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Sagaz, sexy e secreto

(Os irmãos Reed – Livro 02)

Tammy Falkner
Tradução: Andréia Barboza
MEB
Copyright © 2015 por Tammy Falkner
Copyright da tradução © 2015 por Andreia Barboza

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Sinopse:

Emily

Voltei para Nova York pronta para começar minha nova vida com Logan. As coisas ainda estão no ar
entre nós, e já se passaram três meses desde a última vez que falei com ele. Mas tem uma coisa da
qual tenho certeza: não posso viver sem ele.

Logan

Preciso dela como preciso de ar. Mas agora ela está de volta, e seu pai e seu ex-namorado estão
conspirando para nos manter separados. Sei que podemos superar isso. Não podemos? Será que
podemos fazer nossa relação dar certo? Temos que conseguir porque não posso imaginar minha vida
sem ela.
Emily

Meu pai não quer que eu vá para Nova York. Ele está se opondo a isso firmemente. Mas
Nova York é o lugar onde o meu coração está. É onde Logan mora. E estamos num avião a caminho
de lá agora.
Conheci Logan no outono. Ele cuidou de mim quando precisei de um lugar para ficar, e eu
cuidei dele quando seu irmão ficou doente, com câncer. Matt precisava de um caro tratamento, e o
único jeito de conseguir o dinheiro era se eu voltasse para casa. Então, foi o que fiz. Voltei para a
Califórnia, deixando o único homem que amei em Nova York, e voltei para a minha família, de quem
eu tinha fugido antes. Matt começou o tratamento, pago pelo meu pai, e Logan prosseguiu com a sua
vida.
Quis entrar em contato com ele tantas vezes, mas é difícil para nós. Logan é deficiente
auditivo e ele se comunica por escrito. Eu tenho dislexia, o que faz com que a leitura seja muito
difícil para mim. Então, cartas e telefonemas não são possíveis para nós. A família Reed é pobre, e
eles nem mesmo tem um computador. Considerei comprar um e mandar para ele, assim Logan e eu
poderíamos nos comunicar pela linguagem dos sinais, pelo Skype, mas, além de pobres, eles são
muito orgulhosos, o que é uma combinação de matar.
Faz quase três meses desde que o vi pela última vez. Tem tanto tempo que falei com ele...
quero olhar em seus olhos. Preciso vê-lo. Logo.
O piloto anuncia que irá pousar em Nova York em vinte minutos. Meus pais me olham.
Mamãe está sorrindo; papai não. O guarda-costas do meu pai coloca o jornal de lado e ajusta o cinto
de segurança. Meu pai tem dinheiro. Pilhas e pilhas de dinheiro. Minha mãe gasta dinheiro. Pilhas e
pilhas de dinheiro. É ótimo que minha mãe tenha casado com meu pai, porque nenhum outro homem
na face da terra jamais poderia sustentar seus luxos.
Meu pai é dono da Madison Avenue. Não da rua que vende roupas e acessórios de luxo. É
uma popular linha de itens realmente caros que começou na Califórnia e já se espalhou por todo o
país. Meus pais têm mais dinheiro do que Deus.
— Está animada, Emily? — minha mãe pergunta quando as rodas do avião tocam o chão.
Respiro fundo. Já consigo respirar melhor só de saber que estou na mesma cidade que ele.
Olho diretamente nos olhos dela, que sabe o quanto eu amo Logan. Ela é a favor que nós
estejamos juntos.
— Mais do que você pode imaginar.
— Não sei por que você quer ir para a faculdade, Emily — meu pai grunhe. — Você poderia
ter se casado e desfrutado de uma vida de facilidades e privilégios.
No ano passado, meu pai tentou me casar com o filho de um dos seus parceiros de negócios.
Foi por isso que deixei a Califórnia sem levar nada e peguei um ônibus para Nova York. Eu não
queria um centavo do meu pai e sobrevivi tocando guitarra nas estações do metrô. Meu pai não sabe
de nada da minha vida longe de casa. Como eu vivia em abrigos e tinha pouco dinheiro. Que, muitas
vezes, eu não comia nada por vários dias. Ele prefere achar que vivi uma vida de luxo enquanto
estava fugida. Mas não. Foi difícil. Mas eu não trocaria essa experiência por nada, porque foi através
dela que conheci Logan.
Deus, quero tanto reencontrá-lo. Quero que meus pais voltem logo para a Califórnia
também, mas eles querem me acomodar no meu novo apartamento. Fica na esquina da faculdade que
vou cursar, a Julliard. Sempre quis estudar música, e agora vou poder. Por obra da minha mãe.
Minha mãe aperta de leve o braço do meu pai. É suave, mas chama a sua atenção.
— Já conversamos sobre isso, querido. Ela não quer se casar. Menos ainda com o jovem Sr.
Fields.
Eu bufo. Jamais me casaria com aquele idiota, nem que ele fosse o último homem na terra.
— Fields é um bom rapaz — diz meu pai. O pior é que ele acredita mesmo nisso, apesar de
Trip ser, na verdade, um babaca oportunista que quer subir a escada financeira e deseja me usar
como degrau. Ele jamais conseguirá subir neste degrau, isso eu garanto.
— Hum-hum — murmuro sem me comprometer.
— Fields é um idiota, querido — minha mãe fala. Ela pega sua bolsa e nós desembarcamos
do avião. A limusine espera por nós lá fora, e entramos enquanto alguém, que nunca consigo ver
quem é, descarrega a bagagem.
— Ele funga o nariz constantemente, pai — eu falo. — E não toma banho depois que joga
basquete. — E me chamou de idiota na frente dos seus amigos, mas não comento sobre isso.
Os lábios do meu pai se contorcem.
— Esse garoto tem grande potencial. Grande visão. Ele seria um bom marido.
O que ele quer dizer é que, se pudéssemos juntar as duas famílias, como um negócio,
aumentaria o patrimônio líquido de ambos. Não tenho interesse nenhum em ser rica. Na verdade, o
momento mais feliz da minha vida foi quando morei com Logan e seus irmãos. Ele tem quatro: dois
mais velhos e dois mais novos. Eles vivem sozinhos desde que a mãe morreu e seu pai foi embora.
Eles não têm muito, mas se amam loucamente.
Meus pais se amam, mas não é igual. Não é loucamente.
— Você deveria fazer uma parceria com ele, pai, porque eu não vou — falo. Perdi a conta
do número de vezes que tivemos essa conversa nos últimos meses.
Meu pai solta um suspiro. Ele é um mestre em negociar, mas não sabe nada sobre
relacionamentos.
— Você planeja rever o rapaz enquanto estiver aqui, Emily? — meu pai pergunta.
Sempre que for possível, se ele me quiser.
— Duvido que ele vá querer me ver. Fui embora sem dar uma palavra e não falei com ele
desde então. — Provavelmente, ele está com raiva de mim. Com tanta raiva que me esqueceu. Meu
coração balança com o pensamento.
Eu sabia que teria que deixar Logan quando meu pai pagou o tratamento do seu irmão, mas
não achei que seria permanente. Olho para a tatuagem no meu antebraço. Meu pai a odeia. Eu a amo.
É uma chave com o nome de Logan escrito em seu eixo. Logan abriu a porta do meu mundo. Ele me
aceitou e me amou exatamente como sou, ou, pelo menos, como ele achou que eu era. Só espero que
ele ainda me ame.
Leva uma eternidade para chegarmos ao meu apartamento. Sou obrigada a ouvir meu pai
falar sobre como Trip seria um ótimo marido por todo o caminho. Minha mãe faz uma careta para
mim. Ela me faz rir. Desde que desabafei com ela, ao voltar, nosso relacionamento mudou. Ela me
entendeu e está ao meu lado. Mas isso não fez com que as coisas ficassem mais fáceis com meu pai.
— Se esse rapaz for esperto, ele vai ficar longe, muito longe de você — meu pai quase
rosna. Ele é inflexivelmente contra eu querer ficar com alguém tão pobre.
Logan é rico de todas as formas que eu desejaria ser. Ele é rico em família, amor,
compaixão, e ele ama o que faz para viver. Logan e um artista incrível e trabalha no estúdio de
tatuagem da família, colocando sua arte fabulosa na pele das pessoas. Na última vez que
conversamos, ele disse que queria voltar para a faculdade. Logan tinha uma bolsa de estudos, mas
precisou de dinheiro quando Matt ficou doente. Eles fizeram vários empréstimos para pagar o
primeiro tratamento de Matt, e, quando ele não pôde mais trabalhar, Logan saiu da faculdade e
assumiu a responsabilidade pelo sustento da família.
— Se esse rapaz for realmente esperto — minha mãe fala —, ele estará só esperando que
você chegue em Nova York.
Espero que ela tenha razão. Mas tanta coisa pode acontecer em três meses. As mulheres se
jogam sobre Logan todos os dias. É pedir muito de alguém que me espere por três meses, até que eu
possa voltar para ele.
Minha mãe dá um tapinha no joelho do meu pai.
— Como está o irmão dele, querido? Sei que você tem recebido notícias sobre ele.
Chego para frente. Por favor, diga que ele está bem. Por favor. Perdi as contas de quantas
vezes perguntei ao meu pai sobre isso, mas ele se recusa a me responder, sempre me lembrando do
acordo que fizemos.
— Bem.
Isso é tudo o que ele diz. Apenas uma palavra. Eu me remexo no banco de trás.
— Fale mais, por favor — minha mãe pede, sorrindo para o meu pai.
— O tratamento está funcionando, mas ele ainda não está fora de perigo. Ele precisa ser
avaliado mensamente, até que os médicos cheguem à conclusão de que ele está curado.
Meu coração aperta em meu peito. Matt está melhor. Meu sacrifício não foi em vão. As
lágrimas começam a se formar em meus olhos e minha mãe aperta meu joelho.
— Isso é ótimo, querido — ela diz para o meu pai. — Fico tão feliz por você ter ajudado
esse rapaz.
— Fiz isso para que ela pudesse voltar para casa — ele diz e olha para mim. — Nosso
acordo era que ela voltasse para casa, não que iria para Julliard.
Minha mãe dá um tapinha no joelho dele novamente.
— Ela voltou para casa, querido. E agora está indo para Julliard.
— Só espero que ele fique longe dela — meu pai resmunga mais para si mesmo do que para
mim ou minha mãe. Nós todos sabemos de quem ele está falando. E é melhor que ele não fique longe
de mim. Nem por um dia. Ou uma hora. Nem mesmo um minuto.
Chegamos ao meu apartamento e meu pai faz uma carranca.
— Isso foi o melhor que você pôde encontrar? — ele reclama com a minha mãe.
— É perfeito — eu falo. O prédio é bonito, com um pequeno jardim em frente. Vou morar no
décimo andar, o que para mim está bem. Há um porteiro, um senhor idoso, e ele sorri para mim,
cumprimentando a todos quando entramos no prédio.
— Olá, Sr. Madison — ele fala. Ele sabe quem é o meu pai. Ele não aperta a mão do
homem, apesar de o porteiro ter lhe estendido a mão. Não me acho melhor que este homem e quero
que ele saiba disso. — Srta. Madison — ele fala, sorrindo para mim. — Meu nome é Henry.
— Sr. Henry — falo, apertando sua mão.
— Apenas Henry. — Ele olha para o rosto de desprezo do meu pai.
— Não faça amizade com os empregados, Emily — meu pai adverte.
O rosto de Henry empalidece. Pisco para ele.
— Eu não ousaria tentar fazer amizade com Henry — eu falo. — Ele é muito bom para gente
como nós.
As sobrancelhas do meu pai se levantam.
— O que você quer dizer com isso?
— A bondade triunfa sobre o dinheiro, pai — respondo. Aprendi isso da pior maneira. E,
mesmo que eu não possa ler bem, me sinto muito mais esperta do que o meu pai agora. Olho para
Henry, que sorri para mim.
Ele levanta um dedo e vai até uma caixa trancada ao lado de sua mesa. Henry pega uma
chave.
— Vou me certificar de que sua bagagem seja levada até lá em cima, Srta. Madison.
— Obrigada, Henry. — Pisco para ele de novo, enquanto minha família caminha até o
elevador. Ele sorri para mim com bondade genuína.
Meus pais sobem em silêncio. Meu pai bate com os dedos no parapeito, enquanto minha mãe
se mantém quieta.
— Não sei por que você insistiu em vir aqui. Sou capaz de me acomodar sozinha.
— Não vou deixar você se mudar para uma cidade estranha sozinha. — Ele me olha. Meu
pai sabe que fiquei sozinha nesta cidade por um bom tempo. — Esta foi a sua escolha. Não a minha.
Paro em frente à porta e beijo sua bochecha. Ele baixa o nariz para mim, o que me faz sorrir.
— Estou feliz por você estar aqui. — Só espero que eles não fiquem muito tempo. Quero
ver Logan. É sexta-feira à noite, e ele deve estar no clube trabalhando. Ele é segurança lá.
Meu pai caminha pelo meu novo apartamento, avaliando-o com um olhar crítico. Foi
alugado mobiliado e é realmente muito bonito. Tem dois quartos e um sistema de alarme muito
moderno.
Eu queria, na verdade, ficar numa república, mas meu pai achou que era uma péssima ideia.
Pelo menos, estou perto da faculdade.
Minha mãe pisca para mim, e, em seguida, vira-se para o meu pai.
— Querido, acho que deveríamos ir logo para o hotel.
Ele levanta uma sobrancelha.
— Já?
— Sim. — Ela não fala nada mais. Apenas sim.
Meu pai suspira. Então, beija a minha testa, envolvendo minha cabeça em seu braço robusto.
— Estaremos aqui de manhã cedo.
Eu concordo.
— Estarei aqui.
— Tem certeza de que não precisa de nada? — Ele se preocupa. Excessivamente.
Preciso de Logan, ele é tudo o que eu preciso. Balanço minha cabeça.
Minha mãe sussurra em meu ouvido.
— Use proteção, querida.
Um sorriso se abre em meus lábios.
— Sim, mãe.
A porta se fecha atrás deles. Preciso de um banho e depois encontrar Logan. Preciso dele
como preciso de ar.
Logan

As mãos encostam em minhas costas, seus dedos leves e provocantes, quando alguém
desenha um oito. Olho por cima do meu ombro e me afasto quando vejo Trish. Seguro sua mão e a
tiro das minhas costas, empurrando-a para o lado o mais gentilmente possível.
— Ah, Logan — diz ela, seus lábios abertos num sorriso. Fico feliz por não poder ouvi-la
rir, porque, se o som da risada for como ela, seria tão falso quanto aquele sorriso. É um daqueles
sorrisos sem qualquer alegria por trás. Ela coloca as mãos sobre o meu peito, os dedos pressionando
insistentemente contra mim. — Quanto tempo mais você vai ansiar por essa garota? Há muitos outros
peixes no mar.
Eu posso falar, mas às vezes não o faço e as pessoas aceitam isso porque sou surdo. Perdi a
audição quando estava entrando na adolescência. Toco meu relógio e olho para ela, arqueando a
sobrancelha. Ela tem que estar no palco em dois minutos.
Ela solta um suspiro e segue nesta direção.
Se eu fosse forçado a responder sua pergunta, teria dito “eternamente”. Emily deve voltar a
Nova York a qualquer momento, já que os cursos de primavera da Julliard vão começar. Isto é, se ela
realmente vier. Não falo com ela desde que ela partiu e isso já tem meses.
No entanto, eu a tenho visto nos tabloides. Ela tem saído para almoços, clubes e eventos
sociais com seu ex-namorado, Trip Fields. Os meios de comunicação não param de falar sobre como
eles tinham terminado e, então, reataram. Mas, quando eu os via nos jornais, ela não parecia feliz,
não como quando ela morava comigo e meus irmãos. Prefiro pensar que tudo isso é uma farsa.
Espero, do fundo do meu coração, que seja mesmo uma farsa. Meu estômago dói ao pensar que não é.
Emily se vendeu de volta para o pai em troca da vida do Matt. Ele é meu irmão e significa o
mundo para mim. Matt está vivo por causa do sacrifício dela. Não tenho palavras para agradecer o
que ela fez, mas, desde que ela se foi, é como se o oxigênio estivesse faltando no ar que eu respiro.
Tudo que consigo pensar é em Emily.
Não olhei para qualquer outra garota desde que ela partiu. É só nela que eu penso. Quando
garotas como Trish me tocam e dizem vamos lá, com os olhos, não sinto nenhuma vontade de ir. Nem
consigo me lembrar o que me fez querer estar com elas no passado. Só consigo pensar em Emily.
Olho para a porta onde Ford, um dos outros seguranças, está barrando a entrada. Bone, um
bandido local, está na porta e Ford sabe que, se ele entrar e se aproximar dois metros de mim, vou
tentar matá-lo com minhas próprias mãos. Meu irmão mais novo, Pete, vai se meter em confusão com
Bone. Eu os peguei juntos, conversando na rua há alguns dias e não gostei. Bone é um problema e eu
já havia avisado a ele, na semana passada, para ficar longe da minha família. Mas Pete parece não
entender o tipo de problema que Bone atrai.
Dou um passo em direção à porta, mas Matt aparece de repente na minha frente, ficando
entre Bone e mim. Não vale a pena, ele fala com os sinais.
Para mim, valeria, eu respondo. Venho tentando encontrar o cretino sozinho desde o dia em
que o encontrei com Pete. Nosso irmão mais novo, de repente, conseguiu um telefone celular e
dinheiro no bolso. O garoto tem um emprego, mas não ganha o suficiente para as coisas que ele tem
agora. E ele coloca cada centavo ganho legitimamente na vaquinha da família para pagar as contas.
Ele é a escória. Minhas mãos se movem loucamente enquanto eu falo, chamando a atenção
de várias pessoas ao nosso redor.
Eu sei, Matt responde. Nós vamos cuidar dele, mas não precisamos fazer isso aqui. Ele me
olha nos olhos. Você sabe que ele está armado.
Mais uma razão para mantê-lo fora daqui.
Matt balança a cabeça.
Não essa noite.
Droga. Ford afasta-se para o lado e deixa Bone entrar, quando o dono do clube vai até a
entrada para resolver a questão. Ele olha para Ford.
Ford é um bom amigo e sabe como me sinto sobre Bone. Considerando tudo, não quero
colocar Ford na linha de fogo de Bone, então, fico feliz que ele o deixe entrar, só por este motivo.
Bone sorri para mim, olhando diretamente em meus olhos, enquanto meu olhar o segue pelo
salão. Poucos segundos depois, ele desliza para uma cabine e quebra o contato visual.
A briga começa na parte da frente do bar. Bato palmas para chamar a atenção de Matt. Ele
não está trabalhando esta noite. Ele não está forte o suficiente para isso ainda, mas ele está aqui
como uma espécie de braço direito do dono.
Eu vi, ele fala por sinais. O grandão está bêbado.
Os grandões sempre ficam bêbados mais facilmente.
E eles são uma merda para pegar do chão.
Matt ri. Fico tão contente por ele estar voltando ao normal.
Vou pegar o baixinho e você o grandão. Ele estala os dedos e sorri para mim.
Você é um maricas, sinalizo para ele. E você nem pode usar a quimio como desculpa
porque você já era um viadinho antes de ficar doente. Eu sorrio para ele.
Ele encolhe os ombros e sorri descaradamente para mim. Fico feliz de vê-lo assim. Eu o vi
esmorecer no ano passado a um ponto em que pensamos que ele não sobreviveria. Ele ainda não está
bom, mas temos esperança.
Pelo menos, eu posso conseguir uma boceta, se eu tentar. Ele olha para a minha virilha,
escondida em meu jeans. Seu pau, no entanto, vai apodrecer por falta de uso.
Não posso fazer nada se sou um homem de uma mulher só.
Ele coloca a mão em meu ombro e o aperta.
Quando você acha que ela estará de volta? Preciso agradecê-la.
Ela não iria querer agradecimentos. Encolho os ombros. Também gostaria de saber.
Matt aponta para a briga, que está prestes a se transformar numa confusão sem controle. O
baixinho é burro o suficiente para empurrar o grandalhão. Ele cai sobre uma mulher atrás dele, e o
namorado dela começa a reclamar.
Agora, diz Matt.
Agora. Porra, eu amo esta parte do meu trabalho. É preciso quatro de nós. Matt, Ford, outro
leão de chácara e eu saltamos para a briga e, rapidamente, a deixamos sob controle. Mas o grandão
está com os olhos fechados. Ele está com um sorriso no rosto e murmura alguma coisa, mas não
consigo ler seus lábios.
Ele está cantando? Matt pergunta, arqueando a sobrancelha. Garota, você faz meu alto-
falante fazer boom boom?
Eu rio. As pessoas olham assustadas para as ondas sonoras que saem da minha garganta,
mas não me importo. Rir é bom. Emily me ensinou isso.
Me ajude a levá-lo para cima.
Matt pega um braço enquanto eu pego o outro e nós o içamos sobre suas pernas bambas. Sua
namorada, que também parece bastante bêbada, fala.
— Precisamos de um táxi.
Matt e eu os levamos até o ponto de táxi e os jogamos dentro do carro. A namorada vai com
ele. Me sinto mal pelo taxista que terá que jogar a bunda grande do cara na calçada.
Limpo minhas mãos. Pelo menos, o problema acabou.
A neve cai sobre nós e eu passo as mãos em meu cabelo. De repente, Matt fica tenso ao meu
lado.
O quê?, pergunto.
Ele sorri, bate em meu ombro e diz:
Tire o resto da noite de folga. Em seguida, ele aponta atrás de mim.
Me viro e congelo. Meus pulmões se recusam a trabalhar e eu fico lá parado, sem respirar,
sem me mexer, tentando não sentir nada. Mas lá está ela. Emily está de pé, na calçada, olhando para
mim.
Ela não para de se mexer, parecendo muito nervosa. A neve está caindo sobre seu cabelo e
ela não está usando um casaco. Certamente, ela pode comprar um casaco. A família dela tem bilhões.
Seu cabelo loiro escuro, diferente do preto com mechas azuis que ela usava quando a conheci, cai no
meio das costas e está preso atrás da orelha. Ela não está vestindo roupas da região. Ela parece usar
as roupas chiques da Madison Avenue, da cabeça aos pés.
Mas o melhor de tudo é... que ela é minha.
Matt diz algo para ela, mas Emily não fala com ele. Ela não quebra o contato visual comigo
e sinto que há uma corda invisível entre nós.
Olho para Matt para dizer a ele que vou para onde ela for. Ele sorri.
Acho que não vamos ter que nos preocupar com seu pau morrer por falta de uso.
Vejo você mais tarde.
Duvido, ele fala. Mas seu sorriso ainda é bobo. Quero ir lá abraçá-la, mas acho que você
tem o direito de ir primeiro.
E por último. E no meio.
Ele acena para ela e sinaliza a palavra depois.
Ela balança a cabeça, manda um beijo para ele com a ponta dos dedos e então vem em
minha direção. Suas botas deixam pegadas na neve, e eu me forço a ficar parado. Coloco as mãos nos
bolsos do meu jeans para me obrigar a não agarrá-la.
Oi, ela fala com sinais.
Não aguento mais. Aproximo-me dela tão rapidamente que ela se assusta, mas se aproxima
de mim também. Eu a puxo contra mim, precisando sentir seu coração batendo contra o meu.
Sinto sua respiração em meu ouvido e as malditas lágrimas caem dos meus olhos. Enfio meu
rosto em seu pescoço e respiro o perfume que é só seu. Ela envolve os braços ao redor da minha
cintura, e suas mãos deslizam em meus bolsos traseiros. Ficamos ali na neve até que sinto a umidade
em minha camisa. Inclino o rosto para que eu possa olhar para ela.
— Estou tão feliz que você está em casa. — Uso a minha voz porque não quero afastar
minhas mãos dela.
— Eu também. — Uma lágrima solitária escorre por sua bochecha. Eu a limpo com a ponta
do meu polegar.
— Você está de volta? — pergunto.
Ela balança a cabeça, virando o rosto para beijar minha mão.
— Por quanto tempo?
— Para sempre. — Ela sorri. Deus, ela pode me desfazer com aquele sorriso.
— Jura? — Meu coração está batendo muito forte em meu peito.
Ela balança a cabeça e desenha uma cruz sobre o peito.
— Eu juro.
— E seu pai?
Ela balança a cabeça.
— Não quero falar sobre meu pai agora.
— Nunca mais vou me recuperar se você me deixar novamente. — Engulo o caroço em
minha garganta.
— Você pode vir para casa comigo? — ela pergunta.
Se eu a levar para casa agora, não vamos falar, porque não vou desgrudar dela.
— Vamos pegar uma torta — eu falo, em vez disso.
Seu rosto parece triste.
— Você está bravo comigo.
— Eu te amo como um louco, garota. Como eu poderia estar com raiva de você? —
Observo a curva dos seus lábios, vendo que seus olhos parecem quase negros na escuridão da noite.
Ela aperta minhas mãos.
— Matt está bem.
— Graças a você, sim.
Ela exala e é como se um balão estivesse esvaziando dentro dela.
— O que fazemos agora? — ela pergunta.
— Torta — nós dois falamos ao mesmo tempo. Pego sua mão na minha e a levo para jantar
no mesmo lugar onde comemos juntos pela primeira vez. Torta é seguro. Torta é bom. Comer torta vai
me dar tempo suficiente para ter certeza de que ela me ama tanto quanto eu a amo.
Emily

— Acho que não preciso perguntar se você comeu hoje — Logan brinca. Quando nos
conhecemos, ele sentiu necessidade de me alimentar o tempo todo. A comida era escassa.
— Estava muito nervosa para comer algo — admito, colocando a mão sobre minha barriga,
que subitamente começa a roncar. Fico feliz que ele não pode ouvir.
— Nervosa por? — ele pergunta ao sentar numa cabine. Às vezes, Logan esquece que não
está falando na linguagem dos sinais e usa um mínimo de palavras possível. Mas isso não me
incomoda.
Abri a boca para falar que tinha ficado com medo que ele me odiasse, quando Annie, a
garçonete, vem até a mesa e pergunta:
— Precisa de um cardápio?
Logan balança a cabeça em minha direção. Ele vai querer o mesmo que eu.
— Duas fatias de torta de maçã e duas cervejas — eu falo.
Ela balança a cabeça e faz uma bola com o chiclete em minha direção.
— Você me parece familiar — ela fala, apertando os olhos em minha direção.
Logan pega um guardanapo e uma caneta pilot. Ele sempre tem algo no bolso para escrever.
Ele escreve muito lentamente as palavras minha namorada. É lento o suficiente e as letras são
espaçadas para que eu possa ler. Em seguida, ele aponta para mim.
As sobrancelhas de Annie se levantam. Ela torce a boca numa expressão de incredulidade,
mas depois encolhe os ombros e vai embora.
— Por que você não fala com ela? — pergunto. — Você tem voz.
— Não falo com todo mundo.
— Hum-hum — concordo. — Às vezes, acho que você gosta do seu mundo silencioso.
— Gosto dele desde que você esteja nele. — Ele segura minha mão na sua e passa o polegar
sobre a minha pele. Virando meu braço, ele observa atentamente a minha tatuagem. — Você já sabia
que iria embora quando fez isso.
Eu sabia que essas perguntar seriam feitas. E elas precisavam ser respondidas.
— Eu já tinha ligado para o meu pai e dito a ele que voltaria para casa se ele cuidasse de
Matt. Então, sim.
Ele passa o dedo do meu pulso para cima, os pelos dos meus braços se arrepiando enquanto
ele traça as letras do seu nome. Não é uma tatuagem delicada. Ela ocupa todo o interior do meu
antebraço.
— Você ligou para o seu pai do hospital, naquele dia em que eles disseram que não havia
esperanças para Matt.
Eu concordo.
— Eles disseram que haveria uma chance, se ele tivesse dinheiro para o tratamento. E eu
tinha acesso ao dinheiro suficiente para isso.
Sua testa enrugou.
— Por que você não me contou? Você me deixou acordar sozinho e depois que já tinha
partido.
— Você me deixaria ir?
Ele passa a mão pelo rosto, como se estivesse cansado.
— Não sei.
— Não quero discutir com você sobre isso. Era a vida de Matt ou a minha liberdade. —
Dou de ombros. — Escolhi a vida de Matt.
Seus olhos ficaram ainda mais azuis, olhando para os meus, enquanto ele se inclina para
frente e segura meu pescoço com ambas as mãos. Ele me puxa para ele. Sua respiração toca meus
lábios sempre muito gentilmente, e então sua boca cobre a minha. Não sei o que eu esperava, mas não
era isso. Ele lambe meus lábios e eu levanto para que possa me aproximar mais dele, ficando de
joelhos para que eu possa me inclinar ainda mais sobre a mesa. Sua língua é macia e aveludada
contra a minha. Quando ele se afasta, estou sem fôlego.
— Não me deixe novamente — diz ele.
— Não vou.
Ele acaricia meu pescoço, me beija muito rapidamente, e encosta-se no banco. Queria sentar
ao seu lado na mesa, para que eu pudesse tocá-lo, mas ele não será capaz de ver meus lábios se eu
fizer isso. Toco em seu braço para que ele olhe para mim.
— Quero te mostrar algo.
Ele arqueia a sobrancelha, brincando.
— É melhor que você esteja pronta para me mostrar tudo.
Ofego. Vou mostrar a ele mais tarde.
— Pergunte-me qualquer coisa na linguagem dos sinais.
Quando fui embora, eu mal sabia falar na sua linguagem. Eu poderia tentar aprender quando
voltasse, mas não. Fiz aulas enquanto estava fora. Agora sou muito boa nisso.
Ele aperta os olhos para mim e começa a fazer os sinais com as mãos.
Minhas aulas na NYU começaram na segunda-feira, ele diz.
Começo Julliard na próxima segunda.
Ele sorri.
Nada mal. Você andou treinando?
Fiz um curso.
Ele fica de boca aberta.
Por mim?
Não, idiota. Por mim. Ele sorri quando eu falo. “Idiota” é um termo carinhoso em sua
família. Há muitas outras palavras que eles usam, e nenhuma delas é lisonjeira, mas eles são
apaixonados um pelo outro.
Meus irmãos querem vê-la, especialmente Matt.
Concordo.
Quero vê-los também.
Seguro sua mão e viro o pulso dele, para que eu possa ver o desenho da minha tatuagem em
sua pele. Era algo que eu tinha desenhado quando me sentia desesperada e perdida. Ele a fez no
interior do seu pulso e acrescentou um buraco de fechadura, assim eu teria uma saída. E combinava
com a chave em meu braço. Passo meu dedo sobre a pele. É linda. Assim como ele.
Ele se remexe na cadeira, ajeitando a calça. Levanto minhas sobrancelhas para ele.
— Algo errado? — falo, porque não quero deixar de passar a mão sobre o desenho.
— Tirando o fato de que estou com um puta tesão, não. — Ele ri enquanto sinto meu rosto
esquentar. — Vamos falar sobre a neve ou o rio congelado, ou jamais vou conseguir levantar daqui.
Annie coloca dois pratos de torta e duas cervejas entre nós. Logan sorri para ela. Eu a
agradeço, tentando me distrair. Preciso perguntar algo a Logan. Não tenho direito de resposta, e nem
deveria me importar com isso, mas eu preciso saber.
Ele levanta meu queixo com um dedo.
— O que há de errado?
— Logan — eu começo. Respiro fundo. — Eu fui embora. Vou entender se você tiver
seguido em frente. Só quero ter certeza de que você me quer agora, daqui para frente. Tudo o que
você fez ou quem quer que tenha saído com você enquanto eu estava fora não é da minha conta. —
Meus olhos se enchem de lágrimas. Estou perdoando qualquer coisa que ele tenha feito, mas não
estou fazendo um bom trabalho em demonstrar.
— Que merda é essa, Emily? — ele pergunta. Logan joga o guardanapo sobre a mesa. —
Faça a pergunta. — Seu olhar é intenso e eu me encolho um pouco por dentro. — Pode perguntar se
eu transei com alguém enquanto você estava fora. É isso o que você quer saber, não é?
— Não. O que estou dizendo é que... — Merda. Não sei o que estou dizendo. — Se
aconteceu, eu entendo. — Suspiro e fecho os olhos. Seu olhar é intenso demais para mim.
A voz de Logan soa clara e calma, mas me atinge, mesmo de olhos fechados.
— Não comi ninguém desde a noite que fiz amor com você. — Ele bate a mão com força
sobre a mesa. — Você realmente acha que eu poderia deixar de te amar desse jeito?
— Sexo sempre teve a ver com amor para você antes, Logan? — Abri meus olhos e ele
parecia assustado.
— Não, até que eu conheci você — ele admite. Seus ombros relaxam um pouco. — A última
pessoa com quem estive foi você, Em — ele diz. — Você. Só você.
Meu coração palpita.
— Não houve qualquer outra pessoa para você? Esse tempo todo?
— Como poderia haver, pequena idiota brilhante? — ele pergunta. Seu tom de voz é suave
quando fala a palavra idiota, porque ele sabe que me magoou uma vez ao falar isso. Minha dislexia
torna a leitura difícil para mim, e as pessoas podem ser cruéis. — E você? — ele pergunta. Seu olhar
é intenso.
Meu coração está tão leve que mal posso acompanhar o que estamos falando.
— E eu? — pergunto.
— Você me perguntou se fui fiel a você — ele me lembra.
— Não estava perguntando, na verdade. Apenas disse que eu entenderia se você não tivesse
sido. Você nem sabia se eu iria voltar.
— Eu sabia. Mas teria agido da mesma forma, mesmo que não soubesse. — Seus olhos se
estreitam. — Você está evitando a minha pergunta?
— Que pergunta?
— Droga, Emily. — Ele bate com a mão na mesa novamente. — Você transou ou não com
outra pessoa?
As pessoas nas cabines mais próximas começaram a olhar em nossa direção e eu coloquei
um dedo sobre seus lábios.
— Fale baixo — eu digo.
— Você transou? — Sua voz soa mais baixa.
Coloco a mão sobre meu peito.
— Deus, não. — Respiro fundo. Como ele poderia sequer pensar nisso?
— Vi sua foto nos tabloides com seu ex-namorado. Várias. — Seu olhar está intenso
novamente.
— Foi o relações públicas do meu pai quem fez isso. Eles queriam que todo mundo achasse
que ainda estávamos envolvidos e felizes. — Eu não fazia ideia do que estava acontecendo quando
fui ao primeiro evento e Trip aproximou-se de mim. Os fotógrafos enlouqueceram e tiraram fotos
nossas. — Sinto muito que você tenha tido que ver isso e me perguntar a respeito.
— Você não está comprometida com ele, né? — Ele franze a testa em preocupação e me
sinto mal por fazer isso com ele.
— Não. Não, desde antes de ir embora da Califórnia pela primeira vez.
— E ele está ciente disso? — Logan pergunta.
— Muito consciente. — Ele sabe, não tenho certeza se isso importa para ele, mas ele sabe.
— Ele sabe que estou apaixonada por você.
Logan sorri inocentemente.
— Ele sabe sobre mim?
— Ele sabe tudo sobre você. — Seguro sua mão. — Eu amo você, Logan.
— Bom. Porque eu pretendo colocar um anel aqui muito em breve. — Ele leva meu dedo
anelar aos lábios e o beija suavemente.
Meu coração bate forte.
— Um anel?
Ele balança a cabeça.
— Um anel.
— Você pode tatuar um em mim? — pergunto impulsivamente. — Porque eu não pretendo
tirá-lo nunca.
Ele sorri.
— Vou pensar sobre isso. — Ele aponta para minha torta. — Coma — diz ele. — Posso
ouvir seu estômago roncando e eu sou surdo. Imagine o quanto você está ofendendo as outras
pessoas. Eles querem apenas tomar uma sopa e seu estômago ronca como um F-350.
— Como você sabe como um F-350 ronca? — Dou uma risada. Senti muitas saudades dele.
— Vai dizer que não é alto e parece gemer? — ele pergunta.
— Você vai ver mais tarde.
Ele congelou.
— Coma a porra da sua torta.
Levo uma garfada de torta de maçã aos meus lábios.
Estou em casa.
Logan

