Você está na página 1de 15

Grupo 1

1. De acordo com a análise tradicional do conhecimento,

(A) se sabemos que uma certa pessoa nasceu em 2001, então acreditamos que ela
nasceu nesse ano.

(B) para sabermos que uma certa pessoa nasceu em 2001, basta que essa pessoa
tenha nascido nesse ano.

(C) para sabermos que uma certa pessoa nasceu em 2001, basta termos uma
justificação para que tenha nascido nesse ano.

(D) se acreditamos que uma certa pessoa nasceu em 2001, então sabemos que
essa pessoa nasceu nesse ano.

2. Se é vermelho, então tem cor. 2. O vestido é vermelho.

(A) As frases 1 e 2 expressam proposições “a posteriori”

(B) A frase 1 expressa uma proposição “a posteriori”, a frase 2 expressa uma


proposição “a priori”

(C) As frases 1 e 2 expressam proposições “a priori”.

(D) A frase 1 expressa uma proposição “a priori”, a frase 2 expressa uma proposição
“a posteriori”

3. Hume considera que

(A) não há distinção entre impressões e ideias.

(B) não há relação entre impressões e ideias.

(C) as impressões são cópias das ideias.

(D) as ideias são cópias das impressões.

4. De acordo com Hume, a impressão que origina a ideia de causa/efeito

(A) é a razão e o raciocínio.

(B) é uma ideia complexa fruto da imaginação.

(C) é a impressão de conexão necessária.


(D) é a conjunção constante entre dois factos

5. A relação causa/efeito fundamenta-se:

(A) Nas impressões sensíveis.

(B) Numa conexão necessária entre factos.

(C) Num costume ou hábito fruto da repetição.

(D) Na razão: é uma relação “a priori”.

6. Hume não ultrapassa o ceticismo porque:

(A) Hume não é cético.

(B) Admite a possibilidade de uma dúvida radical.

(C) Não encontra uma forma infalível de justificar as nossas crenças sobre o mundo.

(D) Não encontra fundamentos para a existência de Deus.

7. Considere os seguintes enunciados relativos à comparação entre as teorias do


conhecimento de Descartes e de David Hume.

1. Para o primeiro, todas as ideias são inatas; para o segundo, nenhuma ideia é
inata. 2. Os dois autores defendem que há ideias que têm origem na experiência. 3.
Para o primeiro, o conhecimento tem de ser indubitável; para o segundo, pode não
ser indubitável. 4. Os dois autores defendem que não há conhecimento sem
experiência.

Deve afirmar-se que

(A) 2 e 3 são corretos; 1 e 4 são incorretos. (B) 1, 3 e 4 são corretos; 2 é incorreto.


(C) 1 e 4 são corretos; 2 e 3 são incorretos. (D) 1, 2 e 3 são corretos;4 é incorreto.

8. Descartes considera que o cogito é um conhecimento especialmente seguro,


porque é

(A) resiste ao próprio processo de dúvida.

(B) confirmado pela experiência.

(C) a consequência do conhecimento.


(D) obtido pelos sentidos

9. Identifique o par de termos que permite completar adequadamente a afirmação


seguinte. A dúvida cartesiana é _______; por isso, Descartes não é um filósofo
_______.

(A) cética … empirista

(B) metódica … racionalista

(C) hiperbólica … empirista

(D) metódica … cético

10. A principal finalidade do método proposto por Descartes é

(A) estabelecer os fundamentos do conhecimento.

(B) provar que os sentidos são certos

(C) mostrar que existe um ser perfeito.

(D) descobrir quais são as ideias obscuras

Grupo 2

(1-20 pontos+2-30 Pontos +3-30 Pontos +4- 40 Pontos)=120 Pontos)

Leia o texto com atenção e responda com objetividade e clareza às seguintes


questões:

"Todos admitirão prontamente que existe uma diferença considerável entre as


perceções da mente, quando um homem sente a dor de um calor excessivo ou o
prazer de um ardor moderado, e quando ele depois traz à memória a sua sensação
ou a antecipa mediante a sua imaginação. “

David Hume, Investigação sobre o entendimento humano.


1.Diga quais são as perceções da mente de que fala o texto e a sua importância
para o conhecimento.

