américas.12 Nesse sentido nosso sistema de saúde, o futuro nos pró-

CBO-2018 - Miolo.indd 279 29-10-2018 11:28:02


ximos dez anos será dramático.13 O Brasil ponto de vista de acesso, deu oportunida-
PARTE II  Política Nacional de Atenção à Oftalmologia

gasta pouco e gasta mal em saúde. E falta de a contingentes imensos da população


gestão. Se o SUS não construir uma Aten- brasileira que não tinham entrada ao sis-
ção Básica em Oftalmologia com a parti- tema de saúde.16 A falta de aportes finan-
cipação dos oftalmologistas, cuja atuação ceiros, recursos humanos, boas relações
contempla resolutividade de 80% a 85%, de trabalho, resolutividade de serviços e
certamente, não conseguirá suprir as ne- acesso tornam o SUS ainda mais desafia-
cessidades mais prementes de saúde ocu- dor. Aos problemas se somam a falta de
lar da população.10 adequações do modelo assistencial – ain-
da voltado à recuperação e reabilitação
O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) em condições agudas, com grande pre-
sença de doenças crônicas – e a grande
A criação do SUS se deu por meio da Lei perda de escala com a descentralização e
no 8.080, de 19 de setembro de 1990, que limitação dos movimentos de gestão.16
“dispõe sobre as condições para a pro- Mesmo com a dimensão que o SUS
moção, proteção e recuperação da saú- apresenta, é impossível pensar em “tudo
de, a organização e o funcionamento dos para todos” quando se fala em saúde. Fal-
serviços correspondentes”. A primeira lei ta gestão: é preciso planejar, tornar o sis-
orgânica do SUS detalha os objetivos e tema mais eficiente. A solução passa pela
atribuições; os princípios e diretrizes; a implantação de redes de saúde articula-
organização, direção e gestão, a compe- das entre os vários níveis de assistência.
tência e atribuições de cada nível (fede- Com um sistema organizado e eficiente,
ral, estadual e municipal); a participação 80% da demanda seriam resolvidas no
complementar do sistema privado; re- atendimento primário. Sistemas de trocas
cursos humanos; financiamento e gestão de informações que auxiliem a tomada de
financeira e planejamento e orçamento. decisões e integre as redes são necessá-
Logo em seguida, a Lei no 8.142, de 28 de rios para agilizar o atendimento e evitar
dezembro de 1990, dispõe sobre a parti- desperdícios. A padronização de proces-
cipação da comunidade na gestão do SUS sos, diminuição de erros e valorização
e sobre as transferências intergoverna- dos recursos humanos viriam com maior
mentais de recursos financeiros. Institui investimento em qualidade e segurança.
os Conselhos de Saúde e confere legiti- Outra vertente importante é a preven-
midade aos organismos de representação ção.17 Levantamento do Banco Nacional
de governos estaduais (CONASS – Conse- de Desenvolvimento (BNDES) mostra que
lho Nacional de Secretários Estaduais de 65% das internações de crianças com me-
Saúde) e municipais (CONASEMS – Con- nos de 10 anos de idade são provocadas
selho Nacional de Secretários Municipais pela deficiência ou inexistência de esgoto
de Saúde). Assim, foi criado o arcabouço e água limpa. Metade da população brasi-
jurídico do SUS, mas novas lutas e apri- leira não tem acesso à coleta de esgoto e
moramentos ainda seriam necessários.14,15 somente 40% dele é tratado.17
O SUS é a maior política pública que Segundo a OMS, para cada US$1 in-
o Brasil já construiu. Do ponto de vista vestido em saneamento básico há uma
280 de inclusão social, nenhuma fez tanto. Do economia de US$4,3 em saúde. A limita-

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ção de gastos públicos acarreta o mérito com as campanhas de vacinação, a as-

Atenção Básica à Saúde


de trazer para a discussão a qualidade sistência farmacêutica, o financiamento
desse gasto. Na saúde, isso aumenta a para transplantes e atuação da vigilância
responsabilidade de empresários e gesto- sanitária. Mais de 160 milhões de brasi-
res em encontrar novas soluções.17 leiros dependem única e exclusivamente
Segundo a Agência Nacional de Saú- do SUS, já que 47,6 milhões têm acesso
de (ANS), a saúde movimenta 9,2% do à saúde suplementar. Dos 6.787 hospitais
Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, ou existentes no país, 70% são privados, fi-
seja, R$448 bilhões. Desse total, o setor lantrópicos ou lucrativos. Dois terços dos
público mobiliza 4,1% do PIB (R$196,9 leitos hospitalares estão na iniciativa pri-
bilhões) divididos pelas esferas Federal vada. Conclui-se, portanto, que o SUS,
(1,8% PIB, R$89,6 bilhões), Estadual (0,9% apesar de público, não é um sistema es-
PIB, R$44,0 bilhões) e Municipal (1,3% PIB, tatal. Para funcionar depende da iniciativa
R$63,3 bilhões). É menos que Argentina privada.19
(4,9%), Reino Unido (7,69%) e EUA (8,22%) Para o ano de 2018, calcula-se que o
e mais do que o Chile (3,53%).17 MS terá um orçamento de aproximada-
A construção do SUS, apesar dos seus mente 119 bilhões. O montante é insufi-
inegáveis avanços, enfrenta muitas dificul- ciente para fazer cumprir o que determina
dades, entre elas estão o subfinanciamen- a Constituição, mas também não se pode
to e as insuficiências da gestão local do deixar de falar da ineficiência do gasto pú-
SUS. Os recursos destinados à operacio- blico, inclusive na área da saúde. É preciso
nalização e financiamento do SUS, ficam ser mais eficiente, fechar os ralos da cor-
muito aquém de suas necessidades. A rupção e combater o mau uso do dinheiro
atualização do financiamento federal se- público. Para alcançar êxito nesse proces-
gundo a variação nominal do PIB não vem so, é necessário organizar a assistência em
sequer acompanhando o crescimento po- rede, que deve ser gerida com meritocra-
pulacional, a inflação na saúde e a incor- cia e utilização plena, almejando um custo
poração de tecnologias. O financiamento menor. É preciso ter um sistema de saúde
do SUS é marcadamente insuficiente, a organizado e descentralizado, com enfo-
ponto de impedir não somente a imple- que preventivo, para evitar duplicidade de
mentação progressiva/incremental do sis- atendimento e desperdício de recursos.
tema, como e principalmente de avançar Grande parte dos municípios brasileiros
na reestruturação do modelo e procedi- (68%) tem menos de 20 mil habitantes,
mentos de gestão em função do cumpri- portanto não consegue oferecer assistên-
mento dos princípios Constitucionais.18 cia integral. Também por essa realidade
Em um país com as dimensões do Bra- demográfica, as redes são a única solução
sil e uma população de 207,7 milhões, é para um atendimento em saúde focado
natural que os números do SUS impres- no paciente e que garanta acesso a todas
sionem. São cerca de 330 mil leitos con- as fases; prevenção, atenção básica, diag-
veniados e realizados, anualmente, mais nóstico, tratamento e reabilitação.19
de 12 bilhões de internações e 4,2 bilhões O SUS denomina como “gestão local” o
de procedimentos ambulatoriais. É preci- conjunto de atividades desenvolvidas pelos
so registrar, também, os avanços obtidos gestores municipais, visando à operacio- 281

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nalização, na prática e em seus contextos No Brasil, a ABS é reconhecida como es-
PARTE II  Política Nacional de Atenção à Oftalmologia

sócio-político-institucionais singulares, das tratégia para organizar o sistema de atenção


grandes diretrizes política do Sistema Úni- à saúde, imprimir-lhe satisfatória qualidade,
co de Saúde. No entanto, a gestão munici- do ponto de vista do acesso, da integralida-
pal dos recursos do SUS vem funcionando de e da resolutividade, em atendimento aos
apenas em parte – sem desconsiderar que princípios doutrinários e organizativos do
os recursos para o SUS são insuficientes. O SUS.20 Os princípios e diretrizes norteado-
subfinanciamento histórico e um conjunto res da ABS encontram-se formalizados na
de omissões de gestores acabaram por tor- Política Nacional de Atenção Básica (PNAB),
nar a saúde a maior preocupação nacional. instituída pela Portaria GM no 248, GM/MS,
Pasme, em 2015, o SUS gastava entre 650 e de 21 de outubro de 2011.22
700 milhões de reais por ano em Oftalmo- Ante a crise do modelo assistencial,
logia, o que dava R$3,00 por pessoa/ano. E a ABS expande-se às maiorias pobres da
esta realidade ainda não mudou.10 população, mas na média nacional esta-
biliza-se na baixa qualidade e resolutivi-
A ATENÇÃO BÁSICA EM dade, não consegue constituir-se na porta
SAÚDE (ABS) de entrada preferencial do sistema, nem
reunir potência transformadora na es-
O papel da ABS e sua centralidade no truturação do novo modelo de atenção
contexto do sistema de atenção à saúde preconizado pelos princípios constitucio-
torna-se mais evidente na medida em nais.18 Os serviços assistenciais de média
que se constata que este nível de atenção e alta complexidade cada vez mais con-
trabalha com problemas comuns, trata gestionados reprimem as ofertas e de-
de doentes com enfermidades agudas e mandas (repressão em regra iatrogênica
crônicas e se responsabiliza pela oferta de e frequentemente letal). Os gestores mu-
ações de caráter promocional e preven- nicipais complementam valores defasados
tivo em saúde.10,20 Para o enfrentamento da tabela do SUS na tentativa de aliviar a
desta realidade, a ABS em suas diversas repressão da demanda, nos serviços as-
concepções, carrega a potencialidade de sistenciais de média e alta complexidade.
trabalhar com equipes que se incubem de Com o enorme crescimento das empresas
resolver problemas de saúde da popula- de planos privados, e consequente agres-
ção sob sua responsabilidade, de forma sividade de captação de clientela, as ca-
humanizada e orientada a partir da rea- madas médias da sociedade, incluindo os
lidade local.20 Não obstante as referências servidores públicos, justificam e reforçam
às ABS é forçoso reconhecer que os pro- sua opção pelos planos privados de saúde.
nunciamentos oficiais propugnem que a As diretrizes da integralidade e equidade
ABS no SUS esteja a cargo da Estratégia pouco ou nada avançam. A judicialização
da Saúde da Família – que três concep- do acesso a procedimentos assistenciais
ções sobre esta se apresentam na prática de médio e alto custo às camadas médio-
social em nosso país: a de ABS como prá- média e médio-alta da população apro-
tica seletiva, como nível primário e como fundam a iniquidade e a fragmentação
estratégia de organização do sistema de do sistema. E conclui: o modelo público
282 Atenção à Saúde.21 de atenção à saúde vai se estabilizando

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em pobre e focalizado aos 80% pobres da pouca flexibilidade de atendimento das

Atenção Básica à Saúde


população, e em saúde complementar e necessidades das pessoas e dificuldade de
menos pobre aos 20% compradores de acesso aos serviços em seus momentos de
planos privados.18 maior necessidade, fazendo aumentar a
A baixa resolutividade da rede bási- demanda desordenada pelos serviços de
ca de serviços montada no país desde a urgência/emergência. Para quem trabalha
década de 1980, mas acelerada nos anos na Estratégia da Saúde da Família (ESF),
1990, é fruto de uma gestão do cuidado tal insuficiência é sentida, principalmente,
desqualificada, em particular pela realiza- quando há necessidade de se acessar os
ção de uma clínica degradada, pela baixa outros níveis de maior complexidade do
capacidade de construção de vínculo e sistema, cuja oferta parece sempre aquém
produção de autonomia dos usuários. Tem das demandas.23
havido grande dificuldade de produção
de alternativas de cuidado ao modelo bio- DESAFIOS
médico e sua poderosa articulação com o
complexo médico-industrial e acelerado A oferta de serviços de saúde deve-se
processo de incorporação tecnológica. fazer acompanhar de equidade e quali-
Isso tem resultado em encaminhamentos dade, de maneira a atender às necessida-
desnecessários e excessivos, e alimenta des sanitárias da população. O Brasil só
as filas de espera em todos os serviços conseguirá suprir as necessidades mais
de média e alta complexidade, além de prementes de saúde ocular da população
resultar na fragmentação dos cuidados com a expansão dos serviços integrais e
prestados; na repetição desnecessária de integrados de atenção oftalmológica. A
meios complementares de diagnóstico e resolutividade do serviço oftalmológico
terapêutica; numa perigosa poliprescrição em consultório simples é de 85,9%, nele
medicamentosa; na confusão e isolamen- é realizado o exame de refração e a pre-
to dos doentes, e inclusive na perda de venção às principais causas de cegueira e
motivação para o trabalho por parte dos deficiência visual.10 A aproximação da Of-
clínicos da rede básica. Para esses autores, talmologia da Atenção Básica é importan-
os modelos assistenciais e consequen- te para a construção de Rede de Atenção
tes modos de organização de processos em Oftalmologia, interligando a Atenção
de trabalho adotados na rede básica de Primária aos níveis mais complexos de
saúde têm resultado, quase sempre, em atendimento oftalmológico.

