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11/01/2020

LÁGRIMA DE VIDRO
PARTE 1: CORPOS QUE RANGEM

1. VERGONHA
Dói a luz que se abre
O rato rói a roupa do padre
O Estado proíbe, detesta
A lua sozinha faz festa
Quem sou?
Me pergunto, quem sou?
Sou a luz ou as trevas da loucura?
Sou o Deus em mim que me cega? ou Satã que me tira a luz de ver a vida?
Talvez triste, provavelmente inconsciente, pouco são, pouco santo.
Devo então me aposentar...
2. SE EU SOU O QUE POSSO SER...
Nenhum olhar me comove, sou frio feito a lâmina da espada que me
corta os ventrículos. Sou o pesar nas costas do corcunda. Sou a indignação
fervilhante dos jovens. Sou o tempero amargo desse caldo de desilusões.
A cortina se fecha e o teatro se esvazia. O mendigo acorda e toma sua
cuíca em posse pra mendigar seus centavos. A noite se esvai e o orvalho
seca. A folha seca. A árvore queima.
Nenhum olhar me comove, sou a sereia nunca vista. Sou a
lantejoula no brinco do hippie. Sou a verdade na língua de quem mente.
Sou tudo, menos escravo. Ninguém aprisiona uma mente que deleita-se
com as próprias divagações. Ninguém tira de mim a filosofia. Ninguém é
capaz de impedir que eu sonhe. Ainda que me tirem a vida, dormirei o
mais profundo dos sonhos.
Não me acomode, eu não vou te obedecer e não vou me acomodar.
3. MEMÓRIAS
Você não sabe o quanto suas influências são relevantes para as
outras pessoas porque não tem o controle das memórias que elas
guardarão de você.
4. LOUCOS
Eu escrevo a vida que vejo
A vida escreve a vida que levo
Te levo flores e espero um beijo
E suas crises de amor, eu relevo
Sinto o pecado de sair de casa
Espero um recado sem palavra rasa
Quero carinho, amor, afeto
Cansei de caminhar no deserto
Morro aos poucos enquanto vivo
Mas enquanto vivo, respiro e piro
Piro como os loucos, os melhores
Pois é de espantar com o óbvio que crescemos aos poucos
5. CIVILIZAÇÃO ELÉTRICA
Ao redor de um elétron pode existir e orbitar uma micro-partícula
tão pequena ao ponto de não a detectarmos, onde nessa partícula podem
existir civilizações extremamente complexas e inacessíveis a nós.
Assim como o sol pode ser um mero elétron para civilizações
maiores que não têm tecnologia para detectar um sol tão pequeno e uma
terra minúscula ao ponto de não ser detectada por eles.
Os menores que nós, chamamos Miilins, os que não nos detectam,
por sermos muito pequenos para eles, chamamos Maalons.
Chamamos de humanidades distintas, com estruturas evolutivas
diferentes. Os Miilins são de pele escura esverdeada com dois tufos na
testa. Os Maalons são amarelados num tom também ligeiramente escuro,
quase marrons, mas o amarelo ainda é nítido.
Como as regras da física para cada um deles é diferente, eles
mantém habilidades que desconhecemos. Como por exemplo o fato dos
Maalons terem a capacidade de se comunicarem via pensamento e não
possuem estruturas vocais. Enquanto os Miilins verbalizam com uma voz
rápida e aguda, em idiomas a nós ininteligíveis, mas nitidamente
percebemos que eles se compreendem.
De alguma forma essas civilizações, ainda que não ser encontrem
ou se conhecem em troca de informações e dados, elas estão interligadas a
um todo em que seus elementos estruturais daquilo que entendem como
universo são essenciais de um para o outro.
Nossos satélites nunca detectarão esses seres, porque são muito
grandes para uns e portanto não conseguem notar o todo, como a formiga
que nasce num parque e nunca saberia que existe vida além do parque, e
muito pequenos para outros, que só nos perceberiam com uma tecnologia
muito avançada, que seria mais potente em mil vezes que um microscópio
nuclear.