1. Impressões e ideias são perceções mentais, isto é, constituem todo o conteúdo


da mente que podemos conhecer. As primeiras são originais e antecedem as
segundas que são cópias feitas da memória das impressões vividas. Podemos ter
ideias de objetos nunca antes vividos, se associarmos ideias simples, formando
assim ideias complexas como a ideia de vampiro. Podemos também antecipar o
prazer ou a dor vividas pela expectativa de as voltarmos a viver. Seja pela memória
ou pela imaginação as perceções pensadas, ideias, não são nunca tão fortes e
intensas como as vividas, impressões, pois o original é sempre mais forte e perfeito
que a cópia. Hume conclui que as impressões são atos originais e que não existem
ideias sem na origem estar a impressão interna ou externa equivalente.

Todos os objetos da razão ou da investigação humanas podem ser naturalmente


divididos em dois tipos, a saber, as relações de ideias e as questões de facto. [...] O
contrário de toda e qualquer questão de facto continua a ser possível, porque não
pode jamais implicar contradição, e a mente concebe-o com a mesma facilidade e
nitidez, como se fosse perfeitamente conforme à realidade. Que o Sol não vai
nascer amanhã não é uma proposição menos inteligível nem implica maior
contradição do que a afirmação de que ele vai nascer.

D. Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, IN-CM, 2002, pp.


41-42 (adaptado)

2. Explique qual o problema que Hume coloca no texto e distinga, com exemplos,
esses dois tipos de conhecimento que são referidos.

2. Cenário de resposta A

Resposta integra os aspetos seguintes, ou outros igualmente relevantes. Distinção


entre as questões de facto e as relações de ideias: – as verdades acerca das
relações de ideias são verdades necessárias ou demonstrativamente certas (OU
que podem ser descobertas pela razão); (em contrapartida,) as questões de facto
apenas podem ser decididas recorrendo à experiência; – o contrário de uma
verdade acerca de relações de ideias implica uma contradição e, portanto, é
logicamente impossível; (ao invés,) o contrário de uma verdade acerca de questões
de facto não implica uma contradição e, portanto, é logicamente possível.
A resposta integra os aspetos seguintes, ou outros igualmente relevantes.
Apresentação do problema da indução: – a indução não está justificada, uma vez
que a tentativa de a justificar por meio da experiência é circular (OU a tentativa de a
justificar por meio do raciocínio indutivo se baseia, ela própria, no raciocínio indutivo,
que, precisamente, necessita de justificação).Portanto, saber que o Sol vai nascer
amanhã é uma previsão e como tal baseia-se no que aconteceu no passado, faz-se
uma generalização indutiva, se até agora o sol sempre nasceu, amanhã irá nascer.
Essa probabilidade pode não ocorrer, porque só podemos ter conhecimento por
experiência, e não temos experiência do futuro a não ser que façamos um raciocínio
indutivo.

3. “O fogo é causa do fumo, logo sempre que há fogo, há fumo”” Para Hume esta
afirmação não está justificada, logo não é conhecimento. Porquê?~

Não há nenhuma impressão de conexão causal; isto é de uma conexão necessária


entre dois fenómenos como o fogo e o fumo. As impressões que nos são dadas são
de contiguidade no espaço, prioridade temporal e conjunção constante.

b) A impressão que temos é da repetição de fenómenos em sucessão no tempo e


contiguidade no espaço: “Vemos os dois fenómenos repetidamente juntos, e quanto
mais isso acontece mais forte é a crença que um não pode existir sem o outro, isto
é, que um é causa do outro.

c) Esta crença a que chamamos relação de causa efeito ou conexão causal não
está justificada nem empiricamente nem racionalmente, porque “ não há nada que
produza qualquer impressão, e consequentemente nada que possa sugerir qualquer
ideia de poder ou conexão necessária”, a relação é formada na mente fruto do
hábito e do costume. Não é um conhecimento mas uma crença subjetiva.

d) Se o conhecimento de causa efeito tem a sua origem na experiência e de modo


nenhum é apriori (argumento do ser racional que nada soubesse do mundo, jamais
poderia ter a noção de causa efeito) então é um conhecimento de facto e é
contingente, todavia julgamos e pensamos como se houvesse uma conexão
necessária e, portanto ultrapassamos a experiência.
Logo, para concluir, não uma justificação empírica nem racional para uma conexão
necessária entre dois fenómenos, ela é apenas fruto do costume, um hábito
psicológico, logo não é um conhecimento objetivo.

