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Que trazes pra mim?

um conto de
João Paulo Hergesel
SUMÁRIO

I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
IX

SOBRE O AUTOR
I

— Tá um domingo lindo, não, Diego? — disse o pai.

Silêncio.

— Acho que ele não ouviu — disse a mãe.

O pai tira um dos fones do filho.

— Chegamos.

— Hm.

— Você não vai tirar essa blusa? Tá calor.

— Tsc.

— Cê não vai me dar trabalho no almoço de Páscoa na casa


do meu chefe, né?

— Bfff.

— Você bufou pra mim?

Silêncio.

— Ele bufou pra mim — constatou o pai incrédulo à esposa.

— Diego, querido — discursou a mãe —, você vai ver que vai


ser legal. Tem os gêmeos. Eles devem ter sua idade. Vocês vão...

— Bff.

— Ele bufou pra mim — constatou a mãe incrédula ao marido.


Desconfortos à parte, os três entraram na casa de campo para
o almoço ao qual haviam sido convidados.
II

— Feliz Páscoa!

— Que bom que vocês vieram!

— Nós é que agradecemos o convite.

— Sejam muito bem-vindos. Fiquem à vontade.

— Olha que ficaremos mesmo.

— A gente trouxe alguns ovos...

— Imagine, não precisava de nada disso...

— Jesus está acima de qualquer chocolate.

— Amém!

Enquanto os pais de Diego cumprimentavam o casal anfitrião


ainda na varanda, o garoto se desconectava de seus fones e
guardava o celular no bolso. Foi tempo suficiente para Giulia
aparecer.

— Oooi... Você deve ser o Diego, né?

— E você deve ser “os gêmeos”.

— Metade deles. A outra metade não acordou ainda. Giulia, a


propósito.

— Diego. Sem muito propósito. Mas acho que você já sabe.

Os cumprimentos iniciais foram interrompidos pelo deboche do


pai da garota.
— Que é isso? Teve uma metamorfose enquanto dormia?

Ao se virarem para a porta da casa, Diego e Giulia viram Luigi,


descalço, com camisa sem mangas e bermuda. O garoto tinha o
rosto pintado como coelhinho da Páscoa e usava uma tiara com
orelhas de coelho.

— Ah, Luigi! — lamentou a mãe do menino. — Por que você


fez isso?

— Ficou bonitinho — defendeu a mãe de Diego.

— Pelo menos entrou no espírito da Páscoa — brincou o pai de


Diego.

— Que espírito? — corrigiu a mãe do menino. — Coelhinho é


só mais uma distração que os pagãos inventaram para tirar o foco
do verdadeiro sentido da Páscoa... Tira isso, Luigi, vai...

— Deixe o menino se divertir! — desencanou o pai. — Parece


que você nunca teve infância.

— Tá... Tá bem... — concordou a mulher. — Vai lá dar “oi” pra


sua irmã e pro novo coleguinha dela, vai.

Sem dizer nada, Luigi se aproximou da irmã e de Diego.

— Ó coelhinho da Páscoa, que trazes pra mim? — brincou


Giulia.

— Serve uma mãe mal-humorada?

— Conseguiu mesmo tirar a velha de sério antes do bom-dia,


hein?
— Acho que ela esperava que eu surgisse como Jesus Cristo
ressuscitado.

Giulia se virou para Diego e, apontando para Luigi, esclareceu:

— Esse é a outra metade!

— Que metade? — perguntou Luigi, enquanto cumprimentava


Diego. — Eu sou sua metade da laranja?

Diego teve um minuto de paralisia.

— O Luigi tá brincando, Diego.

Luigi sinalizou com a sobrancelha que a irmã tem razão. Diego


riu.

— Tá... Isso foi...

— Estranho? Mas o Luigi é estranho! Fato. Ou você acha


normal o cara acordar pintado de coelhinho?

— Falou a rainha das normalidades...

— Você fica quieto que sou mais velha.

— Três minutos.

— Minutos que fizeram a diferença!

Virando para Diego, Giulia aproveitou para continuar


esculachando o irmão:

— Não liga pra ele, não, que ele ainda é meio infantil.
— Acho que todo mundo tem um lado meio infantil ainda... —
defendeu Diego.