6. O SISTEMA DA EXISTÊNCIA
No meio do caos um universo se transporta do nada para o tudo,
sem nenhuma importância, "algo" não é uma palavra para definir o antes.
Não sei ainda como ou o que gerou essa mudança de estado do não ser
para o ser. O não existir não prescinde do vir a ser. Mas de alguma forma
esse não ser, ao qual chamo caos, transfigurou-se em ordem, ordem de
leis fixas, inquebráveis, às vezes até desconhecidas, mas essas regras
sempre estão presentes no sistema da existência de tudo, ou de algo.
7. PAZ PRA QUEM?
Me arranque de casa, me prenda, me execute, mas morrerei com honra
Se olhe no espelho e veja meu reflexo em seus olhos
Me espanque até a pele ficar em carne viva
Mas enquanto meu coração tiver ainda alguma força
Me ouça, não em gritos, mas em prantos pelo que nos faz passar
Meus olhos embanhados não são mais de dor
Mas de tristeza por ver um desumano onde chegou
Meu pranto é por saber que você não se importa
Minha ira não é de foice ou de pistola
Mas por saber que sua retórica vã eleva o pior animal que temos dentro
de nós
Já desisti da paz
Já desisti da serenidade
Só espero que esses quatro anos tenham dias contados
E que hora ou outra alguém de bem promova o bem em qualquer nível
Mas que pelo menos entenda o que é o amor
8. SERENITÁ
Um caco, um maço, uma periguete gelada
Um pedaço de ponta
Um dia que clareia sem
Meu dilema é minha futura doença
Quem sabe eu chego até lá
Em tropeço sem razão
Um esbarrão sem obstáculos
Caminho torto, sem mandingas
Só a sorte me caminha
Ou me faz descer a ladeira
Me mato aos poucos
Não diurno, não feito
Já são sete e poucos
mas meus olhos não se cansam
Meu corpo é mole
Tomara que eu acorde amanhã
Tudo é vão
Minha casa não tem janelas
Meu portão quase não trança
Tô num limbo
Abaixo ou acima do mundo
Só mesmo eu tento me compreender
Nada mais me faz luz
Despeço e cumprimento
Sou de fogo e fumaça tóxica
Sou nada mais que essa couraça
Que um dia, como eu, se dispersa
9. ROSAS
Os espinhos das rosas merecem o perdão pelas flores que nos encantam.
10. O SOL QUE ME QUEIMA E ME LAMBE
Num dia faz chuva, noutro derrete
num canto uma uva, não me apetece
num peito ranhura, na pele ensangrece
sou feito do fogo que me encharca
sou folhagem que seca se mata
sou a mata virgem ao amanhecer
nem lugares existem onde estou
nem pessoas vivem como eu vou
nem olhares aflitos vão me estremecer
sem desejos utópicos pra não adoecer
já estou doente, doente, à mercê.
11. NEBLINA NA ESTRADA
Tenta, só tenta me rasgar inteiro e vestir minha pele por um dia, um
único dia. Te desafio a não pular de um prédio sentindo meu coração
pulsar dentro de você. Te duvido um único ato diferente do que tento para
evitar tal façanha.
Tenta, sinta, sinta o que sinto e num único dia tudo desmoronará,
tudo será fel, nada será nada além de trevas no fim do túnel em que só se
esbarra numa parede de concreto ou numa pedra de gruta.
Tenta ouvir como eu ouço as gotas que pingam dos estalactites, que
na verdade não passam de lágrimas presas aos olhos. Busca saber, busca
entender.
Suas palavras de reprimendas não me acalentam, seu trabalho
intelectual não me tranquiliza, suas queixas não me intimidam. Não é
assim que se resolve nada.
Meu peito sangra e minhas veias ainda pulsam, mas quando
pararem de vez, não sou eu quem vai chorar.
