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12 DICAS PARA EXPULSAR SEU FILHO DA

IGREJA

Renato Vargens
FICHA CATALOGRÁFICA

12 Dicas Para Expulsar Seu Filho da Igreja


Renato Garcia Vargens

Todos os direitos reservados à


Renato Garcia Vargens

Website: www.renatovargens.com.br

2ª edição – abril de 2021

Revisão ortográfica – Claudio Alvares

Capa, diagramação e arte final – Sandro Wagner

É permitida a reprodução de partes deste livro, desde que citada a fonte e com autorização escrita
dos editores
DEDICATÓRIA

Dedico este livro aos meus filhos João Pedro e Luiz Filipe, minha herança no Senhor.
TEXTO INTRODUTÓRIO

“Se eu tivesse meu filho para criar de novo,

Eu pintaria mais com meus dedos

E apontaria muito menos com eles.

Eu passaria menos tempo corrigindo e mais tempo conversando.

Eu tiraria meus olhos do relógio e prestaria mais atenção em quão rápido o tempo está se

passando.

Eu me importaria em saber muito menos e saberia me importar mais.

Eu passaria mais tempo brincando com ele.

Eu ficaria menos sério e me divertiria mais.

Eu correria mais com ele e olharia mais as estrelas.

Eu seria menos firme e firmaria mais meu amor por ele.

Eu reformaria a autoestima e deixaria a reforma da casa para depois.

Eu amaria menos a força e viveria mais a força do amor.

Autor desconhecido.
PREFÁCIO

Sinto-me imensamente feliz não somente porque recebi a honra de prefaciar um livro
escrito com tanta beleza, leveza e verdade; sinto-me feliz também porque quem o escreveu é um
dos meus melhores amigos. Aliás, Renato é para mim como um verdadeiro irmão. Conheço o
Renato desde o início de nossa adolescência, desde quando ele ainda tinha muito cabelo e juntos
jogávamos futebol na Praia de Icaraí, entre a Belizário e a Oswaldo Cruz, na cidade de Niterói,
onde residimos até hoje. De lá pra cá, muita coisa mudou, nem os seus cabelos continuam os
mesmos (hoje tem muito menos – quase nenhum). Crescemos e nos tornamos pessoas adultas,
constituímos famílias. Renato casou-se com Ana Cristina, a qual se tornou também uma das
melhores amigas da minha querida esposa, Elisabete. Renato e Ana tiveram dois filhos, João
Pedro e Luiz Filipe, meninos que vi crescerem e serem batizados em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo. Aliás, este foi um momento muito especial e emocionante, ao qual, também tive
o prazer de compartilhar com eles.

João e Luiz são jovens de Deus; são pessoas que cresceram instruídos nos caminhos do
Senhor; são filhos saudáveis, que honram aos seus pais, que amam e servem a Deus com alegria
e boa vontade. João e Luiz são motivos de orgulho e de muita alegria para os seus pais. Acredito
que não haja algo tão satisfatório para um pai e uma mãe, quanto ver que seus filhos cresceram e
permaneceram nos caminhos do Senhor.

O livro que você tem em mãos trata exatamente desse assunto. De forma inteligente e
provocativa, Renato apresenta aos seus leitores “Doze dicas para expulsar seu filho da igreja”.

Quando comecei a ler os princípios que Renato compartilha neste livro, fui tomado pela
certeza de que muitos pais e famílias poderão ser significativamente abençoados, se NÃO
observarem nem seguirem rigorosamente estas doze dicas. Afinal, estas doze dicas são
exatamente tudo aquilo que NÃO se deve fazer, se desejarmos, de fato, ver nossos filhos vivendo
e crescendo na casa de Deus.

No entanto, as doze dicas que Renato nos apresenta são para nos chamar a atenção de coisas
que muitas vezes passam por nós, despercebidas, mas, que redundam em consequências, muitas
vezes, lastimáveis.

Na verdade, Renato usa essas doze dicas como pretexto para nos ensinar exatamente o
contrário daquilo que tais dicas propõem. A cada dica, ele apresenta suas contrarrazões,
dissertando de forma objetiva, porem, abrangentes, sobre princípios e procedimentos, que se
forem observados, poderão nos auxiliar nessa difícil, porem, compensadora, responsabilidade de
criar e educar os nossos filhos nos caminhos do Senhor.

Aproveite bem.

Boa leitura!

Pr. Claudio Alvares


INTRODUÇÃO

"Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará
dele." (Provérbios. 22.6).

É impressionante o número de adolescentes e jovens brasileiros que se desviaram da fé em


Cristo. Tenho pregado em todo Brasil e em alguns lugares no exterior, e sou testemunha dos
dramas familiares de muitos irmãos, que choram pelo fato de seus filhos não desejarem ir mais a
igreja. Na verdade, muitos destes meninos e meninas passaram a odiar a Deus, a igreja, o pastor
ou qualquer coisa que os faça lembrar-se do seu passado eclesiástico, o que se deve, em parte, a
pais que não souberam educar os seus filhos.

Lamentavelmente, não são poucos os pais que ao longo dos anos agiram de forma
equivocada com os seus rebentos, impondo sobre esses, conceitos, costumes, pressupostos e
regras desnecessárias ao amadurecimento cristão. A consequência direta disso é que boa parte da
garotada afastou-se da igreja e dos relacionamentos comunitários, optando por viver uma vida
dissoluta.

Esse livro surgiu com o propósito de auxiliar pais, avós e responsáveis a refletirem sobre
seus atos, atitudes e comportamentos. Ao lê-lo você encontrará dicas preciosas que, se aplicadas
no dia a dia, o ajudará na árdua missão de educar filhos nos caminhos do Senhor.

Rogo ao Eterno que o abençoe ricamente trazendo sobre sua vida e família, graça e
sabedoria, a fim de que pela bondade de Deus possa desfrutar de uma família plena e feliz.

Boa leitura!

Niterói, Outono de 2021.

Renato Vargens
PRIMEIRA DICA

Comporte-se na igreja diferentemente do que se comporta em casa. Com os irmãos


em Cristo seja amável e gentil, com os seus filhos seja um monstro de ignorância.

O que você tem ensinado aos seus filhos? Difícil essa pergunta, não é verdade?

Bom, talvez você esteja dizendo com seus botões: "Eu todos os dias falo com os meus filhos
sobre respeito, verdade, companheirismo e amor”.

Pois bem, ao contrário do que alguns pensam, os pais transmitem muito mais ensinamentos
aos seus filhos com atitudes do que com palavras. Ora, é claro que orientações verbais são
importantes, contudo ensinar através do exemplo é muito mais significativo. O que adianta
pregar mansidão e ser irascível? De que serve proclamar honestidade combatendo a corrupção
dos políticos e subornar o guarda de trânsito? O que vale falar de paciência e ser impaciente nas
suas relações?

