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Assentamento de Exú

Introdução

Antes de mostrar o modo que assento Exú em minha casa,


necessário se faz certas considerações. Na Nação que eu sigo, todo e
qualquer assentamento para esta Entidade, seja catiço ou não, usa
massa de tabatinga. Sei que em alguns axés, Exú é solto, colocam-
se os materiais necessários na vasilha que irá contê-lo e efetuam-se
os demais rituais.
Por que fazemos assim? É simples. Fazemos desta forma porque,
independente de ser um catiço ou não, Exú tem ligação direta com
o corpo do ser humano. A tabatinga nada mais é que uma
representação desse “corpo”, segundo nossas lendas, a composição
do ser humano enquanto corpo material, foi retirado da mãe terra.
O que usamos nela é exatamente para “sacralizar”, ou seja, dar-lhe
um fim específico, que é exatamente servir de altar para a pedra
que representará o Exú e que será dessa forma tratado e cultuado.
Uma coisa que acho importante de lembrar é o seguinte: Quando
montarem e Exú, lembrem-se sempre que ali está assentado um ser
que obedece a regras dentro do Africanismo, assim como nós, mas
que é autônomo, possui vontade própria e que em determinadas
condições, poderá “abandonar”, ou seja, retirar sua força vital dali,
não utilizando mais aquele assentamento. Por isso, não se
enganem, por maior que seja nosso cargo numa hierarquia, isso
não tira nossa condição de ser humano, não mandamos além dos
nossos limites, excedê-los apresenta sempre perigos. Por isso,
quando assentarem um Exu, não pensem que terão domínio sobre
ele, isso é um grande engano, você o assentou para que ele tenha
seu lugar de culto, é ali que vamos de agora em diante prestar-lhe
culto, seja ele da categoria dos santos, seja um servo deles, seja
porque foi assentado por esta ou aquela causa, porque vira com
alguém ou porque se fez necessário tal coisa.
Exú só faz aquilo que quer e pode, não tentem de forma alguma
forçá-lo a fazer algo que não quer, principalmente quando a
natureza do pedido é injusta ou má (ou que, aliás, não deve ser feito
nunca). Tentar isso é querer termos alguém que no futuro nos
poderá ser útil, mas não o será. Ou ainda, ter um inimigo no lugar
de um amigo.
Em minha experiência dentro da vida de santo, já presenciei
inúmeros absurdos. Querem um exemplo? Posso dar muitos.
Colocam Exú de “castigo”. Ou seja, alguns colocam o assentamento
de frente para parede, como se fazia nas escolas do meu tempo com
alunos indisciplinados. Não sei se com todos os alunos dava certo,
com Exú com certeza não dá. Aquilo é um altar particular para
aquela entidade, mas Exú é como uma esfera mesmo e está em todo
lugar em todo lado, nada poderá detê-lo. Outros gritam e xingam
Exú, tratando-o como seu “empregado”. Nunca façam isso, na
verdade eles servem aos deuses, não a nós, fazem isso por
determinação daqueles ou se isso a eles interessar. Outros tiram
coisas que foram colocadas em cima do assentamento por
determinação do próprio Exú ou como presente dado pela própria
pessoa ou por terceiros. Outros incendeiam o assentamento com
algum combustível como forma de “esquentá-lo” para fazer o que
querem. Outros deixam de tratá-lo como usualmente fazem. E por
aí vai. Tomem cuidado. Nada disso forçará Exú em fazer aquilo que
não pode ou não quer. Se você o assentou para alguém ou o tem e
possui algum meio, argumente com ele, só dessa forma você poderá
convencê-lo em ajudar naquilo que deseja, ou ele o convencerá que
não pode fazer aquilo ou, ainda, que aquilo não será tão bom como
pensa.
Outra coisa muito importante é quanto à composição do
assentamento. Lembre-se que todos estes materiais são símbolos,
ou melhor, são códigos para aquele assentamento enquanto
gerador de energia seja útil tanto para a entidade quanto para a
pessoa ou casa de santo para o qual foi feito. Por isso, evitem como
certas pessoas fazem, de colocar determinadas coisas que estão
fora do ritual sendo desnecessárias, ou, o que é pior, só podem
atrapalhar. Evite também fazer assentamentos muito grandes, eles
não funcionarão melhor por causa disso, só serão mais pesados e
isso fará que seu manuseamento seja mais difícil. Assentamentos
pequenos devem ser evitados também, pela falta de espaço para
que se coloquem determinadas coisas de forma correta, além de
serem mais fáceis de sofrerem danos e conseqüentemente, terem de
ser refeitos.
Outra coisa igualmente importante é ainda a colocação de certos
elementos que jamais coloco. Outras pessoas em outras casas
colocam, por exemplo, terra de cemitério, alegando nesse caso que
tal Exú é desse local e precisa disso. Nesse caso, justifico a não
colocação desse elemento pelo fato de que o solo de tal lugar estar
impregnado de energias em decomposição que nunca devem estar
fora de lá. Se o Exú é do cemitério, sua ferramenta poderá
simbolizar isto ou seu vulto, se for o caso. Fora isso, existe todo um
processo que caracterizará que ele é de tal lugar se tal elemento.
Tudo começa quando você joga para ver qual a entidade deverá ser
assentada ou ainda, se sabendo anteriormente qual é, se deseja que
isso aconteça. Feito isto, já está começado todo um processo, que
irá pela obtenção do material necessário, o que será acompanhado
pela entidade no plano espiritual, que poderá intervir por este ou
aquele motivo em coisas tais como a escolha de sua ferramenta e
outros elementos (quando viram, algumas delas até descrevem isto,
às vezes desenham no pemba no chão ou inspiram as pessoas como
será). O processo continuará com a montagem do assentamento e
será concretizado com a primeira matança que dará por
substituição “vida” ao assentamento. Rezas serão feitas e cantigas
que reforçarão a identidade de quem está sendo assentado.
Não coloquem coisas negativas, isso só reforçará o caráter daquilo
que você está assentando. Certa ocasião soube de um zelador (?)
que ao assentar um Exú para um cliente pediu um punhal ou faca
(não me lembro bem, isso foi há muito tempo) que tivesse sido
usado em um assassinato. O cliente conseguiu e acabou-se se
assentado um verdadeiro assassino. Essa foi a mensagem
transmitida para a entidade que estava sendo convocada para o
culto ali e assim foi feito. Tanto o pobre cliente como o “curioso” que
o assentou passaram por maus pedaços até que outra pessoa, desta
vez capacitada, conseguisse reverter tal quadro. Isso me foi
contado pelo meu antigo zelador, não sei o quanto aí tem de
verdade ou de fantasia, mas com certeza isso seria teoricamente
possível. Temos que ter cuidado com aquilo que mexemos, que
manipulamos, quando o fazemos, devemos pensar em fazermos
isso de forma consciente para que a entidade seja agradada e,
ainda, para que beneficie tanto a quem assenta como para quem
vai ser assentado. Exú deve ser um protetor, um amigo, um
conselheiro, um aliado que nos protege da melhor forma das
hostilidades que surgirem para nós, não um ser mal intencionado
convivendo conosco.
Desculpem se me alonguei um pouco nesta descrição, achei que tal
coisa foi necessária. Mais na frente veremos como é um
assentamento na minha casa, não quero dizer que deva ser feito
desta forma, mas quero notar que tenho feito assim e tem dado
certo até hoje. Sei que dentro do Candomblé, de nação para nação,
de raiz para raiz, de casa para casa e até de pessoa para pessoa as
coisas variam. O próprio sistema oferece este tipo de coisa. Mas
principalmente quero poder transmitir a experiência que o tempo
me proporcionou e tem dão certo até hoje.
Por que se assenta Exú?

