Sebenta Familia - Prom e Inconveniente

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Intervenção de Enfermagem à

Família em Processo de Transição


Cristiana Caramona
Filipa Tavares
CLE 2019-2023
Índice
Família: conceitos e abordagens disciplinares. A família provedora de cuidados de saúde. .... 3
Políticas Internacionais Enfermagem de Família. ...................................................................... 8
A relação família e sociedade Políticas e Recursos sociais de apoio às Famílias .................... 15
Tipologias de famílias - Famílias vulneráveis em saúde .......................................................... 20
Os contextos dos cuidados dirigidos à Família ........................................................................ 27
O processo de cuidar das famílias ........................................................................................... 39
Avaliação Familiar (MCAF) ....................................................................................................... 47
Instrumentos de Avaliação Familiar ........................................................................................ 53
Intervenção Familiar (MCIF) .................................................................................................... 64
Os Jovens Adultos Independentes (Etapa I) ............................................................................ 69
A formação do sistema conjugal (Etapa II) .............................................................................. 69
A Saúde sexual e Reprodutiva nas Etapas de desenvolvimento I e II ...................................... 74
A Família em Expansão e a Parentalidade ............................................................................... 78
Promoção da Saúde nas Famílias com Crianças e Adolescentes ............................................. 86
Parentalidade como Foco de Atenção de Enfermagem .......................................................... 95
Etapa V: Encaminhamento dos filhos e saída de casa ........................................................... 102
Etapa VI – Última fase da vida familiar .................................................................................. 107

2
Família: conceitos e abordagens disciplinares. A família provedora
de cuidados de saúde.

Porque se estuda a família em enfermagem?


As famílias são constituídas por pessoas cuidadas por enfermeiros.
As famílias são alvo dos cuidados de enfermagem, tal como os grupos e as comunidades.
A preocupação com a saúde familiar, enquanto unidade de cuidados.

Quem estuda a família?


Disciplinas: História, Antropologia, Sociologia e Demografia.
E a saúde da família? Enfermagem, Medicina familiar, Psicologia e Terapia familiar.

O que é uma família?


Na Constituição da República Portuguesa é definida como “Unidade Básica da Sociedade”
(CRP, artigo 67º)
Conceitos:
● Clássico: Pai, mãe e filhos. Vinculação genética e hereditária.
● Moderno: Um ou mais indivíduos partilhando os mesmos contextos de vida de uma
maneira permanente ou continuidade com nexo emocional, social e económico.

O que define a família?

Conceito de família
“O conceito de família não pode ser limitado a laços de sangue, casamento, parceria sexual
ou adoção. A família é o grupo cujas relações sejam baseadas na confiança, suporte mútuo e
um destino comum.” OMS (1994)
“A família organiza-se através de uma estrutura de relações onde se definem papéis e funções
conformes as expectativas sociais” Relvas (2006, p.14)

3
“A família é um contexto onde o indivíduo aprende a cultura, os papéis e a responsabilidade.”
Orem (1983)
“Família é um grupo de duas ou mais pessoas que criam ou mantêm uma cultura comum e
cujo objetivo é a continuidade. A família é composta por subsistemas. O sistema é ameaçado
quando se expõe a pressões que afetam a estabilidade e bem-estar.” Neuman (1983, p.241)
“A família é um sistema social que pretende transmitir cultura (padrões e valores) aos seus
membros e oferece segurança. Os elementos centrais são: Estabilidade; Crescimento;
Controlo e Espiritualidade.” Friedemann (1995, p.241)

Os processos familiares compreendem 4 dimensões:


● Manutenção do sistema;
● Mudança de sistema;
● Coerência interna;
● Individualização.

“A família refere-se a dois ou mais indivíduos que dependem um do outro para dar apoio
emocional, físico e económico. Os membros da família são autodefinidos.” Hanson (2005, p.6)
“A família é quem os seus membros dizem que são.” Wright & Leahey (2012, p.68)

Função da família
“A família é um meio de intimidade e afetos facilitadores do desenvolvimento pessoal, da
autorrealização dos seus elementos como pessoas com direitos inquestionáveis, iguais em
dignidade e capazes de desenvolver potencialidades infindáveis”. (Gimeno, 2003, p.73)

Funções básicas da família (Hanson, 2005)


● Gerar afeição entre os membros;
● Responder às necessidades dos membros (provedora de cuidados de saúde);
● Proporcionar segurança e apoio;
● Facilitar o processo de socialização;
● Transmitir responsabilidade moral e social;
● Proporcionar satisfação e propósito de vida.

A família provedora de cuidados


Local onde aprendem os comportamentos de saúde e desenvolvem estilos de vida.
Espaço de proteção ou de desenvolvimento da doença
Local onde recebe cuidados de saúde e de manutenção.
Nas famílias “existe uma história de preocupação e cuidado e o potencial para um
compromisso duradouro de cuidar” (Vaughan-Cole, 1998, p. 5)
A família promove a responsabilidade em saúde, tornando-se um contexto que potencia as
mudanças de comportamento conducentes a mais e melhor saúde!

4
Saúde familiar
Integra a saúde de cada membro e a saúde da unidade familiar. Dimensão em que o todo e
as partes se influenciam mutuamente.
Unidades dotadas de energias com capacidade autoorganizativa. Em situações de transição,
pode este potencial energético das famílias ficar bloqueado e a família manifestar
dificuldades em se reorganizar.

Conceito de saúde familiar


“A saúde familiar é um estado dinâmico de relativa mudança de bem-estar, que inclui os
fatores biológicos, psicológicos, espirituais, sociológicos e culturais do sistema familiar.”
(Hanson, 2005, p.7)
Uma família saudável promove o crescimento dos seus membros e mantém a coesão, prioriza
as necessidades básicas, identifica, valoriza e concilia as diferenças, apresenta flexibilidade
para mudanças e, quando enfrenta uma crise, consegue funcionar adaptando-se à nova
realidade (Araújo & Santos, 2012)

Características das famílias saudáveis


● Boa comunicação entre os membros;
● Fomenta o tempo em conjunto (refeições);
● Aceita e apoia cada membro;
● Ensina o respeito pelos outros;
● Desenvolve um espírito de confiança;
● Gosta de brinca e tem sentido de humor;
● Partilha atividades de lazer nos tempos livres;
● Tem sentido de responsabilidade partilhada;
● Ensina a distinguir o certo do errado;
● Conhece rituais e tradições;
● Partilha uma crença religiosa/espiritual;
● Respeita a privacidade de cada membro;
● Dá valor ao serviço prestado a outros;
● Admite a existência de problemas e procura ajuda.

O impacto da doença na família

5
Ciclo de saúde e de doença da família
● Promoção da saúde familiar e redução do risco;
● Vulnerabilidade familiar e aparecimento da recaída
da doença;
● Avaliação da família sobre a doença;
● Resposta aguda da família;
● Adaptação à doença e recuperação.

Necessidades de suporte psicológico da família


● A ansiedade, o estresse e o medo;
● Os sentimentos de impotência e culpabilidade;
● Os conflitos internos;
● A participação nos cuidados.
● A comunicação de informações e a adaptação ao problema de saúde de um membro da
família;
● A preparação para a substituição;
● A preparação para uma má notícia.

A importância da intervenção de enfermagem de família


1. Os comportamentos de saúde e de risco são apreendidos no contexto família;
2. A família é afetada quando um dos seus membros está doente, sendo a própria família
um fator importante na evolução do seu estado de saúde e bem-estar;
3. As práticas de saúde de cada pessoa e os seus acontecimentos de vida afetam também
toda a família;
4. A eficácia dos cuidados de saúde é melhorada quando se dá maior ênfase à família e não
apenas à pessoa;
5. A promoção, manutenção e restauração da saúde das famílias é importante para a
sobrevivência da sociedade.

O triângulo terapêutico dos cuidados de saúde


“A mudança num dos membros do sistema familiar, através do impacto da doença, produz
modificações nos outros membros da família” (Wright & Leahey, 2013)
A integração da família no cuidado otimiza o cuidado de enfermagem à pessoa doente
(Wright & Leahey, 2013).

6
Cuidar da família
“O enfermeiro, sendo responsável pela humanização dos cuidados de enfermagem, assume
o dever de dar, quando presta cuidados, atenção à pessoa com uma totalidade única,
inserida numa família e numa comunidade.” Código deontológico de Enfermagem (artigo
110, alínea A)

7
Políticas Internacionais Enfermagem de Família. Enfermagem de
Família. Níveis abordagem Enfermagem Familiar. Papéis do
Enfermeiro de Família.

Políticas Internacionais de Apoio à Saúde das Famílias


Sustentam o princípio de considerar a família como a chave para obter ganhos em saúde e
considerá-la como alvo de intervenção da prática de Enfermagem.

Ano Internacional da Família


O ano 1994 foi proclamado, pelas Organização das Nações Unidas (ONU);
O tema foi: "Família, Capacidades e Responsabilidades num Mundo em Transformação“;
A ONU declarou a família como "a pequena democracia no coração da sociedade”.

Dia Internacional da Família - 15 de Maio


A celebração tem como objetivos:
● Salientar a importância da família na estrutura do núcleo familiar e o seu relevo na base
da educação infantil;
● Reforçar a mensagem de união, amor, respeito e compreensão necessárias para o bom
relacionamento de todos os elementos que compõem a família;
● Chamar a atenção da população para a importância da família como núcleo vital da
sociedade e para seus direitos e responsabilidades desta;
● Sensibilizar e promover o conhecimento relacionado com as questões sociais,
económicas e demográficas que afetam a família.

Políticas Internacionais
A II Conferência Ministerial de Enfermagem, da OMS, na Declaração de Munique (Junho,
2000) reafirmou a necessidade de procurar oportunidades e suportar programas e serviços
centrados na família, incluindo a figura do enfermeiro de saúde familiar;
A «SAÚDE 21» (OMS), reafirma a saúde como um direito essencial da responsabilidade dos
indivíduos, famílias e comunidades nos seus processos de saúde e elege a figura do
enfermeiro de família enquanto promotor da saúde da família.
“Onde quer que a enfermagem trabalhe, o foco deve dirigir-se para a saúde da família com o
objetivo de ajudá-la a cuidar de si mesma e a contribuir para o desenvolvimento da
comunidade” (Presidente do C.I.E. da OMS, 2000, Conferência de Munique)
Meta 15 - ênfase forte nos cuidados de saúde primários e no centro deve estar o enfermeiro
de saúde familiar

8
Declaração Munique (OMS, 2000)
A 2ª Conferência Ministerial da OMS em Enfermagem e Enfermagem Obstétrica na Europa

Papel único de enfermeiros na


Europa no desenvolvimento da
saúde e na prestação dos cuidados
de saúde, de modo:

Estabelecer progrmas de
Garantir a participação dos Reforçar o papel dos
enfermagem comunitária e
enfermeiros na tomada de enfermeiros e das parteiras na
de enfermagem obstétrica
decisão a todos os níveis do saúde pública, na pomoção da
centrados na família,
desenvolvimento e definição saúde e no desenvolvimento
incluindo o enfermeiro de
das políticas de saúde comunitário
saude familiar

O “Enfermeiro de Família”, como modelo organizativo de cuidados é uma mais-valia no


âmbito da qualidade dos cuidados prestados à população, com ênfase para a efetividade,
proximidade e acessibilidade dos cuidados. (OMS, 2000)

Para atingir as metas da Saúde 21


Recomendações da Presidente do Conselho Internacional de Enfermagem da OMS.
Os Enfermeiros devem:
● Prestar cuidados de enfermagem de qualidade;
● Desenvolver a liderança;
● Trabalhar em parceria;
● Responder às necessidades de mudança dos cuidados de saúde

O enfermeiro de saúde familiar, a saúde pública e os cuidados de saúde primários

9
O que é esperado pela OMS dos Enfermeiros que cuidam de famílias?
1. Ajudar os indivíduos e as famílias a adaptarem-se à doença e à incapacidade crónica ou
durante os períodos de stress;
2. Aconselhar relativamente aos estilos de vida e fatores de risco comportamentais;
3. Assistir as famílias em assuntos relativos à saúde;
4. Assegurar que os problemas de saúde das famílias sejam tratados em estádios iniciais,
através da deteção imediata;
5. Identificar os efeitos dos fatores socioeconómicos na saúde familiar e referenciá-los à
instituição adequada através do conhecimento da questões sociais, institucionais e de
saúde pública;
6. Facilitar a alta precoce do hospital, através da prestação de cuidados no domicílio;
7. Atuar como elo de ligação entre a família e o médico de saúde familiar, substituindo o
médico nas situações em que as necessidades identificadas são de natureza relevante
para a ação de enfermagem.

Esquema síntese do Enfermeiro de saúde Familiar - OMS (Saúde 21)

ICN 2002: Nurses always there for you - Caring for families
Em todos os contextos de intervenção das/os enfermeiras/os o foco de atenção é a família:
a sua saúde, capacidade de crescimento, os cuidados a si mesma e o seu contributo para a
comunidade. Objetivos:
● Promover a consciencialização sobre o papel do enfermeiro no cuidado à família e saúde
da família, inclusive como o principal ponto de entrada no sistema de prestação de
cuidados de saúde;
● Incentivar a participação da enfermagem no desenvolvimento e implementação de
políticas de saúde e sociais que sejam favoráveis à família;
● Chamar a atenção para a importância da família e do papel dos seus membros na sua
própria saúde, individualmente e como unidade familiar.

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Níveis de abordagem em enfermagem de família – 4
visões da família
● A família como Contexto
● A família como Cliente/Unidade
● A família como Sistema
● A família como Componente da Sociedade

Análise
“De que forma é que o seu diagnóstico de diabetes afetou a sua
família?” Contexto
“Será que a sua necessidade de tomar medicação à noite vai
constituir um problema para a sua família?” Contexto
Diga-me como tem passado a sua família e como é que toda a
família está lidar com esta doença genética, recentemente
diagnosticada, que também o afeta a si?” Cliente/Unidade
“O que mudou na sua relação com o seu marido desde que foi diagnosticado um mieloma ao
vosso filho de 7 anos?” Sistema
“De que forma é que o internamento da sua esposa, após o acidente de viação, afetou o
funcionamento e relacionamento entre os membros da vossa família?” Sistema
“De que forma é que o envolvimento da sua família com o Centro de Dia da paróquia local
tem contribuído para a melhoria de saúde da avó Maria?” Componente da Sociedade

A cada família o seu enfermeiro


“O importante estabelecimento do conceito de enfermeiro de família constitui-se um trunfo
para a Enfermagem, contribuindo para a melhoria da saúde na região europeia” (OE, 2002,
p.185)

Enfermeiro de família
De entre os profissionais de saúde que integram as equipas multiprofissionais, a OMS
considera que o enfermeiro é aquele que, pela formação específica que detém, está melhor
posicionado para avaliar globalmente as necessidades em cuidados de saúde das pessoas e
mobilizar os recursos (internos e externos), tendo em conta não só as expectativas dos
utentes, mas também a adequação e a rentabilização dos meios. (Ordem dos Enfermeiros ,
2010)
Promover a saúde e intervir na doença.
Atuar, junto dos membros da família, onde dará formação específica a quem, na sua ausência,
ficar responsável pela continuação de cuidados.
Ser elemento de referência da equipa de saúde no suporte qualificado às necessidades da
família.
Organizar e gerir recursos com vista à máxima autonomia daqueles a quem dirige a sua
intervenção.

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Papéis do enfermeiro de família

Princípios da enfermagem de família


Inclusão deliberada da família no planeamento e prestação de cuidados ao cliente.
Consideração das necessidades da família como um todo e não apenas dos seus membros.
Reconhecimento da importância das crises interpessoais e do seu impacto na saúde da
família.
Ênfase no estilo colaborativo que respeita as potencialidades da família e lhes dá apoio no
sentido de ela encontrar soluções próprias para os problemas identificados.