— Tá vendo? — comemorou Luigi. — O Diego... É Diego,


né?... Ele concorda comigo.

— Meninos... — murmurou Giulia, revirando os olhos. —


Sempre demoram mais pra amadurecer... — Faz uma pausa. — Bora
apostar uma corrida até o campo?

— Não sou de correr... — confessou Diego, sem perceber que


Luigi já o puxava pelo braço.

— Então voa!

Os três saíram correndo.


III

Giulia, Luigi e Diego admiram o céu deitados na grama. Diego


mantinha a blusa de frio.

— Você não tá com calor, não? — perguntou Luigi.

— Não sou fã de sol.

— É mesmo? Então de qual nota musical você gosta?

Fez-se uma pausa para assimilação da piada. Diego riu.


.
— Falando em sol — falou Giulia —, lembrei que não passei
protetor. Vou pegar lá em casa e trago pra vocês também, tá?

— Vai lá, sem pressa — disse o irmão. — Eu preciso me


queimar um pouco, pra deixar de ser tão pudim de leite.

Giulia satirizou para Diego:

— Esse aí tem síndrome de Michael Jackson às avessas. Já


volto.

Assim que Giulia saiu, Diego decidiu se sentar.

— Eu gosto de si — contou Luigi.

Diego olhou com confusão.

— De... mim?

— Não! — Luigi riu. — De si. A nota musical.

— Ah... Eu não sei qual é a minha preferida.


Luigi levantou o corpo e resolveu se sentar de frente para
Diego.

— Você tem cara de dó — ele brincou.

— Maior ou menor?

— O tamanho não importa.

Aos risos, Luigi começou a tirar a camiseta.

— Que cê tá fazendo?

— Tirando a camiseta...

— Tá, isso eu tô vendo. Mas pra quê?

— Não dá pra bronzear se tiver roupa por cima.

Luigi cobriu o chão com a peça de roupa e voltou a se deitar,


com as mãos sob a cabeça. Diego se inspirou no novo amigo e fez
igual, tirando blusa de frio e camiseta e se deitando novamente na
grama.

— Olha... Saiu do casulo.

— Tô precisando de vitamina D. — Houve uma pausa de três


segundos, até Diego se arrepender. — Tá, não preciso.

Diego tentou se levantar para colocar a roupa de volta, mas


Luigi o segurou.

— Espera.

Com o desequilíbrio, Diego caiu por cima de Luigi.


— Tão brincando de caçador e coelho? — disse a voz de
Guilia.

Diego se assustou e se levantou num ímpeto. Luigi também se


levantou.

— A mãe tá chamando a gente pra ajudar a arrumar a mesa e


o almoço — disse Giulia.

— Tá, vamos lá! — concordou o garoto, colocando a camiseta.


— Acho que já tive calor demais por hoje.
IV

— Sabe... — começou o pai de Luigi, sentado à mesa com a


família e os convidados. — Tem um motivo pelo qual chamei vocês
para esse almoço... Além da Páscoa.

— Bem, entendo que seja nossa amizade, não? — palpitou o


pai de Diego. — Por mais que a gente seja chefe e funcionário, fora
da empresa somos amigos... Ou estou enganado?

— Claro. Com certeza. Puxa, que bom que você pensa assim.
Não são todos que conseguem separar a vida pessoal da
profissional.

— Não são todos que têm maturidade para isso, não é


mesmo?

— Eu queria, então, aproveitar que estamos falando nisso pra


fazer um comunicado.

Todos param suas refeições e voltam sua atenção ao homem,


mas a fala foi especificamente dirigida ao pai de Diego:

— Bom, como você sabe, já é certo entre os economistas que


o País vai entrar em crise financeira nos próximos anos, né? Sendo
assim, precisaremos cortar alguns gastos, e isso envolve a dispensa
de funcionários.

— Cê tá me mandando embora?

— Veja bem, não é uma decisão pessoal, e sim totalmente


profissional e estratégica...

— Cê tá me mandando embora no domingo de Páscoa, na


frente da minha esposa e do meu filho...
— Meu bem — interveio a esposa —, tenha calma...

— Calma é o escambau! — bradou o ex-funcionário furioso. —


Esse sujeito usou de um momento em família pra querer abafar uma
notícia grave.