Tal pergunta parece ser fácil de ser respondida. Mas se


analisarmos a fundo esta questão acabaremos descobrindo que
não. Enquanto, geralmente, em casas de Angola este procedimento
se torna praxe quando as pessoas ingressam no santo na categoria
de “não-iniciados”, em outras nações tal coisa só será efetuada na
feitura ou, ainda, em algumas raízes, depois da iniciação.
Nossa justificativa para fazermos isso é que assentando primeiro
Exú estaremos abrindo o caminho para que as demais coisas de
santo sejam feitas em seu devido tempo, culminando com a feitura
da mesma quando sua cabeça e seu santo assim o desejarem.
Geralmente assentamos o catiço da mesma natureza do santo da
pessoa, ou seja, assentamos o catiço macho se o santo for macho ou
o catiço fêmea se a pessoa for de santa, ou ainda, quando isso é
pedido, assentamos no seu devido tempo o casal de Exus.
No Angola, só assentamos o Exú que responde diretamente pelo
santo (chamado de Bara na cultura yorubá) quando tal coisa é
solicitada na feitura ou ainda em obrigações posteriores.
Ao catiço cabe a vida material da pessoa, o que de certa forma
repercutirá em sua vida espiritual porque dará condições
favoráveis para que isso aconteça.
Tratar de Exú é de suma importância, tanto ao nível individual de
cada pessoa, como a nível coletivo é coisa que nunca é demais de
recomendarmos.
Outro caso que pode acontecer, no caso de se ser zelador de santo,
responsável por uma comunidade é quando em nossa casa entrar
alguém vindo de outra. Algumas pessoas, iniciadas ou não,
poderão vir sem seus assentamentos, que por algum motivo não
vieram com elas. Nesse caso, respeitadas as diferenças,
consultaremos os búzios para vermos o que o oráculo nos
recomenda, usando então nossos usos e costumes.
Mas, e isso acontece também, quando trazem seus assentamentos,
devemos da mesma forma jogar para ver se as entidades que estão
ali representadas querem, devemos argumentar sobre nossos
rituais próprios e se estas aceitarem, poderemos então remontar
seus assentamentos, preservando ao máximo o que tem de original
e acrescentando aquilo que nosso conhecimento recomenda.
Que Animais Usaremos no Sacrifício?Condições para Isto

Como no decorrer desta apostila cabe lembrar que estou falando


como eu faço na minha casa, o que poderá ser diferente em outra.
Quando assentamos um Exú, seja qual for a natureza dele, devemos
sempre observar isto: se for para uma pessoa não-iniciada a
primeira matança e as demais que poderão se suceder enquanto a
pessoa se manter desta forma será a mesma – dois frangos que
serão do mesmo sexo da entidade, geralmente brancos, salvo se a
entidade se expressar em jogo ou verbalmente se virar, de outra
cor. Se nesse caso for pedido animais de pena que sejam pretos
devemos argumentar para que peçam de outra cor.
Estes mesmos assentamentos levarão então cabritos calçados e
cobertos antes da feitura se ela já estiver toda esquematizada (no
máximo vinte e um dias antes, nunca mais do que isso, pois o santo
da pessoa poderá reclamar da demora de sua matança) ou, ainda,
durante o período de seu recolhimento.
Alguns zeladores, neste caso não por causa de sua nação, mas
motivos por diversos fatores econômicos, acabam iniciando filhos
sem o devido assentamento de Exú, na maioria das vezes apenas
dão um engabelo para fazerem isso assim que a pessoa puder. Não
façam isso, assim como Exú esperará pelo que lhe pertence, assim
será o caminho da pessoa até que possa fazê-lo e em algumas vezes
influenciará até no andamento da casa de santo. Nesse caso, a casa
deve se esforçar através da ajuda dos seus membros para que Exú
fique logo satisfeito, o que ele saberá retribuir para os que
contribuíram.
Já no caso dos que já foram iniciados, Exú terá novamente
matanças de bicho de quatro patas nas obrigações de três anos,
sete, quatorze e vinte um, salvo raras exceções que o jogo indicará.
No caso do zelador da casa, os seus Exus poderão ter como
sacrifício bichos de quatro patas desde que isso seja feito
anualmente, devido ao grande movimento da casa e somente uma
vez ao ano, nunca mais do que isso. O Exú responsável pela
porteira da casa de santo comerá dois bichos de penas toda vez que
a casa fazer algum toque público, seja ele de que natureza for e
anualmente também sacrifício de bicho de quatro pés calçado.
Uma coisa a destacar é a diferença entre um bicho calçado e um
bicho calçado e coberto. Bicho calçado é aquele que além de
sacrificá-lo, oferecemos junto quatro animais de pena do mesmo
sexo daquele animal que será do mesmo sexo da entidade. Já bicho
calçado e coberto é aquele que além de levar os quatro bichos de
pena, levará também uma galinha-d”angola e um pombo, que no
caso de Exú, às vezes, poderá ser branco pela primeira vez e nunca
mais, isto se o mesmo solicitar. Geralmente o pombo que
oferecemos para Exú é de cor, podendo ter cores misturadas, não
necessariamente todo preto.
Já a matança para os santos, quando tiverem animais de quatro
patas, serão sempre calçados e cobertos também.

Vulto ou Ferramenta?Que Tipo de Ferramenta?

Uma pergunta interessante é esta: No vulto ou na ferramenta?


Bem, nesse caso dois fatores vão influenciar para que o Exú seja
assentado no vulto ou na ferramenta: primeiro, a vontade do Exú
que vai ser assentado e que poderá ser expressa através do jogo ou
falando, se este for assentado para quem vira com o mesmo.
Porém, costuma-se mais assentar os Baras dos santos com vultos,
enquanto os catiços preferem ferramentas, com exceção dos que
são mais ligados ao cemitério como Exú Caveira, apesar de que já
vi este também assentado em ferramenta e não apresentando
problema nenhum.
Há também o caso de que o Exú leva as duas coisas, geralmente
uma ferramenta maior e um pequeno vulto ou vice-versa.
O importante no caso de assentarmos Exú é olharmos, é claro, a
parte estética, usando de todo carinho para assentá-lo, mas sem
esquecer a parte ritual, seus componentes, suas rezas, fazendo isso
com todo o respeito cabível ao “nascimento” ao nível material de
um ser espiritual.
Quando é um vulto que fazemos, devemos fazê-lo representando
um semblante sério, ameaçador até certo ponto, pois Exú está no
caso sendo representado como um defensor, seja da casa, seja da
pessoa. Já vi vulto de Exú com cara de riso e um parecendo o “Topo
Gigio”, acho que isso dispensa comentários.
Geralmente o representamos usando búzio no lugar dos olhos, o
que nos lembra que é Exú quem nos fala através deles, é quem
segue na frente abrindo os caminhos para a prosperidade e ao
mesmo tempo trazendo o recado dos deuses para os seres humanos.
Podemos usá-los para outras partes do rosto e, ainda, outras
partes dos assentamentos, pedindo sempre que a entidade nos diga
em que medida nós poderemos usá-los já que alguns gostam de
muitos búzios, enquanto outros os preferem em menor quantidade
como adorno.
Fora isso, também podemos usar outros componentes que também
lembrem a função de Exú como defensor tais como punhais com as
pontas viradas para cima e pregos. Já ouvi falar de pessoas que
colocaram até cacos de vidro em assentamentos, relembrando que
é também uma arma de Exú. Nunca coloquei e nem recomendo, já
que isto representa simplesmente ataque e nunca defesa. O
importante é que adornemos Exú com consciência, inclusive para
que ninguém se machuque ao cuidar dele ou transportá-lo de um
lugar para outro quando isso se faz necessário.

