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A DONINACAD OCIDENTAL NA ASIA K. M. PANIKKAR ‘A DOMINACAO OCIDENTAL NA ASIA: DO SECULO XV AOS NOSSOS DIAS, Trad. de Nemésio Salles, Peficio de Ott Marin Carpenux 3? digo 6 ® Sy) PAZ E TERRA, * — ° Copyright © by K. M. Panikkar Titulo do original em ingles J and: Western Dominance TL annrs8 a 124-665 one wet toloaae Jayme Leio _ - — = Proce i Daasbite WERE Ie onsse we aea> oft Canto. Cc Hon” Alda. Sad ROOGO GE Eiora Paz'e Terra's, A Rus Andre Cavalcanti Fatima, Rio de Janeiro, (que ae reserva a propricdade esta radu. ww Impreso no wrasit Printed in Br e SUMARIO bby Onente Lux (Utto Maria Carpeaux) Introducio ‘A EXPANSAO: 1498-1750 1. A India ¢ 0 Oceano Inco. ‘A China'e'o Japso. ‘A BPOCA DA CONQUISTA: 1750-1858 1A fia as thas 2 China’ ‘A EPOCA DO IMPERIO: 1858-1914 © Saveste Avidtico © Site ‘A RUSSIA E © EXTREMO ORIENTE 1. Antes da Revolueto, 2. A"Aaa e a Revolugta Russ A EUROPA EM RECUO: 1916-1939 ‘A Guerra Civil Europtia © suas Repercussdes A India A Ching. © Sapao Em Outros Bonios da Asia au 2 97 22 202 215 22s 20 288 259 ana 308 [A RECUPERACAO ASIATICA Perspectvas de Conjunto Ania © Janie A China Eon Outros Paes da Ada AS MISSOES CRISTAS O% Tempor Hesscos 3 Extremo-Oriente at 1723 Tae 1 4 $0 Jepao a 5. India de 1660 9 1837 6. As Missdes Costs na China de 1723 4 191i 10 eA 5 ulo XIX. Indochina, a Bieminia, 0 Sido © indondsia INFLUENCIAS ASIATICAS NA EUROPA 1. 0 Orientalisme Europeu 2 Influinela sobre.o Pensamenta Europe a3 307 336 383 am 412 a ‘31 as 43s 66 scale XIX? Antes, estava condenado 20 mesmo papel 0 cone Finente negro, a Afric, Fonte inagotéoe! de maede-obta ee erava, © mperaisme’ esonimice primp a apie na Ast, tom plena forya quando 9 necessdade de maniey 0 teabalio Tire na Bao ja indusvatsade obrigou abet 0 ties de escravos. Primera, portant, a Aftice. Depo Ae Agora: incendiaa toda 8 dren inensa ene a See a4 Fil Dinas, entre 0 Traque ea Tndonéais, 9 taque imperial, Inspiado pela fome de matérian primes ¢ pela necesdade de trite noege mercado intensficerce na America Latinas Se. sus, ha America Latina, 06 henieeas do sofimento widticg 10 stcestorer natura de revlusdo asc Areveucto astatea esta choa de ensinamentos ¢ liées para of latine-americanos. Ulm sacislogo © histoiador me: ‘Heano, Eduanio Espinoea y Prt, escteye loro cighalic: Simo bre “Una devorentactsn osidental: sempre nos ext. iam, de‘ mecar.s lr para o Gees as pare ns tt ltinosamericanos, 8 Buropa fea stad no Orne: noses Geilnte'e'0 Oceano Pasfico atts dele «Ae, “Gee aralcamente, a tese de Espinosa 4 Prieto ests crt, Wlas 5 acomtecinentos reveuciondios da inspite segunda mes fade do séeulo XX inccrteramna de novo. Esplitalmente foliou a ser Oriente. para ot latig-amurtcanos,' Aa pols Gali no vem. movement a luz. "Er Oriente ux. esse Sento, como leo para pensar ¢ para age. desejo que 9 lions SOR Md, Panthtac sepa aaan © Par amie desefo eo O.M.c SRLKLAURTRRRBY TIITILILTLILREWULALNee eee eee eee T TTT TATRA EEE EX ORIENTE LUX ‘Oxo Maria Carpeaux Em tempos passados, remotos — jf nfo quero contar ‘os anos ~ um lio intitlado ‘The Awakening of Asa (O Despertar da Asia), de autor inglés cujo nome esqueci. O loro descreve, com todo 0 otimismto um pouco ligeiro. proprio da belle epogue, a ressurrezto do geande continente sued ‘ante tantos seculos teria fecado paralisado em sono catalép- fico. mal se ecordando de glgriar © geandezas passadas. Ba ‘quem atria 0 ator 0 milagre desea ressurrelgao? Acs et fopeus. Os alemaes tinkam construido a estrads de Ferro de Gonstentinopla a Bagdé, c ~ esperava-se — a estepe mal povouda' de" beduines reicansformar-seia em terra fertil 1 Ende nos ferpor de Hamuirabi se proclamara 0 primeiro Cé- digo Cll de uma nario de agrcultores, anterior mesmo 3 LA de Moises; e a indistrin, alimentada pelo dinheio do Banco Alemio em Berlim. insuflaria nova vide as cidades ‘que 0 califa Haran al-Raxid percorers, disfarsado. em Horas ‘Roturnas, para ouvir as queizas dos seus sidios, mandar en- Facer ves fs «rive como cont de Tada de id ¢ Uma Notes. Na India, continuow aqutle inglés, co- ronéis © majores de Sua Majestade Britanica transformaram fom exéreito regolar os bandos armados de facas e punhels! © Civil Service indiano aconselhava os marajds inspirando- Tes leis Beneficas 20s siditor sem que tvessem de renanciar ‘aos seus haréns e a [aria de colevionar pedras preciosas € joias: eno lugar das t5rres nas quais os parss, em Bom- beim. costamavam expor aoe urubus os caddveres dos defun- tos, se consteuiram [abricas de tecidos de algodio, ja fesendo flguma concorrénca aos industriais de Manchester. Na Chi- ina. 0s praprios chineses acabaram de depor a dinastia dos Imsinches« prociamar a Republica, « os seria [wrnlacom Universilades « hospitais em t6da a parte do ex-lmpério do Conteo, Enfim, os jeponcses tinham derrotado ¢ humithado 0 Lape reacinario don czues da Risa, «como? Borge to anstoratas vestiam 0 pals em ver do quimen park sont ‘eras ne tapos dim parlnto moderna « forge a ido fiscram haraquir. matando-se_ por questées de. hone, panto ats sharo az mas mae modena de imstrong. Krupp e ‘Skoda, e constuiram uma esquadea © Iabricas ¢ mais [abricas e 0° Micado, deicando de ser perso. agent de opeceta, negociava em pe de lgoaldade com es inperadoges €reis da Europa. ©’ Baropa, 8 tnflancts cure. ree ted uate of Aaa © dpe de Non oje, quarenta. anos. cinguenta anos depois. 