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EXECUÇÃO

O exercício da função jurisdicional comporta dois tipos de atividade: a de


julgar e a de fazer cumprir o julgado. Através da primeira o juiz declara a
vontade de lei aplicada ao caso concreto. Através da segunda o juiz adota
medidas para tornar efetiva a decisão.

O processo de execução caracteriza-se mais pelo agir do que pelo decidir.

Objeto da execução

Título executivo extrajudicial --> competência do órgão que seria competente


para julgamento de processo de conhecimento entre as mesmas partes (art.
877-A, da CLT)  a) termos de ajuste de conduta firmados perante o MP (art.
876, CLT);
b) termo de conciliação firmado perante uma CCP (arts. 876
e 625-E, par. Único, CLT); e
c) créditos relativos às penalidades aplicadas pelos órgãos
de fiscalização das relações de trabalho (CF, art. 114, VII)

Título executivo judicial  competência do Juiz (CLT, art. 649, § 2o) ou do


Presidente do Tribunal (CLT, art. 682, VI) que tiver conciliado ou julgado
originalmente o dissídio  a) sentenças transitadas em julgado ou contra as
quais não exista recurso com efeito suspensivo (art.
876, da CLT);
b) acordos judiciais descumpridos (art. 876);
c) créditos do INSS, decorrentes dos itens ante-
riores (art. 876, par. único da CLT e CF, art. 114,)
VIII)

Impulso

Qualquer interessado (credor, devedor, perito, advogado, INSS), ou de ofício,


conforme artigo 878 da CLT.
Matriz legislativa

CLT. O artigo 889 da CLT determina a aplicação da Lei de execuções fiscais –


que na época da edição da CLT era o DL 960/38. O CPC de 1973 revogou o DL
960/38 e passou a ser então o diploma legal de aplicação subsidiária (art. 769).
Com o surgimento da nova Lei de Execuções Fiscais, 6.830/80, essa passou a
ser a legislação de aplicação subsidiária pr imposição do art. 889 da CLT. Assim
temos:

CLT  Lei 6.830/80  CPC

Legitimidade

Ativa: art. 878/CLT, qualquer interessado: credor (seus herdeiros e/ou


sucessores), INSS, advogado, perito, Fazenda Pública (custas)

Passiva: o devedor (autor ou réu, advogado se condenado solidariamente por


litigância e má fé, herdeiros e/ou sucessores, o solidário e/ou subsidiário,
sócios) assim definido no título executivo.

Citação

Sempre pessoal, por oficial de justiça (CLT, art. 880 e § 2o) ou edital na
hipótese do § 3o.

Penhora

O devedor ao nomear bens à penhora deverá observar, se possível, a ordem de


preferência fixada no art. 655 do CPC. O devedor deverá especificar o bem
que nomeia, atribuindo-lhe valor e comprovando a propriedade.

Se, porém, o executado não pagar nem tão pouco garantir a execução, nos
termos do art. 883 da CLT, ser-lhe-ão penhorados bens, tantos quantos
bastem ao pagamento da importância da condenação, com acréscimo de custas
e juros de mora.

A penhora, em qualquer caso, será então reduzida a termo e nomeado o


depositário (em regra o próprio devedor, mas não obrigatoriamente).

Bens impenhoráveis: art. 649 do CPC. Observação a respeito do bem de família:


por bem de família entende-se o imóvel residencial próprio do casal, ou da
entidade familiar, o que inclui “o imóvel sobre o qual se assentam a construção,
as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos,
inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que
quitados”. Não estão cobertos pela impenhorabilidade os veículos de
transporte, obras de arte e os adornos suntuosos. Quando o imóvel onde reside
a família for apenas alugado, mesmo assim, a impenhorabilidade atinge os bens
móveis quitados que guarneçam a residência e que sejam de propriedade do
locatário.

Os bens públicos são impenhoráveis.

Execução provisória e execução definitiva

Diz-se execução provisória daquela que decorre de sentença que ainda não
transitou em julgado, pois que pendente de recurso. A execução provisória é
permitida pelo art. 899 da CLT, segunda parte, como decorrência lógica da
regra de que os recursos trabalhistas, em regra, são recebidos apenas no seu
efeito devolutivo.

Em regra, a fim de se possibilitar a execução provisória, é necessária a


extração de carta de sentença (caso os autos principais sejam encaminhados
para a instância superior), cujos documentos necessários são elencados pelo
artigo 590 do CPC (além de outros necessários para os cálculos, como cartões
ponto e recibos de pagamento, por exemplo). Caso sejam remetidas para a
instância superior através de Agravo de Instrumento, será possível a execução
nos próprios autos principais, ainda que provisória.

A execução pode ser em parte provisória e em parte definitiva. Esta bipartição


da execução já estava prevista no § 1º do art. 897 da CLT. Quando o agravo de
petição impugnar apenas parcialmente os valores da execução, faculta-se ao
credor a execução imediata da parte remanescente até o final, nos próprios
autos ou por carta de sentença, conforme o caso (cf. § 3º do art. 897). Deve-
se observar, porém, que tal previsão abrange tão somente o agravo de petição,
mas não os demais recursos da fase de conhecimento, como o ordinário, o de
revista, o extraordinário. Assim, no caso de pendência desses recursos a
execução será, em sua totalidade, provisória.

A doutrina se divide quanto ao alcance da execução provisória, em razão das


disposições do artigo 899 da CLT (...até a penhora) e do inciso II do artigo 588
do CPC (...não abrangendo os atos de alienação ou de levantamento do
depósito). Na primeira hipótese a execução somente poderia prosseguir até a
penhora, prosseguindo com os demais trâmites (embargos, etc.) somente após o
trânsito em julgado da decisão de mérito e o retorno dos autos principais à VT
originária (ver Manoel Teixeira). Na segunda hipótese sustenta-se que a
execução provisória somente seria interrompida com o aperfeiçoamento da
penhora que ocorreria com o julgamento dos embargos (Wagner Giglio).

Essa segunda orientação é que tem sido observada pelos Tribunais, inclusive
pelo Nono Regional.

“Quanto à execução provisória de obrigação de fazer, a doutrina e a


jurisprudência têm sido quase unânimes no sentido de constatar sua
inconveniência e mesmo sua impossibilidade. O caso que mais toma realce é o da
reintegração no emprego. A execução de fazer provisória acabaria por ser
definitiva. Reintegrado o empregado, receberia os salários pelo tempo que
trabalhou em razão da sentença judicial provisoriamente executada. Mas, se
tal decisão for reformada por Tribunal de instância superior, impossível o
retorno ao status quo ante do trabalho despendido” (Dallegrave Neto)

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