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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

RECURSO ESPECIAL

Apelação Cível nº: 5000109-34.2023.8.08.0030

RECORRENTE: VIACAO JOANA D'ARC S/A

RECORRIDO: MUNICIPIO DE LINHARES

VIACAO JOANA D'ARC S/A, apelante, nos autos da Apelaçã o Cível em que figura como
apelado o MUNICIPIO DE LINHARES , inconformada com o r. Acó rdã o que negou
provimento ao recurso de apelaçã o, vem perante V. Exa., interpor o presente
RECURSO ESPECIAL, o que faz com fundamento no art. 105, III, alíneas “a” e “c”, da
Constituiçã o Federal e do art. 1029 do CPC/2015, requerendo seja o mesmo
recebido, processado e admitido, determinando-se sua remessa ao Colendo Superior
Tribunal de Justiça para apreciaçã o e julgamento.

Nestes termos, pede deferimento.

Vitó ria, 19 de dezembro de 2023.

ANA CAROLINE RANGEL PINHEIRO

OAB/ES: 32.046

MATHEUS HENRIQUE RIBEIRO DIAS FURTADO

OAB/ES: 36.562
RECURSO ESPECIAL

EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Apelação Cível nº: 5000109-34.2023.8.08.0030

RECORRENTE: VIACAO JOANA D'ARC S/A

RECORRIDO: MUNICIPIO DE LINHARES

RECURSO ESPECIAL

Colenda Turma,

Eméritos Ministros:

“Permissa maxima venia” o v. Acó rdã o recorrido merece integral reforma, eis que
infringiu vá rios dispositivos de leis federais, divergindo também de decisõ es de outros
tribunais pá trios e, inclusive do presente E. Tribunal, conforme a seguir será
demonstrado.

I – RAZÕES RECURSAIS:

I. A) Do Cabimento do Recurso Especial:

Da aná lise dos autos restaram as seguintes conclusõ es:

1. O acó rdã o recorrido foi julgado em ú ltima instâ ncia pelo Tribunal Regional;

2. O acó rdã o caminhou, data vênia, em sentido contrá rio à lei federal, lhe afrontando,
contradizendo e negando-lhe vigência;

3. Há dissídio jurisprudencial quanto à questã o suscitada no feito.


Isto posto, à luz do art. 105, III, alíneas a e c da Constituiçã o Federal, e, também,
do art. 1029, II do NCPC/2015, é cabível o presente RECURSO ESPECIAL como
meio de alcançar o fim desejado, qual seja, a reforma do acó rdã o para determinar a
nulidade da sentença de primeiro grau.

I. B) Da Tempestividade do presente REsp:

Nos termos do art. 1003, § 5º do NCPC/2015, o prazo para interpor o presente


recurso é de 15 dias. Dessa forma, considerando que a decisã o fora publicada no
Diá rio Oficial na data de dd/mm/aa, tendo sido o recorrente intimado da mesma nesta
data, reconhecidamente o recurso é tempestivo e merece acolhimento.

I. C) Do Preparo e Recolhimento das Custas Recursais:

Cumprindo uma das exigências para o recebimento do presente recursos, as custas


referentes ao preparo já foram recolhidas, conforme demonstram as guias e
comprovantes em anexo.

I. D) Do Prequestionamento:

Exige-se, para acolhimento de Recurso Especial, que a matéria tenha sido


prequestionada. Este requisito foi cumprido, já que, no julgamento dos embargos de
declaraçã o, o competente Tribunal a quo manifestou-se sobre a matéria, decidindo
nã o haver omissã o, contradiçã o ou obscuridade, e, portanto, nã o violaçã o à lei ou
desacordo com dissídio jurisprudencial. O acó rdã o que negou os embargos de
declaraçã o opostos pela recorrente está assim fundamentado:

Muito embora o v. Acó rdã o nã o tenha acolhido os embargos de declaraçã o,


expressamente referiu que os mesmos foram admitidos para fins de
prequestionamento da matéria junto aos Tribunais Superiores, restando assim
demonstrado tal requisito.

De qualquer forma, está assim disposto o artigo 1025 do CPC:


Art. 1.025. Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para fins de pré-
questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal
superior considere existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade.
I. E) Da Síntese dos Fatos:

A Emenda Constitucional n.º 123/2022, acrescentou o artigo 120 ao Ato das


Disposiçõ es Transitó rias, reconhecendo o estado de emergência no ano de 2022
decorrente da elevaçã o extraordiná ria e imprevisível dos preços do petró leo,
combustíveis e seus derivados e dos impactos sociais dela decorrentes.

Como auxílio emergencial, para enfretamento ou mitigaçã o dos impactos decorrentes


do estado de emergência reconhecido, entre outras medidas, o inciso V, no Art. 5º da
EC 123/22, previu o aporte de R$ 2,5 (dois vírgula cinco) bilhõ es aos entes federativos
para custear o benefício de gratuidade no transporte pú blico coletivo urbano aos
idosos acima de 65 anos, prevista no §2, art. 230 da Constituiçã o Federal.