0 Avia € tum continente de paises soberanos, Alta torres inundam © deserto, mas nio de agua. « sim de petslco. Generais etre branes fo golpes de Estado nos paises érabes, os marajas retiacom-se para a Cérte d'Azur, © os coronéis residents Anglo-indiaovivem. refoomador, aposentadoe, cm eatages, ‘no Devonshite: no Japdo se fazcm leis de controte dos nasct, iment oer inane ean om gre cma Ching © trono do Imperador Amare no ¢ ocupaco por um pres sgt ReneS mane america na fo nha io que far poemas nes momentos de lazer gue The permite 4 tarefe de educar seu povo conforme a doatrina de Rad Mars. AAs parece totalmente europeisada, Adotou teas 4s [osmas da ida europtia, do smoking © do uisque ate. banding € & diadura do proletarado, Mus esta europeisesso fotal nko fot devide aos europeus; foi ducamente congulteda contra a resisténcia dos europeus (e dos amerisanos). que ‘scaburam expulios da Asia. Essa lata da Asia contra a do. Iminacdo esirngeira é 0 toma do. presente lore de K. M. Panitkar (© priprio autor & quanto & sua formasso intelectual ‘exemplo daquela curopeicarao que deu como tesltado 0 an- tieuropeismo. B indiano,diplomado em Histeia pela Univer- silade de’ Oxford. Ainda pertencia 20 Ciil Service ingles ‘ha India. Torneu-se homem independente da potncta color rizadora como editor de jornais. Aderis a0 nactnalismo nio- tiolento de Gandhi. # vice-presidente da Royal de Londres, tas fol. depots. primeiro embatzador da India independent ‘a China e'no Ego. & hstriador e jornalista: grass estas deft rnd do ma, tment stele rece de Sto cel tina deco settee epee cca) ea ade we pe ar ils Theat, eal ras de tn fomesso mor.‘O aoe nas noetat eg’ feta asa te ln ote ee gle mae Spo bog cao, Seta as ate ay a cy cc te Hoel es cn atafes i na iene eerie ne Snoeeon tacts Sti lec eon olga eas tra ore marred ia ene es Bo i Pi faa os aaa Sears rept ce a Soares tots i hoc icone Gr anon Oa et town i Bae ee ot Ka a Sipe Sal ries ae + Si sbi cnter ae ae Saat fects Celi ae ten dade Dieses cs Sn tse eee seine shat at dg, tp dcr Seer Ge pe eee Fees Se Rapes op Sods acca 12 lp Cit cae toot paler ds Sic pall marie ioe es ee ale Soret falcata of a ea Fee sleet eae rea oral antes ements a il Stites Fnes ce eece Goal Cr ao eee ech pe ao TITISCLILCSCLLCLCLSLALAKKSKSKSKLLCSLAIELAEELETE MUCRRLRELARLLUSSSSSSSSSUSURU UE ETAY tirano corrapto Tebiang Kai Chek, que usava, em 1927. 8 corpos vivos de comunistas e de suspeitos de comnismo para ‘limentar 9 fogo de locomotias. A série Infnita dos ermes perpetrados na China e das humilhagdes impostas & nasio ‘mals numerose do. mundo explica a forsa da ceajso: 0 ex- Império do Centre tornou-ce centro do comanismo, ameasan- dovas iltimas cidadelas do colonialisma na Asta. Ja slo poucas. A maice parte dos paises auiticos tor. rnou-te inlependente. Mas, em muitos casos, essa indepen- encis € apenas aparente: a base econSonica contings firme mente nas mise dos ex-colonisadoren, A miséra infinite das (Poves astatcos também continua: em muitos paises chegow a Sagravar-se. B a Injasticn que se perpetus. 2 a ingratidio. Bois'a Asia ¢ a mde do. género humana. Uma vctha, frase afiema: "EX ORIENTE LUX", em lradusdo lore: “Da Asia veio a Lus do Mundo”, Telve: 0 ddesconhecido autor dessas palavras tenha pensado, em pr Imei linha, na religto erst, que. nascendo na bacla oten- {al do Meditercinco, conguisiea a Europa e. depois, outros ontinentes, Acontece que. a Asia nfo ¢ apenas 0 bergo da Feligio judewerits, mas também do islamismo, do. soroas” trismo, do hinduismo, do badiemo, enfin. de t8dae as reli- ben universe. Ninguém tem 0 disco de subestinas Esse far. nem sequee em nossa épecs, na qual tio grande. parts lo mundo professa 0 atelamo. enquanto @ eutra parle ~ @ ‘Euvopu ceidental © a Amésiea’~ featica atetama pelo con portamento, sem confessaslo; «0 exemplo da expansio do fr— lamismo na Africa demonstra que 0 papel hstorco da Asin, como."mae das religiges”, ainda nio\estd terminado, ‘Basta ler on reler Herddota para se intelrr de que papel da Asia ndo se limita 8 historia des religies. Da" Asia bieram 0s primeiros concetoe da citnela astrondmica, Con amos 0 tempo e dividimos 0 circalo até hoje, assim como oF Uabilbnios dividiram o circulo e contavam o tempo. Nao deve ser acaso 0 fato de que a florofia grega ¢ 2 ciéncia grega indo nasceram na prépria Grécia. mas nas cklades gregas ds ‘Asia menor. ‘Tradupdes dcabes salearam de perda total a cen ia antiga, transmitindo-a as aniversdades da Europa medic= wal. Na mesma época, introdusiram-se na matematica. oc Alental os mimeros chamadoe ara. ue tka nn terdade sin ddas grandes conquistas do espeto indiano. Pesquisas mais recentesrevelaram que no mesmo século XIII a arte chinesa Inftuenciow a primeira grande pintura ocidental escola de Siena. f incleulvel, tas [ol certamente mutto grande, a ine Heencia indiana e chinesa teanomitda pelas vagens asiéticas {dos portugutses: chepow a refletr-se no extlo das habitagses dos séculos XVI e XVII em Portugal e no Brasil. e em cons pple como igre de Nossa Sinton do 0, em Seb ‘stile rococd empregaré com gist, especiaimente na Fran 2.8 linhas da crnamentice chinesa “As fabricar de poree- fang de’ Sevres, ‘Metzen. Viena, (Capodimonte ctarko 1m extra de pequcnos chineses cdades incras de pequent: ros pagodes. A China parece pais de bringuedos, lingua Trancesn conserva até hoje expressso mets carinhosa © Me bejoratioa:chincsere, Mas ndo € chinoisere a trapédia Lospelin de la Chine, dle Voltaire. Os missionsrios da Companhia de Jesus tinhamt Introdustdo na Europa 0 conhecimento da. flosofia moral © politica de