Dificuldades na acessibilidade aos cuidados de enfermagem de família


● Sistemas de saúde funcionam em horários inacessíveis às famílias;
● Preconceitos e rótulos às famílias que se afastam do padrão cultural vigente;
● Estigmas nos conceitos de família e de família saudável/ não saudável/ disfuncional/
problemática;
● Enraizamento do modelo biomédico, vê a família como contexto e não como o centro dos
cuidados;
● Sistemas tradicionais de referência centrados no indivíduo, na doença e no tratamento;
● Deficiências formativas e práticas da utilização de modelos e instrumentos de avaliação e
intervenção familiar.

“O profissional de enfermagem que, integrado na equipa multiprofissional de saúde, assume


a responsabilidade pela prestação de cuidados de enfermagem globais a famílias, em todas
as fases da vida e em todos os contextos da comunidade” (Ordem dos Enfermeiros, 2014)

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Níveis de perícia da intervenção de enfermagem na família

Elementos comuns aos cuidados gerais e Elementos específicos aos cuidados


cuidados especializados especializados

● A identificação da situação de saúde da população e ● Todos os definidos para os cuidados gerais.


dos recursos da família e comunidade. ● A avaliação familiar, transversal a todas as famílias,
● A criação e o aproveitamento de oportunidades nas suas dimensões: estrutural, de
para promover estilos de vida saudáveis desenvolvimento e funcional do sistema familiar,
identificadas. integrando uma perspetiva sistémica e ecológica.
● A promoção do potencial de saúde da família ● A validação com a família, das forças, recursos e
através da optimização do trabalho adaptativo aos problemas identificados, considerando a
processos de vida, crescimento e desenvolvimento. reciprocidade entre o potencial de saúde dos seus
● O fornecimento de informação geradora de membros e da unidade familiar, nos seus domínios
aprendizagem cognitiva e de novas capacidades de funcionamento.
pela família. ● Garante a continuidade do processo de prestação
de cuidados.
● A criação e aproveitamento de oportunidades para
trabalhar com a família no sentido da adoção de
comportamentos potenciadores de saúde.
● O estabelecimento com a família de objetivos para
a mudança, perspectivando novas formas de
funcionamento ajustadas aos seus processos de
transição normativos.
● A mobilização de recursos da comunidade
promotores da capacitação da família, na
manutenção da sua funcionalidade e na resposta
adequada às necessidades individuais dos seus
membros.
● O funcionamento de informações e sugestões
orientadoras dos cuidados antecipatórios dirigidas
às famílias para a maximização do seu potencial de
saúde.
● A utilização de estratégias de intervenção ativas e
interacionais centradas nas forças e recursos da
família, motivadoras do seu funcionamento efetivo.
● A avaliação processual dos resultados das
intervenções que permita a reformulação
colaborativa das estratégias com vista à obtenção
dos ganhos em saúde para as famílias.

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Cuidado de Enfermagem Centrado na Família: Uma tendência atual!
Filosofia de cuidados que coloca a família no centro dos cuidados de saúde e de todas as
decisões em saúde.
Parceria entre os profissionais de saúde e os membros da família na criação de um plano de
cuidados, no qual participam ativamente na sua atualização;
Envolvimento das famílias na prestação de cuidados aos seus dependentes. (Barbieri, 2011)
Esta perspetiva de cuidar, requer a criação de uma relação com características únicas entre
os profissionais de saúde e a família que tem por conceitos base:
● O respeito e a dignidade;
● A partilha de informação;
● A participação na tomada de decisão;
● E a colaboração com a instituição no cuidar

Porque é que a Enfermagem de Família está em constante evolução?


As famílias são sistemas privados;
As famílias são orientadas por valores;
As famílias têm atributos únicos;
As famílias diferem na estrutura e enquadramento cultural;
As famílias evoluem ao longo do tempo e ao longo da história mundial;
As famílias são influenciadas pelos fenómenos sociais.

“A Enfermagem de cuidados de saúde à família está a evoluir à medida que a área temática
progride e as famílias vão mudando e crescendo dentro da sociedade, pelo que a resposta a
estas necessidades sociais exige mudanças na formação em Enfermagem, visando a aquisição
de competência para cuidar a família”. (Hanson, 2005, p. 33)

14
A relação família e sociedade Políticas e Recursos sociais de apoio
às Famílias

O que e quem define família?


Depende das perspetivas disciplinares e teóricas, historicamente situadas, sobre a família.

Família numa perspetiva antropológica


Estuda a diversidade, através das práticas, valores e sentidos em contextos determinados,
tendo em conta que a família é também uma categoria histórica, socialmente estruturada.
Neste sentido, a família é um produto social, não é um dado natural ou universal e não pode
ser pensada no singular, pois há uma pluralidade de tipos de família.
Pensar a família como:
● Categoria social formada em contextos sociais, políticos e económicos específicos que
contextualizam um conjunto de discursos hegemônicos sobre a família.

Perspectiva sociológica – A família como grupo social


Processos de transformação das relações familiares.
Processos macrossociais e históricos (industrialização, urbanização, instauração do modelo
de produção capitalista, complexificação das sociedades modernas).
Individualização das relações sociais – individualismo institucionalizado.
A família conjugal companheirista (Burguess e Locke 1960) ou a primeira família moderna
(Singly, 2000)
● Foco nas dinâmicas internas da família ao invés de nas suas funções na sociedade
A família relacional ou a 2ª família moderna (Singly 2000; Giddens 1997).
Partilha e construção de significados:
Como é a minha família? Quem pertence à minha família? Qual o lugar de cada um dos seus
membros? Visões do mundo partilhadas; Experiências.

A relação família, sociedade e saúde


Instituição social
● Primeira unidade de socialização.
● Primeiro “sistema de assistência à saúde”?
Ter sempre em atenção que os cuidados de enfermagem às famílias não podem ser
descontextualizados dos fatores históricos, sociais e políticos que definem as políticas de
saúde e sociais de apoio às famílias

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Processos de transformação das relações familiares
Família como unidade de produção económica (Século XIX)
Novos modos de divisão do trabalho social: trabalho assalariado
Família que gere os recursos dos seus membros (Século XX)
Sociedade do homem ganha-pão e mulher doméstica e seu declínio Sociedade do duplo
emprego

Cuidar na família
Perspectivas históricas
● Quando? (século, década…)
● Onde? (casa, conventos, hospitais….)
● Quem cuida? (família /”práticos”/profissionais/enfermeiras (os)/cuidadores informais)
● Porquê?
● Como e onde se cuida em saúde?
○ De acordo com as teorias e conhecimentos médicos sobre corpo, saúde, doença,
tratamentos/terapias (ex: teorias miasmáticas, “revolução pasteuriana”, etc).
○ De acordo com a existência ou não de políticas assistenciais e públicas relativas à
saúde e à
família.

Perspectivas sociais e históricas


● De casa/família para o hospital (século XIX)
● Do hospital para a comunidade/família (séc. XX)?
● Do hospital para casa/família (século XXI) ?

● O que será cuidar de famílias em tempos de pandemia?


○ A gripe espanhola (pneumónica) - 1918
○ COVID19 - 2020

Cuidar na família em tempos de pandemia: dois estudos de caso


Gripe espanhola “pneumónica”
● “A gripe de 1918-19 é conhecida a nível mundial como Gripe Espanhola (Spanish
Influenza ou Spanish Flu) devido ao facto de as primeiras notícias sobre o flagelo serem
oriundas de Espanha, país que não se encontrava submetido à ação da censura por não
participar na Grande Guerra de 1914-18. Em Portugal ficou conhecida como “Gripe
Pneumónica” ou simplesmente “Pneumónica”, por ter sido confundida com uma forma
de peste bacteriana com esta designação, que se havia manifestado no Porto em 1904.
Embora a magnitude da mortalidade que provocou não esteja em causa, não há certezas
quanto ao número de vítimas. Há quem fale em 50 milhões, quem aponte para um
quantitativo entre os 50 e os 100 milhões e quem refira a possibilidade de ele andar pelo
último montante.”

16
● “Continua propagando-se por todo o país a epidemia de gripe infecciosa, nos distritos
do Porto, Portalegre, Beja e Évora principalmente sobem a milhares o número de
atacados. Em Lisboa, a epidemia está fazendo progressos rápidos, embora felizmente de
forma mais benigna.
A casa Borges & Irmãos ficou reduzida apenas a seis empregados, tendo que mandar vir
do Porto pessoal para substituir os atacados.
Na Casa Pia recolheram ontem à cama 105 alunos e alguns teatros têm dificuldade em
se manter abertos devido ao número de artistas e coristas doentes.
Devido ao desenvolvimento que a doença tem tomado na Escola de Guerra, deve hoje
este estabelecimento interromper o seu funcionamento.
Dois terços dos empregados dos Grandes Armazéns do Chiado encontram-se atacados
da mesma epidemia.
Nas repartições públicas faltaram hoje muitos funcionários pelo mesmo motivo.
No Limoeiro acham-se doentes alguns presos com a gripe infecciosa tendo-se tomado
todas as precauções para que a doença não se propague
O Sr. Dr. Ricardo Jorge, ilustre diretor geral da saúde, deve ler hoje na reunião do
Conselho Superior de Saúde um largo relatório sobre as medidas a adoptar.”
No escritório do sr. Carlos Gonçalves informador da Bolsa e dos câmbios adoeceram 9
dos seus 13 empregados”. (Diário de Notícias, 18 de Junho de 1918)

COVID-19
Confinamentos
● Trabalho/emprego
● Escola
● Família
● Saúde
‘Casa’ transforma-se
● Local de trabalho
● Escola
● Lugar de cuidados de saúde

Transformação nas relações familiares e das práticas de cuidar?

Algumas perspetivas de abordagem dos enfermeiros que cuidam de famílias


(Hanson 2005)
A abordagem à família “Como componente da sociedade” (Instituição social/Grupo social)
Que políticas de apoio às famílias existem?
Quais os recursos que podem ser mobilizados?

17
Reconhecimento da importância da família por instituições internacionais
ONU
● Foram desenvolvidos programas e politicas de apoio à família.
● Ano Internacional da Família (ONU, 1994)
● Foi instituído o ‘Dia Internacional da Família’ (15 de Maio).
OMS
● Foi reconhecida da importância fulcral dos enfermeiros (as) na assistência de cuidados
de saúde às famílias.
International Council of Nurses

Políticas de Apoio à Família (PAF)

“Trata-se da
"Ações legislação, dos Objetivos específicos
governamentais subsídios e dos para a vida familiar,
dirigidas Às famílias e programas delineados para os indivíduos nos
aos agregados e concebidos para seus papéis familiares
domésticos privados regular e apoiar os ou para o núcleo
(...) em tudo o que os indivíduos nos seus familiar no seu
gvernos fazem para papéis familiares e conjunto (Gauthier,
regular e apoiar a vid quotidianos e o núcleo 2000; Wall, 2010;
familiar" familiar no seu Wall, 2011)
conjunto” (Wall,
2011:340)

Artigo 67º da Constituição da Republica Portuguesa (CRP)


A família, como elemento fundamental da sociedade, tem direito à proteção da sociedade e
do Estado e à efetivação de todas as condições que permitam a realização pessoal dos seus
membros.
2. Incumbe ao Estado para proteção da família
a) Promover a independência social e económica dos agregados familiares;
b) Promover a criação e garantir o acesso a uma rede nacional de creches e de outros
equipamentos sociais de apoio à família, bem como uma política de terceira idade;
c) Cooperar com os pais na educação dos filhos;
d) Garantir, no respeito da liberdade individual, o direito ao planeamento familiar,
promovendo a informação e o acesso aos métodos e aos meios que o assegurem, e
organizar as estruturas jurídicas e técnicas que permitam o exercício de uma maternidade
e paternidade conscientes;
e) Regulamentar a procriação assistida, em termos que salvaguardem a dignidade da pessoa
humana;
f) Regular os impostos e os benefícios sociais, de harmonia com os encargos familiares;
g) Definir, ouvidas as associações representativas das famílias, e executar uma política de
família com carácter global e integrado;
h) Promover, através da concertação das várias políticas sectoriais, a conciliação da
atividade profissional com a vida familiar.

18
Programas e projetos de apoio às famílias: Recursos de saúde e sociais que dão
resposta a algumas necessidades de saúde das famílias
Exemplos:
• Apoio às famílias na Parentalidade
• Recursos económicos (Exs: Rendimento Social de Inserção; SASE – Serviço de Ação Social
Escolar)
o Bolsas de estudo.
o “Complemento por dependência”
• Ação de Saúde para Crianças e Jovens em Risco (ASCJR) “Rede Nacional de Núcleos de
Apoio às Crianças e Jovens em Risco”
• Programas de apoio à segurança das famílias.

A relação família, saúde e sociedade


Ter sempre em atenção que os cuidados de enfermagem às famílias não podem ser
descontextualizados dos fatores históricos, sociais e políticos que definem as politicas de
saúde e sociais de apoio às famílias.

19
Tipologias de famílias - Famílias vulneráveis em saúde
Factos Demográficos
• Até 2030, o número de pessoas com mais de 60 anos vai aumentar em 34%. A este ritmo,
em 2050, as pessoas idosas vão ser cerca de 2,1 biliões da população mundial;
• Pela primeira vez na história, em 2020, as pessoas idosas ultrapassaram o número de
crianças até aos 5 anos. Assim, em 2050, espera-se que as pessoas idosas irão ultrapassar
o número de crianças e jovens adultos até aos 25 anos;
• A maioria das pessoas idosas da população mundial reside nos países desenvolvidos,
sendo que cerca de um quarto destas vive na Europa e na América do Norte (EUA e
Canadá);
• As mulheres têm uma esperança média de vida superior à dos homens, com uma média
mundial em que a excedem em 3 anos;

Evolução dos indicadores de conjugalidade e divorcialidade em Portugal (1960-2018)

* Dados de 2017
*Número de casamentos observados durante um determinado período de tempo,
normalmente um ano civil, referido à população média desse período (habitualmente
expressa por número de casamentos por mil habitantes)
** Número de divórcios observados durante um determinado período de tempo,
normalmente um ano civil, referido à população média desse período (habitualmente
expressa por número de divórcios por mil habitantes)

20
Casais segundo o tipo de núcleo- Portugal 2001-2011

Núcleos conjugais de direito e de união de facto, segundo o número de filhos no


núcleo (2001-2011) (%)

Famílias monoparentais
Alterações no perfil demográfico das famílias portuguesas no último meio século

21
• Aumento do índice de envelhecimento;
• Diminuição da taxa de natalidade;
• Diminuição da taxa de nupcialidade;
• Diminuição do índice de juventude;
• Diminuição do rendimento médio das famílias;
• Aumento das famílias com ambos os cônjuges salariados;
• Diminuição da estabilidade laboral;
• Diminuição do abandono escolar precoce;
• Aumento da literacia, especialmente nas mulheres;
• Diminuição da duração média do casamento;
• Insustentabilidade do índice de renovação de gerações.
• Há uma "redução significativa" da dimensão das famílias que passaram de 3,8 pessoas em
1961 para 2,6 em 2011;
• Decréscimo das famílias numerosas (pelo menos três filhos), que eram, em 2011 de 4,8%
do total de famílias.
• O número de casais sem filhos aumentou, passando de 14,8 para 23,8%;
• As famílias complexas (aquelas em que, ao casal, se juntam outros parentes) caiu quase
para metade, passando de 15,4%, em 1961, para 8,7%, em 2011.
• Diminuiu o número de idosos a viverem em famílias complexas, que baixou de 19,6% para
15,8%, entre 2001 e 2011.

