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Anais da Segunda Semana de

Aqüicultura do CEFET-Bambuí
07 a 11 de Abril 2008

Ivan Vieira
Daniel Pereira da Costa

2008©Semanaqua - CEFET-Bambuí
CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE BAMBUÍ

Núcleo de Zootecnia

Núcleo de desenvolvimento da aqüicultura

ANAIS DA SEGUNDA SEMANA DE AQÜICULTURA DO CEFET-BAMBUÍ


07 a 11 de Abril 2008.

ORGANIZADORES
Ivan Vieira
Daniel Pereira da Costa

Bambuí –MG
Abril de 2008

2
Ficha Catalográfica preparada pelo Setor de Processamentos Técnicos da
Biblioteca do CEFET-Bambuí-MG.

Semanáqua 2008: semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí: (2. : 2008 :


Bambuí, MG.)
Anais da 2ª semana de aqüicultura do CEFET-Bambuí, 07 a 11 de abril de
2008, Bambuí, MG / Organizadores: Ivan Vieira; Daniel Pereira da Costa ... [et al.] --
Bambuí: CEFET-Bambuí, 2008.
51p.: il.

1. Piscicultura. 2. Aqüicultura. 3. Nutrição animal. 4. Biosseguridade.


I.Vieira, Ivan. II. Costa, Daniel Pereira da. III. Centro Federal de Educação
Tecnológica de Bambuí. IV. Título.

CDD 639.2

3
Apresentação

Apresentamos os artigos selecionados para a Segunda Semana de


Aqüicultura do CEFET-Bambuí bem como os textos das palestras que serão
proferidas no referido encontro. As informações aqui contidas abrangem diferentes
aspectos ligados a Aqüicultura sendo de grande valia para estudantes e
piscicultores já iniciados ou novatos na atividade. Tem como objetivo fornecer
informações que estimulem o crescimento da Aqüicultura em nossa região.

4
Conteúdo
página

Parte 1 - Artigos apresentados

Alimentação Suplementar de Peixes Onívoros com Frutíferas ............................................6


Farelo de Feijão Rosinha (P.Vulgaris L) na Alimentação de Peixes .....................................10
Métodos de Controle de Odonatas na Piscicultura.............................................................14
O Papel dos Filtros e demais Equipamentos de um Aquário ...............................................18
Qualificação Profissional na Aqüicultura ...........................................................................23
Uso de Corretivos em Tanques de Piscicultura .................................................................30

Parte 2 – Textos das palestras


Biosseguridade em Piscicultura.......................................................................................35
Metodologias de Avaliação de Alimentos para Peixes ........................................................37

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Parte 1 - Artigos apresentados

ALIMENTAÇÃO SUPLEMENTAR DE PEIXES ONÍVOROS COM FRUTÍFERAS

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Noronha , Cássio Roberto Silva; Silva , Pedro Paulo da; Medeiros , Lucas Alves

RESUMO
A nutrição de peixes, muito pouco tempo atrás, baseava-se em parâmetros de nutrição não
adequados a estes animais. Com a evolução das técnicas e pesquisas realizadas nesta área, hoje
podemos afirmar que conhecemos intimamente as necessidades nutricionais dos peixes. Para se
atingir estas necessidades nutricionais desenvolveram-se técnicas de aproveitamento de várias
fontes alimentares e muitas suplementares. O objetivo deste trabalho é discutir e apresentar uma
forma alternativa de suplementação nutricional para peixes onívoros como o consórcio da
piscicultura com a produção de plantas frutíferas.

PALAVRAS-CHAVE
Suplementação alimentar, nutrição de peixes, frutíferas.
1
Professor do Centro Federal de Educação Tecnológica de Bambuí – CEFET- BAMBUÍ, Rodovia
Bambuí/Medeiros, km 37, Zona Rural. CEP: 39.800.000. CAIXA POSTAL 05, Bambuí – Minas
Gerais. Fone: (037) 3431-4900
2
Alunos do Curso Técnico Agrícola com Habilitação em Agricultura e Zootecnia – Concomitantes
do CEFET- BAMBUÍ - Centro Federal de Educação Tecnológica de Bambuí. Fone: (037) 3431-
4900

INTRODUÇÃO
A dieta de organismos aquáticos é calculada levando-se em consideração suas exigências
nutricionais. A composição básica dos alimentos utilizados na elaboração das rações, assim como
sua qualidade, é evidenciada (SOUSA & TEIXEIRA FILHO, 1985).
Os alimentos são utilizados pelos organismos aquáticos com diversas finalidades, entre
elas estão: formação de novos tecidos orgânicos, como fonte de energia, como reguladores das
funções vitais, para manter o equilíbrio psíquico e funções nervosas, para completar o ciclo
biológico e outros (ANZUATENGUI & VALVERDE, 1998).
A suplementação das dietas alimentares é realizada com produtos que são necessários
para compô-la, mas não se encontram, ou estão presentes em quantidades muito pequenas, nos
produtos básicos usados na sua elaboração. Os chamados premix possuem esta função e são
usados para suprir a necessidade das dietas básicas de todas as rações produzidas
comercialmente (LIMA, ET ALL., 1992).
Verifica-se a utilização de frutas, insetos, vegetais, resíduos de agroindústria, os premix
minerais e outros, para complementar as dietas alimentares de peixes.
Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

A deficiência nutricional de peixes se expressa nitidamente no comportamento e


susceptibilidade dos peixes a doenças e injurias o que deve ser evitado afim de maiores índices de
produtividade na piscicultura (ROCHA & CECCARELLI, sem data).

O Objetivo deste trabalho é avaliar a possibilidade da utilização de frutas para essa


complementação das exigências nutricionais dos peixes nas suas dietas.

DESENVOLVIMENTO

A alimentação dos peixes em ambiente natural ocorre de duas fontes. Alimentam-se de


plânctons e bentons. Este tipo de alimentação também ocorre em viveiros, lagoas e açudes
(MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA, 2004).
Com base nesta alimentação é possível obter ganho peso dos peixes, mas a adubação
dos viveiros se torna necessária nesse processo. Os peixes possuem diversas formas e hábitos
alimentares diferentes. Farinhas, tubérculos e frutos, sendo estes alimentos devem estar em ótimo
estado de conservação. Pois se houver neles alguma alteração significativa de qualidade, mofo,
fermentação, poderá ocorrer a intoxicação e a morte dos peixes. A ração é um dos principais
alimentos para os peixes, pois possuem em sua composição, diversos nutrientes, como vitaminas,
proteínas, aminoácidos, ácidos graxos, além de macro e micro minerais.
São muitos os aspectos que podem ser observados na nutrição dos peixes, pois cada
peixe tem uma exigência nutricional específica para sua espécie. O fornecimento de alimentos de
uma maneira geral supõe uma série de informações sobre a espécie considerada (CASTAGNOLLI
& CYRINO, 1992).
O reaproveitamento de resíduos não é um tema atual, e merece cada vez mais ser
destacado e incentivado. Na piscicultura também se pode reaproveitar resíduos. As frutas, por
exemplo, podem vir a se tornar uma fonte alternativa de muitos componentes nutricionais da dieta
de peixes.
A plantação de árvores frutíferas como o figo, goiaba, jenipapo, ingá, araçá, seringueira,
amora, jambolão, jambo, pinha, fruta pão e muitas outras que se adaptam a cada região podem
fornecer uma boa alternativa para complementar a dieta nutricional dos peixes em cativeiro
(CASTAGNOLLI, 1992).
Os resíduos vegetais oriundos de produtos hortifrutigranjeiros foram utilizados com
sucesso na engorda de Pacu Piaratus mesopotamicus Holmberg, 1887, em gaiolas, onde os
animais ganharam peso e se desenvolveram muito bem. Este experimento realizado no CEPTA –
Centro de Pesquisa em aqüicultura, em Pirassununga, São Paulo, demonstrou que sua utilização é
possível e que pode se tornar uma alternativa importante para pequenos produtores (LIMA, ET
ALL., 1992).

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Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

Na natureza as sementes e frutos se tornam disponíveis segundo a ocorrência de


enchentes e vazantes. Na estação de enchentes muitas árvores e arbustos estão assegurando a
presença de frutos e sementes, já quando as águas marginais retraem-se na época da vazante o
plâncton passa a seu o alimento mais abundante (HONDA, 1974).
A composição nutricional das frutas deve ser levada em consideração. Outro aspecto
importante é o volume de resíduos orgânicos produzidos pelo excesso na alimentação de peixes.
Este excesso vai super-adubar o tanque provocando a eutrofização da água.
A comparação do potencial produtivo e do potencial poluente dos diferentes tipos de
alimentos utilizados na piscicultura foi estudado por Kubitza, et all., (1996), e chegou-se a
conclusão que quanto pior a qualidade nutricional e estabilidade do alimento na água maior o
potencial poluente e menor a produção de peixes em um sistema de produção.
Características como época de florada e formação dos frutos também são pontos
importantes para se escolher quais as espécies a serem plantadas (HONDA, 1974).
As frutíferas poderão ainda, ser plantadas em volta dos tanques ou em áreas específicas
para produção de frutas.
Quando plantadas as margens dos tanques, deve-se verificar o hábito de crescimento do
sistema radicular das mesmas para que as raízes não danifiquem a estrutura do tanque.
Quando plantadas em área própria para a fruticultura deve-se lembrar dos custos de
colheita e transporte das mesmas até os tanques de piscicultura.

CONCLUSÕES

A qualidade e o fácil acesso a rações industrializadas são um grande atrativo aos


piscicultores e desestimulam a procura de formas alternativas de alimentação. A utilização de
frutas na suplementação alimentar de peixes onívoros se mostra um excelente forma de minimizar
os custos de produção de peixes, principalmente na piscicultura de subsistência ou de mão-de-
obra familiar. É importante salientar que é uma fonte suplementar de alimentação e nunca a única
fonte de alimento dos peixes em uma piscicultura.

BIBLIOGRAFIA CITADA

ANZUATENGUI, Ivan A.; VALVERDE, Cláudio Cid. Rações pré-calculadas para organismos
aquáticos: peixes tropicais, trutas, rãs e camarões de água doce. Guaíba: Editora
Agropecuária, 1998. 135p.
CASTAGNOLLI, Newton. Criação de peixes de água doce. Editora FUNEP: Jaboticabal, 1992.
189p.
CASTAGNOLLI, Newton; CYRINO, José Eurico P. Piscicultura nos trópicos. 1º edição. Editora
Manole LTDA: Pirassununga, 1986. 180p.

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HONDA, E. M. S. Contribuição ao conhecimento da biologia de peixes da Amazônia.


Alimentação de Tambaqui Colossoma bidens (Spix). Act. Amazônia 4 (2) : 47–53.
KUBITZA, Fernando, et ali. Qualidade da água na produção de peixes. Brasmetano Ind. E Com
Ltda e Água Viva Alimentos. Piracicaba, 1996. 42p. Apostila didática.
LIMA, J. A. et all. Utilização de resíduos de produtos hortifrutigranjeiros para a criação de
Pacu Piaratus mesopotamicus Holmberg, 1887, em gaiolas. Boletim Técnico: CEPTA,
Pirassununga, v5, n.único, 1992. p.1-9.
Ministério da Ciência e Tecnologia. Piscicultura. CENTEC - Instituto Centro de Ensino
Tecnológico. 2º ed. ver. Forteleza: Editora Demócrita Rocha. 2004. 72p.
ROCHA, Rita de Cássia G. A.; CECCARELLI, Paulo Sérgio. Sanidade, patologia e controle de
enfermidades de peixes. Apostila didática. CEPTA – Centro de Pesquisa e Treinamento em
Aqüicultura. Pirassununga, sem data. 48p.
SOUZA, E. Ceci P. M. de; TEIXEIRA FILHO, Alcides R. Piscicultura fundamental. 3º edição.
Editora NOBEL: São Paulo, 1985. 696p.

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Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

FARELO DE FEIJÃO ROSINHA (P.VULGARIS L) NA ALIMENTAÇÃO DE PEIXES

Costa , Daniel Pereira da 2 ; Machado , Luiz Carlos 1; Alvarenga , Renato José2 ; Quadros , Artur
Moreira 2; Ferreira, Fernanda Cândido 2

Resumo – O farelo de feijão rosinha, produto do descarte de grãos não aproveitáveis para
alimentação humana, pode servir como alimento alternativo para composição de rações comerciais
para peixes, baixando assim o custo com a alimentação. Geralmente é um produto barato, muitas
vezes jogado fora possuindo características nutricionais consideráveis em termos de proteína e
energia. Neste estudo são abordadas características nutricionais do farelo de feijão através de
análises bromatológicas, revisões bibliográficas e determinação da energia digestível estimada.
Contudo alguns fatores como qualidade da proteína (conteúdo de aminoácidos) devem ser
estudados para se poder formular rações com esse material.

Palavras-chave
Piscicultura, nutrição de peixes, alimentos alternativos

1
Professor do Centro Federal de Educação Tecnológica de Bambuí – CEFET- BAMBUÍ, Rodovia
Bambuí/Medeiros, km 37, Zona Rural. CEP: 39.800.000. CAIXA POSTAL 05, Bambuí – Minas
Gerais. Fone: (037) 3431-4900
2
Alunos do Curso Superior de Zootecnia – do CEFET- BAMBUÍ - Centro Federal de Educação
Tecnológica de Bambuí. Fone: (037) 3431-4900

INTRODUÇÃO

A piscicultura pode ser dividida em Intensiva, Semi - intensiva e Extensiva (VAN EER, 2004).
O método intensivo, o mais complexo, necessita de maior controle e a alimentação deve ser
balanceada, para suprir as necessidades dos peixes. Nesse modelo de cultivo, a alimentação
poderá representar até 80% dos custos de produção, logo uma das alternativas para baratear
esses custos seria o uso de ingredientes regionais introduzidos nas formulações das rações
(PASCOAL, 2006).
Em pesquisas realizadas por Bastos (1988) testou-se a viabilidade econômica da utilização de
diferentes tipos de rações não convencionais na alimentação de Tilápia do Nilo, Oreochromis
niloticus, em cativeiro no estado do Ceará. Esse autor constatou que comparando os diferentes
tipos de ração não convencionais com ração comercial, esta obteve melhor desempenho em
função de um maior número de ingredientes em sua composição (melhor balanceamento) e a
presença de concentrados vitamínicos e minerais. No entanto dado o elevado custo da ração

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comercial é provável que o cultivo da tilápia, alimentada com rações não convencionais ofereça
melhores resultados econômicos aos piscicultores da região.
Em pesquisas realizadas por Boscolo (2005), pode-se constatar que a farinha de vísceras de
aves sem penas foi um bom substituto da farinha de peixe o que proporcionou excelente
desempenho às tilápias na fase inicial. Outro fator que deve ser destacado é que não há
necessidade da inclusão da lisina sintética nas rações com inclusão de farinha de vísceras.
O subproduto do feijão processado para consumo humano tem potencial para utilização na
formulação de dietas para animais. Este material é composto por grãos amassados, quebrados ou
fora do tamanho padrão para comercialização. Muitas vezes ele é descartado a acaba virando lixo
ou adubo o que se caracteriza como desperdício de uma matéria prima rica em nutrientes.
Neste trabalho o feijão rosinha (Phaseolos vulgaris L.), comumente cultivado por produtores na
região Centro-Oeste de Minas Gerais e outras partes do Brasil, é estudado como possível
alternativa para composição de rações para peixes tropicais.