Conficio, que logo. foi exaltado como pendant Sriental des grandes Sebios da Grecia. © aeculo XVI pre- Fevolconri,venera China come! mal de pals ben oF ‘ganizado, sem arstocracia feudal, sem classes oclouas ¢, prin Epaimente, sem. ax superstgdes de uma relgito dogmatca No fim desse século ox ingleses descobrem as religioes anti ‘988 da India. Com Schopenhanes e Wagner entra budlamo fa consiéncia earoptie. B fenmeno lateral 0 ensismo da im de side pela piniurn japonsen e pela poeta antiga da China, que inptrard'a Cancho da Testa, de Mahler. Pot uma moda. Mas 0 budlomo nfo perden seu impacto: hoje, nos paises anglo-iaxénices sobreuido, 0 Zen € a reigio dos que Drocueams verdade além das vecdades earopeie, Todas essasinfluénclas asatcas foram mais ou menos superteais. ‘Sua andlize revela-as como mascaras ou fart sias teologicas de outros inertses. mut diferentes, E par- te considerdvel do lioro de K- MI. Panikhar sstd dedicada. i rocura das infrestrataras matriais que estio por tas d ‘queles modas extétcase eligiosas, ‘Nos manuals didsticos aparecem az Crusadas medie- vais como grandes movimentos esprituais, pelos quais ari tocracia feudal do Ocidente procarava servic @ Devs © resta- toleershe 0 Reine da Tests Santa; 9 ndeersiri.‘slumice continua sendo tackado de tino Bérbaro, wsurpador dos Lugares Santos na Palestina, embora, em contradicho com lato, no se posse silenciar a aplicazto dos horton cat eus-medievats pelo contacto com a ciéncia arabe, Nove, ade. a segunda Crazada fot. por tras do’ captoviah aa ic Berard de Clarvaux, um insthimento da pelea tanec, ou, diriomos modernamente do impetalisma) de reno dos normandot na Sica: e = quarte Crusade toe Sin famente uma emprtsa militar a Servo do allo comercle ie Veneza que 0 verdadeiro objetivo ja nie ¢ a guerts ein os ‘augulmanos na Palestina, mas a conquists da coutanisioe Bina, Pouco mus tarde 0 comic de Venere, Came syed inapleara as viagens dios misionarios feoneiocanes ede Marco Polo att a China: a influtnia chinesa nos qoadres dee alares de Siena ¢ um reflex esterco de cree ben ecco, ‘brides pela venda de apicar e pinenta da Tada's de Chas 45 clades de Flandres ¢ da Inglatera, Quando o agonizante colonialism portagués ainda se agacrava a sua teliquia indiana’ ‘em Gos, nuea detos de corfandador da Companhia de jesus fot'sen dase vo grande missionério. um doctor gentium. ues ‘J se observou ects rents can ad to Jn fertendo em pouco tempo mihares de “papios”, [ebay sfemeres, n&o deicando quase nenhum oesigis. Perum ie g franceses. "Na Franca, peincipalmente. tesvon des rites". lula dos dominicanos contra es misconarion fe sta que tinham permitido aas nedfitas chinescs & cbseeda ‘ia dos ritos familiares de culto’ dos antepassados. A open, tunidade de penctrar na China perden-se 3 restavam, como ‘gualmente, e contra o feudalismo aristoctatico ¢ contte s ni, rnarquia Feancesa. Em compensasio. os franceses colar, ram-se na costa da India. Mas foram desalojados pelor on, stésex, pelos exereitos de Clive pela administasto fe War, re Hastings « servigo da Companhia iin Indine Onions Com a intervengio da Coroa Brténica nessa poderosa com- panhia mercantilcoinidin providenciaimente a deseoberte da {erature em sanserito © do budismo por Sir Wilkam Jonce E quando 0 Reino Unido desapeoprion enfim a Companhia, ‘ssumindo dirstamente a admintteesdo de India © seforarte fem sangue'a grande revolueio dos indianos, nesict smeonee anos de 1850 © 1860 curvcu-se 2 Europa perante a fos ‘Sumibualta de Schopenhauer. posta em mitsice pot Rohe Weonce. ‘A rainha Vitsis fol corcada Imperatls da nde a gxplorasio intensificou-se: © nos romance de Dickens ag nln ladies Fzecam metus faves bem grosses para pepe ontta 0 frio as pobres erlang pape se ibe: oman ete orem fn ds scompanhava 0 sforso angio-sasbnco de arma’ Japs bara cae Esper dete or esas gece aE olonizaeso inlesa na india e @ americana na China, © sata pela cilatrs, pots © Japto, como'0 aprends de Fetccne, ometi-seindependente demas ¢ comeyou a expaleat on ence, us todos. O im da aventucs al sucedida for © sctabele, cinento do regime comanista na’ China. Hoje. or beatnike americanas cuitioam © Zen, 0 budisme gintsles, somone tempo em que os exércitos americanos invadem o Viemon Incendiando as aldcias e farendo a estatégin da terra tas para proteges. a cillizaedo ccklental erista conten 6 valho Fantasma do “perigo amarte ‘Asia, que durante sécalos © especainente durante ‘temo sécuto fora mero objeto de impledoen explorer € hoje temida. como a mals perigesa emcape, 0 avakening of Asia, 0 despertar du Asie realizoune de me. neta inesperads. Os ex-olonizadores sam [alae hoje, tos sptto guerreic da India e em imperalisma da Ching Unda ndo se sabe, neste momento. 0 desfeche dy ters vel Batata na Asia, Se — como € mais que provivel {5 europens eos Estados Unidos chegarem a peed in poston hater no préprio peito © confesar: "Mea culpa, mea cage, mee maxima calpa elo menos uma des profess daquele vetho loro sobre 0 despertar da Asi" realzou-se amplamente: 0 continents fs enormes progressos econémivos. © fata de que cone are, aresous apenas Geneiciaram os investidores eare-amercoioe e PERLULULULULULUOSUSOSSSSUEREEL ITTY € 08 pequenos grupos de servigas do capital estrangciro nos ‘nines atistcos! 0 fato‘de que'a miséria enorme das encemes Imasias de populagto ssistea continaa clamando 90° Cet © Tato de que as intcrvengbes bélicas na Coréia'© no Vietnam, as medidas de repressdo na Tallindla e no Tr8. 