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Aor ocblistiria.da.psiquiatria, Toa Fgleng Aine aa to PSHODIATHUA AAITIGN E GRECO-LATINA (0 primeizs registro de patologias psiquidericas data de ‘cerea de2,000 anosa.C.,encontrados em papirosegpcios de Kahun, caja concepeéo de histeria (do grego, hytero, mata, dtero) vem da conviogo de que o Utero seria um ser vivente autSnomo com @ propriedade de se deslocar pelo interior do compo, Essa concepco fancional do ttero se diferencia das conoepgdes mégico-religioas ao considerar as doengas como “vesnias naturais” (do latim vesanus, Joveura). (© modelo grego de doenca é de ruptura do equilibria inter- ‘no, concebido de acorda com a visto césmica, Hipécrates, tomando iadias flloséficas de Pitagores e Empédocls, concede 0 homem como um micracosmo regido por leis fisicas semelhances ds do uuniverso ~ 0 macrocosmo. Nas obras hipgcréticas, encontram:se as primeiras deserigSes indiscatives de histeria, que expla 0 deslocamento do ero como decorrente da falta de funcionamento ‘sexu, Nesta itoinstircia, 0 dtero perderia o peso e subiria 20 hipocBndrio, ao coragéo ou até ao cérebro, provocando dispagis, palpitacio ¢ até desmaios. H4, entre_os.gregos,.a explicacio ctiopatogdnica da rlaglo entre a sexualidade e a histeria. A tera: Peiitica’€ conigeteent® com a formulacéo da origem da doenca. Recomenda-se matriménio para macas e vitivas, além do empre- ‘go do método egipcio de fumegacSes vaginais com plantas.aro- rndticas para arairo ero ao local adequado (Trilat, 1991), ‘ipcrates ndo considera a epilepsia como doenga sagrada (Wiopocrtic writings, organizado por Lloyd, 1983), ele aredita que as conmulsses sio de causa natural, distinguindo as denorrentas da patologia de ttero (histeria convulsiva) daquelas da patologia do ‘cérebro (epilepsia). A importéncia do eérebro ¢ mencionada na fa- mosa observacio hipocrética sobre o caso da Jesfo de um lado do cxnio, provoceno a paralsia contralateral do corpo. (5 autores romanos posteriores a HipSerates foram Celso, Areteu de Capadécia, Sorano de Efeso € Galeno. Esses autores co cebem basicamente t&s espécies de enfermidade mental: manta, rmelancolia ¢ frenite. A histera é ainda considerada enfermidade uteri. A melancoia deserta pelos gregos como um quaéro de tristeza decorrente do excesso de “bile negra” cirewlante, Arete de Capadécia fomnece a primeira descrico de transtorno 90° ando mania com melancal + Sorano de Kfeso, pr fae in gui as afeegbes agudas (frente) das crnicas (mania e melancolia) ‘A terapéutice romana & baseada em mastagens corporas, sangrias e diota alimentar. Galeno, por sua ver, refuta a tese de migragio uterina, pois acredita que a enfermidade ¢ originéria da retengto de liquido feminino pela abstingncia sexual, 0 qual provoca a corrupgéo do sengue e convulstes. Assim, para Galeno a histeria tem etiologia sexual-bioguimica, sem conotacdo erética nem sexual-mecdnica, “como definia Hipdcraes: A terapéutica antiga € obscura e de feito uvidoso, baseada em teotis que carecem de cientifcidade ¢ con- taminada pelas ideologias ou erengas do grupo naquele momento histérico, POIQHIATREA MEDIEVAL Aldade Média fol para a Psiquatia assim como para outras citncias, a “Idade.das Tievas’. A degradacto da psiquatria prov velmente se estenden ato initio da Idade Modem, Pouco se co- anhece sobre seu rumo naquele perfoda; acreditase que teria sido exercida por magos¢ fiticeites, desgarrando-se da tradiqlo greco- latina, Ocorreu, pos, o retrocesso as concepgbes magicn-eligosas ‘eo abandono da ida de doenga mental como decorrente de causa natural “Embora teslogos como So Tomés de Aquino defendessem, durante a dade Média, a tee da origem natural das doengas men tais, a “demonologia ¢ a InguisgGo impuseram resstBaca para a acetagio da idéia de que"feitieiras”e“posslds’sofram de doen- ca natural. A obra mals eélebre de que se vem noticia desse periodo foi esrta por dois padees dominicancs alemies: Kramer e Sprenger (1494, ediglo de 1975). A sua obra Malle maleficarum (Maxtelo, dos feiceiros) constitu’ um verdadeiro manual de caga as bras. As descrigées de orgias sexuais sio acompanhadas de métodos de identfcagdo de hereges e deménios, Segundo as instrgies desse | 12 towdeuseous live, alguns autores aceditam, que.rnuttas mihereshistérieas fo- vam acisades e quefmadas como bruxas, enquanto outros véem a obra como alusto & pomografia ea psicopatclogia. Ainda nesta épo: ca, Paracelso defende a visto dissonante de que aquelesindividuos ni rain endemoniados por espltitas, mas sim, acometidas por do- nga natural De qualquer modo, esse perodo ¢ or exorcismno, erseguigdo.aos enfermos.mentais, iptolerane ndenacao A fo- gueira e crueldade, que 36 terminatia com a etiagdo dos nfo me- ‘os brutais manicbmios, no infeio da Idade Moderna, ATSOOLA FRMMCESA EM PRIMERA REVOLUGAD PstanATIEA Até o século XVI, a identificagdo de doentes ments se ba: seava em citéros socioculturais imprecisos (Beauchesne, 1989; Pichot, 1983; Zilboorg, 1968). Enquanto a obra Mallews malefcarum representava um instrumento de idntificact de manifestagbes de- moniacas para condenat pessoas & fogueita, a institucgo da ‘nau dos ioucos* (Foucault, 1978) permitia exclu leprosos de individuos coma comportamento socalmente pertutbado. A sangio da lei de 1656 pelo rei Lufs XIV teve finaidades polciais: individuos Uber nos, clatatdes, errantes, indigentes, mendigos, ociosos, ladtées, Iuétcos,Jundticos, dementes,alienados e insanos de todas as espé- cies deviam ser eliminados publieamente ou levados & recluséo Geauchesne, 1989; Pichot, 1983; Pessoti, 1999). ‘Ako steulo XVI, a identicagéo da doentes mental e baseava em artis sococuturs imprecsos. Entretanto, uma mudanga fundamental ocomreu no sécwla XV, a partir da fundecio de locas para oculdado de doentes men- tais, Antes teridos, hostilizados e rejitados, os doentes passam & ser reconhecidos como objeto da psiquiatri, dignos de cuidados médicos. Tal mudanga aboli Aver. demoniaco das. pratic alienistas da época medieval. O objeto da psiquatias6 se constitu que 0 cardter médico das perturbagSes dos indi duos éreconhecido e quando "a noplo de doenga mental destacou- se com bastante ritidez”, For promover 0 reconhecimento do doente mental como cbje- to da psiquatla,chamouse habitualmente de primeira revolugéo siguiftica ao movimento de fundagéo dos hospitals psiquidtics © casis de sae, (Zlboorg, 1968). O resultado € 0 decenvolvimeato do metodo psicopatoldgio eo surgimento de clasificagio das doen- as mentas (Beauchesne, 1989; Palm, 1998; Berrios, 1996). A Atong Enlrtanto, ume muda fundamental ocorou a séeulo XVI, 8 parti a fdagéo de locas para ocuidado de doentes ments Atencio © obit do iui sn ont ne maida que o cer écico des pees ds nies recone qunga “a nogdo da donga ants dezcou se com banat iter Enbora os hospitaistivessem sido fundados em toda a Buto pa desde o séeulo XVI, foi a escola francesa, ou “escola cassia” de Pars, que dominow 0 cendrio psigudtrice europeu até o inicio da. reconliecmento do doente mental como paciente de patclogia natural, acima de tudo orginica, com efeitos psquices, coincide com @ Revolugto Francesa, época em que a defesa dos direitos humanos (gualdade, fracemidade e iberdade) era prega- da pelo Huminismo francés. Phillipe Pinel (1745-1626) trabalhou nos hospitals parsienses de Bicdtre e Salpétritre. institu regras de funcionamento hospita- las, enfatizando o cuidado dos doentes por princtpios humanitios A identificagko das doengas mentaisobtém grande aprimoramen- to, Pinel passou anos nos hospitais, observando e cuidando dos doeates, € exerceu paralelamente o trabalho de docéncia, forman: do um corpo famoso de alienistas franceses, Esqurol (1772-1840), aluno ¢ herdeiso disciptiar de Pinel, continuaria 0 trabalho 0, mestre, tendo incrementado as descrigdes cetalhadas de doentes, por meio de longas observacées. Desse escola surgiram disefptlos como J Faltet (1794-1870) ¢ J, Ballarger (1809-1890), os quais descreefat,Tespectivamen- te loacura circular (foie circulare).e loucura de dupa forme (oie 4 double forme), hoje renomeada sransioeno bipolar do humor (Sealer, 1983). J. Moreau de Tours (1804-1884), outro expoent dessa escola, enfatizou a influéncia de substancias na cissociagéo do comportatento, ao estat os efeitos do haxixe na vida mental E vconsiderado um dos precursores da psicofarmacologia moderna. Emest