A mão de Emily está firmemente presa na minha, e isso é ótimo, porque não quero nunca
mais deixá-la ir.
— Você pode ir para casa comigo? — ela pergunta uma segunda vez. A neve cai pesada
agora, e seu cabelo fica coberto de flocos brancos assim que saímos da lanchonete. Pego meu casaco
de capuz e coloco sobre ela, puxando o tecido sobre seus cabelos. Estou vestindo apenas uma camisa
térmica de manga comprida e jeans, nada mais. Curvo minhas costas contra o vento.
Emily puxa o capuz até o nariz, para que ela possa sentir o cheiro.
— Você não vai pegá-lo de volta — ela avisa.
— Não me importo. — Estou tão feliz por ela estar aqui.
— Então, você vai para casa comigo? — ela pergunta. Sua cabeça está inclinada para o
lado, parecendo um filhotinho de cachorro curioso. Há uma pergunta em seu olhar.
— Onde é a sua casa? — pergunto.
— Tenho um apartamento a poucos quilômetros daqui.
— Por que tão longe? — pergunto.
Ela encolhe os ombros.
— Minha mãe escolheu. Fica próximo ao campus.
— Você não prefere ir para casa comigo? — pergunto. Sei que meus irmãos querem vê-la.
Eles sentem quase tanta falta dela quanto eu.
Ela balança a cabeça.
— Prefiro ter você só para mim.
— Você mora sozinha? — Não tenho certeza de que é seguro.
Ela balança a cabeça e puxa meus dedos.
— Venha comigo. — Ela levanta a mão para chamar um táxi. Ele para, e ela olha para mim
com uma pergunta em seu olhar.
— Tudo bem — eu digo. Eu a ajudo a entrar no táxi, com a mão na parte de baixo das suas
costas, e entro logo depois dela. Ela recita um endereço, mas não consigo ver seus lábios na
escuridão.
Seus poucos quilômetros parecem muitos e vejo o táxi seguir e seguir. Não estou certo de
quanto dinheiro tenho na carteira. Merda. Isto é péssimo.
— Da próxima vez, vamos pegar o metrô — eu falo. Esfrego uma mão em meu rosto.
— Não a esta hora da noite — ela replica.
— Eu a mantenho segura. — Seguro seu queixo. — A Emily que conheci era destemida. O
que aconteceu?
— A Emily que você conheceu era pobre. Não tinha escolha, precisava andar de metrô a
qualquer hora da noite. Agora não preciso mais. — Ela olha em meus olhos.
Aceno com a cabeça. Às vezes, esqueço que ela tem uma vida privilegiada. E eu não. Nós
éramos iguais e agora não somos mais.
Ela me toca, acariciando o espaço entre as minhas sobrancelhas com a ponta do polegar, e
eu percebo que estava fazendo cara feia para ela. Aperto sua mão para tranquilizá-la.
Seu perfume me envolve e tudo o que quero é enterrar meu rosto em seus cabelos e cheirá-
la. Ela está tão linda e cheira bem pra caralho, que não consigo evitar puxá-la em minha direção, de
modo que ela fica quase em meu colo. Ela apoia a cabeça em meu peito e se aconchega em mim, com
a cabeça embaixo do meu queixo. Sinto seu cheiro novamente e me deleito com a sensação dela em
meus braços.
Levanto a bainha da sua camiseta e deslizo as mãos sobre sua pele. Ela grita e agarra minha
mão, apertando-a contra sua barriga.
— Suas mãos estão congelando — ela fala com uma risada.
— Eu sei — admito. — E você está quente. Assim, você me aquece.
Verdade seja dita, estou tão quente agora que poderia explodir. Sua parte de baixo está
sobre minha coxa e eu quero tanto estar dentro dela que quase posso sentir seu gosto. Ela segura
minha mão contra seu estômago e se aproxima mais. Vejo o motorista do táxi nos observar pelo
retrovisor e puxo minha mão de volta mais para baixo. Ela geme. Posso sentir a vibração do gemido
em sua barriga.
— Paciência — eu provoco.
O táxi finalmente para, e eu pego uma nota de vinte e a entrego ao motorista. Desculpe, sem
gorjeta. Minha carteira agora está vazia, depois de ter pago a torta e o táxi. Mas fico feliz de ter tido
o suficiente.
Paro e olho para cima, vendo a neve cair sobre seu prédio. Não é como o lugar onde moro.
As paredes são de vidros brilhantes e há um porteiro saindo da frente do edifício com um guarda-
chuva.
— Boa noite, Srta. Madison — ele fala, cobrindo a cabeça dela para protegê-la da neve.
— Boa noite, Henry — ela responde. Emily sorri para ele, que retribui com um sorriso
ainda maior. — Teve um bom dia? — ela pergunta.
— Ainda melhor por vê-la novamente.
Emily dá de ombros.
— Você é um paquerador, Henry? — ela brinca. O rosto dele fica corado.
— Minha esposa me chutaria para fora de casa, Srta. Madison, se eu flertasse com qualquer
mulher.
— Há quanto tempo você é casado, Henry? — Emily pergunta.
Ele coça o queixo.
— Uns trinta e seis anos?
— Você está me perguntando? — Emily fala.
Ele balança a cabeça e abre a porta para ela.
— Foi em 1978. Já não consigo mais fazer as contas de cabeça como antes.
Ela para na porta e coloca a mão em meu braço.
— Henry, este é meu amigo, Logan Reed.
Ela faz os sinais enquanto fala e Henry me observa de cima a baixo. Mas, então, ele aceita a
mão que eu ofereço e me cumprimenta. Eu a seguro e aprecio a firmeza do seu aperto.
— Henry — Emily pergunta —, você pode conseguir que uma chave seja feita para Logan?
E certificar-se de que ele entre na lista de pessoas que podem entrar e sair livremente?
Henry franze a testa.
— Você acha que seu pai aprovaria? — ele pergunta.
Enquanto o homem fala, Emily traduz na linguagem dos sinais para mim. Eu realmente não
precisava disso, a não ser que ele se afastasse.
— Tenho certeza de que meu pai não aprovaria — Emily diz com uma risada. Ela envolve
um dos braços no meu. — Mas pretendo me casar com este homem.
As sobrancelhas dele arqueiam.
— Devo lhes parabenizar?
Ela se inclina na direção dele, como se fosse dizer-lhe um segredo, mas posso ver seus
lábios tão claramente quanto o dia.
— Ele ainda não me pediu oficialmente, mas estou afirmando meus planos na frente dele
para que ele saiba como me sinto.
Henry sorri.
— Entendo. — Ele se inclina para mim. — Ela vai fazer você andar na linha num estalar de
dedos. — Ele faz um gesto para Emily. — Basta olhar para ela. Ela é maravilhosa.
— Ela é minha — eu digo, passando os braços ao redor dela. — Então, não tenha ideias. —
Sorrio para ele e olho para os olhos castanhos dela. Ela pisca para mim. Deus, ela é tão linda.
— Se eu fosse um pouco mais jovem, teríamos que lutar por ela — ele adverte, mas em
seguida ri. Ele olha para Emily e pisca. — Vou conseguir a chave para você e vou adicioná-lo à lista.
Ela pergunta a ele:
— Henry, você acha necessário falar com meu pai sobre a chave de Logan?
Ele aperta os lábios por um momento e depois balança a cabeça.
— Que chave?
Ela sorri, mas meu coração se aperta. Ela não quer que o pai saiba que eu tenho permissão
para ir e vir do seu apartamento? Que merda é essa?
Henry olha para minhas tatuagens com um olhar avaliador. Não tenho certeza se ele aprova,
mas particularmente não me importo. Puxo as mangas da minha camisa para que ele possa ver o
resto. Ele pode ver o desenho completo enquanto decide se sou digno de estar com Emily ou não. Sou
um trabalhador que ama arte e amo esta garota. Essa é a única coisa que ele precisa saber.
— Obrigado pela ajuda — eu digo. Deixo Emily me puxar em direção ao elevador. Ela
acena para Henry, e ele acena de volta, corando.
Eu me inclino contra a parede no elevador.
— Por que você não quer que seu pai saiba sobre mim?
Ela cora.
— Eu quero que ele saiba tudo sobre você, idiota — diz ela, então sorri. — Só não quero
que ele saiba que você está dormindo comigo.
— Dormindo? — pergunto, balançando minhas sobrancelhas para ela. — Eu duvido que
vamos dormir muito.
A porta se abre e ela sai, puxando-me atrás dela. Ela olha para mim.
— Você gostaria de conhecer meus pais? — ela pergunta. — Eles ainda estão na cidade.
Eu paro quando ela abre a porta, encostando-me no batente da porta enquanto ela abre o
apartamento.
— Você quer que eu me encontre com seus pais? — Eu não tinha certeza se ela queria isso.
Ela deixa as chaves sobre uma mesa ao lado da porta, tranca o ferrolho atrás dela, e, em
seguida, coloca um código de segurança no teclado perto da porta. Seu cabelo pende cobrindo parte
do seu rosto, e eu o afasto.
— Em — eu digo suavemente —, você quer que eu conheça seus pais?
Ela solta um suspiro. Posso sentir o sopro em meu queixo.
— Quero que meus pais o conheçam. Só não tenho certeza se quero que você os conheça. —
Ela solta um suspiro frustrado. — Meu pai pode ser um pouco... condescendente. Tenho medo do que
ele possa dizer a você. — Ela balança a cabeça. — É isso. — Emily olha diretamente em meus
olhos. — É por causa dele. Não por você.
— Então, você não quer que eu os encontre. — Deixo minhas mãos caírem ao lado do meu
corpo.
— Não — ela se apressa em dizer. — Eu quero que você os conheça.
— Quando? — Eu preciso saber.
Ela encolhe os ombros e faz uma careta.
— Amanhã?
Um sorriso se abre em meus lábios.
— Sério?
Ela sorri.
— Sério. — Ela dá um tapinha em minha camisa. — Você está molhado. Tire isso.
Ela não precisa me pedir duas vezes. Puxo a camiseta. Meu peito está nu.
Emily congela, olhando para o meu peito.
— Meu Deus, o que é isso? — Ela lambe os lábios.
— Se você gosta dessas — eu brinco, apontando para as tatuagens que cobrem meu peito e
ombros —, espere só até ver a que fiz em minha bunda. É toda sua.
— Você tatuou sua bunda para mim? — ela pergunta.
Eu concordo.
— Quer ver?
— Claro.
Emily

Em vez de tirar as calças para que eu pudesse ver sua bunda, Logan caminhou na minha
direção, seus olhos se estreitando enquanto ele mordia o lábio inferior. Suas mãos pousam
firmemente de cada lado da minha cabeça, e ele se inclina para perto do meu rosto, tão perto que
posso sentir sua respiração em meu ouvido. Ele encosta os lábios em minha testa ternamente e
respira profundamente, com os olhos fechados.
Estendo a mão para ele, explorando seu peito nu com as pontas dos dedos. Mas ele geme e
levanta as mãos sobre minha cabeça, prendendo-as contra a parede.
— Você está tremendo — ele diz, entrelaçando os dedos nos meus.
Uma grande onda de respiração me escapa e ele ri.
— Tremendo por que, Em? — ele pergunta baixinho, enquanto inclina a cabeça mais para
baixo. Seus dentes seguram o primeiro botão da minha camisa, liberando-o gentilmente da casa.
Minha camisa abre, expondo a borda rendada do sutiã. Seus dentes fazem o caminho da minha camisa
até que ela esteja completamente aberta. Encolho o estômago quando ele mergulha a língua em meu
umbigo. Ele olha para mim e sorri.
— Tremendo por que, Em? — ele pergunta novamente.
— Porque você está aqui — eu admito. Encosto a cabeça contra a parede, minhas mãos
ainda presas acima da cabeça, embora ele se mexa, movimentando meus pulsos de um lado para o
outro em suas palmas. Ele mergulha o dedo indicador da mão livre na taça do meu sutiã, deixando
meus mamilos livres enquanto lambe os lábios.
— Por favor. — Respiro fundo, arqueando as costas para ele. Mas ele não lambe meu
mamilo. Nem sei ao certo se ele sabe o quanto preciso que ele me toque.
Com um movimento rápido, ele desabotoa meu jeans; nossa respiração e meu coração são os
únicos sons na sala até que o click, click, click comece. Sua mão desliza por minha cintura, passando
por minha calcinha e ele segura meu monte. Ele não se move, nem mesmo quando balanço os quadris,
tentando forçar sua mão a deslizar por entre meus lábios. Oh, Deus, por favor, me toque.
Em vez disso, ele mantém a mão firme enquanto sua boca toca a minha. Seu beijo é tão
suave e gentil quanto o toque da sua mão. Meu clitóris incha, como se estivesse esticando-se para
ele, já que ele não encurta a distância. Murmuro contra seus lábios. Ele levanta a cabeça e me olha,
sua língua ainda brincando com meu lábio inferior, me lambendo.
— Algo errado? — ele pergunta. Suas pálpebras estão entreabertas, como se ele estivesse
sonolento. Mas eu sei que ele não está. Logan está totalmente alerta... e esperando por mim.
Solto a respiração presa em meu peito e mordo o lábio.
— Minhas mãos estão ocupadas, por isso não posso tocar seus lábios com as mãos — ele
diz rindo, enquanto abre a boca com a língua e chupa meu lábio inferior. Eu não posso suportar mais.
Não consigo. — Melhor? — ele pergunta.
Deixo minha cabeça cair para trás contra a parede com um baque.
— Não, não estou melhor. — Estou de pé na sala de estar, com a camisa aberta, meus seios
à mostra e a mão dele dentro da minha calcinha e... nada.
— Você é um idiota — murmuro brincando. Meus mamilos doem, eles estão ainda mais
duros. Minha calcinha está encharcada, tenho certeza. E ele parece estar tão calmo quanto poderia
estar.
— Você me quer, não é? — ele pergunta, erguendo as sobrancelhas.
— Não — eu minto. Logan desliza um dedo entre meus lábios, sob minha calcinha, e eu
respiro fundo. Mas então ele tira a mão de dentro da minha calcinha antes que ele cause um acidente
vascular cerebral em meu clitóris. Um toque? Só é isso que ele vai me dar?
Ele solta minhas mãos por tempo suficiente para empurrar a camisa dos meus ombros. Logan
me gira de frente para a parede e abre meu sutiã, deixando-o cair no chão ao nosso lado. Suas mãos
deslizam pelo cós da minha calça jeans aberta e ele a puxa para baixo, junto com a minha calcinha.
— Nada de Betty Boop? — ele pergunta. Eu costumava usar calcinhas da Betty Boop, mas a
Madison Avenue não faz lingerie de desenhos animados.
Ele para e tira minhas botas, empurrando meu jeans e a calcinha pelos meus pés. Seus lábios
tocam a parte de trás dos meus joelhos, e eu fico tonta com a sensação que seu toque me provoca.
Sempre foi assim com ele.
Logan me gira de frente e eu não perco um segundo. Salto sobre ele e coloco minhas pernas
ao redor dos seus quadris, enganchando meus pés em suas costas.
— Onde é a cama? — ele pergunta sorrindo contra meus lábios.
Não posso esperar até chegar à cama. O sofá é mais perto.
— Sofá — eu digo. Ele não viu meus lábios, então aponto para ele.
Logan senta comigo montada em seu colo. Me levanto apenas o suficiente para abrir a fivela
do seu cinto. Ele deixa, parecendo um pouco divertido ao ver meu movimento desastrado e frenético.
Ele está duro sob o zíper e mal posso esperar para levá-lo dentro de mim. Logan levanta os quadris
quando finalmente consigo abrir o botão e o zíper, puxando as calças de brim um pouco para baixo.
Não muito. Não lhe dou muito tempo para isso.
— Em — ele me chama quando me posiciono em cima dele. Ele levanta meu queixo. —
Precisamos de um preservativo?
Oh, Deus. Ele é o tipo de cara que se preocupa com isso. Ele é um cara bom.
— Não usamos da última vez — eu o lembro. Nem antes.
— Você disse que estava tudo bem, naquela época — ele me lembra. Segurando o pau com a
mão, ele o esfrega pela minha fenda, batendo em meu clitóris. — Estamos bem agora?
— Não consigo pensar quando você faz isso — eu falo, tentando contar os dias. Meu
período terminou há poucos dias, mas lembro que estou tomando pílula. Minha mãe me levou ao
médico assim que fui para casa. Não quero pensar sobre minha mãe agora. Seguro em seus ombros e
salto em seu colo.
— Estamos bem — eu falo.
Quando as palavras saem da minha boca, ele leva seu membro diretamente para minha
abertura, segurando meus quadris nus em suas mãos, me puxando para baixo, em cima dele. Logan
geme em voz alta, me preenchendo lentamente, olhando em meus olhos.
— Deus, eu te amo.
Meu estômago aperta de um jeito intenso, com a expressão crua em seu rosto. Ele se inclina
para frente, empurrando-me para trás, enquanto realinha nossos corpos. Eu me abraço, inclinando
meu corpo para trás, com as mãos sobre os joelhos, empurrando meu peito para frente. Com um
brilho quase feroz em seus olhos, ele lambe meu mamilo e o suga rapidamente, puxando a carne com
força. Ele puxa as calças até os tornozelos, arranca seus sapatos e mexe as pernas até que as calças e
a boxer caem no chão. Logan me rola para o lado, me deitando no sofá com um braço em minhas
costas. Ele nunca me solta. Se ele se afastasse agora, eu teria que gritar.
Logan afasta os cabelos do meu rosto com os dedos.
— Adoro quando você chega ao auge, mas você está indo rápido demais — ele diz, olhando
em meus olhos, esperando minha aceitação.
Só fizemos amor duas vezes, e ambas foram na mesma noite, aquela em que fui embora. No
entanto, sinto que ele está fazendo amor comigo para sempre. Confio nele com tudo o que tenho, e
dou tudo a ele. Balanço a cabeça concordando e puxo sua cabeça para a minha. Ele me beija ao
começar a se mover lentamente entre minhas coxas e eu me abro ainda mais para ele. Logan inclina
meus quadris, segurando minha bunda com a palma das mãos, indo mais fundo. Minha respiração
falha quando ele desliza o pau para dentro e para fora, dentro e fora, dentro e fora. Sua cabeça desce
até meu peito, pegando meus mamilos com a mesma atenção que ele deu aos meus lábios.
— Jesus Cristo, Em — ele fala. Sua respiração é entrecortada. — Acho que vamos precisar
acelerar novamente. — Ele fecha os olhos com força, os lábios apertados. — Quero gozar dentro de
você.
Seus olhos azuis se abrem, e ele me olha através de uma nuvem de paixão. Mal consigo
pensar e muito menos falar com ele. Logan levanta a perna e a pressiona em direção ao meu peito,
colocando o peso sobre ela, mudando de repente a nossa posição. Minha respiração falha. Viro a
cabeça em seu antebraço, que está ao lado do meu rosto e mordisco seu pulso. Ele ri.
— Assim? — ele pergunta sentando-se e olhando para onde estamos unidos, segurando
minha perna perto do seu peito. Seus golpes são lentos e profundos. Em seguida, eles se tornam
rápidos o suficiente para tirar meu fôlego. Então, lento. Depois, rápido.
— Jesus, Logan — eu gemo. — Pare de me atormentar.
Abro os olhos e o encaro.
— Seja paciente. Vou cuidar de você — ele me repreende. Logan observa nossos corpos
unidos e toca a minha abertura com a ponta do dedo, circulando em torno do seu pênis. — Tão
apertada. — Ele respira. Jamais tinha compartilhado esse tipo de intimidade com alguém. Nunca. E
sei que jamais vou encontrar um sentimento assim com qualquer outra pessoa além dele. É mais do
que sexo.
Ele inclina-se para baixo, cobrindo meu corpo com o seu, seus quadris levantando
rapidamente, empalando seu pênis dentro de mim. Aperto-o, porque sinto medo de quebrar. Ele
balança, sua mão deslizando entre nós, tocando meu clitóris. Seu dedo fica molhado de onde ele me
acariciou. Ele dedilha meu clitóris. Uma vez. Duas vezes. Três vezes. Então eu gozo com um grito de
lamento.
Ele solta minha perna e ela cai sobre o encosto do sofá. Mas Logan não acabou. Ele
massageia meu clitóris e ordenha cada última gota de prazer e agita meu corpo, me trabalhando até
que eu não aguento mais. Puxo sua mão, choramingando e balançando a cabeça. Ele empurra mais
uma vez e então grunhe em meu ouvido, gozando dentro de mim, encharcando minhas paredes quando
libera seu orgasmo. Em mim.
Logan desmorona sobre mim e sinto sua respiração pesada. Meus olhos estão pesados,
porque não tenho força suficiente para abri-los. Mas sinto suas mãos suaves quando ele inclina a
cabeça para que eu possa encará-lo.
— Olhe para mim — ele insiste. Sua voz é hesitante. — Preciso que você me diga que vai
ficar tudo bem.
Não sei o que ele quer dizer. Estou de volta, não estou? Balanço a minha cabeça.
— Não há nada de errado.
Ele procura meu rosto.
— Promete? — Suas sobrancelhas levantam. — Tem certeza?
Empurro seu ombro para que ele se sente.
— Certeza de quê?
Ele sai de dentro de mim, e sou deixada molhada e satisfeita. Meus braços e pernas estão
tão moles que mal consigo pensar.
— Você está me perguntando se vou embora de novo?
Ele balança a cabeça.
— E outras coisas.
— Que outras coisas?
Ele se levanta, e... Meu Deus, ele é lindo nu. Ele é lindo com roupas também, mas nu... Meu
Deus. Ele é uma obra de arte.
— Porra, quero que você case comigo, Em — ele diz.
Meu coração quase para.
— Bem, esse é o pior pedido dos últimos tempos — eu brinco.
— Diga-me que isso é de verdade — ele implora.
Seguro sua mão e olho em seus olhos azuis.
— É de verdade, do fundo do meu coração.
Ele me puxa para ficar de pé.
— Ótimo.
— Você vai passar a noite, não é? — pergunto. É melhor que ele diga que sim.
Ele sorri.
— Por que eu deveria?
— Por que vou ficar magoada se você for embora. — Sou honesta e seu rosto suaviza.
— Claro, não vou embora, idiota. — Fico emocionada com o termo carinhoso. Há um
tempo, esse tipo de expressão me magoava, mas não vindo dele.
— Quer tomar um banho? — pergunto.
Ele balança a cabeça, esfregando a sombra de barba em meu pescoço.
— Estou pensando em brincar com você novamente — ele adverte, balançando as
sobrancelhas para mim. — Vou pegar uma toalha do banheiro para que possamos nos limpar. — Ele
aperta levemente o meu nariz. — Você vai dormir melhor assim.
Ele vira e vejo as palavras tatuadas em seu quadril:

Meu nome é Emily.

Está escrito com a minha letra, como se ele tivesse pego o bilhete e feito uma cópia sobre
sua pele. Foi quando eu disse a ele o meu nome. Eu havia escrito num pedaço de papel, de surpresa.
— Você tatuou meu bilhete no seu traseiro.
— Eu queria lembrar para sempre — diz ele. Logan olha no fundo dos meus olhos, e as
lágrimas começam a umedecer meus cílios.
— Você fez isso depois que fui embora. — Não preciso perguntar. Eu já sei a resposta.
Ele balança a cabeça.
— Te amava naquele momento. Te amo agora.
Pego a camiseta do AC/DC do meu armário. Eu tinha desfeito as malas antes de ir para o
clube.
— Você ficou com a minha camiseta esse tempo todo? — ele pergunta.
— Não é sua camiseta — eu falo. — É minha.
Eu a peguei para mim quando fui embora e dormi com ela todas as noites, desde então.
— Noventa por cento minha, digamos assim — eu respondo. Mas ele está sorrindo enquanto
puxo as cobertas e deito sobre o lençol.
— Que tipo de lençol é esse? — ele pergunta, deslizando o polegar sobre o tecido.
O tipo realmente caro.
— É só um lençol. — Não quero falar sobre a quantidade de fios ou qualquer coisa. Só
quero que ele me abrace. Ele leva um pano molhado em direção ao centro das minhas coxas, mas eu
o intercepto. — Posso fazer isso.
Ele segura o pano firmemente por um segundo.
— Gosto de cuidar de você — ele fala.
Meu rosto cora.
— Pode me dar um tempinho para me acostumar a ter você por perto? — Tudo isto é novo
para mim, esse nível de intimidade. Jamais experimentei isso antes.
Seus olhos se estreitam.
— É melhor se acostumar logo. — Ele dá um tapinha no peito tatuado. — Porque o que você
vê é seu.
Ele é muito mais do que aquilo que as pessoas veem. Eu só queria que ele soubesse disso
tão bem quanto eu.
Logan deita e me puxa para seu peito. Seus lábios tocam meus cabelos. Estou vestindo a
camiseta e nada mais, e ele está nu. Ele está tenso embaixo de mim e encolhe a barriga quando
coloco minha mão sobre ela. Vejo seu músculo contrair-se embaixo do lençol. Olho para sua parte de
baixo, levantando o pano. A cabeça do seu pênis arqueia em direção a mim.
— Você quer dormir? — pergunto.
Ele balança a cabeça e me vira. Ele está dentro de mim antes que eu possa piscar, e nunca
me senti mais em paz.
****
O telefone toca na manhã seguinte, me tirando do meu estado de paz. Logan está dormindo,
uma de suas pernas jogadas sobre minha bunda nua. Seu braço está envolvendo minhas costas com
tanta força que preciso desembolar nossos membros para que eu consiga alcançar o telefone.
— Hum? — murmuro.
Logan levanta a cabeça, arqueando as sobrancelhas.
— Srta. Madison? — uma voz fala.
— Sim? — Me acomodo sobre os cotovelos, tirando o cabelo do rosto.
— Srta. Madison, é o Henry.
Passo as mãos nos olhos, tentando afastar o sono.
— Hum-hum — murmuro. Meu rosto cai no travesseiro. Os lábios de Logan acariciam
minhas têmporas.
— Srta. Madison — Henry fala. — Achei que você gostaria de saber que seus pais
acabaram de chegar. Eles estão subindo.
Logan

Emily levanta e pula da cama. Deus, ela é linda, mesmo com o cabelo bagunçado e uma
marca dos lençóis em sua bochecha. Balanço meu braço, que está entorpecido por ela ter dormido
sobre ele. Sinto como se alfinetes e agulhas estivessem sendo enfiadas em meus dedos até as axilas.
O que há de errado?, pergunto, fazendo sinais, quando posso sentir meus dedos novamente.
Meus pais estão aqui, ela responde, fazendo sinais.
Emily bate o telefone e corre até o armário.
Merda. Seus pais estão aqui? Não era assim que eu previa encontrá-los.
Não fique aí parado. Ela empurra minha perna. Vista-se.
Ela corre para a sala de estar e volta com minhas roupas e sapatos, atirando-os para mim.
Jogo meus sapatos no chão, enquanto passo as mãos no rosto.
Emily revira os olhos e me lança um olhar.
Levanto e começo a me vestir. Já estive em algumas situações engraçadas antes, mas esta é a
mais preocupante. Não era assim que eu queria conhecê-los. Eu queria estar bem vestido, barbeado e
parecendo com alguém que poderia ser bom para sua filha. Passo a camisa térmica sobre a cabeça e
cerro os dentes.
Porra. Acho que vou ter que fazer o meu melhor.
Visto meus jeans e Emily corre para o banheiro, para tirar os nós dos cabelos. Me visto e
calço os sapatos depressa, porque quero estar calçado para conhecer seus pais. Não achei uma das
minhas meias, mas não tenho tempo de procurá-la. Vou atrás de Em e coloco um pouco de pasta de
dentes no dedo, para que eu possa “escovar” os dentes. Passo os dedos sobre os dentes e ela sorri
para mim, através de sua escova.
Cuspo e enxaguo minha boca e ela faz o mesmo. Ela passa por mim, mas eu passo o braço
ao redor da sua cintura e a puxo de volta. Ela começa a protestar, mas ri contra meus lábios.
— Comporte-se — ela repreende.
Emily começa a fazer o café e eu coloco uma caneca perto da jarra. Assim que ela está
cheia, corro para a mesa da cozinha. Abro o jornal rapidamente, passando as páginas até chegar nas
palavras cruzadas. Preencho-as fazendo parecer que estive focado nisso por um tempo.
Posiciono a caneta sobre o jornal quando seus pais caminham até a porta.
Eles nem mesmo bateram?, pergunto através de sinais para Emily.
Ela balança a cabeça e estremece.
Graças a Deus que Henry ligou.
Seu pai levanta a sobrancelha assim que me vê na mesa. Seus olhos se estreitam e ele olha
para mim, observando minhas tatuagens do pescoço até os pulsos. Jamais quis escondê-las, e, na
verdade, sua observação me faz querer arregaçar as mangas para que ele possa ver cada uma. Mas
algo me diz que ele não ficará impressionado.
— Mamãe. Pai. — Emily faz um movimento em minha direção. — Este é Logan. — Ela
acena em direção a eles. Ela faz sinais enquanto fala e eu meio que queria que ela parasse.
Sua mãe corre em minha direção.
— Logan, querido — ela fala. — Ouvimos muito sobre você.
Meu coração bate forte ao pensar que Emily falou sobre mim enquanto estava longe. Talvez
ela ansiasse por mim do mesmo jeito que eu ansiava por ela.
— É maravilhoso conhecê-la — eu falo, esticando minha mão.
Ela ignora e envolve os braços ao meu redor, me apertando com força, sem permitir que eu
saia do lugar. Então, ela recua, com as mãos ainda em meus braços. Ela me aperta.
— Meu Deus, você é um pedaço de homem, hein? — ela fala sorrindo e pisca para mim. —
Posso ver por que Emily está tão apaixonada.
Sinto meu rosto corar.
O pai de Emily enfia as mãos nos bolsos e se vira. Ele acena para mim e acho que ele
resmunga algo. Não sei se algum som saiu de sua boca, mas sei que ele fez algum tipo de ruído. Um
que me aborreceria se eu pudesse ouvi-lo.
Estico minha mão na direção dele.
— Sr. Madison — eu falo.
A contragosto, ele pega a minha mão e a aperta com firmeza. Me forço a não retribuir seu
aperto de advertência. Em vez disso, eu relevo. Deixo-o ficar no controle, porque ele é seu pai, pelo
amor de Deus. Não gosto dele, mas o aceito.
— Logan veio tomar café da manhã com a gente — Emily logo fala. Ela coloca as mãos
sobre as nossas e afasta os dedos do seu pai. Balanço minha mão dolorida quando ele a libera.
Ele observa a marca do lençol em sua bochecha e sua falta de maquiagem.
— Sei que veio — seu pai diz.
Sua mãe pega um saco com doces, tortas, bagels e várias outras coisas para o café e coloca
sobre a mesa. Emily começa a abrir os sacos, andando para lá e para cá na ponta dos pés, como ela
sempre faz. Ela está só de meias e não consigo evitar de me lembrar que uma das minhas meias está
sumida. Vou para a sala de estar e a vejo saindo de uma das almofadas do sofá. Coloco-a no bolso
rapidamente. Sua mãe me segue e sorri para mim, balançando o dedo.
— Você não vai embora, não é?
Não mesmo.
— Não, Sra. Madison — eu falo. — Estava apenas procurando algo.
Ela estreita os olhos.
— Encontrou? — ela parece perguntar sobre algo mais do que minha meia perdida.
Eu tusso em meu punho fechado para limpar a garganta, que de repente parece ter um nódulo
nela. Não sei por quê.
— Sim, senhora.
Ela arqueia uma sobrancelha para mim, levando-me a continuar.
— Tenho tudo o que preciso agora que Emily voltou. — Olho em seus olhos.
— Fique firme — ela fala e pisca para mim. Então, ela se assusta e olha para a porta.
Emily aparece e seus olhos se estreitam. Seu pai está atrás dela, sorrindo. Alguém deve ter
batido na porta. Ela corre até lá, olha no olho mágico e dá alguns passos para trás, murmurando algo.
Não consigo ler seus lábios.
Emily abre a porta e um homem surge. Ele está usando camisa de botão, gravata e sapatos
que custam mais do que minha renda mensal. Ele coloca a mala no chão, aperta a mão do Sr. Madison
e se vira para Emily. Ele começa a andar na direção dela, com os braços estendidos. Dou um passo à
frente, para ficar entre eles, mas a Sra. Madison agarra meu braço.
— Não — ela fala. — Isso vai se resolver.
Emily permite que ele a abrace, mas não retribui. Ela se encolhe em seu lugar. Isso aquece
meu coração.
Ela olha para mim e vejo algo em seu olhar que não consigo distinguir. Seria pena? De mim?
Ela tem medo que eu não possa competir com este homem? Quem diabos é ele, afinal?
Faço um círculo ao redor dos meus lábios, perguntando-lhe se ela está bem, sem que
ninguém saiba. Ela faz um sinal com a letra x. Esse cara é o seu ex-namorado? Sério?
O passado de Emily acaba de entrar pela porta. E, se o olhar em seu rosto serve como
indicação, ele não quer continuar no passado. Ele quer mais.
Olho para o pai dela, que está sorrindo para mim, com os braços cruzados na frente do
peito. Ele não quer que o idiota continue no passado também.
Certo. Vou chutar o traseiro dele no meio da próxima semana. Esse é o único jeito de que ele
não seja parte do seu futuro.
Dou um passo para a frente, flexionando meus dedos. Ele é tão grande quanto eu, mas aposto
que seu queixo é mole, assim como sua bunda.
Emily

Isso não é bom. Nada bom. Trip não deveria estar aqui. Ele tinha que estar em LA, mas está
aqui.
Ele caminha em minha direção como se fôssemos velhos amigos. Como se, há poucos
meses, ele não tivesse me chamado de estúpida, entre outras coisas. Como se eu não o tivesse
deixado em pé no altar antes da minha última viagem a Nova York, quando conheci Logan. Como se
eu fosse aceitar o abraço que ele tenta me dar.
Ele me abraça, puxando-me para perto dele. Empurro-o contra o peito, mais e mais até que
ele deixa que eu me afaste. Logan está atravessando a sala. Empurro Trip e coloco a mão na curva do
braço de Logan. Passo a mão em meus cabelos, afastando-os do meu rosto.
— O que está fazendo aqui, Trip? — pergunto.
Logan flexiona a ponta dos dedos, apertando-os em punho. Ele parece querer sufocar Trip.
Logan olha para meu pai, seus olhos expressam uma descrença zombeteira.
— Não contou a ela, Sr. Madison?
— Não tive chance ainda — papai fala, mas sorri. — Acho que agora é um momento tão
bom quanto qualquer outro. — Ele faz um gesto para que Trip prossiga.
— Seu pai me transferiu para cá temporariamente. Ele não gostou da ideia de você ficar na
cidade sozinha. — Trip olha para meu pai, como se ele precisasse de sua confirmação. Papai acena.
Trip sorri e age como se fosse me abraçar novamente, mas Logan coloca a mão em seu peito. Trip
olha para baixo, entortando o nariz para Logan, como se ele estivesse sentindo um cheiro ruim.
— Quem diabos é você? — ele pergunta. Então, ele percebe a forma como estou segurando
o braço de Logan com todas as minhas forças e o queixo dele cai por um segundo. — Este é ele? —
ele pergunta. — Esse é o cara? — Então ele solta uma gargalhada.
Sinto Logan flexionar o braço sob a minha mão. Eu o aperto firmemente, cravando minhas
unhas em sua pele para chamar sua atenção. Ele olha para mim, finalmente e eu o encaro, meus lábios
pronunciando eu amo você.
Ele balança a cabeça ligeiramente, e a tensão em seu corpo alivia um pouco.
— Então, você está se mudando para Nova York? — pergunto a Trip.
Ele olha para o meu pai, que acena com a cabeça.
— Não é ótimo? — ele fala. — O Sr. Madison quer que eu trabalhe no escritório de Nova
York.
Olho para o meu pai, vendo seu rosto.
— Nós temos um escritório em Nova York?
Ele sorri.
— Temos agora.
— Pode me parabenizar, Em — Trip fala. — Você não está nem um pouquinho feliz em me
ver?
— Ah, Ralph — minha mãe murmura quando finalmente percebe o que está acontecendo. —
Você não fez isso. — Ela esconde o rosto entre as mãos e geme. Ela olha para mim. — Eu não fazia
ideia. Sinto muito. — Ela olha para Logan com um pedido de desculpas em seu rosto.
Tenho a sensação de que as coisas estão prestes a piorar. Meu instinto se aperta em
antecipação, e meu pulso começa a martelar.
— Por que não nos sentamos? — pergunta meu pai. Ele aponta o sofá para minha mãe, e
Trip senta em uma cadeira. Seguro Logan pelo quadril, até que ele senta em uma cadeira também e
me sento na beirada. Ele envolve o braço ao redor da parte inferior do meu corpo, sua mão parando
em meu quadril. Tanto meu pai quanto Trip fazem uma carranca ao ver. Cubro sua mão, segurando-a
lá.
— O que está acontecendo, papai? — pergunto. Olho para Trip. Ele está sorrindo. — Por
que você está aqui, Trip?
Trip se levanta rapidamente e bate palmas.
— Sou seu novo colega de quarto! — ele grita.
A mão de Logan aperta a minha cintura, e olho para ele, erguendo um dedo para lhe pedir
paciência.
— Não tenho colegas de quarto — falo. — Nem quero um.
— Não posso acreditar que você fez isso, Ralph — minha mãe diz. Ela levanta. — Não
posso acreditar que você fez isso sem falar comigo.
A sala fica em silêncio, os saltos da minha mãe clicando contra o chão enquanto ela anda ao
redor é o único som na sala.
— Não quero que você fique sozinha na cidade — papai fala. Ele parece muito satisfeito
consigo mesmo. — E, além disso, Trip teria que vir para Nova York, então achei que resolveríamos
dois problemas. Você tem dois quartos, afinal. E, agora, não terá que ficar sozinha.
— Eu não ia ficar sozinha — eu começo, mas Logan aperta meu quadril. Eu paro de falar.
Meu pai franze a testa.
— O que exatamente você quer dizer, Emily? — ele pergunta.
— Eu... — paro, sem saber como continuar. — Eu... — Fecho a boca novamente. — Não
importa — murmuro.
— Nova York é um lugar perigoso, Em — diz Trip. Ele ainda está sorrindo. Como um
vendedor de carros usados. Ou um tubarão prestes a dar uma grande mordida em um nadador
confiante. Ele olha para Logan como se quisesse confirmar os perigos da cidade. — Você nunca sabe
que tipo de pessoa pode encontrar.
Reviro os olhos para o teto e conto até dez.
Logan está quieto. Quieto até demais. Ele está mais tenso do que as cordas da minha
guitarra.
— Você está bem? — pergunto. Faço sinais enquanto falo.
Trip bate a mão na testa.
— Oh, meu Deus — ele geme. — Esqueci completamente sobre seu problema. — Ele fala
as palavras pontuando cada uma: — Você. Precisa. Que. A. Gente. Fale. Lentamente?
— Eu posso acompanhar — diz Logan. — Mas obrigado pela oferta.
— Deixe-nos. Saber. Se. Precisar. Que. A. Gente. Fale. Mais. Devagar. — Trip sorri e sinto
vontade de dar um soco em sua cara.
Logan levanta a cabeça e sorri.
— Obrigado.
— Pai — eu falo. — Trip não pode ficar aqui.
Meu pai olha para Trip e os dois simulam confusão.
— Por que não? — Trip pergunta.
Meu pai aponta para um dos quartos.
— Você tem dois quartos. E muito espaço. — Ele aperta os olhos para mim. — Você mesma
disse que eram amigos, quando chegou em casa. Não é esse o caso?
Ele está se fazendo de bobo. Conheço meu pai. E sei quando ele entende ou não alguma
coisa.
— Trip é meu ex-namorado, pai. Você não acha que isso será um pouco estranho?
Papai balança a mão no ar.
— Não tem que ser. Vocês dois podem ir e vir como quiserem. E vou me sentir melhor
estando do outro lado do país, sabendo que ele está aqui com você.
— Ele não pode ficar aqui. — Bato o pé. Não vou permitir que isso aconteça. — Vou
embora, papai. Juro por Deus, se você tentar me forçar a fazer isso, vou sumir de novo.
Papai encosta na cadeira, parecendo presunçoso.
— Sabe, recebi um telefonema do médico de Matt no outro dia. — Meu pai olha diretamente
para Logan. — Eles disseram que seu irmão está pronto para a segunda fase do tratamento. E
perguntaram se eu forneceria os fundos.
O braço de Logan cai da minha cintura e ele levanta-se lentamente. Ele olha para mim e
pressiona um dedo em meus lábios. Seu dedo treme.
— Sr. Madison — ele diz, acenando para meu pai e, em seguida, para minha mãe. — Sra.
Madison. Foi maravilhoso conhecê-la. Vou me despedir agora. — Ele segue em direção à porta. —
Quanto ao tratamento em questão, se a liberdade de Emily é o preço a pagar, pode pegar seu dinheiro
e enfiá-lo no rabo. — Ele para na porta. Estou grudada em seu braço como um daqueles macacos
com velcro nos braços.
— Por favor, não vá — imploro. — Não assim. Posso resolver isso.
Ele me afasta.
— Sei que você pode. — Ele beija minha testa, seus lábios ficam ali por alguns segundos e
ele respira profundamente, os olhos fechados. Então, me empurra para trás. — Preciso ir — ele diz.
Sua voz é rouca. — Nos falamos mais tarde.
— Vou resolver isso e, então, vou encontrá-lo. Prometo.
Ele balança a cabeça. Em seguida, ele sai e fecha a porta suavemente atrás de si. Ouço um
baque do outro lado da parede e sei que Logan esperou até sair para esmagar alguma coisa.
— Já vai tarde — Trip fala, batendo as mãos uma na outra, como se estivesse limpando a
poeira delas.
Logan

