Você está na página 1de 2

Filigranas do Além

Que buscas aqui incauto refém?


Acaso te empresto tal liberdade?
A quem te referes nas súplicas do Amém?
Não são ardores de gentilidade?

Crer e descrer te parecem afins;


Acedes ao vulgo com facilidade;
Altivo e convicto de sublimidade,
Teces arbítrio qual soberbo malsim.

Desprezo o rogo do imprevidente!


Sabias amargo o destino de véspera,
Juravas coragem à fila de espera,
Amiúde sofisma do impenitente!

Gracejas com fogo, ser néscio e demente!


Verás que o Céu não brinca em juízo,
Que rolem as lágrimas do ímpio e descrente!
É hora chegada, covarde laicizo!!!

Augúrio suave no doce sonhar,


Auscultava o compasso de teu coração.
Fui sussurro assertivo ao teu duvidar,
Brasa ardente em cada paixão.
Em vão as promessas de renovação,
Perfídias vazias de um perdedor:
Querias apenas o doce quinhão,
Que é justo laurel ao merecedor.

Enfada-me o brio de tua vontade,


É fruto e sinal de desesperança.
Nasceste à luz de divina bondade
E aviltas o gesto com intemperança.

Agora o silêncio é quem cumplicia,


Tua dor e remorso nas últimas horas.
A noite escura, fria e vazia,
São teus senhores... os mesmos de outrora!

Ian André
29/09/22

Você também pode gostar