Tipos de Ferramenta

À primeira vista parece fácil escolher uma ferramenta para o


assentamento quando vamos usá-la. Na verdade não é. O uso de
ferramentas como as conhecemos no Candomblé é coisa nossa,
coisa do nosso país.
Vemos em fotos que foram tiradas na África, que além do uso dos
vultos, os africanos usam quando muito, pedaços de metal
simbolizando setas e que em alguns casos, como nas entradas dos
mercados, montes de terra que foram sacralizadas e onde são
depositadas as oferendas para Exú como o “Senhor Guardião do
Mercado”.
Já os catiços, que são entidades que são cultuadas como Exus por se
situarem na mesma vibração que ele e usando coisas que são
similares a este, são nitidamente brasileiras, usando usualmente
nomes simbólicos em português, fora o nome em dialeto que o jogo
lhes dará e que deve ser conhecido apenas por quem o assentou, seu
proprietário e alguns membros da casa.
O uso de ferramentas contendo símbolos semelhantes aos pontos
riscados que as entidades na Umbanda usam, é nosso. Assim como
os catiços que viram nos feitos, que na maioria das vezes foram
umbandistas, como um dia também fui, são encontrados
geralmente em terreiros tanto do Candomblé como na Umbanda.
É quase que impossível encontrarmos uma casa de Candomblé
(com exceção de alguns raros segmentos que não os cultuem) que
não tenha, por exemplo, um Sr. Tranca-Ruas das Almas em sua
história enquanto comunidade de santo.
É comum, então, usarem-se ferramentas com garfos que tenham
cantos com ângulos retos para as entidades masculinas que
chamamos comumente de Exus e com cantos arredondados para as
entidades femininas conhecidas como Pombogiras.
Pelo tipo da ferramenta, por seus ângulos, será inclusive mais fácil
de identificar quando é uma entidade masculina ou feminina. Mas
convém lembrar que já vi ferramentas de Exus que continham um
ou outro garfo arredondado e também ferramentas de Pombogiras
que tinham um ou outro garfo quadrado, o que parece que
aconteceu por vontade da própria entidade por algum enredo
particular que às vezes pode realmente acontecer.
São inúmeros os desenhos utilizados na confecção das ferramentas
assim como são inúmeras as casas de Santo e as pessoas iniciadas
ou não que possuem Exus assentados.
Existem desde as ferramentas mais simples com apenas um garfo
(que eram mais usadas no passado) até as mais complexas, que
incluem desenhos que são verdadeiras obras de arte tais como
rosas feitas de metal. Cabe a cada um decidir como será o seu ou o
da sua casa, desde que seu assentamento seja usado ritualmente e
não como um adorno, o que seria a perda da sua essência.
Na próxima figura poderemos observar duas ferramentas, uma
bem simples e outra bem elaborada, com maior número de garfos.
Ambas podem ser usadas para assentar Exu e em particular ao
Exu Tranca-Ruas. Independente da que for usada, os conteúdos
rituais serão os mesmos.
A primeira vista poderão me dizer que tal coisa tão elementar não
deveria ocupar espaço numa apostila como esta. Ledo engano.
Nada é tão pequeno que não seja digno de ser lembrado. O que
pode parecer uma simples coisa à primeira vista pode fazer disso
um erro primário e grosseiro.
Outra coisa importante nas ferramentas, quando elaboradas, é que
as mesmas podem possuir alguns símbolos característicos desta ou
daquela entidade, o que pode ser usado para identificar qual é ou,
ainda, alguns de seus atributos. Algumas Pombogiras agradam-se
com ferramentas que possuam rosas de metal, alguns Exus que
vibram na linha dos cemitérios aceitam ferramentas que possuam
caveiras ou caixões, outros querem cruzeiros em suas ferramentas,
isto tudo pode ser observado e feito por quem os assenta (nesse
caso serão catiços os assentados) e a experiência com o decorrer do
tempo fará o resto.
Preparando para Assentar Exú

Como em todo ato que fazemos no Candomblé, os búzios terão


sempre o seu lugar de destaque e deverão ser consultados antes,
durante e depois de montarmos e darmos “vida” através dos
sacrifícios para o assentamento que cultuaremos Exú.
Quatro tipos principais de Exú são comumente assentados:
- O Exú que será o guardião de uma casa de santo: Este sempre um
Bara, não podendo de forma alguma ser um catiço, seja ele fêmea
ou macho. É Bara que irá tomar conta da casa, é sua tarefa cuidar
do bom andamento da casa de santo, defendendo-a de qualquer
ataque material e espiritual. Como já citamos anteriormente,
costuma-se tombar um bicho de quaro pés calçado anualmente
para o mesmo para que sua energia esteja sempre forte e com isso
bloqueie circunstanciais ataques que possam acontecer. Além disso,
devemos matar dois animais de penas (usualmente dois frangos
brancos) além de comida seca (geralmente padê de dendê) além de
outros elementos que quisermos oferendar ou que o jogo sugira,
toda vez que a casa fazer um toque público, independente da
natureza do mesmo. A oferenda anual será de acordo com as
normas e costumes de casa para casa, sempre variando de uma
para outra. A que fazemos para os toques costumam ser feitas no
dia anterior ao toque (quando não cai numa sexta-feira) ou dois
dias antes ou ainda no dia do toque mesmo, geralmente na parte
da manhã ou quando o sol já não está mais em toda plenitude do
seu calor. É bom sempre lembrarmos que na maioria das vezes não
se deve cortar para Bara com o sol muito quente porque isso
poderia resultar em alguma kizila. Esses Baras poderão ser
montados e assentados com sacrifício de animais de pena (em
numero de dois e do sexo masculino), mas quando da inauguração
da casa, deverão receber sacrifício de quatro patas calçado e
coberto, sem exceção.
- Exú que o jogo recomenda para que a casa tenha assentado: Ao
contrário do que algumas pessoas pensam, mesmo algumas delas
sendo de dentro do próprio Candomblé, nem sempre Exus que estão
assentados na casa de santo, além do guardião da casa, são
necessariamente do zelador ou de qualquer outro membro da casa.
Esses poderão ajudar no bom andamento da casa, na ajuda do
atendimento aos clientes e até ajudando filhos de santo que
poderão ter afinidades. Poderão ser Baras ou Catiços, o que varia
de casa para casa, de raiz para raiz e de nação para nação, já que
temos casos peculiares: em algumas casas só se assentam Baras,
em outras só Catiços e em outras ainda, se assentam ambos (o que
acontece na nossa) e, ainda nestas, em algumas delas, Baras e
Catiços convivem no mesmo espaço enquanto que em outras, cada
um tem o seu (que é o caso também de nossa casa). Esses Exus
serão tratados segundo a norma de cada casa, sendo assentados
inicialmente com dois bichos de pena e posteriormente poderão
receber sacrifícios de quatro patas de acordo com as circunstâncias
(poderá ser determinação do jogo, solicitação por alguma
circunstância, ou ainda, um presente da própria casa, de um filho
ou de um cliente).
- Bara de uma pessoa: Quando se assenta o Bara de uma pessoa,
seja ele o zelador, um ogã, uma ekedji, um filho mais velho da casa
ou um dos mais novos, ou ainda para um cliente se for o caso, este
não poderá ou pelo menos não deverá ser assentado pela pessoa
que carrega tal Exú, no caso dela estar habilitada para tal.
Geralmente Baras preferem ser assentados em vultos, podendo
ainda usar, quando muito, apenas um garfo, além do vulto, é claro.
Mas também os vi com ferramentas, o que acho que pode ser feito
sem problema algum, é a vontade da entidade que conta. Os
elementos são quase os mesmos que usamos para os Catiços, já que
estes são representações, ou melhor, dizendo, emanações daqueles,
salvo pequenas diferenças que apresentaremos mais na frente. Os
animais usados para assentá-los serão bichos de penas se as
pessoas não forem iniciadas e também bichos de penas se forem,
mas não estiverem em período de obrigação. Quando for chegada
esta época, o jogo indicará o melhor procedimento para ser
executado. Para não iniciados não serão usados bichos de quatro
patas em hipótese alguma.
- Catiço de uma pessoa: Já os Catiços preferem na maioria das
vezes que se usem ferramentas em seu assentamento, entretanto
alguns, geralmente os masculinos, tais como: Exú Tiriri, Exú
Marabô, alguns tipos de Exú Caveira, preferem vultos. Os Catiços
podem ser assentados para qualquer pessoa, seja ela iniciada ou
não, rodando com a entidade ou não. Seu assentamento para não
iniciados seguirá a mesma regra: dois animais de penas quando do
assentamento e, depois, quando se fizer necessário, ou seja, corta-
se para a entidade num prazo mínimo de seis meses e máximo de
um ano, de acordo com cada situação particular. Já no caso de
alguém iniciado que vá para nossa casa de santo, será feito o
mesmo procedimento para assentá-lo fora do tempo de obrigação,
só se fazendo em obrigações de tempo (três anos, sete anos,
quatorze anos e vinte um anos), além da feitura, claro, matança de
animais de quatro patas. Quando do ato da matança, se os mesmos
rodam, isso acontecerá automaticamente, podendo ser feito um
curto, mas animado louvor para o novo Exú assentado na casa,
tocando-se inclusive um pouco para Exú com a participação das
pessoas que estiverem na casa e se para isso se encontrar presente
um ou mais ogãs.