Segurei o peito de uma mulher em minha mão, imaginando como a tatuagem que ela quer
fazer na parte superior ficará quando eles caírem em vinte anos.
— Não acho que este seja o lugar ideal para fazer — eu falo.
Uso luvas e estou por trás da cortina na parte de trás da loja, onde as tatuagens são feitas de
forma privada. Tentei pedir a Paul, meu irmão mais velho, que fizesse essa, mas ele não teve tempo.
Sua filha, Hayley, estava com a babá e ele teve que ir buscá-la. Ofereci-me para ir em seu lugar, mas
ele riu, balançou a cabeça e saiu.
Seguro o seio da mulher novamente. Fiz com que ela colocasse protetores nos mamilos antes
de tocá-la. Isso não é uma coisa sexual para mim. Mas para ela, aparentemente, é, uma vez que ela
tenta tocar em meu cinto e eu afasto as mãos dela, levantando meu joelho para impedi-la. Não
preciso disso. Pego sua camiseta e entrego a ela.
— Coloque isso, por favor.
Seu lábio inferior se projeta para fora, em uma expressão que ela provavelmente acha que é
sexy. Para mim, é patética.
— Você costumava ser muito mais divertido. — Ela faz beicinho.
Sim, naquela época, eu não estava apaixonado por uma mulher que não podia ter.
Ainda estou sofrendo com o plano do seu pai de fazer com que Trip more com ela. O
imbecil sequer se apresentou a mim. Tudo o que ele fez foi me tratar como se eu fosse um imbecil.
Você. É. Um. Idiota? Sim. Você. É.
Mas ele é o idiota que agora mora com a minha garota.
A cortina balança. É como as pessoas me pedem permissão para entrar na área privada da
loja. Eu falo:
— Pode entrar.
A cabeça de Emily aparece pela cortina.
Você está ocupado?, ela pergunta, fazendo sinais para mim. Gosto quando ela faz isso.
Apesar do que aconteceu, estou muito feliz em vê-la. Ela entra na sala lentamente e me beija
suavemente. Quero passar todo o meu tempo com os lábios sobre ela, durante todo o dia e toda a
noite.
Nunca estou ocupado para você.
Estou feliz que a mulher está com sua camiseta de volta no lugar.
— E quanto a mim? — minha suposta cliente pergunta.
— Acho que você deve fazer a tatuagem na lateral. Ou abaixo do seio em vez de no alto —
sugiro.
Ela balança seus peitos sob a camiseta.
— Eles são grandes demais para uma tatuagem?
Eu já vi isso um milhão de vezes. Depois de alguns anos e um par de filhos, seus peitos
estarão olhando para o seu umbigo. Não que seja uma coisa ruim e que deixe a mulher feia – só é
ruim para as tatuagens.
— Acho que ficaria melhor se fizéssemos abaixo do seu peito. É para o seu namorado,
certo? — Olho para a tatuagem. É o nome de um homem. Ela balança a cabeça. Pobre coitado, não
deve ter a menor ideia de que ela é uma prostituta que me faria gozar tão rápido quanto eu posso
piscar. Vou tentar levar as coisas de forma leve, porque tenho a sensação de que ela irá cobri-la
muito rapidamente.
Ela balança a cabeça e eu pego meu equipamento.
— Você pode esperar que eu termine? — pergunto a Emily.
Nós precisamos conversar. Tenho que descobrir o que aconteceu hoje depois que fui
embora. Eu não podia ficar lá. Simplesmente não consegui. Não quando seu pai jogava o tratamento
de Matt novamente sobre seus ombros. Se ela tivesse me consultado na primeira vez, eu
provavelmente não teria deixado que ela fizesse isso, e jamais deixaria que ela o fizesse novamente.
Ela não é um gado para ser negociado. Ela é a porra de uma pessoa e eu a amo até a morte.
— Posso esperar — ela fala. Ela sai para sentar com Friday, a menina que fica na frente da
loja, enquanto eu trabalho na tatuagem e, meia hora depois, ela está rindo de algo que Friday está
dizendo, enquanto eu saio com a garota recém-tatuada. Emily olha para mim, piscando seus olhos
muito castanhos. Senti tanto a falta dela e estou feliz que ela está de volta. Mas estou um pouco
apreensivo.
A menina paga a tatuagem a Friday e enfia o número do seu telefone em meu bolso, ao
passar por mim. Jogo o papel no lixo depois que ela sai. As sobrancelhas de Emily se erguem.
— Eu deveria me preocupar? — ela pergunta, mas está sorrindo.
Não me sinto alegre.
— Eu deveria? — pergunto de volta. Faço um sinal para que ela me siga até a parte de trás
da loja. Ela me deixa ajudá-la a levantar e me segue.
— Você terminou por hoje? — ela pergunta enquanto limpo meu material.
Eu concordo.
— O que aconteceu depois que eu saí?
Ela fica séria. Seu olhar vaga ao redor. Porra. Isso não é bom.
— Não muito.
Seguro seu queixo, levantando seu rosto e a forço a olhar para mim.
— Não vou deixar você trocar sua vida pelo tratamento de Matt de novo.
Ela balança a mão no ar.
— Minha mãe disse a ele que ela mesma pagaria o tratamento se ele não parasse com isso.
Ela já te ama. — Ela sorri para mim. — Algo a ver com aqueles caras gatos, tatuados e altos. As
mulheres mais velhas adoram.
Uma risada irrompe da minha garganta. Emily sorri, mas então ela estremece novamente.
— Diga-me — eu peço. — Não pode ser pior do que as coisas que imaginei o dia inteiro.
— Trip vai ficar na minha casa enquanto ele procura um apartamento. — Ela espera a minha
reação. Respiro fundo, tentando não perder o controle. — Você está com raiva?
Eu a puxo de volta para mim.
— Você está brincando comigo? — eu pergunto. Estou com tanta raiva que mal consigo
enxergar direito. Ela dá um passo para trás e percebo que ela nunca me viu irritado de verdade. Ela
me viu aborrecido quando me perguntou se eu estava transando com outra pessoa, na lanchonete. Ela
me viu chorar. Me viu sofrer quando pensamos que Matt morreria. Mas ela nunca me viu irritado de
verdade. Tento suavizar minha expressão. — Estou com raiva deles. Se eu tiver que ver Trip na
minha frente de novo, provavelmente vou acabar com ele.
— Posso ver? — ela pergunta, mas está sorrindo. — Mas escuta só — ela fala, hesitante. —
Enquanto Trip procura um lugar para ficar, eu estava esperando que, talvez, você me deixasse ficar
em sua casa. — Ela prende a respiração, esperando a minha resposta.
— Você está brincando comigo? — pergunto novamente. Mas desta vez eu envolvo meus
braços ao redor dela e, enquanto faço isso, giro em torno dela. Ela ri contra mim, e posso sentir o
movimento da sua barriga. Ela não tenta me afastar do jeito que fez com Trip, quando ele tentou esse
movimento com ela. Claro, ele não era o homem mais feliz do mundo quando fez isso. Acho que isso
faz toda a diferença.
— É claro que você pode ficar comigo. — Aperto seu nariz. — Tolinha.
Quero-a comigo a cada minuto de cada dia.
— Seus irmãos não vão se importar? — ela pergunta.
— Eles ficarão em êxtase — eu digo e coloco uma mecha de cabelo atrás da sua orelha. —
Eles sentem a sua falta.
— Será que o apartamento está cheirando a meias suadas e pizza velha? — ela pergunta.
Faço uma careta. Provavelmente sim. Faço um sinal com meu polegar e o indicador bem
perto um do outro.
— Talvez um pouco.
Ela me abraça, envolvendo os braços ao redor da minha cintura. Emily diz algo contra meu
peito, mas não posso ver seus lábios. Afasto seu rosto.
— O quê? — pergunto.
— Amo você — diz ela. Então, ela fala de novo, de novo e de novo, e meu coração acelera.
Eu a beijo como se não houvesse amanhã, até que nós dois estamos sem fôlego. As luzes se apagam.
— Acho que essa é a nossa deixa para sairmos — eu falo. Puxo a cortina e Friday olha para
nós, com a bolsa por cima do ombro.
— Você fez sexo lá atrás? — Friday pergunta, inexpressiva.
— Ah, meu Deus, não! — eu falo.
Empurro o ombro de Friday suavemente, do jeito que eu faria com uma irmã, se eu tivesse
uma.
— Isso é insalubre — ela avisa.
Emily cobre a boca, tentando não rir.
— Se você fez, vai pulverizar algo lá atrás, não é? Algum antisséptico ou algo assim. — Ela
torce o nariz.
— Não fizemos — eu falo, grunhindo em direção a Friday. Ela odeia quando dou cascudos
nela. Ela grita e corre para fora do meu alcance.
— Bem, quando fizer, não deixe os germes por lá. Coloque um papel embaixo ou algo
assim. — Ela fala sério, mas isso ainda me faz rir. Agora não vou conseguir tirar a ideia de fazer
sexo com Emily da minha cabeça, enquanto estiver no trabalho.
— Vou me certificar de que ele desinfete tudo — Emily fala. Envolvo meu braço ao redor
dela, puxando-a para o meu lado. Eu a beijo e, se não sairmos daqui em breve, não terei outra
escolha a não ser levá-la de volta para trás da cortina e, em seguida, desinfetar tudo.
Seguimos Friday para fora do estúdio e ela se vira.
— Boa noite — ela fala. Ainda é cedo, então não me ofereço para levá-la para casa. Ela se
afasta, mas, em seguida, gira em nossa direção novamente. — Estou feliz por você estar de volta,
Emily — diz ela, colocando as mãos em torno da boca, ao gritar. Então, ela se afasta.
— Ela é uma coisa, né? — Emily fala.
— Ela definitivamente é. Só não sei o quê.
— Quer sair e comer algo? — ela pergunta. Percebo que ela está com sua bolsa de lona
preta sobre o ombro. Pego do braço dela e coloco-a sobre meu próprio ombro.
— Você veio preparada, hein? — pergunto.
— Eu tinha a sensação de que você não me mandaria embora.
— Vamos para casa e pedimos uma pizza — sugiro. Olho para o meu relógio. — Hayley
ainda deve estar lá. Tenho certeza de que ela quer ver você.
— Leve-me para casa — diz ela. Então, eu levo.
Emily

Mal passamos pela porta do apartamento que Logan divide com seus quatro irmãos e eu
pulo para trás quando todos eles gritam:
— Surpresa!
Olho para Logan, que balança a cabeça e pede desculpas através dos sinais. Então, ele me
puxa para si, envolvendo os braços firmemente ao meu redor, mas isso não dura muito. Seus irmãos
correm para mim. Sam e Pete, os irmãos mais jovens da família, chegam primeiro. Os gêmeos me
atacam por ambos os lados, me espremendo entre eles como se eu fosse o recheio de um sanduíche.
Eles me apertam e pressionam os lábios contra cada uma das minhas bochechas.
— Se vocês me lamberem... — eu ameaço. Sam estava com a língua de fora, mas ele a
coloca para dentro da boca muito rapidamente e sorri para mim.
— Bem-vinda de volta em casa — diz Sam. Ele dá um passo para trás e os braços de Pete
me envolvem. Ele me aperta com força, agarrando minha cabeça contra seu peito, enquanto suas
mãos passam por meus cabelos.
— Você o cortou? — eu falo, tentando alisar meu cabelo para trás e para baixo. Pete ri e dá
um passo para o lado.
— Bem-vinda de volta em casa — Paul fala antes de me envolver em seus braços. Ele é
realmente um cara grande, ainda maior que Logan, e acho que ele poderia me envolver duas vezes.
— Obrigada — murmuro contra seu peito. Mal posso respirar, mas vale a pena.
Então, vejo Matt. Ele inclina-se contra o balcão da cozinha, com os braços cruzados na
frente do peito. Ele não sorri. Seus olhos estão molhados e ele pisca muito rapidamente.
— Venha aqui, rapaz — eu falo, fazendo um movimento com os dedos para que ele se
aproxime. Ele se afasta do balcão e caminha em minha direção.
— Vou beijar sua namorada, Logan — adverte. As sobrancelhas de Logan se levantam, mas
ele não se queixa. Ele sorri e encolhe os ombros.
Matt para em frente a mim e segura meu rosto. Ele olha diretamente em meus olhos.
— Obrigado — diz ele.
Engulo o nó que de repente sinto em minha garganta e tento soar indiferente.
— Por quê? — pergunto sorrindo, mas ele não desvia o olhar do meu.
— Por salvar a porra da minha vida — ele fala. — Obrigado.
Ele se inclina e me beija na bochecha com um estalo alto.
— Ah, eu não fiz nada — eu começo.
Ele olha para mim e seu olhar é tão grave que meu interior treme.
— Sim, você fez — ele diz. — Nunca vou esquecer. — Ele olha para Logan. — Não sou o
único que você salvou — ele sussurra para mim. O nó na minha garganta aumenta dez vezes de
tamanho. — Se precisar de qualquer coisa, me procure, tudo bem? Faço qualquer coisa por você.
— Você poderia matar um cara para mim? — pergunto. Ele poderia, pelo menos, quebrar os
joelhos de Trip.
Suas sobrancelhas se elevam.
— Deve haver uma história aí. Espero que você me conte, mais tarde.
Eu concordo.
— Você está melhor, certo? — pergunto. Prendo minha respiração enquanto espero pela
resposta.
Ele sorri.
— Não estou morto.
— Bom, já é um começo — diz Paul, pulando. — Nós deveríamos ter escrito no bolo. —
Ele levanta a tampa de uma pequena caixa de bolo e Bem-vinda está escrito no glacê. — Para a
convidada de honra — ele fala, com um floreio.
— Podemos comer pizza agora? — Sam geme. — Ou temos que continuar com essa coisa de
reunião.
Paul dá um cascudo na parte de trás da cabeça do seu irmão mais novo.
— Ela salvou a vida de merda dele, seu idiota.
Pete imita o lamento de Sam.
— Podemos comer pizza agora?
Eu rio e pego um pedaço, empurrando-o em minha boca.
— Graças a Deus — Paul geme ao pegar um pedaço para si. Ele empurra Sam quando ele
fica em seu caminho. — Eu estava morrendo de fome.
Estou tão tocada pela festa improvisada que não consigo parar de sorrir. Tenho esse
estúpido sorriso permanente em meu rosto, mas estou tão feliz por estar aqui. Logan puxa uma
cadeira da mesa e indica para que eu sente, mas, de repente, sinto pequenos dedos puxando as pernas
do meu jeans. Olho para Hayley, que pisca seus lindos olhos azuis para mim. Hayley tem três anos e
passamos algum tempo juntas quando fiquei aqui antes.
— Bem-vinda — ela diz. Coloco minha pizza sobre o balcão e viro para ela.
— Ah, meu Deus — sussurro enquanto me abaixo para pegá-la. Ela envolve meu pescoço e
me segura perto. Afastando-se um pouquinho, ela sussurra em meu ouvido.
— Você vai ficar para sempre? — Ela morde o dedo enquanto espera minha resposta.
— Vou ficar para sempre — eu falo. Nunca mais vou embora novamente, não importa o que
aconteça. Qualquer coisa que for preciso, podemos fazer como uma família. Este grupo
desorganizado de meninos e Hayley são minha família agora, assim como meus pais.
Coloco Hayley na beira do balcão e corto um pedaço de bolo para ela. Seus olhos brilham e
ela sorri timidamente para o pai.
— Jantar primeiro — Paul adverte. Enfio um garfo no bolo e como um grande pedaço. Em
seguida, dou uma garfada pequena para ela. Paul franze a testa. — Tudo bem, só um pedacinho. —
Ele levanta um dedo em advertência.
Hayley sorri e eu dou bolo a ela.
— Isso está muito bom — murmuro, dando mais uma garfada.
Pete empurra o ombro de Sam.
— Viu, eu disse que ela iria adorar — ele fala.
Sam fica vermelho.
— É só um bolo — ele fala.
Eu aponto para o bolo.
— Você não fez isso.
Sam fica ainda mais vermelho.
— Às vezes, eu asso bolos. — Ele põe as mãos nos quadris e fala. — Homens de verdade
sabem como assar bolos. E tortas. E biscoitos. E outras merdas. — Ele balança a mão no ar enquanto
me repreende. Eu não fazia ideia de que Sam sabia cozinhar. É, realmente, o melhor bolo que já
comi.
— Homens de verdade com pau pequeno — Pete fala, juntando os dedos a poucos
centímetros de distância. Sam dá um soco em seu ombro.
— Pergunte a sua namorada sobre o meu pau — Sam atira de volta. — Ela pareceu gostar
muito, na noite passada.
— Pare com isso — Paul o repreende, tirando Hayley do balcão e colocando-a no chão. —
Temos meninas na casa.
— Elas não contam como meninas — Sam fala, mordendo um pedaço de pizza.
— Bem, obrigada — eu me queixo.
— Você sabe o que eu quero dizer — Sam continua falando de boca cheia.
Logan envolve os braços ao redor da minha cintura e apoia o queixo em meu ombro.
— Parece uma menina para mim — ele diz. Ele grunhe e arranha o lado do meu pescoço.
Deus, eu amo estar aqui com eles. Perdi tanto enquanto estava fora e quero aproveitá-los ao
máximo.
“Podemos fugir daqui e ir para o quarto?”, Logan pergunta fazendo sinais para mim,
depois que me vira para encará-lo.
“Isso seria rude”. Balanço minha cabeça. “Acabamos de chegar. Você sabia que eles iriam
fazer isso?”
Ele encolhe os ombros e sorri.
“Eu sabia que teria bolo. A pizza é apenas o jantar, eu acho. Eles não sabiam quando
você passaria por aqui”.
“Você poderia ter me avisado.”
“Onde ficaria a diversão nisso?”. Ele estende o dedo polegar em direção ao quarto.
“Podemos ir para a cama?”. Ele levanta as sobrancelhas para mim.
“Onde ficaria a diversão nisso?”, eu pergunto. Meu bolso vibra, e eu pego meu celular. “É
a minha mãe”, eu digo a Logan.
— Alô — eu digo em voz baixa. Vou até o quarto de Logan para que eu possa ouvir minha
mãe falar.
— Você está bem? — minha mãe pergunta.
— Claro. Por que não estaria?
— Só queria ter certeza. Trip ligou para o seu pai e disse que você não estava no
apartamento.
— Mãe — eu começo.
— Eu sei, eu sei — ela exclama. Eu quase posso imaginá-la levantando suas mãos em sinal
de rendição. — Você está no Logan? — Sua voz é quase um sussurro.
Um sorriso se abre em meus lábios.
— Sim, eles fizeram uma festa para mim — eu falo. — Está sendo muito bom.
— E Logan? — ela pergunta. — Como ele está?
O que ela realmente quer saber é quão zangado ele está com meu pai.
— Ele está bem.
— Seu pai vai se acostumar a ele — diz ela.
—Ele vai ter que se acostumar. — Isso soa frívolo, mas não é. É a verdade.
— Emily — ela respira fundo —, até você precisa admitir que ele não é o que seu pai
imaginou para você.
Ele não é o que imaginei para mim, também. Nunca esperei encontrar alguém tão amável e
generoso como Logan.
— Eu sei. Não é ótimo?
Minha mãe solta um suspiro.
— Haverá uma festa no hotel, amanhã. Seu pai está oferecendo. Vamos buscá-la às três.
— Espere — eu falo. — Por que eu tenho que ir?
— É um evento da família — diz ela. — Você deve trazer Logan. Não é black-tie, mas é
bastante formal — avisa.
— Mãe — eu gemo. Tenho certeza de que Logan não possui um terno, muito menos um preto.
— Não quero ir. — Eu provavelmente soo como uma criança de dois anos de idade, mas não me
importo.
— Não é opcional. Seu pai estará apresentando sua nova campanha publicitária, e haverá
algumas autoridades de Nova York lá.
— Eu queria passar o dia com Logan — eu digo em voz baixa.
— Eu lhe disse para trazê-lo com você.
— Ele não tem nada para vestir — eu admito.
— Oh — minha mãe suspira. — Não se preocupe. Vou cuidar disso. Vou enviar umas coisas
para ele. E para você também. Você pode escolher o que vestir e mandar o resto de volta. Ou ficar
com tudo.
Consigo ver Logan em um ambiente formal. Ele pode se encaixar em qualquer lugar. Tenho
certeza disso.
— Tudo bem. — Eu suspiro. — Pode mandar.
— Vou enviar para o seu apartamento. — Ela para de falar e me permite absorver suas
palavras. — Ou melhor, o lugar onde você está hospedada, certo? — ela pergunta. Quase posso
sentir seu sorriso através do telefone.
— Sim, mãe. Meu apartamento. — Seguro um gemido.
— Vamos buscá-la às três — ela fala. — Amo você.
Ela desliga antes que eu possa responder.
Logan põe a cabeça para dentro do quarto.
“Está tudo bem?”
Eu concordo.
“Minha mãe disse que minha presença é necessária em uma festa amanhã.” Levanto uma
sobrancelha para ele. “Alguma chance de que você vá comigo?”
“Que tipo de festa?”
“O tipo realmente sofisticado.”
Seu olhar vai em direção ao seu armário, e já posso vê-lo tentando planejar.
“Minha mãe disse que enviaria roupas para nós dois.” Prendo a respiração à espera de
sua resposta. “Eu preciso de roupas também.”
“É importante para você?”
Isso? Não.
“É importante para o meu pai. Eu tenho que ir. E se você não for, vou ficar presa a Trip a
noite toda.”
Posso ver o olhar em seus olhos que a questão está resolvida.
“Eu vou.”
“Você não é obrigado a ir”
“Eu vou.”
Ele faz um gesto para que eu volte para a sala e me junte aos seus irmãos. Afasto meus
medos sobre o amanhã. Seguro seu cotovelo quando ele passa por mim, puxando-o em minha direção.
Ele envolve os braços ao meu redor e acho que vou ganhar um abraço, mas suas mãos descem até
minha bunda e ele me ergue. Envolvo minhas pernas ao redor da sua cintura, quando ele me empurra
contra a parede.
— Uau — eu respiro, mas ele não pode me ouvir. Seus lábios tocam os meus, me beijando
com força, como ele não fez ontem à noite, na minha cama. Ele me lambe e eu deslizo minha língua
contra a dele. Ele rouba meu juízo com cada beijo. A cada toque, ele toma meu fôlego.
Ele levanta a cabeça e roça o nariz no meu, em pequenos toques.
Seus braços se apoiam na parede ao lado da minha cabeça, e eu começo a pressionar meus
lábios contra a tatuagem em seu antebraço. É a tatuagem que eu desenhei, e representa nosso amor um
pelo outro. Eu desenhei uma guitarra com as cordas quebradas, grilhões e espinhos, quando eu estava
perdida. E Logan acrescentou o buraco da fechadura no centro. Ele destrancou meu mundo. E não
estou mais perdida.
Afasto seu rosto do meu para que ele possa ver meus lábios.
— Vamos pular a festa? — sugiro.
Ele solta um suspiro.
— Não podemos. — Ele aperta o rosto em meu pescoço e inspira profundamente. Então, ele
solta minhas pernas da sua cintura. — Eles alugaram um filme.
Só consigo imaginar que seja algo com perseguição de carros e armas. Eles são garotos, no
fim das contas.
— Meu tipo ou seu tipo? — pergunto.
— Não existem delimitações de gênero aqui — ele brinca, balançando o dedo para mim.
Logan pega minha mão e me puxa para fora da sala. Paul está na cadeira do papai com Hayley em seu
colo, lendo um livro. Sam e Pete estão em um dos sofás. Matt está sozinho no outro, então eu sento ao
lado dele e me inclino sobre seu ombro. Ele passa a mão, despenteando o meu cabelo e sorri para
mim.
— Estou feliz que você está de volta, garota — ele fala. Me inclino mais pesadamente para
ele, que levanta a parte de trás do sofá para que eu possa me abrigar ao seu lado. Eu respiro fundo.
Ele é muito mais suave do que Logan. Mas o câncer cobrou seu preço. Ele perdeu peso e tem
sombras escuras sob os olhos.
— Você tem certeza de que está bem? — sussurro para ele. Ele olha para mim e aperta meu
nariz, enquanto Logan puxa meus pés para seu colo.
Coloco minha cabeça sobre a coxa de Matt e ele se inclina para sussurrar para mim.
— Pare de se preocupar comigo e aproveite que está de volta. — Sua mão acaricia
distraidamente o comprimento do meu cabelo quando alguém pressiona play, para começar o filme.
Eu amo esse gigante gentil.
O filme começa e não é um thriller ou uma perseguição de carros. Não há tiroteio. É uma
história de amor. Meus olhos se enchem de lágrimas, e eu os esfrego na perna de Matt.
— Não há lugar como o lar — eu falo em voz baixa.

****

Acordei com a sensação de estar sendo içada no ar. Estendo a mão para o pescoço de Logan
e ele ri.
— Peguei você — ele fala para me tranquilizar.
— Não a deixa cair — Matt adverte.
— Deixei você se aconchegar com ela durante todo o filme — Logan reclama, mas sei que
ele não está com raiva. — Mas ela é minha namorada. E eu não vou derrubar minha namorada. —
Ele acena com a cabeça em direção ao quarto de Matt. — Você vai para a cama? — Logan pergunta.
Matt se estica e geme.
— Em um minuto. — Ele estica a perna para frente e mexe os pés. — A porra da minha
perna está dormente.
— É isso que você ganha por roubar minha garota — Logan o repreende.
Matt ri.
— Era tudo o que eu precisava. — Ele me chama. — Amo você, garota.
— Eu também te amo — falo para ele. A voz de Matt é brincalhona, mas sei que ele falou
isso de coração. Ele me ama. Eu me tornei a irmãzinha que ele nunca teve. Ou, pelo menos, é assim
que eu me vejo. Espero que ele me veja da mesma forma.
As luzes piscam e Logan olha para trás sobre seu ombro. Seus irmãos fazem isso quando
querem chamar sua atenção.
— O quê? — Logan pergunta. Ele me ergue mais alto.
Paul aponta para a gaveta cheia de preservativos e arqueia a sobrancelha. É uma casa cheia
de homens, e eles têm uma gaveta na cozinha cheia de preservativos. Isso é normal para eles, mas
sinto o calor tomar meu rosto quando Paul faz sinal de que Logan precisa pegar um.
— Volto já — Logan fala.
Ele me leva para o quarto e puxa as cobertas.
— Preciso falar com Paul — ele fala e se abaixa com a intenção de me beijar.
— Para falar sobre preservativos? — pergunto.
Ele sorri.
— Dentre outras coisas.
— Que outras coisas?
Ele dá de ombros.
— Não sei, mas ele parece precisar falar algo comigo. — Seus lábios tocam os meus
rapidamente. — Volto logo.
Ele sai pela porta e não consigo ficar com raiva por Paul estar tentando manter Logan
seguro. É o que ele faz.
Logan

