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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BARRA MANSA

PRÓ-REITORIA ACADÊMICA
CURSO DE DIREITO

Régis Furtado

EMENDA DE RELATOR E SUAS POSSÍVEIS CONSEQUÊNCIAS: CORRUPÇÃO


FALTA DE TRANSPARÊNCIA E FISCALIZAÇÃO

Barra Mansa
2023
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BARRA MANSA
PRÓ-REITORIA ACADÊMICA
CURSO DE DIREITO

Régis Furtado

EMENDA DE RELATOR E SUAS POSSÍVEIS CONSEQUÊNCIAS: CORRUPÇÃO


FALTA DE TRANSPARÊNCIA E FISCALIZAÇÃO

Monografia apresentada ao Curso de


Direito do Centro Universitário de Barra
Mansa, como requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em
Direito.

Prof. Orientador: Glauco de Souza


Cunha

Barra Mansa
2023
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BARRA MANSA
PRÓ-REITORIA ACADÊMICA
CURSO DE DIREITO

Régis Furtado

EMENDA DE RELATOR E SUAS POSSÍVEIS CONSEQUÊNCIAS: CORRUPÇÃO


FALTA DE TRANSPARÊNCIA E FISCALIZAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Direito do Centro Universitário de
Barra Mansa, submetida à aprovação da banca
examinadora, composta pelos seguintes
membros:

________________________________
Orientador: Glauco de Souza Cunha

________________________________
José Renato Amirat B. B. de Carvalho

________________________________
Roberta Aline Guimarães

Barra Mansa
2023
Este trabalho é todo dedicado à
minha esposa e filho, pois são eles a
razão de todo esforço valer a pena.
RESUMO
FURTADO, Régis. EMENDA DE RELATOR E SUAS POSSÍVEIS
CONSEQUÊNCIAS: CORRUPÇÃO FALTA DE TRANSPARÊNCIA E
FISCALIZAÇÃO. 2023. Monografia de Direito – Centro Universitário de Barra
Mansa, UBM, Barra Mansa, 2023.

Este trabalho de conclusão de curso aborda o tema das emendas de relator e suas
implicações, com foco nas consequências relacionadas à corrupção, falta de
transparência e fiscalização. As emendas de relator são emendas propostas por
legisladores designados como relatores para analisar e aprimorar projetos de lei
antes de sua aprovação final. Este estudo investiga como essas emendas podem
influenciar negativamente a integridade do processo legislativo e a governança
pública. A pesquisa revelou que as emendas de relator podem ser usadas de
maneira estratégica para atender a interesses pessoais ou de grupos específicos,
em detrimento do interesse público. Isso cria um ambiente propício para práticas
corruptas, como o direcionamento de recursos públicos para benefício pessoal ou de
empresas próximas aos legisladores. A corrupção resultante dessas emendas
compromete a eficácia das políticas públicas e aumenta as desigualdades sociais.

Palavra-chave: Corrupção, Emendas do Relator, Transparência.

ABSTRACT
FURTADO, Régis. REPORTER 'S AMENDMENT AND ITS POSSIBLE
CONSEQUENCES: CORRUPTION LACK OF TRANSPARENCY AND
OVERSIGHT. 2023. Monograph of Law – University Center of Barra Mansa, UBM,
Barra Mansa, 2023.
This course conclusion work addresses the topic of rapporteur amendments and their
implications, focusing on the consequences related to corruption, lack of
transparency and oversight. Rapporteur amendments are amendments proposed by
legislators designated as rapporteurs to analyze and improve bills before their final
passage. This study investigates how these amendments can negatively influence
the integrity of the legislative process and public governance. The research revealed
that rapporteur amendments can be used strategically to serve personal interests or
those of specific groups, to the detriment of the public interest. This creates an
environment conducive to corrupt practices, such as directing public resources for
personal benefit or for companies close to legislators. The corruption resulting from
these amendments compromises the effectiveness of public policies and increases
social inequalities.

Keywords: Corruption, Rapporteur's Amendments, Transparency.

SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO.......................................................................................................................8
2. A CORRUPÇÃO.................................................................................................................10
2.1 CORRUPÇÃO E GESTÃO PÚBLICA NO BRASIL.....................................................10
2.2 CORRUPÇÕES E SEUS REFLEXOS NA VIOLAÇÃO DE DIREITOS
FUNDAMENTAIS................................................................................................................11
2.3 O COMBATE À CORRUPÇÃO....................................................................................13
3. ATUAÇÃO DO PODER LEGISLATIVO NA FISCALIZAÇÃO E TRANSPARÊNCIA.......15
3.1. PODER LEGISLATIVO................................................................................................15
3.2. LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL.........................................................................16
5. CONCLUSÃO.....................................................................................................................30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................32
1.INTRODUÇÃO

O tema da corrupção tem permeado legitimamente as discussões sobre


políticas públicas no Brasil. Nos últimos anos, ocorreram vários episódios de
escândalos políticos envolvendo suspeitas significativas de desvio de recursos
públicos, resultando em grave desconfiança da população nas ações do governo e
na capacidade de regular a administração pública.

No entanto, esse assunto deve ser abordado com cautela, pois a corrupção
não é privada no Brasil ou em países em desenvolvimento. Estudos recentes
mostram que é um sintoma de fragilidade institucional, que prejudica a prestação de
contas ou a eficácia da governança do setor público.

Este estudo visa examinar uma das fragilidades institucionais do Brasil: a falta
de fiscalização sobre a aprovação e implementação de emendas orçamentárias
federais. Essa falha resulta na distorção de uma das ferramentas mais importantes
para a descentralização de recursos para os governos locais e é consistente com a
persistência da corrupção no país.

Vários episódios recentes de escândalo sugerem uma ligação entre as


transferências orçamentárias via emendas parlamentares e a corrupção no Brasil. O
escândalo dos chamados anões do orçamento foi um dos primeiros, depois da
promulgação da Constituição de 1988, a chamar atenção na forma de confecção do
orçamento federal por meio de emendas parlamentares.

Outro caso que aconteceu no ano de 2006, ficou conhecido como a máfia das
ambulâncias, que era formada por uma quadrilha que negociava a liberação de
emendas destinadas a municípios específicos, cujos prefeitos já haviam sido
aliciados pelo grupo, para a compra de ambulâncias. Com recursos garantidos, as
licitações municipais eram fraudadas e os preços exorbitantes, resultando em
ganhos ilegítimos para o legislativo federal, lideranças municipais e prestadores de
serviços. Nesse caso, mais de 90 parlamentares foram investigados pela recém-
formada Comissão Parlamentar de Inquérito.
Independentemente desses e dos recentes escândalos de corrupção
brasileiros, após o ano de 2019, uma nova sigla surge nas dotações orçamentárias,
tornando possível a movimentação de milhões de reais, através de uma simples
rubrica, sem o mínimo de transparência e fiscalização necessária.

