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Memórias da Fazenda Guarani

Letras de Músicas

Autor - Prof. Dr. Luiz Adolfo de Mello

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Memórias da Fazenda Guarani
Letras de Músicas Escritas por Luiz Adolfo de Mello

Copyright © 2020, Mil e uma maneiras de dizer que te amo.


Prof. Luiz Adolfo de Mello (UFS)
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INDICE

1 – Castelos de Areia 4
2 - Memórias da Fazenda Guarani 5
3 - Vale do Paraíba Decadente 6
4 - Férias na Fazenda 7
5 - Sobre mourões de outrora. 8
6 – Sob as sombras de um paredão 9
7 - Sob o acompanhamento de um violão 11
8 – Sandcastles 12
9 - O sonho estava tão perto 14
10 - Em um cavalo marchador 15
11 – Uma montanha para transpor 17
12 - O Feriado e a Conversão 18
13 – Uma fazenda em uma sesmaria 19
14 – Uma casa de fazenda em uma sesmaria 20
15 - Nascida à beira da Estrada Real 22
16 - O que restou da Fazenda 24
17 – A Fazenda Santa Isabel 26
18 – O Iluminismo no meio das trevas 27
19 – Uma casa de fazenda meio mal assombrada 29
20 - Uma casa de fazenda meio mal assombrada II 30
21 - Os Artesões subiram em direção às Minas Gerais 32
22 - Uma Fazenda na Serra da Mantiqueira 33
23 - A origem da Instituição do Coronelismo 34
24 – Uma casa mal assombrada 36
25 – Em uma manhã de domingo 37
26 - Mais uma nota mais um tom 38
27 - One more note one more tone 39
28 - On the shadows of a wall 40
29 - On a Sunday Morning 42
30 - Um amanhecer em outro dia 43
31 – A dawn on another Day 45
32 – Amor mineirinho 46
33 – Memórias da Fazenda 48
34 – Memories of a Farm 49

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1 - CASTELOS DE AREIA

Brincadeiras na varanda,
Quase que não me lembro mais;
Pega-pega, esconde-esconde,
Queimada e não sei mais;
Tudo ficou no passado,
Num passado que não volta mais;

Almoço na varanda e lanches na dispensa;


Crianças correndo e velhos sonolentos;
Adultos conversavam assuntos;
Que não importam mais.

O Tempo quase que não passava;


Até parecia que não acabaria mais;
Mas o Tempo passou;
E tudo ficou para trás.

As brincadeiras ingênuas se perderam;


E com elas os sonhos de heróis e de mocinhos;
E com ela foi se tudo mais.

Meus tios envelheceram e nós também;


Minhas tias avós morreram;
E com elas um pouco de nós também;
Até os docinhos não existem mais.

Laços de família se romperam;


E tudo o mais que ficou para trás;
Foi pela frouxidão do tempo;
Que não para de passar mais.

Agora vai tio Dario;


E mais um laço se desfez.
E impotente observo tudo;
Tudo o que o tempo desfez.

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2 - Memórias da Fazenda Guarani

Lá da varanda observei
Meus primos dias passar
De verão para primavera
Tempo trigueiro viajar.

Ouvindo causo e histórias


Criança ingênua se doutorou
Nas lições de vida
Que gerações acumulou.

Biscoitinhos e geleias
Nossas bocas adoçou
Ouvindo contos divertidos
Minha alma se inspirou.

Vai se tempo dos meus tios


Vai se tempo dos meus avós
Agora faz se tempo
Que tudo isto acabou.

Hoje em dia homem adulto


Lugar do menino tomou
Procura passar aos filhos
As lições de vida que ficou.

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3 - Vale do Paraíba Decadente

Em uma terra prometida;


Sonhos de riquezas;
Se esvaneceram com o tempo;
Nascido para ser nobre;
Envelhecido e pobre.

Lavrada com mãos sujas;


Puxadas pelos gados;
Ao som do chicote;
No lombo dos escravos.

Herdeiros do trabalho;
Do trabalho ingrato;
De se eternamente fazer;
Daquilo que já tinha sido feito.

Criados por escravos;


Mal-acostumados;
A uma vida mansa;
Acabam sendo escravizados;
E no tempo ficam paralisados.

Colocados para dormir;


Por suas amas;
Embalados por encantos;
E contos de ninar.

Deitados na varanda;
Não vem o tempo passar;
E os bichos papões;
Seus sonhos vão devorar.

Velhos ressequidos;
Deitados em móveis puídos;
Pelos cupins comidos;
Esperando o tempo desabar.

Netos exilados;
Exilados pelo trabalho;
Pelo trabalho de subsistência;
De uma existência que não existe mais.

Sonhos de infância;
Ferindo o presente;
De um presente distante;
De um passado que sufoca o presente.

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4 - Férias na Fazenda

Brincadeiras de infância;
Pega-pega e esconde-esconde;
Até de polícia e ladrão;
E a cadeia era a boleia do caminhão.

Minha primas coloriam;


Meus primo dias;
E com suas fantasias;
Meus dias enriqueciam.

Jogos de carta ou de mímicas;


Entrecortados com cantorias;
Dividíamos o espaço da varanda;
Onde em geral nos reunia.

Cabanas na árvore;
Currais de bambu;
Passeios a cavalo;
Tanto de dia como de madrugada;
Nossa imaginação nutria.

Não havia dinheiro no bolso;


Mas não faltava nada;
Da mente a da Terra;
Toda uma riqueza brotava.

Crescendo no meio da natureza;


Despido da artificialidade;
No meio da mata;
Junto com os animais.

Disputando a bola e as meninas;


Entre empurrões e cotoveladas;
Jovens, imaturos e inseguros;
Entre amores e desamores;
A vida os nutria.

Mais menino do que moço;


A vida urbana retardava;
A falta de fé e experiência;
A vida limitava.

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5 - Sobre mourões de outrora.

No alto de uma alameda,


Vai se erguendo uma casa avarandada,
Com vista para a cidade,
Em um retalho de pasto,
Que tempo atrás não valia nada.

Aplainada e rasgada,
Preparada para a edificação,
Sobre seu solo o velho e o novo,
Vão sendo despejados,
Para o casario ser arquitetado.

As fundações vão sendo preparadas,


Os alicerces vão sendo preparados,
Sobre mourões de outrora,
Possivelmente talhados por escravos,
Os alpendres vão sendo sustentados.

Sob as vigas do passado,


Paredes vão sendo erguidas,
Onde vão se apinhar,
O futuro junto com o passado.

Sobre escrivaninhas e mesas coloniais,


A parafernália contemporânea,
Vai se juntando e amontoando,
No mundo onde não se lê mais jornais.

Os livros de história e de receitas,


Amontoados nas prateleiras,
Junto com contos não vividos,
Comprados nos sebos.

Sofás com almofadas amontoadas,


Preparadas para o conforto,
Para espectadores e interlocutores,
Cegos para o futuro e para o passado.