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37 Atenção Básica em Oftalmologia

A OFTALMOLOGIA FORA DA determinantes e condicionantes de saúde


ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE das coletividades.8
Por meio da PNAO8 o MS vem pro-
O princípio da hierarquização do SUS
movendo ações para ampliar o acesso
procura garantir ao cidadão o acesso aos
populacional ao atendimento médico.
serviços do sistema público de saúde,
Centrada na Estratégia de Saúde da Famí-
desde o mais simples até o mais comple-
lia, a Política Nacional de Atenção Básica
xo. Mas para que este sistema funcione,
(PNAB)21 articula processos e programas
o acesso à ABS deve ser mais amplo, se
para ofertar uma assistência global ao
comparado aos outros níveis mais com-
cidadão brasileiro. Presentes em 5.357
plexos, além de ter resolutividade e qua- municípios do Brasil, em um quantitativo
lidade. As políticas desenvolvidas na área estimado em 36.206 equipes cadastradas
da saúde, geralmente, colocam o servi- (março de 2014), os grupos de trabalho
ço oftalmológico em níveis secundário de Saúde da Família são compostos, mi-
e terciário de complexidade, focados na nimamente, por um médico (generalista
resolução de afecções prevalentes, dei- ou especialista em Medicina de Família),
xando de lado a promoção da saúde e um enfermeiro e agentes comunitários de
prevenção de doenças, que são vocação saúde. Respondem por uma área sanitária
da atenção primária.10 de 3.000 a 4.000 habitantes, sendo a pri-
meira fonte provedora de saúde para esta
população. Os Núcleos de Apoio à Saúde
A OFTALMOLOGIA INSERIDA NA
da Família (NASF) têm o objetivo de am-
ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE
pliar a abrangência e o escopo das ações
O MS caracteriza a ABS como um conjunto da atenção básica, bem como a sua reso-
de ações de saúde, no âmbito individual e lubilidade. O NASF permitiu a inserção de
coletivo, que abrange a promoção e a pro- novos profissionais de saúde no contexto
teção da saúde, a prevenção de agravos, o da Atenção Básica à saúde. Foram agrega-
diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, dos ao NASF assistente social, educador
a redução de danos e a manutenção da físico, psicólogo, nutricionista, terapeuta
saúde com o objetivo de desenvolver uma ocupacional, fonoaudiólogo, farmacêuti-
atenção integral que impacte na situação co, fisioterapeuta, médico pediatra, gine-
de saúde e autonomia das pessoas e nos cologista, obstetra, acupunturista, home-

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opata, psiquiatra e médico do trabalho. gor.8 Amparados pelas ações da Secretaria
PARTE II  Política Nacional de Atenção à Oftalmologia

Cada NASF apoia as ações de três a 15 de Atenção à Saúde (SAS) do MS, sob a
equipes da Saúde da Família (dependen- Coordenação de Média e Alta Comple-
do se NASF tipo 1 ou 2). xidade do Departamento de Atenção à
A PNAB articula outras iniciativas do Saúde (DAS), todos os procedimentos de
MS com a Estratégia de Saúde da Família. Oftalmologia previstos pelo Ministério da
Assim, a Estratégia apoia programas como Saúde encontram-se na tabela do SIG-TAP
o “Saúde na Escola” e o “Academia da (Sistema de Gerenciamento da Tabela de
Saúde”, entre outros. A Atenção à Saúde Procedimentos).22 Passados dez anos des-
Ocular não está, ainda, inserida de forma te documento, urge uma regulamentação
permanente na Atenção Básica, sendo ge- que preveja uma Atenção Básica em Of-
rida, no âmbito do MS, pela Coordenação talmologia que seja ampla, resolutiva e
de Média e Alta Complexidade. de qualidade. Cabe, ainda, a introdução
Há, entretanto, uma série de ações de iniciativas de telemedicina – teleoftal-
de cuidados oculares que podem ser in- mologia – que tenham capacidade para
seridos na Atenção Básica e que permi- ampliar a telepresença de oftalmologis-
tem uma ampliação das ações propostas tas especialistas, aproximando-os de ge-
pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia neralistas e outros médicos especialistas
(CBO), em prol da saúde ocular da popu- (pediatras, geriatras e endocrinologistas,
lação brasileira.10 O CBO vê na inserção do por exemplo), evitando encaminhamen-
médico oftalmologista como membro do tos desnecessários e otimizando recursos
NASF uma real possibilidade de se articu- humanos e financeiros.9
lar uma ampliação da oferta de consultas Os médicos oftalmologistas brasileiros
oftalmológicas, com exame de refração sempre foram conscientes do seu papel
e prevenção às principais causas de ce- social e, como o profissional apto a desen-
gueira e deficiência visual (erros refrativos, volver todas as ações de cuidado à saúde
glaucoma, retinopatia diabética, catarata, ocular da população brasileira dispõe-se a
degeneração macular relacionada com a enfrentar, como um todo o desafio de se
idade, além de diversas causas de ceguei- estender o acesso à consulta oftalmológi-
ra e deficiência visual na infância), além de ca completa a todos os que dela deman-
educação continuada para os membros darem.
da equipe de Saúde da Família, como os O Programa “Olhar Brasil” trouxe uma
agentes comunitários de saúde, no acom- estruturação necessária ao atendimen-
panhamento dos tratamentos prescritos, to oftalmológico, principalmente para os
na orientação da forma correta de se ins- escolares, representando um avanço na
tilar colírios, higiene ocular e cuidados bá- qualidade do atendimento em larga esca-
sicos. Esta inserção permitirá, ainda, apoio la inaugurado pelas diversas campanhas
às ações do Programa Saúde na Escola, desenvolvidas pelo CBO como “Veja Bem
que contempla em suas atividades aferi- Brasil” e “Olho no Olho”.24 Essa experiência
ção da acuidade visual e consultas para os de sucesso poderia transformar-se em um
alunos da rede pública de ensino.10 modelo para o desenvolvimento de uma
Em maio de 2008, foram publicadas Atenção Básica em Oftalmologia ampla
as Portarias que regem a PNAO, em vi- com acesso a toda população. Um Progra-
286

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ma de Atenção Básica em Oftalmologia de média e alta complexidade, mas evi-

Atenção Básica em Oftalmologia


ainda falta ser construído. Como no exem- dentemente também afetam a Atenção
plo do Programa “Olhar Brasil”, a própria Básica. Para oferecer uma solução eco-
escola, já se constituindo em um núcleo nomicamente viável para as dificuldades
comunitário de referência para a popula- presentes (a Oftalmologia conta hoje com
ção, poderia abrigar um consultório of- um arsenal tecnológico que possibilita o
talmológico para atendimento de toda a estabelecimento de diagnóstico em fases
população, e não apenas dos escolares.10 iniciais de doenças oculares que outrora
O CBO atualizou, em 2014, o seu cen- levavam à cegueira, mas esse arsenal re-
so de profissionais atuantes na especiali- quer investimentos incompatíveis com
dade, considerando não apenas a quan- localidades remotas), é possível utilizar-
tidade de médicos oftalmologistas, mas, se também de recursos tecnológicos que
também, sua distribuição geográfica pelo possam oferecer suporte à formação e ao
território brasileiro.25 Nas Regiões Sul, aperfeiçoamento de médicos oftalmo-
Centro-Oeste e Nordeste, a proporção of- logistas e também dos integrantes das
talmologista/habitantes alcança e supera equipes da Saúde da Família.10
a relação de 1:17.000 preconizada pela
Organização Mundial de Saúde (OMS). A DESAFIOS
Região Norte conta apenas com um of- A Atenção Básica em Oftalmologia ainda
talmologista para cada 30.491 habitantes. não foi construída. A necessidade de am-
O Censo 2014 mostra a distribuição dos pliar o acesso à saúde ocular de qualidade
oftalmologistas por grupos de municípios ofereceu ao CBO excelente oportunidade
ou Regiões de Assistência à Saúde (RAS): para repensar o sistema público de saú-
das 439 RAS, 82,5% contam com atendi- de ocular do País e propor ao MS ações
mento oftalmológico regular em pelo me- para a sua melhoria (Projeto Mais Aces-
nos um dos municípios que as compõem. so à Saúde Ocular).10 A sustentabilidade,
Estas informações serão úteis para o MS a qualidade do sistema de saúde ocular
avaliar, planejar e orientar os médicos e e a inserção do médico oftalmologista na
gestores de saúde e parlamentares na for- Atenção Básica motivaram o CBO a acom-
mulação de políticas públicas e na tomada panhar a elaboração pelo MS do “novo
de decisões em investimentos privados e SUS” na área da Oftalmologia. Com o do-
governamentais. cumento em tela, o CBO sinalizou ao MS
O Censo CBO 2014 mostrou que há como incorporar inovação científica e tec-
vazios assistenciais que precisam ser pre- nológica ao SUS para vencer o desafio de
enchidos, para que se garanta o direito da oferecer aos brasileiros assistência médica
população ao acesso aos cuidados com oftalmológica resolutiva a partir da ABS.
a saúde.26 As condições sociais e econô- Não há como imaginar ações básicas de
micas de regiões mais distantes de nosso saúde ocular no SUS sem a participação
país prejudicam a implantação de serviços do médico oftalmologista.