Caro leitor, nossos filhos estão atentos as nossas atitudes e a maneira como lidamos com as
pessoas, e o fato de falarmos uma coisa e vivermos outra, pode contribuir significativamente para
uma percepção adoecida de Deus.

Conta-se que em certa ocasião um menino de cinco anos se dirigiu a sua mãe dizendo:
-“Mãe, me ajuda a levar o meu colchão para a igreja?” A mãe, intrigada com a pergunta do
filho, perguntou: “-Por que você quer levar o colchão para a igreja?” E o garoto respondeu
dizendo: “- Ah! Quero dormir na igreja, porque lá o papai é muito bonzinho.”.

Pois é, infelizmente não são poucos aqueles que em casa comportam-se de uma forma e na
igreja de outra bem diferente. Lamentavelmente, são inúmeros os pais que desenvolvem em seus
lares, condutas absolutamente antagônicas a sua vida eclesiástica. A consequência direta disso é
o desenvolvimento de uma imagem distorcida do que seja ser cristão.
Há pouco, soube de uma história, no mínimo, interessante:

Algumas crianças estavam na rua brincando e conversando. O assunto discutido por eles era
nada mais, nada menos, do que seus pais. Um deles afirmou todo prepotente: "Meu pai conhece
o prefeito da cidade e tem muita amizade com ele". Sem titubeios, outro garoto disse todo
contente: "Meu pai conhece o governador, eles são muito amigos". Antes que o garoto
terminasse a frase, outro já se levantou e disse em tom alto de voz, "Meu pai conhece o chefe de
Polícia do Estado. Ninguém o prende". Um garotinho, filho do pastor, que estava quieto somente
ouvindo, num determinado momento olhou para os amiguinhos e disse: "Meu pai conhece
Deus". Um “estrondoso” silêncio tomou conta do ambiente e o pai do pequeno menino, que
silenciosamente observava a calorosa discussão, vagarosamente saiu daquele lugar com os olhos
cheios de lágrimas e orou ao Senhor, agradecendo: "Pai, obrigado pelo meu filho e pela
influência que tenho dado a ele sobre Ti".

E você? O que tem ensinado a seu filho? Será que o seu comportamento em casa, no
ambiente de trabalho, na igreja ou na sua relação familiar aponta para o fato de que
verdadeiramente tem conhecido ao Senhor? Ou será que a espiritualidade que vive é capenga,
farisaica e egocêntrica?

Prezado amigo, em tempos como os nossos, onde existe uma séria crise de paternidade,
precisamos, mais do que nunca, de homens marcados e transformados pelo poder do Espírito
Santo de Deus, até porque, somente assim veremos em nossos filhos valores e virtudes como
respeito, afeto e amor.
SEGUNDA DICA

Nunca ore por seus filhos

Os pais precisam entender que diante de Deus, eles são responsáveis pelos seus filhos, e
como tais, devem orar diariamente por eles. As Escrituras estão repletas de passagens que nos
mostram pais intercedendo por seus filhos, senão vejamos:

Em Gênesis 17:18, o Patriarca Abraão intercedeu pelo seu filho Ismael: "E disse Abraão a
Deus: Quem dera que viva Ismael diante de teu rosto!" Davi rogou pela vida do seu filho: "E
buscou Davi a Deus pela criança; e jejuou Davi, e entrou, e passou a noite prostrado sobre a
terra." (II Samuel 12:16); Intercedeu também por Salomão "E a Salomão, meu filho, dá um
coração perfeito, para guardar os teus mandamentos, os teus testemunhos, e os teus estatutos; e
para fazer tudo, e para edificar este palácio que tenho preparado." (I Crônicas 29:19) Jó,
diariamente, clamava ao Eterno por seus filhos: "Sucedia, pois, que, decorrido o turno de dias de
seus banquetes, enviava Jó, e os santificava, e se levantava de madrugada, e oferecia
holocaustos segundo o número de todos eles; porque dizia Jó: Talvez pecaram meus filhos, e
amaldiçoaram a Deus no seu coração. Assim fazia Jó, continuamente." (Jó 1:5 )

No Novo Testamento encontramos relatos de um pai que clamou pelo filho endemoninhado:
"Senhor, tem misericórdia de meu filho, que é lunático e sofre muito; pois muitas vezes cai no
fogo, e muitas vezes na água..." (Mateus 17:15); de uma mãe que pediu a Deus que libertasse
sua filha dos demônios "E esta mulher era grega, siro-fenícia de nação, e rogava-lhe que
expulsasse de sua filha o demônio. (Marcos 7:26 ); de um chefe da Sinagoga, que clamou a Jesus
que curasse sua filha. “E eis que chegou um dos principais da sinagoga, por nome Jairo, e,
vendo-o, prostrou-se aos seus pés,
E rogava-lhe muito, dizendo: Minha filha está moribunda; rogo-te que venhas e lhe imponhas as
mãos, para que sare, e viva.” (Marcos 5:22-23)
Caro leitor, as Escrituras afirmam que os filhos são herança do Senhor. Em outras palavras
isso significa dizer que Deus nos confiou à missão de cuidar deles e, em especial, de ensiná-los
os caminhos da verdade. (Salmos 127.3) Devido a isso precisamos interceder por eles, na
expectativa de que o Eterno ouça as nossas orações e os livres das ciladas de Satanás.

Pais que não oram por seus filhos, fracassam em sua missão, pecando contra Deus, falhando
com aqueles que o Senhor lhes confiou.
TERCEIRA DICA

Não imponha limites. Deixe os seus filhos livres para fazerem o que quiserem,
afinal de contas, Deus os criou para viverem em liberdade.

Certa mãe tomou uma decisão: “Meu filho nunca será reprimido. Terá total liberdade, para
não ser um recalcado e inibido. Fará na vida o que bem entender. Sou contra a repressão”.
Assim sendo, o menino foi crescendo livre, solto, à vontade. Tudo quanto queria era atendido. E
não custou a dar trabalho... A própria mãe já o chamava de “meu adorável danadinho”. Os
vizinhos o chamavam de “peste”. O apelido dele no bairro era “monstrengo”. E quando se
reclamavam das diabruras do garoto, a mãe costumava dizer: “Criança é assim mesmo. Não
reprimam”. O garoto cresceu libertino, porque sua mãe lhe dava corda em tudo. Enturmou-se o
garoto com a galera do bairro, outros adolescentes livres, da pesada. E quando a mãe menos
suspeitava, foi chamada à polícia: Seu adorável libertino estava preso, comprometido com
drogas, roubo a carro e estupro. A infeliz mãe chorou lágrimas amargas... Soltou demais o seu
filho e Arrependida disse: “Hoje entendo porque meus pais me castigavam quando era menina.
Filho solto dá no que não presta”.