Assento Onde?

Existem três opções básicas de vasilhas para assentarmos Exú:


alguidares, vasos e bacias, todos eles de barro. Seu tamanho será
variável ao que for escolhido pelo zelador se for um Exú para casa
de santo ou se for pessoal, pela própria pessoa.
Como já disse antes, o bom senso deverá funcionar quando
fizermos isto. Os utilizados para as casas de santo são geralmente
maiores, seus lugares são mais ou menos fixos e assim serão
mudados de lugar somente se as casas serem transferidas de um
lugar para outro ou sua estrutura for mudada, o que é mais difícil.
Já os pessoais deverão ser num tamanho satisfatório para que
possam ser transportados de um lugar para outro quando for feito
seu ossé ou se a pessoa leva seu assentamento embora, seja por
quaisquer motivos.
Grandes demais acarretam trabalhos desnecessários que não estão
relacionados ao carinho e ao respeito que Exú merece. Pequenos
demais não conterão de forma cômoda todo o material necessário,
além da impossibilidade das matanças de animais de quatro patas
que puderem a ser feitas posteriormente. Neste caso, o Exú teria
que ser reassentado, o que representaria outro tipo de trabalho que
será representado mais adiante.
Outro tipo de coisa, ainda sobre a vasilha, é como ela será.
Algumas pessoas utilizam vasilhas envernizadas, o que certamente
fazem pelo lado estético da coisa. Realmente, ficam mais bonitos os
assentamentos, vai de pessoa para pessoa. Pessoalmente, prefiro os
crus. Alguns também utilizam vasilhas em estilo “marajoara”,
ficam bonitas, mas cuidado para não usarem fruteiras em lugar de
igbás.
Já vi também pessoas assentarem Exus em caldeirões de ferro,
destes que alguns Catiços gostam de utilizar em seus trabalhos.
Apesar de Exú utilizar todos os metais em essência, o barro me
parece mais apropriado, como acontece também para com os
assentamentos dos santos, porque simboliza a própria terra, que
fornece os elementos necessários para a formação dos corpos.
Antes que argumentem sobre o uso da louça por alguns santos,
direi que o processo da feitura da louça resulta em um material
diferente, mas foi tirado também da terra, de um material um
pouco diferente.
Que Pedra Eu Coloco? Onde?

O tamanho da pedra que se colocará para realmente representar o


Exú que vai se assentar varia muito. Deverá sempre prevalecer o
bom senso sobre isto. Já vi Exus com pedras pequenas que estavam
muito bem assentados e que respondiam muito bem aos rituais e
pedidos que se faziam para esses, o importante mesmo é que essa
seja indicada pela entidade, seja no jogo ou mesmo por intuição.
Não há necessidade que esta seja comprada numa loja. Geralmente
elas são “achadas”, vão ao encontro de quem vai assentar ou ao do
dono do futuro assentamento.
Essas pedras geralmente são escuras ou avermelhadas. Sua forma
também pode ser muito variável. Geralmente são encontradas em
estradas, encruzilhadas ou até em outros lugares.
Recomendo que mesmo que o Exu seja um Catiço que trabalhe nos
cemitérios não se utilizem pedras de lá. Meus antigos falavam que
este local só é utilizado em casos extremos, em algumas nações de
Candomblé nada é feito lá. E quando se faz, sempre são levadas
coisas para serem deixadas e nunca serem trazidas.
Ossos, terra, pregos de caixão, pedaços de madeiras desses, flores
ofertadas aos mortos e coisas desse gênero já foram usadas no
passado e hoje ainda continuam a ser usadas em menor número.
Discordo totalmente disso, Exú deve levar coisas que o representem
e o formem para que defenda o ser humano e o escute nas inúmeras
questões que se apresentarem. Ele lida não apenas com a vida, mas
por isso mesmo com a morte, tem fortes ligações com as mães
ancestrais, com os antepassados e com a própria morte em si, mas
também tem ligação com tudo mais que existe no Universo, por isso
deve ser formado com o caráter mórbido que esses elementos lhe
imprimiriam. Existem outros elementos que podem ser usados no
lugar disso... Um exemplo? Costuma-se colocar o vulto de Exu
Caveira, entidade muito conhecida por mim como até pelos adeptos
de outras nações que não cultuem este tipo de entidade, no formato
de um crânio. Aí está representado, não há necessidade de se
colocar um crânio de uma pessoa, além de ser criando sérios
problemas com o Egun dono daquilo, também se está infringindo a
lei do nosso país, coisa que um verdadeiro religioso por certo não
quer.
Outra coisa que é muito importante sobre a pedra que colocamos é
o local e o modo que a colocamos no assentamento.
Seu local é na frente, seja ele no meio ou neste ou naquele lado, mas
geralmente é o meio mesmo. Isso pode parecer uma coisa lógica e é.
Só que até nisto já vimos a discrepância se alguém que colocou a
pedra do assentamento na parte de trás, alegando que era para
que ninguém pudesse ver.
Já vi coisa pior, é claro. Uma pessoa que simplesmente não colocou
otá nenhum...
Outra coisa é como a colocamos. Geralmente Exus que não viram
em alguém, tais como o Bara da casa, Baras das pessoas da casa e
Catiços de ogãs e ekedjis, as pedras são colocadas na massa de
maneira que não soltem, já Catiços que rodem nas pessoas
preferem que suas pedras fiquem sobre a massa do assentamento,
mas soltas. Quanto à história de que usa se artifício para que certas
entidades deixem de virar, não vejo nada que corrobore tal ato.
Resta apenas uma história para contar sobre a pedra (okutá como
é chamada em yorubá e otá como se chama erroneamente no
Candomblé, já que esta palavra significa inimigo).
Uma pedra foi parar em minha casa. Grande e lisa, é de tamanho
médio para grande, chamou a atenção de um familiar e acabou
ficando em minha casa. Sua função? Pensaram que seria ótima
para calçar uma porta e assim foi. Dias após dia, semana após
semana, mês após mês, ano após ano, ela estava lá. De manhã, o
primeiro que acordasse, colocava-a em seu lugar e assim ficava até
que alguém fechasse a porta e colocasse lá trás em seu “descanso”.
Mudamos algumas vezes e nossa “companheira” lá foi.
Um dia, após tomar sete anos, o Exu que guarda nossa casa
através do oráculo avisa que quer ser assentado. Uma lista é tirada
e o material é adquirido.
Mas quando da montagem... Todo otá que é apresentado, Exu
recusa. Quer este? Não... E este? Também não! E este aqui? Não
quero também. Quando se acabam todas as que foram
apresentadas, o jogo diz que ainda existe mais uma e é esta a que
Exu quer que seja usada em seu assentamento. Uma intuição vem
logo em minha mente... Mas, será? Por favor, jogue e veja se é
esta... A resposta veio totalmente afirmativa. Fui lá e peguei e
novamente foi jogado. Exu responde que me acompanhou esse
tempo todo e agora queria ficar no lugar que realmente lhe
pertencia e onde está até hoje. Essas coisas ac0ntecem e eu as acho
maravilhosas...
Eis aqui como ficará a pedra localizada no assentamento:

Pode parecer supérfluo mostrar isso, mas não se deve esquecer que
o objetivo desta apostila é passar para quem pode assentar um Exu
como eu faço em minha casa e que tem dado certo até hoje.
Qualquer que seja o assentamento este tem que ser vivo, isto é, deve
representar plenamente a entidade, reagindo aos rituais e outras
coisas que lhe forem feitas. Assentamento “bom” não é aquele que
impressiona pelo luxo ou que dá medo, é aquele que responde
quando você precisa dele.
Vale aqui destacar e que isso fique bem claro, que estou levando
isso para o lado prático da coisa, não ficando aqui discutindo o
aspecto desta ou daquela nação, tanto que prefiro usar o yorubá na
maioria das vezes pelo costume que se tem em usá-lo, dentro de
cada barracão é outra história.
Mas como quem está lendo deve estar ansioso sobre todo o resto,
continuemos a falar sobre o assentamento.
Folhas de Exú

Relação das folhas mais comuns de Exú que poderão ser usadas em
seu assentamento:
- Folha-da-costa (saião)
- Folha-da-fortuna
- Bredo sem espinhos
- Mal-me-quer bravo
- Tiririca
- Folha de bobó
- Cansanção de porco
- Cansanção branca de leite
- Picão da praia ou carrapicho
- Comigo-ninguém-pode
- Urtiga
- Arrebenta-cavalo
- Pinhão roxo
- Vence-demanda

Outras folhas podem ser usadas, sendo essencial que seja usado
pelo menos três tipos de folha para o seu assentamento. Em
determinadas ocasiões, o jogo pode aconselhar que se usem
algumas folhas que não pertencem ao Exú, mas sim ao santo ligado
a ele, como também outros elementos, como veremos mais adiante.
É aconselhável que se separe um pouco de cada folha utilizada no
assentamento para que seja quinado novamente quando dermos o
primeiro ossé de Exú, o que é feito depois que suspendemos a
primeira matança.
O procedimento para as folhas que usamos pra Exú é o comumente
usado, quinam-se as ervas em uma bacia de ágata branca e
reserva-se o sumo, acendendo uma vela branca comum neste ato e
que depois ficará ao lado da quartinha do Exú até o final da
montagem.
Material Básico Necessário

- 1 alguidar, vaso ou bacia de barro


- tabatinga suficiente
- 1 ferramenta de Exú (se não for feito só vulto)
- 1 quartinha de barro (s/ alça para macho e c/ alça para fêmea)
- palha da costa
- 1 cabacinha pequena de pescoço
- 1 faca de ponta sem cabo (não pode ser serrilhada nem de pão)
- 1 okutá
- 1 fava de aridan
- 1 fava de Exú
- 1 olho de Exú
- 1 garra de Pombogira
- 1 fava olho-de-boi
- 1 pedaço de ferro
- 1 pedaço de ouro
- 1 pedaço de prata
- 1 pedaço de ferro
- pó de ouro
- pó de prata
- pó de ferro
- pó de bronze
- pó de cobre
- 7 qualidades de pimenta
- 7 qualidades de bebidas (uma dose de cada basta)
- pimenta da costa
- dandá da costa
- 1 ogbi de quatro gomos fresco
- 1 orogbo
- 1 bolinha de azougue
- 1 pedaço de imã
- 9 ou 7 idés de ferro (9 p/ fêmea e 7 p/ macho)
- 200 gramas de búzios brancos
- 3 búzios africanos escuros (opcional p/ decoração do vulto)
- waji
- efun ralado
- pó de ossun
- pó de yerossun
- pó de sândalo
- terra de estrada
- terra de encruzilhada
- terra de feira livre
- terra de banco
- terra de estabelecimento comercial
- areia de praia
- lelecum
- bejerecum
- 1 garrafa de cachaça
- 1 garrafa de outra bebida (forte p/ macho e suave p/ fêmea)
- 1 garrafa de vinho moscatel
- 1 charuto ou 1 maço de cigarros ou 1 caixa de cigarrilhas (p/
catiços)
- 1 cuité, copo de vidro ou copo de barro (p/macho)
- 1 taça de vidro ou cristal (p/ fêmea)
- farinha de mandioca crua
- dendê
- mel
- 1 pouquinho de sal
- 1 lata de azeite de oliva
- 1 vela de 7 dias branca
- 1 pedaço de cristal de rocha bruto (só para Bara)
- 1 pedaço de ferro ou de chumbo
- 7 ou 9 moedas antigas
- 7 ou 9 moedas atuais

Observação: Alguns outros elementos podem entrar nesta


composição, mas são particularidades de cada Exú, principalmente
Catiços, que são conhecidas em nosso meio e, ainda, outras que são
solicitadas quando o Exú vira ou pediu no jogo.
Montando Exú