Art. 5º Observado o disposto no art. 120 do Ato das Disposiçõ es


Constitucionais Transitó rias, a Uniã o, como ú nicas e exclusivas
medidas a que se refere o pará grafo ú nico do referido
dispositivo, excluída a possibilidade de adoçã o de quaisquer
outras: (...)

IV - APORTARÁ À UNIÃ O, AOS ESTADOS, AO DISTRITO FEDERAL


E AOS MUNICÍPIOS QUE DISPÕ EM DE SERVIÇOS REGULARES EM
OPERAÇÃ O DE TRANSPORTE PÚ BLICO COLETIVO URBANO,
SEMIURBANO OU METROPOLITANO ASSISTÊ NCIA FINANCEIRA
EM CARÁ TER EMERGENCIAL NO VALOR DE R$
2.500.000.000,00 (DOIS BILHÕ ES E QUINHENTOS MILHÕ ES DE
REAIS), A SEREM UTILIZADOS PARA AUXÍLIO NO CUSTEIO AO
DIREITO PREVISTO NO § 2º DO ART. 230 DA CONSTITUIÇÃ O
FEDERAL, REGULAMENTADO NO ART. 39 DA LEI Nº 10.741, DE
1º DE OUTUBRO DE 2003 (ESTATUTO DO IDOSO), ATÉ 31 DE
DEZEMBRO DE 2022;
(...)

§ 4º O aporte de recursos da Uniã o para os Estados, para o


Distrito Federal e para os Municípios de que trata o inciso IV do
caput deste artigo observará o seguinte:

I - terá funçã o de complementariedade aos subsídios tarifá rios,


subsídios orçamentá rios e aportes de recursos de todos os
gêneros concedidos pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos
Municípios, bem como à s gratuidades e aos demais custeios do
sistema de transporte pú blico coletivo suportados por esses
entes;

II – SERÁ CONCEDIDO EM OBSERVNCIA À PREMISSA DE


EQUILÍBRIO ECONÔ MICO-FINANCEIRO DOS CONTRATOS DE
CONCESSÃ O DO TRANSPORTE PÚ BLICO COLETIVO E À S
DIRETRIZES DA MODICIDADE TARIFÁ RIA;

(...)

O Ministério do Desenvolvimento Regional, como ó rgã o gestor do fundo, editou


portaria interministerial MDR/MMFDH n. º9/2022 (Doc. 3), que trouxe as seguintes
previsõ es:

Art. 3° Os recursos financeiros transferidos nos termos do


disposto no art. 2° desta Portaria Interministerial DEVERÃ O SER
APLICADOS EXCLUSIVAMENTE PARA AUXILIAR NO CUSTEIO AO
DIREITO PREVISTO NO § 2° DO ART. 230 DA CONSTITUIÇÃ O
FEDERAL, regulamentado no art. 39 da Lei n. 10.741, de 1º de
outubro de 2003 (Estatuto da Pessoa Idosa), e terã o funçã o de
complementariedade aos subsídios tarifá rios, subsídios
orçamentá rios e aportes de recursos de todos os gêneros
concedidos pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos
Municípios, bem como à s gratuidades e aos demais custeios do
sistema de transporte pú blico coletivo suportados por esses
entes.

Art. 5° O poder delegante dos entes federados que receberem o


Auxílio Emergencial à Gratuidade das Pessoas Idosas no
Transporte Pú blico Coletivo Urbano, na forma do art. 3° desta
Portaria Interministerial, serã o responsá veis pelo uso e pela
DISTRIBUIÇÃ O DOS MESMOS AOS SEUS PRESTADORES, DE
FORMA A OBSERVAR A PREMISSA DE EQUILÍBRIO ECONÔ MICO-

FINANCEIRO DOS CONTRATOS DE CONCESSÃ O DO


TRANSPORTE PÚ BLICO COLETIVO E AS DIRETRIZES DA
MODICIDADE TARIFÁ RIA na forma do inciso II do § 4° do art. 5°
da Emenda Constitucional n. 123, de 2022, e, em observâ ncia ao
disposto na Lei n. 12.587, de 2012.

Art. 8 - § 2° O repasse será autorizado pelo Ministério do


Desenvolvimento Regional mediante assinatura, pelos
Municípios, Estados e Distrito Federal, de Termo de Adesã o, que
fixará o valor do repasse e estabelecerá os seguintes
compromissos:
II – DISTRIBUIR OS RECURSOS AOS SEUS PRESTADORES, DE
FORMA A OBSERVAR A PREMISSA DE EQUILÍBRIO ECONÔ MICO-
FINANCEIRO DOS CONTRATOS DE CONCESSÃ O DO
TRANSPORTE PÚ BLICO COLETIVO E AS DIRETRIZES DA
MODICIDADE TARIFÁ RIA na forma do inciso II do § 4° do art. 5°
da Emenda Constitucional n. 123, de 2022, e, em observâ ncia ao
disposto na Lei n. 12.587, de 2012;

A Prefeitura Municipal de Linhares, em 10/10/2022, assinou Extrato de Termo de


Adesã o com o Ministério de Desenvolvimento Regional, recebendo o aporte no valor
de R$ 1.607.019,80 (um milhã o, seiscentos e sete mil e dezenove reais e oitenta e oito
centavos), com base na estimativa populacional do município (fl. 61/62 do Processo
n.º 020264/2022). Os repasses foram concluídos pelo MDR em 31/10/2022. (Doc. 4 -
Processo n.º 020264/2022).