— Mas perceba que quero que continuemos amigos... — O ex-


chefe tentou aliviar.

— Ah, vai ser amigo do capeta!

— Senhores! — exasperou a mãe de Luigi. — Que troca de


ofensas é essa? Onde está o amor ao próximo? Lembrem-se de que
Jesus morreu crucificado para nos salvar...

O pai de Diego se levantou irritado e interrompeu a mulher:

— Ah, enfia a cruz no teu rabo!

Ao abandonar a mesa, o homem foi seguido pela esposa, que


puxava Diego pelo braço. A mãe de Luigi leva as mãos ao rosto,
limpando as poucas lágrimas que surgiam enquanto seu marido
mantinha-se neutro, como se nada tivesse acontecido. Giulia ficou
estática e viu seu irmão correr para o campo.

Seis anos se passaram.


V

Com barba e cabelo curto, Diego andava de skate pela


calçada, até se esbarrar em uma moça e derrubá-la. Tirando os
fones do ouvido, desceu do skate para socorrê-la.

— Perdão, perdão, perdão! Nossa, não vi você... Desculpa


mesmo.

— Não foi nada, não. Já tô acostumada a cair na vida. Mas e


você, machucou?

— Eu é que pergunto se você se machucou...

— Tô bem. Sério.

— Peraí... Eu conheço você de algum lugar?

— Hum... Não sei. Você me conhece de algum lugar?

— Parece que sim. Só não sei de onde.

— O nome “Giulia” faz você se lembrar de alguma coisa?

— Giulia? Giulia, Giu... Giulia! A irmã do coelhinho!

— Como?

— Digo... Do Luigi. Você é irmã do Luigi, não é?

— Sim... E você... É amigo do meu irmão?

— Eu sou o Diego...

— Diego?
— Que passou a Páscoa na sua casa, tipo, uns seis anos atrás.

— Ah, Diego! Claro! Nossa, mas essa barba não estava aí na


época.

— Eu digo o mesmo dos seus... — O olhar foi direto para os


seios de Giulia, mas o pensamento o fez desconversar. — Cotovelos!

— Obrigada... Eu acho.

— E seu irmão, como é que está?

— Eu estou bem, obrigada. — respondeu sarcasticamente. —


E o Luigi também está. Aliás, olha que coincidência: ele volta hoje
pra cidade.

— Volta? Ele tinha ido pra algum lugar?

— Ah, claro! Você não sabe da história... Quando a gente fez


15 anos, minha mãe veio com um presente pra ele: matriculou o
coitado num colégio católico lá na capital. Queria que ele seguisse a
carreira no seminário e se ordenasse padre.

— Puxa... Sei que o conheci pouco... Mas confesso que nunca


o imaginei como padre.

— Nem você, nem ninguém, né? Mas depois de quase


terminar a faculdade, ele convenceu minha mãe de que Teologia não
era a praia dele. E decidiu voltar pra família pra fazer faculdade de
Assistência Social.

— Bacana ele querer ajudar os outros.

— Bacana, mas meus pais piraram loucamente, né? Minha


mãe faltou cravar uma coroa de espinhos nele. Só deixaram o garoto
em paz quando roubei as atenções dizendo que faria Artes Cênicas
em vez de alguma Engenharia da vida. Afinal, quem é desregulado
suficiente para fazer Engenharia, com aquele monte de algarismos e
fórmulas?

— Prazer... Quinto semestre de Engenharia Química.

— Uau! Falou o garoto que dizia não ter propósitos...

— Você ainda se lembra disso?

— Nem me fale. Fiquei meses ouvindo o Luigi relembrar os


poucos momentos dele com você. E consequentemente eu
relembrava os meus poucos momentos com você.

— Puxa... — expressou Diego, curvando-se ironicamente em


agradecimento. — Fico honrado por saber que não fui esquecido.

— De nada. Mas agora eu tenho mesmo que ir. Ainda preciso


comprar enfeites para a festa. Aliás, você tá superconvidado! A
gente vai fazer uma festinha amanhã pra receber o Luigi de volta.
Cola lá! Ele vai gostar de ver você.

— Pode deixar... Vou, sim.