Lastgue (1816-1882), por sua vez, desereven quadros deli- rantes de evolugéo crdnicae ftied-dew,juntemente com Flr. Na ese apresentada & Bscola de Medicina de Paris, em 1822, ALL J. Bayle (1799-1858) defendeu que a inflamagio de membra- nas arecnGldes determinaria a génese da doenga mental em que 08 individuos com histria de infegd sfltica sofreriam mais tarde de ppatalsiageral progressiva (PGP), Descrevendo minuciosamente as arias fases da doenga, Bayle estidou os casos de PGP baseando-se ta evolugéo da doenga e na histria natural. O seu grande métito foi inaugurar 0 método anetomodinico na descrgéo de uma ent dade mérbida em psiquiztria, de acordo com o modelo médico. © echado neuroanatémico da PGP a aracnoiite exinica, apreseata etiologic espectica, definida por meio de uma constelagéo de ca racter(sticas einicas, combinando sinais motores e sintomas men. tais correspondentes. A demonstracéo defintiva do Treponema pallidum como agente causal da PGP seria feite pelo japonés Noguchi, em 1913. Inflizmente, a inovagdo de Bayle néo foi apre- ciada de forma devida em sua época, permanecendo a escola fran- cesa com suas disputas nosol6gicas e classificagdes.que prolifera: vvamn a bel prazer. Mais tarde, B.A. Morel (1809-1873), dscipulo de J Falret ppublicou Thizé des dégéndrescencs physiques, intelectueles e morales de Pespdce humaine, defendendo a teoria que dominou o cenério psiquidtrco por mais de meio séeulo, Tomando idéias de Charles Darwin sobre a evolugio das espécies ecombinendo-as & teoria de JB Lamarck sobre as modifcagdes adaptativas de érgis transmi- tidas heredtariamente, Motel constrét a teoria da degenerescéncla “ace precace F tons Ao evocar as transformagGes doentias para comprovar 0 seu ponto de vist, Morel diz que a degeneresotncia seria causada por diver- sag etiologins: tutes (pio, haxixe,flcool, ete.) climatic, ects ‘ices (p. ex, eretinismo por felts de iodo), moras e socials (condtt- tw de vide desfavordve, mlséra,etc.).-A tara transmitida se modifi- catia e, com o passar das goracGes se agravaria, Por exemplo, a um, individuo instivel se seguiria outro muito instével, depois um psictico e um alienado grave, para culminar na extingéo da famt- lia, Clinicamente, os quadros atfpicos seriam testemunhos dessa twansformagéo, portanto, da degeneresotncia. Tudo isso se asta perfetamente & preocupagio do sBeulo XIX, no qual autores como Cesare Lombroso e Kraft-Ebbing chegam a exaltar 0 papel da here- ditariedade ese esforyam em definir a patologia mental relacions- daa el, tal como os tpos eriminosos e a psicopatia sexta Diao crédito de Morel foi a descricio, em 1860, de uma nova doentga, para qual Sropbs 0 nome de démence précoce, conhe- cida a partic de Bleue com o noi ésqitotrenia. & doenga desri- ta por Morel afeta principale ns, sendo concei- twada como “uma sibit de todas as fac tismo e deméncia eram iste que terminaria 0 curso’. A ‘Brocesso, indicativo de degenerescincda, como aquele que “se tri cad Vet eos capex de se adaptar em virtude de seus efeitos fisice, inteleetuais e moras’; tis efeitos setiam degortentes de predisposigéo hered Magnan vai levar ao exitenio-as dias de degeneresotncia,distin- fuindo duas classes de tanstoros ments: degeneradose no setiam aqueles que apresenassémi “Gatigmas morals ¢ fisicos, sendo propensos a desenvolverem sindromes exits ees nner grupo “Cong ico, Magnan vai descevero quadro de boufe dl rante, em 1886, como a “eclosto sibita de delfrias polimocfos em seus temes ¢ stias expressbes”. A austncia de sinais fisicos, @ desestruturagéo da consciéneia associada & instabilidade emo nal e 0 cuso transtéro seriam as suas caractersticas princpas. -Além do boufée dlirante, Magnan enfatiza a importincia de delir- os erbnicos, que ocorreriam em individuos sadios, porém predis- postos. No final do sbeulo XOX, adotase, na Franca, os eitéris de Magnan, sustentados sobre trés dimensGes: clinica, evolutiva e etiolégica, ou sea, sistematizagfo ou incoeréacia do deli, curso crOnico ou transitério e degeneragdo ou ndo-degeneracéo na ‘tiologie. Apesar do deetinio da teora da degeneresotneia, por vol- ta de 1910, os quadrds cunhados por Magnan a partir desse terreno, conceitual permaneceram populares nesse pats, A Gpoca das manias ¢ © conceito da loucure Aconcepgo dominante de mania (do grego manta: loueura) como corresponidente & loucura persistiv durante toda a dade Mé- dia até o inicio do lluminismo, emergindo junto com as ides uni- tirias do séeulo XVIL Fildsofos como John Locke vim. vente ‘como um todo ung ou uma. snidade.indivisivel, da me aie @ alme, A mente bamena seria incapaz de softer qual turbagéo parcial, isto 6, uma ver doente, a doenca desestruturaria rsiouaraaisia 2S | globalmente a vida psfguica, eulminando na demenciagio irreversivel, Todas as formas de loucura seriam essencialmente 2 mesma, vatiando somente no seu modo de infcio ow na gravidade dos sintomas. Os alienistas franceses formulam a sua visio racionalista de lowcura na idéie de jolie général (Pichot, 1983), Das grandes concepeSes de mania se desenvolveram apée a descrigio inicial dos gregos. A primeira, aqui chamada de pré novecentista, afastow-se da teoria humoral grega, pois ligava-se concepgéo renasoentista de perda da raz, das idéias unitvias de corpo-mente, ¢ também incl a hipétese de evelugto deteriorante (demencial e ertnica. A segunda nocéo & propagada apés o traba- Tho de Kreepelin, valendosse da descrigio de mania simpler, deno tando quadto agudo (em oposiqdo & idéia de cronicidade), sem evohuir para a deterioragéo (dementia), nem apresentar sintomas psiostions (Hare, 1981) No final do séeulo XVI, 0 médioo escocés William Cullen (1710-1790) dividinas doencas als (partial isanig) slobais (general insanity), representadas respectivamente por ‘melancolia ¢ mania, Na Franga dos sésilos XVINI e XIX, o conceito {a nani se modifioow rapidamente. A nogfo de fie pariel em ‘oposigdo & folie général ganha adeptos importantes como Pinel, 0 ual publica o Traitésur la mani, excarecendo que “todas as coisas que tém relagio com aloucura so chamadas de mania’, Esse autor dividiu as manias de acondo com a presenga on auséncia de deliriton no seu quattro sintomatolégico, Mania sem delirium, of folie roisonnante, constitu o prodtipo de loucura parcial no século XIX. ‘A mania ¢ a dementia so representantes da loncura global (folie ena) Seu disefpulo Esquire (1772-1840) introduaiu, em 1810, 0 conceito de monomania, reforando a iddia de patcialidade e po- ppularizando o uso do sufixo mania para designar os transtomos rmentais de aor com a fang alterada. A sincrome monomantaca, por sua ver, ere caracterivada por: “déia fxa, preocupacio patolé- ica tnica em nada além da mente” ou, mais sucintamente, como loucara parcial (lie parte), apesar desses avangos taxondmicos, 2 idéia fundarmental da Joucura. era de manifestagd global espe- cial, que mantém centaseagio com.o sistema nerveso. Esquiol determina que as monomanias apresencar estas és caractertsticas: 2) que o transtoro esteja limitado & fungko psfgui- a principal, em eontraste com os conceitos correntes de mania e dementia, significando disfungSes generalizadas atingindo varias fan- ‘Ges intelectivas cogntivas; b) que essa anormalidade deve ser entendia como o resultado “Idea” de uma premissa fals; €) que, excetuando-se a dea psicolégica afetada, o individuo com ‘monomania pens julga e age como os outros, Outrossim, a folie partil ainda & dividida em dois tipes, de avordo com o humor do ‘minante: triste ou alegre, As monomanias slo cassficadas de acor- do com a fungdo psiquica alteada: afetiva, intelectual e instintva termo bpemanie,referente 8s monomanizs tristes, substitu me Jancolia; 2 monomania intelectual corresponde & parandia; a ‘monomania instintiva designa a dipsomania; ¢ @ monomania ci ‘eunsrita a comportamento peturbado, englobaapiromania, a clep toménia, a erotomania e a monomania homicid, ‘A eoncepgo de mania teve mudanga brusca com a acetagéo do trabalho de ho XIX, Os estados mania- cos eram subcis a gravidade, 0 tipo e a croniciade das alteragbes. Os tipos era os seguintes: hipomani, ‘ania (aguda).e mania psidtia (ou deizante),correspondendo 20s diferentes estos de mania (Kraepelin, 1981). A possibilidade de existc um tipo de mania - a simplex - que nfo evolu para o estado demencial(perda de razoe reversbildade) permite que Rraeplin | | MH owaeunse