Com os materiais necessários adquiridos prepare tudo para que o


ritual para montá-lo transcorra sem atropelo algum.
Exu deve ser montado preferencialmente no período da lua cheia
ou crescente o que é considerado favorável para que ele realize
coisas boas, nos outros períodos se pretendemos o oposto.
Mas observe bem, já vi esta regra não ser observada pela pressa e
vontade da entidade e tudo correu de forma propícia, não trazendo
nenhum problema.
O horário melhor é à noite, não sendo necessário que seja
especificamente à meia-noite como alguns insistem, já que na
verdade Exú percorre todo o espaço no decorrer de todo tempo.
Mas sendo preciso, Exú poderá ser assentado de dia, mesmo com o
sol quente, desde que este seja um Catiço, nunca um Bara.
Coloque os materiais ao seu alcance, no chão, todos em ordem. É
bastante conveniente que tenha sempre alguém pra auxiliá-lo,
servindo-lhe de tudo que for necessário.
Dos búzios que servirão ao assentamento 7 deles (que serão para o
Exú macho) ou 9 (se for para a fêmea) já deverão estar abertos.
A faca também deverá já estar com seu cabo retirado, se foi
adquirida assim.
Não devemos nos esquecer de colocarmos ao nosso alcance uma
pequena peneira com quatro búzios abertos, anteriormente
consagrados para fazer pequenas consultas para Exú, que
consultaremos em todas as etapas da montagem ou quando
acharmos necessário. Um jogo semelhante a este pode ser
montado, inclusive, para o Exú para poder se comunicar com o
mesmo.
Tendo então arrumados perto a bacia com o sumo das ervas
quinadas, a quartinha que será do Exú destampada com água e a
vela que foi usada para quinar as ervas, deverá sentar em um apoti
e se achar mais cômodo poderá colocar à sua frente outro pra que o
assentamento fique em um nível que não lhe seja desconfortável
manuseá-lo.
Despeje um pouco da mistura de 7 bebidas junto com o sumo das
ervas.
Pegue então a vasilha que foi escolhida para o assentamento e lave-
a na mistura de bebidas e ervas, deixando escorrer o líquido de
volta na bacia.
Salpique então um pouco de waji no interior da vasilha e passe
também um pouco desta em volta.
Em outra vasilha coloque a tabatinga, calculando o necessário
para que o assentamento seja feito e que sobre um pouco, este
poderá ser usado para corrigir possíveis rachaduras que
aparecerão depois que o assentamento secar.
Despeje sobre a tabatinga um pouco das ervas e mais um pouco da
mistura das bebidas, e vá temperando: um pouco de água da
própria quartinha, sal, mel, dendê e azeite de oliva.
Comece a bater a massa. É recomendável que usemos sempre as
mãos para que haja uma troca de energias com a entidade que está
sendo assentada.
Quando é assentado o guardião de uma casa ou mesmo um Exú que
irá servi-la, seria muito bom que além do zelador, estivessem
presentes, se já houver, as pessoas que já possuem seus cargos ou
que os terão, além dos eventuais egbomis ou ainda parentes de
santo ou amigos de santo.
No caso de um Exú que é de alguma pessoa, seja ela egbomi, ekedji,
ogã, yaô ou abiã, ou ainda, um cliente da casa, é necessário que a
pessoa esteja presente ao ato, não apenas assistindo, mas
participando também. Deverá literalmente colocar a “mão na
massa”, ajudando a misturar tudo o que for necessário e ainda
colocando certos elementos eventualmente.
Continue batendo e vá misturando em seguida os seguintes
elementos: waji, efun, ossun, yerossun, as sete qualidades de
pimentas. Em seguida acrescente as terras. Com o esse resultado
da massa, forre o fundo da vasilha e os lados da parte de baixo.
Vá então colocando os seguintes elementos: os búzios, as moedas,
os idés, as favas (com exceção do aridan, que também é uma fava,
mas que não ficará totalmente submerso na massa), os metais, os
grãos de pimenta da costa, o dandá, a bolinha de azougue, os
pedaços de ouro e prata e dos outros metais, o pó dos metais, o pó
de sândalo, o lelecum, o bejerecum e os demais ingredientes.
Coloque então mais massa por cima cobrindo este material e aí
aplique a ferramenta (geralmente no centro do assentamento ou na
parte de trás no meio).
Na parte de trás do assentamento como acima. Ou ainda no meio:
Após colocar a ferramenta ou moldar o vulto, ou ainda, colocar a
ferramenta e fazer também um vulto, colocaremos a faca sem cabo
em um dos lados ou ainda se preferir, a faca fincada no alto da
cabeça do vulto, a fava de aridan em outro (fincada em parte na
massa é recomendável inclusive para evitar uma eventual perda).
Depois disso faz-se se coloca a cabacinha no lado direito se for
vulto, ou faz-se uma trança de palha da costa, amarrando a
cabacinha pelo pescoço e pendurando do lado direito da
ferramenta.
Vejamos então a ilustração onde percebemos os exatamente tais
elementos colocados:

Convém notar novamente e sempre que nosso objetivo não é


apresentar um padrão fixo. É apenas demonstrar o que fazemos
com o fruto de nossa experiência em todo esse tempo de prática.
Existem pessoas que, por exemplo, colocam uma brasa de carvão
acesa dentro do assentamento. Não conhecemos tal procedimento,
apenas não o fazemos. Já outras colocam o okutá coberto pela
massa, não o fazemos também, agora por outro motivo, vemos a
necessidade que parte desta apareça para que possa ter sobre si a
parte do sangue dos sacrifícios que ali se executarem.
Já em relação aos vultos, apresentaremos as ilustrações seguintes
apenas para demonstrar um exemplo:
Ainda existe outro tipo de ferramenta que também pode ser usada
em assentamentos de Exú. São bonecos de ferro que substituem
tanto os vultos como as ferramentas convencionais (que muito se
assemelham aos chamados “pontos riscados” que os Catiços às
vezes usam em trabalhos de Umbanda). Esses bonecos podem ser
masculinos e femininos. Os masculinos podem ser usados tanto pra
Baras como para Catiços machos, já as bonecas somente por
Catiços fêmeas, as Pombogiras.
Já ouvi alguns zeladores de diversas nações e famílias não
concordarem com o uso destes. Não tenho nada contra, já que os vi
serem usados em casas tradicionais, e, até em outros países.
Eis aqui a figura dos dois:

Considero que estas ferramentas, assim como o uso de garfos


associados com Exú, são nitidamente resultado da influência dos
missionários católicos que diziam que Exu era o próprio Diabo,
entidade que não existe nos cultos da África nem muito menos no
Candomblé.
Mas Continuando...

Montado o assentamento de Exú com os seus elementos


devidamente colocados (isso será facilitado se quem o montou
constantemente untou as mãos com azeite de oliva que faz com que
a tabatinga grude menos nela), será colocado em seu devido lugar.
É recomendável que se coloque o mesmo na própria casa de Exú em
que for montado para que seque de forma natural. Alguns o
colocam no lado de fora, o que pessoalmente não usamos.
Sua quartinha com água será colocada ao seu lado. Ao término da
vela comum que foi utilizada, será colocada outra vela, desta vez de
7 dias que poderá ser branca (preferimos assim) ou ainda de outra
cor que agrade a entidade no caso de ser Catiço (Bara prefere
branca mesmo), ao lado e em frente ao assentamento. Será então
oferecido um alguidar com uma farofa de preferência da entidade
ou a que o jogo indicou ou com duas ou mais delas.
O assentamento então “descansará” num prazo mínimo de vinte e
quatro horas e de no máximo 7 dias, para que seja efetuada a
devida matança.
As rachaduras que porventura aparecerem neste prazo não
deverão ser consertadas com a massa que sobrou antes que seja
feita a primeira matança. Elas serão úteis para que o sangue
escorra e seja absorvido em maior quantidade pelo assentamento,
inclusive nas partes mais fundas. Como já citei antes, cimento não
deve ser usado de maneira alguma.