Fenómenos sociodemográficos que influenciam as famílias


• Aumento das famílias idosas;
• Aumento da desigualdade económica (pobreza);
• Aumento das taxas de divórcio e de recasamento;
• Mudança e equiparação dos papéis de género;
• Aumento do trabalho da mulher fora de casa, com independência económica;
• Avanços tecnológicos reduzem a oferta de emprego (mais tempo livre e desemprego);
• Fenómeno da globalização com o aumento dos fluxos migratórios

Tipos de Família
Classificadas:
• Quanto à composição
• Quanto à orientação sexual
• Quanto à conjugalidade
• Modo de residência/co-habitação

22
Tipologias de Família – Censos

Família como núcleo familiar ou agregado doméstico (corresidência) - Entre a


sociologia e a demografia
Família simples
• Conjugal: casais sem filhos
• Nuclear: casal com filhos
• Monoparentais: um núcleo familiar onde vive um pai ou uma mãe (sem
cônjuge/companheiro/a) com um ou vários filhos solteiros/menores de 18 anos.
• Recompostas: casal com criança(s) de uma conjugalidade anterior de um e/ou dois dos
membros do casal (e ainda com crianças da nova relação)
Família complexa
• Alargadas: núcleo conjugal/monoparental com outras pessoas, aparentadas ou não
• Múltiplas: dois ou mais núcleos familiares

Famílias com diferentes caraterísticas


Unipessoal ou Unitária: Constituída por uma pessoa que vive sozinha. Ex: viúvo, jovem
solteiro que vive só.
Comunitárias: composta por um grupo de homens e/ou mulheres e (eventuais)
descendentes. Podem cohabitar ou morar em casas separadas mas próximas. Seguem as
mesmas regras, orientam-se no sentido do bem comum. Ex: comunidades religiosas, seitas,
comunas, alguns grupos étnicos.
Tipo Acordeão: Um dos cônjuges ausenta-se por largos períodos. Ex: militares em missão,
trabalhadores; emigrantes transitórios.
Tipo Dança a dois: Família constituída por pessoas, com laços familiares (de sangue ou não)
e inexistência de relação conjugal ou parental. Ex: tio + sobrinho; avó + neto; irmãos, primos;
cunhados.

23
As transformações dos perfis demográficos das famílias têm repercussões
• Na saúde dos seus membros;
• Na saúde da família;
• No país

Tendências de transformação das famílias no séc. XXI


• Padrão de vida doméstica assente em famílias de menor dimensão, devido ao menor
número de filhos;
• Decréscimo das famílias alargadas e aumento das famílias unipessoais (idosas e
monoparentais femininas);
• Reforço da privacidade da vida conjugal, vivendo os casais (com ou sem filhos) cada vez
menos em coresidência com outros familiares
• Crescimento da autonomia residencial, com mais pessoas vivendo sós, em todas as idades
e em diferentes fases da vida (solteiros, separados, divorciados e viúvos);
• Acentuada diversidade das formas de viver em família, quer em relação à conjugalidade,
quer em relação à parentalidade (aumento das famílias monoparentais, binucleares e
recompostas).

Atitudes face à divisão do trabalho entre mulheres e homens no casal (T student


test)

1) É o que reúne mais apoio. A partilha igualitária é um ideal de família bastante apoiado pelos
portugueses/as, bem como a ideia de que é preciso que os homens participem mais nas
tarefas para que se concretize
2) A diferenciação de género tradicional na
parentalidade é pouco apoiada, mas são as
mulheres que têm as visões mais simétricas
3) A aceitação de que os homens são tão
competentes como as mulheres nos cuidados é
moderada. Os homens são os mais resistentes.
4) Apoio moderado. Mostra a permanência de
dilemas normativos decorrentes da articulação
entre a aceitação do trabalho feminino e da ideia de
que as crianças necessitam cuidados especiais e
intensivos que só podem ser dados pelas mães
5) Pouco apoiada, sendo as mulheres quem menos aceita o ideal de mulher doméstica

24
Cuidados aos doentes no casal com e sem filhos, por sexo (%)

• Mulheres são as principais cuidadoras dos


doentes no casal
• Na maior parte dos casais os cuidados são
partilhados, sobretudo nos casais com filhos
• Os homens assumem menos o papel de
principais cuidadores, mas estão “a entrar” na
prestação de cuidados ( aos filhos e à mulher)
pela porta da partilha conjugal

Cuidados aos doentes no casal, por sexo e


escolaridade (%)

Mulheres
• Mais sobrecarregadas nos grupos sociais;
o Com escolaridade ao nível do 1º ciclo
• Menos sobrecarregadas nos grupos sociais
o Com escolaridade inferior ao 1º ciclo
o Com escolaridade ao nível do superior
Cuidados autónomos dos homens
• Com menor expressão nos grupos sociais com escolaridades ao nível do 2º e 3º ciclo

25
Repercurssões das alterações do perfil demográfico das famílias na saúde dos seus
membros
• Início da vida laboral tardio com adiamento dos projetos pessoais.
• Adiamento do nascimento do 1º filho e limitação da prole.
• Aumento de esperança de vida, mas nem sempre com a qualidade de vida desejável.
• Aumento da morbilidade (ou comorbilidades) por doença crónica ou incapacitante.
• Aumento do número de pessoas dependentes nas AVD nas famílias.
• Aumento da dependência de fármacos e de despesas das famílias com a saúde.

Repercurssões das alterações do perfil demográfico das famílias na saúde da família


• Falta da rede de suporte da família alargada tradicional.
• Alojamentos domésticos diminutos que limitam algumas funções familiares.
• Aumento de famílias monoparentais femininas, sem suporte na parentalidade.
• Aumento do número de famílias unipessoais idosas que vivem sem suporte social e família
• Recursos a serviços assistenciais e educativos privados por falta de apoio do estado
providencia.
• Remodelação dos espaços habitacionais para pessoas em situação de dependência
funcional ou isolamento social.

Famílias vulneráveis em saúde


• Principal desafio da enfermagem Famílias com situações de doença (aguda/crónica com
dependentes a cargo);
• Pessoas idosas ou pessoas em qualquer idade sem rede de suporte familiar ou social
(famílias unipessoais);
• Famílias em situação de pobreza/carência económica.
As transformações sociodemográficas das famílias são um desafio para os enfermeiros
procurarem soluções criativas e inovadoras na prestação de cuidados às famílias, tendo em
conta a diversidade de formas e contextos de organização familiar

26
Os contextos dos cuidados dirigidos à Família. Ambiente e
segurança do agregado familiar

Focos de abordagem
• Recursos de saúde e sociais existentes
• Necessidades de saúde das famílias
“...os cuidados de enfermagem são centrados na unidade familiar, concebendo a família
como uma unidade em transformação, promovendo a sua capacitação face às exigências
decorrentes das transições que ocorrem ao longo do ciclo vital da família...”

Recursos de saúde e socias existentes


Devemos considerar a constituição da república portuguesa e a ordem dos enfermeiros.
Legislação da constituição da república portuguesa:
• Artigo 64.º PONTO 1
o “Todos têm direito à proteção da saúde e o dever de a defender e promover” •
o “...o direito à proteção da saúde é realizado pela criação de um serviço nacional de
saúde universal, geral e gratuito"
• Artigo 64.º Ponto 3 alínea a)
o “...garantir o acesso a todos os cidadãos independentemente da sua condição
económica…”.
• Artigo 67.º
o “A família como elemento fundamental da sociedade, tem direito à proteção da
sociedade e do estado…”
o “Definir (…) e executar uma política de família com caracter global e integrado”
Ordem dos enfermeiros
Os cuidados de enfermagem são caracterizados por:
• Terem por fundamento uma interação entre enfermeiro e utente, indivíduo, família,
grupos e comunidade;
• Estabelecerem uma relação de ajuda com o utente [individuo/família];
• Utilizarem metodologia científica, que inclui:
o A identificação dos problemas de saúde em geral e em especial, no indivíduo, família,
grupos e comunidade;
o A recolha e apreciação de dados sobre cada situação que se apresenta;
o A formulação do diagnóstico de enfermagem
o A elaboração e realização de planos para a prestação de cuidados de enfermagem
o A execução correta e adequada dos cuidados de enfermagem necessários;
o A avaliação dos cuidados de enfermagem prestados e a reformulação das
intervenções”.

27
Contextos de cuidados dirigidos à Família
• Cuidados de saúde primários
• Internamento Hospitalar/Institucionalização
• Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados

Cuidados de Saúde Primários


• Unidades onde os enfermeiros cuidam de famílias
• Unidade de Saúde Familiar – USF
• Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados – UCSP
• Unidades de Cuidados na Comunidade – UCC ▪ USP e URAP (habitualmente não se
destinam a cuidar de famílias)

Internamento Intra-Hospitalar/Institucionalização
• Centro hospitalar
• Hospital
• Serviço de internamento
• Institucionalização

Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados


Conjunto de instituições públicas e privadas, que prestam cuidados continuados de saúde
e de apoio social. Estas novas respostas promovem a continuidade de cuidados de forma
integrada a pessoas em situação de dependência e com perda de autonomia.
• Tipologias de Cuidados Continuados:
• Unidades de convalescença;
• Unidades de média duração e reabilitação;
• Unidades de longa duração e manutenção;
• Unidades de cuidados paliativos;
• Unidades de dia e de promoção da autonomia;
• Equipas domiciliárias.

Cuidar da família em diferentes contextos assistenciais:


• Consulta de vigilância de saúde
• Visita domiciliária
• Internamento

Consulta de vigilância de saúde


Níveis de Prevenção:
• Unidade de Saúde Familiar (USF)
• Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP)
• Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC)

28
Programas de Saúde Prioritários – Metas de Saúde 2020
• Prevenção e Controlo do Tabagismo
• Promoção da Alimentação Saudável
• Promoção da Atividade Física
• Diabetes
• Doenças Cérebro-cardiovasculares
• Doenças Oncológicas
• Doenças Respiratórias
• Hepatites virais/Infeção VIH/Tuberculose
• Prevenção e controlo de infeções e resistências antimicrobianas
• Saúde Mental
• Outros: Saúde Reprodutiva; Promoção da Saúde em Crianças e Jovens; Promoção da
Saúde Oral; Saúde Escolar; Vacinação; Saúde das Pessoas Idosas; Luta contra a Dor.

Visita domiciliária
“Os cuidados de saúde domiciliários são a componente de um continuado cuidado de saúde
global em que os serviços de saúde são prestados aos indivíduos e famílias nos seus locais
de residência com a finalidade de promover, manter ou recuperar a saúde, ou de maximizar
o nível de independência enquanto se minimiza os efeitos da deficiência e doença incluindo
a doença terminal.”

Cuidados no domicílio
“Cuidado holístico prestado ao cliente no seu próprio ambiente, para diversos problemas de
saúde; utilizando uma abordagem multidisciplinar que envolve o doente, a família e os
prestadores de cuidados, transferindo aptidões para maximizar aquilo que as pessoas
podem fazer por si próprias, mas proporcionando aconselhamento, monitorização e apoio
ao cliente e aos prestadores de cuidados”

Fases da Visita Domiciliária (VD)


I - Iniciação Clarificar a fonte de encaminhamento da VD Clarificar o objetivo da VD
II – Pré Visita Iniciar o contacto com a família
Validar com a família o objetivo da VD
Marcar a VD data e momento,
Rever fontes de informação sobre a família
III – Domicílio Apresentação e identificação profissional
Interação para estabelecimento de relação
Implementação do processo de enfermagem
IV – Términus Recapitulação da VD com a família
Planeamento de futuras VD, frequência e duração.
V – Pós visita Fazer o registo da visita
Planear a visita seguinte, rever recursos a mobilizar.

29
Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados / Internamento
Cuidados Continuados:
• Garantir a continuidade entre as acções de saúde e sociais preventivas, terapêuticas e
corretivas.
• Plano individual de cuidados para cada utilizador

Proposta da RNCCI
• Recuperar
• Reabilitar
• Readaptar
• Reintegrar

Equipas de Cuidados Continuados Integrados


• Cuidados domiciliários de enfermagem e médicos de natureza preventiva, curativa,
reabilitadora e ações paliativas, devendo as visitas ser programadas e regulares e ter por
base as necessidades clínicas detetadas pela equipa;
• Cuidados de fisioterapia;
• Apoio psicossocial e ocupacional envolvendo os familiares e outros prestadores de
cuidados;
• Educação para a saúde aos doentes, familiares e cuidadores;
• Apoio na satisfação das necessidades básicas;
• Apoio no desempenho das atividades da vida diária;
• Apoio nas atividades instrumentais da vida diária;
• Coordenação e gestão de casos com outros recursos de saúde e sociais.

Equipas Comunitárias de Suporte em Cuidados Paliativos


• A formação em cuidados paliativos dirigida às equipas de saúde familiar do centro de
saúde e aos profissionais que prestam cuidados continuados domiciliários;
• Avaliação integral do doente;
• Tratamentos e intervenções paliativas a doentes complexos;
• Gestão e controlo dos procedimentos de articulação entre os recursos e os níveis de saúde
e sociais;
• Assessoria e apoio às equipas de cuidados continuados integrados;
• Assessoria aos familiares e ou cuidadores.

30
Internamento – Objetivos
Unidades de Convalescença:
• Promover a reabilitação e a independência dos utentes;
• Contribuir para a gestão das altas dos hospitais de agudos;
• Evitar a permanência desnecessária nos serviços dos hospitais de agudos;
• Otimizar a utilização de unidades de internamento de média e longa duração.
Unidade de Média Duração e Reabilitação:
• Evitar permanências desnecessárias em hospitais de agudos;
• Contribuir para a gestão das altas dos hospitais de agudos;
• Reduzir a utilização desnecessária de unidades de internamento de convalescença e de
longa duração;
• Promover a reabilitação e a independência dos utentes.

Unidades de Longa Duração e Manutenção


• Facilitar a gestão das altas dos hospitais de agudos;
• Promover a autonomia e a satisfação de necessidades sociais dos doentes.

Unidades de Cuidados Paliativos


• Presta acompanhamento, tratamento e supervisão clínica de doentes em situação clínica
complexa e de sofrimento decorrente de doença severa e/ou avançada, incurável e
progressiva

31
Finalidade Duração do Critérios de Admissão
Internamento
Unidades de Estabilização clínica e funcional, Até 30 dias - Doentes dependentes e a necessitar de
Convalescença a avaliação e reabilitação consecutivos. componente de reabilitação intensiva.
integral da pessoa com perda - Doentes oriundos de serviços de Medicina
transitória de autonomia Interna, de Oncologia, de Cirurgia, de Ortopedia
potencialmente recuperável e / Traumatologia, de Neurologia.
que não necessita de cuidados
hospitalares de agudos.
Unidades de Estabilização clínica, a avaliação Superior a 30 - Doentes que careçam de cuidados integrados
Média Duração e a reabilitação integral da dias e inferior em regime de internamento, mas não de
e Reabilitação pessoa que se encontre na a 90 dias cuidados tecnologicamente diferenciados.
situação prevista consecutivos, - Pessoas em situação de dependência, cujas
anteriormente por cada condições clínicas e sócio-familiares lhes
admissão permitem a permanência no domicílio, mediante
a prestação de cuidados em regime de dia.
Unidades de Proporcionar cuidados que Superior a 90 - Necessidade de apoio para a satisfação das
Longa Duração previnam e retardem o dias necessidades básicas;
e Manutenção agravamento da situação de consecutivos - Necessidade de cuidados de manutenção de
dependência, favorecendo o aptidões;
conforto e a qualidade de vida - Impossibilidade de inserção na comunidade,
Situações temporárias, por ausência de recursos sóciofamiliares;
decorrentes de dificuldades de - Necessidade de descanso de familiares ou de
apoio familiar ou necessidade outros cuidadores informais.
de descanso do principal
cuidador, até 90 dias por ano
Unidades de Localizada num hospital, para acompanhamento, tratamento e supervisão clínica a doentes em
Cuidados situação clínica complexa e de sofrimento decorrentes de doença severa e/ou avançada, incurável
Paliativos e progressiva, nos termos do consignado no Programa Nacional de Cuidados Paliativos do Plano
Nacional de Saúde
´
RNCC – Circuito de Admissão
1. Através do Hospital do Serviço Nacional de Saúde (SNS)
Equipa de Gestão de Altas (EGA) do hospital -> RNCCI -> Equipa Coordenadora Local (ECL)
[sedeada no centro de saúde da respetiva área de residência]
Nota: EGA - Equipa multidisciplinar - com o objetivo de preparar e gerir a alta hospitalar em
articulação com outros serviços, para os doentes que requerem seguimento dos seus
problemas de saúde e sociais.

