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A primeira menção do sangue

Quando contemplo os teus céus, obra dos teus


dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é
o homem, que dele te lembres E o filho do homem,
que o visites? Fizeste-o, no entanto, por um pouco,
menor do que Deus e de glória e de honra o coroas-
te. Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão e
sob seus pés tudo lhe puseste Sl. 8:3-6
A palavra “coroaste” em hebraico é atar que significa cercar,
rodear. Então a coroa aqui não é somente algo que se coloca na
cabeça, mas algo que nos cerca ao derredor.
Isso significa que quando o homem foi criado, Deus o envol-
veu ao derredor com glória. Certamente Adão estava envolvido com
esplendor radiante, com um brilho celestial. Adão não estava vesti-
do com roupas, mas estava revestido de glória.
É por causa dessa glória que Adão podia sujeitar e dominar
sobre toda a criação. É a glória que lhe dava autoridade e poder
para sujeitar. Os animais não lhe sujeitavam por causa de algum
traquilizante que ele lhes aplicava, mas apenas por causa da sua
presença. Certamente tudo o que ele tinha de fazer era falar, co-
mandar e todos os animais obedeciam. Por isso Hebreus diz que
por causa da glória tudo foi sujeito aos seus pés.
Tudo o que Adão tinha que ter feito com a serpente era ter
mandado que ela saísse do jardim. Mas, uma vez que nada disse-
ram, eles permitiram que as coisas acontecessem. Sempre que nos
calamos nós permitimos que coisas aconteçam.
Mas no dia em que o homem pecou ele perdeu a sua glória.
Pois todos pecaram e carecem da glória de
Deus. Rm. 3:23

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No exato momento em que eles comeram da árvore do co-
nhecimento do bem e do mal, o pecado entrou no mundo. A glória
da presença de Deus se desvaneceu imediatamente. Os olhos dos
dois se abriram e perceberam que estavam nus. (Gn 3.7).
Adão e Eva se esconderam de Deus quando se deram conta
que estavam descobertos. Primeiro, eles se esconderam atrás de cin-
tas de folha de figueira. Depois, eles se esconderam atrás de árvores.
Deus procurou pelo homem e sua mulher que estavam se
comportando de um modo estranho, chamando-o no jardim: “Onde
estás? Quando o homem se esconde, Deus o procura.
Adão respondeu ao chamado: “Ouvi a tua voz no jardim, e,
porque estava nu, tive medo, e me escondi.” (Gn 3.10).
Tremendo de medo diante de Deus ele aguardou o seu mere-
cido castigo. Deus tinha advertido claramente Adão: “.. porque no
dia em que dela comer, certamente você morrerá”. Até Adão ter
pecado, ele nunca havia visto a morte, porque a morte só entrou no
mundo após Adão ter pecado (Rm 5.12).

O Cordeiro foi morto no Éden


O homem esperou a morte, mas em vez disso Deus pegou
um animal e o matou sangrando diante de Adão. Sabemos disso
porque Deus teve de tirar a pele do animal e dessa pele fez vestes
para o homem e sua mulher
Fez o SENHOR Deus vestimenta de peles para
Adão e sua mulher e os vestiu. Gn 3.21
Com este exemplo, o Senhor impressionou Adão e Eva com a
completa indignidade do pecado e do seu salário: a morte. Com
Adão e Eva vestidos dessa maneira, eles puderam avaliar a morte
por meio das peles do animal que os cobriam. De modo semelhan-