A Concessioná ria, justamente por se encontrar em estado de emergência, devido à alta


do combustível, entre outros acontecimentos que acarretaram o desequilíbrio
econô mico-financeiro do contrato de concessã o, a partir do mês de outubro de 2022
passou a requerer, por meio do envio de ofícios, o repasse da verba por parte do
Município de Linhares, visto que naquele mesmo mês houve atraso no pagamento dos
salá rios, o que culminou na paralizaçã o dos trabalhadores.

Nesta oportunidade, junto alguns dos Ofícios enviados pela Viaçã o Joana D’arc
solicitando auxilio quanto a liberaçã o do Auxilio Emergencial que deveria ter sido
destinado as concessioná rias. (Doc. 5 – Ofíciois da VJD a Prefeitura).

Nã o obstante os diversos requerimentos, somente em 01/12/2022 a PML


protocolizou junto à Câ mara Municipal de Linhares o Projeto de Lei autorizando a
abertura de crédito especial à Secretaria Municipal de Obras e Serviços Urbanos no
valor do aporte recebido, aprovado em 15/12/2022 e sancionado em
20/12/2022(Doc. 4 - Processo n.º 020264/2022).
Em 14/12/2022, a SEMOR solicitou à Viaçã o Joana D’arc, que apresentasse o relató rio
de gratuidade de idosos concedidos nos meses de outubro e novembro. Em
atendimento à solicitaçã o, através do PROTOCOLO 019894/2022 de 16/12/2022, foi
atendido o oficio, sendo apresentado o relató rio de gratuidade DE JANEIRO ATÉ O
MÊ S DE NOVEMBRO DE 2022. (Doc. 6 - Oficio de 16-12-2022).

Em 26/12/2022, a Concessioná ria voltou a requerer imediata liberaçã o do recurso


ainda pendentes diretamente na SEMOR1, desta vez assinalando que os recursos
federais seriam utilizados para pagamento dos combustíveis em atraso e folha de
pessoal, adiantamento salarial do dia 20/12/2022. (Doc 7 – Oficio de 26- 12-2022)
Naquele mesmo dia, a SEMOR abriu Solicitaçã o Interna que gerou o Processo
0264/2022.

Paralelamente a isso, em 21/12/2022, foi requisitado pela SEMOR à concessioná ria


Unimar Ltda que apresentasse relató rio das gratuidades concedidas nos meses de
setembro, outubro e novembro. (Doc. 8 – Oficio da SEMOR a Unimar Transportes
Ltda).

Diante desta requisiçã o e cientes de que o valor deveria ser dividido


proporcionalmente entre as duas concessioná rias, como ocorreu em todos os outros
entes federativos do Brasil, em 27/12/2023 as concessioná rias Viaçã o Joana D’arc e
Unimar Ltda apresentaram conjuntamente o Termo de Anuência/Declaraçã o, anuindo
com os dados declarados e aceitando eventual cá lculo de proporcionalidade de divisã o
do recurso realizado pela Prefeitura. Nesta mesma oportunidade foi apresentado pela
Unimar o relató rio de gratuidade dos meses requisitados. (Doc. 9 – Oficio de 27-12-
2022)

Ainda em 27/12/2022, nos autos do Processo 20264/2022 à fl. 45, foi apresentado
pelo agente fiscal o cá lculo dos valores de repasse referentes aos meses de setembro,
outubro e novembro, contendo as seguintes informaçõ es:
Considerando o protocolo n.º 019894/2022, em que foram
informados pela concessionária os quantitativos dos idosos
referentes aos meses de setembro, outubro, e novembro, atesto
para os devidos fins o valor de R$ 566.028,20 (quinhentos e
seiscentos e seis mil e vinte e oito reais e vinte centavos) conforme
cálculo abaixo e CD em anexo comprovando o quantitativo.

No entanto Vossa Excelência, através do PROTOCOLO 019894/2022 de 16/12/2022,


ao contrá rio do que foi assinalado pelo agente fiscal, a Requerente apresentou o
relató rio de gratuidade vinculado ao mês de JANEIRO ATÉ O MÊ S DE NOVEMBRO DE
2022.

Ato continuo, à fl. 55, o Secretá rio Municipal de Obras encaminhou o processo ao
Departamento de Licitaçã o, Compras e Contrato, nos seguintes termos:

Considerando o requerimento administrativo de formalizaçã o do


1º aditivo de repasse proporcional dos meses de setembro,
outubro e novembro de 2022 ao contrato 069/2015,
apresentado pela Contratada Viaçã o Joana D’arc, os autos foram
encaminhados ao fiscal do contrato (...)Sendo assim, ratifico as
informaçõ es prestadas pelo fiscal e encaminho os autos para a
procuradoria administrativa a fim de que seja formalizada a
possibilidade da formalizaçã o de aditivo, conforme minuta em
anexo. (grifo nosso)

Vossa Excelência, nã o há nenhum requerimento da Viaçã o Joana D’arc pedindo


repasse proporcional exclusivamente vinculado aos meses de setembro, outubro e
novembro. Isto nunca ocorreu.