No alto de uma alameda,


Uma casa assobrada,
Edificada sobre mourões de outrora,
Erguida sobre terras aráveis,
Vai assistindo muda e assombrada,
Pelos fantasmas dos escravos,
Do passado e do presente,

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O Caos que vai se erguendo,
Sob a regência de mentes estéreis,
Na forma de cidades.

6 - Sobre as sombras de um paredão


https://youtu.be/1Qujs1VX59U

Podia ser nos fins de tarde,


Ou logo depois do almoço,
Naquelas horas sonolentas,
Que convidavam ao repouso.

Havia um paredão,
Que delimitava o terraço,
Que protegia o casario,
E abrigava os camaleões.

Mães deixavam seus filhos à solta,


Sob o terreno murado,
Longe do arame farpado,
Longe do gado.

Sobre as sombras de um paredão


Se contava muitas histórias,
Se cantava muitas melodias,
Sob o acompanhamento de um violão.

Se bem me lembro que havia um riacho,


Talvez fosse somente um fio d’água,
Que descia ladeando a alameda,
Que refrescava até os nossos calcanhares.

Sobre as sombras daquele paredão,


Outrora se erguia uma casa de fazenda,
Que o tempo a derribou,
Nem a parede restou.

Com o tempo e os maus tratos,


O granito ficou poroso,

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Que abrigava o musgo e os insetos,
Como um camaleão
Com a chuva mudava de cor.

Sobre os restos de um paredão,


Jovens e crianças não podiam perceber,
A beleza e a harmonia,
Que o tempo esculpia.

Do outro lado do casario,


Descia uma mata e um pomar,
Que abrigava um riacho,
Que alimentava as mangueiras
E as jabuticabeiras.

As águas eram represadas,


Por pequenos açudes,
Erguidos por pedras esculpidas,
Por mãos escravas.

As águas do riacho,
Atravessavam entre dois morros
E se represavam entre pedras
Atiradas ali pelas enxurradas.

Crianças tolas e ingênuas,


Brincavam e andavam
Sobre pedras esculpidas
Abrigados pelas sombras
E pelos musgos das árvores.

Sonhávamos com gigantes,


Que as tinham transportado
Dos paredões dos açudes
Para os terrenos logo abaixo.

Mas que não,


Mãos divinas as tinham levado,
Como lembrança e praga divina,
Dos paredões dos açudes,
Pela fúria das enchentes.

Hoje as crianças não sonham mais,


E não caminham pelos riachos,
Que ressecaram e minguaram
Sob o fogo da ignorância e da ganância.

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7 - Sob o acompanhamento de um violão
https://youtu.be/nKQXoCnWSbw

Sobre as sombras de um paredão


Se contava muitas histórias,
Se cantava muitas melodias, ................................................ Refrão
Sob o acompanhamento de um violão.

Não era apenas um paredão,


Mas era uma ruína,
De um antigo casario, ............................................................ Refrão
Que com o tempo ruiu.

Sobre os escombros de um paredão,


Que parecia uma imensidão,
Crianças cantavam vitória,
De muitas histórias,
Que a imaginação criou.

Se contava muitas histórias,


Coisas da memória,
Para passar o tempo,
Que o tempo acumulou.

Se cantava muitas melodias,


Para preencher o dia,
Para passar a noite,
Sob os acordes de um violão.

Podia ser nos fins de tarde,


Ou logo depois do almoço,
Naquelas horas sonolentas,
Que convidavam a preguiça.

Se bem me lembro havia um riacho,


Talvez fosse somente um fio d’água,
Que descia ladeando a alameda,
Que refrescava até os nossos calcanhares.
Que com o tempo secou.

Sob a Lua Nova ou Lua Cheia,


Saíamos para caminhar, ................................................ Refrão
Íamos pelo caminho,
Entoando cantigas,
Até o destino alcançar.

Sobre as sombras de um paredão


Se contavam muitas histórias,

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Histórias de amor e as que a imaginação criou.
Se cantava muitas melodias, ................................................ Refrão
Sem ritmo e harmonia,
Sob o acompanhamento de um violão.

Sobre as sombras de um paredão,


Contaram-se muitas histórias,
Viveu-se muitos amores,
E deixou muitas recordações.

Back ground music - De janeiro a janeiro - Roberta campos - Nando Reis

https://www.youtube.com/watch?v=E2ZlcvsYBOM

8 - Sandcastles
https://youtu.be/2nfOnCAkLzw

Porch games,
I almost don't remember anymore;
hide and seek, Catch one, catch all,
Dodge and I don't know anymore;
Everything is in the past,
In a past that don't come back anymore;
Can’t back anymore.

Lunch on the balcony


and snacks in the pantry;
Adults talked about subjects
that no longer mattered.

Listening to cases and stories,


a naive child became master,
in the life lessons
that generations had accumulated.
life lessons

Biscuits and jellies


our mouths sweetened
Hearing fun tales
inspired my soul.

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Time passed slowly;
It even looked like it would never end;
But Time has passed;
And everything was left behind.

The naive jokes were lost;


And with them the dreams
of heroes and good guys;
And with her went everything else.

It's time for my uncles


It's time for my grandparents
Now it's been time
that all this is over.

My uncles have aged and so have we;


My great aunts died;
And with them a little bit of us too;
Even the sweets no longer exist.

Family ties were broken;


And everything else that was left behind;
It was through the looseness of time;
Which never stops.
Left behind

Now goes Uncle Darius;


And yet another bond was broken.
And helplessly I watch everything;
Everything that time has undone.

Everything was Sandcastles.

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9 - O sonho estava tão perto.
https://www.youtube.com/watch?v=nZDusXr5xbQ

A noite ia chegando,
E o dia ia partindo,
O tempo ia parando,
Mas o que fazer?

A diversão estava logo ali,


Alguns poucos quilômetros,
Separavam a monotonia,
De um pouco de diversão.

Não havia internet,


Não havia vídeo cassete,
Não havia o que fazer,
Não havia televisão.

Minhas primas arrebanhavam o bando,


Preparavam a ilusão,
Para pegarmos a estrada,
No meio da escuridão.

Em uma fila indiana,


Íamos caminhando de braços dados,
Arrastando a solidão,
E cantando a canção.

99 quilômetros, 99 quilômetros,
Para um pouquinho,
Espera um pouquinho,
98 quilômetros, 98 quilômetros,
Para um pouquinho,
Espera um pouquinho,
97 quilômetros, 97 quilômetros,
Para um pouquinho,
Espera um pouquinho. ..................................

À medida que adentrávamos noite adentro,


A pupila ia dilatando,
Os olhos se acostumando,
A lua ia iluminando,
O campo minado ia aparecendo,
Não podíamos voltar atrás.

Não podíamos voltar atrás.


Não podíamos pisar no campo minado,
As crianças não podiam chorar,
Minhas primas preparavam a ilusão.