4. Relacione as teorias empirista e racionalista em relação aos seguintes tópicos:


Deus, Ideias inatas, possibilidade do conhecimento.

4.1. Defenda uma posição pessoal em relação a este problema: Qual a origem do
conhecimento? Na sua resposta tenha em conta a afirmação de uma posição e a
apresentação de uma razão para justificar a posição tomada.

A teoria racionalista defendida por Descartes, fundamenta o conhecimento na razão


e na capacidade desta retirar ideias a partir de outras ideias de forma evidente e
dedutiva sem recorrer à experiência - ideias inatas. Quanto ao Empirismo rejeita as
ideias inatas da Razão, e a noção de conhecimento "a priori" do mundo (é apenas
um conhecimento racional e revela o modo com a razão funciona) Defende a tese
de que nada existe na mente que não tenha passado antes pelos sentidos, todo o
conhecimento sobre o mundo tem origem na experiência é, portanto, “a posteriori”.
Fundamenta-se na noção de que qualquer conceito para ter um significado tem que
se referir a uma sensação/impressão qualquer, essas sensações são simples e a
mente neste primeiro momento capta apenas as sensações e depois por abstração
e generalização forma os conceitos ou ideias, estas não são tão vivas como as
sensações ou impressões o que quer dizer que são posteriores a estas. Os
empiristas dão o exemplo das crianças que começam por ter sensações e só depois
as articulam numa linguagem. O raciocínio que o entendimento faz para chegar ao
conhecimento, segundo os empiristas é a indução, por acumulação de experiências
que se repetem, generaliza-se para todos os casos e assim se obtém um
conhecimento

Comparação das perspetivas de Descartes e de Hume acerca da origem da ideia de


Deus:‒ Descartes afirma que «o pensamento de alguma coisa de mais perfeito do
que o eu [...] se devia a alguma natureza que fosse, efetivamente, mais perfeita», ou
seja, que a ideia de perfeição não pode ter tido origem num ser imperfeito como ele
(porque duvidar é uma imperfeição, e ele duvida) e que Deus é uma substância
independente do pensamento (substância divina);‒ Hume, em contrapartida, afirma
que as ideias, «por mais compostas e sublimes que sejam», são copiadas «de uma
sensação ou sentimento precedente», ou seja, que a ideia de Deus é uma ideia
composta, formada pela associação e pela ampliação de ideias simples
provenientes da observação das operações da nossa mente;‒ segundo Descartes,
a ideia de Deus não tem origem empírica / é inata;‒ em contrapartida, Hume
considera que a ideia de Deus tem origem empírica, fruto da imaginação e não
corresponde a uma entidade independente do pensamento.

O racionalismo fundamenta as ideias claras e distintas na existência de um Deus


não enganador, essas ideias são verdades evidentes e inquestionáveis , logo é
possível um conhecimento do mundo com certezas (dogmatismo), enquanto para
Hume todo o conhecimento do mundo sendo obtido por indução é apenas provável,
não conseguindo fundamentar o conhecimento em crenças indubitáveis, e sendo
crítico acerca dos limites que podemos encontrar para justificar as nossas crenças –
ceticismo moderado.

Grupo 3

(2x15Pontos) Responda apenas a duas das seguintes questões:

1. Segundo a teoria tradicional de conhecimento como crença verdadeira e


justificada porque é que não podemos saber que a Lua é feita de queijo? Justifique.

Não podemos saber que a Lua é feita de queijo porque é falso. A Lua não é feita de
queijo mas sim de matéria rochosa, sendo assim esta crença é falsa. O
conhecimento é factivo, podemos acreditar em crenças falsas mas não podemos
conhecer falsidades.