32
2. Através do Domicílio/Casa
Contactar o centro de saúde através do: Médico de família; Enfermeiro; Técnico do Serviço
social. -> RNCCI -> Equipa Coordenador a Local (ECL) [sedeada no centro de saúde da respetiva
área de residência]

Contexto de Internamento
Devemos estar atentos no internamento à pessoa doente/família e à admissão (Compreende
o internamento de uma pessoa por um período nunca inferior a 24 horas).

Em situações de internamento de um membro:


• Conhecer o impacto da situação de internamento na família:
o Redefinição de papeis;
o Centralizar a atenção na pessoa doente;
o Protelar o autocuidado dos membro da família.
• Identificar as necessidades e espectativas da família:
o Informação - diagnósticos de enfermagem;
o Horário de informação.
• Identificar recursos pessoais e da família que suportam a família no quotidiano:
o Literacia em saúde;
o Experiências anteriores.
• Conhecer a dinâmica e estrutura hospitalar / institucional:
o Horários de visita;
o Possibilidade de participar nos cuidados;
o Possibilidade de participar na tomada de decisão relativamente aos cuidados.

Diagnosticar – Para conhecer o impacto na família


Contexto de Internamento:
• Unidades de cuidados intensivos
• Bloco operatório
• Serviços de medicina / cirurgia
• Unidades de cuidados paliativos
• Outros...

Motivo de Internamento:
• Situação de doença crítica
• Cirurgia de diagnóstico/Intervenção Terapêutica
• Recuperação de doença crónica/Pós cirúrgica
• Controle de sintomas/Qualidade de vida
• Outros…

33
Primeiro Internamento? Experiências Anteriores?
Devemos considerar:
• Desconhecimento:
o Do contexto de internamento;
o Das normas e rotinas.
• Experiências anteriores negativas:
o Pela perceção dos cuidados;
o Pelo resultado alcançado.
• Experiências anteriores positivas:
o Satisfação com os cuidados;
o Resposta institucional às suas necessidades;
o Resolução ou encaminhamento da situação de doença.

A família deseja…
• Permanecer, sempre que possível, junto do seu familiar, sendo importante a flexibilidade
e extensão do horário de visitas
• Constatar que é garantido o alívio do sofrimento do seu familiar
• Obter informação sobre o seu familiar
• Ser acolhida pela equipa de cuidados
• Encontrar suporte interno e externo.
Os enfermeiros devem responder às necessidades da família.

Importa intervir em diferentes situações e circunstâncias


• Situações de doença com impacto significativo no domínio familiar;
• Situação de doença de um membro que que tende a despoletar o desenvolvimento de
sintomas de doença num outro membro;
• Incapacidade de fazer uma transição equilibrada do processo de doença.
• Incapacidade para garantir o seu exercício de autocuidado (importa que a situação de
doença do seu familiar não condicione a capacidade de cuidar de si.)

Solicita-se aos enfermeiros


• Atitude centrada na pessoa doente e família;
• Contemplar na sua intervenção os membros sãos e doentes da família;
• Considerar a relação existente entre os diferentes membros da família;
• Respeitar a realidade e crenças das pessoas com quem interage;
• Identificar a relação existente entre a saúde da pessoa e a saúde da família;
• Identificar as necessidades imediatas e continuadas da família;
• Elencar com a família as questões de saúde e respostas em cuidados prioritárias;
• Agir de acordo com o dever de competência profissional – carater da pessoa enfermeiro
& dever ético que deve ser assumido.

34
Nos contextos dos cuidados dirigidos à família
Devemos ter em atenção ao familiar cuidador.

Identificação do(s) cuidador(es)


Membro da família prestador de cuidados: “Responsável pela prevenção e tratamento da
doença ou incapacidade de um membro da família”.
“A organização interna da família remete para a definição de papeis e para a hierarquia
entre os atores”
“Tomar a atitude de ser cuidador obriga a abdicar, e isso tem consequências, e não se pode
fazer essas escolhas em todas as fases da vida”
Nem todas as pessoas têm a mesma possibilidade, de poder tomar a seu cargo uma pessoa
doente.
Devemos por isso:
• Definir com a família o plano de intervenção de cada um dos membros que a compõem;
• Elencar o membro de referência no contexto familiar;
• Monitorizar sinais e sintomas de sobrecarga do familiar cuidador.
Ajudar a família implica…
• Conhecer as suas potencialidades;
• Encontrar em parceria o modo de a capacitar;
• Identificar as suas necessidades;
• Promoção de mecanismos de adaptação às mudanças encontradas.
Avaliar o ambiente
Avaliar o ambiente e segurança da casa em função das condições de saúde e idade dos seus
habitantes.
Avaliar do ambiente familiar e dos cuidados na família; Avaliação de fatores de risco
domésticos.
• O ambiente familiar envolve as dimensões:
o Emocionais
o Sociais
o Económicas
o Meio Físico
• Prestar cuidados à família em casa permite fazer uma avaliação mais exata do ambiente
familiar:
o Colheita de dados
o Observação da dinâmica familiar
o Intervenções mais realistas

35
Segurança do espaço físico da casa, prevenção de lesões de acordo com as idades dos
habitantes da casa.
• Conceito de Segurança - Estar seguro, livre de perigo, risco ou lesão.
o Acidentes domésticos;
o Violência doméstica.
• Avaliação do ambiente da casa:
o Aspetos gerais da casa
o Cozinha
o Casa de banho
o Quarto
• Violência – Comportamento agressivo: demonstração enérgica de ações ou do uso desleal
de força ou poder com a finalidade de ferir, causar dano, maus tratos ou atacar: violentas,
prejudiciais, ilegais ou culturalmente proibidas para com os outros; estado de luta ou
conflito pelo poder.
• Violência doméstica – Violência ocorre dentro da família ou conjunto de pessoas que
vivem na mesma casa, pode ser física, sexual, psicológica, emocional, financial e violenta.

Violência
• Crianças
• Jovens
• Parceiros íntimos
• Idosos
A violência sexual afeta toda a gente:
• Homens e Rapazes;
• Mulheres e Raparigas;
• Os mais velos e os mais novos;
• Pessoas com deficiências.

Avaliação de fatores de risco


Categorias comportamentais de alto risco:
• Diagnóstico do foro psiquiátrico
• Padrões de consumo de drogas
• Perda e dor após morte de uma pessoa significativa
• Isolamento
• Falta de apoio
• Desalojamento
• História anterior de comportamento agressivo ou suicídio
• Desemprego crónico
• Existência ou uso de armas; prisões anteriores
• Histórias de fugas e Auto acidentes
• Queixas psicossomáticas

36
Intervenção de Enfermagem
• Comunicação
• Ajudar a família a gerir o stress
• Orientação para estruturas comunitárias
• Trabalhar com o prestador de cuidados

Avaliação das condições físicas e sanitárias da casa (arejamento, luminosidade,


abastecimento de água, sistema de esgotos, limpeza, recolha de lixo)
Os enfermeiros devem monitorizar “O contexto de vida na qual as pessoas se inserem”
Importam “Cuidados quotidianos e habituais indispensáveis à manutenção da vida”.

Condições sanitárias das casas


Pontos essenciais para assegurar a higiene da casa:
1. Ar puro
2. Água pura
3. Rede de esgotos eficiente
4. Limpeza
5. Iluminação

Housing and health guidelines: World Health Organization 2018


Adequadas condições sanitárias na habitação podem prevenir doenças, aumentar a qualidade
de vida, reduzir o impacto da pobreza e acondicionar as alterações climatéricas.
A relação entre as condições sanitárias na habitação e a saúde é uma área que tem ganho
protagonismo à luz do crescimento urbano, o envelhecimento da população e as alterações
climatéricas
Principais Recomendações:
• Promover adequado espaço de habitação (evitar o efeito crowding);
• Gestão da temperatura (evitar alterações significativas);
• Reduzir os riscos de segurança no domicílio;
• Promover a acessibilidade no domicílio (dependência).
Aspetos a considerar:
• Qualidade da água e ar;
• Ruído da vizinhança;
• Amianto;
• Chumbo;
• Radão;
• Fumo ambiental do tabaco.

37
Considerações na Habitação
Pavimentos: É a zona de maior desgaste da habitação devendo o pavimento ser resistente e
antiderrapante.
Escadas: Quando a habitação se desenvolve em mais do que um piso, é importante
salvaguardar os seguintes aspetos relacionados com a segurança dos utilizadores:
• A largura mínima da escada deve ter entre 80 e 90 cm;
• Os degraus devem ter uma profundidade de 25 cm e uma altura de 19 cm;
• A escada deve ter corrimão;
• É aconselhável que o cobertor do degrau seja antiderrapante.
Lavatórios: Para uma maior segurança nas entradas e saídas do banho, é recomendável a
fixação à parede de apoios para as mãos.
Varandas e terraços:
• Para usufruir da vista não é aconselhável que as proteções das varandas — guarda de
varanda — sejam totalmente opacas.
• Em termos de segurança, esta solução tem ainda o inconveniente de ser um convite à
curiosidade das crianças, sendo responsável por inúmeros acidentes.
• Quando as proteções das varandas são executadas com elementos metálicos, é exigido
que cumpram os seguintes regulamentos:
o O intervalo máximo entre elementos verticais não deve ser superior a 11 cm, sendo
o recomendável 10 cm;
o A altura da guarda da varanda deve estar situado entre 90 cm e 1 m;
o Devem ser evitados elementos horizontais nas guardas que auxiliem a escalada das
crianças.

38
O processo de cuidar das famílias. Políticas de Apoio à Família.
O Modelo de Calgary de Avaliação e Intervenção Familiar (MCAIF).

Artigo 67.º da Constituição da Republica Portuguesa (CRP)


A família, como elemento fundamental da sociedade, tem direito à proteção da sociedade e
do Estado e à efetivação de todas as condições que permitam a realização pessoal dos seus
membros.
2. Incumbe ao Estado para proteção da família
a) Promover a independência social e económica dos agregados familiares;
b) Promover a criação e garantir o acesso a uma rede nacional de creches e de outros
equipamentos sociais de apoio à família, bem como uma política de terceira idade;
c) Cooperar com os pais na educação dos filhos;
d) Garantir, no respeito da liberdade individual, o direito ao planeamento familiar,
promovendo a informação e o acesso aos métodos e aos meios que o assegurem, e
organizar as estruturas jurídicas e técnicas que permitam o exercício de uma maternidade
e paternidade conscientes;
e) Regulamentar a procriação assistida, em termos que salvaguardem a dignidade da pessoa
humana;
f) Regular os impostos e os benefícios sociais, de harmonia com os encargos familiares;
g) Definir, ouvidas as associações representativas das famílias, e executar uma política de
família com carácter global e integrado;
h) Promover, através da concertação das várias políticas sectoriais, a conciliação da
atividade profissional com a vida familiar.

Políticas de Apoio à Família (PAF)


“Trata-se da legislação, dos subsídios e dos programas delineados e concebidos para regular
e apoiar os indivíduos nos seus papéis familiares e quotidianos e o núcleo familiar no seu
conjunto”
Objetivos específicos para a vida familiar, para os indivíduos nos seus papéis familiares ou
para o núcleo familiar no seu conjunto.
Ações de política pública dirigidas às famílias que permitem aos governos regular e apoiar
a vida familiar (Wall, 2013)
Tem uma componente político-ideológica (vários modelos):
1- Pró-natalista (França)
2- Tradicional (Alemanha)
3 - Igualitário (Escandinávia)
4 - Não interventivo (Reino Unido)
5 - Residual (estado providência residual e papel das redes sociais de parentesco - países
latinos)

39
Em Portugal
Combinação de modelos (1, 3 e 5). Reconhecimento institucional da família e das famílias
vulneráveis, pró-natalista, serviços em crescimento, apoio económico baixo…
- Pró-tradicional (Estado Novo)
- Pró- Igualitária (Pós 25 de abril – sob tutela da política social)
- Atualmente consubstancia-se em :
- Apoio económico (Abono de família; RSI, subsídio de desemprego, Complemento solidário
para idosos; prestação social para inclusão…)
- Apoio legislativo (Proteção da parentalidade; conciliação trabalho/família)
- Apoio em serviços (creches, lares, cuidadores informais)

Políticas de Apoio à Família


• Conciliação trabalho-Família
• Proteção da parentalidade
• Cuidadores Informais (no planeamento e prestação de cuidados).
“Cuidadores Portugal e Eurocare” – Influenciadores de políticas nacionais.

Estratégias Nacionais, Organismos e Programas


• Estratégia Nacional para a Igualdade e a Não Discriminação 2018- 2030 «Portugal + Igual»
• Conselho Nacional para as Políticas de Solidariedade, Voluntariado, Família, Reabilitação
e Segurança Social
• Programa 3 em linha - Programa para a Conciliação da Vida Profissional, Pessoal e Familiar
(Início em 2018)
• 1.º Direito - Programa de Apoio ao Acesso à Habitação
• Cabaz de Alimentos no âmbito do Programa Operacional de Auxílio às Pessoas Mais
Carenciadas 2014-2020 (POAPMC)

Estratégia Nacional para a igualdade e a Não Discriminação


3 Planos de Ação norteados por três objetivos estratégicos:
• A não discriminação em função do sexo e a igualdade entre mulheres e homens (IMH);
• A prevenção e o combate a todas as formas de violência contra as mulheres, violência de
género e violência doméstica (VMVD)
• O combate à discriminação com base na orientação sexual, identidade e expressão de
género, e características sexuais (OIEC).