cos fonnule a sua dcotomia das psicoses endégenas, onde a mania como sintoma faria parte da doenca maniaco-depressiva (Hare, 1981). fia molaacelia a slepressio Havia muita discordéneta, no final do século XE, a respeito dda posigdo taxonémica da melancdlia. A sintomatologi clinica prevalentee a associagéo com outas formas ce Joueura constituiam temas de muitos debates. Naquela época, a clasificago psiquit- ca se baseava em uma pluraidade de espécimes nosoldgicos lnredutiveis, que nfo podiam se misturay, nem apresenta fases dis tints. As discusses se apoiavam na exemplificago pela casustica, argumentada com contraprovas. Os crtérios estatstico ainda nfo estavamn integrados na, Medicina, embora estivessem dispontveis ‘em cutras ciéncias. A observacHo clini de casos que exibiam 0 ‘menor desvio do tipo ideal descrtoforcava os alenistas a declard- los como novas formas de doenga. Essa foi urna des eticas do trae balho anatomoclinico sobre a PGP aptesentada por Bayle (Pichot, 1983; Bertios, 1996; Berrios; Porter, 1999). As hipdteses sobre. a melancolia so variadas e ndo-exclsivas, send, combinadas para ‘explii-la Gertos tal, 1992) ‘Como quadro nosolégico, a melancolia € descrta, desde a Antigiidade Clissica, sempre ligada & teoria dos humores (Roccatagliata, 1973). Temitica coituim ros séculos XVI e XVI, as visdes barroca e renascentista de melancoliae temperamento me- Janoblico pode ser vislumabrada na gravura “Melancholia” de Albrecht Diver, de 1514, cua epresencagéo aristica de um indviduo afeta ddopela doenga mostra o tormento e as dfculdades por ela provoca dos, © livro The anatomy of melanckoly (Burton, 1979), publicedo em 1621, descreve a tristeza e a mégoa como os principas sito. ras que assolam os ilancdlicos, a0 lado de obsessSes, deli, comiportamento suicida e queixas hipocondriacas. Durante 0 Reniscimento, persste idéir gfoga de trago “doentio”, sempre ligedo ao excesso ou a0 desequiibrio dos humores. Ao lado dessa ogo, is vezes, o melanedteo também era visto como alguésm que possuia certas habilidades, como a ‘clareza da mente” (Brieger; Mameros, 1997). 'No comego do século XVI, a palavra melancoliatinha dois significados. Um, de uso popular, para designar tristeza, suicdio € nostalgia e outro, de emprego técnico, para reforgar a ia de trans- tomo “delirante”, No final do século XVIM, Esquirol reconhece esse transtorno afetivo como forma distinta de perturbagéo mental, que cle chama de ypemanie (Zilboorg, 1968; Plehot, 1983; Berrios; Porter, 1999; Pessott, 1999). Hsquirol ainda defende abandonar 0 termo melancolia por consderé-o excessivamente leigo e frouxo, mpréprio para uso médico, As caracteriticas da Iypemanie reie- tem perda,inibigfo, redueSo e decinio mental, em um quadro de poucos deliros, ‘A palavra depressio ~ do latim depremere (pressionar para baixo) ~ gradativamente deslooouo conceito de melancolia. A nocéo de depressio deriva-se da meicna cardiovascular da époea, para se referr & “redugéo de fungéo” (Berrios, 1988), 4 transformacio do termo melancolia para depressio ocoiteu ainda na primeira metade do steulo XIX (Berrios, 1996). O termo ¢ aplicado as apresentagées mentais, de forma andloga, como “depresso mental”. Logo essa ex- Dessfo ganharia a acetagéo dos estdiosose oadjtivo “mental” fol abandonado. A depresto idee o"tebabxamento do estado de esp- tito de pessoas que padecem de alguma doenca’. Bsa expresséo ga- nha adeptes por oferecer explicagio psicoligica; alm disso, serve ‘para descrever o estado oposto ao da exaltagéo (Berrios, 1996). ‘A melancolia ¢ a lypemante continuaram preferias por estu- diosos para indcarsinérome clinica ou doenga, enquanto a depres sio era utliada como sintoma de "condigdo caracterizada por di minuigio de énimo, redugéo de coragem ot iniitivae tendéncia a pensamentos tristes” (Berrios, 1988). Hoje em dia, os problemas com o cquceizo de depresséo contintam. A sua grande variable de em relagéo a gravidade, sintomatologia, curso e progaéatic, 08 seja, a heterogeneidade da apresentacio,s6 seria unificada com 0 trabalho integredor de Kraepelin. (ESCOLA PSIQUIATRICA ALEA ‘No final do séeulo XIX, uma nova eoarente de idéias tomou forga nos palses de lingua alemé, cujo desenvolvimento no campo da psiquiatria suplantou gradativamente a escola empirsta e racionalistz da psiquiatra francesa (Pichot, 1983). Enquanto os aliensta franceses se esmeravam em aprimorar suas detalhadas bservagies clinica, no inicio do século XIX, a psquiatria germanica se desenvolvia em contexto cultural roméntico, desprezando 0 s- pirito lluminista francés. A tadigéo roméntica alema enfatiza 0 aspecto irvacional, o sentimento de contato com a naturezs ¢ 08 valores individuais. A empatia (iyfuhlung) & mais considerada do que a razio, pois como & encarada a sensibilidade que possibilitria descobrir os fundamentos do individuo e a sua visio do mundo (Weleanschauung), -Até 0 século XVIEL, 0 ensino universitério germanico era feito essencialmente de maneire tedrica, 0 que intensifcou o cardcter especulativo das doutrinas mentalistas. Os Pychiter (mentalistas ou psicoogistes) predominaram durante a primeira metade éo sé culo XIX, 0 mentalismo germénico teve o seu dae representado Por quatro correntes principais, que floresceram isoladas do empisismo clinico-descritivo da Franga e da Inglaterra (Pichot, 1983). Sio elas: 1. Corrente filosfico-especulativa: Johann Christan Reil (1759-1813) foi principal representante destacorcente de pensamento. Criador do termo “psiquiati, Rell era basicamente especulativo em seu pensamento psicold- gicoe somiético, mas reconheceu a importincia de tée nicas psicoterépicas,utlizando melos psiclbgicos va riados em seus pacientes, 2. Corrente étio-teligiosa: Johanta Christian Heinroth (1773-1843) utilizou a terminologia religiosa em seus trabalhos, com concepgGes mais préximas & religiéo do que &flosofia, Para ele, a doeniga mental 6, por nature- za a perda da liberdade e o resultado do peeado e da culpe, Dessa forma, sob a influéncia do pecado, o ho- mem dexaria de dominaro seu priprio esprit e liber. dade, A doenga mental representa’a queda ao reino de forgas inferiores, A consciéncia do pecado seria uma das causas dos ranstomnos mientais: 0s pecads comet dos se chocariam com o senso moral, gerando um con fito que diminuita a berdade e facia o esptito sub- rmergir @ um nivel inferior Assim como a doenga men- tal estaialigada a uma confto moral, a sade repre: sentaria a integraso dos dads da consciénela, Segun- do Heinroth, hd tts niveis de processs pscoldgics: 0 inferior, 0 das forgas instintvas, do magnetismo; o de conscifneia do Eu (ck), em que predomina a intel glncia ea autoconscitnia;e o superior, ode conscién- cia moral 3, Corrente moralizante: Wilhelm Ideler (1795-1860) con cebeu a doenca mental como “hipertofia das pases", ja patogtneseestaria ligada & vida emocional e pas- sional, por exemplo, os impulsos sexuais instisteitos orighndrios da inféncia, A doenca estarialigada a0 desequilibri, o ser humano estaria incessantemente submetido ao processo de autodestruicéo ou de auitoconstrugéo, Para esse autor, a realidade exterior Poderia fomecer elementos de substituigfo para saciar as paixdes, o que viria a ser aplicado em psicoterapia, 4. Corrente romdntica: tendo entre seus representantes autores cima C. G. Cer, G. H, von Schubert, Kerner, Keser e Leupold, esta corrente constitu o climax do rentalismo, Baseada no principio de que a intuigio & superior & experinct, incomporava a flosofie da nate reza (Naturphilosophie) de Schelling, sua iddia’ sobre “alma do mundo e seus princlpios de polaridade det vados de Cullen e Brown. ~Opontiose & escola empitistaracionalista francesa, 0s psi quiatras germénicos enfticam as particlaridades indviduals em confit com as suas pulses iracionais, biscando o equilibrio, Ene tretanto, devido ao seu cardter especulativo-terico, os mentalistas ouoo fizeram para melhorar as condigdes de tratamento dos seus doentes. Um dos autores representativos desse esprito foi Ernst von Reuchtersleben (1806-1849), da Faculdade de Medicina de Vie- na, 0 qual fol responsdvel pele eriagéo do termo "psicose”. Bara fesse autor o temo designa um transtorno mental em geral, sem intengio classificatéria, Concebe a doenga mental de forms monist, dizendo que "o ser vivo fisio ¢ corpo espttualizado, ea alma & 0 espirto corporizado: ambos constituem tm dnieo