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Analu Lopes – O Pecado de Louise

Esta é uma obra de ficção. Os fatos e os personagens


presentes nessa obra, assim como nomes e diálogos, são
unicamente fruto da imaginação e da livre expressão artística da
autora. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por
qualquer meio ou forma sem a prévia autorização dos autores. A
violação dos direitos autorais é crime.
Todos os direitos reservados.
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Atraída pelo melhor amigo de seu pai, ela anseia pelo
momento em que irá pecar por prazer.
Sumário
Nota da Autora
Dedicatória
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Epílogo
Agradecimentos
Próximos Lançamentos
Nota da Autora

Olá! Espero que esteja bem e ansioso para mergulhar no


mundo da Louise.
Este é o primeiro livro da série Pecados, uma coleção de
histórias únicas e independentes que compartilham o mesmo
universo e estão conectadas de alguma forma. Prepare-se para um
romance dark, repleto de emoções intensas, cenas de sexo explícito,
diálogos ousados e momentos de tensão.
Como autora iniciante, dediquei-me profundamente a esta
obra e espero sinceramente que você se envolva com a trama. Fique
à vontade para me acompanhar em minhas redes sociais: Instagram
@analulopesautora e twitter @analuulopes.
Agradeço seu apoio e espero que você aproveite a leitura
tanto quanto eu aproveitei escrevendo-a.
Dedicatória

Para todas as pessoas que persistem


No que desejam e não se rendem ao caminho,
Que abraçam sua própria essência, seu ser,
Que lutam por seus anseios.

E, principalmente, para aqueles que compreendem


A dualidade do pecado e enxergam
Além das sombras.
Capítulo 01

Eu gosto de quem eu sou, mesmo que eu não seja quem


deveria ser.
Passo o batom vermelho nos lábios e sorrio para mim mesma
pelo espelho, estou pronta para jantar dessa noite. Eu não gosto
muito dessas reuniões que os meus pais fazem, sou obrigada a
participar da maioria delas. Não é um pesadelo completo porque
sempre posso apreciar algo em particular. Uma pessoa em particular.
Alguém bate na porta do meu quarto e entra em seguida,
sorrio ao ver que se trata da Megan, minha melhor amiga desde a
infância. Ela está usando um vestido longo, branco e dourado, o
cabelo preso em uma trança. Ela lembra uma deusa grega.
— Você está linda — Ela fala se aproximando. — mas sua
mãe vai ter um ataque do coração quando ver.
Me olho no espelho novamente, meu vestido vermelho vinho
tem uma fenda na perna e é cavado no decote, mas não chega a ser
revelador. Me sinto bonita assim. Meus cabelos pretos estão
comportadamente caídos nas costas, mas presos na frente para não
ficar vindo nos olhos.
— Parece que você está pronta para seduzir alguém — Ela
brinca, me fazendo rir.
— Talvez eu esteja — Dou de ombros e ela me olha
arqueando a sobrancelha — Depois daqui, vamos para a festa,
certo?
— Sim, mas não vai se trocar?
— Não — Me viro para ela com um sorriso de lado — Gosto
de como estou.
Megan revira os olhos, mas tem um sorriso quando segura na
minha mão, me puxando para fora do quarto.
Nos aproximamos muito nos últimos cinco anos, desde que
voltei do internato em Seattle. Meus pais, com certeza, prefeririam
que eu tivesse continuado lá, mas depois de tudo que aconteceu,
foram obrigados a me trazer de volta.
Me senti muito perdida, afinal, foi muito tempo longe de casa,
mas a Megan sempre esteve ao meu lado, ficávamos juntas quando
meus pais viajavam a trabalho. Ou simplesmente ignoravam a minha
existência.
Eu me sinto muito feliz em ter ela como melhor amiga. E,
apesar de como meus pais são, eu amo estar em casa e sempre os
ver.
— Sua mãe sabe como fazer um evento — Ela brinca quando
chegamos na parte externa da casa, onde várias mesas estão
espalhadas, muitas pessoas por todos os lados.
— Essa é a especialidade dela — Eu respondo sorrindo — A
nossa é sumir como se nunca estivesse estado neles.
— Sim! — Ela exclama rindo.
Meus olhos passeiam por entre os convidados, tem uma
pessoa que eu realmente gostaria de ver e que eu tenho certeza que
está aqui.
— Vamos sentar na mesa do seu pai ou dos meus pais? —
Pergunto virando o olhar para a minha amiga.
— Eles ficaram na mesma mesa — Ela explica, mas está
olhando para o celular — Daqui, nós vamos para a casa do Finn.
— Temos que estar aqui pelo menos até o jantar — Eu a
lembro.
— Sim, depois do jantar — Ela confirma e sorri animada — E
vamos encher a cara.
— Ou seja, eu fico de babá — Eu brinco e ela revira os olhos,
mas antes de responder algo, vemos a minha mãe se aproximando.
Ela tem um sorriso pequeno nos lábios, e eu já sei que é um
daqueles falsos que ela mostra quando não quer que as pessoas
saibam que está brigando. Puxo o ar devagar, eu a conheço, e sei
que vai falar da minha roupa.
— Não foi esse o vestido que separei para você, Louise — Ela
diz séria, mas mantendo o sorriso.
— Eu sei, mãe, mas achei esse melhor — Respondo tranquila
e ela bufa — Respira fundo, fica calma.
— Calma? Você deveria se vestir como eu mando — Ela diz
séria — Você era mais obediente quando criança.
— Mãe, eu sou uma mulher adulta — Falo cansada e vejo a
Megan se afastando devagar para nos dar privacidade — tenho
quase 21 anos, posso escolher uma roupa.
— Não parece — Ela reclama e eu solto um riso anasalado.
— Eu estou linda e a senhora não tem com o que se
preocupar — Eu sorrio para ela — Cumprimente os seus convidados
e eu vou me sentar à mesa, esperando o momento de poder ir
embora, e sendo gentil com todos. Tudo bem?
— Não vai se trocar? — Ela questiona arqueando a
sobrancelha.
— Não — Nego e ela suspira.
— Vai se sentar então — Ela diz em um tom cansado — Você
é um caso perdido, Louise.
— E a senhora me ama mesmo assim — Falo com um sorriso
aberto e me afasto em seguida.
É inútil brigar com ela, não quero me estressar, e não quero
deixá-la mais irritada. Vou continuar fazendo as coisas do meu jeito?
Sim, mas ainda tentarei equilibrar tudo.
Procuro pela Megan com os olhos, mas acho outra pessoa.
Sorrio de lado, mas não vou até lá, ainda é cedo e eu sei bem que
não terei a atenção que quero agora. Quero dizer, não é como se em
algum momento eu tivesse conseguido atingir o meu objetivo, mas
continuarei tentando.
Sento no lugar marcado para mim e continuo observando a
festa. Minha mãe adora realizar esses eventos, então sagradamente,
uma vez a cada três meses ela faz um, isso mantém seu nome em
alta. Acho que faz parte de ser de uma família tão bem-conceituada
na sociedade. Uma boa vantagem é o dinheiro, tenho muito e tenho
liberdade para fazer o que eu quiser fazer.
— No que está pensando? — Escuto a voz da Megan
enquanto ela se senta ao meu lado.
— Em nada muito específico — Respondo, sem olhar para
ela.
— Boa noite, meninas — Alexander Houston cumprimenta ao
chegar à mesa.
— Boa noite, pai — Megan responde sem olhar, mas eu sorrio
para ele.
— Boa noite, senhor Houston — Respondo, ainda sorrindo.
— Sabe que não precisa me chamar assim, Lou — Ele diz
enquanto se senta em seu lugar.
— Eu sei — Respondo dando de ombros.
— Ela só quer te chamar de velho de um jeito delicado — A
Megan provoca o pai e eu sorrio contida.
Não verbalizo, mas sei o que se passa na mente dele sempre
que o chamo de senhor.
Meus pais se juntam a nós em seguida, e a conversa é
interrompida. Alexander é o melhor amigo do meu pai, viúvo há uns
quinze anos, sequer conheci a esposa dele, mãe da Megan. É quase
engraçado pensar que o pai da minha melhor amiga é melhor amigo
do meu pai.
Nicole Foster, minha mãe, chama a atenção de todos e
começa o seu discurso, mas eu não escuto uma sequer palavra,
minha atenção está em outro lugar. Em outra pessoa para ser mais
exata.
Alexander está sentado exatamente na minha frente,
completamente ao meu alcance. Eu sei que ele está fingindo prestar
atenção nas palavras de Nicole, mas seus olhos estão em mim. Tiro
meu calçado do pé e estico a perna tocando a perna dele.
Sorrio ao ver a mudança de postura, era essa reação que eu
queria. Esfrego meu pé lentamente, subindo em direção à sua virilha,
e então desvio o olhar para a minha mãe, mas continuo estimulando
ele com pouco. Eu sei que ele não vai reagir aqui e agora, sei que
ele não falará sobre isso.
Mas eu sei que quanto mais o provoco, mais perto fico de tê-
lo.
Capítulo 02

— Preciso ir ao toalete — Aviso ao me levantar.


— Vou com você amiga — Megan fala, mas coloco a mão no
ombro dela impedindo-a de levantar — O quê?
— Não precisa, eu já volto — Eu nego com um sorriso
pequeno — Vai confirmando a festa na casa do Finn.
— Já tá confirmado — Ela responde e se levanta — Eu vou
me trocar para ir, pegarei uma roupa sua, no seu quarto.
— Todo seu — dou de ombros — Eu já vou lá.
— No seu quarto tem banheiro — Ela fala arqueando a
sobrancelha.
— Preciso falar com a minha mãe ainda — Justifico e ela me
olha um pouco desconfiada, mas dá de ombros em seguida.
— Até daqui a pouco — Ela se despede e caminha em
direção à entrada da casa.
Suspiro observando-a. Preciso ser mais cuidadosa, cortar ela
assim não é bom, mas não é como se eu pudesse chegar na Megan
e dizer “então amiga, eu estou doida para foder loucamente com seu
pai. Quero dar tanto para ele que quero ficar assada.” ou melhor
“Megan, quero que seu pai me coloque no colo e bata na minha
bunda” simplesmente não posso fazer isso.
Muitas pessoas já estão indo embora, por isso vejo de longe
os meus pais se despedindo de alguns convidados, sei que eles vão
ficar ocupados um bom tempo fazendo isso. Caminho tranquila para
ir em direção ao banheiro mais privativo, ou seja, apenas para a
família. Minha mãe dá festas, mas simplesmente odeia compartilhar
algumas coisas, como o banheiro.
Sou interceptada pelo caminho. Alexander segura no meu
braço e me puxa para dentro da biblioteca da casa para que ninguém
nos veja. Eu sorrio o seguindo e abro ainda mais meu sorriso ao
ouvir o trinco da porta se fechando.
— Está tudo bem, senhor Houston? — Pergunto em um tom
doce, e com um sorriso nos lábios.
— Você não pode continuar com isso, Louise — Ele nega
exasperado — Você está me enlouquecendo, garota.
— Então desconta toda essa frustração em mim — Eu falo me
aproximando dele — É o que eu mais quero.
— Garota, eu te vi nascer, te peguei no colo quando era um
bebê — Ele nega se afastando.
— Você ainda pode me pegar no colo — Respondo dando de
ombros.
— Louise… — Ele fala em tom de aviso, mas isso só me
deixa ainda mais instigada.
— Me chamou aqui só para falar isso? — pergunto fazendo
biquinho, enquanto deslizo os dedos pela clavícula em direção ao
meu decote.
— Eu vou conversar com seus pais sobre esse seu
comportamento — Ele diz sério e eu sorrio de lado.
— Vai contar para eles como fica de pau duro sempre que eu
me aproximo? Vai contar como está doido para me colocar contra a
parede, me amarrar na cama, e me foder? Vai? — Provoco e vejo ele
trincar o maxilar — Foi o que pensei.
— Louise, não quero ter que falar sobre isso novamente —
Ele diz firme, e segura no meu rosto, seus dedos apertando as
minhas bochechas — Não me provoca.
— Você ainda vai cair em tentação, Alexander — sorrio
maliciosa — E eu sou a tentação.
Ele se afasta respirando fundo e eu sorrio vitoriosa. Ele sabe
que eu estou certa, ele sabe que ainda será meu.
— Não deveria continuar lutando assim, ceder vai ser muito
mais fácil — Falo suavemente e o abraço por trás — Nos vemos
mais tarde, senhor Houston.
— Quê?
— Depois da festa com a Megan, estarei na sua casa — falo
sorrindo e me afasto — Pode me esperar pelado, se preferir.
— Louise…
— Até mais — Eu falo rindo ao interrompê-lo novamente e
saio da biblioteca.
Alexander é um homem bonito, quente, tudo nele parece me
atrair, como um ímã. Desde que coloquei meus olhos nele, quando
voltei do colégio interno, ele se tornou meu maior desejo, mas eu
ainda era menor de idade e ele sequer olhava para mim, mas desde
o último ano percebi que se eu me empenhasse mais, daria certo. E
eu não estava errada, mas, geralmente, não estou mesmo.
— Está pronta? — Pergunto ao ver a Megan na sala, que sorri
ao me ver.
— Mais do que pronta — Ela sorri animada e dá uma
“voltinha” para que eu veja seu look, que agora é um vestido tubinho
preto brilhoso — Você demorou.
— Mas agora podemos ir — falo, não quero que ela se prenda
nesse detalhe — motorista ou carro de aplicativo?
— Motorista — Ela responde como se fosse óbvio — E o carro
já está pronto para ir.
— Então vamos.
A gente começa a sair e tudo que eu estou levando é o meu
celular, não é como se eu precisasse mais do que isso, e
sinceramente, nem estou tão animada. Semana que vem terá mais
umas três ou quatro festas como esta, lotadas de jovens
universitários, jovens milionários, enchendo a cara de álcool e drogas
e transando em cada canto da casa como se suas vidas
dependessem disso.
Não que eu nunca tenha feito nada disso, definitivamente não
sou santa, mas não é isso que me interessa no momento, então é
levemente entediante e desinteressante.
Mesmo que uma parte bem grande de mim ame essa vida de
ter muitos amigos, dinheiro e festas para ir, o problema está no meu
foco. Minha atenção está totalmente voltada para o Alexander.
— Onde estão indo? — Nicole pergunta entrando na casa no
momento em que estamos saindo.
— Vamos a uma festa na casa do Finn Chambers — Explico e
ela assente. Finn é o filho de um deputado, então é óbvio que ela
aprova essa amizade.
— Divirtam-se e tenham juízo — Ela fala, mas não espera
uma resposta antes de seguir direto para a escada.
Megan me olha arqueando a sobrancelha, mas finjo que não
estou entendendo o questionamento silencioso dela. Apenas dou de
ombros e continuo saindo de dentro da casa.
— Achei que estivesse falando com ela — Ela diz quando
entramos no carro. Até que demorou.
— Não a encontrei sozinha, acabei voltando sem conseguir
falar com ela — Minto para me justificar.
— Você anda estranha — Ela comenta e eu respiro fundo, não
sei se é uma boa ideia questionar, mas será que não seria mais
estranho ainda não questionar?
— Não acho — é tudo que eu digo.
Ela me olha de canto, mas também não fala nada. E para a
minha felicidade, logo se distrai no celular, era justamente a
escapatória que eu estava precisando.
Olho as ruas de Boston enquanto seguimos para o nosso
destino, mas apesar dos meus olhos estarem voltados para o lado de
fora do vidro da janela do carro, minha mente só repete as imagens
do Alexander, do toque firme dele. Eu preciso de mais, ou vou
enlouquecer.
Capítulo 03

A festa foi exatamente como imaginei, nem um detalhe


diferente. Mas admito que me diverti e bebi um pouco, mas nada
além disso. Estava esperando ir embora para realmente aproveitar a
noite. A parte difícil foi só conseguir tirar a Megan, bêbada, da festa e
desgrudar ela do Finn. Eu literalmente tive que tirar ela da cama dele
e colocar uma roupa nela.
— Chegamos — O motorista avisa.
— O senhor poderia me ajudar a levar ela para a cama? —
Peço e ele me olha um pouco receoso — Por favor?
— Tudo bem — Ele concorda, pode ser impressão minha,
mas ele parece um pouco relutante sobre isso, apesar de ter cedido.
Ele abre a porta do carro e tira a Megan com cuidado e eu
saio do carro em seguida e começo a guiar ele pela casa, para o
quarto dela. Ele vai embora assim que a deixa na cama. Pego um
conjunto de pijama para trocá-la e alguns lenços para limpar o rosto
dela. Megan acordará com uma ressaca desgraçada, mas a minha
parte eu fiz.
Vou até o banheiro e tomo um banho rápido. Eu venho tanto
para a casa dela que já tenho algumas coisas aqui, e por isso eu
visto uma camisola, até pego a calcinha, mas desisto dela. Para os
meus propósitos, é melhor que eu esteja sem.
Caminho lentamente até o quarto do Alexander, espero que
ele não tenha inventado de fugir. O que seria até engraçado, um
homem de quarenta e cinco anos fugindo de uma mulher de vinte.
Não é como se eu estivesse tentando o destruir, certo?
Sorrio ao colocar a mão na maçaneta da porta e perceber que
ela está aberta. Ele sabia que eu viria, e fez de propósito, mas
quando abro a porta, sou pega de surpresa. Não era por isso que eu
estava esperando.
O quarto cheira a sexo, a música no quarto são os gemidos da
mulher que Alexander está fodendo. Ele fez de propósito! Eu avisei
que viria. Olho chocada em direção à cama, e o vejo sorrir olhando
diretamente para mim, seu pau está entrando e saindo da mulher
que está de quatro, mas seu rosto está para outra direção e ela não
pode me ver.
Respiro fundo silenciosamente, ainda sem me mexer.
Alexander segura no cabelo dela, mantendo-a no lugar e com a outra
mão acerta a bunda dela, e eu acabo puxando o ar com mais força.
Se ele acha que venceu, está muito enganado, esse é um jogo que
nós dois podemos jogar.
Caminho até a poltrona que fica próxima da porta e me sento
de perna aberta, e ele semicerra os olhos para mim. Acho que está
começando a se arrepender do que fez. Ele deve ter esquecido
como eu sou e como reajo às situações. Se ele me provoca, tudo o
que posso fazer é provocar de volta.
Deixo as alças da camisola caírem e os meus seios ficam à
mostra. Chupo os meus dedos lentamente, como se estivesse
chupando um pinto e então toco na minha boceta, e começo a me
masturbar lentamente, brincando com o meu clitóris, deslizando os
dedos pela minha vulva, fazendo um pequeno show, e sem tirar os
olhos dele. Com a mão livre massageio os meus seios, brincando
com os mamilos, deixando eles rígidos.
Ele assiste tudo, cada movimento meu, mesmo que seu pau
esteja em outra agora, ele continua me olhando. E precisa mudar ela
de posição, para que não me veja ali, me masturbando na frente
dele.
Meu corpo já está completamente arrepiado, mesmo que eu
não admita nunca em voz alta, o cheiro de sexo é inebriante, ver o
pau dele entrando e saindo e o imaginando em mim quase me faz
ofegar e por isso me fodo com os meus dedos.
Seu olhar está cheio de raiva e tesão, mas isso só torna tudo
muito mais divertido. Quase me pergunto o que está passando em
sua mente agora, mas talvez eu descubra mais tarde. Eu sei que ele
virá atrás de mim.
Quando estou quase lá, e meus olhos estão quase revirando,
eu paro. Não darei para ele o prazer de me ver gozar assim. Mas eu
tiro toda a camisola e saio do quarto tão devagar quanto entrei.
Meu corpo implora para que eu termine o que comecei, por
isso vou para o quarto de hóspedes.
É claro que ao invés das minhas mãos, eu preferia as dele, o
calor dele, o pau dele indo fundo em mim, mas tudo tem seu tempo.
Ele pode até ter me deixado com a imagem mental dele comendo
outra, mas eu também deixei uma imagem na mente dele.
E se é esse caminho que ele quer seguir, o jogo pode ficar
muito mais interessante.
Capítulo 04

Minha mente está perturbada com a cena que a Louise me


propiciou essa noite. Mesmo que ela já esteja me provocando há
algum tempo, ainda não havia chegado a nada assim. Ver ela se
tocando daquela forma e dentro do meu quarto me levou para outro
lugar. Eu já não queria mais a mulher na minha cama, queria ela.
Quero ela.
Louise estava certa quando disse que eu cairia em tentação
em algum momento.
— O que está ocupando os seus pensamentos dessa forma?
— Heitor pergunta e dá um gole no seu uísque — Dinheiro ou
mulher?
— E por que você acha que é sobre alguma dessas duas
coisas? — Questiono divertido porque ele está certo.
— Alexander, meu amigo, eu te conheço há muito tempo e sei
que só três coisas ocupam a sua mente — Ele diz e eu junto as
sobrancelhas confuso.
— Três? Você citou só duas coisas — Pontuo e ele ri.
— É porque a terceira é a sua filha, mas se fosse algum
problema com ela, não estaria aqui e sim resolvendo imediatamente
— Ele esclarece e eu assinto concordando. Megan é a minha
prioridade.
— De certa forma tem a ver com ela, mas não a ponto de ser
um problema — dou de ombros.
— Então é sobre mulher — Ele conclui — Esta pegando
alguma amiga da sua filha? As mulheres de vinte e poucos anos
estão pegando fogo, não te julgo.
— Como chegou a esse pensamento? — Pergunto enquanto
peço mais um copo de uísque.
— Você está pensativo e tem a ver com a Megan, mas não é
preocupante assim. Só juntei as coisas — Ele dá de ombros — O
que te preocupa?
— Não acho que a minha filha reagiria bem, mas aquela
amiga dela está me deixando louco — Comento com indignação.
Louise está me tirando toda a sanidade, ela me toca sem
qualquer pudor, seu corpo é tão bem desenhado que parece ter sido
feito a mão. E como eu quero me afundar nela, marcar seu corpo.
Fazê-la se lembrar de como eu a fodi toda vez que mexer o corpo.
— Deveria aproveitar, ninguém precisa saber que está
acontecendo, nem a sua filha — Ele dá de ombros — Só deixa claro
que não tem sentimentos, vai deixar a oportunidade? Se diverte.
— Não é assim que as coisas funcionam, Heitor, não posso
usar a garota dessa forma e a descartar como se não fosse nada —
Nego e ele ri, me fazendo revirar os olhos impaciente.
— A garota é especial de alguma forma? — Ele pergunta com
uma certa petulância — Sejamos francos, Alexander, quantas
mulheres você já fodeu e deixou de lado? Quantas vezes você só
usou alguma mulher para se satisfazer? Todo mundo sabe que você
faz o que quer com a Margareth. A garota é diferente porque é amiga
da sua filha? Tem certeza que é só isso?
— Vai se foder — Mando e ele ri.
— Amo o gosto da razão — Ele se vangloria e bebe um pouco
mais — o meu conselho continua o mesmo: para de passar vontade.
Reviro os olhos e o ignoro, bebendo um pouco mais. Além do
que a Louise fez essa madrugada, brigar com a Megan logo cedo foi
estressante. Realmente preciso dar um jeito nessa situação toda.
Mas como vou me livrar da imagem mental que tenho dela se
masturbando? Das expressões de prazer. Não posso pensar com a
cabeça de baixo, mas acho que mereço me divertir um pouco.
Melhor eu acabar com esse tesão acumulado logo antes que
ele acabe comigo.
Capítulo 05

Acordo assustada sentindo a Megan pular em cima de mim,


e apenas me viro para o lado. Estou morrendo de sono e só quero
poder dormir mais um pouco, mas a Megan me abraça e eu sei que
essa é uma guerra perdida, ela não vai me deixar dormir mais.
— Achei que você fosse dormir comigo — Ela fala e eu bocejo
ainda sem abrir os olhos — Bom dia, aliás.
— Bom dia — Respondo completamente sonolenta — Como
você está de ressaca e já acordou?
— Eu sou feita de álcool, até parece que não me conhece —
Ela desdenha um pouco e ri — Mas por que dormiu aqui?
— Para fugir de você e não ser acordada no segundo seguinte
ao que você acordasse — Respondo e escuto a risada alta dela.
Essa não é a verdade, mas ela não precisa saber o que
aconteceu enquanto ela dormia. Mas como eu sabia que ela viria
aqui em algum momento, coloquei um pijama decente, e não a
camisola que usei para visitar o quarto do pai dela.
— Seu plano não deu certo — Ela responde vitoriosa e eu rio
concordando.
— Qual a programação do dia? — Pergunto me virando para
ela — Certeza que você já fez uma.
— Infelizmente, hoje tenho que fazer alguns trabalhos da
faculdade — Ela bufa chateada — Eu preferiria pagar alguém para
fazer, mas da última vez, meu pai ficou sabendo e eu perdi meu
cartão de crédito por duas semanas.
— E usou o meu por duas semanas — Eu completo rindo e
ela dá de ombros.
— Vamos tomar café da manhã — Ela me puxa para sairmos
da cama.
Eu suspiro, mas só a acompanho após ir ao banheiro. Não
posso descer de qualquer jeito, se eu encontrar com o Alexander,
não quero que ele me veja de cara amassada e bafo matinal. Ainda
mais depois do que fiz.
Desço as escadas escutando a Megan contar sobre como foi
a sua transa com o Finn, com muito mais detalhes do que eu
gostaria, mas não a interrompo. E nem preciso, já que ela se cala no
momento em que chegamos na sala de jantar e encontramos com
Alexander tomando café da manhã, sozinho.
— Bom dia, senhor Houston — Cumprimento com um sorriso
contido. E sinto vontade de sorrir ainda mais abertamente ao ver um
brilho de irritação em seu olhar.
— Bom dia, pai, achei que já tinha ido para a empresa —
Megan fala sentando-se em seu lugar.
— Me dei folga hoje, não acho que preciso ir trabalhar todo
sábado — Ele dá de ombros.
— Imagino mesmo que depois de uma noite acompanhado,
seja complicado para um velho ter um dia ativo — provoco e ele me
olha ainda mais irritado e a Megan chocada.
— O senhor trouxe alguém aqui para dentro? — Megan
pergunta chocada.
— Eu achei que você não voltaria para casa ontem — Ele
responde e me olha — E como sabe disso?
— Enquanto ia para o quarto de hóspedes, ouvi muitos sons,
parece que o velho ainda aguenta o tranco — Debocho e a Megan
faz cara de nojo.
— Eu não quero ouvir esse tipo de coisa — Ela fala com nojo
e olha para o pai — Achei que tínhamos um acordo.
— Eu sou um homem adulto, dono dessa casa e posso fazer
o que eu bem entender — Alexander responde sério.
— E por isso não precisa respeitar a nossa casa? Por isso
não tem que respeitar a casa que a minha mãe escolheu? — Ela
pergunta irritada.
— Sua mãe morreu há quinze anos, Megan, em algum
momento vou ter outra pessoa — Ele diz exasperado.
— Não uma puta que você traz para comer escondido na
madrugada — Ela fala irritada e fica de pé — Eu não quero mais ver
a cara do senhor hoje.
Ela sai irritada da cozinha antes que o Alexander pudesse
falar qualquer coisa e ele se vira completamente irritado para mim.
— Era isso que você queria? Louise, não testa a minha
paciência — Ele diz com raiva, soando ameaçador, mas isso só faz
com que eu o ache ainda mais sexy.
— Eu não fiz nada, você quem trouxe uma mulher para cá —
Dou de ombros — Tenha um bom dia, senhor…
— Pare com essa merda — Ele me interrompe, sua voz sai
entredente — Você não vai se dar bem com isso.
— Eu acho que está muito enganado — Sorrio pegando um
morango — Tenho certeza que o que fiz está na sua mente até
agora, tenho certeza que mais cedo ou mais tarde vai se masturbar
pensando em mim.
Sorrio de lado e levo o morango na minha boca da maneira
mais vulgar possível e me viro, saindo da cozinha. É tão bom o gosto
da vitória.

