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LITERATURA INFORMATIVA SOBRE O BRASIL

O início da história da literatura brasileira está relacionado com o nosso


início como país, isto é, com o momento de nossa descoberta, quando por aqui
chegaram os primeiros portugueses e empreendedores de grandes viagens
comerciais.
A história da literatura brasileira pode ser dividida em duas grandes eras:
a Era Colonial e a Era Nacional. Entre essas duas, há um período de transição
que vai de 1808 a 1836.

A Era Colonial (de 1500 a 1808) compreende:


• O Quinhentismo (de 1500 a 1601).
• O Seiscentismo ou Barroco (de 1601 a
1768);
• O Arcadismo (de 1768 a 1808).

A Era Nacional (de 1836 até nossos dias) compreende:


• O Romantismo (de 1836 a 1881);
• O Realismo/ Naturalismo/
Parnasianismo (de 1881 a 1893);
• O Simbolismo (de 1893 a 1922);
• O Pré-modernismo (de 1902 a 1922);
• O Modernismo (de 1922 a 1945);
• O Pós-Modernismo (de 1945 até
nossos dias).

Essas divisões em períodos da história literária não podem ser


consideradas estanques. Em geral, estão condicionadas a fatos históricos e
políticos. Servem mais como orientação para a caracterização literária do
período.

Momento histórico
A Europa do século XVI vive o auge do renascimento, com a cultura
humanística desmantelando os quadros rígidos da cultura medieval; o
capitalismo mercantil avança com o desenvolvimento da manufatura e do
comércio internacional; êxodo rural provoca um surto de urbanização.
Em consequência dessa nova realidade econômica e social, o século
XVI também marca uma crise na Igreja: de um lado, as novas forças burguesas
rompendo com o medievalismo católico no movimento da Reforma Protestante;
de outro, as forças tradicionais ligadas à cultura medieval e aos dogmas
católicos – reafirmados no Concílio de Trento (1545), nos tribunais da
Inquisição e em seu Índex (relação de livros proibidos) no movimento
conhecido como Contrarreforma.
Assim é que o homem europeu, especificamente o ibérico, apresenta em
pleno século XVI duas preocupações distintas: as conquistas materiais,
resultantes da política das Grandes Navegações, e as conquistas espirituais,
resultantes, no caso português, do movimento de Contrarreforma. Essas
preocupações determinam as duas manifestações literárias do Quinhentismo
brasileiro: a literatura informativa, com os olhos voltados para as riquezas
materiais como: ouro, prata, ferro, madeira, etc., e a literatura dos jesuítas,
voltada para o trabalho de catequese.
Com exceção da Carta de Pero Vaz de Caminha, considerada o primeiro
documento da literatura no Brasil, as principais crônicas da literatura
informativa datam da segunda metade do século XVI, fato compreensível, uma
vez que a colonização só pode ser contada a partir de 1530. Também a
literatura dos jesuítas só teve início no final do Quinhentismo, época em que
esses religiosos se fixaram em solo brasileiro.

A literatura informativa

A literatura informativa, também chamada de literatura dos viajantes ou


dos cronistas, reflexo que é das Grandes Navegações, empenha-se em fazer
um levantamento da “terra nova”, de sua flora e fauna, de sua gente. Daí ser
uma literatura meramente descritiva e, como tal, sem grande valor literário. No
entanto, seu valor histórico deve ser salientado, pois esses documentos são a
única fonte de informação sobre o Brasil do século XVI. Sua principal
característica é a exaltação da terra, resultante do assombro do europeu diante
do exotismo e da exuberância de um mundo tropical. Com relação à
linguagem, o louvor a terra transparece no uso exagerado de adjetivos, quase
sempre empregados no superlativo.
É curioso perceber que essa exaltação foi a principal semente do
sentimento de nativismo que surgiria a partir do século XVII; elemento
essencial nas primeiras manifestações contra a Metrópole.