40
Programa para a conciliação da vida profissional, pessoal e familiar
• Criação de mecanismos de conciliação que acompanhem os/as trabalhadores/as nas
diferentes fases da sua vida.
• Promove a conciliação em famílias com filhos (horários flexíveis, teletrabalho, partilha de
licenças, aumento de vagas em creches e infantários)
• Cuidadores de pessoas com dependência ou deficiência (via alargamento da rede de
serviços e equipamentos sociais para essas pessoas

Apoios Económicos às famílias


• Prestações familiares: Abono de família
• Prestações Sociais de Apoio Indireto às Famílias:
o Rendimento Social de Inserção
o Prestação Social para a Inclusão
o Subsídio de desemprego
o Complemento Solidário para Idosos (a partir dos 55 anos)
• Outros Apoios Económicos:
o Passes escolares
o Passe 4_18 @escola.tp
o Passe sub23 @superior.tp
o Passe social + 55
o Tarifa social
o Manuais escolares
o Cheques Dentista
o Fundo de Garantia de Alimentos devidos a menores

Família e Conciliação
Apoios Sociais para famílias com crianças:
• Creches e Amas
• Pré-escolar (taxa 90,1%)
• Atividades de Enriquecimento Curricular (CATL e OTL 85,7%)
Respostas Sociais para Idosos:
• Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas, Serviços de Apoio Domiciliário e Centros de
Dia/Noite (taxa de cobertura 12,6%)
• Regime de Licenças parentais
• Licença Parental Inicial (120-150 dias)
• Licença Parental Inicial com partilha (150-180 dias) (adesão Î)
• Licença Parental Alargada (9 em 10 são mães)
• Licença Exclusiva do Pai (adesão Î)
Fiscalidade e família

41
Teorias de abordagem à família
• Teoria dos Sistemas Familiares (Bowen & Von Bertalanffy,1984)
• Teoria de Stress (Hill, 1965; Neuman, 1985)
• Teoria do Desenvolvimento (Duvall & Miller, 1985)
• Teoria da Mudança (Maturana & Varela, 2005)
• Teoria da Comunicação (Watzlawick, 1967)
• Teoria do Interacionismo Simbólico (Blumer, 1969)
• Teoria das Transições (Meleis, 2000)
• Teoria da Terapia familiar e dos Modelos Psicodinâmicos (Relvas, 1999; Sampaio &
Gameiro, 2002)
Síntese das teorias que influenciam a enfermagem de família
• Teorias da Terapia Familiar/Psicologia
• Teorias das ciências sociais
• Teorias e Modelos de enfermagem

Teoria das Transições familiares


“A transição é um processo desencadeado por uma mudança, envolve o desenvolvimento,
fluxo e circulação de um estado, condição ou local para outro.”
Tipos de Transição Familiar: Desenvolvimento, Saúde – Doença, Situacional
Condições que influenciam a experiência da transição familiar
1. Significado atribuído à experiência de transição pela pessoa e pela família;
2. Expectativas (é importante ter noção das alterações esperadas);
3. Nível de conhecimento sobre a mudança que vai ocorrer na família;
4. Ambiente (suporte social, familiar e institucional);
5. Nível de planeamento (o planeamento inclui a identificação das necessidades e problemas
futuros);
6. Bem-estar emocional e psicológico.

Teoria Sistémica apoiada à família


• A família é um sistema em constante transformação.
• É um sistema ativo, autorregulado por regras de funcionamento que são construídas ao
longo do tempo.
• A família é um sistema aberto em interação com outros sistemas da comunidade (escola,
transportes, saúde, segurança, etc.).

42
Estrutura Concetual de Enfermagem de Família - Interação Sistémica

5 Princípios:
1. Um sistema familiar é parte de um suprassistema mais amplo, composto de muitos
subsistemas;
2. A família como um todo é maior do que a soma das partes;
3. Uma mudança em um membro da família afeta todos os seus membros;
4. A família é capaz de criar um equilíbrio entre a mudança e a estabilidade;
5. Os comportamentos dos membros são melhor compreendidos de um ponto de vista de
causalidade circular em vez de linear.

Recursos da comunidade
• Educação
• Recreação
• Segurança
• Sistema Político e Jurídico
• Sociocultural e Religião
• Saúde
• Comunicação e Transportes
• Economia
A família é um sistema aberto e permeável a trocas de sinergias com os recursos da
comunidade

3 Questões à Família
Relação com os outros sistemas:
1. Quem faz parte deste sistema familiar?
2. Quais são os subsistemas presentes neste sistema familiar?
3. Quais os suprassistemas, dos quais a família faz parte, que são significativos para esta
família?

43
O que é o Ambiente familiar?
Nesta trama as famílias constroem a rede social que constitui um papel importante, como o
apoio emocional e material, a prestação de cuidados, a orientação e aconselhamento social
e o acesso a novos contactos (Sluzki, 1996).
Constituído por elementos humanos, físicos, políticos, culturais e organizacionais que se
influenciam e evoluem num padrão de reciprocidade e recursividade
Ambiente ecológico que envolve as famílias é composto por estruturas concêntricas
chamadas de micro, meso, exo, macro e cronosistema.
A transição ecológica ocorre quando acontecem mudanças na posição que indivíduo / família
ocupa no seu ambiente ecológico decorrente de mudança de papeis, status social ou da
combinação de vários fatores.

Componentes do ambiente da família Baseado na Teoria ecológica do


desenvolvimento

Processo de Cuidar de Famílias


• Que metodologia para cuidar das famílias?
• Respostas de enfermagem ao cliente família
A metodologia do processo de enfermagem dirigido ao cliente família:
• Utilizar o processo de enfermagem como o método para a prática de cuidados tendo por
referenciais teóricos a teoria da transição e modelos de avaliação e intervenção familiar.
• Apreciar a família em diferentes dimensões, tendo em consideração os contextos do
cuidar.
• Interpretar sinais de processo e de resultado de adaptação saudável/ não saudável nos
processos de transição da família.

44
Que desafios para o enfermeiro que trabalha com famílias em diferentes contextos?
1º Apreciar e/ou Avaliar
2º Diagnosticar
3º Intervir e reavaliar

Etapas para o processo de Enfermagem aplicado à família

Modelos de Apreciação e/ou Avaliação Familiar


Síntese dos aspetos comuns na apreciação das famílias nos vários modelos teóricos de
enfermagem de família
• Estrutura familiar ou identificação da caraterização da família
• Funções e papéis familiares
• Estádio de desenvolvimento e Etapa do Ciclo de Vida
• Comunicação da família ou funcionamento expressivo.
• Dimensão religião e espiritualidade da família
• Perceção das transições de vida
• Atividades de vida diária e funcionamento instrumental
• Coping e gerir o stress nas situações de crise
• Família alargada ou intersistemas familiar
• Meio ambiente ou extra sistema familiar. Recursos comunitários e rede de suporte
sociofamiliar

45
Conclusão
A apreciação familiar surge como uma “verdade em perspetiva” da família num determinado
ponto no tempo.
O enfermeiro deve reconhecer ao avaliar uma família, que esta avaliação sofre influência das
suas crenças, experiências de vida pessoais/ profissionais e da relação que estabelece com a
própria família.

46
Avaliação Familiar (MCAF)
Diagrama do MCAF

Modelo de Avaliação Familiar de Calgary (MAFC)


Dimensão Estrutural
• Estrutura interna
o Composição familiar;
o Género e orientação sexual;
o Ordem de nascimentos;
o Subsistemas;
o Limites
• Estrutura Externa
o Família extensa
o Sistemas mais amplos
• Contexto
o Etnia/Cultura
o Classe social
o Religião
o Espiritualidade
o Ambiente
Dimensão Desenvolvimento
• Estadios
• Ciclo de vida familiar
• Tarefas
• Vínculos afetivos

47
Dimensão Funcional
• Instrumental: Atividades de Vida Diária
• Expressiva:
o Comunicação emocional, verbal, não-verbal e circular
o Solução de problemas
o Papéis
o Influência e poder
o Crenças
o Alianças e uniões

Estadios do ciclo de vida familiar (Mc Goldrick)


1. Adultos jovens que pretendem sair da família de orientação;
2. Formação do casal;
3. Família com crianças;
4. Família com adolescentes;
5. Famílias com adultos e filhos a sair de casa;
6. Famílias de meia idade, reformados e em fase de extinção;

48
Desenvolvimento
Vínculos afetivos
O tipo de vínculos vai evoluindo ao longo do desenvolvimento familiar.
Exemplo: A família começa por desenvolver laços emocionais entre os cônjuges, mas um deles
pode ter dificuldade em separar-se dos vínculos da família de orientação, ou da mãe viúva,
ou da fratria. Com o nascimento do 1º filho inicia-se uma nova triangulação de afetos.
A passagem da díade à tríade

Funcionamento Familiar
A forma como os membros da família interagem no aqui e agora da vida quotidiana
Funcionamento Instrumental: Atividades desempenhadas pela família no sentido de
promover nos seus elementos as condições e aptidões necessárias a uma boa integração
social e cultural e ao desenrolar quotidiano das atividades familiares
• Subcategorias:
o Definição de papéis
o Desempenho de atividades de vida diária
o Exemplos: tarefas domésticas, cuidados a dependentes, preparação de refeições,
transportes e a rotina da vida quotidiana familiar
Funcionamento Expressivo: Compreende os estilos de comunicação, padrões de
comunicação habilidades para resolver problemas, os papeis, as regras, as crenças, as
estratégias de influência e as alianças. O funcionamento expressivo depende em parte do
funcionamento instrumental. Se não houver uma boa adaptação às questões instrumentais,
poderá haver dificuldades ao nível do funcionamento expressivo. Contudo, uma família pode
lidar bem com as questões instrumentais e ter dificuldades emocionais ou expressivas.
• Subcategorias
o Alianças e uniões
o Comunicação emocional
o Comunicação verbal
o Comunicação não verbal
o Comunicação circular
o Solução de problemas
o Papéis
o Influência e poder
o Crenças

49
Papeis Parentais
• Padrões estabelecidos de comportamento dos membros da família
• Comportamento constante numa situação específica
• Os papéis não são estáticos e desenvolvem-se mediante a interação com os outros
indivíduos
• É importante que a enfermeira saiba como os papéis na família evoluíram, qual o seu
impacto no funcionamento da família, e quais as possibilidades da família acreditar na sua
própria evolução. Ex: desde que a minha mãe ficou doente, passei a ocupar-me mais da
casa e das compras e a cuidar do meu irmão (exemplo de filha que assume o papel de
responsabilidade nas tarefas domésticas)
• O papel parental e o papel de prestador de cuidados podem ser integrados,
respetivamente, na dimensão de desenvolvimento e dimensão funcional instrumental.
• Consideraram-se os papéis familiares que maior impacto tem na interação, nas funções e
na estrutura do sistema familiar:
▪ Papel de provedor
▪ Papel de gestão financeira
▪ Papel de cuidado doméstico
▪ Papel recreativo
▪ Papel de parente
Comunicação Circular

• Interações repetidas estáveis e autoreguladas entre 2 membros da família
• Os comportamentos dos dois familiares influenciam-se mutuamente derivados de
domínios cognitivos e afetivos próprios.
• Padrão de Comunicação Circular na família

50
Funções da Família (OMS)
Funções Socioculturais
• Socialização e Transmissão de: Valores, Tradições, Religião, Atitudes, Linguagem,
Comportamento
Funções Biológicas
• Reprodução, Cuidar, Alimentar Manutenção da saúde e lazer
Funções Educacionais
• Desempenhar tarefas
• Atitudes aceites culturalmente
• Conhecimento relativo com outras funções
Funções Económicas
• Recursos suficientes às necessidades
• Gestão do orçamento familiar
• Assegurar a estabilidade financeira
Funções Psicológicas
• Promoção do ambiente saudável ao desenvolvimento da personalidade
• Proteção psicológica
• Promover capacidade de relacionamento

Funções Familiares - Macrosistema e Intrasistema


Funções da família na sociedade
• Produção de bens ou serviços para a comunidade
• Económica: contribui para a produção e aumento do PIB
• Reprodução e aumento da taxa de natalidade
• Educativa e socialização dos filhos
• Estabilizar as personalidades adultas através da conjugalidade
• Perpetuar as tradições e a cultura identitária da comunidade
Funções da família como sistema
• Adaptação ao ambiente
• Manutenção da integridade do sistema familiar
• Cuidar dos seus membros: promover, manter e colaborar na saúde e recuperação da
doença dos seus membros
• Proporcionar um ambiente seguro e estabilidade
• Realização de objetivos comuns
• Manter a integração e coesão familiar
• Psicológica ou de gerir os afetos
• Económica ou provedora de recursos ou gerir o orçamento

51
Instrumentos na Avaliação Familiar
Estrutura
• Interna: Composição familiar, género, ordem de nascimentos, subsistemas e limites-
Genograma
• Externa: Família extensa e sistemas mais amplos - Mapa de Rede Social e Ecomapa
• Contexto: Etnia, religião e espiritualidade. Classe social e ambiente familiar - Índice de
Graffar
Desenvolvimento
• Estadios: Ciclo de Vida da Família , Linha de vida de Medalie
• Tarefas: Tarefas do Ciclo de Vida da Família
• Vínculos : Psicofigura de Mitchell
Funcional
• Instrumental: Atividades de vida diária - Índice de Lawton, Katz e/ou Barthel,
Escala de Zarit
• Expressiva: Comunicação (Verbal, não verbal, emocional e circular), Solução de
problemas, Papéis, Influencia e poder, Crenças, Alianças, coligações e uniões -
APGAR familiar

52
Instrumentos de Avaliação Familiar

Genograma Familiar
• Representação gráfica da família
• Permite conhecer a estrutura familiar
• Fornece dados sobre a história de doenças familiares
• Possui informação sobre os membros da família e as
suas relações
O que é um Genograma ?

• Desenho ou Diagrama da árvore familiar que agrega


informações sobre os membros da família e seus
relacionamentos nas três últimas gerações.
• Representa uma visão estática daquele momento da
família.
• Registo de Enfermagem: datado e assinado
Elementos do Genograma

• Nome e Idade
• Data de Nascimento, falecimentos, casamentos, divórcios e novas uniões.
• Profissão
• Antecedentes de saúde
• Causa de morte
• Nível de Instrução
• Delimitar
o 1- Estrutura familiar: conjugal, nuclear, alargada, recomposta, monoparental e
múltipla
o 2- Grupo de Fratrias, ordem de nascimento, sexo, idade das crianças.

Símbolos do Genograma
• Conjunto de códigos de
interpretação. ´
• Uniformização da linguagem entre
os profissionais

53
Tipos de Genograma
• Genograma Simples sem definição de fronteiras e relações
• Genograma com definição de fronteiras e relações

Representação dos apoios e suporte social da família


• Mapa de Rede Social
• Ecomapa
Mapa de Rede social
• A Rede social corresponde às relações interpessoais que a família estabelece com os supra
sistemas, cujas funções cumprem um papel de suporte
• Grupo de pessoas membros da família, vizinhos, amigos, e outras pessoas (colegas)
suscetíveis de trazer ao indivíduo ou à família uma ajuda, apoios reais e duráveis.
Funções da Rede Social
• Companhia social :Realizar atividades em conjunto e estar em companhia.
• Apoio emocional: Atitudes de compreensão, empatia e apoio.
• Guia cognitivo e de conselhos: Partilha de informação pessoal e social
• Regulação social: Reafirmação da responsabilidade associada ao desempenho de papeis

54
• Ajuda material e de serviços: Auxilio em áreas especificas do funcionamento familiar
• Acesso a novos contatos: Ligação com outras pessoas e criação de novas redes

MRS – Mapa da Rede Social


• A organização do MRS permite que o reconhecimento e definição das características
sejam quase imediatos aquando da visualização do mesmo.
• Corresponde a um momento estático da vida do indivíduo.
• Mapa é instituído por quatro quadrantes: Família, Amizades, Relações Laborais/Escolares
e Relações Comunitárias.
Os quadrantes contemplam 3 áreas que representam uma progressão inversa do grau de
proximidade e/ou intimidade
partilhada com o sujeito.
• No círculo interior situam-se as
pessoas com quem o indivíduo
partilha relações de maior
proximidade e/ou intimidade.
• No círculo intermédio aquelas
que partilham um menor grau de
comprometimento.
• No círculo exterior situam-se as
pessoas com quem o indivíduo
mantém um relacionamento
ocasional.