A breve leitura dos Ofícios encaminhados pela VJD à PML nas datas de 06, 13, 16, 26 e
27 de dezembro de 2022 (que nã o foram juntados pela PML aos autos do processo
administrativo, mas estã o anexados nestes autos), é suficiente para concluir que esta
referência é inexistente.

Inclusive, a capa do Processo 020264/2022 dá conta de comprovar que trata-se de


solicitaçã o interna, oriunda da SEMOR, aberta já em 26/12/2022, cujo o interessado é
o Secretá rio de Obras, tendo como Despacho Inicial o Oficio oriundo do Agente Fiscal
do contrato à Viaçã o Joana D’arc (VJD).

Todos os Ofícios da VJD requerem tã o somente a liberaçã o da verba, sendo o Oficio


datado de dia 27/12/2022 excepcional, pois requer a divisã o proporcional entre as
duas concessioná rias, nos critérios adotados pela PML, até entã o desconhecidos.

As concessioná rias foram surpresadas ao descobrirem que o repasse estaria vinculado


à s gratuidades efetivamente concedidas aos idosos acima de 65 anos, entendendo até
aquele momento que se tratava de meio para calcular a proporcionalidade entre as
duas concessioná rias, a exemplo do que aconteceu em outros municípios.

Para além disso, apesar do auxilio emergencial ser em virtude do estado de


emergência no ano de 2022 (1º de janeiro a 31 de dezembro), reconhecido pela EC
123/22, que também previu a medida auxiliadora, a prefeitura, por alguma razã o
desconhecida, limitou o benefício a somente três meses do ano.

Diante do ocorrido, em 02/01/2023, a Viaçã o Joana D’arc apresentou ao Sr. Prefeito o


seguinte requerimento: (Doc. 10 – Oficio 02-01-2022):
Desde entã o, os representantes da concessioná ria buscaram diversos ó rgã os da PML,
SEM QUE HOUVESSE QUALQUER RESPOSTA OU PRAZO PARA A RESOLUÇÃ O DO
CONFLITO ADMINISTRATIVAMENTE. Os protocolos realizados em 26 e 27 de
dezembro e 02 de janeiro sequer foram juntados aos autos do Processo 20264/20222.

Neste intercurso, a concessioná ria continuou sem a verba aguardada para pagamento
dos funcioná rios em razã o do adiantamento salarial de 20/12/2022, mencionado no
Oficio de 26/12/2022.

Por conseguinte diante do atraso no pagamento dos salá rios, em 09/01/2022, a


concessioná ria foi notificada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Transportes
Rodoviá rios do Norte do Espírito Santo, para regularizar o adiantamento salarial de
20/12/2022 em até 72 horas, “sob pena de incidência das multas dela inerentes, além
de serem tomadas todas as providências de política sindical e jurídicas objetivando
fazer valer as prerrogativas inseridas na Lei Material e Constitucional em prol da
categoria representada pelo SINDNORTE.”

Cabe salientar que em outras ocasiõ es, termos como “PROVIDÊ NCIAS DE POLÍTICA
SINDICAL”, tratavam-se em verdade de anú ncio de paralizaçã o dos trabalhadores.
Como ato de boa-fé e com o intuito de comprovar a urgência, a Viaçã o Joana D’arc
junta neste ato o Extrato de todas as suas contas bancá rias e os contratos de créditos
realizados no ano de 2022, folha de pagamento dos funcioná rios nã o paga, onde se vê
a impossibilidade de regularizar os débitos trabalhistas. (Doc. 11- Notificaçã o
SINDNORTE 09-01-23)

Nã o há margem de crédito para realizaçã o de novos empréstimos, tendo em vista os


realizados no ano de 2022 e os que ainda estã o sendo pagos, realizados à época da
pandemia de Covid-19.

Ciente que os seus funcioná rios nã o podem aguardar a inércia do Município, somado à
eminência de paralizaçã o do serviço pú blico de transporte coletivo, - o que
prejudicará todos os cidadã os - e o exíguo prazo de 72 horas para
regularizaçã o/pagamento, a Requerente vem à presença de Vossa Excelência requerer
tutela antecipada de urgência em cará ter antecedente.

II – DO DIREITO.
II. A) PROBABILIDADE DO DIREITO ALEGADO: RECURSO VINCULADO DE
FINALIDADE ESPECÍFICA: CUSTEIO DA GRATUIDADE AOS IDOSOS ANO
TRANSPORTE PÚ BLICO COLETIVO URBANO EM RAZÃ O DO ESTADO DE EMERGÊ NCIA
DO ANO DE 2022.