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38 Redes de Atenção em Oftalmologia

REDES DE ATENÇÃO EM Saúde. Cada Região de Saúde corresponde


OFTALMOLOGIA a um espaço geográfico contínuo consti-
tuído por agrupamentos de municípios
A Portaria 288 da PNAO8 também definiu
limítrofes, delimitado a partir de identida-
a composição das redes estaduais e regio-
des culturais, econômicas e sociais e de
nais, formadas por Unidades de Atenção
redes de comunicação e infraestrutura de
Especializada em Oftalmologia e Centros
transportes compartilhados, com a finali-
de Referência em Oftalmologia. Estabele-
dade de integrar a organização, o plane-
ceu que as secretarias de saúde dos Esta-
jamento e a execução de ações e serviços
dos e do Distrito Federal devem confor-
de saúde.26 As Redes de Atenção à Saúde
mar suas respectivas Redes de Atenção em
estão compreendidas no âmbito de uma
Oftalmologia, credenciar as Unidades de
Região de Saúde ou de várias delas, em
Atenção Especializada em Oftalmologia e
consonância com diretrizes pactuadas em
os Centros de Referência em Oftalmolo-
comissões específicas intergestoras.27 As
gia, estabelecer os fluxos assistenciais, os
Redes de Atenção em Saúde têm como
mecanismos de referência de pacientes e
objetivo promover a integração sistêmica,
construir a articulação assistencial entre
de ações e serviços de saúde com provisão
os serviços levando em conta a população
de atenção contínua, integral, de qualida-
a ser atendida, a necessidade de cober-
de, responsável e humanizada, bem como
tura, a capacidade técnica e operacional
incrementar o desempenho do sistema em
dos serviços e a série histórica de atendi- termos de acesso, equidade, eficácia clínica
mentos, entre outros critérios. Os Centros e sanitária; e eficiência econômica.27
de Referência em Oftalmologia devem ser
hospitais de ensino, certificados pelos mi-
REGIÕES DE SAÚDE E REDES
nistérios da Saúde e da Educação e, entre
REGIONALIZADAS DE ATENÇÃO À
outras condições, estarem capacitados
para realizar todos os procedimentos of-
SAÚDE
talmológicos elencados pela SAS. No Estado de São Paulo foram instituídas
A estruturação de Redes de Atenção à 64 Regiões de Saúde com seus respecti-
Saúde orientadas a partir da ABS é uma vos Colegiados de Gestão Regionais (Fi-
importante estratégia para o aperfeiçoa- gura 39.1) e criadas 17 Redes Regionali-
mento do funcionamento das Regiões de zadas de Atenção à Saúde (Figura 39.2).28

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PARTE II  Política Nacional de Atenção à Oftalmologia

290

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Figura 39.1 Mapa do Estado de São Paulo com divisão geográfica das Regiões de Saúde, 2012.
Fonte: www.saude.sp.gov.br/perfil/gestor/mapas.28

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Figura 39.2 Mapa do Estado de São Paulo com divisão geográfica das Redes Regionalizadas de Atenção à Saúde, 2012.
Fonte: www.saude.sp.gov.br/perfil/gestor/mapas.28

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Redes de Atenção em Oftalmologia

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Oliveira28 realizou estudo para avaliar existe para o agendamento de consultas.
PARTE II  Política Nacional de Atenção à Oftalmologia

e caracterizar o modelo de atenção em A região apresenta requisitos necessários


saúde ocular em municípios da região de para a construção da rede temática de of-
Campinas de acordo com a organização talmologia, mas que precisam ser revistos
do SUS, e oferecer subsídios para a con- e planejados.
figuração da rede temática regionalizada
de atenção à saúde em oftalmologia. A DESAFIOS
região avaliada tem uma população de
Quem procura um serviço de saúde me-
4.805.691 de habitantes. O estudo mos-
rece ser atendido com respeito, dignidade
trou que dos 62 municípios da região es-
e acolhimento. Cabe aos gestores garantir
tudada, 48 têm serviço de atendimento
o acesso, melhorar a qualidade dos ser-
em Oftalmologia no próprio município.
Existem instituições prestadoras de servi- viços e resolver os problemas de saúde
ços de saúde ocular, de maior complexi- do usuário. Para o cidadão não importa
dade, para referência de pacientes de of- a natureza jurídica do serviço. Ele quer
talmologia: AME, Hospitais Filantrópicos, simplesmente ser atendido e ter seu pro-
Hospitais Universitários. Alguns municí- blema resolvido. É preciso fomentar uma
pios fazem parte de consórcios regionais maior integração entre público e privado,
de saúde, que contemplam o atendimento utilizando a melhor expertise de ambos,
em oftalmologia. Existem grandes filas de seja em tecnologias ou novos modelos de
espera para consultas de oftalmologia em gestão.19
ambas as regiões regionalizadas de assis- Para Oliveira27 é necessário o aperfei-
tência à saúde (RRAS), 15 e 16, e há filas çoamento do sistema de informações no
de espera de pacientes para cirurgias de SUS em relação às características dos ser-
catarata. Poucos municípios têm centro ci- viços nas diversas áreas, comum ao país
rúrgico para procedimentos de oftalmolo- todo, mas respeitando-se as realidades
gia. Não há atendimento de urgência em regionais, e com controle de qualidade do
oftalmologia na maioria dos municípios e que é executado. É fundamental a revisão
não há pactuação de atendimento com os da capacidade instalada de recursos hu-
centros de referência para o recebimen- manos e estrutura física e redistribuição
to desses pacientes. Não há informações do financiamento orientado segundo as
sobre o atendimento dos casos de retina. necessidades regionais. Sabe-se que os
Há poucos centros com capacidade de recursos são escassos e não há “dinheiro
atendimento desses casos, e a dificulda- novo” na saúde. O planejamento da aten-
de do referenciamento desses pacientes é ção a partir de informações melhora a uti-
importante dificuldade no sistema de saú- lização desses recursos. A implantação do
de regional. A maioria dos municípios tem sistema de referência e contrarreferência,
programa de assistência farmacêutica or- de protocolos de regulação e de protoco-
ganizado para o tratamento do glaucoma. los clínicos de atendimento são as primei-
Não há protocolos clínicos de atendimen- ras ações a serem desenvolvidas, pois são
to em oftalmologia e o sistema de refe- condições “pétreas” para a construção da
rência e contrarreferência de pacientes só rede.
292

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Atenção de Média e Alta
39 Complexidade em Oftalmologia

ATENÇÃO DE MÉDIA Atuam também em nível secundário


COMPLEXIDADE os consultórios oftalmológicos, satéli-
tes do centro de referência regional, que
A atenção de média complexidade (se-
diferem dos hospitais de olhos por não
cundária) compreende ações e serviços
realizarem exames mais sofisticados e ci-
ambulatoriais e hospitalares que visam
rurgias.29 Estes modelos devem-se dispor
a atender aos principais problemas da de uma forma hierárquica, onde o mode-
saúde da população cuja prática e clíni- lo com menor recurso diagnóstico e pre-
ca demandem a disponibilidade de pro- ventivo refere à demanda não resolvida
fissionais especializados e a utilização para os centros regionais e estaduais de
de recursos tecnológicos de apoio diag- saúde ocular, constituindo uma rede local
nóstico e terapêutico que não justifique de referência e contrarreferência que tem
a sua oferta em todos os municípios do como objetivo elevar o nível de resolução
país. no sistema.30
A OMS define os serviços de atenção A Região Regionalizada de Assistência
secundária em oftalmologia como centros à Saúde 15 (RRAS) localiza-se na macror-
distritais ou regionais de saúde, preferen- região centro-leste do Estado de São Pau-
cialmente integrados à infraestrutura de lo, na área do Departamento Regional de
saúde geral já existente, tendo por obje- Saúde de São João da Boa Vista (XIV) e de
tivo o tratamento definitivo dos transtor- parte do Departamento Regional de Saúde
nos mais comuns causadores de cegueira. de Campinas (VII), com 42 municípios
Destaca a importância da atuação conjun- agregados em cinco diferentes Regiões de
ta com os agentes de saúde de atenção Saúde, abrangendo uma população total
primária, para o adequado encaminha- de 3.577.072 habitantes.28 Quarenta e dois
mento dos pacientes e para o treinamento tipos de instituições atendem a Oftalmo-
e supervisão daqueles. Isto porque para a logia na RRAS 15, sendo duas Unidades
OMS a atuação do médico oftalmologista Básicas de Saúde (4,8%); 18 ambulatórios
em uma demanda espontânea ou então de especialidade – próprios (42,8%); um
sobre uma demanda referida pelos servi- hospital (2,4%); duas AME (4,8%); 3 servi-
ços de primeira linha, deve ocorrer após ços particulares contratados (7,1%), qua-
a avaliação do médico generalista ou do tro outros (9,5%) e 12 associações de dois
agente de saúde.1 ou mais tipos (28,6%).28 A representação

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do fluxo de referência de pacientes dos plexidade do Estado de acordo com o
PARTE II  Política Nacional de Atenção à Oftalmologia

municípios que integram a RRAS 15 para vínculo do estabelecimento e a modalida-


as instituições prestadoras de serviços de de de gestão.29 Este modelo, disposto de
maior complexidade está na Figura 40.1.28 uma forma hierárquica, onde a instituição
Os municípios destacados na cor branca com menor recurso diagnóstico e preven-
não têm atendimento em Oftalmologia. tivo refere a demanda não resolvida para
os centros regionais e estaduais de saúde
ATENÇÃO DE ALTA COMPLEXIDADE ocular, constituindo uma rede local de re-
ferência e contrarreferência e, assim, ele-
É composta por procedimentos que exi-
vam o nível de resolução no sistema.8
gem a incorporação de altas tecnologias e
alto custo, não sendo ofertadas por todas
as unidades da federação. Um exemplo,
DESAFIOS
o Centro de referência em Saúde Ensino Constatam-se dificuldades importantes
e Pesquisa/CRESEP – Hospital de Olhos no acesso aos serviços de atenção secun-
– Município de Araraquara/SP por meio dária em oftalmologia em todo o país.
da Portaria no 1.509, de 26 de outubro de Verifica-se maior concentração deles nas
2016, considerando-se a Portaria no 957/ regiões metropolitanas e municípios de
SAS/MS, de 15 de maio de 2008, que ins- grande porte. A PNAO regulamentada por
tituiu a PNAO é habilitado pelo MS como meio de duas portarias deveria organizar
Unidade de Atenção Especializada em Alta a atenção básica, a atenção especializada
Complexidade Oftalmologia. O custeio do e as redes de atenção especializada em
impacto financeiro gerado por esta habi- Oftalmologia. A rede de atenção especia-
litação correrá por conta do orçamento lizada em Oftalmologia não está implan-
do Ministério da Saúde. Os recursos serão tada segundo o modelo e as diretrizes
alocados ao teto de Média e Alta Com- propostas.28

294

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CBO-2018 - Miolo.indd 295
Figura 40.1 Representação do fluxo de referência de pacientes dos municípios para as instituições prestadoras de serviços de maior complexidade, RRAS 15,
2012.28

295
Atenção de Média e Alta Complexidade em Oftalmologia

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Programas de Combate às Causas
40 Prevalentes de Baixa Visão e
Cegueira

O CBO entende que este é o caminho para -benefício é o uso de unidades móveis
acolher a população brasileira em um dos (ônibus ou barcos) equipadas para exame
seus mais fundamentais direitos constitu- refracional, uma vez que a contratação de
cionais, a saúde. mão de obra e a aquisição dos consultó-
rios oftalmológicos que ficarão pouco uti-
PROGRAMA CBO DE EXPANSÃO lizados representam custos demais.
DO EXAME DE REFRAÇÃO OCULAR Nos casos dos escolares, aumentar a
NO SUS abrangência do Programa Olhar Brasil,
com o exame realizado nas escolas é o
No dia 06 de fevereiro de 2015, atenden- melhor meio de atingir esta faixa etária.
do solicitação da Coordenação de Média e O universo que necessita de correção
Alta Complexidade da Secretária de Aten- óptica, segundo Ferraz (2013), é cerca de
ção à Saúde do Ministério da Saúde o CBO 30% da população. Assim a quantidade
enviou cinco estratégias para a expansão de pessoas que necessitam de receita de
do exame da refração ocular no SUS. Na óculos no Brasil seria de aproximadamente
elaboração das propostas foi considerado 60 milhões. Como a OMS preconiza uma
que: avaliação oftalmológica a cada 2-3 anos,
Os erros de refração estão entre as isto representaria 20 milhões de receitas
cinco prioridades da OMS no combate à de óculos por ano. Deste número, caberia
disfunção visual no mundo. ao SUS 3/4 ou 15 milhões de receitas de
No Brasil, os erros de refração são im- óculos por ano. A oferta de óculos padro-
portante causa de deficiência visual. Além nizados, com a aproximação da correção
disso, o tratamento dos erros de refração óptica pelo equivalente esférico, para os
é de alta eficiência e relativo baixo custo, portadores de astigmatismo igual ou me-
quando comparado com as perdas sociais nor que 1,00DC, é um meio de ter correção
e laborais deles decorrentes. óptica de baixo custo em larga escala.
A estratégia para pequenos municí- Para as grandes cidades, a melhor es-
pios, considerando-se o melhor custo- tratégia é ter Unidades Fixas Oftalmológi-