Este estudo procura responder às seguintes questões: Qual a verdadeira


relação entre as emendas parlamentares ao orçamento e a corrupção? Qual a
importância da transparência dos gastos públicos no combate à corrupção? É
possível fiscalizar sem transparência?
2. A CORRUPÇÃO

2.1 CORRUPÇÃO E GESTÃO PÚBLICA NO BRASIL

O estudo da corrupção mais do que nunca deve ser levado a sério,


principalmente por suas várias modalidades, sob as perspectivas e dimensões
consideradas do ponto de vista da corrupção cultural, sistêmica e estrutural. Nesse
sentido, Avritzer aduz que:

A corrupção como problema político, econômico, cultural e administrativo se


manifesta de forma diferenciada nos diversos países. Em algumas
democracias, estruturas de controle da corrupção existem e inibem práticas
de apropriação privada dos recursos públicos. Em outros países de
democratização recente ou praticamente sem experiências de democracia,
a corrupção se expressa de forma muito mais intensa. (AVRITZER, 2008, p.
505).

Nesse sentido, é observado que a corrupção é um problema em qualquer


país do mundo, independente da forma de governo adotado, podendo por sua vez
apresentar níveis mais elevados em determinados países.
No Brasil a corrupção continua em ritmo acelerado, atingindo patamares
assustadores e perigosos, conforme o próprio Ministro do Supremo Tribunal Federal
(STF) Luís Roberto Barroso destacou:

A corrupção se disseminou no Brasil "em níveis espantosos, endêmicos".


"Não foram falhas pontuais, individuais, pequenas fraquezas humanas. Foi
um fenômeno sistêmico, estrutural, generalizado. Tornou-se o modo natural
de se fazer negócios e política no Brasil. Esta é a dura e triste realidade",
afirmou, durante aula inaugural para alunos de direito da Pontifícia
Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro (VALOR ECONÔMICO,
2017).

São vários matizes, são várias nuances da corrupção e suas consequências


e, sobretudo a captura, o sequestro da democracia social brasileira, do caráter social
que a democracia brasileira poderia ter.
Segundo narra Carla Priscilla Barbosa Santos Cordeiro, a corrupção é um
fenômeno social muito antigo, e como tal, acompanha a evolução da humanidade
desde os primeiros grupamentos sociais, de natureza tóxica e destrutiva, pois fere
bases do Estado Democrático de Direito, minando sua efetividade, agredindo
diretamente a ordem e a estrutura social. (SANTOS, 2018).
Em um passeio pela história, a autora cita ainda momentos ocorridos na
Grécia, onde foram implementados mecanismos para combater a corrupção, citando
Sarmento, este relata:

Em Atenas, três crimes justificavam a abertura de processo contra um


magistrado eleito pelo povo: a conspiração contra a democracia, a traição
em favor de um inimigo da cidade e a corrupção, ou seja, a utilização do
mandato popular para a satisfação dos interesses pessoais. (SARMENTO,
2002, p. 28)

Desde os primórdios da história humana se tem relatos acerca da corrupção,


das práticas ilegais, de pessoas investidas em cargos públicos com o simples
objetivo de satisfazer os seus próprios interesses.
O objetivo original da gestão pública é o bem comum da coletividade
administrada. O gestor público deve observar sempre que todas as suas atividades
devem estar direcionadas e propícias para o bem comum, em conformidade com o
nosso texto constitucional que no caput do art.37, apresenta um rol exemplificativo
dos princípios a serem adotados.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes


da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte: (...)

Dessa forma, o gestor público que não tenha esse objetivo, e não exerça sua
função de encontro com tais princípios, buscando utilizar as ferramentas disponíveis,
tais como a fiscalização e a transparência, estará guiando a máquina pública na
direção da ineficiência facilitando assim a corrupção.

2.2 CORRUPÇÕES E SEUS REFLEXOS NA VIOLAÇÃO DE DIREITOS


FUNDAMENTAIS

Antes de tudo, não há como discorrer sobre direitos fundamentais


constitucionais sem antes falar sobre direitos humanos, visto que os dois têm
relação direta entre si no que diz respeito aos direitos inerentes à dignidade da
pessoa humana. A diferença entre os dois é que os direitos fundamentais são
direitos indispensáveis à pessoa humana e são positivados com um título próprio
nas constituições dos Estados, e os direitos humanos são aqueles inerentes à
condição humana.
Nesse sentido, os direitos humanos podem ser considerados como um dos
bens mais importantes para o ser humano, os quais devem ser respeitados e
assegurados (GUERRA, 2012). Ocorre que segundo Gallardo (2008), há o
reconhecimento da existência de certo abismo entre o que se diz e sobre o que se
faz neste campo, em razão de que o Estado é o principal responsável por esta
inobservância, uma vez que para ele os Direitos Humanos deveriam ser universais e
assegurados a todos.
Conforme PIOVESAN (2013, p. 371), a política brasileira de direitos humanos
teve avanços com a Constituição Federal de 1988, que consagrou os princípios da
prevalência dos Direitos Humanos e da dignidade da pessoa humana.
Com aspecto revolucionário o constitucionalismo brasileiro inseriu na
Constituição Federal de 1988 no “Título I – Dos Princípios Fundamentais” como um
dos fundamentos da República (artigo 1.º, inciso III), os direitos humanos inerentes
ao princípio da dignidade da pessoa humana, vejamos:

DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS


Artigo 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana;

Assim assevera José Afonso:

Portanto, a dignidade da pessoa humana não é uma criação constitucional,


pois ela é um desses conceitos a priori, um dado preexistente a toda
experiência especulativa, tal como a própria pessoa humana. A
Constituição, reconhecendo a sua existência e a sua eminência,
transformou-a num valor supremo da ordem jurídica, quando a declara
como um dos fundamentos da República Federativa do Brasil constituída
em Estado Democrático de Direito. (JOSÉ AFONSO, 1998, p. 91)

Entendendo que os direitos fundamentais constitucionais, estes abrangem um


grande enunciado para a humanidade, positivados no ordenamento jurídico
brasileiro e, limitados pela geografia e cultura de um povo, Sarlet assevera que:

[...] o termo direitos fundamentais se aplica para aqueles direitos do ser


humano reconhecidos e positivados na esfera do direito constitucional
positivo de determinado Estado, ao passo que a expressão direitos
humanos guardaria relação com os documentos de direito internacional, por
referir-se àquelas posições jurídicas que se reconhecem ao ser humano
como tal, independentemente de sua vinculação com determinada ordem
constitucional, e que, portanto aspiram à validade universal, para todos os
povos e tempos, de tal sorte que revelam um inequívoca caráter
supranacional. (SARLET, 2006, p. 35).