Como narrado até aqui, nã o há controvérsia entre o Município de Linhares e a


Concessioná ria quanto: a) Ser o recurso vinculado à finalidade específica de custeio da
gratuidade prevista §2, art. 230 da CF; b) Ser devido o repasse à s concessioná rias de
transporte coletivo urbano, tendo em vista que o Contrato de Concessã o em sua
Clá usula 13º, XXX, prevê que é obrigaçã o da Concessioná ria assegurar a gratuidade
prevista no art. 230, §2 da CF (fl.22v); c) Possibilidade jurídica para o repasse da
verba à Concessioná ria, considerando EC 123/22, a Portaria 9/2022 do MDR e o
Projeto de Lei 107/2022 que autoriza a abertura de crédito especial à Secretaria
Municipal de Obras e Serviços Urbanos no valor do aporte, aprovado em 15 de
dezembro de 2022 pela Câ mara Municipal.
Embora nã o tenha sido o critério adotado pelos outros entes do Espírito Santo, visto
que a pró pria EC/2023 traz apenas o critério de ocupaçã o populacional, bem como os
valores de cada ente tenham sido calculados pelo pró prio Ministério de
desenvolvimento Regional, reconhece-se a autonomia do Município de Linhares de
gestã o para estabelecer seus critérios de reequilíbrio econô mico financeiro do
contrato, nos termos da emenda constitucional e da portaria interministerial.

Ainda que nã o fundamentado pelo Município, é juridicamente interpretá vel que sendo
verificá veis os custos suportados pela concessioná ria para assegurar a gratuidade
prevista no §2, art. 230 da Constituiçã o Federal no ano de 2022, vincular o repasse da
verba aos custou efetivamente suportados garantiria a impossibilidade de desvio de
finalidade na aplicaçã o do recurso.

O PONTO CONTROVERSO É UM SÓ : A LIMITAÇÃ O DO AUXÍLIO AOS MESES DE


SETEMBRO, OUTUBRO E NOVEMBRO, SEM QUALQUER FUNDAMENTAÇÃ O, ESTÁ EM

CONTRARIEDADE AO QUE DETERMINA A EMENDA CONSTITUCIONAL 123/2022.

O que nã o se pode entender, que ultrapassa o poder de discricionariedade se


revelando em arbitrariedade do ente municipal, é limitar o benefício a somente o
período de três meses, SEM QUALQUER RAZÃ O JURÍDICA APARENTE, em sentido
contrá rio à pró pria Emenda Constitucional que garante a medida para auxílio ao
ESTADO DE EMERGÊ NCIA NO ANO DE 2022.

Art. 120. Fica reconhecido, NO ANO DE 2022, o estado de


emergência decorrente da elevaçã o extraordiná ria e imprevisível
dos preços do petró leo, combustíveis e seus derivados e dos
impactos sociais dela decorrentes. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 123, de 2022)

Pará grafo ú nico. Para enfretamento ou mitigaçã o dos impactos


decorrentes do estado de emergência reconhecido, as medidas
implementadas, até os limites de despesas previstos em uma
ú nica e exclusive norma constitucional observarã o o seguinte:
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 123, de 2022).

Ainda falando sobre fundamentaçã o do ato administrativo, é cediço que tratando-se


de atos administrativos discricioná rios, a motivaçã o é livre, no entanto, uma vez
motivado, este vincula o ato.

Importa em dizer que tendo o Sr. Secretá rio de Obras motivado sua limitaçã o a apenas
três meses do ano de 2022 em razã o de suposto requerimento da Viaçã o Joana D’arc
neste sentido e, sendo patente que nã o há nos autos do processo administrativo
qualquer requerimento da Requerente neste sentido, caberá controle do Poder
Judiciá rio.

Isto é, caso se entenda correto o repasse pelo critério de gratuidade efetivamente


custeada pela Concessioná ria no ano de 2022, basta a aná lise do demonstrativo
protocolizado em 03/01/2022, (quanto a gratuidade prevista no §2.º do art. 230 da
Constituiçã o Federal, idosos acima de 65 anos, no ano de 2022) para concluir que
ocorreram 530.689 concessõ es desta gratuidade pela Concessioná ria no decorrer do
ano de 2022. (Doc. 12 – Oficio 03-01-23)

Considerando que em 26 janeiro de 2022 a taxa tarifá ria passou a ser R$ 4,10, sendo
que em 01 de novembro a 2022, passou a ser R$ 4.20, NO ANO DE 2022 A CONCESSÃ O
DO BENEFÍCIO CUSTOU À VIAÇÃ O JOANA D’ARC O VALOR DE R$ 2.343.790,90 (DOIS
MILHÕ ES, TREZENTOS E QUARENTA E TRÊ S MIL, SETECENTOS E NOVENTA REAIS E
NOVENTA CENTAVOS). Vejamos:
Considerando que as gratuidades das passagens estabelecidas em legislaçã o específica
– idosos, deficientes físicos, meia tarifa para estudantes, profissionais da segurança
pú blica, dentre outros, sã o arcadas exclusivamente pelas concessioná rias, consoante
inciso XXX, da Clá usula Décima Terceira do Contrato de Concessã o 069/2015.

Considerando ainda que O VALOR DO RECURSO É INFERIOR AO VALOR CUSTEADO


PELA CONCESSIONÁ RIA PARA ASSEGURAR O BENEFÍCIO DO §2, ART. 230 DA CF/88
NO ANO DE 2022 e da necessidade de divisã o proporcional com a concessioná ria de
transporte pú blico Unimar Transportes Ltda.

