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Nº1: Aaron, cidadão irlandês, e Bereniqa, cidadã polaca, vivem em

Coimbra desde 2005, quando imigraram para Portugal com a sua filha
Christelle, de nacionalidade francesa.

David, o segundo filho do casal, nasceu no mês passado em Portugal

Christelle, maior de idade, vive desde 2008 em união de facto com


Edgar. Edgar é filho de Fernando, cidadão português e de Conchita,
cidadã venezuelana, e nasceu no Canadá.

a) David é cidadão português? Sim, pois são portugueses de


origem, à luz do disposto na alínea f) do artigo 1º/1 da
nacionalidade, “os indivíduos nascidos no território português,
filhos de estrangeiros que não se encontrem ao serviço do
respetivo Estado, que não declarem não querer ser portugueses,
desde que, no momento do nascimento, um dos progenitores
resida legalmente no território português, ou aqui resida,
independentemente do título, há pelo menos um ano”. Assim,
atendendo ao facto que os pais de David são imigrantes
residentes em Portugal desde 2005 e, por sua vez, este nasceu
cá, confirma-se então que David é português.
b) Edgar é cidadão português? Sim, pois, à luz do disposto na alínea
c) do artigo 1º/1 da lei da nacionalidade, são portugueses de
origem “os filhos de mãe portuguesa ou de pai português
nascidos no estrangeiro se tiverem o seu nascimento inscrito no
registo civil português ou se declararem que querem ser
portugueses”. Assim, devido à falta de informação do enunciado
relativamente a este último ponto, assume-se do pressuposto
que, efetivamente, os pais de Edgar tenham inscrito o
nascimento do filho no registo civil português ou, por sua vez,
que este tenha declarado querer ser português. Desta forma,
confirma-se então a nacionalidade portuguesa de Edgar.
c) Aaron foi condenado a 8 anos de prisão com sentença transitada
em julgado, por crime de burla agravada, durante uma estadia
nos EUA, mas conseguiu escapar para Portugal. Esse facto
impede-o de obter a cidadania portuguesa? Sim, efetivamente,
esse facto, impede-o de obter a cidadania portuguesa, uma vez
que segundo a alínea d) do artigo 6º/1 da lei da nacionalidade,
“a condenação, com trânsito em julgado da sentença, com pena
de prisão igual ou superior a 3 anos, por crime punível segundo
a lei portuguesa” impede a obtenção da cidadania portuguesa.
Por conseguinte, visto que o crime de burla agravada é um crime
punível segundo a lei portuguesa e Aaron foi sentenciado com
pena de prisão de 8 anos, este fica impossibilitado de obter a
cidadania portuguesa.

Nº2: Al-Muhtadee nasceu em Linda-a-Pastora em 1960, quando os


seus pais faziam o interrail pela Europa; é nacional do Estado do

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Brunei Darussalã. Blaise, por sua vez, é cidadã do Burkina Faso e
atualmente Cônsul desse Estado em Lisboa. Al-Muhtadee e Blaise
tiveram um filho, de seu nome Cátio, que nasceu em Linda-a-Velha
no mês passado. Cátio é português? Tendo em consideração as
circunstâncias do caso, a única alínea à qual se poderia recorrer para
que Cátio adquirisse cidadania portuguesa era, nomeadamente, a
alínea f) do artigo 1º/1 da lei da nacionalidade. Contudo, o facto de
Blaise, mãe de Cátio se encontrar em Portugal ao serviço do Estado
de Burkina Faso, como Cônsul, impossibilita o recurso a esta alínea,
apresentando desta forma uma objeção à aquisição de cidadania
portuguesa por Cátio. Por conseguinte, em suma, Cátio não é
português.

Nº3: Emmanuel é nacional do Belize, tem 27 anos, vive na Trafaria


desde que emigrou em 2005 e prepara um doutoramento em
Engenharia do papel vegetal na Faculdade de Engenharia da
Universidade Velha de Lisboa, onde já concluíra a licenciatura e o
mestrado. Na universidade confundem-no com um actor de
telenovela brasileira, de tão acentuado que é o seu sotaque carioca.

É um cidadão exemplar, frequenta a sua paróquia faz ação social,


não fuma, aprendeu a tocar guitarra portuguesa, sabe as dinastias
dos reis portugueses de cor, come bacalhau três vezes por dia,
aprendeu a fazer pasteis de nata, idolatra o Eusébio, fez-se sócio do
SLB, leu as obras completas de Camões, Eça e Pessoa, nunca
cometeu qualquer ilegalidade. Sempre cumpriu os seus deveres
cívicos, incluindo os 3 meses obrigatórios de tropa, ainda que não
remunerados, ao serviço do seu Estado de origem. Emmanuel quer
ser português! Pode? Emanuel, efetivamente, pode obter a cidadania
portuguesa, uma vez que, ao abrigo do artigo 6º/1 da lei da
nacionalidade, o Governo concede a nacionalidade portuguesa, por
naturalização, aos estrangeiros que satisfaçam cumulativamente os
seguintes requisitos:

a) Serem maiores ou emancipados à face da lei portuguesa;


b) Residirem legalmente no território português há pelo menos cinco
anos;
c) Conhecerem suficientemente a língua portuguesa;

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d) Não tenham sido condenados, com trânsito em julgado da
sentença, com pena de prisão

igual ou superior a 3 anos, por crime punível segundo a lei


portuguesa;
e) Não constituam perigo ou ameaça para a segurança ou a defesa
nacional, pelo seu envolvimento em atividades relacionadas com a
prática do terrorismo, nos termos da respetiva lei.

Desta forma, uma vez que Emanuel tem 27 anos, ou seja, é maior de
idade segundo a lei portuguesa; reside em Portugal desde 2005, leu
as obras completas dos maiores escritores portugueses e, na
ausência de informação relativamente às alíneas d) e e), confirma-se
então que Emanuel está de acordo com os requisitos e pode obter a
cidadania portuguesa, visto que apesar deste ter prestado serviço
militar, este era de regime obrigatório, afastando o impedimento da
alínea c) do artigo 9º.

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