fendmeno, sem- pre tno e indivsiel” Entre 1840 ¢ 1860, no entanto, crouse a “teaglo somaticista”| Gomatiker) em relagio &s doutrines mentalistas especulativas ins- pirades na filosofiaromdntica elem, Esta covrente basia-se forte- mente em neuroanatomia neutopatologia, Junto com a fundagio de “hospitals para doengas nervosas”, os somatiistas ganham no- torisdade com o ensino prétioo da psiquiatria, Nesses hogptais, a psiquiatia ¢ a neurologia séo estudades na mesma disciplina for- ‘mando 0s “neuropsiquiatras® alemaes (Lishman, 1969). Os pesqui- sadoces acumulam datos dlinicas, neuroanatémicos, fisilégieos, histolbgias e neuroeinirgios para demonstra a localizacéo cere- bral de fungGes sensorals e motores Os representantes iniciais dessa corrente ainda nfo reconhe- cem a doenga mental em seu sentido estrito, Aceitam apenas que as doencas sométicas (nfo necessariamente envolvendo o cérebto) estariam associadas b "loucure’, « qual, em iltima insténcia, seria to somente um sintoma de defeto corporal, Qualquer argurnento que dese suporte ao panto de vista somatiista seria acolhido & aceito coma satisfatrio, sem crtéios centficos, Neste momento, 0s somaticistas ¢ 05 mentalitas tornamse tio dogméticos que as, discusses chegemn a um verdadeito impasse. Somente a partir de Wilhelm Griesinger (1817-1868), os somaticistas estabeleceram a psiguiatia médica na Aleranka, in teressado em anatomia fisiologia, Griesinger personificou 0 espf- i { siouarmasisca 25+ rito da psiquatria ale do séeulo XIX. Para esse professor de doencas nervosas e mentais emt Berlin, a causa dos transtornos mentais deve ser procurada no sistema nervoso cental, mesmo que ‘nem sempre fosse possvel provar a sua existinels, Griesinger acre dita que as *doengas pstquicas eram disfungbes do eézebro” e 2 “insanidade” representa apenas um sintoma de patologia cerebeal Ee se coloca ao lado de franceses, como Bayle, entendendo que “as mais extensivas e a mais constantes alteragbes encontradas em pacientes ments so lesGesdifusas na substdncia comical’. Proca rando constrir uma psiguatria empfrca baseada no modelo mé- ico, Griesinger defend que esta deveriatranscender as deserigbes ppuramente sintomiicas a0 modo francés. Ainda, leva em conta a pereonalidade anterior ao desenvolvimento da doenga, Essasidias so inconporadas na sua noo unitia de Binhetspsychose, ou pst cose tnica, Apés Griesinger, duas correntes na psiquiatria germé nica se formaram: a da patologia cerebral e a da nosclogta clinica, Karl Westphal (1833-1890) sucedeu a Griesnger na corrente de patologia cerebral, substiqindo-o na cétedra de Beslim, Famoso anatomist, suas contrbuigSes so estudos especializados sobre PGP « materials patoldgios em neutoanatomia, Como cinico, devemos lembrar suas descrigées de fendmenos compulsivos e agorafobia. ‘Ao enfaticar a importincia de corrlagSes organoclinicas, deixou discipulos como Carl Wemicke (1848-1905) e Theodore Meynert (1833-1892), os quais aproveitam as suas descobertas anatfimicas pare estuda eformular as suas propria conoepetes de psiquiztia Embora o conoeito de deméncia seja bem-estabelecido desde os séeulos XVI e XVI, esta era vista como forma de melancolia associada a idade avancade (Berrios, 1987). Naquela époce, a idéia de perda de raxdo e deteroracSo ainds contaminavam o coneeito académico de deméncia. Todos os transtoros mentais evoluiriam inexoravelmente para deménci, sejam eles maniacs, metancélicos ‘ou peictics. A incompeténcia para atividades puicossocas,aliada a0 prejulao cognitvo, reforcava a idéia de imeversbiidade desses quads. Somente a partir do século XIX, a demacia assuminia um ‘ape central no pensementopsiqudtico, na medida em que houve 6 aumento de casos desta condico, impiisionando o interesse mé- dio nas pesquisas sobre sua caus, sua naturezae set tratamenta. A poptlaridade desse conceto pode ser vishumbrada nas vais for- mas de deméncias descrtas na paca: démence senite, démence accidental, démence précce e démence melancolique dos franceses, pseudodementia, dementia praecox, dementia vesanica, dementia aterosclerotee, dementia seuntiva, dementia apoplectia, ene tan- tas outras condigées, Alois Alchsimer (1864-1915) desereveu em. 1907 a sta propria forma de doenca nesse contextonosolégico fre smentalo em tants entidades “demencias". Certamente o trabalho de Alzheimer nfo representa novidade para a sue época, uma ver aque os quados senis so bem-conhecidos. O se estudo neuropato 1éico aliado 4 idéla de que tal condi smais jovens é confirmado pela comunidade académica como a me- nifesiagio atipica da deméncia senl, Gradativamente, a patir do inicio do séevlo XX, a doenga de Alzheimer se tornou a forma prototipioa das deméncias (Berrios, 1990) Karl Ludwig Kabat (1828-1899) foi 0 representante mais importante derivado da comente clinica, Brilante linio, fol o pi- ‘meito psiguiatra germdnico a sistematizar as diversas formas de do- engas mentais a pati do ponto de vst puramente cinco, Kahfbauma compartihon as idéas de Griesinger, de que a nosologa ideal deve. ria ser baseada ia anatomia patolégica. A forma de classifier e agru pat os casos a partir do curso etiico espeifce pode dispensar de forma tempordse oeitéso somstic, pois “as dstingbes eas dass 128 Low eunse cots. cagbes obidas pelas observagéesfsioldgcas e clinics tem recebido subsegientemente confirmagio neuropatolégic, conformne os pro- gress anatomopatolégios”, Kahlbaum descreveu a. catatoni, em 1874 ¢orientou Ewald Hecker no trabalho sobre hebefrenia em 1871 (Gedler, 1985). Kahlbaum bustou na descrigdo francesa as fases cevolutivas da PGP reportando-e a descieé de foie cirelaire deJ. ~ B Fare. Além disso, inauguron o ciério temporal na descrigio de sintomas de wn quadro nosolégic, coma 0 objeto de delimitagio de processos, usado-o como guia na busca de seqidncias definidas de apresentaghesclnicas diferentes (Berrios; Hauser, 1968) ‘No final do século XIX, a psiguiatia germénica dominava 0 ‘enério europe. A ctigio ea extensio das cadeiras universtéras de psiquatia, juntamente com os laboratétios de neutopatologia, sustentaram 0 seu desenvolvimento, Gragas a Griesinge, a psiquia tra germinica superou a fase de especulacdes romantics e conto: vérsiasestéres para seguir os caminhos da psiquiatra médica, A influgncia do somaticismo reflete a fase colocada na anatomia © na neurofsiologia para que florescesse a “patologia cerebral”. Mas, ao mesmo tempo, absorvendo modelos e tradigdes francesas na fi gura de Kehlbaum, a psiquatia germénica desenvolveu uma-abor dagem que lhe permit 0 reconhecimento internacional eo estabe- lecimento de um sistema moderno de nosologia clinica. Wraepelin ¢ a segunda cevnlugaa psiquidtiica En Keaopelin (1856-1926) fc, sem sombra de dvda, um dos grandes responsévels pelo desenvolvimento da psiquatria na Alemanha, Prcuranco “aspects essencais" para us-los como eri térios diagnésticos de transtornos mentais, Kraepelin geraris uma nosologia baseada no curso natural da doenga (Berrios; Hauses, 1988). A dicotomia fundamental entre doenga mantaco-depresiva © dementia praezox apolase nos seus respectivs cursos evoluvos. A dementia proecax & constuda a partir do agrupamento da catatonia de Kahlbaum eda hebeftenia de Hecker, juntamente com a dementia paranoides, descrita pelo prépio Kraeplin, Herdeiro da corrente cl nica dos somatiistas,Kraepelin ctcaria a “miologia cerebral” do srupo, pois, para ele, “o Iaboranio no substtua o clinica, no qual 0 fenémeno de insanidade poder ser estudado in vivo" Rapidamente, a proposta nosogrdfice kraepeliniana ganha- via aceitagoalém das fronteras da Alemanke, tornando-se wit i- ‘gar comum nas dassfieacGes do século KX. O trabalho o esforgo ‘osogréfico efetuado por Kraepelinrevolucionaram a psiquiattia exropéia do infelo do século, o que fi chamado de segunda revolt ho psiquidteica Negligencizdos na literatura especializada, outros neuropsi- quiatras alernes também contcibulram significativamente pata a histéxia dos transtoenos afetivos no sécula XIK (Berrios etal, 1992). Influenciados pelo Aulérung alemo, autores como Rell, Heinroth, Griesinge, Krai Ebing, Weygendt e Kraepelin propuseram a sta pr6pria visio sobre melancolia. Heinroth rejita a perspectiva intelectuelista, dizendo que *. a origem das falsas nogGes dos pa clentes que sofrem de mefancolia..é erroneamente aribuida ao intelecio... aqui ointelecio n&o es defeituoso.. 