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Teorema da projetividade do ângulo reto

A projeção de um de um ângulo reto sobre um plano é outro ângulo reto se, e somente se,
ele possui um lado paralelo (ou pertencente) ao plano e ou outro lado não perpendicular
ao plano.

Demonstração:

Consideremos o ângulo reto AOB ˆ a ser projetado ortogonalmente sobre o plano  e


admitamos que o lado OA seja paralelo e o lado OB oblíquo a  .
Como OA , então a projeção O’A’ do lado OA sobre  é paralela a este lado AO.
Assim, o plano , que contém o ponto O e é perpendicular a OA – ao qual pertence o
lado OB –, é também perpendicular a O’A’ e, consequentemente, perpendicular a  ,
sendo, então, o próprio plano projetante de OB.
Por isso, a projeção O’B’ do lado OB sobre  pertencerá à interseção dos planos  e  .
Como O’A’ é perpendicular a  , concluímos que O’A’ é perpendicular a O’B’, ou seja,
ˆ
que o ângulo A 'O'B', ˆ sobre  , é reto também.
projeção ortogonal do ângulo reto AOB

Vamos ver como esse teorema pode ser aplicado em um problema do IME de 2020.
(IME 2020) Um triângulo equilátero é projetado ortogonalmente em um plano, gerando
um triângulo isósceles, cujo ângulo desigual mede 30. O cosseno do ângulo do plano
do triângulo equilátero com o plano de projeção é:
3
a) 2 3  3 b) 4  2 3 c) 2  3 d) 1  3 e) 1
2

Resposta: a
A altura relativa à base do triângulo isósceles projetado é a projeção de uma das alturas
do triângulo equilátero. Dessa forma, pelo teorema da projetividade do Ângulo reto, ou o
lado do triângulo equilátero é paralelo ao plano de projeção, ou a altura relativa a ele é
paralela.
1° caso: Um lado do triângulo equilátero é paralelo ao plano de projeção.
Sendo o lado do triângulo equilátero paralelo ao plano de projeção, então sua projeção
tem a mesma medida e a projeção do triângulo equilátero corresponderá ao triângulo
isósceles seguinte:

 3
Nesse caso, teríamos h   tg 75  2  3   1  
3
, o que é absurdo,
2 2  2  2
pois a projeção da altura deve ser menor ou igual à ela.
2° caso: Uma altura do triângulo equilátero é paralela ao plano de projeção.
3
Sendo h  a altura do triângulo equilátero paralela ao plano de projeção, então sua
2
3
projeção h’ tem mesma medida e a projeção do triângulo equilátero corresponderá
2
ao triângulo isósceles seguinte:
  2  3 .
3 3
Na figura, temos: x   tg15 
2 2
A área do triângulo isósceles é dada por
3
2x  2
S'  2  x  3  3  2  3   3  3  2  3 .
2 2 2 2 4
2
3
Sendo  o ângulo entre o plano do triângulo equilátero de área S  e o plano de
4
S'
projeção, então a área S’ da projeção é dada por S'  Scos   cos   . Assim, temos:
S
2
S'
3
2  3
cos    4
2
 2 3  3  0,1 .
S 3
4

Na 2ª solução desse problema do IME de 2024 também utilizamos o teorema da


projetividade do ângulo reto.

(IME 2024) Sejam  e  dois planos não paralelos que se interceptam na reta r e cujo

ângulo diedro é radianos. Tome pontos A, B, C, D de  e, por cada um destes pontos,
6
trace retas ortogonais a  que interceptam  nos ponto A’, B’, C’, D’, respectivamente.
Sabendo que o quadrilátero ABCD é um trapézio cuja diagonal AC é paralela a r, a razão
entre as áreas de ABCD e A’B’C’D’ é
3 3 3 1
a) 1 b) c) d) e)
2 2 3 3

Resposta: c
Sabe-se que a área da projeção ortogonal de uma figura plana pertencente a um plano
sobre outro plano é igual à área original multiplicada pelo cosseno do ângulo entre os
planos.
O quadrilátero ABCD é projeção do quadrilátero A’B’C’D’ sobre o plano . Assim,
 3 S 3
temos: SABCD  SA'B'C'D'  cos  SA'B'C'D'   ABCD  .
6 2 SA'B'C'D' 2
2ª solução:
Caso você não utilize a fórmula acima, é possível obter a área utilizando o fato da diagonal
AC ser paralela à reta r de interseção dos planos  e  .

Se AC r, então A 'C' r, o que implica A 'C' AC e, consequentemente, A 'C'  AC.


Sejam B’P’ e D’Q’ as alturas dos triângulos A’B’C’ e A’D’C’, respectivamente.
Como A 'C' AC, então, pelo teorema da projetividade do ângulo reto, BP e DQ são
alturas dos triângulos ABC e ADC, respectivamente.
 
Além disso, sabemos que BP  B'P 'cos e DQ  D'Q'cos .
6 6
A área do quadrilátero A’B’C’D’ é dada por
A 'C' B'P ' A 'C' D'Q' A 'C'
SA'B'C'D'  SA'B'C'  SA'D'C'     B'P ' D'Q'.
2 2 2
A área do quadrilátero ABCD é dada por
AC  BP AC  DQ AC
SABCD  SABC  SADC     BP  DQ  .
2 2 2
AC  
  BP  DQ  B'P 'cos  D 'Q 'cos
S
Portanto, ABCD  2  6 6  cos   3 .
SA'B'C'D' A 'C '
  B'P ' D 'Q ' B'P ' D 'Q ' 6 2
2

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