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te, a morte do Messias proveu pagamento pela penalidade do peca-
do e libertação de seu poder (1 Pe 3.18).
Não sabemos que animal Deus matou para vestes para o ho-
mem, mas eu creio que foi um cordeiro. Apocalipse 13 diz que o
Cordeiro de Deus foi morto desde a fundação do mundo.
E adorá-la-ão todos os que habitam sobre a terra,
aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro
da Vida do Cordeiro que foi morto desde a funda-
ção do mundo. Ap. 13:8
Por meio da morte do Cordeiro de Deus, toda pessoa que
aceitá-lo será revestida com o manto da justiça, com as vestes de
salvação.
Há uma regra de interpretação no estudo da Bíblia conhecida
como a lei da primeira menção. Este princípio ensina que sempre
que qualquer tópico aparece pela primeira vez na Escritura há cer-
tas verdades básicas contidas naquela primeira ocorrência que se
mantêm em todo o resto da Escritura e na qual se constrói a revela-
ção completa daquele tópico. A primeira menção de um tópico é a
base para seu estudo posterior. Embora as palavras “sangue”, “subs-
tituição” e “morte” não apareçam efetivamente neste versículo, elas
são evidentes.
Adão e Eva aprenderam sete coisas bácicas com esse evento:
1. Sem derramamento de sangue não há remissão de pecado.
2. O pecador deve ser coberto com sangue.
3. A vida está no sangue.
4. Deus mesmo é quem provê o sacrifício.
5. O próprio Deus cobre o pecador com o sangue.
6. O inocente morre no lugar do culpado.
7. Deus traz o julgamento sobre o sacrifício.

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1. Sem derramamento de sangue não há
remissão de pecado
Deus exige derramamento de sangue pelo pecado. O Senhor
fez "roupas de pele" de um animal. Fazendo isso, seu sangue foi
derramando e aspergido no chão. O derramamento de sangue foi
necessário para fornecer remissão da transgressão. Sem derrama-
mento de sangue não há perdão. (Hb 9.22).

2. O pecador deve ser coberto com sangue


O animal substituto não foi apenas morto, mas seu sangue foi
aplicado a Adão e a sua esposa quando Deus os vestiu com suas
peles. A aspersão do sangue fornece uma cobertura para o pecador,
mas o pecador deve aceitar o sacrifício feito em seu favor.
Cada pessoa deve receber a provisão de Deus para si. O san-
gue de Jesus foi derramado para toda a raça humana. Ele é o Cor-
deiro de Deus, que tira o pecado do mundo! (Jo 1.29). Entretanto,
cada pessoa deve aceitar o seu sacrifício, individualmente (1 Pe
1.2, Ap 1.5, Ap 7.14).
Nosso sangue natural mantém a vida de nosso corpo, nossa
vida espiritual é mantida pelo sangue de Jesus, porque a vida está
no sangue.

3. A vida está no sangue


A vida natural está em nosso sangue e a vida espiritual está
no sangue de Jesus. O sangue de Jesus foi criado inteiramente pelo
poder criativo de Deus. Ele não continha nenhuma mancha de pe-
cado e não carregava nenhum defeito genético em seus
cromossomos.
Jesus Cristo viveu sendo o único homem que nunca pecou e
não merecia o salário do pecado de forma alguma (Hb 4.15, Rm

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6.23 e Lc 23.22). O Messias entregou sua vida por nós pois ne-
nhum homem poderia tirá-la dele.

4. Deus mesmo é quem provê o sacrifício


No primeiro exemplo de sacrificio de sangue o próprio Deus
fez a provisao e não exigiu que os transgressores o provessem. Por
que Deus fez isso no primeiro exemplo? A resposta está no fato de
que milhares de anos depois Ele iria prover o sacrifício perfeito do
Cordeiro de Deus. E por meio de Cristo ele forneceu o "manto de
justiça" e "vestes de salvação" (Is. 61:10).
As "roupas de peles" que Deus forneceu para Adão e Eva
eram tipos (símbolos) da cobertura propiciatória do Messias.

5. O próprio Deus cobre o pecador com o


sangue
Foi Deus mesmo quem vestiu Adão e sua mulher. Deus não
apenas forneceu o sacrifício e fez roupas de peles, mas também
vestiu Adão e Eva com elas. No que se refere ao manto de justiça e
vestes de salvação, nós não os colocamos sobre nós mesmos, mas
nosso Pai nos veste. Ele nos veste com justiça. Paulo diz que é
Deus quem nos justifica (Rm 8.33).

6. O inocente morre no lugar do culpado


O animal que o Senhor matou no lugar de Adão e Eva nunca
tinha feito nada de errado nem cometido mal algum. Ele era ino-
cente e ainda assim morreu. A palavra declara que Cristo morreu
pelos ímpios (Rm 5.6). Ele era mais do que inocente, Ele era per-
feitamente justo. A justiça é a inocência comprovada. Ele passou
por todo tipo de tentação, porém, “sem pecado” (Hb 4.15). O prín-
cipe deste mundo (Satanás) não tem nenhum direito sobre Ele (Jo

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14.30). Durante o sacrifício, a culpa do pecador é transferida dele
para o seu sacrifício e a inocência ou justiça do sacrifício é transferida
ao transgressor.