6 a disposiglo que engendrada por algunas paides deprimidas,.. Néo so as idias ov os conoetos que determinam 2 nanureza ea forma da doenga.” qpud Berrios etal, 1992). Griesinger, por sua vez, no escopo de sua idéia unitérie des pscoses, defende que havia somente uma forma de insanidade, madando de expressto sintomdtica (grupo de stoma) a0 longo do tempo, refltindo a osclagdo de um prin- clpio vital. Para ele, “doengas mentas sio doengas cerebrais, air mando que o transtomo mental, a perturbagéo mental e a doenga rental seriam uma coise nia, “Nao existem varledades, nem mo- dalidades, Bla segue um ciclo, € um fenBmeno evolutivo que come «a.com a mania, passa pela melancolia, segue-se no deli e ermi- 1m pela diminuigéo global das fungBes mentai, que ¢ a dementia". Kallbaum, por sua vez, além de propor uma nosologia original baseada no conceito longitudinal de doenga, desceve a melancolia ‘como sindvome dlinica (ein Symptortenkompler), nfo como doenga Esse proceso culminou no trabalho de Keaepelin, que conse sguiu unificaro problema da plutlidade nosoldgica, estabelecendo ritérios para a sua melancholia involutiva, ineluindo,lteralmente, ‘a maioria ds estadosafeivose depressvos. Segundo a conceituacdo esse autor, o transtomno melancdlicoapresenta as seguintescarae teristicas: 1) earso periédico; 2) bom prognéstico; ¢ 3) endogenicidade (Le, néo se relaciona a fatores precipitantes). Bs ses crtérios erar difceis de serem cxmpridos nas nosografas dis- pontveis da época, Ao contrério de dententia praecot, que apresenta, critérios evolutivos mais restritivos ou a auséneia do resttutio ad integrum, a nogéo de transtornos afetivos de Kraepelin (1981) era ‘mais ampla da época e a maiotia dos trabalhos posterires funda- mentou-se na andlise das suas concepgées, A correta clasiicagdo de Kracpelin das psicoses end6genas em cetegoras distnta, base ada na istéria natural da doenga, influenciou profundamente a nossa classficagio atual, coma o DSMAV e a C1D-10. Qutras contibuigies da escola alema ‘A proxituidade da psiguatia alemé com a filosofia touxe & cena a figura de Karl Jaspers (1863-1969), que sistematizou a psicopatologia por meio do método fenomenblogico. Publicou, er 1913, 0 liveo Psicopatoiogia geral, no qual apreBenta a reflexio so- bre « abordagem dos transtomos pslquicos a partir do uso de metodologia sistemética, sem a prior, sobre a observa clinica dos fentmenos psiquoos. infiuenciado peas idéias do soidlogo Wi. Dilthey, ele estabelece as diferengas entre as conextes de compre ensio € explicagdo no cuso da doenga, Sua obta & decisiva para 0 aprimoramento da psicopatclogia, enftizando a postura do exa- rinador em penetrar nas vivenclas e nos rendimentos do pacente. ‘Asim como a corrente iloséfica fenomenclégicainfluenciou sobremaneira a psicopatologia jaspersana, a fllosofia do ser de Martin Heidegger contribu para a vsdo existencialista do indivi duo em seu modo de insergfo e de abertura para o mundo. Dentre os psiquiatras existencialistes que difundiram taisidéies, podemos citar L. Binswanger, . Minkowski, H. Kunz, 0. Strauss e von Gebsattel, entre outros. Kurt Schneider (1887-1967) descreveu os sintomas de pri- mira ordem da esquizofrenia que seriam caracteristicos da doen: a, embora nfo fossem patognombnicos, Prope também a conceituacdo das personalidades psicopdtics,individuos cujas ca ractersticas de personalidad constitufam variagdo anormal, "que fazem softer a sociedade ou o proprio individuo”. Sua sistematica nosogafica baselase, sobretudo, no dualismo empitico de inspira ‘fo cartesiana, O diagndstco assentado na descrcéo clinica segui- da de cassficagio sintomatol6gica ganha importdacia na sua obra mais conhecida, Pcopatoogia clinica, de 1946, Schneider opb annomaliaspsfquicas ot desvosestatistcns da notmaldade. do as disposiges intelectais, as persoalidades psicopdticas ¢ as reagGes vivenciais anormais ~ &s conseqitncias das doences. Os transtornas mentais formariam dois grupos: as psicases com etiologas coporais demonstrves aqueles sem etilogia conhecl- a (Ciclofrena e esquizofenie) A aparente semelhanea coma dicato- mia kraepeliniana desfazse no trabalho de Schnelder, uma vez que sua nosologia baseava-se nos sintomas do paciente, concebidos & luz da interrupedo da compreensblidade do processo vital; a que- ba deste corresponderia ds psicoses, em oposicgo is anomalies ps. quices ser intercupgo da continuidade histéico-vivencial, Exnst Kretschmer (1888-1964) foi quem melhor integzou dados biolbgicos e pscol6gicos experimentais na abordagem das doengas mentals, Opde-se a Kraepelin a pattir da descrigdo do Aelia de referencia dos sensitivos, em 1918 (Keetschmer, 1974), Props @ compreensfo deste deliio particular do grupo das para- néias, defendendo a existéncia de “disposigéo caractéroldgica sen- sitiva" com diferentes fatores desencadeantes, entre os quais os, eventos da prépria vida, eomo a humilhagio ou o fracasso. Consi- derou, em cada caso particular, todos os fatores que pudessem interferir de modo convergente na ecloséo de estas patolégicos ~fatoresconsttucionas, heredtévios, rginicos e sociais. Tal abor- dagem foi chamada posteriormente de psiquiatria multidi mensional. A telagko entre a constituigéo fisica a personalidade € enfatizada nas clasificagées de Sheldon e Kretechmer, que correlacfonamn o tipo fisico com o temperamento e o transtorno psiquidttioo (Rretschmer, 1974). ‘Nuits psiquitres germénicos no concorderarh com a sepa- ago dicotmica das psicoses enddgenas entre dementia praseax e doenca mepfaco-depressiva. Enquanto essa distingio propasta por Kraepelin obteve amplaaceitago na Buropa do final do séoulo XIX e ino do 2, a escola ce Wernicke Kleist formlou e propbs sua pro- pia classiicagéo de psicoses end6genas, O pensamento de Carl ‘Wernicke (1848-1904) se base fortemente na tradigio germénica e Wilhelm Griesinges, de que “todas as doengas mentals eram isfungBes do cdrebro’. Wernicke, por sua ver, actedita que todos as sintomas de daenga mental deverianh ser deduzidos das propriedades, conheeidas do oérebro, sendo este método global a iniea abordagem posstvel, Como um dos poucos cientistas que segue as idéias de ‘Wernicke, Karl Kleist (1879-1960) insstiu na unifieagio des disep nas de nevrologiae psiguatria, Kleist tina opto de que a doenga manfaco-depressva de Kraepelin nfo consistia entdade tnic, mas ‘um completo de vérias psioses heterogéneas que se desenvlver am em individuos com certo tipo de constitugio e reapereciam ou recorrerim periodicamente com prognestio saisfaro, As rafaes da nosologia de Kar! Leonhard (1904-1988) se epoia ‘vam na combinagio da tradiglo neureldgia de patologia cerebral desenvolvida por Weinicke e Kleist com a abordagem ce Kraepelin sobre a etiologia eo prognéstco dos transtomnos mentais. A casi cago das psicoses endégenas de Leonhard impulsionow noves pes quisas psiquidtricas sobre os transtomos do humor, desfavendo os impasses que retardavam os estudos no campo de genética eticloga, progndstin e tratamento, Nas suas suoessivas edigdes A classfca- 0 das psicoses endégenas (Auftelung der endogenen Psychosen ~ publicadas entte 1957 e 1971, traducio pare inglés em 1975) ao iedo de vétos exigos, Leonhard prope um sisterna clasificatério detahado das psicoses “endégenas’, dividindo-as em quatro princ- pais grupos e muites subgrupos. Provavelmente, 0 conceito de lunipolar-bipolar das fases dos quadros endégenos foi a contibuigdo ‘mais aceta ease autor. Apesar de evidéncias da validade de propos- ta de Leonhard sobre as psicoses endégenas, a sua classficagao com tinua dif de ser integrada na clasificagto peiquidica atu A tradigfo germénica trouxe substanciais progressos para a psiquiatria pdsescola francesa. Ressltow a importéncia do aspecto rsouurmaaison 21 | biolégico nos transtornos mentais por meio de Griesinger, Westphal Wernicke, ao mesmo tempo em que contibuiu para o aprimora rmento da nosografa da clinics, bem como incementot o estudo da psleopetologia dos transtornos ments. AL PSIOITATREA FORA DA FRANCA E A ALERTANHA Eugen Bleuler (1857-1999), psiquitria suigo, no seu lio Dementia preecox oder gruppe der Schizophrenien, de 1911, reconhece ‘omérto de Kreepelin, parém critica 0 uso do crtéio evolutivo como pardmetto diagnéstico, cunhando o termo esquizofrenia (cso da alma”) para um grupo de doenas com sintomatologia comum. Acres. centou & formas destritas por