Megan bufa, pela décima vez, desde que chegamos na minha


casa. Apesar dela estar sentada à mesa estudando, não acho que
ela realmente esteja estudando. Ela se levanta, bufa, mexe em uma
coisa e depois em outra. Não é possível que ela esteja efetuando um
único trabalho.
— Tudo bem, vamos conversar, eu tô vendo que você está
quase tendo um ataque do coração — Eu brinco e vejo ela suspirar
aliviada.
— Você acha que estou errada em brigar? Acha que errei no
jeito que reagi com o meu pai? — Ela pergunta preocupada.
— Não, quero dizer, você tem seus motivos — Dou de ombros
— Você não fez nada de errado, assim como ele também não.
— Você tem que ficar do meu lado — Ela reclama e eu rio
revirando os olhos.
— Você quem pediu a minha opinião — Jogo um travesseiro
nela — Vocês tinham um acordo, então tudo bem se chatear, mas,
ao mesmo tempo, você não pode julgar seu pai por transar, ele é
homem, bonito, e apesar de eu o chamar de velho, ele não é
realmente, têm as necessidades dele. E você também transa, não
pode julgar ele por isso.
— Mas não na minha casa — Ela se defende e eu olho para
ela arqueando a sobrancelha — mas não quando ele estava lá.
— Ele achou que você não estivesse — Justifico — Não estou
defendendo ele, só estou apontando os lados. Vocês tinham um
acordo, ninguém cumpriu, fim.
— Pensando dessa forma… — Suspira e dá de ombros —
Ainda vou dormir aqui essa noite.
— Mi casa, su casa, mi amor — Eu brinco e ela sorri, e volta a
atenção para os livros.
Deito novamente na cama e fico mexendo no celular,
felizmente não tenho nenhuma matéria acumulada para estudar.
Puxo o ar e minha mente começa a divagar, me lembrando de
ontem. Ver Alexander daquela forma só me deixou ainda mais
interessada nele. Como eu queria estar no lugar daquela mulher.
— Lou — Megan me chama, me tirando dos meus
pensamentos e eu olho para ela — Você pegaria o meu pai?
— O quê?
— Você o chamou de bonito e tal — Ela argumenta me
olhando e eu rio.
— Nunca pensei sobre isso — Minto — Por quê?
— Eu acho que seria estranho — Ela explica — Ele já te viu
quando era criança, seria muito estranho.
— Eu já peguei homem mais velho.
— Eu sei, mas nenhum que te conhecia quando era criança —
Ela argumenta — Essa é a parte esquisita, então por favor, não
pegue o meu pai.
— Como se eu quisesse isso — Desdenho e ela ri.
— Bom — Megan suspira — Agora vou estudar de verdade.
Megan, mais uma vez, volta a mexer nos livros dela. Sei que o
que estou fazendo é errado, mas acredito que os fins justificam os
meios, e ninguém está se machucando de verdade, está?
Capítulo 06

Reviroos olhos pela milésima vez consecutiva, minha


professora não tem noção do que ela está falando. Acho que essa
velha viveu a vida toda em um conto de fadas. Ela definitivamente
não sabe nada sobre a realidade, sobre como as pessoas podem ser
cruéis, sobre como muitas vezes é necessário tomar decisões
extremas.
— … Assim como dizia Jean-Jacques Rosseau, o homem
nasce bom, a sociedade o corrompe — Ela completa o discuso dela
e eu levanto minha mão — Senhorita Foster.
— Eu discordo da afirmação de Rosseau, acredito muito mais
na afirmação de Hobbes, em que ele diz que o homem é mau por
natureza. “O homem é o lobo do homem” — Argumento — Basta
olharmos, de verdade, para a sociedade e como ela se molda.
— Você é uma pessoa, um membro da sociedade, se enxerga
como uma pessoa má por natureza? — Ela me questiona, com um
sorriso de quem acredita que está saindo por cima.
— Talvez, não posso negar que, em um cenário no qual eu
precisasse colocar as minhas necessidades acima de outras, eu não
o faria. Mas felizmente não preciso descobrir, já tenho tudo o que
quero e preciso — Dou de ombros — Somos treinados e ensinados a
viver em sociedade desde o momento em que nascemos, temos
regras, normas sociais e leis. Acredita que em um ambiente sem
isso, as pessoas ainda seriam boas? Não que a bondade não exista,
porque é óbvio que sim, mas a maldade também.
— Tipo Yin-Yang? — Uma colega questiona.
— Eu acho que esse seja um ponto a se avaliar também —
Concordo — Mas acredito que, naturalmente, as pessoas sejam
más, e talvez isso faça parte do instinto de proteção.
— Você está tendo uma visão muito negativa da sociedade —
Minha professora fala negando — Recomendo uma leitura sobre Carl
Rogers, e sua corrente humanista.
Eu abro a boca para responder, mas ela interrompe, e volta a
explicar o assunto. Até parece que ler sobre um psicólogo humanista
com uma visão positivista sobre o ser humano mudará o meu
pensamento. Fora de cogitação. Eu conheço as pessoas.

— Você parece estressada — Dominic fala passando o braço


sobre os meus ombros — Essa professora é maluca e você está
certa.
— Eu sempre estou — Brinco e ele revira os olhos — Por que
está com esse olho roxo?
— Ossos do ofício — Ele responde com um sorriso de lado,
sem explicar muito, mas com ele é sempre assim — Olha sua
metade vindo.
— Minha metade? — Pergunto rindo, vendo a Megan se
aproximando animada — Acho que sim.
— Vocês estão sempre juntas, se defendem, cuidam uma da
outra, brigar com uma é o mesmo que brigar com as duas — Ele
explica e eu rio — Eu ainda lembro o que você fez com a Sam.
— Não sei do que você está falando — Me faço de
desentendida.
— Pois eu sei — Ele ri — Você transformou a vida dela em um
inferno, e a fez se transferir para outra unidade. Você é,
definitivamente, um lobo.
Reviro os olhos, mas tenho um sorriso pequeno nos lábios.
Não me arrependo de nada do que fiz com a Sam, e faria
novamente, ela foi avisada da primeira vez que achou que poderia
tentar prejudicar a Megan. E, bom, ninguém mexe com a minha
melhor amiga e sai impune.
— Finalmente essa aula acabou — Megan reclama quando
chega até nós.
— Sempre me pergunto porque você ainda faz faculdade —
Dominic ri alto.
— Você também não é dos melhores, e eu não to falando
nada — Ela rebate e eu rio.
— Todo mundo sabe que eu só faço porque o meu pai me
obriga — Ele diz sorrindo indiferente — Nem acho que vou precisar
disso.
— Já te disseram que a melhor forma de quebrar as regras, é
conhecendo as regras? Se não disseram, fique sabendo agora — Eu
comento e ele me olha desconfiado, mas ignoro — Vamos almoçar?
— Meu pai está vindo me buscar — Megan se justifica —
Vamos conversar sobre sábado.
— Ótimo, vocês precisam mesmo se resolver — Brinco e ela
revira os olhos.
— Cansada de mim? — Ela pergunta com deboche e eu rio —
Pois saiba que quem tem que reclamar sou eu, você teve pesadelos
todas essas noites e não me deixou dormir, além de me deixar
preocupada.
— Você está bem? — Dominic pergunta preocupado.
— Estou ótima e foram só umas noites ruins — Desdenho,
sem dar importância.
— Meu pai chegou! — Megan exclama, mudando a direção do
assunto e eu fico grata, odeio falar sobre os meus pesadelos.
— Vamos te acompanhar até a entrada da faculdade — Aviso
e ela sorri acenando.
Acompanhamos a Megan até o carro, Dominic faz o caminho
inteiro me mantendo junto dele. Alexander está fora do carro
esperando pela Megan e eu sorrio, é sempre uma bela visão
encontrar esse homem.
— Até amanhã — Megan se despede e vai em direção ao pai.
— Agora é nós dois — Dominic fala e coloca a mão na minha
cintura — Vamos?
— Vamos — Confirmo e deixo ele me guiar, mas antes de ir,
confiro uma última vez e quase sorrio vendo os olhos do Alexander
em mim.
Ele já está completamente rendido e na próxima oportunidade
que eu tiver, vou colocar esse homem contra a parede. Eu sempre
consigo o que quero, e eu realmente o quero.
Capítulo 07

Chego em casa me sentindo exausta. O estágio sempre me


deixa muito cansada, mas eu gosto. Me sinto pertencente quando
estou na empresa dos meus pais aprendendo sobre o funcionamento
de tudo, sobre como é administração de algo tão grande, mesmo que
meu estágio seja bem longe da função que terei quando estiver
formada, mas sinto como se estivesse caminhando. Quando chegar
o momento, estarei preparada e pronta para dar orgulho para eles.
— Louise — Minha mãe me chama e eu paro perto da porta
do quarto — Finalmente chegou, quero conversar com você um
pouco.
— Tudo bem, aqui no corredor mesmo ou no meu quarto? —
Pergunto, minha mente começa a pensar dezenas de coisas de uma
só vez.
Será que o Alexander falou com os meus pais? Isso seria um
problema. Mas como ele teria explicado o interesse dele? Acho que
só estou pensando nisso por culpa… não, não culpa, mas por saber
que o que estou fazendo é errado.
— Pode ser no seu quarto — Ela escolhe e eu assinto,
abrindo a porta.
Talvez eles só estejam indo fazer alguma viagem. Mas eles
nunca avisam sobre isso. Respiro fundo. Melhor eu não me perder
tanto assim em pensamentos, preciso primeiro saber o que ela falará
e depois penso no que fazer.
— Aconteceu alguma coisa? — Pergunto quando ela entra no
quarto.
— Você quem precisa me dizer isso — Ela retruca e eu olho
confusa para ela.
— Eu não acho que tenha acontecido algo — Falo um pouco
receosa — Do que a senhora está falando?
— A Megan conversou comigo… — Ela começa a falar e eu
fico ainda mais confusa, mas também aliviada, melhor ter sido coisa
da Megan do que do pai dela — Você está tendo pesadelos
novamente.
— Eu não quero falar sobre isso — Corto o assunto,
entendendo onde ela quer chegar.
— Louise, você não pode ser tão teimosa assim, se eles estão
voltando, você precisa se tratar — Ela fala incisiva e eu respiro
fundo, mas sinto as minhas mãos começando a tremer.
— Eu estou bem, mãe — Garanto, mas ela ainda me olha
desconfiada — Eu, realmente, estou bem.
— Mas…
— Foram só umas noites mal dormidas — Reforço, me
aproximando dela — Eu sei que fica preocupada, mas está tudo
bem, eu estou bem.
— A data do acontecimento está próxima, sei que isso te
abalará cada vez mais — Ela me abraça — Sei que sou uma mãe
ausente, mas eu te conheço.
— Eu sei que sim — Suspiro — Mas se eu precisar de ajuda,
vou pedir. Prometo.
Ela me encara por um tempo em silêncio e então assente e
me abraça. E eu retribuo o abraço. Nicole não é muito carinhosa,
mas sempre que chega outubro, ela muda um pouco. Mas depois de
tudo o que aconteceu, eu a entendo.
— Eu não queria, mas vamos precisar passar uma semana
fora — Ela avisa quando se afasta — Mas eu não quero que fique
sozinha esses dias.
— Mãe, eu tenho vinte anos — Eu falo rindo — E em um mês
faço vinte e um.
— E ainda é meu bebê — Ela dá de ombros — Você vai para
a casa do Alexander, ele está com seu pai agora, em reunião, mas
pode arrumar as suas coisas, até que a gente volte, quero que fique
lá para não ficar sozinha.
— Tudo bem — Concordo, afinal, é uma ótima ideia passar a
semana bem pertinho do Alexander — Para onde vocês vão?
— Visitaremos o Luke, seu irmão terá uma semana de férias,
mas como terá algumas apresentações, decidimos ir para lá, como
você tem aula e estágio…
— Entendo, não tem problema — Conforto-a — Natal está
chegando, e ele vem para casa passar as férias.
— Exatamente — Ela concorda com um sorriso aberto —
Agora arruma suas coisas, daqui a pouco mando te chamarem.
— Sim, senhora — Respondo, ela beija a minha testa e sai do
quarto.
Me jogo na cama e respiro fundo. Eu odeio falar sobre o que
aconteceu, odeio pensar naquele dia, e odeio quando começam a
me perguntar sobre o que houve. É passado, acabou.
Suspiro pensando no meu irmão, Luke tem só treze anos e eu
mal me lembro dele, já que praticamente crescemos nos Internatos,
nos vemos apenas nas férias de final de ano. E, nem sempre é
possível. Diversas vezes fiquei presa na escola.
Eu acredito que nossos pais nos amem, mas eu também
acredito que eles não gostem de ser pais.
Fecho os olhos por um segundo e minha mente me leva de
volta ao passado. Lá é um lugar que eu não gosto de estar, mas que
sempre acabo voltando quando falo dele. Odeio os colégios, as
professoras, odeio os gritos…
— Senhorita? — Escuto me chamarem e sento-me,
assustada, na cama e vejo a porta sendo aberta devagar — Sua mãe
pediu para ver se está pronta.
— Não estou — Tento sorrir, mas falho — Pode me ajudar?

— Estou animada para essa semana — Comento sorrindo


quando entramos no carro.
Ele me ignora e começa a dirigir, e eu sorrio observando-o.
Alexander tem os olhos escuros, e sua expressão séria deixa ele
muito sexy. Ele poderia ser um personagem de filme de máfia,
gostoso e com cara de perigoso. Mesmo que eu saiba que o único
perigo que ele apresenta é para a minha sanidade.
Sorrio de lado e coloco a mão na coxa dele, deslizando os
dedos lentamente em direção à virilha dele, mas antes que eu
chegue lá, ele tira a minha mão e me dá um olhar breve e irritado.
— Não se atreva, Louise — Ele fala ríspido, e minha pele
quase se arrepia.
— Está com medo de gostar? — Provoco e ele revira os olhos
— Vai dizer que não ficou nenhum pouco interessado depois do que
viu?
— Não, não fiquei — Ele nega e eu rio — Você precisa parar,
eu sou amigo do seu pai, e pai da sua amiga, percebe o quanto isso
é errado?
— O que eu percebo é que somos dois adultos em um carro
que estão morrendo de tesão — Respondo sorrindo e ele respira
fundo.
— Você ainda vai se queimar nesse jogo — Ele diz, me
olhando sério, quando para no sinal vermelho.
— Você é fogo? Então saiba que eu quero, muito, me queimar
— Respondo olhando nos olhos dele.
Alexander me encara em silêncio. Seu olhar é intenso e sua
respiração é pesada, acho que ele está tendo uma luta interna, por
isso lambo os lábios devagar, enquanto direciono meu olhar para a
sua boca. Como eu quero a boca dele, na minha.
— Foda-se tudo!
Ele me puxa pela nuca e cola nossas bocas. Sua língua
invade a minha boca e dita o ritmo do beijo, que é quente, quase
selvagem. Quase obsceno. Meu coração está agitado dentro do
peito, e sinto que estou um pouco entregue demais, mas eu
realmente queria isso, beijá-lo até que o fôlego faltasse.
Mas uma buzina soou alta, nos assustando e nos fazendo
afastar.
Alexander respira fundo e sorri, voltando a dirigir. E me olha
rapidamente.
— Você age como se tivesse o controle de tudo, mas, na
verdade, está nas minhas mãos.
É o que você pensa. Sorrio, mas não digo nada.
Capítulo 08

Megan me abraça no instante em que piso na sala de estar


da casa dela e eu retribuo o abraço, mesmo que tenha sido de
surpresa, reconheço a minha melhor amiga em segundos. E também
logo entendo o porquê do abraço.
— Me desculpa — Ela pede e eu me afasto um pouco, vendo
um brilho de culpa em seu olhar — Eu falei com a sua mãe.
— É, já estou sabendo — Suspiro, sei que ela fez por estar
preocupada, mas ainda é invadir a minha privacidade — Megan, eu
estou bem, entendo que fez o que fez por preocupação, mas eu
realmente não preciso dessa atenção toda, é besteira.
— Não é besteira — Ela reclama e suspira preocupada,
Megan é bastante expressiva. — Mas pelo menos agora, você vai
ficar aqui em casa uns dias.
— Como se eu já não fizesse isso o tempo todo — Eu brinco e
ela ri concordando.
— Finn me chamou para sair — Ela comenta ao me
acompanhar pelas escadas para que eu possa guardar a minha
bolsa.
— Sair tipo um encontro ou sair para se comerem? —
Questiono curiosa e vejo de canto de olho ela arregalar os olhos, se
fazendo de ofendida.
— Louise! — Ela exclama e eu rio — vai ser um encontro, ok?
— Fofíssimos — Falo divertida e me jogo na cama dela — e
depois?
— Depois a gente vai transar muito — Ela dá de ombros, mas
exibindo um sorriso malicioso e deita comigo. — Estou na idade de
me divertir, ok?
— Ok — Concordo rindo, e me viro na cama, encarando o teto
— Minha programação será pijama e pizza.
Mas, se o Alexander estiver em casa, eu posso repensar essa
programação. Quero muito me divertir um pouco com ele, quem sabe
se depois que ele apagar meu fogo, eu pare de pensar tanto nele
assim.
— Acho que vou cancelar com ele e ficar com você em casa
— Megan cogita, já alcançando o celular para ligar para ele, mas eu
impeço. Essa é a minha chance de ficar sozinha com o Alexander.
— Não mesmo, vai se divertir — Nego. — Inclusive, vai se
arrumar.
— Está me expulsando da minha casa? — Ela pergunta rindo.
— Estou, vai logo — Digo me fingindo de séria e ela ri mais.
— Ok, mamãe, tô indo, tô indo — ela debocha enquanto se
levanta e eu rio.
Mamãe, não, mas madrasta em breve.
Enquanto ela se arruma para ir para o encontro, eu me arrumo
para ficar em casa, mesmo de pijama quero estar apresentável, não
importa como ele já tenha me visto antes. Megan troca de roupa
cinco vezes, até definir que vai com o primeiro vestido que colocou.
E eu ajudo na maquiagem e cabelo, para finalizar o look.
— Você está linda — Elogio sendo sincera.
— Obrigada! — Ela confere o celular e abre um sorriso — ele
chegou!
— Bom encontro e qualquer coisa, me liga.
— Pode deixar — Ela fala animada — Até… Até amanhã!
Ela me dá um abraço rápido e sai do quarto. Eu vou até em
frente ao espelho, sou uma mulher bonita, mesmo nesse pijama
nada sensual, consigo ser uma mulher atraente. Prendo meu cabelo
em um rabo de cavalo, mantendo um sorriso no rosto. E por um
segundo sou fisgada pela lembrança de como é beijar Alexander, a
sensação inebriante de me aproximar do fogo. Não como Ícaro que
perdeu as asas quando voou em direção ao sol. Pois não importa o
quão quente ele seja, eu sou o próprio sol.
E deixarei que ele se atraia pelo meu calor e venha até mim.
Eu sei que ele fará isso.
Desço as escadas tranquilamente, indo em direção à cozinha
para fazer um lanche antes de voltar para o quarto, mas sou
interceptada pelo caminho e meu corpo colocado contra a parede.
— Você começou isso, e agora eu vou terminar — Ele
vocifera, seus braços me prendem contra a parede e seu olhar é
quase selvagem.
— Então por que está perdendo tempo? — Debocho
provocando-o, mas sinto um fio de eletricidade percorrer o meu
corpo, sei que ele não está brincando.
— Vou fazer você se arrepender do de ter me provocado tanto
— Ele diz e me beija bruscamente.
Alexander prende seu corpo contra o meu, me beijando, como
se quisesse me devorar. De repente ele tira o meu corpo do chão,
colocando as minhas pernas envolta do seu corpo e me prendendo
ainda mais contra si.
Ele me carrega pela casa, me levando direto para o seu
quarto. Ele me joga na cama e se afasta, me olhando como se eu
fosse feita de pecado, e talvez eu seja, mas ele está desejando
pecar. Desejando-me.
Alexander deita sobre mim, seu olhar é intenso, mas não se
compara ao seu beijo. Seus lábios são exigentes, sua língua se
move contra a minha exigindo por controle, sua mão invade a minha
blusa fazendo a minha pele formigar por onde toca.
Ele levanta o corpo e arranca a própria camisa. Seu peitoral é
definido, e ele tem uma tatuagem de um lobo no peito. E eu deslizo
as pontas dos dedos sobre sua pele, arranhando-o levemente. Ele
tem um corpo perfeito para eu me perder.
E ele arranca a minha blusa e beija a minha boca, suas mãos
deslizam sobre a minha pele enquanto sinto seu pau duro sendo
pressionado contra a minha boceta. Minha pele já está arrepiada, e
minhas pernas abertas, ansiosa para receber ele.
— Eu vou provar cada pedacinho de você — ele diz com a
voz rouca, e consigo sentir seu hálito quente contra a minha pele.
— Sou sua — Suspiro, sentindo ele massagear meu seio —
pode fazer o que quiser comigo.
— Gosto dessa confiança que tem em mim — Ele responde,
antes que eu diga algo, me beija novamente.
Ele se afasta milimetricamente de mim, e começa a beijar o
meu rosto, sua língua desliza pelo meu pescoço e eu sinto seus
dentes arranhando a minha pele. Ele sabe o que está fazendo, está
tentando me deixar louca.
Sua boca alcança o meu seio. Seus dentes me arranham e
ele lambe a pele sensível, beijando e chupando em seguida. E eu
gemo baixo, me sentindo eletrizada pelo prazer que está tomando
conta de mim.
As minhas mãos apertam os lençóis e sua língua desliza em
direção a minha vagina, e eu ofego. Então, sinto o meu short sendo
tirado do meu corpo. E ele beija a minha coxa e seus dedos me
tocam, me masturbando levemente, brincando com a minha
lubrificação.
Me sinto muito excitada.
De repente, sinto sua língua me tocando e gemo. Ele aperta
as minhas coxas, mantendo as minhas pernas bem abertas,
enquanto a sua boca me chupa, lambe e até morde levemente meu
clítoris. Gemo cada vez mais alto. É como se eu tivesse caído em um
mar de prazer e estivesse me afogando. E eu gosto disso.
Meu corpo estremece e eu grito. Minha visão se enche de
pontos e eu sinto como se estivesse quebrando em milhares de
pedaços. Alexander continua me estimulando, sua língua desliza na
minha boceta como se estivesse provando do melhor mel.
— Eu vou gozar — Falo com a voz trêmula, ofegante.
Meu aviso faz com que ele me chupe com mais intensidade.
Sua língua quente sabe exatamente onde tocar e me fazer
estremecer. Meu corpo chega ao seu máximo, e eu grito de prazer
enquanto gozo, mas ele não para.
Eu preciso respirar fundo e rápido, recuperando o fôlego e ele
começa a subir os beijos pelo meu corpo, que está ainda mais
sensível.
Me sinto adorada com a forma que ele me toca, pelo calor que
seus lábios deixam em meu corpo, ou mesmo como minha pele se
arrepia com seus toques.
Ele beija o meu pescoço e eu abro os olhos para encará-lo,
Alexander tem um sorriso lascivo no rosto e seus dedos deslizam
pela minha bochecha.
— Você tem um gosto melhor do que eu imaginava — Ele
sorri e me beija.
Levo a mão em sua nuca, intensificando o beijo, quero sentir
tudo, aproveitar cada segundo.
— Eu quero provar você — Peço ofegante e ele me dá um
selinho rápido.
— Tenho certeza que eu gostaria muito de sentir sua boca no
meu pau e ver sua cara de puta enquanto me chupa — Ele desliza o
dedão pelos meus lábios — Mas, no momento, eu quero te foder.
Ele se levanta, e meu corpo já sente falta do peso dele me
pressionando. Alexander se livra da calça e eu lambo os lábios,
quase salivando, ao ver seu pau grande e grosso, duro e com as
veias marcando. A cabeça rosinha me faz querer lamber ele como se
fosse um sorvete.
— Essa sua carinha de quem está passando fome de pau não
vai mudar minha opinião — Ele avisa e eu levanto os olhos para ele.
— Me deixa te chupar — Peço fazendo biquinho.
— Quero te comer agora — Ele diz e caminha até a cama,
colocando uma camisinha.
— Então espero que faça isso direito — Provoco insolente,
sorrindo de lado.
Ele puxa o meu corpo para a beirada da cama e coloca uma
perna minha em cada lado do seu ombro e me penetra com força e
em uma estocada só. Gemo alto e ele começa um movimento rápido
e frenético de vai e vem. Seu olhar é selvagem e instigante e me faz
querer mais.
Ele muda nossa posição, ficando por cima de mim, sua boca
alcança a minha, o beijo é conturbado porque ele continua me
invadindo e movendo, me deixando completamente insana de prazer.
Alexander me preenche, me leva ao máximo do prazer e
ainda assim, percebo que da minha boca continuam saindo palavras
de súplica, implorando por mais.
De repente ele nos vira na cama, me deixando sobre ele.
— Quero que você se foda no meu pau — Ele fala de um jeito
tão autoritário que me deixa instigada.
Encaixo o seu pau na minha boceta e me sento lentamente,
sentindo ele me abrindo, me preenchendo enquanto gemo. É
deliciosa essa sensação.
Começo a subir e descer na sua rola. Suas mãos apertam
ambas as minhas coxas e seu olhar é quente, da sua boca escapam
os gemidos que me entorpecem. Sentir Alexander dentro de mim é
como experimentar estar no céu e no inferno ao mesmo tempo.
Jogo a minha cabeça para trás, gemendo. E de repente sinto
as mãos dele em meu quadril, e ele começa a se movimentar, com
força e intensidade e eu quase grito sentindo o prazer tomar conta de
mim. Meu corpo já estava sensível e cada segundo fica ainda mais.
Ele me tira de cima dele e eu suspiro quase frustrada.
— De quatro — Ele manda — E com essa bunda bem
empinada.
— Sim, senhor Houston — Respondo com a voz doce e o vejo
inspirando profundamente. Então obedeço.
Alexander acerta um tapa forte na minha nádega direita e
acaricia a minha pele ardida. Então encaixa o pau na entrada da
minha boceta e me penetra devagar dessa vez. Sinto ele me
invadindo e gemo alto, rebolando nele, completamente ofegante.
Ele começa um movimento ritmado e rápido de vai e vem e eu
gemo, com a bunda bem empinada, de repente ele acerta outro tapa
e eu grito, gemendo. Meu corpo estremece e minha mente fica
completamente branca. Apenas sinto.
E sinto muito. A sensação de estar me afogando no prazer
aumenta, meu corpo estremece e eu grito enquanto gemo. Não me
importo de ser escandalosa enquanto tenho meu segundo orgasmo.
Alexander ainda me fode enquanto gozo.
Ele tira o pau de dentro de mim e, em segundos, sinto os jatos
de porra quente atingindo a minha bunda. Escuto seus gemidos
enquanto ele goza sobre o meu corpo.
Ele então deita ao meu lado e me puxa para perto dele, me
envolvendo em um abraço carinhoso. Minha pele está grudenta,
minha respiração pesada e ofegante, mas eu me sinto
completamente satisfeita. Foi melhor do que qualquer imaginação
minha.
— Você está bem? — Ele questiona, fazendo carinho no meu
rosto.
— Perfeitamente bem — Respondo sorrindo, ainda que esteja
um pouco sem fôlego.
— Quer ir para a banheira comigo?
— Não, eu vou para o meu quarto, tomar um banho e dormir.
— Respondo, já me sentando na cama.
— Você pode dormir comigo — Ele diz e eu viro meu olhar
para ele.
Alexander completamente nu, na cama, me chamando para
dormir com ele. É algo que eu realmente aprecio, mas é impossível
de acontecer.
— Te vejo no café da manhã — Respondo com um sorriso
pequeno e me inclino, beijando suavemente seus lábios, então me
afasto, antes que ele tenha tempo de colocar suas mãos em mim.
Visto meu pijama rápido e caminho até a porta do quarto,
olhando mais uma vez para ele da porta, seu olhar também está em
mim e eu sorrio pequeno, vitoriosa, eu venci esse jogo, e ele também
sabe que sim.
Capítulo 09

Eu quero matar Alexander Houston.


Uma semana sendo evitada. Uma semana na casa dele e ele
simplesmente evaporou.
Se ele acha que eu aceito isso, está muito enganado. Quero
ver ele dizer na minha cara que odiou tudo o que aconteceu e que
simplesmente não quer me tocar novamente. Porque eu sei que ele
quer, sei que depois do que houve, ele vai me desejar ainda mais.
Se antes eu já era a pior das tentações para ele, Alexander
não perde por esperar, porque mostrarei que posso ser ainda pior.
Eu sempre consigo o que quero, e ele será meu até que eu não
queira mais.
— Por que está com essa cara de quem vai matar um? —
Megan pergunta me tirando dos meus pensamentos, enquanto se
senta na espreguiçadeira ao meu lado.
— Pensando na faculdade — Digo indiferente — Por que
demorou tanto?
— Estava procurando seu protetor solar que eu gosto — Ela
balança o pote — E encontrei com o meu pai, ele veio falar com o
seu.
— Eles e essas reuniões chatíssimas — Falo revirando os
olhos.
— E você decidiu seguir os passos dos seus pais — Ela
responde rindo e eu dou de ombros.
— Fazer o que se eu gosto de coisas chatas — Brinco.
— Você se lembra da Annabeth? — Ela pergunta do nada e
eu olho confusa para ela.
— Não, eu deveria conhecer uma Annabeth? — Questiono e
ela assente — Serve a de Percy Jackson?
— A minha prima, uma ruiva, filha de uma irmã da minha mãe
— Ela vai falando e eu continuo negando — Ela sempre me visitava,
você conheceu ela quando éramos crianças.
— Eu realmente não lembro — Respondo, tentando não
respirar fundo demais, e nem parecer nervosa — Mas o que
aconteceu com ela?
— Ela é youtuber e tiktoker de casos criminais, ela ligou
perguntando se você poderia falar sobre o internato…
— Não, eu não posso e eu não quero — Respondo um pouco
mais ríspida do que gostaria.
— Eu sei que esse é um assunto delicado, juro que te
entendo, mas acho que seria bom falar sobre isso, quanto mais você
falar, menos pesado ele vai ficar — Ela insiste e eu respiro fundo.
— Vou dar um mergulho.
— Louise…
— Agora não, Megan — Corto a fala dela, respiro fundo mais
uma vez e então pulo na piscina.
Só quem estava lá entende a merda que foi, entende o que eu
sinto. Mesmo que uma grande parte de mim acredite que não tenha
ninguém que tenha passado por algo que passei. Eu não quero e
não vou, nunca, falar sobre isso.
Saio da água e vejo a Megan colocando sua canga e pegando
suas coisas.
— Onde você vai? — Pergunto da piscina mesmo.
— Para casa — Ela responde sem me olhar, então fica parada
alguns segundos e se vira para mim — Eu acho que você precisa
pensar direito sobre isso, nem para mim você fala sobre a droga do
internato.
— Por que isso é tão importante?
— Porque isso te machuca e você não divide comigo — Ela
responde e puxa o ar com força — Você não confia em mim? Eu não
sou a droga da sua melhor amiga? ENTÃO FALA COMIGO!
— Eu acho que você tem mesmo que ir para casa, relaxar um
pouco — Eu respondo impassível — Depois a gente conversa,
quando você se acalmar.
— Lou, eu to… — Ela respira fundo e balança a cabeça — tô
calma, só não entendo porque você não fala sobre isso, nem comigo,
nem com ninguém.
— Porque dói, porque é horrível reviver aquilo, porque… —
Prendo os lábios em uma linha e encaro ela em silêncio um tempo —
Por que do nada você está falando sobre isso?
— Porque você continua tendo pesadelos, e isso me preocupa
— Ela admite e suspira — Mas estou vendo que vai ser impossível
conversar direito sobre isso.
— É, impossível — Concordo com ela — Tenha um bom dia.
Mergulho novamente antes que ela possa responder mais
alguma coisa. Acho que tenho que passar uns dias sem dormir perto
dela, nada de a visitar e nem dela me visitar. Será que é tão difícil de
entender que eu não cogito falar sobre o internato? Nem hoje, nem
amanhã e nem nunca.
Quando saio de dentro da água, Megan realmente foi embora.
E eu continuo nadando para me desestressar. Minha mente está
barulhenta demais, e eu não quero resolver esses pensamentos.
Saio da água e pego o meu roupão. Está tudo bem, nada vai
mudar. Essa é a minha vida e eu tenho poder de escolha sobre ela,
por isso não vou me estressar, não vou me descabelar. Não vou me
preocupar. Esta é a minha vida.