Caro amigo, as Escrituras estão certas, quando dizem que a estultícia está ligada ao coração
da criança, mas a vara da correção a afugentará dela. (Provérbios 22:15) e que a vara e a
repreensão dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma, envergonha a sua mãe.
Provérbios 29:15

Outro dia, presenciei uma cena interessantíssima num shopping de minha cidade. Uma
criança, ao passar por um quiosque de uma famosa marca de sorvete, gritou: - “Mãe me dá um
picolé?” Sem titubear a jovem senhora lhe respondeu: - “Não minha filha, você está gripada.”
Ao perceber que sua vontade tinha sido frustrada, a garotinha imediatamente começou a
espernear, dizendo: - “Eu quero, eu quero, eu quero!” Vendo o escândalo da menina, a mãe meio
sem graça disse para os que estavam no local: - “Ela quando quer uma coisa é fogo! E sem
medir as consequências do ato, atendeu-lhe o pedido dando-lhe o sorvete”.

Saber dizer “não” é um dos aspectos mais importantes na educação de crianças e


adolescentes, todavia, o que se percebe é que pais e mães possuem uma enorme dificuldade de
frustrar os desejos de seus rebentos. Uma das consequências disso é que ao se transformarem em
jovens, tais indivíduos tornam-se impulsivos, incapazes de esperar, procurando a todo o custo a
gratificação imediata e a satisfação dos seus desejos. Não é, pois, de estranhar, que diante de uma
contrariedade imposta por um professor, chefe ou líder, a agressividade surja como uma reação
natural.

Caro leitor, fazer a vontade dos filhos, mesmo sabendo que isto possa, substancialmente,
lhes prejudicar, contribui significativamente para a construção de um comportamento
infantilizado, onde sua vontade deve sempre prevalecer. Estipular limites para um filho é
prepará-lo para conviver com o mundo, e com as frustrações que fazem parte da realidade da
vida.

Adonias, um dos filhos de Davi, trouxe-lhe inúmeros problemas, o que se deveu ao fato de
que, este, nunca fora contrariado por seu pai. Por acaso, você já percebeu que pais que nunca
contrariam seus filhos, experimentam no futuro, vultosas tempestades?

Pais permissivos, sem que percebam, contribuem para a deformação de caráter de seus
filhos. Em contrapartida, disciplina e limites, quando usados na medida certa, corroboram para o
amadurecimento, bem como, o crescimento emocional daqueles que tanto amamos.
QUARTA DICA

Os proíba de ouvir música, de gostar de arte, cultura, teatro, dança e cinema,


afinal de contas isto tudo é do diabo.

- Você não vai coisa alguma! Já te falei que isso não presta! Nem por cima do meu
cadáver, você vai assistir a um jogo de futebol, isso é coisa do capeta. Crente que é crente, não
frequenta lugares como esse! Aonde já se viu querer ir a um estádio de futebol? E, outra coisa:
A única música que você pode ouvir é a música evangélica, música do mundo é do diabo,
portanto, você jamais ouvirá. E para terminar o assunto, nem me peça para ir à festa de
aniversário de gente incrédula, isso não convém a santos, você vai ficar em casa estudando a
Bíblia.

Prezado amigo, as sentenças acima, infelizmente, são comuns em muitos lares evangélicos.
Lamentavelmente, em nome de uma espiritualidade “burrificada”, inúmeros pais têm proibido os
seus filhos de se relacionarem com o mundo. A consequência disso, é que quando entram na
juventude, os filhos desenvolvem no coração uma enorme revolta contra Deus, abandonando
igreja, família, e tudo aquilo que aponte para o Cristianismo.

No livro, “Meu Filho meu amigo” eu afirmo que a arte de educar filhos é similar ao ato de
soltar papagaio. Ou seja, para que a pipa alcance as alturas é necessário pericia do “empinador”
que desenvolve a habilidade de dar e puxar linha. O problema é que famílias castradoras não
entendem esse mistério, proporcionando assim, uma relação de muita cobrança e pouca
confiança. Ora, não estou querendo dizer com isso que você deve permitir que seu filho
frequente qualquer lugar. Na verdade, o que defendo é que você use de bom senso, procurando
avaliar de forma criteriosa e justa se deve ou não impedi-lo de estar com os amigos.

Certa ocasião, um repórter perguntou à mãe de Martin Luther King: “Senhora Alberta, o que
a senhora fez para criar um filho com tanta paixão pela vida, cheio de fé em Cristo, disposto a
tantas lutas a favor dos direitos civis e que tem impactado tanto os Estados Unidos quanto o
mundo?” Ela, graciosamente olhou com profundidade nos olhos daquele jornalista, e respondeu:
“Muito simples: dei-lhe raízes e asas”.

Que sacada maravilhosa não é verdade? Os pais quando educam seus filhos nos caminhos
do Senhor lhe concedendo raízes profundas no evangelho, podem, sem medo, deixá-los voar,
simplesmente pelo fato de que cresceram saudavelmente nos caminhos do Senhor.
QUINTA DICA

Jamais os discipline

Antes de qualquer coisa, gostaria de afirmar que ao escrever sobre disciplina, não o faço
advogando o fato de que pais possuem o direito de espancar os seus filhos, mesmo porque, sou
absolutamente contra a violência. No entanto, entendo à luz das Escrituras, que os pais que não
disciplinam seus rebentos, colherão no futuro, problemas quase que irremediáveis. Creio também
que uma criança nunca deve ser disciplinada fisicamente a ponto de causar-lhe dano físico, no
entanto, de acordo com a Bíblia, a disciplina quando feita de forma apropriada e controlada, é
salutar e contribui para o crescimento e amadurecimento do menor.

Lamentavelmente, a falta de disciplina nos filhos tem gerado uma geração sem limites,
perdida e distante de Deus. Eu mesmo posso testemunhar inúmeros casos de pais que optaram
por não impor limites aos seus filhos, deixando-os livre de qualquer correção. Lembro com
exatidão de Paulo José, (nome fictício), seus pais jamais o corrigiam, sua avó, então, muito
menos. Ele cresceu sem limites e sem disciplina, a consequência disso, é que, hoje, se encontra
bem longe de Deus.

Prezado amigo, a Bíblia é clara em afirmar que pais precisam desenvolver o salutar hábito
de disciplinarem seus filhos. A Palavra de Deus está repleta de textos que nos orientam corrigir
os filhos a fim de que não se percam, senão vejamos: “Filho meu, não rejeites a correção do
SENHOR, nem te enojes da sua repreensão. Porque o SENHOR repreende aquele a quem ama,
assim como o pai ao filho a quem quer bem.” (Provérbios 3:11-12); “O que não faz uso da vara,
odeia seu filho, mas o que o ama, desde cedo o castiga.” (Provérbios 13:24); “Castiga o teu
filho enquanto há esperança, mas não deixes que o teu ânimo se exalte até o matar.” (Provérbios
19:18); “Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se
desviará dele.” (Provérbios 22:6) ; “A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara
da correção a afugentará dela.” (Provérbios 22:15); “Não retires a disciplina da criança; pois
se a fustigares com a vara, nem por isso morrerá. Tu a fustigarás com a vara, e livrarás a sua
alma do inferno.” (Provérbios 23:13-14) “A vara e a repreensão dão sabedoria, mas a criança
entregue a si mesma, envergonha a sua mãe.” (Provérbios 29:15)

Como disciplinar os filhos?