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cas de alto fluxo para exame de refração, ção, cuja correção demandar lentes cilín-
PARTE II  Política Nacional de Atenção à Oftalmologia

tendo em vista que a grande e maciça de- dricas ou esferocilíndricas igual ou maior
manda em oftalmologia é o exame refra- que ±1,00 DC, receberão posteriormente
cional. os seus óculos. Estima-se que entre 80% e
90% dos alunos poderão receber os seus
NA ESCOLA óculos no momento de sua prescrição.
São dados relevantes:
Os alunos matriculados na rede públi-
■■ 20% das crianças em idade escolar
ca de Ensino fundamental (1a a 8a série),
apresentam algum problema oftalmo-
previamente identificados pelos seus pro-
lógico; em cada 1.000 escolares, 100
fessores com problemas visuais (teste de
são portadores de erros de refração
acuidade visual – TAV) constituem a po-
– 5% delas apresentam redução de
pulação alvo. Uma vez identificada a ne-
acuidade visual para menos de 50%
cessidade de uso de óculos, a prescrição,
de visão normal – 95% dos problemas
o aviamento e o seu fornecimento ocor-
oftalmológicos podem ser evitados ou
rerão no mesmo momento da consulta
minorados com promoção de saúde e
oftalmológica (armação e lentes prontas).
assistência.
Alunos identificados com outros proble-
■■ Prevalência de erro de refração na faixa
mas oftalmológicos terão a garantia de
etária de 7 a 14 anos necessitando cor-
referência para referência para serviços
reção óptica: 10%.
especializados em Oftalmologia no âm-
■■ Estimativa do número de atendimen-
bito do SUS. Uma equipe multidisciplinar
tos de escolares na escola: de cada
(médico oftalmologista, agente de saúde
1.000 escolares submetidos à TAV pelo
e óptico) com equipamento acomodado
professor. 150 escolares são triados
em mala ou mochila percorrerá as escolas
para exame oftalmológico completo. A
e nelas examinará os escolares, prescre-
avaliação prescrição dos óculos e avia-
verá e entregará os óculos prescritos sem
mento dos óculos pelo óptico utilizan-
demora. Assim, estará sendo construída a
do armações e lentes prontas ((???)%
Atenção Primária em Oftalmologia, com
das prescrições poderão ocorrer dessa
a missão de buscar o aprimoramento da
forma) representarão o trabalho reali-
saúde ocular da população. Esse Programa
zado por uma equipe em 1 dia.
aumentará a abrangência do Programa
Olhar Brasil, principalmente nas regiões
EM UNIDADES OFTALMOLÓGICAS
carentes de infraestrutura de profissio-
nais. A triagem visual, o exame oftalmoló-
MÓVEIS EM MUNICÍPIOS COM
gico e o aviamento e entrega dos óculos MENOS DE 50 MIL HABITANTES
subsequente à prescrição ocorrerão na Nenhum país do mundo dispõe de re-
própria escola evitando a necessidade de cursos suficientes para serem aplicados
transporte. Com a prescrição, montagem em todas as demandas da área de saúde.
e entrega dos óculos de imediato, evita- Um dos princípios básicos de economia
se a demora no recebimento dos óculos em saúde pública é o de adotar medidas
pelo escolar e a falta de conferência. Os personalizadas que propiciem redução de
298 escolares que apresentarem erro de refra- custos sem que ocorram impactos nega-

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tivos nos níveis de saúde. Equipamentos EM UNIDADES OFTALMOLÓGICAS

Programas de Combate às Causas Prevalentes de Baixa Visão e Cegueira


oftalmológicos são caros. Não se pode ter PERMANENTES EM MUNICÍPIOS
e não há necessidade de se ter um con- COM MAIS DE 50 MIL HABITANTES
sultório oftalmológico por UBS. Levando-
As Unidades Oftalmológicas de Alto Fluxo
se em conta que o Brasil possui 5.500 mu-
devem incorporar o modelo de atendimen-
nicípios e que o número de habitantes é
to oftalmológico dos mutirões, ou seja, uma
variável, são necessárias soluções apro-
linha de montagem com equipamentos ali-
priadas para diferentes realidades.
nhados para facilitar a realização das diver-
Para municípios pequenos, em espe-
sas etapas do exame ocular do paciente.
cial os menores que 20 mil habitantes
Estas Unidades podem ser inseridas em
(3.875 municípios), a assistência oftalmo-
Unidades de Pronto Atendimento de Espe-
lógica pode ser feita por Unidades Móveis
cialidades ou em Unidades de Poupa Tempo
equipadas para o atendimento de exame
(aqui para lembrar o modelo de alto fluxo
refracional. As unidades móveis já são uti-
de atendimento destas unidades em que,
lizadas em diversos países. A experiência
por exemplo, as pessoas fazem a renovação
do uso de consultórios móveis do Hospi-
da CNH). A planta física deve disponibilizar
tal das Clínicas da Faculdade de Medicina
área de espera, com cadeiras; sala para di-
de Botucatu é muito bem-sucedida em
latação de pupila; sala com equipamentos
alto fluxo de atendimento.
alinhados, para facilitar a locomoção do pa-
A equipe da Unidade Móvel é forma-
ciente (por exemplo, do autorrefrator para o
da por uma coordenadora (responsável
tonômetro pneumático, lâmpada de fenda,
pelos contatos com os municípios, for-
refrator manual de Greens e oftalmoscó-
mação da equipe de trabalho de cada
pio). Outros equipamentos do consultório
viagem e checagem dos equipamentos,
oftalmológico básico: tabela AV, lensôme-
receituários e tudo o mais que for neces-
tro, autorrefrator, tonômetro pneumático,
sário); suporte (quatro ou cinco pessoas
lâmpada de fenda, cadeira, coluna e refrator
que organizam a fila, instilam os colírios,
de Greens. Cada equipe deverá ser forma-
auxiliam na tomada da acuidade visual e
da por dois médicos oftalmologistas, cinco
explicam o teor das receitas); equipe mé-
agentes de saúde e um óptico (com arma-
dica (três médicos residentes ou alunos
ções e lentes prontas) para aviamento dos
de especialização em Oftalmologia e um
óculos para pronta entrega). Cada Equipe
professor de Oftalmologia) e mobilidade poderá realizar 10 exames de triagem ocular
(um motorista). por hora e encaminhar para Atenção Espe-
Os resultados obtidos em um consul- cializada os casos necessários.
tório equipado e instalado em um veículo
(ônibus) mostram que, com apenas dois
POLÍTICA NACIONAL DE
dias de atendimento por semestre, é pos-
PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS
sível suprir a demanda por oftalmologis-
ELETIVOS DE MÉDIA
tas de uma cidade com até 10 mil habitan-
tes. Se ampliado o período para três dias
COMPLEXIDADE
a cada semestre, pode-se sanar a fila nos A Portaria 957 do MS instituiu a PNAO e
municípios com 15 mil habitantes. a Portaria 958, ambas publicadas no dia 299

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16 de maio de 2008, redefiniram a Políti- de eficácia, ainda que tenham remédios
PARTE II  Política Nacional de Atenção à Oftalmologia

ca Nacional de Procedimentos Cirúrgicos sobre a forma de colírios vendidos em


Eletivos de Média Complexidade.8 farmácias.31,32 O idoso com baixa visão
Os procedimentos contemplados no por catarata perde autonomia em diver-
programa foram: facoemulsificação com sas atividades; sua autoestima é baixa e
implante de lente intraocular rígida; faco- está exageradamente predisposto a que-
emulsificação com implante de lente intra- das. O exame oftalmológico de rotina, a
ocular dobrável; facectomia com implante correção dos erros de refração e cirurgia
de lente intraocular; fotocoagulação a la- de catarata, melhoram a qualidade de
ser; capsulotomia Yag-laser; iridotomia a vida.33 De todas as intervenções de saúde,
laser; fototrabeculoplastia a laser; panfo- a cirurgia de catarata é uma das melho-
tocoagulação retiniana a laser; vitrectomia res na relação custo-benefício. A cirurgia
posterior; implante de prótese antiglauco- de catarata apresenta alta eficiência, alto
matosa; tratamento cirúrgico do glauco- custo-benefício no tratamento da doença
ma congênito; vitrectomia posterior com e na reabilitação visual da pessoa e ofe-
infusão de perfluorcarbono e endolaser; rece grande impacto para a sociedade, o
vitrectomia posterior com infusão de óleo que incentivou o Banco Mundial e outras
de silicone e endolaser e termoterapia instituições internacionais a priorizarem o
transpupilar. A redefinição da política de financiamento para a realização de pro-
cirurgias eletivas, na parte da assistência gramas de tratamento de catarata em paí
oftalmológica, foi muito importante por- ses em desenvolvimento.34
que abriu caminho para o estabelecimen- O Brasil realizava 65 mil cirurgias de
to de atuações amplas de caráter nacional catarata por ano, na década de 1980. Para
para enfrentar essas doenças. resolver o problema do acúmulo dos ca-
sos não operados foram instituídos pro-
PROGRAMA DE COMBATE ÀS gramas de mutirões de catarata para di-
CAUSAS PREVALENTES DE minuir a demanda reprimida.35
CEGUEIRA É importante que percebamos a mag-
nitude do SUS: mais de seis bilhões de
As portarias 957 e 958 do MS, ainda, pre- atendimentos ambulatoriais por ano. Em
sentearam a Oftalmologia com o Progra- 2007 foram oito milhões e 16 mil consul-
ma de Combate às Causas Prevalentes tas oftalmológicas pelo SUS, em 2014, 8
de cegueira definindo quatro patologias milhões e 200 mil consultas, aumento de
como prioritárias: Catarata; Glaucoma; Re- 1%. O número de médicos oftalmologistas
tinopatia Diabética e Degeneração Macu- que entraram no mercado de trabalho é
lar Relacionada com a Idade.8 muito maior que isto. O MS tem que rever
o credenciamento de médicos oftalmolo-
Catarata gistas pelo SUS. Precisamos da incorpora-
A catarata representa cerca de 48% dos ção da Oftalmologia na ABS, seja criando
casos de deficiência visual no mundo, ações coordenadas com as Equipes de
sendo uma causa recuperável por meio Saúde da Família e com implantação de
de cirurgia. Não existem tratamentos clí- tecnologia que permita que isto aconteça
nicos que tenham comprovação científica de forma mais integral.36
300

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Em 06 de fevereiro de 2006 o MS rede- estratégia para enfrentar o problema.37