Literatura dos jesuítas

Em 1549, chegaram os primeiros jesuítas incumbidos de catequizar os


índios e de instalar o ensino público no país. Fundaram os primeiros colégios,
que foram, durante bastante tempo, a única atividade intelectual existente na
Colônia. Os missionários preocupavam-se em catequizar apenas os índios; os
negros, que começaram a chegar, eram ignorados.
As obras escritas pelos jesuítas podem ser assim classificadas:

• Poemas e peças teatrais com o objetivo de


catequizar e moralizar;
• Textos informativos, que abordam principalmente
questões relativas à catequese;
• Poemas sem finalidade catequética ou informativa.

O instrumento mais utilizado para atingir os objetivos pretendidos pelos


jesuítas – moralizar os costumes dos brancos colonos e catequizar o índio – foi
o teatro.
Catequizar e moralizar significava: combater a antropofagia, o
politeísmo, a mancebia (união sem o casamento legal) e divulgar o
cristianismo. Para tanto, os jesuítas chegaram a aprender a língua tupi, que era
então conhecida como “língua geral”, e utilizaram-na como veículo de
expressão. Os índios não eram apenas espectadores desse teatro, mas
também atores, dançarinos e cantores.
Entre as peças de teatro da época, destaca-se o Auto de São Lourenço,
escrita pelo padre José de Anchieta. Nela, o autor conta em três línguas (tupi,
português e espanhol) o martírio de São Lourenço, que preferiu morrer
queimado a renunciar à fé cristã.
Na poesia, também merece destaque a obra do padre Anchieta, que
escreveu poemas didáticos, com finalidade catequética e poemas não
relacionados à catequese, que revelam sua necessidade de expressão.
Seus poemas mais conhecidos são: do Santíssimo Sacramento e A
Santa Inês.

Autores que merecem destaque:


• Carta de Pero Vaz de Caminha a el-rei D. Manuel.
• Diário de Navegação de Pero Lopes de Sousa.
• Tratado da terra do Brasil e a História da Província
de Santa Cruz a que Vulgarmente Chamamos Brasil, de Pero
Magalhães Gândavo (1576).
• Narrativa Epistolar e Tratados da Terra e da gente
do Brasil, do jesuíta Fernão Cardim (a primeira certamente de
1583).
• Tratado Descritivo do Brasil, de Gabriel Soares de
Sousa (1587).
• Diálogos das Grandezas do Brasil, de Ambrósio
Fernandes Brandão (1618).
• Cartas dos missionários jesuítas escritas nos dois
primeiros séculos de catequese, dando informações sobre a
terra e os costumes.
• Diálogo sobre a Conversão dos Gentios, do padre
Manuel da Nóbrega.
• História do Brasil, de Frei Vicente do Salvador
(1627).

ESTILOS DE ÉPOCA

Denomina-se estilo de época ao conjunto de características comuns a


obras de muitos artistas próximos no tempo.

ESTILO PORTUGAL BRASIL SÉCULO


Barroco 1580 1601 XVII
Arcadismo – 1756 1768 XVIII
Neoclassicismo
Romantismo 1825 1836 XIX 1ª
METADE
Realismo e 1865 1881 XIX 2ª
Naturalismo METADE
Simbolismo 1890 1893 XIX FINAL
Pré-modernismo - 1902 XIX - XX
Modernismo 1915 1922 XX

Barroco em Portugal

Características: temas contrastantes como o pecado e a virtude, o bem


e o mal, a vida terrena e a vida eterna.

Padre Antônio Vieira (Portugal/ Brasil)


• Defendeu os cristãos – novos e o capitalismo
judaico;
• Lutou em benefício dos índios e dos negros;
• O tribunal da Inquisição chegou a condená-lo por ser
um herege;
• Criou sua obra nos dois países: Portugal e Brasil;
• Grande orador sacro de sua época;
• Defendia os direitos humanos por meio de seus
Sermões;
• Características Conceptistas: sem exageros e
rebuscamentos desnecessários;
• Um sermão importante: Sermão da Sexagésima:
expõe sua polêmica frente à arte Cultista, analisa o papel do
pregador e do ouvinte que não sabendo pregar
adequadamente (os padres) faziam perecer à palavra de Deus.