Minhas lágrimas de hoje se multiplicarão noutrora como um barco à
deriva, que a todos os náufragos só faz esperar pela morte certa num sol
escaldante e sedento com centenas de milhões de litros d'água imbebíveis
ao redor.
12. MEU PEITO QUE ME DÓIS
Se parece vir a sombra da desilusão
Acometo-me de sentir qualquer vazio
Meu medo se transforma em pavor
Minh'alma parece morrer sem perdão
Meus sonhos quase sempre são frios
De todos os sonhos reconheço o horror
Meu peito transborda numa barreira
Na estrada eu caminho na beira
Sem sorte me despeço da solidão
Morro por fora pra não morrer no coração.
13. PAR
Sem deslindes ou paranóias
Sem colar de pérolas ou tramóias
Com entusiasmo e cheio de pique
Com vestes de ouro e nenhum aplique
Serve como serve um beija flor
Que se banha nas águas quando ninguém lá for
Que se derrete de prazer sem medo do perigo
Que se mete onde não deve só por ser um pássaro perdido
Poeta não é quem escreve ou diz
É quem sente e se apraz com a voz
Ou o giz escrito num quadro negro
Que na verdade é verde, mas ninguém diz
É meio quem sente quando vê
Meio quem sofre quando sente
Um pouco quem sabe o que quer ser
Ou não faz ideia de onde se sente
Como uma mandala feita de sonhos
Como um filtro que espanta pesadelos
Jeito de um sentir que se enlaça em pontos
De uma curva perfeita, sem relampejos
14. FORJA
Na aflição de cada sistema
No universo puro puro e todo preto
Sem lugarejos, nem percevejos
Só os olhares de uma platéia insólita
O meu segredo é tudo o que eu vejo
A forma de ver o mundo
Num universo vago e profundo
Somos pequenos quase nem existimos
Somos irrelevantes no universo
Ninguém tem visão do futuro
Ninguém sai do tempo linear
Quem tenta não aguenta, reluz
15. MEGALO OU ME CALO?
Posso parecer megalomaníaco
Mas não me contento em não me imortalizar
Quero morrer como esses que respiram quando alguém suspira vendo ele
falar
Quero deixar de ser sem deixar de existir
Me fazer vivo na vida dos que deixei aqui
Quero ser força num mundo que me fez fraco
Não quero ser mais uma gota no frasco
Preciso transbordar
Pra isso só me resta empenhar
Não como uma espada empunhar
Mas como um livro a espalhar
O único traço que trago de dom
É a esperança de criar um mundo bom
A partir do saber e do tentar
16. FRED, O YORK
Você me morde sem dor pra brincar
Me lambe, cheira, pirraça sem cansar
Não fala, mas incomoda meus ouvidos
Eu de cá grito com você pra parar
Não me dá a mínima, faz o que bem quer
Delicia-se com tudo que for de comer
Às vezes até guarda pru'um futuro prazer
É mais comum que parece até você se esquecer
Sabe e sobe onde não pode
Pula tão alto quando pode
Me enaltece a vida e pode
Me fazer até sorrir quando estou a chorar
Minha vida sem você é desespero
Meu amor é genuíno, certo que menos que o seu
Às vezes me canso e só quero dormir
Mas você me chama, clama por mais um pouco de mim
Na vida você é um tempero
Que me salga, adoça, salva, se apossa
A casa foi eu que paguei
Mas é você que nela mais mora
É você que defende sem chance
Mas braveja até com quem eu convidei
Queria que pudesse entender
Mas ainda que você crescesse
Ainda que o tempo passasse
Não temos tempo pra ver
Mas acredito profundo
Que num futuro distante
Tão longe quanto não posso ver
Teríamos conversas dedicadas
Sua evolução nos nos faria crescer
Com gente como você, temos muito o que aprender
Do mar você é meu cais
É você quem me traz paz
Eu e sua mãe não vivemos mais
Mas temos orgulho de dizer
Amamos ser seus pais
17. DEUS E A CRIAÇÃO
Se Deus existe ou não, isso pra gente agora é irrelevante. Nós
somos, por herança divina ou por mera evolução ao acaso, o poder
criativo desse mundo.