kraepelin @ chamada esquizaienia simples. Todas essas doenges apresentam os sintomas fundementais comuns que permitem o seu diagnéstico no mesmo grupo, Bleuler espectla que algumas alteractestdxicas cerebras produnitiam sinto- mas fundamentais como deterioragbes,autismo, ambivalénca afetiva modilicagdes na associagéo do pensamento (Bleuler, 1960}. [Ne Inglaterra, apds a divulgacéo do conceito de neurose por William Cullen, a psiquiatria era dominada pela perspectiva organisa de H. Maudsley (1835-1918), semehante & de Griesingen. Pritchard, Mapother e Tuke se ocupavamn em descrever e clasiicar ostranstomos mentas, Wily Mayer Gross (1889-1961) estudou em Heidelberg, foi influenciado pela fenomenologia jaspersiana, con- tribuindo com a viséo clinica asociada & experimentagdo nos pal- ses ango-saxies. A escola inglesa passoi a exercer grande inflién cia sobre a psiquiatria mundial a partir da segunda metade do sée lo XX, com nomes tais como Aubrey Lewis, Michael shepperd € Robin Murray No inicio do séeulo XX, a psiquiatrianorte-americana foi pto- fimdamente guada pelos concetes psicobolbgicos de Adolf Meyer das teorias psicanalticas de Freud, Adolf Meyer (1866-1950), neutologista suo radicado nos Estados Unidos, critica a nosografia Isaepeliniana baseada na evolugéo da doenga, sustenta que o do- cente deveria ser visto como un todo “psiobiolégico”integrado, no quel o distirbio consisttia em patologi funcional da adaptacio, ¢ as doengas, modalidades diversas de reagdo, Os fatorespsicosocins, na compreensio clinica e o tralamento dos transtomas psiquifti- os so largamente enfatizados. O otimismo terapéutico estimula do pela abordagem humanistca expandiu o mimero de médioos que escolhem esta especalizagio; muitos deles levaram 0 set co- tthecimento psicolégico para além dos alos ¢ manicbmios, Howe «exalt da psiquiatra como o ponto centtal da medicina, sob a forma de “medicina psioassomética’ e “consultoria psiquitrica de ligacdo” para explorar os aspectos psicossociais da medicina acadé- rica em hospitaisgerais e ambulatérios clinices: Hoje, a psiqua ‘ria norce-americana exerce grande infliBncia sobre a psiqalatia ‘mundial, sobretudo, em vetmos diagnéstins ¢ terapButioos FREUD E A COMPREENSAO PSICOBINAMECA 00 sNDv¥iDUO O cofioeito de neurose foi cunhaclo por Cullen, em 1769, para designar afecegdes que afetam 0 movimento eas sensagies, AS sas oigens remontam & idéia de tra relancélico, visto como o “mal dos ingleses,enja propensio & introspect afetaria os habitantes inulares, océsionando maior nimero de suiciios. A populaidade do termo neurose ¢atestada pela quantiade eleva de individuos A ncieuezo08 que se aute-otulam como *neurétions” ou softendo de “doenca dos necvos" no séeulo XIX Entre os norte-americanos, . Beard descre- vera neurastenia em 1869, em que a exaustio nervosa seria a ca racterstica predominante. O mesmo fenémeno inglés toma conta dos norte-emericanes, de forma que era moda softer o “mal dos norte-americanas". Hoje em di, poucos autores ainda defendem 0 uso dos termos neurose e neurasteniz, 0 que era comum nos séeu- Jos XVIII e XIX, entretanto nfo mais encontrado na nosologia mo- derna, Foi justamente estudando os mencionados “quadros neurét- cos’ que Sigmund Freud abit caminhos para as diversas linhas de tratémento psicoldgio, proponco teotas etécnicas para tratar 0s vrios tipos de neurose descritos desde entéo. Diferentemente da construgio de téenias psicanalteas, a teoria do inconsciente tem rales no movimento romntico do século XIX, mas também se deve 2 teraputicaorigindra da idéia do “magnetism animal”, ‘Anton Mesmer atribuia a patoginese das doengas humanas as explicagdes sobre aquilo que ele chamou de *magnetismo ani- smal, Esse autor defende que hd um fluo invstvel espalad pelo universo com propriededes similares 20 magnetismo mineral que penetraria no corpo dos sees vivos e sustentatiao seu funciona mento fisilégico. Como o resultado do bloqueio patolgico desse ffuxo ocoreriadisfungGo organica localizada que manifestar-seia 1a forma de sintomas de doengas fscas especies. O tratamento proposto objtiva reestablecer 0 fluxo normal do fuido, dssolven do 6 bloqueio por “magnetoterapeuta’. O oporcunismo dos adep- tos dessa terapéutica fol equlparado posteriormente aos chatlaties illet, 1991). (0 oneeito de inconsciente dindmico fot desenvolvido para Jelamente & hipnose por vétios médicos da escola francesa. Nesse periodo, a énfase da psiquiatria mudou do estudo da psicose para 0 da neurose, intcoduzido por Wiliam Cullen, Jean Martin Charont (1825-1893) descreve os diversas sintomas histériens e reconhece que o trauma estaria relacionado a idias e sentimentos que se tor- naram inconscientes. Como os sintomas bistétios podem ser 1e- produzidos experimentalmente sob hipnose, acreita-se em sua cura por meio dessa téenica Teilt, 1991), infiuenciado peas idéias de Charcot, Pierre Janet (1859-1947) desenvolve a nogéo de automatism psiclSgicn, ou sea, 0 surgimento de fungées psico- légicas inferiores ocorreria quando as FungGes superiores esto pre judicadas, Somente a partir dos anos de 1890, Sigmund Frew! (1856- 1989) comega a desenvelver a sua teotia do inconscinte, Neurolo gista académico do final do séeulo XIX, Freud preservoto rigor cen tficoe buscou extra leis naturals universas para a compreensao do piquisme, assim como sua estrita ligago com os process sis e fisioldgicas. Na primeira fase do seu trabalho, wtilza-se do modelo neurol6gico mecanicista da mente, com as suas doutrinas de dleterminismo e hierarquia. Na tentativa de estruturar a psicologia ientilica (Preto para a peicologia cientfica, de 1898), labora uma concepgio energétia quantitative do aparelto psiquico,regido por prindios e leis prdximos aos da mectnica e da termedindmice, ‘Apsicandlse surge-a patir de questionamentos exigidos pelos faros observados na abordagem clinica. As’observagiesinicals de Freud abordaram descrgGes do tratamento de ta histérica pela hipnoce, jutarsente com Breve, em 1896. A paciente relatou du- ram a sesso de hipnose um incidente de seu passado remoto, de modo vivo, porém esquecido até entéo, com violenta expressio de suas emoges (catarse). ApS 0 tratamento,experimentot avo subs- tancial des seus sintomas. Tals observagbes leva Freud a constuir ‘0 seu conceito de inconscientee repress pressupondo que a ero fo ligada a idéiasreprimidas pode afeta as reagbesindividuais nos eventos do presente. Posteriotmente, escobre o fenémeno da trans- feréncia e abandona a hipnoe. A psicanlise nasce aqui como méto- do de investigagio das significagies inconscientes por meio da livre associagéo (Freud, 1969). Tas idéas sdo revolucionérias para sua é5oca,representando grande avango no campo das psicorerapias. (0 eneontro com Charcot em Paris, em 1885, permite a0 cra dor da psiandlise viskumbrat a passagem do suporefisialigico a0 pesiolbgico. os pouees, cbandona a visio mecancistae passa para 2 interpretagio, buscando um sentido ineansciente nas diversas ‘anifestagbes patol6gicas A fronteira igda entre normal e patol6- ico se dissoveria. As forgas rm suas relagbes reciprocs teriam uma localizagio: inconsciente, pré-consciente e consciente. ‘Bm 1900, Freud publicou A interpretardo dos sores, obra que representa ruptura importante no modo de compreender a mente humana, Ao introduzir uma téenica para 0 estudo dos s0- nos, enfatiza a andlise introspectiva do seffe inaugura a concep: fo de que normalidade e patologiafavem parte de um continuum Os deselos inaceitaveis apereceriam de modo mascarado nos So- sihos por meio de mecanismos como odeslocamento,acondensaglo, a simbolizag, a alusdo, a alegora, a utiizagio da parte pelo todo ‘ea expresso pelo contrério, Funeionam de acordo com 0 proceso primério, nfo cbedecendo as coergdes da realidad, Posteriormente, em consondncia com 0s conceitos evouco- nistas, Freud descreve o desenvolvimento fumano, baseado prin palmente na sexuaidade, formulando a teria da libido (Tis ensaios sobre a teoria da serualidade, de 1905), Ao levar em consideracio a ‘nsereéo da pessoa em sua cultura, considera a forga do recalque, na qual a censura funcionaria como lei. A aplicaglo dessa lei no desenvolvimento da crianga em sua fama passa ase cevestir de significado universal: 0 complexo de Eipo torna-se o nicieo de toda neurose, mas também o fundamento de organizagéo de toda a sociedad i reud diferencia o istintos