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NATAL COM OS REED

TAMMY FALKNER

NIGHT SHIFT PUBLISHING


Natal com os Reed

Copyright
Sinopse:

1. Nota da autora
2. Henry
3. Pete
4. Paul
5. Sam
6. Logan
7. Matt
8. Emily
9. Reagan
10. Sky
11. Josh
12. Peck
13. Friday
Leia os demais livros da série Irmãos Reed:
COPYRIGHT

Natal com os Reed

(Os irmãos Reed)

Copyright © 2015 por Tammy Falkner


Copyright da tradução © 2016 por Andreia Barboza — Bookmarks Brasil

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/02/1998.


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SINOPSE:

É Natal! Os Reed têm grandes planos para o Natal e esperam que você se junte a
eles neste dia especial.
NOT A DA AUT OR A

C arosUsei
Leitores,
um pouco de licença poética neste livro e voltei no tempo, antes que
o bebê de Sam e Peck nascesse, no final de Sempre Seu. Muitos de vocês queriam
saber sobre os bebês de Matt e de Pete, então senti que voltar alguns dias no
tempo era a coisa certa a se fazer. Também queria conhecer um pouco do Josh, já
que estou escrevendo Good Girl Gone (ainda não lançado no Brasil) e não sei
muito sobre ele.
Então, por favor, me perdoem se eu bagunçar um pouco a linha do tempo na
cabeça de vocês. Me desculpem por isso!
Obrigada a todos pelo apoio enquanto escrevo a série Reed. Quando comecei
Tatuagem, toque e tentação, não fazia ideia de que a família Reed alcançaria
tantos leitores. Isso se transformou em uma aventura para mim e adorei cada
palavra.
Eu e minha família desejamos a cada um de vocês um feriado maravilhoso.
Feliz Natal! Boas festas! Feliz Ano Novo!

Abraços,
Tammy
HENR Y

Q uando a minha Nan morreu, pensei que meu coração morreria com ela.
Ficamos juntos por tantos anos e compartilhamos tanto amor que não podia
sequer imaginar o que eu sentiria quando não pudesse mais falar com ela. Ou vê-
la. Ou ainda, quando não pudesse mais respirar o mesmo ar que ela.
Seu perfume ainda permanece no meu travesseiro, e espero que ele nunca se
desvaneça.
Ela ficaria muito orgulhosa do que os garotos Reed planejaram, e me sinto
orgulhoso só de conhecê-los. Mas estou ainda mais orgulhoso por eles estarem
dispostos a me deixar ajudar.
Visto a roupa vermelha e puxo os suspensórios sobre a camisa branca. Anos
atrás, quando eu usava essa roupa para os meus netos, ficava muito grande. Acho
que engordei. Mas minha Nan nunca se importou com meu tamanho. E as crianças
também não parecem se importar.
Esta noite vai ser muito divertida. Vou poder ajudar os Reed a transformar
alguns sonhos em realidade. Vou poder ver sorrisos em rostinhos que perderam
toda a esperança. E em alguns adultos também, se as coisas correrem como os
meninos planejaram.
Puxo o gorro vermelho sobre a cabeça e ajeito a borda, de modo que não
cubra o rosto. Pronto. Tudo pronto. Bato na barriga, e Faith, minha neta, sorri para
mim do outro lado do quarto. Ela está com o bebê no colo e seu outro filho está
abraçado ao seu joelho. Eles vão ficar em casa com uma babá essa noite.
— Você está muito bem, vovô — ela diz.
Sorrio.
— Onde está o seu marido?
Ela revira os olhos.
— Está se vestindo com os Reeds. Vai nos encontrar lá.
— Se vestindo? — pergunto. — De quê? — Com certeza eles não planejam
ter mais de um Papai Noel. E não quero ficar de fora.
Ela ri.
— Você vai ver.
PETE

E stou do lado de fora do presídio e remexo as mãos nos bolsos. Eu estava


meio que esperando que mais alguém aparecesse para buscar Josh, mas não
tem ninguém. Fiquei observando para me certificar de que ninguém da família ou
amigos viriam buscá-lo.
Não queria ter que voltar aqui nunca mais. Passei dois anos dentro deste
lugar. Mas, pensando bem, eu não mudaria o rumo que a minha vida tomou,
porque se isso acontecesse, eu jamais teria encontrado a Reagan.
Pego meu telefone do bolso.

Reagan: Onde você está?


Eu: Esperando o Josh.
Reagan: Ah, tá. Estou com a roupa dele.
Eu: Ah, que bom. Leve para a casa do Paul.
Reagan: Ele pode não querer ficar com a gente esta noite, Pete. Talvez ele
queira ir para casa.
Eu: Ele não tem casa, princesa.
Quase posso ouvi-la suspirar.
Reagan: Sim, ele tem.
Eu: Como está a Kennedy?
Reagan: Como sempre, com fome. Ela está usando um vestido verde, e eu
tinha colocado um arco de feltro vermelho no cabelo dela.
Eu: Tinha?
Reagan: Sim, no passado mesmo. Acho que ela comeu.
Eu: Os bebês podem comer feltro?
Reagan: Acho que vamos descobrir.
Não posso evitar a risada.
A porta do presídio se abre, e vejo uma cadeira de rodas aparecer na calçada.
Eu: Vejo você em breve. Josh acabou de sair.
Reagan: Amo você.
Eu: Te amo mais.
Josh rola pela rampa e para bem na minha frente.
— Josh — falo e aceno com a cabeça.
— Pete. — Ele acena de volta. — Que surpresa encontrar você por aqui —
ele fala e semicerra os olhos.
Dou de ombros.
— Eu estava no bairro.
— Claro que estava.
Fico em silêncio até que Josh abre a boca para falar e, de repente, sinto que
preciso cortá-lo.
— Tem planos para esta noite? — pergunto.
Ele balança o polegar para o presídio.
— Bem, enquanto eu vinha para cá, estava pensando se eles me deixariam
voltar. Um cubículo e uma cama não é tão ruim, sabe? — Ele treme. — Está frio.
— Há uma loja de conveniência que você poderia roubar ali na esquina.
Aposto que eles te deixariam voltar.
Ele finalmente sorri. Então, sua expressão se torna sóbria.
— Por que você está aqui, Pete?
— Você é da família, Josh. É isso que a família faz.
Ele balança a cabeça.
— Não sou um Reed.
— Poderia ser.
— Mas não sou.
Gesticulo.
— Olha — falo. — Você pode não nos querer, mas já nos ganhou. A todos
nós. Você voltou para a prisão por nós.
— Não voltei, não — ele diz, calmamente.
— Voltou, sim — discuto.
Sua voz é alta e segura quando fala.
— Fui ver o Bone para me vingar. Aconteceu de vocês estarem lá. Dei um tiro
nele. Entre os olhos. Vingança, Pete. Não foi sacrifício. Não foi uma boa ação.
Matei um cara. E pretendia matar.
— Graças a Deus você estava lá — falo. Me lembro daquele dia. O estalido
da arma do Bone. A do Josh que reverberou. A forma como todos nós caímos no
chão. O silêncio enquanto esperávamos para ver quem estava morto. O rugido
ensurdecedor do silêncio enquanto contávamos nossos batimentos cardíacos.
— Deus não teve nada a ver com esse dia — ele me diz.
— Você vê isso de um jeito. Eu vejo de outro. — Gesticulo novamente. — De
toda forma, todos nós estamos vivos; você está fora da prisão, e precisamos de
um favor.
— Que tipo de favor?
Eu rio.
— Não se preocupe. Tudo que você precisa fazer é usar meias e ficar bonito.
— Meias?
Concordo.
— Sim. Topa?
— Droga, não tenho nenhum outro lugar para ir mesmo — ele fala. Meu
coração se aperta. Ele tem para onde ir. Só não sabe ainda.
PAUL

F riday tem se divertido muito juntando as fantasias para hoje à noite.