MATERIAL E MÉTODOS

O material analisado compõe-se de grãos puros sem qualquer tipo de matéria inerte ou
restos culturais.
Para determinação dos níveis de nutrientes no farelo de feijão (0,8 mm), foi coletado uma
amostra, triturada em moinho analítico e enviada ao laboratório de nutrição animal da UFV
(Universidade Federal de Viçosa). Foram avaliados os teores de proteína bruta, matéria seca,
extrato etéreo, matéria mineral, fibra bruta, cálcio e fósforo.
Para cálculo da energia digestível realizou-se a predição segundo Meyer, Fracalossi e de
Borba (2004), considerando-se 5640 Kcal/Kg de proteína, 4110 Kcal/Kg de carboidrato, 9440
Kcal/Kg de Gordura. O teor de extrativos não nitrogenados foi determinado por diferença.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise bromatológica do farelo de feijão se apresenta na tabela abaixo:
Tabela 1 – Análise Bromatológica do farelo de feijão
ITEM TEORES %
Matéria seca (MS) 87,07
Proteína Bruta (PB) 22,46
Fibra bruta (FB) 5,79
Extrato etéreo (EE) 1,41
Matéria mineral (MM) 4,56
Cálcio 0,23
Fósforo 0,25

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Através da equação: ENN = (porção que contém os carboidratos) 100% - (PB% + FB% + EE%
+ MM%) na MS. Pode-se afirmar que o farelo de feijão possui 65.78% de ENN.
Segundo Meyer, Fracalossi e de Borba (2004), considerando-se 5640 Kcal/Kg de proteína,
4110 Kcal/Kg de carboidrato, 9440 Kcal/Kg de Gordura, pode estimar a ED (energia digestível)
para peixes onívoros pela equação: PB X 0,83 X 5640 Kcal + EE X 0,88 9440 Kcal + ENN X 0,65
X 4110 Kcal, resultando assim em 1051,40 + 1757,31 + 117,13 = 2925,84 Kcal/Kg de ED para o
farelo de feijão. Para os peixes carnívoros temos a equação: PB X 0,88 X 5640 Kcal + EE X 0,90
9440 Kcal + ENN X 0,50 X 4110 Kcal, tem-se então 1114,73 + 1351,78 + 119,79 = 2586,30 Kcal de
ED por Kg, resultados na tabela 2.

Tabela 2 – ENN e ED estimada para peixes do farelo de feijão rosinha


ITEM TEORES
ENN (carboidratos digestíveis) 65.78%
ED para peixes onívoros 2925,84 Kcal/Kg
ED para peixes carnívoros 2586,30 Kcal/Kg

Fatores anti-nutricionais

Os fatores anti-nutricionais presentes no feijão podem provocar efeitos fisiológicos adversos ou


diminuir a biodisponibilidade de nutrientes.
Alguns efeitos nocivos são causados pela presença de inibidores de proteases em leguminosas
cruas utilizadas na alimentação de animais. Alguns estudos em animais monogásticos têm
atribuído problemas metabólicos e de crescimento à alimentação a base dessas leguminosas, (Al-
Wesale et al.,1995 apud Silva e Silva, 2000). Contudo quando se processa o cozimento dos grãos
os efeitos nocivos são eliminados, (Al-Wesali et al., 1995 apud Silva e Silva, 2000). No caso das
lectinas que causam problemas semelhantes o tratamento térmico também é a solução para
mitigar esse problema nutricional, (Antunes,1979 apud Antunes et al, 1995).
O farelo de feijão rosinha tem proteína bruta e energia digestível em quantidades consideráveis
se comparado com outros alimentos de origem vegetal. Superando os farelos de milho, sorgo,
arroz e trigo, (NRC, 1993 e Kubitza, 1997). Entretanto ainda faltam dados para determinação dos
aminoácidos presentes nesse alimento para uma formulação mais precisa das dietas para peixes.
O nível de cálcio analisado tem utilidade para limitação das quantidades desse mineral na dieta
uma vez que seu excesso pode causar problemas na absorção de Fósforo e Zinco, (Kubitza,
1997). O fósforo está presente no farelo de feijão em quantidade significativa, quase na proporção
1 para 1 com o cálcio, sendo ligeiramente maior sua quantidade. Porém ainda não se conhece sua
real disponibilidade para os peixes por falta de um estudo que a determine.
Caso a maior parte desse P esteja na forma indisponível, existe a possibilidade de utilização da
enzima fitase para aumentar sua disponibilidade e a de outros minerais complexados com o fitato,
(Pezzato e Barros, 2005).

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CONCLUSÃO

O farelo de feijão rosinha tem potencial para ser um ingrediente alternativo na formulação de
dietas para peixes onívoros ou carnívoros se considerarmos seus níveis de PB e ED. A proporção
de P (fósforo) em relação ao Ca (Cálcio) desse alimento é alta, próxima de 1:1, podendo ser uma
fonte interessante de fósforo. Outros estudos se fazem necessários para determinar um nível de
inclusão seguro desse alimento nas rações de peixes.

BIBLIOGRAFIA CITADA

ANTUNES, Pedro L.; BILHALVA, Aldonir B.; ELIAS, Moacir C. & SOARES, Germano J.D. VALOR
NUTRICIONAL DE FEIJÃO (Phaseolus vulgaris, L.), CULTIVARES RICO 23, CARIOCA, PIRATÃ-1
E ROSINHA-G2. Pelotas: Rev. Brás. De AGROCIÊNCIA, V.1, Nº 1, 1995.
BASTOS, José Raimundo; SILVA, José William Bezerra e; FREITAS, Wilson Caliope de.
Alimentação de peixes com rações não convencionais em ambientes confinados. Ciên. Agron,
Fortaleza, 19(2): pág. 39-44, Dezembro. 1988
BOSCOLO, Wilson Rogério; MEUER, Fábio; FEIDEN, Aldi; HAYASHI, Carmino; REIDEL, Adilson.
Farinha de Vísceras de aves em rações para a Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus L.) durante a
fase de reversão sexual. Revista Brasileira Zootecnia, v.34, n.2, p.373-377, 2005
KUBITZA, Fernando. Nutrição e alimentação dos peixes. Piracicaba: 1997. 74 p.
MEYER, G. ; FRACALOSSI, D.M.; dE BORBA, M. R. A importância da quantidade de energia na
ração de peixes. Rio de Janeiro: Panorama da Aqüicultura, 2004, p. 53 – 57.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrients requirements of fish. Washington: National
Academy Press, 1993. 114 p.
PASCOAL, Leonardo Augusto Fonseca; EDMA, Carvalho de Miranda; FILHO, Florisval Protásio da
Silva. O uso de ingredientes alternativos em dietas para peixes. Revista Eletrônica Nutritime, v.3,
nº1, p.292-303, janeiro/fevereiro 2006.
PEZZATO, Luis Edivaldo; BARROS, Margarida Maria. Novos enfoques da nutrição de peixes. In
Anais dos simpósios da 42ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia. Goiânia:
SBZ, UFG, 2005. p. 403 – 415.
SILVA1 Mara Reis & SILVA2 Maria Aparecida Azevedo Pereira da. Fatores antinutricionais:
inibidores de proteases e lectinas.Campinas: Rev. Nutr, 2000.
VAN EER, Assiah; VAN SCHIE Ton; HILBRANDIS Aldin. Piscicultura feita em pequena escala
na água doce. Fundação Agromisa, Wageningen, 2004.

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Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

MÉTODOS DE CONTROLE DE ODONATAS NA PISCICULTURA

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Noronha , Cássio Roberto Silva; Barbosa , Janaina Flávia; Quadros , Artur Moreira;

RESUMO
A piscicultura se divide em vários estágios de desenvolvimento dos peixes entre eles estão a
reprodução, alevinagem, recria e a engorda. É na alevinagem que se encontra a maior importância
e auto grau de dificuldade da atividade piscicultura. Existem paramentos que restringem esta
atividade como as condições climáticas, endáficas e antrópicas, e presença de predadores naturais
e outros. O objetivo deste trabalho é estudar um dos gargalos da alevinocultura que é a presença
constante de predadores naturais neste estágio. Para tal é necessário se destacar o controle de
Odonata, a conhecida libélula.

PALAVRAS-CHAVE
Odonata, piscicultura, libélula.
1
Professor do Centro Federal de Educação Tecnológica de Bambuí – CEFET- BAMBUÍ, Rodovia
Bambuí/Medeiros, km 37, Zona Rural. CEP: 39.800.000. CAIXA POSTAL 05, Bambuí – Minas
Gerais. Fone: (037) 3431-4900
2
Alunos do Curso Superior de Zootecnia – do CEFET- BAMBUÍ - Centro Federal de Educação
Tecnológica de Bambuí. Fone: (037) 3431-4900

3
Alunos do Técnico Agrícola com Habilitação em Agricultura e Zootecnia – Pós médio – do
CEFET- BAMBUÍ - Centro Federal de Educação Tecnológica de Bambuí. Fone: (037) 3431-4900

INTRODUÇÃO
Piscicultura, que é a produção racional de peixes, é uma atividade que data de antes de Cristo.
Está difundida em quase todos os países do mundo e é considerada uma das atividades de maior
expansão devido à constante procura por este alimento. A qualidade nutricional e menores teores
de gordura são atrativos para esta fonte de proteína animal (PROENÇA & BITTENCOURT, 1994),
(MENEZES & YANCEY, 1998) e (OETTERER, 2002).
Um dos gargalos da produção é a ocorrência de predadores. Os mais comuns na piscicultura
são algumas espécies de peixes, os insetos e alguns outros animais como as aves, cobras,
tartarugas e jacarés (MENEZES & YANCEY, 1998).
Os métodos de controle mais utilizados nos diferentes sistemas de produção não se
diferenciam muito. O que varia é sua aplicação ou não. Na criação extensiva, por exemplo, não se
aplica método de controle algum, convive-se com os predadores presentes no ambiente. Na
piscicultura super-intensiva, também não se aplica porque não há a ocorrência de predadores,
trata-se de um sistema totalmente fechado e alto nível tecnológico (KUBITZA, 2004).
Entre estes dois extremos encontra-se a maiorias dos sistemas de produção onde é
necessária a aplicação de métodos de controle de Odonatas (KUBITZA, 2004).

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Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

A Odonata conhecida vulgarmente como libélula é da classe dos insetos. Seu ciclo de vida é
divido por diversas fases, sendo a fase jovem aquática e a fase adulta alada (CARVALHO, 1992).
Os prejuízos causados pelas libélulas na piscicultura podem ir desde uma pequena taxa de
diminuição da população de alevinos no tanque até a perda quase total da produção (KUBITZA,
2004).
Este trabalho tem como objetivo analisar os prejuízos causados ao piscicultor pela presença de
Odonatas e estudar seus possíveis métodos de controle em sistemas de produção de alevinos.

DESENVOLVIMENTO

A ordem Odonata
Os insetos desta Ordem são chamados de libélulas, possuem corpo longo, que pode ir de 20
mm a 160 mm de comprimento. A cabeça é grande o que facilita o movimento para todos os lados.
Quase que toda recoberta por olhos, possui antenas muito curtas e apresentam aparelho bucal
mastigador com mandíbulas fortes e robustas. O corpo se divide em cabeça, tórax e abdômen. As
pernas são longas e asas translúcidas. Após a postura, dos ovos nascem as odonáides (as
predadoras de alevinos de peixes). O seu desenvolvimento é muito lento e pode demorar até 05
anos. Existem aproximadamente 5000 espécies conhecidas de Odonatas (GALLO ET ALI, 1988).

Reprodução das Odonatas


As odonatas se reproduzem por fecundação direta. Machos e fêmeas se aglomeram perto de
áreas que possuem uma fonte de água. É na água ou em vegetação aquática que ocorre a
ovoposição. A fase jovem das odonatas são os principais predadores dos alevinos na piscicultura
(DELGADO et ali, 1995); (GALLO, 1988); (LACERDA, 2007).

Métodos de controle
Os principais métodos de controle de Odonatas são baseados em ações mecânicas, químicas
e biológicas. Tais métodos foram desenvolvidos todos com o mesmo propósito, diminuir e/ou
apenas controlar os níveis de predação de alevinos na fase jovem das Odonatas.

Método de controle mecânico


Os principais métodos de postura de Odonatas na água são: um indireto no qual se utiliza a
vegetação como substrato de postura e outro direto no qual a fêmea bate o abdomem na superfície
da água liberando os ovos. No primeiro caso o controle da vegetação aquática que se faz existente
no tanque de piscicultura auxilia no controle populacional da Odonata. Já nas espécies de postura
direta a utilização de redes ou malhas sobre a superfície da água diminui significativamente a
ocorrência da fase jovem da odonata nos tanques. Segundo Delgado et ali, 1995, estes

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Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

métodos de controle diminuem a presença de odonatas de 80 larvas por m2 para 04 larvas por m2,
Reduzindo assim os prejuízos causados pelas mesmas.
A turbidez da água também é um método de controle eficaz para ninfas de odonatas. Para tal,
utiliza-se de consórcio da larvicultura com a produção de peixes de hábitos alimentares iliófagos,
comedores de limo, como a carpa comum. Este hábito de revolver o fundo do tanque a procura de
alimento, aumenta a turbidez da água, dificultando a predação por parte das ninfas de Odonata
(LACERDA, 2007).

Método de controle químico


Os autores Menezes e Yancey, 1998, recomendam despejar no tanque 50 litros de óleo
queimado por hectare de lâmina d`água, até se verificar a não ocorrência de mais libélulas na fase
jovens na água. Entretanto este método não é recomendado devido a seu impacto negativo.
Existem agrotóxicos específicos para controle de insetos na piscicultura. Mas estes trazem
conseqüências graves como o risco de intoxicação dos peixes e sua inespecificidade. Esta última
ocasiona a morte de outros insetos presentes na água, ocasionando sérios prejuízos ao
ecossistema aquático (MATAQUEIRO, 2002).