do ego dos da ibido sexual, pro- ponvio uma nova teoria com dois instintos primatios: Bros (instinto de vide) e Tanathos Cinstinto de morte), em Além do prinepio do prazer (1920). Tr onos mas tarde, pastularia que oid é a matia comum incoaseiente de cada pessoa e segue o principio do prazes, @ partic do qual se diferencia o ego, sb a influénca do superego (re agrasparentase socits). Em Inbiges, sinomas e angistia (1925), a ansiedade passa a ser vista como sinal da aproximagéo de perigos internos, em ver de sero produto da frustragéo da libido sexval. A ansiedade se tora o principal agente patogénico das neuroses. Pos- teriormente, seus escitos se voltariam para os fendmenos eulturais € sociais. Na fase final do seu trabalho, Freud dirgiu a sua atengéio 0 “dinamismo" da iteracio entre a personalidad e 0 meio ambi- fente, enguanto a8 outras escoles contemporineas enfatizavam a boistdria naturel, a sua base constitucional e os fatores causais e de desencadeamento. s principals dissidentes das idéias de Freud foram Alfred Adler e Carl Gustev Jung, Pata Adler (1870-1937), 0 sentimento de inerioridade determinaria ofinclonarnento psicoldgico individu O individuo se orgenizaria em umm todo que, por sua ver, readaptar- sea incessantemente a0 meio, buscando domind-lo. Propbe que © estado de inferioridade de um Srglo, devido a deficidncias reals, & ceducagio inadequada ou, ainda, asituagbes socials, acarretatia pro- cessos compensatérios que resultatiam em superestimulago, sen do este o ponto de inicio da neurose, Jung (1875-1961), por sua vez, prope nogéo mais ampla da Hibido, que corresponderia ao interesse psiguico, como a energia que se manifestatia nos processs vitais em forma de “complexos" Funda a psicologia analitica, postulando que attudes complemen tares (introversdo e extoverséo)estaram associadas a funcbesra- cionals do pensamento edo sentimento e a fungées iracionis da sensagéo eda intuigéo, Outros eonositos junguinnos que genharam bastante popularidade foram a nogéo de inconsvientecoletivo e ar- quétizo, No plano egsico, a persona seria a méscara do individuo sovializndo, serdo a sombra 0 conteido do inconstiente pessoal. Cada individuo, no corre do processo de individuagao, passara da rultiplicidade para a unidade, em um movimento de sintese, a0 integra 0 inconsciente ao consciente Outros divergentes da escola psianaliticn foram Otto Rank (1884-1939) ¢ Wilhelm Reich (1897-1957), Entre os autores que complementaram a teoria freudiane, pode-se citar Karl Abraham (1877-1925), Sandor Férenczi (1873-1933), Anna Freud (1895- 1982), Melanie Klein (1882-1960) e WR. Bion (1897-1979). Por fim, deve-se apontar que esse interesse do século XX pe- los ditos quadros “neurétioos" promovett mudanga de foco nos es- tudos psiquitrieos. O fnteresse pelas apresentagdes mentais gra- ‘es, agitadas, passives de serem contidas nos manicbmios e hospi- tais, foi deslocado gradativemente para a comunidade, onde as oencas “neuréticas® como ansiedad, fobia e depressio leve, que afetam um niimero muito maior de individues, também puderam receber a merecida atengéo e tatemento, SOCIOPSIONIATRIA E ANTIPSIQUIATRUA Os excessos pratcados ein instituigSes psiquidtrica, junta- mente 40 reconhecimento da importéncia individual ¢relacional na sénese da doenga mental, impulsionaram alguns estdiosos a pro- por nova visdo. Desde o final do séoulo XIX, a escola socioldgica nore-americena realizou pesouisas sobre a organizacSo da perso- nalidade no seu contexto sociocultural, Harry $, Sullivan (1892- 1949) enfatizos o estado das relagSes interpessoais e adotou a po- siglo sociopsicogenttica para os transtomos de eticlogia ndo-org- nice, As doengas resultariam de traumas psiquicos decorrentes de contingncias exteriores durante 0 desenvolvimento, Por sua vez, Karen Horney (1885-1952) contesta as opinies de Freud em rela: fi inferioridade das mulheres e ao seu masoquismo, creitando esses tragos & presso exercida pela sociedade industrializada so- bre as mulheres, o que restinge a possibilidede de trca aftiva Para Erich Fromm (1900-1980), os vinculosinter-humanos e as relagSes com o meio seriam mais importantes que a satisfago das fungGes; os confitsnesceriam da sociedade que modelaria os in- dividuos a sua imagem por meio do fenémeno da oeultagéo. Herbert Marcuse (1898-1979) questionaria 0 ponto de vista cuturalisa dos autores citados, que entendiam serem necessérias & civlizagdo a repressdo das pulstiese seu recaleamento. Michel Foucault (1926-1984) interpreta a emergéncia da psi- 4quiattia nfo do ponto de vste da necessidade da defesa de liberia- de, mas pela étice de que a sociedade ao exercer um papel alienante sobre o individuo usava a identifcagSo do ser alienado para se de- sembaracar de todos os transviados que ofendessem a moral ea razéo vigentes (1978). Essa viséo, chamada de “entipsiquiatria", fer parte de um movimento criado por psiqiatasingleses, como R.D. Laing, D. Cooper e A. Esterson, Este movimento sustenta que 4 esquizofrenia nao seria o resultado de disfunefofisoldgica, mas ‘um fendmeno social inteligivel (Suasz, 1960). A loucara represen taria forma de libestagéo, estratégia adoteda para suportarsitua- (fo inteiramente insuportéve, A originalidade desta concepeéo re- rourasisce | side em questionat as estruturas hospitalrespsiquitress, que, na maioria das vezes, eproduem situagbes em que o paciente nfo pode se exprimit. Na Ita, Basaglia contestars de forma radical a insttuigées hospitalaes psiquidtrices, o que culminaria na si- pressio desses instiulgdes em varias cidades na regio Nome da quele pats, Dentro da perspectva social, os studs relacionados a0 meio familia do grupo de Palo Alto, Califénia, destacam-se. Essa escola examinou 6 funcionamento do conjunto familiar no conceito terapeatico Utlizando, sobretudo, distances vindas da cbernéica (sistema aberto, retroagéo, causlidade de natureza ctcula) © da teoria geal dos sistemas (estudo dos mecanismos de auto-regulagio das interagées internas © da homeostase), essa escola sstémica relativiza 0 fenémeno patoldgico em relagdo a um conjunto de co ‘municasbes patoldgias. As mensagens contraditéras (comuniagio paradoxal e formagéo de duplo vinculo) seriam os fatores causis importantes no desenvolvimento de transtomos psiquidtrcos, prin ‘ipalmente da esquzofrenia, Na Inglaterra, destacam:se os trabalhos, sobre o efeito do ambiente emocional dos esquizofrénicas na forma de erogSes expressas pels outres membros da familia TRATAMENTOS SOMATICOS EN PSIRNIATRIA Comp téeniea terapéutica, a psiquatria propds virias mode lidades de tratamento dese a Antighidede. Podemse observar nu dimentos da psicoterapia modema, em civiizagdes primitivas ou culturalmente diversas, exereidos pot autoridades do grupo cola vO emprego de ervas e alucindgenos associado zo uso de mos Aiscos antecipam, de certa forma, a psiquiatria bioldgica praticada atualmente, A psicofarmacologi, por sua ver, representa 0 maior avango terapeutico em psiquatrla do séeulo XX. O efeto de substincias sobre o sistema nerveso central é co: becido desde os primérdios, Possivelmente, o loool foi a primeira substincia psicoatva utllzada para o tratamento de males vara dos, Varias outras substincas siocitedas por suas possiveis ages pslotrdpices: mandrigora, pasar, belaiona, rawelfiae outas. Entretanto, a partir da metade do século XOX, varias substincias com agio no sistema nevoso cental foram sintetizadas em labora- ‘rine: hidrato de cloral (1869), parale‘do (1883), sulfonel (1888), entre outras, Substincias como 0 épio e a cocaina sio prestritos pelos médicos do séeulo X0K para o alivio de diversos sintomas. Varios poetas e artistas experimentam tai substinias e eserevern a seu respeito, Séo conhecidos, por exemplo, as descrigées de Baudelaire ¢ de Theopbile Gautier sobre os efits psiguicos do hharixe, No fim do séeulo XIX, comecam os estudos cients com os medicamentos, dente eles os barbitrieos, que passam a ser ‘empregado nesse perfodo, Jé em 1920, Resi (1883-1980) utiliza ‘ais medicamentos para a sonotermpia, método pelo qual os pacien- tes sfo mantis por longos peridos em narcoe, Na déeada de 1930, dois métodos de tratamento wtizando a Indugio de convulsdes foram descritos: von Meduna utiliza 0 cardiazol em 1994; Cenlent e Bini, em 1938, introduaem a eletro: convulsoterapia,& hipdtese de possivel antagonismo entre a ep: lepsia ea