— Que merda é essa, Friday? — pergunto quando ela me joga uma
meia listrada de verde e vermelho.
— Papai disse m... — Hayley começa a falar, mas Friday rapidamente cobre
sua boca e franze o cenho para mim.
— Achei que ela estava no quarto — falo, tentando me defender. Olho para a
meia. — Não vou usar isso. — Jogo a peça de roupa sobre a mesa de centro.
— Todos vocês vão usar. Junto com o short de elfo e o chapéu pontudo.
A porta se abre, e meus quatro irmãos entram, acompanhados de Josh e
Daniel. Meu coração dispara. Sabia que o Pete ia pegar o Josh para tentar trazê-
lo para casa. Só não tinha certeza de que isso ia funcionar.
— Josh — falo ao me levantar. Aperto a mão dele, que sorri para mim. —
Estou muito feliz por você ter vindo.
Josh olha ao redor com olhos cautelosos.
— E aí, o que vamos fazer?
— Vamos ao abrigo dos sem-teto levar brinquedos para as crianças. E Henry
vai ser o Papai Noel. — Aponto para Friday com o polegar. — Minha esposa
decidiu que todos nós seremos duendes.
Ela pega uma meia justa.
— Você vai ficar tão lindo.
Sam pega uma.
— Ah, adoro quando a Peck me deixa usar calça justa. Essas coisas são
quentinhas. — Ele começa a desenrolar a meia e parece animado de verdade. —
Sério mesmo — ele fala —, é muito melhor do que as térmicas. — De repente,
ele começa a rir e se vira para Friday. — Não vou usar essa coisa.
A porta se abre, e Peck, que está grávida de oito meses, entra com Reagan,
Kennedy, Emily, Kit e Sky e sua ninhada. Seth está junto com Sky. Tecnicamente,
ele não é mais uma criança. O garoto está na faculdade. Além disso, está com
Joey, Mellie, Hoppy, Matty e sua nova garotinha, Gracie, que está gritando a
plenos pulmões. Sky a entrega para Matt, e ela se cala na mesma hora. Sky parece
querer socá-lo.
— Ótimo — ela murmura. — Agora ela está quieta.
Matt conversa com Gracie, que ri e balbucia.
— Você deveria colocá-la numa bolsa e levá-la para todos os lugares com
você — Sky reclama.
— Tudo bem. — Matt dá de ombros. Ele não se incomodaria em fazer isso.
Agora que todos os meus irmãos e suas famílias vivem em um único prédio, o
mesmo que Friday e eu moramos, é mais fácil para compartilharmos babás e
passarmos tempo juntos. Ficávamos nos arrastando de uma casa para outra em
lados opostos da cidade. Por isso decidimos comprar o prédio em que moramos a
vida toda. Reformamos os apartamentos e os deixamos como novos. Nos
reorganizamos e deu tudo certo.
O elevador nunca tinha funcionado antes, então foi a primeira coisa que
consertamos, principalmente porque estávamos esperando que nosso plano para
Josh desse certo. E agora ele está aqui.
Empurro o ombro de Josh.
— Tem um minuto para dar uma volta comigo? — pergunto.
Ele olha para as pernas e sorri.
— Bem, isso pode ser difícil.
Sinto minhas bochechas esquentarem. Mas indico a porta.
— Vamos. Quero te mostrar uma coisa.
Nunca sei se devo me oferecer para empurrá-lo ou se devo deixá-lo fazer tudo
sozinho, então, apenas caminho. Ele vem comigo.
— Para onde vamos? — ele pergunta.
Entramos no elevador, e as portas se fecham. Aperto o botão do oitavo andar.
É o mesmo que Pete e Reagan moram.
As portas se abrem. Caminhamos pelo corredor, e posso sentir os olhos de
Josh procurando meu rosto.
Paramos em uma porta e me permito usar a chave. Espero que ele goste. Nós
entramos no apartamento.
Josh olha ao redor.
— Lugar legal — ele fala. — De quem é?
Coloco a chave no polegar e a jogo para ele, que a pega no ar.
— Se você quiser, é seu.
Ele para e olha em volta.
— Tem três quartos, o que provavelmente é mais do que você precisa. Mas
estamos usando os apartamentos menores, lá embaixo, para outro projeto, e este é
perfeito para você.
Pedimos ao arquiteto para alargar as portas, baixar bancadas e tornar o
apartamento acessível para deficientes.
Vou até o banheiro e acendo a luz. Há um chuveiro enorme que ele pode entrar
com a cadeira de rodas, e a banheira separada foi equipada com um banco. Todo
o cômodo foi adaptado para que Josh possa entrar e sair com a cadeira.
— Se há alguma coisa na qual não pensamos, me avise que a gente acrescenta.
— Vocês fizeram isso para mim? — Josh pergunta. Sua voz é baixa e
melancólica.
— Sim. — De repente, sinto um nó na garganta e é difícil falar.
Ele balança a cabeça.
— Não posso aceitar.
Me inclino contra o batente da porta do banheiro.
— Por que não?
— Porque não tenho um tostão furado. Me deram roupas quando saí da prisão,
cara. Não tenho nada. Não posso pagar por este lugar.
Encolho os ombros.
— Bem, eu sei onde você trabalha.
Os olhos de Josh se arregalam.
— Quer dizer que posso voltar para o estúdio?
Assinto, e ele fica estupefato.
— Não, espere — falo. — Você pode voltar, mas não como ajudante geral.
Quero que você faça tatuagens. Todos os dias, o dia todo. Se você quiser.
— Sério?
— E Sam poderia precisar de alguém confiável no restaurante quando abrir.
Você poderia trabalhar com ele também, se estiver interessado nesse tipo de
trabalho.
— Sou um criminoso.
— Eu sei. Pete também é.
De repente, uma lágrima escorre dos olhos de Josh, e tenho que me virar e
desviar o olhar. Ele bate no rosto.
— Por que você está fazendo isso? — ele pergunta. Sua voz está áspera.
— Às vezes, um homem só precisa de uma chance.
— Vou pagar o aluguel — ele insiste.
— Ok.
— E eu vou pagar pelas melhorias.
Encolho os ombros.
— Ok.
— E vou trabalhar muito duro para você.
Concordo.
— Sei que vai.
— Meu sobrenome não é Reed.
— Eu sei. — Agacho para poder olhar em seu rosto. — Cara, você ainda não
aprendeu que sobrenomes não significam nada? Existe a família em que você
nasce e as que ganhamos no decorrer da vida. Você ganhou a nossa e vamos
mantê-lo nela.
Ele engole em seco com tanto esforço que posso ouvir.
— Tem certeza?
Concordo. Tenho certeza disso há muito tempo.
— Mas vai ter que usar as meias.
— Meias?
Bato em seu ombro e me levanto.
— É necessário. — Olho ao redor do apartamento. — O que achou do lugar?
— Achei que é mais do que eu poderia ter sonhado. E que não mereço isso.
Estremeço.
— Tenho uma regra.
— Que regra?
— Se não quiser ficar aqui, me diga. Não me obrigue a expulsá-lo porque fez
algo estúpido, ok? Nossos filhos e nossas esposas vivem neste prédio e a
segurança deles é importante para nós.
— É importante para mim também — ele fala.
— Eu sei. — Começo a andar até a porta. — Tem roupas no armário e acho
que a Friday colocou comida na geladeira. Se precisar de um adiantamento de
salário, está na primeira gaveta da cozinha.
Abro a porta e a seguro para que ele possa passar. Ele não vem, então eu sigo
mais adiante no corredor para sair do seu caminho, segurando a porta com o pé.
— Paul — ele chama.
Volto.
— Sim?
— Obrigado.
— Pelo quê? — pergunto, como se eu desse um apartamento a alguém todos
os dias.
— Por confiar em mim — ele fala enquanto as portas do elevador se fecham.
Um longo momento se passa antes que eu possa respirar novamente.
— Vamos vestir uma meia apertada — ele resmunga.
Sorrio. As coisas que eu faço pelos meus irmãos.
SAM