Método de controle biológico


Processo também utilizado no controle de predação de alevinos por aves como o Biguá, a
Garça e o Martim pescador, na produção do peixe Jundiá (BALDISSEROTTO; RADUNZ NETO,
2004).
Esporadicamente, as aves também podem predar as fases jovens das Odonatas, assim como
peixes maiores. Mas mesmo assim o controle por aves não pode ser considerado um método
eficiente. Os prejuízos causados pelas aves na criação de alevinos, são maiores dos que o
impacto na população de Odonatas (BALDISSEROTTO; RADUNZ NETO, 2004).

Prejuízos causados
Segundo Lacerda, 2007, ainda são necessários muitos estudos sobre os danos reais causados
pela presença de Odonatas na piscicultura. Os estudos mais recentes discutem os métodos de
controle e até determinam sua eficiência. Mas não quantificam os prejuízos ambientais e
financeiros relacionados ao tema.

CONCLUSÕES
Existem métodos eficazes de controle de Odonatas na piscicultura, mas ainda não se conhece
seu impacto econômico e ecológico. O ideal seria encontrar um método de controlar o inseto sem
afetar o ecossistema no qual a libélula está inserida. Este é um campo aberto para novas
pesquisas sobre o controle de Odonatas na piscicultura.

16
Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

BIBLIOGRAFIA CITADA

BALDISSEROTTO, Bernardo & RADUNZ NETO, João. Criação de Jundiá. Santa Maria. Editora
UFSM, 2004. 232p.
CARVALHO, A.L. Aspectos da biologia de Coryphaeschna
perrensi (McLachlan, 1887) (Odonata, Aeshnidae). Revista Brasileira de Entomologia, 1992.
36(4): 791-802.
DELGADO, Cesar; ALCANTARA, Fernando; Couturier, Guy. Densidad de larvas de Odonatos
(Insecta) en un estanque de piscicultura en Iquito. Revista Peruana de Entomologia, 1995. 37:
101-102.
GALLO, et ali. Manual de entomologia agrícola. São Paulo. 2º edição: Ed. Agronômica CERES,
1998. 649p.
KUBITZA, Fernando. Reprodução, larvicultura e produção de alevinos de peixes nativos.
Jundiaí, SP: F. Kubitza, 2004. 78 p.
LACERDA, Carlos Henrique Figueiredo. Influência da turbidez, macrófitas aquáticas e tamanho
das ninfas na predação de larvas de piaractus mesopotamicus e oreochromis niloticus por
odonata pantala flavescens. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em “Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais” da Universidade Estadual de
Maringá, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências Ambientais.
Maringá, Paraná, 2007. 52p.
MATAQUEIRO, Maria Isabel. Toxicidade aguda e subaguda do inseticida methyl parathion no
pacu (Piaractus mesopotamicus HOLMBERG, 1887). Dissertação apresentada ao Programa de
Pós – Graduação em Aqüicultura, área de Concentração: Aqüicultura em Águas Continentais como
parte das exigências para obtenção do título de mestre. UFLA, MG, 2002. 47p.
MENEZES, José Roberto Rezende de; YANCEY, Dean Romayn. Manual de criação de peixes.
Campinas-SP: Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 1998. 117 p.
OTTERER, M. Indústria do pescado cultivado. Ed. Agropecuária Ltda. Guaíba, RS. 2002. 200p.
PROENÇA, Carlos Eduardo Martins de. Manual de piscicultura tropical. Brasília: Ibama, 1994.
195 p.

17
Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

O PAPEL DOS FILTROS E DEMAIS EQUIPAMENTOS DE UM AQUÁRIO


1 2 3 3
Noronha , Cássio Roberto Silva; Moreira , Gláucia Lucia; Murilo , Juliana Garcia; Duarte Neto ,
Jaime Pacheco; Borges2, Wiliam Olimpio.

RESUMO

O aquarísmo se caracteriza pela formação de habitat dentro de um recipiente chamado de aquário,


onde crescem, desenvolvem e se reproduzem peixes ornamentais. Uma das grandes causas do
insucesso do aquarista amador é a não compreensão da complexibilidade deste ecossistema. O
Objetivo deste trabalho é estudar os sistemas de filtragem, sejam mecânicos, químicos e/ou
biológicos e evidenciar sua importância para o equilíbrio deste habitat.

PALAVRAS-CHAVE
Aquário, peixes ornamentais, filtros, ecossistema.
1
Professor do Centro Federal de Educação Tecnológica de Bambuí – CEFET- BAMBUÍ, Rodovia
Bambuí/Medeiros, km 37, Zona Rural. CEP: 39.800.000. CAIXA POSTAL 05, Bambuí – Minas
Gerais. Fone: (037) 3431-4900
2
Alunos do Curso Técnico Agrícola com Habilitação em Agricultura e Zootecnia – Concomitantes
do CEFET- BAMBUÍ - Centro Federal de Educação Tecnológica de Bambuí. Fone: (037) 3431-
4900
3
Alunos do Técnico Agrícola com Habilitação em Agricultura e Zootecnia – Pós médio – do
CEFET- BAMBUÍ - Centro Federal de Educação Tecnológica de Bambuí. Fone: (037) 3431-4900

INTRODUÇÃO
A filtragem tem por objetivo a purificação da água, visando a qualidade física e química da
mesma para melhor condicionamento de seus habitantes (BOTELHO FILHO; OLIVEIRA, 1989).
A filtragem é um processo que retêm substâncias dissolvidas e suspensas na água, e por
conseqüência aumenta a oxigenação da mesma e evita a estratificação devido a seu movimento
(BOTELHO FILHO; OLIVEIRA, 1989).
Existem dois tipos básicos de filtros. O filtro de funcionamento mecânico, mais indicado para
aquários de grande porte, onde a água é impulsionada por um motor de ação centrífuga e o filtro
de funcionamento a ar. Neste último, o ar, forma bolhas na água e ao subir leva a água formando
uma corrente ascendente. É mais indicado para aquários de pequeno porte (COLEÇÃO ANIMAIS
DE ESTIMAÇÃO, 1986).
O aquário é formado por um conjunto de equipamentos que funcionam interligados entre si
com a finalidade de compor um sistema fechado que imita fielmente um ambiente natural. Este
ecossistema sofre a interferência direta de fatores internos e externos ao aquário.
Fazem parte de seus componentes: aerizador; aquecedor, termostato, filtro, termômetro, tubo
plástico, tampa, pinça, raspador, comedores, ninheira e a rede (FABICHAK & FABICHAK, 1985);
(BOTELHO FILHO & OLIVEIRA, 1989).

18
Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

DESENVOLVIMENTO

Aquarismo
Todos nós ficamos impressionados diante da harmonia e beleza de um aquário ornamental
que é um quadro vivo mais belo da terra. Ele representa o lago ou mar em miniatura onde
podemos observar a vida associada dos peixes e plantas aquáticas, seres secundários
(BOTELHO, 1997).
Aquariofilia constitui mais do que um “hobby”, pois várias ciências estão integradas a ela. A
zoologia, fisiologia, bioquímica, botânica, higiene, a química e a nutrição, se interligam na
construção e manutenção de um aquário (BOTELHO, 1997).
Sendo assim, é uma ciência que esta condicionada a seis princípios fundamentais. A
oxigenação suficiente, a temperatura correta, a alimentação racional, o solo adequado, a
vegetação aquática e a luz dosada. Lembrando-se que a qualidade da água é um fator intrínseco a
toda atividade aquícola (BOTELHO, 1997).

Tipos de aquário
Os aquários são divididos em diversas categorias. Estas categorias se diferenciam pelo tipo de
aquário, a finalidade do mesmo, o material de construção entre outras.
Quanto ao tipo são classificados como aquários de água doce ou água salgada (marinhos)
(BOTELHO, 1997).
Outra classificação correlaciona sua função. Nestes se enquadram os aquários de
ornamentação, criação, isolamento, hospital, desenvolvimento, depósito e reprodução (BOTELHO,
1997).
Quanto ao material de construção podemos classificar os aquários como os modernos,
confeccionados com vidros e estruturas metálicas de vários tamanhos, e os mais antigos,
confeccionados com vidros, normalmente sem estrutura metálica de suporte, de menores
tamanhos e às vezes conjugados com cimento, pedra ou outros materiais onde foram construídos
(BOTELHO, 1997).

Importância e papel dos filtros


Para se escolher um filtro devemos levar em consideração o tamanho e tipo de aquário e a
quantidade e tamanho dos peixes que serão nele acondicionados. Preferencialmente tentar
conciliar os três tipos de filtragem, em um ou mais tipos de filtros (ALCON, 2000).
É importante a constante manutenção dos aparelhos por terem alta concentração de resíduos
obtidos pela passagem da água do aquário. Existem três formas de filtros. Os filtros mecânicos,
químicos e biológicos (BOTELHO FILHO & OLIVEIRA, 1989).

19
Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

Tipos de filtros
Os filtros mecânicos são filtros que retêm as partículas submersas com um material de pouco
poder de retenção. O Perlon ou Lã de vidro conseguem esta ação (BOTELHO FILHO & OLIVEIRA,
1989).
Os filtros químicos retêm o material dissolvido na água pela ação do carvão ativado por ser um
material poroso e conter alto índice de absorção, mas o carvão elimina substâncias importantes
como os medicamentos esporadicamente utilizados no aquário. Por isso não se recomenda o uso
de carvão ativado em aquários “hospitais”. É importante dizer que depois de algum tempo, o
carvão ativado satura-se, tornando-se impróprio para tal finalidade tendo assim de ser substituído.
Para saber o ponto de saturação pinga-se uma gota de azul de metileno na boca do filtro, se
depois de passar pelo filtro a coloração azul aparecer, significa que o carvão está saturado
(BOTELHO FILHO & OLIVEIRA, 1989).
O filtro biológico trabalha com um excelente processo em que há uso de bactérias para a
decomposição das substâncias. Estas bactérias oxidam a amônia os fosfatos e outros compostos
nitrogenados transformando-os em substâncias não prejudiciais (BOTELHO FILHO & OLIVEIRA,
1989).
Vidal Júnior (2006), recomenda a utilização de substratos alternativos como base para fixação
das bactérias como rolinhos de tela de mosquiteiro ou mesmos “bob`s” de cabelo.

Outros Equipamentos de aquário


Alguns equipamentos são indispensáveis na composição de um aquário tendo em vista que
alguns não são utilizados freqüentemente e sim em determinados momentos.
Porém todos os equipamentos descritos neste trabalho são de muita importância para que a
vida de todos os seres existentes no aquário seja saudável e duradoura (FABICHAK & FABICHAK,
1985).
Os principais componentes do aquário são:
Aerizador - Também chamados de vibrador ou bomba, possui a função de oxigenação e
filtração da água do aquário, sendo o mais utilizado o vibrador (FABICHAK & FABICHAK, 1985).
Aquecedor - Serve para manter a boa temperatura da água, que deve estar entre 20ºC
e 28 ºC, dependendo da espécie de peixe presente no aquário e q quantidade de água do mesmo.
A resistência do aquecedor é semelhante a de um chuveiro elétrico (FABICHAK & FABICHAK,
1985)
Termostato - Geralmente é conjugado com o aquecedor. Tem a função de controlar a
temperatura da água sem a necessidade da intervenção humana (FABICHAK & FABICHAK, 1985)
Filtro - Faz a filtragem da água retirando as impurezas. Existem vários tipos de filtros de
acordo com a dimensão do aquário (FABICHAK & FABICHAK, 1985)

20
Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

Termômetro - Serve para verificar a temperatura da água que deve estar na faixa de 20º C
a 26ºC (FABICHAK & FABICHAK, 1985)
Tubo Plástico - Serve para retirar a sujeira acumulada no fundo do aquário (FABICHAK &
FABICHAK, 1985).
Tampa - Serve para tampar o aquário e como suporte para a lâmpada. É essencial que
seja feita de madeira, para ficar leve mas resistente (FABICHAK & FABICHAK, 1985).
Pinça - Serve para plantio para as espécies de plantas aquáticas (BOTELHO FILHO &
OLIVEIRA, 1989).
Raspador - Serve para raspar as algas aderidas no vidro do aquário para mantê-los com
características transparentes (BOTELHO FILHO & OLIVEIRA, 1989).
Comedores - Servem para colocação da alimentação (BOTELHO FILHO & OLIVEIRA,
1989).
Ninheira - Utilizado para a desova das fêmeas. Nem todas as espécies de peixes
ornamentais necessitam de ninheiras (BOTELHO FILHO & OLIVEIRA, 1989)..
Rede - Para apanhar os peixes sem machuca-los (BOTELHO FILHO & OLIVEIRA, 1989).

Os microrganismos no aquário
A associação dos aquários com os microrganismos é uma relação de simbiose única. Neste
recipiente forma-se um ecossistema onde as bactérias possuem papel fundamental. A colônia de
bactérias fixa-se na superfície do cascalho e posteriormente multiplicam-se e colonizam as
camadas inferiores caso haja um bom teor de oxigênio. Quando a amônia encontra as bactérias
começa um processo de reações químicas em dois estágios distintos. No primeiro estágio as
bactérias nitrossomas, convertem a amônia em nitrito. O nitrito por sua vez é transformado em
nitrato pelas bactérias nitrobacter, no segundo estágio (BOTELHO FILHO & OLIVEIRA, 1989;
FABICHAK & FABICHAK, 1985).

CONCLUSÕES
Existem vários tipos de filtros que podem ser usados com a mesma finalidade em um aquário.
A qualidade da água sempre será o objetivo, e fator limitante na condução de um aquário. Sem
dúvida alguma, a integração dos diferentes tipos de filtros existentes resultará em uma água de
melhor qualidade final. Esse ecossistema depende não só dos filtros e sim de um bom
funcionamento de todos os equipamentos do aquário. E principalmente do bom senso do aquarista
quanto sua condução e manejo.

BIBLIOGRAFIA CITADA

ALCON – Indústria e Comércio de Alimentos Desidratados Alcon Ltda. Seu novo aquário.
Camboriú, SC. 2000, 55p. Panfleto de distribuição gratuita.

21
Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

BOTELHO, Gastão. Aquários. São Paulo: Editora NOBEL, 1997. 85p.


BOTELHO FILHO, Gastão da Fonsceca; OLIVEIRA, Nilson Araújo. A vida no aquário. 10º ed.
Ampliada, São Paulo: Editora NOBEL, 1989, 241p.
Coleção Animais de estimação. Peixes. Editora JB Indústria gráfica LTDA. Rio de Janeiro, 1986.
292p.
FABICHAK, Douglas; FABICHAK, Walter. Peixes de Aquário: criação, alimentação, doenças e
espécies. 8º Edição. São Paulo: Editora NOBEL, 1985, 71p.
VIDAL JUNIOR, Manuel Vazquez. Sistemas de produção de peixes ornamentais. Cadernos
Técnicos de Veterinária e Zootecnia, Editora FEP-MVZ, Belo Horizonte, 2006. nº 51, p.62-74.