2. Na filosofia de Descartes, que importância tem o “Cogito”?

Através do método da dúvida sobre as fontes do conhecimento, Descartes encontra


a sua primeira verdade indubitável: “Penso, logo existo”. O Cogito é uma ideia
evidente, clara, distinta e inata, a primeira crença básica a priori da filosofia
cartesiana. Permite-nos inferir que é possível um conhecimento a priori que não
necessita da justificação da experiência e que se fundamenta apenas na razão.
Permite-nos também concluir que é verdadeiro tudo o que se apresente com clareza
e distinção à razão, isto é todas as ideias evidentes que a razão vê claramente que
não poderiam ser de outro modo e não se confundem ou derivam de outras ideias.
A partir desta crença básica é possível construir os alicerces seguros do
conhecimento de modo a escapar ao ceticismo.
3. Porque é a filosofia de Hume considerada um ceticismo moderado?

Porque apesar das nossas crenças sobre o mundo não terem uma justificação nem
lógica nem empírica infalível, não abandonamos essas crenças porque elas são o
produto do hábito que é, para Hume, o verdadeiro guia do conhecimento.

VERSÃO B

Grupo 1

Escolha a opção correta:

1. Hume não ultrapassa o ceticismo porque:

(A) Não encontra uma forma infalível de justificar as nossas crenças sobre o mundo.

(B) Não encontra fundamentos para a existência de Deus.

(C) Admite a possibilidade de uma dúvida radical.

(D) Hume não é cético.

2. Considere os seguintes enunciados relativos à comparação entre as teorias do


conhecimento de Descartes e de David Hume.

1. Para o primeiro, todas as ideias são inatas; para o segundo, nenhuma ideia é
inata. 2. Os dois autores defendem que há ideias que têm origem na experiência. 3.
Para o primeiro, o conhecimento tem de ser indubitável; para o segundo, pode não
ser indubitável. 4. Os dois autores defendem que não há conhecimento sem
experiência.

Deve afirmar-se que

(A) 1 e 4 são corretos; 2 e 3 são incorretos. (B) 1, 2 e 3 são corretos; 4 é incorreto.


(C) 2 e 3 são corretos; 1 e 4 são incorretos. (D) 1, 3 e 4 são corretos; 2 é incorreto.

3. Descartes considera que o cogito é um conhecimento especialmente seguro,


porque é

(A) obtido por um processo a priori.

(B) imune ao próprio processo de dúvida.

(C) confirmado pela experiência.

(D) o fundamento do conhecimento.


4. Identifique o par de termos que permite completar adequadamente a afirmação
seguinte. A dúvida cartesiana é _______; por isso, Descartes não é um filósofo
_______.

(A) metódica … cético

(B) cética … empirista

(C) metódica … racionalista

(D) hiperbólica … empirista

5. A principal finalidade do método proposto por Descartes é

(A) descobrir quais são as ideias claras e distintas.

(B) estabelecer os fundamentos do conhecimento.

(C) provar que os sentidos nos enganam.

(D) mostrar que existe um ser perfeito.

6. De acordo com a análise tradicional do conhecimento,

(A) se acreditamos que uma certa pessoa nasceu em 2001, então sabemos que
essa pessoa nasceu nesse ano.

(B) se sabemos que uma certa pessoa nasceu em 2001, então acreditamos que ela
nasceu nesse ano.

(C) para sabermos que uma certa pessoa nasceu em 2001, basta que essa pessoa
tenha nascido nesse ano.

(D) para sabermos que uma certa pessoa nasceu em 2001, basta termos uma
justificação para que tenha nascido nesse ano.

7. Considere as frases seguintes. 1.A relva é verde.2.Se a relva é verde, é colorida.


É correto afirmar que

(A)ambas exprimem conhecimento a posteriori.

(B)1 exprime conhecimento a priori; 2 exprime conhecimento a posteriori.

(C)1 exprime conhecimento a posteriori; 2 exprime conhecimento a priori

(D)ambas exprimem conhecimento a priori.


8. Hume considera que

(A) as impressões são cópias das ideias.

(B) as ideias são cópias das impressões.

(C) não há distinção entre impressões e ideias.

(D) não há relação entre impressões e ideias.

9. De acordo com Hume, a impressão que origina a ideia de causa/efeito

(A) é a sucessão constante entre dois factos

(B) é a razão e o raciocínio.