0 suboeno de iittaves e poicos na Indonésie © as Pilipinas agravam at fonds seciais — todos esses fator nfo deve sludir-nos © progresso.€ evidonte. Hs torres de petealeo no desert, fi ‘eles no lade. dow tempos, cattadas de. ferro c aeroportos floresta. © imperialism industializon ©. modeemisor Asin. Reali vertadcva vevuhaydor Agora com de pair © eero det Indastrialicacso significa prolearisagSo, que substitu o pauperismo. al € a iferensa? © pauperiomo detxa os mas- fins vegetar: a proletariergo 0 caminho para a tomada de constiencin ©. inpeiaiamo euro-ameriearo do. séclo. XX nao escollew por vontade prépria esse caminho, tio periiase para ele, Nao teve excolhe. A fome de matérasprimas hiecestidade de erlar novos mercados impuseram a reveluséo industrial na Asia. Confiavam na proverbial spaia dos massas faudtieas, anestesiadas pela miséria e plas religises antigas. Ennganaram'se. Ate budiemo do Sidewte da Asia €. hoje colt muito diferente das. Brincadeiras Zen que se cultivar nos Rvtados Undlos:surgiram nete forsas rectacionaries que fe liam, ‘meio involantariamente, ‘30° marsismo.atvista a Chinas © provedinento dos volenisadures © ex-colontadores lembza a wetha anedota do pal que compros para os flhos mas trombetas flautas e pedia-thes que Brincassem sem fazer bar ‘utho. Deram indistrias &s massas asisticas © provocarsm, nelas, novas exigéncias de Bem-estar © confortc: Agora, se ‘queixam do Barulho. © prepa da revalusio'na Asia © a ree olugdo da’ Asi, 'B este 0 fema do lioro de K.M. Panikhar. A nbs outros, ‘que agora temos a oportaniiade de i-fo estilo resta ons ‘quadrar a revoloeio asidice mum contexto malo, que com ‘Beeenda 9 mundo inttro Panikkar nos lembra que 0 impetialiomo colonialista na Asia no & Jendmeno de hoje nem de ontem. Sua histiria ¢ Tonga, embora sob diverses disarces. No entanto, 0 ataque mais agcestivo e a exploracio mais impiadosa, especialmente a India e na China, sdo fates do secnla XIX. E antes do Deeejo exprimie minha profenla yitidiu ave tnameroe amigos ¢ ‘ue to amavelmente © com tanta bon ven lade me ajudaram neste trabalho, particularmente aM. C, S. Veskatachar, 1.C.S., que se dignou seler © manuserite-¢ ime fer vérias sugestdes preciosa; « ao Se. Guy Wint que fe encarregou do indispensivel mas lasidioso trabalho da corresso de provas © que se ccupow com a publicacio, Du. ante mais de 15 anos tive véries oportunidades de dicate com o St. Wint os problemar que formam o sesunto deste livre, e € para mim um prazer decacar o beneicio que auled de seu profundo conhecimento da histéria asitiea, Miaka divida € dobeada para como Sr. Gealleey Hudson. fot sua imestimivel obra sobre a China eo Ocidente que me servi de quia, como a todos que extudam as relagdes entre s China 4 Europa no século XIX: inas devo tnmhem a cle um ne Conhecimento muito particular por se diguar reer o meu mac ruserto e reificar a ortograia dos nomes estrangelves. Quero também agradecer 20 Se. J. V. Ford, da Embei- ada Britiniea ex Pequim, por me ter fornectlo. tuas tras ddugoes ainda inéditas de indmeros documentos chineses de grande importincia, A DOMINAGAO OCIDENTAL NA ASIA DO SECULO XV AOS NOSSOS DIAS ULULLULALLLL ELLE ELECT ELLER ES Fn elena to reparada pela Centro de Catalogag-na-font sinpr€htb NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ) Be 2: & Pamnar, K. mt. (Kaolom: Medora) 1886 19K 72194» A Dominagho cident na Asia: do steulo XV aos nossos diss traducio de Nemésio Salles, prefécio de _— Otto Mare Carpeaus. — Sed Rio de lanivo, Paz ¢ Terra, 1977 —_ Do orignal em inglés: Asia and Western dominance — Bibograia 4 1. Asia ~ Civizagso— lfutncia ocidentl 2; Asia ~ — Ini 3 Asia ~ Relagbes (ets) com o Ociderte — Tila — cpp - 327.405 — 308 — cpu = S21) oy S3na's) 08) a0 77.0589 a0 : { —_ — — —_ = men@ EDITORA PAZ E TERRA Conelho Bator mae ‘ntonio Candido cho Peraus Fernando Henrique Cardoso Tul INTRODUGAO ‘tal diigime te, em 1925, somo ohjetivo de eivdar ao namalva das Primeiras expedigoes portiguesas a0 Oriente. E la, naquela praia de Belem que viu partir Vasco de Goma em aus fie Imosa viagem, ocorreume a idéin de escrever uma historia ddas eelogees entre a Europa e os paises da Asia durante 0 longo peredo culo inicio € atsinalado por essa tevessin, En- controve-me can Nanguia, em 1949, no niomemto em que os pavios de guerre europeus evacuarnm suas bases da China Continental: poucos meses depois tive a oportunidade de viae Jar em compass dos representantes dplomaticos dae nagbes ropes gue havin abendooado, Neng aps a pool ‘magao da Repibiica Popstar em Pegiis, Anterormente pat Ucipaca (a pert de 1930) das dicussoes que deviam Gon so toi da domination lw oj ee lurante 25 anos permanecera engavetado e ate entao apenas dera lugar a tres extudos limados (Malabar and. the Por. tagaesey Malabar and the Dutch India and the Indian (Ocean) — podia alinal vie & ls ‘Os 450 anas comprecndidas entre a chegada de Vasco a Goma, em 1498, e a reurada, em 1947, das foryas britt- ncas da finda, e em 1949 dos navios europeus da China, cone ‘utvem um verdadel%o periodo histérico, Em que pete mul tipicidade de suas etapas e a diversidade de suas evolugoes, ermalgrado a sucestfo das hegemonias, este period, con dderado em sew conjunto, possei uma fisionowia. propria que The confere ume realidede distinta no curso da Historia, Var riaram os grandes temas: un elemento essencial da primitive btientagio — a Idela'de uma eruzada contra o lait e de usta fexpansio estratégica do poderio muguinano — dessparece ” depois que a batalha de Lepanto (1571) fez cessar na Europa, Ccllenal a nmeaga ropresontada pelo desenvolvimento do ta Feral min, A preezupacio ere em mantr © mo Bopalo das eopecavas cedev hier, 20 cabo de 100 aoa, & Jeinpostar teidos, chi ontras mercadoray:finlmente, com STrevolugio lndestel, fez-te sentir ne Inglaterra a necease Gaile de encontrar na Asia mereados para os produtot man- faturados c, depois, de investircapiteix. Os inteesuea euto- Fes Puente comers em oun gen, trnaramn, 50 cose petilo a pucponleantts eseves por Itsh ae temadamente, em mos de diversas nagBes europeis.” Os o- landeses haviem arrancado aos portagueses a supremacia co- sescah esta, no século XVIII, fo 0 pomo de dacordis entre 1 Franga ea Inglaterra, numa lute culo desfecho no se Tes ‘xperars Dai em diante at oinco da Segunda Guerra Mun: Gis, @ suprenacia inglesa jamais fol seriamente contestada, A denpeito de tals mudangas © metamorfoses,o periado Vasco da Gama apresenta una notivel unidade. Pode-se ca- facterctelo sumatiamente pela dominagio de urn poténcia ‘eritima sobre as, messes Convnentals da Asin: pela impo- ‘gio de intercdmbior econdmicos sobre, comunidades cuja ‘ida econdmica tradicional repousara at enldo, baseamente, he produgio agricola e'no comercio interso ¢ n8o 0 comet: Gi ntermaconah fnsinente, pela dominagio. que execam Superioridade martina. Naguela tpoca de preponderaacin ma- Fine, 0 concole dos mares dava a supremacta, Durante 400 fnor ~ de Vasco da Gama a0 comeco do século XX — no houve poséncia martina capaz de por em pratica uma politica ‘ceinign ex outta parte que nio o Atlantic, por isto 0 rontro- iS este sssegurava o dominio do oceano Indico e, no final de contas, do Oceano Pacifico. Durante os 100 primeiros anos ‘0 dominio do Atlantieo coube as poteaciag bévicas: porem, apos 8 disperse da. Armada de Elle Il da Espanha, clas 0 per- dezam progressivamente era favor das outes poténcas cire- peins. O controle dos mares asisticas nem por iso deixou de fer fendmeno essen ‘Bata ebuervagao € valid nfo apenas pare paises como + India, 0 Ceilao e's Indonésin, mar tambem para = Chisa para 0 Japso. ‘Durante cerea de 300 anos 9 tmpeno ¢hises franqueou apenas um porto 80 comérco ocidental; os euro- eus ainda nfo gozevam do dirto. de cesdir em teresa fines. "Todavie, pos. 0 sparecento dos, barca de’ Peres tos mares da China do Selo inpeso, indigo sobre Continent, vuete forgado a retcarse dos mares eos jureoe hineses, dat por dite, cessram de is 2 Malgca on a Jove [Nie obstante os portugueses a0 chegarem, haviam econ: tee un grade amo de baron chiens, Os sues ¢ enisule vviam eob e voga escrona ‘da pete Enfim, os chineses mantinhom também seine ni pores con aug donk Eupremacia naval don partagueres pos Tinted loo. Pode: Seafizmar, de fato. que a China fl submctida a um yerda: dro blogues, do’ principio do steulo XVI ate meodos do stculo XIX. Também os Japaneses comerciavam com os pal ses malaos eas has Go Sul: de supor ste que tinkam fm goes scbre Formosa © as Filipina. Ainda aia chegada dos Portugueses teve como efeto estragi esta atividade mat tim, exceto nos mares da China do Norte e da Cordis. Este Bogueio da Asa plas potncins sacs curopeiae € 0 pul incito trago que dh unidade ao periodo Vasco de Goma ‘A impesigso de Inteedmblos econtmicos aos pawes da ‘Asia ¢ a: modilicagio drasticn de todar av formas de vide dai decorentes igurem entre os temas principals deste estado: Sa discussto no momento & portant, desabida, Cabe ape: Srey ns ice penn, a foo as caractersticns petmanentes das selagees entre s Europa © 2 Adin Mesno quando se colocivs Como objetivo. principal fntraquecero Il, era aastendo or moutor de comsrco das Stpucnns, cono ‘9 most proclamagio, de Albuguergue fm Malaca, que os portaguesescoperovan dstirve © oe, ‘eso. 8 atividade comercial epoinds nama supeemaca navaly tis. poltica dos portegueses, A cra de em mercado man dial de especiria, conseqhtncia do seu enorme aflixo para 4 Europa, acarretou mouificagdes na economis dae regibes Costezas ¢intulares que produsiom fais gencros,porém no Sfeou profandateste as grandes potas do leo, flo yenes fo tempo. dos portugueses, Com a chegads dos ho: Tandesesc dos ingleses,« stngi0 modiicouse peuco a pot ©. O comcio inglés com a india spoiavase em maior parte ‘to nas especianas, mes no algodso, em produtos de Mixe, AS es . & RURLLLLLLALLELLLLECE Tee eee eeeeee anil © no salts, A. procuga dessas mercadorias fol tamanha ate, no corer do séfulo XVII, © comésco maritino velo a Sera" cement piel de economia indiana, dela tRenio do over politico e econbmico das regibesinterioranas para as repioes costes, aacenado e' aubide a0 poder de {ins clese de comerciantes ligada aos interesses estrangeitos fo dot movimentow eatescnis das hist da fin e de Ghinas depois que o comercio com = Europa adguins waa tmporténcia vital para estes plses, A peedominfacia de sia Cropomia comercial aa vida dos povor és. Asia constitu ‘titer essencal deste petiodo, gejom quis foram as formes {Gur tena atsumido: no steslo XVI, monopolio das especie is, ‘no seeulo XX, investinento. de capita ‘A’ dominagdo politica pelas nagies europties da quace totalidade do tontinente aalitico —~ resultado expetacular © fo guel, naluaimente, se prestou a maxima atencio — fi Hosomente a conseqaencia dos dois primeiros fatores, O flomino. dos mares permit As nagBes européias levar sues forgas a qualgucr posto da Asi, sobretudo ® parti do mo- mento em gue'o poderiopolico © econéaico dos grandes f- Périos orienta fof eblltado pelo