Giulia se despediu com um aceno, deixando Diego sorrindo à


toa. O garoto se sentou no encosto de um banco de praça, com os
pés (e o skate) sobre o assento. O olhar do rapaz se perdeu nas
lembranças de um domingo que jamais esqueceu.
VI
— A mãe tá chamando a gente pra ajudar a arrumar a mesa e
o almoço — disse Giulia, seis anos atrás.

— Tá, vamos lá! — concordou o garoto, colocando a camiseta.


— Acho que já tive calor demais por hoje.

Os três caminhavam de volta para casa. Giulia seguia


saltitante na frente e tomava cada vez mais distância dos garotos.
Luigi aproveitou para segurar Diego.

— Eu posso confiar em você?

— Pode... eu acho.

— É esquisito. Tô te conhecendo só agora, mas consigo me


sentir tão eu mesmo perto de você que... Ah, deixa quieto. Você não
precisa...

— Pode falar... Ou que tal uma troca de segredos, então? Eu


guardo algo seu e você guarda algo meu.

— Pode ser. Fala você primeiro.

— Tá bom... Eu... — O receio de Diego o faz falar baixinho e


entre os dentes. — Eu bato punheta no quarto e limpo em alguma
camiseta velha.

O garoto cobriu o rosto envergonhado, mas não conteve o


riso. Luigi também riu.

— Acho que todo cara faz algo do tipo... — O amigo tentou


amenizar — Ou não... Mas tá bom. Minha vez.
Luigi fez uma pausa enquanto recebia os olhares de Diego.

— Melhor deixar quieto. Cê não vai entender.

— Ah, nem vem... Eu contei o meu. Conta o seu agora.

— É que...

Luigi parou de sorrir e, automaticamente, Diego também ficou


sério.

— Eu acho que... Eu acho que não gosto tanto assim de


meninas.

— Como assim “acha”?

— Tipo... Os caras não tiram o olho da minha irmã... Mas eu


não consigo colocar meus olhos na irmã dos caras. Geralmente eles
é que me chamam mais a atenção, se é que você me entende.

— Hum...

— Tá, agora você me odeia, me acha um viadinho ridículo e


nunca mais vai querer falar comigo.

Diego se manteve quieto, cabisbaixo, o que fez Luigi lamentar:

— Sabia que era isso que ia acontecer quando eu contasse pra


alguém. Sabia que cê nem ia olhar mais pra minha cara.

— É que... — balbuciou Diego, tomando coragem. — É que


meus olhos já estão em você desde o primeiro segundo em que te
vi.
VII
De volta ao presente, Giulia recebeu Diego aquela noite.

— Muito bom que você veio.

— Seus pais não vão se incomodar, né?

— Imagina! Eles nem aqui tão. Ficaram na nossa casa da


cidade.

— Ué, mas e a festa de boas-vindas?

— O Luigi ficou sabendo e pediu pra cancelar.

— Bom, então eu acho que meio que vim na hora errada, né?

— Ele pediu pra cancelar quando soube que você vinha.


Queria um momento só entre vocês dois. Não entendi bem por quê,
mas quem sou eu para entender algo?

A voz Luigi, agora mais grossa e mais máscula, chamava pela


irmã.

— Giulia...

— Já vou! — berrou em resposta. — Acho que ele precisa de


ajuda pra sair aqui na varanda. Já venho, tá? Fica à vontade.

— Claro.

Giulia entrou e deixou Diego confuso: Ajuda pra sair? Mas a


resposta para seus pensamentos ocorreu logo que viu Luigi na
cadeira de rodas. O ex-coelhinho ainda decidiu provocar:
— Acho que não era bem assim que cê me imaginava hoje em
dia, não é mesmo?
VIII
Seis anos atrás, Giulia viu seu irmão correr para o campo.
Achou que seria melhor segui-lo e o viu a tempo de cair de joelho e
em prantos. Ela tentou se aproximar.

— O que aconteceu? Tá tudo bem?

— “Tudo bem”, Giulia? Quando eu finalmente acho que tô


gostando de alguém, o pai vai e faz um teatro dos horrores, para
espantar a pessoa com família e tudo. A gente nunca mais vai ver o
Diego.

— Calma, Luigi! A gente conhece o garoto há, tipo, quinze


minutos...

— Mas eu gostava dele.

— Tem muitos outros amigos que você pode gostar...