Estou chateado que Paul fez Emily se sentir desconfortável, mas tento não demonstrar
quando vou até a sala para encontrá-lo. Ele está sentado em um sofá e Matt em outro.
— Não preciso de um preservativo — deixo escapar.
A testa de Paul franze.
— Que porra é essa? — ele fala e balança a cabeça. — Vá pegar um preservativo. Não seja
estúpido.
— Não sou estúpido — eu falo. Não sou. Eu realmente não sou. Ou sou?
Matt solta um suspiro.
— Você deveria perguntá-lo porque ele acha que não precisa de um — ele fala, balançando
a cabeça como se nós dois fôssemos idiotas.
— Por que você está me perguntando isso? — pergunto. — Tenho vinte e um anos, não sou a
porra de uma criança.
— Estou cumprindo meu papel — Paul adverte. Ele dá um tapinha no peito. — Me importo
com você, idiota.
Matt tosse contra sua mão.
— Então, por que não precisa de um preservativo? — ele pergunta suavemente, levantando
a mão para parar o próximo discurso de Paul. — Tenho certeza de que há uma boa razão.
Passo a mão em meu rosto. Ela não vai gostar de saber que estou discutindo esse assunto
com eles, mas meus irmãos não vão calar a boca sobre isso até que eu explique.
— Ela está tomando pílula — eu murmuro.
Paul ri e aponta para o seu quarto. Ele colocou Hayley na cama quando ela adormeceu,
poucos minutos depois de o filme começar.
— Assim como a mãe de Hayley. E olha o que nós temos. — Abro minha boca para falar,
mas ele levanta a mão para me impedir. — Amo essa menina mais do que qualquer coisa e não me
arrependo por ela ter nascido, mas a pílula não é cem por cento eficaz. — Ele joga um travesseiro
em mim.
— Vou casar com ela — eu digo.
— Acho bom — Matt murmura.
— Eu vou. — Dou um soquinho em seu ombro. — Tenho que conquistar seu pai primeiro, e
então vou casar com ela.
— Ela quer ter filhos? — Matt pergunta. Ele sempre faz as perguntas difíceis.
— Ela tem medo de não ser boa mãe — eu admito. — Mas ela está errada.
Não posso contar a eles sobre o fato de ela não ler bem. Sua dislexia dificulta as coisas
para ela. Emily tem problemas até mesmo com frases simples.
— Ela tem alguns medos, só isso. — Não posso contar um segredo que não é meu. Mesmo
que seja para eles.
Paul parece um cachorro com um osso.
— Você quer terminar a faculdade, certo? — ele pergunta.
Quero um cigarro. Parei de fumar quando Matt ficou doente, mas ainda sinto vontade em
momentos como estes.
Eu concordo.
— Então, vá buscar um maldito preservativo. — Suas sobrancelhas se levantam com
severidade. — Merda. Você tem transado com ela sem usar.
Rosno para ele.
— Ela está usando a porra da pílula. Pare de ser um filho da puta.
— Se você não usar um, tem cerca de noventa e quatro por cento de chance de terminar a
faculdade. Noventa e quatro por cento de conseguir um bom emprego que irá impressionar o pai dela
e mantê-la de forma confortável. Noventa e quatro por cento de chance de que ela não fique grávida!
— Noventa e quatro por cento é o pior cenário. — Sou um adulto racional. Certo?
Paul grunhe e puxa seu cabelo curto.
— Ouça-me — ele fala, inclinando-se para frente. — Sei que você a ama e, merda, eu a amo
muito. E Matt o jogaria do alto de uma ponte se ele achasse que poderia conquistá-la. — Paul ri.
— Eca — Matt reclama. — Não gosto dela assim. — Ele aponta um dedo em minha
direção. — Mas vou jogá-lo do alto de uma ponte se você a magoar.
Passo a mão em meu rosto.
— Jamais a machucaria. — Coloco a mão sobre o meu peito. — Senti como se parte de mim
estivesse faltando quando ela foi embora. — Balanço a cabeça. — Juro por Deus, não sei se
conseguiria viver sem ela.
Olho para o meu quarto, sentindo meu peito inchar por saber que ela está lá, esperando por
mim.
— Você não vai me ouvir, não é? — Paul pergunta.
Vejo a porta abrir e Emily espreitar para o lado de fora. Ela está usando a minha camiseta,
que bate em seus joelhos. Ela anda até a cozinha e vejo seus lábios se movendo, mas não consigo
pegar uma palavra. Ela vai até a gaveta, pega um punhado de preservativos e os leva em direção ao
quarto, resmungando consigo mesma por todo o caminho. Ao chegar na porta, ela os segura como um
prêmio e diz:
— Você acha que esses são suficientes? — Então, ela entra no quarto e bate a porta.
— Estou ferrado — diz Paul. Ele cai fortemente contra o sofá. — Não quis falar para que
ela ouvisse. Por que ela sempre me ouve quando não quero que ela ouça? Merda. — Ele respira.
Matt dobra o corpo de tanto rir.
— Essa foi a coisa mais engraçada que já vi. — Ele aponta para Paul. — Ela ficou tão
irritada. — Ele empurra meu ombro. — Você vai ter sorte se conseguir entrar no quarto. — Ele ri
como um louco. Não consigo entender o que é tão engraçado. Eles provavelmente arruinaram a minha
noite.
— Você não é engraçado — eu falo. Mas um sorriso aparece em meus lábios também.
Merda, ela está chateada. Mas, pelo menos, resolveu o problema. — Agora temos preservativos. A
fonte da vida. Está satisfeito?
Paul me segura.
— Vou ficar se você usá-los. — Seu rosto suaviza. — Estou só tentando cuidar de você. Eu
faria o mesmo com Sam, Pete ou Matt.
Matt acena drasticamente para mim.
— Estamos todos sujeitos ao papo do preservativo. Ele levou um para mim, na cama, uma
vez, quando percebeu que não fui até a gaveta.
— E graças a Deus por isso — Paul resmunga. — Por que, se você tivesse deixado April
grávida, como seria agora?
Matt suspira.
— Eu seria um maldito pai. Que é algo que eu jamais vou poder ser. — Ele se levanta. —
Vou para a cama — ele fala. Posso sentir o peso do seu suspiro.
— Droga, agora você me fez desejar que eu tivesse deixado você engravidá-la — Paul fala.
Às vezes, nos esquecemos de como a vida de Matt mudou. Talvez ele jamais tenha filhos.
Seu futuro é incerto. Mas, na verdade, nenhum de nós tem uma vida pré-determinada. A sua apenas é
mais precária.
Paul segura a ponta da camisa de Matt.
— Sinto muito — ele fala, quando Matt olha para trás.
Matt aperta seu ombro e sorri.
— Por quê? Foi você quem me deixou com câncer? Não. O câncer é o único a quem eu
culpo. — Ele sorri para mim. — Agora, vá deixar Emily grávida, Logan. Se apresse. — Ele bate as
mãos. — Vai, vai.
— Você é um filho da puta — Paul fala. — Se eu não amasse tanto essa sua bunda gorda, eu
te odiaria.
Matt olha para o relógio.
— O tempo é um desperdício.
Eu dou uma risada. Não posso segurar.
Paul passa a mão pelo rosto novamente.
— Só tome cuidado — ele fala. — Tenha cuidado. — Ele balança a cabeça como se fosse
dizer algo mais, mas fica em silêncio.
Inclino-me e bato os punhos com ele.
— Obrigado — eu falo. — Eu te amo.
— Sim, sim — Paul fala, passando a mão pelo ar como se quisesse apagar nossa conversa.
Ele parece derrotado e não quero que ele se sinta dessa forma. Matt fecha a porta do seu quarto e eu
sento em frente a Paul.
— Nunca me senti assim antes — eu digo.
— Eu sei — ele admite. — Isso é o que me preocupa.
— Ela é a única para mim.
— Eu sei. — Ele parece tranquilo e contemplativo.
— Tenho medo — eu deixo escapar.
— Dela?
— Porra, não. Dela não. — Eu aponto para o meu quarto. — Você viu como ela parece
agora? Seus malditos brincos custam mais do que a nossa renda anual.
— Mais uma razão para usar preservativo. Termine a faculdade, assim você vai conseguir
um bom emprego que irá sustentá-la. — Ele suspira pesadamente. — Estou parecendo um disco
arranhado. — Ele joga as mãos para cima.
— Tanta coisa aconteceu conosco desde que nos conhecemos — eu falo. Não quero entrar
em detalhes sobre isso com ele. Vou conversar com ela. — Não posso explicar.
— Eu entendo. — Ele segura meu joelho e o aperta. — Você finalmente a conseguiu de
volta.
— Ela provavelmente vai me fazer usar um só de maldade, quando eu entrar lá. Você acha
que ela está chateada? — Olho ansiosamente para a porta.
Paul apenas ri.
— Seu pai não gosta de mim.
— Ele não conhece você ainda.
— Ele sabe que sou surdo e que sou todo tatuado. — Olho para os meus braços. Cada
tatuagem significa algo para mim. Eu não as apagaria, mesmo que pudesse.
Paul dá de ombros.
— E nenhuma dessas coisas te faz mal para a filha dele. — Ele levanta uma sobrancelha
para mim. — Deixá-la grávida, por outro lado...
— Ele trouxe o ex-namorado dela para Nova York, para morar com ela. É por isso que ela
está aqui no nosso apartamento.
Paul franze os lábios como se estivesse assoviando.
— Desculpe — ele fala, ao lembrar que não consigo ouvir que ele está fazendo qualquer
barulho. — Isso é uma merda.
— Ela se recusou a ficar lá.
— Boa garota — ele fala com um sorriso. — É por coisas assim que gosto dela.
— Seu pai vai ser um problema.
— Conquiste-o, idiota — ele fala. — Você é espero. Você quer ter sucesso. Você é talentoso
pra caralho. E ama a filha dele. Ele irá superar as tatuagens e o fato de você não ser capaz de ouvir.
— Ele faz um gesto distraidamente para seus ouvidos. Sou surdo há tanto tempo que minha família
não vê isso como uma deficiência. Eu também não.
Fico de pé.
— Vou para a cama. — Paul arqueia a sobrancelha para mim. — Não é da porra da sua
conta — falo. Mas bagunço seus cabelos ao levantar e ele empurra meu quadril para que eu me
afaste. — Amo você, idiota.
— Te amo mais — ele responde e me faz sorrir.
Ainda estou com um sorriso em meus lábios ao abrir a porta do quarto e enfio a cabeça.
Estou preparado para recuar se um sapato ou algo do tipo voar em minha direção. Mas a única coisa
que vejo é Emily sentada em minha cama, com a guitarra em seu colo. Seus dedos distraidamente
dedilham as cordas. Não faço ideia do som que sai ou do que ela está fazendo, mas ela está,
obviamente, absorta em sua tarefa.
Ela olha para cima quando vou até a beirada da cama e um sorriso surge em seus lábios.
— Senti saudades da minha guitarra — ela diz.
Ela deixou a guitarra comigo quando voltou para casa, há três meses.
— Ela também sentiu sua falta — eu digo.
Sento-me na beirada da cama e a puxo. Seu cabelo é empurrado de volta para trás da sua
orelha e suas pernas estão abertas. Posso ver a calcinha rosa entre suas pernas e lambo meus lábios.
Inclino-me para frente e a puxo para mim, minha mão segurando a parte de trás do seu pescoço. Eu a
beijo rapidamente.
— Desculpe-me por Paul — eu falo.
Ela encolhe os ombros.
— Ele se preocupa com você. Acho doce. — Seu rosto cora. — Intrusivo — ela fala. —
Mas, ainda assim, doce.
— Vou dizer a ele amanhã que você o chamou de doce. Ele estava preocupado que você
estivesse irritada com ele. — Há um tempo, antes de ela ir embora, ela havia se aproximado por trás
dele no momento em que ele estava dizendo que eu deveria transar logo com ela e acabar com isso.
E, agora, este inconveniente.
Tiro a calça jeans, deito na cama de lado, virado de frente para ela, e seguro a cabeça com
minha mão virada para cima e meu cotovelo apontado para a parede.
— O que você estava tocando? — pergunto.
— Nada ainda — ela fala, com um sorriso. — Mas aceito pedidos.
Balanço minha cabeça. Esta é uma área onde não posso interagir com ela.
— Não sei nada sobre música — eu falo. — Desculpe-me. — Sei que é importante para ela.
Como uma espécie de esteio em sua vida.
— Você não consegue ouvir isso? — ela pergunta, dedilhando sobre as cordas novamente.
— Nem isso?
Balanço minha cabeça. Eu gostaria de poder ouvir, mas não consigo.
— Você não consegue ouvir nenhuma música? — Ela é curiosa. Gosto disso.
Eu concordo.
— Posso ouvir as bandas de rock no clube. Ou melhor, posso sentir a batida e o ritmo da
música quando eles tocam rock and roll.
— Você pode dançar?
Rolo meus olhos.
— Se eu posso dançar? Você deve estar brincando comigo. — Eu movimento meu corpo. —
Eu tenho ritmo.
Seu rosto fica corado. Não é bem esse ritmo que eu quis dizer, mas eu aproveito a deixa.
— Alguém está com pensamentos safadinhos — eu provoco.
Estendo a mão para o seu dedo do pé, mas ela o empurra antes que eu possa puxá-lo.
— Me desculpe, mas não posso desfrutar da sua música — eu confesso. — Não há nada que
eu gostaria mais do que ouvi-la tocar. Quero experimentar tudo o que te faz feliz. — Balanço minha
cabeça. Não costumo me sentir deixado de fora de qualquer coisa, mas me sinto agora.
Ela coloca sua guitarra no chão.
— Obrigada por guardar minha guitarra para mim — ela diz, inclinando-se em minha
direção. Ela se apoia sobre suas mãos e joelhos e rasteja até mim.
— Por que você a deixou? — pergunto enquanto ela rola em meus braços.
— Eu sabia que voltaria. Só não sabia quando — ela diz. — Queria ter certeza de que você
soubesse também.
— Eu sabia. No minuto em que você apareceu dando entrevista na TV, eu soube. — Quando
ela voltou para casa, fizeram uma conferência de imprensa. Ela anunciou que voltaria para Nova
York. Para mim.
Deslizo minha mão por sua camisa, apoiando-a em sua cintura, e desenho pequenos círculos
sobre a sua calcinha. Levanto o braço dela, beijando-o até chegar a tatuagem que tem meu nome.
— A tatuagem ajudou.
— Agradeça a Paul por isso — ela fala rindo, enquanto faço cócegas levemente em seu
estômago. Deslizo minha mão para a borda da sua calcinha, e ela continua em meus braços.
— Está tudo bem? — pergunto.
Ela balança a cabeça, mordiscando o lábio inferior.
— Quer experimentar um daqueles preservativos com sabor de cereja? — ela pergunta.
— Eu particularmente não me importo se meu esperma tem cheiro de torta — eu falo e ela
ri.
Enfio meus dedos nas laterais da calcinha dela e a puxo para baixo lentamente. Sinto sua
respiração em minha testa, quando ela deixa escapar um suspiro profundo. Ela sacode os pés quando
chego aos tornozelos e sua calcinha voa.
Suspendo sua camisa, colocando beijos rápidos por toda a pele descoberta. Sua barriga
treme quando eu lambo a parte inferior do seu seio. Com um puxão rápido, ela se abaixa e puxa a
camisa sobre a cabeça. Ela está nua. Completa, deliciosa e maravilhosamente nua.
— Porra, isso é demais — eu falo. Ela ri, seu estômago ondulando.
Seus mamilos estão rosados e duros, e eu não hesito em lamber um dos picos túrgidos. Ela
abre as pernas e eu me encaixo entre suas coxas. Seus lábios se abrem e eu imagino que um som sai,
mas não faço ideia do que é.
Emily pega minha camisa pela parte de trás e a puxa por sobre a minha cabeça. Levanto meu
rosto do seu peito apenas o tempo suficiente para ajudá-la. Ela gosta do meu corpo e suas mãos
fazem cócegas em meus ombros enquanto ela explora minhas tatuagens com as pontas dos dedos.
Suas mãos acariciam meu peito e ela acaricia as barras que perfuram meus mamilos. Enterro
minha cabeça em seu ombro e respiro contra sua pele. Eu a tive na noite passada, mas preciso dela
novamente. E de novo e de novo. Acho que nunca me cansarei dela.
Suas mãos deslizam para baixo em minhas laterais e ela empurra minha boxer para baixo.
Sua pequena palma da mão gananciosa envolve meu pau e estou imediatamente lutando contra o
desejo de gozar. Puxo meus quadris para trás, em sinal de advertência. Ela me deixa ir, mas não sem
um beicinho. Mordisco seu lábio inferior e minha língua desliza em sua boca, mordendo-a
gentilmente. Sua respiração está entrecortada, e as pernas ainda mais abertas, para que eu possa
pressionar meu pau contra sua umidade. Ela agita seus quadris.
— Ainda não — eu a repreendo.
Ela geme e sinto a vibração em meu peito. Deslizo meus dedos em sua umidade, separando
os lábios inferiores. Circulo seu clitóris e ela arqueia contra minha mão. Seus dedos se enrolam em
meus cabelos e ela o puxa até que eu olhe para ela.
— Agora — ela implora.
Já estive com muitas mulheres, mas nunca estive com alguém que se esforça para se
comunicar comigo. Ela sabe que não posso ouvir seus gritos ou gemidos, nem mesmo seus suspiros,
mas nunca me sinto desconectado dela.
— Você quer que eu use um preservativo? — pergunto, afastando meus lábios dos dela
apenas o suficiente para ver seu rosto.
Ela balança a cabeça.
— Tem certeza?
Seus olhos encontram os meus.
— Se você precisar usar, por mim, tudo bem. Mas não faça isso por minha causa.
Sorrio. Graças a Deus. Nunca me senti assim antes e não me importo de ter algo entre nós.
Emily empurra meu ombro e sobe em mim, agitando seus quadris, deslizando para frente e
para trás ao longo do meu pau. Seu desejo me deixa louco, e não consigo mais esperar. Coloco a mão
para baixo e levanto meu pau para que ele possa deslizar dentro dela. Ela afunda em mim, lentamente
me levando para dentro. Ela é tão apertada que mal posso respirar, muito menos me movimentar. Mas
ela está tão, mas tão molhada, que depois que ela sobe e desce duas vezes em mim, meu caminho é
claro. Seguro seus quadris em minhas mãos e acelero um pouco, mas ela balança o dedo na minha
cara e me repreende. Coloco as mãos embaixo da minha cabeça. É a única maneira do caralho que
posso evitar de acabar com tudo. Preciso tanto dela. Olho para ela, arqueando meus quadris a cada
movimento.
Emily equilibra-se em meu peito, as mãos sobre ele, enquanto ela mexe em meus piercings
com seus polegares. Seu lábio inferior é mordiscado por seus dentes. Seus olhos castanhos
encontram os meus e ela fala devagar eu te amo.
Seus movimentos começam a se intensificar e seu ritmo torna-se menos rítmico. Ela joga a
cabeça para trás, os cabelos caindo por sobre os ombros. Eu a puxo para mim, mudando seu ângulo,
de modo que meu osso púbico esfregará seu clitóris. Ela grita, sua respiração ofega e os pequenos
golpes de ar são as minhas indicações. Ela está tão molhada que parece uma luva de veludo me
envolvendo. Estou quase gozando antes dela.
Baixo minha mão e dedilho meu polegar em seu clitóris, e ela se inclina um pouco para trás,
para me dar acesso. Ela sorri e acelera. Vejo seu rosto, enquanto seus olhos se fecham. Suas pernas
começam a tremer, mas ela não para. Ela me monta, os seios saltando, sua boceta perfeita me
chamando. Puxo seu mamilo com a mão livre, alongando-o com puxões ásperos.
Emily se inclina para frente, equilibrando seu peso sobre as palmas de suas mãos e, então,
começa a tremer. Ela goza, tremendo em cima de mim. Não paro de dedilhar seu clitóris, observando
o rosto dela, enquanto ela está no meio da tempestade. Isso até que ela puxa minha mão, sacudindo a
cabeça em advertência. Ela está sensível, já que acabou de gozar. Ela faz com que eu mova minha
mão, mas não para de se mover em cima de mim. Seguro seus quadris e acelero o movimento,
forçando a entrada. Com um puxão rápido, eu a trago para meu peito e a giro. Agora, ela está
embaixo de mim e eu estou no comando.
Empurro dentro e fora e ela puxa minha cabeça para baixo, com as mãos emaranhadas em
meu cabelo, enquanto me beija. É apaixonado, doce e tão cheio de desejo que não posso adiar mais.
Suas pernas envolvem a minha cintura, mudando o ângulo ainda que levemente e eu observo seu
olhar. Ela está prestes a ter um segundo orgasmo e, foda-se, vou dar isso a ela.
Seguro minha própria necessidade de gozar e empurro suas pernas em direção ao seu peito.
Sua parte inferior incha e tomo cada centímetro seu nesta posição. Sua cabeça cai sobre o travesseiro
e só quando sinto seu orgasmo é que solto suas pernas e gozo dentro dela, grunhindo enquanto ela me
leva, me deixando louco, tornando nós dois um só, deixando-me ter tudo o que ela tem.
Ainda estou sobre ela e começo a rolar para o lado, mas seus braços me envolvem e me
mantém próximo. Descanso sobre meus cotovelos. Estou cansado pra caralho, mal consigo me mover.
Inclino-me pesadamente sobre ela e tiro o cabelo de seu rosto. Ela está suada e linda e é minha.
Ela reclama quando me movo, tentando me puxar para ainda mais perto dela, mas eu só
quero puxar as cobertas. Nos cubro e envolvo meus braços ao redor do seu corpo. Ela se estica e
desliga a lâmpada. Deixo a luz de emergência ligada para que possamos conversar um pouco e ela
parece não se importar com isso. Emily está de frente para mim, para que eu possa ver seus lábios.
— Deveríamos falar sobre a coisa da camisinha? — pergunto.
Ela pisca aqueles lindos olhos castanhos para mim.
— Estou tomando pílula. Acho que estamos bem.
Eu beijo seu ombro.
— E se não estivermos?
— Então, nós ainda estaremos. — Ela sorri para mim.
Sim, nós estaremos.
Emily

Acordo Logan com beijinhos em seu peito nu. Ele dorme como um morto, já que não pode
ouvir. Geralmente, nada o acorda, mas, aparentemente, isso o desperta. O lençol arma uma barraca
imediatamente, empurrado pelo comprimento da sua masculinidade, diante dos seus olhos que piscam
languidamente.
Seu braço envolve minhas costas nuas e seus olhos azuis encontram os meus.
— Bom dia — ele fala, olhando para mim. — Por que você está assim com os olhos
brilhantes e tão desperta como o rabo peludo de um esquilo? — ele pergunta, colocando uma mão
sob a cabeça para que ele possa olhar meu rosto.
— Posso te assegurar que não tem nada de peludo no meu rabo. — Tomei o cuidado de
passar um dia no SPA, antes de voltar a Nova York. Ele ri e grunhe, me fazendo rir também, enquanto
me rola para debaixo dele. Logan joga as cobertas sobre a cabeça e começa a explorar meu corpo.
— O que você está fazendo? — pergunto. Rapidamente, me dou conta de que ele não pode
ouvir e toco em seu ombro. — O que você está fazendo? — pergunto novamente.
— Não cheguei a ver seu rabo não peludo o suficiente na noite passada. — Ele sorri e me
abre com a ponta dos dedos, olhando para a parte mais privada do meu corpo, enquanto lambe os
lábios. — Nada peluda mesmo — ele fala. — Mas muito molhada. — Ele desliza o dedo dentro de
mim. — Realmente, muito molhada. — Outro dedo se une ao primeiro e ele os movimenta.
Seus lábios tocam onde teria um triângulo de pelos, caso eu não o tivesse depilado, e ele me
beija suavemente. Contorço-me, porque o que ele está fazendo é muito bom, mas também por estar
mortificada pela intimidade de suas ações. Ele age como se meu corpo fosse seu desde o início dos
tempos. Como se não houvesse indecência ou constrangimento entre nós. Eu gosto disso. Gosto
muito. Posso imaginar que teremos essa mesma intimidade e muito mais quando nós dois estivermos
velhos e grisalhos, ajudando um ao outro no chuveiro, ao invés de fazendo sexo debaixo d’agua.
Quando estivermos acamados em vez de na cama, fazendo um ao outro suar. Já posso imaginar isso.
E amo.
Sim, ele me assusta às vezes. Que mulher, em sã consciência, não ficaria assustada com um
homem que pode fazê-la sentir-se do jeito que Logan me faz sentir? Ninguém.
Eu amo esse homem. Amo cada parte dele. E ele, aparentemente, ama cada parte de mim,
caso seus dedos exploradores e seu sorriso bobo são qualquer indicação.
Toco seu ombro.
— Você vai ter que me deixar ir.
Suas sobrancelhas levantam-se.
— Por quê? — Ele abre mais meus lábios e sopra, fazendo meu pé arquear.
Um rubor cora meu rosto. É um absurdo eu meu sentir constrangida, quando os dedos dele
estão dentro de mim, mas eu realmente preciso fazer xixi.
— Preciso ir ao banheiro.
Ele sorri e me vira. Acho que ele está me ajudando a levantar, mas não. Ele sobe em cima
de mim e segura minhas coxas. Ele empurra meu cabelo para o lado e beija meu pescoço. Ele afasta
as bochechas da minha bunda e sinto a cabeça do seu pau em minha umidade.
— Vamos tentar isso enquanto você precisa fazer xixi — ele fala. Fico mortificada com a
ideia. — Você pode gozar com mais força. — Ele empurra-se totalmente dentro de mim. Quero
protestar, mas é tão gostoso senti-lo me encher com seu comprimento.
Ele não pode ver a minha boca nessa posição, mas pode ver as minhas mãos.
“Se eu gozar mais forte do que ontem à noite, você vai precisar chamar um médico para
reanimar meu coração”.
Ele ri. Eu o amo muito. Logan começa a mover-se dentro de mim e posso jurar que ele está
batendo em um ponto que jamais fui tocada antes.
— Você ainda precisa fazer xixi? — ele pergunta.
Balanço minha cabeça. Não preciso mais fazer xixi. Logan puxa meus quadris, para que ele
possa deslizar a mão debaixo de mim e toca meu clitóris. Ergo minha bunda para que ele possa
mover os dedos, empurrando para trás em direção a ele, enquanto ele me monta devagar, entrando e
saindo enquanto acaricia meu clitóris em pequenos círculos deliciosos.
— Você já usou um vibrador? — ele pergunta. Sua respiração é pesada em meu ouvido e seu
braço treme por cima do meu ombro, mas ele mantém suas estocadas. — Já?
Balanço minha cabeça.
— Seu clitóris é tão sensível — ele diz com a voz rouca. — Acho que você iria gostar de
ter um. — Ele me acaricia muito lentamente, e não consigo segurar meu gemido. Logan sorri contra
meu ombro. — Você deixaria que eu usasse um com você, se eu comprasse um?
Eu o deixaria fazer qualquer coisa agora, desde que ele continuasse fazendo aquilo. Não
respondo.
— Acho que você adoraria. Iria gozar tão rápido. Ainda mais rápido que o normal. — Seus
dedos são praticamente ímpios e seus quadris continuam a bombear, empurrando dentro e fora de
mim tão lentamente. Empurro minha bunda para trás e ele entra ainda mais em mim. Tento acelerá-lo,
porque preciso gozar logo, mas ele é lento e metódico. Seus dedos movem-se mais rápido sobre meu
clitóris. Ele sabe o que eu quero e ele me dá. — Tão sensível — ele fala.
Gozo com um grito abafado, meu rosto colado nos lençóis, para me impedir de gritar, mas
ele continua a acariciar meu clitóris, ordenhando até o último tremor de prazer em meu corpo. Ele
acalma seus movimentos dentro de mim enquanto gozo.
— Deus, eu amo o jeito que você me aperta com força quando goza — ele fala. Suas
palavras me deixam louca e ele sabe disso. Tremo e entro em colapso contra a cama. Estou acabada.
“Estar com vontade de fazer xixi não me fez gozar com mais intensidade”, eu falo, através
de sinais. “Só para deixar registrado”.
— Ele não melhora esse tipo de orgasmo — ele fala e sinto sua risada vibrar contra minhas
costas. — Faz este tipo melhor. — Logan empurra minha perna direita para frente, movendo-a para o
lado e para cima. Em seguida, ele abre minhas nádegas e começa a se mover.
Minha respiração deixa meu corpo. Não consigo pensar, nem respirar. Não posso fazer nada
além de me segurar com firmeza ao lençol, enquanto arqueio minhas costas, dando-lhe cada
pedacinho de mim e pegando tudo o que ele me dá. Nunca me senti assim, nunca tive esse tipo de
estimulação. Ele não está sequer tocando meu clitóris e está me deixando louca. Ele está atingindo
uma parte dentro de mim que eu nem sabia que existia.
Seus grunhidos pesados em meu ouvido me indicam que ele está quase lá. Mas eu estou
ainda mais. Este orgasmo não é como o anterior. É completamente diferente e mais intenso do que
qualquer coisa que já experimentei.
— Goza comigo — ele rosna. Logan cresce ainda mais dentro de mim, se isso é possível, e
não para. Ele não para até que eu arqueie a cabeça e goze com ele dentro de mim. Isso é um mar
quente de puro prazer, nada parecido com o tremor do meu orgasmo anterior. Ele resmunga e diz meu
nome enquanto goza, e eu aperto os lençóis. Não posso me mover, nem pensar ou falar. Ele sai de
dentro de mim, tremendo e cai ao meu lado. Sua respiração é intensa e ele está lutando para se
recompor, assim como eu.
— Você ainda precisa fazer xixi? — ele pergunta com uma risada.
— Sim, se eu pudesse me mexer — respondo. Ele aperta meu nariz e ri. É um som gutural e
me deixa feliz. — Onde você aprendeu isso? — pergunto e percebo meu erro assim que a pergunta
sai dos meus lábios.
Ele dá de ombros e evita meu olhar.
Estendo a mão para ele, tirando-me do meu estupor pós-coito, e subo em seu peito,
acotovelando-o para que ele se encolha e eu possa desviar sua atenção da minha pergunta
desnecessária. Não quero que ele se sinta culpado do seu passado. Não posso mudar isso. E, agora,
sinto-me feliz por ele ter um, porque nunca tive uma experiência como essa.
— Você tem cotovelos pontudos — ele diz, puxando meus braços para que eu caia sobre seu
peito. Empurro meu queixo contra ele, que ri. — E o queixo também. — Ele puxa meu cabelo
brincando. — Morte por cutucada de cotovelo — ele fala.
— Desculpe-me por ter sido intrometida — falo em voz baixa.
— Você pode me perguntar o que quiser — ele fala e olha em meus olhos. — Mas não pode
ficar brava comigo quando eu responder. — Ele arqueia a sobrancelha. — Você realmente quer saber
onde aprendi isso?
Tento me afastar.
— Não.
Ele ri.
— Espere — ele fala, me puxando de volta. — Aprendi na Men’s Health Magazine. — Ele
ri. — Mas não tinha certeza se funcionaria. — Sua risada ecoa no quarto. É um som tão maravilhoso.
Ele olha para mim. — Funcionou?
— Com certeza. — Respiro. Funcionou.
Ele me beija.
— Ótimo.
Logan

Sigo Emily até seu apartamento e paro quando vejo Trip deitado em seu sofá, usando nada
além de um par de boxers. Ele está com uma mão presa no cós da cueca e a outra atrás da cabeça,
completamente alheio ao fato de que estamos lá.
“Que porra é essa?”, pergunto por sinais.
“Ele não sabia que estávamos para chegar”.
“Não dou a mínima se ele sabia ou não. Ele não mora aqui. E não vive sozinho. Que
merda”.
— Trip — Emily o chama. Ela pega uma almofada do sofá e joga na cabeça dele. — Vista
uma roupa.
Ele senta-se.
— Oh — ele fala, seu sorriso brilhante. Então, ele me vê atrás dela. Seu sorriso vacila. —
Bom dia. — Ele acena para mim e abre um sorrisinho falso. — Logan — ele fala.
— Trip — eu respondo com um aceno de cabeça. Emily caminha em direção à cozinha.
— Um mensageiro deixou algumas roupas para você, algumas horas atrás. Coloquei sobre a
sua cama.
A cabeça de Emily vira.
— Meu quarto está fora dos seus limites — ela fala bruscamente. Trip sorri. Quero dar um
soco na sua cara maldita.
— Não é como se eu nunca tivesse estado em seu quarto antes — ele fala. Trip ainda está
sorrindo e, desta vez, começo a ir na direção dele.
Emily corre pela sala e me para, colocando as mãos sobre meu peito.
— Vamos ver o que a minha mãe mandou.
Olho para ela. Vou com ela assim que lidar com Trio.
— Vá em frente. Estarei lá em um minuto.
— Logan — ela fala. “Pare”.
“Parar com o quê?”. Vou até o sofá e sento ao lado de Trip, apoiando o pé sobre o meu
joelho e levantando meu braço no encosto do sofá. — Vai para o chuveiro. Te encontro em um
minuto.
Emily bate o pé e eu sorrio para ela. Não vou sair dali. Não até que eu diga a Trip algumas
coisas que ele precisa saber. Pode ir. “Trip e eu precisamos conversar”.
— Essa coisa que vocês dois fazem é bastante rude — Trip fala maliciosamente, olhando de
mim para Emily.
— Do que você está falando? — pergunto e sorrio para ele. Para Emily, eu falo por sinais.
“Vá em frente. Não vou machucá-lo. Prometo”.
“Jura?”
Faço um x sobre o centro do meu peito. Ela revira os olhos e entra em seu quarto.
— Foi tão rude agora quanto antes — diz ele. Imagino que ele resmunga algo, mas não tenho
certeza. Ele olha para a TV e não para mim, mas ainda posso ver seus lábios.
— O que é rude é eu trazer minha namorada para a casa dela e encontrar seu ex-namorado
em seu apartamento vestindo apenas cueca. — Sorrio para ele. Faço meu melhor para parecer
descontraído, mas não estou.
— Ela foi minha primeira namorada — ele fala. Trip me lembra Hayley quando ela está
cansada e não consegue o que quer.
— Tenho certeza de que esse navio já partiu. — Cerro os dentes.
Ele dá de ombros.
— Nunca se sabe. Este navio pode voltar.
— Você está fodendo totalmente o código de honra entre irmãos, cara — eu falo.
— Código de honra entre irmãos? — ele pergunta. — Não teríamos que ser irmãos — ele
faz aspas no ar — para que isso tivesse que ser uma preocupação entre nós?
Cutuco seu ombro brincando... e com força.
— Ah, mas somos irmãos. Você só não sabe disso ainda. Posso ser seu melhor amigo ou seu
pior inimigo. Mas não posso ser seu melhor amigo enquanto você está vivendo na casa da minha
garota. Ou ainda enquanto você está só de cueca. — Olho para o item ofensivo. — Coloque a merda
de uma roupa quando estiver fora do seu quarto — eu rosno.
Merda. Eu estava tentando me manter calmo. Eu falhei. Fim de jogo.
Ele morde o lábio inferior como se estivesse pensando em algo sarcástico para dizer.
— Bem, Logan, a questão é justamente essa. Este é meu apartamento, agora. Então, posso
andar por aí vestido do jeito que eu quiser.
— Bom, nesse caso — eu começo, levantando-me e me esticando. — Emily e eu vamos ter
que ficar no quarto dela, pelo menos até que você decida usar roupas. — Bato levemente em seu
joelho nu e abro um sorriso cúmplice. — Não havia TV na última vez que passei a noite lá. — Seu
sorriso vacila. — Mas tenho certeza de que podemos encontrar algo para ocupar nosso tempo. —
Pisco para ele. — Aposto que você gostaria de estar no meu lugar agora. Um, assim você não teria
que me ouvir com Emily. — Aponto para meus ouvidos, lembrando-lhe que sou surdo. — E dois,
para que você pudesse ficar sozinho no quarto com ela. Nu. — Faço um tsk, tsk, tsk com a boca. —
Mas, claro, se você estivesse vestido, nós poderíamos até ficar aqui com você.
Ele levanta e caminha até seu quarto. Um minuto depois, ele volta vestindo uma bermuda e
camiseta.
— Obrigado — eu falo.
— Não foi por você — ele responde, senta e olha para mim, sobre o encosto do sofá. —
Você sabe que fui o primeiro dela, certo? — ele pergunta.
— Sei que você estragou tudo por insultá-la. — Cruzo meus braços na frente do meu peito.
A ideia de ele chamar Emily de estúpida me faz desejar bater nele.
Seus ombros tremem enquanto ele ri.
— Foi isso que ela falou? — Ele começa a zapear os canais na TV.
Ele está me provocando, mas não consigo parar.
— Só um idiota tentaria machucar uma garota como ela — eu falo.
Ele se levanta e caminha em direção à cozinha, dando um tapinha em meu peito quando
passa por mim.
— Não esqueça, irmão. — Ele fica cara a cara comigo e seus lábios se movem lentamente.
— Fui o primeiro a trepar com ela.
Ele deve notar a minha ira, porque, de repente, ele se afasta.
Mas ele sabe que abusou. Ele insultou Emily ao falar sobre assuntos íntimos que jamais
deveriam ter saído do quarto. Luto contra o desejo de socá-lo.
— Ah, isso te incomoda, não é? — ele pergunta. — O fato de que estive dentro dela, em
cima de mim e com a boca envolvida em meu...
Eu o empurro com tanta força que sua cabeça bate na parede. Posso sentir a vibração.
— Cale a boca — eu falo.
— Por quê? — Ele sorri. — Está. Tendo. Problemas. Em. Acompanhar? — ele fala
lentamente. — Eu comi a sua garota. — Ele dá de ombros. — Ou é você quem está transando com a
minha garota? Não sei. Mas sei que não tenho que gostar disso. Ela vai se cansar de você e, quando
isso acontecer, estarei aqui com a benção do pai dela, esperando para colocar um anel em seu dedo.
— Isso nunca vai acontecer — rosno. Quero bater o rosto dele na parede, mas sei que não
posso.
— Espere para ver — ele ameaça.
— Consiga sua própria casa e fique fora da vida dela, seu merda.
Ele range os dentes.
— É Trip.
— Como eu falei, Seu Merda. — Coloco minhas mãos sobre minha boca. — Ah, não! —
grito como uma menina. — Será que cometi um erro? Às vezes, nós, caras surdos, não podemos
pronunciar corretamente. — Eu posso pronunciar muito bem, mas não quero, porque ele finalmente
me irritou. — Você entende meu problema, não, Seu Merda. — Seguro a frente da sua camisa e puxo
seu rosto para perto do meu. — Se você falar sobre Emily novamente do jeito que você fez para
qualquer um, inclusive eu, vou enrolar seu pau pequeno na sua garganta e dar um nó, entendeu?
Ele me encara. Acho que, finalmente, ele me entendeu.
— Acho que Emily pode fazer suas próprias escolhas. — Ele ajeita as roupas quando eu o
solto.
— Ela já fez.
Viro as costas neste momento. A porta bate.
Sigo em direção ao quarto de Emily. Talvez eu possa ajudá-la a se vestir. Mas, assim que
estou prestes a virar a maçaneta, a porta da frente abre e os pais dela entram. Eles podem ter batido.
Não tenho certeza. Talvez o merdinha fosse abrir a porta caso tivesse ouvido a campainha. Eles são
os pais dela e pagam o apartamento, então imagino que eles podem fazer o que quiserem.
— Logan — sua mãe fala, caminhando em minha direção. Ela é muito carinhosa e fico
surpreso por gostar tanto dela. Ela me abraça e acaricia minhas costas.
— Onde está Emily? As roupas chegaram? — Ela olha para o que estou vestindo e faz uma
careta. Vejo ele eles estão muito bem vestidos quando vejo o Sr. Madison ajudar a Sra. Madison a
tirar o casaco. Ela está usando pérolas e diamantes e seu vestido azul, provavelmente, custa mais do
que um carro.
— Emily foi se vestir primeiro — falo, acenando com a cabeça em direção ao quarto.
Ela se apressa nesta direção e entra no quarto da filha, fechando a porta atrás dela.
Fico em frente ao Sr. Madison como um idiota. Agi como um estúpido na última vez que o
vi. Eu realmente quero ter um bom relacionamento com ele. Estendo a minha mão e ele a pega,
apertando-a com força e me olhando nos olhos.
— Sr. Madison — eu falo. Não sei mais o que dizer.
— Sr. Reed — ele responde. Então, solta minha mão e me olha como se estivesse esperando
que eu fosse pedir desculpas. Eu não faria isso nem na porra do meu leito de morte, por achar que a
gente só deve pedir desculpas quando está realmente arrependido.
— Logan — respondo, corrigindo-o.
Ele apenas balança a cabeça.
— Sr. Madison, eu gostaria de falar com o senhor — eu começo. Não sei ao certo as
palavras que devo usar para dizer o que eu quero.
— Sim, eu esperava que você quisesse.
Ele senta em uma cadeira e aponta para o sofá em frente a ele. Sento-me cautelosamente,
sem ter certeza de como proceder.
— Na última vez que nos falamos...
— Você quer dizer quando você foi embora e quebrou algo? — ele pergunta.
Quero um cigarro. Quase posso sentir um entre meus dedos.
— Foi só uma lata de lixo. — Poderia ter sido o rosto dele, se eu não fosse um cavalheiro.
E ele não fosse o pai de Emily.
— O lixo nunca pode fazer mal a alguém — ele fala, mas sorri, e a pressão em meu peito
alivia um pouco.
— Sr. Madison, sinto que preciso explicar minhas intenções com sua filha.
Ele levanta uma sobrancelha.
— Vá em frente.
— Eu a amo muito e gostaria de ter a sua permissão para casar com ela. — Pisco para ele.
Preciso falar algo mais, que está na ponta da língua, mas as palavras não saem.
— Não.
Isso é tudo o que ele fala. Apenas não.
— Sr. Madison — eu começo. — Eu realmente gostaria de ter sua benção.
— Minha resposta ainda é não, meu jovem. — Ele se inclina para frente colocando os
cotovelos sobre os joelhos. — Antes de Emily nascer, sonhei como minha família seria. Sonhei com
uma casa cheia de crianças. Mas ela foi filha única. Nós não tínhamos percebido que havia algo de
errado com ela, até que ela entrou no jardim da infância. — Ele balança a cabeça. — Espero que
você nunca descubra que tem uma criança com os mesmos problemas que Emily tem. Foi uma
decepção para todos nós.
Encosto na cadeira. De repente, não consigo recuperar o fôlego. Eu ficaria honrado em ter
uma filha como Emily.
Ele prossegue, balançando a cabeça.
— Ela nunca será uma magnata nos negócios ou cientista, nem médica. Ela nunca será capaz
de realizar qualquer um dos sonhos que tivemos para ela. Mas ela pode casar bem. — Ele se inclina
e aperta meu joelho como se estivesse compartilhando um segredo comigo. — E você, filho, não se
encaixa nos critérios.
Ele levanta a mão quando eu abro minha boca, e eu a fecho. Provavelmente, pareço um
peixe fora da água.
— Você vai continuar com sua lojinha de tatuagem, terá um apartamento de merda e
comprará um pequeno diamante para sua futura esposa. E vai ficar feliz com isso. Mas eu nunca vou
ficar feliz com isso para minha filha. Ela merece mais.
— Sim — eu concordo. — Ela merece mais. — Merece mais do que um pai que a coloca
para baixo. Merece ter um pai que consiga ver a porra da beleza e inteligência que tem dentro
dela. — Ela merece mais — falo novamente.
— Decidi deixá-la se divertir, até terminar com você. — Ele se inclina e apoia a mão sobre
a barriga. — Mas, quando estiver tudo acabado, espero que ela case bem. E isso não vai envolvê-lo.
— Mas... — Não consigo nem formar uma frase. Estou chocado.
— Sem mas — ele fala. — Emily está tendo um último namorico antes de se acalmar com
um homem jovem e bonito como Trip.
— Trip acha que ela é estúpida — eu falo. Eu nem sequer tinha notado que falei isso, até
que seus olhos me encaram. Eu não queria ter dito isso em voz alta.
Ele balança a cabeça.
— O rapaz sabe como ela é, mas está disposto a passar por cima disso. Ela será uma boa
esposa. Vai ter algumas crianças e ficará contente. Ela vai esquecer essa maldita guitarra e viver a
vida que convém a ela, como a esposa de alguém importante.
— Sinto muito, mas eu discordo, senhor.
Ele bufa.
— Claro que você discorda.
Dou um suspiro.
— Pretendo fazê-lo mudar de ideia, senhor.
Ele balança a cabeça.
— Nada vai me fazer mudar de ideia. Eu já sabia qual seria o futuro de Emily desde o
momento em que descobri que ela não era capaz de ler. — Ele fica de pé. — Não se preocupe.
Vamos contratar babás que possam ler para os filhos dela. Talvez eles não puxem a ela.
Tenho fé em Deus que cada um dos seus filhos nascerá exatamente como ela. Ela é
totalmente perfeita.
— Não vou parar de tentar. — Preciso que ele saiba das minhas intenções. — Pretendo me
tornar digno da sua filha. Quero ter certeza de que o senhor está ciente do que penso sobre esse
assunto, senhor.
Ele olha para o relógio.
— Vá se vestir. Não vou deixar que você nos atrase.
Fico de pé. Não consigo segurar mais.
— Senhor, com todo o respeito, o senhor é um idiota se acha que Emily é estúpida ou
incapaz de aprender. Ela é brilhante. Ela terá filhos brilhantes e fará coisas brilhantes. E vai fazer
isso casada comigo. — Seus olhos parecem uma nuvem de raiva. — Eu ficaria honrado em ter uma
esposa exatamente como ela é.
— Isso é porque você não tem nenhuma unidade familiar — ele fala, com uma risada. Fico
feliz por não poder ouvi-lo, porque imagino que sua risada seja como unhas em um quadro negro. —
Isso é o que acontece quando você vem do nada. Você não tem expectativas.
Viro-me e caminho em direção ao quarto de Emily, meu coração batendo tão forte que sinto
medo de que ele possa ser ouvido do lado de fora do meu peito. Bato na porta e Emily abre. Minha
respiração falha. Ela está usando um vestido marfim que abraça todas as suas curvas, além de poucas
joias, que provavelmente são verdadeiras e que custam uma fortuna, e agora ela bate na altura do meu
queixo em seus saltos altos.
Seus olhos se estreitam.
— Você está bem? — ela pergunta e olha por cima do ombro, na direção onde seu pai está
sentado. — Trip sai do quarto e ele está vestido para a festa, usando um belo terno e sapatos pretos.
Sr. Madison parece feliz em vê-lo num terno. Eu, por outro lado...
— Estou bem. Seu pai está com medo de que a gente se atrase.
Entro no quarto e tento afastar os comentários do Sr. Madison da minha cabeça, porque me
sinto enjoado a cada vez que penso em Emily crescendo com esse homem como seu exemplo. Não é
de se admirar que ela tenha fugido.
Decido então que vou mudar a vida dela. Vou simplesmente amá-la exatamente como ela é.
Não é como se eu pudesse me impedir de fazer isso.
Fecho a porta atrás de mim, deixando-a com o pai e o ex-namorado. Sua mãe me olha do
outro lado do quarto, ficando de pé.
— O que ele fez? — ela pergunta.
— Quem? — Sei ao que ela está se referindo, mas meu problema é com o Sr. Madison, não
com a Sra. Madison.
— Você sabe quem. — Ela se move mais rápido. — Ele me irrita tanto, às vezes.
Ela pega uma camisa e coloca em frente ao meu peito.
— Essa não — ela fala, distraída, e substitui por outra. E outra. — Ela é uma garota tão
inteligente e ele não lhe dá nenhum crédito. — Seus olhos se enchem de lágrimas e meu coração
balança. Esta mulher sabe quem é a sua filha. Ela sabe.
— Por que você o deixa tratá-la assim? — pergunto.
— Ah, ele é bom para ela, quando Emily está em sua presença. Ela não faz ideia do quanto
ele se preocupa ou o que ele planeja para que ela tenha o que precisa.
Que merda é essa? É isso que essa mulher pensa que ele faz? Ele despreza a filha e fala para
quem quiser ouvir. Ele disse que Emily é estúpida, olhando diretamente em meu rosto.
— Lentes cor-de-rosa — resmungo.
— Perdoe-me? — ela fala, olhando por cima da pilha de roupas. Ela morde o lábio inferior
e demonstra sua preocupação. Sra. Madison me faz lembrar muito de Emily.
— Nada — respondo. — É esta? — Pego a camisa de sua mão, quando ela balança a
cabeça. — Quanto lhe devo por tudo isso? — pergunto. Não quero dever nada àquele homem.
Ela parece ter escutado eu dizer que matei seu gato.
— Me deve?
— Pelas roupas?
— Ah, são da Madison Avenue — ela fala. — Fazem parte de uma nova coleção. Emily está
usando também. Você, na verdade, está nos fazendo um favor enorme ao ir à festa e usar isso. Elas
foram feitas para um público mais jovem e mais descolado do que qualquer outro que já trabalhamos
antes. Não temos certeza de como será aceito. — Ela sorri para mim e passa a mão em minha
bochecha e, então, aponta para a cama. — Calças, meias, sapatos e camisa. — Ela sorri. — Se
estiver tudo bem para você, é claro.
— Está tudo bem — respondo.
— Obrigada — ela fala, olhando nos meus olhos.
— Não fiz nada ainda. — Sorrio para ela, porque seus olhos estão cheios de lágrimas e não
quero que ela chore.
— Você tem feito mais do que pode imaginar. — Ela funga e sai do quarto.
Deito na cama, esfregando o rosto com as palmas das mãos. Que porra vou fazer a respeito
do pai de Emily? Estou indo para uma guerra sem armas em meu arsenal.
Emily