Parávamos um pouco,
Rearranjávamos a tropa,
Afinávamos o coro,
E voltávamos a cantar.

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Andrade de Costa olha bosta,
Quem te conhece não pisa na bosta,
Andrade de Costa olha bosta.

Andrade de Costa olha bosta,


Quem te conhece não pisa na bosta,
Andrade de Costa olha bosta.

Assim íamos percorrendo os últimos quilômetros,


A luz da cidade ia surgindo,
O medo ia indo embora,
Já estávamos chegando.

Mas uma noite de diversão aproximava,


Em um pequeno lugarejo,
Acelerávamos o passo,
E aumentávamos o volume do coro.

Andrade de Costa olha bosta,


Quem te conhece não pisa na bosta,
Andrade de Costa olha bosta.

Andrade de Costa olha bosta,


Quem te conhece não pisa na bosta,
Andrade de Costa olha bosta.

Era uma bosta de cidade.

10 - Em um cavalo marchador
https://youtu.be/qgvueMG4gf8

Enquanto minha mãe


Me ensina a andar
Meu pai me ensinava a cavalgar,
No passo suave,
No compasso de um cavalo,
De um cavalo marchador.

Caminhava sobre o solo,


Com as minhas próprias pernas,
Flutuava ao ar,
Sobre o lombo de
Um cavalo marchador.

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Minha mãe rezava
Orava para a Virgem Maria
Para não me deixar cair,
Mas nos braços do meu pai,
Flutuava ao ar.

Flutuava no ar,
Sobre o lombo .............................................................................. Refrão
De um cavalo marchador.

Sobre o lombo de um cavalo marchador,


Eu cavalgava pela alameda,
De lá para cá,
Sob a brisa relaxante,
De um vento em meu rosto.

O tempo passou,
Chegou à adolescência,
E com as amigas,
E com os primos,
Íamos passear
De cavalo marchador.

Íamos crescendo e amadurecendo,


Íamos passeando e paquerando,
Sob o campo e alamedas, ................................................................. Refrão
Através das fazendas,
E das montanhas.

Através das fazendas,


E das montanhas. ............................................................................... Refrão
Sobre o lombo de
Um cavalo marchador.

Sofria e vivia,
As experiências do primeiro amor.
Sobre o lombo de
Um cavalo marchador.

Íamos crescendo e amadurecendo,


Sobre o lombo de
Um cavalo marchador.

https://www.youtube.com/watch?v=E278uhVJMHc

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11 – Uma Montanha para Transpor

Havia uma montanha para transpor,


Ela sempre esteve lá no horizonte,
Sempre lá de fronte para se admirar,
Quieta e solitária.
Parecia tão grande e distante,
Que duvidaria que poderia alcançar.
Mas nos preparamos e acreditamos,
E um belo dia estávamos a atravessar.

Acredite seu moço!


No começo tínhamos até que nos preparar,
Levávamos algumas semanas,
Combinando e arrumando as coisas,
Para podermos chegar lá.

Tínhamos que pegar a estrada,


Passar por um punhado de pasto,
Atravessar a linha do trem,
Para poder chegar aos seus pés.

E o tempo passou ela continuava lá.


E nós continuávamos a escalar,
Ela imponente e imóvel,
E nós alegres e sorridentes.

Com o tempo ela não só fazia parte da paisagem,


Mas vazia parte de nós.
Sempre estava lá,
Para nos receber e para escalar.

Não podíamos mais sentar na varanda,


Sem perceber e contemplar,
Aquele punhado de terra e rochas,
Que se erguia de fronte de nós.

Ela se tornou tão familiar,


Que costumávamos ir à pé
Ou cavalo para lá.
Já não era um obstáculo no horizonte,
Era um pedaço de nós.

Íamos crescendo e ela não era mais uma montanha.


Aquele colosso de rocha,
Era apenas um alto morro,
Que Deus pusera lá,

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Para nós acreditar que não era possível,
Para aqueles meninos chegar lá.

12 - O Feriado e a Conversão

Ai como é dura esta vida de escravo,


Trabalhar todo dia
Sem descanso e sem perdão.

Meu tataravô já dizia,


Que escravo que não se converte,
Não padece da alma,
Mas padece no aguilhão.

O dom Carmelo,
Homem bom de coração,
Para aliviar o ferro no lombo,
Dos Afrodescendentes,
Organiza mais uma procissão.

Escravo sábio,
Era aquele que dobrava o joelho,
Para qualquer Santo,
Para não ter que dobrar,
Sobre o chicote do patrão.

Assim a Santíssima Virgem,


Padroeira de tantos homens,
Ia se tornando a salvação,
E o balsamo no lombo,
Dos filhos da escravidão.

Assim as fileiras de Santo Antonio,


São João e São Sebastião,
Iam se engrossando,
E com o tempo virando canção.

De festa junina e carnaval,


A cultura popular ia enriquecendo,
A pobre alma e o espírito,
Da cultura nacional.

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13 - Uma Fazenda em uma Sesmaria

Era uma casa de fazenda,


Construída no meio do nada,
Pertencente à sesmaria de Pau Grande,
Apenas algumas dezenas de quilômetros,
Da Estrada Real.

O ouro corria pela lateral,


E o jogo corria solto,
No topo da Serra da Mantiqueira,
Antes de chegar na capital.

Nascida para dar sustento,


Ao médico da região (Dr. Raimundo de Mello)
Não era nenhuma sesmaria,
Mas era a maior da região.

Aquilo que não tinha sido


Perdido nas dividas de jogo,
Foi dividido entre quatorze irmãos.

Tataravô latifundiário,
Filhos fazendeiros,
Netos sitiantes vagabundos.
Bisnetos brincando de fazendeiros.

De sua riqueza original,


Só havia as ruínas do paredão,
Os ferros carcomidos da Vitória,
E um velho lampião de cristal.

Não havia mais os ferros,


Nem quadros na parede,
Contando a história,
Da casa original.

Não havia sinal,


De algum dia ter havido,
Algum tipo de cafezal,
Ou de masmorra da escravidão.

Para cada antigo escravo,


Havia uma casa de campo,
Dividindo o que tinha restado,
Da fazenda original.

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Na minha época,
Não se falava no nome,
Do antigo Doutor,
Nem do destino do casario.

A escola ficava atrás da Igreja,


E a professora alguma prima,
Ou esposa de alguém,
Que tinha vindo da capital.

Os filhos do Guarani,
Que não tinham tido algum estudo,
Ou não tinham nenhum tino,
Tinham virado representantes comerciais.

O ouro foi acabando,


O jogo foi-se embora,
O solo foi-se desgastando,
O riacho foi secando.

Só haviam restado as mágoas,


Ou o sonho de Barão,
De homens anões,
Que nunca cresceram.

14 - Uma casa de fazenda em uma sesmaria

Era uma vez uma casa de fazenda,


Construída toda em alvenaria,
Construída sobre as ruínas,
De uma antiga casa de pedra,
De uma falida sesmaria.