Passados os Dias...

Decorrido o tempo da secagem do assentamento, será feito então o


sacrifício.
É preparado então outro padê (farofa) que substituirá o que foi
oferecido. Este será feito de farinha de mandioca crua com dendê,
mel, cachaça ou outro elemento se o jogo assim o indicar, ou ainda,
de partes de cada um desses elementos (p. ex. metade dendê,
metade mel). Como bem sabemos Exú é a “boca que tudo come” e
sempre que for possível ou necessário poderemos oferecer além das
matanças, comidas secas.
Se a vela de 7 dias tiver terminado, será acesa outra e será
recomendável que sempre haja uma vela acesa junto ao
assentamento, ou pelo menos, sempre que for possível.
Feito isso, verifica-se também se a quartinha está cheia d’água e a
deixamos destampada.
Os animais que foram adquiridos mais cedo devem estar
devidamente descansados. Para eles deve ter sido oferecido água e
algum alimento. Eles vão ser sacrificados, há nisso uma oferenda
de substituição, perderão sua vida física para que sua força vital
pertença a outro ser. As partes rituais que foram oferecidas para a
entidade e as outras que as pessoas posteriormente consumirão
seriam utilizadas da mesma forma, mas, além disso, sua força
vital, sua “vida” foi também utilizada de forma ritual e respeitosa,
serão imolados, não simplesmente abatidos.
Convém que façamos aqui um aparte: ao contrário que se tem
propagado atualmente, consumir a parte de um animal dado em
sacrifício, não é um ato comum ou mesmo desprezível. É um
privilégio. Seja dos animais oferecidos para Exú ou para os Santos,
será sempre uma honra, um compartilhamento, o que deverá ser
feito com o devido respeito e satisfação. É triste quando vemos os
próprios participantes do culto falar frases como essas que
escutamos: “eu sou fulano, não vou sair da minha casa pra ir à
casa dos outros comer galinha de macumba”. Devia ser exatamente
o inverso...
A cerimônia feita quando o sacrifício é de quatro patas segue um
ritual semelhante ao feito para os santos, tanto em relação ao ojá
amarrado quanto ao fato de o apresentarmos e dar folhas de
aroeira para que coma. O corte é feito direto em cima do
assentamento, seguido pelo dos animais de pena.
Outra coisa que devo acrescentar é sobre o ossé ou maionga, ou
seja, o ato de lavar a cabeça, as patas, o rabo, o peito e as costas do
animal, imediatamente antes de seu sacrifício. Geralmente vemos
este ato ocorrer normalmente dentro do Candomblé, mas já
presenciamos a matança em um Asè em que tal ato não ocorreu.
Explicaram-me que somente usava tal procedimento para os
santos, e que, Exú preferia que seus animais viessem com o cheiro
da rua. Em nossa casa damos, mas é interessante saber deste
detalha a guisa de ilustração.
Quando damos o ossé nos animais, devemos fazê-lo de modo
respeitoso e tranqüilo, saudando sempre Exú ao mesmo tempo em
que podemos, mentalmente ou mesmo falando, explicar ao animal
que este morrerá por uma causa justa e que sua vida de certa
forma continuará enquanto aquele assentamento existir.
Um argumento que usam aqueles que perseguem a nossa religião é
que só uma religião demoníaca poderia sacrificar pobres animais.
Absurdo isso. Mentira. Na história da humanidade de um lado
vimos grandes religiões que usaram sacrifícios e algumas usam até
hoje e nem por isso são taxadas de demoníacas. O Islamismo
mantém este costume até hoje e o Judaísmo do qual deriva o
Cristianismo e suas vertentes fez uso de tal prática durante muito
tempo.
Por outro lado, milhares de animais são abatidos de forma
desumana, seja na forma da caça predatória ou para o consumo
doméstico e os mesmos que reclamam de nossos rituais são os que
saboreiam os mais diversos seres em suas refeições. Hipocrisia.
Coloca-se então um acaçá em cima do igbá e vamos para a
matança. Como já se sabe a faca deve estar direcionada para baixo
e na direção de fora do assentamento, é necessário que o primeiro
sangue caia na terra, é seu privilégio tê-lo antes da entidade, já que
tudo veio da terra e para a terra retornará.
Depois de sacrificados, serão separadas as partes dos animais na
seguinte ordem:
- se for bicho de quatro patas: cabeça, pata dianteira direita, pata
dianteira esquerda, pata posterior direita, pata posterior esquerda,
cauda e aparelho sexual.
- se for bicho de penas: cabeça, ponta da asa direita, ponta da asa
esquerda, cauda e pele em volta do pescoço.
No caso de animal de quatro patas, essas partes serão colocadas
em um alguidar em frente ao assentamento, junto com as partes
dos animais de penas que serviram de calçamento, acrescentados
dos miúdos retirados do interior do animal.
Se forem sacrificados animais de pena, tais partes poderão ser
colocadas em cima do próprio assentamento e os miúdos também
em um alguidar em frente ou ainda em cima do padê que está
sendo oferecido.
Em ambos os casos, serão retiradas as penas dos animais e jogadas
em cima do assentamento para que grudem no sangue que foi
derramado.
Depois que os animais são sacrificados e esfriados (borrifando
água sobre eles três vezes), sua pele é retirada e seu peito é aberto
para que se tirem os miúdos. É também tirada a ponta do peito e o
pescoço. Existem algumas variações sobre isto, em algumas casas
falam-se de “modos de tirar o axé” conforme o sexo do animal. Em
outras, somente Entidades femininas comem a ponta do peito. Em
outras se tira o couro dos frangos para que sejam despachados,
enquanto outras o colam nas paredes da Casa de Exú ou cobrem os
assentamentos com os mesmos. Isso são apenas variações do
mesmo tema, cada um fará de acordo com o aquilo que achar
melhor. Da mesma forma também será diferente em relação às
partes tiradas, mas no nosso é desta forma: para Baras, sejam eles
do Barracão ou de outras pessoas, seus axés serão levados ao fogo
com azeite de dendê ou doce, conforme o caso, temperados com
camarão e cebola batidos e cebola cortada em rodelas, deixando-os
mal passados. Já no caso de Catiços, serão cozidos se os
proprietários do assentamento forem já iniciados, caso contrário,
depois de bem limpos, será acrescidos de dendê ou azeite de oliva e
rodelas de cebola e serão oferecidos crus.

Tudo Feito...

Passado um prazo que pode variar entre o mínimo de 24 horas e 72


horas, não mais do que isso será necessário, a matança será
suspendida e levada ao lugar que o jogo indicou para tal.
Importante notar que esta, como qualquer outro material para ser
despachado, poderá ser levado em qualquer tipo de bolsa, mas lá
chegando, esta deverá ser aberta e seu conteúdo devolvido para a
mãe terra. Cada coisa tem seu dono, inclusive os ebós.
O igbá deverá então ser limpo com zelo e quem o fizer, deverá usar
diretamente suas mãos. Não se trata de algo repugnante o que se
está fazendo, trata-se um objeto de uso ritual de nosso contexto
religioso que está sendo tratado e agora pela primeira vez. Foi o
jogo que deu seu aval para que todo este processo acontecesse.
Uma parte das ervas que foram usadas na composição da massa e
que foi guardada deverá ser quinada com água e a ela misturada a
parte restante da mistura de bebidas que foi usada também.
Tiram-se então as partes dos animais, depois as penas que
estiverem grudadas e, por último, vai-se esfregando com cuidado o
assentamento para tirar a maior parte do sangue que ficou neste.
Não se deve tirar todo o sangue, o que acarretaria na perda de
uma parte muito grande do axé que foi colocado. Para que tal
trabalho possa ser feito, pode-se fazer uma espécie de “boneca” de
palha da costa para fazermos aos poucos a limpeza.
Terminada esta parte, unta-se todo o assentamento, também com
as mãos, com dendê ou azeite de oliva, conforme a indicação do
jogo ou a natureza da própria entidade.