Primeiramente é indispensável que se estabeleçam as regras do jogo. Ninguém pode ser


disciplinado sem que antes saiba por quê. Em segundo lugar, defina o processo de disciplina que
deverá começar com uma advertência, passando por um “castigo”, culminando numas boas
palmadas. Na minha perspectiva a disciplina física deverá ser o último degrau da escada de
disciplinas.

Lembre-se:

A disciplina muda conforme a idade. Não adianta você querer usar um método que funciona
com uma criança de dois anos, para uma de dez (ou vice e versa). Também é fundamental que
não discipline seu filho na frente dos outros. Isso trará um grande constrangimento e deixará
marcas, muitas delas irreversíveis. Procure levá-lo a algum lugar reservado e se estiver fora de
casa, fale firme e baixo no ouvido. E logo que for possível, cumpra o que prometeu,
disciplinando amorosamente.

Vale a pena ressaltar que a disciplina física não é uma agressão física. Pais que agridem os
seus filhos devem ser punidos pelo rigor da lei. A disciplina precisa ser feita de forma amorosa,
sem ódio e com firmeza, a fim de que a criança se arrependa de seus erros e cresça de modo
saudável.

Caro leitor, disciplinar uma criança dentro dos padrões bíblicos dá trabalho, exige tempo e
força de vontade dos pais. O resultado, porém, é apontado pela Palavra: Discipline seu filho, e
este lhe dará paz; trará grande prazer à sua alma. (Provérbios 29:17)
SEXTA DICA

Jamais seja carinhoso com eles. Seja rígido em todos os momentos da vida.

Costumo dizer que vivemos num mundo de muitos machões e de poucos machos. Na
verdade, ouso dizer que não são poucos os pais que, em nome de um comportamento machista,
não se relacionam afetivamente com os seus filhos. Outro dia, em um congresso de adolescentes
em que fui o preletor, ouvi um adolescente dizendo para o outro: “Como eu gostaria de poder
sentar no colo do meu pai!”.

Pois é, aquele adolescente, apesar de grandão (adolescentes cada vez crescem mais), sentia a
necessidade de estar com o pai.

Há alguns anos, em um final de tarde, depois de um dia exaustivo, meu filho mais velho,
como comumente fazia, foi ao treino de futebol. Contudo, antes de sair de casa, olhando em
meus olhos espontaneamente disse: - Pai quer ver o meu jogo? Confesso que naquele momento,
minha vontade foi de lhe dizer que estava cansado, e que da próxima vez poderia contar comigo,
no entanto, movido pelo Espírito Santo de Deus, lhe disse: - Vamos lá, será um prazer desfrutar
de sua companhia! O menino abriu um enorme sorriso nos lábios e imediatamente partimos para
o local do treino. Lá chegando, sentei-me à arquibancada e durante uma hora, aproximadamente,
fiquei junto ao alambrado assistindo uma boa partida de futebol.

Ao sair do treino fui levado a pensar na correria do dia-a-dia e na agenda cheia, que, muitas
das vezes, nos rouba momentos preciosos como esse. De fato, a vida moderna é uma grande
correria, onde trabalho, estudo e outras atividades, ocupam quase que a totalidade do nosso
tempo. Em virtude deste corre-corre desenfreado, não são poucas as vezes, que nossas famílias e
filhos sentem-se enormemente prejudicados.

Diante do frenesi da vida, fico a pensar na quantidade de crianças, pré-adolescentes e


jovens, que gostariam que seus pais lhe dessem um mísero minuto de atenção. Caro leitor, por
favor, responda sinceramente: de que forma você tem lidado com o seu tempo? Por acaso você já
se deu conta de que o fato de pais gastarem momentos com seus filhos contribuem
significativamente para o desenvolvimento destes? Será que você entende que pais que
participam da vida e da história de seus filhos cooperam veementemente para o desenvolvimento
psicossocial deste, que em poucos anos, virá ser um adulto?

Posso lhe dar uma sugestão? Que tal "chutar o balde?" O que acha de se contrapor ao frenesi
da vida, dedicando mais tempo aos seus filhos, investindo neles através da amizade, parceria e
companheirismo? Lembre-se, criar filhos é muito mais do que suprir necessidades materiais,
criar filhos significa participar, interagir, além de viver o mundo e no mundo daqueles aos quais
tanto amamos.
SÉTIMA DICA

Seja um pai ausente

Conheço inúmeros pais que só pensam em trabalho. Para eles o mais importante é ganhar
dinheiro, ainda que com isso, tenham que se ausentar de suas casas. O problema é que, ao se
ausentarem de seus lares, não se dão conta de que estão contribuindo significativamente para o
aparecimento de problemas familiares. Veja por exemplo a história de Chapeuzinho Vermelho:

A história de Chapeuzinho Vermelho é no mínimo, intrigante, até porque, além do lobo e do


caçador, só encontramos mais três personagens, Chapeuzinho, sua mãe e sua avó. Interessante
que o conto omite a existência de um pai. Se este tinha morrido ou abandonado a casa, nós não
sabemos. No entanto, tenho a impressão que o fato de não possuir um pai presente, acarretou a
menina, alguns sérios problemas, como por exemplo, uma vida solta e descompromissada. Se
junta a isso, o relato de que sua mãe a enviara estrada a fora, loteada de lobos ferozes, que
espreitavam os viajantes na floresta, para devorá-los. Se não bastasse isso, a garota é incumbida
da responsabilidade de levar alimentos para sua avó que estava acamada, o que aponta para uma
despreocupação de sua mãe com a segurança da filha, como também, com a saúde da avó.

Complicado isso, não é verdade? Caro leitor, tenho plena convicção que a ausência paterna
contribui em muito para problemas de nossos jovens. Pais ausentes corroboram para o
surgimento de marcas substanciais na vida de seus filhos. Em contrapartida, pais presentes
ajudam seus filhos a superarem os drama e dilemas do cotidiano com mais facilidade.

A pediatra Melissa Wake, da Austrália, realizou uma pesquisa com quase cinco mil crianças
entre quatro e cinco anos. Ela descobriu que a incidência de sobrepeso e obesidade na garotada
em idade pré-escolar tem relação direta com a negligência dos pais.

Médicos e psicólogos dedicados ao estudo da psicossomática - área que tenta desvendar a


interação entre a saúde psíquica e os problemas físicos - acreditam que os resultados da pesquisa
australiana são uma prova contundente de que a figura paterna é importantíssima no
desenvolvimento infantil. "A imagem do pai é aquela de quem costuma impor limites aos filhos.
Então, faz sentido a ideia de que sua ausência esteja relacionada a transtornos alimentares, por
exemplo." opina a psicóloga Maria Rosa Spinelli. "Décadas atrás, a participação do casal no dia-
a-dia das crianças, e não só a do pai, era muito maior", ressalva a psicóloga Solange Lopes de
Souza. Hoje em dia o tempo livre é dedicado mais para atividades de lazer em benefício próprio.
E o tempo é um fator que conta muito na qualidade da convivência.