Era um pequeno sítio, (de 59 alqueires)


Da antiga fazenda,
Dividida lá sabe como,
Entre sete irmãos.

Ela possuía quatorze quartos,


Construída na forma de L,

20
De modo abrigar em seu centro,
Um jardim e um pomar.

Como não há história,


De seu Raimundo e Dindinha .... (minha tataravó)
Não saberia dizer,
Para qual dama,
Tal jardim teria sido construído.

Na frente e nos fundos,


Havia, também, outro jardim,
Todo varandado,
Para se passar os fins de tarde.

Ladeando o casario,
Deveria ser um grande jardim,
Que abrigava duas grandes mangueiras,
Que com o passar do tempo,
Se tornou um grande areal,
Ou melhor, um grande parquinho.

Para cada ala do casario,


Havia um banheiro imperial,
Com pelo menos 20 metros quadrados,
Guarnecido com banheira,
Chuveiro e armário embutido.
Os chuveiros eram aquecidos
Por um boiler de mais de 90 anos atrás.

A ala principal do casario,


Possuía sala de jantar avarandada,
Contigua a uma copa,
E a cozinha tinha dois ambientes,
Um no qual para os padrões modernos,
Seria considerado uma copa.

Haviam dois banheiros,


Nas cercanias da cozinha,
Que eram aquecidos,
Pelo boiler do fogão à lenha da cozinha.

Havia dois quartos,


Nas extremidades da casa,
Do tamanho de uma sala,
Cuja futura função,
Era de abrigar nas férias,
Todos os seus bisnetos.
Toda aquela pivetada.

21
Os quartos mais modestos do casario,
Abrigava cada chefe de família,
Continham um armário colonial,
E uma cama de casal,
E uma cama de solteiro,
Para o filho predileto.

15 - Nascida à beira da Estrada Real

À medida que os bandeirantes,


Iam subindo em direção,
Às minas gerais,
À procura de ouro e riquezas,
Iam pavimentando o caminho,
Para a instalação de comércios,
Postos de abastecimentos,
Hotéis e casernas.

Não temos como postergar,


Uma palavrinha sequer,
Sobre os ladrões do império,
E todo tipo de infortúnio,
Todo tipo de melhorias.

Em uma sociedade nascida,


E toda lapidada,
Para ser uma colônia extrativista,
Temos três tipos de ladrões.

Os ladrões imperiais,
Alto proclamados de corte,
A corte dos sangues sugas,
Das riquezas nacionais.

O segundo escalão de ladrões,


São os parasitas sociais,
Compostos de todo tipo,
De tabeliães, cobradores de impostos,
Donos de entrepostos,
E os que detinham os direitos,
22
De tráfego e transporte,
Das riquezas nacionais.
Aqui me calo sobre o sistema jurídico imperial,
Criado para legitimar a justiça real.

O terceiro tipo de ladrões,


São os ladrões do império.
Todo tipo de pessoa,
Extorquida pelos altos impostos,
Que não tinham nenhum direito,
Nem de moradia ou transporte,
Que à moda do império,
Só tinham no ofício do larápio,
O meio de sustento,
Na vida urbana social.

Deste modo, à medida que o ouro corria,


Que as pedras preciosas rolavam,
A serra da Mantiqueira abaixo,
À moda das (vias) estradas romanas,
Toda uma urbanização ia surgindo.

Entre tantos sítios desmembrada,


Nunca soube o nome original,
Da fazenda do Dr. Raimundo,
Que crescia e florescia,
Às margens da Estrada Real (imperial).

À medida que a capital crescia,


A demanda por insumos e especiarias,
Iam aumentando a tal ponto,
Que fazendas iam proliferando,
Ao largo e ao longo,
Da benfazeja estrada real.

Com o tempo a concorrência foi aumentando,


E o ouro se exaurindo,
As pedras preciosas a muito,
Do solo foram tiradas,
Agora adornavam as cabeças e pescoços,
Da realeza, damas de consorte,
Da burguesia e da nobreza.

Com a demandada da família real portuguesa,


E com a completa falta de tino empresarial,
O preço das commodities e especiarias,
Foram despencando,
Até que grande quantidade de produtos,

23
Das fazendas foram virando ração para porcos.

Assim muito antes da capital,


Ter sido transferida,
Do Rio de Janeiro para Brasília,
As fazendas e o agronegócio fluminense,
Já tinha ido à falência.

16 - O que restou da Fazenda

Como contar a história,


De um ser ou de alguma coisa,
Sem conhecer o seu nome,
E sua verdadeira história?

O que restou de outrora,


Foram alguns sítios,
Ou pedaços de terra,
Que para as dimensões atuais,
São considerados fazendas.

A que eu pertencia,
Denominada Fazenda Guarani,
Como minhas tias me diziam,
Era a menor de todas,
Localizada no canto inferior,
Da Fazenda mãe.

Deste modo suponho,


Que a Fazenda São Romão,
Localizada no ponto mais alto,
Na direção de Queimados,
A mais próxima da Serra da Mantiqueira.

Do ponto de vista da sesmaria,


Ficava no extremo oposto,
De Barra Mansa,
Tendo Pati de Alferes ao seu centro.

24
Coloquei meus pés nela,
Pela primeira vez,
Quando me dei como gente,
Quando as primeiras montadoras,
Se instalaram no Brasil.

Nesta época já estava,


Instalado nesta a estrutura
De um hotel fazenda.

Assim, os primos pobres,


Tinham que se fazer de educados,
Respeitar as boas maneiras,
E cuidar de não quebrar nada.

Os pobres e rotos meninos,


Ou melhor, adolescentes,
Que mal tinham o que vestir,
Com os cabelos muito mal cortados,
À moda americana,
Tínhamos que nos comportar,
E esperar para serem convidados,
Para a sua infraestrutura desfrutar.

Já na década de 70,
Esta já possuía sauna e piscina,
Um grande açude aos fundos,
Nas portas da sauna,
Para os hóspedes se banhar,
E fazer o choque térmico.

Tinha tudo que uma fazenda Alemã,


Podia ter e oferecer,
De tal modo que me sentia oprimido,
Até o dia em que jovem estudante,
Rebelde e intelectual me tornei.

Mas como sempre na vida,


Adorávamos dar um pulo lá,
E meus primos de lá,
Também adoravam dar uma chegadinha,
Lá na casa dos pobres,
Para poder viver e pensar livremente,
E curtir uma bagunsinha.

25
17 - A Fazenda Santa Isabel

Esta foi a última a conhecer,


Mas há muito tempo a atravessávamos,
Nos nossos passeios de noitada,
Feitos a cavalo,
Pela madrugada adentro.

Se há uma palavra para a descrever,


Seria coração de mãe;
De todas as fazendas irmãs,
Esta de longe era a mais acolhedora.