Nascemos num mundo ao qual devemos gratidão, nossos
antepassados nos deram de presente as ferramentas e as virtudes para que
possamos mudar e nos envolver para desenvolver nossa existência.
Desenvolver é perder o envolvimento, mas nascemos prematuros,
nascemos antes do tempo, em quase todas as outras espécies o novo
indivíduo já ganha independência assim que sai do útero.
Nosso cérebro se desenvolveu muito rápido, evoluiu mais rápido
que os ventres das nossas mães. Por isso somos tão dependentes ao
nascer, e não sobreviveríamos sem que alguém nos tomasse por cuidados.
Aí inicia o processo educacional, nesse ponto começamos como
uma Tabula Rasa a absorver o mundo ao nosso entorno, e cada um
absorve de um jeito, por uma perspectiva única e singular.
Olhem ao seu redor, o ângulo em que vocês se posicionam nessa
sala é diametralmente diverso. Cada um percebe uma parcela própria e
diversa da realidade. Cada um ouve, vê, sente e interpreta esses sentidos
de um modo singular, isso nos faz diversos, isso nos faz imperfeitos, essa
é a perfeição que alegoricamente fez Deus se deslumbrar com a
humanidade e deixar pra ela seu poder de criar.
Criatividade. Parece simples, parece banal, mas é nossa maior
centelha divina. É o que nos coloca no mundo de um jeito completamente
diferente do jeito dos outros animais. É o que nos permite voar sem asas,
correr a mais de duzentos por hora sem fazer nenhum esforço, nos permite
o abrigo, a proteção, o conforto.
O que quero deixar para vocês é que Deus, como força motriz do
universo, quer ou queria de nós, quando nos concedeu o dom de criar, é
que nos desenvolvamos, para tornarmos ainda sociais, mas independentes,
e tudo isso para que, mesmo sem precisar, voltemos a nos envolver.
Empatia é a palavra da educação que eu espero. Respeito é o meio
de desenvolvimento. Envolvimento é o fim, com empatia, respeito e amor.
18. INDOLOR
No peito um coração que pulsa
Na brisa uma semente brota
Nenhum demônio me expulsa
Nem temo mais a derrota
De tanto cultivar maus olhados
Meus olhos vivem banhados
Da dor que um dia sofro assombrado
Ou noutro eufórico, sou deslumbrado
Quero um gole de paz ou um trago de luz
Quero um pedaço de amor ou um olhar que reluz
Quero estrelas cadentes
Manter intactos meus dentes
Declarar amor eterno
Sair desse diário inferno
Rimo eterno com inferno
Só pra ver se lá me encontro
Ou se encontro um bom remédio
Que me chute dessa poça
Deus não me deu na vida dom
Eu sou, eu fui, eu vou
Sou eu mesmo o próprio Deus?