Algo está errado. Não sei o que aconteceu enquanto eu estava me vestindo, mas algo está
definitivamente errado. Logan parece estar mordendo o interior da sua bochecha e meu pai parece
presunçoso e arrogante. Claro, é assim que meu pai geralmente parece, mas agora está exacerbado.
Logan fecha a porta do quarto atrás de mim e minha mãe fica lá dentro com ele.
— Pai — eu falo. — Logan está bem?
Meu pai dá de ombros, olhando para o seu Blackberry. Ele não olha para cima.
— Como eu deveria saber?
— Você não estava conversando com ele? — Faço um sinal com meu polegar em direção à
porta fechada do meu quarto. — Ele parecia irritado quando entrou no quarto.
Papai sorri.
— Achei que era o jeito normal dele.
— Logan é um cara legal, pai. — Apresso-me em dizer. Não sei porque ainda me importo,
mas realmente me importo com o que ele pensa. Quero agradá-lo. Só acho que é impossível.
Trip faz um sinal para que eu o siga até a cozinha. Não quero ficar perto dele, mas ele
levanta e me sinto compelida a segui-lo.
Quando chego à cozinha, ele está encostado no balcão, com os braços cruzados na frente do
peito.
— Quanto você sabe sobre Logan? — ele pergunta.
— Sei tudo o que preciso saber. — Não preciso explicar nossa relação a Trip, dentre todas
as pessoas.
— Nós dois tivemos uma conversa enquanto você estava se arrumando. — Seus olhos se
estreitam. — Sabe o que ele me disse?
— Não. — Levanto uma mão quando ele começa a falar. — Por que está fazendo isso, Trip?
Ele segura meu cotovelo e eu o afasto do seu alcance.
— Em — ele fala.
— Não me toque novamente, Trip — advirto-o.
A voz de Trip fica macia.
— Nós fomos tão bons juntos, Em.
— Não, não fomos. Éramos terríveis juntos.
Seu rosto demonstra surpresa.
— Não até o fim. Estávamos bem até aquela noite.
Lembro daquela noite como se fosse ontem e dói tanto agora quanto no dia.
— Não posso ser desculpado por estar bêbado quando disse aquilo? Você não pode me
perdoar? — Ele enrola uma mecha do meu cabelo ao redor do seu dedo e puxa-o de brincadeira.
Afasto meu cabelo para trás, por cima do ombro.
Tivemos nosso jantar de ensaio e todos os nossos amigos estavam lá:
— Em, sabe o que você quer? — ele pergunta, passando um braço ao redor dos meus
ombros. Ele olha para mim e posso ver suas pupilas dilatadas, demonstrando que ele bebeu algo
mais forte do que o champanhe. Odeio quando ele está alto, mas tenho que tolerá-lo. Vou me casar
com ele amanhã.
Olho para a garçonete, que está aguardando para anotar o meu pedido.
— O que você recomenda? — pergunto. É a maneira mais segura de me safar de não ter
que ler o cardápio.
— Basta escolher algo, querida — Trip me corta. Ele vira o cardápio aberto em minha
direção e eu tento lê-lo, mas as letras ficam embaralhadas na minha frente. Começo a ficar
nervosa porque ela está esperando, assim como ele.
Olho para a irmã de Trip.
— O que você vai pedir?
— Ainda não escolhi — ela responde. Ela observa o cardápio mais um pouco e faz o
pedido.
Fecho meu cardápio.
— Quero o mesmo.
Trip empurra o cardápio novamente para mim.
— Peça o que você quer, querida. Vamos lá, você consegue.
Tiro seu braço dos meus ombros.
— Já fiz meu pedido, Trip. Por que você não faz o seu? — Sorrio para ele e observo a
lateral do seu rosto. Seus olhos estão avermelhados e não totalmente focados.
— Leia a porra do cardápio, Em. Não é física nuclear. — Ele ri e bufa, e seus amigos riem
também. Eles não sabem sobre minha dislexia, nem que a leitura é difícil para mim. Mas ele sabe.
Sua irmã o interrompe.
— Ela já pediu, Trip. Deixe-a em paz.
Ele aponta para o cardápio.
— Mas ela deve pedir o que quer, não o que outras pessoas querem. — Ele olha para mim.
— Não seja estúpida, Em. Leia a porra do cardápio.
Lágrimas se formam por trás dos meus cílios.
— Deixe-me passar, Trip — eu falo, apontando para ele se mover.
— Por quê?
— Porque preciso me levantar. — Minha voz fica trêmula e eu odeio que isso aconteça. —
Saia! — Eu o empurro e ele se levanta, cambaleando.
— Em, você está sendo ridícula — ele fala. Mas finalmente fica claro para ele que ele já
falou o suficiente.
Começo a contar em meus dedos.
— Primeiro, eu sou estúpida. Agora, ridícula. Quer continuar? — Coloco as mãos em
meus quadris e olho para ele.
— Em — ele fala e balança a cabeça. — O que você pediu está bom. — Ele aponta para a
cadeira. — Eu só estava tentando ajudar.
Estou tremendo, mas não posso parar. Não é a primeira vez que isso acontece, mas é a
primeira vez que ele faz isso na frente de outras pessoas. Viro-me para sair.
— Aonde você está indo? — ele pergunta, atrás de mim.
— Embora.
Ele se senta, mas ainda posso ouvi-lo.
— Ela voltará em um minuto. Desculpe, pessoal. Deve ser algum nervosismo pré-
casamento.
Nervosismo pré-casamento o cacete.
— Um centavo por seus pensamentos — ele fala, brincando.
— Estava pensando sobre aquela noite no restaurante. A noite da véspera do casamento —
admito.
— A noite em que estraguei tudo. — Ele aproxima-se de mim e eu o afasto.
— Não me toque — eu falo.
— Tudo bem — Trip resmunga. — Fale comigo. Nós nunca falamos sobre aquela noite.
Nunca conversamos sobre por que você me deixou. Foi porque você não é capaz de aprender? — Ele
tenta parecer que se importa, mas continuo achando que ele não se preocupa comigo.
— Eu consigo aprender. — Aponto o dedo para o meu peito. — Sou inteligente.
— Sei que você é inteligente. Desculpe-me, nunca disse o contrário. Sei o quanto você é
inteligente.
Afasto-me dele.
— Você me chamou de estúpida. E fez isso na frente dos seus amigos.
— Eu estava bêbado! — ele fala irritado. Olhando por cima do ombro, ele se acalma. — De
toda forma, não pode levar em consideração que usei uma palavra errada?
— Você levou em consideração que sou disléxica? — pergunto.
— Relevei sua dislexia por um longo tempo, Em — ele fala.
— Você relevou minha dislexia? — Não posso acreditar que ele disse isso.
— Você não consegue nem mesmo ler a porra de um cardápio, Em. Isso pode ser um pouco
frustrante às vezes. — Ele sorri para mim. Mas é um daqueles sorrisos que não chegam aos seus
olhos.
— Como você acha que eu me sinto, Trip? Sou eu quem não pode ler.
— Você nem mesmo tenta! — Ele aponta para o próprio peito. — Eu estava lá naquela noite
também. Você nem sequer olhou para o cardápio. Você podia ao menos ter tentado. Era só o que eu
queria que você fizesse.
— Logan nunca me obriga a olhar para o cardápio — atiro de volta. É terrível usar Logan
como exemplo, mas ele é um exemplo para todos os homens. Ele é como todos deveriam ser. É
gentil, atencioso, inteligente e muito talentoso. E ele me ama.
— Logan provavelmente não pode ler nada.
Suspiro.
— Como você ousa.
— Ele é surdo, Emily — ele rosna. — Quão mais baixo você pode ir? — Ele balança a
cabeça. — Ou é isso que você queria? Alguém mais do seu nível?
O que isso quer dizer?
— Logan é tudo o que você jamais será.
— Bem, espero que eu nunca fique surdo, todo tatuado e pobre.
— Estou cheia dessa conversa.
Ele olha para mim.
— Encontre um lugar para você viver, Trip. E não demore.
Ele balança a cabeça.
— Vou tentar.
— Tente com mais afinco.
Ele acena para mim novamente.
Deixo Trip de pé na cozinha. Enquanto volto para a sala de estar, a porta do quarto se abre e
Logan sai. Tenho que recuperar o fôlego ao vê-lo. Ele está usando uma calça preta e uma camisa azul
de botões, com manga comprida e desabotoada no pescoço. Ele não está usando gravata, mas nem
precisa de uma. Deus do céu, ele parece como se tivesse saído da capa de uma revista. Seu casaco
está jogado por cima do ombro, sendo segurado por seu dedo indicador.
Ele levanta a bainha da calça para mim.
— Essas meias estão demais? — ele pergunta. Logan está usando meias com listras
multicoloridas. Ele sorri.
Balanço minha cabeça.
— Nada disso é demais. — Observo-o da cabeça aos pés. Meu Deus, como ele é lindo. —
Você está maravilhoso.
— Acho que ficou bom, né? — ele pergunta, parecendo inseguro.
— Logan, você parece fabuloso — minha mãe diz. Ela bate palmas, como se estivesse
assistindo a um espetáculo.
Meu pai continua olhando para o seu telefone.
— Podemos sair agora?
Logan ajuda a minha mãe a vestir seu casaco e, em seguida, ajuda-me a vestir o meu. Ele se
inclina para baixo, perto do meu ouvido.
— Você está gostosa demais.
Meu coração salta.
“Assim como você”, falo com sinais.
Sua sobrancelha arqueia.
“Não fale assim. Estou usando uma cueca de seda que sua mãe escolheu. Ela marca a
calça.”
Sorrio para ele. Entramos no elevador e ele faz sinais para mim.
“Você está bem? Parece chateada.”
“Estou bem. Falei para Trip encontrar um lugar para morar.”
Ele revira os olhos.
“Ele já encontrou?”
“Ele está trabalhando nisso.”
“Só vou acreditar quando acontecer.”
Henry corre até a frente e abre a porta para nós, quando chegamos lá embaixo.
— Você está linda, Srta. Madison — ele fala, enquanto Trip entra na limusine. Aperto a mão
de Henry. Ele segura a porta do carro para mim e eu entro. Logan fica ao meu lado e eu não me sinto
tranquila até que seu ombro encosta no meu.
— Tem certeza de que está bem? — ele pergunta, enfiando uma mecha de cabelo atrás da
minha orelha, sua mão acariciando meu rosto. Inclino para ele como um gato e puxo a palma de sua
mão para baixo, para que eu possa beijá-la.
Inclino a cabeça em seu ombro. Estou bem, contanto que ele esteja ao meu lado.
Logan

Não sei o que aconteceu enquanto eu estava me vestindo, mas algo aconteceu. Posso dizer
pelo jeito como Emily está, como se ela fosse feita de gelo e estivesse se preparando para receber
uma martelada sobre a superfície frágil. Estou de um lado de Emily e Trip está do outro. Sua coxa
toca a dela e ela se move para mais perto de mim, afastando-se dele. Ele abre mais as pernas.
Inclino-me para frente para observá-lo e olho para baixo, em direção às suas pernas. Ele move-se
sutilmente, enquanto seu peito esvazia com um suspiro pesado. Mas, pelo menos, ele não está mais
pressionando seu corpo.
Seus pais se sentam em frente a nós, e seu pai está focado em seu Blackberry. A mãe dela
observa minha sutil troca de olhares com Trip e sorri para mim.
— As aulas já começaram, Logan, querido?
Seguro a mão de Emily, entrelaçando seus dedos nos meus, nossas palmas coladas uma na
outra.
— Sim, senhora. Comecei há uma semana.
— Você não deveria ter ficado em casa para fazer seus trabalhos? — seu pai pergunta de
repente, olhando por cima do telefone.
— Não, senhor. Já fiz todo o meu trabalho.
— Qual seu curso?
— Estou fazendo uma graduação dupla em Arte e Publicidade.
Emily enrola o braço no meu enquanto se contorce em seu assento.
— Você deveria ver alguns de seus trabalhos. São realmente incríveis.
— Você faz pinturas, Logan? — sua mãe pergunta.
— Eu uso diferentes tipos de mídias — eu falo. — Depende do que se encaixa na situação.
— Como essa? — Ela aponta para o pulso de Emily.
— Ah, ele não fez essa — Emily fala. — Foi seu irmão mais velho, Paul. — Ela acaricia o
seu antebraço. — Foi uma surpresa para Logan.
Emily olha para mim e pisca seus olhos muito castanhos.
— Fui até seu estúdio fazer uma tatuagem. — Ela sorri. — E ele tentou me paquerar. — Ela
cutuca a minha cintura. — Posso contar a ela o que aconteceu depois? — Posso sentir sua risada.
— Ela me deu um soco na cara, Sra. Madison. — Estico o braço em direção ao meu nariz,
lembrando do sangue jorrando.
— Ele mexeu comigo e eu estava com raiva. — Emily encolhe os ombros, mas ainda está
rindo. — Jamais vou esquecer o olhar dele.
— Em um minuto, achei que conseguiria passar algum tempo com uma garota bonita — eu
falo, e Emily aperta minha mão quando digo “passar algum tempo”, porque ambos sabíamos que
tentei transar com ela, assim como eu fazia com cada mulher que conhecia. — E, no seguinte, ela
quase quebrou o meu nariz.
Emily ri. Ela puxa minha manga até que eu olhe para ela.
— Você nunca mais tentou isso com ninguém, não é? Depois disso?
— Desde então, nunca mais tive olhos para outra pessoa — eu falo e rio porque é engraçado
agora, mas não foi engraçado na época. Ela me machucou.
— Foi amor à primeira vista? — sua mãe pergunta.
Olho nos olhos de Emily. Fiquei intrigado com ela desde o momento em que vi a tatuagem
que ela queria. O desenho tinha tanto significado que me fez querer conhecê-la, mas ela não permitiu.
— Foi quase instantâneo para mim — admito.
Trip enfia um dedo em direção à sua garganta como se fosse provocar vômito, mas acho que
sou o único a perceber.
— Demorou um pouco mais para mim — ela fala. — Ele e seus irmãos permitiram que eu
ficasse com eles por um tempo.
O pai dela arqueia as sobrancelhas.
Emily fala rapidamente.
— Ele dormiu no sofá e deixou que eu ficasse em seu quarto.
Seu pai me olha. Só dormi no sofá na primeira metade da primeira noite. O resto do tempo
passei na cama com ela. Não tivemos relações sexuais, não até que ela estivesse disposta a confiar
em mim. Ela tinha muitos segredos.
— Minha família gostaria de jantar com vocês uma noite, antes que vocês saiam da cidade.
Assim, vocês podem conhecê-los. — Eu não tinha falado sobre isso com Emily ainda, mas Paul
tocou no assunto. É uma boa ideia.
— Acho ótimo, Logan — a Sra. Madison fala.
— Será uma noite interessante — acrescenta o Sr. Madison.
— Meu horário de aulas foi definido na semana passada — Emily fala, mudando de assunto.
Seu pai bufa.
— Espero que não seja complicado demais para você, querida — sua mãe responde e Emily
enrijece.
— Vai dar tudo certo.
— Alguma novidade em relação à sua música, querida? — sua mãe pergunta. Pelo menos,
ela tenta demonstrar que se preocupa.
— Farei uma grande apresentação ao final da semana. Tenho que preparar uma música
original para tocar. — Pelos sulcos em sua testa, posso dizer que ela não parece muito bem com isso.
— Parece emocionante — a mãe fala, com um sorriso. Ela puxa a manga do marido. — Não
é mesmo, querido?
Ele dá de ombros, afastando a mão dela do seu braço.
— Parece um desperdício de tempo.
— Emily é uma musicista talentosa — eu falo. Não vou deixá-los desfazer de sua arte. —
Você nunca sequer a ouviu tocar.
— E você ouviu? — ele atira de volta.
— Posso não ser capaz de ouvir, mas posso ver a paixão em seus olhos e sentir a alegria em
seu coração quando ela está tocando, Sr. Madison. — Respiro fundo. — O público a ama. E ela ama
o público. Então, adoro vê-la tocar. — Inclino-me em sua direção e beijo sua testa. — Estarei na sua
apresentação.
Ela sorri para mim e deita a cabeça em meu braço.
— Nós também — sua mãe declara. Sinto minha respiração falhar.
— Espero que você tire essa ideia de música da sua cabeça rapidamente e volte para a vida
real.
Endureço, apertando sua mão.
— Esta é a vida real, papai — ela fala. — Esta é a minha vida e estou vivendo do jeito que
eu quero.
Sua mãe pisca para ela.
— Que assim seja, querida — ela fala docemente, mas há uma certa dureza por trás de suas
palavras, se a sua postura for uma indicação.
A limusine fica em silêncio. Olho de um para o outro, só para ter certeza de que não estou
perdendo nada, mas ninguém está falando. Emily está olhando para a janela e há um mal-estar
perceptível entre seus pais. Trip parece frio e calculista. Filho da puta.
Emily

Logan é o homem mais bonito do salão. E não falo isso só porque ele é meu. Há vários
modelos usando as roupas da Madison Avenue e nenhum deles fica tão bem quanto ele. Logan é
danado de bonito.
A nova campanha publicitária do meu pai é apresentada em quadros de avisos ao redor do
salão. Logan para em frente a um e torce o nariz.
— Não gostou? — pergunto.
Ele dá de ombros.
— Parece bom, eu acho.
Inclino a cabeça tentando ver o que ele vê nas fotos.
— O que há de errado?
Ele dá de ombros novamente.
— Nada, na verdade. Só acho que poderia ser melhor.
Trip bate a mão em seu ombro.
— Vou certificar-me de dizer ao chefão o quanto você gostou da campanha publicitária. —
Ele pisca para mim. Trip é um idiota. Não posso acreditar que já considerei me casar com ele.
— Seu pai terá mais um motivo para me odiar — ele diz, mas aperta minha mão.
Uma das modelos se aproxima e coloca a mão no braço de Logan.
— Quer dançar comigo? — ela pergunta.
Ele balança a cabeça educadamente. Em seguida, ele acrescenta.
— Vou dançar com a minha garota. — Então, pega minha mão e me leva para a pista. Ele
sorri para mim. — Não posso sentir a batida desse tipo de música.
Ele olha para os casais ao nosso redor. Vejo meu pai caminhar com a modelo que se
aproximou de Logan e reviro meus olhos. Logan me puxa para seus braços, sua mão segurando a
minha. Estamos muito próximos, a poucos centímetros de distância, mas não nos tocamos, e meu
coração começa a se agitar. Será que vou me acostumar a esta com este homem que me faz sentir tão
bem?
Ele pega o ritmo da música, observando os outros casais.
— Você é muito bom nisso — eu falo. Ele apenas sorri e encolhe os ombros. — Mamãe fez
com que tivéssemos aulas de dança quando éramos garotos. Paul fez um ano de balé até que criou
coragem e disse a ela que não faria mais. — Ele ri. Nunca vou amar mais um som do que o da sua
risada.
Quando nos conhecemos, ele não falava. Ele voltou a falar por minha causa e demorou um
pouco mais para ele reaprender a rir. Às vezes, ele não faz ideia do volume da sua voz e não sabe
como dosar o barulho para cada situação.
Este é um desses momentos.
Meu pai me lança um olhar. Olho para Logan e apenas sorrio.
— O que está incomodando você? — ele pergunta.
— Não é nada — eu falo. E não é. Eu trocaria meu braço direito pela sua voz, se alguém
dissesse que eu precisava escolher entre os dois. Ouvir suas palavras, seus pensamentos e seu riso
significa tudo para mim.
Meu pai dança perto de nós e, de repente, ele nos separa e toma o lugar de Logan.
— Você não se importa, não é? — ele pergunta a Logan, mas não olha para ele ao dizer isso.
Logan levanta uma sobrancelha curiosa para mim. Murmuro “desculpa” e ele sorri e balança
a cabeça.
Meu pai abandonou sua parceira de dança no meio do salão, e ela aproxima-se de Logan e
estende os braços. Logan olha para ela e vejo seu peito subir e descer com um suspiro, antes de ele
tomar-lhe a mão e colocar em sua cintura. Não gosto disso. Não mesmo.
— Pare de olhar assim, Emily — meu pai adverte. — Está tudo bem com o garoto.
— Não estou preocupada, pai — eu protesto. Bem, eu meio que estou. Logan não está
acostumado a esse tipo de festa. Há muita gente aqui que tem muito dinheiro.
— Hum-hum — ele murmura. Ele me gira em um círculo e, surpreendentemente, isso me faz
rir. Meu pai parece feliz... mas tem algo por trás. Posso sentir.
Ele dá a volta pela pista de dança até que eu perca Logan de vista completamente.
— Você pode ter algo melhor, Em — ele fala. — Muito melhor.
Cerro meus dentes.
— Explique o que você quer dizer com melhor, pai — atiro de volta. — Duvido que eu
possa encontrar algo melhor do que um homem que me ama, que cuidará de mim e que estará ao meu
lado pelo resto da minha vida.
— Ele não é como nós, Em — meu pai fala.
— Ele não é como você, pai. — Solto um suspiro pesado. — Ele é, definitivamente, como
eu.
— Você pode conseguir alguém melhor. — Ele aperta os lábios em uma linha reta. — Trip
está preocupado que você ache que não pode conseguir alguém melhor do que Logan por causa da
dislexia.
Eu paro e dou um passo para trás.
— O quê? — Parecia que ele tinha dado uma joelhada em meu estômago. Trip havia dito
isso para mim, mas jamais esperei que ele fosse falar isso para o meu pai e que ele fosse considerar
a ideia.
— Eu só quero o melhor para você.
— Então, me deixe fazer minhas próprias escolhas.
Saio de perto dele e caminho pela pista de dança, procurando Logan. Estou fervendo. A
multidão vai abrindo espaço e saindo do meu caminho. Exceto Trip, que para ao meu lado e estende
os braços para uma dança.
— Não, obrigada — eu o corto.
— O que há de errado? — ele pergunta, como se estivesse realmente preocupado.
— Nada. — Não quero falar com Trip.
— Você está com raiva porque Logan saiu com aquela garota?
Meus olhos encontram imediatamente os seus e, em seguida, ele os desvia.
— Que garota? — pergunto. A garota que estava dançando com ele? — Por que ele faria
isso?
— Não sei, mas eles pareciam muito íntimos. — Ele dá de ombros e aponta para o terraço.
Logan está chegando perto da porta ao mesmo tempo em que saio para encontrá-lo. Ele está
colocando a camisa dentro das calças. Meu coração para. Ele empurra um cacho da testa e solta um
suspiro frustrado.
— Onde você estava? — pergunto.
— Com o chamariz de Trip, eu acho. — Ele segura meu cotovelo e me puxa para o terraço,
e agora posso ver que está vazio. Ela deve ter saído pela porta ao lado. — Não posso acreditar que
ele fez isso comigo. — Ele olha para frente e balança a cabeça para frente e para trás. — Bem, na
verdade, eu posso. Ele é Trip.
— O que houve? — Estou confusa.
— Ela disse que estava sentindo-se mal e que precisava de ar. E que estava tão tonta que
não conseguia andar sozinha. Então, eu a trouxe aqui. E aí, seu mal-estar transformou-se em mãos de
polvo. — Ele tateia em minha direção freneticamente, imitando seus movimentos. Seus olhos se
estreitam. — Trip mandou você vir aqui?
Mandou, na verdade.
— Que diferença isso faz?
— Esse filho da puta tentou me passar para trás — ele rosna, batendo a mão contra a
parede. — Vou matar aquele babaca.
Coloco a mão em seu peito e ele fecha os olhos.
— Aconteceu algo mais? — pergunto.
— Se você levar em consideração que eu a afastei — ele fala, cobrindo minha mão com a
sua, e posso sentir a batida constante do seu coração. — Ela agiu como se quisesse se ajoelhar e
chupar meu pau. Foi tudo o que pude fazer para ficar longe dela.
Cubro minha boca com a mão. Não é engraçado. Realmente, não é. Mas uma risada surge.
Ele parece desanimado e fecha as mãos em punho.
— Sinto muito — eu falo, quando ele estreita os olhos para mim.
— Você acha isso engraçado? — ele pergunta, seguindo em minha direção, obrigando-me a
dar um passo para trás. Minhas costas tocam na parede e suas mãos apoiam-se em cada lado da
minha cabeça, prendendo-me. — Você achou divertido, não é? — Mas sua voz agora é gentil e ele
encosta os lábios em meu pescoço.
— Bem, seu rosto estava impagável — eu falo. Ele finalmente sorri.
— Ele demonstrava que eu precisava dar o fora de lá? — Ele me beija com suavidade e
ternura, e eu percebo que ele tem uma mancha de batom na bochecha. Eu a limpo com meu polegar.
— Ela te beijou? — pergunto.
— Foi quase como se eu tivesse que brincar de “Esquive-se dos beijos” — ele fala. — Ela
estava determinada a marcar-me com batom.
Limpo uma mancha que está em seu pescoço. Isso deveria me irritar. Eles esperavam que eu
ficasse com raiva de Logan, mas na verdade estou muito triste. Dói que eles tentem fazer esse tipo de
coisa com um homem tão bom.
— Sinto muito — eu falo, colocando minha cabeça sobre seu peito novamente. Ele respira
fundo e posso sentir a tensão se esvair.
Minha mãe enfia a cabeça para dentro do terrado, parecendo preocupada.
— Aí estão vocês — ela fala. — Está na hora do jantar.
— Quer ir para casa? — pergunto a Logan. Eu não o culparia, se ele quisesse.
Ele arqueia uma sobrancelha incrédulo.
— E deixá-los ganhar? Porra nenhuma. Tá maluca?
Ele pega a minha mão e me conduz para a mesa da minha família.
Meu pai e Trip parecem envergonhados e minha mãe parece perdida.
— Boa tentativa — eu sussurro.
— Em — Trip fala.
— Vamos discutir isso em outro momento — falo, cortando-o.
Trip acena. Tenho medo de ter lhe dado esperança, já que não há nenhuma. E nunca haverá.
Logan

Não posso acreditar que eles fizeram essa porra. De todas as merdas e truques sujos e
desleais, tinha que ser algo assim? Puxo uma cadeira para que Emily possa sentar-se e empurro-a
para mais perto da mesa. Sento-me ao lado dela. O garçom nos entrega um menu reduzido. O jantar
tem opções limitadas.
Trip abre a boca e começa a ler o cardápio em voz alta.
— Pare com isso — Emily reclama.
Trip olha para cima com a boca ainda aberta, parando no meio de uma palavra.
— Eu só estava tentando ajudar. Sei o quanto você odeia cardápios.
Quero dar um soco na cara de merda dele.
— Posso me virar sem sua ajuda — Emily fala e se inclina em meu ombro, olhando para o
meu cardápio. — O que você vai pedir? — ela pergunta, sorrindo para mim. Sei que ela não está
lendo o cardápio. Ela nunca lê. E não faria isso, especialmente com todas essas pessoas olhando
para ela. Emily mantém sua dislexia como um segredo muito bem guardado. Ela jamais demonstrará
fraqueza, ainda mais numa mesa cheia.
— Estou tentando decidir entre frango, carne ou peixe — eu falo, dando-lhe uma dica do que
tem no cardápio.
— Qual dos pratos com frango você prefere? — ela pergunta.
Ela quer frango. Certo. Vamos para a pista número dois.
— Frango à parmegiana.
Seu rosto se ilumina.
— Ah, também quero — ela murmura.
— Acho que vou pedir o filé — falo para o garçom. — Ao ponto.
— Achei que você fosse pedir o frango — ela fala.
Balanço minha cabeça. Eu só queria ter certeza de que ela escolhesse aquilo que ela
realmente queria comer. Ela entende imediatamente e meu coração se aquece com a genuína
felicidade em seu rosto. É tão fácil fazer essa mulher feliz. Tão fácil. Qualquer pessoa com um
coração e metade de um cérebro consegue fazer. Mas tenho sorte, porque ela me escolheu.
Trip rosna para nós do outro lado da mesa. Ele parece irritado.
— Quem era a loira, Logan? — ele pergunta. — Vocês dois pareciam muito bem juntos.
Dou um gole em minha água.
— Diga-me você, Trip — respondo.
— Como eu deveria saber? — ele pergunta. — Acho que ela é uma das modelos.
Definitivamente não é alguém com quem eu sairia.
— Por que não? — Emily pergunta com um sorriso doce. — Ela não ganha dinheiro o
suficiente?
Seguro uma risada. O jantar chega e é realmente difícil ler lábios enquanto as pessoas estão
comendo, então eu perco partes das conversas. A sobremesa vem a seguir.
— Emily — o pai dela a chama. — O deputado e seu filho estão aqui. Gostaria que você
fosse conhecê-los. — Ele levanta e lhe estende a mão.
Ela aceita e olha por cima do ombro. Faço o sinal de “Ok” para ela muito rapidamente e
aceno com a cabeça. Ela pode ir. Vou ficar bem.
A Sra. Madison está conversando com uma mulher à sua direita e Trip está olhando para
mim. Então, tiro um bloco de notas que está sempre em meu bolso e puxo um lápis que fica preso na
espiral superior e começo a esboçar. O Sr. Madison tem um problema complicado em sua campanha
publicitária e eu posso resolver, então, quero colocar no papel. Ele pode nunca usar, mas, se o fizer,
pode ser que eu marque alguns pontos com ele. Eu duvido, mas quem sabe.
Coloco minhas ideias no papel, desenhando palavras e cenas que poderiam ser uma
publicidade comercial ou impressa. Estou totalmente concentrado em minhas ideias quando Emily
retorna. Ela senta ao meu lado e fala:
— Voltei.
— Meu mundo agora está completo — respondo.
Ela revira os olhos e inclina-se para me beijar rapidamente.
— Isso foi brega — ela fala rindo.
Dou de ombros. Não me importo. É verdade.
— O que você está fazendo? — ela pergunta, olhando para o meu esboço.
— Rabiscando — eu falo, sorrindo para ela. Ela segura o bloco e folheia as páginas.
— São muito bons — ela fala e olha para mim, com os olhos castanhos arregalados. —
Sério, muito bons mesmo. — Ela devolve o bloco para mim e balanço minha cabeça.
— Provavelmente não vale o esforço — eu falo.
Ela suspira.
— Provavelmente não.
Coloco meu bloco sobre a mesa e levanto-me.
— Venha dançar comigo — eu falo, puxando-a em meus braços e girando-a pela pista de
dança. Ela está sem fôlego quando retornamos.
Olho ao redor, procurando o meu bloco.
— Hum — murmuro. — Se foi.
— O que foi? — ela pergunta, as bochechas coradas e a respiração acelerada.
— Meu bloco de notas.
Ela morde o lábio inferior.
— Será que um dos garçons o recolheu? — ela sugere. — Quer que eu pergunte?
Balanço a cabeça.
— Tudo bem. Era só um bloco. — Tenho vários deles espalhados pela casa. Quando se é
surdo, nunca se sabe quando você pode precisar de um.
Ela olha para mim timidamente e diz:
— Podemos dançar um pouco mais?
Eu faria qualquer coisa por ela. Então, dançamos pelo resto da noite.
Emily

É bastante estranho quando a limusine do meu pai para em frente ao prédio de Logan para
deixá-lo. Ele olha para mim, como se quisesse me levar, e eu quero ir. Mas meu pai está no carro e
sei que ele não iria gostar. Cutuco a perna de Logan e ele se aproxima, oferecendo a mão para meu
pai.
— Obrigado pela noite maravilhosa, Sr. Madison — ele fala e sorri para minha mãe. — E
Sra. Madison.
A contragosto, meu pai segura sua mão. Logan olha para mim novamente, beija a minha testa
e, em seguida, o motorista abre a porta. Ele sai do carro e eu sigo atrás dele.
— Você vai ficar? — ele pergunta, seu rosto iluminando-se com esperança.
Balanço a cabeça e aceno em direção ao carro.
— Não, ele vai me levar para o apartamento.
Seu rosto fica triste e ele olha para as estrelas, dando um longo suspiro. Não quero deixá-lo.
Quero ficar aqui. Este é o meu lar. Não aquele outro apartamento e certamente não com Trip.
Meu estômago aperta ao pensar que não vou conseguir dormir em seus braços hoje à noite e
que ele não vai jogar a perna sobre minha bunda nua e me manter próxima a ele.
— Tenho uma aula às nove e outra ao meio-dia — eu falo. — Nos vemos amanhã à noite?
Ele balança a cabeça.
— Minhas aulas só começam às três, na segunda, e tenho laboratório às seis e meia.
— Ah.
A janela da limusine abaixa, e meu pai grunhe para mim.
— Já sei — grito. — Estou indo.
Logan segura meu rosto com as mãos e fala:
— Quero te beijar.
Meu pai começa a assoviar, com a janela ainda abaixada. Fico feliz que Logan não pode
ouvir porque é irritante.
— Quero ser beijada — eu falo.
Ele geme e pressiona os lábios em minha testa, mantendo-os em mim enquanto ele respira
para dentro e para fora. Dentro e fora.
Em um mundo perfeito, eu poderia ir para casa e poderíamos conversar até tarde da noite no
telefone. Mas isso não pode acontecer com a gente.
— Emily — meu pai adverte.
— Tenho que ir — eu falo e o beijo rapidamente nos lábios. O motorista mantém a porta
aberta para mim e eu entro no carro. Sinto como se ele estivesse fechando a porta para a felicidade
quando preciso deixar Logan. Suspiro pesadamente e inclino-me para trás contra o encosto. Isso é
péssimo.
Logan