A seguir mostraremos as rezas em duas línguas diferentes, em


Yorubá e em Bantu, cabe a quem for fazer o procedimento descrito
nesta apostila utilizar o que achar melhor. Não cabe aqui discutir o
que se acha melhor, na verdade não há nada melhor nem pior, mas
sim o que usamos ou não.
Matança com Rezas em Yorubá

Antes de começarmos, deixarei bem claro que esta é a reza, cabe a


quem for usá-la que use da maneira mais correta possível, já que
muitas pessoas usam para a matança de bicho de quatro patas,
enquanto outros usam para matança de bichos de pena.

Èjè a sorò, Èsù npa awo,


Èjè a sorò, Èsù npa awo!
(Nesta parte dizemos na reza que fazemos o segredo com o sangue)

E depois:
Èjè sorò, sorò, èjè gbàlè
K’ara n’ro!
(Depois falamos que com o sangue fazemos o segredo, através do
corpo que no caso seria o sangue que escorre para a debaixo da
terra)

Prosseguindo:
Bírí ibí l’òkè Ògún wá lé ri ó,
Bírí ibí l’òkè Ògún wá lé ri ó!
(Estamos matando, Ogum, venha tomar conta)

E depois para Exú:


Birí ibí l’òkè a gè gè Èsù ó,
Birí ibí l’òkè a gè gè ló si ó!
(Aqui em cima estamos matando para Exú, aqui em cima estamos
cortando para ele)

E por último esta reza para o quatro patas:


Bò orí wa ààbò odi
A gè gè ló si ó,
Bò orí wa ààbò odi,
A gè gè Esù ó!
(Ele transforma em vida! Fortifique-nos e nos proteja, a nós que
cortamos para você, Exú!)
Após o sacrifício do quadrúpede, matam-se os bichos de pena com a
seguinte reza:
Èjè ènyin ki ó je adìe,
Olúwa ojú mòn wa,
Èjè ènyin ki ó je adìe,
Olúwa ojú mòn wa.
Àgò àwa ènyin ki a pa (bo) l’òni, ojú mòn wa.
Àgò àwa olóòrun ìbáàse, ojú mòn wa,
Àgò àwa olóòrun ìbáàse, ojú mòn wa.
(O sangue á para quem come o frango,
Senhor nos olhe e nos reconheça.
A vós para quem matamos hoje, nos olhe dê sua licença.
Deus nos abençoe, nos olhe e nos reconheça)

Em seguida, se pega a quartinha e salpica-se a sua água sobre os


animais sacrificados cantando:
Té té omi òjòò n’bo òní pá ó,
Té té omi òjòò n’bo òní pá!
(Nisso usamos o simbolismo da água que cai na terra e fresca o
chão, estamos acalmando o sacrifício pra quer este não seja
violento)

Terminado isto vamos temperar a matança com os três elementos


principais que são o dendê (epô em yorubá), o sal (iyò em yorubá) e
o mel (oyn em yorubá). Há casas e pessoas que também temperam
com azeite de oliva, que também fazemos nesse caso. Para tal usa-
se a mesma reza do dendê acrescido de “funfun” que significa
branco em yorubá, numa alusão que o dendê é o azeite vermelho e
o de oliva o daquela cor.

Reza para temperar com dendê:


Epo ní èrò ní ó ojú Olóojà,
Epo ní èrò ní ó ojú Olóojà!
(O dendê acalma, o Senhor do mercado assim o vê!)

Reza para temperar com o sal:


Kíkorò má wáyè iyò,
Kíkorò má wáyè iyò,
Ó dùn wà awà iyò,
O ní ayè fún wà iyò!
(A vida não amargará com o sal,
A vida não amargará com o sal.
Ela será gostosa com o sal,
O sal é vida para nós!)
Reza para temperar com o mel:
Ó dùn ba ti olà,
Ìbá á tí olà!
(Que seja doce e farta com fortuna,
Abençoe-nos com fortunas e riquezas!)

Reza para tirar as partes dos bichos que ficarão no assentamento:


Eron gbogbo bò a yiyè yè,
Eron gbogbo bò a re, eron gbogbo!
Eron gbogbo l’àse ilé...!
(Que a carne cubra-nos e se tornem nossa sobrevivência,
Todos os bichos nos cubram de felicidades, todos os animais!
Todos os animais são axé para a nossa casa!)
Nessa parte vão se fazendo os pedidos tanto para a pessoa e ou
para a casa.

Matanças com Rezas em Bantu

Para bicho de quatro patas:


Bé bé kongo diambandá tundirá
Tata Kambondo landa umburu
Kongo diambandá tundirá

Bichos de penas:

- Começando a arrancar as penas do pescoço e jogando-as em cima


do assentamento:
Pokó amin kambondo
Dendé burangangue.

- Imolando o animal:
Batulá lasange, batulá
Karambolô de sanje, batulá.

- Derramando o sangue:
Vulá vulasanje ê vulá
Vulasange.

- Quando o animal já foi imolado:


Karambolô batulasanje n’zambeuá tororô.
- Retirando a cabeça do animal:
Karambolô janjan inguê kamutuê nikotorotoko.

Jogando-se as penas no assentamento para enfeitar:


Ero nikajá okejá okejá.

Jogando água no frango e no assentamento:


Salê salê manga salê mamangero maiongero.

Reza para temperar o assentamento:


Aueto samba Ngola sararandô
Aueto sanje.

Considerações Finais

Chegamos ao final da nossa apostila, primeira de muitas que


pretendemos fazer. Como fiz questão de frisar, nosso objetivo é
ajudar, não dar alguma palavra final sobre coisa alguma. O que os
homens acham que sabem, o tempo pode modificar. Somente os
Deuses e as demais Entidades realmente sabem o que querem e
porque querem, basta-nos obedecer.
Tenham sempre amor, carinho e respeito quando lidarem com o
espiritual, mas nunca se esqueçam de ter cuidado, tudo em si
contém um perigo em potencial porque somos humanos e por isso,
sujeitos a erros. Exú apresenta seus perigos e estes não são poucos.
Nunca pense que por uma questão de hierarquia dentro do
Candomblé você vai poder dominá-lo. Você manterá relações de
amizade e interesse com ele, deverá aproveitar disso e mais ainda,
deverá escutar a sabedoria que ele possui para lhe dar,
independente de ser um Bara ou um Catiço.

Qualquer dúvida ou para adquirir apostilas:

Pai Carlinhos de Azauwane – (021) 8780-2047


Ricardo de Lembá – (021) 8506-6617
Mãe Cláudia de Lembaranganga – ( 021) 3774-2004
APOSTILA DE ASSENTAMENTO DE EXÚ

Pai Carlinhos de Azauwane


(Tata ria Nkisi Kafundoyà ria Kavungu)

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