Antes de conseguir fechar a porta do meu quarto, ela é aberta


e eu vejo Alexander entrar no cômodo e trancar a porta em um
movimento rápido. Então ele me prende contra a parede, me
beijando com desejo, sua língua invade a minha boca e dita o ritmo
selvagem do beijo.
Ele tira meu roupão, e sorri ao ver que estou só de biquíni.
Sua boca cola na minha novamente e sua mão desliza pelo meu
corpo, indo em direção a minha vagina. Sua mão invade a minha
calcinha e seus dedos me tocam e eu suspiro entre o beijo.
Sexo é o que eu preciso para desestressar.
— Temos que ser rápidos, mas preciso muito te foder agora —
Ele fala beijando meu pescoço — Fiquei te olhando do escritório do
seu pai, e eu preciso te sentir.
— Então me come contra essa parede até eu gozar no seu
pau e depois volta para a sua reunião, como se não tivesse feito a
filha do seu melhor amigo gemer como uma putinha — Provoco ele
que sorri de lado.
— Vai ser um prazer — Ele responde e gira o meu corpo me
deixando de frente para a parede.
Alexander se abaixa, tirando a minha calcinha e beija e morde
a minha bunda. Então escuto sua calça sendo aberta e empino a
minha bunda, abrindo as pernas e gemo baixo, sentindo ele esfregar
o pau na minha vulva.
— Eu disse que você cairia em tentação — Falo suspirando e
ele deixa escapar uma risada soprada.
— Você que ainda não sabe onde se perdeu — Ele responde
e eu sinto seu pau entrando vagarosamente em mim.
Eu preciso espalmar as minhas mãos na parede para me
equilibrar e ele começa a se mover rápido e com força, sua mão
aperta meu seio e ele morde meu ombro e eu gemo.
— Sem barulho — Ele me repreende e se move com mais
força.
Ele coloca a mão na minha boca, me impedindo de gemer e
sua outra mão aperta a minha cintura, tenho certeza que ficará
marcado. Mas não consigo me importar com isso, me sinto tão
excitada que só quero sentir mais dele, sentir seu pau me
estimulando, me enlouquecendo.
Meu corpo estremece e eu sinto que estou gozando, mas ele
continua me fodendo, sua mão sobe da minha cintura para o meu
peito e ele aperta com força por dentro do biquíni, então ele tira o
pau de mim e goza na minha bunda.
— Eu tomei uma decisão importante — Ele fala me virando
para ele, mas estou ofegante demais para responder — Você é
minha.
Ele me beija e eu retribuo, ainda atordoada pelo orgasmo.
Então vejo ele arrumar o pau na cueca e fechar a calça. Ele me beija
mais uma vez e sai do quarto.
Um dia bastante intenso.
Capítulo 10

Coloco as luvas pretas que vão até o meio do braço, gosto


da elegância e sensualidade que elas me dão. E apesar da minha
cor favorita ser vermelho, meu vestido hoje é preto. Sorrio me
olhando no espelho, meu vestido é justo no busto e longo, mas a
saia dele não é tão colada. Perfeito para mim.
Decido colocar um último acessório e abro a gaveta onde
deixo as joias que mais uso, minhas favoritas, mas fico confusa ao
ver um papel dentro dela. Só quando pego, percebo que se trata de
uma foto. Respiro fundo ao ver que é uma foto do internato com
todas as meninas do meu ano.
Como essa foto veio parar aqui? Eu deveria ter queimado
isso. Suspiro, eu não conseguiria fazer isso, não queimaria nada
daquela caixa, mas como essa foto veio parar aqui? Eu tenho
certeza que não me mexi em nada lá, minha caixa fica escondida
dentro do meu closet. Então como?
Olho mais uma vez para foto, e me vejo ali, no canto ao lado
da única amiga que fiz em anos naquele lugar. Não foi pela pior
escola que passei, mas… mas definitivamente faz parte de um
passado que não quero ficar revivendo.
Coloco a foto novamente na gaveta quando batem na porta, e
a governanta entra no quarto quando eu autorizo.
— Sua mãe está te chamando — Ela avisa — Está pronta?
— Sim, estou — Respiro fundo — Senhora Middleton, por
favor, peça para não mexerem mais nos meus itens pessoais e os
mudem de lugar novamente.
— Ao que a senhora se refere exatamente? — Ela questiona
inexpressiva, mas formal.
— As minhas fotos e outros itens guardados no closet, não
quero ninguém mexendo lá — Explico — Encontrei uma foto na caixa
de joias, não quero que isso se repita.
— Eu sou a única com autorização para mexer na sua gaveta
de joias, não coloquei foto lá, senhorita — Ela explica — Deve estar
havendo uma confusão.
— Como assim?
— Se essa foto mudou de lugar, e não foi a senhorita, foi outra
pessoa da família — Ela fala firme e eu respiro fundo.
— Ainda assim, deixe o recado aos funcionários — Eu repito e
ela assente.
Caminho em direção à porta respirando fundo para ficar
calma. Estou fazendo tempestade em copo d’água, não existe razão
para que isso me preocupe dessa forma, se eu ficar pensando
demais nisso, vou acabar ficando paranoica.
Na sala, encontro os meus pais me esperando, minha mãe
parece impaciente, mas finjo que não percebi isso.
— Hoje é uma noite importante para o seu pai — Nicole fala
quando já estamos dentro do carro.
— Sobre o que é o evento desta noite? — Pergunto olhando
para eles. Estar em uma limusine facilita isso.
— Um banqueiro muito importante vai estar lá, é a esposa
dele quem está organizando tudo essa noite, e bom, no próximo ano
serão as eleições, quero estar muito bem apoiado quando me
candidatar — Meu pai responde.
— Achei que já tinha desistido — Comento e Aaron me olha
arqueando a sobrancelha — É que eu não vi o senhor falando sobre
isso.
— Temos nos falado pouco — Ele responde e eu assinto,
concordando.
Eu realmente converso pouco com meu pai, menos do que
falo com a minha mãe. É tão bom ter eles na minha vida, mas, ao
mesmo tempo, eu tenho consciência do quão ausente eles são. Mas
tudo bem, é melhor assim do que não ter ninguém, nunca.
Chegamos ao local do evento. Recebemos um folhetinho com
as instruções da noite, eu acho um pouco estranho, mas não julgo.
Foi ótimo para me deixar informada do roteiro da noite. Primeiro é a
recepção, depois o jantar e finalmente um leilão, para angariar
fundos para crianças carentes.
Não confio em bilionários que fazem leilões para ajudar
pessoas pobres, isso é com certeza só uma forma de amenizarem
seus impostos, ou lavagem de dinheiro.
“O homem é o lobo do homem”, só não vê quem não quer.
— Finalmente você chegou — Megan fala ao se aproximar,
após cumprimentar meus pais.
Depois da nossa discussão na piscina ontem, só voltamos a
nos falar hoje para decidirmos juntas os looks para o evento. O que
me deu uma grande paz no coração, porque ela é a minha melhor
amiga e eu realmente odeio brigar com ela.
— Eu acabei me enrolando um pouco — Respondo com um
sorriso pequeno.
— Eu não estava mais aguentando o meu pai — Ela bufa e eu
fico confusa, e começo a procurar Alexander com os olhos — Ele
está acompanhado daquela… como eu posso dizer? Puta.
— Quem? — Pergunto confusa.
— Margareth Bennet, a viúva do diretor de cinema — Ela
explica e eu assinto, me lembro vagamente dessa história — Ele tem
saído com ela, mas eu simplesmente odeio aquela mulher.
— Ele veio com ela? — Pergunto, vendo meus pais já longe
de onde estamos.
— Veio — ela responde enquanto revira os olhos — Juro, não
entendo o meu pai, tanta mulher no mundo, e ele simplesmente sai
com a pior delas.
— Eu continuo surpresa com a informação — Falo e solto um
único riso soprado.
— Eu tô a ponto de matar um — Ela reclama — E vai ser ela,
espera só.
— Esquece isso — Dou de ombros — Vamos beber um
champanhe e nos concentrar em outros assuntos.
— Claro — Ela concorda e logo em seguida passa um garçom
e nós pegamos uma taça cada.
Eu não posso negar que é um evento muito bonito, todas as
pessoas estão muito bem vestidas e com belíssimos semblantes.
Mas, ao mesmo tempo, não deixo de pensar que tudo isso se trata
de um grande teatro. Isso inclui os meus pais, e até mesmo eu.
De repente, meu olhar finalmente encontra o Alexander, ele
está ao lado de uma mulher morena, em um vestido dourado. Dou
um gole na minha bebida, não posso falar nada, agora, mas isso não
vai ficar assim. Se ele pode desfilar por aí com outra mulher, eu
também posso.
— Louise, eu estava pensando, você me conta tudo? —
Escuto a pergunta da Megan, mas fico na mesma posição, com o
olhar distante, tentando entender porque essa pergunta do nada —
Louise?
— Eu estava distraída, o que disse? — Minto.
— Você me conta tudo sobre você? Todos os seus segredos?
Seus medos? Desejos? — Ela questiona e eu olho para ela, e
infelizmente não consigo ler sua expressão.
— Sim — Minto novamente — Por quê?
— Estava pensando sobre isso — Ela dá de ombros e sorri —
Eu sou muito sincera com você, em tudo, te conto tudo, e eu ficaria
muito chateada se a recíproca não fosse verdadeira.
— Pode ficar tranquila, você é minha melhor amiga no mundo
todo, e eu sempre serei sincera com você — Eu falo, mas sinto a
culpa tomando parte de mim. Nem se eu quisesse, poderia ser
sincera sobre isso. Todo mundo tem seus segredos.
Olho para a Megan e ela sorri para mim, mas sabe quando
uma voz grita no fundo da mente? É essa a sensação que estou
tendo, como se a minha intuição estivesse me avisando de algo. E
não que eu seja uma pessoa supersticiosa, mas acho que eu deveria
ouvir. Tem algo de errado acontecendo.
Suspiro, mas antes que eu possa dizer alguma coisa, meu
celular vibra e eu vejo uma mensagem da minha mãe, me chamando
até ela, porque precisa muito me apresentar alguém.
— Minha mãe está me chamando, vai me apresentar alguém
— Falo revirando os olhos — Vai até lá comigo?
— Vou para nossa mesa, me encontra lá depois — Ela
responde e se afasta.
Todos os dias fazemos escolhas. O tempo todo estamos
escolhendo algo. Por isso é necessário aprender a conviver com o
peso delas. A gente sabe que um dia a conta chega, só espera que
demore mais, um dia a mais. Mas estou sentindo que a minha conta
vai chegar mais cedo do que eu esperava.
Balanço minha cabeça e espanto meus pensamentos. Preciso
encontrar a Nicole. Tem muitas pessoas por aqui, e por isso acabo
demorando mais do que gostaria, ainda mais porque preciso parar
para cumprimentar algumas pessoas.
Suspiro aliviada quando vejo a minha mãe. Junto dela está o
meu pai, Aaron. O Dominic, um homem mais velho que não conheço
e um rapaz, parecido com o Dominic, mas não muito. Mesma
tonalidade dos olhos e cabelos, se bem que, reparando mais, o
homem mais velho também se parece com ele. Devem ser da
mesma família.
— Boa noite — Digo ao me aproximar — Não sabia que
estaria aqui, Dominic.
— Já se conhecem? — Minha mãe pergunta surpresa.
— Fazemos faculdade juntos — Dominic responde e sorri
formal — Deixa eu te apresentar, Louise, esse é o meu pai, Lucian
Daniels e meu primo, George.
— É um prazer conhecê-los — Digo educadamente.
— Lucian é um grande sócio e parceiro de negócios — Meu
pai diz com um sorriso amigável — É bom saber que nossos
herdeiros são amigos, melhor para o futuro.
— Com certeza — Lucian responde, mas seu olhar está em
mim.
Eu reconheço a malícia quando eu vejo, e o olhar de Lucian
está repleto de malícia.
Me envolvo na conversa. A minha mãe parece ficar satisfeita
com essa minha reação. Quando eu menos espero, vejo Alexander
se aproximando, junto da tal Margareth, mas o trato com o máximo
de indiferença possível.
— A conversa está muito agradável, mas eu preciso me retirar
— Falo educadamente — Com licença.
— Claro, querida — Minha mãe responde e eu peço licença
mais uma vez.
Caminho tranquila em direção ao banheiro. Eu sinto que essa
será longa noite. E eu nem falo sobre a programação do evento, mas
sim de toda a provocação que estou disposta a fazer.
De repente sinto uma mão na minha cintura, me guiando para
outro caminho e me surpreendo ao ver que se trata de Lucian, mas
não falo nada, apenas deixo ele me guiar. Viro meu rosto, olhando
para trás e vejo Alexander. Ele estava vindo até mim, e eu sorrio ao
ver a raiva em seu olhar.
Uma longa noite
.
Capítulo 11

— O que o senhor está fazendo? — Questiono ao Lucian,


quando ele me leva por um corredor vazio.
— Acho que precisamos de um momento a sós — Ele
responde.
— Eu não sei o que fez o senhor pensar isso, mas eu não
lembro do momento em que dei autorização para isso — Respondo
me afastando dele. Lucian é um homem bonito, e que de alguma
forma exala poder e perigo. E por mais que eu goste de prazer e
adrenalina, sei quando encontro um limite.
— Eu sou um homem feito, Louise, reconheço o interesse de
uma mulher quando vejo — Ele diz com um sorriso de lado — Não
finja que não respondeu às minhas indiretas.
— Não sei sobre o que está falando — Me afasto — Preciso
retornar ao evento.
— Você vai, quando eu disser que pode ir — Ele diz
segurando o meu braço. — Está entendendo?
Ok, talvez eu tenha me ferrado.
— Lucian Daniels, eu acho que está deixando a moça
desconfortável — Alexander diz, se aproximando. Eu estou
parcialmente aliviada dele ter aparecido.
— Deveria cuidar da sua vida, Houston— Lucian responde, se
virando para o Alexander — Ela está aqui porque quer estar.
— Não foi isso que ouvi ela falar — Alexander rebate — Acho
melhor deixar a Louise agora.
— Está me desafiando? — Lucian questiona, arqueando a
sobrancelha.
— Não, meu caro amigo, Lucian — Alexander fala, próximo a
nós, já que o Lucian continua segurando o meu braço — Eu estou
avisando que é melhor para sua segurança e integridade física que
solte a Louise agora. Eu não me importo com quem você é, saiba
que ainda posso te esmagar como se fosse um inseto.
Eles se encaram por alguns segundos e o Lucian me solta.
Meu coração está disparado, com medo, mas sentindo uma
descarga de adrenalina grande no meu corpo. Toda a pressão desse
momento está me deixando nervosa.
— Estou indo, mas saiba Alexander, um dia você vai cair do
pedestal e eu vou estar na plateia apreciando o momento — Lucian
diz em uma entonação quase raivosa.
— A plateia é o único lugar possível para pessoas como você
— Alexander debocha e o Lucian passa por ele irritado, esbarrando
em seu ombro.
Alexander me encara com raiva. Eu não sei o que está
passando na mente dele, mas mesmo que ele tenha me tirado de
uma encrenca, não significa que ele possa me cobrar algo. Ele veio
acompanhado de outra pessoa. Então que se foda.
— Você enlouqueceu de vez, Louise? — Ele pergunta irritado
e eu dou de ombros, indiferente. — Vou resolver essa indiferença.
Ele me puxa para dentro de uma sala e tranca a porta. Eu
olho ao redor, e não tem nada no cômodo. Alexander se aproxima de
mim e segura no meu rosto com força, seu olhar é raivoso e eu
engulo seco.
Ele está muito gostoso assim.
— Você poderia ter se metido em problemas graves — Ele
bufa — E eu disse que você é minha. Eu te avisei, Louise. E eu
nunca divido o que é meu.
— E você acha que eu gosto de dividir? — Pergunto
empurrando ele — Acha que vai aparecer com outra mulher e eu vou
aceitar? Acho que não me conhece o suficiente, senhor Houston.
— O que eu faço com você, Louise? — Ele resmunga,
apertando as têmporas.
— Megan me contou que você tem um caso com aquela
mulher. Acha que eu sou uma dessas que ficam quietinhas e
obedientes? Não Alexander, não é bem assim — Eu falo séria — Eu
não fiquei com o Lucian porque ele definitivamente não faz o meu
tipo, mas enquanto não for estabelecido que existe uma relação
monogâmica entre nós, eu sou uma mulher solteira, que pode e vai
dar para quem quiser. Como sempre fui.
Ele passa as mãos no rosto, nervoso. E se aproxima de mim,
e me prende contra a parede, me deixando de frente para a parede,
quase imobilizada, sentindo todo o corpo dele contra o meu.
— Eu vou repetir, Louise, você é a minha garota e eu não
divido — Ele beija o meu pescoço — Margareth representa só
negociações, e acordos comerciais, não tenho nada de verdade com
ela.
Eu respiro fundo enquanto sinto sua mão deslizando pelo meu
corpo, indo em direção ao zíper do meu vestido.
— Se quer realmente me tocar, com a minha permissão, vai
me garantir que quando formos para a mesa jantar, você vai se livrar
daquela mulher na minha frente, Alexander. — Eu falo firme — Eu
não me importo com a merda de acordo nenhum, ou você é meu e
só meu, ou eu sou de quem eu quiser ser.
— Se é o que você deseja — Ele responde, puxando o zíper
para baixo — Agora vamos aproveitar o pouco tempo que temos.
Sua mão desliza para dentro do meu vestido, indo direto para
o meu seio e aperta ele, enquanto eu rebolo contra o pau dele, e
sinto seu membro duro contra a minha bunda. Alexander espalha
beijos por todo o meu pescoço e eu suspiro.
Eu me derreto tão fácil nas mãos dele.
Alexander me vira de frente para ele e me beija, sua boca é
exigente, e seus lábios se movem com intensidade. É quase difícil
acompanhar o ritmo dele.
Mas somos interrompidos quando alguém tenta entrar no
cômodo. Eu me assusto em um primeiro momento, mas Alexander
reage rápido e fecha meu vestido e me coloca atrás dele. Ficamos
em silêncio e escutamos uma reclamação baixa e depois o silêncio.
— Está na hora de voltarmos, mas na hora que eu te pegar,
vou te castigar por todo esse estresse que me fez passar — Ele fala
e eu rio baixo.
— É uma promessa? — provoco com um sorriso de lado.
— Você ainda vai me enlouquecer — Ele fala negando e
respira fundo — Vamos sair daqui.
Alexander abre a porta e confere o corredor e nós saímos.
Mas eu sinto que estamos sendo observados, até olho ao redor, mas
não vejo ninguém. Estou começando a ficar paranoica de verdade,
preciso cuidar da minha sanidade.
Não volto para mesa com Alexander, seria muito estranho.
Vou para o banheiro e limpo a minha boca, tirando o borrado do
batom e respiro fundo. Acho que estou enlouquecendo também, mas
estou com aquela sensação dentro de mim que me avisa que algo
ruim está para acontecer. Mas o quê?
Não tem o que fazer, preciso esperar.
Vou até a mesa no momento exato que avisam que o jantar
vai ser servido, sou a última pessoa a sentar à mesa, minha mãe me
olha séria, mas não fala nada, até porque somos interrompidos pela
Margareth que se levanta muito irritada e se retira.
Alexander cumpriu o que prometeu. Ele é só meu agora.
Capítulo 12

Olho a cidade pela janela de vidro da sala da presidência, e


apesar da vista linda, da reunião que está acontecendo, minha
mente só consegue pensar em uma coisa, melhor dizendo, uma
pessoa. Louise.
Eu não achei que acabaria cedendo a tentação que ela é, mas
como não? Louise é uma mulher linda, todo o seu corpo, seus lábios,
cada centímetro de sua existência são perfeitos, é como se ela
tivesse sido desenhada por um deus, forjada no fogo.
Mas, ainda é a filha do meu melhor amigo, e eu tenho certeza
que ele não ficará feliz em descobrir que eu estou fodendo com a
filha dele. Eu conheço o amigo que tenho, e sei que ele ficará
completamente revoltado com isso.
— Senhor Houston, está escutando? — Um dos diretores
pergunta e eu me viro para eles.
— Claro, mas a ideia não é boa e acho que deveriam
reformular ela — Eu respondo inexpressivo.
— A partir de qual ponto? — A secretária pergunta, fazendo
anotações.
— Do começo, refaçam tudo — Eu determino e ela me olha
com os olhos arregalados — Ainda existe mais algum motivo para
essa reunião continuar acontecendo?
— Não, senhor — o diretor responde — Iremos reformular
tudo, e depois pedimos uma nova reunião.
— Ótimo — Respondo com um aceno.
Volto para a minha cadeira, observando-os deixar a minha
sala. Fecho os olhos, massageando as minhas têmporas. Nunca fui
um homem irresponsável ou impulsivo, mas a Louise liberta o meu
lado mais perigoso.
Escuto umas batidas na porta e vejo que Carmen, minha
secretária, abre a porta e antes que ela diga alguma coisa, Megan
entra na sala e eu respiro fundo, já falei sobre esse comportamento
com ela.
— Preciso muito falar com o senhor — Ela diz, já se
justificando.
— Pode falar, então — Respondo sério e ela se vira para a
porta, esperando a Carmen sair — O que aconteceu?
— Eu vou precisar fazer uma viagem esse final de semana,
devo voltar na terça — Ela explica e eu semicerro os olhos para ela.
Tem alguma coisa errada.
— Onde você vai? Com quem você vai? — Pergunto sério.
— Vou para Seattle, com a Annabeth — Ela responde um
pouco contrariada.
— A Louise não vai com vocês? — Indago, mesmo que eu já
saiba a resposta.
— A Louise não pisa em Seattle, e o senhor sabe disso — Ela
respira fundo — Eu preciso fazer um projeto para a faculdade.
— Certo, pode ir — Autorizo, mas eu conheço a filha que
tenho e sei que tem algo errado nisso, uma coisa que ela não está
me contando — Se não está indo fazer nada de errado, não me
importo que viaje.
— É óbvio que eu não estou indo fazer nada de errado.
— Não, é óbvio que você não me conte essa parte — Corrijo-
a e ela revira os olhos — Aconteceu algo entre você e a Louise?
— Não… quero dizer, eu não sei — Ela fala confusa — Eu
não sei, acho que ela está mentindo para mim, acho que ela está me
escondendo alguma coisa importante.
— Talvez ela só não esteja pronta para te falar, seja lá o que
ela esteja escondendo — Argumento, tentando manter a
neutralidade. Como ela já poderia ter percebido? — E talvez, nem
seja o caso.
— Pai, é só que… — Ela passa a mão no cabelo nervosa e
respira fundo — Esquece, o senhor não entenderia.
— Se você me explicar…
— Não, deixa isso para lá — Ela dá de ombros — Nos vemos
daqui a alguns dias.
— Tudo bem, faça uma boa viagem e me liga se precisar de
alguma coisa — Aviso com um sorriso pequeno.
— Obrigada, o senhor é o melhor pai do mundo — Ela
agradece e me dá um abraço, que eu retribuo — O senhor é a
melhor pessoa da minha vida.
— E você é a melhor pessoa da minha vida — Respondo
sincero, eu seria capaz de qualquer coisa pela Megan, se minha filha
quiser o mundo, o mundo será dela — Eu te amo, meu bebê.
— Eu não sou um bebê, pai — Ela resmunga e eu rio — E eu
também te amo.
Ela me abraça mais uma vez e se afasta, indo embora da
minha sala e eu volto para a minha cadeira. Eu sinto que isso será
um problema, e sempre confiei nos meus instintos. Mas vou me
preocupar com isso quando o problema realmente surgir, até porque
tenho muitas outras coisas para fazer.