Programas de Combate às Causas Prevalentes de Baixa Visão e Cegueira


finiu a Política Nacional de Procedimentos Atualmente, vários programas públicos
Cirúrgicos Eletivos de Média Complexida- voltados para a cirurgia de catarata estão
de (Portaria GM/MS no 252)37 com o prin- sendo implementados fora de licitação,
cipal objetivo de estruturar uma rede de por grupos privados, muitos utilizando
serviços regionalizados e hierarquizados unidades de centro cirúrgico móvel e ne-
que garantisse a integridade e melhoria do gociando com os gestores um valor mí-
acesso dos usuários ao atendimento espe- nimo que contempla quotas contendo
cializado em média complexidade do SUS. milhares de cirurgias.38 A qualidade desta
A verba do SUS passou de R$1,00 (2004) estratégia está repercutindo cotidiana-
para R$2,25 (2006) per capita por ano e mente em páginas policiais dos jornais de
procurou-se estabelecer mecanismos mais circulação nacional.
eficientes de controle de recursos repassa- Estima-se que adotando-se o corte de
dos às Secretarias de Saúde. O MS gastou acuidade visual corrigida de 0,5 ou me-
com Oftalmologia R$185 milhões (2004), nos, seriam necessárias 5 mil cirurgias por
R$400 milhões (2006) e entre R$650 e milhão de habitantes (CSR 5,0) e o Brasil
R$700 milhões (2015). O que dá, hoje, cer- requereria 900 mil cirurgias/ano, das quais
600 mil pelo SUS e as demais pelo sistema
ca de R$3,30 por pessoa por ano.37
privado de saúde que inclui os seguros de
Em 2002 operavam-se 331 mil catara-
saúde, empresas de medicina de grupo,
tas por ano pelo SUS; em 2007 este nú-
cooperativas médicas e planos de saúde
mero caiu para 247 mil e em 2014, esse de autogestão. A expectativa da Agência
número subiu para mais de 520 mil cirur- de Prevenção da Cegueira (IAPB) é de 3
gias de catarata, um aumento de 111%. A mil cirurgias por milhão de habitantes
revisão de valores da tabela de honorários (CSR 3,0) para evitar acúmulo significativo
tornou-se crucial. Entre maio de 2008 e da demanda reprimida.39 Mesmo para o
abril de 2015, a inflação foi de cerca de Brasil atingir esta taxa é necessário atuali-
50%, o aumento do salário mínimo girou zar a tabela de honorários do SUS e tornar
em torno de 90% e a tabela SUS continuou realidade o credenciamento universal do
sendo absolutamente a mesma. O MS pa- médico oftalmologista no SUS.
gava por consulta oftalmológica em 2015
os mesmo R$10,00 que pagava em 2008.36 Desafios
Definitivamente, precisamos de uma nova Atendimento na Atenção Básica com iden-
Política Nacional de Procedimentos Cirúr- tificação de queixas de turvação visual,
gicos Eletivos de Média Complexidade. “fantasmas nas imagens”, ofuscamento,
A despeito da evidência clínica de- diplopia monocular, redução da percep-
monstrada por estudos epidemiológicos ção de cores, teste do reflexo vermelho
publicados de que a metodologia em- alterado – protocolo de encaminhamento
pregada na Campanha Nacional de Pre- da Atenção Básica para exame oftalmoló-
venção de Cegueira e Reabilitação visual gico com o médico oftalmologista.
para erradicação de cegueira e baixa visão A consulta com o médico oftalmolo-
por catarata era a adequada para o Bra- gista inclui medida da acuidade visual,
sil, o MS e um grande número de gesto- avaliação da motilidade ocular extrínseca,
res municipais têm optado por uma nova exame de refração ocular, prescrição dos 301

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óculos quando necessários, biomicrosco- Terapêutica de atenção ao portador de
PARTE II  Política Nacional de Atenção à Oftalmologia

pia em lâmpada de fenda (avaliação da glaucoma. Prevê o acesso aos colírios nas
superfície ocular e dos segmentos ante- unidades/serviços habilitados. A aquisição
rior e posterior), gonioscopia, tonometria e dispensação dos medicamentos ficam
ocular, fundoscopia e mapeamento de re- sob a responsabilidade dos serviços de
tina. oftalmologia habilitados no SUS. As Se-
Nos casos em que a presença de cata- cretarias Estaduais de Saúde (SES) ou Se-
rata aponte para tratamento cirúrgico, o cretarias Municipais de Saúde (SMS) que
paciente é submetido às seguintes ações tivessem sob sua gestão unidades/centros
para confirmação diagnóstica e pré-ope- de referência que realizassem assistência
ratório: paquimetria, ceratometria, micros- aos portadores de glaucoma, deveriam
copia especular de córnea, ultrassonogra- exigir o atendimento ao Protocolo Clínico
fia do bulbo ocular, biometria ultrassônica e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do MS.
para cálculo do poder dióptrico da lente Em 2011, levantamento e análise dos
intraocular. dados secundários feitos pelo Departa-
O tratamento cirúrgico poderá incluir mento de Regulação, Avaliação e Controle
uma das seguintes modalidades: cap- de Sistemas (DRAC) apontaram distorções
sulotomia com Yag-laser, capsulectomia nos procedimentos relacionados como
posterior cirúrgica, cirurgia de catarata glaucoma, confirmados em auditorias fei-
(facectomia com implante de lente intrao- tas pelo Departamento Nacional de Au-
cular ou facectomia sem implante de len- ditorias do SUS (DENASUS).40 Isso levou
te intraocular ou facoemulsificação com o MS a estabelecer novas regras, contro-
implante de lente intraocular), vitrectomia les, revisão dos medicamentos utilizados
anterior, reposicionamento de lente intra- para tratamento do glaucoma e dispen-
ocular ou cirurgia de catarata congênita. sação dos colírios nas farmácias. Então, o
MS identificou risco de descontinuidade
Glaucoma na atenção aos pacientes com glaucoma
O glaucoma é a segunda maior causa de no SUS, cuja maior parte é atendida por
cegueira irreversível no mundo. No Brasil, prestadores contratados e que manifes-
estima-se que até 2-3% da população aci- taram não ter interesse na manutenção
ma de 40 anos possa ter a doença, sendo do atendimento após a retirada do colírio
que em 50% a 60% destes, o diagnóstico é do procedimento. Na maior parte dos es-
de glaucoma primário de ângulo aberto e tados poucos pacientes tiveram até esse
em torno de 20% é de glaucoma primário momento acesso aos documentos para
de ângulo fechado. Em 2003, o CBO esti- se cadastrarem nas farmácias e as farmá-
mava que no país houvesse 900 mil porta- cias onde estes seriam dispensados, não
dores desta doença e que, provavelmente, possuem estrutura física, equipamentos
720 mil estavam assintomáticos, ainda ne- e pessoal para atender o elevado núme-
cessitando de diagnóstico. ro de pacientes usuários de colírios, o que
A PNAO8 além de definir as redes es- tem retardado este processo de migração.
taduais e regionais na atenção básica e Até a resolução deste impasse, os servi-
especializada em oftalmologia ainda es- ços que já realizaram a migração poderão
302 tabelece o Protocolo Clínico e Diretriz optar pelo modelo de oferta dos colírios

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e, para os que não migraram, recomenda- na população de regiões não metropo-

Programas de Combate às Causas Prevalentes de Baixa Visão e Cegueira


se a manutenção do modelo antigo (por litanas. Estima-se que a cegueira possa
meio dos procedimentos específicos da alcançar 4,8% destes diabéticos. Sabe-se
Política de Atenção Oftalmológica).40 que 25% dos diabéticos tipo 1 desenvol-
verão algum grau de RD após período de
Desafios 5 a 10 anos, 70% após 10 anos e mais de
Atendimento na Atenção Básica com 90% após 30 anos. Nos diabéticos tipo 2,
identificação de fatores de risco asso- 10% já apresentam algum tipo de RD na
ciados, glaucoma agudo – dor, aumento primeira consulta oftalmológica, 25% de-
da digitopressão etc.; glaucoma crônico senvolverão RD após 10 anos e 60% após
– histórico familiar, perda de campo peri- 15 anos. A RD é a maior causa de cegueira
férico, protocolo de encaminhamento da prevenível em pacientes em idade labo-
ral.41
Atenção Básica para exame oftalmológico
No tratamento da retinopatia diabética
com o médico oftalmologista.
(RD) os esforços terapêuticos estão con-
A consulta com o médico oftalmolo-
centrados nos fatores de risco para o apa-
gista inclui medida da acuidade visual,
recimento e agravamento da doença reti-
avaliação da motilidade ocular extrínseca,
niana e no tratamento cirúrgico das lesões
exame de refração ocular, prescrição dos
com alto risco de evolução para perda vi-
óculos quando necessários, biomicrosco-
sual.41,42 A fotocoagulação à laser é o tra-
pia em lâmpada de fenda (avaliação da
tamento padrão da RD e impede a perda
superfície ocular e dos segmentos ante-
de 90% da visão, quando o paciente ini-
rior e posterior), gonioscopia, tonometria
cia o tratamento na fase não proliferativa
ocular, fundoscopia e mapeamento de re-
ou na fase proliferativa inicial.40 Os efeitos
tina.
colaterais decorrentes da fotocoagulação
Ações para confirmação diagnóstica e
consistem em escotomas centrais, dificul-
acompanhamento incluem, entre outras,
dade para leitura, aceleração da catarata
tonometria, fundoscopia e campimetria.
e diminuição do campo visual por perda
O tratamento poderá ser feito com colí-
de visão periférica.43 Casos de RD avança-
rios (1a, 2a e 3a linhas) cirurgia (fototrabe-
da não são passíveis de tratamento com a
culoplastia a laser ou implante de prótese
fotocoagulação, sendo abordados cirurgi-
antiglaucomatosa ou trabeculectomia ou
camente pela vitrectomia, que tem como
tratamento cirúrgico de glaucoma congê-
objetivo a retirada da adesão vitreorreti-
nito). O acompanhamento pós-cirúrgico niana e da tração vítrea para promover a
inclui tonometria, fundoscopia, campime- reaplicação da retina. Considerando-se os
tria, ultrassonografia e biometria ultrassô- casos cirúrgicos, a vitrectomia pars pla-
nica. na proporciona acuidade visual melhor
que 20/100 em cerca de 80% dos casos e
Retinopatia diabética quando a cirurgia for bem-sucedida e não
No Brasil, a Sociedade Brasileira de Diabe- ocorrerem complicações, 90% dos casos
tes estima o número de 12.050.000 diabé- se mantêm estáveis no longo prazo.41 As
ticos com prevalência de retinopatia dia- complicações mais comuns da vitrectomia
bética (RD) de 24% a 39% mais frequente são: catarata, endoftalmite, glaucoma, he- 303

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morragia vítrea recorrente, descolamento exame de refração ocular, prescrição dos
PARTE II  Política Nacional de Atenção à Oftalmologia

da retina regmatogênico, rubeosis iridis, óculos quando necessários, biomicrosco-


glaucoma neovascular e complicações re- pia em lâmpada de fenda (avaliação da
lacionadas com endotamponantes, como superfície ocular e dos segmentos ante-
o óleo de silicone.42 Recentemente, tem- rior e posterior), gonioscopia, tonometria
-se tratado o EMD e a proliferação vascu- ocular, fundoscopia e mapeamento de re-
lar da retina por meio de substâncias inibi- tina.
doras da angiogênese (antiangiogênicos) Ações para confirmação diagnóstica
sem os inconvenientes da fotocoagula- incluem, entre outras, retinografia colori-
ção com laser.45 A Comissão Nacional de da binocular ou retinografia fluorescen-
Incorporação de Tecnologias (CONITEC) te binocular ou tomografia de coerência
posicionou-se desfavoravelmente à in- óptica bilateral, campimetria e eletrorreti-
corporação no SUS do ranibizumabe para nografia. O tratamento clínico inclui foto-
edema macular diabético, recomendando coagulação a laser ou panfotocoagulação.
favoravelmente a incorporação do bevaci- O tratamento cirúrgico inclui as seguintes
zumabe para essa indicação.46 modalidades: vitrectomia anterior ou vi-
A RD pode ser considerada uma causa trectomia posterior com infusão de per-
prevenível e não recuperável de perda de fluorocarbono/óleo de silicone/endolaser,
visão. Uma vez estabelecida a perda visual retinopexia pneumática; além de injeção
a recuperação torna-se difícil, entretanto subconjuntival ou intravítrea. O acompa-
é passível de tratamento para minimizar nhamento pós-cirúrgico inclui retinografia
seus efeitos. A prevenção primária é a me- fluorescente ou tomografia de coerência
lhor opção. Para tanto é necessário educar óptica.
a população e fornecer orientação sobre a
necessidade de avaliação e controle dos Degeneração Macular
índices glicêmicos periodicamente, con- Relacionada com a Idade
trole da pressão arterial, tratamento das A Degeneração Macular Relacionada com
dislipidemias e mudanças nos hábitos.41 a Idade (DMRI) compreende um conjun-
to de doenças hereditárias que compar-
Desafios tilham características comuns, incluindo
Atendimento e acompanhamento na Aten- predileção pela idade (geralmente se ma-
ção Básica dos portadores de diabetes nifesta após os 50 anos de idade), histó-
melito (educação e controle metabólico ria familiar positiva, presença de material
para evitar complicações), realizar diagnós- amarelo-acizentado na membrana de
tico precoce da RD (retinografia digital na Bruch (drusas), degeneração crônica e
UBS dos portadores de DM por meio de progressiva dos fotorreceptores, do epi-
telediagnóstico), protocolo de encaminha- télio pigmentado da retina (atrofia, hiper-
mento da Atenção Básica para exame of- plasia e/ou deslocamento), e dos corioca-
talmológico com o médico oftalmologista. pilares da mácula, além de diminuição da
A consulta com o médico oftalmolo- função visual central (acuidade, campo,
gista inclui medida da acuidade visual, velocidade de leitura, contraste e cores).47
304 avaliação da motilidade ocular extrínseca, É a principal causa de cegueira legal em