Corro pelas escadas o mais rápido que posso. Paul está de pé na cozinha e vira o rosto em
minha direção quando eu entro e bato a porta.
— Jesus Cristo — ele fala. — Alguém roubou suas roupas e deixou você vestido como a
porra de um imbecil.
— Pode me emprestar sua moto? — pergunto, minha respiração afobada. Preciso ir e tem
que ser agora.
— Está frio pra cacete para andar de moto — ele adverte, seus olhos se estreitando. — Por
que você a quer? — Paul tem uma Suzuki que ganhou num jogo de cartas. Ele não costuma usá-la
nesta época do ano.
Ele abre uma gaveta e remexe dentro dela, até que encontra as chaves e joga-as em minha
direção. Meu coração pula. Se eu me apressar, consigo chegar até Emily antes deles.
— Obrigado — eu falo.
Pego o macacão e o capacete de Paul, que estão dentro do armário. A moto fica na garagem
no subsolo do prédio. Corro até lá embaixo, esperando que a maldita coisa funcione para que eu
possa ir.
A única coisa ruim com relação a carros e coisas com motores é que não posso ouvir
quando eles ligam. Mas posso sentir a vibração, então coloco a mão sobre ela e giro a chave. Ele
vibra por um segundo e para. Claro, isso iria acontecer. Viro a chave novamente e acelero. Olho para
trás e vejo a nuvem de fumaça preta, mas me mantenho sobre a moto e me preparo para sair. Está um
frio da porra, mas preciso ir. Tenho um péssimo pressentimento sobre Emily ir para casa com Trip.
Não sei por que, mas estou sentindo algo e preciso ir até ela.
Levo cerca de quinze minutos para chegar à sua casa. Vejo as luzes traseiras da limusine
afastando-se quando eu chego. Henry abre a porta da frente e olha enquanto eu paro a moto de Paul
em frente à porta, olhando na direção da janela de Emily. Ela já deve ter subido.
Henry faz um gesto para frente.
— Traga essa coisa para dentro — ele fala, apontando para a moto e para o interior
novamente, como se ele não tivesse certeza de que entendo o que ele está falando. — Se você a
deixar aí fora, alguém pode roubá-la — ele me alerta.
É uma moto pequena, mas vai deixar uma trilha molhada se eu a levar para dentro. Ele acena
para mim, incentivando-me e sacode a cabeça, apontando para o lobby.
Desligo o motor e empurro a moto pelo hall de entrada. Ele aponta para uma salinha e eu
levo a moto em direção a ela. Henry pega um balde e um esfregão de dentro da mesma sala e vai para
o lobby, limpando rapidamente a minha bagunça.
— Desculpe-me por isso — eu digo.
— Não se preocupe. — Ele inclina a cabeça para mim. — Por que você não veio com a
Srta. Madison? — ele pergunta, as sobrancelhas se erguendo.
— Falha técnica — eu falo, puxando o gorro do meu cabelo. Esfrego minhas mãos. Elas
estão congelando, ainda que eu estivesse usando luvas grossas.
Ele faz um gesto para que eu me aproxime do aquecedor que está sobre a sua mesa.
— Aqueça-se um pouco, então você pode subir.
Olho para ele com o canto dos olhos, como se eu não estivesse preocupado com a resposta à
minha próxima pergunta.
— Os pais de Emily estão lá em cima?
Ele balança a cabeça.
— Só o rapaz. Aquele pequeno filho da puta. — Henry parece um nova-iorquino perfeito.
Não posso ter certeza, já que não consigo ouvir sotaques, mas suas expressões me dizem isso.
Dou uma risada.
— Ah, você não faz ideia.
— Faço sim. Ele teve um ataque ontem, quando não lhe dei uma chave. — Ele sacode o
dedo no ar, como se estivesse lembrando de algo. — Falando nisso, tenho sua chave. — Ele vai até
uma gaveta, pega um pequeno envelope marrom e coloca-o na minha mão, contendo a minha chave.
— Obrigado — eu falo.
Ele acena com a cabeça em direção ao elevador.
— É melhor você subir. Ela não parecia muito feliz quando eles voltaram para casa.
— Por que você acha isso?
— Ele parecia ter pingentes em suas bolas — ele responde com um sorriso. — Essa menina
não está lhe dando nenhuma abertura.
Vou ter que beijar Henry por causa disso. Estendo a mão para ele, que salta para trás. Ele é
ágil para alguém tão velho.
— Deixe isso para a Srta. Madison — ele fala com uma risada.
Tiro meu macacão térmico.
— Posso deixar isso na moto? — pergunto. Ele abre a porta da salinha novamente e eu
estendo o macacão sobre a Suzuki. Olho para Henry, ele parece cansado.
— Você nunca vai para casa, Henry? — Parece que ele está sempre aqui.
Ele sorri suavemente, mas não chega aos seus olhos.
— Minha esposa teve um derrame há pouco tempo, então eu trabalho mais horas para pagar
seu tratamento. — Ele dá de ombros. — Eles me oferecem horas extras, então eu faço.
— Fico triste por sua esposa estar doente — eu falo. — Ela vai ficar bem?
Seus olhos se afastam dos meus.
— Espero que sim. — Seu peito enche de ar e ele suspira. — Ela está temporariamente
numa casa de repouso. — Ele sorri. — Eu a vi no almoço e vou dormir lá esta noite.
Aperto seu ombro. Se havia alguém que precisava de um abraço, era ele. No código de
conduta masculino, um aperto no ombro equivale a um abraço.
— Você deveria ir para casa. Vai ficar mais descansado.
Ele sorri e diz:
— Não consigo dormir sem ela, então, é melhor dormir na casa de repouso. Prefiro dormir
em uma cadeira, segurando a mão dela, a dormir na maior e mais macia cama do mundo. — Ele
balança a cabeça. — Algum dia, você saberá o que é acordar ao lado da mesma mulher, todos os
dias, por quase quarenta anos. — Ele aponta o elevador. — Vai saber identificar o tamborilar dos
seus pés.
Aponto para os meus ouvidos e dou uma risada.
— Não posso ouvir um tamborilar, Henry. — Ele parece um pouco envergonhado. — Mas
faço ideia.
— A Srta. Madison é especial para você, não é? — ele pergunta.
Meu coração incha.
— Muito.
Ele é quem bate em meu ombro desta vez.
— Então, vá buscá-la. — Ele me empurra em direção ao elevador. Volto no último minuto.
— Se eu puder ajudar com sua esposa, Henry, por favor, me avise. Tenho vários irmãos e
eles são muito bons com mudanças e coisas do tipo. Quando ela estiver pronta para voltar para casa.
Ele sorri.
— Eu aviso.
— Eles não são bons para outras coisas — eu grito quando as portas do elevador se fecham.
Exceto em me apoiar em tudo o que faço, em me amar incondicionalmente e em chutar minha bunda
por ser um idiota. Eles são inúteis.
Sorrio enquanto o elevador sobe. Não bato quando chego à porta de Emily. Em vez disso,
uso a minha chave.
Emily

Trip entra no elevador atrás de mim e tem a coragem de tentar encurralar-me num canto.
Seus braços se apoiam em cada lado da minha cabeça, prendendo-me. Viro meu rosto, porque ele
bebeu demais e seu hálito cheira a Jack Daniels.
Ele ficou o tempo todo tranquilo enquanto estava na limusine, mas eu o conheço o suficiente
para ver todos os sinais. Coloco minha mão em seu peito e o empurro.
— Afaste-se, Trip — eu falo.
Ele se inclina, a respiração em meu rosto. Viro a cabeça e fecho os olhos. Brigar com Trip
enquanto ele está bêbado é como chutar um filhote de cachorro. Um filhote de cachorro raivoso, que
não para de espumar pela boca enquanto tenta mordê-lo. É a única espécie de cachorro que sinto
vontade de chutar os dentes.
— Quero voltar — ele fala. — Você costumava gostar quando ficávamos próximos assim.
Você dizia que eu não costumava demonstrar afeição suficiente.
Ele passa a mão na minha bochecha.
— Afaste-se, Trip — advirto-o novamente. Eu só precisaria de um bom impulso e ele cairia
de bunda no chão. Tenho certeza disso.
O elevador chega ao nosso andar e eu passo por baixo do seu braço. Ele geme e me segue
até a porta.
— Anda logo — ele resmunga. — Tenho que mijar.
Balanço a cabeça, deixo-o entrar e ele corre, indo direto para o banheiro. Ele não fecha a
porta do banheiro e eu posso ouvi-lo. Não adianta nada falar com ele sobre isso. Ele está bêbado
demais.
Olho ansiosamente para a porta da frente. Agora que ele está dentro do apartamento, posso
pegar um táxi e ir para a casa de Logan. Meu coração se aquece com a ideia. Vou até a porta. Não há
nada que eu precise aqui. Minha bolsa ainda está no apartamento dele. Assim como o meu coração.
Trip agarra meu cotovelo.
— Aonde você pensa que vai? — ele pergunta assim que chego na porta.
— Vou para a casa de Logan — eu falo. Não preciso mentir para ele. — Saia do meu
caminho.
Ele está entre mim e a porta, com os braços cruzados, os pés abertos. Merda. Melhor ir para
o meu quarto e esperar que ele durma. Dirijo-me nessa direção, mas ele segura-me novamente. Puxo
meu braço do seu aperto. Isso dói.
— Pare com isso, Trip — eu falo. — Vá para a cama.
Ele agarra meus quadris e me puxa para ele, esfregando-se contra mim.
— Vou se você for comigo.
Eu não iria até a esquina com ele, muito menos para a cama.
— Você está bêbado, Trip. Vá dormir.
— Não estou tão bêbado que não possa transar com você.
Sim, posso sentir isso pela forma como ele está pressionado contra mim. Respiro fundo e
seguro seu rosto em minhas mãos, olhando em seus olhos.
— Vá para a cama — eu falo em voz baixa. — Amanhã a gente conversa.
Ele inclina a cabeça e dá um beijo em meu pescoço. Então, ele morde e chupa a minha pele.
Eu o empurro para trás, cobrindo meu pescoço com a mão.
— O que foi isso, Trip? — grito. — Deus, o que há de errado com você?
— É só uma mordida de amor — ele responde sorrindo. — Você costumava amar quando eu
mordiscava o seu pescoço.
— Isso não foi uma mordida — eu reclamo. — Foi como se você quisesse sugar meu sangue
ou algo assim.
— Vou sugar outra coisa — ele fala, quanto sua mão envolve meu seio.
Não consigo segurar minha raiva e o esbofeteio no rosto. Bato nele com tanta força que sinto
minha mão arder.
É nesse segundo que percebo que minha porta está aberta e, em seguida, Logan atravessa a
sala como um touro, atingindo Trip na lateral e caindo com ele no chão.
— Logan! — grito, puxando seu ombro. Ele tem as mãos ao redor da garganta de Trip e os
ruídos que saem de sua boca são ininteligíveis. Eu nunca o vi tão zangado, mas, aparentemente, a
emoção intensa afeta seu discurso.
Ouço os grunhidos de Trip e vejo o que vai acontecer antes mesmo que ele faça. Trip
alcança uma urna que está no chão, ao lado do sofá, e tenta bater na cabeça de Logan. Ela apenas bate
nas costas de Logan e cai no chão. Não sei o que Trip achou que faria com aquilo, já que é de
plástico.
— Deixe-o, Logan — eu falo, com o rosto perto dele. Deixei-o. Ele está bêbado.
Mas ele não o deixa. Logan mantém o joelho de Trip seguro em seu peito. Ele não está
machucando-o, mas o mantém preso.
— O que diabos ele estava fazendo com você que fez com que você batesse nele? — ele
pergunta.
— Ele está bêbado. Deixe-o para que ele possa ir para a cama.
Logan leva os polegares à traqueia de Trip, que puxa o ar sem fôlego.
— Chame a polícia, Emily — Trip começa a gritar. Logan o aperta novamente.
— Ele tem que calar a boca, se quiser que eu o solte. — Ele olha para Trip. — Odeio
bêbados de merda. Vou soltar você, e você vai direto para o seu quarto. Entendeu?
Trip acena. Logan dá um passo para trás e Trip embola os pés, quase caindo no chão.
— Eu deveria chamar a polícia.
— Então, eu poderia contar a ele como você estava me atacando? — pergunto.
Ele parece confuso.
— Eu só queria te beijar — ele lamenta. Ele não é legal quando bebe. De modo algum.
Balanço minha cabeça.
— Mas eu não queria ser beijada. — Solto um enorme suspiro. Sinto como se alguém
tivesse soltado a linha que prende um balão dentro de mim. — Vá para a cama Trip. Amanhã
conversaremos.
Trip acena, ainda com os passos tortos. Ele entra em seu quarto e fecha a porta.
Respiro profundamente e Logan me puxa para ele. Deixo-o me segurar porque acho que ele
precisa disso ainda mais do que eu. Depois, dou um passo para trás e seguro minha mão. Bati com
muita força em Trip e minha mão ainda está ardendo.
— O que ele fez? — Logan pergunta.
Balanço minha cabeça. Ele não vai parar de perguntar até que eu conte a ele.
— Ele tentou me beijar. Só isso. — Ele coloca seu polegar sobre os meus lábios.
— Ele beijou você? — Sua voz é suave e reverente. Seus olhos procuram os meus e sei que
ele está observando meus sinais não-verbais.
— Não — esclareço, balançando a cabeça. — Ele tentou me beijar. É diferente. — Solto
meu cabelo e passo os dedos entre eles, enquanto tiro os sapatos. — O que você está fazendo aqui?
— pergunto.
— Estava preocupado com você — ele admite. Seu rosto está triste. — Com razão,
aparentemente.
Envolvo meus braços em sua cintura e o abraço com força.
— Estou feliz por você estar aqui. — Ele me ajuda a tirar o casaco, e as mãos sobre os
meus braços parecem estar congelando. — Por que você está tão frio? — pergunto.
— Vim de moto até aqui — ele admite.
— Moto?
— Sim.
— Você tem uma moto? — Eu não fazia ideia de que ele possuía uma moto.
— É de Paul. Ele me emprestou. — Ele vira minha cabeça para o lado, para olhar meu
pescoço.
— Que porra é essa?
Balanço minha cabeça.
— Nada.
— Não é nada, Emily. — Ele grunhe e fico esperando que ele bata no peito como um
macaco a qualquer segundo. Na verdade, isso é meio sexy.
Não quero mais falar sobre isso.
— Estou feliz por você estar aqui — falo. — Pode me ajudar a tirar este vestido? —
pergunto, querendo afastar sua atenção do meu pescoço e da marca que Trip deixou.
Ele aponta para o meu quarto e segue atrás de mim.
— No quarto — ele fala e olha para a porta de Trip.
— Ele está acabado esta noite, não vai nos incomodar. — Já vi Trip bêbado inúmeras vezes
para ter certeza. — Você pode passar a noite?
Ele me segue até o quarto, fecha e tranca a porta. Com um olhar pensativo, ele solta meu
lábio inferior de entre meus dentes com a ponta do polegar. Eu nem tinha percebido que estava
mordendo-o.
— Você não faz ideia do quanto desejei matá-lo quando vi que ele estava com as mãos sobre
você — ele fala.
— Não tanto quanto eu. — Viro as costas para Logan e ele abre o zíper lentamente,
afastando o cabelo em direção aos meus ombros e encostando os lábios, fazendo-me estremecer. —
O que fez você vir aqui? — pergunto.
Ele dá de ombros.
— Não queria dormir sem você. — Ele toca a ponta do meu nariz e começa a abrir a
camisa, colocando-a sobre o encosto de uma cadeira, ajeitando-a para não amassar. O rack com as
roupas que minha mãe enviou pela manhã ainda está no canto.
— Sabe — ele começa —, conversei com Henry na portaria. Você sabia que sua esposa está
doente e em um lar de idosos?
Eu suspiro. Não fazia ideia.
— Ela está bem? — pergunto.
— Ele vai lá todas as noites para dormir, porque não consegue dormir sem ela. — Ele sorri
e ergue meu queixo. — Quero que sejamos como eles, quando crescermos.
Logan sorri.
— Acho que já somos como eles — respondo. É verdade, nós somos. Acho que não poderia
mais viver sem Logan.
Ele se despe completamente e desliza entre meus lençóis. Estou prestes a puxar uma
camiseta por sobre a minha cabeça, de costas para ele, que reclama.
— Não, fique sem — ele fala, com a voz rouca. Dou de ombros, apago as luzes, mas não
totalmente, e deito na cama com ele. Então, Logan me mostra todas as razões pelas quais nunca mais
quero dormir longe dele novamente, puxando-me para seus braços e me mantendo colada a ele por
toda a noite.
Logan

Gosto quando ela está com as pernas ao meu redor. Gosto disso mais do que deveria. Seus
braços estão em minha cintura e seu rosto descansa contra as minhas costas. Fiz Emily usar o
capacete, mas estamos indo só até a esquina, para que eu possa deixá-la na Julliard, então não estou
preocupado em ser pego sem um. Paro em frente ao prédio onde ela terá sua primeira aula e desligo
o motor.
— Quer que eu vá até a sala de aula com você? — pergunto enquanto ela desmonta e tira o
capacete. Ela segura-o e sorri, balançando a cabeça.
— Consigo encontrá-la. — Ela inclina-se para frente e pressiona os lábios nos meus. Puxo-a
mais para perto, sem estar pronto para deixá-la ir ainda. Ela parece linda e animada, com seu cabelo
preso em um rabo de cavalo e a mochila sobre os ombros. Ela diz algo contra meus lábios e eu
afasto-me para que eu possa ver seu rosto.
“Obrigada pela carona”, ela diz com sinais.
“Por nada”. Deus, ela é tão linda.
Emily sorri e cora.
“Obrigada pela última noite também”.
Fico rígido imediatamente.
“Seja cuidadosa”, aviso.
“Ou o quê?”, ela brinca.
Puxo-a para mim rapidamente e ela ri. Posso sentir o tremor do seu estômago contra o meu
quadril.
— Porra, eu te amo tanto — eu falo. Não consigo parar de dizer isso a ela.
Emily revira os olhos, me beija e fala rapidamente:
— Adoro quando você fica assim, todo romântico. Também te amo.
Giro-a em direção ao seu prédio e dou um tapinha em sua bunda. Preciso cuidar de algo esta
manhã. Algo realmente importante. Ela acena para mim, ao se afastar, seus dedos mal se movendo.
Em seguida, ela faz o sinal de “eu te amo” e do meu nome, em seguida.
Paro em casa para tomar banho e trocar de roupa. Quero parecer bem quando encontrar o
pai dela. Preciso explicar a ele, cara a cara, por que Emily não ficará em seu apartamento, ou, pelo
menos, não até que Trip saia. Aquela marca em seu pescoço é indesculpável. É como se ele estivesse
tentando marcá-la, mesmo ela sendo minha. E eu não posso tolerar isso. O que teria acontecido se eu
não tivesse aparecido?
Paul aparece quando acabo de sair do banheiro.
— Fico feliz em ver que você voltou ao normal — ele fala sorrindo para mim, com uma
xícara de café.
Conto a Paul o que aconteceu na festa, com a modelo, sobre o pai de Emily e o que Trip fez
antes que eu chegasse ao apartamento de Emily, na noite passada.
Ele balança a cabeça.
— Que merda — ele fala. — O que você vai fazer?
Dou um suspiro.
— Acho que preciso conversar com o pai dela. Hoje.
Ele balança a cabeça. Lentamente, mas ainda um aceno. Ele parece hesitante e não entendo
por quê.
— O que foi? — pergunto.
— Ele não vai aprovar, não importa o que você faça. Ele quer um certo tipo de vida para
ela.
— Emily não pode ler — deixo escapar.
Paul cospe seu café.
— O quê?
— Ela pode ler — eu corrijo. — Ela conhece as letras e como soletrar as palavras, mas ela
tem dislexia. A leitura é muito difícil para ela. É por isso que seu pai quer que ela se case. Ele não
quer que ela tenha uma educação e acha que ela só precisa casar com algum babaca rico. Ele não
acha que ela valha muito.
— Aff — ele fala. É assim que Paul se expressa, quando ele está meditando sobre algo.
— Você não vai falar para ela que eu contei sobre sua dislexia, né? Ela esconde isso de todo
mundo.
Ele inala profundamente.
— Eu já sabia. Eu a vi lendo para Hayley. — Ele olha para o meu rosto. — Foi por isso que
você falou com ela? — Fiquei oito anos sem dizer uma única palavra. Ela me fez desejar falar
novamente.
Eu concordo.
— Ela não conseguia ler o que eu escrevia.
— Você falou com ela desde o início, não é? — Ele sorri, mas é só um meio sorriso.
— Praticamente desde o dia em que a conheci — admito. — Desculpe-me, eu não falei
nada. — Sinto-me mal agora. Fiquei anos sem falar. — Vocês tornaram as coisas fáceis para que eu
não precisasse falar, já que vocês aprenderam a linguagem dos sinais.
— Você é surdo, imbecil. O que mais deveríamos fazer?
Um grande número de famílias de pessoas surdas não aprende a língua dos sinais.
— Sinto muito — repito. — Era mais fácil ficar quieto.
— Ela não torna nada fácil para você, não é?
— O quê? Ela torna tudo fácil para mim. Eu nem sequer optei por falar. Simplesmente
aconteceu. — Sorrio. Ela me transforma de dentro para fora. — Eu a amo pra caralho.
— Eu sei que você quer agir como um homem, em relação a isso, mas o pai dela vai lutar
contra o tempo todo.
— Eu sei. — Meu desejo não era o que estava em pauta. — Mas acho que preciso ser
aberto com ele.
— Você vai dar murro em ponta de faca.
— Ela precisou usar um lenço no pescoço, para ir para a aula, para encobrir seu pescoço.
— Filho da puta.
Sam entra na cozinha, usando bermudão e camiseta, enquanto coça a barriga.
— Bom dia — ele fala, indo em direção à cafeteira.
“Algo está acontecendo com Sam e Pete”, Paul sinaliza por trás dele. “Sabe de alguma
coisa”?
“O quê”, eu pergunto.
“Eles têm saído com Bone”.
“Por quê?”. Meus movimentos são exagerados. De repente, estou chateado.
“Eles negam, mas tenho ouvido comentários”. Ele dá de ombros. “Só queria saber se
você sabia algo sobre isso”.
“Não sei nada a respeito, Estou preocupado. Quer que eu procure saber?”
Ele balança a cabeça.
Vou fazer isso.
Sam vira para nós.
— Vocês estavam falando nas minhas costas, não é? — Ele sorri. — Sei que sou irresistível,
mas contenham-se.
Sam me faz rir. Ele tem esse dom.
— Sam, você pode fazer o jantar amanhã à noite? Quero convidar os pais de Emily.
Paul coloca o café sobre o balcão.
— Aqui? — ele pergunta.
— Quero que eles vejam como é a nossa família.
— Por que eu tenho que cozinhar? — Sam geme.
— Porque você é o único que sabe. Faça uma lasanha ou algo assim. — Coloco minhas
mãos juntas, como em oração. — Por favor?
Ele bufa.
— Claro. Mas você me deve uma.

****

O Sr. e a Sra. Madison possuem uma suíte em um dos maiores hotéis da região. Foi Henry
quem me disse isso. Como ele sabe, não faço ideia. Mas o homem sabe de tudo. Paro na recepção,
torcendo minhas mãos, enquanto peço o número do seu quarto. Preciso acabar com isso. Tenho que
dizer-lhes que Emily não voltará ao seu apartamento enquanto Trip estiver por lá.
A recepção chama seu quarto, e então, eles indicam o número do quarto para mim. Meus
joelhos estão bambos enquanto o elevador sobe até o último andar. Claro, eles estariam no último
andar. E em uma suíte.
A Sra. Madison abre a porta e me deixa entrar. Ela me abraça rapidamente.
— Está tudo bem? — ela pergunta, arqueando a sobrancelha.
— Sim — respondo. — Seu marido está aqui? Gostaria de falar com ele, se não for
incômodo.
Ela olha para mim, com a cabeça inclinada para o lado, enquanto avalia meu rosto.
Finalmente, ela coloca a máscara de indiferença. Mas esta mulher não é indiferente a nada. Ela
aponta para uma porta aberta.
O Sr. Madison está sentado atrás de uma mesa em uma sala que é maior do que qualquer
outra em que já estive. Ele olha para cima e desvia imediatamente, sem sequer me encarar.
— Logan — ele fala. — O que o traz aqui? — Ele não afasta os olhos de sua papelada, mas
preciso falar de qualquer jeito.
— Sr. Madison — eu começo. — Preciso conversar com o senhor. — Aponto para a
cadeira. — Posso me sentar? — Ele olha para mim por cima dos óculos.
— Se for necessário. — Ele apoia as mãos sobre a mesa. Finalmente, tenho sua atenção.
— Eu gostaria de conversar com o senhor de homem para homem — eu falo.
— Acredito que somos homens de níveis diferentes, filho — ele fala.
Minha coluna enrijece. Não tenho culpa se ele não é um homem de verdade.
— Seja como for, Trip foi um pouco longe demais com Emily, na noite passada.
Ele joga a caneta sobre a mesa.
— Do que você está falando?
— Ontem à noite, quando Trip e Emily foram para o apartamento, ele tentou beijá-la.
— O que você está insinuando, Logan? — ele pergunta. — Eles já estiveram envolvidos.
Obviamente, há química entre eles. E, agora, ela está voltando à superfície. — Seu olhar é simpático.
— Sei que você a ama, mas os acontecimentos da noite passada me provam que o que eles tinham
não está morto e enterrado. Está ainda muito vivo.
— Vivo? — pergunto.
— Sim, vivo. Ele ainda a ama, e ela ainda gosta dele. — Ele parece arrependido. — Sinto
muito, mas não deu certo para você. — Ele volta a atenção aos seus papéis novamente. Estou sendo
dispensado.
— Emily não voltará para aquele apartamento até que Trip saia de lá. — Me remexo na
cadeira até que estou sentado na beirada. — Ela vai morar comigo. Só queria ter a certeza de que o
senhor está ciente.
Ele balança a cabeça.
— Não, filho.
— Não sou seu filho — resmungo.
— Logan — ele repreende. — Minha filha vai morar exatamente onde eu disser.
— Como foi essa experiência no ano passado, senhor? — pergunto e forço-me a parecer
relaxado. — Não estou pedindo sua permissão. Estou avisando ao senhor como será. Se o senhor
tirar Trip de lá, ela volta. Se não, ela mora comigo. Não vou permitir que ela volte para lá
novamente, não enquanto ele está lá, pronto para atacá-la. — Estreito meus olhos para ele. — O
senhor me entende, Sr. Madison?
Seu rosto fica vermelho e seus olhos se estreitam. Ele está com raiva, com tanta raiva que
ele mal pode se conter.
— Você tem a pretensão de me dizer o que minha filha vai ou não fazer, Sr. Reed?
— Não presumo nada, senhor — eu falo. — Estou apenas dizendo o que o senhor precisa
fazer se quiser que sua filha volte para seu próprio apartamento. — Eu levanto e ajeito meu jeans. —
É sempre um prazer, Sr. Madison.
Sigo em direção à porta, mas paro quando vejo meu caderno de notas, o que eu estava
usando na festa, ontem. Está perto do cotovelo do Sr. Madison.
— Acho que isso me pertence — eu falo e me aproximo.
— Sinto muito — o Sr. Madison fala. — Mas isto pertence a Trip. — Ele ri e bate na testa.
— É um rapaz muito esperto. É uma pena que você não tenha nem um pouco do seu talento. — Ele
abre meu bloco e me mostra meus próprios desenhos. — Esse menino deu várias sugestões para
melhorar minha campanha publicitária. E são muito boas. Estou bastante orgulhoso dele. — Ele sorri
para mim e passa meus desenhos, mostrando-me um por um.
— Quando ele lhe deu isso?
— Esta manhã. Ele passou a noite toda trabalhando nisso.
Então, Trip entra pela porta. Seu sorriso vacila ao me ver olhando para o meu próprio
caderno, para os desenhos que eu fiz.
— O Sr. Madison estava me mostrando seus desenhos — eu falo. — Não sabia que você
desenhava, Trip.
— É engraçado o que você pode fazer quando fica algumas horas sozinho, não é? — Trip
arruma o paletó, parecendo nervoso. — Fiz isso ontem à noite, enquanto esperava Emily voltar para
casa. — Ele me lança um olhar, me desafiando a negar que Emily estava comigo. Não vou negar
nada, nem reclamar de nada. Não hoje.
Trip sorri para mim quando não respondo. Ele acha que ganhou. Mas não posso evitar, tenho
que fazer isso. Dou um passo para trás, pegando impulso e bato na cara de Trip com o máximo de
força que consigo. Ele cai no chão como uma pedra e o Sr. Madison corre de trás da sua mesa. Ele
chama os seguranças, mas eles não precisam vir. Já acabei daqui.
— Sra. Madison — eu falo, ao passar por ela. Me recuso a ser dispensado. Sinto-me muito
bem agora. Esse filho da puta está estendido no chão, sem se mexer, e eu o coloquei lá. Estou mais
leve do que tenho estado desde que ele apareceu na cidade.
A Sra. Madison sorri para mim.
— Logan — ela responde, inclinando a cabeça. Um sorriso aparece em seus lábios, mas ela
tenta segurá-lo. — Obrigada por deixá-lo no chão. — Ela cobre a boca, quando quase não consegue
conter a risada.
— Disponha — eu respondo. Então, começo a sair. Encerrei por aqui. Está feito, porra.
Mas viro a cabeça para trás, no último minuto.
— Gostaríamos de convidá-la para jantar amanhã à noite, se a senhora estiver disponível.
— A que horas? — ela pergunta.
— Oito? Vou pedir a Emily que mande o endereço.
— Nos vemos, então. — Ela acena para mim enquanto eu saio. Balanço minha mão. Dói pra
cacete. Mas, ainda assim, valeu a pena.
Emily

Está tarde, mas não posso ir ainda. Não terminei de ouvir meu audiolivro para que eu possa
fazer meu trabalho de casa. Eu presto atenção na aula e até mesmo faço anotações, mas preciso ouvir
os livros, diferentemente da maioria dos outros alunos. Sento-me na biblioteca e aciono o meu
aplicativo de transformar texto em voz, para que ele leia para mim. Sou uma boa ouvinte. Só que isso
demora duas vezes mais do que para as pessoas que leem sozinhas.
Quando me sinto satisfeita por ter ouvido todo o material da aula de hoje, tiro os fones de
ouvido. Olho para minhas anotações e sorrio. Eu posso fazer isso. Sou esperta. E guardei muito bem
o meu segredo. Todos os meus professores sabem da minha dislexia e estão dispostos a trabalhar
comigo. Muitos prodígios musicais lutam para aprender no sentido tradicional, um professor me
disse. Ele mesmo confessou ter um problema de processamento sem diagnóstico, o que torna o
aprendizado difícil para ele. É por isso que ele decidiu fazer música. Gosto muito do Dr. Ball. Ele
pediu-me para esperar no fim da aula, para falar sobre minhas limitações. Ou a falta de limitações,
como ele falou.
Tentei assegurar-lhe que posso fazer qualquer coisa que ele colocar diante de mim e acho
que consegui. Eu quero isso, quero muito. Desejo me destacar em alguma coisa, ainda que eu tenha
que fazer pelo modo mais difícil. Mantive meu segredo escondido por um longo tempo. Está na hora
de deixá-lo sair. Então, é isso que estou fazendo.
O Dr. Ball está ajudando cada um de nós a planejarmos nossas peças individuais para a
apresentação. Expliquei-lhe o que quero fazer e ele pareceu intrigado. Logan não pode entender a
música. Ele não consegue entender as diferentes notas, nem o ritmo ou a batida, a menos que haja um
baixo pesado. Quero traduzir a música a algo que ele possa entender. Dr. Ball juntou-me a um de seus
alunos que faz trabalho com audiovisual e ele vai me ajudar a fazer uma apresentação multicamadas.
Já tenho a música em mente, na verdade, tenho-a na minha cabeça há anos. Eu a escrevi quando
costumava observar meu pai dormir, quando eu desejava saber porque não estava à altura dos seus
desejos. Já tenho a música pronta, bem como as notas. Agora, só preciso trabalhar na apresentação.
Olho para cima, quando um homem senta à minha frente. Logan sorri, sua respiração
ofegante. Ele apoia o queixo na mão e pisca os belos olhos azuis para mim.
— Será que seu namorado ficaria bravo se eu me sentasse aqui com você? — ele pergunta,
seu sorriso contagiando-me.
— Meu namorado chutaria seu traseiro — falo o mais sério que consigo, mas uma risada me
escapa. Olha ao redor quando o bibliotecário bate em sua mesa com uma régua. Começo a falar com
Logan por sinais.
“Meu namorado vai chutar seu traseiro”, falo novamente. “Acho que você deveria sair
daqui. Ele fica meio louco quando provocado”.
Ele ri sem emitir som. Deus, ele é tão lindo quando sorri. E quando não está sorrindo. E
quando está dormindo. E acordado. E quando está respirando.
Ele pega minha mão e a acaricia com o polegar. O calor envolve meu corpo. Puxo minha
mão de volta, para que eu possa evitar derreter em uma grande poça no chão.
“O que você está fazendo aqui?”, eu pergunto.
Ele dá de ombros.
“Achei que você poderia querer uma carona para casa”.
“Sério?”
Ele balança a cabeça.
Eu sorrio.
“Isso é tão fofo”.
“Tenho segundas intenções”, ele responde
Estreito meus olhos para ele.
“Como assim?”
“Talvez eu só quisesse sentir suas pernas ao meu redor, na moto”. Ele balança as
sobrancelhas para mim.
Inclino-me para a frente, como se precisasse lhe contar um segredo.
“Talvez eu também queira minhas pernas ao seu redor”.
Ele geme e agarra minha mão. Joga a mochila no ombro e me puxa em direção à porta. Desta
vez, ele tem dois capacetes, e me ajuda a colocar o meu. Amo o fato de que ele sempre tenta cuidar
de mim.
“Meu apartamento ou o seu?”, pergunto.
Ele afasta os cabelos que estão em meu rosto, enquanto empurra o capacete.
“Não quero que você volte para o seu apartamento enquanto Trip estiver lá”. Ele observa
meu rosto. “Tudo bem para você?”
“Tudo bem”, eu falo. “Eu meio que gosto quando você vira um Neanderthal”. Eu sorrio e
ele sobe na moto. Subo atrás dele e coloco minhas mãos ao redor da sua cintura. Ele assovia
alegremente quando levanto sua camisa e coloco minhas mãos contra a pele macia da sua barriga.
Seguimos pelas ruas até o estacionamento no subsolo do seu prédio. Ele me pega no colo e me joga
por cima do ombro.
— Você ainda não viu o Neanderthal — ele adverte enquanto sobe as escadas comigo no
ombro.
Logan

Estou mais nervoso do que deveria. Meus irmãos limparam a casa durante todo o dia e Sam
cozinhou como um chef. Ele está usando um avental sujo de molho de tomate, e Emily limpa o que ele
suja, entre uma tarefa e outra. Sam adora cozinhar. Ele sente-se mais feliz do que nunca quando está
fazendo algo para alguém comer.
Eu deveria ter planejado isso melhor. Nenhum dos nossos pratos era equivalente ao que eles
estavam acostumados, mas fizemos o melhor com a apresentação. Nossas cadeiras nem combinavam
com a mesa. Mas tinha sido dos nossos pais e nós as amamos. Tem anos de união e amor gravados
em sua superfície áspera. Há pistas de carrinhos Matchbox desenhadas sobre ela e arranhões de
desastres de projetos de ciência.
— Pare de se preocupar — Emily fala. — É apenas um jantar.
Não é apenas um jantar. É muito mais.
— Não estou preocupado. Sua mãe vai adorar a comida. E seu pai não será capaz de
reclamar de qualquer prato que Sam fez. — Disso tenho cem por cento de certeza. Ele pode não
gostar da casa, da companhia ou dos potes de geleia que usamos como copo, mas vai adorar a
comida.
Emily corre para a porta e a abre, quando a campainha toca. Seus pais entram e seu pai olha
ao redor do nosso apartamento, com o nariz em pé. Sua mãe exclama sobre o cheiro da comida.
— Mamãe, papai — ela diz. — Estes são Paul e Sam, e vocês já ouviram falar em Matt.
Matt passa para a frente e aperta-lhes a mão.
— Acredito que tenho uma dívida de gratidão com vocês — ele fala.
— Você não nos deve nada — a mãe dela fala, puxando Matt para abraçá-lo.
Sam tira seu avental e declara:
— O chef encerrou. Agora, a equipe assumirá.
— Você não vai ficar? — pergunto. Que porra é essa?
— Preciso encontrar Pete — ele fala. — Ele deveria ter chegado em casa há horas.
“Algo está errado?”
Ele dá de ombros. Eu não gosto disso; ele nem olha em meus olhos.
— Volto assim que encontrá-lo. Guarde um pouco de lasanha para mim. — Ele balança a
cabeça na direção do Sr. Madison. “Ele parece precisar de uma boa comida”.
Sam sorri e foge pela porta antes que Paul possa segurá-lo.
— Sr. Madison — eu falo e estendo minha mão. Ele segura-a e aperta.
— Logan — ele responde. — Obrigado por nos receber.
— Obrigado por terem vindo.
— Vamos comer? — Paul pergunta.