Bato os dedos na mesa, pensativo. Talvez eu também


devesse fazer algo esse final de semana. Chamo a minha secretária
na minha sala e desfaço toda a minha agenda até segunda-feira. Eu
tenho uma ideia bem melhor para fazer.
Assim que a Carmen sai, pego o meu celular e digito um
contato.
— Senhor Houston, é uma honra receber uma ligação sua —
Louise atende com a voz doce, e cheia de provocação.
— Louise, nem mesmo por ligação você tem jeito? —
Pergunto divertido e ela ri.
— É o meu charme — Ela responde, e eu consigo imaginar
seu sorriso — E eu sei que você adora o meu charme.
— Nisso você tem razão — Concordo com um sorriso contido
— e eu quero que você e todo esse seu charme estejam prontos às
oito horas em ponto.
— O quê? Pra quê?
— Vou te levar para uma viagem, vamos aproveitar o final de
semana juntos — Informo.
— Lamento estragar seus planos, mas eu tenho uma
programação a cumprir com a Megan — Ela responde e eu fico em
silêncio um momento. A Megan nem mesmo a avisou? —
Alexander?
— E você confirmou com a Megan sobre esses planos? —
Pergunto e ela fica em silêncio dessa vez.
— O que você sabe que eu não sei? — Ela questiona, mas
percebo o receio no seu tom de voz.
— Acho melhor você falar com a Megan, depois conversamos
— Respondo, elas precisam se entender.
— Não! Não mesmo — Ela nega no mesmo instante — O
que… o que a Megan disse ou fez?
— Ela vai viajar, nesse momento, ela já deve estar no jatinho
— Digo e ela fica em silêncio de novo.
O que está acontecendo entre essas duas?
— Para onde? — ela pergunta com a voz mais baixa que o
normal.
— Seattle, com a prima.
— Annabeth? Ela está indo para Seattle com a Annabeth? —
Ela questiona em um tom um pouco mais agudo.
— Sim — Confirmo confuso. Realmente tem algo de errado.
— O que está acontecendo?
— Nada, se a Megan pretende mesmo fazer isso, que faça —
Ela responde em um tom dolorido — Estarei pronta as oito.
Ela desliga a chamada antes que eu consiga dizer alguma
coisa. Mas eu vou descobrir sobre o que é essa viagem, Louise não
vai conseguir escapar das minhas perguntas quando estivermos
juntos.
Capítulo 13

Me sinto traída. Megan foi até lá, sem me avisar, eu tenho


certeza que foi investigar o que aconteceu. É a droga da minha vida!
Respiro fundo, mesmo sentindo vontade de chorar. Não… não
consigo acreditar que será por esse caminho que a vida vai seguir
agora.
Limpo o canto dos olhos antes que a lágrima caia e borre
minha maquiagem. Eu sempre sobrevivi a qualquer impacto, e caso
aconteça mais algum, eu me manterei de pé, como fiz a vida toda.
Me olho no espelho. Meus olhos estão brilhando pelas
lágrimas que não caíram e não cairão. Meu batom vermelho está no
lugar, mesmo com essa dor dentro do peito me dilacerando.
Meu celular vibra e eu vejo a mensagem do Alexander
avisando que chegou. Vou aproveitar esse fim de semana e
esquecer o mundo.
Pego a minha bolsa e saio de dentro de casa. Alexander está
me esperando em um carro diferente, mas eu entro e jogo a bolsa no
banco de trás, e sorrio para ele.
— Boa noite, senhor Houston — Falo com um sorriso de lado.
— Boa noite, senhorita Foster — Ele responde começando a
dirigir — pronta para o fim de semana?
— Mais do que pronta — Respondo — Apesar de não saber
para onde vamos, arrumei uma bolsa pequena porque espero passar
a maioria do tempo pelada.
— É exatamente essa a programação que tenho em mente —
Ele responde sorrindo.
— Para onde vamos? — Pergunto depois de alguns minutos
dele dirigindo em silêncio.
— Uma casa de campo, não é muito longe, mas já está
preparada para nos receber — Ele explica e eu assinto — E vamos
ficar sozinhos.
Alexander coloca a mão na minha perna, exatamente onde
acaba o vestido, no meio da coxa, e eu sorrio para ele. E então viro o
meu rosto para a estrada, já está escuro, mas felizmente o caminho
é bem iluminado.
— Falou com a Megan? — Alexander pergunta, mas eu ignoro
— Louise?
— Está uma noite bonita, né? — Falo, olhando para o céu
ainda ignorando a pergunta.
— Não falou — Ele constata e eu dou de ombros — O que
está acontecendo?
— Não quero falar sobre isso — Respondo seca e escuto ele
suspirar.
— Não vou insistir nisso agora, mas não significa que essa
conversa não vá existir — Ele avisa, mas eu sequer viro o rosto em
sua direção. — Esse comportamento não é nada adulto.
— Mas eu sou bem adulta quando está por cima de mim, né?
— Retruco e escuto ele bufar — Você não tem que cuidar de mim,
Alexander.
— Esse problema, ou seja lá o que for que está acontecendo
entre vocês duas, não envolve só você — Ele argumenta e eu rio
seca. Óbvio que a preocupação não seria comigo.
— Então deveria estar interrogando a Megan, e não eu —
Falo encerrando a conversa — Não adianta, não vou falar nenhuma
palavra sobre isso.
Alexander me olha de canto com a expressão impassível e eu
finjo não me importar. Nada vai me abalar. Eu juro para mim mesma,
nada.
A casa é enorme e não tem vizinhança, pelo menos não uma
que seja próxima o suficiente para incomodar. E lindo, aqui é um
lugar realmente bonito, até valeria a pena fazer um passeio, mas o
que eu quero mesmo é aproveitar dentro do quarto.
Alexander pega a minha bolsa e segura a minha mão com a
sua mão livre e me guia para dentro da casa.
— Vamos jantar — Ele chama após deixar a minha bolsa no
sofá — mandei que deixassem tudo pronto para quando
chegássemos.
— Preparado — Eu brinco e ele sorri para mim.
Antes de irmos para a cozinha, Alexander me puxa pela
cintura e me beija, sua boca devora a minha e eu deixo, ficando
completamente entregue.
Suas mãos apertam a minha cintura e eu colo mais meu corpo
contra o seu quando passo os braços envolta de seu pescoço,
intensificando o beijo.
Esse homem acaba com o meu fôlego.
— Vamos comer — Ele diz ao se afastar milimetricamente de
mim.
Eu assinto e ele me dá mais um selinho e me guia para a sala
de jantar. Alexander puxa uma cadeira para que eu me sente, e me
deixa sozinha. Logo em seguida aparece trazendo o jantar.
Sorrio com a mudança de clima, é isso que eu quero para
esse fim de semana. Paz, tranquilidade, rir um pouco e foder muito.
— O que você tanto pensa? — Ele pergunta me tirando do
meu devaneio.
— Estava apenas divagando — Respondo com um sorriso
pequeno — Meu aniversário será em alguns dias, espero que já
esteja escolhendo o meu presente.
— Eu vou pensar em algo que combine com você — Ele
responde com um sorriso de lado — E uma comemoração em que
possamos ficar a sós.
— Não vai ser muito difícil, já que possivelmente meus pais
estarão viajando — Dou de ombros.
— Você não pretende sair da casa deles? Já fará vinte e um
— Ele diz e eu fico em silêncio, refletindo por um momento.
— Eu gosto de morar lá, mesmo que os veja pouco, passei
muito tempo longe de casa e não tenho pressa de sair — bebo um
gole do meu vinho — Megan ainda vive com você, e temos
praticamente a mesma idade.
— Você tem um bom argumento — Ele brinca — Mas não
acho que ela vá permanecer lá por muitos anos ainda, mas,
provavelmente, você deve saber mais sobre isso do que eu.
— Megan é muito diferente de mim, temos histórias diferentes.
Eu passei mais de… passei anos e anos da minha vida em
internatos…
— Internato, você só estudou em um — Ele me corrige e eu
sorrio revirando os olhos.
— Você entendeu o que eu quis dizer — Bebo mais um pouco
do vinho — a questão é que ela sempre esteve em casa, e eu não. E
agora que estou, não quero sair.
— Faz sentido, mas você já é uma mulher, precisa de espaço
e privacidade — Ele aponta, mas dou de ombros mais uma vez.
— Está preocupado com a minha independência ou com ter
acesso mais fácil a mim? — Questiono em tom de provocação e ele
ri soprado.
— Eu não acho que precisamos de mais proximidade do que
já temos — Ele dá de ombros — Talvez eu compre um apartamento
para facilitar nossa vida, mas já somos adultos o suficiente para nos
vermos sem dar satisfações. Não é como se alguém aqui precisasse
de permissão dos pais ou algo assim.
— Talvez, eu precise — brinco e ele revira os olhos.
— Louise… — Ele começa a falar, mas seu tom é diferente,
mais sério — já que tocou no assunto internato…
— Não, eu não toquei nesse assunto — nego.
— Você nem sabe o que eu vou falar — Ele reclama.
— Eu sei, sim — Respondo um pouco mais seca e bebo um
gole do meu vinho.
— Por que você nunca fala sobre o que aconteceu?
— Todo mundo sabe o que aconteceu, todo mundo! —
Exclamo irritada e respiro fundo — Por que é tão importante ouvir da
minha boca? Que droga, Alexander! — Eu respiro fundo e passo a
mão no cabelo, nervosa — Eu não falo disso porque dói, ok? Dói
muito.
Ele me puxa para os braços dele com cuidado, mal vi quando
se levantou, mas não me importo. Desde que ele não fale mais
nenhuma palavra sobre o assunto.
Alexander desliza os dedos pelas minhas costas devagar, me
fazendo carinho, enquanto eu respiro fundo e lentamente, me
acalmando.
— Temos que limpar a mesa — eu falo, me sentindo mais
calma.
— Sim, mas primeiro — Ele me afasta um pouco dele — Se
sente melhor?
— Estou ótima — Eu sorrio, e roubo um selinho dele —
Vamos arrumar logo isso antes de irmos para a cama.
— Ansiosa para ir para a cama? — Ele pergunta com um
sorriso de lado, sinto uma mão deslizando pelo meu corpo, enquanto
a outra aperta a minha cintura.
— Você não imagina o quanto — Respondo com um sorriso
malicioso.
Alexander segura o meu rosto e me beija. Seus lábios são
exigentes e meu corpo se aquece. Retribuo os beijos enquanto colo
o meu corpo ao seu.
— Você é uma mulher fascinante — ele fala baixo, sua voz
rouca faz a minha pele arrepiar.
Ele começa a beijar o meu pescoço e suas mãos apertam a
minha bunda e eu sinto seu pau duro contra o meu corpo e gemo
baixo.
— Vou foder você nessa mesa — ele fala segurando no meu
cabelo e me fazendo olhar em seus olhos — há tantas coisas que
quero fazer com você.
— Então faça — Respondo lambendo os lábios.
Alexander sorri de lado e me rouba um beijo suave, então me
vira, colocando meu corpo parcialmente sobre a mesa e estapeia a
minha bunda que ficou empinada para ele.
— Foi uma excelente ideia ter vindo com esse vestido, muito
prático — Ele elogia enquanto suas mãos apertam a minha bunda —
Quero que deixe suas pernas abertas e suas mãos na mesa.
— Sim, senhor Houston — Respondo doce, mas arrepiada,
instigada.
— Precisamos nos livrar disso — Alexander fala segurando na
minha calcina, mas de repente sinto um metal frio tocando a minha
pele e ofego — quietinha, você não quer se cortar com a faca, certo?
— O que você está fazendo? — Pergunto sentindo a minha
respiração pesada.
— Me livrando desse tecido indesejado — Ele responde calmo
e joga a calcinha em um lugar que consigo ver e sinto seus lábios no
meu corpo — Você é deliciosa.
Sua língua desliza pela minha bunda e eu sinto seus dedos
me tocando. Eu suspiro gemendo baixo, meu corpo parece estar
eletrizado de puro prazer.
— Não se mova — Ele fala firme e de repente eu sinto o metal
frio me tocando na vulva, deslizando pelos lábios da minha boceta —
Quando eu pedir por essas facas de cabo redondo, não imaginei que
poderiam ser tão divertidas.
— Alexander… — Eu tento falar, mas ofego, a sensação de
perigo está me deixando ainda mais excitada.
— Relaxa, meu bem, apenas sinta e não se mova — ele avisa
e eu suspiro.
Ele começa a me penetrar com o cabo e eu gemo. A
sensação é como se adrenalina e prazer estivessem sendo injetados
no meu corpo, e eu gemo. Alexander está brincando comigo e eu
estou adorando.
— Eu deveria ter pego uma faca na cozinha, essa não é
grossa o suficiente para te preencher, mas eu vou resolver isso —
Ele diz e eu solto o ar suspirando quando tira a faca de mim.
— Alexander… — Eu gemo o nome dele, incapaz de formular
uma frase inteira.
— Você é minha, Louise — Alexander fala possessivo e eu
sinto seu pau me penetrando lentamente — Minha, eu posso te tocar
como eu quiser, te comer como eu quiser.
— Si-sim — Eu gemo, sentir ele dentro de mim me tira do
eixo.
Alexandre começa a se mover, suas mãos seguram firmes o
meu quadril e seu corpo se choca contra o meu. Eu grito gemendo,
sentindo o prazer invadindo meu corpo.
Se ser dele é sentir tanto prazer, eu realmente quero isso.
Ele investe contra mim e gemo, deixando ele me invadir e me
enlouquecer até que meu corpo chegue ao ápice.
Eu gemo o nome dele implorando por mais, suplicando para
que ele não pare. Até sentir meu corpo estremecendo, pontos
escuros na minha visão e meu corpo se partindo em milhares de
partes de puro prazer enquanto gozo.
Então sinto os jatos de porra quente na minha bunda e sei que
ele chegou ao orgasmo junto comigo.
Capítulo 14

Acordo sentindo os braços do Alexander ao meu redor.


Minha noite foi incrível. Primeiro o sexo delicioso na cozinha e após
banharmos juntos na banheira, dormimos juntos. Eu realmente gosto
de como estou me sentindo ao estar com ele.
Mesmo que pensando mais claramente, a minha intenção
nunca foi levar isso adiante. Não sei como me sinto, não acho que eu
deveria pensar em um futuro com o Alexander, isso traria grandes
problemas, mas enquanto estou aqui na cama com ele me sinto tão
aquecida.
Olho para ele e abro um sorriso pequeno. Alexander é um
homem muito bonito, mesmo tendo quase o dobro da minha idade,
eu acho que a gente combina tão bem, além do sexo, nós podemos
falar por horas dos mesmos assuntos. A gente se respeita e… e é
melhor eu parar por aqui.
Esse é um caminho que eu não posso percorrer.
Eu me levanto devagar, Alexander se mexe, mas não acorda.
Lavo o rosto antes de ir para a cozinha, preciso de um café e conferir
minhas redes sociais.
Me sento na varanda com um copo grande de café e o celular
na mão. Vejo uma foto da Megan com a Annabeth em Seattle e a
curto. Talvez eu esteja enlouquecendo, mas eu sinto que tem algo se
rompendo, e sinto que isso levará toda a minha vida. E eu não tenho
tempo para me preparar.
É engraçado, e um pouco triste, como a minha vida é regulada
pelas coisas que acontecem em momentos.
Meu celular começa a tocar e eu vejo o nome da Megan na
tela. Conto até dez. Preciso manter a plenitude.
— Oi, Megan, tudo bem? — Pergunto calmamente.
— Lou, eu posso explicar — Ela diz e eu respiro fundo — Eu
precisava vir para um trabalho da faculdade, e todo mundo sabe que
você não vem a Seattle.
— Você é livre para ir para onde quiser, não nascemos
grudadas — Eu falo um pouco mais ríspida do que gostaria — A
única coisa que eu esperava era um pouco mais de consideração,
poderia pelo menos ter me avisado que não estaria na cidade e que
furaria toda a nossa programação.
— Eu sei, me desculpa — Ela pede e eu suspiro — Eu… eu
sinto muito que tenha sido assim.
— Mas foi, e foi porque você escolheu que fosse — Eu digo, e
por um segundo me pergunto se estamos falando sobre o fim de
semana — Qual o motivo dessa ligação?
— Eu estou saindo para resolver uma última coisa sobre a
minha pesquisa, e queria falar com a minha melhor amiga — Ela
explica — Você é a minha melhor amiga, certo?
— Você me conhece há anos, é você quem tem que
responder essa pergunta — Eu digo sentindo meu coração apertar
— Você é a minha melhor amiga.
— Eu preciso ir, até mais Louise — Ela se despede e desliga
a chamada.
Deixo o celular sobre a mesa e sinto uma lágrima escorrendo
pelo meu rosto. Talvez eu mereça essa dor que estou sentindo no
meu peito, talvez eu nem devesse me sentir assim. Mas eu sinto, e
sinto muito.
Sinto os braços do Alexander me envolvendo e tento respirar
fundo para não chorar, para fingir que estou bem.
— Pode chorar se é o que você precisa, Louise, eu estou aqui
com você — Alexander diz me acolhendo em seus braços, me
aconchegando em seu peito.
Puxo o ar com força, sinto meu corpo tremendo e desisto. Eu
desisto de lutar contra tudo que estou sentindo, desisto de achar que
posso ser mais forte que essa dor que me assola.
Se os meus fantasmas querem me destruir, deixe que o
façam.

— Se sente melhor? — Alexander pergunta e eu percebo a


preocupação em sua voz.
— Sim, obrigada — Respondo forçando um sorriso e ele
suspira.
— Não precisa se forçar — Ele diz fazendo carinho no meu
rosto — Eu vou buscar um chocolate quente para você.
— Obrigada — Respondo, me encolhendo um pouco mais na
coberta.
Ele beija a minha testa e se afasta.
Em algum momento, no meio da minha crise de choro,
Alexander me trouxe para a sala e me envolveu em uma coberta
quentinha e não saiu do meu lado. Isso me fez tão bem. Eu pude
sentir como é ser protegida, mesmo que ele não soubesse do que
estava me protegendo.
— O que acha de vermos um filme? — Ele pergunta me
entregando a caneca.
— Acho uma ideia bem fofa — Comento sorrindo.
— Eu posso ser um homem fofo — Ele dá de ombros e liga a
televisão e senta-se ao meu lado.
Ele começa a escolher um filme mantendo um braço ao meu
redor. Meu coração bate acelerado dentro do peito e quase suspiro.
Minha mente está me levando por um caminho que eu não deveria
percorrer. Eu definitivamente não deveria me apaixonar por
Alexander Houston.
Desde o primeiro momento que decidi que teria esse homem,
sempre foi um jogo para mim. E eu sei que para ele também. E
agora estamos aqui, aconchegados no sofá da sala de uma cabana,
tomando chocolate quente enquanto ele coloca um filme para
vermos.
Eu não sei como me sentir sobre isso, mas sei que não
decidimos de verdade sobre qual o jeito certo de sentir algo. Apenas
acontece.
E eu acho que está acontecendo, eu estou me apaixonando.
Capítulo 15

É a nossa última noite aqui. Achei que seria diferente nossa


vinda para cá. Achei que teria mais sexo e menos conversa, menos
momentos em que ficaremos apenas juntos. E foi justamente o
oposto. Louise é um perigo.
Arrumo os lençóis para podermos deitar. Ela continua no
banho, posso ouvir a água do chuveiro caindo e posso imaginar seu
corpo nu, molhado…
Ela tinha razão, eu caí em tentação.
Mas tenho razão em uma coisa, tem algo acontecendo. E nem
ela, nem a Megan me contam a verdade. Eu sei que não deveria,
mas ouvi a ligação. A conversa parecia confusa, mas, ao mesmo
tempo, elas pareciam se entender, e se machucar.
E eu tenho certeza, esse assunto é uma bomba que explodirá
mais cedo ou mais tarde e vai me colocar em uma posição
complicada. Até dolorosa. Eu não tenho a intenção de machucar a
Louise, mas jamais machucaria a minha filha.
Mas enquanto não há feridos, nem sangue pelo chão, não irei
me preocupar com nada.
— Pronto para dormir? — Escuto a voz da Louise e viro em
direção à porta do banheiro e me deparo com ela completamente
nua — Eu tenho uma ideia melhor.
— Poderia me mostrar do que se trata essa ideia? —
Questiono com um sorriso malicioso nos lábios.
— Será um prazer — Ela responde caminhando em minha
direção.
Eu findo a distância e a puxo, beijando sua boca com desejo.
Pego ela no colo, colocando uma perna de cada lado do meu corpo e
a prendo contra a parede mais próxima. Louise geme baixo e suas
unhas arranham as minhas costas, me fazendo arfar.
Minhas mãos apertam sua bunda e eu desço os beijos pelo
seu pescoço. Sua pele é perfeita, macia e cheirosa. Perco-me pelas
curvas do seu corpo.
A levo para a cama e continuo beijando sua boca, aprofundo
ainda, sentindo seu corpo sob as minhas mãos, escutando seus
pequenos gemidos. Perfeita, completamente perfeita.
— Há, Louise, o que eu faço com você? — Questiono baixo,
com o rosto milimetricamente longe dela.
— Me fode, com força — Ela diz baixo, segurando no meu
rosto — É isso que eu quero, te sentir indo fundo e forte.
— É o que você terá — Respondo e no mesmo segundo colo
a minha boca na sua.
Minha mão desliza pelo corpo que já está completamente nu,
brinco com seus seios, apertando-os. Começo a fazer uma trilha de
beijos até os seus seios, mordo e chupo seus mamilos até estarem
rígidos. Escuto os gemidos de Louise e sorrio. É isso que eu quero.
Minha língua percorre toda a sua barriga em direção a sua
intimidade e eu a escuto arfar e gemer. E me sinto ansioso para ter o
gosto de Louise em minha boca. Beijo cada centímetro da pele da
boceta dela, lambo repetidas vezes a vulva e ela geme mais.
Quero fazê-la gozar em minha boca, por isso a chupo
metendo a língua o mais fundo, a toco no clitóris, a masturbando,
enquanto a minha língua trabalha. Ela é doce e quente, quanto mais
alto ela geme, mais me dedico em lhe dar prazer.
Louise grita de prazer e arqueia sua pélvis, gemendo, seu
corpo estremece e ela goza na minha boca, e eu aproveito cada gota
do mel que escorre de dentro de si.
— Isso foi intenso — ela diz ofegante e eu sorrio.
— Estamos apenas no começo — Respondo lambendo os
lábios, apreciando a cena dela ofegante, seu rosto relaxado e seu
sorriso malicioso.
— Isso é verdade — Ela diz mudando de posição — É minha
vez de brincar.
— Louise…
Ela sorri maliciosa e engatinha pela cama, sua mão desliza
pela minha barriga, e ela lambe o meu pau sobre a calça de moletom
que estou usando, e eu sinto uma fisgada no meu ventre. Essa
mulher é diabolicamente sexy.
Eu a ajudo a se livrar da minha calça, e ela segura meu pau
duro e sorri de um jeito quase perigoso. Ela coloca só a glande na
boca e passa a língua pela fenda e eu gemo ao mesmo tempo, em
que ela começa uma masturbação.
Ela começa a me chupar, sua boca é quente, molhada. Sua
língua percorre a minha extensão, e eu preciso respirar fundo para
recuperar um pouco de ar.
Eu seguro no cabelo da Louise, e começo a foder a sua boca,
colocando meu pau no fundo, de sua boca. Ela geme e sorri, ela está
uma bagunça bonita e fica linda com seus lábios ao redor do meu
pênis. Ela é magnifica.
— Você é perfeita — Elogio tirando o pau de dentro de sua
boca — mas eu não vou gozar assim.
— É difícil ser velho, né? — Ela me provoca, limpando seus
lábios inchados e avermelhados — Não aguenta mais que uma.
— Vou te mostrar o velho — Eu falo com um sorriso de lado e
a viro na cama, apertando seu rosto entre meus dedos — Vai se
arrepender dessa provocação.
— Será mesmo? — Ela provoca.
Eu me levanto e pego uma corda do um roupão e volto para a
cama e prendo as mãos dela na cabeceira da cama. Ela suspira,
excitada.
— Eu vou fazer o que eu quiser com o seu corpo agora, vai
ser meu brinquedo, Louise — Falo deslizando os dedos pelas suas
costas e sorrio ao ver ela estremecer.
— Alexan…
— Senhor Houston, para você — Eu a interrompo e ela
suspira como resposta.
Empino sua bunda para mim e encaixo meu pau na sua
boceta e empurro de uma vez. A penetrando com força. Louise geme
alto e eu começo a me mover rápido, segurando seu quadril. Aperto
sua bunda e em seguida acerto um tapa que deixa marcado e ela
geme, rebolando a bunda.
— Eu vou foder sua bunda, Louise, espero que você aguente
esse velho — Falo colocando o dedo no meio de sua bunda,
deslizando-o pelo seu cu.
— Alexan… — Ela começa a falar, mas eu enfio a ponta do
dedo e ela estremece — Senhor Houston, eu… eu…
— Você aguenta — Eu reforço.
Eu uso sua própria lubrificação para lubrificar lá, e enquanto
fodo lentamente sua boceta, começo a preparar o seu cu para me
receber, e ela precisa estar bem preparada.
— Eu nunca fiz isso — ela choraminga, mas não pede para
que eu não faça.
— Para tudo tem uma primeira vez — Eu respondo tirando
meu pau de dentro da sua boceta e começando a esfregar a glande
devagar até começar a penetrá-la por lá.
Ele geme e suspira. Eu vou devagar, quero que ela se
acostume e se doer não a quero traumatizada. Vou enfiando,
sentido-a a se abrir. Sua bunda esmaga meu pau, é prazeroso e eu
gemo.
— Espere um segundo — Ela pede ofegante — Deixa eu me
acostumar.
— Quando eu puder me mover, avisa — Eu peço.
Começo a masturbar ela. Louise geme, ela precisa de prazer
para relaxar e então sentir prazer por trás. Me sinto tão excitado.
Louise rebola devagar, se acostumando a ser fodida pelo cu.
— Se move — Ela pede ofegante — me fode.
Começo a me mexer devagar, e gemo. Sinto um prazer
enorme tomando conta do meu corpo. Louise estremece e geme.
Gradualmente vou aumentando a velocidade. Fazendo movimentos
fortes de vai e vem.
Ela geme e rebola enquanto realizo movimentos de vai e vem.
Entrando e saindo dessa bunda gostosa. E, ao mesmo tempo,
continuo estimulando seu clitóris.
Louise geme, pedindo por mais, implorando para que eu não
pare, por isso invisto com mais força e desejo. Ela geme alto, e então
avisa que está perto.
Ela grita de prazer e eu também já estou no meu limite, e
quando ela goza, com o meu pau em sua bunda. Atinjo o meu ápice,
enchendo sua bunda de porra.
Caímos cansados na cama e eu a abraço, assim que nos
recuperarmos um pouco, é o momento de cuidar dela para que ela
tenha uma boa noite.

Sorrio quando vejo a Louise se encolher contra a porta com a


cara levemente inchada de sono. Ela parece fofa assim. Como pode
uma mesma pessoa ter tantos lados diferentes?
Começo a dirigir para voltarmos para casa. A próxima viagem
será mais longa, em algum lugar que possamos passear. Quero levá-
la para jantar e andar segurando a sua mão.
Quero tantas coisas, mesmo que soe perigoso, eu não me
importo. Louise me envolveu, e agora sinto que quero mais, eu quero
tudo.
— Alexander? — Ela me chama e eu olho para ela de relance
— O que você sente por mim?
— Como assim? — Pergunto inexpressivo, mas um pouco
confuso. Onde ela quer chegar?
— O que nós temos? — Ela pergunta e eu vejo de relance
que ela está me encarando — Sou só a filha do seu melhor amigo
que você fode? O pai da minha melhor amiga? São tantas as
opções.
— Você é isso, mas é mais — Falo tranquilo, colocando a mão
em sua perna — É uma mulher incrível, eu gosto de estar ao seu
lado.
— Alexander, eu… — Ela começa a falar e para, respirando
fundo — É só uma pergunta boba.
— Eu não sei o que esta te apavorando assim, você não é
uma mulher fraca, é incrível, forte e determinada, e não importa o
que seja, eu estarei ao seu lado — Eu afirmo, tentando passar um
pouco de segurança para ela.
— Você não pode afirmar o que não sabe — Ela responde e
sorri de lado — Talvez eu seja uma pessoa horrível.
— Você não é uma pessoa horrível, Louise — Eu afirmo e
aperto a perna dela um pouco.
— Um dia eu ainda estarei sozinha — Ela responde e sorri —
Mas é bom aproveitar o momento.
— Eu prometo sempre cuidar de você — Digo firme e ela
sorri, mas não diz mais nada.
Eu não sei como um desentendimento com a Megan pode
estar deixando ela tão atormentada, espero que, apesar de tudo
parecer um caos, não seja tão ruim quanto estou pensando que é.
Melhor eu me preparar.
Capítulo 16

Foi bom ouvir as palavras do Alexander, mesmo que ele não


tenha noção do que realmente está prometendo. Eu não sei como as
coisas serão, talvez eu esteja errada e talvez a Megan não saiba de
nada. Talvez, e o que eu espero que seja, é que estou
enlouquecendo sem razão.
Me sinto exausta. Se eu já não tivesse perdido a aula de
segunda-feira, com certeza eu não iria hoje. Apesar de tudo, eu
ainda quero acreditar que vou ter o meu futuro como deve ser.
Faculdade, estágio na empresa do meu pai, depois, assumir o meu
cargo. Dará tudo certo.
Chego na faculdade e a primeira pessoa que vejo é o
Dominic, que me ignora no mesmo momento. Ele ainda não superou
o episódio com o pai dele, mas pelo menos não tivemos nenhum
embate direto, isso seria muito chato e ruim.
Eu sei que a Megan voltou ontem a noite, e que
provavelmente ela está aqui, mas não nos falamos e eu não
procurarei por ela, só preciso seguir o meu caminho e assistir a
minha aula.
E ignorar essa voz dentro da minha cabeça dizendo que hoje
será um longo dia.
A primeira aula passa longa e tediosa ou talvez seja apenas o
fato de eu estar tão fora de mim. Eu queria não estar pensando
sobre como a minha melhor amiga mudou comigo, ou como
provavelmente ela está investigando a minha vida, mas… mas é só
nisso que eu consigo pensar.
Saio da sala atordoada, eu não estou conseguindo me
concentrar de qualquer forma.
Vejo a Megan a alguns metros de mim, ela me encara por
alguns segundos e sai sem dizer nada, sem ao menos me
cumprimentar. Isso faz um alarme soar alto dentro da minha mente.
Eu preciso me preparar.
Caminho em direção ao meu carro e dirijo para casa. Preciso
de uma conta só minha e por isso faço uma conta em um banco
diferente do usual e transfiro uma quantia razoável de dinheiro, nada
de milhões, mas alguns milhares de dólares. E quase
instantaneamente, meu celular toca.
— Que diabos conta é essa? — Meu pai pergunta assim que
eu atendo o telefone.
— Oi, pai, eu estou apenas testando outros bancos; por isso,
tão pouco dinheiro nela — Respondo com a primeira coisa que
passa na minha cabeça.
— Qual o objetivo?
— É para faculdade — Minto e Aaron fica um tempo em
silêncio.
— Você tem razão, nem é tanto dinheiro assim, você e sua
mãe gastam isso em uma ida ao shopping — ele ri e eu me sinto um
pouco mais calma — Vou autorizar aqui, qualquer coisa me liga.
— Certo, muito obrigada, pai — Falo me sentindo um pouco
aliviada.
— Eu te amo, minha pequena, logo estaremos em casa — Ele
diz carinhosamente e desliga em seguida.
Eu me jogo na cama, mantendo os meus olhos fechados. Eu
não sei exatamente o que eu estou esperando. Só me sinto ansiosa,
como se as cartas da minha torre estivessem caindo, desmoronando.