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indivíduos acima de 50 anos, em países in- mil brasileiros, reduzindo os riscos de ce-

Programas de Combate às Causas Prevalentes de Baixa Visão e Cegueira


dustrializados e a prevalência de cegueira gueira, melhorando sua qualidade de vida
é de 8,7% entre os indivíduos acometidos e tornando-os economicamente ativos.49
pela doença.48 A injeção intravítrea de medicamentos
Existem vários aspectos importantes
antiangiogênicos é atualmente o principal
associados à morbidade da DMRI, como
tratamento da DMRI neovascular. A AN-
a maior incidência de depressão e quedas.
VISA aprovou o uso do ranibizumabe em
Além do mais, várias atividades do dia a
dia atual requerem boa acuidade visual 2007 e do aflibercept em 2012.49
central, um exemplo é dirigir veículos.47
Cerca de vinte milhões de brasileiros Desafios
estão na faixa etária superior aos 65 anos Os pacientes com DMRI precisarão de as-
e 14% deles apresentam DMRI (aproxima- sistência oftalmológica por toda a vida. Os
damente 2.800.000 pessoas). Sendo que com a forma não neovascular da doença
deste total, entre 10% e 15% apresentam devem ser orientados para os sinais pre-
DMRI neovascular (responsável por 90%
coces de membranas neovasculares sub-
dos casos de cegueira).49 A forma neovas-
retinianas (metamorfopsia e diminuição
cular da DMRI é tratável e o padrão te-
de visão), sendo recomendada uma ava-
rapêutico atual são injeções intravítreas
com inibidores do fator de crescimento liação semanal com Tela de Amsler. Os
endotelial vascular (VEGF).47 Isto significa pacientes com baixa visão necessitarão
que o uso desta terapêutica pode bene- de reabilitação visual, apoio psicológico e
ficiar, aproximadamente, entre 280 e 420 ajustes no ambiente.47

305

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Projeto Mais Acesso à
41 Saúde Ocular

O COMPROMISSO DO CBO COM A de educação permanente com a integra-


SAÚDE OCULAR DA POPULAÇÃO ção ensino-serviço em Oftalmologia.

Como parte de seu compromisso com a


Participação do Médico
saúde ocular da população do país, o CBO
Oftalmologista no Apoio à
criou o projeto Mais Acesso à Saúde Ocu-
Atenção Básica
lar,10 uma proposta para a expansão do
atendimento oftalmológico nacional, so- O modelo vigente restringe o acesso da
população à saúde ocular, pois esta se
bretudo em áreas carentes, onde há pouca
encontra distante da porta de entrada no
oferta de atendimento médico. Um ponto
sistema, que acontece através da Aten-
importante na elaboração desta proposta
ção Básica. Além disso, a precariedade da
é a possibilidade de aproximação entre o
comunicação entre os diversos níveis de
paciente e o oftalmologista desde o aten-
atenção retarda atendimentos que deve-
dimento de rotina até os procedimentos
riam ser priorizados. Para que o acesso
mais específicos.
à saúde ocular esteja garantido e tenha
resolubilidade, a Oftalmologia deve ser
O PROJETO MAIS ACESSO À SAÚDE
considerada dentro do atendimento de
OCULAR
Atenção Básica, pois assim como acon-
O projeto foi elaborado para oferecer tece com a Odontologia, o atendimento
subsídios que permitam prosseguir em (mesmo que básico) em Oftalmologia não
uma discussão mais aprofundada sobre o pode ser realizado por outro profissional
tema. De forma alguma ele está fechado, médico, em função da especificidade de
ou considerado pronto: pelo contrário. É sua atuação. O Projeto de Lei 6545/13,
apenas um começo, como deve ser algo que tramita na Câmara, dispõe sobre a in-
que pretende ser um ponto de partida clusão de serviços básicos de prevenção
para algo tão relevante. O projeto pro- oftalmológica nas atividades escolares do
põe o desenvolvimento de 20 ações dis- ensino fundamental. Tal iniciativa vai ao
tintas que, juntas, garantem o aumento encontro do Projeto “Olhar Brasil”. Se as
da oferta de atendimento e redução das unidades básicas de saúde e escolas, onde
desigualdades regionais na área da saúde for possível, tiverem oftalmologistas para
ocular, além do fortalecimento da política oferecer palestras de prevenção contra a

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cegueira e higiene do ambiente de traba- básica, em princípio temporários, depois
PARTE II  Política Nacional de Atenção à Oftalmologia

lho, organizarem triagens de avaliação de acabaram se mostrando indispensáveis e


acuidade visual, realizarem refração, fize- foram transformados em permanentes na
rem pronto-atendimentos para afecções Lei de Serviços de Saúde e Saúde Pública,
oculares corriqueiras, acompanharem de 1968, com o nome de Serviços Oftal-
patologias crônicas como o glaucoma e mológicos Gerais (GOS).50
a prevenção de outras afecções oculares Atualmente, as equipes oftalmológicas
relacionadas com doenças sistêmicas, te- comunitárias do Reino Unido, que respon-
remos assegurada saúde ocular de qua- dem pelos GOS, são multidisciplinares,
lidade para nossa população, que ainda formadas por médicos oftalmologistas,
desfrutaria de serviços em níveis mais clínicos gerais, enfermeiros, assistentes
complexos de atendimento oftalmológico sociais e outros profissionais da área de
menos saturados e com utilização otimi- saúde. O encaminhamento de pacientes
zada. para o atendimento comunitário “pode
Uma das ações propostas pelo Mais garantir uma atenção de melhor qualida-
Acesso à Saúde Ocular é a estruturação de de em casos de menor gravidade, além de
um Programa de Oftalmologia Comunitá- assegurar o uso da capacidade limitada
ria que atuaria na atenção primária em Of- dos serviços de Atenção Secundária por
talmologia. Esse programa representa um aqueles que apresentam problemas visuais
elemento essencial na construção de uma mais sérios”.
Rede de Atenção em Oftalmologia, inter- O atendimento oftalmológico primário
ligando a atenção básica à saúde (como o no Reino Unido inclui o primeiro contato
PSF ou médicos de outras especialidades) do paciente com a equipe oftalmológi-
aos níveis mais complexos de atendimen- ca, além de acompanhamento da saúde
to oftalmológico. ocular da população, ações preventivas
Desde o início do século XX, o Reino e de reabilitação. O conteúdo clínico da
Unido vem estruturando um sistema de atenção primária consiste na primeira ava-
atendimento primário à sua população. liação e acompanhamento das doenças
A lei que criou o National Health Service oculares, cuidados com doenças e trau-
(NHS), em 1946, já se ocupava da atenção mas de menor complexidade, apoio no
básica, então entendida como o primeiro caso de algumas doenças crônicas e ações
contato com um médico próximo do pa- preventivas de saúde ocular. Os pacientes
ciente e de sua família e que, portanto, oftalmológicos representam 9% de todos
estaria mais apto a suprir as necessidades os pacientes do sistema público do Reino
médicas do paciente, oferecendo assis- Unido, e o sistema de Oftalmologia Co-
tência em saúde pública e regulando sua munitária é responsável atualmente por
entrada no serviço hospitalar quando ne- mais de dois milhões de atendimentos
cessário. por ano.49 Depois de passar pelo atendi-
Em 1946, a Oftalmologia se destaca- mento primário, os pacientes que deman-
va como uma das poucas especialidades dam uma atenção especializada são enca-
a merecerem atenção especial no NHS, minhados para serviços hospitalares que
que previa a criação de Serviços Oftalmo- prestam atendimento secundário, além
308 lógicos Suplementares à rede de atenção de serem responsáveis também pela edu-

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cação e treinamento da maior parte das de primeiríssima qualidade em todos os

Projeto Mais Acesso à Saúde Ocular


equipes oftalmológicas comunitárias (seja sentidos, inclusive na preocupação social,
através de educação médica continuada é o profissional indicado para se responsa-
oferecida aos especialistas, seja através bilizar pela atenção primária à saúde ocu-
de treinamento dos demais profissionais lar e visual. Qualquer outra solução será
de saúde envolvidos na atenção oftalmo- economicamente perdulária, socialmente
lógica primária da população). Esse trei- injusta e cientificamente incorreta. A pro-
namento oferecido pelo NHS, através dos posta do CBO oferece ao médico recém-
serviços hospitalares, possui semelhanças formado, ao médico da família, ou outro
com outra proposta do Mais Acesso à médico que quiser desenvolver mais uma
Saúde Ocular: a de capacitação das equi- especialidade, capacitação para que ele
pes do Programa Saúde da Família e a possa atuar no Atendimento Básico de
integração ensino-serviço. Esta instrução Oftalmologia. O CBO propõe que o resi-
periódica poderia se apoiar em sistemas dente de Oftalmologia possa optar por
à distância ou presenciais, com a coope- uma formação comunitária, que após dois
ração técnica do CBO na construção de de treinamento na área específica, poderá
Diretrizes e Protocolos. No Reino Unido, oferecer um atendimento oftalmológico
o trabalho dos profissionais das equipes mais resolutivo, do que um profissional
oftalmológicas nos HES durante as capa- sem tal qualificação poderia oferecer. Ain-
citações tem de fato se mostrado o “mo- da, manteria um vínculo com o corpo do-
delo mais satisfatório de treinamento dos cente de sua residência, facilitando a tele-
profissionais”.50 consultoria e o ensino a distância.