(C) é uma ideia complexa fruto da imaginação.

(D) é a impressão de conexão necessária.

10. A relação causa/efeito tem origem:

(A) Num costume ou hábito fruto da repetição.

(B) Numa conexão necessária entre factos.

(C) Nas impressões sensíveis.

(D) Na razão: é uma relação “a priori”.

Grupo 2

Todas as respostas exigem justificação.

Leia o texto seguinte.

[...] Quando analisamos os nossos pensamentos ou ideias, por mais complexos ou


sublimes que possam ser, sempre constatamos que eles se decompõem em ideias
simples copiadas de alguma sensação ou sentimento precedente. Mesmo quanto
àquelas ideias que, à primeira vista, parecem mais distantes dessa origem,
constata-se, após um exame mais apurado, que dela são derivadas. A ideia de
Deus, no sentido de um Ser infinitamente inteligente, sábio e bondoso, deriva da
reflexão sobre as operações da nossa própria mente e de aumentar sem limites
aquelas qualidades de bondade e de sabedoria.

David Hume, «Investigação sobre o Entendimento Humano», in Tratados Filosóficos


1. Nomeie e distinga os tipos de perceção da mente, segundo Hume.

Impressões e ideias são perceções mentais, isto é, constituem todo o conteúdo da


mente que podemos conhecer. As primeiras são originais e antecedem as segundas
que são cópias feitas da memória das impressões vividas. Podemos ter ideias de
objetos nunca antes vividos, se associarmos ideias simples, formando assim ideias
complexas como a ideia de vampiro. Podemos também antecipar o prazer ou a dor
vividas pela expectativa de as voltarmos a viver. Seja pela memória ou pela
imaginação as perceções pensadas, ideias, não são nunca tão fortes e intensas
como as vividas, impressões, pois o original é sempre mais forte e perfeito que a
cópia. Hume conclui que as impressões são atos originais e que não existem ideias
sem na origem estar a impressão interna ou externa equivalente.

As impressões podem ser simples ou complexas e podem ser interiores ou


exteriores, sendo que as primeiras são vividas pela sensibilidade e as segundas
resultam de um sentimento, paixão ou dor vividos interiormente pelo sujeito. As
ideias podem ser ainda gerais quando resultam da associação de ideias simples, de
acordo com a sua semelhança para a formação dos conceitos, ou complexas
quando são fruto da associação de ideias simples através da imaginação.

1.2. Explicite, a partir do texto, a origem da ideia de Deus na filosofia de Hume.2.


Confronte as ideias expressas no texto de Hume com o racionalismo de Descartes.
Na sua resposta, deve abordar, pela ordem que entender, os seguintes
aspetos:−−inatismo;−−valor da ideia de Deus.

“A ideia de Deus, no sentido de um Ser infinitamente inteligente, sábio e bondoso,


deriva da reflexão sobre as operações da nossa própria mente e de aumentar sem
limites aquelas qualidades de bondade e de sabedoria.” Significa que a ideia de
Deus é uma ideia complexa fruto da imaginação que associa ideias simples e com
elas origina uma nova ideia, ideia complexa que por estar afastada das impressões
é obscura e não corresponde a algo do qual possamos ter uma impressão, nesse
aspeto Deus resulta da composição e liberdade do nosso pensamento e não a algo
que possamos atribuir uma existência de facto(conteúdo factual).

Comparação das posições de Descartes e de Hume sobre a importância do


conhecimento
a priori Hume defende que o conhecimento a priori estabelece relações de ideias
(ou relações entre conceitos), ao passo que Descartes defende que algum
conhecimento a priori é acerca do mundo;

Hume considera que o conhecimento a priori não tem importância como meio para
descobrir o mundo – com esse tipo de conhecimento, «não aprendemos nada de
substancial acerca do mundo» –, ao passo que Descartes defende que o
conhecimento do mundo mais importante é a priori e parte de ideias inatas à razão,
fundamentais para sabermos a verdade, servem-nos de guia para poder distinguir o
verdadeiro do falso e são o fundamento de todo o conhecimento. Hume como
empirista, rejeita a existência de ideias inatas pois faz depender a origem das ideias
das impressões sensíveis resultantes da experiência.