Além de problemas como a obesidade, o afastamento do pai pode ter outras consequências
no desenvolvimento infantil. Existem evidências recentes de um elo entre a ausência da figura
paterna e a aceleração do amadurecimento sexual nas meninas. O psicólogo Bruce Ellis, dos
Estados Unidos, mostra que a consolidação das relações familiares ajuda a retardar a menarca, ou
primeira menstruação. Em sua pesquisa, ele observou 173 garotas desde a idade pré-escolar até a
7a série. Segundo ele, aquelas que conviviam satisfatoriamente com os pais durante os cinco
primeiros anos de vida entraram na puberdade mais tarde.

Prezado pai, em virtude dessas informações quando o seu filho quiser brincar e você estiver
lendo o jornal ou navegando na internet, pense duas vezes antes de deixá-lo na mão.

A escola onde meus filhos estudaram no ensino fundamental tinha uma atividade muito
interessante denominada "vivência". Nesta estrutura, os pais eram convidados a assistirem juntos
com os seus filhos um dia de aula. Na ocasião, cada professor ministrava sua aula normalmente,
com a diferença é claro, da presença dos pais.

Há alguns anos, quando meu filho Luiz Filipe estava no 4º ano do ensino fundamental,
experimentamos momentos absolutamente especiais. Isto porque, tivemos o privilégio de juntos,
participamos de todas as atividades escolares, o que gerou em nós um enorme sentimento de
cumplicidade. No entanto, o que mais nos marcou foi o momento em que participamos da aula
de educação física. Na ocasião, brincamos de bandeirinha, corremos, saltamos e como não
poderia deixar de ser, rimos muito. Aliás, rir faz bem, e rir juntamente com os filhos faz a gente
se sentir melhor ainda.
Ora, o simples fato de estar inserido no mundo dos filhos e fazer deste mundo o nosso
mundo, contribui em muito para o desenvolvimento salutar de suas emoções.

Prezado amigo, a luz desta afirmação que tal resgatar a fantasia, celebrar a vida, a festejar a
família, além de fazer da sua relação com seus filhos uma relação de cumplicidade e de alegria?
OITAVA DICA

Transfira a educação religiosa de seus filhos para os professores de escola


dominical da sua igreja, delegando a eles a responsabilidade de lhes ensinar a
Bíblia.

Infelizmente não são poucos os pais que pensam que a responsabilidade de ensinar as
Escrituras aos seus filhos é do pastor e da Igreja. Volta e meia eu ouço alguns dizendo: “Ah!
Meu filho não quer nada com Deus porque o departamento infantil da minha igreja é fraco.” Ou
ainda, “Meu filho é rebelde porque na igreja que frequento a escola dominical não é relevante.”.

Caro leitor a responsabilidade de ensinar a Palavra de Deus aos filhos cabe exclusivamente
aos pais. O reformador João Calvino costumava dizer que o papel da igreja é nada mais nada
menos do que contribuir com o enriquecimento das crianças confirmando aquilo que os pais
ensinaram em casa. Portanto, pais que se omitem diante desta nobre missão, sem que percebam
estão contribuindo significativamente para o esfriamento espiritual dos seus filhos.

As Escrituras nos mandam ensinar a criança no caminho em que deve andar; e até quando
envelhecer ela não se desviará dele. (Provérbios. 22.6)

A Bíblia enfatiza a importância da instrução dos pais aos filhos senão vejamos:

O Senhor confiou na determinação de homens fiéis para repassar suas instruções às


gerações posteriores. Ele disse sobre Abraão: “Porque eu o escolhi para que ordene a seus filhos
e a sua casa depois dele, a fim de que guardem o caminho do Senhor e pratiquem a justiça e o
juízo” (Gênesis 18:19)

Quando Moisés resumiu a vontade de Deus para os israelitas, ele disse: “Estas palavras
que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás
assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te”
(Deuteronômio 6:6-7).
Asafe, um dos salmistas de Israel, escreveu: “O que ouvimos e aprendemos o que nos
contaram nossos pais, não o encobriremos a seus filhos; contaremos à vindoura geração os
louvores do Senhor, e o seu poder, e as maravilhas que fez” (Salmo 78:3-4).

O livro de Provérbios contém ensinamentos práticos sobre a forma com que os pais devem
se relacionar com os seus filhos. Consideremos alguns versículos que frisam a importância de
dar e receber esta orientação:

“Ouvi, filhos, a instrução do pai e estejam atentos para conhecerdes o entendimento”


(Provérbios 4:1); “Filho meu, atenta para as minhas palavras; aos meus ensinamentos inclina os
ouvidos” (Provérbios 4:20); “Filho meu, guarda o mandamento de teu pai e não deixes a
instrução de tua mãe” (Provérbios 6:20); “O filho sábio alegra a seu pai, mas o filho insensato é
a tristeza de sua mãe” (Provérbios 10:1); “O filho sábio ouve a instrução do pai, mas o
escarnecedor não atende à repreensão” (Provérbios 13:1).

Sem sombra de dúvidas, tanto a paternidade, quanto a maternidade, são bênçãos do Senhor.
No entanto, ser pai e mãe, traz no seu bojo, uma responsabilidade que alcança a eternidade. Isto
posto, vamos fazer o melhor possível para guiar os nossos filhos no caminho do Senhor.
NONA DICA

Brigue por tudo

Certa feita, enquanto conversava com o meu amigo Ezequias Marins, pastor da Igreja
Batista de Japuíba, em Angra dos Reis, chegamos à conclusão que nem todas as batalhas que
travamos em nossa cotidianidade são batalhas, as quais, deveríamos lutar. Na verdade, em meio à
informalidade do nosso bate-papo, fomos levados a entender que algumas das nossas lutas não
deveriam ter nossa imediata atenção, até porque, o inimigo das nossas almas, muitas vezes tenta
desviar nosso foco da soberana vontade de Deus, levando-nos a valorizar em demasia questões
menores e irrelevantes.

Noutra ocasião, ao conversar com a minha amiga, Norma Braga, ouvi dela uma afirmação
bem parecida com a do Ezequias: “Todos nós precisamos aprender a escolher melhor as nossas
brigas”.

Ora, a experiência pastoral me mostra que não são poucas as vezes na vida, que
polemizamos desnecessariamente com aqueles que amamos. Quantas vezes não fazemos um
“cavalo-de-batalha” em questões banais e insignificantes? Por acaso, já percebeu que quando
você trava algumas “brigas ou discussões” com seus filhos, amigos ou cônjuges, na maioria das
vezes, você não chega a lugar nenhum?