Talvez isto se devesse,


A melhoria das condições sociais,
E ao nosso maior amadurecimento,
Que diminui a sensação,
De nossa pequenez.

Era a fazenda onde nos reunia,


Para fazer os nossos campeonatos,
As disputas em família,
Que mais nos unia,
Do que nos rivalizava.

Era o meio termo,


Entre a Fazenda São Romão,
E a Fazenda Guarani.

Meus primos de lá eram esportistas,


Uma galera muito legal,
Que gostavam de uma cantoria,
E de reunir a turma para jogar,
Vôlei e futebol.

Fui descobrindo que tinha,


Alguns primos importantes,
Que jogavam polo aquático pela seleção,
Outros nadavam pelo botafogo,
E outros pelo flamengo.

Era uma fazenda muito bem instalada,


Com muitos recursos para o agronegócio,
E alguma infraestrutura,
Que até permitiria,
Ser transformada em um hotel fazenda.

26
Mas o que nos encantava,
Era a quadra de vôlei de areia,
E a piscina olímpica,
Em que nos divertia.

Devido a grande quantidade de primos,


Toda aquela parentada,
Não era possível,
Que todo mundo ali se hospedasse.

18 - O Iluminismo no meio das Trevas

A muito que os descendentes,


Dos escandinavos e noruegueses,
Que adormeciam na Bretanha,
Foram despertados,
Pelo fluxo de ouro,
Que atravessava o oceano Atlântico.

Nascidos para navegar,


Para explorar terras distantes,
Corria em suas veias,
O sangue da pirataria.

Sobre o calor ardente,


Das brasas do carvão,
Ia se fundindo o ferro,
Da boca do dragão,
Da canhonearia britânica.

Para se fazer frente no continente,


Os francos se rebelaram,
Capitaneados por um certo Napoleão,
Começaram a fundir os ferros,
Que vinham virgem do fundo da terra,
E também os que ornamentavam,
Os portões das catedrais.

Com as bocas dos dragões,


Soltando fogo à beira das fronteiras,

27
A família real lusitana,
Debandou-se para as terras brasileiras.

À medida que a família imperial,


Em terras de novo mundo,
Ia se estabelecendo,
Todo tipo de gente,
Desembarcava por estas bandas.

Desde professores e artesões,


Comerciantes e artífices,
Médicos e juristas,
E todo o resto dos parasitas,
Que viviam das esmolas,
Da vida imperial.

Assim chegaram os iluministas,


Os monges e os maçons,
Mas juntos com estes,
Vieram os bispos e cardeais.

À medida que o ouro secava,


Na rota para a Santa Igreja,
Dragado pela voracidade da guerra,
O remédio foi expulsar os Jesuítas,
Das rotas do ouro,
Para o fundo das sesmarias.

Já comecei a falar sobre os ladrões do império,


Mas não poderei aqui me alongar,
Sobre esse santo ofício,
Instalado nas Minas Gerais.

Deixarei nestes últimos versos,


Mais um fio solto desta narrativa,
Sobre uma luz que surgia,
Mais brilhante na capital,
Mas espelhada sobre a coluna
Da formosa serra da Mantiqueira.

Luzes como todos sabem,


Que foi logo extinta,
Pelo enxame de parasitas,
Que se instalou na capital.

28
19 - Uma casa de fazenda meio mal assombrada

Era uma casa de fazenda


Caindo aos pedaços,
Como toda casa colonial,
Seu chão era de madeira.

Não sei se de jatobá ou ............


Todo feito em madeira de lei,
Por mãos muito abeis,
Cortadas e laminadas a mão escrava.

A muito não encerada,


Já toda corroída,
Em muitos lugares empenada,
Rangia ao pisar da molecada.

O forro do telhado,
Do que imagino como original,
Era feito de ripas de madeira,
Como fosse um tabuleiro,
De damas ou xadrez.

Assim este era bem arejado,


Deixando passar o ar,
Que vinha do telhado,
Menos nos lugares,
Que já tinha ruído,
Pelo cupim e pelo tempo,
E substituído por um Eucatex,
Muito do vagabundo.

Assim a casa toda rangia,


Ao mudar o tempo,
Sem falar nos animais noturnos,
Que se abrigavam no telhado.

A casa suja e maltrapilha,


Que mais produzia repulsa,
Do que acolhida,
Com o aparecimento do véu da noite,
Produzia todo tipo ilusões e fantasias
Nas mentes de Crianças tolas,
Vindas dos grandes centros urbanos,
Desacostumadas com os sons,
E barulhos da mata noturna.

29
À penumbra da luz de um lampião de gás,
Os mais velhos iam descontando,
Nos parentes mais jovens,
Todo o sofrimento e zombaria,
Que tinham sofrido,
De seus primos mais velhos.

Aquela casa grande,


Que nem dia acolhia,
Com o despertar da noite,
Muito mais medo produzia.

20 - Uma casa de fazenda meio mal assombrada II

Não é um privilégio,
Dos ingleses e dos Armênios,
O medo e o assombro,
De quartos fedidos e mal assombrados.

As camas quando novas,


Eram o fino da moda,
Todas feitas em madeira de lei,
E a estrutura em mola helicoidal.

Mas com o passar do tempo,


A madeira foi se desgastando,
E as molas se deformando,
E enferrujando causando todo tipo,
De sons e ruídos fantasmagóricos.

Os armários eram coloniais,


Todo trabalhado e torneado,
Mas com o tempo e com as traças,
Ficavam fedendo e rangendo de madrugada.

Os banheiros eram mal cuidados,


Com a casa cheia mal havia tempo,
Para arrumar os quartos,
E cuidar dos afazeres da cozinha.

A cozinha era uma nojeira,


O fogão a lenha já se confundia,

30
Com as cinzas do braseiro,
E os rejuntes dos ladrilhos,
Eram pura banha de porco.

Mas este ambiente não produzia medo,


Principalmente pela falta de educação sanitária,
Só produzia nojo,
E na infância só passávamos lá,
Para assaltar a dispensa.

Os banheiros não me produziam arrepios,


Principalmente por não ter intestino preso,
Mas era foco de discórdia,
Principalmente com minhas primas.

No linguajar moderno,
Nós homens fazíamos xixi em qualquer canto.
Mas as mulheres não tinham escolha.
E só quatro banheiros era extremamente conflitante.

Os canos da tubulação,
Já estavam todo obstruídos,
Os metais das torneiras,
Das cordas das descargas,
A muito já estavam pretejados.

Havia vazamento para todos os lados,


E gotejar era um som corriqueiro,
Que junto com o som dos animais,
Que circulavam pelo forro livremente,
Enchiam de arrepios até os mais valentes.

Por muito tempo não entendia,


Por que minhas primas iam em bando,
Frequentar os banheiros,
E meu primo sempre me chamar,
Para lhe acompanhar em tal fédito ambiente.