Desço as escadas devagar, preciso comer alguma coisa, para


depois voltar para a cama e fingir que não existo por mais algumas
horas. Sei que fugir dos problemas não resolve nada. Eu deveria
conversar com a Megan, a gente tinha que se entender. Mas precisa
ser agora?
— A Louise está em casa? — Escuto a Megan perguntando
quando estou no final da escadaria.
É, eu acho que terá que ser agora.
— Estou — Respondo e a vejo desviar da senhora Middleton
— Achei que não quisesse falar comigo.
— Com licença — A senhora Middleton pede, se afastando e
nos deixando sozinhas na sala.
— Eu nem sei quem é você — Ela responde e eu respiro
fundo — Vamos conversar no seu quarto, não quero que ninguém
escute o que eu tenho a dizer.
— Claro, você conhece o caminho — Eu falo virando as
costas e começando a subir a escada.
— Saiba que é tudo culpa sua — Ela diz logo atrás de mim e
eu deixo escapar uma risada de desgosto.
Eu abro a porta do meu quarto e entro, e ela entra em
seguida. Eu não sei como deveria reagir, mas sei que estou
começando a ficar na defensiva. E nem acho que exista uma forma
diferente de reagir.
— Eu estive em Seattle e eu fui até o internato — Ela diz e eu
nem consigo fingir surpresa — Eu quero ouvir de você o que
aconteceu aquele dia.
— Você já esteve lá, já investigou o que queria, você… —
Respiro fundo — Por que isso é tão importante para você?
— Porque você é a minha melhor amiga, e eu esperava o
mínimo de consideração — Ela diz de maneira dolorosa — Eu estive
do seu lado esses últimos anos, ouvi você gritar e chorar, eu sempre
soube que você escondia a droga de um segredo.
— ERA O MEU SEGREDO! — Eu grito, fechando as mãos em
punho para que ela não me veja tremendo.
— NÃO! Não era o “seu segredo” — Ela nega e eu vejo as
lágrimas escorrendo pelo seu rosto — é muito maior que você,
caramba, você nunca pensou que ia machucar os outros?
— Eu estava lá, eu vi tudo acontecer — Eu choro — Era
minha única chance.
— Não era, porque não era a sua chance e nem a sua vida —
Ela diz se afastando de mim — Você não é a Louise!
Eu fico em silêncio olhando para Megan, sinto as lágrimas
descendo pelo meu rosto. Eu gostaria que isso fosse um pesadelo
do qual eu consigo acordar, mas não é assim. Não posso fugir da
verdade. Todas as cartas estão no chão, tudo que construí vai
afundar como se estivesse em cima da areia movediça. E isso dói.
— Como? — Pergunto tentando recuperar algum fôlego —
Como descobriu?
— Uma noite você gritou pela Louise, enquanto se retorcia,
não fazia sentido para mim. Por que a Louise grita por ela mesma
durante os pesadelos? — Ela limpa os olhos e respira fundo — Um
dia, eu vim até o seu quarto, estava procurando aquele colar que eu
gosto…
— Eu sei qual, o de pedras rosas.
— Esse mesmo, mas eu acabei achando uma caixa e vi as
fotos, vocês eram tão parecidas, e…
— E você ficou confusa, na dúvida se eu era quem dizia ser e
por isso começou a me pressionar para falar sobre o internato —
Completo e ela assente — Está feliz agora?
— Não, Lou… Jullie, eu estou destruída — Ela responde e
sinto um nó se formando na minha garganta — É confuso e doloroso
para mim.
— O que vai fazer agora? — Pergunto me sentindo fraca. Eu
não tenho como lutar contra a verdade. Ela pode me destruir.
— Eu não sei, Lou… Eu não sei — Ela diz nervosa e levanto
os olhos impedindo as lágrimas de descer — Você me enganou, mas
ainda foi minha amiga nos últimos anos, você esteve ao meu lado.
No momento eu te odeio, você roubou uma identidade, mas eu te
amo por tudo o que você foi para mim.
— Megan, eu fiz o que eu precisava fazer para ficar viva, e eu
não posso me arrepender disso — Minha voz sai mais quebrada do
que eu esperava — Eu não vou pedir perdão por isso, mas eu estou
te implorando, por favor, não conta para ninguém, não… não faz isso
comigo.
— E o que eu deveria fazer? Você cometeu um crime!
— Para viver! Eu só queria viver — Eu choro, e ela chora
junto.
— Eu não posso mais ser sua amiga, não vou prometer que
vou manter seu segredo para sempre, mas… — Ela faz uma pausa
para respirar fundo — Eu vou pensar, não quero teu mal, só…
— Só não consegue suportar a verdade, e ainda não entende
como eu não te contei — Completo, sentindo a dor me dominando
ainda mais.
— Eu preciso ir embora, mas por favor, esquece que eu existo
— Ela pede e sai do quarto correndo, me deixando sozinha ali.
Caio sentada nas minhas próprias pernas e choro, gritando,
torcendo para que esse medo não me domine e que essa dor não
me paralise.
Eu sinto que vou, eventualmente, perder tudo.
Capítulo 17

Estou começando a ficar preocupado com a Louise, ela não


atende as ligações, não responde às mensagens, terei que ir até ela,
será essa a solução. Hoje é o aniversário dela e ela estava animada
para hoje.
Meu instinto diz que isso tem a ver com o retorno da Megan.
Será que as duas brigaram? Eu teria ficado sabendo, ou será que
não?
Pego o meu celular e ligo mais uma vez para a Louise, mas
de novo, ela não atende.
— Pai? — Escuto a Megan me chamando da porta do
escritório — Achei que iria para a empresa hoje.
— Talvez mais tarde — Respondo, deixando meu celular
sobre a mesa. — Hoje resolvi ficar no escritório de casa mesmo.
— Melhor, porque aí eu não preciso ir até lá — Ela fala
sorrindo enquanto se aproxima.
Eu me levanto para dar um abraço na Megan e beijo sua
testa, mas a proximidade me faz ver que suas olheiras estão
marcadas, seu olhar está um pouco sem brilho, ela até parece um
pouco pálida.
— Você está bem? Aconteceu alguma coisa? — Pergunto
preocupado.
— Estou ótima — Ela diz com um sorriso falso enquanto se
afasta — Tanto que só vim avisar que vou passar o final de semana
fora.
— Fora? Para onde você vai? — Pergunto encarando a minha
filha.
— Vamos para a casa de praia — Ela responde sorrindo,
agora não parece falso — Volto no domingo a noite.
— Quem vai?
— O Finn, Dominic, Claire, Madelin, e mais alguns amigos —
Ela responde dando de ombros — Vai ser divertido.
— E a Louise?
— Pai, eu não nasci colada nela, não precisamos fazer tudo
juntas — Ela responde, mas parece evasivo.
— Mesmo no aniversário dela?
— Como o senhor sabe a data do aniversário da Louise? —
Ela devolve a pergunta arqueando a sobrancelha.
— Vocês são amigas há muito tempo, eu sou amigo do pai
dela, não é como se não fosse alguém de casa — Dou de ombros —
E vocês sempre passam juntas, a menos que tenha acontecido algo.
Ela suspira e faz um bico nos lábios, pensativa. E começa a
andar de um lado para o outro, como se estivesse com um dilema
ocupando a sua mente.
— Você pode me contar qualquer coisa, Megan, sabe disso —
Falo calmamente, e ela suspira.
— Nós duas brigamos, mas eu não sei se estou pronta para
falar sobre isso — Ela suspira — E por favor, não me pergunte mais
sobre ela, não cite o nome dela. Provavelmente, a gente nunca mais
se fale.
— Quando você estiver pronta para falar, estou aqui — A
conforto, e ela assente, me abraçando.
Foi muito pior do que eu poderia imaginar.
— Talvez eu nunca fale sobre isso — Ela diz com um fio de
voz.
Muito pior.
— Tudo bem, meu amor, não precisa se forçar, ok? — Falo
acolhendo a minha filha com carinho, sua voz parece quebrada,
como se ela estivesse sentindo dor — Mas você não está sozinha.
— Obrigada pai — Ela diz com a voz chorosa.
Eu não vou pressionar ela para me falar o que aconteceu,
mas a Louise terá que me contar o que houve, não ficarei no escuro
mesmo. Megan parece magoada demais, se eu forçar, sei que não
terei respostas, mas eu preciso delas. E se um lado não conta, o
outro terá que contar.
Alguém bate na porta e antes que eu possa dizer que não
pode entrar, a Megan responde, e se afasta um pouco de mim,
limpando os olhos.
— Desculpa atrapalhar, senhor, mas o pessoal da limpeza
deixou esse colar aqui, estava na casa do campo — Liana, a
governanta, explica e me entrega um colar de pedras rosas. O colar
da Louise — Como não reconheci como da Megan, então trouxe
para o senhor.
— Esse colar não é meu mesmo — Megan diz, com os olhos
vidrados na joia — Esteve na casa de campo? Esse fim de semana?
— Estive — Respondo curto e olho para a governanta —
Pode ir agora.
— Com licença — Liana responde e se retira em seguida.
— Estava com a Margareth de novo? — Ela pergunta com um
sorrisinho e eu fico aliviado dela não ter reconhecido o colar — Vai
acabar se apaixonando.
— Não vou me apaixonar por ninguém — respondo revirando
os olhos, enquanto coloco o colar na mesa — Está tudo sob controle.
— Estou vendo — ela ri e respira fundo — eu preciso ir
organizar o meu fim de semana.
— Claro, divirta-se e me liga se precisar de qualquer coisa —
Aviso, dando mais um abraço rápido na Megan.
Ela sai do escritório e eu volto a me sentar. Pego meu celular
mais uma vez e vejo uma mensagem do Aaron avisando que chegou
na cidade. Não tem nada da Louise, mas eu preciso tentar mais uma
vez.
Ligo de novo para o contato dela, mas quando penso que a
chamada será encaminhada para a caixa postal, ela atende.
— Louise…
— Não, eu não quero conversar, por favor, para de insistir e
me deixa quieta — Ela pede, sua voz está fraca como se ela mesma
estivesse fraca.
— Não, nós temos que conversar — Eu insisto, ficando
irritado com todo esse silêncio.
— Eu não quero conversar agora, então por favor, não liga
mais — Ela pede mais uma vez — Eu gosto muito de você,
Alexander, mas quero ficar sozinha.
— Eu disse que não te deixaria só.
— Sei disso, mas é o que eu preciso agora — Ela responde e
a escuto suspirar — até depois, não sei quando, mas até.
Antes que eu possa responder, ela desliga a chamada. Isso
não vai ficar assim, eu vou dar um jeito de falar com a Louise hoje,
custe o que custar.
Capítulo 18

— Você está linda — Minha mãe elogia entrando no quarto.


Sorrio para ela, mas não sei se consigo disfarçar o suficiente. Minha
vida está por um triz — Você não parece bem.
— A semana foi puxada — Minto, desde que vi a Megan, não
tive forças para sair do quarto.
— Eu soube que você não foi ao estágio essa semana — Ela
aponta e eu suspiro.
— Mãe, eu não quero falar sobre isso — Choramingo —
Podemos deixar para depois do meu aniversário?
— Claro, meu amor — Ela responde e segura as minhas
mãos — Eu te amo tanto e sou tão grata por você estar aqui, viva, e
conosco.
— Eu também te amo — Respondo sincera. Aprendi a amar a
Nicole nos anos que vivi aqui.
Eu a abraço apertado. Não sei por quanto tempo a Megan vai
manter meu segredo, não sei por quanto tempo vou manter essa
vida. Será que posso ser presa? Melhor não pensar nisso ou vou
chorar.
— Está pronta? — Ela pergunta parecendo animada.
— Sim, mas não sei porque toda essa animação, é só um
jantar em família — Respondo com um sorriso contido, não me sinto
em clima para comemorações. Porque se eu pensar bem, hoje nem
é meu aniversário de verdade.
— A família é importante, Louise — Ela diz fazendo carinho no
meu rosto — Vamos?
— Vamos — Suspiro mantendo sorriso no rosto.
Ela sai do quarto na minha frente e seguimos pelo corredor e
depois pela escada. Meu coração está apertado e um nó se instalou
em minha garganta desde que acordei essa manhã. Não sei se
devido à minha conversa recente com a Megan, e o medo que isso
despertou dentro de mim, sinto como se um aviso silencioso
flutuasse ao meu redor, o aviso de que algo ruim está para
acontecer. Tento me acalmar, por mais que eu esteja mal essa noite,
tudo o que preciso fazer é fingir. E tenho feito isso há muito tempo,
sei exatamente como agir.
— Louise! — Megan exclama animada e me abraça apertado,
me pegando de surpresa. Por um instante, sinto meus ossos
congelarem com o choque de tê-la presente. Esperava que Megan
não comparecesse.
— O que…? — Tento formular uma frase coerente, mas a
minha mente está em pane.
— É o aniversário da minha melhor amiga, certo? Eu não
poderia estar em outro lugar, senão aqui — Ela diz sorrindo, sinto
como se um tremor estivesse prestes a tomar conta de mim, mas
disfarço e fitando o ressentimento e a mágoa estampados em seus
olhos, tenho certeza que ela está preparando algo.
— Obrigada por estar aqui — Digo, a abraçando novamente e
abaixando o tom de voz em um sussurro — O que está fazendo?
Ela se afasta sorrindo, sem responder ao meu pedido velado e
me fazendo entender seus planos para essa noite. Meu coração se
agita e minha boca seca, estou em pânico, mas ainda tenho que
fingir que estou completamente bem e feliz.
— Feliz aniversário, Louise — Meu pai diz me envolvendo em
um abraço apertado e depois beija a minha testa — Eu te amo, meu
bebê.
— Eu te amo, pai — Respondo, com sinceridade,
aproveitando o momento para me despedir de maneira silenciosa, já
que prevejo o fim.
— Parabéns, Louise — Escuto a voz do Alexander e me viro,
sorrindo para ele. Sua voz me ajuda a me acalmar ao menos um
pouco, por alguns segundos, ao fitar os olhos dele, quase sou capaz
de me sentir segura. É uma droga estar apaixonada e não ter a
certeza de como as coisas serão.
— Obrigada — Respondo ainda sorrindo.
— Trouxe um presente para você — Ele me estende uma
caixinha e eu a pego no mesmo momento — Espero que goste.
— Tenho certeza que vou gostar — Respondo abrindo a
caixinha, Nicole se aproxima animada para ver, é um colar com um
par de brincos de diamantes — São lindos.
— E caros — minha mãe completa e eu rio.
— Obrigada, Alexander — Digo sorrindo e tenho a impressão
que a Megan revirou os olhos.
Esse é o meu quinto aniversário como Louise. Cinco anos que
estou vivendo uma vida que não é minha, e assim como no primeiro
ano, não me sinto muito feliz. Mas considerando tudo o que a minha
vida foi até então, até o internato, até meus dezesseis anos. O que
poderia ser pior?
— O jantar está servido — A senhora Middleton avisa.
Nós vamos para a sala de jantar. Aaron e Alexander iniciam
uma conversa sobre o mercado e negócios. Nicole conversa com
Megan sobre um país que ela quer muito conhecer. E eu me sinto
alheia a tudo. As conversas, o jantar, a mim.
— É tão bom estarmos em família — Aaron comenta sorrindo.
— No próximo aniversário, Luke estará aqui — Nicole diz e
coloca a mão no meu ombro — Será ainda melhor.
— Eu discordo. — Megan se levanta e sorri enquanto todos a
encaram confusos — Eu tenho certeza que nenhum aniversário será
como o de hoje.
Eu fecho os olhos, puxando bastante de ar, quanto as minhas
mãos pressionam a mesa, como se eu pudesse de alguma forma
expulsar essa tensão do meu corpo.
— Megan, não… — Peço, abrindo os olhos para encará-la.
Mas ela ignora, desviando o olhar.
— Eu tenho um presente para a Louise — Ela fala, sorrindo
de maneira fria — Na verdade, o presente é para toda a família.
— Agora estou curiosa — Nicole sorri abertamente, olhando
para a Megan e depois para mim.
— Megan, não faça isso. Por favor — Me coloco de pé,
suplicando por um pouco de… consideração, mas vejo todo o rancor
e mágoa em sua expressão por trás do olhar frio. O ar parece denso,
e, no fundo, eu até gostaria de me afundar aqui antes que mais
alguém entendesse o que está acontecendo.
— Você realmente acha que tem o direito de me pedir alguma
coisa? DEPOIS DE TUDO QUE VOCÊ FEZ? — Megan explode,
deixando que seus sentimentos atinjam a todos como destroços que
destroem tudo pelo caminho.
— Eu nunca prejudiquei ninguém, Megan. Eu… — Respiro
fundo quando minha voz ameaça falhar. — Eu não posso ter sido tão
ruim como amiga ao ponto de você estar me odiar assim.
— Não? Como não? Mentiu diversas vezes olhando nos meus
olhos, Louise! — Ela exclama, irritada.
— O que está acontecendo aqui? Do que estão falando? —
Nicole pergunta ficando de pé, o cenho franzido enquanto ela nos
encara preocupada.
— É um jantar de família, não vamos estragar esse momento.
Se acalmem e conversem depois — Alexander diz, Megan ri com
escárnio.
— Por quê? Por acaso está preocupado com a putinha que o
senhor está comendo escondido, papai? — Arregalo os olhos
quando Megan solta a informação como uma bomba no meio da
mesa, Nicole me fita no mesmo instante, a pergunta implícita em sua
expressão chocada.
— O quê? — Aaron pergunta atordoado, por um instante seu
rosto é tomado por um tom vivo de vermelho e seus punhos se
fecham antes que ele se jogue contra Alexander, o empurrando para
longe, já que agora, não resta mais ninguém sentado. — Você
transou com a minha filha? DESGRAÇADO, EU VOU TE MATAR!
— Calma, Aaron — Alexander pede, se afastando do amigo.
— É, calma, Aaron… Isso não é tudo.
— Megan, por favor, eu estou te implorando — Suplico mais
uma vez, sentindo minha voz falhar e as lágrimas inundarem os
meus olhos antes de escorrerem pelo meu rosto, minhas palavras
não a tocam, é como se nunca tivéssemos sido amigas algum dia.
Qualquer traço de empatia e cumplicidade se desfaz nesse exato
momento.
— ELA NÃO É A LOUISE! — Megan revela gritando e todos
param. Ela aponta para mim com escárnio. — Essa garota que
esteve vivendo aqui pelos últimos cinco anos não passa de uma
impostora!
O mundo parece parar. Eu me sinto paralisada.
É como se qualquer som ou ruído externo deixassem de
existir, como se os movimentos estivessem em câmera lenta. Minha
visão fica turva e instável e minhas pernas vacilam. Minha vida está
arruinada. Eu poderia rir disso, essa vida nunca foi minha, mas
mesmo que eu não seja quem eu deveria ser, gosto de quem eu sou.
— Por acaso ficou louca, Megan? É absurdo o que está
dizendo! — Ouço Nicole levantar a voz por um momento, seu timbre
completamente atordoado e perplexo diante da verdade.
— Megan, você tem certeza do que está dizendo? É uma
acusação muito grave! — Alexander se aproxima dela, afagando
seus braços. Mesmo assim seus olhos estão em mim.
— É claro que tenho certeza! Essa garota em sua sala jantar,
Nicole, se chama Jullie Millicent, ela trocou de lugar com a Louise
quando o massacre aconteceu — Megan termina de contar a
verdade, ela se afasta do pai, pegando várias fotos da bolsa e
entregando os registros para a Nicole, Aaron e Alexander.
Mais de um minuto inteiro de silêncio se passa, ninguém quer
acreditar. Nenhum deles quer admitir que a verdade esteve diante
deles o tempo todo, as mãos de Nicole tremem enquanto a cor foge
do rosto dela e do marido, Aaron está em choque e não consegue
sequer se mexer.
— Isso não pode ser verdade! — Nicole olha para a foto e
depois me olha, as lágrimas banhando seu rosto e borrando a
maquiagem feita pouco tempo antes. — Diz que ela está mentindo,
Louise. DIZ PARA MIM!!!
— Como isso seria possível? — Aaron questiona, saindo do
transe, mas ainda estagnado — Nossa filha está morta?
Eu respiro fundo, puxando o ar devagar e tentando controlar
as batidas frenéticas do meu coração. Quero falar alguma coisa, mas
o meu corpo não me obedece, minha voz não sai da garganta. Não
sei o que fazer. Nicole vem até mim em um ímpeto de raiva,
segurando nos meus ombros e me chacoalhando, me fazendo reagir
à letargia que se instalou em mim.
— A VERDADE, EU QUERO SABER A DROGA DA
VERDADE!!! — Ela grita enquanto continua me chacoalhando, só se
afasta quando o Alexander a tira de perto de mim.
— Não encoste na minha esposa, seu desgraçado! — Aaron
se joga contra Alexander, o empurrando novamente e me olhando
irritado — Diga logo, garota.
— Eu… eu… — Minha voz está embargada, sinto uma
vontade enorme de negar. Eu poderia negar. Mas seria apenas
prolongar o inevitável — Eu não sou a Louise.
Capítulo 19

Empurrar as palavras para fora é muito mais doloroso do que


imaginei. Diversas vezes me peguei pensando em como seria se
tudo fosse revelado, em como aconteceria. Quando Megan disse que
já sabia, eu tive certeza de que seria inevitável. Não sei se odeio a
Megan por fazer isso. Não sei se realmente entendo suas
motivações. Talvez ela tenha seguido o caminho menos doloroso
para ela, mesmo que fosse o mais doloroso para mim. E agora,
todos nessa sala de jantar estão feridos.
Eu queria que houvesse uma forma de consertar tudo, mas
simplesmente não posso voltar no tempo. Se pudesse, com certeza
o faria, agiria diferente e tentaria evitar que o pior acontecesse.
Louise era boa demais para ter morrido daquela forma. Se ela
estivesse viva, tudo seria diferente. Também não posso pedir
desculpas, porque por mais que eu sinta dor, não me arrependo do
que fiz. Era a minha única chance de ter uma vida. Será que sou tão
ruim assim? Será que não tenho o direito de errar?
Está tudo quebrado agora. Todos estamos em pedaços.
— O que aconteceu com a minha filha? — Nicole pergunta
aos prantos, sendo segurada por Aaron que também me encara,
incrédulo — Você matou a minha filha?
— Não, eu não fiz isso! — Nego, reagindo à acusação no
mesmo instante.
— VOCÊ A MATOU! SUA ASSASSINA — Ela grita, se
soltando dos braços do marido e vindo na minha direção novamente
— EU VOU MATAR VOCÊ! VAI PAGAR PELO QUE FEZ COM A
MINHA FILHA.
— Eu não fiz nada com ela! Jamais teria coragem de
machucar a Louise — Me defendo me afastando, mas não sou
rápida o suficiente.
Nicole consegue me alcançar e acerta um tapa no meu rosto.
O impacto capaz de virar meu rosto é seguido pela queimação e a
dor do golpe, mas não é apenas isso. Nicole continua me batendo
enquanto grita que matei Louise, gritando aos quatro ventos que sou
uma assassina. Uso os braços para tentar bloquear seus golpes sem
a machucar. Mas ela está tomada pela fúria e eu não consigo. Ela
está completamente transtornada.
Em algum momento caio no chão e coloco a mão no rosto,
sinto o líquido quente escorrer, provavelmente algum anel dela
cortou o meu rosto, mas não tenho tempo para assimilar isso. Logo
tudo se torna uma verdadeira confusão e Alexander tenta segurar
Nicole enquanto Aaron insiste em discutir com ele. Não entendo
exatamente o que estão falando, tem um zumbido dentro do meu
ouvido e meus cabelos estão sendo puxados por Nicole. Atinjo o
meu limite, estou cansada de tudo isso, cansada dos segredos, dos
pesadelos e de toda essa confusão.
— CHEGA! — Eu grito como se minha vida dependesse
disso. Grito porque dói, porque não aguento mais. Grito porque não
posso segurar mais nenhuma palavra sequer dentro de mim. Minha
voz é alta e impactante o bastante para fazer todos pararem, e então
me levanto, tirando o cabelo do rosto — Eu vou falar, não é isso que
vocês querem? Então vou falar!
— Você só vai dizer mentiras! — Nicole exclama com raiva.
— Será que está te doendo saber que a Louise está morta ou
que é tão incompetente como mãe que não conhece a própria filha?
— Retruco com raiva.
Nicole arregala os olhos e tenta vir na minha direção,
Alexander é quem a impede de me alcançar novamente e se vira
para mim em seguida.
— Quem é você? — Ele questiona e não consigo ler a sua
expressão.
— Não importa. — Aaron desdenha — Vou ligar para a
polícia.
— Não, ainda não! — Nicole protesta, me surpreendendo —
Eu quero ouvir o que aconteceu, eu preciso saber.
Respiro fundo e olho para o rosto de cada um, Nicole, Aaron,
Alexander e Megan. Chegou a hora de colocar para fora tudo o que
escondi por cinco anos.
— Meu nome é Jullie Millicent, nasci em Nova Iorque, mas
não tenho lembranças dos meus pais. Tudo que eu sei é que aos 2
anos fui morar no meu primeiro abrigo…
— Se você é de Nova Iorque, como foi parar em Seattle? —
Megan pergunta, esteve calada durante todo esse tempo. Fito seus
olhos antes de me sentar de novo, me sentindo diante de um
tribunal.
— Vou chegar nessa parte — Respondo e ignoro a dor que
estou sentindo para continuar — Aos quatro anos fui adotada, e
devolvida aos cinco depois da minha mãe adotiva viajar e me deixar
sozinha em casa por dois dias. Quando fiz sete, fui adotada de novo.
— sinto as lágrimas escorrendo pelo meu rosto, porque lembrar da
minha própria história dói mais do que a dor física que estou sentindo
agora — Grace era gentil, gostava de mim e realmente cuidava de
mim. Comecei a estudar e achei que teria uma família porque eu a
tinha, até o Kyle chegar.
— Por que está nos contando sua vida? Eu quero saber o que
você fez com a minha filha! — Aaron me interrompe em um tom
rude.
— Porque quero que vocês entendam porque eu tomei essa
decisão — Respondo e respiro fundo, preciso de forças para
continuar.
— Nada do que disser fará com que eu te perdoe! — Nicole
diz em um tom duro e eu assinto, não posso exigir isso dela.
— Kyle era mais novo do que Grace, era agressivo e gritava
muito com ela. Eu lembro de quando ela me trancava no quarto para
não ver, mas eu ouvia tudo e no dia seguinte ela estava coberta de
roxos. Um dia Kyle me ouviu implorando para que ela fosse embora,
e o deixasse, foi a primeira vez que apanhei dele. Kyle me batia
muito, me deixava com fome, foi uma das piores pessoas que
conheci. — Puxo o ar com força e engulo nó da garganta — um dia,
cheguei da escola, porque apesar de tudo, eu ainda estudava,
sempre soube que o estudo era minha única chance, mesmo que eu
nunca conseguisse uma faculdade e eu só tinha nove anos. Eu entrei
em casa a tempo de ver Kyle matando Grace, senti tanto medo,
tanto. Kyle me viu e me prendeu em casa, foram dias sem comer
direito, trancada, sem saber o que seria de mim, até que um dia
outro homem apareceu lá. Eu tinha sido vendida, fiquei poucos dias
no lugar, antes de conseguirem fazer algo comigo, eu fugi.
— Para onde você foi vendida? — Megan pergunta, cruzando
os braços na frente do corpo e assumindo a perplexidade de ouvir o
meu lado da história pela primeira vez.
— Uma casa de prostituição. — Megan pisca duas vezes, os
lábios se separando em surpresa enquanto sua expressão assume o
choque.
— Mas você era uma criança!
— O mundo lá fora é cruel, Megan, você não imagina a sorte
que tem. — Respondo e ela leva a mão na boca, cobrindo-a. —
Passei um ano mais ou menos morando na rua, até ser levada para
outro abrigo, mas dessa vez, sem chances de ser adotada, eu já
tinha mais de dez anos, um histórico de traumas e muitas casas. Os
pais não querem crianças perturbadas dentro de suas casas — Eu
deixo uma lufada de ar escapar, e falho em segurar as lágrimas —
Não era um lugar horrível, mas não era bom. A comida era estranha,
não tínhamos roupa, e o estudo era escasso, mas ainda assim eu
me esforçava. Eu via o estudo como a única chance de conseguir
algo, até que um dia uma das cuidadoras me disse sobre uma prova
para entrar em um internato que poderia mudar a minha vida.
— Realmente mudou — Nicole desdenha.
— Eu tentei a bolsa por dois anos seguidos e não consegui,
mas na terceira vez, fui aprovada. Era a minha chance. Logo quando
cheguei, eu percebi que seria muito mais difícil do que eu tinha
pensado, as outras estudantes me ignoravam, mesmo as outras
bolsistas, porque eu não era só pobre, eu era a órfã com passado
estranho, as pessoas faziam fofocas. Crianças conseguem ser bem
cruéis quando querem — Me sinto letárgica, como se o tempo
tivesse desacelerando, por que é tão complicado? — Mas a Louise
desde o começo achou divertido o quanto nos parecíamos, brincava
que éramos irmãs separadas na maternidade. Como o uniforme era
igual, e a Louise me convenceu a colocar meu cabelo igual ao dela,
acontecia até de sermos confundidas algumas vezes. Ela era
incrível. Louise era genuinamente boa, dedicada, verdadeira — Eu
preciso fazer uma pausa para não chorar, Louise foi a minha melhor
amiga, a segunda pessoa a me ver como um ser humano, a primeira
foi Grace. A morte dela ainda dói. — Eu amava a Louise.
— A amava tanto que decidiu tomar a vida dela! — Nicole
disse ressentida, gritando — Você é um péssimo ser humano.
— Louise pediu para mudarem minhas coisas para o quarto
dela, para dividirmos, já que ela dormia sozinha. Estávamos sempre
juntas, ela era uma das poucas que não saía de lá nem mesmo nas
férias, era muito raro. Então, Nicole, tenho certeza que eu conhecia a
Louise muito mais do que qualquer pessoa nesse cômodo. Você é a
mãe dela, a deixou lá a vida inteira para não ter que cuidar de uma
criança, e faz o mesmo com o Luke. Megan não sabe nada sobre a
Louise, vocês não eram melhores amigas, eram só as filhas de dois
amigos que se viam e Aaron, você nunca esteve lá para protegê-la
de nada, nunca foi o herói dela. — Eu aponto, ignorando os olhares
de raiva ou mágoa, eu também estou quebrada aqui — Chegando ao
ponto principal disso tudo. Eu acordei passando muito mal, era um
dia de prova e eu não podia perder aula ou nota por nada, afinal eu
era bolsista. Louise foi para a aula e assinou o meu nome na prova,
foi quando a escola foi invadida, eles eram quatro garotos… homens,
de um colégio interno para homens de Seattle, revoltados devido a
alguns foras e que resolveram se vingar.
— Como você sabe sobre isso? — Alexander questiona.
— Eu estava lá, ouvia as conversas, a gente sempre acabava
sabendo o que acontecia. — Dou de ombros — Algumas garotas
começaram a escapar para ir em festas e os conheceram, e foi
quando a bola de neve começou, tudo foi muito sufocado, porque
apesar de várias meninas ricas terem morrido, eles também eram
ricos. Dinheiro é tudo na nossa sociedade.
— Louise assinou a prova com o seu nome, a sala dela foi
invadida e ela morreu, então quando te procuraram… mas não faz
sentido, os professores não sabiam diferenciar? Como conferiram os
nomes nas provas e… — Megan indaga, confusa.
— Quando a confusão começou, eu estava no meu quarto,
longe das salas, ainda não me sentia bem. Alguém entrou no quarto,
alguma professora, e me arrastou dali para irmos para algum lugar
seguro, ninguém falava nada, ninguém explicava nada. Até que uma
professora entrou na sala de segurança que a gente estava, ela
estava chorando muito e disse que eu havia morrido e o nome de
mais alguns alunos — Olho para cima, evitando as lágrimas, ou
tentando evitar. — Era a professora do dia, da prova, eu não sei
como a Louise convenceu eles de que era eu, mas ela o fez e
morreu levando o meu nome. Minha mente processou tudo muito
rápido, se eu negasse e contasse a verdade. O que aconteceria
comigo? Para onde eu iria? Eu tinha recém completado dezesseis
anos e voltaria para um abrigo. Mas, se a Louise havia conseguido
enganar as pessoas que convivíamos, dizendo ser eu, o inverso
poderia acontecer, e seria mais fácil, já que ela quase não via a
família.
— Você não pensou por um momento que o que estava
fazendo era um crime? — Aaron pergunta, indignado.
— Não, não pensei — Respondo ficando de pé — Eu tinha
medo, estava sofrendo, eu vi minha melhor amiga morta. Ela usava
um conjunto de roupas minhas, tinha o cabelo preso do mesmo que
eu, fazia tudo para me ajudar. Eu fui ao inferno e voltei naquele dia.
— Você é uma maluca perigosa! Como vivemos tantos anos
com alguém assim? — Nicole pergunta transtornada, afundando os
dedos entre os cabelos. — Você mentiu, nos enganou. Meu deus,
isso é tão nojento! Você não tem escrúpulos.
— Eu decidi que, no fim, seria o melhor para todo mundo, se a
Megan não tivesse ido mexer no que não era da conta dela.
Ninguém nunca sentiu minha falta, eu não tinha para onde ir, não
tinha nada — Respiro fundo, sentindo as minhas mãos tremendo um
pouco — E vocês nunca precisaram chorar a morte dela, tinha eu
para fazer isso por todos.
— VOCÊ FOI EGOÍSTA! EU TENHO NOJO DE VOCÊ —
Nicole grita vindo para cima de mim de novo, mas é segurada pelo
Aaron dessa vez.
— VOCÊ NÃO SABE O QUE É SENTIR FOME! NENHUM DE
VOCÊS SABEM O QUE É FOME, MEDO, O QUE É SER
ESPANCADO E NÃO TER PERSPECTIVA. NUNCA TIVERAM QUE
PENSAR NA DROGA QUE TERIAM QUE FAZER PARA COMER
PELO MENOS UMA VEZ NO DIA! — Eu grito, me sentindo exausta,
chorando — Vocês não sabem de nada, não se importam com
ninguém. Vocês nunca me viram realmente, e por isso não viram que
eu não era a Louise, porque não amam ninguém além de vocês
mesmos. E estão repetindo o mesmo o erro com o Luke, passam
uma ou duas semanas no ano com o menino. — Passo as duas
mãos no cabelo, puxando os fios — eu não me arrependo do que fiz,
nunca vou me arrepender, mas preferia que ela estivesse aqui, tenho
certeza que não me sentiria tão sozinha.
— Eu não fui uma boa melhor amiga para você? — Megan
pergunta arqueando a sobrancelha, só agora noto que ela está com
os olhos vermelhos. É a minha vez de lhe mostrar um sorriso triste.
— Você foi minha amiga, Megan? — Devolvo o
questionamento — Na primeira frustração comigo, e olha onde
estamos. E sim, eu sei que disse que não transaria com o seu pai,
mas aconteceu. Mas que diferença isso faz? Não deveria ser tão
ofensivo para você ao ponto de você acabar com a minha vida.
— Você não pode me julgar assim, foi você quem errou! —
Ela aponta.
— E não vou me desculpar por isso — Respondo e olho para
a Nicole e o Aaron — Por nada.
— Eu quero você fora da minha casa! Vá antes que eu chame
a polícia — Aaron manda no mesmo momento que a Nicole o abraça
chorando — E saiba que vou bloquear tudo, cartões, acesso às
contas, carros, apartamentos, tudo!
— Posso pegar pelo menos minhas roupas?
— Você tem dez minutos para isso — Ele responde e eu
assinto, é melhor que nada.
— Antes de ir, só quero dizer que eu lamento,
verdadeiramente a perda de vocês — Me viro e começo a sair dali,
queria que essa fosse a conversa final, mas sei que vem mais ainda.
— Para onde você vai? — Escuto Alexander perguntar.
— Isso não importa para nós, pai — A Megan responde.
— Eu posso me virar, não precisa se preocupar, Alexander —
Digo, antes que isso vire outra briga.
— Seu tempo está passando — Aaron lembra — nove
minutos.
— Com licença — Eu saio, mas ainda escuto Nicole dizendo
que eu deveria sair presa.
Esse foi o ponto final da minha história. Vou ter que
recomeçar, de novo, quis tanto que isso não acontecesse.
Realmente queria ter me formado e trabalhado na empresa deles,
queria que eles tivessem orgulho de mim, porque eu realmente
aprendi a gostar deles. Mas agora não é o momento de chorar,
preciso colocar tudo que puder dentro das malas, porque sei que
nunca mais volto aqui. Depois eu lido com o meu coração em
frangalhos no peito e o nó que permanece em minha garganta.
Depois penso em como vou lidar com os problemas e com a
solidão.
Capítulo 20