Q ueusarmeia de merda. Não posso acreditar que a Friday está me obrigando a


isso. Daniel, Pete, Logan, Seth e eu estamos no quarto dela e de Paul,
lutando com nossos trajes de elfos.
Pete segura sua meia e a olha como se fosse um enorme quebra-cabeças.
— O que raios devo fazer com isso? — ele pergunta.
Logan tira a bermuda e se senta na beira da cama. Ele começa a vesti-la,
enrolando a meia na mão, enfia no pé e a puxa para cima. Em seguida, faz o
mesmo na outra perna peluda.
— Cara, você é muito bom nisso — Daniel fala.
Logan encolhe os ombros.
— Eu tenho uma filha — responde.
Ele não olhou para cima, nem teve que ler os lábios de Daniel. Ainda não
consigo me acostumar com isso. Ele ouviu o que o Daniel falou. Às vezes, só
quero me sentar e observar enquanto os sons atingem seus ouvidos. Quero ver
suas reações ao ouvir os barulhos. Sei que parece estúpido, mas é importante.
Seth está fazendo a mesma coisa que Logan acabou de fazer com a meia calça.
— Cara — retruco.
— Irmãs pequenas — ele resmunga. — Elas usam meia-calça.
— Tirei muitas mulheres de dentro de meias apertadas, mas nunca as vesti —
Pete fala. Ele puxa a meia para cima, na altura do peito. — Isso aperta as bolas?
— Se você não tivesse puxado a meia até a orelha, acho que ficaria mais
confortável — Logan brinca.
Abro a porta e coloco a cabeça para o lado de fora
— Cupcake! — chamo. Peck surge no corredor. — Você planeja ter outro
filho algum dia?
Ela ri.
— Talvez. Por quê?
— Porque acho que essa meia vai acabar com a minha capacidade de
produzir esperma.
Ela ri de novo, e eu coloco a cabeça para fora para beijá-la. Pete para atrás
de mim.
— Fica assim mesmo? — ele pergunta.
Ele abre a porta, e Peck grita e se vira para a parede. Ele está com uma cueca
por baixo da meia, mas suas bolas estão esmagadas.
— Bem, essa é uma imagem que jamais serei capaz de tirar da cabeça —
Peck fala, cobrindo o rosto com as mãos.
Empurro o ombro de Pete.
— Que merda, Pete! — reclamo. — Minha esposa vai ficar com suas bolas
esmagadas na cabeça.
— Melhor minhas bolas esmagadas do que as suas normais — Pete fala. —
Tenho bolas incríveis.
— Não é isso que a Reagan diz — Peck retruca. Essa é uma das muitas razões
pelas quais eu a amo tanto. Ela pode acompanhar a minha família.
— Ih — falo. — Reagan falou mal das suas bolas.
— Reagan! — ele grita.
Ela aparece no corredor.
— O quê?
— Você anda difamando minhas bolas?
— É assim que você chama o que fiz com elas a noite passada? — Ela sorri
para ele.
O rosto de Pete fica vermelho.
— Não, isso se chama...
— Ei! — Daniel grita. — Não quero ouvir sobre as suas bolas, nem o que a
sua esposa faz com elas.
Pete murmura no meu ouvido.
— Cara, quero muito ouvir sobre isso. Mas só mais tarde. Depois que o
puritano for para casa. — Ele acena para Daniel.
Olho por cima do ombro e vejo que o Daniel está completamente vestido. Ele
está short verde de elfo, meia-calça, que está esticada sobre a prótese, camisa
branca pregueada e um chapéu de feltro verde com pequenos sinos vermelhos.
— Não posso acreditar que você me falou isso, idiota — ele resmunga,
passando por nós e vai para a sala de estar. As meninas assobiam, e ele agradece.
Terminamos de nos vestir e nos sentamos na sala de estar para esperar Josh e
Paul. Só espero que Josh esteja de bom humor quando chegar aqui. E que ele
esteja disposto a aceitar a oferta de Paul.
Ele é muito orgulhoso. Vamos ter que esperar para ver.
— Ah, meu Deus, vocês estão incríveis! — Friday grita enquanto se
aproxima. Ela está usando sua roupa vintage, mas está vestida de vermelho e
verde para o Natal, porque haverá câmeras lá esta noite. Isso é apenas um
subproduto do nosso reality show. Faríamos esse evento com ou sem eles, mas as
pessoas que assistem ao nosso programa adoram essas ações, então nós os
exibimos.
A porta se abre, e Paul e Josh entram. Josh para.
— Não vou usar isso.
— Ah, vai sim — Friday fala e olha para ele.
— Sério? — Os olhos de Josh se arregalam.
— Totalmente — ela diz, colocando as mãos nos quadris. — A sua está no
quarto.
— É melhor irmos trocar de roupa — Paul fala. Josh se vira para segui-lo até
o quarto.
— Espere! — ela fala. — Será que vai ser complicado pra você? — Seu
rosto ruboriza, porque ela acabou de perceber que a meia-calça pode ser
complicada para ele vestir.
— Se eu disser que sim, me livro de ter que usá-la? — Josh sorri, olhando
para ela.
Friday joga uma almofada na cabeça dele, que ri. Ele entra no quarto com
Paul e os dois saem alguns minutos depois. Não foi muito difícil. Ele está vestido
como Paul, e os dois estão tão ridículos como nós.
Uma batida soa na porta e nós a abrimos para encontrar as quatro irmãs da
Peck. Elas ficarão de babá enquanto vamos ao evento. Bem, para todas as
crianças exceto Gracie, porque ela não gosta de ninguém além de Matt, que vai
levá-la em um canguru.
As Zeroes param na porta e olham de um homem para outro.
— Ah, meu Deus — uma delas fala. — Parece um episódio de Além da
imaginação, quando todos os elfos veem à vida, mas são desproporcionais e
desajeitados.
Pete olha para mim.
— Ela nos chamou de estranhos?
— Acho que sim. E desproporcionais. — Ainda estou tentando decidir o que
isso significa.
— Acho que eles estão sexys — Peck fala, passando o braço ao meu redor.
Eu me inclino e beijo sua testa.
— Ano que vem, elas estarão cuidando do nosso bebê também — digo a
Peck, colocando a mão sobre sua barriga redonda. Ela sorri para mim e coloca a
cabeça no meu ombro.
— É melhor irmos ou vamos chegar atrasados. — Paul nos apressa porta
afora. Nossas caminhonetes estão repletas de brinquedos para meninos e meninas,
além de surpresas para os adultos também. Muitas.
Esfrego uma mão na outra. Mal posso esperar por isso.
LOG AN

D ouElaumconfia
beijo na testa da minha filha e sigo a Em para fora do apartamento.
nas Zeroes para cuidar de Kit, assim como eu. Além disso, não
quero perder o que vai acontecer essa noite.
Ainda não consigo acreditar que Friday me convenceu a usar uma fantasia de
duende. Com meias. Me remexo, tentando dar algum espaço para minhas bolas.
Sam não estava brincando. Essas coisas são apertadas pra caramba.
Emily arqueia uma sobrancelha para mim.
— Algo errado?
Balanço a cabeça.
— Não.
Ela sorri e pega o telefone.
— Vocês estão lindos. — Ela tira uma foto.
Seguro sua mão enquanto caminhamos pela rua. É estranho andar ao lado dela
sem precisar manter minhas mãos livres para falar. Ainda usamos a linguagem dos
sinais, mas não o tempo todo. Agora posso segurar sua mão como qualquer outro
casal e não perder nada.
Em entrelaça a mão na minha e segura o estojo da guitarra com a outra. Não
posso deixar de me lembrar do dia que mudou minha vida. O dia em que a joguei
sobre o ombro e a levei para casa comigo. Sua calcinha da Betty Boop estava
aparecendo, mas nem liguei. Ela ficou pendurada sobre o meu ombro, e eu queria
tanto mantê-la segura, mas não fazia ideia do que ela me daria.
Ela me aceitou exatamente como eu era. Se comunicou comigo e fez de tudo
para que eu soubesse que ela me amava, me queria e me respeitava. E tudo o que
ela exigiu em troca foi exatamente isso: o mesmo. E amá-la foi inevitável.
Ela aperta minha mão.
— Você está bem?
Aceno e sorrio para ela.
— Sim.
Estamos a caminho de um abrigo para sem-teto. É o mesmo abrigo que estava
cheio na noite em que a levei para casa comigo pela primeira vez. Me lembro de
tê-la visto parada na calçada. Ela inclinou a cabeça para trás e parecia tão
derrotada... mas não durou muito. Ela ajeitou os ombros e seguiu em frente. Direto
para o meu coração.
Uma fila se forma do lado de fora do abrigo. As crianças estão por ali,
animadas, aguardando para ver Papai Noel. Há também aqueles que não
acreditam no bom velhinho, porque nunca receberam sua visita. São esses os que
mais quero ajudar. Os que carregam fardos na vida desde muito cedo. Aqueles
que merecem ser apenas crianças.
Vou até uma menina que está parada na esquina.
— Quanto você vai tirar esta noite? — pergunto a ela. Emily está ao meu
lado.
— Para os dois juntos, vai ser caro — a garota fala.
As bochechas de Emily coram, e ela esconde o rosto no meu braço.
— Quanto você ganha em uma noite? — pergunto.
A menina finalmente entende.
— Minha irmãzinha precisa de remédios — ela fala. Ela não estaria aqui se
não precisasse. Ninguém o faria.
— Quanto? — repito.
Tenho um maço de notas de cem dólares no bolso. Todos nós temos. Faz parte
do que estamos fazendo hoje.
— Cem — ela responde.
— Só isso? — pergunto. — Onde você está dormindo?
Ela o abrigo com o polegar.
— Onde está a sua irmã?
— Esperando para ver o Papai Noel.
Pego quatro notas de cem dólares do bolso e as dobro. Seus olhos se
arregalam. Coloco-as na palma da sua mão.
— Depois que ela vir o Papai Noel, quero que você venha me encontrar, ok?
— falo para ela. — Não importa o que eu esteja fazendo. Quero que você me
procure e me diga o que seria necessário para você arrumar um emprego, uma
casa ou estudos. Pense nisso e depois venha me contar o que quer fazer em
seguida. Vou te ajudar a colocar o plano em prática.
Os olhos dela se enchem de lágrimas.
— Sério?
— Sério mesmo — Emily fala. — Comida. Remédios. Um lugar para viver.
— Sua testa franze. — Quantos anos você tem?
— Dezoito — a menina responde rapidamente. Mas sei que ela está mentindo.
— Chega de trabalho esta noite — falo a ela. — Entre, pegue uma refeição
quente, veja o Papai Noel e depois venha me encontrar, ok?
— Ok — ela sussurra.
— Peça ao Papai Noel algo que você deseja, tá? — digo a ela.
Ela assente, mas está com um olhar derrotado nos olhos.
— Esse Papai Noel... — ela fala. — Ele vai dar à minha irmã o único
presente que ela receberá. Não me importo que seja apenas uma barra de
chocolate. É mais do que posso dar.
— Ouvi dizer que este Papai Noel tem alguns truques na manga. — Eu a viro
para a fila. — Vá procurar a sua irmã.
Eu a vejo ir para a fila com a irmã mais nova. Ela dobra o dinheiro que dei e
o coloca no bolso da calça jeans.
— O que você fez foi bom — Emily fala.
— Não, isso foi humano. Bom nem fez parte disso.
— Nunca precisei cuidar de alguém além de mim mesma — Emily fala. — Eu
podia sentir fome, mas não tinha ninguém me esperando para dar de comer.
Emily aponta para uma pessoa na fila que está acompanhada de quatro
crianças. Elas a chamam de Nana, e os pequenos estão tão animados que mal
conseguem aguentar a espera.
— Vamos falar com eles — Em fala. Paro para conversar com eles.
— Vocês estão aqui para ver o Papai Noel? — pergunto.
Os mais novos ficam loucos com o meu traje. O mais velho, entretanto, é
cínico.
— Todo mundo sabe que o Papai Noel não existe — ele grunhe.
Eu o movo para a frente. Puxo uma nota de cem dólares do bolso e a coloco
na palma da sua mão.
— Papai Noel disse para você comprar mantimentos para seus irmãos. E para
a sua avó.
Os ombros do menino se endireitam, e ele diz:
— Sim, senhor.
Olho ao redor e vejo meus irmãos fazendo e mesmo que eu. As pessoas
choram de alegria na rua. Uma mulher quase nocauteia Daniel ao pular para
abraçá-lo. E Josh... bem, ele ainda não gastou nem um dólar. Mas tenho certeza de
que vai.
As portas do abrigo se abrem, e as pessoas começam a entrar. Primeiro,
haverá um jantar de Natal. Em seguida, Papai Noel vai atender a todas as
crianças. Então vamos transformar alguns sonhos em realidade. E eu começo a
aproveitar o brilho de tudo.
— Eu te amo, Logan — Em fala, suavemente.
— Também te amo — respondo. Eu a beijo rapidamente e depois entramos.
Está na hora de começar a servir o jantar.
MAT T