Gregório de Matos

• Primeiro poeta significativo da literatura brasileira;


• Autor de sátiras de extrema irreverência o que fez
com que fosse degredado para Angola;
• Escreveu poesias líricas, satíricas e religiosas;
• Vocabulário forte, não poupava qualquer camada
social em suas sátiras;
• Seu palavreado chulo intitulou-o de Boca do Inferno;
• Desenvolveu o cultismo sem deixar de lado o
conceptismo;
• Falou do homem brasileiro, do português poderoso,
do clero, do rei de Portugal, da sociedade baiana (sátira);
• Contraste entre o pecado e o perdão, o antagonismo
que vive o homem barroco (religioso);
• Fala também do amor, filosofia, natureza das coisas.

Arcadismo

Características:
- Quanto à escolha dos temas:
• A natureza, o campo;
• Vida simples, em contato com a natureza;
• O resgate do Classicismo greco-romano.

- Quanto à linguagem e ao estilo:

• Linguagem simples, natural, clara e direta;


• Ordem direta das palavras;
• Invocação de musas inspiradoras;
• Volta aos clássicos;
• Imitação do estilo clássico.

Bocage (Portugal)
• Grande identificação com Camões;
• Escrevia com o pseudônimo Elmano Sabino;
• Sequência de amores não correspondidos
apresentados em sua literatura;
• Existência desregrada e libertina: dificuldades
financeiras, amorosas, doenças, prisão, etc.;
• Manteve características árcades e pré-românticas;
• Escreveu poemas líricos e satíricos;
• Conhecido como grande sonetista ao lado de
Camões e de Antero de Quental.

Tomás Antônio Gonzaga (Brasil)

• Participou da Inconfidência Mineira, ao lado de


Tiradentes;
• Sua obra de destaque: Marília de Dirceu – fala do
grande amor nutrido pela noiva;
• Essa obra está dividida em duas partes: antes da
prisão: otimismo, confiança; depois da prisão: decepção
evidente, sofrimento, frustração;
• Pseudônimo: Dirceu;
• Escreveu também: Cartas Chilenas – crítica aos
portugueses em defesa da democracia e liberalismo.

Cláudio Manuel da Costa (Brasil)


• Publicou obras poéticas, dando início ao arcadismo
brasileiro;
• Minucioso na métrica apresentando linguagem muito
correta;
• Pseudônimo: Glauceste Satúrnio;

1ª GERAÇÃO 2ª GERAÇÃO 3ª GERAÇÃO


(Nacionalista ou indianista) (Geração Byroniana) Álvares (Condoreira) Castro Alves:
Gonçalves de Magalhães: de Azevedo: Mal do século; Egocentrismo;
Poesia religiosa; poema épico – amor, morte, mulheres subjetivismo; observação da
Suspiros Poéticos e Saudades. idealizadas; influência de Byron. realidade; poesia social; luta
abolicionista:
Navio Negreiro.
Gonçalves Dias: Casimiro de Abreu: Sousândrade:
Indianismo, natureza repetição do estilo dos Causas abolicionistas e

pátria, religiosidade, outros autores. republicanas;

sentimentalismo e Junqueira Freire: tema experiências de viagens;

• A natureza é um consolo para suas aflições;


• Paisagem de Minas;
• Especializou-se na forma fixa: o soneto.
brasilidade – Canção do do celibato, análise da padrões diferentes do

Exílio. religião, morte (fuga). Romantismo.

Fagundes Varela:

sintetizou todos os temas

do romantismo.