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Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL NA AQÜICULTURA

Costa, Daniel Pereira da 2; Vieira, Ivan 1; Evangelista, Wemerton Luis 1; Apolinário, Danielle
Damasceno 2; Pereira, Ralf José 2; Santos , Michel Arnesen Dos 2

RESUMO
Com o constante crescimento da aqüicultura, e conseqüente aumento da demanda por
profissionais aptos a exercer as funções relacionadas a produção de organismos aquáticos, o
treinamento desses profissionais é necessário para obter-se melhor desempenho na
atividade.Conhecer os tipos de cargos e suas atribuições, bem como sua formação e
possibilidades de preparação acadêmica, pode proporcionar a formação de trabalhadores dentro
do contexto aqüícola. Discute-se neste trabalho as atividades desempenhadas e as perspectivas
de futuros empreendimentos que irão absorver novos empregados. Bem como o perfil do
profissional e os tipos e características de sua qualificação. Num ultimo momento faz-se um
referencial sobre exemplos do que se tem feito a nível institucional. No trabalho apresentam-se
propostas e opiniões que podem auxiliar no treinamento e dinamização do processo produtivo.
Tendo como foco principal o papel dos recursos humanos devidamente capacitados para a
Aqüicultura e mostrando algumas das vantagens de se treinar mão de obra.

PALAVRAS-CHAVE

Aqüicultura, qualificação profissional, treinamento.

1
Professor do Centro Federal de Educação Tecnológica de Bambuí – CEFET- BAMBUÍ, Rodovia
Bambuí/Medeiros, km 37, Zona Rural. CEP: 39.800.000. CAIXA POSTAL 05, Bambuí – Minas
Gerais. Fone: (037) 3431-4900
2
Alunos do Curso Superior de Zootecnia – do CEFET- BAMBUÍ - Centro Federal de Educação
Tecnológica de Bambuí. Fone: (037) 3431-4900

INTRODUÇÃO

A Aqüicultura ou cultivo de organismos aquáticos é considerada como atividade que auxilia o


desenvolvimento social das comunidades rurais e a preservação ambiental, (ANDRADE 2006). No
Brasil esta atividade tem sido estimulada visando aumentar a produção nacional através de
incentivos diversos.
Com a criação da SEAP/PR (Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca) em 2004, vinculada
a Presidência da República, estão sendo implementados vários projetos no país para beneficiar a
atividade, como a criação de centros de formação de profissionais com habilidades para gerir e
implantar tecnologias de produção de organismos aquáticos.
A demanda por profissionais dessa área faz-se evidente quando se observa o crescimento da
atividade que segundo Andrade (2006) é de cerca de 20% ao ano no Brasil. Segundo a
SEAP/PR(2006) sua meta é no futuro poder aproveitar todo o potencial aqüícola nacional nos

23
Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

lugares onde está sub-explorado ou inexplorado e atenta para a falta de mão de obra qualificada
na atividade. Isto aponta para um grande mercado potencial para os futuros profissionais
direcionados a Aqüicultura.
Segundo Kubitza (2007) o maior problema operacional da Piscicultura é a falta de funcionários
com capacidade de realizar o manejo produtivo. O suporte técnico é imprescindível para orientar
tanto esses funcionários como os gerentes da empresa.

ATIVIDADES DA AQÜICULTURA

Para Ribeiro et al (2000) a Aqüicultura pode ser uma grande empregadora de mão de obra,
pois em 1966 a cada 45000 Kg de produtos aqüícolas processados gerou-se 1200 empregos.
Ainda segundo os autores esta atividade tem potencial para se tornar o segundo maior meio de
produção de alimentos. Tornando-se então num futuro próximo um grande mercado de trabalho.
Segundo Valle & Martins de Proença (2000) os organismos mais estudados e que estão sendo
utilizados na aqüicultura brasileira estão no contexto das seguintes atividades: Piscicultura
(produção de peixes), Carcinicultura (camarões), Malacocultura (moluscos), Ranicultura (rãs).
Existem também outros ramos de menor expressão na aqüicultura desenvolvidos no país como
Algocultura (algas) e Liminocultura (organismos planctônicos e outros).
Outra atividade que trabalha em paralelo com a produção destes animais é a fabricação de
rações comerciais para a Aqüicultura. A fabricação de equipamentos e insumos para a Aqüicultura
sejam eles de uso direto ou indireto também são decisivos para determinar o resultado final do
processo produtivo.
Assim o profissional deve ter habilidades que o insiram em uma ou várias destas atividades
que tenham como objetivo principal a produção de pescado e ou outros produtos diversos oriundos
de formas de vida aquática.
Para Castgnolli (2000), a aqüicultura pode ser também integrada a atividades agrícolas nas
formas de aproveitamentos de resíduos de seus efluentes na fertilização de lavouras e pastagens.
Pode então o profissional da área ser responsável por essa integração, desde que tenha
conhecimento do funcionamento de ambas as atividades.
A assistência técnica á aqüicultores também é mais um nicho de mercado. Em Bressan (2006),
é estudado o caso do estado do Espírito Santo, onde 57,3% dos produtores procuram técnicos
especializados antes de iniciarem na atividade.
Os sistemas de produção podem ser classificados em extensivo, semi-intensivo, intensivo,
super-intensivo. Estes diferem entre si segundo o nível de utilização de insumos, mão de obra e
tecnologia de forma crescente (ANDRADE, 2006). A atuação do funcionário é então diferenciada
conforme o sistema de produção adaptando-se a realidade local. Segundo a SEAP (2006) as
tendências futuras da Aqüicultura nacional são:

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Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

 aumento substancial na produção de camarões marinhos;


 aumento na produção de moluscos, especialmente ostras e vieiras;
 aumento significativo na produção de peixes de água doce, especialmente das tilápias e de
algumas espécies nativas;
 rápido desenvolvimento do cultivo em gaiolas ou tanques-redes nos reservatórios;
 aumento do uso de rações comerciais e diminuição dos cultivos realizados à base de
estercos de animais terrestres;
 priorização de espécies autóctones nas bacias hidrográficas mais preservadas, tais como a
Amazônica e a do Paraguai;
 maior atenção ao controle sanitário dos organismos aquáticos;
 maiores restrições relativas ao uso e contaminação das águas doces;
 maior uso de equipamentos utilizados em sistemas intensivos;
 maior dificuldade de introdução de novas espécies exóticas no país;
 mais atenção aos mercados externos e à exportação;
 aumento no número de produtos aqüícolas processados e com valor agregado. Portanto os
profissionais que pretendem acompanhar esta evolução têm de adaptar-se as tecnologias que
proporcionem seu desenvolvimento.

PERFIL DO PROFISSIONAL

A mão de obra na aqüicultura pode ser familiar e ou contratada, ambas passíveis ou não de
treinamento. Bressan (2006), diz que no Espírito Santo atualmente 51,5% das atividades aqüícolas
são desenvolvidas por familiares, 24,2% por mão de obra contratada, 21,6% por ambos e 2,6%
dos produtores não responderam a pesquisa. Sendo importante ressaltar que um profissional que
tem treinamento apresenta melhores condições para atuar no seu trabalho (CHIAVENATTO,2004).
Os profissionais da aqüicultura, como os de outras atividades rurais, podem ter diferentes
níveis de conhecimento e estes determinarem sua função ou hierarquia dentro de uma empresa.
Más também o seu desempenho pessoal pode ser decisivo para que os seus superiores decidam
dá-lo uma posição melhor ou mais lucrativa no quadro funcional.
Considerando a qualificação e o treinamento como instrumentos que auxiliam no desempenho
e qualidade do serviço de um funcionário, pode-se classificar tipos mais recomendáveis de perfis
para preenchimentos de cargos distintos na atividade.
Na base da cadeia de produção aqüícola estão os funcionários que realizam atividades de
manejo, arraçoamento, despesca, análise de temperatura e transparência, transporte de animais,
vegetais e insumos, limpeza de instalações, cultivo de zooplâncton, adubação de tanques,
confecção de tanques rede e espinhéis, conserto e manutenção de equipamentos, beneficiamento
de pescado, embalagem de alevinos, larvas ou sementes, e outras atividades afins. Estes

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Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

profissionais tem geralmente baixa remuneração e também pouca carga de responsabilidade


sobre a atividade. O treinamento ideal destes pode ser feito através de cursos profissionalizantes
realizados por instituições de ensino, ou por meio de práticas orientadas por técnicos da área.
Em posição intermediária temos os técnicos de nível médio, que gerenciam, orientam,
fiscalizam, fazem projetos, implementam, e auxiliam nos manejos mais complexos das atividades
produtivas de organismos aquáticos. Sua remuneração é melhor que a dos anteriores e sua
responsabilidade e bem maior. Seu treinamento é realizado somente em instituições de ensino.
Por último citamos os profissionais de nível superior, que podem desempenhar as atividades
dos técnicos com maiores graus de complexidade, administrar e projetar grandes
empreendimentos aqüícolas e treinar técnicos e outros funcionários de nível inferior ao seu. Seu
salário é geralmente o maior entre os funcionários.
A avaliação do tipo de profissional que se necessita na empresa aqüícola é importante para
não se ter casos de qualificação insuficiente nem de funcionários sub-aproveitados. Teixeira Filho
(1991) afirma que a economia de mão de obra e ou capital é fundamental para se avaliar o
progresso tecnológico de um sistema produtivo e não apenas a aparente produtividade do mesmo.
Então pode ocorrer grande produtividade num sistema e ao mesmo tempo haver mão de obra
desnecessária e prejudicar a renda da empresa, o que no futuro pode vir a se refletir num prejuízo
a todos os funcionários, causado pela desestabilização financeira e conseqüentes cortes de
cargos, de benefícios extras e redução de salários.
A atividade como um todo visa o lucro e bem estar de todos os participantes do processo. Más,
não se pode esquecer do respeito à ética profissional, ao meio ambiente e a cultura dos cidadãos.
Prestando-se assistência técnica ou trabalhando junto a pessoas do meio rural que tem baixa
renda, está se usando de tecnologia para melhorar tanto a produtividade como o nível de vida dos
campesinos. Este, de certa forma, é um conceito de extensão rural se abordado pela ótica de
Novaes (1988).

QUALIFICAÇÃO

Os caracteres culturais de um indivíduo podem influenciar no seu desempenho profissional.


Castro (2003) afirma que a cultura pode refletir-se no comportamento profissional. Por isso o
treinamento de pessoas de um nível de informação baixo pode ter que tirar-lhes vícios de trabalho
e conscientizá-los da sua importância e responsabilidade no processo. Comunidades de
pescadores ou de trabalhadores rurais podem ser nichos de mão de obra, desde que os seus
habitantes que lidam com Aqüicultura tenham discernimento das singularidades da atividade e não
tragam prejuízos advindos de atitudes inspiradas em empirismos pouco úteis.
Para, McCornik (1975) apud Lakatos & Oliveira, (1997), os propósitos do treinamento são o
aperfeiçoamento do conhecimento e das habilidades do trabalho, transmissão de informações,

26
Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

modificações de atitudes. Estes devem ser adaptados para atender os propostos da Aqüicultura e
dar subsídio às melhorias nas empresas do setor.
As informações que proporcionam a aprendizagem não precisam necessariamente vir do
profissional com maior nível de conhecimento acadêmico, mas, podem decorrer de experiências
de trabalho, (LAKATOS & OLIVEIRA, 1997). Deste modo a troca de informações entre superiores
e subordinados pode ocorrer proporcionado ganho para ambos.
A gestão do conhecimento na empresa é importante para proporcionar a criação, identificação,
integração, recuperação, compartilhamento e utilização do conhecimento dentro dela,
(CHIAVENATO, 2004).Com isso a produção não fica totalmente dependente de poucos e
diminuem-se os riscos de se prejudicá-la. Além disso, não se cria a dependência de contratação
de funcionários já experientes ou treinados.
A preparação acadêmica do profissional da Aqüicultura é feita através de cursos
profissionalizantes de nível básico, técnicos de nível médio e tecnológicos ou bacharelados de
nível superior. Tendo estes cursos disciplinas voltadas a área com práticas supervisionadas,
estágios, pesquisa e desenvolvimento segundo seus parâmetros curriculares publicados no Diário
Oficial da União (DOU) ou especificamente determinados pelas instituições que os oferecem e os
supervisores do Ministério da Educação.
Infere-se então que os profissionais formados com habilidades zootécnicas, ou voltados
especificamente para Aqüicultura, são os mais preparados para exercer funções dentro dos
sistemas de produção aquícola. Estes são preparados sistematicamente para enfrentar as
situações impares da atividade usando seus conhecimentos adquiridos durante seus respectivos
cursos.

INSTITUIÇÕES E ATIVIDADES ACADÊMICAS

Algumas das instituições de ensino brasileiras já tem ou estão implantando disciplinas ou


cursos ligados a Aqüicultura. Órgãos governamentais como a SEAP/PR atualmente tem fomentado
a implantação de novos centros voltados exclusivamente ao ensino e a tecnologia aqüícola como o
Centro Tecnológico do Camarão (CTC), em implantação em Extremoz, no Rio Grande do Norte e o
do Centro de Formação em Pesca e Cultura de Cabedelo na Paraíba, SEAP (2006).
No caso do Centro Federal de Educação Tecnológica de Bambuí,(CEFET-Bambuí) em Minas
Gerais, esta instituição oferece duas disciplinas ligadas a produção de peixes (ver tabela 1). E
possui um Setor de produção de peixes funcional (ver tabela 2) que serve para atividades práticas
com estudantes.

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Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

Tabela – 1 Estudantes das disciplinas de Piscicultura 2006


CURSOS CARGA HORÁRIA NÚMERO DE AULAS PRÁTICAS
ESTUDANTES
MATRICULADOS
Zootecnia 120 horas 40 15 a 20 (horas)
(superior)
Zootecnia 120 horas 225 60 (horas)
(técnico)
Fonte: VIEIRA I. informação pessoal.(2006) CEFET-Bambuí.