Eu sabia que tinha algo errado acontecendo entre elas, mas


nunca imaginaria nada nessa magnitude. É complicado até pensar
em como tenho que reagir sobre isso. Megan tem razão em dizer
que não deveríamos nos preocupar com ela, mas não posso deixá-la
desamparada. Não vou simplesmente deixar de sentir o que sinto.
— Também quero você fora daqui, Alexander — Aaron diz
irritado — Se ela fosse a minha filha, você estaria transando com ela.
— Eu não acho que esse seja o momento de discutirmos
sobre isso — Respondo ao Aaron, sei que ele deve estar muito
abalado. Não sei como reagiria se estivesse no lugar dele.
— Não temos nada para discutir, só saia daqui — Ele manda.
Até penso em responder, mas não é mesmo o momento.
Seguro o braço da Megan e começo a guiá-la para sairmos dali, mas
ainda não tenho a intenção de ir embora, preciso saber o que a
Lou… Jullie, isso é muito confuso, vai fazer.
— Vamos para casa — A Megan diz quando passamos pela
porta.
— Eu quero falar com a Louise antes — Respondo, ficando
encostado no carro.
— Ela não é a Louise e por que quer falar com essa
mentirosa? — Ela pergunta cruzando os braços na frente do corpo.
— Porque ela está sozinha agora, eu não ficarei tranquilo,
preciso saber se ela está segura, se tem para onde ir. Então vamos
esperar — Eu dito e ela bufa.
— Está apaixonado por ela? É sério pai? Não percebe o quão
perigosa ela pode ser? — Megan quase grita — Eu não acredito que
vai fazer isso comigo pai, não acredito que escolherá ela.
— Isso não é uma competição — Eu digo firme — Entendo
que você está machucada, tudo isso pegou todo mundo de surpresa,
e que todos estão feridos aos seus modos e sentimentos, Megan,
então se contenha e não haja como se só você tivesse perdido algo,
porque todos perderam.
— Aparentemente, o senhor não perdeu nada — Ela diz em
tom de deboche. — Vou chamar um carro para me levar para algum
lugar, já que deve levar aquela garota para casa.
— Não, você vai entrar nesse carro e vai comigo para casa —
Mando em um tom ríspido — Acha que a forma com a qual contou
sobre a minha relação com a Louise não acabou com a minha
amizade com o Aaron? Megan, você só pensou em você e em como
você estava ferida e achou que a melhor forma de ficar melhor, era
levando o máximo de pessoas com você.
— Isso é ridículo — Ela desdenha.
— Eu não sabia que tinha criado uma filha tão egoísta —
Suspiro enquanto nego com a cabeça — Entra no carro agora e
espera lá.
— Eu não sou criança.
— Agora, Megan — Eu mando novamente, ela me olha
irritada, mas dessa vez obedece.
Quando olho em direção à porta, Louise está ali, seus olhos
estão vermelhos, assim como a ponta do seu nariz. Seu cabelo
preso em um coque estranho. Ela tem uma mochila nas costas e
uma mala enorme ao lado.
Eu tinha certeza que estava me apaixonando por ela, mas no
momento, não tenho certeza de quem ela é. Será que tudo o que
conheci dela foi uma farsa? Será que era sempre um teatro? Um
jogo? Sobre o que mais ela mentiu?
— Para onde você vai? — Pergunto indo até ela.
— Não precisa se preocupar comigo, sei me cuidar — Ela
responde se afastando um pouco, sua voz está fraca, acho que de
tanto chorar. — Eu ouvi vocês, e eu não quero mais criar problemas
por aqui.
— Você não está criando mais nenhum problema, entra no
carro e eu vou te levar para o apartamento e você pode ficar lá, até
ficar bem — Eu sugiro e ela tenta sorrir, mas é ainda mais triste — ou
para a minha casa.
— Megan nunca aceitaria isso — Ela diz e suspira — Eu vou
embora, não quero ser um problema para ninguém, e também não
quero ser presa, então só vou… só vou achar um novo lugar.
Encaro a Louise por um segundo. Ela está dizendo que vai
embora? Sumir da vida de todo mundo? Não, eu não aceitarei isso.
Sei que em algum momento, quando todos se acalmarem, as coisas
precisam ser resolvidas e eu não vou perdê-la por isso.
Caminho até ela e a pego no colo, segurando-a firme. Louise
tenta protestar, mas não é algo que me impede de continuar levando
ela em direção ao carro. Abro a porta e a coloco no banco de trás e
arrumo sua bolsa, ela me encara surpresa e irritada, fazendo
menção de que vai sair do carro.
— Se qualquer uma das duas sair de dentro desse carro, eu
vou pegar e colocar aqui de novo e ainda vou amarrar com o cinto de
segurança — Aviso ríspido — Entendido?
Louise apenas acena. Ela realmente não está nada bem,
porque essa não seria sua reação normalmente. Já Megan apenas
me encara irritada, mas não diz nada, só volta a olhar para frente.
Fecho a porta e volto para buscar a mala e coloco-a no
bagageiro. Não sei se me preocupa ou me alivia o fato de não ter
gritos, mas estou tão estressado com tudo isso que o silêncio me
parece perfeito.
Entro no carro e começo a dirigir, ninguém diz nenhuma
palavra, mas sei que elas ainda tem muita coisa para dizer uma para
a outra, tem muita coisa para ser esclarecida.

A noite não foi tão ruim quanto eu pensei que seria. Megan foi
direto para o seu quarto sem falar nada, melhor que se acalme
primeiro. Levei a Louise para o quarto de hóspedes, ela parecia
abalada e frágil. O que é realmente estranho, porque nunca tinha a
visto como uma pessoa frágil, ela sempre foi muito forte e
determinada.
Agora está visivelmente quebrada.
Visto a minha camisa e saio do quarto, vou até o quarto da
Megan e bato na porta, mas está tudo quieto demais, provavelmente
continua dormindo. Vou até o quarto da Louise, e bato uma vez na
porta e a abro devagar.
— Louise? — Chamo baixo enquanto entro no quarto, e a vejo
enrolada na coberta, praticamente toda escondida. — Como você
está?
— Eu quero ficar sozinha, por favor, me deixa sozinha — Ela
pede com a voz chorosa e eu caminho até ela — Por favor.
— Eu te disse que não ficaria sozinha, e quero que saiba que
não está — falo suavemente colocando a mão sobre seu corpo e
fazendo carinho — eu estou aqui.
— Alexander… — Ela começa a falar, mas chora e eu me
deito com ela, abraçando-a.
— Eu não te odeio, Louise, ou Jullie, como você preferir. Nós
teremos que conversar em algum momento, mas tome seu tempo
primeiro, se recupere, e tenha certeza que eu estarei aqui.
Louise me olha por uns segundos e então começa a chorar.
Eu a acolho nos braços, deixando que ela chore tudo o que precisa
ciente de que não está sozinha.
Capítulo 21

Aindanão consegui me acostumar com a ideia de que a


Louise não é a Louise, mas pelo menos ela continua aqui, aonde eu
consigo manter meus olhos sobre ela e ter a certeza de que está
segura e saudável. Já passaram três dias desde a confusão, e eu
ainda não consegui conversar com o Aaron, e mesmo não querendo
sair de casa, eu realmente preciso ir até ele antes que ele tome
alguma atitude impulsiva.
Termino de beber o meu café e me levanto, quero verificar a
Louise antes de sair de casa. Me preocupa muito esse humor
abalado dela, Louise só fica na cama, não sai do quarto e não come
quase nada. Ela não pode se deixar definhar dessa forma. Não vou
deixar que isso aconteça.
— Bom dia, papai, parece com pressa — Megan cumprimenta
com deboche quando entra na cozinha.
— Bom dia, Megan, lembrou que tem casa, finalmente —
Respondo, encarando a minha filha que sumiu na manhã seguinte ao
aniversário, achei que ela estava dormindo, mas ela havia escapado
no meio da noite.
— Eu só vim buscar algumas coisas — Ela responde pegando
alguns morangos, sem olhar para mim — Não vou ficar nessa casa
enquanto ela estiver aqui.
— Você está brava por ela não ser a Louise da sua infância ou
por ela estar comigo? — Pergunto sendo direto — Você já sabia
quando nos falamos no dia do aniversário dela, você ia viajar,
Megan, mas mudou de ideia de última hora — Ela me encara sem
reação — Eu não sou um adolescente bobo, minha filha, por um
momento eu achei que você não tinha reconhecido o colar, mas foi
só juntar as coisas.
— Eu só não fui viajar porque achei que todos devessem
saber a verdade — Ela se defende tentando manter a firmeza, mas
esquece que eu a conheço desde que nasceu.
— Megan Houston, eu te conheço antes mesmo de você se
conhecer…
— Se me conhece tão bem, não deveria fazer coisas que me
magoam, não deveria me colocar em segundo lugar na sua vida! —
Ela me interrompe com a voz um pouco alterada.
Inspiro profundamente. Vou precisar de calma para lidar com
a Megan nesse momento. E aparentemente será muito mais
complicado do que eu havia pensado que seria.
— Megan, você é minha única filha, ninguém vai tirar seu
lugar na minha vida, ninguém será mais minha prioridade que você.
— Esclareço com firmeza — Eu ter uma relação com a Louise, ou
com qualquer outra pessoa, não muda isso.
— Claro que muda, olha a nossa situação atual, o senhor está
dedicando todo o seu tempo para ela — Ela argumenta em um tom
magoado — Queria que a minha mãe estivesse aqui, assim isso não
teria acontecido.
— Eu também sinto falta dela, mas ela não está aqui e a
minha vida não pode parar. O que você quer? Que eu fique sem me
envolver com ninguém pelo resto da minha vida? Que eu nunca mais
tenha uma relação? — Questiono com o máximo de calma que tenho
e a vejo cruzar os braços, como uma criança emburrada e ficando
em silêncio, o que já responde a minha pergunta — Você enxerga o
egoísmo nas suas ações? Seu desejo é que eu fique só, quando
você mesma está prestes a sair de casa e ir para o mundo.
— Não é isso, só não quero que o senhor se envolva com
qualquer uma — Ela tenta se justificar — Não tinha que ser ela.
— Assim como todas as outras mulheres que eu me envolvi?
— Devolvo e ela bufa baixo — Megan…
— É que o senhor é a pessoa mais importante no mundo e eu
não quero que me deixe, não quero — Ela choraminga — E ela tinha
me prometido que nunca ficaria com o senhor, ela mentiu para mim!
— Megan, vou repetir mais uma vez, você é a minha filha, e
seu lugar é único e insubstituível — Eu digo me aproximando dela —
e vou perguntar mais uma vez. Você está brava com ela por ela não
ser a Louise da sua infância ou por ela estar comigo?
— É por tudo, não sei se consigo distinguir — Ela responde
com os olhos cheios de lágrimas e eu a abraço, acolhendo-a como
se ela ainda fosse um bebê que precisa de colo.
— Está tudo bem se sentir confusa e magoada com ela já que
eram tão amigas, está tudo bem até ser um pouco egoísta, mas você
precisa repensar sobre como esses sentimentos estão ocupando seu
coração — Eu falo calmo e ela se encolhe ainda mais — Você
também precisa ser responsável nas suas atitudes, meu amor, do
mesmo jeito que você não quer ser ferida, também não pode ferir
quem encontra no caminho.
Ela fica em silêncio ainda chorando, e eu faço cafuné em seu
cabelo, deixando que ela se acalme, sei que a Megan ainda vai
precisar de um tempo para pôr os seus sentimentos no lugar. Só
realmente espero que ela crie algum juízo nessa cabeça.
— E tem uma coisa — Aviso quando ela começa a se afastar.
— O quê? — Ela pergunta limpando os olhos que estão
vermelhos.
— Está de castigo, se sair essa semana para algum lugar que
não seja a faculdade, vou bloquear seus cartões por tempo
indeterminado — A informo assim que me olha surpresa, e eu sorrio
pequeno — Você precisa sossegar para pensar um pouco.
— Isso é repressão! — Ela exclama — Pai, isso não é justo.
— Claro que é — Sorrio e beijo sua testa — Eu preciso ir
agora, tome seu café da manhã e não falte a aula.
— Pai…
— Bom dia para você, filha — A interrompo enquanto saio da
sala de jantar, até acho que ela virá atrás de mim, mas não acontece.
Respiro fundo e sigo em direção às escadas. Toda essa
situação parece estar sendo abrasiva para todos os envolvidos.
Mesmo que eu tente me manter neutro, e separar as coisas, tem
muita coisa que me perturba a cabeça. A filha do meu melhor amigo
está morta há anos e ninguém percebeu. Ninguém.
Me preocupa a capacidade de dissimulação da Louise, mas
ela é a mulher que eu me envolvi, e me apaixonei, mesmo que seu
nome não seja o qual sempre pensei. Qualquer relacionamento tem
seus riscos, e eu estou disposto a me arriscar nesse com ela. Seja lá
qual o tipo de relação que nós estejamos desenvolvendo.
Bato na porta do quarto dela duas vezes e abro em seguida,
me surpreendo ao encontrá-la arrumada, nos últimos dias só a vi na
cama, enrolada na coberta. Ela se vira em minha direção e eu
consigo ver seus olhos, e o quanto estão opacos e sem vida.
— Bom dia, onde você vai? — Pergunto e ela suspira, indo
em direção a sua bolsa.
— Bom dia, vou para a faculdade — Ela responde, sua voz
está vacilante, o que me acende um alerta.
— O que vai fazer na faculdade? Está pronta para voltar para
a sua rotina? — Questiono me aproximando dela.
— Não, vou trancar minha matrícula — Ela diz, e eu vejo um
sorriso triste brotando em seu rosto.
— Por quê? Você não precisa fazer isso — Paro em sua
frente, e seguro seu rosto com delicadeza, fazendo ela olhar para
mim, enquanto seguro na sua cintura com a outra mão.
— Eu não tenho dinheiro para me manter lá, recebi uma
mensagem da Nicole, informando que eu não posso voltar àquela
casa, todos os cartões que eu tinha estão bloqueados, e agora, até o
meu celular está bloqueado, tudo que eu tenho é uma conta recente
que fiz — Ela solta um riso anasalado, mas vejo a angústia em cada
movimento dela, em cada respirar — E só fiz aquela conta devido ao
alerta enorme que a Megan me propiciou, não tenho dinheiro mais.
— Eu vou manter sua faculdade, sua vida não precisa mudar
— Eu acaricio o rosto dela com carinho e me afasto um pouco, e tiro
um cartão e entrego para ela que me olha confusa — Usa ele por
enquanto, depois vou emitir um no seu nome, não vou te deixar
desamparada.
— Em qual nome você vai emitir? — ela pergunta sarcástica e
eu quase rio — Não resisti — Ela dá de ombros e coloca o cartão no
bolso interno no terno — Eu não comecei a me envolver com você
para ter um cartão sem limites, Alexander, eu nem sei como vai ser
de agora em diante, talvez eu vá presa por falsidade ideológica.
— Se eu estou te dando um cartão sem limites, é porque eu
posso bancar isso. Você não é tola assim, Louise, você está comigo
e não importa como isso começou, o que importa é o agora e eu
cuidarei de você. E vou fazer isso te proporcionando as melhores
coisas — Declaro firme — E você não vai ser presa, resolverei essa
situação quanto antes.
— Alexander…
— Não se preocupe tanto, eu vou cuidar de você, Louise —
Falo tentando tranquilizá-la e beijo sua testa com carinho.
Ela sorri para mim e fica nas pontas dos pés para me beijar. O
beijo é calmo, nossos lábios se encaixam perfeitamente, e minhas
mãos seguram o seu corpo com cuidado, como se ela fosse de
cristal. Não aprofundamos o beijo, apenas deixamos que os
sentimentos não falados sejam transmitidos no gesto, nas línguas
que já se conhecem.
— Eu estou aqui por você — Falo carinhoso quando findamos
o beijo e eu a envolvo em um abraço, acolhendo ela no meu peito.
Capítulo 22

Eu tenho mais uma chamada recusada pelo Aaron. Ele não


pode ficar sem falar comigo para sempre, e não vai, porque se ele
não quer resolver o que temos para resolver por celular, vamos fazer
isso cara a cara. Somos amigos desde a infância, e se for para
acabar agora, vamos fazer isso depois de uma conversa racional.
Somos homens, e não adolescentes.
Dirijo em direção ao prédio dele, sei que ele está lá porque já
confirmei com a secretária. Ele não vai escapar. E mais do que
resolver a nossa situação, preciso garantir que a Louise ficará bem,
sem processos e sem chances de ser presa.
Louise… Apesar de ainda chamá-la por esse nome devido ao
hábito, será que ela ainda vai querer ser chamada assim? Será que
ela vai querer voltar a ser chamada pelo seu verdadeiro nome,
"Jullie"?
Estaciono o carro na garagem da empresa e pego o elevador
direto para a sala do Aaron sem ser interrompido pelo caminho. É a
vantagem de já ser conhecido aqui, e saber que ele não me barraria
tão cedo, pelo menos, conheço como a palma da minha mão, sei que
ele gosta de evitar escândalo. E qual seria a explicação para eu não
poder andar aqui, quando já fiquei como responsável pela empresa
algumas vezes? Esse é… era o nosso grau de confiança.
— Bom dia, senhor Houston — A secretária me cumprimenta,
se levantando do seu lugar no momento em que me vê entrando na
sala.
— Bom dia, Aaron está? — Pergunto já indo em direção à
porta dele.
— Sim, mas ele pediu para não ser incomodado — Ela se
apressa em ir em direção à porta, para ficar na minha frente.
— A questão é que eu não sou ninguém, então, por favor, se
retire da minha frente — Eu falo firme e ela estremece um pouco.
— Senhor…
— Me escuta antes que eu perca a paciência — Digo em tom
de aviso e ela sai da minha frente.
Respiro fundo e abro a porta da sala. Ele vai ter que me ouvir,
não me importo com o que ele esteja fazendo. Mesmo que me
mantenha sempre controlado e calmo, não significa que eu não
esteja com raiva, porque eu estou. Odeio coisas incompletas, odeio
problemas mal resolvidos. Odeio o morno.
— Eu avisei aquela inútil para não deixar ninguém entrar,
deveria ter sido mais específico e deixado claro que você não podia
entrar aqui — Ele fala com raiva, mas em um tom contido, ficando de
pé. Exatamente como imaginei que ele estaria — Vá embora antes
que eu chame os seguranças.
— Você não vai chamar ninguém, aja conforme a sua idade,
Aaron, você não é um garotão envolto de hormônios — Rebato sério,
e ele deixa escapar uma risada debochada.
— Eu quem deveria estar falando isso, ou esqueceu que foi
você quem fodeu com a minha — Ele faz uma pausa no meio da
frase, irritado, seu rosto ficando vermelho — com a garota que
deveria ser a minha filha.
— E é sobre ela que vim falar, porque acho esse seu
escândalo um exagero. Eu sou um homem adulto, Louise é uma
mulher adulta, foi e é uma relação consensual. — Falo firme e sem
rodeios, me pondo diante dele, deixando a sua mesa entre nós.
— Ela não é a Louise — Ele pontua, sentando em sua cadeira
— Não importa o que veio falar sobre aquela usurpadora, não vamos
mudar nossa decisão.
— Qual decisão? — Pergunto, avaliando cuidadosamente
meu amigo. Essa é uma questão que me importa muito, porque vou
cuidar para que a vida da Louise não saia de forma alguma dos
trilhos.
— Vamos fazer o que é certo, denunciar ela por falsidade
ideológica, estelionato e tudo mais que está ao nosso alcance. Seria
justo até abrir um inquérito para averiguar se não foi ela mesma que
matou a Louise, porque não vejo motivos para acreditar em nenhuma
palavra que sai da boca dela — Ele diz com raiva, o que é justo, ele
precisa lidar com o luto tardio de alguma forma.
Mas é evidente que estamos tendo um conflito de interesses
aqui. Ele sente que a melhor opção é destruir a Louise, mas eu estou
no caminho até ela, e vou usar as armas que forem necessárias para
conseguir protegê-la.
— E como você acha que a mídia reagirá quando souber que
vocês não reconheceram a filha de vocês? Como acha que será a
reação do público quando souber que foram capazes de viver por
anos com uma impostora e não perceberem que não é a filha de
vocês? Como acha que ficará a imagem da empresa? O nome da
família? — Questiono sem dar tempo para que ele me responda, se
bem que eu acho que ele nem tem uma resposta para isso —
Pensaram sobre isso?
— Algumas coisas são mais importantes que a droga de um
nome! — Ele exclama alto, batendo a mão na mesa, derrubando os
objetos, mas me mantenho impassível diante da cena — Minha
verdadeira filha e herdeira está morta! — Ele suspira — Morta.
— Eu sinto muito por você, verdadeiramente, mas me
pergunto se toda essa raiva é realmente pela Louise. — Falo
venenoso, deixando escoar para fora sob seu olhar confuso e de
ódio — em alguns momentos parece que sua raiva vem de não ter
mais uma herdeira dedicada como a Louise é, e sim de não ter
reconhecido, não como uma culpa. Mas como uma prova da sua
indiferença diante da paternidade.
— Alexander, você não sabe sobre o que está falando — Ele
diz entredentes, seu rosto ainda mais vermelho. O veneno está
fazendo efeito.
— Eu sei, porque eu te conheço, e sei que odeia a
paternidade, sempre odiou. Nunca cuidou de nenhum dos seus
filhos, Luke continua lá, jogado em um internato, visitando a própria
casa a cada ano por apenas duas semanas — Eu pontuo. — Você
adorou a nova Louise, a que voltou do internato depois de tudo, mais
centrada, mais dedicada, mais determinada a agradar, mesmo com a
personalidade forte, e sua incrível habilidade de se impor, você via
nela a continuidade do seu legado. — Vou falando devagar, deixando
ele absorver minhas palavras — Minha sugestão é que você
preferiria nunca ter ficado sabendo a verdade.
Ele soca a mesa, mas se levanta em silêncio, indo em direção
à parede de vidro e ficando de costas para mim, enquanto eu
encosto na cadeira o observando atentamente. Sei que estou
chegando no ponto onde quero. E o que quero é que ele desista de
processar ela.
— Saia da minha sala, Alexander — Aaron diz sério, se
virando o suficiente para me olhar — Entendi o que você quer, e qual
é o seu ponto, e não estou disposto a continuar essa conversa com
você.
— Pois eu ainda tenho muitas coisas para falar — Digo
arqueando a sobrancelha.
— Vou entrar em contato assim que possível — Ele diz
completamente indiferente — mas espero que esteja ciente da
decisão que está tomando, meu amigo, você está escolhendo um
lado.
— Não precisaria haver lados se vocês relativizassem a
situação — Retruco e ele sopra o ar com uma única risada de
escárnio.
— Se fosse a Megan morta, aquela garota sequer estaria viva
agora — Ele devolve em um tom sarcástico.
— Não mesmo, mas eu a teria matado no momento que
aparecesse na minha frente dizendo ser a minha filha, e não cinco
anos depois, porque eu conheço a pessoa que coloquei no mundo —
Respondo inabalado. — Vou deixar você ter seu tempo para pensar
no que tiver que pensar, mas saiba que para atingir ela, terá que
passar por mim.
— É uma ameaça? — Ele questiona incrédulo enquanto eu
me levanto.
— Entenda como quiser, Aaron — O encaro friamente — Você
me conhece tão bem quanto eu te conheço, e nós não queremos nos
enfrentar, certo?
— Saia do meu escritório, agora! — Ele exclama sem
responder, e eu sorrio certo de que ele entendeu o recado.
Caminho para fora da sala, já fiz o que tinha de fazer aqui de
qualquer forma, agora é só esperar ele refletir sobre as
consequências de tentar atacar a Louise. E eu sei que ele fará de
tudo para proteger o próprio nome.
Meu celular toca assim que entro no elevador e eu atendo
imediatamente. Estava ansioso esperando por essa ligação.
— Houston, tenho tudo o que o pediu, pode me encontrar?
Capítulo 23