— Giulia, eu gostava dele... A gente até se beijou.

Giulia se mostrou surpresa, mas não tanto quanto a mãe e o


pai, que haviam ido atrás.

— Ai, minha Nossa Senhora! — interpelou a mãe.

O susto de Luigi o faz encarar os pais com muito tremor.

— Você disse que beijou outro garoto? — perguntou o pai. —


Outro homem?

— Minha Santa Rita de Cássia, advogada das causas


perdidas... — A mãe continuava clamando aos santos que conhecia.
Luigi ficava cada vez mais trêmulo e ofegante, encarando o
pai. O homem, sem pensar muito, pegou um galho de árvore caído
no chão.

— Agora você leva uma surra merecida, que precisa aprender


a ser macho.

Luigi se levantou, em tentativa de fuga. O galho cortou o


vento, em direção a Luigi.

— Meu São Miguel Arcanjo, protetor das famílias... —


continuava a mãe.

— Pai, não! — berrava a irmã.

O pedaço de madeira acertou em cheio a nuca do garoto, que


no mesmo instante caiu desmaiado, para desespero da irmã.

— Luigi!
IX
Num presente com sabor de chocolate amargo, Diego ouvia a
história em lágrimas.

— Quer dizer que você ficou... assim... por causa da surra que
seu pai te deu?

— Eu caí e, com a pancada, lesionei o pescoço. Meu pai diz


que a culpa foi minha, que não agi como um homem deveria agir.

— Mas a gente sabe que não foi assim... — corrigiu Giulia.

— Depois ele quis ser um salvador da pátria, oferecendo ajuda


pra me levar ao banho, pra trocar de roupa... Mas eu tinha mais do
que vergonha dele; eu simplesmente não conseguia respirar quando
ele se aproximava.

— Eu ajudei meu irmão por um tempo, mas depois minha mãe


decidiu que seria melhor mandá-lo para um colégio interno dentro
do seminário.

— Segundo ela, minha paralisia foi um sinal de Deus para que


eu parasse com a ideia da homossexualidade e me ordenasse padre.

Giulia disse que precisava de um copo de água e deixou os


rapazes sozinhos.

— Isso tudo é... abominável! — constatou Diego. — Imagino


que você não consiga nem conviver com eles hoje...

— Na verdade, eu meio que enterrei o passado. A gente serve


pra mais alguma coisa, senão para perdoar os erros dos outros?
— Você é simplesmente a pessoa mais incrível... E generosa...
E perfeita que eu já conheci!

— Pena que minhas pernas não possam mais dizer o mesmo


da parte da perfeição.

Diego se ajoelhou na frente de Luigi e colocou as mãos sobre


as coxas do rapaz. A troca de olhares continuava igualmente
acalorada.

— Se suas pernas não dizem, meu coração fala por elas.

Após o beijo, Diego percebeu que havia um embrulho


escondido na cadeira de rodas. Olhou mais atento e viu se tratar de
um ovo de páscoa.

— O coelhinho nunca conseguiu esquecer você.

Ambos sorriram o sorriso mais sincero de suas jovens vidas.


SOBRE O AUTOR

Nascido em 25 de julho de 1992, João Paulo Hergesel é um escritor


brasileiro que transita entre Alumínio e Campinas, no interior do
Estado de São Paulo. É professor do Programa de Pós-Graduação em
Linguagens, Mídia e Arte da Pontifícia Universidade Católica de
Campinas (PUC-Campinas). É doutor em Comunicação (UAM), com
pós-doutorado em Comunicação e Cultura (Uniso). Dedica-se à
produção literária, especialmente na literatura infantojuvenil, e à
pesquisa sobre narrativas, com foco no estudo do estilo. Autor de
livros com temáticas diversas e com participações em várias
antologias, obteve dezenas de prêmios literários – entre eles:
Histórico de Realização em Literatura (Secretaria de Cultura e
Economia Criativa de São Paulo), Barco a Vapor (Fundação SM),
Monteiro Lobato (SESC-DF) e Ganymédes José (UBE-RJ). Contato:
jp_hergesel@hotmail.com.
Versão e-book Kindle confeccionada em julho de 2023, pela
Ferramenta KDP, exclusivamente para venda e distribuição na
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