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Milonga pra Hora do Mate

Mate gordo bem cevado


Com gosto de maçanilha
Um cheiro de figuerilha
Na fumaça do palheiro
Fogo de chão galponeiro
Luzindo à boca da noite
E a saudade feito açoite
Faz do meu peito um braseiro.

A dor que me desconforta


Chega na hora do mate
Quando a saudade me bate
Num pealo de relancina
Oiga-lhe maula brasina
Que vem me fazer costado
Pra me deixar angurriado
Ao relembrar de uma china.

Ainda bem que não me achico


Pra essa maula solidão
Na alma do meu violão
Habitam magias tantas
A milonga me acalanta
No fim das tardes amenas
E a alma velha serena
Num bordoneio se planta.

Se a noite reponta sonhos


Pra solidão do meu catre
Entre a milonga e o mate
Vou modulando meu canto
Não há feitiço ou quebranto
Que me emponche de silencio
Cantando as coisas que penso
Esqueço até os desencantos.
Eron Carvalho.

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