ROMANTISMO

GRÁFICO SÍNTESE DO ROMANTISMO NO BRASIL

Características gerais

• A conquista de um novo público leitor;


• Popularização da literatura;
• Surgiram quatro tipos de Romances.

a) Romance urbano: vida social das grandes cidades


com intrigas amorosas.
b) Regionalista: características de cada região; as
pessoas que vivem longe das cidades.
c) Indianista: idealização do índio que vira um herói
convivendo com o homem branco.
d) Histórico: construção do passado colonial brasileiro.

Produção literária

José de Alencar
• Romances urbanos, regionalistas, indianistas e
históricos;
• Destacou-se como um dos maiores romancistas do
Romantismo brasileiro;
• Faz um grande painel do Brasil mostrando todos os
seus cantos;
• Idealização extrema de seus personagens;
• Valorização do índio;
• Aprovação da união entre colonizador e colonizado
em suas obras indianistas;
• Apresenta caráter medieval em algumas obras;
• Nos romances urbanos: romance de costume;
sentimento como enredo; retrato da vida urbana da burguesia.
(Lucíola, A Pata da Gazela, Senhora, etc.)
• Romances regionalistas: relacionamento do ser
humano e a região que habita. Idealização do personagem. (O
Gaúcho, O Sertanejo, O Tronco do Ipê).
• Romances indianistas: exaltação
do herói romântico
brasileiro; nacionalismo; a exaltação da
natureza (O Guarani, Iracema, etc.).

Romance urbano: Senhora

Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela.


Desde o momento de sua ascensão ninguém lhe disputou o certo; foi
proclamada a rainha dos salões.
Tornou-se a deusa dos bailes; a musa dos poetas e o ídolo dos noivos
em disponibilidade.
Era rica e formosa.
Duas opulências, que se realçam como a flor em vaso de alabastro; dois
esplendores que se refletem, como o raio de sol no prisma do diamante.
Quem não se recorda da Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento
da Corte como brilhante meteoro, e apagou-se de repente no meio do
deslumbramento que produzira o seu fulgor?
Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na sociedade.
Não a conheciam; e logo buscaram todos com avidez informações acerca da
grande novidade do dia.
Dizia-se muita coisa que não repetirei agora, pois ao seu tempo
saberemos a verdade, sem os comentários malévolos de que usam vesti-la os
noveleiros.
Aurélia era órfã; tinha em sua companhia uma velha parenta, viúva, D.
Firmina Mascarenhas, que sempre a acompanhava na sociedade.
Mas essa parenta não passava de mãe de encomenda, para
condescender com os escrúpulos da sociedade brasileira, que naquele tempo
não tinha admitido ainda certa emancipação feminina. Guardando com a viúva
as deferências devidas à idade, a moça não declinava um instante do firme
propósito de governar sua casa e dirigir suas ações como entendesse.
A descrição da personagem é predominantemente moral e psicológica e
suas riquezas são formosura e riqueza (as duas opulências).
Caracteriza-se por romance urbano, devido aos fatos ocorrerem em
perímetro urbano como:
...“Atravessou o firmamento da Corte como brilhante meteoro...”
“Tornou-se a deusa dos bailes...”
...“D. Firmina Mascarenhas, que sempre a acompanha na sociedade”.
Alencar faz uma crítica à sociedade brasileira da época, com relação à
posição da mulher em que não admitia a emancipação e as moças se faziam
acompanhar pelos pais ou parentes.

Manuel Antônio de Almeida

• Precursor do Realismo: Memórias de um Sargento


de Milícias. Esta obra é considerada um autêntico romance de
costumes. Manuel retrata o homem comum, do povo, com seus
problemas e conflitos cotidianos. É totalmente diferente de tudo
que já fora publicado no Brasil e, desse ponto de vista,
podemos considerá-lo uma obra pré-realista.
• Tratou os personagens de forma imparcial;
• Proximidade com o real;
• Romance de costumes do século XIX;
• Descrevia o povo simples dos subúrbios cariocas;
• Criou um anti-herói ou herói pitoresco;
• O acontecimento é mais importante que o
personagem.

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