Na Constituição Federal, precisamente no “Título II, dos artigos 5º ao 17, é


apresentado os direitos e garantias fundamentais e, dentre eles no Capítulo I, e no
artigo 5º, caput, são apresentados os direitos e deveres individuais e coletivos, já no
Capítulo II, artigos 6º ao 11, são apresentados o rol de direitos sociais”.
Frequentemente, as corrupções só são analisadas do ponto econômico e
político, acarretando em debates no que diz respeito aos prejuízos financeiros que
ocasiona a sociedade brasileira.
Porém, a corrupção tem seus reflexos em vários setores da administração
pública. Para Leal e Schneider:

Não há dúvidas de que a corrupção encontra-se diretamente conectada à


violação dos Direitos Humanos e Fundamentais, notadamente quando os
atos corruptivos são utilizados como formas de violação do sistema jurídico
como um todo (o caso de soborno de servidores públicos para agilizar
procedimientos burocráticos), o que afeta, por si só, a ordem jurídica posta,
além de provocar impactos localizados na rede de direitos e garantias
vigente (eis que, neste exemplo, outros expedientes podem ser atrasados
ou deixados de lado). (LEAL E SCHNEIDER, 2014, p. 421):

Sendo assim, a corrupção o principal fator que vem afetando com grande
impacto os direitos humanos e fundamentais assegurados a todos, pois influi de
maneira negativa e direta no desenvolvimento e aplicabilidade de diversas políticas
públicas, colocando em sério risco os direitos humanos e fundamentais.

2.3 O COMBATE À CORRUPÇÃO

Para que qualquer sociedade funcione bem e para que a democracia seja
fortalecida, a luta contra a corrupção é uma questão fundamental. O comportamento
corrupto, que envolve o abuso de poder para ganho pessoal, tem um impacto
negativo significativo em muitas facetas da vida social, econômica e política de uma
nação.
O combate à corrupção é crucial para promover a igualdade e a justiça.
Quando os recursos públicos são desviados através de atos desonestos, perdem-se
os benefícios que deveriam ser direcionados para serviços essenciais como saúde,
educação e desenvolvimento urbano, ampliando assim as desigualdades sociais,
impedindo o desenvolvimento da sociedade.
Além disso, a corrupção mina a confiança das pessoas nas instituições
democráticas, faz com que o sistema político perca credibilidade, pois quando os
cidadãos tomam consciência de que os seus representantes eleitos estão envolvidos
em práticas corruptas, isso consequentemente gera em uma crescente apatia
política, a um desengajamento civil.
A corrupção tem o potencial de danificar toda uma sociedade, pois uma vez
incentivada à impunidade, diversos princípios éticos se perdem, dando início a uma
geração que cultiva uma cultura de aceitação e normalização da desonestidade.
Com isso, o resultado pode ser um ciclo vicioso em que a corrupção se
tornaria a regra, e os esforços para preveni-la e fiscalizar seriam a exceção,
aumentando a dificuldade na luta contra corrupção, se perdendo cada vez mais a
confiança nas instituições.
Portanto, promover a responsabilização e a transparência e reforçar o estado
de direito, envolve colocar em prática medidas rigorosas de combate à corrupção,
com o apoio do Estado e a participação da população.
3. ATUAÇÃO DO PODER LEGISLATIVO NA FISCALIZAÇÃO E
TRANSPARÊNCIA

3.1. PODER LEGISLATIVO

O Poder Legislativo é um dos três pilares fundamentais de qualquer sistema


democrático, ao lado do Poder Executivo e do Poder Judiciário, sua principal
responsabilidade é a criação e aprovação de leis que governam a sociedade. Esse
órgão legislativo, no Brasil, funciona através de um congresso nacional, bicameral,
composto pelo Senado Federal, e a Câmara dos Deputados.
Os membros do Poder Legislativo, conhecidos como legisladores ou
parlamentares, são eleitos pelos cidadãos em eleições democráticas, são
representantes do povo e têm o dever de debater, negociar e votar projetos de lei
que afetam diversos aspectos da vida da sociedade, como economia, educação,
saúde, segurança e meio ambiente.
Juntamente com a sua função legislativa, o Poder Legislativo também
desempenha um papel significativo na supervisão fiscal do Poder Executivo. Isto
envolve avaliar as ações do governo, alocar recursos através do orçamento público
e conduzir investigações em casos de irregularidades.
A divisão de poderes num sistema democrático é essencial para prevenir
abusos de poder e garantir o equilíbrio entre as diversas esferas de governo. O
poder legislativo funciona como um órgão de fiscalização do poder executivo,
garantindo que as políticas e ações do governo estejam alinhadas com as
necessidades e interesses do público em geral.
Nesse sentido, o combate à corrupção em específico no Poder Legislativo se
torna uma questão crucial para a defesa da democracia e a preservação da
integridade das instituições governamentais.
A corrupção, caracterizada pelo uso inadequado do poder para ganho
pessoal ou de um determinado grupo, corrói a confiança dos cidadãos nos
governantes eleitos e em todo o sistema político, sendo crucial o emprego de
estratégias eficazes para prevenir, identificar e punir atos corruptos no Poder
Legislativo.
Dessa forma, a transparência ganha notório espaço, e se transforma em uma
das principais estratégias para prevenir a corrupção legislativa, ajudando a criar uma
cultura de manutenção de contas, permitindo que o público em geral e os meios de
comunicação social fiquem atentos a quaisquer conflitos de interesses e
comportamentos suspeitos.
Além disso, é fundamental estabelecer agências independentes para
supervisão fiscal e investigativa, dotadas de recursos necessários para conduzir
investigações sem interferência política, garantindo que os casos de corrupção,
todos sejam investigados exaustivamente.
É importante mencionar os códigos de ética, que desempenham um papel
significativo na luta contra a corrupção no poder legislativo, estabelecendo padrões
de conduta e responsabilizando os legisladores por ações antiéticas.
A participação dos cidadãos também tem um papel crucial na promoção da
integridade legislativa, pois através da fiscalização e participação da população, não
somente no processo eleitoral, mas também após, se tem grandes chances de
atribuir a devida responsabilização necessária aos legisladores por seus atos ilegais
ou imorais.
Igualmente, se faz crucial também proteger aqueles que denunciam
corrupção, aprovando leis que garantam o anonimato e a proteção contra
retaliações.
Portanto, a luta contra a corrupção no poder legislativo requer uma estratégia
multifacetada que inclua a implementação de medidas de transparência, a criação e
implementação de leis anticorrupção, o trabalho de agências independentes de
execução fiscal, a promoção de códigos éticos, a proteção de denunciantes, e por
fim, porém não menos importante, a participação ativa de toda sociedade.