P rimeiro, a comida. Mesmo animadas para ver o Papai Noel, as crianças


estão ainda mais ansiosas para encher as barrigas. Servimos uma ceia
completa de Natal. Nas mesas têm cestas de pães, perus e muitos outros pratos.
Minha esposa está com Gracie presa no canguru, dormindo contra seu corpo, já
que acabou de alimentá-la. Quando ela acordar, já sabemos que vai gritar como
louca, mas por enquanto, está calminha.
Vejo Sky entregar uma nota de cem dólares a um homem sem-teto. Eu o
reconheço porque ele mendiga próximo ao estúdio o tempo todo. Ele tenta abraçá-
la, e ela permite. Tenho certeza de que ninguém se aproxima dele em um dia
normal. Ele cheira mal, mas a minha esposa sabe o que significa se sentir perdido
e sozinho. Ela lhe oferece conforto, mesmo que apenas por um momento.
Paul se levanta, vai para frente da sala e liga o microfone.
— É uma honra para nós passarmos a véspera de Natal com vocês — ele fala.
As pessoas ficam quietas ao ouvirem suas palavras. — Conhecemos muitos de
vocês da vizinhança, e aqueles que não conhecemos ainda, queremos ter essa
chance. Então, não deixem de conversar com um dos elfos andando por aí. — Ele
faz um círculo com a mão, mostrando a sala, e todos nós paramos e olhamos para
ele.
— Me lembro de quando éramos mais jovens — ele continua. — Ganhei a
custódia dos meus quatro irmãos mais novos e estava completamente sozinho.
Não tivemos árvore de Natal no primeiro ano, nem presentes para trocar. Meus
irmãos desenharam uma árvore na parede e embrulharam desenhos que eles
mesmo fizeram com canetinha e lápis de cor para presente. Um dia, essa
comunidade nos abraçou e alguém nos trouxe uma árvore de Natal de verdade.
Outra pessoa nos trouxe comida. E na manhã de Natal, encontramos presentes em
baixo da nossa árvore. Ainda não temos ideia de quem fez isso, mas se algum de
vocês fez parte disso, somos muito agradecidos, e estamos felizes de retribuir a
esta comunidade, a este grupo de pessoas que cuidaram de nós e se certificaram
de que não ficássemos sozinhos. O Natal é mais do que um feriado. É mais do que
abrir presentes e passar tempo com os entes queridos. É um lembrete de que
estamos todos aqui na Terra para servir a um propósito e, embora talvez não
saibamos qual é esse objetivo hoje, algum dia saberemos, e tudo ficará claro.
Portanto, se estiver se sentindo um pouco perdido neste Natal, se mantenha firme.
As coisas vão melhorar.
Pisco com força, porque as palavras de Paul estão tocando em cheio meu
peito. Eu me lembro do Natal que ele mencionou. Lembro de ver Paul lutar para
pagar o aluguel e manter todos nós alimentados. Era uma época em que quase não
havia o suficiente. E passamos por vários anos assim.
Paul limpa a garganta.
— Nossa comunidade cuidou da gente, e agora que podemos, nós queremos
retribuir. Então, sem mais delongas, vamos dar as boas-vindas ao homem tão
esperado! — Ele aponta para os fundos do salão, e Henry entra, sorrindo e
acenando.
Sussurros soam pela sala.
— É o Papai Noel! — as crianças exclamam.
Henry apoia a mão na barriga e grita:
— Ho, ho, ho! Feeeeeliz Natal!
Montamos uma grande cadeira na parte da frente da sala e contratamos um
fotógrafo para registrar as lembranças do Natal. Henry se senta, e Friday ajuda a
primeira criança a ir cumprimentá-lo.
Criamos um sistema. Compramos vários brinquedos e estamos esperando que
haja algo que interesse a cada criança. Se não tiver, Henry vai guiar a conversa
cuidadosamente até encontrarmos algo, na esperança de que ninguém saia de mãos
vazias. Queremos que cada criança saia com uma foto e um brinquedo para levar
para casa. Henry ergue quatro dedos para blocos de montar, dois para boneca,
três para... ah, droga... nem sei quais são todos os sinais. Mas as esposas são
responsáveis ​por essa parte. Elas podem lidar com isso.
Ando pelo salão para me certificar de todos os pais e avós sejam atendidos.
Quero ter certeza de que todo mundo vai sair com algo, mesmo que seja apenas
um abraço de um de nós.
Algumas pessoas recusaram o dinheiro. E eu respeito a necessidade de manter
a dignidade e o amor próprio. Espero que essas famílias tenham calor, comida e
abrigo para o feriado.
Vejo a minha esposa deslizar uma nota de cem dólares na bolsa de uma mulher
sem que ela veja. Ela olha para mim, sorri, e meu coração incha no meu peito. Eu
a amo tanto. Ela é o meu milagre, em mais de um sentido.
EMILY

E nquanto a fila para falar com o Papai Noel está andando, me acomodo com o
violão em frente ao microfone. Acho que posso cantar algumas canções de
Natal com as pessoas enquanto elas aguardam. Bato no microfone para chamar
atenção. Começo com “Frosty”, depois passo para “Rudolph” e outras antigas
muito queridas. Os adultos falam os nomes de algumas músicas de Natal e
começam a cantar junto comigo.
Há tanto amor no ar que estou achando quase difícil respirar. Paro e respiro
fundo.
— Vocês gostariam de ouvir minha música nova? Escrevi só para vocês.
A multidão aplaude. Estive em turnê com as garotas da Fallen from Zero, e
minhas músicas agora tocam nas rádios, então, algumas dessas pessoas sabem
quem eu sou.
Assinto e começo a dedilhar o violão.

Toques na ponta dos dedos


Beijos suaves em meus lábios
Trevos e arco-íris
Procurando pela sorte - ninguém sabe

Isso te atinge como um trem de carga


A chuva suave se foi.
Você não se sente mais são
A confiança diminui
Mas eu não sou uma qualquer
E nem você...