55
Ecomapa
Permite a compreensão da estrutura relacional da família.
Representação gráfica dos contactos dos membros da família com os outros sistemas sociais,
incluindo a rede de suporte social e de saúde.
Os membros da família (nome e idade) ficam no centro do círculo, os círculos externos são os
contactos da família com membros da comunidade ou com pessoas ou grupos significativos
• O Ecomapa pode incluir: Família alargada, amigos, vizinhos, colegas de trabalho, escola,
serviços de saúde, serviço social, clube, serviço religioso, etc…

Representação das interações do intrasistema


Diagrama de Vínculos ou Psicofigura de Mitchell
“Os vínculos referem-se a um laço emocional exclusivo e resistente entre
duas pessoas específicas.”
• Exemplo: Perspetiva do Tiago
o Podemos observar a excelente relação do Tiago com a mãe, boa
relação com a avó, e relação superficial com o padrasto. Fora do
agregado familiar encontra-se o pai do Tiago que se relaciona bem
com a criança.

Círculo Familiar de Thrower


Método de abordagem familiar que permite ao membro da família consciencializar o seu
estar na família, visualizando alguns dos seus sentimentos e emoções nas relações familiares.
• O círculo Familiar de Thrower é a representação gráfica do valor emocional que o
individuo atribui às pessoas (família, amigos, etc.) e ainda a alguns objetos
• O Círculo Familiar de Thrower foi proposto em 1982 por Susan Thrower.
• Instrumento que facilita a comunicação e aumenta o conhecimento do funcionamento
familiar.
• Não tem valor prognóstico e só faz sentido se integrados num plano de cuidados
longitudinais.

56
• É um método facilitador da comunicação e/ou clarificador de aspetos relacionais,
nomeadamente em crianças.

A família da Inês, casada há 3 anos, com uma filha


de 2 anos. Foi recentemente viver próximo da
sogra.

Constelação Familiar Sistémica


Abordagem recente sistémica e fenomenológica
O indivíduo representa a sua família e posiciona-se no seio da mesma, providenciando
informação sobre a sua relação com os diversos membros da família.
Representação tridimensional da família e suas relações. O nome deriva do fato de depois de
posicionados os membros da família estes serem analisados na sua posição relativa tal como
as estrelas que fazem em conjunto uma constelação.
Linha de vida de Medalie
Lista cronológica das
ocorrências na vida da pessoa
ou da família e o impacto que
tiveram na saúde ou no
desenvolvimento familiar
Mostra de forma sequencial a
vida da família ao longo do
ciclo vital.

57
APGAR Familiar
Os membros da família percecionam o respetivo funcionamento familiar e podem
manifestar o seu grau de satisfação por avaliação de parâmetros básicos das funções
familiares.
• A - Adaptação (Adaptation)
• P - Participação (Participation)
• G - Crescimento (Growth)
• A - Afeição (Affection)
• R – Resolução (Resolution)
Cotação do APGAR Familiar
O score varia de 0 a 10 e as famílias poderão ser caracterizadas como: Família funcional (7-
10) ou Família disfuncional (< 6) A Família disfuncional ainda pode ser classificada em:
• Disfuncional leve (> 4 e < 6)
• Disfuncional grave (≤ 3)

Índice de Graffar
Método de avaliação da estratificação social
O nível socioeconómico é determinado utilizando 5 critérios:
1. Profissão de nível mais elevado
2. Nível de instrução mais elevado
3. Fonte e regularidade do salário
4. Condições da residência
5. Aspeto do bairro

58
Para cada critério, o modelo descreve cinco itens, com uma pontuação que varia de [1-5].
Os estratos sociais:
• Classe I – famílias cuja soma de pontos vai de 5 a 9
• Classe II – famílias cuja soma de pontos vai de 10 a 13
• Classe III – famílias cuja soma de pontos vai de 14 a 17
• Classe IV – famílias cuja soma de pontos vai de 18 a 21
• Classe V – famílias cuja soma de pontos vai de 22 a 25

59
Escala Holmes & Rahe
• O Estresse produzido por importantes "mudanças de vida" é um fator de previsão de
futuras doenças.
• Índice de 43 mudanças possíveis, atribuindo a cada uma um valor quanto à capacidade
de provocar. Estresse numa escala de 1 a 100.
• As pontuações são atribuídas aos acontecimentos que tenham sido experimentados ao
longo do último ano da família.
• Total superior a 150 dá 50% de probabilidades de ter um problema de saúde num futuro
próximo;
• Se o total ultrapassar os 300, as probabilidades referidas serão de 90% de ter problemas
de saúde.
• A escala resulta de uma pesquisa na década de 70, realizada pelos especialistas em
Estresse da Universidade de Washington, Holmes & Rahe. Esta escala permite que pela
consciencialização se tomem medidas eficazes contra o stress.

60
Escala de Zarit
• Destinada a avaliar a sobrecarga dos cuidadores familiares de doentes paliativos em
contexto domiciliário.
• Burden Interview Scale (Zarit) Escala de Zarit: O questionário na versão portuguesa,
deriva da Burden Interview Scale (versão original constituída por 29 questões, tendo
sido reduzida para 22), avalia a sobrecarga dos cuidadores.
• Permite analisar a sobrecarga objetiva e subjetiva do cuidador informal, o que inclui
informações sobre saúde, vida social, vida pessoal, situação financeira, situações
emocionais e tipo de relacionamento

Tem 22 questões avaliadas em 5 níveis:


• Nunca (0)
• Quase Nunca (1)
• Às vezes (2)
• Bastantes vezes (3)
• Quase sempre (4)
O score varia de 0-88

Score de Sobrecarga da família/cuidador principal

 21 Ausência de Sobrecarga
21-40 Sobrecarga moderada
41-60 Sobrecarga moderada a severa

 61 Sobrecarga

61
Questões Escala de Zarit
1. Sente que o seu familiar lhe pede mais ajuda do que aquela que precisa?
2. Sente que devido ao tempo que passa com o seu familiar não dispõe de tempo suficiente
para si próprio/a?
3. Sente-se enervado quando tenta conciliar os cuidados ao seu familiar com outras tarefas
relacionadas com a sua família ou com a sua profissão?
4. Sente-se incomodado/a pelo modo como o seu familiar se comporta?
5. Sente-se irritado quando está com o seu familiar?
6. Sente que o seu familiar afeta as suas relações com outros membros da família ou com
amigos, de forma negativa?
7. Tem receio sobre o que pode acontecer ao seu familiar no futuro?
8. Sente que o seu familiar está dependente de si?
9. Sente-se constrangido quando está ao pé do seu familiar?
10. Sente que a sua saúde está a sofrer por causa do seu envolvimento com o seu familiar?
11. Sente que não dispõe de tanta privacidade como gostaria de ter por causa do seu
familiar?
12. Sente que a sua vida social foi afetada pelo facto de estar a cuidar do seu familiar?
13. Sente-se pouco à vontade para convidar os seus amigos a virem a sua causa por causa
do seu familiar?
14. Sente que o seu familiar parece esperar que cuide dele/a como se fosse a única pessoa
de quem ele pode depender?
15. Sente que não tem dinheiro suficiente para cuidar do seu familiar enquanto suporta ao
mesmo tempo as suas restantes despesas?
16. Sente que não pode continuar a cuidar do seu familiar por muito mais tempo?
17. Sente que perdeu o controlo da sua vida desde que o seu familiar adoeceu?
18. Gostaria de poder transferir o trabalho que tem com o seu familiar para outra pessoa?
19. Sente-se inseguro sobre o que fazer quanto ao seu familiar?
20. Sente que poderia fazer mais pelo seu familiar?
21. Pensa que poderia cuidar melhor do seu familiar?
22. Finalmente, sente-se muito sobrecarregado por cuidar do seu familiar?

62
Escalas específicas para avaliação do cuidador familiar
CASI Careres’ Assessment of Satisfaction Index: É um índice de avaliação da
satisfação/bemestar do cuidador, composto por 30 questões.
CADI Careres’ Assessment of Difficulties Index: É um índice de avaliação das dificuldades do
cuidador composto por 30 questões
CAMI Careres’ Assessment of Managing Index: É um índice de avaliação de como os
prestadores de cuidados enfrentam as dificuldades. Os cuidadores utilizam ou não
estratégias e qual a sua eficácia. Tem 38 questões.

Outras escalas de avaliação familiar


• Family Enviroment Scale (FES) - Permite descrever o ambiente familiar, relacionando
perceções entre pais e filhos.
• Teste Aperceptivo do Sistema Familiar (FAST) - Avalia a coesão e a hierarquia no
sistema familiar.
• Family Adaptability and Cohesion Evaluation Scale (FACES) - Instrumento de auto-
avaliação do funcionamento familiar e permite avaliar três dimensões do funcionamento
familiar: coesão, comunicação e adaptabilidade.
• Conflict Tactics Scales (CTS) - Instrumento multidimensional utilizado para a
identificação de violência entre o casal.
• Childhood Trauma Questionnaire (CTQ) - Investiga cinco componentes traumáticas:
abuso físico, abuso emocional, abuso sexual, negligência física e negligência emocional.

Outros instrumentos dirigidos ao indivíduo, mas que podem ajudar a família a


compreender a situação do seu membro
• Escalas de avaliação da dor
• Schedule of Growing Skills
• Índice de Katz, Barthel e Lawton
• Escala MDA (Mini Dependance Assessment)
• Grelha de avaliação da qualidade de vida do idoso (DGS)
• Short Portable Mental Status Questionnaire (SPMSQ)
• Escala MiniMental
• Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage

63
Intervenção Familiar (MCIF)

Modelo de Calgary de Intervenção Familiar


• Modelo organizado para conceptualizar o relacionamento da família e da enfermeira que
origina mudanças no sistema familiar, promovendo a saúde;
• Focaliza as forças e a resiliência da família (usa a força/competência de cada membro da
família, enquanto unidade, e os recursos externos ao sistema familiar);
• Promove o ajuste entre os domínios do funcionamento familiar e as intervenções
propostas pela enfermeira

3 competências especificas do enfermeiro de família


• Percetuais: A capacidade de realizar observações pertinentes sobre o estado de saúde-
doença da família. Engloba também a apreciação da relação entre os vários membros da
família.
• Concetuais: A capacidade de atribuir um significado e sentido às observações
previamente realizadas, mobilizando evidência científica atual.
• Executivas: A capacidade de realizar intervenções terapêuticas mensuráveis, baseando-
se no resultado das competências percetuais e concetuais.

Fases do Processo de Intervenção Familiar


1. Envolvimento ou comprometimento (Engajamento)
2. Avaliação ou Apreciação
3. Intervenção
4. Finalização ou Terminos

Preparar o setting da entrevista


A comunicação na entrevista centrada na família.
Desenvolver competências comunicacionais com a família ou com os seus membros em
diferentes domínios, em simulação de situações do processo de cuidados (apreciação,
intervenção e avaliação).

Conversas terapêuticas
• Determinar o domínio de funcionamento familiar que requer mudança
• Reciprocidade entre as crenças da família e da enfermeira
• Família e enfermeiro desenvolvem em conjunto a mudança
• Permite descobrir a intervenção adequada e ajustada à família

64
O que é uma Conferência Familiar?
• Reunião formal entre profissionais de saúde (enfermeiros e médicos) e o doente e/ou
família.
• Transmissão de informação sobre a situação atual de doença e procurar consenso sobre
objetivos terapêuticos e plano de cuidados.

Vantagens da Conferência Familiar

• Partilhar o prognóstico (gerir expetativas irrealistas)


• Expressar os sentimentos relativamente à situação
• Conversar sobre a possibilidade do familiar vir a falecer (luto antecipatório)
• Incluir as preferências do doente no plano terapêutico (cuidados culturalmente
competentes)
• Ter alguém que se preocupa também com a saúde do familiar (encaminhamento para
recursos de apoio).

Modelo de Calgary de Intervenção Familiar (MCIF)


Domínios de intervenção do MIFC: Cognitivo, afetivo e comportamental. As intervenções de
enfermagem podem promover vários domínios em simultâneo e ao atuar sobre um domínio
também afetar outro como consequência.
Domínio Cognitivo
• Elogiar os pontos fortes da família e seus membros: Identifica forças/competências e
recursos da família;
• Oferecer informações e opiniões: Educação e promoção de saúde, sobre áreas que a
família necessita para o desenvolvimento dos seus membros.
Domínio Afetivo
• Validar ou normalizar as respostas emocionais, permitindo a expressão de sentimentos.
• Incentivar as narrativas de doenças (ou de eventos desafiantes), escutando as
preocupações.
• Estimular o apoio familiar.
Domínio Comportamental
• Incentivar os membros da família a ser cuidadores e apoiá-los neste processo.
• Incentivar o descanso dos membros da família, prevenindo as situações de exaustão.
• Planear rituais e ajudar a manter as tarefas habituais, mantendo o funcionamento
familiar.

65
Níveis de funcionamento da Família Intervenção de Enfermagem

Cognitivo Elogiar os pontos fortes da família


Dar informação de suporte para
promover a saúde da
família.

Afetivo Dar apoio emocional, ajudando a lidar


com emoções e sentimentos,
especialmente os negativos (cólera,
raiva, ira, etc…) Promover a partilha de
sentimentos e o apoio familiar.

Comportamental Validar com a família as atitudes mais


corretas. Treinar habilidades e atitudes
face à mudança /transição.

Questões para a Identificação do Problema/Diagnóstico de Enfermagem


Quem Quem é a família? Quem encaminhou o sistema? Quem é mais afetado?
Quem está mais preocupado?
Qual Qual o problema? Quais as soluções? Qual o significado do problema para a família?
Porquê Porque este problema está neste sistema?
Porque a família está preocupada?
Porque a família mantem este padrão de comunicação?
Onde Onde a família sente o problema? Onde está a origem?
Onde é possível mudar o sistema familiar?
Quando Quando começou? Quando ocorre? E quando termina?
Como Como se manifesta o problema? Como posso ajudar?
Como alterar a situação que vos inquieta ou preocupa?

Questões Terapêuticas
1. Como vos podemos ajudar durante a hospitalização de ente querido/preparação para a
alta?
2. No passado, o que foi mais facilitador e mais difícil de superar neste tipo de situação?
3. Quem na vossa família está a sofrer mais com esta situação?
4. Qual é a questão que gostaria de ver respondida nesta reunião?

66
Tipo de Questões
• Lineares: Quando detetaram alterações no padrão alimentar da vossa filha?
• Estratégicas: Quem na família está a sofrer mais com a situação de anorexia da Susana?
• Circulares: Quando a Susana se recusa a comer como é que os restantes membros da
família reagem?
• Reflexivas: O que podem fazer para ajudar a vossa filha a alimentar-se adequadamente?