Muito tempo depois,


Entendendo as coisas de sexo,
Que a fantasia enchia as mentes,
De monstros na mente,
Mas os piores estavam nos esperando lá fora.

O tempo foi passando,


Fomos crescendo,
O ambiente foi se transformando,
E a casa grande se aconchegando.

31
21 - Os Artesões subiram em direção às Minas Gerais

À medida que o ouro corria,


Em direção à capital,
Ourives e artesões,
Corriam em direção oposta,
Em direção as Minas Gerais.

As escolas de artífices,
Iam se proliferando,
Nas encostas da Serra do Espinhaço,
Cravando verdadeiras joias,
Da arquitetura Barroca,
Nas serras Mineiras.

À medida que os novos burgueses,


Iam cravando de joias arquitetônicas,
As ruas e alamedas,
E as Igrejas se erguiam imponentes,
Sobre as encostas e cumes do Espinhaço,
A colônia ia brilhando,
No cenário mundial.

Mais e mais filósofos e poetas,


Arquitetos e engenheiros,
Aportavam no continente,
Em busca de novas oportunidades.

Não sei se sabem,


Ou se já se esqueceram,
Antes do século XVIII,
Não havia aqui qualquer tipo de escola.

Assim tudo que se sabia,


Ou tudo que se ensinava,
Provinham dos frades e padres,
Que montavam as suas próprias paróquias.

Não sei se para o seu bem,


Ou para sua desgraça,
A estes incumbia o ensino,
De artes, músicas e filosofia.

Desde modo tanto nas Minas Gerais,


Como no Maranhão,
Iam se replicando
Os vilarejos de Portugal.

32
E à medida que os escravos,
Iam resignificando o que aprendiam,
E iam esculpindo as catedrais,
Ia surgindo o Barroco Nacional.

Ao contrário dos nossos artistas modernos,


Que querem produzir arte,
Como se muda uma página na internet,
A arte afrodescendente,
Não é feita de um só acorde,
E nem de batuque.

Esta é feita pela resignificação,


Do Barroco europeu,
E da liturgia diária.
O resto não passa de uma valsa.

22 – Uma Fazenda na Serra da Mantiqueira


https://youtu.be/X7ZZxox6-R0 - Best version - https://youtu.be/tHF7SAzNKEw

Era uma fazenda na Serra da Mantiqueira,


Talvez um pouquinho para lá,
No vértice da Estrada Real,
Ao largo do rio Paraíba.

No começo só havia o carro de boi,


Depois chegou o caminhão,
Mas quem mais a servia,
Era a Dona Leopoldina. (Ferrovia)
Que passava só uma vez por dia.

À medida que ia envelhecendo,


Ia se desmembrando,
Mas as árvores importadas,
Vindas da Ásia ou da Europa,
Iam ficando centenárias.

Uma fazenda na Serra da Mantiqueira,


Cortada por uma ferrovia,
Que traz muitas lembranças, ............................................ Refrão
De um Rio de Janeiro,
33
Que não existe mais.

As informações demoravam a chegar,


Mas ficavam na memória,
Por muito mais tempo.
Faziam-nos sonhar.

Assim começávamos a cantar,


Saudades da fazenda,
Saudades da infância,
Dos passeios a cavalo, ............................................ Refrão
Das brincadeiras e cantorias,
Dos fins de tarde,
E das cavalgadas.

Das caminhadas ao anoitecer,


Do céu estrelado,
Nadar no açude,
Comer os quitutes na varanda.

Uma fazenda na Serra da Mantiqueira,


Cortada por uma ferrovia,
Que traz muitas lembranças, ............................................ Refrão
De um Rio de Janeiro,
Que não existe mais.

4:00 - https://www.youtube.com/watch?v=BGnrnYfBJ6M&t=332s

23 - A origem da Instituição do Coronelismo

Ao contrário do ocorre hoje em dia,


Em que o povo está sendo expulso,
Para as periferias,
Das grandes cidades.

As fazendas e os sítios iam proliferando,


Pelo grande sertão do Brasil.
Trazendo consigo todo tipo
De empreendimento e comércio,

À medida que o ouro exauria,


E que as noticias do naturismo,
34
Ia se espalhando pela Europa,
Divulgando as noticias,
Das novas especiarias,
De uma terra fértil,
E de novas guloseimas,
Os olhos do império,
Agora se voltava,
Para os novos fazendeiros.

Muito antes da chegada,


Dos parasitas lusitanos imperiais,
Toda uma rede de impostos,
De taxas e serviços,
Ia se instalando na colônia.

Com a chegada da família real portuguesa,


E com a instalação da burocracia imperial,
Logo a colônia percebia,
Que quem não tivesse um pé na engrenagem,
Logo seria devorado pela patifaria.

Assim estava preparado o terreno,


Para os diversos levantes,
Que se sucederiam,
Para a separação da província Cisplatina.

Os fazendeiros e latifundiários que não faliram,


Foram os que perceberam,
Que teriam que ter em sua família,
Um médico, um doutor de direito,
E um político os defendendo na capital.

Na capital do espólio da riqueza nacional,


Onde jazia o parlamento imperial,
O sistema judiciário e tributário,
Todo aparatado para o confisco,
Do produto do espólio nacional.

Assim, após quatro séculos,


De tradição política colonial,
E pela seleção genética,
Dos fazendeiros e burgueses sobreviventes,
A trágica política nacional.

Está enraizada no subconsciente coletivo,


Que cada feudo teve ter na capital,
Um político e um juiz para se proteger,
E para compartilhar,
Dos roubos e arroubos,
Da politicalha brasileira.

Assim temos a origem


da Instituição do Coronelismo
no Brasil e na América Latina em geral.

35
24 - Uma casa mal assombrada

Uma casa mal assombrada,


Rangia para todo lado,
Ficava no meio da mata,
Ficava no meio do nada.

Uma casa mal assombrada,


Muito mal iluminada,
Só ficava iluminada,
Quando a lua surgia.

Uma casa de fazenda,


Onde morava uma bicharada,
Rangia de madrugada, .............................................. Refrão
Assustava a molecada.

Uma casa de fazenda,


Morava dona aranha, .............................................. Refrão
Voava o besouro,
E toda a mosquitada.

Uma casa mal assombrada,


A coruja assobiava,
Os cães uivavam,
E o lampião apagava.

Uma casa mal assombrada,


Em noite de lua cheia,
O quintal iluminava,
E nos escondíamos no terraço.

Uma casa mal assombrada,


Rangia para todo lado,
Ficava no meio da mata, .............................................. Refrão
Ficava no meio do nada.

Uma casa de fazenda,


Cheia de quartos,
Cheia de portas,
Que rangiam de madrugada.

Uma casa mal assombrada,


Em noite de lua cheia,
O quintal iluminava,
Fazia a alegria da molecada.

36
25 - Em uma manhã de domingo
https://youtu.be/KK3iky4QGCM

Em uma manhã de domingo,


Passeando pelo campo,
Sentindo os aromas de jasmim,
Inundando o ambiente.

