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“DECISÃO
Trata-se de recurso especial interposto por DORALICE FERREIRA CARDOSO,
com fundamento no art. 105, III, "a", da Constituição Federal, contra acórdão
proferido pelo Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São Paulo.
Emerge dos autos que a recorrente interpôs agravo em execução contra decisão do
Juízo da execução que decretara a perda dos dias remidos e a regressão ao regime
prisional fechado, tendo em vista a prática de falta grave.
O Tribunal a quo, contudo, negou provimento ao agravo (fls. 66/77). Inconformada,
a agravante opôs embargos infringentes, os quais não foram conhecidos sob o
fundamento de que, “a teor do art. 609 do Código de Processo Penal, os embargos
infringentes ou de nulidade só podem ser opostos ao acórdão não-unânime,
desfavorável ao réu, em grau de apelação ou de recurso em sentido estrito, o que
exclui o seu cabimento na hipótese de agravo em execução, previsto no art. 197 da
Lei de Execução Penal” (fl. 123).
Sustenta a recorrente contrariedade aos arts. 609 e 579 do Código de Processo Penal.
Argumenta que: “Se ao agravo em execução aplicam-se todas as regras processuais
e procedimentais do recurso em sentido estrito, não há porque vedar-se o cabimento
de embargos infringentes em caso de acórdão não-unânime proferido em julgamento
de agravo em execução, se, pela dicção do art. 609 do Código de Processo Penal,
aqueles são cabíveis em caso de julgamento divergente em sede de recurso em
sentido estrito” (fl. 136).
Contra-razões às fls. 142/144.
O Ministério Público Federal opina pelo provimento do recurso especial (fls.
154/157).
É o relatório.
Assiste razão à recorrente. É firme, no Superior Tribunal de Justiça o entendimento
de que ao agravo em execução, previsto no art. 197 da Lei de Execução Penal,
aplicam-se as disposições constantes no art. 581 e seguintes do Código de Processo
Penal, referentes ao rito processual do recurso em sentido estrito. Confiram-se, a
propósito, os seguintes precedentes:
Nesse sentido, entendem esta Corte e o Supremo Tribunal Federal que, contra a
decisão não-unânime, desfavorável ao réu, proferida no julgamento de agravo em
execução, é cabível a oposição de embargos infringentes, conforme os seguintes
precedentes:
CRIMINAL. RECURSO ESPECIAL. AGRAVO EM EXECUÇÃO.
EMBARGOS INFRINGENTES. CABIMENTO. PRECEDENTES. CONCESSÃO
DE INDULTO A CONDENADO QUE AINDA NÃO INICIOU A EXECUÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE DE AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS SUBJETIVOS,
EXIGIDOS PELO DECRETO Nº 2.838/98. RECURSO PARCIALMENTE
PROVIDO.
I. É cabível a oposição de embargos infringentes de decisão não-unânime
proferida em sede de agravo de execução. Precedentes do STJ e do STF.
II. A concessão do indulto previsto no Decreto nº 2.838/98 depende da
análise de aspectos subjetivos ligados ao início efetivo da execução da pena, e não
somente da imposição de regime aberto.
III. Recurso parcialmente provido para restabelecer a decisão monocrática
que indeferiu o indulto. (REsp 336.607/DF, Rel. Min. GILSON DIPP, Quinta
Turma, DJ 13/5/2002).
Ante o exposto, com fundamento no art. 557, § 1º-A, do Código de Processo Civil,
c/c art. 3º do Código de Processo Penal, dou provimento ao recurso especial para
determinar o retorno dos autos ao Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São
Paulo a fim de que prossiga no exame dos embargos infringentes opostos por
DORALICE FERREIRA CARDOSO.
Intimem-se.
Brasília (DF), 11 de maio de 2006”.