Os empiristas, como Hume, consideram que as verdades conhecidas a priori são


«não-instrutivas», ou seja, não são informativas (ou não têm conteúdo factual),
"jamais poderá sugerir-nos a ideia de qualquer objeto distinto", ao passo que os
racionalistas, como Descartes, consideram que as verdades conhecidas a priori são
certas (ou evidentes, ou claras e distintas), são aspetos fundamentais do mundo e
delas se deduzem outras verdades acerca do mundo.

Comparação das perspetivas de Descartes e de Hume acerca da origem da ideia de


Deus:‒ Descartes afirma que «o pensamento de alguma coisa de mais perfeito do
que o eu [...] se devia a alguma natureza que fosse, efetivamente, mais perfeita», ou
seja, que a ideia de perfeição não pode ter tido origem num ser imperfeito como ele
(porque duvidar é uma imperfeição, e ele duvida) e que Deus é uma substância
independente do pensamento (substância divina);‒ Hume, em contrapartida, afirma
que as ideias, «por mais compostas e sublimes que sejam», são copiadas «de uma
sensação ou sentimento precedente», ou seja, que a ideia de Deus é uma ideia
composta, formada pela associação e pela ampliação de ideias simples
provenientes da observação das operações da nossa mente;‒ segundo Descartes,
a ideia de Deus não tem origem empírica / é inata;‒ em contrapartida, Hume
considera que a ideia de Deus tem origem empírica, fruto da imaginação e não
corresponde a uma entidade independente do pensamento.

2. Tendo em conta que «o Sol não vai nascer amanhã não é uma proposição menos
inteligível nem implica maior contradição do que a afirmação de que ele vai nascer»,
como explica Hume que estejamos convencidos de que o Sol vai nascer amanhã?

O Sol vai nascer amanhã é uma previsão e representa um conhecimento de facto.


A resposta integra os aspetos seguintes, ou outros igualmente relevantes.
Apresentação do problema da indução: – a indução não está justificada, uma vez
que a tentativa de a justificar por meio da experiência é circular (OU a tentativa de a
justificar por meio do raciocínio indutivo se baseia, ela própria, no raciocínio indutivo,
que, precisamente, necessita de justificação).Portanto, saber que o Sol vai nascer
amanhã é uma previsão e como tal baseia-se no que aconteceu no passado, faz-se
uma generalização indutiva, se até agora o sol sempre nasceu, amanhã irá nascer.
Essa probabilidade pode não ocorrer, porque só podemos ter conhecimento por
experiência, e não temos experiência do futuro a não ser que façamos um raciocínio
indutivo.

Este problema ficou conhecido como o problema da indução. Consiste em


demonstrar que a crença na indução não está justificada porque ultrapassa a
experiência e a razão, isto é, não pode ser justificada nem empiricamente nem
racionalmente. Acreditamos que a natureza é uniforme e, por isso acreditamos que
aquilo que aconteceu de uma determinada maneira irá acontecer do mesmo modo
no futuro. Esse é o pressuposto que garante as nossas generalizações futuras, mas
esse pressuposto já resulta ele próprio de uma generalização e de uma previsão,
isto é, aquilo que garante a validade de uma indução é conseguido através da
indução, utiliza-se o mesmo processo para validar algo que devia ser validado por
um outro conhecimento onde se pudesse fundar. Há assim um raciocínio falacioso,
uma petição de princípio.

3. “Onde há fumo há sempre fogo” Para Hume esta afirmação não está justificada,
logo não é conhecimento. Porquê? (Explicite o problema da relação de
causa-efeito).