Tabela – 2 – Produção do setor educacional Zootécnico Piscicultura CEFET Bambuí – média anual
2006.
PRODUTO QUANTIDADE
Alevinos 36000 unidades
peixes terminados 4500 kg
rações 72 Kg - inversão sexual, triturada
4800 Kg - peletizada
Fonte: VIEIRA I. informação pessoal.(2006) CEFET-Bambuí.
Obs. Para a engorda dos peixes parte da ração é adquirida de terceiros

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A formação dos profissionais da Aqüicultura tem um papel relevante na qualidade do produto e


na eficiência da sua produção. Pois se o objetivo é gerar recursos humanos para a atividade, eles
devem estar preparados para proporcionar lucro e crescimento aos seus empregadores.
Quando a iniciativa de se qualificar vem do próprio profissional, este pode definir seu curso ou
especialidade segundo seus princípios, condições financeiras, de mercado ou preferências
pessoais. No caso do trabalhador já em exercício é interessante um consenso entre as
necessidades da empresa e sua disposição de ser treinado. Cabe aos responsáveis pelo
empreendimento demonstrar as vantagens do treinamento para ambas as partes.
A Aqüicultura pode atrair estudantes para um ou outro dos seus ramos de atividades conforme
as perspectivas do setor ou também por tradição familiar. Mas independente do mercado de
inserção ser empresarial ou familiar, o ensino deve ser completo, imparcial e fomentar a
sustentabilidade do sistema produtivo.

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Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

BIBLIOGRAFIA CITADA

ANDRADE, H.K. de. introdução e conceituação.in: Aqüicultura Capixaba: Da produção ao


mercado. Vitória: Ecos,2006.p.29-34.
AQÜICULTURA. Curitiba: SEAP, 2006 – Disponível em:
http://www.presidencia.gov.br/estrutura_presidencia/seap/aqui/. Acesso: 12/11/2006.
BRESSAN, C. Diagnóstico da Aqüicultura Capixaba.in: ANDRADE, H.K. de. Aqüicultura
Capixaba: Da produção ao mercado. Vitória: Ecos,2006.p.35-46.
CASTAGNOLLI, N. Piscicultura intensiva e sustentável.in: valenti et al. Aqüicultura no Brasil:
Bases para um desenvolvimento sustentável. Brasília: CNPq / Ministério da Ciência e Tecnologia,
2000. p. 181-195.
CASTRO, C.A.P.de. Sociologia aplicada à administração. São Paulo: Atlas, 2003. 225p.
CHIAVENATO, I. Recursos Humanos: O capital humano das organizações. São Paulo: Atlas,
2004. 515p.
KUBITZA, F. Tanques-rede em açudes particulares: oportunidade e atenções especiais.
Panorama da Aqüicultura, Rio de Janeiro. maio/junho, 2007, v.17 n. 101p.14-21.
LAKATOS, E.M; OLIVEIRA, P.de.T. Relações Humanas no Trabalho: O Homen e a Organização
do Trabalho. In: LAKATOS, E.M. Sociologia da Administração.São Paulo: Atlas, 1997. 220 p.
NOTÍCIAS: CTC TERÁ UNIDADE DE TREINAMENTO EM CARCINICULTURA. Curitiba: SEAP,
2006 – Disponível em: http://www.presidencia.gov.br/estrutura_presidencia/ seap/noticias/
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NOTÍCIAS: SEAP INVESTE PARA VIABILIZAR ESCOLA TÉCNICA DE PESCADO EM
CABEDELO. Curitiba: SEAP, 2006 – Disponível em: http://www.presidencia.gov.br/
estrutura_presidencia /seap/ noticias/ultimas_noticias/Seap_investe_Cabedelo/.
Acesso:12/11/2006.
NOVAES, E.E. Assistência técnica e extensão rural para pequena produção. Informe
Agropecuário. Belo Horizonte: Epamig,1988. v.14 n.157. p. 42-47.
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Informe Agropecuáio. Belo Horizonte: Epamig, 2000. v21. n.203.
TEIXEIRA FILHO, A.R. A política aquícola.in: Piscicultura ao alcance de todos. São Paulo:
Nobel, 1991. 45-66.
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al. Aqüicultura no Brasil: Bases para um desenvolvimento sustentável. Brasília: CNPq / Ministério
da Ciência e Tecnologia, 2000. p. 383-398.

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Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

USO DE CORRETIVOS EM TANQUES DE PISCICULTURA

Freitas1, Fernanda Mara Cunha; Noronha1, Cássio Roberto Silva, Noronha1, Cássia Maria Silva

RESUMO
O uso de corretivos em tanques de piscicultura tem a finalidade de alterar os valores do pH da
água do tanque. Assim como na agricultura, a água da piscicultura deve possuir valores de pH
ótimos para o desenvolvimento dos organismos aquáticos (fitoplancton e zooplancton) nela
presentes e dos próprios peixes. Esta correção também pode assumir funções de expurgo,
desinfecção ou mesmo de correção do solo do tanque para o desenvolvimento adequado de
vegetação aquática submersa. Os produtos recomendados nesta operação são o calcário
agrícola (dolomítico ou calcítico), a cal virgem e a cal hidratada. Sendo os dois últimos apenas
recomendados para tanques ainda sem peixes.

PALAVRAS-CHAVE
Calagem, calcário, cal virgem, cal hidratada, piscicultura.
1
Professores do Centro Federal de Educação Tecnológica de Bambuí – CEFET- BAMBUÍ,
Rodovia Bambuí/Medeiros, km 37, Zona Rural. CEP: 39.800.000. CAIXA POSTAL 05, Bambuí
– Minas Gerais. Fone: (037) 3431-4900

INTRODUÇÃO

Os organismos aquáticos, sejam vegetais e animais, vivem em simbiose. As plantas têm


importante função de absorção de gás carbônico dissolvido na água que é tóxico aos peixes e
na alimentação e proteção das larvas, alevinos, sombreamento e diminuição da evaporação e
sustentação aos ovos de algumas espécies de peixes (MACHADO, 1917).
Segundo Teixeira Filho (1991) a cobertura vegetal flutuante, tem que ter área mínima de
1/10 e no máximo de 1/4 da superfície total do tanque.
A produção de plâncton, principalmente o fitoplâncton depende dos nutrientes orgânicos e
inorgânicos que podem ser aumentados ou diminuídos através de técnicas de fertilização
(FURTADO, 1995) e calagem (CASTAGNOLLI, 1992).
Uma economia no fornecimento da ração é a principal motivação para o aumento da
produção primária nos tanques, providenciando para isso a calagem e adubação (TEIXEIRA
FILHO, 1991).

CALAGEM
Segundo Castagnolli (1992), a calagem é uma prática tão necessária para a piscicultura
como para agricultura. Em tanques de piscicultura, também tem a finalidade de corrigir a
acidez do meio de cultivo, a água. Para isso, necessita-se de uma análise para se obter o pH
da água e do solo do viveiro (TEIXEIRA FILHO & SOUSA, 1985).
A aplicação de um corretivo, além de elevar o pH, aumenta também o teor de alcalinidade
e a dureza da água, tornado-a mais propícia ao desenvolvimento de microorganismos e dos

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Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

peixes (CASTAGNOLLI, 1992) e aumenta à eficiência da adubação. Em tanques alcalinos a


produção de plâncton e mais abundante (TEIXEIRA FILHO, 1991).
Boyd, em 1976, citado por Castagnolli, 1992, realizou um estudo, em solos do Estado de
Alabama – USA, classificando-os em quatro grupos em função da dureza total antes da
calagem (que equivale a meq g de CaCO3 dissolvido em água) e de sua textura (arenoso até
argiloso) e após estimar as necessidades de calagem para o solo ao fundo dos tanques e de
sua efetiva aplicação, observou os teores de dureza, aos seis meses após a calagem. E
observou que com efeito de uma simples calagem, já é suficiente para melhorar a
produtividade primária dos viveiros e permitiu a elaboração de uma tabela de necessidade de
calagem de viveiros de criação de peixes do Estado do Alabama (CASTAGNOLLI, 1992).

Tabela 01: Dureza antes e após a calagem de tanques do Estado do Alabama (U.S.A.)
DUREZA DOSES DE CALCÁRIO (kg) DUREZA
TANQUE
ANTES (meq g DEPOIS
GRUPO ESTIMADA APLICADA
CaCO3) (meq g CaCO3)
14,6 1.210 1.120 20,4
I 10,6 1.210 1.120 19,0
11,8 600 1.120 27,8
11,4 2.720 2.800 21,4
II 11,8 2.690 2.800 26,2
--- 2.420 2.420 32,8
11,6 4.540 4.480 41,0
III 13,2 4.540 4.480 32,0
11,2 5.060 5.600 32,4
8,8 8.330 7.840 39,8
IV 11,8 8.330 7.840 41,4
--- 8.330 7.840 37,8
Fonte: Boyd, 1976 citado por Castagnolli, 1992.
Para aumentar a dureza da água, utiliza-se calcário calcítico (CaCO3) ou dolomítico [CaMg
(CO3)2], mas indicado por possuir tanto cálcio como magnésio (BALDISSEROTTO & RADÜNZ
NETO, 2004).
Segundo Castagnolli, 1992, a orientação geral para o Estado de São Paulo está entre 500
a 1.000 kg de calcário em solos areno-argilosos, para que o pH no fundo dos viveiros variar
entre 6,0 e 5,0, respectivamente. Já Baldisserotto & Radünz Neto, 2004, indicam que a
calagem depende do pH da água e do tipo de solo da região, sendo para solos argilosos com
pH em torno de 6,1 – 6,5 devem adicionar 1.790 kg CaCO3 e quando o pH for de 5,6 – 6,0
adiciona-se 3.580kg CaCO3/ha, aumentando o pH em torno de 7,0 – 8,0.
Teixeira Filho & Sousa (1985), indicam vários compostos, chamados de cálcicos como o
pó calcário e terra calcária, utilizados para neutralizar a acidez da água ou quando utilizar a cal
virgem, que pode ser prejudicial aos peixes.
A cal hidratada, usada na calagem de viveiros lamacentos, tem como segunda finalidade a
desinfecção de tanques, eliminando parasitas ou enfermidades dos peixes (TEIXEIRA FILHO

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Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

& SOUSA, 1985). Segundo Kubitza (1997), deve-se evitar a aplicação de doses elevadas em
viveiros com peixes, devido a sua alta solubilidade e rápido efeito na elevação do pH da água,
recomendado para utilização no fundo de tanques e viveiros deve-se esperar de uma a duas
semanas após aplicação, para estocar os peixes.
Teixeira Filho & Sousa (1985) relatam que a cal virgem ou cal viva que pode ser moída,
utilizada para a produção de cal hidratada e em torrões que precipita o excesso de matéria
orgânica em suspensão na água e Kubitza (1997), alerta que todos os cuidados com a cal
hidratada devem ser recolocados a cal virgem, pois este composto tem ação cáustica, sendo
tóxico até para a pessoa que irá distribuí-lo no tanque.
Já o próprio Teixeira Filho, 1991, em obra mais recente, indica o uso de calcário dolomítico
para a correção de tanques vazios ou em construção e no caso de tanques cheios, faz-se
necessário à medição do pH da água e a correção pode ocorrer de acordo com a tabela 02. Os
calcários agrícolas, são os mais utilizados devido ao preço e à boa disponibilidade no mercado,
apresenta também lenta reação na água, com suave elevação do pH, sendo então seguro para
aplicação em tanques e viveiros com peixes (KUBITZA, 1997).
Tabela 02: Correção do pH da água.
pH Cal hidratada (kg/ha)
3,0 a 4,0 8.000
4,0 a 5,0 5.000
5,0 a 6,0 2.000
6,0 a 7,0 1.000
Fonte: Teixeira Filho, 1991
Já Kubitza, 1997, indica que a quantidade de corretivo a ser aplicada, depende do tipo do
material, suas características físicas como pureza, textura e também da acidez a ser
neutralizada. Recomenda-se retirar uma mistura de solo do fundo do tanque e mistura-la a
água destilada na proporção 1:1 (100 g de solo em 100 g de água) e avaliar o pH desta,
indicando as seguintes doses (tabela 03).
Tabela 03: Dose de corretivo pelo valor de pH da mistura solo : água destilada.
pH da mistura Dose Inicial (kg/1.000m2)
solo : água
Calcário Agrícola Cal Hidratada Cal Virgem
(1:1)
Menor que 5 300 220 170
5a6 200 150 110
6a7 100 75 55
Fonte:Kubitza,1997.

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Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

MÉTODOS DE CALAGEM
Calagem da massa de água do tanque
Utilizada com a finalidade de fazer uma desinfecção do tanque, tratando possíveis
enfermidades e precipitando substancias orgânicas excessivas (TEIXEIRA FILHO & SOUSA,
1985). Doses de 200 kg/1.000 m2 de cal virgem, foram recomendadas por fabricantes e
distribuidores, preconizando o controle de parasitas com Lernaea, causando aumento na
mortandade dos peixes e agravando a toxidez dos peixes por amônia.
A calagem da massa de água pode ocorrer em tanques povoados ou não, em tanques em
que irá introduzir o estoque de peixes, segundo Proença & Bittencourt (1994), deve ser feita de
duas a três semanas antes da introdução dos peixes ou da adição de fertilizantes químicos ou
orgânicos.
Quando utilizamos águas pobres em cálcio, devemos acompanhar as variações do pH, ao
observar pH da água entre 3,0 a 4,0, deve–se fazer uma calagem com cal hidratada que
elevará o pH rapidamente, caso no pH esteja entre 4,0 a 6,5 é indicado fazer uma calagem
com calcário agrícola e adubos acidificantes e com pH entre 8,5 e 10,0, empregar adubos
acidificantes, sendo que a fonte de nitrogênio é o sulfato de amônia (TEIXEIRA FILHO &
SOUSA, 1985)
Em tanques com a população de peixes pré-existente, a calagem deve ser segundo
Kubitza, 1997, conforme tabela 03, e em função do pH do lodo, verificando duas semanas
após a aplicação os níveis de alcalinidade total da água. O autor ainda indica que para
alcalinidade inferior a 30mg de CaCO3/L, aplica-se novamente mais 50 a 100 kg/1.000m 2 de
calcário agrícola.
Deve-se evitar o uso de cal virgem e hidratada em tanques com peixes, devido à rápida
elevação do pH, mas na falta do calcário agrícola, a cal virgem e a cal hidratada poderão ser
utilizadas na dose máxima de 10 kg/1.000m2/dia, doses de 20 kg/1.000m2/dia ainda são
recomendadas para controle de Lernaea, mas sendo pouco provável o controle deste parasita
com essa dosagem de produto (KUBITZA, 1997).

Calagem do fundo do tanque ou do viveiro:


Utilizada para corrigir a fertilidade do solo no fundo do tanque, suas reservas alcalinas e
controle dos parasitos da piscicultura (TEIXEIRA FILHO & SOUSA, 1985). Esta correção pode
ocorrer na construção do viveiro ou tanque ou quando este for esvaziado.
Proença & Bittencourt, 1994, destacam a necessidade de se averiguar a qualidade e o pH
da água que abastece a piscicultura. Normalmente os valores de pH da água que abastece a
piscicultura são superiores as do solo dos tanques. Para tal é necessário se realizar uma
média ponderada entre os valores do solo e da água na medida de 3:1, para se realizar os

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Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

cálculos do pH final da água. Sendo este resultado usado no cálculo da necessidade de


correção.