Puxo o ar lentamente observando o Alexander deixar o


quarto, olho para o cartão em minha mão e o deixo sobre a mesa.
Não preciso disso agora. Eu mal sei do que preciso agora. Todo esse
caos que a minha vida se transformou me deixa apreensiva de uma
forma que não me sentia há muito tempo. Realmente compreendo a
reação de todos, mas também tenho sentimento e estou machucada.
Será que eu não tenho direito de sangrar?
Me olho no espelho, felizmente as olheiras estão escondidas
sob a maquiagem, e me ver arrumada assim melhora um pouco o
meu humor, já foram três dias dentro desse quarto, quase me sinto
em uma prisão. Será que é como um estágio para quando eu for
presa de verdade? A piada é ruim, mas é o que realmente pode
acontecer.
Pessoas feridas fazem qualquer coisa, sou a prova disso.
Caminho até a porta e seguro a maçaneta. Liana disse que a
Megan não apareceu nos últimos dias, então tudo bem sair um
pouco, preciso ver mais do que as paredes desse quarto. Mas se ela
já estiver aqui? Não importa, em algum momento a gente terá que se
ver, estamos morando no mesmo lugar.
Sei que estou derrubada agora, mas eu sou uma
sobrevivente, então não importa quantas vezes me joguem ao chão,
enquanto estiver viva, vou me restabelecer. E independente de
qualquer coisa, não estou sozinha, Alexander prometeu que não me
deixaria e está cumprindo com a sua palavra.
No mesmo instante que piso no último degrau, escuto a voz
da Megan. Fico parada no lugar, indecisa. Continuo o caminho que
eu ia fazer ou volto para o quarto?
— Você não vai conseguir me evitar sempre — Ela diz, me
surpreendendo, já que pensei que ela não falaria comigo — Mas eu
gostaria de poder te evitar.
— Me olhar te lembra como me traiu? — Pergunto deixando
as palavras saírem sem que eu me contenha, e caminho para a sala
sob seu olhar frio.
— Você quer mesmo falar de traição? Tem certeza disso? —
Ela pergunta ficando de pé — Se tem alguma traíra aqui, é você.
— Se isso te faz dormir melhor à noite, pode acreditar nisso —
Desdenho, mesmo mantendo minha pose, me parte de uma maneira
inexplicável e dolorosa estar nesse ponto com a Megan — Eu não
vou discutir com você, Megan.
— Você sempre foge, se esquiva, se não fosse por essa sua
mania de não encarar as situações e se fosse um pouquinho mais
sincera, não estaríamos nessa situação agora — Ela acusa, seu tom
de voz oscila um pouco e seus olhos brilham, mas eu não sei se é de
raiva ou mágoa. Talvez os dois.
— Você não pode colocar o dedo na minha cara e agir como
se fosse uma santa, aliás, você está muito longe disso. Você é
mimada, não aceita não ter tudo o que quer, acha que todo mundo
tem como por obrigação te agradar e estar sempre a sua disposição
— Devolvo as acusações e puxo o ar com força, com raiva — Não
estaríamos nessa situação se você tivesse sido minimamente
condescendente, e tivesse me ouvido ao invés de me excluir
imediatamente da sua vida.
— Você roubou a identidade de outra pessoa, como queria
que eu reagisse? — Ela questiona exasperada, mas isso não me
comove, não quando eu estou tão magoada também.
— Eu queria que você tivesse pensado que independente do
nome que eu tivesse e do sangue que corresse nas minhas veias,
você se lembrasse que eu era sua amiga. Eu queria que você tivesse
enxergado que não foi a droga de um nome que me fez ficar ao seu
lado por tantos anos, dividir tantos momentos, tantos segredos —
Suspiro exausta — Eu entendo o choque, entendo de verdade, mas
você não pensou em mim por nenhum segundo, Megan, consegue
enxergar o quanto foi egoísta? Tudo isso só está acontecendo agora
porque tudo o que você fez foi pensar só nos seus sentimentos.
— Você está fazendo parecer que eu sou a vilã, quando a
criminosa é você! — Ela exclama acusatória. Eu sabia que nenhuma
conversa nossa seria fácil — Eu fiz o certo, todo mundo precisava
saber que você estava enganando eles, que você é uma mentirosa,
cretina…
— Megan, você poderia apenas ter falado comigo, a gente ia
se entender porque a gente sempre se entende, você ficou ferida
com as minhas ações e feriu todo mundo no caminho. Nicole e Aaron
não precisavam da verdade, feriu seu pai, ou acha que ele e o Aaron
vão restabelecer a amizade? Pode me chamar do que for, não vai
amenizar a sua culpa — Rebato.
— Você mentiu na minha cara, como não vou saber se tudo
não foi uma grande mentira? — Ela arqueia a sobrancelha — E eu
pensando que você era a minha amiga, mas não, você só estava
tentando puxar o meu tapete.
— Isso tudo porque eu estou com o Alexander?
— Você é muito prepotente, me acusa de ser mimada, mas
acha que é diferente? — Ela ri com irritação, mas não responde a
minha pergunta o que deixa ainda mais claro — Você é uma egoísta
do caralho, Louise… não, Jullie.
— Você me entregou sem pensar em nada porque queria que
eu ficasse longe do Alexander, mas me deixou ainda mais próxima
dele. — Respiro fundo para me acalmar um pouco — Eu sinto muito
se te magoei, mas a relação que eu tenho com o seu pai é algo que
você não pode suprir e que não deveria te afetar tanto.
Ela me fita em silêncio e eu também me calo. Pessoas
machucadas tendem a machucar umas as outras e é isso que
estamos fazendo agora. Usando palavras afiadas, verdades frias,
acusações venenosas. E eu, apesar de toda a dor que sinto agora,
ainda não a odeio, mas me pergunto se algum dia essa névoa de
ressentimentos vai deixar que a gente se aproxime novamente.
Verdadeiramente.
Mesmo a dois passos de distância dela, sei que nunca
estivemos tão distantes.
— Eu sempre só tive ele na minha vida — Ela diz baixo, a voz
rasgada de dor.
— Eu não tinha ninguém — Respondo no mesmo tom — Do
que adiantou nos quebrarmos tanto até aqui?
Vejo ela limpar uma lágrima e sinto o gosto salgado nos meus
lábios, nem mesmo percebi quando essas lágrimas começaram a
surgir. Somos os reflexos quebrados de um jogo cruel do universo.
Ela alcança o celular e me deixa sozinha na sala. E eu fecho os
olhos na tentativa de impedir a nuvem cinza que se formou sobre os
meus olhos.
Sozinha… não… preciso me lembrar que dessa vez não estou
sozinha.
Capítulo 24

Desligo a chamada e mando uma mensagem para a Megan


e outra para a Louise avisando que precisarei fazer uma viagem
curta e urgente. Não era o que eu pretendia no momento, me
preocupa me afastar daquelas duas agora e eu realmente espero
que elas não se matem nesse meio tempo, mas eu preciso dessas
informações e preciso ir até lá saber.
Mando preparar meu jatinho para a minha viagem até Nova
Iorque, quanto antes tudo isso estiver resolvido, melhor para mim.
Quero dizer, melhor para todos, principalmente para a Louise.
— Senhor, o jatinho estará pronto em trinta minutos — Sou
avisado pelo piloto assim que chego no aeroporto particular.
— Certo, espero que não demore mais do que isso —
Respondo e ele assente, e se afasta em seguida. Meu humor não
está dos melhores no momento.
Vou para a sala de espera, já com o celular na mão, preciso
deixar tudo pronto para a minha chegada lá. Assim que eu me
encontrar com o meu contato, preciso que tudo esteja pronto. Por
isso faço mais uma ligação.
— Estou realmente impressionado com essa ligação — Ele ri
alto — se meteu em problemas, maninho?
— Eu nunca me meto em problemas, Christofer, sabe disso —
Respondo, revirando os olhos — Mas preciso que resolva algumas
coisas por mim.
— Entendo, nada que possa ser falado por aqui — Ele diz um
pouco mais sério — Como pretende falar?
— Estou indo para Nova Iorque em alguns minutos, logo
estarei aí — Esclareço.
— Vou liberar a minha agenda para hoje, então não me faça
perder tempo.
— Até logo, Christofer — Respondo e desligo, colocando o
celular no bolso interno do terno novamente.

A viagem de Boston até Nova Iorque é realmente curta, o que


facilita muito a minha vida. Tenho pressa e eu realmente quero estar
em casa até amanhã. Mesmo que eu tenha que resolver isso, meu
pensamento continua lá, continua na minha casa.
Pego o carro que já me espera para me levar ao primeiro
endereço. Uma reunião com um investigador particular que contratei,
precisava ter informações verdadeiras e concretas sobre a Louise,
eu tinha que saber quem era a Jullie, de onde ela veio. Talvez eu
esteja indo por um caminho errado, mas preciso entender uma parte
de toda essa história que me intriga.
— Senhor, chegamos ao endereço — O motorista informa, me
tirando do meu devaneio.
— Me aguarde aqui — Mando e ele assente, saindo do carro
para abrir a porta para mim — Esteja pronto para partir assim que eu
voltar.
— Sim, senhor — Ele responde prontamente.
Entro na cafeteria modesta e discreta. As paredes marrons e
bege deixa o ambiente sóbrio, mas é o cheiro de café que deixa tudo
acolhedor, pena que vim aqui para falar sobre sangue, sobre como
algumas pessoas merecem a morte. Tenho certeza que a Megan e a
Louise amariam este lugar.
— Magnus, boa tarde — Cumprimento o investigador
enquanto me sento à sua frente. Este não é o verdadeiro nome dele,
mas ele se esconde por trás desse pseudônimo, por isso sempre usa
roupas longas, com uma máscara em seu rosto, pouco se vê da sua
pele negra ou dos seus traços para poder ser o menos reconhecido
possível.
— Houston, é sempre uma grande alegria te encontrar — Ele
diz sorrindo e eu não perco o tom irônico em sua fala.
— Quero saber tudo o que você encontrou, quero as provas,
os detalhes, tudo — Determino firme. Tenho anseio por respostas,
estou cansado de todo esse escuro.
— Eu não realizo serviço pela metade — Ele responde
bebericando sua bebida, após se livrar da máscara — O café desse
lugar é ótimo, deveria experimentar.
Levanto a mão e em um segundo uma garçonete chega para
me atender, peço um café puro e forte. Terei um longo dia ainda, e
quero estar bem acordado e atento para tudo.
— Seja direto, Magnus, não tenho o dia inteiro — Peço e ele
assente.
— Foi muito difícil achar o rastro dela, a pobre garota morrer
aos dezesseis deve ter sido um alívio para aquela alma…
— Magnus — Digo em tom de aviso e ele dá de ombros.
— Certo, eu descobri quem são os quatro envolvidos no
massacre e só três deles estão vivos hoje em dia, e aqui estão as
pastas sobre eles, mas são jovens de famílias muito ricas; por isso,
nada aconteceu com eles. — Ele explica me entregando quatro
pastas — Tem detalhes sobre o quarto, achei que gostaria de saber.
— E sobre a Jullie Millicent? — Pergunto, esse é o assunto
que realmente me interessa.
— A história dessa garota é intensa, tudo que uma pessoa da
idade dela passou não é pouco. — Ele fala pensativo e me entrega
mais duas pastas. — Seguir os passos dela não foi fácil devido aos
períodos na rua, mas cheguei ao nome que pediu, Kyle, está tudo
nessa pasta verde, ele é um vendedor de drogas hoje em dia, pegou
uma pena de alguns anos devido a um roubo, mas logo voltou para
as ruas.
— Tem todos os dados que preciso para o achar? —
Questiono balançando a pasta.
— Me ofende pensar que não — Ele diz com um sorriso de
lado. — Sobre a garota, eu descobri que Millicent é o sobrenome da
mulher que a adotou, Grace Millicent, ela teve outro sobrenome pela
adoção anterior, mas o verdadeiro nome dela é Powell, nome da mãe
é Angel Powell, morreu de um câncer grave quando a menina tinha
dois anos, não foi possível identificar o pai.
— Como você disse que era o nome da mãe? — Pergunto
alarmado.
— Angel Powell, tem foto dela na pasta — Ele indica a pasta
vermelha e bebe mais um pouco do café — Essa menina poderia
estar viva se sua mãe também estivesse.
Ignoro o comentário, e abro a pasta me sentindo um pouco
ansioso, isso talvez tenha sido mais do que eu esperava. Reviro os
arquivos e encontro a foto. Angel… Eu não consigo acreditar no que
está bem diante dos meus olhos.
— Você tem certeza disso? — Pergunto balançando a foto.
— Completa certeza — Ele responde sem vacilar.
Eu junto tudo no mesmo instante, agora mais do que antes, e
preciso voltar para casa, por isso a minha visita ao Christofer terá
que ser mais rápida do que o planejado. Ela ser filha daquela mulher
só pode significar uma coisa.
— Preciso ir, seu pagamento estará na conta, tenha uma boa
tarde — Eu retiro uma nota da carteira e coloco sobre a mesa, pego
as minhas pastas e saio sem prestar atenção se ele respondeu
alguma coisa, apenas preciso me apressar.

Christofer é meu meio-irmão mais novo. Quando minha mãe


descobriu o que era realmente os negócios do meu pai, eles se
separaram, não que eu tenha lembranças disso, apenas sempre
soube da verdade, mas isso gerou uma ruptura entre nós. Nunca fui
muito próximo do meu pai e acabei por seguir um caminho distinto do
dele, mas meu irmão seguiu perfeitamente os seus passos.
Eu diria que até melhor que o meu pai, Christofer tem um
nome de peso, causa tremor em muitos nomes importantes e
controla todo o mercado negro do país. E é por isso que preciso que
ele se livre desses ratos para mim.
Apesar da nossa relação distante, ainda nos ajudamos
quando necessário e esse é um momento muito necessário.
Entro na casa dele sendo seguido por um guarda, o que me
faz revirar os olhos, mas entendo que por mais que eu já seja
conhecido, isso é um procedimento padrão de segurança e ele está
certo em se manter inacessível assim.
— Imagino que o assunto seja grave para você chegar tão
rápido — Ele diz surgindo no meu campo de visão, segurando um
copo de uísque na mão.
— Não é grave, apenas um trabalho no qual eu não posso me
envolver diretamente — Explico me aproximando dele, e ele deixa
escapar uma gargalhada alta.
— Está precisando matar alguém, maninho? — ele debocha e
eu dou de ombros — Acho adorável quando você surge querendo
um trabalho sujo.
— Eu tenho tudo que precisa para encontrar as pessoas e
preciso que todas as mortes sejam anunciadas — Explico, ignorando
o tom sarcástico dele.
— Muito específico — Ele diz divertido pegando as pastas,
então me olha sério — Isso terá um preço, Alexander.
— Estou disposto a pagar quando for necessário — Respondo
decidido e o vejo sorrir.
— Considere o trabalho feito — Ele faz um sinal com as mãos
e um homem surge, pegando as pastas da mão do Christofer e vai
embora sem falar nada — Vai passar a noite na minha casa ou vai
para algum hotel?
— Pretendo voltar para casa ainda hoje — Respondo
colocando as mãos no bolso da calça, observando atentamente meu
irmão mais novo, mesmo que nossa diferença seja pouca.
— Tenho certeza que você pode ficar aqui — Ele diz incisivo
— Preciso de uma coisa de você.
Concordo um pouco a contragosto, não por ter que devolver o
favor a meu irmão, mas porque ainda tenho muito a resolver. Mas sei
como o mundo funciona e é por isso que preciso ficar por aqui hoje.
Capítulo 25

Amensagem do Alexander me deixou um pouco mais


apreensiva, mesmo que depois do meu pequeno confronto com a
Megan, a gente sequer tenha se visto novamente. Uma pequena
sensação de guerra fria se instalou em mim, mas espero que seja
apenas impressão.
Eu não gostaria de viver em uma casa que não me sinto
segura e em paz, já tive essa experiência antes e não gostaria de
revivê-la.
Me aconchego na cama com o celular na mão, preciso distrair
a minha mente de alguma forma antes que eu enlouqueça por aqui.
Leio novamente a mensagem do Alexander falando sobre a viagem e
suspiro. Queria ele aqui.
Pisco os meus olhos algumas vezes, sentindo o sono me
engolindo, pelo menos dormindo o tempo passa mais rápido.
De repente me vejo em um lugar muito escuro, e, ao mesmo
tempo que sinto frio, a única luz que alcança os meus olhos são
chamas que queimam distante, mas que não tarda em vir em minha
direção. Paralisada, não consigo correr ou me esconder e tenho
certeza que as chamas vão me devorar. Por isso grito.
— Louise! Acorda! — Sinto meu corpo sendo sacudido e abro
os olhos assustada, me deparando com a Megan me encarando
assustada também — O que você tem?
— Quê? — Pergunto atordoada, sentindo a minha cabeça
doer e um enjoo me atingir. Estremeço um pouco, ainda sentindo frio.
— E fogo?
— Você está queimando de febre, não tem fogo, deve estar
delirando — Ela fala se afastando e eu fecho os olhos novamente,
me sinto exausta — Não, não, abre esse olho, Louise, se você
morrer, meu pai me mata.
— Preciso dormir — Resmungo sem abrir os olhos.
— Não, precisa ficar acordada — Sinto algo gelado sendo
colocado na minha testa e estremeço — Eu preciso medir sua
temperatura, você entendeu?
— Uhum — Respondo sem me mover, quase dormindo.
— Louise — Escuto a voz da Megan novamente, me
sacudindo devagar dessa vez — Acorda, vou te levar para o hospital.
— Não, eu to bem, to bem — Me viro na cama, me cobrindo
mais. Por que está tão frio?
— Você está com quase quarenta graus, senta na cama
enquanto eu vou buscar ajuda. Por favor, Louise, fica acordada —
Ela pede enquanto me ajuda a sentar.
Eu sinto meu corpo fraco e uma enorme vontade deitar
novamente, abro os meus olhos o suficiente a tempo de ver a Megan
saindo do quarto. Puxo minha coberta me cobrindo da forma que dá,
o que aconteceu para eu ficar assim? Quando eu fui dormir, estava
bem.
Megan entra no quarto acompanhada do motorista e da
funcionária da noite. Ela mantém a expressão preocupada no rosto,
me sinto confusa, achei que ela queria que eu morresse, mas está
tentando me salvar? Não que uma febre me mate, mas ainda
assim… Pensar sobre isso dói.
Eles me levam para o carro e a Megan senta ao meu lado, me
apoiando, meu corpo inteiro dói para ser sincera, queria poder
dormir.
— Pai? Finalmente o senhor atendeu! — Escuto a Megan
falando, mas não posso ouvir a resposta dele — Ela está queimando
em febre, acho que perto de delirar ou convulsionar, estou levando
ela para o hospital… não pai, é óbvio que não… eu sei… só vem
logo para casa… — Me sinto ficando ainda mais fraca e só escuto
uma última frase antes de apagar — Ela desmaiou.
Acordo me sentindo bem, o cheiro no ambiente é estranho, e
quando abro os olhos, sinto que tudo está ainda mais estranho.
Onde eu estou? E como eu vim parar aqui? Me sento na cama de
supetão, e percebo que estou no hospital e vejo a Megan e o
Alexander vindo na minha direção. Forço a minha mente a puxar as
memórias da noite e tudo que tenho são flashes.
— Como você está se sentindo? — Alexander pergunta
segurando a minha mão, a expressão preocupada marcada pelo
vinco na testa.
— Confusa, mas bem, eu acho — respondo levemente
atordoada — O que aconteceu?
— Você teve uma febre muito alta e eu te trouxe para o
hospital, acho que você já estava até delirando — Megan diz baixo,
um pouco atrás do Alexander — Agora que você está bem, estou
indo embora.
— Obrigada, Megan — Agradeço sendo sincera. Tenho a
lembrança dela falando comigo no meio da noite, mesmo que as
imagens sejam fracas e distantes, como um sonho.
Ela me olha em silêncio e assente, e sai do quarto sem falar
nada. De qualquer forma, é reconfortante saber que ela se preocupa
comigo, mesmo que minimamente.
— Daqui a pouco vamos te levar para casa, você precisa
repousar — Ele fala acariciando o meu rosto — Fiquei muito
preocupado com você.
— O que aconteceu comigo?
— O médico explicou que foi uma crise emocional, por isso
você só tomou remédio e soro para aliviar e dormir para realmente
descansar — Ele explica e beija a minha testa — Mas mesmo assim
vou continuar de olho em você por uns dias.
— Eu estava considerando voltar para a faculdade —
Comento e ele nega no mesmo instante com a cabeça.
— Na próxima semana, quero você em casa descansando —
Ele diz firme.
— Eu preciso de rotina novamente, preciso sair e me ocupar,
ficar em casa vai me deixar mais ociosa e com mais tempo para
pensar em tudo — Argumento — Preciso voltar a minha rotina.
— Segunda-feira você vai fazer isso — Ele sorri e beija a
minha testa, não dando espaço para eu protestar.
— Vejo que já está acordada — O médico fala atraindo nossa
atenção — Já se sente melhor? Pronta para ir para casa?
— Por favor — Respondo prontamente, e ele dá uma
risadinha.
— Para sua sorte, vim apenas assinar sua alta, espero que
tenha um bom dia — Ele diz gentil e vai embora após assinar a
prancheta.
Alexander segura no meu rosto delicadamente e beija minha
testa e depois meus lábios, até ignoro o fato de que ainda nem
escovei os dentes para não me sentir constrangida, se bem, que
nem tenho tempo para pensar nisso com o jeito que ele me olha.
— Prometi que cuidaria de você, e vou fazer isso sempre —
Ele diz baixo, e eu o puxo para um abraço. É bom estar com ele —
Mas eu não vou para casa com vocês agora.
— Por quê? — Não consigo evitar o bico que se forma nos
meus lábios, e nem o tom de decepção.
— Eu preciso resolver uma coisa antes de ir, mas logo estarei
lá — Ele acaricia meu rosto com cuidado — Eu sempre cumpro o
que prometo, e eu prometo que não vai passar essa noite sozinha.
— Tudo bem — Eu concordo, abraçando ele novamente por
mais um momento.
Eu não gostaria de estar me sentindo tão frágil, sempre senti
como se estivesse tendo que me proteger do mundo o tempo todo,
mas quando estou dentro do abraço do Alexander, sinto que
encontrei o lugar que me sinto segura. Nos braços dele não preciso
lutar contra o mundo, nos braços dele estou protegida.
— O médico disse que você já está liberada — Megan
interrompe o nosso pequeno momento, e a gente se afasta para
olhar para ela — Estou esperando para podermos ir embora.
— Vou só me trocar — Respondo, e ela nos olha séria. Queria
poder saber o que está passando na sua mente.
— Vou esperar lá fora — Alexander fala se afastando
sutilmente de mim — Megan te ajuda a se trocar.
Eu olho para ele e depois para ela, me sentindo alarmada,
não sei como será agora que estou bem. A noite continua como um
borrão, mas sei que ela cuidou de mim. Mas e agora que está tudo
bem, como vai ser? Meu coração acelera dentro do peito, e um fio de
ansiedade percorre meu corpo.
— Certo — ela concorda, para a minha surpresa, e ele sai do
quarto.
Ela se aproxima de mim em silêncio e me ajuda a descer da
cama e se afasta, indo pegar uma bolsa, onde devem estar as
minhas roupas mesmo. Queria saber as palavras que descrevem
exatamente o clima que está aqui, mas não sei se elas existem.
— Obrigada por ter cuidado de mim — Agradeço, sincera.
— Você já disse isso — Ela responde me entregando um
conjunto de moletom.
— Eu sei, mas estou dizendo de novo, estou realmente grata.
— Digo enquanto começo a me trocar.
— Você parece surpresa por eu ter feito isso — Ela pontua —
Não deixaria você morrer ou não prestaria socorro se algo te
acontecesse. Não importa o quanto ou o porquê a gente brigou, não
sou uma ingrata e… e eu ainda vejo minha melhor amiga quando
olho para você.
— E você realmente me vê? — Pergunto olhando em seus
olhos.
— Eu vejo a pessoa que dividi momentos, alegrias e lágrimas
nos últimos anos. Eu vejo quem dormiu dias comigo no hospital
quando precisei, é claro que eu te vejo — Ela declara, revirando os
olhos — mas não muda o fato de que eu continuo magoada.
— Pessoas magoam pessoas, mesmo quando se amam —
Falo sentindo um nó se formando na minha garganta — E nós duas
nos magoamos, mas eu te vejo quando olho para você, e em você,
vejo a minha melhor amiga.
Ela me abraça e eu retribuo. Ainda estamos machucadas, o
peito ferido ainda sangra, mas o processo de cura leva tempo, talvez
a nossa amizade ainda tenha chances de sobreviver.
Capítulo 26

Observo o carro se afastando levando a Louise e a Megan


para casa. Elas saíram de dentro do quarto caladas, mas pelo menos
não parecia que tinham brigado. Seria um alívio para mim que elas
fizessem as pazes. Seria uma complicação a menos na minha vida.
Pego o meu celular e ligo para o número do Aaron, porque
preciso riscar essa dúvida da minha cabeça, quero ter certeza sobre
a minha hipótese. Coisa que se pensarmos bem, era evidente, me
impressiona que até agora não tenha sido cogitado.
— Eu não deveria te atender — Escuto a voz grave do Aaron
— O que você quer?
— Quero que venha ao hospital, já mandei a localização e o
nome por mensagem — Informo e ele fica em silêncio antes de bufar
alto o suficiente para que eu escute.
— Por que eu iria aí? Está morrendo? — Ele questiona em um
tom irritado — Eu não me importo.
— Não minta, Aaron, você se preocuparia com o seu amigo,
mas não é esse o caso — Digo em um tom divertido — O caso é que
eu quero que você venha fazer um exame de DNA.
— O quê? Ficou louco? — Ele pergunta surpreso.
— Vou dizer duas palavras e eu tenho que certeza que você
estará convencido sobre vir até aqui — Argumento e escuto ele rir —
Angel Powell.
A risada dele morre no mesmo momento, o silêncio ocupa a
chamada, preciso conferir se ele não desligou. Aaron esquece que
eu o conheço a uma vida toda.
— Estarei aí em alguns minutos — Ele afirma e desliga.
Eu sabia que isso seria o suficiente para fazer ele vir.
Angel era uma mulher intensa e linda, cantava em um bar
elegante, era sempre a atração principal. Aaron se encantou por ela
na primeira noite que a viu, ele já estava casado com a Nicole, mas
isso não impediu que ele tentasse conquistá-la. E ele tentou tanto
que conseguiu. Era fácil para Aaron que ele mantivesse as duas
mulheres, Nova Iorque é praticamente ao lado de Boston.
Um dia ele voltou para casa dizendo que havia terminado tudo
com Angel porque a Nicole estava grávida, mas não acho que isso
seja verdade hoje em dia.
— Alexander, você deveria parar de mexer em coisas que
estão perdidas pelo tempo — Escuto Aaron dizer enquanto se
aproxima, e eu sorrio para o meu amigo.
— Talvez não esteja tão perdido assim — Respondo com um
sorriso de lado.
— O que sabe sobre a Angel? Por que um exame de DNA
que a envolva? — Ele pergunta baixo, mesmo que a recepção do
hospital não esteja cheia e que ninguém possa nos escutar de
qualquer forma.
— Vamos tirar seu sangue e depois podemos conversar —
Respondo, começando a caminhar.
— Quem é a garota? — Ele pergunta me acompanhando, mas
paro no lugar, me virando para encarar ele, surpreso pela pergunta.
— Como sabe que é uma garota? Você sabia que ela estava
grávida quando a deixou? — Pergunto perplexo.
— Do que isso importa? Ela era só uma puta que cantava em
um bar, Alexander, eu nem sei porque se importa com a droga desse
exame — ele fala indiferente — A garota é a usurpadora, não é?
— Quando pensou sobre isso? — Pergunto com os olhos
semicerrados, talvez eu não o conheça tão bem.
— Depois que esteve na empresa “eu reconheço a pessoa
que coloquei no mundo”, e foi então que percebi, as semelhanças
dela com a minha Louise não poderia ser coincidência. O jeito
indecente só poderia ser herança da puta da mãe dela — Ele diz
com certo desdém — E você ligar falando de um exame de DNA,
como se realmente se importasse com isso, era a confirmação das
minhas suspeitas.
— Sabia que tinha uma filha e simplesmente a deixou pelo
mundo? — Pergunto estarrecido.
— Uma bastarda — Ele dá de ombros.
— Eu achei que te conhecia, Aaron, mas você está me
surpreendendo — Digo com certo desdém — Vamos fazer esse
exame e acabar logo com isso.
— Você quem está me surpreendendo, Alexander, não
imaginei que de novo seria mandado por uma mulher, agora, uma
pirralha — Ele debocha, e eu preciso respirar fundo para não perder
a paciência e causar uma confusão no corredor do hospital.
— Respeitar a pessoa que dorme comigo é o mínimo que
posso fazer como um homem de verdade — Retruco irritado —
Vamos fazer logo a droga desse exame.
— Talvez não seja uma boa ideia — Ele cruza os braços,
arqueando a sobrancelha. Me desafiando.
— Você pode cooperar, fazemos isso sigilosamente, ou eu
posso entrar com uma ação judicial e transformar tudo em um
enorme escândalo, o que você prefere? — Pergunto e ele fecha a
expressão. — Ótimo.
Ele caminha irritado em direção à sala para a retirada de
sangue. A amostra da Louise foi retirada enquanto ela dormia, mas
achei melhor que fosse assim. Entramos no laboratório e o técnico já
estava nos esperando. Deixei tudo pronto para ser rápido e eficaz.
— Preciso desse resultado em três dias — Digo ao técnico
que me olha assustado — não importa quanto isso vai custar.
— Mas leva pelo menos duas semanas — Ele argumenta e eu
nego no mesmo momento.
— Três dias, prioridade total — Reforço sério e ele assente.
— Sim, senhor — Ele responde rápido e o Aaron ri com
deboche, mas apenas o ignoro.
— Já que estamos aqui devido a uma paternidade, não posso
deixar de comentar sobre como você se parece com o seu pai —
Aaron diz em provocação.
— Terminamos aqui, nos vemos em breve — Falo me virando
para o Aaron, depois do técnico deixar a sala com a amostra — Eu
disse que faria tudo para proteger a Louise.
— Ela não é a Louise — Aaron rebate.
— Ela é a minha Louise, e é isso que importa — Sorrio frio —
Tenha um bom dia, sogro.
— DESGRAÇADO!!!
Ele grita e eu apenas rio, saindo da sala. Prometi que iria ficar
com a Louise, e eu sempre cumpro as minhas promessas, por isso
me apresso em ir para casa.