Há alguns anos, numa quarta feira de verão, eu e meus dois filhos, na época, pré-
adolescentes, combinamos assistir ao jogo do Fluminense no Maracanã. Na hora marcada,
rumamos em direção ao maior estádio do mundo. No entanto, como não poderia deixar de ser, às
águas de março copiosamente caíram sobre a cidade do Rio de Janeiro.

Chegamos ao estádio praticamente no inicio da partida, compramos os ingressos e


rapidamente subimos a rampa em direção as arquibancadas. Mal nos acomodamos e o juiz apitou
dando inicio a peleja. Naquele instante, percebia-se claramente nos milhares de indivíduos que lá
estavam um forte clima de euforia, onde se faziam presentes gritos, suspiros, alegrias, abraços e
reclamações.

Tinha levado um pequeno rádio para ouvir os detalhes do jogo, e um dos meus filhos me
pediu que o deixasse acompanhar a partida através da “latinha”. Assim fiz. No entanto, bastou
emprestar o rádio para um, que o outro imediatamente deixou-se levar pelo ciúme. Mediante a
isso, combinei com os meninos que cada um teria direito a ouvir por 10 minutos corridos, a
partida de futebol. Ambos concordaram, só que, sem que eu desse conta, os meninos começaram
a discutir e brigar pela posse do rádio. Um falava para o outro:

- Você ficou um minuto a mais do que eu! E o outro replicava: - Seu relógio está errado!

De repente, ao olhar para o lado, percebi que ambos estavam discutindo asperamente quase
indo às vias de fato. Naquele momento, eu chamei a atenção de ambos falando: - Meninos, para
que brigar por tão pouco? Vocês estão perdendo o melhor do jogo! Bastou falar isso para que
ambos marejassem os olhos, mudando, por conseguinte o tom de voz reivindicando ao pai
justiça.

Prezado, naquele momento, lembrei-me da Palavra de Deus que nos ensina a vivermos a
vida cristã com maturidade, deixando pra trás as coisas de menino. Você já reparou que como
crianças muitas das vezes nós discutimos e brigamos uns com os outros por ciúme? Quantos de
nós deixamos de desfrutar momentos preciosos com aqueles que amamos, em virtude de
sentimentos egoístas? Por acaso, você já percebeu que muitas vezes nós nos comportamos como
meninos, brigando e discutindo desnecessariamente?

Quer ter uma vida plena? Quer viver bons relacionamentos com seus filhos? Deixe de lado
as coisas de menino. Não discuta por bobagens, não polemize desnecessariamente, desfrute da
vida e da beleza de se viver em família, até porque, essa é a vontade do Senhor para conosco.
DÉCIMA DICA

Jamais admita para os seus filhos os seus erros.

Lamentavelmente, existem pais que se acham os donos da verdade e que, em virtude disso,
jamais admitem a possibilidade de cometerem erros. Infelizmente, não são poucos aqueles, que
movidos pela arrogância, são incapazes de reconhecerem suas falhas, retratando-se com aqueles
que ofenderam.

O problema é que para alguns pais, falta humildade. As Escrituras são enfáticas em retratar
que a humildade é uma qualidade indispensável aos cristãos. Nosso Senhor no Sermão da
montanha se contrapôs aos valores deste mundo dizendo: “Bem aventurados os humildes de
espírito, pois dos tais é o Reino dos Céus”. (Mateus 5:03)

Essa afirmação de Jesus Cristo foi um grande escândalo no primeiro século. Isto porque, o
conceito social reinante, oriundo da filosofia grego-romana, considerava desprezíveis pessoas
que valorizassem virtudes como a humildade. Tanto para os gregos quanto para romanos, a
humildade estava relacionada aos fracos, aos débeis, doentes e incompetentes.

Para a classe dominante, nunca, em hipótese alguma, pessoas bem sucedidas na vida,
deveriam cultivar valores como simplicidade e humildade. No entanto, Jesus como Filho de
Deus contestou desse nipe, afirmando categoricamente, que o Reino de Deus não é propriedade
dos soberbos e arrogantes desta vida, antes pelo contrário, só é possível herdá-lo mediante
simplicidade e singeleza de coração.

Thomas Brooks, afirmou certa vez: “Os homens mais santos são sempre os mais humildes”.
Robert Leighton, disse: “As melhores amizades de Deus são homens humildes.” Em outras
palavras, isto significa que quanto mais próximos de Deus estiverem, menos arrogantes serão.

Jonathan Edwards costumava dizer que um “homem verdadeiramente humilde é consciente


da diminuta extensão de seu próprio conhecimento, da grande extensão de sua ignorância e da
insignificante extensão de seu entendimento comparado com o entendimento de Deus. Ele é
consciente de sua fraqueza, de quão pequena sua força é, e de quão pouco ele é capaz de fazer.
Ele é consciente de sua distância natural de Deus, de sua dependência dele, da insuficiência de
seu próprio poder e sabedoria; e de que é pelo poder de Deus que ele é sustentado e guardado;
e de que ele necessita da sabedoria de Deus para lhe conduzir e guiar, e de Seu poder para
capacitá-lo a fazer o que ele deve fazer para Ele.”.

Na perspectiva do Reino é importante que entendamos que só alcançamos o trono do


altíssimo descendo as escadas. Terminantemente, as Escrituras afirmam que Deus exalta os
humildes e abate os soberbos. Ora, o trajeto que os vencedores traçam, nunca foi e nunca será o
caminho da presunção e da prepotência, antes pelo contrário, os vencedores carregam em si a
marca indelével da humildade e da simplicidade.

Prezado amigo só é possível reconhecermos nossos erros se formos humildes. Certa ocasião
eu pisei feio na bola com um dos meus filhos. Na verdade, eu o julguei e disciplinei de forma
errada. Ao descobrir que havia falhado, senti-me profundamente constrangido. Confesso que
minha vontade foi jogar o equivoco “para debaixo do tapete”, e deixar com que o tempo
“deletasse” minha atitude, todavia, Cristo mediante sua Palavra, me convenceu que estava errado
e que havia necessidade de que eu lhe pedisse perdão.

Caro leitor, pais que não reconhecem seus erros pecam contra Deus e contra os seus filhos, e
sem que deem conta, contribuem para o afastamento daqueles que o Senhor os confiou. Portanto,
seja humilde, “vista a carapuça” e quando necessário, peça perdão àqueles que ofenderam, com
certeza agindo assim, Deus o abençoará juntamente com sua família.
DÉCIMA PRIMEIRA DICA

Jamais dialogue com eles. Imponha sobre eles a sua "soberana" vontade.

“Manda quem pode e obedece quem tem juízo.” Geralmente é assim que pensam alguns
pais. Para estes, o diálogo é uma grande bobagem, mesmo porque, filhos não sabem, nem
tampouco, conhecem nada da vida, daí a necessidade de impor sobre eles suas vontades.

O problema é que pais despóticos produzem filhos revoltados. Na minha experiência


pastoral, tenho testemunhado inúmeros casos de pais que devido a sua inflexibilidade,
produziram em seus filhos um grande ódio.