Toques na ponta dos dedos


Beijos suaves em meus lábios
Trevos e arco-íris
Procurando pela sorte - ninguém sabe
Fico de pé
Me levanto do meu assento
Vou procurar algo para comer
Faço o possível para ficar arrumada

Porque eu não sou alguém desonesta


E nem você...

Toques na ponta dos dedos


Beijos suaves em meus lábios
Trevos e arco-íris
Procurando pela sorte - ninguém sabe

Sou forte
Sou poderosa
Sou amada
Sou querida
Sou bem quista

E você também…
Onde quer que você vá
Precisa saber
Você colhe o que planta
E às vezes, as coisas dão errado

Mas você é forte


Poderoso
Amado
Desejado
Querido
E você é tudo isso... aqui.

Coloco o violão de lado, porque não dizer mais nada, nem que eu tente. Sinto
como se essas pessoas tivessem arrancado o meu coração e o exposto para o
mundo ver. Isso me toca profundamente, porque fui um deles, eles são como eu
fui.
Logan sobre no palco e me abraça. Ele é o meu lar.
A garota que conhecemos na esquina se aproxima de mim depois que todos
começam a falar e a andar.
— Eu costumava tocar — ela fala.
— Violão? — pergunto. Entrego o instrumento para ela. — Experimente.
Ela se senta na beira do palco e equilibra meu violão nos joelhos. Ela começa
a tocar e é realmente muito boa. Ela olha timidamente para mim quando termina.
— Faz muito tempo.
— Você tem um violão? — pergunto.
Ela balança a cabeça.
— Tinha, mas tive que vendê-lo quando a minha mãe morreu.
— Vá até o estúdio de tatuagem amanhã. Vou deixar um violão lá para você
ensaiar.
Ela sorri.
— Sério? — Então ela balança a cabeça. — Por que você faria isso?
Porque eu posso.
— Porque eu quero.
Ela assente, se levanta e me devolve o violão.
— Onde está a sua irmã?
Ela ri e aponta atrás de mim. Vejo Henry segurando cinco dedos e sei o que
isso significa.
— Posso fazer esse? — pergunto a Friday.
Ela assente e me olha com ar questionador.
— Claro.
— Venham comigo. — Eu indico a porta, e elas me seguem. A menina mais
nova está segurando a mão da mais velha.
— Onde estamos indo?
— Pegar o seu presente — digo a ela.
Ela olha para a irmã.
— O que você pediu?
Vou com elas até o nosso prédio e subo um lance de escadas. No alto, paro e
pego uma chave. Abro a porta e as deixo entrar, acendendo as luzes.
— Você pediu uma casa, certo? — pergunto à menina.
Ela assente e sorri.
Faço um gesto com as mãos.
— O Papai Noel disse que isso aqui é para vocês.
É só um apartamento de um quarto, que tem pouca mobília, mas é mais do que
elas têm.
— Isto é para nós? — ela pergunta.
Eu concordo.
— O Papai Noel falou. — Olho para a garota mais velha e vejo uma centelha
de esperança em seus olhos. — Será de vocês por três meses. Tire um tempo para
descobrir o que quer fazer e para onde quer ir. É seguro aqui, e é de vocês. Só
vão precisar dividir o quarto.
As próximas palavras dela saem entrecortadas.
— Por mim, tudo bem! — Então ela me abraça. Tento não pensar sobre o que
ela teria feito hoje à noite se Logan e eu não a tivéssemos encontrado naquela
esquina, pois sei que há muitas outras como ela que não podemos ajudar. Mas
vamos ajudá-la, e me sinto muito feliz por podermos fazer isso. — Obrigada —
ela diz suavemente no meu ouvido.
Dou a chave a ela, e fechamos a porta. Já tem comida na geladeira e cartões
presente de roupas e itens de primeira necessidade, doados por empresas da
região.
Voltamos para o abrigo, e ela e a irmã comem novamente. Depois, elas param
e conversam com outras pessoas. Ela parece mais jovem do que antes. Há uma
faísca em seus olhos, e seu passo é mais alegre. Não consigo evitar de me sentir
bem com isso.
Não há outro sentimento dentro de mim hoje além de gratidão. Sou grata e
sinceramente apaixonada pela minha vida, meu marido e minha filha.
Logan pisca para mim do outro lado da sala. Tenho um presente especial para
ele mais tarde. Coloco a mão na barriga e fecho os olhos. Só espero que ele
goste.
R EAG AN

P assei a noite inteira em uma sala cheia de homens e mulheres e não tive um
ataque de pânico ou me senti oprimida uma vez sequer. Ajudou o fato de
Peter ficar de olho em mim, e eu sabia que seus irmãos viriam ao meu socorro ao
primeiro sinal de problemas, mas gosto de saber que posso fazer isso sozinha.
Posso superar meus medos. Cuidar de mim e das pessoas que amo.
Olho para o berço de Kennedy e vejo seus lábios se moverem suavemente,
como se ela ainda estivesse sugando a mamadeira. Ela está deitada de barriga
para cima e está linda e quentinha no pijama, já que não podemos colocar
cobertores sobre ela.
Pete para na porta. Está usando só uma calça de pijama verde e vermelho. Ele
ergue as mãos, se apoia no batente da porta e fica ali por um instante. Seus olhos
deslizam pelo meu corpo. Então nossa gata, Ginger, começa a se enrolar em seus
pés, fazendo pequenos círculos enquanto ronrona. Pete a pega e a acaricia em
baixo do queixo. O ronronar fica mais alto.
Sento na cadeira de balanço do quarto de Kennedy e encolho as pernas,
cobrindo-as com a camiseta, porque a noite de Natal está muito fria.
— A noite foi maravilhosa, né? — pergunto.
— Foi, sim.
Ele coloca Ginger no chão e para na minha frente. Se ajoelha no tapete macio,
puxa minhas pernas para baixo e as abre para que possa ficar entre elas. Prendo
meus pés atrás das suas costas, e ele se levanta comigo. Estou segurando-o como
um daqueles macaco com velcro. Suas mãos apertam meu traseiro, e desejo não
estar usando calcinha para que ele pudesse simplesmente se afundar dentro de
mim.
Pete costumava ser muito cuidadoso comigo, mas agora somos apenas nós e a
vida cotidiana. Ele superou seu medo de me machucar. Parte disso é porque eu
também superei o medo de ele me machucar. Uma pequena parte dentro de mim às
vezes se encolhia quando ele se movia muito rápido ou me assustava. Eu odiava
quando isso acontecia ainda mais do que ele. Mas depois que Kennedy nasceu,
tudo ficou para trás.
Pete é o homem com quem quero passar o resto da minha vida. Sei disso. Ele
também.
Ele me deita na cama e me olha. Em seguida, puxa minha calcinha e começa a
balançar o meu mundo, como sempre faz.
Quando estamos saciados, ele me puxa para deitar em seu ombro, e eu coloco
meus braços ao redor dele.
Adormeço ao ritmo da batida do seu coração.

Na manhã seguinte, nos levantamos muito cedo e vamos ao apartamento de Paul e


Friday, porque todas as crianças dormiram lá. Elas acamparam em sacos de
dormir no quarto da Hayley. Não ficamos mais porque a Kennedy é muito nova
para o Papai Noel, mas estou ansiosa pelo dia em que ela vai poder passar a noite
com os primos e ficar animada, ouvindo os sons do Natal.
Queremos estar lá antes que as crianças acordem para que possamos ver suas
expressões. Nem nos vestimos. Vamos de pijama, e sei que os outros farão o
mesmo.
As luzes estão brilhando na árvore de Natal, e Paul e Friday deixaram uma
garrafa de café sobre a bancada. Pete serve uma xícara para mim e ficamos por
ali, conversando enquanto os adultos começam a levantar. As crianças não estão
muito atrás.
Eles são como ratos correndo enquanto passam pela porta, patinando com as
meias ou descalços.
PJ ainda é pequeno demais para saber o que está acontecendo, assim como a
Kennedy, mas os filhos de Matt, Kit e Hayley correm atrás dos presentes que
estão em baixo da árvore. Seth ajuda a entregar e se certifica de que cada criança
ganhe o presente certo. Fazemos com que eles se revezem, ajudando-os a abri-los
para que possamos nos certificar de quem ganhou o quê.
Paul e Matt têm uma caixa de ferramentas entre eles no chão, montando
brinquedos que não vieram montados corretamente, e Pete e Sam catam o papel
de embrulho que está espalhado pelo chão. Logan tira fotos. Muitas fotos.
Pete desaparece no corredor e volta com uma pequena caixa com buracos nas
laterais.
— O que é isso? — pergunto enquanto ele a coloca na minha frente.
— Não sei. Papai Noel deixou.
Levanto a tampa e meus olhos se arregalam. Não acredito!
Abro a caixa totalmente, e a bola de pelos mais adorável que já vi sai de lá.
Se parece tanto com a minha Maggie que meus olhos se enchem de lágrimas.
— Ah, não chore — Pete fala, sentando-se ao meu lado. — Não queria te
deixar triste.
Soco seu braço.
— Não estou triste, seu bobo. É o melhor presente de todos. — Logo depois
que Pete e eu nos conhecemos, minha cachorra, Maggie, morreu. Eu queria outro
cão, mas nunca tive tempo para realmente procurar um.
— Gostou? — ele pergunta.
Pego o cachorro no colo, e ele começa a lamber meu rosto, sua língua áspera
raspando meu queixo.
— Amei.
— É um menino. Espero que esteja tudo bem.
— É perfeito. — Fecho os olhos, porque meu novo filhote está lambendo
minhas lágrimas.
Ele se parece muito com Maggie, e posso dizer que ele parece um cão pastor
misturado, mas não é tão parecido com ela que vá me fazer sofrer a cada vez que
eu olhe para ele.
— Onde você o conseguiu? — pergunto.
— com a sra. Jenkins, do final de corredor. A cadela dela teve filhotinhos.
Então falei a ela que queria um. — Ele se inclina para olhar nos meus olhos. —
Gostou mesmo? Se não, podemos devolvê-lo.
— Tente e eu corto suas bolas.
Pete ri e agarra suas partes íntimas.
— Você fica cada vez mais parecida com o seu pai, sabia?
Rio e mostro o filhotinho à minha filha. Ela chuta e balbucia.
— Feliz Natal — Pete murmura contra meus lábios enquanto me beija.
SK Y