Ressalta-se que o auxílio/custeio da gratuidade dos idosos durante o estado de


emergência no ano de 2022 já foi custeado pela concessioná ria, sendo o recebimento
do recurso mero RESSARCIMENTO visando a manutençã o do equilíbrio econô mico-
financeiro do contrato, como disposto nos marcos legais.
O valor da passagem foi reajustado em janeiro de 2022 de R$ 3,50 para R$ 4,20, no
entanto, por ser irrelevante para os cá lculos aqui pretendido todo o mês de janeiro foi
calculado sobre o valor a menor.

III- PERIGO DE DANO:

A. CASO A VERBA NÃ O SEJA INTEGRALMENTE APLICADA, O REMANESCENTE DO


RECURSO DEVERÁ SER DEVOLVIDO A CONTA Ú NICA DA UNIÃ O:

O aporte em auxilio/custeio da gratuidade de transporte coletivo urbano de idosos


acima de 65 anos em razã o do Estado de Emergência do ano de 2022 é recurso com
destinaçã o vinculada, de modo que a EC 123/22 veda sua aplicaçã o para qualquer
outro fim.

Nesse sentido, caso o Município de Linhares continue retardando o compromisso


prestado de distribuir os recursos aos seus prestadores, de forma a observar a
premissa de equilíbrio econô mico-financeiro dos contratos de concessã o do
transporte pú blico coletivo e as diretrizes da modicidade tarifá ria, nos termos do art.
8, §2 da Portaria Interministerial MDR/MMFDH n.º9/2022, o art. 11 do mesmo
diploma faz previsã o de devoluçã o dos saldos remanescentes à Conta Ú nica do
Tesouro Nacional.

Art. 11. Os saldos financeiros de recursos de repasse


remanescentes das contas específicas que foram criadas para
receber as transferências e gerir os recursos, inclusive os
provenientes das receitas obtidas nas aplicaçõ es financeiras
realizadas, nã o utilizadas no objeto pactuado, serã o devolvidos
pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios à Conta
Ú nica do Tesouro Nacional por meio da emissã o e do pagamento
de Guia de Recolhimento da Uniã o eletrô nica.
Desse modo, ocorrendo a inércia do Município de Linhares no repasse dos valores que
a concessioná ria faz jus, estes serã o perdidos em definitivo, sendo irrepará vel o dano
à Requerente.

B. RISCO EMINENTE DE PARALIZAÇÃ O DO TRANSPORTE PÚ BLICO COLETIVO NO


MUNICÍPIO DE LINHARES. 291 FUNCIONÁ RIOS ESTÃ O COM SEUS SALÁ RIOS
ATRASADOS.

A concessioná ria, devido ao desequilíbrio econô mico financeiro do contrato de


concessã o, até o momento nã o possui verba para realizar o pagamento salarial dos
trabalhadores, que deveria ter sido realizado pela empresa em 20/12/2022. Isto pois,
a CCT prevê adiantamento de 40% dos salá rios até o dia 20 de cada mês ou o primeiro
dia ú til subsequente. Além disto, a segunda parcela do salá rio deveria ter sido paga até
o 5º dia ú til do mês de janeiro de 2023, isto é, 06/01/2022, o que também nã o pô de
ser adimplido.

Sã o 295 funcioná rios que ainda nã o receberam seus salá rios, estamos falando
motoristas, cobradores, auxiliares de limpeza, etc. que dependem diretamente desta
verba para a manutençã o de seu sustento e de suas famílias (Doc. X – Folha de
pagamento de Dezembro/2022). (Doc. 13 – Folha de pagamento de dezembro 2022).

Como dito, a concessioná ria foi notificada pelo Sindicato dos Trabalhadores em
Transportes Rodoviá rios do Norte do Espírito Santo, em 09/01/2023 para regularizar
o adiantamento salarial de 20/12/2022 em até 72 horas, “sob pena de incidência das
multas dela inerentes, além de serem tomadas todas as providências de política
sindical e jurídicas objetivando fazer valer as prerrogativas inseridas na Lei Material e
Constitucional em prol da categoria representada pelo SINDNORTE.” Cabe salientar
que em outras ocasiõ es, termos como “providências de política sindical”, tratavam-se
em verdade de anú ncio de paralizaçã o dos trabalhadores.

Como ato de boa-fé e com o intuito de comprovar a urgência, a Viaçã o Joana D’arc
junta neste ato Extrato de todas as suas Contas Bancá rias em 09/01/2023 e os
contratos de créditos realizados no ano de 2022, onde se vê a impossibilidade de
regularizar os débitos trabalhistas caso nã o haja o repasse da verba por parte do
Município. (Doc. 14 e 15 – Extrato de todas as contas bancá rias da concessioná ria e
Empréstimos ativos)

Nesse sentido, apresenta-se nestes autos o balancete contá bil, onde é possível
verificar que ENTRE OS MESES DE JANEIRO E NOVEMBRO DE 2022 O LUCRO
LÍQUIDO ESTÁ NEGATIVO NO VALOR DE R$ 1.514.630,02 (UM MILHÃ O,
QUINHENTOS E CATORZE MIL, SEISCENTOS E TRINTA REAIS E DOIS CENTAVOS).
(Doc. 16 - Demonstraçã o de Resultado do Exercício)

Diante deste cená rio, a empresa, os seus colaboradores e a sociedade civil como um
todo, necessita de auxílio do Poder Judiciá rio.