3. Não há nenhuma impressão de conexão causal; isto é de uma conexão


necessária entre dois fenómenos como o fogo e o fumo. As impressões que nos são
dadas são de contiguidade no espaço, prioridade temporal e conjunção constante.

b) A impressão que temos é da repetição de fenómenos em sucessão no tempo e


contiguidade no espaço: “Vemos os dois fenómenos repetidamente juntos, e quanto
mais isso acontece mais forte é a crença que um não pode existir sem o outro, isto
é, que um é causa do outro.

c) Esta crença a que chamamos relação de causa efeito ou conexão causal não
está justificada nem empiricamente nem racionalmente, porque “ não há nada que
produza qualquer impressão, e consequentemente nada que possa sugerir qualquer
ideia de poder ou conexão necessária”, a relação é formada na mente fruto do
hábito e do costume. Não é um conhecimento mas uma crença subjetiva.

d) Se o conhecimento de causa efeito tem a sua origem na experiência e de modo


nenhum é apriori (argumento do ser racional que nada soubesse do mundo, jamais
poderia ter a noção de causa efeito) então é um conhecimento de facto e é
contingente, todavia julgamos e pensamos como se houvesse uma conexão
necessária e, portanto ultrapassamos a experiência.
Logo, para concluir, não uma justificação empírica nem racional para uma conexão
necessária entre dois fenómenos, ela é apenas fruto do costume, um hábito
psicológico, logo não é um conhecimento objetivo.

Grupo 3

(2x15Pontos)

1. Há uma questão que, na evolução do pensamento filosófico ao longo dos


séculos, sempre desempenhou um papel importante: Que conhecimento pode ser
alcançado pelo pensamento puro, independente da perceção sensorial? Existirá um
tal conhecimento? Qual a principal razão apresentada para responder afirmativa ou
negativamente?

Modelo de conhecimento verdadeiro para os racionalistas é o modelo matemático


porque tem necessidade lógica e validade universal. Os filósofos racionalistas
defendem a possibilidade de um conhecimento substancial sobre o mundo
completamente “a priori”.

Quanto ao Empirismo rejeita as ideias inatas da Razão, e a noção de conhecimento


"a priori" do mundo (é apenas um conhecimento racional e revela o modo com a
razão funciona) Defende a tese de que nada existe na mente que não tenha
passado antes pelos sentidos, todo o conhecimento sobre o mundo tem origem na
experiência é, portanto, “a posteriori”. Fundamenta-se na noção de que qualquer
conceito para ter um significado tem que se referir a uma sensação/impressão
qualquer, essas sensações são simples e a mente neste primeiro momento capta
apenas as sensações e depois por abstração e generalização forma os conceitos ou
ideias, estas não são tão vivas como as sensações ou impressões o que quer dizer
que são posteriores a estas. Os empiristas dão o exemplo das crianças que
começam por ter sensações e só depois as articulam numa linguagem. O raciocínio
que o entendimento faz para chegar ao conhecimento, segundo os empiristas é a
indução, por acumulação de experiências que se repetem, generaliza-se para todos
os casos e assim se obtém um conhecimento.

2. Relacione o Cogito com o solipsismo cartesiano.

A dúvida cartesiana é colocada sobre todo o conhecimento, deste modo nada


resiste à dúvida universal que serve como método de análise de todas as ideias
mesmo aquelas que são à partida verdadeiras como a matemática, com a
suposição de um génio maligno enganador, a dúvida hiperbólica permite rejeitar
como falso e duvidoso todas as crenças, deste modo há uma espécie de solipsismo
ou solidão do cogito pois ela parece ser a única certeza de todo o sistema sendo a
única ideia indubitável. Se considerarmos que a argumentação sobre Deus que
permite a Descartes sair deste solipsismo é falaciosa, então a única verdade que
podemos ter como certa é que pensamos, cada sujeito está assim sozinho sem
nada mais existir de real (no sentido de existir com segurança).

3. Qual a importância do cogito para a filosofia cartesiana?

Através do método da dúvida sobre as fontes do conhecimento, Descartes encontra


a sua primeira verdade indubitável: “Penso, logo existo”. O Cogito é uma ideia
evidente, clara, distinta e inata, a primeira crença básica a priori da filosofia
cartesiana. Permite-nos inferir que é possível um conhecimento a priori que não
necessita da justificação da experiência e que se fundamenta apenas na razão.
Permite-nos também concluir que é verdadeiro tudo o que se apresente com clareza
e distinção à razão, isto é todas as ideias evidentes que a razão vê claramente que
não poderiam ser de outro modo e não se confundem ou derivam de outras ideias.
A partir desta crença básica é possível construir os alicerces seguros do
conhecimento de modo a escapar ao ceticismo.

Você também pode gostar