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Um dos melhores Jornalistas que conheço e admiro, Ricardo Chaves, o Kadão, elogiou meu

texto mais recente publicado aqui e pediu pra eu contar mais histórias. Ele que é um dos
melhores contadores de histórias que conheço, por sua vasta experiência nos maiores veículos
da mídia impressa deste país e por ser o gigante da fotografia que é, seu olhar capta muitos
detalhes a mais que os da maioria das pessoas. Também por não beber, ele lembra desses
detalhes e os conta de forma categórica, a quem tiver tempo pra ouvir. Perguntem a ele sobre
uma aventura no coração da Australia, com o Rei do Gado. Vale a pena ouvir.

Minha aventura de hoje aconteceu quando terminou meu último casamento. Por coincidência
quando eu estava por completar 50 anos. Mais experiente, pois estava desfazendo o segundo
matrimônio, tratei de todas as coisas práticas antes do fim, para não deixar pendências e reduzir
ao máximo os problemas para a outra parte envolvida.

Esta aventura, passada começa no Beira Rio e segue até L’Aquila, na Itália. Tudo pq eu tinha
tomado a decisão de me presentear uma visita à Roma, para celebrar meus 50 anos, que todos
sabem eu comemoro junto com o Sport Club Internacional, em 4 de abril. Pois às vésperas do
evento, a Seleção Canarinho vinha a Porto Alegre disputar jogo pelas eliminatórias da Copa do
Mundo de 2010, contra o Peru, no Beira Rio. A empresa Espaço Vip, do amigo e profissional do
esporte, Edu Pesce, assessorava o Inter e preparou uma mega festa no estádio. Que começou
num daqueles salões de festas do estacionamento, com patrocínio de uma marca de cerveja e
subia a um setor reservado das cadeiras. Uma bebedeira histórica para assistir Ronaldinho
Gaúcho e sua turma darem show em campo.

Pela manhã do dia seguinte… partiu Roma. Tinha acertado os detalhes com a @graziela_sandri
dois dias antes, quando ela conseguiu a passagem pra mim, um passe de trem para viajar pela
Itália e reservou hotel para a noite do meu aniversário, em Roma. Eu disse: “não precisa disso, eu
arranjo lugar pra dormir quando chegar lá”, ao que ela refutou incontinenti: “ninguém consegue
guarida em Roma no Domingo de Ramos, sem reserva; vai ter de dormir na rua se não tiver
reserva”. Acatei, afinal sempre é inteligente ouvir sua consultora de viagens antes de meter os
pés pelas mãos. E assim foi. Amanheceu e eu, numa ressaca das brabas, mal consigo arrumar a
mochila. Estava em meu “home office” -sim eu estou na prática bem antes da pandemia- quando
a esposa voltou da caminhada matinal e viu a mochila. Mulheres de Repórter sabem o que isso
significa: “vais viajar?” Respondi afirmativamente. “Vais ao Rio?” Respondi “não… vou a Roma.”
E me fui pro Salgado Filho.

Qual não foi minha surpresa quando chego na sala de embarque e me aguardavam Ronaldinho
Gaúcho e todos os outros craques que jogaram em Brasil x Peru e atuavam na Itália. Todos
ressacados como eu, pois a festa virou a madrugada de Porto Alegre. Roncamos até Milão, onde
cada um buscou seu destino dentro da Velha Bota, no meu caso Fiumicino, de onde peguei meu
primeiro trem até a Stazione Termini, pois o tal hotel ficava ao lado da ferroviária. Parei, me ajeitei,
cheguei ao hotel e descobri que a reserva era num quarto mínimo, com cama de solteiro e sem
banheiro, embora lá no quinto andar tivesse alguma vista. Reclamei de imediato e na portaria fui
informado que a única outra dependência disponível, com cama grande e banheiro completo
ficava no porão. Fui olhar e vi que a janela era uma basculante que dava na linha da calçada,
onde só conseguia ver os calçados finos dos italianos que passavam por ali, mas o quarto tinha
cama grande e banheiro completo, portanto optei pelo porão.

Atirei a mochila, passei uma água na cara e fui caminhar pela região. Primeira parada num café
de calçada a meia quadra do hotel. Tinha um balcão de “confetteria”, o que me pareceu perfeito
acompanhamento para o primeiro “espresso” na terra em que ele foi criado. Em seguida
caminhando me fui conhecer o entorno e, pra minha felicidade descubro que a decantada
Fontana di Trevi fica a meio caminho entre meu albergue e do rio Tibre. Alguns “bicchieri” de
vinho depois -cada vez que cansava, sentava em um boteco e pedia um cálice de tinto- a noite
começava a cair. Cansado da ressaca e das 10 horas atravessando o Atlântico, julguei melhor
considerar a jornada por encerrada e retornei ao hotel para colocar o repouso em dia. Bebo a
saideira naquele mesmo café de calçada a meia quadra do hotel, que estranhamente ainda
estava aberto, desta vez um “amaro” como gostam os italianos.

O dia seguinte seria uma grande sexta-feira, quando decidi caminhar até o Vaticano. Ir a Roma
sem ver o Papa é como ir à feira e não comer pastel..! Descubro que o café da manhã, no hotel,
era inviável, lembrando da “confetteria” na outra quadra, onde sorvi fumegante “espresso” e me
fui a passo para a ferroviária, em cuja estação havia vários locais para comer algo saboroso.
Trucidei meu primeiro “panini”, com “rucola”, “mozzarella di bufala” e “prosciutto crudo”, que
pareceu uma boa “sustança” para dar combustível à caminhada. A cada dentada, estudava
atenciosamente o mapara da Cidade Eterna, para não precisar ficar andando por lá com id de
turista trouxa, que é um mapa na mão -ainda não existiam os apps com mapas para celular

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