esquizofenia foi o ponto de partida deste tipo de terapi. Apesar do claro abuso deste recurso terapbutico nas déenias de 1940 a 1950, hoje a eletroconvulsoterapia tem indicagio precisa no tratamento dos trenstornos afetivose das sindromes catatBnices. A estimulaglo magnésica transcraniana representa o recente de senvolvimento de tal prooediment. MH cours, anise cos [Na segunda metade cla século XX, a psicofarmacologia foi marcada por descobertas acidentais da utilidade de vias substn. cias quimicas no controle dos principals transtornos ments. Cade utlizou oltio em 1949, observando seu efeito antimaniaco. A per tirde estudossistemétioos, estabeleceu sua utldade no tratamenro «na proflasa dos transtomnos bipolares, Em 1952, os psiguiatras Delay e Deniker empregaram a clonpromazina no tratamento de tim paciente esquizofténico agitado, observando sua agéo antipsicétiea e sedative, Posteriormente, Janssen sintetizou 0 haloperidol em 1958, substinia do grupo des buirofenonss. Des- de entio, vérios medicamentos com ago neuroléptica completam 0 arsenal terapéutico disponivel para o tratamento de quadros psiodtions, principalmente a esquizofrenia. A descoberta da clozepina nos anos de 1970 impulsionou a sintese de novos antipsicbtions “apices”, ou de “segunda geracdo", que trouxeram grande pro- sesso para o tratamento das psioses Em 1957, o psiquiatra R, Kul deserevewo efeito antdepres- sivo da imipramina; no mesmo eno, os psiquiattas nore-americanos Loomer, Sunders e Klene estudarara a iproriazia, um inbidor da encima monoaminoxidase (IMAO),relatando sucesso no tratamento da depresséo, Vatias otras substéncias com acto antidepressiva vérn sendo, desde enti, sinetzaas,algumas com ago inbidoraselt- va da recaptagio de neurottansmissores (principalmente a serotonin). Embora algumas das substnces antes descttas sem agfo sedativa, elas no eram consceradas ansoliticas. Em 1960, ‘© primeito benzodiazepinico ~ 0 clordiazepéxido ~ foi descoberto por L. H. Stembech, Logo em seguida, em 1963, o diazepam. Hoje em dia, hé uma gamma veriada de benzodiazepinicas,cujo uso ultra ppessot os limites da psiquatria, comando-se a classe de medicarmen- tos mais prsetta por médioos de todas as expecialidaes. ‘Na dea sonidtica, métados grotescos e toturantes eram apli- cados 20s doentes mentais no intuito ce tratat ow controlar 0 set comportamento socialmente inadequado, Vao desde cadeitas gta- tétia, prises, diferences tipns de hidroverapia até engenhocas com plicadas de eficéciaduvidosa, Varios métodos sométicns foram pro- posios ainda na primeira metade do século XX. Em 1917, Wagner vor Jautegg (1857-1940) desenvolve a malatioterapia para otra mento da PGP O seu métoda consste em provocarfebte artificial mente por meio da inoeulacio de plasmaditum, © que the valeu 0 prmio Nobel de medicina em 1927. a inswlinoterapi ¢ desenvol- vida por Manfied Sakel (1900-1957), ao produair chogueinsulinico (coma hipoglieémico) no paciente. f utilizado principalmente para ‘tratamento da esquizofenia.Salientamos, contudo, que os méto- es acima descrtesestéo abandonados na psiquiatia. ‘As técnica psiocingicasaleangarar os seus das de glia com 2 lobotomia desenvalvida pelo neuropsiquiatra portugués An tonio gas Moniz, que havia genho o préinio Nobel em 1949 pela desonberta da angiografiacxtebral e da leucotomia pré-rontal de senvolvida por Freeman e Watts. Entretanto, as objeg6es éicas co- smegaram a se acula, anda na década de 1950, devdo a0 dano itneversivel que a psicociturgia causava ao oétebro e aos graves efei- ts colateras sobre a personalidade e a vida emociogal dos pacien tes. Além disso, a descoberta de medicamentos antipsicdticns efica es Jevou 05 neurociturgides a abandonarem a lobotomia a favor de métodos mais humanos de tratamento, A preoeupagio com rs pelto & protegfo dos pacientes contra a lobotomia ¢ terapias red: cais semelhantes, paticularmente em prsioneiros euja ibertacio ta trocada pela concordncia em set operados, impulsionow a for. rmulagdo de legislagfo sobre a bioética deste procedimento, desde 1970. A psicocrurgia pasou a ser considerada um tratamento ex perimental, e como tal, sujeita a muites restrigbes e salvaguatdas em relecéo aos direitos dos pacientes. A operagio original de lobotomia ndo & mais realizada PSHMUIATRIA ATUAL E PERSPECHIVAS FUTURAS Depois de um perlada de descrenga no diagndstico @ até na ptdpriapsiquiatra, como especalidade médica capaz de tatar do doente mental, observamos, no momento ata, um movitaento de consolidagio do conhecimento psiquidtrico, a pani do extudo da neutobiologia das patologias mentais. A psiguatta genhou avango importante com o advento de novas tecnologias de neuroimagem ‘que permit o estudo do sistema nervoso central in vivo, As neuro ciéncias também trouxeram contribuicbesinestinveis para @ com- preenséo co sistema nervos, seus aspects isicldgicos,bioqumicos, genétcns ¢ moleculares. A década de 1990 foi considerada pela Organizacéo Mundial de Saide como a “tiécada do ebro”, com a setologia das doengas mentas.Anecessidade do estudo comtinuado do cérebro € convincente: centenas de milhdes de pessoas ao redor do mundo so afetades a cada ano por doengas mentas e cere- brais, etendendo-se desde doengas neurogendtias até distibios degeneratives, tais como doenga de Alzheimer, esquizofrenia, autismo, abuso de substincias, eplepsia, acdente vascular ceze- bral e outras condigdes neuropsiquittcas feta A Depcie de um perado de deserenga no dagnbstioe atb na propre Piqua, como espcialdade médica capa de watar do doente rental abservamas, no mamenio ata um riovinent de consoldagdo do conhecianto psquio, a pats do etudo da neurabiologie des patologas ment. Em pleno século XX, 0 cenério psiquidrico atual é promissor e otimista, Avangos alcangados na década passeda alimentam es esperangas de descobrir importantes modos de funcionamento do cétebro, Pesqusadoresinteresadlos em investiget centitcamente 0s processos neurais que devfram a atividade do cétebro e da men- te tém recebido verbas para os seus estudos. Reiinemse ao cedor do tema da psiquiatria tais especialistas: neurofisiologistas, neurobiGlogos, neutoanatomistas,psicofarmecologstas, genetcstas molectlares, ett, os quai esto empenhados em trazer novos co rhecimentos para vérios transtomos neuropsiquitricos que afe- tam a humanidade. Entretanto, todo clinic que cuida te pacientes sabe da ne cessidade de liar com os seus problemas socks, psicodindiecs e a adesio 20 tratamento. A abordagern bioldgica nao exclu, pois, a necessidade de conhecimento da psicodindmica da pessoa. Portan to, por mais minuciosa que seja a compreenséo das alteragdes neurobioldgicas, nlo se deve esquecer as vertentes psicaldgica € social do doente PrcSlogos comportamentalstas, neurocientists, sociocientistas, antropélogos culturalistas tém trabalhado cada veo, mals préximos dos psiquiatras na busca da origem das emogées, da aprendizagem e da meméria, do pensamento e da consiéncia. Os studs sobre os fatores socitse preipitantes pseoldgicos de trans- ‘omos ments esto anda se desenvolvendo timidamente, em con peragio & énfase dispensada & neurobiologa dos transtornes men tais. Um dos motivos desse atraso reside na dificuldade de men- suracdo dos fatores psiossociais e das suas implicagbes,além da fcdialimitada das sénicaspsioalégicas de tratamento. Propostas novas de classificagao nosoldgica pretendem in- clair as descobertes em diagnéstios ¢tratamento de doengas men- tais (Kupfer etal, 2002) Provavelmente, os ftores genétios (genes de risco e protetvos), neurobioldgics (estrutura cerebral, funcio- namento cognitivo e neuroendoctinologia) ¢ ambientais (compor- tamentos e precipitantespsicossociais) ferdo parte dessa clasiice- fo, com 0 intuito de potencializar a resposta terapEurica (psicolar- rmacoldgicee psicoteraptutia) daqueles que sofrem de transtor- nos mentais. AEFERENCMAS [BEAUICHSWE, H. ira da picpatologia. So Paulo: Martins Fonts, 198. DARD, GM. A practi meats onerous ears: neurasteni, New York Wiliam Wood, 1880. BERRIOS, G2. elanchols and dapession during the ninerenth century: & conceptual ht British Journal of Pychiatty, 188, p. 298.908, 198, [BERRIOS, GB, The paychopthology of flectiny Pycholgica ding, 15, 1. 745-758, 1985 BEARIOS, G.E, Dementia curing dhe seventeith and eghteem centuries: 2 conceptual hor Bycho! 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