monopélio exropeu do co- Tercio martin, A dominagio poltea reforcou-se com wna ‘outrina sacsta determinos wma slidariedae dos europeus face aos asiatics, estes dois fendmenos adquirram cooside- rhvel importincia, nae rlagSes entre a Asia e 0 Ocidente, ‘im titmo.traga confere 9 este_periodo sua uallade © Ihe diva verdadeira isonomia® 0 exforco incessante, incan- shee. de critanizaglo da. Asia, Seria entretanto ua erro Scredtar que esta fol sempre una caractevsticaessencial das felagées enteea Europa © 4 Asia. Os portuguéses, 8 ¢poca da Hcstoberta ecam antes crusades que. missionirios, param pera combater o Tela © aio para evangelizar o mundo. Ape- Bas durante’ grande sobressato do mundo catéico que € 2 Contra‘Reforma, a nagdes da Asie comesaram a iaflamar 4 tmaginagio missionarias Como no caso de Sio Fr Xavier, que encarnou perfeliamente essa mistica, houve, dv fante tim curto period, win grande movinento para conver- ter os pagios da Asia, Fot apenas fogo de palha. Apés a hegede dos holaadests, dos ingleses, e com 0 declinio dos powtugueses, a atividade misslonéria ‘aa Asia foi posta de {Edo durante mais de tm sécuo. De fate, as seilos protes- tantes s6 vieram a interessarse pela evangeizacio en fins {ip século XVIII, © suas mistoes da China e da India, que innrcariam t20 profundamente as rlacdes Europe-Asia, foram Kengo da ppremacia paca do Ocdete © ob grat 2 le [Essas caracteriaticas emprestam a esse periodo sua fl sjonomia pei « define-he ox contorpos Rates, Ver. dade e que, se a dominagio politica da Europa sobre os ists da Asia chegou a0 fim, o capitulo de ‘io. se encerrous a Europa pesmanecen ex fe ‘Abi © seus lagos ehegat a (ser, em varios, dominio, sais Gitretos que dates; @ coméreo entee or dois continents por exemplo, € atusimente muito mais desenvolvido que no passado, O ponto eazencial € que a natareca dessas relacbes Se modificou completamente. As relagdes poicas entre os placa da Europa e or paises da Asia sio hoje em dia 1 Taeees entre paises indépendentes, Doravante, a Asia © a Elbrope encontram-se face 8 face, © no te pode ainda prever se omens de tal conrontacta, Bale ser ‘lesa fodavia, de que ag relagdes Europa-Asia do Upo das do pe- ‘lado Vasco ds Gama estio dagui por diante soperadas, pois fntze a época que acaba de abrie-se e aquela que a antecedeu Drodyxnimse modiieagie realmente fevoluconis utzosinal marca 0 surgimento de una nova epoca: a influencia cresceate dos Estados Unidos « da Uinito Sovie tia mun nepiniee de -Asie, tnflueuca. que ok date de hoje Ji'em I8ff'cs EUA atinglam a cota do Pacilic, ¢ alguns provincia martina de Visdivastoque e fundava a cidade de mesmo nome. ‘Os Estados Unidos, nos 50 anos que se segui- Tam a passos de gigante no Pacifico, por um lado desenval ‘Sendo Seu comercio © estendendo sias zonas de influénci na ‘Ching, por auto lado, anexando as Tulpinas, apés sus vitO- fia sobre a Espanha, "No curso dor dois primelcos decénios este século, a influéncia norte-americana ja, se tornara con- Sileravel © apér e Primeira Guerra Mundial velo a ser pre- ponderante ¢,lentamente elipsou a da Europa no Extremo- Oriente ‘A influéncia ruses desenvolveu-se paralelamente 4 ine Fiugaela dot Estados Unidos. Durante a segunda metade do 2 século XIX, a Réstia stingit as fronteias do Afeganistio © ds India, gfagas 2 anexacio dos eanados de Quiva e de Bo- esto, € 0 lmperaismo ezarista penetrou na Manchiria. En- ‘quasts os americance vinham de Teste, pelo mar, 0 avaneo Fst Se Zain a0 long day rote interes Bots os Imovimentos tiveram por efeito golpear © poder das nage: ‘olonizadoras da Europa, que viram sua iafluénia desapare- cee em provete das duas novas potéaciae cujae relagbes com Asia sempre foram radiclmente diferente dae que mant ‘ham 0s pases ocidentas 'O pesiee que abrange de 1010 0 1914, « que pees chamar'o sécvlo' de Augusto dos impérios europess dn Asia ‘testemunha, simultaneamente, tanto do despertar do nacio- felismo alitico quanto da promorse dos Estados Unidos ¢ da Rossin come pottncias asatcas, Ndo propésito da Sente obra estudar a fundo as politeas russa’e america ‘las nos intreatom apenas na medida em que permitem uma txata compreensso das poltcas européias, Pode-se ressaltar hada obstante, que a presenga russa na Asia € um fendme: fo geogrifico e que ela se manifesta com uma crescente evi ‘encia no curso dos séeulos. A teés grandes potencies as ticas ~” faa. China © Jspio ~ tem frontlras comine com 12 Rissia soviétea. Por io a Taflatneta russe, continental € ‘do maritima, difere essencialmente da que Europa exerced dhfante guaio ssulon © conato om, Amticn ext por thda pelo Pacifico € imeasa, e embora este timo tenha per tmanecido, inexplorado ate a chegada dos ewropeus 2 Asie, pode-se dizer que hoje em din os paises do Extermo-Oriente a América estdo multe proximos € que se tomarso cada ver Inals préxines, com o progresvo das comunicagSes atreas. Por todas esas raabes devera ser evidente que a desaparecimen- (da dominagio politica europtss sa Asa marcesse 0 fim de tum periodo. ‘O fracasso final da Europa na conguista ¢ submissio da Asia @ um exemplo dor limites do poder martino ¢ contém tuna liggo que nao se pode subestimar. Hilario Belloc afizma, com referéncia 8s Cruzedas, que seu fracasio “iusra uma es- Décie de lel de toda a ston militar: dedicar-se 8 marinha tno dominio aiitar ¢ um engodo que, n0 final, «6 conduz a ‘tolluea. Now grandes cubetes deciives da Histérn, o com po que se ia em seu poder maritino & sempre vencido pela Doténcia tector; a