O famoso comunicador Chacrinha costumava dizer que quem não “comunica se trumbica”,
e vamos combinar uma coisa? Ele está certíssimo! Pais que não conseguem travar uma
comunicação saudável com os seus filhos dão passos significativos a um divórcio relacional. O
problema é que existem pais que acham que a comunicação se resume num monólogo onde
somente quem fala são eles. Ora, o velho e bom diálogo é o recurso mais eficaz para os pais se
manterem próximos do universo dos seus filhos. Dialogando fica muito mais fácil compreendê-
los, ser ouvido por eles e, consequentemente, amadurecer a relação. Uma das características de
uma família bem sucedida é o diálogo entre os seus componentes. Pais que dialogam com seus
filhos são muito mais bem sucedidos em sua missão. Sem sombra de dúvidas, fazer-se entender é
uma arte que precisa ser aprendida por todos nós. Em todas as relações da vida, quer entre
amigos, familiares, ou até mesmo, no campo profissional, é indispensável comunicar-se bem. O
grande rei Salomão em toda sua sabedoria nos ensina que "Como maçãs de ouro em salvas de
prata, assim é a palavra dita há seu tempo" (Provérbios 25:11).

Por favor, preste atenção, falar as palavras certas, na hora certa, e para a pessoa certa,
contribui em muito para a construção de relacionamentos saudáveis. A boa comunicação é uma
chave vital para um casamento duradouro e satisfatório, como também, para a relação profícua e
abençoada com os nossos filhos.
DÉCIMA SEGUNDA DICA

Entregue os seus filhos para serem educados pela televisão e internet e jamais
questione suas doutrinas e ensinamentos.

A revista médica “Pediatrics” publicou um estudo em que se descobriu que meninos entre
dois e cinco anos que veem desenhos animados violentos ou esportes de contato na televisão,
têm mais probabilidade de ficarem mais agressivos ou desobedientes, quando mais velhos.
"Descobrimos que quanto mais violenta é a televisão vista por meninos pré-escolares, é mais
provável que tenham comportamento antissocial, como agir agressivamente, desobedecer a
ordens e se meter em confusões na idade escolar", afirmou Dimitri Christakis, principal autor do
estudo.

Numa segunda pesquisa, a Revista “Pediatrics” afirmou que adolescentes que assistem
muitos programas de TV com conteúdo sexual têm probabilidade, duas vezes maior, de
engravidar nos três anos seguintes, do que os jovens que assistem poucos desses programas.

O estudo americano é o primeiro a estabelecer uma relação direta entre a exposição de


adolescentes a conteúdo sexual na TV e gravidez – tanto de meninas, como dos garotos que
assistem aos programas e engravidam suas namoradas. Para a pesquisadora Anita Chandra, que
liderou o estudo, os adolescentes recebem considerável quantia de informação sobre sexo através
da TV e a programação, normalmente, não destaca os riscos e responsabilidades do sexo.

Complicado, não é verdade? Definitivamente, vivemos dias difíceis! Nossa sociedade


encontra-se absolutamente deteriorada, nossas famílias perdidas e sem rumo, nossos adolescentes
e jovens sem perspectivas e referências. Infelizmente, o mundo encontra-se envolvido em um
estilo de vida que se contrapõe aos princípios da lei de Deus.

Lamentavelmente, a chamada “babá eletrônica” cada dia se torna mais influente em nossas
residências. E isso se deve em parte, a vida corrida, bem como a agenda cheia de compromissos
por parte dos pais. Na verdade, milhões de crianças por esse país afora, têm sido abandonadas
por seus progenitores, em frente aos aparelhos de televisão, o que contribui em muito, para a
construção de valores perniciosos a sua saúde emocional.

Infelizmente, o que deveria ser um instrumento complementar de educação, transformou-se


num perigoso elemento de estímulo à transgressão, um fator de contracultura, um nocivo
orientador. A TV, não só traz prejuízos em razão da sua baixa qualidade de programação, mas
também, concorre para que as crianças tenham dificuldade em organizarem seu tempo e se
afastem da convivência familiar.

Talvez, ao ler este texto, você esteja dizendo consigo mesmo: Tudo bem! Isso é verdade.
Agora, em um mundo agitado e corrido como o nosso, onde para se sobreviver é quase que
necessário chupar cana e assoviar ao mesmo tempo, como não deixar nossos filhos diante da
TV?

A questão não é proibi-los de assistir televisão, até porque, de maneira alguma devemos
extirpar de nossas casas os benefícios proporcionados por este excelente meio de comunicação.
O que na verdade precisa ser feito, é escolher os desenhos, bem como os programas “teens”,
adequados à idade de nossos filhos. Se junta a isso, que é indispensável que os pais, ao
perceberem algum ensino errado nos programas em questão, argumentem com os seus filhos, o
porquê as atitudes do personagem não devem ser copiadas.

Internet

Se a televisão tem gerado tantos problemas, imagine o uso indevido da internet?

Pesquisas feitas em todo planeta nos mostram que crianças e adolescentes tem sido
severamente assediados por lobos ferozes através da Internet.

Segundo o Blog “Diga não a erotização infantil”, oito por cento dos menores, revelam seu
correio eletrônico para qualquer pessoa e mais de 5% já foram assediados por uma pessoa
conhecida através da Internet. Estas duas estatísticas dão uma ideia do perigo que existe ao redor
dos avanços da rede mundial de computadores, em especial o fato de que delinquentes sexuais
fazem uso da rede, para cometer seus delitos.

A pesquisa “Opinando em Grande”, realizada pela organização Ação pelas Crianças, em


convênio com o instituto de pesquisa IMASEN, com 413 crianças entre 11 e 17 anos, de 36
distritos de Lima, Metropolitana e Callao, afirmou que mais de 41% das crianças e adolescentes
acessam a Internet de maneira diária e alternada. A isso, se deve acrescentar que muitas crianças
(89%) preferem ingressar na rede através de uma Lan-house.

O mais grave é que 76,2% acessam a Internet sem a supervisão de um adulto e apenas
21,2% têm algum tipo de controle familiar. Do total, 64,4% navegam de uma a duas horas por
dia. A maioria, 55%, navega pela rede com o objetivo de bater papo, 41,6% para jogar, 27,2%
para buscar informações, 24,1% para revisar seu correio eletrônico e só 20,2% para estudar.

O perigoso é que 8% dos entrevistados responderam que revela seu endereço eletrônico para
qualquer pessoa. E mais: 12,3% já foram a um encontro com uma pessoa conhecida através do
bate-papo. Quanto à pergunta, alguma vez foi assediado por alguma pessoa que tenha conhecido
pela Internet? 5,5% afirmam que sim, foram vítimas de assédio através de mensagens enviadas
para seus correios eletrônicos (66,7%), conversa pelo bate-papo (57,1%) e chamadas por telefone
(9,5%).