IV – REVERSIBILIDADE DOS EFEITOS DA DECISÃ O:

As tutelas de urgência de obrigaçã o de pagar sã o por regra reversíveis, o caso em


comento nã o é exceçã o, isto pois, o recurso em questã o tem destinaçã o vinculada

e só pode ser repassado à concessioná ria como auxilio/custeio da gratuidade prevista


no §2º, art. 230 da Constituiçã o Federal 1988, caso nã o aplicado o recurso deverá ser
devolvido à Conta Ú nica da Uniã o, sendo qualquer outra destinaçã o illegal e
inconstitucional.

Ademais, há garantia depositada em favor do Município no montante de 2% do valor


total do contrato, estimado em R$ 887.892.946,00 (oitocentos e oitenta e sete milhõ es,
oitocentos e noventa e dois mil, novecentos e quarenta e seis reais), consoante
preceitua a Clá usula Sexta do Contrato de Concessã o 069/2015.
Além disto, cabe ressaltar que, apesar da grave crise econô mica, a Viaçã o Joana D’arc
S.A. é uma empresa solvente pelo seu patrimô nio imobilizado, de modo que nã o há
risco irreversibilidade de reparaçã o dos efeitos da tutela a ser concedida.

V- PEDIDO DE TUTELA FINAL

O pedido de tutela final é a condenaçã o do Município de Linhares ao pagamento, em


benefício da Viaçã o Joana D’arc, do valor de R$ 1.492.599,90 (um milhã o,
quatrocentos e noventa e dois mil, quinhentos e noventa e nove reais e noventa
centavos) oriundos da Emenda Constitucional 123/2022.

II.B) DOS HONORÁ RIOS SUCUMBENCIAIS

A despeito da perda parcial do objeto do processo, a parte apelante, no presente caso, não
visa simplesmente à manutenção dos honorários advocatícios, mas busca fervorosamente a
reforma da decisão para que o município, figurando como apelado, seja integralmente
condenado nos ônus sucumbenciais. Esta postulação pauta-se em uma argumentação
intricada, que destaca com precisão a conduta do município como a principal motivadora
do litígio.

A empresa, em sua argumentação exaustiva, sustenta de maneira robusta que a atribuição


dos custos processuais à parte apelante é manifestamente injusta, visto que a mesma não se
configurou como a instigadora dos eventos que deram origem à presente demanda judicial.
Pelo contrário, alega que o município, ao adotar medidas que indevidamente obstruíram o
acesso da empresa ao benefício pleiteado, não apenas deu causa ao processo, mas também
deve assumir as despesas dele decorrentes como parte responsável pelos atos que ensejaram
a controvérsia.
Ademais, a parte apelante reforça sua tese ao ressaltar que a imputação dos ônus
sucumbenciais ao município está em estrita consonância com o princípio da causalidade,
que norteia a distribuição equitativa das despesas processuais. Argumenta-se que a lógica
subjacente a esse princípio é assegurar que a parte que efetivamente deu ensejo à
instauração do litígio arque com os custos decorrentes, promovendo, assim, uma justa e
proporcional alocação das despesas.

Podemos ver tal previsão no Código de Processo Civil, que assim prevê:

Art. 85. […]

[…]

§ 10. Nos casos de perda do objeto, os honorários serão


devidos por quem deu causa ao processo.

Portanto, a parte apelante busca, mediante a reformulação da decisão quanto aos ônus
sucumbenciais, que o município, na qualidade de apelado, seja responsabilizado
integralmente pelos custos do processo. Essa abordagem mais detalhada objetiva evidenciar
de maneira convincente a fundamentação que respalda a pretensão da empresa, assegurando
que a distribuição dos encargos processuais reflita com precisão os eventos que deram
ensejo à presente controvérsia jurídica.

II. C) Da divergência jurisprudencial...:

O acó rdã o recorrido acatou a manutençã o da condenaçã o da empresa ao pagamento


dos honorá rios sucumbenciais, tendo baseado sua decisã o em jurisprudência
divergente da decisã o paradigma apresentada pela recorrente em sua apelaçã o, o que
enseja o recurso especial com base no art. 105, III, alínea c da Constituiçã o Federal.

Assim está disposto o acó rdã o recorrido:

Sendo assim, deve ser mantida a condenação da apelante


nos ônus sucumbenciais, cujos honorários foram fixados no
patamar mínimo previsto nos parágrafos 2º e 3º do art. 85
do CPC, em vista do princípio da causalidade.

Conforme a inicial, pretende a recorrida reformulaçã o da decisã o quanto aos ô nus


sucumbenciais, que o município, na qualidade de apelado, seja responsabilizado
integralmente pelos custos do processo.