CONCLUSÃO
O uso de corretivos em tanques de piscicultura é fundamental para alterar os valores do
pH da água do tanque. Funções como a de expurgo, desinfecção ou mesmo de correção do
solo do tanque para o desenvolvimento adequado de vegetação aquática submersa não são
apenas funções secundárias e sim de extrema importância na atividade.

BIBLIOGRAFIA CITADA

BALDISSEROTTO, Bernardo & RADÜNZ NETO, João. Criação de Jundiá. Santa Maria, RS:
Ed. UFSM, 2004. 233p. Ilustrado.
CASTAGNOLLI, Newton. Criação de peixes de água doce. Jaboticabal, SP: FUNEP, 1992.
189p.
FURTADO, José Francisco Rodrigues. Piscicultura: uma alternativa rentável. Guaíba, RS:
Livr. Ed. Agropecuária Ltda., 1995. 180p.
KUBITZA, Fernando. Sistemas de pesca recreativa. 2ª ed. Cuiabá, MT: SEBRAE, 1997. 79p.
Coleção Agroindústria; v.9.
MACHADO, Cirilo Eduardo de Mafra. Criação prática de peixes: Carpa, Apaiari, Tucunaré,
Peixe-Rei, “Black-Bass” e Tilápia. São Paulo, SP: Livr. Nobel, 1917. 120p. ilustrado.
PROENÇA, Carlos Eduardo Martins de & BITTENCOURT, Paulo Roberto Leal. Manual de
piscicultura tropical. Brasília, DF: IBAMA, 1994. 196p., Ilustrado
TEIXEIRA FILHO, Alcides Ribeiro. Piscicultura ao alcance de todos. 2ª edição. São Paulo,
SP: Livr. Nobel, 1991. 212p.
TEIXEIRA FILHO, Alcides Ribeiro & SOUSA, Eduinetty Ceci Pereira Moreira de. Piscicultura
fundamental. 3ª edição. São Paulo, SP: Ed. Nobel, 1985. 88p.

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Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

Parte 2 – Textos das palestras

BIOSSEGURIDADE EM PISCICULTURA

Lima, Luciene C.1

Resumo

No processo de produção de peixes, o controle da qualidade de água, dos manejos e da ação de


agentes patogênicos permite evitar enfermidades que causam impactos econômicos e ambientais
negativos. Peixes saudáveis alcançam ótimo desempenho zootécnico e transformam-se em
produtos de boa qualidade, rentabilidade e proteção do consumidor. A biosseguridade é, portanto,
determinante ao sucesso da piscicultura comercial.

Palavras chave

Sanidade, peixes, impacto ambiental


1
Médica Veterinária, pesquisadora e consultora em Aquacultura /Ictiossanidade

Biosseguridade é o conjunto de medidas essenciais à prevenção, controle e erradicação de


doenças infecciosas, bem como à preservação da saúde humana, animal, e do ambiente. A
importância da biosseguridade aumenta em piscicultura à medida que a atividade se expande
mundialmente e torna-se cada vez mais intensiva.
Para que um programa de biosseguridade seja efetivo, seus procedimentos precisam ser bem
entendidos e executados por todas as pessoas envolvidas na cadeia produtiva, isto é, os
produtores, técnicos, tratadores, processadores, comerciantes e até mesmo os consumidores. Já
que a sanidade dos animais aquáticos é uma preocupação comum, a adoção da biosseguridade
por cada um desses individuos significa ganhos coletivos.
O programa de biosseguridade de uma piscicultura deve ser orientado por um técnico
habilitado, com base no Programa Nacional e de acordo com os órgãos oficiais regionais. À cada
propriedade cabe a tarefa de informar-se sobre as leis que regulamentam a atividade, a
necessidade de certificações e testes sanitários, bem como de outras obrigações que objetivam
manter as populações saudáveis, em escala nacional.
Em sistemas de produção de peixes enfermidades é assunto complexo, por isso programas de
prevenção e controle constituem-se na melhor profilaxia. Não há como desvincular a saúde do
peixe do ambiente em que é produzido, especialmente das características físico-químicas da água.
Assim, a manutenção da qualidade da água é um dos aspectos mais importantes em piscicultura,
condição fundamental para obtenção de peixes saudáveis. Alimentação de qualidade e bem
dosada também tem papel importante na conservação da qualidade da água. Sobras de ração
transformam-se em resíduos tóxicos, com conseqüências trágicas para peixes. O tratamento de
efluentes é igualmente relevante, já que resíduos de piscicultura são fontes potenciais de poluição
e de transmissão de patógenos entre corpos d´agua.
Para que agentes infecciosos não sejam introduzidos nas propriedades com a aquisição de
novos estoques, é importante comprar alevinos de boa qualidade, de procedência conhecida. A
quarentena deve não só constar como item obrigatório no programa de biosseguridade, mas deve
tornar-se um hábito na rotina das pisciculturas. A condição sanitária dos peixes deve ser
monitorada não somente no período de quarentena mas a intervalos regulares ao longo do ciclo de
produção. A vacinação é outro importante método de prevenção em piscicultura, o qual considera
características fisiológicas da espécie-alvo e aspectos epidemiológicos de cada região.

35
Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

Limpeza e desinfecção, controle de tráfego e restrição de acesso à propriedade são,


adicionalmente, medidas importantes de biosseguridade e precisam ser consistentes. Anotações
completas sobre qualidade da água, densidades de estocagem, histórico de enfermidades,
diagnósticos e tratamentos dos lotes auxiliam na avaliação da condição sanitária dos estoques e
na tomada de decisões.
É quase impossível determinar os benefícios de um programa de biosseguridade quando
produtores relutam em adotar medidas que julgam ser um “rombo” para seu bolso. No entanto, o
surto de doença, além de causar conseqüências econômico-ambientais desastrosas localmente,
pode também levar a impactos em outras partes do mundo. Biosseguridade é assunto sério em
piscicultura. É importante pensar globalmente, sobretudo porque padrões internacionais para
prevenção, diagnóstico e relatórios de ocorrência de doenças estão sendo paulatinamente
adotados por aqueles que se dispõem a produzir peixes comercial e sustentavelmente

36
Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DE ALIMENTOS PARA PEIXES


1
Teixeira , Edgar de Alencar
1
Médico Veterinário, Doutor em Zootecnia / Nutrição Animal, Prof. Substituto de Aquacultura da
Escola de Veterinária da UFMG

INTRODUÇÃO
O Brasil apresenta um grande potencial para o desenvolvimento da aqüicultura. Formado por
8.400 km de costa marítima e 5.500.000 hectares em reservatórios de águas doces, o país
comporta aproximadamente 12% da água doce disponível no planeta (SECRETARIA ESPECIAL
DE AQÜICULTURA E PESCA - SEAP, 2007). A disponibilidade de recursos hídricos, o clima
extremamente favorável, a mão-de-obra abundante e a crescente demanda por pescado no
mercado interno têm contribuído para impulsionar a atividade. Nesse contexto, a produção
pesqueira nacional, em 2005, foi em torno de 1,1 milhão de toneladas, sendo 750 mil provenientes
da pesca e 260 mil da aquacultura (KUBITZA, 2007).
O Brasil já ocupa posição de destaque na produção de algumas “commodities” da aquacultura
mundial. Dentre os países latino-americanos, o Brasil foi o segundo maior produtor de pescado
cultivado em 2005, atrás do Chile que produziu 714 mil toneladas. Foi o maior produtor de tilápias,
à frente de Honduras e Colômbia, ambos com cerca de 28 mil toneladas, e do Equador com 22 mil
toneladas; e o segundo maior produtor de camarão marinho, atrás do México que produziu 72 mil
toneladas em 2005 (KUBITZA, 2007).
A aqüicultura brasileira cresce a passos largos, beneficiada por todas as características
naturais, geração e difusão de tecnologia, disponibilidade de insumos e oportunidades de mercado
(KUBITZA, 2007). Na última década, essa atividade cresceu em média 23,8% ao ano, enquanto a
aqüicultura mundial 10,2% (Food and Agriculture Organization - FAO, 2007). Alguns setores, como
o da carcinicultura marinha e o da ostreicultura, chegaram a ampliar suas produções em mais de
50 % de 2000 para 2001 (SEAP, 2007).
Segundo os dados da FAO, que são baseados nos dados oficiais providos pelo governo dos
países (no caso do Brasil, as estimativas da pesca e aqüicultura têm sido elaboradas pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais - IBAMA), entre 2000 e 2005, a produção
nacional de tilápias dobrou e a de camarão marinho praticamente triplicou. A tilápia, o camarão
marinho, os caracídeos (em particular, os peixes redondos) e as carpas somaram 87% da
produção da aqüicultura nacional em 2005 (KUBITZA, 2007).
Esse crescimento deve-se, principalmente à organização do setor produtivo tornando-o
profissional. Encarar a piscicultura como atividade zootécnica, a qual visa primordialmente o lucro,
exige que a atividade seja economicamente atrativa. Além disso, hoje para qualquer atividade
produtiva é essencial que se possa produzir com menor impacto ambiental possível.
Nesse cenário, a nutrição e alimentação assumem importante papel na aquacultura, uma vez
que o principal componente dos custos de produção está relacionado a este ponto. Outrossim, é a
participação decisiva da alimentação no aporte de nutrientes às coleções de água, visto que são as
dietas utilizadas que determinam a quantidade de matéria orgânica e nutrientes, principalmente
compostos nitrogenados e fósforo, lançados ao ambiente. Portanto a avaliação de alimentos com o
objetivo de se conhecer o real potencial de utilização destes para cada peixe e o real
conhecimento das exigências nutricionais das diferentes espécies e fases de produção, são
informações fundamentais para que se produzir comercialmente uma espécie.

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Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

REVISÃO DA LITERATURA

A avaliação de alimentos para peixes, assim como para outros animais, passa, inicialmente,
pela determinação da composição químico-bromatológica destes. Nessa etapa preliminar são
utilizadas as metodologias tradicionais para a determinação da energia e dos nutrientes segundo
(AOAC, 2005), além das determinações de vitaminas e aminoácidos por cromatografia.
Ainda preliminarmente, é fundamental conhecer o potencial de toxidez e a presença de
fatores antinutricionais nos alimentos para a espécie e fase de vida a serem trabalhadas.
É importante considerar, também, a espécie alvo da investigação bem como seu hábito
alimentar (carnívoro, onívoro e herbívoro) e suas particularidades morfofisiológicas; por exemplo:
posicionamento da boca, capacidade de apreensão do alimento e funcionalidade dos cecos.
Após estas etapas preliminares pode-se passar à determinação da digestibilidade dos
nutrientes e da energia do alimento. Para Hiquera (1987), (citado por SALLUN et al., 2002), o valor
nutritivo de um alimento depende não somente de seu conteúdo em nutrientes, mas também da
capacidade do animal para digerir e absorver esses nutrientes, a qual varia em função da espécie,
condições ambientais, quantidade e qualidade do nutriente, proporção relativa a outros nutrientes,
processos tecnológicos, entre outros. Assim, a digestibilidade descreve a fração do nutriente ou da
energia do alimento ingerido, a qual não é excretada nas fezes (NRC, 1993).
A determinação da digestibilidade dos nutrientes presentes em alimentos comumente
utilizados na elaboração de dietas para peixes é de fundamental importância para a melhoria da
sua eficiência alimentar. Em peixes, esses estudos são relativamente recentes, tendo adquirido
maior volume a partir da década de 1960 (SALLUN et al., 2002). Recentemente, destacam-se os
trabalhos de Hajen et al. (1993b), Yamamoto et al. (1997) e Sugiura et al. (1998) com salmonídeos,
Wilson e Poe (1985) e Khan (1994) com bagres, Degani et al. (1997) e Erfanullah-Jafri (1998) com
carpas, e Hanley (1987) e Fagbenro (1998) com tilápias. De maneira geral, os trabalhos têm
demonstrado baixa eficiência no uso da energia dos alimentos de origem vegetal (FURUYA et al.,
2001).
Embora exista bastante conhecimento no campo da nutrição para algumas espécies exóticas,
no Brasil, são poucos os trabalhos com as espécies nativas. Conseqüentemente, inexistem tabelas
para confecção de rações para peixes como encontram-se para outro animais de produção, como
aves e suínos (SALLUN et al., 2002).

. Métodos “In vitro”


Devido à facilidade e rapidez na determinação da digestibilidade dos diferentes alimentos por
métodos in vitro, estes tem recebido considerável atenção nas investigações (DIMES e HAARD,
1994). Eid e Matty (1989) ressaltaram que, em métodos in vitro, a combinação e quantidade
correta de enzimas proteolíticas, pH ótimo, tempo e temperatura de incubação adequados são
necessários para o sucesso da determinação.
Enzimas comerciais como pepsina, tripsina e quimiotripsina têm sido utilizadas em ensaios
desta natureza (HSU et al., 1977; SATERLEE et al., 1979; LAZO et al., 1998). Do mesmo modo,
diferentes trabalhos relatam o uso de enzimas digestivas extraídas da espécie estudada
(GRABNER,1985; DONG et al., 1993; DIMES et al., 1994a,b; CARTER et al., 1999).
Devido à grande dificuldade de padronização destas técnicas, elas não são rotineiramente
utilizadas em peixes e os trabalhos disponíveis na literatura são inconsistentes e de difícil
repetibilidade. Segundo Chong et al. (2002), as diferentes metodologias de determinação in vitro
são variáveis quanto à eficiência na determinação da digestibilidade.

Métodos “In vivo”


Os métodos para determinação de digestibilidade em animais aquáticos diferem daqueles
aplicados para aves e suínos, principalmente em relação à coleta de fezes (SAKOMURA e
ROSTAGNO, 2007).
Em peixes, os métodos in vivo usando indicadores inertes são os mais utilizados (AUSTRENG,
1978; HAJEN et al., 1993b) e a técnica comumente escolhida é a de substituição do alimento
testado numa ração referência descrita por Matterson et al. (1965).

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Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

Alguns autores se destacam na avaliação do método de substituição em peixes como: Aksnes


et al. (1996), Aksnes e Opstvedt (1998) e Sales e Britz (2002). Esses autores apontam o referido
método como adequado para peixes.