Ou poeira e para o nada eu voo
Se detesto tudo o que vejo
Se o amor é meu desejo
Quero amar como Sabino
Que nasceu criança e morreu menino
Nescau pra acalmar
Maresia pra juntar
Arroz com chocolate
Ou carne fria com abacate
Água fria pra escovar os dentes
Banho quente pra me ver contente
Celular antigo, uma das últimas gerações
Não quero mesmo entrar para o rol dos campeões
Com medo eu vou
Desesperado eu enfrento e voo
Pulo do alto do prédio mais alto
Mas vivo firme, até morrer me exalto
Confio em planos oníricos
Creio em desejos utópicos
Deus não tem nada a ver
Se ele existe ele nem quer saber
Com quem eu ando
Com quem eu amo
Com quantos deuses já experimentei o pranto
Com tanta ideia inócua já não me espanto
Perdido, renascido, recriado, ressuscitado
Louco desvairado, amante, alucinado
Com dinheiro e sem investir
Com vestido sem me vestir
Com tesão e sem gozar
Com amor, mas sem rezar
Me deito do seu lado
Deleito do passado
No presente não sou forte
Temo, temo, temo a morte
Coração sufocado de amor
Sem saber representar quem eu sou
Não consigo enfrentar esse pavor
De deixar de ser e dizerem, não brilhou
Me tatuo, me adereço
Pra lembrar do que nunca esqueço
Ser o que é, é privilégio dos loucos
Que se sabem loucos, mas esses são poucos
19. FLORES
Assopra, respira, transpira, inspira
Faz feito folhagem e séca*
Desata esse nó da garganta
Resseca essa voz de gritar
Hidrata, mas deixa falar
Me mata ou me deixa viver
Sussurra, murmura, cantarola
Prestígio não se ensina na escola
Relata essa vida que vive
Representa, apresenta, convive
Com esse meu jeito poeta
Vendo essa vida agora em cores
Deleita, se deita, afeta
Acredite no desabrochar das flores
20. DELÍRIO
O delírio de perder uma luta já conquistada é meu
Vou fazer de tudo pra tudo girar como um peão
E no meio dessa luta diária todo o meu esforço é seu
Só debate, dialética, defesa, emoção
Seguindo passos ilusórios, metafóricos, utópicos, sem certeza nenhuma e
com muita certeza disso
Quero ser bem claro, claro como o sol do dia
Quero ser bem mais esperto e ter a sua companhia
21. A NEGAÇÃO DO SER
A realidade é uma taça de vinho tinto derramado numa toalha
branca sobre uma mesa de madeira velha numa noite fria e silenciosa.
Nenhum grilo chia, nenhum pássaro canta, nenhuma borboleta
pestaneja. Puro silenciar de moléculas que se consomem na infinita e
eterna membrana do nada.
Triste, nem bom nem ruim, apenas não é.
22. ÓDIO
A serenidade é a virtude dos que odeiam em silêncio.
23. CORES
Se hoje vejo cores e me espanto, é porque passei muito tempo em preto e
branco.
24. CAFÉ
Um café preto, forte e quente para um coração frio, amargo e ardente.
Alguém me traga, depois eu trago.
25. O CUSPE NO OPONENTE
O cuspe de discordar não ataca o agredido, antes, macula o próprio
agressor, pois o mesmo material que ora é expelido num jato à agressão,
outrora seria nada mais que matéria engolida, degustada, ingerida. O
agredido se limpa com um papel toalha ou com um pano seco, já o
agressor continuará engolindo o próximo cuspe, que virá e sempre virá.
Malfadadas traições são de fato uma traição dupla, é reconhecer-se
um babaca que saliva sua próxima babaquice para lançá-la a outro da
mesma farinha.
Suas mãos não sairão ilesas de um soco no queixo sem luvas, sairão
sujas de sangue, tanto seu quanto do seu algoz que ainda te aflige.
Você se aflige, você se ofende, você causa em si mesmo o dano que
preferia noutro tempo, quando levantou da cama, não sentir.
Não existem atitudes más sem consequências na mesma proporção
más em seu próprio sentido.
A questão é verificar se vale ou não o castigo e a dor que virão
apenas em razão dessa falta momentânea de racionalidade que te fez
buscar formar àquela agressão e trazer isso que estava latente na alma, à
vida, à existência, ao fim de ambas as partes, que, definitivamente, estarão
em partes após o ocorrido.
Não se inflige dor sem que todos os envolvidos a sintam. A dor é a
única experiência compartilhada nesse universo. Quem provoca sente.
Empatia.

Dedicado ao amor da minha vida...


Álvaro Alencar – Compilado em 2020.
Textos ao longo da vida.

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