3.2. LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL

A Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101/2000 - Lei de


Responsabilidade Fiscal – LRF) é um importante diploma do ordenamento jurídico
brasileiro, aprovado em 2000, que orienta as questões orçamentárias e financeiras
nos três níveis do governo. Contém condições para a assunção da dívida pública,
garantias de empréstimos, déficits orçamentários e isenções fiscais, limitando ainda
as despesas do Estado. Também determina que documentos relacionados à
contabilidade e planejamento das contas públicas sejam publicados pelos governos
periodicamente, para garantir a transparência. Finalmente, a lei traz penalidades
claras para o seu não cumprimento.
Essa lei atribuiu ao Tribunal de Contas da União (TCU) e aos tribunais de
contas locais um conjunto de atribuições, levando o Tribunal a desempenhar um
papel importante na fiscalização da gestão fiscal. Dentre as atribuições do TCU no
âmbito da LRF, destacam-se: i) fiscalizar os órgãos federais na implementação dos
objetivos estabelecidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO); ii) fiscalização das
despesas para cumprimento dos limites estabelecidos; e iii) fiscalização dos
procedimentos para retorno das despesas aos limites estabelecidos.
O Tribunal também é responsável por alertar os órgãos e poderes quando se
aproximam dos respectivos limites de gastos ou endividamento. O TCU também
alerta quando as ações governamentais podem comprometer o cumprimento dos
resultados esperados dos programas oficiais ou quando podem não condizer com a
gestão orçamentária.
De acordo com o artigo 2º da Lei nº 4.320/64, "A Lei do Orçamento Conterá a
Discriminação da Receita e Despesa de forma e evidenciar a Politica Econômica
Financeira e o Programa de Trabalho do Governo, obedecidos aos Princípios de
Unidade, Universalidade e Anualidade”. Assim, a referida lei estabeleceu as
diretrizes gerais para a formulação e fiscalização de orçamentos e balanços, bem
como a alocação e aplicação de recursos públicos pelas autoridades devidamente
eleitas.

A Constituição Federal de 1988 trouxe novos elementos no tocante à


fiscalização da execução financeira e orçamentária, na tentativa de criar um controle
interno em cada poder, através da exigência de transparência nos gastos públicos.
Além disso, desenvolveu três instrumentos orçamentários que são utilizados em
todas as esferas do governo, incluindo o Plano Plurianual de Investimento (PPA), a
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA): Municipal,
Federal, e estaduais.

A lei trata a transparência na gestão fiscal como um princípio de gestão com


os objetivos de, entre outros, conceder ao público acesso a informações sobre as
atividades financeiras do Estado e definir, de forma clara e previamente
estabelecida, os procedimentos necessários para a divulgação de tais informações.
3.3. PORTAL DA TRANSPARÊNCIA

O acesso à informação é um direito fundamental previsto no ordenamento


jurídico brasileiro no art. 5º inciso XXXIII, bem como no inciso II do § 3 do art. 37 e
no § 2 do art. 216 da Constituição Federal de 1988. Sendo assim, entende-se que a
gestão dos recursos públicos são protegidos por leis que visam registrar, fiscalizar e
valorizar o patrimônio público, ao mesmo tempo em que demonstram as ações
governamentais e apoiam efetivamente a função de controle social, onde é possível
mostrar como e onde tais recursos estão sendo usados.

A transparência como política é um esforço estratégico para promover boa


governança e responsabilidade, possibilitando uma fiscalização pública mais efetiva,
coagindo ações lesivas ao erário público. O acesso à informação pública obtida pela
ampla divulgação de dados de interesse coletivo, por meio de portais de
transparência e dados abertos, faz com que a sociedade trabalhe junto com o
governo para acompanhar e fiscalizar os gastos públicos, efetivando assim a
transparência na tratativa dos recursos públicos.
Os princípios de transparência e publicidade na administração pública estão
intimamente relacionados com a transparência governamental, em seu parágrafo
único do artigo 70, a Constituição Brasileira de 1988 estabelece quem é obrigado a
prestar contas. Qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que use,
acumule, proteja, gerencie ou administre dinheiro, bens ou valores pertencentes ao
público ou dos quais os estados sejam administradores, ou que, em seu lugar,
assumem obrigações financeiras, devem prestar contas.
O princípio fundamental da administração pública no Brasil está detalhado no
primeiro parágrafo do artigo 37 da Constituição Federal (BRASIL, 1988):

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes


da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte: [...] § 1º - A publicidade dos atos,
programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter
caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo
constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal
de autoridades ou servidores públicos

Com base nestes pressupostos, reconhece-se que qualquer pessoa ou


entidade que tenha algo a ver com bens e valores públicos é obrigada a prestar
contas, e que essas contas também devem aderir aos princípios de abertura e
transparência. Em seu artigo 5º, inciso XXXIII, a Constituição Federal de 1988,
enfatiza que toda pessoa tem o direito de solicitar às instituições públicas
informações que sejam de seu interesse pessoal, coletivo ou geral e que serão
prestadas nos prazos legais, sujeitos a responsabilidade, com exceção daqueles
cuja divulgação seja essencial para a segurança da sociedade e do Estado.
No Brasil, após institucionalizar o marco de acesso à informação, com a Lei
de Acesso à Informação nº 12.527/11, o governo federal buscou através de diversas
ações o aprimoramento dos instrumentos de transparência, no intuito de identificar e
divulgar novas bases de dados de interesse público.
Para tanto, alguns pontos norteadores dessa política de transparência foram
fixados:
• O trabalho em rede envolvendo governo e sociedade para fomentar o uso
da informação para a fiscalização pública;
• A identificação de novos bancos de dados demandados pela sociedade;
• A negociação intergovernamental para divulgação de novos dados;
• A criação e aprimoramento contínuo de ferramentas de transparência;
• A orientação e capacitação de organizações cidadãs e da sociedade civil
para fiscalização pública;
Com isso, tanto o governo quanto a sociedade se beneficiam desse processo
inovador, pois a sociedade acessa os bancos de dados necessários e o governo
amplia o escopo da auditoria e fiscalização pública.
É importante ressaltar que o Portal da Transparência Brasileiro do Governo
Federal é a principal ferramenta de apoio à Política de Transparência. Além das
informações sobre despesas e receitas públicas, atualmente o portal da
transparência conta também com informações sobre servidores públicos,
beneficiários de programas assistenciais, tendo agora novas bases de dados que
foram incorporadas ao novo portal, com informações sobre licitações e contratos e
base de dados de viagens a trabalho.
É crucial que os agentes políticos envolvidos compreendam que o dinheiro
público não pertence ao particular, à pessoa detentora do mandato, e sim a toda
sociedade, e que por isso deve ser utilizado de forma correta, sem confusão e em
prol da coletividade.
Essa é a necessidade do povo, atendida mediante uma lei clara e objetiva,
que busca de todas as formas possíveis proporcionar transparência não somente
aos gastos públicos, mas também as atividades pertinentes aos entes políticos, e é
aqui que infelizmente fica evidenciado a contramão que se encontra o poder
legislativo quando deixa de perceber a importância da transparência em relação as
emendas parlamentares.