Tipos de dietas
Podem ser utilizadas dietas purificadas, nas quais se escolhem ingredientes bem conhecidos e
padronizados como a albumina, caseína, amido, sacarina, óleos, minerais e vitaminas como
compostos puros (MAYNARD e LOOSLI, 1974). Tais dietas possibilitam a inclusão ou retirada de
um dado nutriente com interferência mínima nos outros nutrientes (MAYNARD e LOOSLI, 1974).
Esta é a opção mais comum quando o objetivo é avaliar a digestibilidade dos aminoácidos para
peixes.
As críticas às dietas purificadas estão relacionadas ao fato de que, em dietas comerciais, com
seus diferentes ingredientes, existe efeito associativo entre os nutrientes dos alimentos e, nas
purificadas, esse efeito é perdido. Tal fato levaria a uma mudança, mesmo que discreta, na
digestibilidade dos nutrientes assim determinadas. Além disso, os ingredientes destas dietas não
podem ser considerados absolutamente puros (MAYNARD e LOOSLI,1974).
Para se obter dietas purificadas realmente eficazes para cada espécie diferente, é preciso
conhecer todas as exigências nutricionais da espécie alvo – o que não é ainda uma realidade para
diversas espécies (MAYNARD e LOOSLI, 1974), principalmente as nativas.
Também são usadas dietas semi-purificadas, as quais são formuladas com ingredientes
purificados e ingredientes sabidamente deficientes em algum nutriente. O exemplo clássico são os
glutens, que são conhecidamente deficientes em lisina.
No entanto, a maioria das investigações é feita com dietas referência formuladas com
ingredientes comumente empregados na alimentação de peixes.

Confecção das dietas experimentais


As dietas referência devem atender às exigências nutricionais para a espécie estudada
(SAKOMURA e ROSTAGNO, 2007) e as teste devem conter os mesmos níveis de micro-nutrientes
que a referência. Portanto, seja qual for o nível de inclusão do alimento testado, esse deve
substituir a fração macro-ingrediente da ração.
A incorporação de indicadores externos deve ser efetuada de forma a garantir sua estabilidade
na água. Por isso, o mais indicado é que se incorpore o indicador aos micro-ingredientes ou às
misturas vitamínico-minerais e depois misture aos outros ingredientes antes da peletização ou
extrusão. Furuya et al. (2001) e Pezato et al. (2004) descrevem em seus trabalhos a incorporação
de óxido crômico nas dietas experimentais dando detalhes, inclusive, do processamento.
O tipo de processamento deve ser definido em função da espécie estudada, considerando o
hábito alimentar (fundo, coluna d’água ou superfície) ou treinamento prévio dos animais.
Felizmente, a maioria das espécies é facilmente condicionada à alimentação na superfície.
Entretanto, a extrusão facilita o acompanhamento experimental por ser mais prático e rápido
verificar o consumo e coletar as sobras na superfície da água. Sempre que for possível
(disponibilidade de extrusora), deve-se fazer a opção por dietas extrusadas, pois, no Brasil, a
maioria das rações comerciais para peixes passa por esse tipo de processamento. Como a
extrusão interfere consideravelmente na digestibilidade dos nutrientes e da energia, os dados
obtidos em pesquisas serão mais aplicáveis se esse tipo de processo for aplicado.
Sobretudo, a forma de confecção escolhida deve proporcionar uma boa estabilidade física ao
grânulo para que não ocorram perdas dos indicadores, nutrientes e energia por lixiviação na água.

. Níveis de substituição
O ideal seria avaliar cada alimento em diferentes níveis de substituição na dieta referência de
forma a abranger desde quantidades sub ótimas até super ótimas. Assim, seria possível obter
equações que pudessem predizer a digestibilidade da energia e dos nutrientes em qualquer
porcentagem de inclusão.
Quando isso não é possível faz-se necessário estabelecer qual nível de inclusão deve ser
adotado para cada situação. Essa determinação deve ser feita em função de diferentes fatores,
tais como:

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Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

- porcentagem de proteína da dieta referência e a natureza do alimento (protéico ou


energético). As dietas teste, se possível, devem manter os níveis de proteína e energia não muito
distantes dos encontrados na dieta referência. Entretanto, variações dessa natureza são
inevitáveis;
- quantidade de amido e o hábito alimentar do peixe (em animais carnívoros, o amido em
excesso pode causar lesões à mucosa intestinal, reduzir a digestibilidade de outros nutrientes ou,
simplesmente, reduzir a palatabilidade da dieta);
- toxidez do alimento;
- fatores anti-nutricionais;
- níveis práticos de inclusão, considerados a partir da disponibilidade e custo;
- palatabilidade (alimentos pouco palatáveis ou que possam causar repulsa devem ser
incluídos em quantidades pequenas para não deprimir o consumo);
A porcentagem de substituição do alimento na dieta referência também afeta a precisão dos
valores de digestibilidade determinados (SIBBALD e PRICE, 1975). Segundo Leeson e Summers
(2001), o erro de determinação da dieta-teste é multiplicado por um fator dividido pela porcentagem
de substituição no cálculo da digestibilidade do alimento.
À medida que se reduz o nível de inclusão do alimento teste na ração referência ocorre
aumento dos desvios padrão. Geralmente, a porcentagem de substituição é de 30 ou 40%. No
caso de testes de óleos, substitui-se 7 a 12 % e, para compensar, deve-se aumentar o número de
repetições (SAKOMURA e ROSTAGNO, 2007).

Colheita total de fezes x utilização de indicadores fecais


O método de colheita total baseia-se no princípio de mensurar o total de alimento consumido e
o total de fezes produzidas durante um certo período de tempo (SAKOMURA e ROSTAGNO,
2007).
Vários critérios têm sido utilizados em animais terrestres para definir o início e o término das
coletas. O estabelecimento do mesmo horário para iniciar e terminar as coletas baseia-se no fato
de que parte das excretas que estavam no trato digestivo, no início, são compensados pelas
perdas no final da coleta. Outra maneira é o uso de marcador, por exemplo, 1% de óxido férrico
(vermelho) nas dietas no primeiro e no último dia de coleta para marcar o início e o final do período
de coleta.
A colheita total de fezes em peixes se torna mais complicada do que em animais terrestres
devido ao ambiente aquático. Poucos são os trabalhos publicados que descrevem esse método
para peixes. O método direto é descrito por alguns autores, como sendo trabalhoso e impreciso
(NOSE, 1960; DE SILVA, 1985; NUNES, 1996). Mais recentemente, Vidal Jr. et al. (2004)
compararam o método direto ao uso de diferentes indicadores em tambaquis (Colossoma
macropomum) e concluíram que a técnica de colheita total foi eficiente para estimar os coeficientes
de digestibilidade dos alimentos.
A determinação precisa do consumo também é dificultada, sobretudo, quando as dietas
experimentais não são extrusadas e, por isso, afundam.
Como alternativa faz-se o uso de indicadores, sejam eles internos ou externos. Indicadores são
compostos usados para monitorar aspectos químicos (como hidrólise e síntese de compostos) e
físicos da digestão (como a taxa de passagem) (SILVA e LEÃO, 1979), promovendo estimativas
quantitativas da fisiologia animal (SALIBA, 1998).
Entre as principais vantagens da utilização de indicadores pode-se citar que não é necessário
a mensuração do consumo de ração e do total de excretas produzidas. Entretanto, para que se
obtenha bons resultados com a utilização de indicadores, é necessário que estes estejam
uniformemente misturados à ração e sejam padronizadas as análises químicas para determinar a
sua concentração nas rações e fezes em diferentes laboratórios (SIBBALD, 1987).
A escolha adequada do indicador é o ponto de partida para o sucesso de sua utilização.
Considera-se que um bom indicador deve: ser inerte e atóxico; de preferência, ocorrer
naturalmente no alimento; ser absolutamente indigerível e inabsorvível; não apresentar função
fisiológica; poder ser processado com o alimento; misturar-se bem ao alimento e permanecer
uniformemente distribuído na digesta; ter total recuperação nas fezes; não influenciar ou ser
influenciado pelas secreções intestinais, absorção, motilidade, nem pela microbiota intestinal;
possuir método específico e sensível de determinação (SILVA e LEÃO, 1979; SALIBA, 1998).

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Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

Nenhum dos indicadores propostos até hoje pode ser considerado ideal, pois não atendem a
todos os critérios. Entretanto, o grau tolerável de erro difere de acordo com a variável medida
(OWENS e HANSON, 1992).
Existem diversos artigos comparando diferentes indicadores na determinação dos coeficientes
de digestibilidade aparente de alimentos para peixes. Vidal Jr. et al. (2004) compararam óxido
crômico, carbonato de bário (indicadores externos), cinzas insolúveis em ácido clorídrico, cinzas
insolúveis em detergente ácido, fibra bruta e fibra em detergente ácido (indicadores internos) como
indicadores na determinação da digestibilidade de alimentos para tambaqui. Esses autores
concluíram que o óxido crômico e o carbonato de bário foram efetivos como indicadores externos,
que a fibra brota e a fibra em detergente ácido não estimaram de forma consistente a
digestibilidade dos alimentos e que as cinzas insolúveis em ácido clorídrico e em detergente ácido
foram eficientes quando presentes no alimento acima de 3,8 e 3,1%, respectivamente.
Outros autores como Vandenberg e La Noüe (2001) e Storebakken, et al. (1998) compararam
diferentes indicadores como cinzas insolúveis e dióxido de titanium com o óxido crômico em trutas
e não apontaram diferenças nos resultados.
O óxido crômico tem sido o indicador externo mais utilizado; entretanto, existem algumas
críticas ao seu uso. Segundo Curran et al. (1967), esse indicador proporciona baixa recuperação
em função da variabilidade dos resultados ocasionados pela metodologia de análise. Urbinati et al.
(1998) apontam aumento na eficiência da utilização dos carboidratos quando se usa esse
indicador. Segundo Liang e Shiau (1995), o óxido crômico pode ser absorvido em pequenas
concentrações e, em casos mais raros, pode causar intoxicações com lesões branquiais e
testiculares, produção excessiva de muco e aumento de lactato no sangue (NATH e KUMAR,
1987, 1988). Além disso, o fato de ser carcinogênico também é uma desvantagem do uso do óxido
crômico como indicador (PEDDIE et al., 1982).
Outros indicadores externos, principalmente óxidos de metais trivalentes, têm sido utilizados
em ensaios de digestibilidade com peixes, destacando-se o itrio (Y), o itérbio (Yb), o disprósio (DY)
e o lantânio (La) (AUSTRENG et al., 2000; NORDRUM et al., 2000). Outros compostos também
foram usados como ferrito de magnésio (ELLIS e SMITH, 1984) e carbonato de bário (RICHE et al.,
1995).
Lopes et al. (2007) compararam o LIPE® (lignina purificada e enriquecida) com o óxido cômico
na determinação da digestibilidade de alimentos para tilápia (Oreochromis spp). O LIPE® mostrou-
se eficiente como indicador quando comparado ao óxido crômico.
Normalmente, o fornecimento desses indicadores aos peixes é através da incorporação deste
na dieta em níveis que podem variar de 0,01 a 1% da dieta (o mais comum é de 0,1 a 0,5%) em
função do consumo esperado.

. Métodos para colheita de fezes


Para todas as formas de coleta discutidas a seguir, é necessário garantir que o consumo de
alimento seja normal e conhecer a taxa de passagem da dieta para o peixe trabalhado nas
condições experimentais impostas a ele, principalmente a temperatura da água.
Diferentes estratégias podem ser adotadas; as mais comuns são:
- alimentação fracionada em curtos intervalos (2 em 2 ou 4 em 4 horas) com coletas de fezes
realizadas alguns minutos após a alimentação, aproveitando-se do estímulo mecânico à
defecação.
- alimentação fracionada ao longo de um período estabelecido, por exemplo: às 08:00 e às
18:00 horas, com as coletas realizadas após o término da alimentação com intervalos curtos entre
colheitas.
- alimentação apenas uma vez ao dia, quando os animais terão maior voracidade com
conseqüente aumento momentâneo do consumo. Essa estratégia proporciona maior produção
fecal num período mais curto, podendo em alguns casos facilitar o trabalho de coleta.
A escolha da estratégia alimentar deve ser norteada pela espécie estudada (docilidade,
estresse ao manejo, adaptação e hábito alimentar) e, principalmente, pela metodologia eleita para
a coleta de fezes.
As fezes podem ser coletadas na água de diferentes maneiras: por sifonagem dos tanques,
mecanizada (separação por peneiras de forma contínua) e em tanques de metabolismo com fundo

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Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

inclinado e coletor de fezes por decantação (ex.: modelo de Guelf e Guelf modificado descritos por
Sakomura e Rostagno, 2007; e modelo de Guelf descrito por Hajen et al, 1993a).
O maior problema desses métodos de colheita na água está relacionado com o tempo de
permanência das fezes dentro d’água. Um tempo demasiadamente excessivo leva a perdas de
nutrientes e indicadores por lixiviação. Esse tempo pode ser variável em função das características
das fezes de cada espécie (presença de muco encapsulando as fezes), pela movimentação da
água no tanque, pela utilização de agregantes indigestíveis na dieta e pela temperatura da água.
Alguns trabalhos relatam que até 4 horas as perdas são insignificantes; entretanto para algumas
espécies esse tempo pode ser menor, até 30 minutos. Abimorad e Carneiro (2004) avaliaram o
melhor intervalo de coleta de fezes na água nos sistemas de decantação e verificaram que em
intervalos superiores a 60 minutos promoveram maiores coeficientes de digestibilidade da proteína
em relação a 30 minutos de intervalo, indicando perda de nutrientes por lixiviação.
A colheita contínua mecanizada é a que melhor resolve tal problema, contudo, é necessário
usar equipamentos e instalações de alto custo, o que inviabiliza sua utilização na maioria das
vezes.
A colheita de fezes na água se torna muito complexa na medida que se trabalha com espécies
e tanques maiores. Para esses casos, pode-se optar por métodos que envolvam a manipulação
dos peixes, por massagem na parede celomática no sentido crânio-caudal de forma a expulsar o
conteúdo intestinal ou através de sucção, utilizando-se uma seringa acoplada ao poro urogenital do
peixe. Os maiores problemas dessas metodologias são:
- estresse à manipulação: pode ser minimizado com o uso de anestésicos;
- da influência do manipulador devido a diferente emprego de força e técnica;
- do momento, de quanto tempo após a alimentação;
- do risco de expulsar conteúdo ainda não digerido.
Esse tipo de técnica pode proporcionar uma subestimação da digestibilidade dos
nutrientes, principalmente da proteína, pela contaminação das fezes com material endógeno (CHO
e SLINGER, 1979; citados por SAKOMURA e ROSTAGNO, 2007; HAJEN et al., 1993a).
Como se pode notar, ambos métodos (colheita na água e por manipulação) têm falhas e
problemas. O primeiro acaba superestimando os coeficientes de digestibilidade em função das
perdas por lixiviação; o segundo pode subestimar esses coeficientes pela possível expulsão de
conteúdo ainda não digerido (WEATHERUP e MCCRACKEN, 1998; STOREBAKKEN et al., 1998;
VANDENBERG e LA NOÜE, 2001). Portanto, cabe aos pesquisadores minimizar as interferências
desses problemas adotando critérios bem definidos para a experimentação em qualquer método
utilizado.
Existe, ainda, uma terceira possibilidade para obtenção das fezes. O abate e dissecação
intestinal, colhendo-se o conteúdo da porção final do trato digestivo (ampola retal). No entanto,
esse método também apresenta problemas como a determinação exata do local da coleta, do
volume de fezes coletado e da perda do animal, uma vez que envolve seu sacrifício
(STOREBAKKEN, et al., 1998; VANDENBERG e LA NOÜE, 2001). No trabalho de Storebakken, et
al. (1998), os autores observam não haver diferenças nos resultados obtidos através do método de
extrusão e dissecação, entretanto, chamam atenção para que a extrusão seja realizada de forma
delicada para garantir que somente o conteúdo da porção final do intestino seja coletado.
Storebakken, et al. (1998) também alertam que é preciso ter cuidado nas comparações de
digestibilidades obtidas por diferentes métodos. Esse último método é também utilizado para
estudos de digestibilidade ileal, porém o material colhido é obtido na porção do íleo no intestino
delgado.
Um problema comum a todos os métodos já mencionados é o pequeno volume de fezes
obtidos por colheita, o que leva ao prolongamento do tempo experimental e ao aumento do número
de peixes por unidade experimental.