Programa de Oftalmologia Contrato SUS desburocratizado


Comunitária para atuar na Atenção com Clínicas Privadas
Primária em Oftalmologia A rede de atendimento oftalmológico
A Medicina Comunitária em Oftalmologia instalada por todo o território nacional
privilegia mecanismos de busca ativa, na poderia ser disponibilizada aos usuários
triagem do indivíduo doente, na preven- SUS por meio de um contrato SUS desbu-
ção da cegueira e na universalização do rocratizado com clínicas privadas. O usuá
conhecimento, todos centrados na mul- rio poderia escolher, de acordo com sua
tiplicação do trabalho médico de exami- preferência e disponibilidade, o serviço de
nar, prescrever lentes, medicamentos e Oftalmologia no qual faria a sua consul-
outros tratamentos. Neste novo momento ta. A remuneração poderia se dar através
em que o MS se empenha em privilegiar de um “vale” ou “cheque” para depósito
a Medicina Comunitária, a Oftalmolo- bancário, ou para desconto em bancos
gia brasileira e o CBO fazem questão de, estatais. Na Oftalmologia, essa proposta
com o respeitável histórico de décadas de pode ser inovadora, mas ela já existe, com
atuação comunitária, estar visceralmente ótimos resultados, na atenção bucal. Um
ligados na construção e execução deste projeto em funcionamento em Portugal
projeto, que é hoje sua causa maior. O há oito anos já assegurou atendimento
médico oftalmologista, com sua formação odontológico a quase dois milhões de 309

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beneficiários, com a realização de mais de procurado, até municípios mais distantes.
PARTE II  Política Nacional de Atenção à Oftalmologia

6,5 milhões de consultas para tratamento Na experiência de Botucatu, a maioria das


odontológico. pessoas que procuram espontaneamente
a unidade móvel apresenta erros refracio-
Consultórios móveis para a nais (10 anos de ação na comunidade por
ampliação territorial da Atenção meio da unidade móvel permitiram que o
Básica em Oftalmologia projeto reunisse dados de prevalência e fa-
Uma unidade móvel de saúde representa tores de risco de cegueira para Botucatu e
atendimento à população onde ela esti- região). A equipe que atua na unidade mó-
ver, independente da distância e carência vel tem uma coordenadora, que é respon-
estrutural da cidade para disponibilizar as- sável pelos contatos com os municípios
sistência adequada. Trata-se de um serviço e que forma as equipes de trabalho para
itinerante que tem o objetivo de diminuir a cada viagem, checa os equipamentos, os
falta de médicos locais e promover a saúde receituários e tudo mais que for necessá-
em cidades e localidades de menor porte, rio. A equipe que participa das visitas aos
que naturalmente enfrentam dificuldades municípios é formada por quatro ou cinco
para fixar médicos especialistas. Para via- pessoas que atuam no suporte (organizar
bilizar um projeto de unidade móvel na a fila, pingar colírios, auxiliar na tomada da
área da Oftalmologia, é importante definir acuidade visual, explicar o teor das recei-
que atendimentos serão oferecidos. Con- tas), três residentes de Oftalmologia, um
vênio com instituições de ensino superior, professor de Oftalmologia e um motorista.
visando ao aproveitamento de residentes Às vezes os pós-graduandos participam
de Oftalmologia, assim como um médi- da atividade, a depender de seus temas
co especialista para acompanhar os aten- de tese, assim como alunos, bolsistas de
dimentos e auxiliar no desempenho das extensão universitária ou de iniciação cien-
atividades previstas, são importantes para tífica e monitores do curso de graduação
ampliar a abrangência do atendimento. O em Medicina. O projeto recebeu como do-
serviço deve ser oferecido obedecendo a ação 50.000 armações de óculos da Polícia
um agendamento previamente estabeleci- Federal, e oferece as armações aos indiví-
do pelos órgãos competentes das adminis- duos que são atendidos, mas não monta
trações municipais. os óculos. Trabalha com os municípios, e
Para exemplificar, o Hospital das Clíni- cada um deles já possui um entendimen-
cas da Faculdade de Medicina de Botucatu to sobre o assunto. Alguns municípios que
– UNESP, sob a coordenação da professo- possuem óticas fazem licitação e escolhem
ra Silvana Artioli Schellini, instalou no seu qual será a que receberá subsídio a partir
serviço universitário uma unidade móvel da Prefeitura para aviar as receitas.
oftalmológica bem equipada, que possibi- O Instituto de Olhos de Maceió (Ala-
lita diagnosticar e tratar os casos simples goas) é uma clínica oftalmológica que
no local de moradia dos atendidos. No viabiliza o atendimento móvel por meio
começo, a área de abrangência foi deli- de um ônibus equipado e adaptado para
mitada pelo próprio SUS. Mas o projeto servir de consultório itinerante. O Projeto
acabou extrapolando tal delimitação, e AMAM, como é chamado, atende às so-
310 atualmente atende, na medida em que é licitações das prefeituras do interior do

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estado realizando exames, como: refração baixa oferta de oftalmologistas. O treina-

Projeto Mais Acesso à Saúde Ocular


computadorizada, fundo de olho e tono- mento de agentes comunitários de saúde,
metria. Já realizou 250 ações de promoção assim como é oferecido aos professores
à saúde ocular em diversos municípios que realizam triagem de alunos em cam-
de Alagoas, com mais de 22 mil pessoas panhas escolares, expande o escopo de
atendidas. avaliação para toda a população; esses
agentes são capacitados a desenvolver
Estímulo à instalação de Centros estratégias de promoção de qualidade de
Oftalmológicos de Alto Fluxo, a fim vida, educação, proteção e prevenção. As
de assegurar a universalização do equipes do PSF fariam a triagem e encami-
acesso nhamento para a rede de atenção primária
oftalmológica que poderia estar formada
Para tornar o atendimento mais ágil em
por NASFs, oftalmologistas comunitários e
localidades com grande demanda repri-
clínicas privadas credenciadas.
mida, é possível estabelecer um proces-
Como exemplo o Curso CBO de Saú-
so diferenciado que envolva uma equipe
de Ocular Comunitário, com o apoio da
de oftalmologistas e auxiliares com eta-
Agência Internacional para a Prevenção
pas operacionais bem definidas, como
a Cegueira (International Agency for the
uma “linha de montagem”. A instalação
Prevention of Blindness – IAPB) é ofere-
de serviços de Atenção em Oftalmologia
cido para todos os estudantes interessa-
utilizando operacionalização empregada
dos dos 86 Cursos de Especialização em
em mutirões, já demonstradas em diver-
Oftalmologia credenciados ao CBO, dis-
sas campanhas, como “Veja Bem Brasil” e
tribuídos por todo o território nacional.
“Olho no Olho”, desenvolvidas pelo CBO,
São oito semanas de ensino a distância
permitem avaliação e tratamento oftal-
(dois meses que precedem o Congresso
mológico em larga escala, aumentando a
Brasileiro) que culminam com um encon-
eficiência assistencial. Esta estratégia am-
tro presencial de três dias (atividade pré-
plia em muito a capacidade de assistência
Congresso Brasileiro de Oftalmologia)
que uma equipe de saúde ocular pode
para a produção prática de um projeto de
oferecer. Para operacionalizá-lo é neces-
prevenção à cegueira em sua região. No
sário delimitar as áreas prioritárias, em
ano de 2014, a Faculdade de Medicina de
função da ausência de serviços oftalmoló-
Botucatu montou um curso que foi ofere-
gicos que possam atender à demanda por cido para os profissionais da Rede Básica
meio de credenciamento. O CBO oferece e, em especial, para os médicos de Saúde
o apoio técnico necessário, com base no da Família da cidade de Botucatu. O curso
know-how desenvolvido em diversas cam- foi iniciado com noções sobre o SUS e seu
panhas e mutirões anteriores. funcionamento, na tentativa de fortalecer
o sistema de referência e contrarreferên-
Capacitação das Equipes do cia no Município. Os temas a serem abor-
Programa de Saúde da Família dados foram previamente discutidos com
O CBO poderá oferecer apoio didático e os médicos da Rede Básica na tentativa
pedagógico, por ensino a distância a pro- de levantar as principais deficiências que
fissionais da saúde que atuem em áreas de eles mesmos apresentavam com relação 311

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ao conhecimento das especialidades. A mento médico especializado que não seja
PARTE II  Política Nacional de Atenção à Oftalmologia

partir disso, foi montada a programação. prestado no local de seu domicílio, tendo
Em seguida, os especialistas (oftalmolo- sido esgotadas todas as formas de trata-
gistas, dermatologistas, otorrinolaringo- mento de saúde em sua cidade.
logistas, neurologistas) ministraram pales- Muitas prefeituras já fazem o deslo-
tras que foram ofertadas presencialmente camento de seus cidadãos quando é ne-
ou à distância (transmissão por teleconfe- cessário buscar atendimento em outra
rência), um período por semana, durante cidade. Em sua maioria, as ações existen-
oito meses. Dentro da Oftalmologia, fo- tes são iniciativas dos municípios, isolada-
ram abordados os seguintes temas: pro- mente.
pedêutica básica enfocando a avaliação Algumas iniciativas chamam atenção
da acuidade visual, causas de cegueira e pelo nível de organização que alcançaram.
como detectá-las, erros de refração e seus O governo de Minas Gerais desenvolveu
sintomas, catarata, glaucoma e diagnósti- o Sistema Estadual de Transporte Sani-
co diferencial do olho vermelho. Todas as tário (SETS) para apoiar o SUS. A frota é
aulas foram voltadas para conhecimentos monitorada por satélite, garantindo mais
práticos, focando a detecção dos proble- controle gerencial, conforto e segurança
mas oculares e condutas que o médico ge- para o usuário. O SETS está disponível so-
ral deve ter estando frente ao diagnóstico mente para os municípios que participam
que foi feito. Os temas foram apresenta- da Agência de Cooperação Intermunicipal
dos aos 18 participantes com antecedên- em Saúde Pé da Serra – ACISPES –, que é
cia, estabelecendo-se a oportunidade de uma associação civil sem fins econômicos
discussão por um fórum on-line que foi com sede em Juiz de Fora (MG).
montado e organizado pela equipe exe- A Rede Cegonha, estabelecida pela
cutora, funcionou por uma semana para Portaria no 1.459/2011, no âmbito do SUS,
cada tema abordado nas aulas teóricas. A é uma estratégia do MS para assegurar a
experiência foi muito positiva. atenção humanizada durante a gestação,
na hora do parto e no pós-parto. Faz parte
Transporte Sanitário do serviço prestado um sistema de logísti-
Uma das formas de promover a saúde do ca com plano de remoção da gestante ao
usuário do SUS é viabilizando atendimen- local de ocorrência do parto, implemen-
to médico de acordo com as circunstâncias tação da regulação de leitos obstétricos
apresentadas. Muitos municípios não têm e neonatais, de urgência e ambulatorial
o oftalmologista atuando em sua locali- (consultas e exames), no modelo “Vaga
dade, mas a facilitação de deslocamento Sempre”. O transporte funciona para situ-
para municípios próximos, principalmente ações de urgência, quando a gestante, as
se neles a rede de atenção de saúde ocu- puérperas e os recém-nascidos de alto ris-
lar estiver plenamente ofertada, traria um co necessitam de atendimento. Por meio
acesso ao cidadão de maneira ágil com do Sistema de Atendimento Móvel de Ur-
pouco investimento. O Transporte Sanitá- gência – SAMU Cegonha, é garantido o
rio é um serviço de assistência ao cidadão transporte em ambulâncias devidamente
atendido pela rede pública de saúde, que, equipadas com incubadoras e ventilado-
312 comprovadamente, necessite de atendi- res neonatais.