****

A conversa é pomposa, nossos pratos estão vazios, e estou convencido de que o Sr. Madison
não tem uma alma, quando Sam entra pela porta. Ele está imundo, sua camisa rasgada e ele cheira
como se tivesse caído em uma lixeira.
“Sinto muito”, ele faz sinal para Emily e atira-lhe um olhar de desculpas. “Mas temos um
problema. Pete foi preso”.
“Por quê?” Paul pergunta, mas já está seguindo para o quarto, para pegar seu casaco. Estou
bem atrás dele.
“Estávamos com Bone”, Sam admite. Ele evita o olhar de Paul. “E os policiais
apareceram”.
“Onde ele está agora?”
“Na delegacia”.
“Puseram-no algemas?”, Paul pergunta.
Sam concorda.
Emily viu toda a conversa.
“Vou com você”, ela fiz.
Eu concordo.
“E seus pais?”
Emily pergunta aos pais se eles podem nos dar uma carona até a estação. Achei que eles não
aceitariam, mas o pai dela chama o motorista e eles saem com a gente.
— Quero descobrir com o que minha filha está envolvida — o Sr. Madison diz, quando eu
falo que eles não precisam ir conosco. Eu concordo. Se fosse minha filha, eu iria também.
Paul aperta a campainha sobre a mesa e espera que o oficial venha nos ajudar. Não posso
acompanhar o que eles falam, mas sei que Paul me dirá quando souber.
Paul segura a cabeça com as mãos e se volta para nós.
— Eles não o deixarão ir para casa. Ele precisa de um advogado.
Emily vira para o pai e puxa sua jaqueta.
— Pai, você pode chamar alguém?
Ele balança a cabeça.
— Está na hora de ir para casa, Emily. — Ele segura seu cotovelo, mas ela empurra-o,
saindo do controle dele.
— Não vou a lugar algum.
— Se você for comigo agora, consigo um advogado para ele. — Ele soa presunçoso e eu
quero socá-lo como fiz com Trip. Quero ir atrás dele, mas Paul agarra meu braço.
“Deixe que eu faça”, ele fala por sinais. “Não me arrependerei mais tarde”.
“Nem eu iria”.
Emily vai até seu pai e fala.
— Você deveria ir para casa. Vou ficar aqui. — Ela vira as costas para seus pais e
começamos a planejar como encontrar um advogado para Pete.
“Isso é muito ruim. Não é uma daquelas detenções por vinte e quatro horas”, Paul
explica. “Ele está realmente em apuros”.
Vai ficar tudo bem. Nós vamos resolver isso. Sempre conseguimos.
Só não será tão fácil. Pete está aguardando a acusação.
Eu suspiro e os pais de Emily vão embora. Ela fica com a gente, é claro, e nos ajuda a
planejar. Ela é da família agora. Puxo-a para o meu lado. Eles vão manter meu irmão, mas vou levar
Emily para casa comigo.
Ela me ajuda a me despir e empurra-me para a cama, me ajudando a esquecer toda a merda
em que Pete está metido. Pelo menos por esta noite.
Emily

Minha mãe me aguarda do lado de fora da faculdade, após minha última aula. Ela quer ir à
manicure, mas isso é normalmente um código para “vamos conversar”. Eu respiro fundo e entro no
carro.
Ela dá um tapinha em meu joelho.
— Não vou torturá-la com manicure hoje. — Ela sorri para mim, como se estivesse
esperando que eu falasse.
— Mãe — eu começo. Ela espera, pacientemente, sorrindo para mim. Nunca pensei que
estaria numa situação assim com a minha mãe.
Ela levanta meu dedo para me parar.
— Como está Peter?
— Ainda preso.
Ela franze os lábios.
— Não quero ouvir sobre isso, mãe. Ele cometeu um erro. Isso não faz de Logan um erro.
Sua testa franze e ela coloca a mão sobre o peito.
— Eu, alguma vez, disse que Logan era um erro? Esse menino é a melhor coisa que já
aconteceu com você.
Mesmo com tudo o que aconteceu, ela ainda acha isso? Inclino-me e envolvo-a em meus
braços.
— Obrigada.
— O que posso fazer para melhorar as coisas entre você e seu pai?
— Uma lobotomia nele?
Ela balança a cabeça para frente e para trás, como se estivesse pensando sobre isso.
— Neutralizá-lo?
Suas sobrancelhas arqueiam.
— Acho que não.
— Eca — eu gemo. Mas ela me faz rir. — Ele não pode continuar segurando dinheiro sobre
a minha cabeça. Ou suas cabeças. — Cruzo meus braços na frente do meu peito.
— Acho que você mostrou a ele que o dinheiro não é um motivador para você. Ou para eles.
— Ela olha para mim.
— O quê? — pergunto.
— O que posso fazer para melhorar as coisas entre você e seu pai? — ela pergunta
novamente.
Eu dou de ombros.
— Quando é a sua apresentação?
— Amanhã à noite.
— Você quer que ele esteja lá?
Quero? Não sei. Ele não vai gostar mesmo.
— Pense nisso — ela fala.
— Leve-o. Será a última vez que me preocupo em agradar-lhe, se ele não aparecer.
Ela balança a cabeça. Ela me entende. Eu acho.
Emily

Hoje é a minha grande noite, e o auditório está lotado. O apresentador vai até o microfone e
cumprimenta o público. Julliard não faz nada pequeno, quando se trata de performance, e esta não é
uma exceção. Há luzes, câmera e haverá ação.
Estou um pouco nervosa quando chamam meu nome. Dr. Ball me garante que ninguém jamais
apresentou uma peça como essa e ele está preocupado com minha apresentação em geral. O
cronograma tem que estar perfeito ou nada disso funcionará. Eu mal tive um tempo sozinha com
Logan durante a semana, pois tenho ensaiado muito para a apresentação e ele está preocupado com a
situação de Pete. Mas, todas as noites, durmo em sua cama e, todos os dias, acordo em seus braços.
A cada minuto, sei o quanto ele me ama. Mesmo com toda a angústia por Pete, Logan se dedica a
mim. Pete tem um defensor público, mas seu destino ainda é incerto.
Caminho pelo palco sem conseguir ver a plateia por causa das luzes, mas posso ouvir todos
os rapazes Reed gritando meu nome. Levanto a mão, para proteger meus olhos, e consigo vê-los. Eles
estão de pé, batendo palmas para mim. O resto do público está tranquilo, mas Sam grita “Vai lá,
Emily” e me faz rir. Paul assovia. Sinto-me tão feliz por eles estarem aqui. A pessoa que eu mais
gostaria de ver aqui não veio – meu pai não está com eles. Minha mãe sim, mas não meu pai.
Eu deveria saber o que ele quis dizer quando me deixou naquela noite. Deveria saber que
ele estava decidido. Ele provou isso agora. Mas, então, vejo as pessoas levantarem-se na fila, e uma
forma masculina passar e se juntar aos quatro irmãos Reed e minha mãe.
Meu pai está aqui. Ele está mesmo aqui.
As lágrimas se formam em meus olhos. Meu pai não está de pé e batendo palmas como os
meninos. Ele parece estar fora do seu ambiente, na verdade. Eu gostaria que ele tivesse o mesmo tipo
de entusiasmo incontido com relação à minha música como os Reed têm.
Sento-me no banco em frente ao microfone e ligo minha guitarra ao amplificador, enquanto
falo com a multidão.
— Boa noite, amigos, familiares e convidados ilustres. — Respiro fundo. — Espero que
vocês me deem uma chance, porque vou tentar algo novo, hoje à noite. — Eu dou uma risada. — Eu
queria levar minha música a um novo nível. — Encolho os ombros. — Só espero que gostem.
Então, olho para Logan. E depois para o meu pai.
— E espero que ele goste.
Ajusto os ecrãs e projetores atrás de mim para começarem a peça, mas, quando começo a
tocar minha guitarra, começo com uma única melodia. Olho por cima do meu ombro para ter certeza
de que meu movimento está certo. Borboletas iluminam a tela atrás de mim, e eu toco junto com os
seus movimentos. Tudo está programado perfeitamente. Elas não só voam, elas executam movimentos
com a música.
Vejo Logan sentar-se na ponta da sua cadeira. Isso é para ele, para que ele possa sentir o
ritmo e o movimento da minha música. É a clave de sol que faltava para ele. É a parte em que ele não
conseguia sentir a batida dos graves vibrando no chão. Mas ele pode ver.
Continuo tocando e as borboletas movimentam-se para cima e para baixo com as notas da
minha guitarra. Elas voam alto e, então, baixo, movendo-se com a batida.
Abro a boca e as borboletas tornam-se as palavras da minha música. Elas estão
cronometradas perfeitamente ao meu ritmo e minha melodia e ficam grandes quando minhas palavras
são fortes e pequenas, quando são suaves. As palavras na tela são para Logan. A encenação da peça é
toda para ele, mas as palavras que saem da minha boca são para meu pai e apenas ele.

Você já está adormecido há algum tempo


Tenho observado você
É tão difícil fazer isso quando está acordado
Porque quando você me olha, sinto doer

Tento ser
Tudo aquilo que você deseja
Mas você sabe
O que ninguém mais sabe
Que eu não posso ser tudo aquilo que você precisa

Olho para as palavras no papel


Como elas se embolam e me deixam com raiva
Elas lutam comigo, por mais que eu tente

A tempestade se enfurece ao meu redor


O que eu preciso é que seus braços me cerquem
Mas o que recebo não é o que preciso
Recebo desprezo, dor e vergonha

Eu tento ser
Tudo o que você quer,
Mas você sabe como é.
Ninguém mais sabe
Que eu não posso ser o que você precisa que eu seja.

Olho para as palavras no papel


Como elas se embolam e me deixam com raiva
Elas lutam comigo, por mais que eu tente
Algumas vezes, ainda me pergunto por quê

O que posso dizer


Para fazer você me amar?
Estou disposta a esquecer o passado
Preciso de você.... hummm

Tento ser
Tudo aquilo que você deseja
Mas você sabe
O que ninguém mais sabe
Que eu não posso ser tudo aquilo que você precisa

Olho para as palavras no papel


Como elas se embolam e me deixam com raiva
Elas lutam comigo, por mais que eu tente
Algumas vezes, ainda me pergunto por quê

Você acordou há pouco


Você consegue me amar?
Consegue aceitar como sou?
Em vez de insistir que preciso mudar?

Você deveria me amar incondicionalmente,


Mas posso ver que você prefere não fazer.
Já que não há ninguém, além de mim, ao seu lado
Esta tem sido uma longa jornada
Toda vez que estou pronta para desistir de você,
A vida não deixa.
Mesmo que você tenha desistido de mim, há tanto tempo, papai

Não tenho culpa de ter nascido assim


Mas você tem culpa por me ver assim
Não estou quebrada,
Estou ainda esperando
Que um dia você apenas veja quem realmente sou... pai.

A música para e os holofotes que estavam sobre mim escurecem, enquanto a multidão cai
num profundo silêncio. Enxugo as lágrimas em meu rosto e coloco a guitarra ao lado. As luzes do
palco não se acendem, e eu não consigo descobrir por quê.
Há uma pausa. Talvez eu tenha ido longe demais. Acho que eu deveria correr, em vez de
enfrentar o desprezo do público. Abri meu coração aqui. E fiz isso para um homem. Claro, as
imagens foram para Logan, eu queria que ele soubesse o que eu tinha a dizer, já que ele não podia
ouvir as palavras da minha música. O resto...
Então, ouço o som de palmas. Não é uma multidão. É apenas uma pessoa. Clap. Clap. Clap.
É lento e metódico. E, então, ouço sua voz.
— Muito bem, Emily!
Meu coração pula. Esse não é Logan ou qualquer um dos Reed. Esse é o meu pai. Meu pai
está me aplaudindo.
As luzes acendem e posso vê-lo de pé, em frente ao palco. Ele está batendo palmas como
um louco e as lágrimas escorrem pelo seu rosto. Não posso acreditar que ele se sentiu tão afetado.
— Emily! — ele grita, com as mãos cobrindo a boca, ainda que eu esteja a apenas dez
passos dele. — Estou tão orgulhoso de você! — Ele grita palavras como "brilhante" e "incrível" e
"maravilhoso" e ele se vira para alguém atrás dele e diz: — Minha filha é tão talentosa. Você viu
isso? — Ele está chorando descaradamente, e eu também.
A multidão é contaminada pela explosão emocional do meu pai, e todos eles ficam de pé,
batendo palmas para mim. Eu ando em direção ao meu professor e ele diz:
— Excelente trabalho, senhorita Madison.
— Fiz tudo certo? — pergunto-lhe em voz baixa. Ele aponta para a multidão.
Estão todos de pé, aplaudindo-me.
— Uau — eu murmuro.
— Parabéns, Srta. Madison. Eu diria que você encontrou sua vocação. — Ele faz um gesto
para a frente. — Agradeça.
Dou um passo à frente, sentindo as pernas tremerem e inclino-me. A plateia está aplaudindo
loucamente e meu pai ainda está de pé, em frente ao palco. Ele levanta um dedo para pedir que eu
espere. Vejo-o ir para a lateral do palco e subir as escadas. E, na frente do auditório lotado, ele me
puxa para um abraço, girando-me num círculo, meus pés fora do chão.
— Estou tão orgulhoso de você, Emily — ele grita.
Ele ainda não enxugou as lágrimas do rosto, mas não parece se importar. Ele fala em meu
ouvido.
— Nunca me dei conta, Emily. Sou um idiota. — Ele me aperta novamente. — Foi a coisa
mais linda que já ouvi. — Ele toma meu rosto entre as mãos e olha em meus olhos. — Você pode me
perdoar?
Ele se afasta antes que eu consiga responder e fala no microfone.
— Essa foi a minha filha. Não fazia ideia que ela tinha todo esse talento. — Ele olha para
mim, com a voz embargada. — E nunca estive mais orgulhoso.
O professor nos pede para deixar o palco com um movimento rápido do pulso. Levo meu pai
em direção à cortina e saímos do palco. Esperando por nós, estão todos os irmãos Reed e minha mãe.
Sam chega em mim primeiro. Ele me segura e gira.
— Você mostrou a eles! — ele fala em meu ouvido. Ele dá um beijo estalado em minha
bochecha. Paul acaricia meus cabelos com sua grande mão, e Matt me puxa e me abraça com força.
— Logan foi embora? — pergunto-lhe quando ele, finalmente, dá um passo atrás.
Ele balança a cabeça e sorri, indicando por cima do meu ombro. Logan está inclinado contra
a parede. Ele não está correndo em minha direção. Em vez disso, ele está ali de pé, com seu joelho
dobrado e o pé apoiado na parede. Ele tem um buquê de rosas na mão.
“Eu te amo”, falo por sinais.
Ele entrega as flores que está segurando para minha mãe e, em seguida, responde com sinais
também.
“Você foi brilhante”. Ele aponta para o meu pai e sorri. “É só perguntar a ele que ele lhe
dirá”. Mas, então, ele fica sério. “Você conseguiu, Em. Você conseguiu”.
Já sei o que meu pai achou. Agora, quero saber o que Logan achou.
“O que você achou você do meu desempenho?”. Mordo meu lábio inferior.
“Nunca mais senti a música, desde que perdi a audição. Mas, hoje, eu consegui.
Obrigado. Mas eu já sabia que você era brilhante”.
Corro e me jogo em seus braços. Ele acaricia meu rosto.
“Ninguém nunca fez nada assim para mim”.
“Eu faria qualquer coisa por você”.
Minha mãe, finalmente, consegue me abraçar.
— Você deveria ter visto a cara do seu pai, no minuto em que você começou a cantar. Ele
não tinha ideia do seu talento. E, então, quando ele percebeu que a música era sobre ele, soluçou por
toda a apresentação.
— Não solucei — meu pai se queixa, com a voz rouca, mas brincalhona.
— Se acabou? — Paul pergunta.
— Se jogou no chão? — Matt sugere.
— Caiu no choro que nem criança? — Sam pergunta.
Meu pai bufa, mas não está com raiva.
— Estou tão orgulhoso dela! — Meu coração incha com suas palavras.
Logan passa os braços em volta dos meus ombros.
— Eu também.
Paul grita.
— Acho que é unânime!
— Estou morrendo de fome — Sam fala. — Podemos ir comer uma torta? — Ele esfrega o
estômago.
Meu pai ri.
— Também quero.
— Acho bom você abrir os olhos — Paul fala. — Você, obviamente, nunca viu esses garotos
comendo.
Seguimos a pé até o restaurante, que fica a poucos metros de distância.
Meu pai coloca os braços em volta dos meus ombros e caminha comigo.
— Você realmente me surpreendeu hoje — ele fala em voz alta.
— Percebi. — Sorrio. Mas não é um tema engraçado, não para mim.
— Desculpe-me, Em. Eu deveria tê-la ouvido tocar há muito tempo. Eu teria entendido por
que você tem essa paixão pela música. Você é talentosa.
Envolvo meu braço em volta de sua cintura e inclino-me para ele.
— Obrigada, pai.
Logan e os meninos já tinham atravessado a rua, assim como a minha mãe. Inclinei-me para
amarrar meu cadarço e meu pai parou, esperando por mim.
Ouço os pneus cantarem antes mesmo de ver o carro cambaleando em nossa direção. O gelo
na rua é fino, está escuro e difícil de enxergar. O carro não para. Meu pai está imóvel, congelado na
direção dos faróis. O carro desvia, mas não o suficiente. Meu pai está bem no caminho.
A cena congela em minha cabeça, como um filme reproduzido em câmera lenta.
— Papai! — eu grito. Corro em sua direção, mas olho para cima e vejo o exato momento em
que Logan toma sua decisão. Seus olhos azuis encontram os meus e ele olha diretamente em meu
rosto quando atravessa o caminho do carro, que se aproxima, e empurra meu pai para a segurança.
Meu pai cai no concreto, ao meu lado, e o carro bate em Logan diretamente nos joelhos. Ele voa
sobre o capô e rola no para-brisa. O carro patina na direção de um carro estacionado, com uma
freada brusca e um barulho furioso da roda. Logan rola do capô e cai diretamente no concreto. Ele
está ali. Assisto, paralisada de medo, enquanto espero que Logan levante e sacuda a poeira. Mas ele
não o faz. Ele nem se move. E, então, vejo o sangue se espalhando por sua testa.
Corro para Logan e agarro a frente do seu casaco.
— Logan! — eu grito. — Logan!
Paul me puxa, afastando-me de Logan, e me empurra para os braços de Matt. Eu luto,
chutando e gritando, até que Matt me impede, segurando-me apertado. Ele não deixa nem mesmo que
eu olhe para Logan. Arranho e o chuto, e ele resmunga quando tento dar uma cabeçada em seu queixo.
— Pare com isso — ele murmura.
Então, fico imóvel, seus braços fortes me segurando, mantendo-me longe da visão de Paul e
Sam trabalhando em Logan. Eles estão fazendo-lhe respiração boca-a-boca. Posso ouvir Sam
contando e Paul respirando dentro e fora. Parece que passam dias até que a ambulância chega, coloca
Logan lá dentro e parte.
Matt continua segurando-me e Paul vai com Logan na ambulância. Outra se aproxima. Posso
ouvir as sirenes. É quando percebo que a segunda é para o meu pai.
Olho para baixo. Ele está completamente imóvel e minha mãe está com a cabeça dele em seu
colo. Ela está chorando e acariciando seu rosto tranquilo. Olho, sabendo que deve ser muito tarde
para o meu pai. Ele está imóvel como Logan, mas ninguém faz massagens cardíacas nele. Não como
eles fizeram com Logan. A equipe de emergência carrega meu pai para a ambulância e fico lá. Me
sinto morta por dentro. Não sei o que fazer ou para onde ir. Minha mãe entra na ambulância e eles
fecham a porta. Isso me faz lembrar de quando Matt ficou doente e eu tive que chamar a ambulância
para ele. Mas eles me deixaram ir com ele. Ninguém me deixou esperando na rua, sem saber o que
fazer.
Matt e Sam me arrastam em direção a um carro de polícia que está à espera.
— Entre — Matt fala, empurrando minha cabeça para baixo, como costumamos ver policiais
fazendo em seriados da TV. Ele entra em seguida e passa um braço ao redor dos meus ombros,
puxando-me para ele. Matt me encara.
— Você não foi atingida, não é?
Balanço a cabeça.
— Eu não. Só Logan.
Oh, meu Deus. Logan foi atropelado por um carro fora de controle. Ele rolou por sobre o
capô e o para-brisas. Em seguida, caiu imóvel no concreto frio.
— Ele não estava respirando — falo e começo a tremer.
— Não, não estava. — A mão de Matt esfrega distraidamente o meu ombro.
— Você está com medo? — Minha voz está trêmula.
— Aterrorizado — ele admite.
— O carro ia bater no meu pai.
— Eu sei — ele resmunga.
— Por que ele fez isso? — Roo minha unha, rasgando minha carne até que eu sinta dor.
— Por que Logan faz alguma coisa?
— Vi o olhar em seu rosto. — As lágrimas rolam.
Matt segura meu queixo.
— Que olhar? — ele pergunta.
— Vi quando Logan tomou a decisão de empurrá-lo do caminho. — Não posso acreditar que
ele fez isso. Por que ele faria isso?
— É melhor esse filho da puta continuar vivo — Matt murmura. — Se não, vou matá-lo.
O policial nos deixa na porta da emergência. Matt segura uma das minhas mãos e Sam a
outra. Queria que Pete estivesse aqui.
— Alguém ligou para Pete? — pergunto.
— Pete não pode receber telefonemas — Sam me lembra.
— Você vai precisar ir falar com ele.
Sam concorda.
Minha mãe corre em minha direção quando entramos na sala de espera. Ela me envolve em
seus braços, mas eu a afasto.
— Onde eles estão?
— Na emergência. Eles disseram que não podemos ficar lá. — Ela torce as mãos. — Logan
não estava respirando. — Ela olha em meus olhos, seus olhos castanhos parecendo procurar uma
confirmação. Do que, eu não sei.
— E papai?
— O que tem ele?
— Estava respirando?
— Sim, estava.
O peso não desaparece do meu peito. De modo algum.
— Mas Logan... — ela fala. — Tenho medo de que as coisas não estejam bem.
— Estou com medo, mamãe.
Paul caminha para a sala de espera, passando as mãos pelos cabelos. Ele puxa as pontas e,
em seguida, faz tudo de novo. Matt e Sam aproximam-se dele, mas ele balança a cabeça. Ele não
sabe de nada.
— Por que ele fez isso? — Paul chora. Em seguida, o grandalhão desaba. Matt cai com ele,
envolvendo os braços ao seu redor, e Sam agacha ao lado deles, com a mão sobre o braço de Paul,
cujo corpo é sacudido com soluços.
Eu sei por que ele fez isso. Ele fez por mim. Será que silenciosamente meus olhos pediram
isso? Será que, de alguma maneira, pedi que ele salvasse meu pai, em silêncio? Ele viu algo em meu
olhar que o fez fazer isso? A culpa é minha?
Emily

— Não quero ficar aqui — sussurro para Paul quando ele me leva para a igreja. Minhas
pernas tremem e receio que o caixão esteja aberto para que as pessoas possam ver o corpo, então
certifico-me de olhar em outra direção.
— Eu também não — ele sussurra de volta.
— Idem — Matt fala, atrás de nós. Nos esprememos em um banco, abrindo espaço para
Sam, que parece perdido sem Pete. É como se ele estivesse perdido sem seu irmão gêmeo. Ele olha
constantemente por cima do ombro, esperando ver sua outra metade. Mas Pete não vai aparecer. Ele
ainda está à espera da acusação.
As lágrimas enchem meus olhos quando o pregador começa a falar sobre a perda de uma
vida e a tragédia que é perder um ente querido, um irmão, filho e amigo. Ele fala sobre a vontade
divina, o poder da alma e a cura pela fé. Não estou me sentindo curada. Quando isso vai começar?
Espero que logo.
Já se passaram quatro dias desde o acidente. Quatro dias para refletirmos sobre o que
poderia ter sido e como poderia ter sido. O que era. Quatro dias para pensar sobre todas as formas
que eu podia ter vivido minha vida de forma diferente. E todas as maneiras que ele poderia ter
vivido de forma diferente também.
Meu pai chega por trás de mim e aperta meu ombro com força. Ele está mais propenso a me
tocar agora do que costumava ser. Está mais propenso a demonstrar carinho e dizer que me ama. É
como se ele tivesse percebido tudo o que foi perdido e não quisesse mais perder um dia ou uma
palavra, ou qualquer coisa importante novamente. Minha mãe não veio. Ela disse que precisava
cuidar de negócios importantes.
O pregador continua e Matt segura minha mão, apertando-a com firmeza, enquanto o caixão
é levado. Não vamos participar do serviço fúnebre. Prestar nossas condolências aqui é o suficiente.
Saímos da igreja e encaro os olhos de uma mãe machucada.
— Sinto muito por sua perda — falo.
— Obrigada — ela responde. Mas não tem sentimentos. Ela está morta por dentro, e me
pergunto se ela vai reencontrar a parte de si mesma que ela perdeu com o filho. Ricardo Santiago
estava dirigindo o carro naquela noite. Ele tinha dezoito anos e estava voltando para casa, da
biblioteca. Ele não viu o gelo que transformou a estrada num rinque de patinação, até que perdeu o
controle do carro, batendo em Logan, jogando-o para o alto e atingindo a perna do meu pai. Papai
está usando muletas, por causa de uma entorse, mas ele vai se curar. Já Ricardo, morreu com o
impacto, quando o carro bateu em outro que estava estacionado.
Lembro-me vagamente de ver a mãe de Ricardo no hospital, após o acidente, de quando
contaram a ela sobre sua morte quase instantânea, na sala de espera. Lembro ainda de pensar que
poderia ter sido nós, recebendo aquela notícia. Nossa notícia não veio até mais tarde. E não era boa.
— Sinto muito por sua perda — falo para a pessoa seguinte na fila e aperto sua mão. Toda a
família de Ricardo está aqui. Ele tinha três irmãos e duas irmãs. Seu pai é um rico advogado da
cidade. Lembro-me de ler sobre ele no jornal.
Matt e Paul viviam ao meu lado, desde que tudo aconteceu. Eles não se afastaram em
momento algum. Quando durmo, um deles joga um cobertor sobre mim. Quando acordo, um deles me
lembra de comer. Quando vou ao banheiro, um deles me espera do lado de fora do banheiro.
Só tem uma coisa na vida que tenho certeza: minha vida não está completa sem Logan.
Logan

Não há um lugar em meu corpo que não doa. Mexo meu dedo do pé e tento levantar minha
mão, mas não consigo. Abro meus olhos, piscando, e olho para frente. Dói pra cacete olhar para a
esquerda ou para a direita. Algo se move na frente do meu rosto, mas está tudo muito embaçado. Não
consigo ver nada. Fecho os olhos novamente e volto para a escuridão, sentindo-me satisfeito porque
onde há trevas não há dor.
Emily

Alguém sacode meu braço.


— Em — diz uma voz suave. Em seguida, com mais insistência. — Emily!
Afasto o ruído como se estivesse tirando teias de aranha do meu rosto, mas não para.
— Emily, acorde!
Pisco e abro os olhos, para encontrar Matt na minha frente.
— Ele está acordado — ele fala sorrindo.
Afasto o cabelo da minha testa.
— O quê? — Ainda não consigo raciocinar.
— Ele acabou de acordar, Em — Matt fala. É quase vertiginoso. Ele puxa o cobertor de
cima de mim e pega minha mão, ajudando-me a ficar de pé. — Vá falar com ele. Preciso chamar
Paul.
Os meninos revezavam comigo no hospital. Apenas duas pessoas podiam ficar no quarto e
eu não saí de lá. Paul, Matt e Sam pareciam não se importar. Eles se revezavam, indo para casa,
cuidando de Hayley e um deles sempre ficava comigo.
Ando devagar até a beira da cama e olho para Logan.
— Ele não está acordado — falo por sobre meu ombro, mas Matt não está mais ali. Olho
para baixo e vejo a vibração dos cílios de Logan.
— Logan! — Eu choro. É estúpido, eu sei, já que ele não pode me ouvir.
Sento-me na beira da cama e seguro sua mão na minha. Vi sua pálpebra tremer. Olho para
baixo e vejo seus dedos do pé mexerem. Seus olhos estão fechados, porém. Ainda.
Um médico corre para o quarto e levanta as pálpebras de Logan, acendendo uma luz em seu
rosto. Ele recua, eu percebo.
— Será que ele vai acordar? — pergunto e prendo a respiração, esperando a resposta.
A boca do médico se aperta em uma linha fina.
— Talvez.
Talvez. Essa é a única palavra que preciso ouvir para a esperança florescer dentro de mim.
Afasto-me, saindo do caminho do médico. A enfermeira me leva pelos ombros e me empurra
suavemente até a entrada do quarto.
Matt entra novamente.
— Liguei para Paul e Sam. Eles estão a caminho.
Eu concordo. Não posso tirar meus olhos de Logan. Ele se moveu. Achei que nunca mais o
veria mover-se novamente.
Logan sofreu um ferimento na cabeça terrível. Ele teve que fazer uma cirurgia para aliviar a
pressão em seu cérebro, e teve alguns ferimentos internos. Ele perdeu o baço, e sua perna direita está
quebrada. Contusões cobrem a maior parte de seu corpo.
Olho para Matt, e seus olhos refletem a mesma esperança que os meus.
— Ele vai ficar bem, não é? — pergunto.
Ele balança a cabeça e me puxa para o seu peito.
— Claro que sim. — Ele se inclina e funga. Então, ele sussurra dramaticamente. — Agora
que ele está acordando, você acha que podia entrar na porra de um chuveiro? Você está fedendo.
Faço uma cara feia para ele.
— Eu não.
— Você parece uma merda, Em — ele brinca, bagunçando meu cabelo, e eu não me importo.
Pareço uma merda. Levanto meu braço e me cheiro. Estou fedendo. Não posso ver Logan assim.
Poucos minutos depois, Paul e Sam entram. Paul trouxe a bolsa de lona com os meus
pertences.
— Graças a Deus — Matt brinca. Ele me vira em direção ao banheiro. — Vá tomar banho.
Você não pode deixar que ele acorde e veja você desse jeito.
Eu concordo.
— Ok.
Sam me cheira enquanto eu passo por ele e prende seu nariz.
— Não estou fedendo tanto assim.
Ele faz uma careta.
— Está sim.
— Tudo bem — eu digo. — Vou tomar banho. — Aponto meu dedo para os três. — E
depois, vou fazer todo mundo se desculpar.
— Vou ficar triste se você não tomar banho — Paul resmunga, mas está sorrindo.
Vou até o banheiro e aproveito o chuveiro do quarto de Logan. Não preciso de muito, apenas
lavar a sujeira acumulada naqueles quatro dias de espera no hospital. Visto-me rapidamente e penteio
o cabelo. Volto a encontrar os três irmãos que estão olhando para Logan. A boca de Matt está se
movendo numa oração, mas não consigo ouvi-lo.
— Você não pode orar sem mim — eu protesto, me aproximando e entro no círculo, orando
por Logan junto com eles.
Logan

Um aperto forte me puxa das trevas, quando alguém puxa meu dedo do pé. Sinto uma unha
arranhar a sola do meu pé, e eu o balanço, tentando afastá-lo. Paul costumava estalar nossos dedos
quando éramos pequenos. Ele pegava meu tornozelo e me prendia enquanto ele puxava a ponta do
meu pé até estalar. Não doía, mas era bem irritante. E é quase tão chato como agora. Gosto da
escuridão, lá não há dor.
Sinto uma pontada em meu braço e começo a flutuar. A dor se afasta e sinto como se alguém
estivesse me furando. Pisco os olhos e vejo Emily. Abro minha boca para dizer a ela o quanto estou
feliz por vê-la. Ela parece embaçada, mas eu pisco até que ela entre em foco. Tento falar, mas não
consigo. Minha garganta está seca e não há som saindo. Mas, então, lembro-me de que sou surdo.
Não consigo ouvir minha própria voz, principalmente sem meus aparelhos auditivos.
Onde estou? Não lembro de como cheguei aqui. Mas Paul, Matt e Sam estão me olhando.
Sam está chorando, e Paul coloca o braço em volta dele. Posso ler seus lábios. Ele fala algo do tipo
que estava apavorado pelo fato de que seu irmão poderia morrer.
Onde está Pete? Ele não deve estar aqui. Mas onde é aqui?
A escuridão acena e luto contra ela. Esforço-me ao máximo, mas a escuridão afia suas
garras e me puxa novamente.
Emily

Logan não acordou desde a última rodada de medicação para dor. Os médicos dizem que ele
deveria ter mais e mais períodos de lucidez com o passar dos dias, mas faz horas desde a última vez
que seus cílios vibraram. Estou cansada, muito cansada. E pensar que tomei banho para isso.
— Você deveria tirar uma soneca — Sam fala. É a sua vez de ficar comigo.
— Você acha que ele vai acordar? — pergunto.
Ele acena com a cabeça.
— Sei que sim.
— O que te faz ter tanta certeza?
Ele dá de ombros.
— Eu só sei.
Desejo que eu me sentisse tão certa assim.
— Você conversou com Pete?
Ele balança a cabeça.
— Eles não nos deixam vê-lo. Mas seu pai está ajudando com isso.
Meu pai quis ajudar com a defesa de Pete. Ele contratou um advogado criminal e pagou para
que ele tivesse a melhor representação.
— Seu pai é um cara legal — Sam fala.
Eu concordo.
— Ele pode ser. Mas também pode ser um idiota.
Meu pai, às vezes, parece com um pit bull. Ele é amável, carinhoso e brincalhão, mas, de
repente, uma parte dele o faz lutar quase até a morte. E agora ele está lutando pelos Reed. Ele lutou
por Logan, trazendo o melhor neurologista que pudesse encontrar. Lutou por Pete e está lutando por
mim. Ele vem todos os dias nos ver. Está usando muletas, mas tem melhorado. Ele sente-se culpado
por Logan estar assim.
Sam senta e coloca os pés sobre a beira da cama. Ele afunda na cadeira e cruza os braços,
fechando os olhos. O quarto está escuro e ninguém se mexe. Em instantes, ele dorme. Os meninos
estão exaustos. Olho para Logan e toco seus lábios com o meu dedo. Ele não se mexe. Olho para a
cadeira que uma enfermeira trouxe para mim, mas não quero usá-la. Puxo as cobertas e deito na cama
com Logan. Sam abre os olhos e me olha, quando sente o balanço do colchão. Ele sorri.
— Se você tentar se aproveitar dele, enquanto ele dorme, vou ser obrigado a contar, quando
ele acordar.
Apoio minha cabeça no ombro de Logan, tendo cuidado com seus fios, tubos e contusões.
— Você acha que ele se importaria? — pergunto.
Sam sorri.
— Está brincando? Ele adoraria!
Acomodo-me ao lado de Logan, relaxando. Deixo que o sono me envolva e sonho com
Logan.
Logan

