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Ato I – Cena I

ATO I
Cena I
Verona. Uma praça pública. Entram partidários das duas casas,
que se misturam em combate.

CIDADÃOS - Abaixo os Capuleto! Fora os Montéquio!

Entra o príncipe com seu séquito.

PRÍNCIPE - Súditos revoltosos, inimigos da paz, que profanais


vossas espadas no sangue de vossos vizinhos... Não ouvem? Seus
animais selvagens, três vezes essas lutas civis, nascidas de
palavras vãs, lançadas por ti velho Capuleto, e por ti,
Montéquio. Se de novo vierdes a perturbar nossa cidade, pela
paz dareis as vidas. Por agora, que todos se retirem. Já! Sob
pena de morte, dispersai-vos!

Saem todos, com exceção de Benvólio, entra Romeu.

BENVÓLIO - Bom dia, primo.


ROMEU – Oh primo, a dor é um tardo guia.
BENVÓLIO - Que dor é essa que retarda as tuas horas Romeu?
ROMEU - Não ter aquilo que, se o tivesse, deixaria curtas as
horas. O ódio dá muito trabalho; mas mais, o amor. Ó ódio
amoroso! És tudo, sim; do nada foste criado desde o princípio.
Leviandade grave, vaidade séria, caos imano e informe de belas
aparências, chumbo leve, fumaça luminosa, chama fria, saúde
doente, sono sempre esperto, que não é nunca o que é. Eis aí o
amor que eu sinto e que me causa apenas dor. Oh primo, que
mais será? Loucura temperada, fel ingrato, doçura refinada,
ora, já me perdi. Não sou Romeu. Esse está longe. Está não sei
bem onde.
BENVÓLIO – Primo, dizei-me seriamente a quem amais.
ROMEU - Primo, em verdade: adoro uma mulher. É muito bela e

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Ato I – Cena I

sábia, sabiamente formosa para estar sempre contente em fazer


sofrer. Fez juramento de não amar jamais, um só momento. E
nesse voto infausto eu vivo morto só de a todos contar meu
desconforto.
BENVÓLIO – Em uma palavra, esquece-a!
ROMEU - Oh! Não, nunca hás de ensinar-me o esquecimento.
BENVÓLIO - Hei de nisso empregar o meu talento.

Saem.

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