7. Deus traz o julgamento sobre o sacrifício


Adão tinha que morrer, mas o animal morreu no lugar dele.
“O Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos” (Is. 53:6).
Aquele que não conheceu pecado, ele o fez
pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos
justiça de Deus. II Co. 5:21
Jesus levou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro
(1 Pe 2.24) e destruiu a barreira, o muro de inimizade anulando-o
em seu corpo (Ef 2.14-15). Na sua morte nós agora temos “paz
com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5.1). Jesus
estabeleceu paz entre Deus e o homem pelo seu sangue derramado
na cruz (Cl 1.20).
O primeiro encontro de Adão e Eva com a morte foi com o
sacrifício de sangue. Essa foi a base sobre a qual eles passariam
agora a oferecer sacrifícios de animais depois de serem expulsos do
jardim. Agora, eles sabiam que isso era necessário para aproximá-
los de Deus. Essa informação foi passada de geração em geração
bem antes de a Lei ter sido dada. O homem antigo tinha uma reve-
rência especial pelo sacrifício de sangue, porque o próprio Deus o
ensinou quando ele pecou pela primeira vez.
Abel veio até Deus dessa maneira. Noé construiu um altar
quando saiu da arca e recebeu a bênção para a nova vida na terra
(veja Gn 8.18-22). Jó, que provavelmente foi o primeiro livro da
Bíblia a ser Escrito, oferecia sacrifícios de animais bem como os
seus amigos (Jó 1:5, 42:8).

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Hoje nós ainda nos aproximamos pelo sangue, o sangue
perecioso do Senhor Jesus. Não existe vida sem o sangue.
Mas no capítulo seguinte de Gênesis encontramos alguém
que se recucou a se apresentar diante de Deus co o sangue.

O caminho de Caim
Lembra-se do primeiro assassinato na Bíblia? Caim assassi-
nou seu irmão abel. Por quê? Porque Caim não era um adorador?
Não, ambos eram adoradores, mas um veio a Deus pelas obras e o
outro pela fé.
Desde o Éden o cordeiro teve de morrer para que o homem
pudesse ser salvo. Apocalipse 13:8 diz que o Cordeiro foi morto
desde a fundação do mundo.
Quando aconteceu isso? Depois que Adão e Eva pecaram
eles perceberam que estavam nus e tentaram fazer roupas para si de
folhas de figueira. Deus, então, mata o cordeiro e da sua pela fez
roupas para Adão e Eva. Aquele cordeiro apontava para o Senhor
Jesus e para que o homem se apresentasse diante de Deus o sangue
foi derramado no Éden (Gn. 3:21).
Depois que saíram do Éden, Adão e Eva tiveram dois filhos,
Caim e Abel. Mas por alguma razão Caim se recusou a se apresen-
tar diante de Deus da maneira como ele havia preestabelecido, por
meio do sangue.

Não há comunhão por meio de obras


Quando nós aceitamos o modo de Deus nós reconhecemos
que somos pecadores e que precisamos da cobertura do sangue.
Caim, porém, não fez isso, mas ele trouxe ao Senhor uma oferta de
cereais onde não havia sangue. Abel, por sua vez, trouxe um cor-