4. EMENDAS PARLAMENTARES ORÇAMENTÁRIAS

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 166 discorre sobre os projetos


de leis relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento
anual e aos créditos adicionais.

Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes


orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão
apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do
regimento comum.

§ 1 o Caberá a uma comissão mista permanente de Senadores e


Deputados:

I – examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre


as contas apresentadas anualmente pelo Presidente da República;

II – examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacionais,


regionais e setoriais previstos nesta Constituição e exercer o
acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem prejuízo da atuação
das demais comissões do Congresso Nacional e de suas Casas, criadas de
acordo com o art. 58.

§ 2 o As emendas serão apresentadas na comissão mista, que sobre elas


emitirá parecer, e apreciadas, na forma regimental, pelo plenário das duas
Casas do Congresso Nacional.

§ 3 o As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que


o modifiquem somente podem ser aprovadas caso:

I – sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes


orçamentárias;

II – indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de


anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre:
a) dotações para pessoal e seus encargos;

b) serviço da dívida;

c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e o


Distrito Federal; ou

III – sejam relacionadas:

a) com a correção de erros ou omissões; ou

b) com os dispositivos do texto do projeto de lei.

§ 4 o As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não poderão


ser aprovadas quando incompatíveis com o plano plurianual.

§ 5 o O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso


Nacional para propor modificação nos projetos a que se refere este artigo
enquanto não iniciada a votação, na comissão mista, da parte cuja alteração
é proposta.

§ 6 o Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e


do orçamento anual serão enviados pelo Presidente da República ao
Congresso Nacional, nos termos da lei complementar a que se refere o art.
165, § 9 o .

§ 7 o Aplicam-se aos projetos mencionados neste artigo, no que não


contrariar o disposto nesta Seção, as demais normas relativas ao processo
legislativo.

§ 8 Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do


projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas correspondentes
poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante créditos especiais ou
suplementares, com prévia e específica autorização legislativa.
Para uma melhor compreensão do que são as emendas parlamentares é
importante ter em mente as fases compreendidas no processo: 1) elaboração da
proposta pelo Poder Executivo; 2) apreciação legislativa pelo Congresso Nacional;
3) execução pelo Poder Executivo e 4) controle e avaliação pelo Congresso
Nacional, com apoio do Tribunal de Contas da União (TCU).

Acontece que até o ano 2015, o governo federal tinha em mãos o poder de
decidir se os recursos alocados pelas emendas seriam liberados ou quando seriam
liberados, sendo isso determinante em momentos estratégicos de negociações
políticas em votações no Congresso Nacional.

Ocorre que os parlamentares insatisfeitos com essa condição, aprovaram


em março de 2015, no início do segundo mandato de Dilma Rousseff, à Emenda
Constitucional 86, que tornou obrigatória a execução das emendas individuais,
limitadas a 1,2% da receita corrente líquida do ano anterior, mantendo o Governo
Federal somente com controle sob o ritmo da liberação dos recursos.

Alguns anos depois, em 2019, primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro,


outras importantes mudanças aconteceram, a obrigatoriedade de execução foi
estendida às emendas de bancadas estaduais, sendo criada também a modalidade
de transferência especial, a chamada “emenda pixa”, para acelerar o repasse a
estados e municípios.

Observa-se que a emenda parlamentar é instituída como um instrumento para


viabilizar a participação do Congresso Nacional na elaboração do orçamento anual,
pois através delas é possível buscar uma melhor alocação dos recursos públicos.
Ademais, é através das emendas que se tem a oportunidade de alterar as
novas programações orçamentárias, conseguindo assim atender demandas
específicas e pertinentes aos interesses locais, tendo a oportunidade de atender as
demandas das comunidades que cada parlamentar representa.
Verifica-se que nesse contexto, a emenda parlamentar torna um valioso
instrumento que permite ao Congresso Nacional influir no processo de elaboração
do orçamento anual, pois tais emendas podem acrescentar, suprimir ou modificar
determinados itens (rubricas) do projeto de lei orçamentária enviado pelo Executivo.
Por fim, as emendas parlamentares são dividas em quatro modalidades de
emenda: (i) as emendas individuais: propostas por cada parlamentar, (ii) de
bancada: de autoria das bancadas estaduais no Congresso Nacional relativa a
matérias de interesse de cada Estado ou do Distrito Federal, (iii) de comissão:
apresentadas pelas comissões técnicas da Câmara e do Senado, bem como as
propostas pelas Mesas Diretoras das duas Casas,(iv) e da relatoria: de autoria do
deputado ou senador que, naquele determinado ano, foi escolhido para produzir o
parecer final (relatório geral) sobre o orçamento.

4.1. EMENDAS INDIVIDUAIS

São as emendas propostas por deputados federais ou senadores em relação


ao orçamento do governo federal, que permitem aos parlamentares de forma
individual destinar recursos ao seu Estado ou região, atendendo a demandas
específicas daquela localidade, e também fortalecendo e beneficiando suas bases
eleitorais.
Essas emendas podem ser destinadas para diversos órgãos da administração
pública direta e indireta, em todos os níveis, federal, estadual e municipal, com a
única ressalva que ao menos a metade deve ser destinada para ações e serviços
públicos de saúde.
Contudo, o que se observa no cenário atual é a utilização dessas emendas
individuais como um meio de troca de favores entre os poderes Executivo e
Legislativo.