Finalmente, 30,5% das crianças e adolescentes entrevistados assinalam que têm acesso a
material pornográfico, e, deste grupo, 92,9% fizeram através de uma cabine pública.

Na pesquisa, 50,6% dos entrevistados eram mulheres, a maioria tinha entre 11 e 14 anos, e
32% é de nível socioeconômico baixo inferior. As páginas mais visitadas são o Google, Hotmail
e Messenger. Quando os entrevistados vão a uma cabine de Internet, a maioria dos clientes tem
idades entre 15 e 17 anos e até 12,6% conecta-se ao Messenger para conhecer outras pessoas.
91,1% têm correio eletrônico e 53,6% explicam que revelam seu correio a qualquer usuário para
ter mais contatos. 14,4% afirmam que fornecem seu telefone para qualquer pessoa que peça.
4,7% revelam que as crianças de sua idade preferem páginas sobre sexo na Internet e 30,9% já
viram páginas pornográficas, sendo que 68% já receberam material pornográfico em seu correio
e 15,3% guardam para ensinar aos amigos.
Caro leitor, através destes números dá para perceber que abandonar os filhos aos cuidados
da internet é muito complicado, não é verdade? Isto posto, se não deseja perder os seus meninos
e meninas para o mundo, seja mais presente, além, é claro, de efetuar uma saudável supervisão
daquilo que os seus filhos acessam na NET.
APÊNDICE:

Não desistam dos seus filhos

Outro dia revimos em nossa casa o filme “Procurando Nemo”. Nemo é um pequeno peixe-
palhaço, que repentinamente foi sequestrado do coral onde vivia, por um mergulhador, passando
a viver em um aquário. Decidido a encontrá-lo, seu tímido pai saiu em sua busca, enfrentando
tubarões, águas vivas, e problemas dos mais diversos.

A película nos ensina que Melvin, mesmo diante de seus medos e limitações, não mediu
esforços para recuperar seu filho, até porque, para o pai do desobediente peixe, nada era mais
importante do que o regresso de seu rebento a casa do pai.

À luz desta pequena história fico a pensar em inúmeros pais, que pelos motivos mais banais,
desistiram de seus filhos. Pais, que em virtude da rebeldia de uns, da desobediência de outros,
abandonaram na estrada da vida, aqueles, os quais, o Senhor os confiou.

Caro leitor, pais que amam, jamais desistem de seus “meninos”. Pais apaixonados não
abdicam do privilégio de tê-los ao seu lado, mesmo que estes os decepcionem andando por
caminhos tortuosos, continuam esperançosos em tê-los de volta. Pais que amam, lutam por seus
filhos, “enfrentam tubarões”, ultrapassam limites, vencem sentimentos, na certeza de que no final
da história será possível voltar a sorrir.

Conta-se, que num dia quente de verão, um pequeno menino decidiu ir nadar no lago que
havia atrás de sua casa. Na pressa de mergulhar na água fresca, foi correndo, deixando para trás
os sapatos, as meias e a camisa. Voou para a água, não percebendo que enquanto nadava para o
meio do lago, um crocodilo estava deixando a margem e entrando na turva água. Sua mãe, em
casa, olhava pela janela enquanto os dois estavam cada vez mais perto um do outro. Com medo,
correu para o lago, gritando para seu filho o mais alto quanto conseguia. Ouvindo sua voz, o
pequeno se alarmou, deu um giro e começou a nadar de volta ao encontro de sua mãe. Mas era
tarde. Assim que ela o alcançou, o animal o abocanhou. A mãe agarrou seu menino pelos braços
enquanto o crocodilo mordia seus pés. Começou então um cabo-de-guerra incrível entre os dois.
O bicho era muito mais forte do que a mãe, todavia, a mãe era, por demais, apaixonada, para
deixá-lo ir. Um fazendeiro que passava por perto ouviu os gritos, pegou uma arma, e disparou no
monstro.

De forma impressionante, após semanas no hospital, o pequeno menino sobreviveu. Seus


pés ficaram extremamente machucados pelo ataque do crocodilo e, em seus braços, os riscos
profundos onde as unhas de sua mãe estiveram cravadas, no esforço de salvar o filho que amava.

Um repórter de um jornal local entrevistou o menino após o trauma, perguntando-lhe, se


podiam mostrar suas cicatrizes. Sem titubeios, o menino levantou seus pés. Logo depois de fazê-
lo, o pequeno e orgulhoso garoto, disse ao repórter: Por favor, olhe meus braços. Eu também
tenho grandes cicatrizes em meus braços. Eu as tenho porque minha mãe lutou por mim, não me
deixando ir.

À luz desta história, lhe pergunto: Que tipo de pai ou mãe tem sido você? Será você é um
daqueles que desiste facilmente de seus filhos? Ou é do tipo que está disposto a “LUTAR” por
aqueles que o Senhor os confiou? Ora, não tenho a menor dúvida, de que pais e mães que amam,
lutam por seus filhos, na certeza de que no final da história, a alegria retornará ao lar.
CONCLUSÃO:

Deus criou a família. As Escrituras afirmam categoricamente que foi o Senhor quem
instituiu as relações familiares. O Rei dos reis ama essa linda instituição. Eu acredito na família,
eu acredito na conversão dos pais aos filhos e dos filhos aos pais. Eu acredito no perdão, no amor
desinteressado, na gargalhada apaixonada, na mesa farta de sorrisos e brincadeiras, nas lágrimas
de companheirismo, nos abraços e afagos de quem vive para amar. Eu acredito no diálogo entre
pais e filhos, nos encontros e desencontros em volta da mesa, nas lembranças e sonhos que
povoam o coração, no carinho, no beijo, na compreensão entre marido e mulher, no respeito
entre pais e filhos.

Prezado amigo, nosso país está repleto de famílias que choram a perda dos seus filhos para
as drogas, no entanto, do Oiapoque ao Chuí, existe um número incontável de lares que foram
impactados pelo Evangelho da Salvação Eterna, fazendo com que os que neles vivem,
experimentem de fato, a verdadeira felicidade.

Como bem disse o Movimento Desperta Débora, “Deus não nos deu filhos para povoar o
inferno”, muito pelo contrário, nossos filhos pertencem ao Senhor.

Minha expectativa é que o que livro “12 maneiras de expulsar o seu filho da Igreja” possa
lhe ter ajudado na árdua, porém, doce missão de educar filhos. Rogo, portanto, ao Eterno, que
lhe conceda sabedoria do alto, ajudando-o a edificar lares abençoados e felizes.

Lembre-se que uma relação familiar saudável terá, por consequência, filhos maduros e bem
ajustados. Filhos que crescem em um lar onde o temor ao Senhor, o respeito e a afetividade se
fazem presentes, jamais se afastarão do caminho aprendido. Portanto, continue cultivando em
sua casa, as sementes do Evangelho, oferecendo aos seus filhos, limites, disciplina, afeto e amor,
e colha no futuro, a alegria de ter uma família servindo ao Senhor.
Que Deus o abençoe!

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