potenca marlima, quer se trate de Cart ago, de Atenas ov da frota fenicn do Grande Rel, € sempre batida, mais dia menos din, e a poténcin territorial sempre fal vitorosa’. Na" Asia, por igual, os povor tettiorias afirms- s-te, com sucesso, contra os detesores do poder marino: Teflroda dos europeus a consequtucl, em altima analse, do despertar dos imptzioe terrtorisis, que se deavencilbaram Drutalmente dos extraver do mercartilma maritime, (Certos historiadares evropevs tendem a ver na expansio ceroptin ne Asia fnpetur de tue svilayse am source, ‘George Sansom, por exemplo, escreve: “A iavasio da Asia foi a manifestacdo, « inewnvel manifestagso’ de uma cvli- racdo em marcha. Ela aisinaiow o nascimento de sma nova era da humanidade"! Maso Professor ‘Tawney ja enite ‘inide totalmente oposta: para le. as primeias invasces da ‘Asia abo apenas indiativa da cobiga dos mercadores de Ane tutrpia. “Portugal e Espeshe", evcreve ele, "poseuam aa lives dos tzotrs do Oriente ¢ do Ocidete. Mas Portugal finha uma populacio tris, so Imperio que nlo ia slem de uma linha de fortes ¢ de feltorias spars. por 16 ail ‘uilgmetros; quanto A Espana, depois de ter tdo, durante ‘tculos, um exezcitotsunfante, cambaleava agora, sob ¢ peso de suas conguisas imensaa e dnpersas, eligi ate 0 fone imo, com una icompettaci em matin economia ge che para colher estes impérios Que tnhats plantado, © primero om sim paciente tsbalho, 2 segunda com a ajuda da sorte, revelaran-ce incapazes de guardar o expalio acimblado de Pitas mals bem edestrado nar artes da paz."= ‘Em realidade, a conguista dos mares asiticos pelos euro- ‘peu nfo fol nemo impeta "de uma ciilizagdo em marche", fomo Sansom gostiria de fazer-nos cier, nem um eopetaeald ‘de tteres montado por hibels « invisivels mercadores, A Eu ropa desjava snplesmente mover-se nos imensos terririos Islamitae do Oriente Medio e soir da pristo mediterines, % CULILLT ECL LCCC CCT e Ts conde estayam confinadas suas empress. Tawney fgualmente fbservas "Sager as tiquezas do Osieate pelas cetrctas aber tures do Levante signifiava, para a Europa, impor-se limites fatais e condenar-se a uma morte lenta, como um gigante fe 2 pudetse apanhar tua comida pelas (restos de uma farede’" Por cero alo se pode negar que 0 dinamismo dos ‘iopeus, mermo nessa épocas remolas, tena sido um {ator de capital inporténeia, Todavia, nfo se tratava, e por mula tempo nio se tatou, de civllzagdo em marcha, de encontro [Se boss inde ea aa arte esc rea fo écalo XIX, 8 ealdo, a expansio européia apreseatou fais caracteristicas, As modificagbes revoluetondrias de fins Ado sécule XVII «0 advento da grande indistra Hzeran ‘srgir na Buropa novas estuturas socials, econdmicas © po- lkcas; a expansio ocidental, a partir da, colocava em questio os préprios Tundamentes dae sociedades ovienais: domina- ‘ho europeis 56 podie, assim, provocar consideraveis mudan- {at sotais pollcas na Asia, Ver, potém, nos aventureros mercantis dos primeiros tempos or campebes da civilzagio, cigental em Tuta contra os barbaros da Asia ¢ seguramente Intexpretar 0 passado & luz do presente. Por outro Indo, todas ae cbras até o presente dedicadas a esse periodo limitaram intencionalmente © campo de seus Sotedoar Ae ngore jemais se tentara hooguejar tum quadre ‘de conjunte das telagbes entre a Europa en Avia nio slams A obra de G. E. Hudson, Europe and China, de resto muito corte, 36 val ate 1800 sa recente tose de. George Sanson, The Western World and Japan, trata apenas de passegem © problema mais genérico das relagoes entre a. Europa e 3 ‘Asia. Guy Wint, om Britain in Ani, extudo de modo bas. fante pertinente a5 estruturas do que denomina civlzagso anglo-asities, mas, aaturalmente, limita seu interesse 38 pos Seisder briténicas, Existe assim um grande nimero de obras de vastointeresse para a histéra de cada pals, mas que des conhecem, todas, 9 unidade fundamental do probleme asid~ tico, uaidade alge que a situagio da Gri-Bretanha na Tadia contsibuiv bastante para mascarat. Assim € que wm ministro Tntdnice dap Relogece Emteiores cxpliceu, costa fain, owe rio se devia falar nem de Extremo-Oriente, nem de Oriente % ‘Médio, mas de {ndia, Tsolar de tal modo a questio da tadia ‘nglesa do conjunto das questbes asiaticas significava estar condenado desde logo a neda compreender da Asia. ‘A presente oben nio Visa a outso objetive que 9 de zes- titair a Gniea perepeciva vslida sobre os problemas asictleos Derspectiva que, de resto, fo! a dos europeus dos séculos KVite XVII Gosiara, se me fosse permitido, de acrescentar que, stm david, esta primera ver que um historia ast props conpreender » expan 4a anos de stvidade europein 1a ata Terre T Tee A EXPANSKO 1498 - 1750 CAPITULO PRIMEIRO A INDIA E © OCEANO INDICO i Vasco da Gama desembarcou em Calicate, na costa. se does da Tada, a 27 de malo de 1948. Sus chegede aed pala sem qualquer divida, uma reviavola na btéa ds India eda Europa, [A India ea conhecida da Europa desde & mais remota Astipidade. Soldados indianos harem combat na Gates tan blcas peas, antes mesmo de 480 a.Gs¢ mute natch db Aterandse ating 0 Indo,» Hélade e« lnda mastnton seage migte A entre eres Jog fray laumenteescala "nos porto indianos eas etesagoes te [Aveamede rvearam gut'ne prince neue 2G eee cere jm Horercente! compre ene S imparis eens cr estado da Tato do’ Sal"Os gedgefor grepes'¢ roma ‘os conketam a coats indiana e Hovis snsalgis © 2m pélgo indontio,‘Meano nas epocas em que ar rela Ho Stam to regulares nem tho eset, come pot