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ATO II

Cena I
(Toque de trombetas. Entra o Rei Eduardo)

REI EDUARDO IV
Eu, Eduardo, espero em cada dia uma embaixada do meu
Redentor, para daqui me redimir, e numa paz maior partirá
minha alma para os céus, eis que concertei a paz na terra
entre os meus amigos, imploro que tragam meu irmão Clarence
até mim.
RICARDO
Ofereci eu o meu amor para assim ser escarnecido? Quem não
sabe que Clarence está morto? Vós o injuriais, zombando do
seu cadáver!
REI EDUARDO IV
Clarence está morto? A ordem já era outra.
RICARDO
Mas ele, pobre homem, à vossa ordem primeira morreu.
REI EDUARDO IV
Tenho língua que condena à morte o meu irmão… Qual de vós
me rogou em seu favor? Quem falou de amor? Ó Deus, temo que
por tal se abata sobre mim Tua justiça…
(Sai Rei Eduardo)
RICARDO
E assim Eduardo, meu irmão, nosso Rei, morreu! E enquanto
eu tiver vida, puro inferno será o mundo. Sim, que eu posso
matar, enquanto sorrio, cobrir o rosto de lágrimas
fingidas. Eu que posso afogar mais marinheiros que uma
sereia, fulminar todos os que me olharem tal medusa, eu que
sou astuto como o Ulisses, que posso adicionar cores ao
camaleão, servir de mestre ao próprio Maquiavel. Posso tudo
isto e não consigo a coroa? Só nos resta o jovem Príncipe.
Mandai-o buscar para que ele seja coroado.

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