T odos os dias, tento tirar alguns minutos para agradecer pelas minhas
bênçãos, que são muitas. Observo as crianças enquanto elas rasgam os
pacotes dos presentes de Natal e vejo Seth sentado no sofá. Ele está usando
pijama verde e vermelho, assim como as crianças, e meu coração se aperta
porque ele faz o melhor para ser parte de uma família.
Seth foi para a faculdade, mas foi uma dificuldade convencê-lo a ir. Acho que
uma parte dele precisava ficar perto das irmãs, e demorou um tempo para Matt
convencê-lo de que ele quer ser o pai das meninas e que ele pode ser o irmão. O
irmão que não é responsável pelo bem-estar delas o tempo todo.
Ele finalmente aceitou ir. Odeio dizer isso, mas as coisas têm sido mais fáceis
com as meninas desde então. Elas tinham a tendência de correr para o Seth
sempre que queriam pedir permissão ou ajuda. Mas desde que ele foi para a
faculdade, está começando a agir um pouco mais como um irmão em vez de como
um pai.
Me inclino contra o sofá, ao lado das suas pernas, e ele empurra meu ombro
com o joelho.
— Feliz Natal, tia Sky — ele fala. Ele não me chama de mamãe como as
irmãs. Mas elas têm pouquíssimas lembranças da mãe, e Seth tem muitas. Ele
tinha quase dezesseis anos quando ela morreu, então ele a teve por muito mais
tempo.
Inclino a cabeça em seu joelho.
— Feliz Natal, Seth. — Ele bate no topo da minha cabeça desajeitadamente,
porque ainda é um adolescente e está todo desengonçado. — Como era quando
sua mãe estava viva, Seth? — pergunto, suavemente. — Barulhento assim? —
Faço um movimento para toda a comoção.
— Não. — Ele sorri suavemente. — Era calmo. As meninas eram pequenas e
a mamãe estava doente, então tivemos um Natal tranquilo. — Ele fica em silêncio
por um momento. — Gostaria que ela estivesse aqui. Ela adoraria isso.
— Você acha?
Ele assente.
— Ela sempre quis uma família maior. Embora eu não tenha certeza se alguém
consegue desejar ter uma família tão grande. — Ele ri.
Enfio a mão no bolso e pego um presente que fiz especialmente para ele.
Coloco no seu colo.
— Isso é para você.
Ele o vira na mão.
— Tia Sky — ele diz calmamente. — Posso lhe dizer uma coisa?
Apoio o queixo em seu joelho e olho para ele.
— Pode me dizer o que quiser — falo.
— Às vezes, fico com medo de que a minha mãe fique magoada se eu te amar
demais, sabe? — ele fala. — Então, só queria dizer que mesmo que não tenha o
seu sobrenome e não tenha sido adotado como as garotas, sinto que você é a
minha mãe e Matt, meu pai. E adoro isso. Você é muito importante na minha vida.
Se eu pudesse escolher alguém em todo o mundo para ser minha mãe, seria você.
Apoio o rosto contra a calça do seu pijama, porque sinto como se meu
coração estivesse sendo apertado. Quando consigo respirar, levanto o rosto.
— Posso não ter dado à luz a você, Seth, mas você se tornou meu filho. E não
acho que sua mãe ficaria com ciúmes. Acho que ela ficaria feliz por você ter
pessoas em sua vida que gostem de você como pais de verdade.
— Meu pai verdadeiro está vivo, Sky, e eu não o vejo há dois anos. Então,
acho que é seguro assumir que Matt é o mais próximo de um pai que vou
conseguir ter. Ele é muito melhor do que o verdadeiro. — Ele sorri para mim. —
Mas você acha que poderia fazê-lo parar de me mandar mensagens de texto
mandando eu usar preservativo toda vez que vou para um encontro?
Balanço a cabeça.
— Provavelmente não.
Ele ri e abre seu presente com calma, quase como se estivesse com medo de
abri-lo. Então ele puxa o pingente minúsculo que está preso em uma corrente de
ouro simples de dentro da caixa e olha para ele. À primeira vista, é possível ver
apenas as palavras “Forte, corajoso, orgulhoso.” Mas quando a luz o atinge, é
possível ver uma imagem gravada no ouro que mostra uma foto dele com a mãe.
— Uau, tia Sky, isso é lindo. — Ele deixa que o pingente brilhe na frente do
rosto, absorvendo suas facetas. — Às vezes me esqueço de como ela era. Como
ela soava. Isso é ótimo. Muito obrigado.
Ele prende a corrente no pescoço e segura o pingente.
— De verdade, Sky. Adorei. — Ele se inclina para beijar minha bochecha, e
diz muito perto do meu ouvido. — Acho que ela não se importaria de você ser a
minha mãe. Você é incrível.
Mellie e Joey vêm correndo e escalam no meu colo. Deixo que elas me
derrubem, seguidas de Hoppy e Matty, que pulam na pilha. Eu grito:
— Me ajuda, Seth!
Mas não quero sair de onde estou. Amo cada minuto da minha vida.
Vejo as meias vermelhas e verdes de Matt bem na minha frente. Ele se inclina
em minha direção.
— A mamãe precisa de ajuda?
— Por favor! — peço, e finjo que vou fugir das crianças, mas estou fazendo
cócegas nelas, que riem, caem no chão e voltam a subir em mim.
Matt começa a arrancá-los, um por um, até que eu esteja sem fôlego no chão,
tentando me recuperar e me sentar novamente. Ele estende a mão para mim.
Por volta do meio-dia, o filho de Friday, Jacob, aparece com a mãe e o pai.
Ele trouxe alguns dos seus brinquedos favoritos que ganhou de presente do Papai
Noel, e tem alguns na árvore de Natal para ele abrir. Em seguida, seus amigos
Garrett e Cody aparecem com a filha, Tuesday. E todos nós ficamos satisfeitos
por termos feito obras nos apartamentos, assim há mais espaço.
Há pessoas em todos os lugares. Mas é sempre assim com os Reed.
Os pais de Emily aparecem, assim como os meus pais. As pessoas entram e
saem durante o dia todo. Nós ficamos, porque não queremos estar em qualquer
outro lugar. Esta é a nossa família. É grande e bagunceira, mas não queremos
mudá-la. Quero que meus filhos estejam imersos no mesmo amor e compaixão que
Matt esteve e quero que tudo continue. É tão diferente da minha própria infância.
Matt coloca seu braço ao meu redor.
— Você está bem? — ele pergunta. — Prefere ir para casa?
Balanço a cabeça e fico na ponta dos pés para que possa beijar a sua
bochecha.
— Não. Quero ficar aqui.
— Alguém viu o Josh hoje? — Pete pergunta.
— Vou chamá-lo — Sam fala, mas o telefone toca e ninguém atende. — Onde
será que ele está? — Sam pergunta.
J OSH

E ssa manhã eu acordei no meu próprio apartamento, na minha própria cama.