Em uma manhã de domingo,


Ouvindo o canto dos pássaros,
Nos chamando para a vida,
Se espreguiçando na cama.

Em uma manhã de domingo,


Ouvindo o coro dos crentes,
Nos chamando para Deus,
Para podermos seguir em frente.

Em uma manhã de domingo,


Observando os raios de Sol,
Lambendo os lençóis,
Aquecendo nossos corações.

Som de crianças sorrindo,


De cães brincando,
Vão enchendo o ambiente,
Em uma manhã de domingo.

Um café bem passado,


Junto com um pão assado,
Uma manteiga derretendo,
Adoçando o desjejum.

Em uma manhã de domingo,


As crianças chamando,
Para mais um dia no campo,
Para mais um despertar.

Em uma manhã de domingo,


Vendo o tempo passar,
Sem ter com que se preocupar,
Tendo a vida para apreciar.

Apreciando a vida,
Ouvindo os cantos dos pássaros,
O sorriso largo,
Para mais um dia desfrutar.

Em uma manhã de domingo.

37
26 - Mais uma nota mais um tom
https://youtu.be/_6TmdpAdG-Y

Mais um raiar do Sol,


Mais um ocaso da Lua,
Mais uma nota mais um tom,
Mais um dia clamando por você.

Mais um dia clamando por você,


Para o despertar ao meu lado,
Para o viver a meu lado, ............................................... Refrão
Para simplesmente dizer que te amo

Mais um dia clamando por você,


Para caminhar ao meu lado,
Para desfrutar mais um dia,
Mais uma noite,
Mais um Luar,
Junto a você.

Mais um raiar do Sol,


Mais um sorriso largo,
Um agradecer, um viver,
Em mais uma primavera.

Mais uma primavera,


Com as árvores a florir,
Com as crianças a sorrir,
Com os velhos a espreguiçar.

Mais uma noite de luar,


Nos convidando a cantar, ............................................... Refrão
Com as estrelas a brilhar,
Com os amantes a se amar.

Mais uma nota, mais um tom,


Definindo esta canção.
Definindo a melodia, ....................................................... Refrão
Só para expressar,
O quanto te amo.

Mais um dia clamando por você,


Para mais um viver, ........................................................... Refrão
Para mais um amanhecer,
Ao seu lado.

Caminhar, um mero desfrutar,


De mais outro dia,

38
De um amar, de cantar,
Para ver você enternecer.

Mais um raiar do Sol,


Mais uma noite de Lua cheia, . ............................... Refrão
Mais uma nota mais um tom,
Mais um dia clamando por você.

27 - One more note one more tone


https://youtu.be/0sEiSDVJs30

One more sunrise,


Another setting of the moon,
One more note one more tone,
Another day crying out for you.

One more day crying out for you,


To wake you up next to me,
To live by my side, ............................................. .... Chorus
To simply say I love you

One more day crying out for you,


To walk by my side,
To enjoy one more day,
One more night,
One more moonlight
Along with you.

One more sunrise,


One more big smile
A thank you, a living,
In another spring.

One more spring


With the trees in bloom,
With the children smiling,
With the old people lounging.
Children smiling, ……

One more moonlit night


Inviting us to sing, ............................................. .. chorus
With the stars shining,
With lovers to love each other.
39
Under the starry sky.

One more note, one more tone,


Defining this song.
Defining the melody, ............................................. ......... Chorus
Just to express,
How much I love you.

One more day crying out for you,


For one more life, ............................................ .............. Chorus
For one more dawn,
By your side.
By your side……

Walking, a mere enjoyment,


From another day,
Of loving, of singing,
To see you tender.

One more sunrise,


Another full moon night, . .................................. Chorus
One more note one more tone,
Another day crying out for you.

https://www.youtube.com/watch?v=lHIASux8DH0

28 - On the shadows of a wall


https://youtu.be/f1xVicKXu4Y

Over the shadows of a wall


Many stories were told, ……………………………………….. refrain
Many melodies were sung,
Under the sound of a guitar.

It could be in the late afternoon,


Or right after lunch,
In those sleepy hours,
Which invited to rest.

Time insisted on not passing,


Invites you to imagine
The stories I will tell,

40
On the shadows of a wall.

On the shadows of that wall,


Once stood a farmhouse,
Time knocked down,
Not even the wall remains.

On the ruins of a wall,


Youths and children could not perceive,
Beauty and harmony,
That time carved.

On the other side of the house,


Down an orchard and a forest,
Which sheltered a stream,
That fed the hoses

The waters were dammed,


By small dams,
Elevated by carved stones,
By slave hands.

Foolish and naive children,


They played and walked
Over carved stones
Sheltered by the shadows
And by the mosses on the trees.

We dreamed of giants,
That had transported them
From the dam walls
To the lands below.

Divine hands had taken them,


As a memory and divine curse,
From the dam walls,
By the fury of the floods.

Today children no longer dream,


And don’t walk by the streams,
That withered and reduced
Under the fire of ignorance and greed.

Over the shadows of a wall


Many stories were told, ……………………………………….. refrain
Many melodies were sung,
Under the sound of a guitar.

41
Today children no longer dream.
On the shadows of a wall.

https://www.youtube.com/watch?v=R5ARmP-V_KA

29 - On a Sunday Morning
https://youtu.be/aLqA1NpBdaY

On a Sunday morning,
Walking through the field,
Feeling the aromas of lily,
Flooding the environment.

On a Sunday morning,
Listening to birdsong,
Calling us to life,
Stretching out on the bed.

On a Sunday morning,
Hearing the chorus of believers,
Calling us to God,
So that we can move forward.

On a Sunday morning,
Observing the rays of the sun,
Licking the sheets,
Warming our hearts.

Sound of children smiling,


Dogs playing sounds,
Fill the environment,
On a Sunday morning.

A well-brewed coffee,
Along with a baked bread,
A melting butter,
Sweetening breakfast.

On a Sunday morning,
The children calling,
42
For another day in the field,
For another awakening.

On a Sunday morning,
Watching time go by,
Without having to worry,
Having life to enjoy.

Enjoying life,
Listening to the birdsong,
The wide smile,
For another day to enjoy.

On a Sunday morning,
Walking through the field,
Feeling the aromas of lily,
Flooding the environment.

On a Sunday morning.

59:00 - https://www.youtube.com/watch?v=fuBsVD3KuhU&t=4051s

30 - Um amanhecer em outro dia


https://youtu.be/o0yTSKFmeyI

Um amanhecer em outro dia,


Mais um despertar do Sol,
Mais um despedir das estrelas,
Um novo canto do rouxinol.

Nem um dia é igual ao outro,


São tão parecidos,
Como as estrelas do céu,
Como o canto do rouxinol.

Cada despertar ao seu lado,


Cada novo raio de Sol,
Como são todas as manhãs,
Como o som de sua voz.