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deiro que aponta para o Filho de Deus que derramou o seu sangue
por nós.
Todos aqueles sacrifício do Velho Testamento apenas cobri-
am o pecado, não era o pagamento final. É como o nosso cartão de
crédito. Quando pagamos as contas com o cartão não estamos real-
mente pagando ainda, o verdadeiro pagamento vem no dia em que
a conta do cartão é debitada na sua conta bancária. No Velho Tes-
tamento o cartão de crédito foi usado com sangue de animais, até
que veio o Filho de Deus e pagou a conta definitivamente na cruz.
Caim trouxe frutas, legumes e cereais, o produto de sua mão.
Ele trabalhou para produzir essas coisas e as trouxe para Deus, mas
o homem só pode chegar a Deus pelos sangue. Sem o derramamen-
to de sangue, não há remissão de pecados (Hb. 9:22).
Quando o homem traz o sacrifício sem sangue ele está dizen-
do: “Eu não sou um pecador. Não preciso do sangue para me co-
brir. Não preciso que o inocente morra por mim, o culpado. Eu não
sou culpado. De fato, pelo meu próprio desempenho, eu posso real-
mente satisfazer a Deus.” Esse é o significado do caminho de Caim.
É uma religião baseada na performance.
Em Levítico 2 lemos que havia uma oferta de cereis, chama-
da de oferta de manjares, mas ela somente podia ser oferecida de-
pois que fosse apresentado o holocausto. A oferta de cereiais apon-
ta para a nossa comunhão com Deus, mas não podemos ter comu-
nhão com Deus sem apresentar primeiro o sangue.

A comunhão é somente pelo sangue


Mas Abel, seu irmão, o que ele trouxe? A Bíblia diz que trou-
xe um cordeiro e o cordeiro foi morto como sacrifício diante de
Deus. Com a sua ação ele estava dizendo: “eu sou um pecador. Se o
cordeiro não for morto, eu serei condenado pelos meus pecados,

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mas eu coloco as minhas mãos sobre o cordeiro. Meus pecados são
transferidos para ele, e a justiça do cordeiro é transferida para mim.
O cordeiro é morto para que seu seja abençoado.”
Deus aprovou a oferta de Abel, mas rejeitou a de Caim. Não
sei como Caim percebeu que a oferta de Abel foi aceita, talvez caiu
um fogo do céu e a consumiu. Há muitos lugares nas escrituras
onde o fogo do juízo de Deus caiu sobre pessoas, mas quando há
sangue o fogo cai sobre o sacrifício e não sobre nós. O juízo veio
sobre o Cordeiro na Cruz para que hoje não soframos nenhuma
condenação.
Caim ficou com inveja do seu irmão e se encheu de amargu-
ra. Ele certamente pensou: “Abel não é melhor do eu. Eu ofereci do
meu melhor para Deus. Por que ele foi aceito e eu não? Por fim ele
matou o seu irmão.

Pegue a oferta pelo pecado


No verso 7 lemos uma expressão que pode ter duas explica-
ções. A expressão “o pecado jaz à porta” também pode ser traduzida
como “a oferta pelo pelo pecado está à porta”. A palavra pecado no
original é “chattah” que significa tanto o pecado como a oferta pelo
pecado. Somente pelo contexto podemos saber sobre qual dos dois
significados está falando. Se colocarmos a expressão “oferta pelo
pecado” no lugar de “pecado” o texto ganha uma dmensão comple-
tamente nova.
Se procederes bem, não é certo que serás aceito?
Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado
(oferta pelo pecado) jaz à porta; o seu desejo
será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo. Gn. 4:7

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É como se Deus dissesse para Caim, a oferta pelo pecado
está disponível na porta da sua casa. Deus colocou o cordeiro à
disposição de Caim, mas ele rejeitou, preferiu as suas próprias obras.
Para o pecado temos a provisão do sangue, mas se confiamos
na justiça própria nossas obras são contadas como iniquidade. É
isso o que Deus diz a respeito de Caim.
Porque a mensagem que ouvistes desde o princí-
pio é esta: que nos amemos uns aos outros; não
segundo Caim, que era do Maligno e assassinou
a seu irmão; e por que o assassinou? Porque as
suas obras eram más, e as de seu irmão, justas. I
Jo. 3:11-12
João diz que Abel era justo e Caim era maligno. Mas o que
Abel fez para ser chamado de justo? Ele apenas confiou no sangue
para se apresentar diante de Deus. Se confiamos no sangue Deus
nos vê como justos.
E ser achado nele, não tendo justiça própria, que
procede de lei, senão a que é mediante a fé em
Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada
na fé. Fl. 3:9.
Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos
tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e
santificação, e redenção. I Cor. 1:30.
João diz que Caim matou o seu irmão porque as suas obras já
eram más. O que é ter obras malignas? É confiar na justiça própria.
Quando confiamos na justiça própria inevitavelmente todas as obras
da carne vão acabar se manifestando.

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