Ela estava macia e confortável, completamente diferente daquela que usava
na prisão. Era tão confortável que era quase impossível dormir.
Entrei no meu próprio chuveiro e fiquei debaixo dele o tempo que quis,
usando sabonete e creme de barbear que alguém deixou para mim. Fazia muito
tempo que não tinha um luxo desses.
Ainda tenho um maço de notas de cem dólares no bolso e me sinto mal por
não ter terminado de distribuir. É Natal, e tenho muito dinheiro. Dinheiro que não
é meu. Quase acho que preciso levá-lo de volta para os Reed, mas tenho certeza
de que não é o que eles querem que eu faça.
Então, em vez disso, sigo para a área de cuidados de longo prazo do hospital.
É onde fiquei depois do acidente, enquanto aprendia a me arrumar, me transferir
para a cama, me vestir e fazer todas as necessidades. Quero ir até lá e conversar
com alguns dos pacientes para ver se há algo que eu possa fazer para ajudá-los.
Quando chego, vou até a enfermaria e me apresento.
— Tudo bem se eu visitar algumas pessoas?
A enfermeira dá de ombros. Não acho que ela queira realmente estar aqui no
Natal.
Sigo pelo corredor, espiando pelas portas até que vejo um jovem deitado
numa cama.
— Feliz Natal — digo a ele. — Posso entrar?
Ele assente, cautelosamente. Me apresento, e sua mãe volta para o quarto,
então me apresento a ela também.
— Você trabalha no hospital? — ela pergunta.
Balanço a cabeça.
— Como está indo a reabilitação? — pergunto.
— Está indo bem. Estamos esperando ajuda para que ele consiga uma cadeira
motorizada.
Bingo! É por isso que vim até aqui.
— Quanto custa? — pergunto. — Muito?
— Um dinheirão. É como comprar um carro — Ela fala, nervosa.
Coloco a mão no bolso e tiro um bolo de dinheiro. Conto as notas, e vejo seus
olhos se arregalarem.
— Se isso não for o suficiente, me procure no estúdio de tatuagem dos Reed,
ok? — digo a ela. Aperto a mão do rapaz. — Feliz Natal.
A mãe não pode falar, mas me abraça, e vou embora sentindo o coração um
pouco mais leve.
Ando um pouco mais e, finalmente, encontro um garoto que precisa de um
computador para poder falar. É igual ao que o amigo de Pete, Gonzo, usa. Ele
digita e o computador fala por ele. Dou ao pai um pouco de dinheiro e ele fica
quase sem palavras.
— Quem é você? — ele finalmente pergunta.
— Só um cara com um dinheiro extra — digo a ele. Dinheiro extra e culpa.
Meu coração carrega um peso e isso realmente está ajudando, embora nunca vá
apagar o que eu fiz. Sei disso.
Encontro alguns sem-teto e dou o restante do dinheiro. Em seguida, volto para
o meu apartamento. Vou para casa. Porque eu tenho uma. Que é toda minha.
Enquanto vou em direção à porta da frente, uma garotinha corre para abri-la
para mim. Outra garota um pouco mais velha, está atrás dela.
— Onde está seu casaco? — pergunto e sinto um arrepio. — Está frio.
— Ah, não estávamos saindo. Estávamos apenas olhando ao redor. — Ela
acena com a cabeça para a irmã. — Acabamos de nos mudar.
— Eu também.
— Você conhece os Reed? — a menina mais velha pergunta.
— Sim.
Seus olhos semicerram.
— Eles são realmente boas pessoas? Ou devo me preocupar?
Eu rio.
— São bons mesmo.
Ela solta um suspiro.
— Ah, que bom. — Ela se vira para ir embora, mas se vira e fala. — Feliz
Natal!
Entro no elevador e quase aperto o botão do meu andar, mas escolho o do
apartamento de Paul. Sei que todos estarão lá. Eu provavelmente não deveria ir,
mas gosto do que eles têm juntos. Vou ficar só por alguns minutos.
Bato na porta, e Friday a abre. Ela está de pijama vermelho e verde, e eu
quase me viro e saio, mas percebo que todos estão vestidos assim.
— Feliz Natal — ela fala. Entro na sala e paro.
— Josh! — Uma sala cheia de vozes masculinas grita. Meu rosto se aquece.
Não sei porquê. Mas esse sentimento de pertencer a essas pessoas...
simplesmente não se encaixa bem. Ainda.
— Feliz Natal — respondo.
— Vou pegar seu casaco. — Friday estende a mão.
— Ah, não vou ficar muito — digo a ela.
— Ah, vai, sim — ela diz. — Os meninos querem jogar Banco Imobiliário, e
eu odeio esse jogo. Eles precisam de mais alguém para brincar. — Ela coloca a
mão em volta da boca. — Parece que é algo que eles costumavam fazer no Natal
com os pais. Sempre acabo querendo bater em Paul toda vez que ele me faz jogar,
então você pode tomar o meu lugar.
— Não sei jogar Banco Imobiliário — admito.
— Ah, eles vão te ensinar. Entretanto, a regra geral é: compre tudo.
— Bom saber — digo.
— Há um presente para você debaixo da árvore, Josh! — uma das meninas
grita. Não faço ideia de quem são todos eles, mas tenho certeza de que esta é a
filha de Paul.
— Para mim? — Coloco uma mão no peito.
Ela pega o presente e me entrega. Olho para Friday.
— Você me comprou um presente?
— Não é nada demais — ela diz, suavemente. — Só uma coisinha.
Em seguida, mais crianças correm e todas estão carregando presentes. Todos
têm meu nome e são de Matt, Pete, Logan, Paul, Sam e suas respectivas famílias.
Provavelmente pareço um idiota enquanto olho ao redor da sala, indo de um
rosto para outro. Paul está abraçando Friday. Matt está com Sky no colo. Logan e
Emily estão de mãos dadas. Pete está beijando a nuca de Reagan. E Sam está
aconchegado no sofá com Peck.
— Vocês realmente não deveriam ter feito isso — murmuro.
Mas Paul me ouve.
— São só uns presentinhos, cara. Não precisa ficar chorando. Devo pegar um
creme para o corpo e absorvente? Tem vários no banheiro.
Rio e balanço a cabeça.
— Obrigado — falo. Então, quando as crianças não estão olhando eu
murmuro “vá se foder” para Paul. Ele ri.
Desembrulho o presente de Paul e Friday. É um pijama, mas juro que é o
menor do mundo. Faço uma bola com o papel de presente e o jogo na cabeça de
Logan quando ele me provoca por ser muito lento. Ao terminar de abrir todos,
tenho uma pequena pilha de itens maravilhosos que vou adorar pelo resto da vida.
Há muito tempo ninguém se importa comigo. Mas isso é bom. Bom demais.
— E aí, vai jogar Banco Imobiliário? — Logan pergunta quando começa a
montar o tabuleiro.
— Por que não? — respondo. Não tenho outro lugar para ir.
PECK

M eu telefone toca no bolso, e eu olho para baixo. Sussurro para Sam:


— V-você se importa se a minha família vier?
— Claro que não. Quanto mais, melhor.
Mando uma mensagem de texto para eles e me aconchego a Sam no sofá. Só
temos algumas semanas até o bebê nascer, e estou ficando um pouco ansiosa.
— Tá cansada? — Sam pergunta. — Podemos ir para casa e receber sua
família lá, se você preferir.
Balanço a cabeça. Ele está prestes a jogar Banco Imobiliário com os irmãos,
algo que, aparentemente, é uma tradição de Natal. Não quero que ele perca.
— Sente falta do futebol, Sam? — pergunto.
Ele balança a cabeça e coloca a orelha na minha barriga.
— Sentiria mais a sua falta — ele fala.
Sam se aposentou do futebol profissional, mas sempre me preocupo que ele se
arrependa. Que ele fique triste por ter desistido. Seu restaurante abre na próxima
semana e ele anda ocupado arrumando as coisas e contratando a equipe.
— Sam, venha logo para cá — Logan fala.
Ele ergue o dedo do meio para o irmão volta a ouvir a minha barriga.
— Mal posso esperar até que ele chegue — ele sussurra contra a minha pele,
o que provoca um calafrio na base da minha coluna.
Solto um gemido e me ajeito.
— Ele não está sentado na sua barriga.
Sam me beija rapidamente e se levanta.
— Vou arrasar com alguns Reed no Banco Imobiliário.
— Ei, Sam? — chamo de volta.
Ele se vira.
— Vai me dar um cupcake? — pergunto.
Ele sorri para mim e assente. Em seguida, vai para a cozinha calçando apenas
as meias e volta com dois sabores diferentes.
— Qual deles você quer?
— Os dois.
Ele ri e os coloca em minhas mãos.
De repente, Logan bate palmas.
— Bem, temos um anúncio para fazer — ele fala. As pessoas se sentam,
olham para cima ou levantam.
— Tudo bem? — Paul pergunta, franzindo a testa.
Emily se aproxima de Logan, e ele a puxa contra si.
— Bem, eu meio que engravidei a Emily de novo. — Ele se encolhe enquanto
espera as reações.
— Você está grávida? — Paul pergunta. Ele pega Emily e a aperta, girando-a
ao redor. Ela grita e ri.
Sam bate com a mão na de Pete.
— Eu disse, cara — ele fala. — Matt nos deve dez dólares.
— Merda — Matt grunhe. — Não devo porra nenhuma. Você me passou para
trás.
— Espere — Logan fala. — Você sabia?
Sam aponta para Emily com o polegar.
— Seus peitos estavam ficando maiores.
Pete assente.
— E ela anda meio temperamental.
Matt continua.
— E não pode sentir cheiro de atum sem vomitar.
Paul encolhe os ombros.
— E está um pouco cansada.
Emily levanta os dois dedos do meio e os empurra nos rostos dos meninos, um
por um.
— Ah, não fique chateada, Em — Sam fala. — Não temos culpa se prestamos
atenção em seus peitos.
— Nunca prestei atenção nos seios dela — Matt resmunga.
— E é por isso que você é um perdedor! — Pete cantarola.
Finalmente, todo mundo a abraça, e os meninos se acalmam para o jogo.
Minhas irmãs chegam e se juntam a nós na sala de estar, onde estamos assistindo a
um filme de Natal.
Star se inclina em minha direção.
— Quem é o cara novo? — ela pergunta.
— É o Josh.
Sua sobrancelha arqueia.
— Josh, o cara da arma? — ela pergunta. — Aquele Josh que deu um tiro no
Bone? — Ela finge dar um tiro com o dedo. Seguro suas mãos e as empurro para
baixo.
— Para com isso — resmungo.
Ela balança a cabeça de um lado para o outro como se estivesse pensando.
— Ele é bonito. Faz o tipo não me toque ou vou arrancar sua cabeça.
Eu a viro para a TV.
— Shhh!
Ela se reclina e coloca os pés na mesa de centro.
É Natal. Ela precisa se comportar.
F R IDAY