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Estímulo à instalação de Centro bitantes), o que inviabiliza a instalação de

Projeto Mais Acesso à Saúde Ocular


Oftalmológico em áreas prioritárias serviços permanentes. Por isso é muito
para o SUS importante estabelecer alternativas para
O CBO pode colaborar na indução e di- levar a Oftalmologia às áreas mais caren-
fusão de informação para a formação de tes. O CBO propõe a organização de mu-
tirões itinerantes para levar atendimento
grupos de profissionais que possam parti-
oftalmológico, por meio dos cursos de
cipar da instalação de Centros de Atenção
especialização credenciados pelo CBO, a
em Oftalmologia, oferecendo procedi-
áreas carentes. A organização do aten-
mentos de baixa, média e alta complexi-
dimento itinerante, sob a forma de ca-
dade em localidades prioritárias para o
ravanas, permite que se faça a avaliação
SUS, onde não exista oferta de serviços
oftalmológica, a prescrição de óculos e a
da especialidade ou haja grande deman-
prevenção de doenças – reduzindo signi-
da reprimida para atendimento. Muitas
ficativamente o risco de agravamento em
destas regiões podem incluir os 4.354
diversos casos. Além disso, permite que
municípios brasileiros que não dispõem
o problema de falta de infraestrutura em
de infraestrutura mínima ou de médico
pequenas cidades seja contornado. Para
oftalmologista e que por isso precisem
operacionalizá-lo é necessário: mapear as
de investimento do Estado para aquisição áreas carentes e organizar mutirões com
de equipamentos e custeio da instalação. residentes para atendimento de crianças
Com esse apoio, é possível estimular a mi- previamente triadas nas escolas. O CBO
gração de profissionais para a área. O CBO estimularia seus cursos de especialização
colaborou com o Ministério da Saúde na a fazer tais atendimentos, utilizando as
divulgação do chamamento público para unidades itinerantes (ônibus), das univer-
a participação de clínicas particulares no sidades federais.
Projeto “Olhar Brasil” em 2013. Tal inicia-
tiva triplicou em três vezes o número de Atuação Itinerante: “Mais Saúde
participantes deste projeto, fazendo com Ocular para o Escolar”
que pela primeira vez se atingisse a meta
O Programa tem por objetivos prestar
planejada de atendimento pelo Projeto. A
assistência oftalmológica aos alunos ma-
parceria com o CBO pode facilitar a insta-
triculados na rede pública de Ensino Fun-
lação de centros oftalmológicos nas áreas
damental (1a ao 9a ano) nas suas próprias
de interesse do SUS. Para operacionalizá-
escolas. A triagem visual, o exame oftal-
lo é preciso delimitar as áreas prioritárias mológico e o aviamento e entrega dos
e definir, junto aos municípios dessas Re- óculos subsequentes à prescrição ocorrerá
des de Atenção à Saúde (RAS), o tipo de na própria escola evitando a necessidade
suporte que poderá ser oferecido ao gru- de encaminhamento para consulta oftal-
po de médicos que desejar se instalar na mológica em outra data e local, evitando,
região. portanto, a necessidade de transporte.
Estima-se que de cada 1.000 escolares
Caravanas da Saúde Ocular submetidos à triagem de acuidade visu-
A maioria dos municípios brasileiros é de al pelo professor, 150 escolares são tria-
pequeno porte (com menos de 30 mil ha- dos para exame oftalmológico completo. 313

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A avaliação, prescrição dos óculos e avia- Estabelecer parceria entre CBO
PARTE II  Política Nacional de Atenção à Oftalmologia

mento dos óculos pelo óptico utilizando e o Ministério da Saúde para


armações e lentes prontas (90% das pres- elaboração de um novo censo
crições poderão ser aviadas dessa forma). oftalmológico
A parceria entre o CBO e as autoridades
Estágio para estudantes de cursos constituídas na área médica é de longa
de especialização em áreas data. Existe uma preocupação do CBO
carentes com a saúde ocular da população. Isso
O CBO propõe a instituição de uma car- é observado pela iniciativa da entidade
ga horária mínima obrigatória de estágio em realizar o Censo Oftalmológico CBO,
em áreas carentes para o atendimento fornecendo informações capazes de auxi-
primário em oftalmologia (refração). O liarem na implantação de Projetos como
contato dos oftalmologistas em forma- o “Olhar Brasil”, mostrando a possível ex-
ção com a realidade de áreas carentes pressão da rede de Atenção em Oftalmo-
pode sensibilizar os jovens profissio- logia.
nais, motivando-os à interiorização. Para
operacionalizá-lo é preciso alterar o pro- Plano de carreira federal para o
grama mínimo dos cursos de especiali- médico oftalmologista comunitário
zação credenciados pelo CBO, instituindo em localidades prioritárias para
as horas de atividades complementares o SUS
curriculares para os alunos dos cursos Há médicos suficientes para suprir as de-
credenciados e mapear as áreas caren- mandas de oftalmologistas no país, tanto
tes nos estados onde os cursos são rea- no nível primário quanto para atendimen-
lizados. Depois disso, a coordenação de tos mais complexos. Falta fazer uma distri-
cada curso precisa se responsabilizar por buição mais equilibrada, incluindo os mu-
manter contato com as secretarias muni- nicípios mais distantes. É obrigação de o
cipais de saúde para operacionalizar as Estado levar médicos para assistir à popu-
atividades. lação onde o mercado não regula a pre-
sença destes profissionais. É possível ad-
Residências médicas ou cursos mitir que um dos motivos de desinteresse
de especialização em localidades dos médicos pela interiorização decorre
com baixa oferta de médicos da constatação de que em grande parte
oftalmologistas dessas localidades faltam concursos pú-
O CBO pode dar suporte para criação de blicos, os vínculos trabalhistas são precá-
novos cursos de especialização em Of- rios e rotineiramente há descumprimento
talmologia, em locais sem assistência, de acordos profissionais. As carreiras típi-
inclusive aproveitando a oportunidade cas de Estado foram previstas na Emenda
para capacitar médicos das regiões ca- Constitucional 19/1998, que promoveu a
rentes que desejem se especializar em reforma administrativa no serviço público.
Oftalmologia e permanecer em sua ci- Inicialmente, a classificação se restringiu
dade prestando assistência em saúde aos servidores das áreas jurídica, de au-
314 ocular. ditoria e de gestão governamental. Para

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operacionalizá-lo é necessária a apresen- o atendimento oftalmológico no âmbi-

Projeto Mais Acesso à Saúde Ocular


tação de um PL que crie a carreira e, a se- to do projeto “Olhar Brasil” que trouxe
guir, a realização de concurso. majoração para o pagamento de alguns
procedimentos oftalmológicos, o que efe-
Benefícios financeiros para a tivamente produziu aumento no interesse
aquisição de equipamentos aos de participação de clínicas privadas neste
que se fixarem em localidades projeto.
prioritárias
Trabalhar em locais de difícil acesso e com Financiamento por linha de
pouca infraestrutura é um desafio para os cuidado para atenção oftalmológica
profissionais de saúde. Porém há necessi- integral
dade de atender a população carente de Fixar o oftalmologista em cidades meno-
médicos especialistas e que vive em situ- res, no interior, muitas vezes esbarra de um
ação vulnerável de saúde. A Oftalmologia, lado, na dificuldade de garantir a esses pro-
diferentemente do que ocorre em outras fissionais que haverá pacientes para serem
especialidades médicas, requer um gran- atendidos e, de outro, na preocupação das
de investimento na aquisição de equi- secretarias de saúde com seus orçamen-
pamentos (cadeira, coluna, lâmpada de tos. Para minimizar esses dois problemas,
fenda etc.). Assim como ocorre em outros é possível organizar colaborações entre se-
setores da economia com claro impacto cretarias de alguns municípios para contra-
social, é possível oferecer isenções fiscais tar a assistência oftalmológica por grupos
e tributárias para os profissionais que ins- populacionais, financiando o atendimento
talarem seus serviços em localidades prio- por linha de cuidado para uma atenção of-
ritárias para o SUS. talmológica integral. Desta forma, quebra-
se o paradigma atual de financiamento por
Tabela diferenciada de procedimentos.
remuneração em localidades
prioritárias para o SUS Apoio didático e pedagógico –
Adotar uma tabela diferenciada de remu-
ensino à distância
neração para atuação em áreas prioritá- Uma vez que os profissionais envolvidos
rias em função da baixa oferta de serviços no atendimento médico oftalmológico
oftalmológicos pode expandir a Rede de precisam expandir seus conhecimentos
Atenção em Oftalmologia. A permanência sobre o tema para aplicar na rede primá-
desses especialistas nas localidades prio- ria em locais de baixa oferta de oftalmolo-
ritárias para o SUS, por período negoci- gistas, o ensino a distância, com apoio do
ável, pode gerar subsídios para aquisição CBO, vem atender essa demanda.
de equipamentos. O CBO negociou com
o Ministério da Saúde (Portaria Intermi- Apoio técnico e consultoria em
nisterial – Ministério da Saúde e Ministé- Oftalmologia – teleoftalmologia
rio da Educação – e Portaria no 1.229, de O uso dos recursos de telecomunicações na
01 de novembro de 2012, do Ministério área médica representa uma proposta de
da Saúde) uma tabela diferenciada para apoio em áreas de baixa oferta de especia- 315

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listas em saúde ocular. O Ministério da Saú- ferências, análise de diagnósticos, edu-
PARTE II  Política Nacional de Atenção à Oftalmologia

de, em parceria com a Oftalmologia, tem re- cação permanente e webconferências


alizado boas ações na área de Telemedicina. possibilita o desenvolvimento da edu-
O Centro de Referência em Oftalmo- cação e da pesquisa, além de facilitar a
logia (CEROF) do Hospital das Clínicas e a atenção à saúde ocular no País. Existem
Faculdade de Medicina da UFG fundaram profissionais médicos que precisam de
o Núcleo Goiás do Projeto de Telemática e consultoria em temas ligados à saúde
Telemedicina em Apoio à Atenção Primá- ocular, e o CBO está disposto a estimular
ria à Saúde no Brasil, lançado pelo MS no seus associados a fornecer esse serviço.
início de 2012. O núcleo visa a capacitar as Mas um incentivo tem potencial de mul-
equipes de saúde da família por meio da tiplicar os espaços de discussão via tele-
teleducação para melhorar a qualidade do medicina.
atendimento à atenção básica no SUS. Com
a criação do Núcleo Goiás de Telemedicina
e Telessaúde, a UFG passou a integrar uma CONSIDERAÇÕES FINAIS
rede de nove universidades brasileiras en- O CBO propõe, entre outras, as seguintes
volvidas na implementação do projeto em ações para a ocupação das regiões desas-
todo o país. O núcleo pretende estabelecer sistidas e para ampliar o acesso da popu-
uma infraestrutura de informática e teleco- lação à saúde ocular:
municação em 100 municípios do estado ■■ Estímulo à instalação de Centros Oftal-
de Goiás para oferecer educação continua- mológicos em áreas prioritárias para o
da às equipes de saúde da família por meio SUS.
de videoconferências, biblioteca virtual,
■■ Inserção da Oftalmologia na Atenção
canais públicos de televisão, videostream-
Básica do SUS.
ming e chats. Para a execução das ações do
■■ Criação de tabela de remuneração di-
Núcleo Goiás de Telemedicina e Telessaúde
ferenciada em localidades prioritárias
da UFG, o projeto conta com a parceria da
para o SUS.
Superintendência de Políticas de Atenção
Integral à Saúde da Secretaria Estadual de ■■ Ações combinadas de estímulo à for-
Saúde, do Conselho de Secretários Munici- mação de residentes e estágios em
pais de Saúde (COSEMS) e secretarias mu- áreas desassistidas.
nicipais de saúde de Goiânia e Aparecida ■■ Inserção de tecnologias para rastrea-
de Goiânia. O projeto também tem a coo- mento das principais causas de ceguei-
peração das Faculdades de Odontologia e ra e baixa visão.
de Enfermagem e da Escola de Engenharia ■■ Implantação de um sistema nacional
Elétrica e Computação da UFG. de avaliação da qualidade da saúde.

Remuneração para profissionais Ao Estado compete garantir os recur-


que atuem em educação à distância sos necessários, regulação adequada e es-
e telemedicina tipular com transparência as políticas de
Criar formalmente núcleos de teleme- saúde, estabelecendo metas e as exercen-
dicina, apoiar a realização de videocon- do com austeridade e fiscalização.19
316

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Referências

A lista a seguir é das referências citadas nos


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