Entro em casa e encontro a Louise muito concentrada no


jornal, não era bem o que eu esperava, já que eu realmente preferia
que ela estivesse na cama. Caminho até ela e me sento ao seu lado,
puxando-a delicadamente para o meu peito e ela vem de bom grado.
— O que está assistindo? — Pergunto curioso.
— O noticiário. Um homem foi morto e o corpo encontrado no
meio do Central Parque — Ela explica sem tirar os olhos da
televisão.
— É alguém que você conhece? — Pergunto acariciando o
seu braço.
— É alguém que conheci e achei que nunca mais teria
notícias — Ela sorri para mim — Eu sei que você tem a ver com isso.
— Não pense muito sobre isso — Respondo deslizando os
dedos carinhosamente pelo seu rosto.
— Obrigada — Ela diz me pegando de surpresa e então cola
os lábios nos meus.
O beijo é lento, calmo. Sua mão vem até o meu pescoço
enquanto nossos lábios se encaixam ritmados. Seu sabor é doce e
eu a puxo para mais perto de mim. Louise faz eu me sentir aquecido
de dentro para fora.
Talvez… Talvez eu esteja redescobrindo o amor.
Capítulo 27

Os dias não parecem mais pesados como antes, dormir com


o Alexander todas essas noites me deixa mais… viva. A convivência
com a Megan não é a mesma de quando éramos amigas, mas não
sinto mais hostilidade vindo dela, acho que aos poucos estamos nos
perdoando.
Alexander disse que hoje teríamos um jantar importante e por
isso estou terminando de me arrumar, quero estar bonita como se a
semana não tivesse sido completamente caótica, quero fingir que
está tudo bem e amanhã voltarei para a minha rotina. Está ficando
tudo bem.
E talvez eu deva fazer terapia.
Saio do quarto já arrumada, estou com um vestido vermelho,
essa é definitivamente a minha cor favorita. No corredor, encontro
Megan em um vestido branco longo, o cabelo trançado e uma
maquiagem leve. Sempre tivemos gostos distintos.
— Estão prontas? — Alexander pergunta surgindo da escada.
— Sim — Respondemos em uníssono e sorrimos timidamente
uma para a outra.
— Para onde nós vamos? — Pergunto curiosa. Até onde me
lembro, hoje não é uma data especial para que esse jantar aconteça
assim.
— Será uma surpresa — Ele diz misterioso e eu me sinto um
pouco apreensiva.
— A última surpresa que tive…
— Louise, deixa o passado lá atrás — Megan me interrompe,
e eu olho para ela arqueando a sobrancelha — Vamos logo ou
perderemos a reserva.
— Na minha vez, ninguém quis deixar o passado para trás —
Reclamo seguindo a Megan pelo corredor e escuto a risada baixa do
Alexander.
Eu sei que nunca farei as pazes com os Foster’s, mas isso
não me afeta tanto mais. Eu quis muito ter uma família, e agora
tenho uma. Aos poucos, tudo ficará bem, mesmo que eu ainda não
saiba como minha vida ficará, mas pelo menos não recebi nenhum
processo ainda.
Entramos no carro e eu observo a Megan contar animada
para o Alexander sobre um projeto na faculdade, não comento nada
para não atrapalhar o momento dos dois. Mas é uma cena bonita e
agradável de se ver. Eu sempre gostei de observar a simetria dos
dois, Alexander é um excelente pai.
Mas por um segundo, minha atenção se voltar para o caminho
que estamos percorrendo e é um trajeto que conheço muito bem.
— Por que estamos indo para lá? — Pergunto alarmada e o
Alexander segura a minha mão — O que está acontecendo?
— Indo para on… ah entendi — A Megan diz olhando para a
rua que estamos.
— O jantar é na casa dos Foster — Alexander diz e aperta a
minha mão, seus olhos não desviam de mim.
— Por quê? — Pergunto lentamente.
Meu coração está acelerado dentro do peito, tanto que eu
acho que a qualquer momento ele fará um furo e sairá de mim.
Minha respiração está ficando pesada e eu acho que vou gritar até
perder a minha voz. Eu acho que não estava pronta para isso.
— Você não pode ficar nesse limbo, precisamos colocar
pontos finais nos assuntos começados — Ele diz sério — E eu… nós
estamos com você.
— Por que eu estou indo também? — Megan pergunta
olhando para o pai e depois me olha — não que eu não queira te dar
apoio, só me parece algo seu.
— Porque isso tudo começou no jantar que você fez uma
surpresa — Alexander rebate no mesmo instante.
— Você podia pelo menos ter me preparado para isso — Eu
digo um pouco magoada, sem olhar para ele, observando a rua clara
pelos postes.
Paramos em frente a minha antiga casa. Uma semana que
não é mais minha, mas parece que faz um século. Eu já perdi tantos
lares pela minha vida, lugares que realmente amei. E já fui rejeitada
tantas vezes quanto. Apenas uma mãe me amou, e por isso sinto
muita falta da Grace.
Minha vontade é de teimar e não sair desse carro, mas já que
estou aqui, melhor enfrentar o que preciso enfrentar.
Algumas situações não podem ir para baixo do tapete como
uma poeira que ficamos com preguiça de limpar. Alguns sentimentos
mal resolvidos viram fantasmas que nos atormentam o resto da vida.
— Vamos? — Ele pergunta estendendo a mão para mim,
sequer percebi que sou a única que permanece dentro do carro.
— Vamos — Respondo, aceitando pegar na sua mão.
Ele me guia para fora do carro, e por um momento me sinto
fora de mim, como se estivesse observando-me caminhar para
dentro da casa sendo amparada pelo Alexander e pela Megan.
Quantas voltas o mundo deu nos últimos dias?
— Senhor Houston, o senhor Foster está à mesa — A
senhora Middleton diz ao nos receber.
— Ótimo, viemos para esse momento mesmo — Ele responde
sorrindo falsamente.
— Mas…
— Está tudo bem, Middleton, não precisa se preocupar — Ele
a interrompe e começa a nos guiar, enquanto tento achar a minha
voz.
Chegamos a sala de jantar e encontramos a Nicole e o Aaron
sendo servidos. O jantar estava prestes a começar quando
interrompemos, e eu tenho certeza que eles não terão estômago
para continuar quando a conversa acabar. Independente da pauta
que o Alexander tenha em mente, esse momento por si só, para
mim, já é intragável.
— O que estão fazendo aqui? — Nicole pergunta em um tom
frio e só então Aaron olha para nós com seu olhar mais gélido.
— Viemos para o jantar — Alexander responde com cinismo
— Acho que a última reunião familiar deixou muita coisa no escuro.
— Acho que essa conversa tinha que acontecer apenas entre
nós dois, Alexander — Aaron diz sério, ficando de pé.
— Claro que não, é um direito que toda a família fique ciente
de tudo o que aconteceu — Alexander rebate. E eu me sinto ainda
mais apreensiva, sobre o que eles estão falando?
— Eu disse que não te queria mais nessa casa — Nicole diz
me encarando duramente.
— Não escolhi vir aqui — Respondo tentando me manter firme
nessa situação caótica. — mas já que estou aqui, concordo com o
Alexander que devemos deixar tudo esclarecido.
— O que você quer esclarecer? — Ela pergunta em deboche,
mas antes que eu responda, Alexander faz um gesto com a mão
pedindo para que eu pare.
— Falarei o que temos para esclarecer, e a primeira coisa é
que Louise é filha do Aaron com uma amante que ele teve em Nova
Iorque, Angel. — Alexander fala e eu o encaro estarrecida.
Eu sou filha do Aaron? Como isso seria possível? Algo está
errado.
— O quê? — Nicole pergunta parecendo mais chocada do
que eu e se vira para o marido — Você me traiu e ainda teve uma
filha? Você é burro?!
— Isso é realmente verdade? — Questiono ainda incrédula.
Mas como poderia me sentir diferente? Eu tenho um pai que
simplesmente poderia ter me dado uma vida completamente
diferente, mas que nunca olhou por mim? Talvez ele não soubesse?
São tantos questionamentos que faz com que minha cabeça gire.
Se não fosse a Megan me segurando, acho que cairia no
chão.
— Sim, Aaron teve um longo caso com a Angel, sua mãe, mas
quando a Nicole engravidou, eu achei que ele tinha terminado tudo
com a Angel, mas não foi bem assim — Alexander me explica com o
tom de voz suave, o que me ajuda a não surtar.
— O que aconteceu depois? — Pergunto me virando para o
Aaron. Ansiando por mais informações, enquanto a Nicole ainda
parece estar absorvendo essa informação.
— Eu mandei ela se livrar da barriga porque não criaria uma
bastarda, mas ela não me obedeceu, mas também não me
incomodou até dois anos depois, quando ficou doente, ela queria que
eu pegasse a filha dela para criar, mas era óbvio que eu não faria
isso e estragaria a imagem da minha família — Aaron diz com uma
frieza que eu nunca presenciei. Me sinto jogada no meio de uma
tempestade de neve.
— O que aconteceu com a minha mãe biológica? — Pergunto
ignorando as lágrimas que molham o meu rosto — O que aconteceu
com a Angel?
— Morreu — Ele diz indiferente, seco. E me atinge de uma
forma que nunca pensei que poderia ser possível. Sempre pensei
que tinha sido rejeitada por minha mãe, mas ela tentou cuidar de
mim, meu pai biológico realmente me rejeitou e rejeita até hoje, mas
ela não e eu estive errada todo esse tempo — Achei que nunca mais
seria incomodado com esse assunto.
— Agora, tudo o que sou é um "incômodo"? — Pergunto em
um misto de raiva e mágoa.
— Não deveria perguntar o que não quer ouvir — Aaron
responde.
Sinto os braços do Alexander me envolvendo e ele me
puxando contra o seu peito, e me deixo ser levada pelo seu carinho
porque preciso de um momento para colocar a minha cabeça no
lugar. Não adiantará surtar e gritar, não adiantará chorar na frente
deles. Mesmo que eu já esteja sentindo as lágrimas escorrendo.
Alexander estava certo, precisamos de um ponto final para
essa história.
— Nós já tínhamos decidido — Nicole começa a falar mais
controlada do que eu esperava — Abrir um processo por falsidade
ideológica seria um prejuízo muito grande para nossa empresa,
nossa imagem, e tudo o que construímos. Por isso, iriamos sugerir
um acordo no qual você perde o direito direto a herança, o comando
da empresa, mas ainda pode viver com o nome da Louise, mas
longe de nós.
— E agora? O que pensa em fazer? — Megan quem
pergunta, e eu agradeço mentalmente por isso, porque já estou me
sentindo exausta de tudo isso.
— Podemos manter o acordo — Aaron responde dando de
ombros.
— Não, não somente o acordo — Alexander nega — Ela tem
direitos legais, não podem tirar tudo dela dessa forma, ela ainda terá
acesso a dinheiro e bens, o padrão de vida dela não pode ser
diminuído, e as oportunidades dela não podem ser negadas.
— Quer que eu dê dinheiro para essa usurpadora, filha de
uma traição? — Nicole pergunta completamente ofendida.
— É o que deve ser. E, dentro deste acordo, todos estarão
garantindo que esse segredo será mantido para o resto de nossas
vidas, e um contrato de confiabilidade e confidencialidade será
emitido — Alexander continua as exigências, não me deixando ir
para longe dele.
A gente se encara por um momento, eu e as pessoas que
foram os meus pais por cinco anos e aqui a gente encerra o que foi
esse ciclo. Eles não são como eu pensava. Eu não sou quem eles
pensavam. Durou o que tinha para durar e agora temos que seguir
em frente. Essas feridas abertas vão se curar em algum momento.
— Tudo bem, é melhor que algum escândalo. — Nicole
concorda, ignorando o olhar revoltado do Aaron — Ela terá o que lhe
for de direito, mas eu não quero aqui dentro novamente, em eventos
teremos que fingir cordialidade, mas Jullie, saiba que eu odeio você,
e o que você representa.
— Seu ódio não me afeta, Nicole, mas é melhor que se trate,
porque você ainda tem um filho vivo e ele não merece o lixo que
você é — Falo sem ponderar muito e vejo a raiva brilhando em seu
olhar — Acho que não tenho mais nada para fazer aqui.
— Todos os contratos serão feitos direto comigo — Alexander
avisa.
— Melhor assim — Aaron concorda. Mesmo ele
demonstrando desde o começo do jantar, a frieza dele me assusta.
— Eu sei que minha atitude foi errada, e que eu nunca deveria
ter mentido sobre quem eu era, mas foi a única chance que tive de
sair da vida miserável que eu tinha. Os últimos cinco anos foram
incríveis, e eu vou ter aquela memória para sempre, assim como
terei as lembranças de hoje — Falo baixo, limpando os olhos e me
mantendo firme. — Eu não sei quem são as duas pessoas na minha
frente agora. Dois mesquinhos, frios, indiferentes, eu diria que até
cruéis. Mas nossos caminhos se separam aqui por completo, não
vou lhes desejar nada de mal, mas espero que nunca mais nos
encontremos por aí. Adeus.
Saio da cozinha sendo acompanhada pelo Alexander e pela
Megan. Meu coração está partido em milhares de pedaços, mas
sinto que dessa vez eu tenho uma base forte para me reconstruir. Os
Houston estão comigo e estão sendo o alicerce que eu preciso.
Algumas páginas precisam ser viradas.
Capítulo 28

O tempo não é exatamente o maior curandeiro que existe.


Ainda está tudo recente, e dói como se eu tivesse acabado de me
cortar. Acho que a parte mais difícil das feridas na alma é que não dá
para fazer um curativo, não dá para aplicar uma anestesia, a gente
tem que viver como se a dor não estivesse ali.
Já faz um mês desde quando estive na casa dos Foster’s.
Todas as nossas relações pessoais foram encerradas ali, mas minha
vida voltou ao normal — dentro do possível. Voltei para a faculdade e
para o estágio e fiquei muito feliz que isso não foi tirado de mim,
porque eu realmente gosto do que faço, quero dizer, do que estou
aprendendo a fazer. E também saí da casa do Alexander, ainda é
muito cedo para termos uma relação de morarmos juntos.
Estamos construindo algo. Nada caminhou como achei que
seria quando comecei a provocar ele, mas hoje em dia, Alexander é
mais do que o homem mais velho que me atrai. Ele é o calor que me
aquece, a estrutura que me protege. E mesmo que eu ainda não
tenha dito com todas as letras, acho que estou amando.
Depois de tudo, é reconfortante não estar sozinha.
Meus pensamentos são interrompidos pelo barulho da
campainha. Eu não estou esperando ninguém, o que me deixa um
pouco confusa, Alexander tem a chave, mas o porteiro não me
avisou nada. Respiro fundo espantando os pensamentos e caminho
até a porta, só atendendo para saber quem é.
— Finalmente, achei que ia me deixar plantada aqui — Megan
fala entrando enquanto puxa uma pequena mala.
— O que… é… — Eu olho para ela muito confusa, mesmo
que depois que ela cuidou de mim as coisas tenham ficado amenas
entre nós, não havia voltado a ser exatamente como antes.
— Eu sei — Ela suspira e junta as mãos na frente do corpo,
esfregando uma na outra, claramente ansiosa — Será que a gente
pode conversar?
— Claro — Fecho a porta e nós caminhamos para o meio da
sala.
A gente se olha em silêncio. Ainda estou tentando entender o
que está acontecendo, será que ela está indo embora e passou para
se despedir? Será que… eu não sei, minha cabeça sequer consegue
pensar nas possibilidades do que pode ser.
— Sei que toda a sua vida desandou por minha causa, sei que
provoquei toda essa avalanche que caiu sobre você, apesar de ter
tido os meus motivos, sei que agi de maneira imprudente e errada,
mas eu sinto sua falta — Ela suspira e me encara, posso ver o medo
e a sinceridade em seu olhar — esse tempo foi bom para que eu
conseguisse me acalmar e separar as coisas, enxergar sem o véu do
egoísmo. Eu nunca estive perdendo nada, quero dizer, é bem
confuso porque a Louise 1.0 morreu, mas… estou me perdendo, o
ponto é que você é a minha amiga, e eu estou aqui para
verdadeiramente me desculpar.
— Preciso de um segundo para assimilar — Peço e ela
assente. Isso me pegou de surpresa de um jeito que eu nunca
esperaria — A gente se machucou. Não fui completamente sincera
com você, e talvez as coisas não tivessem se desenrolado dessa
forma se eu apenas tivesse dividido a verdade com você. Sei que
cometi uns dois crimes fazendo o que fiz, reconheço a minha culpa,
e também quero me desculpar por ter te magoado — Falo sincera e
vejo um pequeno sorriso brotando no rosto dela, talvez um reflexo do
meu — E, ser chamada de Louise 2.0 é um pouco engraçado.
— Mas você é — Ela responde e a gente ri um pouco —
Ainda amigas?
— Ainda amigas — Respondo e ela me abraça.
Me sinto acolhida, ao mesmo tempo que sinto que estou
acolhendo ela. Perder a amizade da Megan era algo que me doía
muito, a distância estava me fazendo mal. É bom estar reconstruindo
a minha vida ao lado de pessoas que eu amo.
— Preciso fazer uma correção — Falo e ela se afasta me
olhando com a testa levemente enrugada, preocupada — Não somos
amigas, eu sou sua madrasta.
— Pelo amor de Deus, Louise, cala a boca — Ela reclama e
eu rio — Achei que você ia falar algo sério.
— Mas é sério! — Exclamo rindo.
— Você é uma cínica, disse na minha cara que não queria
nada com o meu pai e vivia chamando ele de velho, agora, já me
traumatizou transando com ele na minha casa — Ela fala fazendo
careta de nojo.
— Você ouviu? — Pergunto surpresa e ela semicerra os
olhos.
— Todo mundo ouviu, Louise — Ela reclama e eu sorrio dando
de ombros.
— Não foi culpa minha — Digo divertida e ela aponta o dedo
para boca, fingindo vomito, e eu rio. — Vamos mudar de assunto,
para quê essa mala?
— Vim me arrumar aqui para a festa de hoje — Ela explica e
eu olho confusa para ela — Você sabe, o evento dos empresários de
fim de ano.
— Eu esqueci completamente! — Exclamo preocupada.
— Tudo bem, eu trouxe um vestido para você também — Ela
informa e eu suspiro aliviada — Não sei o que seria de você sem
mim.
— Ainda bem que não vamos precisar descobrir, enteadinha
— Falo sorrindo.
— Louiseeee!!!

Foi evidente o olhar de felicidade do Alexander quando


encontrou nós duas no meu apartamento. Somos as mulheres da
vida dele, e se estamos bem uma com a outra significa que ele tem
paz. Para essa noite, me vesti de azul, novas cores para novos
momentos, mas não posso negar que me sentia cada vez mais
nervosa quanto mais nos aproximava.
Mas essa era a minha vida, a minha verdadeira vida.
— Está tudo bem? — Alexander pergunta segurando a minha
mão.
— Estou um pouco nervosa, apenas isso — Respondo com
um sorriso mínimo — eles estarão lá.
— Mas nós estaremos com você — Ele me conforta e me dá
um selinho, mas escuto a Megan fingindo vômito e me afasto dele
rindo.
— Vocês são melosos demais, quem aguenta? — Ela reclama
e eu rio.
— Você, minha querida enteada — Eu brinco e ela revira os
olhos sorrindo. Alexander tenta disfarçar, mas vejo que ele está
sorrindo — Tá reclamando muito da solteirice, acho que vou ser
obrigada a arrumar um noivo por contrato para você.
— Louise, vai se ferrar — Ela manda e eu rio alto — Eu não
preciso de contrato nenhum para ter alguém, estou solteira por
opção.
— Estou falando isso porque acho que minha querida enteada
precisa ser feliz e ter alguém — A provoco mais um pouco.
— Pai, separa dessa maluca! — Ela reclama, nos fazendo rir
um pouco mais. E eu me sinto muito mais tranquila.
O motorista estaciona o carro e abre a porta para nós, Megan
é a primeira a sair do carro e em seguida o Alexander, que estende a
mão me ajudando. Mas ele não a solta quando eu já estou fora do
carro. Alexander entrelaça os nossos dedos e segura firme a minha
mão, me dando a segurança que preciso.
— Você é a minha mulher agora, Louise, isso não será mais
segredo para ninguém — Ele diz baixo e desliza os dedos
carinhosamente pela minha bochecha — Eu quero que o mundo
saiba que está comigo.
— Alexander… — Começo a formular uma frase para falar
sobre como me sinto amada com isso, mas ele me impede de
continuar.
— Eu sei — Ele responde e beija suavemente meus lábios e
então começa a me guiar para dentro da festa.
Eu sinto os olhares sobre nós, sei o peso do que o Alexander
está fazendo e já até imagino o que as pessoas vão falar, mas para
ser bem sincera, estou tão feliz que nada disso me abala. Não me
importo com o que outros pensam, nunca fui assim e isso não vai
mudar agora.
Quem eu amo está comigo, segurando a minha mão e me
impedindo de cair.
Esse é o meu verdadeiro recomeço, de todas às vezes que a
vida me derrubou, me fez provar do seu mais amargo fel, sempre fiz
o que estivesse ao meu alcance para sobreviver. Eu sou uma
sobrevivente. Por muitas vezes vivi vidas que não eram minhas,
seguindo regras para não perder o que tinha, mesmo antes da
Louise.
Mas hoje eu sou quem deveria ser, e me amo por ser assim.
Epílogo

Alexander me guia para dentro da casa, meu coração está


acelerado, estou ansiosa e curiosa, mas essa venda que ele colocou
nos meus olhos não me deixa ver nada. E eu estou com ela desde
que entrei no carro, mas pelo tempo que fiquei dentro do veículo nós
andamos muito.
— Cuidado — Ele pede carinhoso, ainda me guiando —
Pronto.
— Estou muito curiosa para saber o que você aprontou —
Falo e o sinto beijando o meu pescoço.
— Só o melhor para você — Ele diz enquanto tira a venda.
Eu vejo o chão da sala forrado de pétalas, com várias
lâmpadas pequenas indicando um caminho pela escada, também há
rosas e tulipas vermelhas espalhadas deixando o ambiente
romântico. E eu percebo que estamos na casa de campo.
— Achei melhor evitar as velas, não quero pôr esse tipo de
fogo na casa, ainda mais porque temos um final de semana inteiro
para aproveitar — Ele diz baixo atrás de mim e beija meu pescoço
novamente.
— Aqui está lindo — Eu falo sorrindo e me viro para ele —
Obrigada, eu amei a surpresa.
— A noite está apenas começando — Ele diz e me beija. Seus
lábios se movem suaves contra o meu, sua boca tem o gosto doce
da felicidade e sinto que estou completamente viciada nesse sabor.
Quase me sinto frustrada quando ele se afasta, mesmo que já não
tenhamos mais fôlego — Vamos subir.
Ele me guia pela escada em direção ao quarto, eu não
consigo evitar sorrir, todo o caminho está decorado. Ele pensou em
todos os detalhes. E isso se comprova quando ele abre a porta do
quarto e está decorado também, mas também há uma mesa com
doces e champanhe.
— Você pensou em cada detalhe — Digo sem esconder a
minha felicidade.
— Você merece só o melhor — Ele me abraça e eu começo a
escutar uma música baixa e romântica — mas antes de qualquer
coisa, eu quero te falar uma coisa.
— O quê? — Pergunto, enquanto ele me guia para dançarmos
abraçados no meio do quarto.
— Você é como uma força da natureza, implacável,
estonteante, independente. E quando você cruzou a minha vida de
maneira direta, quando se colocou diante de mim, achei que seria
um momento e até me preocupava com a forma que ceder a você
repercutiria em nossas vidas. Você nunca foi mais uma na minha
vida — Ele diz sincero e se afasta um pouco para poder olhar nos
meus olhos — O fogo que nos uniu se transformou em uma imensa
chama de sentimentos sinceros, Louise, você é a mulher da minha
vida agora. E tudo que estou dizendo agora é sincero, pensado e
principalmente sentido aqui — Ele toca o peito como se indicasse o
coração — Eu te amo.
— Eu achei que tudo seria só um jogo e nós apenas nos
divertiríamos por um tempo, mas tudo mudou, incluindo os meus
sentimentos por você — Respondo baixo, sorrindo — Nunca achei
que me encontraria em alguém, mas acho que me encontrei em
você, Alexander, eu te amo.
Sua boca se choca na minha em um beijo repleto de
sentimentos. Mesmo que os nossos corpos já se conheçam, sinto
que hoje não faremos sexo, faremos amor. E eu estou cheia de amor
para ele e por ele.
Suas mãos deslizam pelo meu corpo como se estivesse me
mapeando, e meu coração bate forte dentro de mim. Quero sentir
ele, seus beijos, seu gosto, seu calor. Ele tira meu vestido e eu ajudo
ele a se livrar da camisa.
Ele me carrega para a cama enquanto me beija, me sinto
completamente entregue a ele. Sua boca desliza da minha, seus
beijos descem pelo meu corpo, e eu suspiro, sentindo a minha pele
se arrepiar. E peça por peça, ele me deixa nua.
— Você é a mulher mais linda do mundo — Ele diz me
olhando com admiração.
— Você não viu todas as mulheres do mundo — Respondo
sorrindo, observando ele se livrar do resto das próprias roupas.
— Eu não preciso ver todas para reconhecer a divindade que
tenho comigo — Ele responde e eu sorrio involuntariamente.
Alexander deita em cima de mim e beija, sua mão livre desliza
pelo meu corpo arrepiando a minha pele. Posso sentir seu corpo
contra o meu e suspiro, excitada. Quero muito ele em mim. E ele
parece saber disso, porque seus dedos me tocam me fazendo
gemer.
— Você já está pronta para mim — Ele diz rouco e eu suspiro,
sentindo ele me penetrar devagar.
Ele me olha nos olhos enquanto investe lentamente contra
mim, e gememos juntos. Nossos corpos parecem feitos para se
encaixarem. Juntos criamos esse prazer que nos conecta ainda
mais.
Sempre que penso em pertencimento, penso no Alexander,
porque sinto que a gente se pertence de uma maneira única. O
prazer, o amor, tudo o que nos move, faz com a que a gente se una
ainda mais. E quando queimamos, estamos queimando juntos,
mesmo fazendo amor, como agora.
Ele me beija e eu gemo na sua boca, inebriada de prazer e
sentimentos bons. Com ele, eu quero tudo que tenho direito, quero o
mundo, quero a vida inteira.
Gememos juntos. Seu nome escapa pelos meus lábios,
chamando-o. Amando-o.
— Eu te amo — Ele diz me envolvendo em seu abraço e eu
me aninho em seu peito.
— Eu te amo — Respondo, sabendo que estou exatamente
onde deveria estar.

Fim.
Agradecimentos

Gostaria de expressar meus sinceros agradecimentos a Yenne


Lowell por toda a assistência e apoio durante a construção desta
história. Sua dedicação e paciência foram fundamentais para que
este projeto ganhasse vida.
Agradeço também a você que leu por chegar até aqui. Sua
presença é muito valiosa. E sem você, nada disso faria sentido.
Muito obrigada.
Próximos Lançamentos

A Obsessão de Christofer
Christofer Houston é um mafioso temido e influente,
conhecido por sempre obter tudo o que deseja. Quando seus
olhos se fixam na encantadora Amber Anderson, uma jovem de
espírito livre e família tradicional, ele toma a decisão de tê-la
para si, custe o que custar, mesmo que para isso precise
recorrer a métodos obscuros.
Amber, por sua vez, vê sua vida virar de cabeça para baixo
ao se ver nas mãos de um homem dezenove anos mais velho
do que ela. Confrontada com uma realidade sombria e
ameaçadora, ela se vê presa em um jogo perigoso. Agora,
Amber está determinada a encontrar uma maneira de escapar
dessa situação opressora e retomar o controle de sua própria
vida.
“— Eu sempre tenho tudo o que eu quero, Amber, com
você não será diferente — Digo baixo, sorrindo ao tocar seu
rosto — Será mais fácil para nós dois se você parar de lutar
contra o inevitável e me amar.”

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