Estou andando em um campo de flores. Elas são grandes, do tamanho de uma pessoa, com
cabelos escuros e faixa azul caída para o lado, e erguem-se para acariciar meu braço enquanto passo.
Pego uma e elas se afastam do meu alcance, fugindo de mim. Estendo a mão para outra, que faz o
mesmo.
Parei de sonhar com palavras há muito tempo. Só sonho em linguagem de sinais, mas ouço
uma voz.
— Logan — ela fala. É uma voz que conheço e o campo, de repente, cheira à minha mãe.
Afastada das flores, ela está parada num campo aberto, um grande manto branco esvoaçante ao seu
redor. Ela não está fazendo sinais para mim. Posso ouvir sua voz, como o fazia até os doze anos.
Posso ouvi-la claro como o dia.
Ela não se aproxima. Com as mãos ao redor da boca, ela fala novamente.
— Logan! É hora de voltar. — Preciso voltar para casa, do parque, no momento em que as
luzes da rua se acendem. Se eu não estiver de volta em casa, ela virá e me encontrará, e não gosto
quando isso acontece. É embaraçoso. Então, sempre volto para casa antes de as luzes acenderem.
Até hoje, aparentemente.
Não consigo encontrar o caminho até a varanda, porque todas as malditas flores silvestres
se interpõem no caminho. Se não fosse por elas, já estaria em casa há muito tempo. A flor mais
próxima de mim encosta uma pérola e me empurra para frente. Ela não fala, apesar de ter uma boca,
não tem voz. Mas a minha mãe tem. Ela coloca as mãos ao redor da boca novamente. Ela está ficando
impaciente. Eu tenho que me apressar.
— Logan, está na hora de voltar! — ela grita.
As flores murcham, desaparecendo no ar como uma bela fumaça de cigarro, nos tons do
arco-íris, até que haja apenas uma. Minha mãe grita para mim novamente.
Pisco meus olhos e olho para cima. Há uma luz fraca sobre mim e máquinas apitam
indicando a pulsação do meu coração. Tento mexer meu dedo. Meu nariz coça e preciso alcançá-lo,
mas, quando tento levantar meu braço, está pesado. Mais pesado do que posso pensar em tê-lo
sentido antes. Gemo e luto com o peso dele, até que consigo erguê-lo. Mas é difícil e ele cai sobre o
meu peito.
Há um zumbido suave contra a minha garganta, e eu viro minha cabeça para olhar em sua
direção. Não é uma das flores de cabelo preto com faixa azul. Pisco os olhos novamente. Dói mantê-
los abertos. Olho para a forma ao meu lado e vejo minha Emily, aconchegada ao meu lado. Ela agora
está loira.
Graças a Deus. É claro que ela não estaria em qualquer outro lugar que não ao meu lado.
Forço meu braço para cima e coloco minha mão no lado do seu rosto. Infelizmente, meu toque é
pesado e eu a assusto. Ela senta e olha para mim.
— Ah, meu Deus! — ela fala. — Você está acordado?
Tento balançar a cabeça, mas dói.
— Acho que sim — eu falo. Mas minha garganta está doendo. Ela se inclina, pega um copo
e levanta um canudo para a minha boca. Tomo um gole, e, então, ela o tira de mim.
— Não muito — ela fala. Seus olhos estão cheios de lágrimas. — Você está realmente
acordado? — ela pergunta novamente e inclina-se, sacudindo a perna de Sam. Ele está apoiado na
beira da minha cama. Ele salta de surpresa e quase cai da cadeira, enquanto se atrapalha para
endireitar-se.
— Logan? — ele pergunta, sentando direito.
Emily diz algo para ele, que corre para a minha frente. Ele olha para mim e, então, para o
teto.
— Obrigado — ele diz num enorme suspiro, olhando para o teto.
— O que aconteceu? — pergunto.
Uma lágrima rola pelo rosto de Emily, mas posso dizer que, por algum motivo, ela está
chateada comigo.
— Você fez algo tão estúpido. Achei que você ia morrer. — Ela pega meu rosto em suas
mãos. — Você está realmente de volta?
— De volta de onde?
Ela ri.
— De onde quer que você esteve nos últimos dez dias.
Dez dias? De que porra ela está falando?
— Você foi atingido por um carro.
As memórias começam a voltar. Lembro do carro que bateu em mim, naquela noite. Foi por
isso que me machuquei, por isso que estou nesta cama.
— E seu pai? — pergunto.
— Ele está bem, seu idiota — Sam responde.
Concordo.
— Ótimo.
— Se você fizer novamente algo tão estúpido quanto tentar se matar, Paul vai matar você —
Sam avisa, segurando minha mão com força, nossos polegares se cruzando. — Estou feliz que você
está de volta — ele fala. Seus olhos azuis, muito parecidos com os meus, olham fixamente para o meu
rosto. — Você machucou a cabeça e quebrou a perna. — Ele se inclina como se quisesse me contar
um segredo. — Ouvi dizer que você quebrou o pau também. Emily está muito chateada com isso. Ela
não dá a mínima para a sua perna.
Imediatamente, verifico minhas partes e ele ri.
— Emily pode verificar para você mais tarde.
— Ela não passa muito tempo lá embaixo — eu falo. Minha cabeça está turva de tanto
analgésico.
Sam vira as costas para que ele possa rir.
— Ele está muito fodido — ele fala. O rosto de Emily cora profusamente.
— Não posso acreditar que você disse isso. — Ela morde o lábio inferior e tudo o que
posso pensar é em beijá-la. Mas não posso nem levantar a cabeça, muito menos fazer qualquer outra
coisa.
— Desculpe — resmungo. — Está doendo — eu falo, movendo meu braço.
Emily beija a minha bochecha.
— Deixe-me ver se o enfermeiro pode trazer algo — ela fala. — Eles vão querer examinar
você também. Volto logo.
Ela sai do quarto.
— Essa é a primeira vez que ela deixou você desde que o acidente aconteceu — Sam fala.
— Bem, exceto para o funeral.
— Funeral?
Seu rosto é solene.
— O garoto que dirigia o carro que atropelou você. Ele morreu. Ela ficou aqui todos os
dias, exceto no dia do funeral.
Durante dez dias, ela não me deixou?
— Por quê?
— Não sei. Matt teve que obrigá-la a tomar banho. — Ele ri. — Ela ficou chateada por
horas.
— Eu adoraria ter visto isso. Achei que ela jamais se aborreceria com Matt. — Solto um
gemido – estou realmente com dor.
— O período de lua de mel acabou — ele diz. — Você só pode conseguir uma folga por
estar com câncer uma vez — Sam fala. — Então, as garotas voltam a tratá-lo como o idiota de
sempre.
— Onde estão Matt e Paul? — pergunto.
— Paul está com Hayley hoje e Matt foi para casa dormir.
Eu concordo.
— E Pete?
O rosto de Sam fica triste.
— Ainda preso.
Meu coração se aperta com suas palavras. Uma enfermeira entra no quarto, carregando uma
agulha. Obrigada, Deus. Ela sorri, mas não fala comigo. Todo mundo normalmente se preocupa com o
quanto eu consigo entender, então, a maioria evita comunicar-se comigo, a menos que seja
necessário.
— Bem-vindo de volta — ela finalmente diz. Sinto meu braço arder e, então, a dor começa a
diminuir.
Minha cabeça turva novamente, mas tem algo que eu preciso saber. Olho para Sam.
— Eu realmente quebrei meu pau?
A visão da risada de Sam me conduz ao sono novamente.
Emily

Logan voltou a dormir instantes depois, mas tenho certeza de que logo ele acordará
novamente. Não estou tão preocupada como estava antes de ele falar comigo.
— Onde estão seus aparelhos auditivos? — pergunto a Sam. Logan não pode ouvir as
palavras, mas pode ouvir alguns sons com o aparelho, porque ele tem uma pequena audição residual.
Ele dá de ombros.
— Será que estão com as coisas dele?
Ele aponta para um pequeno armário do outro lado do quarto. Nele, há uma pequena bolsa
de viagem, com tudo o que Logan tinha com ele quando o acidente aconteceu. Olhei nela, mas não
consegui encontrar.
Peguei uma pequena barrinha de prata.
— O que é isso? — pergunto.
— Piercing — Sam murmura, sem me olhar nos olhos.
— Ah — eu falo e dou uma risadinha. Todas as joias de Logan estão na bolsa. Eles
removeram todos os seus piercings e guardaram-nos para ele. Até mesmo o que ele tinha na base do
seu pau. Ainda bem.
Abro sua carteira, de intrometida. Há um desenho meu, em carvão vegetal, junto com sua
carteira de motorista, além de alguns dólares em dinheiro, no compartimento de cartão. Há um bilhete
dobrado e eu o abro. Não consigo conter a curiosidade. Percebo imediatamente que é o bilhete que
escrevi para ele quando finalmente disse meu nome. As lágrimas se formam em meus olhos. Ele
guardou. Ele tinha tatuado em seu bumbum também, mas ele carregava meu bilhete com ele porque
era importante.
— Os aparelhos não estão aqui.
— Podem ter sido perdidos no acidente.
— Vamos ter que comprar novos, então.
Sam suspira.
— Você sabe quanto essas coisas custam?
Olho para cima. Não faço a menor ideia.
— Muito?
— Muito mais do que temos. — Ele grunhe. — Estou cansado dessa porra de ser pobre.
— Sua família é rica de muitas formas que a minha não é — eu o lembro. Olho para ele, que
passa uma mão frustrada pelo cabelo. — É por isso que Pete fez o que fez?
Ele balança a cabeça.
— Acho que sim.
— Eu disse a ele para não se envolver com Bone, que ele só o faria entrar em apuros. —
Falei com ele meses atrás, quando ele começou a falar com esse cara. Odeio dizer “eu disse”, mas...
— Eu estava lá, naquela noite — Sam deixa escapar. Ele esfrega a parte de trás da sua
cabeça raspada.
— Que noite?
— A noite em que Pete foi preso. Eu estava lá. Nós estávamos descarregando o caminhão
juntos.
— Oh. — Não sei o que dizer. — Como Pete foi preso e você não?
— Pete olhou para mim e me mandou correr. Eu corri e ele foi pego. Nunca vou me perdoar.
— Ele morde o lábio inferior, de braços cruzados, lambendo seu piercing. — Ele disse que, se eu
confessar, ele vai negar que eu estava lá. Idiota do caralho.
— Você contou a Paul e Matt? — Não sei por que isso importa, mas importa.
Ele balança a cabeça.
— Eles sabem. — Ele balança a cabeça novamente. — Pensei que Paul iria me matar.
— O que ele fez?
Ele chuta uma pedra imaginária no chão.
— Ele me abraçou. — Sam dá de ombros. — Só isso.
— Por que vocês se juntaram a Bone? — pergunto, sem conseguir evitar. Todo mundo sabe
quem Bone é e o que ele faz.
Ele suspira.
— Queríamos ter certeza de que teríamos dinheiro suficiente guardado para pagar o
tratamento de Matt, se ele precisasse novamente. Então, começamos a fazer bicos. Mas não era
ilegal. — Ele ergue uma das mãos, como se ele estivesse testemunhando. — Eu juro. Não teríamos
nos envolvido se fosse.
— Que tipo de bico?
Ele não olha para mim.
— Entregando pacotes, cartas. Cobrando contas. Descarregando caminhões. Esse tipo de
coisa.
O material que era ilegal, e ele sabia disso.
— Pete está pagando o preço. — Ele rosna e passa a mão pelo cabelo novamente. — Eu
nunca vou me perdoar.
— Meu pai está resolvendo isso — eu o lembro.
— Seu pai é milagreiro agora? — ele pergunta e eu rio.
— Não desde a última vez que verifiquei.
Ele fica em silêncio por um minuto.
— Ei, Em — ele fala e eu olho para ele. — Nunca lhe agradeci pela vida de Matt.
— Não foi nada — eu respondo, balançando a mão.
Seus olhos se estreitam.
— Você ama o meu irmão, certo?
Olho para baixo, para a forma adormecida de Logan.
— Mais do que tudo.
— Você vai ter que se casar com ele.
Eu finjo fazer um beicinho.
— Bem, se é mesmo obrigatório...
Sam ri.
— Estou feliz porque ele tem você. E porque nós todos temos você.
As lágrimas se formam em meus olhos, mas eu pisco para afastá-las. Sam me puxa para um
abraço apertado, e eu fico alguns segundos sem saber o que fazer. Matt faz isso comigo o tempo todo,
mas Sam não.
Ele se afasta de mim e eu vejo a tatuagem na parte de trás do seu pescoço. Não sei por que
nunca percebi isso antes. Está escrito “Pete”, em grandes letras robustas e de aparência gótica.
— Por que você tem o nome de Pete tatuado em seu pescoço? — pergunto.
Ele abre um grande sorriso.
— Quando tínhamos doze anos, nosso pai não conseguia nos diferenciar. Então, ele decidiu
tatuar nossos nomes em nossos pescoços. — Seu sorriso fica ainda maior. — Quando ele nos
colocou na cadeira, perguntou quem eu era e eu disse Pete. Então, ele colocou meu nome no pescoço
de Pete. Nossa mãe ficou tão brava, você não faz ideia. — Ele esfrega a parte de trás do pescoço. —
Eu meio que gosto dela.
— Eu também.
Logan

Faz uma semana que eu acordei. Senti dor como um filho da puta por dias, mas estou
melhorando. Hoje, vou para casa. Emily está vindo me buscar e nós ficaremos no apartamento dela,
já que o prédio tem elevador e eu não posso subir escadas. Minha perna está engessada desde o meio
da minha coxa até os dedos do pé. Coça que é uma beleza, mas eles continuam me dizendo para não
coçar.
A enfermeira me ajuda a sentar em uma cadeira de rodas. Eles dizem que não posso sair
andando daqui. Quero tanto ir para casa. Ou, pelo menos, para algum lugar onde possa deitar numa
cama e dormir com ela. Algum lugar onde eu possa abraçá-la e mantê-la perto de mim. Nunca, nunca
mesmo, quero deixá-la longe.
Ela sai do elevador assim que estamos chegando perto da direção em que ela está. Emily
sorri e meu coração dá um salto no meu peito, tentando voar até ela. Porra, eu a amo tanto. Ela segura
a porta do elevador e a enfermeira me empurra para dentro dele.
“Pronto para ir para casa?”, ela me pergunta através de sinais.
Eu concordo. É rude falar por sinais na frente de outras pessoas. Sei disso, mas tenho que
dizer a ela.
“Mal posso esperar para ir para casa e levá-la para a cama”. Arqueio as sobrancelhas
para ela.
Ela ri.
“Você está bom o suficiente para isso?”
“Você, provavelmente, vai ter que ficar por cima”.
Merda. Estou ficando duro só de pensar nisso.
A enfermeira que está conosco no elevador esbarra em minha cadeira, e, então, eu a vejo
tossir em seu punho fechado. Emily dá um tapinha em suas costas.
— Você está bem? — ela pergunta.
A mulher balança a cabeça. Acho que, na verdade, ela está rindo, mas não tenho certeza.
Um sedan preto encosta no meio-fio e eu vejo o pai de Emily conduzindo-o. Olho para ela,
que sorri.
“Ele quis vir”, ela fala por sinais.
“Por quê?”
Ela encolhe os ombros.
“Pergunte a ele”.
— Logan — seu pai diz, em saudação. Seus olhos encontram os meus, e ele estende a mão
para eu apertá-la. Eu a seguro e seu cumprimento é firme e forte. — Como você está se sentindo?
— Pronto para ir para casa, Sr. Madison.
— Por favor, me chame de Ralph — diz ele. Sinto um nó no estômago, e olho para Emily,
mas ela está guardando minhas coisas no porta-malas. Levanto-me timidamente, segurando na beira
da porta. Vou para o banco da frente, porque não há mais espaço. Fico apoiado em um dos meus pés,
até que consigo ficar em posição e, em seguida, entro no carro.
Depois que a porta está fechada, a enfermeira que empurrou a cadeira de rodas vira para
mim e fala por sinais:
“Espero que você fique bom logo”.
Merda. Ela entende a linguagem dos sinais. Passo a mão pelo meu rosto envergonhado, mas
ela está rindo.
“Fique tranquilo e não exagere”, ela instrui.
Concordo com a cabeça, sentindo o calor em meu rosto. Emily apenas sorri e balança a
cabeça. Idiota. É por isso que não devo conversar na linguagem dos sinais na frente dos outros. Além
de ser muito rude.
Seu pai parece tranquilo por todo o caminho até a casa de Emily. Ele não diz uma palavra,
nem ela.
Quando o carro para em frente ao prédio, ele sai e abre a porta para mim. Eu estendo minha
mão novamente.
— Obrigado pela carona, senhor — eu falo.
Ele segura a minha mão e me ajuda a ficar de pé nas minhas muletas.
— Eu gostaria de subir para que pudéssemos conversar.
Olho para Emily de novo, mas ela já está no assento do motorista e acena para mim,
afastando-se.
— Aonde ela está indo? — pergunto.
— Resolver umas coisas e pegar seus remédios — ele fala.
— Um dos meus irmãos poderia ter feito isso.
Ele acena com a mão para mim.
— Não há necessidade.
Henry, o porteiro, corre para a frente e me ajuda a passar pela porta.
— Que bom que você está de volta, Logan — diz ele.
— Eu também acho — respondo com uma risada.
O pai de Emily sorri, e eu ainda não sei o que fazer com sua amizade inesperada. Ele está
quieto no elevador, e não fala quando eu tiro uma chave do bolso e entro no apartamento de Emily.
Eu provavelmente deveria explicar por que eu tenho a chave, mas eu realmente não quero.
Caio sobre o sofá. Estou exausto e realmente não quero andar muito.
— Você está com dor? — ele pergunta.
— Não. — Olho ao redor da sala. — Onde está Trip? — Eu esperava encontrá-lo de cueca
no sofá de Emily.
— Ele voltou para Los Angeles — o Sr. Madison admite.
Ele se senta à minha frente no sofá e parece desconfortável. Mas não é um desconfortável do
tipo não-sei-o-que-dizer-para-você. É mais como o tipo estou-desconfortável-por-estar-
constrangido, o que faz com que eu não saiba o que falar para ele.
— Por bem? — eu pergunto.
— Sim.
— Oh, uau. — Eu não esperava por isso.
— Logan, preciso me desculpar com você — ele fala. Suas bochechas estão rosadas, e ele
está, obviamente, ansioso.
— Não é necessário, Sr. Madison — eu falo.
Ele me corta, segurando minha mão.
— Ralph — ele me corrige. — Preciso lhe agradecer — ele diz. — O que você fez foi de
uma incrível coragem.
— Não precisa... — eu tento cortá-lo novamente.
— Vai deixar eu terminar de falar essa porra? — ele pergunta, ainda sorrindo.
Ele acabou de soltar um “porra”?
— Está andando com os meus irmãos?
Ele ri.
— Não, mas venho do mesmo lugar que vocês. Apenas tinha me esquecido disso, ao longo
do caminho.
Não sei o que dizer. Não fazia ideia de que o Sr. Madison tinha raízes pobres.
— Eu cresci muito pobre. Em um bairro pior que o seu. — Ele suspira. — E, em algum
momento da vida, perdi de vista o que é importante — diz ele. — Minha família significa tudo para
mim. Sem elas, eu não sou nada.
Ele faz uma careta, como se não soubesse o que dizer em seguida.
— Estou orgulhoso por você estar na vida da minha filha. Eu não poderia estar mais
satisfeito com quem ela escolheu para amar.
— Obrigado, senhor — eu respondo. Fui pego de surpresa e sinto como se alguém tivesse
virado meu mundo de cabeça para baixo. Então, ele enfia a mão no bolso e tira uma pequena caixa de
joias e a pressiona em minhas mãos. Ao abri-la, há um anel de noivado com um pequeno diamante
dentro. Eu precisaria de um microscópio para ver o diamante, mas tudo bem. O anel é bonito, com
uma gravação na parte de dentro. Parece antigo.
— Se você decidir pedi-la em casamento, em algum momento, eu gostaria que você
soubesse que tem a minha benção. E que pode usar o anel que foi da sua avó. — De repente, ele
parece desconfortável novamente. — Ou você pode comprar um, por mim, tudo bem.
Lembro-me que ele me disse uma vez que eu compraria um pequeno diamante para a minha
esposa e viveria com ela em um apartamento de merda. Ele dá de ombros. Ele se lembra disso
também.
— Obrigado, senhor. — Sinto como se alguém tivesse roubado a minha sensatez. — Não sei
o que dizer.
— Não estou sugerindo que você tenha que pedi-la em breve.
— Pretendo fazer isso o mais rápido possível — eu admito. Planejo isso desde que acordei
no hospital. Não quero ficar longe dela nem por um único segundo. Nunca mais.
— Quando você o fizer, tem a minha benção e a da mãe dela. — Ele levanta o dedo em sinal
de advertência. — Sinto que você é um bom homem, mas, se fizer qualquer coisa que vá quebrar o
coração dela, terei que fazer coisas terríveis com você. Conheço algumas pessoas — ele fala, mas
sorri.
Olho para o meu pé quebrado.
— Perder Emily já seria castigo suficiente — eu falo. Preciso dizer-lhe algo. Respiro fundo.
— Acho que preciso ser sincero sobre uma coisa.
Ele arqueia as sobrancelhas e inclina-se para a frente.
— Por favor, fale.
— Não tentei tirá-lo do caminho do carro, naquela noite. Emily estava pronta para fazer isso
e eu queria impedi-la. Então, empurrei você, esperando que você caísse como um dominó em cima
dela. — Dou de ombros. — Funcionou.
Ele dá uma risada.
— Eu sei.
— Sabe? — Como diabos ele sabe disso?
— Sim, vi o olhar em seu rosto. Ninguém sente medo daquele jeito por causa de um homem
que o tratou como um merda. — Ele encosta e me observa, seu olhar se estreitando. — Quando você
viu o carro vindo, seu olhar me disse que você estava completamente apaixonado pela minha filha e
que você iria sacrificar-se por ela. — Ele acena com a cabeça em direção ao anel. — É por isso que
eu lhe dei a minha benção, não porque você salvou a minha vida.
— Oh. — Eu provavelmente soo como um idiota, mas não sei o que dizer.
— Ah, mais duas coisas antes de Emily voltar. — Ele olha ansiosamente para a porta. —
Primeiro, quando você estiver pronto, tem um estágio esperando por você na Madison Avenue, no
departamento de publicidade. Você é um artista talentoso, Logan, e seria ótimo ter alguém assim na
empresa. — Ele levanta a mão quando eu abro a boca. — Trip admitiu que foi você quem criou a
campanha publicitária. E você é muito talentoso. — Ele sorri e, pela primeira vez, vejo seu sorriso
atingir seus olhos. — Você não vai começar de cima só porque vai se casar com a minha filha.
Olho para ele perguntando-me quem é esse homem que está sentado aqui, valorizando meu
trabalho. Talvez eu tenha tomado muitos analgésicos.
— Eu não esperaria nenhum tratamento especial. — Ou aceitaria qualquer coisa do tipo.
Ele olha para a porta novamente.
— Segunda coisa — ele fala, lambe os lábios e, em seguida, seus olhos encontram os meus.
— Você acha que poderia desenhar uma tatuagem para mim? Quero algo que represente a minha vida.
Uma tatuagem com um significado.
Ele quer uma tatuagem?
— Você tem algo em mente? — pergunto.
Ele balança a cabeça e bate em meu joelho bom.
— Sei que você vai fazer algo perfeito.
A porta se abre e Emily entra na sala. Enfio a caixa com o anel rapidamente em baixo das
almofadas do sofá.
— Faça um rascunho e me mostre quando estiver pronto — ele fala, com um dedo na frente
da sua boca, como se estivesse contando um segredo.
Eu concordo.
Ele beija Emily na bochecha e sai. Ela corre para o meu lado.
— O que ele disse para você?
Eu ainda não consigo acreditar.
— Ele disse que me ama. — Sorrio para ela.
Ela revira os olhos e dá um tapa em meu ombro.
— Fala sério.
— Estou falando — eu reclamo. — Estou machucado. Não me bata. — Seguro as mãos dela
e a puxo para mim.
Ela senta ao meu lado.
— O que ele queria dizer, de verdade? — ela pergunta.
— Ele disse que eu posso pedir você em casamento — digo a ela, encostando minha testa na
dela e beijando-a rapidamente.
Ela coloca uma mão no meu peito e eu respiro pesadamente.
— O que foi?
Dou de ombros.
— Perguntei a ele, antes do acidente, se ele me daria permissão para pedir a você para
casar comigo. Ele havia recusado. — Olho em direção à porta. — Ele mudou de ideia.
Alcanço as almofadas do sofá e pego a caixa. Eu ia esperar uma ocasião especial, mas não
quero esperar. Quero colocar um anel em seu dedo o mais rápido possível. Quero que ela seja minha.
Toda minha.
Seus olhos se arregalam quando eu mostro a caixinha.
— Não consigo me ajoelhar — eu falo em tom de desculpas.
Seus olhos se enchem de lágrimas e eu coloco a caixa de volta embaixo das almofadas.
— Podemos recomeçar? — pergunto.
— Você está brincando? — ela pergunta e segura minha camisa, puxando-me em sua
direção. — Me pergunte. Me pergunte. Por favor, me pergunte. — Ela está colada em meu rosto, e
nunca estive mais apaixonado do que agora. Mas, então, ela se encosta no sofá e olha para mim
timidamente. — Bom, se você quiser. Você não tem que me perguntar se não quiser.
Envolvo meu braço em volta da sua cabeça e lhe dou um cascudo.
— Não quero, eu preciso.
Ela olha para mim, seus pensamentos tão turbulentos quanto seu cabelo.
— Não posso viver sem você, idiota — eu tento explicar.
Ela sorri para o termo carinhoso. Houve um tempo em que uma palavra como essa a teria
magoado, mas agora era só uma palavra. E engraçada porque ela é totalmente o oposto.
— Amo você — ela fala e me beija, sua língua invadindo a minha boca, seu toque suave
contra o meu deixando-me duro imediatamente. — Pegue a caixa novamente — ela fala. Posso sentir
seu sorriso contra os meus lábios quando ela volta a me beijar.
— Caixa? — pergunto.
— O anel. Me pergunte. Prometo que vou dizer sim.
— Você é tão fácil — eu brinco.
Ela nem sempre foi fácil. Foi muito difícil amá-la no início, mas não pude evitar. Ela é
como um pedaço de mim que ficou faltando por toda a minha vida. Eu não posso imaginar um dia sem
ela. Coloco a mão por baixo da almofada e pego a caixa. Meu coração está batendo no peito como
um martelo de carpinteiro, mesmo que ela vá dizer que aceita. Abro a caixa, que range em suas
dobradiças.
— Quer casar comigo? — pergunto.
Ela pega a caixa e se encosta, um sorriso de boca aberta em seu rosto. É uma mistura de
espanto e felicidade.
— Eu costumava olhar para isto quando era pequena. Meu pai dizia que meu marido rico
compraria um enorme diamante e viveríamos felizes para sempre. Mas tudo que eu sempre quis era
este anel e um marido que me amasse.
Puxo seu rosto na direção do meu, com um dedo embaixo do seu queixo.
— Eu te amo. — Arqueio as sobrancelhas. — Você esqueceu de dizer sim?
— Não esqueci — ela responde, coloca a caixa sobre a mesa e se levanta. — Só não disse
sim ainda. — Ela aponta para a cozinha. — Quer algo para beber? Estou com sede. — Ela levanta
como se estivesse indo embora, mas seguro sua camisa e a puxo de volta. Pego a caixa, tiro o anel e
o seguro.
— Case-se comigo, Em — peço. — Se você disser que sim, poderemos fazer muito sexo e
viver felizes para sempre. — Quero rir, mas não posso. Não é engraçado. — Case-se comigo, Em —
eu repito. — Por favor.
Ela acaricia minha testa com a palma da mão, e sinto-me momentaneamente atordoado.
— Claro que vou casar com você — ela diz, deixando que eu deslize o anel em seu dedo. —
Eu não poderia tornar isso fácil para você, idiota — ela fala e senta ao meu lado, me abraçando,
cheirando meu pescoço e aconchegando-se em mim. Não há segredo entre nós. Não mais. E isso é
bom pra caralho.
Eu a beijo.
— Podemos ir para a cama agora? — pergunto. Faz semanas que estive dentro dela e, além
disso, estive inconsciente por boa parte desse tempo, mas não estou mais. Preciso mais dela do que
preciso de ar.
Ela bate no gesso duro que vai até a minha coxa.
— Acho que isso vai dificultar um pouco.
Balanço a cabeça.
— Você vai ter que ficar por cima. — Puxo-a para o meu colo e levanto sua camisa,
acariciando a pele lisa da sua barriga com os meus dedos. Ela começa a puxar a camisa por sua
cabeça, mas, então, olha para a porta.
— O que foi? — pergunto, minha respiração irregular.
— Tem alguém na porta — ela fala, levantando de cima de mim e respirando profundamente.
Pego uma almofada e coloco em meu colo, xingando-me.
Quando ela abre a porta, seus pais entram na sala, seguidos por todos os meus irmãos.
— Bem-vindo ao lar! — meus irmãos gritam.
A mãe de Emily segura o dedo anelar dela e o observa.
— Você disse sim?
— Claro que sim — Emily responde. Meus irmãos vêm para me parabenizar e seu pai abre
um grande sorriso.
Matt chega com pizzas e ele puxa Emily para um abraço. Ele mergulha o rosto em seus
cabelos e imagino que ele está cheirando-a.
— Você está cheirando bem — ele fala. Ela o cheira e ele ri.
— Ela disse sim, né? — Paul pergunta, sentando ao meu lado. Ele olha para a almofada em
meu colo e dá risada.
“Vocês têm um timing terrível”, falo por sinais.
Ele tenta parecer inocente.
“Nunca é um momento terrível para uma festinha-de-acabei-de-ficar-noivo”. Ele aponta
para a almofada e levanta a sobrancelha. “Você tem o resto da sua vida para ficar com ela”. Ele
solta um suspiro. Posso ver seu peito se encher de ar. “Prometo levá-los embora em breve”.
“Promete?”
Ele ri.
“Prometo”. Ele sorri para mim. “Você tem o resto da sua vida para fazer amor com
aquela mulher”.
Olho para ela, que sorri para mim, empurrando o cabelo para trás da orelha.
“Eu sei, e eu pretendo”.
“Sam fez cupcakes. Quer um?”. Ele fica de pé.
“Quero comer qualquer coisa que Sam tenha feito. Traga-me dois”.
“Você vai ficar gordo e preguiçoso agora que vai casar?”
“Qual é a sua desculpa?”, eu pergunto. Ele dá um soco no meu ombro e eu estremeço,
porque ainda estou dolorido. Paul olha em meus olhos.
“Você fez bem em escolhê-la”, ele aponta para Emily.
“Bem, se você encontrar uma garota que dê um soco em seu nariz, case com ela”. Ele ri e
vai buscar um cupcake. Esfrego a ponta do meu nariz e olho para o lado. Alcanço o guardanapo que
está sobre a mesa e começo a rabiscar a tatuagem que vou fazer em seu pai.
Acho que ele precisa de uma placa de rua, onde a Madison Avenue e a família irão
convergir. A família estará no topo e muito mais proeminente. A Madison Avenue estará iluminada,
colorida e com enfeites, enquanto a família vai parecer agradável e acolhedora. Talvez com algum
filigrana e marcações antigas. A Madison Avenue, apesar de sua riqueza, ficará pobre, em
comparação. Não sei ainda como vou fazer isso, mas vou descobrir. Embaixo, vou escrever a frase
que ele disse, quando falou da tatuagem: “Minha família significa tudo para mim. Sem ela, não sou
nada”.
Eu poderia tatuar essas palavras em minha costela também porque se encaixam em mim
perfeitamente.
Emily

Fecho a porta quando o último membro da família sai. Logan parece cansado. Não tem muito
tempo que se acidentou e ainda está se recuperando. Na verdade, acho que eles ficaram tempo
demais.
— Precisa de remédios para dor? — pergunto.
Ele balança a cabeça e faz um gesto para frente.
— Ainda não — ele diz, enquanto me puxa para sentar em seu joelho bom. O outro está
apoiado na mesa de centro. Ele estremece ao mexer-se, no entanto. Sei que ele está sofrendo. Ele
levanta a beira da minha camiseta para que possa deslizar a mão por baixo dela, sobre minha pele.
Sua cabeça cai para trás, sobre o encosto do sofá, e ele olha para mim com os olhos azuis
semicerrados.
Bom Deus, ele é lindo. E é todo meu.
Sua mão percorre por baixo da minha camiseta, até que ele sente o peso do meu seio em sua
mão. Seu polegar toca meu mamilo, disparando a excitação em meu centro.
— Logan — protesto levemente. — Você não está bem o suficiente para brincar. — Cubro
sua mão com a minha e a pressiono para baixo. Mas o calor de sua mão ultrapassa a barreira do
tecido. Arqueio minhas costas, pressionando-me para mais perto dele. Não posso evitar. Ele é Logan.
Ele me inclina para trás, de modo que eu fique abrigada na curva do seu braço, em seu colo.
Puxa a camisa para cima e olha para mim, lambendo os lábios. Rapidamente, ele abre meu sutiã e
inclina a cabeça para tomar meu mamilo em sua boca.
Minha respiração ofega e não consigo não me contorcer em seu colo. Ele ri e é um som
ofegante.
— Não se preocupe. Vou cuidar de você — ele diz.
Rapidamente, ele desabotoa meu jeans e abaixa o zíper, olhando em meus olhos enquanto
desliza a mão na frente da minha calcinha. Ele desliza por todo o meu calor e vai direto para o meu
clitóris. Sua mão é dificultada pelo aperto da minha calça jeans e ele se move em pequenos círculos.
— Vamos para a cama — eu falo.
— Pensei que você nunca pediria — ele responde com uma risada. Ajudo-o a ficar de pé e
coloco as muletas debaixo do braço dele, que vai lentamente em direção ao quarto.
— Tem certeza de que não precisa de medicação para a dor? — pergunto. Ele parece
cansado.
Ele balança a cabeça, inclina suas muletas contra a cama e empurra seu short de ginástica e
a cueca até os joelhos. Vou até ele, tiro seu sapato e a meia. Levo um tempinho para tirar o short do
gesso, mas consigo. Seu pau está duro e sua masculinidade está muito próxima do meu rosto.
— Sabe, quando você acordou, estava muito tonto dos analgésicos e disse para Sam que eu
não passo muito tempo aqui embaixo. — Seguro-o com a minha mão e olho para ele.
— Eu disse? — ele pergunta e tenta soltar meu toque. — Não tive intenção. Nunca falo
sobre coisas pessoais com eles. — Ele levanta meu queixo para cima. — Você acredita em mim, não
é?
Eu concordo. Lambo a cabeça dele. Meu corpo está pronto para Logan. Faz muito tempo que
o tive dentro de mim, mas quero fazer isso por ele. Ele faz um barulho baixo em sua garganta quando
tomo a ponta da sua masculinidade em minha boca. Giro a língua ao seu redor e ele empurra para
dentro, enquanto olho em seus olhos azuis.
Solto seu pau com um estalo alto, quando ele me pega e me joga na cama. Eu ofego, mas ele
não diz uma palavra. Logan rola para o lado, colocando-me de forma que eu fique sobre ele.
Lentamente, ele desliza para dentro de mim, devagar e profundamente. Ele me estende e eu sinto a
leve picada por não estar com ele há tanto tempo.
Seus movimentos são lentos e sem pressa, enquanto ele empurra e retira-se com um ínfimo
movimento de seus quadris. Logan ergue-se sobre o braço, para que ele possa nos olhar. As pontas
dos seus dedos puxam meus mamilos e amo o fato de que estou aqui com Logan, com ele dentro de
mim, mesmo que eu esteja totalmente exposta e ele esteja me observando enquanto aproveito cada
segundo.
— Não vou durar muito — ele adverte.
— Não espere por mim — eu insisto. — Ainda não estou pronta.
Ele bufa, mas é um som anasalado.
— Você também tem que gozar.
Ele desliza as mãos em direção à minha fenda, por entre meus lábios, mergulhando o dedo
em meu clitóris. Ele esfrega em círculos rápidos, enquanto bombeia lentamente dentro de mim.
Mordo meu lábio inferior e abro os olhos para encontrar Logan olhando para o meu rosto. Deus, ele é
tão bonito.
— Você também tem que gozar — ele repete, e suas palavras fazem minhas entranhas
apertarem. Estou perto, estou tão perto. Monto no pau dele, subindo e descendo, enquanto ele pulsa
dentro de mim e abro minhas pernas ainda mais sobre suas coxas. Ele usa a ponta dos dedos para
esfregar meu centro, e nós encontramos um ritmo que eu gosto. — Goza no meu pau, Em — ele
implora e, finalmente, me empurra para cima.
Sou tomada por um forte orgasmo. Sinto seus dedos me tocarem e um terremoto me toma, até
que ele empurra dentro de mim uma última vez, grunhindo, derramando-se dentro de mim quando
goza, encharcando-me com a parte mais íntima dele.
Fico ali caída sobre seu corpo nu, tentando recuperar o fôlego. Ele sai de dentro de mim
lentamente, tremendo ao fazer isso.
— Receio que você esteja uma bagunça. — Ele move-se para pegar suas muletas. — Deixe-
me pegar uma toalha.
Levanto rapidamente e me embolo na cama, segurando as muletas da sua mão. Ele grunhe e
puxa-as para ele. Coloco-as do outro lado do quarto, onde ele não possa alcançar.
— Fique aí — eu digo, apontando o dedo para ele.
Ele ri e puxa a camiseta por sobre a cabeça. Ele nem chegou a se despir.
— Podemos tirar uma soneca? — ele pergunta.
Vou ao banheiro e me limpo, e volto para o quarto com um pano molhado em água morna.
Passo nele, limpando-o. Logan está deitado, com um braço por trás da cabeça, para que ele possa
olhar para mim. Estou com a bunda de fora, mas não me importo.
— Eu estava ficando louco, esperando que eles fossem embora — ele admite, esfregando a
mão nos olhos. Ele parece pronto para dormir.
— Eu também estava. — Dou a ele um comprimido para dor e um pouco de água, e
observo-o enquanto ele toma. — Quer algo para comer?
Ele balança a cabeça, bocejando.
— Quer tirar um cochilo comigo? — Ele me olha, e seu amor por mim brilha. Nunca pensei
que iria me sentir tão feliz.
Subo na cama e deito sobre seu peito, num espaço que foi feito apenas para mim. Nós dois
temos uma pilha de trabalhos da faculdade para colocar em dia, mas nossos professores estão nos
apoiando, já que conversei com eles sobre o que aconteceu, principalmente no caso de Logan. Gravei
minhas aulas, o que eu faria de qualquer maneira, e estou ouvindo-as conforme tenho tempo. Ele está
bem mais atrasado do que eu.
— Você tem trabalho a fazer quando acordar — advirto e me aconchego a ele.
— Pretendo fazer muita coisa quando acordar — ele fala bocejando novamente e ri.
— Como o quê? — pergunto.
— Você. — Ele ri e me aperta com força.
Logan levanta meu braço e beija a tatuagem no interior do meu pulso. Olho para o desenho
que começou tudo. Ele me libertou quando destrancou o meu mundo. Ele é a paz na minha alma. É o
único que abriu meus grilhões e vou amá-lo para sempre.
— Promessas, promessas — murmuro. Fecho meus olhos e adormeço com as batidas do seu
coração.

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