Como cada frase de amor,

43
Como cada melodia entoada,
Cada olhar trocado,
Cada suspiro de amor.

Mais uma noite estrelada,


Depois de um dia de cavalgada,
Depois de mais uma invernada,
Esperando o tempo passar.

Um dia após o outro,


Um amanhecer em outro dia,
Nenhum dia é igual a outro,
Quando estou com você.

Mas o tempo passou,


As águas se foram,
O rio transbordou,
E o verão findou.

Uma estrela cadente,


Um desejo lançado ao ar, ...................................... Refrão
Mais um sonho esperado.
Selado com um beijo.

Um amanhecer em outro dia,


Mais um despertar do Sol, ...................................... Refrão
Mais um despedir das estrelas,
Um novo canto do rouxinol.

Os cantos dos pássaros,


Chamando a primavera, ...................................... Refrão
Anunciando o despertar,
Da mãe natureza.

Mais um ciclo de vida,


Mais uma volta na órbita,
Para tudo recomeçar,
Pois um dia não é igual a outro.

Uma estrela cadente,


Um desejo lançado ao ar, ...................................... Refrão
Mais um sonho esperado.
Selado com um beijo.

34:00 - https://www.youtube.com/watch?v=9_z4jScJaJ4&t=1704s

44
31 - A dawn on another day
https://youtu.be/NeVc2myP18Q

A dawn on another day,


Another awakening of the sun,
One more farewell to the stars,
A new song of the nightingale.

No one day is the same as other day,


They are so similar
Like the stars in the sky,
Like the song of the nightingale.

Each awakening by your side,


Every new ray of sunshine,
How are every morning,
Like the sound of your voice.

Like every phrase of love,


Like every melody sung,
Every glance exchanged,
Every sigh of love.

One more starry night,


After a day of riding,
After another winter,
Waiting for time to pass.

One day after another day,


A dawn on another day,
No day is the same as another,
When I'm with you.

But time passed,


The waters are gone,
The river overflowed,
And the summer ended.

A shooting star,
A wish thrown into the air, ............................................. Refrain
Another long-awaited dream.
Sealed with a kiss.

A dawn on another day,


One more awakening of the Sun, ...................................... Refrain
One more farewell to the stars,
A new song of the nightingale.

45
The songs of birds,
Calling Spring, ............................................. Refrain
Announcing the awakening,
From mother nature.

One more cycle of life,


One more turn in orbit,
For everything to start over,
For one day is not like another day.

A shooting star,
A wish thrown into the air, ............................................. Refrain
Another long-awaited dream.
Sealed with a kiss.

32 - Amor Mineirinho

Ai este amor mineirinho,


Lá depois da Serra da Mantiqueira,
Bem perto da Serra da Canastra,
Alimentado por um bom pão de queijo.

É logo ali!
É só mais um bocadinho,
É só atravessar a serra, ................................................... Refrão
Para você chegar lá.

Tentei resistir,
Mas havia um tal cafezinho,
Um belo queijo curado,
Um pão cevado com alecrim.

Em mais uma fornada,


Um café bem passado,
Um pão com torresmo,
Ao pé da serra dos cristais.

Aquele friozinho de fim de tarde,


A lua despontando de trás das matas,
Ao som de uma viola,

46
Bem pertinho de mim.

Estava tão perto,


Ali bem pertinho,
Só caminhar 500 metros,
Para encontrar o amor mineirinho.

Está logo ali,


Apenas um tirico,
Para você tomar um leite ao pé da vaca,
E comer um queijo curado.

Esse jeito minereis,


De convidar vocês,
Para um belo jantar,
Um simplesmente para almoçar.

Ai esse jeito de falar,


Essa fala mansa,
De viver sem pressa, ........................................ Refrão
No ritmo do coração.

Ai este amor mineirinho,


Lá depois da Serra da Mantiqueira,
Bem perto da Serra da Canastra,
Alimentado por um bom pão de queijo.

É logo ali!
É só mais um bocadinho,
É só atravessar a serra,
Para você chegar lá.

Ai esse jeito de falar,


Essa fala mansa,
De viver sem pressa, ........................................ Refrão
No ritmo do coração.

47
33 - Memórias da Fazenda
https://youtu.be/K1drrxs-eMI

Lá da varanda observei
Meus primos dias passar
De verão para primavera
Tempo trigueiro viajar.

Brincadeiras de infância;
Pega-pega e esconde-esconde; ............................... Refrão
Até de polícia e ladrão;
E a cadeia era a boleia do caminhão.

Jogos de carta ou de mímicas;


Entrecortados com cantorias;
Dividíamos o espaço da varanda;
Onde em geral nos reunia.

Cabanas na árvore;
Currais de bambu;
Passeios a cavalo;
Tanto de dia como de madrugada;
Nossa imaginação nutria.

Ouvindo causos e histórias


Criança ingênua se doutorou .................................. Refrão
Nas lições de vida
Que gerações acumulou.

Biscoitinhos e geleias
Nossas bocas adoçou
Ouvindo contos divertidos .................................. Refrão
Minha alma se inspirou.

Vai se o tempo dos meus tios


Vai se o tempo dos meus avós .................................. Refrão
Agora foi se o tempo
Que tudo isto acabou.

Disputando a bola e as meninas;


Entre empurrões e cotoveladas;
Jovens, imaturos e inseguros;
Entre amores e desamores;
A vida os nutria.

Mais menino do que moço;


A vida urbana retardava;
A falta de fé e experiência;
A vida limitava.

Hoje em dia homem adulto


Lugar do menino tomou
Procura passar aos filhos
As lições de vida que ficou.

48
Vai se tempo dos meus tios
Vai se tempo dos meus avós .................................. Refrão
Agora faz se tempo
Que tudo isto acabou.

34 - Memories of a Farm

From the balcony I watched


My first days pass
From summer to spring
Brown time to travel.

Childhood games;
Tag and hide and seek; .................................. Chorus
Even police and robbers;
And the chain was the back of the truck.

Card or mime games;


Intercut with singing;
We shared the porch space;
Where we usually meet.

Tree cabin;
Bamboo corrals;
Horse rides;
Our imagination nurtured.
Both day and night;

Listening cases and stories


Naive child doctored ………………………………………… refrain
In life lessons
That generations accumulated.

Biscuits and Jellies


Our mouths sweetened
Listening amusing tales ..................................... Refrain
Inspire my soul.

It was my uncles time


It was the time of my grandparents ..................................... Refrain
Now it's time
49
That this is all over.

Playing for the ball and the girls;


Between pushes and elbows;
Young, immature and insecure;
Between loves and dislikes;
Life nourished them.

More boy than young;


Urban life slowed;
The lack of faith and experience
Limited the life.

Nowadays grown man


The boy's place has taken
Try to pass on to children
The life lessons that stayed.

It was my uncles time


It was the time of my grandparents ..................................... Refrain
Now it's time
That this is all over.

50

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