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ANALISE DO PERSONAGEM: ISAURA

 Segundo Cândida Vilares Gancho:


A personagem é um ser que pertence à história e que, portanto, só existe como tal se
participa efetivamente do enredo, isto é, se age ou fala. Se um determinado ser é
mencionado na história por outras personagens, mas nada faz direta ou indiretamente,
ou não interfere de modo algum no enredo, pode-se não o considerar personagem.
Bichos, seres humanos ou coisas, as personagens se definem no enredo pelo que fazem
ou dizem, e pelo julgamento que fazem delas o narrador e as outras personagens
(2014, p. 18).

 Personagem mais próxima da casa grande que da senzala: uma jovem de


dezessete anos, virtuosa e aparentemente branca que por sua vez, manteve-se
resignada, sempre pronta para servir os seus leitores. A beleza, a nobreza de
caráter e a fé eram as armas da cativa contra a injustiça e a devassidão
representadas pelo seu algoz.
“[...] voz melodiosa, suave, apaixonada, e do timbre o mais puro
e fresco que se pode imaginar (...) Se não é sereia, somente um
anjo pode cantar assim.” (GUIMARÃES, 2010, p.8- 9). “O tom
velado e melancólico da cantiga parecia gemido sufocado de
alma solitária e sofredora”. (GUIMARÃES, 2010, p. 8).

 A mulher e idealizada, quando Isaura disfarçada de Elvira, chega ao baile no


Recife, causa um resfriamento entre as mais belas e espirituosas damas do salão:
“Todavia não é menos certo que do belo sexo, sem
distinção de classes, ao menos a metade é ludíbrio dessas
invejas, ciúmes e rivalidades mesquinhas.” GUIMARÃES,
2010,p. 92)

 Personagem cumpridora da moral dominante na época:

“Sabedora da miseranda sorte de sua mãe, não encontrava em sua


imaginação abalada outro remédio a tão cruel situação senão
resignar-se e preparar-se para o mais atroz dos martírios. Um cruel
desalento, um pavor mortal apoderou-se de seu espírito, e a infeliz,
pálida, desfeita, e como que alucinada, ora vagava à toa pelos
campos, ora escondida nas mais espessas moitas do pomar, ou nos
mais sombrios recantos das alcovas, passava horas e horas entre
sustos e angústias, como a tímida lebre, que vê pairando no céu a
asa sinistra do gavião de garras sangrentas” (GUIMARÃES, 2010,p.
76).
REFERÊNCIAS:

GUIMARÃES, Bernardo. A Escrava Isaura. São Paulo: Martin Claret, 2000.

GUIMARÃES, Bernardo. A escrava Isaura. São Paulo: Ática, 1998.

SANT’ANNA, Afonso. Análise estrutural de romances brasileiros. São Paulo:


Ática, 1990.

GOMES, Heloísa Toller. “A escrava de alma branca: Isaura”. In: O negro no


romantismo brasileiro. São Paulo: Atual, 1988.

BRAIT, Beth. A personagem. 6. ed. São Paulo: Ática, 1998.

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elementos-da-narrativa-2-personagem - acessado no dia 30 de setembro de
2023 ás 22: 38.

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