. Digestibilidade de aminoácidos
Os peixes não possuem exigência de proteína, mas sim de aminoácidos, os quais devem estar
presentes em adequadas proporções (FURUYA et al., 2001). Ainda que exista elevada correlação
entre os valores médios de digestibilidade da proteína e aminoácidos (HOSSAIN e JAUNCEY,
1989), é importante determinar a digestibilidade individual dos aminoácidos, pois a digestibilidade

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Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

da proteína nem sempre reflete a digestibilidade de alguns aminoácidos essenciais (WILSON et al.,
1981; citado por FURUYA et al., 2001; MASUMOTO et al., 1996)
O coeficiente de digestibilidade aparente dos aminoácidos de fontes protéicas tem sido mais
determinado para peixes carnívoros. Para essas espécies, a baixa eficiência de utilização dos
aminoácidos do farelo de soja é associada ao elevado teor de carboidratos e inibidores de
proteases (KROGDAHL et al., 1994, citados por FURUYA et al., 2001), que são negativamente
relacionados com o CDA (ARNESEN et al., 1989; YAMAMOTO et al., 1997; citados por FURUYA
et al., 2001), enquanto as diferenças obtidas entre produtos de origem animal são relacionadas
com a qualidade da matéria prima e o processo empregado para sua obtenção (ALLAN et al.,
2000).
Em estudos de digestibilidade de aminoácidos para peixes é adotada a metodologia de
substituição em detrimento ao fornecimento do alimento puro. Isso ocorre, principalmente, devido à
dificuldade de se obter níveis de consumo mínimo para muitos ingredientes. A palatabilidade e
aceitação são problemas para muitas espécies, sobretudo para os peixes carnívoros.
Outra particularidade dos trabalhos realizados com peixes é a determinação apenas da
digestibilidade fecal, não considerando a funcionalidade dos cecos, quando presentes. Para as
espécies com cecos funcionais seria importante estudar a digestibilidade ideal dos aminoácidos. O
maior desafio é a colheita de conteúdo ideal, sobretudo em espécies pequenas.

. Planejamento experimental
Devido à grande variação individual existente entre peixes de uma mesma espécie, linhagem
e, até mesmo ninhada, é aconselhável que se trabalhe com vários animais por unidade
experimental. A quantidade deve ser a maior possível, respeitando-se as limitações das
instalações e do tamanho dos peixes. O aumento no número de animais por unidade experimental
reduz os desvios padrão das respostas (SAKOMURA e ROSTAGNO, 2007).
O número de repetições também deve ser grande; mesmo se a análise de variância apontar
uma necessidade de três ou quatro repetições, é aconselhável utilizar pelo menos seis.
As condições experimentais devem ser equalizadas entre os tratamentos e estas devem
envolver:
- densidade de estocagem;
- peso e idade dos peixes;
- qualidade de água (oxigênio dissolvido, pH, temperatura, série nitrogenada, fósforo, matéria
orgânica, salinidade, etc.);
- fluxo de água;
- luminosidade.
Para peixes filtradores, como as tilápias, é fundamental que a água utilizada nos ensaios de
digestibilidade não contenha plâncton para evitar interferências nos resultados.
Normalmente, as metodologias de determinação de digestibilidade para peixes enfocam a
digestibilidade fecal aparente. Entretanto, é possível obter a digestibilidade verdadeira da proteína
e aminoácidos empregando dietas livres de proteína para determinação da excreção endógena,
como descrevem Vidal Jr. et al. (2004).
É possível que para algumas espécies, principalmente carnívoras, a determinação deste fator
de correção seja dificultada pela não ingestão das dietas livre de proteínas em função da
palatabilidade.
Em estudos de digestibilidade de alimentos em peixes, de modo geral, deve-se levar em conta
as particularidades da excreção do nitrogênio. Estes organismos aminotélicos eliminam amônia por
via fecal, urinária e por difusão através das brânquias. A mensuração deste nitrogênio eliminado
pela urina e brânquias se torna metodologicamente difícil, o que deixa os dados de digestibilidade
da fração nitrogenada ainda mais distantes dos coeficientes de metabolização desta fração. Assim,
nutricionistas de peixes que precisam atribuir valores energéticos a diferentes ingredientes para a
formulação de dietas balanceadas devem empregar os valores de ED, devendo evitar os valores
de EM, pois estes têm sido obtidos por métodos suscetíveis a erros grosseiros (CHO et al., 1982).

Avaliação de alimentos através de provas de desempenho


Após o conhecimento da composição químico-bromatológica e coeficientes de digestibilidade
para o alimento avaliado, é necessário verificar o comportamento dos peixes ao se alimentarem de

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Anais da Segunda Semana de Aqüicultura do CEFET-Bambuí – 07 a 11 de Abril

dietas contendo diferentes níveis de inclusão desse alimento. Para tal deve-se montar ensaios com
dietas isonutritivas com níveis crescentes do alimento em questão. É importante fazer a análise
dos resultados em função de diferentes respostas, por exemplo:
- ganho de peso;
- conversão alimentar;
- % de gordura na carcaça;
- deposição de proteína;
- sobrevivência;
- condição (“status”) imunológica;
- características organolépticas da carne;
- coloração / aspecto;
- custo;
- potencial poluidor da dieta.
É comum este tipo de avaliação, buscando alternativas de ingredientes protéicos para a
substituição da farinha de peixes na formulação de dietas ou na busca por potenciais usos para
diferentes subprodutos da indústria agropecuária.
As metodologias de avaliação de alimentos para peixes, mesmo com suas limitações
particulares, são ferramentas imprescindíveis para a melhoria na eficiência alimentar e,
conseqüentemente, econômica dos sistemas de produção de peixes.

Exigências nutricionais
A identificação das exigências nutricionais no cultivo de organismos aquáticos é fundamental
(CASTAGNOLLI e TACHIBANA, 2003). A proteína bruta é o principal nutriente, pois dela são
extraídos os aminoácidos para a formação das proteínas musculares (PIEDRAS et al., 2006).
A alta exigência de proteínas dos peixes pode ser atribuída ao hábito alimentar, carnívoro ou
onívoro, e principalmente, à utilização preferencial dos aminoácidos em detrimento aos
carboidratos como fonte de energia (COWEY, 1975; citado por TACON, 1987). Ao contrario dos
outros animais domésticos, peixes conseguem obter mais energia metabolizável através do
catabolismo das proteínas do que dos carboidratos (TACON, 1987).
A necessidade de proteína na dieta envolve dois componentes: exigência de aminoácidos
essenciais, os quais não podem ser sintetizados a partir de outros aminoácidos ou são sintetizados
em quantidades insuficientes e que são fundamentais para a deposição de proteínas e produção
de diversos compostos com funções metabólicas; e o suprimento dos aminoácidos não essenciais
ou de nitrogênio suficiente para que estes possam ser sintetizados pelo peixe. Vale lembrar que a
síntese de aminoácidos não essenciais requer gasto de energia e que o fornecimento de
aminoácidos essenciais e não essenciais em proporções adequadas proporciona maior eficiência
na utilização da proteína e energia contidas na dieta (NRC,1993).
O balanço ou a relação de aminoácidos e a adequada relação proteína/energia digestíveis são
a base do requisito protéico para peixes, uma vez que quando há excesso de algum aminoácido
e/ou deficiência de energia disponíveis para a síntese de proteínas este é catabolisado para a
geração de energia ou eliminado na forma de amônia. Em peixes, o excesso de proteína ou
aminoácido não pode ser estocado, uma vez que estes são utilizados preferencialmente como
fonte de energia ao invés de lipídeos e carboidratos (WILSON, 1989; citado pelo NRC, 1993).
Quando comparados aos demais vertebrados, os peixes possuem um sistema digestivo
simples e pouco desenvolvido. Como conseqüência, têm pouca habilidade em utilizar carboidratos
como fonte de energia exigindo dietas com altos níveis de proteína (MILLWARD,1989).
Existem diferentes estratégias para se determinar exigências nutricionais de monogástricos,
sendo os métodos mais empregados: o de dose-resposta, que determina as necessidades de um
nutriente ou energia através do desempenho de animais alimentados com dietas com níveis
crescentes do nutriente avaliado; e o fatorial, baseado no princípio que o animal precisa de
nutrientes para a manutenção dos processos vitais e atividades, crescimento e produção
(SAKOMURA e ROSTAGNO, 2007).
As exigências de um animal podem ser interpretadas como sendo as quantidades de um
nutriente para atender um determinado nível de produção (SAKOMURA e ROSTAGNO, 2007).
Segundo a definição de Larbier e Leclercq (1992), citados por Sakomura e Rostagno (2007), a
necessidade mínima de um nutriente é a quantidade deste a partir da qual não haverá resposta no

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desempenho do animal, pois, segundo esses autores, a resposta no desempenho é uma função
linear do consumo de nutriente.
A adição de um nutriente limitante na ração, mantendo os níveis adequados dos demais
nutrientes, promove crescimento do animal até que sua exigência seja atendida (EUCLYDES e
ROSTAGNO, 2001).
A definição dos níveis dos nutrientes a serem avaliados é fundamental para obter a resposta
no desempenho animal. As dietas experimentais devem ser formuladas conforme critérios que
permitam isolar apenas o efeito do nutriente avaliado. Uma dieta basal é formulada para atender às
necessidade de todos os nutrientes, com exceção daquele estudado. Então, de forma crescente, o
nutriente é suplementado à dieta basal. Os níveis do nutriente estudado devem ser definidos para
promover resposta crescente até atingir um platô, podendo alcançar níveis que proporcionem
queda do desempenho (SAKOMURA e ROSTAGNO, 2007).
Já o método fatorial tem sido a base para a elaboração de modelos que estimam as exigências
nutricionais, levando em conta as diferenças de peso, composição corporal, potencial de
crescimento e de produção dos animais, assim como do ambiente na definição das exigências
(SAKOMURA e ROSTAGNO, 2007).
O estudo das necessidades energéticas e protéicas dos peixes é um assunto ainda bastante
polêmico na aquacultura. A dificuldade de determinar e de chegar a um consenso sobre as
exigências protéicas e energéticas está ligada, principalmente, às diferenças entre as diversas
espécies de peixes de importância comercial e às distintas fases de produção. Além disso, os
peixes, quando comparados com espécies terrestres, possuem características peculiares quanto
às necessidades e utilização dos nutrientes, que estão diretamente relacionadas com o meio em
que vivem (ROTTA, 2002).
Segundo vários autores (LEE e PUTNAM, 1973; GARLING JR. e WILSON, 1976; PEZZATO,
1997), existe uma série de fatores que podem alterar as exigências de proteína e energia, podendo
afetar a digestão, absorção e utilização metabólica dos alimentos. São citados como promotores
dessas diferenças a espécie, a fase de produção, o estado fisiológico dos animais, a temperatura
da água, a salinidade da água, a interação com outros nutrientes, os processos tecnológicos de
preparação de dietas e as metodologias empregadas nos testes, entre outros (ROTTA, 2002).
As exigências de proteína para uma espécie são influenciadas por fatores como tamanho do
peixe, hábito alimentar e função fisiológica. Já o nível de proteína de uma dieta depende do
desempenho desejado, da qualidade da proteína, da quantidade de energia e de fatores
econômicos. Porém, não há nenhuma evidência de que essa exigência seja influenciada pela
temperatura da água (SAMPAIO et al., 2000).
O nutriente mais caro de uma dieta é a proteína (LI e ROBSON, 1997). Se uma dieta
apresentar níveis insuficientes de energia ou a proteína for de baixa qualidade, a proteína será
desaminada para ser utilizada como fonte de energia para o metabolismo. Uma baixa relação
energia/proteína pode reduzir a taxa de crescimento, devido o aumento da demanda metabólica
para a excreção do nitrogênio. Já o excesso de energia pode causar deposição excessiva de
gordura nos peixes, reduzir o consumo de alimento e inibir a utilização de outros nutrientes (CHO,
1990).
A relação energia/proteína exigida pelos peixes é menor que aquela exigida por animais de
sangue quente, porque os peixes não têm que manter a temperatura corporal constante,
despendendo menos energia para a atividade muscular e para manter a posição na água do que
os animais terrestres, além de gastarem menos energia do que os animais homeotérmicos para a
excreção nitrogenada (LOVEL, 1984; citado por SAMPAIO, 2000).
Entretanto, a eficiência da utilização da proteína é inversamente proporcional ao seu nível na
dieta (BOWEN, 1987), fato observado por Britz (1996) e Al-Hafedh (1999), com alevinos de
“abalone” (Haliotis midae) e de tilápia do Nilo, respectivamente.
Segundo Winfree e Stickney (1981), os peixes carnívoros, principalmente, parecem exigir
menores relações de energia/proteína que os peixes onívoros e herbívoros. Essas diferenças entre
espécies estão diretamente relacionadas com os hábitos alimentares em seus ambientes
silvestres, como o tipo de alimento e freqüência de alimentação, e com as suas diferenças
fisiológicas, como tamanho e
funcionalidade do aparelho digestivo. Resultados de estudos em laboratório conduzidos com
diversas espécies de peixes carnívoros, como os salmonídeos, os percídeos e alguns peixes

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marinhos, indicaram que, para um ótimo crescimento ser alcançado, metade da energia da dieta
deve ser suprida pela proteína. Assim, é geralmente reconhecido que a proteína deve fornecer de
40% a 55% da energia dietética para estas espécies (ROTTA, 2002).

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