4.2. EMENDAS COLETIVAS

Ao contrário das individuais, as emendas coletivas são decididas pelos


grupos de parlamentares que compõem as bancadas, podendo ser da mesma
bancada ou até mesmo de bancadas diferentes.
Dessa forma temos dois tipos de emendas coletivas:
(i) emendas de bancada: são as emendas das bancadas estaduais do
Congresso, são apresentadas por senadores e deputados do mesmo
estado, independentemente do partido a que pertençam;
(ii) emendas de comissão: são as emendas apresentadas pelas
comissões permanentes do Congresso.

4.3. EMENDAS DE RELATOR

A emenda do relator é um termo comumente usado no contexto político e


legislativo para se referir a modificações propostas por um legislador designado
como relator para analisar e aprimorar um projeto de lei antes de sua aprovação
final. Essas emendas podem ter diversas consequências, dependendo do conteúdo
e do processo legislativo envolvido.
Tais emendas podem significar mudanças substanciais no texto original do
projeto de lei. Isso pode incluir a inclusão de novas disposições, a exclusão de
partes existentes ou revisões de linguagem. Essas modificações podem ter um
impacto significativo nas políticas públicas e nas leis que serão promulgadas.
Outrossim, afetam também o apoio político ao projeto de lei, pois se o relator
conseguir incluir emendas que satisfaçam as preocupações de outros legisladores
ou grupos de interesse, pode aumentar as chances de aprovação do projeto. Por
outro lado, se as emendas do relator forem controversas ou desagradam a certos
setores, isso pode prejudicar o progresso do projeto no legislativo. Do ponto de vista
técnico, são denominadas de emendas do identificador de resultado primário nº 9
(RP9).

Foram essas emendas, que sob a rubrica RP09, se tornaram popularmente


chamadas de “orçamento secreto”, pois não era possível identificar qual parlamentar
era o autor. A emenda de relator continha algumas peculiaridades em relação as
outras emendas, pelo fato de não possuir um critério definido para a distribuição dos
recursos, o que dificultava a fiscalização sobre o destino final da verba, vinculando
assim os pagamentos dessa emenda a uma dependência politica entre governo e
Congresso, da forma que o governo pagava para o congresso votar pautas de seu
interesse.

4.4. A INCONSTITUCIONALIDADE DA EMENDA DO RELATOR (SIGLA RP-09) E


SUAS CONSEQUÊNCIAS
As emendas do relator desempenham um papel crucial no processo
legislativo, em 8 de maio de 2021, o governo anunciou o escândalo orçamental mais
recente, que parecia ser um renascimento do escândalo orçamental de 1993
conhecido como os "Anões do Orçamento". A reconstituição de uma das principais
conclusões da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investigou o esquema,
é simulada pela nova posição central do Relator-Geral do Orçamento (BRASIL,
1994, vol. III, p. 3 ). Conforme relatado pelos editores do Jornal O Estado de
S.Paulo:

[...] um esquema de compra de apoio parlamentar por meio de um novo tipo


de emenda de relator-geral do orçamento, a chamada RP9. Do total de
repasses previstos, R$271,8 milhões foram destinados à aquisição de
máquinas pesadas por preços até 259% acima dos valores da tabela de
referência do governo válida para 2021. O esquema ficou conhecido como
“tratoraço”. Secretamente, esses recursos extras foram concentrados num
grupo de parlamentares. É um dinheiro paralelo ao previsto nas tradicionais
emendas individuais a que todos os congressistas têm direito, aliados ou
oposicionistas. Numa radiografia do orçamento secreto, as cidades de Tauá
(CE), Santana (AP) e Petrolina (PE) aparecem em destaque como os
redutos eleitorais de aliados do governo que receberam recursos de
maneira desproporcional, por critérios apenas políticos. Os R$ 110,3
milhões que o relator-geral do orçamento, Domingos Neto (PSDB), destinou
a Tauá, em dezembro, logo após a eleição de sua mãe, Patrícia Aguiar
(PSD), fizeram da cidade a maior beneficiada do Brasil por repasses da
pasta do Desenvolvimento Regional no ano passado. [...] (PIRES, 2021).

O tema recebeu ampla cobertura na mídia brasileira, inspirando uma série de


reportagens destinadas a descrever os principais componentes do esquema. A
discussão se expandiu primeiro para os meios políticos e depois para os âmbitos
empresarial, técnico e acadêmico, sendo produzidas diversas análises do episódio e
suas consequências.
O economista Gil Castello Branco, fundador e presidente da organização não-
governamental (ONG) Contas Abertas, entende ser equivocado dizer que as RP9
não são transparentes ou associá-las a um orçamento secreto. Mas a ocultação do
nome do parlamentar que empenha as emendas de relator abre margem para uma
grande barganha que ele considera inconstitucional, é inconstitucional porque o
nome do parlamentar fica completamente oculto e isso fere a moralidade e
publicidade de modo que permite a cooptação de parlamentares. É uma afronta à
democracia", critica Castelo Branco.
Ainda no entendimento do economista, é errado pensar que não se sabe para
onde os recursos vão. É possível obter informações, tais como o órgão envolvido
com a emenda, a ação orçamentária, o destino e o favorecido. "Se for para um fundo
municipal, por exemplo, vai aparecer lá. E vai aparecer o favorecido, se for empresa.
Mas o parlamentar não tem como ser rastreado", afirma.
Porém, diante dessa transparência parcial, onde o não se conseguia
visualizar o nome do parlamentar ligado à destinação do recurso público, levou a
emenda do relator, sob a rubrica RP09, a um intenso controle de
constitucionalidade.
No dia 6 de junho de 2021, um dos partidos políticos com representação no
Congresso Nacional, especificamente, o CIDADANIA, intervém face à execução do
indicador de resultado primário (RP) nº. 9 através da Arguição de Descumprimento
de Preceito Fundamental (ADPF), com pedido de medidas cautelares. (Apesar da
isenção de responsabilidade resultante da alteração geral do relator, excluindo
recomposição) e correção de erros e omissões da Lei Orçamentária Anual (LOA)
2021 (MORAL, 2021)