sien oe dade Meda, 9 Tadin contnuava a excar ao tasalnegoet seca to ena om nes moments Ri fone totalmente Igoorada, pee as primcios Crnalens Interesse dos europeus pela Ase 6 fe crecers Veneca ¢ GE, nova postulam Informaybes bem detalhadas scbra economia {0 comercio ds Tadin ¢ os prodator Indios takes lana S16 cm Antutipa. "No atclo Rll ¢ em prinipon lo ate Huai Pi, rel Odoscn de Bordenne © ome Cor ino fora apenas os mals notivels dentre os numetosss cropens que vistaram a india, Segundo observa de Hie HELLA [alia comn tors do Dest 6 denen bedto te Histon Geral. ‘Besde'os tempos mala remotes tedas ss a0 gies dicgizom suas paindes € seus ardores para 0 objetivo de abrie caminho aod tesouros dessa tonya de macsvlhe, 26 ial ress oie a Tera conic, tous da Netaerd ols, diamantes, perfumes, essacias de rota, ledes, cle. antes ete = tants quanto‘ tesouot de Sabedora Como ‘asseram tas tesouros para © Ocidente? Eis una questio n= Fortante para a histgia do mundo e que se enconten igada 20 Eeatno dan nage ‘Alguns anos antes da chegada de Vasco da Gama a Cates tm emtssaro. do ret Joao li, de Portugal, deren Darcara em Malabar: Pero de Covlli, lingUiste soldado, Beading ee epnceenjuttrne Pale se Dibtergado’ de muculmano, embercara num navio arabe © vic ‘ara Calicate em 48 Cxatamente 10 anos antes de Vasco Sa "Gana "Or inc presi. aa fla © fentreportos no Cairo oo Tonge de toda a costa. meditsrh- fs, ate Fea. Vasco da Gama fol acolhido em Cateute por ‘ois mouros de Tani, que The deram as boas-vindas em ce telhano. Diante diss, pode-se indager qual a importancis real da “descoberta” de Vaso da Game, ora apreendé-la,€ precio dare conta do que repre- seotava a realzagdo de um sonho de dats seculos eo produto de 75 anos de esforgos ininterruptor. iste sons ere aca. ‘lado por todas au idades comercantes do: Mediterrinc, om exceco de Veneza: os eaforgo cabiam sobretade a Por Eegal Os mperativon soon pine «eto t= Dlittns em tal anne tal large #8 coconttom eupcgts fm certas tendénclas da historia Curoptia no curso dos dots Seales precesenes Desde « épaca de Saladino ¢ de sua reconquista de Je- rusalém em 1187, 0 Ils, apoiado no Egite, constula ume Basia intransponivel entre Asia'© @ Europa, Extinguta se a extraordiniia chama de entsiosmo e dr ardor gue lat. E10 8 Ststandade nas tts primeira Crusadasi a viosa de Sciadine, data decnva ina hiatora do mundo, taplatars por séculos & dominagio.muculmana nes costat da Sita do EEgito. Ora, estan eram regis vit, c tanto os europeus © sabiam, que divigiram a quinta Crusada (1218-1221) conta © prdptio Egito. Imperadares e re, condusidos por So Luts. ‘onjugaram seus esforgos em sia ova esltina crozads; po- rm, como as demas esta terminou em fracasso, Dole siculos es ch eo sda ede na precioso litoral mediterraneo. y a Sein ay cas nel Snes: ee oe i soe ene «coment Sean dn ce ee mcrae oa net hep cn Pay ene, A Eas comer eee ee cee ene a pale rg mba ese nee SUNIL Bis: Alpina sce ig mney Nee llc cn at ta Sea MSS lates iter dg Sim so conn ie San sn. ea a ee rs nll hacen opt intels se mupende rane we ten So siete erase ae a aeons SHS Se sented Goma cra mo fs ped tll patentee mea aar sire loon paces sca leer me Sn ee ise lini nes a os coo oe Sree BO een a seer Sepee o ga ean es ena SSeS Soe omens teats panera omens ats, we cere c Perdomo Pere eee Steuer a a eco ih ers crete none Srvc rae Sagas oct seus dt Sn hi gm cy tae Seti Sought ena Paes rot Se Tan Secattn ee prepa mine omen eee ee ee eer Be eer ae ee a oes Sa ole Some Cane RLLCRCRERERRRRRERRREEERLEEEEER ECE Cee ‘9 mais rendoso doe cométcios aprisionave seus detestadosri- aie, os genaveses, num Mediterraneo do qual tinham de evs- Siig a qualquer como, se gubessem wbrevivr Seria difkil exagerar » importinese da sivalidade entre Veneta ¢ Gttoras no curso doe ctclos Xill e XIV. Estado serena, "Venezn er un cidade cas instinct pe Titieas, longe de service aos Interesses dos mercadores,pro- tegian) scina de tudo 9 comércio do Entodo. Os grandes threaores ydlom fra, por sm propia cot, mp o- ogres do proprio comersio dependiam da Estodo. Feotas ov tmavopéliog nfo podiam perteneer a particulares; tudo per Tencla eo Estado, gue regia soberanamente a economi, En Gtnove to era diferente As acces havin aan bareade » siquina governamental © 9 puseram a servige de Encertscesprivador:"a que se apoderatse do poder exilya Stue rivals” Exsa busca do. iuero pessoal localizava-se em {Glog'cc dominos © fasia dos genoveses conselheros muito fuvidlos nas corte, inovadores em moteria de tenica comer Stale plone dat grandes deseobertas ocefnicas, com maior fario quando tals descoberas tiaham alguma possiblidade Ee areuinar @monopslio dos Venesianos Por ito € que. na altima déceda do século XIIL, os ge- oveses submeterom tim plano a lied Argum, da Pérsi. + itis dai por dante neceasirio desviar as especiarias para 0 lls Bets CAS "tala poe wl Crete ioe ros ao norte do Levante, onde os genoveses, $ragae 20 polo dos paledlogos, baviam suplentado os venczianos. © fle os genoveses quesiam. afin) de_contas, era. conatule tins frola no golfo Perso para fechar o mar Vermelho a0 omércio indiano. O plano nao Se concretizou, porem Ge rnova ndo desviou um momento os olhos da India. Compreen- ‘dey gue apenas'a descoberta de im caminho inteamente ma- fitino podia arruinar a pottncia do Tsld © © monopolio de Venera, "Navegadores europeus jf the haviom mostrado 0 faminho: Ugelino Vivaldi, partind de Génova em 1291 para

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