Há divergência jurisprudencial quanto a matéria, tendo em vista os julgados abaixo


colacionados:

“PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. HONORÁ RIOS


ADVOCATÍCIOS. EXTINÇÃ O DO PROCESSO SEM
JULGAMENTO DO MÉ RITO. PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE.
PRECEDENTES DO STJ. 1. Nas hipó teses de extinçã o do
processo sem julgamento do mérito, decorrente de perda
de objeto superveniente ao ajuizamento da açã o, a parte
que deu causa à instauraçã o do processo deverá suportar
o pagamento dos honorá rios advocatícios, com
fundamento no princípio da causalidade. 2. Hipó tese em
que a parte autora insurgia-se contra a determinaçã o
contida na Instruçã o Normativa INCRA 10/2001, que
estabelecia fatores para a conversã o e índices de lotaçã o
pecuá ria e produtividade no campo, na aferiçã o da funçã o
social da terra, norma posteriormente modificada pela
pró pria autarquia, com a ediçã o da Instruçã o Normativa
INCRA 11/2003, daí o seu dever de arcar com a verba
honorá ria. 3. Recurso especial desprovido.” (STJ - REsp:
973137 RS 2007/0177256-0, Relator: Ministra DENISE
ARRUDA, Data de Julgamento: 21/08/2008, T1 -
PRIMEIRA TURMA, Data de Publicaçã o: DJe 10/09/2008).

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO


AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. SÚMULA 182/STJ.
NÃO INCIDÊNCIA. RECONSIDERAÇÃO. TUTELA
PROVISÓRIA CAUTELAR. VIOLAÇÃO DO ART. 1.022
DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. PERDA SUPERVENIENTE DO
OBJETO. RESPONSABILIDADE CONFORME
PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE. AGRAVO
CONHECIDO PARA DESPROVER O RECURSO
ESPECIAL.

[…]

2. Consoante § 10 do art. 85 do CPC/2015, aquele que deu


causa à instauração do processo deverá arcar com as
custas de sucumbência na hipótese de perda superveniente
do objeto, na forma do princípio da causalidade. Precedentes.

[…]

(AgInt no AREsp n. 1.819.799/SP, relator Ministro Raul


Araújo, Quarta Turma, julgado em 27/6/2022, DJe de
29/6/2022.)

Portanto, a partir da Sú mula 303 do Superior Tribunal de Justiça, a jurisprudência se


firmou no entendimento da plena aplicaçã o do princípio da causalidade, como
balizador da condenaçã o nos ô nus sucumbenciais, passando a admitir a condenaçã o
do pró prio autor ao pagamento de honorá rios advocatícios e despesas processuais,
ainda que procedentes embargos de terceiro por ele interpostos.

Como pode ser visto há manifestaçã o de duas turmas do E. SUPERIOR TRIBUNAL DE


JUSTIÇA que entende de maneira diferente aplicando o Princípio da causalidade em
caso de perda do objeto do processo, sendo que nestes casos, quem deu causa ao
processo que paga as custas, bem como os honorá rios advocatícios, conforme
apontado pela recorrente, sendo as DECISÕ ES PARADIGMAS apresentada acima.

Em anexo encontram-se os documentos que comprovam a divergência


jurisprudencial, como forma de cumprir o art. 1029, § 1º do NCPC/2015.

Diante de toda exposto, requer-se a reforma do acórdão, reformulaçã o da decisã o


quanto aos ô nus sucumbenciais, que o município, na qualidade de apelado, seja
responsabilizado integralmente pelos custos do processo, na forma do art. 85, §10 e
art. 332, § 1º do NCPC/2015.

III – Dos Pedidos:

Como se vê todos os dispositivos de lei federal e decisã o paradigma acima transcritos,


resta cabalmente demonstrada a violaçã o de dispositivos de lei federal e a divergência
jurisprudencial acerca da interpretaçã o dos dispositivos legais violados.

FACE AO EXPOSTO, e tendo sido atendidos todos os requisitos de admissibilidade


recursal, requer a recorrente:

a) seja recebido, processado e admitido o presente Recurso Especial;

b) seja intimada a recorrida, para, querendo, apresentar sua resposta, no prazo


previsto em lei;

c) sejam juntados os comprovantes das custas do despacho de admissibilidade e da


interposiçã o de recurso em instâ ncia inferior;

d) sejam juntados os acó rdã os e certidõ es em anexo, para fim de fazer prova da
divergência/dissídio jurisprudencial na forma do art. 1029, § 1º do NCPC.
e) seja dado provimento ao presente recurso especial, determinando-se a NULIDADE
do acó rdã o por falta de fundamentaçã o, nã o apreciaçã o de todos os argumentos e erro
na valoraçã o das provas, reconhecendo-se a prescriçã o anual, tudo com base nos
fundamentos acima aludidos, por ser matéria de D I R E I T O e J U S T I Ç A.

Nestes termos, pede deferimento.

Vitó ria, 19 de dezembro de 2023.

ANA CAROLINE RANGEL PINHEIRO

OAB/ES: 32.046

MATHEUS HENRIQUE RIBEIRO DIAS FURTADO

OAB/ES: 36.562

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