a) a concessão de medida cautelar para suspender a execução das verbas


orçamentárias constantes do indicador de resultado primário (RP) n° 09
(despesa discricionária decorrente de emenda de relator-geral, exceto
recomposição e correção de erros e omissões) da Lei Orçamentária Anual
(LOA) de 2021, ou de qualquer outra despesa que não represente obrigação
legal do Estado, até a edição de norma legal ou administrativa que preveja a
transparência em relação às intervenções de agentes públicos e de
terceiros e a observância de critérios objetivos e impessoais de distribuição
entre beneficiários de recursos para a execução das políticas públicas,
critérios estes que levem em conta exclusivamente indicadores
socioeconômicos da população beneficiada, outros indicadores e
parâmetros aplicáveis em função dos objetivos finalísticos da política pública
em questão e critérios e parâmetros relativos aos princípios de boa gestão
financeira e preservação do patrimônio público, bem como a atribuição de
publicidade aos autores dos convênios e contratos de repasse e termos de
execução descentralizadas firmados pelo Governo com recursos de emenda
de relator-geral; b) sejam solicitadas informações à Presidência do
Congresso Nacional, bem como seja determinada a oitiva sucessiva do
Advogado-Geral da União e do Procurador- Geral da República, conforme
os arts. 6º e 8º da Lei n. 9.868/1999 e nos termos do art. 103, § 3º, da
Constituição Federal; c) ao final, a procedência do pedido para que seja
declarado inconstitucional o indicador de resultado primário (RP) n° 09
(despesa discricionária decorrente de emenda de relator-geral, exceto
recomposição e correção de erros e omissões) da Lei Orçamentária Anual
(LOA) de 2021 por ofensa aos preceitos fundamentais da impessoalidade e
da eficiência (MORAU; GALUPPO, 2021, p. 47/48)

Os principais pontos levantados em apoio à petição abordam a ausência de


qualquer critério legal ou técnico de alocação, o que resultaria em tomadas de
decisão arbitrárias em relação aos destinatários dos fundos públicos, bem como a
falta de rastreabilidade das doações (MORAL; GALUPPO, p. 44/11). A gravidade da
questão acima mencionada seria aumentada pela exigência constitucional de que as
alocações de recursos obedecessem a “padrões técnicos de política pública,
discutíveis, conhecidos e publicados, independentemente de quaisquer potenciais
conflitos de interesse na execução de despesas por qualquer agente público”
( MORAU; GALUPPO, p. 17).
É importante mencionar que o impacto está relacionado às negociações
políticas, pois os legisladores frequentemente usam as emendas do relator como
moeda de troca para garantir o apoio de seus colegas. Isso pode levar a acordos e
compromissos que moldam o conteúdo final do projeto de lei. Em alguns casos, as
emendas do relator podem ser usadas estrategicamente para atrair votos
necessários para a aprovação, perdendo o foco de seu objetivo inicial, o interesse
público, reforçando então a importância de sua transparência e fiscalização.
Sendo assim, a ADPF 850 não foi a única. Em seguida, o Partido Socialista
Brasileiro - PSB protocolou a ADPF 851 em 7 de junho de 2021, em resposta à
repetida prática do relator de desconsiderar emendas (RP 9), o que resultou no
recebimento de grandes quantias de recursos federais em violação ao sistema
constitucional para emendas parlamentares, a publicidade, a moralidade e a
imparcialidade da administração governamental (BRASIL). Conforme afirmou a
Ministra Rosa Weber ao apresentar as especificações do pedido:

Sustenta que as emendas do relator, sem previsão constitucional expressa


e originariamente destinadas apenas a correções e ajustes técnicos no
orçamento, na forma de Resolução do Congresso Nacional, ‘não têm tido
suas informações individualizadas e publicizadas, não sendo possível
identificar os parlamentares que fizeram a indicação dos recursos nem a
destinação específica das verbas’. Refere que a dotação realizada às
emendas do relator alcança, no orçamento de 2021, o valor de R$ 18,5
bilhões, evidenciando a desvirtuação da sua função acessória, de permitir
ao relator efetuar ajustes e correções técnicas no orçamento, para se
prestarem à inclusão de novas programações no orçamento. Alega que,
desse modo, ‘sob a nomenclatura de emendas do relator, a distribuição dos
recursos públicos tem se dado às margens da Constituição e da legalidade,
a depender de ajustes entre o relator-geral do orçamento e o Executivo, e
às escondidas da população e dos órgãos fiscalizadores’, configurando
verdadeiro regime de exceção ao orçamento, em burla à transparência e à
distribuição isonômica dos recursos públicos. Afirma instituído,
informalmente e à margem da legalidade, regime de emenda não sujeito
aos limites materiais do art. 166 da CF a que se submetem as emendas
individuais e de bancada (BRASIL, 2021c, p. 1/2)
No mesmo dia, 7 de junho de 2021, outro partido político, o Partido
Socialismo e Liberdade (PSOL), apresentou denúncia alegando violação de preceito
fundamental (ADPF 854) em relação à implementação do indicador Resultado
Primário (RP) nº 9 (despesas deficitárias resultantes de alteração geral do relator,
salvo recomposição e correção de erros e omissões) da Lei Orçamentária Anual
(LOA).
As referidas ADPFs são mencionadas especificamente no TCU, que destaca
a importância do desvirtuamento das alterações do Relator-Geral e elenca as
consequências de sua ampliação ao entrar em vigor em 2020.

Nessas ações, sustentam os autores que as emendas de relator-geral, “sem


previsão constitucional expressa e originariamente destinadas apenas a
correções e ajustes técnicos no orçamento”, na forma de Resolução 1/2006-
CN, ‘não têm tido suas informações individualizadas e publicizadas, não
sendo possível identificar os parlamentares que fizeram a indicação dos
recursos nem a destinação específica das verbas’ (BRASIL, 2021e, p. 299).

Como seria de esperar, o Parecer Prévio do TCU sobre as Contas do


Presidente da República relativas ao mandato de 2020 (TC nº 014.922/2021-5),
realizado em 30 de junho de 2021, também examinou a questão das alterações feita
pelo Revisor-Geral do Orçamento, sendo formulada a seguinte recomendação
específica:
3.11. À Presidência da República, à Casa Civil da Presidência da República
e ao Ministério da Economia para que: a. quanto ao orçamento do exercício
de 2020, deem ampla publicidade, em plataforma centralizada de acesso
público, aos documentos encaminhados aos órgãos e entidades federais
que embasaram as demandas e/ou resultaram na distribuição de recursos
das emendas de relator-geral (RP-9); b. quanto à execução do orçamento
de 2021, adotem as medidas necessárias no sentido de que todas as
demandas de parlamentares voltadas para distribuição de emendas de
relator-geral, independentemente da modalidade de aplicação, sejam
registradas em plataforma eletrônica centralizada mantida pelo órgão central
do Sistema de Planejamento e Orçamento Federal previsto nos arts. 3º e 4º
da Lei 10.180/2001, da qual seja assegurado amplo acesso público, com
medidas de fomento à transparência ativa, assim como seja garantida a
comparabilidade e a rastreabilidade dos dados referentes às
solicitações/pedidos de distribuição de emendas e sua respectiva execução,
em conformidade com os princípios da publicidade e transparência previstos
nos arts. 37, caput, e 163-A da Constituição Federal, com o art. 3º da Lei
12.527/2011 e art. 48 da Lei Complementar 101/2000. (seção 4.1.4);
(BRASIL, 2012 f, p. 8)