Abordagem focada nos problemas da família


Clarificar os tipos de problemas
Níveis
• Em todo o sistema
• Relação conjugal (marido-esposa)
• Relação parental (pais-filhos)
• Outros Subsistemas (subsistema fraternal)
• Individual
• Outros (com a família alargada ou com outros elementos da comunidade)
Dimensões
• Estrutura
• Desenvolvimento
• Funcionalidade da família
Natureza
• Físicos e de saúde
• Emocionais e relacionais
• Socioeconómicos-culturais

Fatores na definição do Problema de Enfermagem


1) Identificação do Problema
2) Caracterização do Problema
• Resposta às questões: Quem? Qual? Porque? Onde? Quando ? Como?
3) Evolução do Problema: Padrão de desenvolvimento, Frequência, intervalos, Fatores
agravantes
4) Interação familiar relacionada com o Problema
• Manifestações atuais
• Respostas típicas da família
• Outras preocupações associadas
• Como o problema influencia a família?
• Crenças face ao problema

67
Diagnóstico de Enfermagem (Taxonomia CIPE)
Dimensão da Estrutura familiar
• Interação social prejudicada
• Rendimento familiares reduzido Dimensão de Desenvolvimento Familiar
• Parentalidade prejudicada
• Processos familiares disfuncionais, (por comportamentos aditivos, alcoolismo presente
nos filhos, ou por alteração do estado de saúde de um membro da família)
Dimensão de Funcionamento Familiar
• Papel de cuidador não demonstrado (o cuidador não é capaz de cuidar do familiar)
• Comunicação verbal da família prejudicada (comunicação emocional ausente)
• Relação dinâmica disfuncional (coligações entre pais e filhos/subsistema fraternal)
• Coping familiar não eficaz
• Manutenção do lar prejudicado (por falha no papel de provedor)
• Enfrentamento familiar inadequado
• Risco para infeção elevado (por falta de higiene da habitação)
• Risco para infestação manifestadas (presença de pulgas nos animais domésticos)

Processo de avaliação das intervenções familiares


O enfermeiro avalia as intervenções nos diferentes domínios. Os indicadores de avaliação
devem explicar mudanças ocorridas a nível:
• Do comportamento e das atitudes (domínio Comportamental)
• Dos conhecimentos e da sua aplicabilidade (domínio Cognitivo)
• Da gestão das emoções e dos afetos (domínio Afetivo)

68
Os Jovens Adultos Independentes (Etapa I)

Transição - aceitar as responsabilidades emocional e financeira


Tarefas
• A diferenciação do EU em relação à família de origem
• Relacionamentos mais horizontais e menos hierarquizados (respeito mútuo)
• Questões de independência vs dependência
• Desenvolvimento de relacionamentos íntimos (amizade e parceiros amorosos)
• De uma orientação individual para uma orientação independente (afeto e autonomia)
• Estabelecimento de identidade em relação ao trabalho e independência financeira

O desenvolvimento de relações Íntimas com um parceiro


• A escolha do par amoroso
• Relacionada com o vínculo estabelecido com a família de origem (a influencia dos modelos
da família; estilos de vinculação…)
• Disponibilidade para se ligar afetivamente e intimamente a outros através de relações
profundas
• A intimidade vs isolamento (6º estádio da Teoria Psicossocial de Erikson) - Identidade
“estabilizada” - Este estágio quando mal resolvido pode levar ao isolamento

A formação do sistema conjugal (Etapa II)


Transição: compromisso com o novo sistema
Tarefas:
• Estabelecimento da identidade do casal (múltiplas negociações) - Estilo de vinculação -
Comunicação
• Realinhamento de relacionamentos com as famílias extensas e amigos para incluir o
cônjuge
• Decisões sobre a parentalidade
Perguntas Estímulo
• O que é o casal atualmente?
• Como se forma?
• Como funciona?
Porquê falar de transição no processo de conjugalidade?

69
Quando surge o casal?
O casal surge quando dois indivíduos se comprometem numa relação que pretendem se
prolongue no tempo (Relvas, 2006 p.51)
Conceito de conjugalidade entendido enquanto conceito sistémico, processo e relação social
diferente de relação jurídica.
• Desejo de viverem juntos De criarem “ um lar”
• De construírem um modelo relacional próprio
• Existe um sentimento de pertença a um novo grupo sem que haja desvinculação do grupo
anterior

Tipos de conjugalidade
• Poderemos falar em conjugalidades ?
• Porquê?
• Haverá mais do que um tipo?

A Família quanto à relação conjugal


Tradicional Estruturada em função do género feminino/masculino,
diferenciados, (cada membro tem um papel pré
estabelecido na família e na comunidade)
Moderna A igualdade de género é a base da união. Há interajuda e
solidariedade com equilíbrio estrutural e de poder entre
homem e mulher.
Fortaleza A dinâmica interna tem regras pré-estabelecidas com
encerramento ao exterior, dificuldade em adaptar-se a
novas situações.
Companheirismo Existe partilha de tarefas, atividades e objetivos comuns,
evolui com as experiências e contactos externos
Paralela Não há partilha de atividades quotidianas nem objetivos
de vida. Encerramento ao exterior e dificuldade em
modificar hábitos de vida
Associação Existe união afetiva, embora não se partilhem atividades
quotidianas. Tem por base a liberdade individual

70
Conjugalidade e Individualização
“Existe uma enorme diferença entre estabelecer um relacionamento íntimo com outro ou
usar um relacionamento de casal para completar o EU e melhorar a autoestima”
- “Eu tenho valor porque tu me amas”
- “Eu não tenho valor porque tu já não me amas”
Nas duas situações acima existe necessidade dos parceiros se validarem a si próprios
constantemente através do relacionamento, definindo através dele o próprio valor individual

Conjugalidade - Individualização e Fusão


(Prioridade no nós)
• Gestão dos recursos
• Tempos
• Espaços
• Identidades

(Prioridade no EU e no TU)
• Preserva as diferenças
• Os projetos individuais
• Os espaços e tempos
• As identidades

O ciclo vital do casal


3 estádios (fusão/retorno ao Tu e ao Eu e Empatia)
Estádio de Fusão
• 3 primeiros anos - muita união, mas sem estabilização; intimidade crescente, mas mais
ambivalente
• 3-7 anos - período conflitual, por desvio do investimento na conjugalidade para a
parentalidade, profissão,...
• Aos 7 anos - fusão definitiva, os territórios de simetria e complementaridade, estão bem
definidos

71
Tarefas de desenvolvimento do casal
• Ser capaz de gerir pressões (internas e externas)
• Definir normas e níveis de poder na relação
• Aceitar o espaço de cada um
• Definir o espaço do casal face aos sistemas que o rodeiam Relvas

Com flexibilidade e através de um bom nível de comunicação

Relações de género na conjugalidade


• Podemos falar em relações de género na conjugalidade?
• Porquê?
• Que exemplos podemos dar?

Papéis de género
• Diferentes de acordo com a cultura, religião e sociedade
• Influenciadas por diferentes fatores (etnia, classe social, condição e situação das
mulheres)
• Caraterizadas por serem dinâmicas e estarem no centro das relações sociais
• Distinguirem-se ainda pela sua desigualdade

Considerações Gerais
• Ainda fortes desigualdades sociais e de género na família e rede de parentesco
• Tendência de maior paridade mas ainda assimetrias (divisão das tarefas domésticas)
• Discursos modernos coexistem com práticas mais estereotipadas
• Divisão do trabalho pago e não pago com consequências e impacto na saúde das mulheres
(dupla carga)

Conjugalidade e Família Alargada


• As atitudes e mitos familiares relativamente ao casamento podem facilitar ou complicar
esta transição.
• As relações com a família alargada exigem múltiplas negociações e são influenciadas pela
cultura
• Em algumas culturas , espera-se que o casal se relacione intensamente com a família de
origem, noutras apenas é esperado que o faça no âmbito da família nuclear

A conjugalidade e o sucesso conjugal


De que falamos quando nos referimos ao “sucesso conjugal”?

72
Operacionalização da dimensão da satisfação conjugal
• Relação dinâmica do casal
• Partilha de responsabilidades, sentimentos e emoções e divisão de papéis
• Comunicação do casal
• Comportamentos relacionais (diálogo, padrão de comunicação)
• Interação sexual
• Atributos relacionais na expressão da sexualidade (conhecimentos e padrão relacional)
• Função sexual
• Existência (ou não) de problemas/disfunções sexuais e conhecimento sobre formas de
resolução

Mitos associados ao casamento


• O nosso amor, o desejo, a paixão manter-se- á inalterável
• O meu companheiro deverá ser capaz de antecipar todos os meus desejos, pensamentos
e necessidades
• Se me amas de verdade esforçar-te-ás sempre por me agradar
• Amar significa nunca me aborrecer com o meu companheiro
• Amar significa estarmos sempre juntos
• Os níveis de sexo, carinho e compromisso presente na nossa relação não diminuirá nunca
• Devemos estar sempre de acordo em qualquer tipo de assunto

Considerações sobre o casal


“O casal nunca é uma entidade completamente formada. Ao longo de todo o processo o casal
confronta-se e defronta-se com o seu modelo, numa tarefa de permanente descoberta”

73
A Saúde sexual e Reprodutiva nas Etapas de desenvolvimento I e II
Saúde Sexual e Reprodutiva
Implica que as pessoas possam ter uma vida sexual satisfatória e segura e que tenham a
capacidade de se reproduzir e decidir se, quando e com que frequência o fazem. (Programa
de Ação da Conferência Internacional sobre população e desenvolvimento – Cairo 1994)
Pressupõe: o direito a ser informado e a ter acesso a métodos de controlo da fecundidade,
com base numa escolha livre e informada - o acesso a cuidados de saúde materna adequados
Abrange também o direito à saúde sexual, entendida como potenciadora da vida e das
relações interpessoais.

Saúde Sexual
É a integração dos aspetos somáticos, intelectuais e sociais do ser sexuado e uma dimensão
importante da saúde física e emocional
Implica:
- Uma abordagem positiva sobre a sexualidade
- Respeito pelos Direitos Humanos de todas as pessoas
- Satisfação e gratificação
- Sexo seguro e livre de abuso

Funções da Sexualidade
• Comunicação
• Reprodução
• Prazer

Sexualidade e Ciclo de Vida


A sexualidade existe ao longo de todo o ciclo de vida !
As diversas transições podem influenciar a dimensão da sexualidade, impondo mudanças na
sua expressão A comunicação é uma função importante da sexualidade
A desmistificação de crenças e mitos perturbadores da vivência da sexualidade faz parte das
intervenções do/a enfermeiro/a.

74
O apego e a Sexualidade
• Apego Vínculos afetivos que estabelecemos com outros significativos
• Modelos familiares e Estilos de vinculação (Segura, Ansiosa, Evitante)
• Contactos/Interações Informais, Constantes, Frequentes

Relação entre o padrão de apego primário e as relações afetivo sexuais no adulto


• Relacionado com auto-estima, traços de personalidade, ansiedade e altruísmo
• No adulto existe a procura de proximidade, o refúgio seguro e a criação de base segura
entre os pares
• O comportamento e a simbologia das relações interpessoais adultas está ligada ao
desenvolvimento do apego na infância
• Logo o apego infantil tem influência nas relações adultas

O que é a resposta sexual ?


Ciclo de resposta sexual Humana
• DESEJO
• EXCITAÇÃO
• ORGASMO
De Master & Johnsons ao modelo
circular de Basson

75
Problemas VS Disfunções Sexuais
Qualquer problema que interfira no ciclo de RSH e que cause sofrimento Pessoal e/ou
interpessoal
• DESEJO
• EXCITAÇÃO
• ORGASMO
Problemas mais frequentes: Perturbações do desejo, da ereção, da ejaculação, do orgasmo,
problemas relacionados com a dor

Mitos relacionados com a Sexualidade


• Homens e mulheres devem ter relações sexuais com o maior número de pessoas
• Se o sexo funciona bem tudo vai bem com a relação
• A relação sexual é igual a coito - o resto são preparativos, substitutos
• Todas as relações sexuais devem levar ao orgasmo
• Ter fantasias sexuais é imoral ou anormal (…)

Expressões da Sexualidade e Satisfação Conjugal


Ligada à forma como cada elemento expressa os afetos, contribuindo para a aceitação do
prazer e afetividade nas interações sexuais
Depende da intersubjetividade e do modelo relacional co construído:

• Crenças e expectativas sobre sexualidade (e sua negociação)


• Expressão dos afetos na intimidade e privacidade
• Frequência das relações sexuais

Que recursos na área da SSR?


Consulta de Planeamento Familiar
Constituída por equipa multiprofissional
Público - Alvo:

• Indivíduos em idade fértil (mulheres até aos 54 anos; homens sem limite de idade)
• Adolescentes (alvo prioritário)
Importante criar condições que facilitem a adesão dos homens
Eixo dos cuidados em Saúde Sexual e Reprodutiva (CSP)

• Atendimento imediato (justificável)


• Encaminhamento adequado
• Protocolos de articulação
o Consulta de P.F. hospitalar
o Contraceção cirúrgica

76
Objetivos

• Promover comportamentos saudáveis face à sexualidade


• Informar e aconselhar sobre a saúde sexual e reprodutiva
• Reduzir a incidência das IST e as suas consequências, nomeadamente a infertilidade
• Reduzir a mortalidade e a morbilidade materna, perinatal e infantil
• Permitir ao casal decidir se quer ter filhos e planear quantos filhos quer ter e quando os
quer ter
• Preparar e promover uma parentalidade responsável

Intervenções
• Esclarecer sobre as vantagens de regular a fecundidade
• Informar sobre as vantagens do espaçamento adequado das gravidezes
• Elucidar sobre as consequências da gravidez não desejada
• Informar sobre a anatomia e fisiologia da reprodução
• Facultar informação sobre métodos contracetivos
• Proceder ao acompanhamento clínico
• Fornecer gratuitamente os contracetivos
• Reconhecer e orientar os casais com desajustes sexuais
• Prestar cuidados pré concecionais
• Identificar e orientar os casais com problemas de infertilidade
• Efetuar, diagnóstico e tratamento das I.S.T.
• Efetuar o rastreio do cancro do colo do útero e da mama

77
A Família em Expansão e a Parentalidade

Transições na Etapa III


O Nascimento do 1º filho

• A família move-se da função conjugal para a parental.


• Tendência para a organização tradicional dos papéis familiares.
• Diferenciação de género tradicionalista.
• Período de tensão entre os pais.
• As fronteiras da díade modificam-se e tendem a fechar-se.
A entrada da criança na escola

• É um momento crucial de abertura do sistema familiar ao mundo que a rodeia.


• "É o primeiro grande teste à capacidade familiar relativa ao cumprimento da função
externa”.
• Precipitação da autonomização dos filhos.

Tarefas na Etapa III


• Ajuste do sistema conjugal
o Desafios com a chegada do primeiro filho:
▪ Espaço pessoal.
▪ Intimidade sexual e emocional.
▪ Socialização do casal.
• União das tarefas de educação, financeiras e domésticas
o Partilha de responsabilidades
o Reorganização de atividades
• Realinhamento de relacionamentos com a família extensa
o Inclusão dos papéis dos avós
o Nova configuração dos relacionamentos adulto-adulto (pais-avós)
• Realinhamento de relacionamentos com a comunidade e sistema social amplo de modo
a incluir a nova estrutura familiar e novas relações

Transições na Etapa IV
• O casal move-se para abertura ao exterior – permeabilização das fronteiras.
• Aceitação da independência dos filhos
• Nesta etapa as dinâmicas familiares transformam-se e as mudanças processam-se de
forma mais ou menos conflituosa.
• A adolescência é o ponto de desenvolvimento máximo da socialização e da
individualização e os grupos de pares são essenciais nesta tarefa, favorecendo a
descentralização emocional/relacional do adolescente com o sistema familiar.

78
Tarefas na Etapa IV
• Modificação nos relacionamentos pais-filho
• (Re)enfoque nas questões inerentes à vida conjugal e profissional
o Reabertura ao exterior
o Redefinição de papéis
o Relações entre o casal
• Necessidade de cuidados à família de origem
o Os avós envelhecem e começam a necessitar de cuidados
o Muitas vezes é uma fase de dupla tarefa, associada aos papéis tradicionais de género.
Sobrecarga no feminino
• Mudança no relacionamento de dependência com o filho.
• Lidar com a adolescência dos filhos é uma das fases críticas do ciclo vital familiar.
Nas etapas III e IV as famílias estão sobretudo focadas no Cuidado às crianças e no
desenvolvimento das competências parentais.

Parentalidade
Enquanto foco de atenção de enfermagem, implica:

• assumir a responsabilidade do exercício efetivo do papel;


• otimizar o crescimento e o desenvolvimento da criança;
• integrar a criança na família;
• agir de acordo com os comportamentos esperados de alguém que é mãe/pai.
Determinantes para a Parentalidade

• Características das crianças


• Desejo de ser pai
• Condição financeira e trabalho
• Sistemas de Suporte
• Nível de Educação e idade dos pais
• Relação entre o casal
• Personalidade dos pais

Quem exerce o papel parental ?