M inha vida se transformou em muito mais do que eu esperava que pudesse


ser. Fiquei sozinha por muito tempo e agora, jamais estou só. Olho em
volta para as mulheres espalhadas no sofá. Os bebês estão brincando aos nossos
pés, e as crianças mais velhas estão brincando no quarto de Hayley. Estamos
assistindo a um filme de Natal. Continuo ouvindo Peck sibilar com suas irmãs por
uma razão ou outra. Tenho a sensação de que Star está falando sobre Josh.
— Ele é muito legal — digo a ela. — Você pode falar com ele. Ele não vai
morder.
— Ah, bem, então eu definitivamente não quero falar com ele — ela diz e dá
uma piscadela.
Eu rio. PJ se aproxima de mim e levanta as mãos. Eu o pego, e ele coloca a
cabeça no meu ombro.
— Alguém está cansado — Peck fala. Seu sorriso é suave e melancólico.
— Quer que eu o coloque na cama? — Paul pergunta da mesa. Ele acabou de
comprar a Atlantic Avenue e não quero quebrar sua concentração.
— Pode deixar — digo a ele enquanto me levanto.
Entro no quarto, troco a fralda de PJ e o visto com um macacão quentinho. Eu
o balanço na cadeira, e lemos um livro. Ele bate nas páginas até que finalmente se
aquieta, seus olhos se fechando enquanto eu o embalo. Antes de adormecer, Jacob
entra furtivamente no quarto e se senta aos meus pés.
— PJ vai dormir? — ele sussurra.
— Sim — digo a ele enquanto me levanto.
— Você não me balançou quando eu era bebê — ele fala.
Meu coração se aperta.
— Não, você não morou comigo quando era bebê. Você morava com seus pais
adotivos.
— Porque eles podiam me manter seguro e alimentado.
— E aquecido — acrescento.
— E amado.
— Ninguém poderia te amar mais do que eu — digo a ele. Nunca. A falta de
amor por ele não foi um fator na minha decisão de colocá-lo para adoção. Foi
exatamente o oposto.
— Minha mãe diz que você me amou em primeiro lugar.
Eu sorrio.
— Ela está certa.
Ele sorri.
— Mas ela diz que me ama mais.
— Quando ela vier te pegar, vou chutar o joelho dela e dizer que isso não é
verdade.
Ele solta um suspiro.
— Tá bom, ela não disse isso.
Olho para ele.
— Achei que não tinha dito mesmo.
— Posso beijar o PJ? — ele pergunta.
Abaixo um pouco o bebê para que Jacob possa beijar sua cabeça. Ele sai
correndo do quarto tão rápido quanto chegou.
Paul caminha atrás de mim e coloca as mãos em meus ombros. Ele os aperta
suavemente.
— Você está bem? — ele pergunta.
— Você ouviu isso?
— Sim.
Me inclino contra ele, deixando-o apoiar meu peso.
Ele sussurra em meu ouvido.
— Quero ver quando você acertar o joelho dela. — Ele ri quando me mexo,
tentando acertá-lo.
— Por que você não está jogando? Alguém vai roubar todas as suas casas.
— Kelly acabou de ligar. Ela vem buscar Hayley pela manhã em vez de hoje à
noite.
Kelly está deixando Hayley cada vez mais conosco. É realmente estranho e
não consigo entender isso.
— Ela está saindo com alguém?
Ele encolhe os ombros.
— Se está, não me disse.
— Gosto de ter Hayley aqui o tempo todo.
Ele beija minha bochecha.
— Sei que gosta.
Hayley ainda deita na cama conosco todas as manhãs, nos dizendo que o sol
está brilhando. Nos dias em que ela está com a mãe, eu realmente sinto falta de ter
seu pezinho batendo na minha testa ou acertando meu corpo.
— Ouvi o Jacob dizer a Hayley que ele não pode se casar com ela porque
eles são irmãos — Paul me fala.
Solto uma risada.
— Graças a Deus pelas pequenas bênçãos. — Eles não são irmãos de
verdade, mas gosto de saber que eles se veem dessa forma. Na verdade, isso
aquece meu coração.
Ele me gira em seus braços para que possa olhar em meu rosto.
— Eu agradeço a Deus pelas pequenas e grandes bênçãos, mas, acima de
tudo, agradeço a Ele por você.
— Você está feliz por finalmente descobrir que eu não gosto de mulheres
como você.
— Eu só gosto de uma mulher. — Ele aperta minha bunda e caio contra ele.
— Pode acreditar que a Emily está grávida de novo?
Sorrio. Sei disse há um tempo.
— Espere aí — ele fala, estendendo os braços para que possa olhar em meu
rosto. — Você sabia e não me disse?
— O quê? — protesto. — Não podia estragar a aposta de vocês!
— Vou fazer você pagar por isso.
— Ah, isso parece divertido.
— Quer que eu mande todos para casa?
Balanço a cabeça. Essa é minha família.
— Quero que eles fiquem o tempo que quiserem. Eles me fazem feliz.
— Você me faz feliz.
— É melhor você voltar ao jogo.
Ele bate na minha bunda, sorri e sai do quarto.
Olho para PJ e penso no caminho que a minha vida tomou. Eu não posso me
arrepender de um único dia, porque ele me trouxe até aqui.
Penso em todos os Natais que vieram antes deste, e na expectativa dos que
estão por vir. Minha grande família faz o melhor Natal de todos, e sou feliz de ser
parte dela.
Volto para a sala de estar e sorrio enquanto vejo os homens conversando
sobre casas e hotéis. Ouço a voz de Paul se sobressaindo.
— Amanhã — ele fala — quero todos vocês no estúdio às nove.
— Nove? — Pete reclama.
— O que vamos fazer? — Matt pergunta, enquanto vende quatro de seus
hotéis de volta ao banco.
— Os novos artistas precisam fazer amostras.
— Eles vão usar vocês para treinar? — Josh pergunta. — Você é mais
corajoso do que eu, cara. — Ele balança a cabeça.
— Ah, eles vão usar você também — Paul fala. Ele se levanta e puxa um
desenho de uma pasta. Já sei o que diz, mas Josh, não. Paul pediu a Logan para
fazer especialmente para ele. — Este aqui é seu.
Josh olha para ele por um tempo.
— Todos dizem a mesma coisa?
Paul assente.
— Dizem a mesma coisa, mas cada projeto é diferente.
— Se ficar ruim, vamos retocar depois. Mas acho que os novatos vão se dar
bem — Matt fala.
Josh olha mais um pouco para o papel. Então ele sorri e encolhe os ombros.
Seus olhos estão brilhantes, e quase sinto que ele precisa dos Reed tanto quanto
eles precisavam dele naquele dia fatídico.
Na tatuagem está escrito: onde eu vou, eles vão.
LEIA OS DEMAIS LIVR OS DA SÉR IE IR MÃOS
REED:

Tatuagem, toque e tentação


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