Sem prejuízo dos processos em curso que sem dúvida acrescentaram


elementos suplementares pertinentes, a análise do TCU centrou-se prioritariamente
nos critérios de alocação das emendas do relator-geral nesta fase inicial, apontando
a ausência de critérios objetivos e levantando preocupações sobre a equidade na
distribuição dos valores expressos através das referidas alterações, bem como nos
instrumentos de responsabilização para registo e monitorização.
Nesse cenário de ausência de divulgação dos critérios objetivos e de
instrumento centralizado de monitoramento das demandas voltadas para a
distribuição das emendas de relator-geral (RP-9), fica comprometida a
transparência da alocação de montante expressivo do orçamento da União.
[...] A distribuição de emendas parlamentares por dezenas de ofícios e
planilhas não se demonstra compatível com o arcabouço jurídico-
constitucional. Não é razoável supor que emendas parlamentares sejam
alocadas – no ente central que deve ser exemplo para toda a Federação – a
partir de dezenas de ofícios, sem que sejam assegurados dados abertos em
sistema de registro centralizado que permitam a transparência ativa, a
comparabilidade e a rastreabilidade por qualquer cidadão e órgãos de
controle. A realidade identificada não reflete os princípios constitucionais, as
regras de transparência e a noção de accountability, razão pela qual deve
ser objeto de recomendação. (BRASIL, 2012, p. 308/309).

Foi feita uma análise mais aprofundada do que a recomendação específica


feita na conclusão sobre a execução das despesas decorrentes das alterações do
Relator-Geral do PLOA no item específico (item 4.1.4) do Relatório sobre as Contas
do Presidente da República de 2020 ( TC 014.922/2021-5). No entanto, o Tribunal
de Primeira Instância não deixou de registar um sinal relativamente à inclusão de
novos programas através das alterações do Relator-Geral:

É de se frisar, por oportuno, que o dispositivo mencionado apenas descreve


a abrangência do identificador de resultado primário criado para um tipo de
emenda parlamentar (RP-9), não constituindo hipótese de exceção à
vedação contida na Resolução 1/2006-CN, que proíbe “a apresentação de
emendas que tenham por objetivo a inclusão de programação nova, bem
como o acréscimo de valores a programações constantes dos projetos” (art.
144, parágrafo único), ressalvadas as correções de erros e omissões de
ordem técnica ou legal, que devem ser realizadas e processadas por meio
dos pareceres preliminares, mantido o alinhamento procedimental com a
restrição constitucional prevista para esta finalidade (art. 166, § 3º, inciso III,
alínea “b”). (BRASIL, 2012, p. 300,)

Desta forma, o tema das alterações do Relator-Geral ao PLOA foi colocado


não apenas na ordem cronológica da discussão política, mas também tornou-se o
principal assunto, apelando à adoção de medidas imediatas pela administração do
governo federal.
O desfecho se deu com a resposta do resposta do Supremo Tribunal Federal
acerca do assunto, que em dezembro de 2022, decidiu a maioria pela
inconstitucionalidade das emendas de relator, devido a sua falta de transparência,
restando decidido que os recursos financeiros só poderiam ser utilizados para
recompor eventuais faltas no projeto orçamentário, não podendo mais haver a
distribuição individual e oculta desta rubrica pelo relator, voltando assim tal emenda
funcionar como ocorria até o ano de 2019, com algumas novas regras inseridas,
como por exemplo a obrigatoriedade de identificação do deputado ou senador, e o
repasse de recursos limitados ao tamanho das bancadas partidárias. Encerrou-se
assim o RP09, o popular orçamento secreto, necessitando o Brasil de ter o seu
orçamento reescrito.

5. CONCLUSÃO

Não há ninguém imune à corrupção, porque é um erro que surge da própria


natureza das pessoas, da sociedade, dos direitos e do Estado. Entre as diversas
formas de corrupção, a corrupção a nível estatal é a que causa maiores danos à
sociedade como um todo, e tem como alvo as democracias representativas, a
propriedade pública, a justiça social, o crescimento económico, o estado
democrático de direitos, a ordem jurídica e outros aspectos importantes de valores
sociais.
A abrangência da questão da corrupção e os bens e valores que ela expõe
condicionam o trabalho do Ministério Público nesta área. Dado que a corrupção é
um fenômeno persistente, combatê-la é uma tarefa contínua, que demanda amplo
entendimento do tema com árduo trabalho em diversas frentes.
A luta contra a corrupção pode e deve centrar-se nas pessoas que atuam
como agentes corruptos, bem como nas causas e condições das práticas corruptas
e na reparação completa dos danos que causam. Tal luta é realizada através de
diversas táticas, incluindo supressão, prevenção e promoção, cada uma com os
seus próprios custos, resultados e calendário.
Porém, em nenhuma delas pode faltar a transparência, pois essa é a arma
basilar no combate à corrupção, pois ela é o elemento principal que permite a efetiva
fiscalização das verbas públicas, só é possível enfrentar um problema quando se
tem conhecimento dele, não se pode combater o que não se vê, dessa forma, dar
publicidade e transparências aos gastos públicos, é o primeiro passo em busca de
uma democracia menos corrupta e mais justa para todos.
No período de vigência da emenda do relator, em seu formato inicial,
parlamentares utilizaram de recursos públicos como moeda de troca em seus jogos
políticos, desviaram recursos e satisfazendo seus interesses pessoais, durante um
curto período o Brasil sangrou a nível Federal, Estadual e Municipal, através de um
procedimento era nitidamente inconstitucional, e assim foi declarado pelo Supremo
Tribunal Federal.
Portanto, a emenda de relator no formato apresentado em 2019 no governo
Bolsonaro, constituiu um projeto imoral, que ignorou todos os princípios basilares de
nossa Constituição Federal, fazendo do legislativo uma máquina de desvio e entrega
de verbas públicas, aparentemente eivadas de boa intenção para atender as
necessidades da coletividade, porém com uma única e exclusiva finalidade de tentar
legalizar a corrupção no país.
Certo é que diversas estratégias devem ser implementadas, na busca de se
evitar práticas corruptas, para tal, se faz necessária uma reforma legislativa, onde
seja atribuída penas mais severas, buscando também a promoção de maior
transparência governamental, mantendo em paralelo um efetivo investimento em
agências investigativas com estruturas individualizadas e capazes de desarticular as
organizações criminosas que buscam deteriorar o Estado de direito.
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