De acordo com a lei:

• Pais biológicos
• Pais adotivos
• Tutores
• Padrinhos civis
• Instituições de Saúde ou Educação

79
Do ponto de vista social e afetivo:

• Pais substitutos Ex. Pais que são avós.

Responsabilidades Parentais e os Direitos das Crianças


Direitos das Crianças: Convenção dos Direitos da Criança : Direito a ter pais responsáveis.
Artigos 18º e 27º Lei 147/99 - Lei de proteção de crianças e jovens em perigo
Proteção social: Proteção social da Parentalidade no Regime de Proteção Geral da Segurança
Social - Decreto-Lei n.º 91/2009, de 9 de abril na redação dada pelo Decreto-Lei n.º 70/2010,
de 16 de junho e pelo Decreto-Lei n.º 133/2012, de 27 de junho.
Responsabilidades Parentais: Lei n.º 61/2008: Imposição do exercício em comum das
responsabilidades parentais (divórcio).

A influência dos pais na saúde e desenvolvimento da criança


Os pais possuem potencial para promover a saúde e bem-estar da criança ou impedir o
desenvolvimento físico e emocional.

Modelo de Parentalidade

80
Atividades Parentais - Cuidados
Cuidados Físicos

• Garantia de alimentos
• Proteção
• Vestuário
• Higiene
• Hábitos de sono
• Precaução de acidentes
• Prevenção da doença
• Resolução de problemas

Cuidados Emocionais
• Comportamentos que asseguram o respeito pela criança.
• Transmitem a perceção de ser amado
• Oferece oportunidades para gerir riscos e fazer escolhas
• Permite vinculação segura e interação positiva, consistente e estável.

Cuidados Sociais
• Garante a socialização da criança
• Impede o isolamento
• Ajuda a criança a tornar-se socialmente competente.

Atividades Parentais - Controlo e Disciplina


Disciplina significa ensinar um conjunto de regras que orientam a conduta.
Num sentido mais restrito, refere-se à ação tomada para forçar o cumprimento das regras
depois da sua transgressão.
Colocar limites refere-se a estabelecer regras ou orientações para o comportamento.
Componente Positiva da Educação, permite à criança:
• Testar os limites do seu controlo;
• Alcançar competências em áreas apropriadas ao seu desenvolvimento;
• Canalizar sentimentos indesejáveis para atividades construtivas;
• Proteger-se do perigo;
• Aprender um comportamento social aceitável

Estilos Educativos Parentais


• Democrata
• Autocrata ou autoritário
• Permissivo (Indulgente; Negligente)

81
Tipos de Disciplina
• Argumentar
• Admoestar (envergonhar ou criticar)
• Reforço positivo e negativo (Recompensar; Ignorar)
• Consequências (Natural; Lógico; Não Relacionadas).
• Time-out
• Castigos Corporais.

Princípios na Implementação da Disciplina

Atividades Parentais - Desenvolvimento


As atividades de desenvolvimento, são guiadas pelos desejos dos pais para que a criança
realize todo o seu potencial, em todas as áreas de funcionamento.
• Desenvolvimento de um sistema de crenças e valores (e.g. tolerância, honestidade,
coragem respeito, etc...)
• Oportunidades para experimentar e desenvolver a expressão da criança.
• Promoção de competências desportivas.

82
Áreas Funcionais - Saúde Mental
Engloba todos os aspetos relacionados com os pensamentos e sentimentos das crianças e
tendências de comportamento, entre si própria e os outros. Inclui situações clínicas (e.g.
ansiedade e distúrbios de comportamento), para além de outros problemas graves de saúde
mental.

Fatores de risco
• Configuração familiar: separação dos pais, violência, alcoolismo, conflitualidade, doença
de um dos pais…
• Condições Socioambientais: pobreza, fragilidade socioeconómica, desemprego,
habitação sobrelotada, isolamento relacional, internamento institucional…
• Relacionados com a criança: prematuridade, sofrimento neonatal, défices cognitivos,
deficiência separações maternas precoces…

Fatores Protetores
Vinculação e cuidado
• Como é que os pais respondem ao comportamento da criança
• Comportamentos de estimulação e brincadeira
• Comportamentos de cuidado
• Os pais elogiam a criança e reconhecem as suas capacidades.

Conhecimento sobre os cuidados parentais e desenvolvimento da criança


• Como vêm as forças da criança
• Como perspetivam o seu papel
• Como é que observam e interpretam o comportamento da criança
• Os pais encorajam o comportamento através de modelos positivos
• Como é que os pais compreendem o desenvolvimento da criança
• Preocupações sobre comportamentos fora do normal

Resiliência Parental
• Identificam as suas forças e estratégias de coping
• Quais as forças parentais
• Stressores precipitados por crises.
• Impacto do stress na parentalidade.
• Capacidade para prosseguir com os seus objetivos pessoais.

83
Rede social de suporte
• Os pais possuem uma rede social de suporte? Amigos, família, membros de grupos de
apoio.
• Os pais têm capacidades sociais para fazer novas amizades e manter os amigos.
• Quais as necessidades que podem ser atendidas com ligações sociais (casas de respiro,
modelos de papel, escuta empática…)

Suporte concreto para as famílias


• Quais são as necessidades imediatas dos pais?
• Apoiar os pais que estão a lidar com problemas
• Quais as formas como a família lidou com outros problemas.
• Que outros serviços e apoios podem ajudar a família.

Competências emocionais e sociais das crianças


• Como é que os pais proporcionam um ambiente estável e seguro e que seja promotor do
desenvolvimento da criança.
• Quando podem os pais procurar ajuda para as suas preocupações.
• Como é que os pais respondem às necessidades emocionais
• Como é que os pais vêm as competências sociais e emocionais da criança?

Áreas Funcionais - Promoção da Saúde Física e Mental


• Programa Nacional de saúde Infantil e Juvenil
• Programa Nacional de Vacinação
• Programa de saúde Mental Infantil e Juvenil
• Saúde Mental na gravidez e primeira Infância
• Saúde Mental Infantil e Juvenil em CSP

Áreas Funcionais - Funcionamento Intelectual e Educativo


Tem como objetivo desenvolver o potencial da criança para desenvolver capacidades ao nível
educativo, intelectual e de trabalho.

Áreas Funcionais - Comportamento Social


• Engloba todos os aspetos que permitem responder às pistas sociais apropriadas ao
desenvolvimento das relações sociais.
• Facilita o desenvolvimento de respostas adequadas da criança às crescentes e complexas
exigências sociais

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Questões Orientadoras
• Quais as estratégias que podem ser planeadas para ajudar os pais na transição para a
parentalidade durante o primeiro ano de vida?
• Qual será a componente essencial para o desempenho ótimo da parentalidade?
• O papel dos avós no suporte aos pais é um recurso ou invasão de espaços?
• Qual a idade mais adequada para usar o time-out como disciplina?
• Quais os princípios para dizer à criança que ela é adotada?
• Quais são os fatores que mais influenciam a competência dos pais no primeiro ano de
vida?

85
Promoção da Saúde nas Famílias com Crianças e Adolescentes

A evolução da Saúde Infantil em Portugal – uma história de sucesso

A evolução da Saúde Infantil em Portugal – como chegámos até aqui


• Década de 80 – importante evolução social, generalização do saneamento básico e das
comunicações, aumento significativo dos salários e das condições de nutrição
• Criação do Serviço Nacional de Saúde (1979) e da Rede Nacional de Centros de Saúde
(1983) - acesso generalizado aos cuidados
• Incremento do Diagnóstico Pré-natal e do parto intra-hospitalar
• Melhoria das instalações e recursos técnicos e humanos dos serviços de obstetrícia e
neonatalogia
• Desenvolvimento do Programa Nacional de Vacinação e do Programa -Tipo em Saúde
Infantil e Juvenil
• Consultas de planeamento familiar, saúde materna e saúde infantil
• Crescimento significativo do número de enfermeiros e médicos

Programa Nacional de Saúde Infantil e Juvenil


Finalidade: Manutenção e a promoção da saúde das crianças e jovens
• Pretende contribuir para a garantia de cuidados de saúde adequados e de qualidade
• É um Programa Nacional, como tal, aplicável onde quer que a criança/adolescente seja
acompanhado.

86
Prioridades
• A deteção e o apoio às crianças que apresentam necessidades especiais, em situação de
risco ou especialmente vulneráveis.
• A redução das desigualdades no acesso aos serviços de saúde.
• O reconhecimento e a capacitação dos pais e outros adultos de referência, enquanto
primeiros prestadores de cuidados.

Linhas Mestras
• Calendarização das consultas para idades-chave
o Idades Chave da Vigilância
▪ Primeiro Ano de Vida: 1.ª semana de vida; 1 mês; 2 meses (M); 4 M; 6 M; 9 M
▪ 1 – 3 Anos: 12 M; 15 M; 18 M; 2 anos (A); 3 A
▪ 4 – 9 Anos: 4 A; 5 A – Exame global de saúde (com o objetivo de avaliar a
existência de competências para o inicio da aprendizagem); 6 ou 7 A (final 1º
ano de escolaridade- para deteção precoce de dificuldades especificas de
aprendizagem); 8 A
▪ 10 – 18 Anos: 10 A (início do 2º ciclo do ensino básico); 12 /13 A – Exame global
de saúde (para preparar o início da puberdade e entrada no 5º ano); 15 /18 A
o Exames de Saúde Oportunistas
▪ As idades referidas não são rígidas: se uma criança ou jovem se deslocar à
consulta por outros motivos, pouco antes ou pouco depois da idade-chave,
deverá, se a situação clínica o permitir, ser efetuado o exame indicado para essa
idade.
▪ Com este tipo de atuação – exames de saúde oportunistas – reduz-se o número
de deslocações e alarga-se o número de crianças cuja saúde é vigiada com
regularidade.
▪ A periodicidade recomendada deverá adequar-se a casos particulares, podendo
ser introduzidas, ou eliminadas, algumas consultas em momentos especiais do
ciclo de vida das famílias, como, por exemplo, em situações de doença grave,
luto, separações ou aumento da fratria. (DGS, 2013, 11)
• Harmonização das consultas de SIJ com o PNV

87
• Valorização dos cuidados antecipatórios
o Orientação Antecipatória: Abordagem baseada na capacitação e no desenvolvimento
Processo através do qual os profissionais de saúde identificam os assuntos que a
criança e família enfrentam e orientam de forma consistente baseados no
desenvolvimento das crianças.
o Deve ser: Oportuno, Apropriado, Relevante
• (Re)incentivo ao cumprimento do PNV
• Prevenção das Perturbações emocionais e comportamento
• Deteção precoce, acompanhamento e encaminhamento
• Apoio à responsabilização progressiva e à autodeterminação em questões de saúde das
crianças e dos jovens
• Trabalho em equipa
• Articulação efetiva

Objetivos dos Exames de Saúde


• Avaliar crescimento e desenvolvimento
• Promover escolhas e comportamentos Saudáveis
• Promover: Imunização; Saúde Oral; Perturbações emocionais e comportamento;
Prevenção de acidentes; Maus Tratos; Riscos decorrentes da exposição solar; Aleitamento
materno
• Prevenir, identificar e tratar doenças comuns
• Detetar e encaminhar ´
• Sinalizar e proporcionar suporte continuado às crianças com Doença crónica/deficiência
e sua Família
• Garantir aconselhamento genético através da referenciação para serviços especializados
• Identificar, apoiar e orientar as crianças e famílias vitimas de maus tratos (e.g. negligência,
maus tratos físicos, psicológicos, abuso sexual, bullying, práticas tradicionais lesivas,
nomeadamente a mutilação genital feminina)
• Promover a autodeterminação e o desenvolvimento
• Apoiar e estimular o exercício adequado das responsabilidades parentais

88
Conteúdos dos Exames de Saúde
Atividades designadas e pautadas pelas orientações da DGS que constam no PNSIJ e pelas
particularidades relativas a cada idade, criança/jovem e
família
Em todas as consultas deve avaliar-se:
• Preocupações dos pais, ou do próprio, no que diz
respeito à saúde;
• Intercorrências desde a consulta anterior, frequência de
outras consultas e medicação em curso;
• Frequência e adaptação ao infantário, ama, ATL e escola;
• Hábitos alimentares, prática de atividades desportivas
ou culturais e ocupação de tempos livres;
• Dinâmica do crescimento e desenvolvimento, comentando a evolução das curvas de
crescimento e os aspetos do desenvolvimento psicossocial;
• Cumprimento do calendário vacinal, de acordo com o PNV.
Ver exemplo de Conteúdos do exames de saúde propostos para os 5 anos (um exemplo) –
Slide 20 a 39

Síntese dos parâmetros a avaliar dos 0-18 anos

89
PNSIJ – As Perturbações Emocionais e do Comportamento
A Consulta de Vigilância de Saúde Infantil e Juvenil tem vindo a ser destacada como uma
oportunidade privilegiada na atuação de triagem, avaliação, intervenção e orientação de
situações psicopatológicas e de risco.
É imprescindível a articulação entre os Cuidados de Saúde Primários e as equipas de Saúde
Mental da Infância.

90
PNSIJ – As Perturbações Emocionais e do Comportamento
Avaliação em Saúde Mental Infantil e Juvenil
Avaliar o funcionamento nas seguintes áreas:
• Escola: aproveitamento, absentismo, adaptação;
• Sintomas funcionais: motores, sono, alimentares, controle de esfíncteres;
• Atenção/controle de impulsos/nível de atividade;
• Comportamento: agressividade, intolerância à frustração, comportamentos antissociais;
• Emocional: sintomas de ansiedade (ex: preocupações e medos excessivos), humor
depressivo ou irritável;
• Social: relação com pares, capacidade de comunicação, atividades
Na observação do estado mental da criança/adolescente estar atento a:
• Forma como a criança se relaciona com o observador: evitamento, proximidade excessiva,
mantém ou não contacto pelo olhar.
• Aparência geral: estado de nutrição, vestuário adequado, sinais de negligência física.
• Tipo de humor: ansioso, triste, zangado, eufórico.
• Linguagem: adequada ou não à idade, compreende ou não o que lhe é dito; organização
do discurso, capacidade de associação entre as ideias; linguagem peculiar, tom calmo ou
desafiador.
• Nível de atividade: calmo, lentificado, agitado.
• Capacidade de manter a atenção/ impulsividade: completa ou não uma tarefa, passa
rapidamente de uma atividade para outra.

91
• Pensamento (evidenciado pelo tipo de discurso): organizado e coerente ou desorganizado
e difícil de compreender, ideias bizarras.
• Movimentos anormais/ tiques/ vocalizações bizarras.
• Ideação suicida.
A interação pais-criança (particularmente nos primeiros anos de vida):
• Forma como os pais se envolvem com a criança: excessivamente permissivos, demasiado
intrusivos, “frustradores”, hostis, pouco envolvidos, afetuosos.
• Estratégias que usam para lidar com a criança: firmeza, calma no pedido, exigência
extrema, coerção física, desinvestimento/ distanciamento, indiferença.
• Como responde a criança e como se adaptam os pais às suas respostas: tentam mudar de
estratégia se esta não funciona ou há ausência de flexibilidade e de capacidade adaptativa
dos pais.

Vinculação
As interações precoces da figura de vinculação (FV) com o bebé são mutuamente
compensadoras, permitem que o bebé se desenvolva a nível cognitivo, emocional e relacional
e que cresça com:
• um sentimento de segurança interna
• confiança na relação com os outros
• curiosidade e desejo de explorar o mundo os comportamentos de sinalização do bebé
favorecem a proximidade com a pessoa que dele cuida.
• o choro, o sorriso, o olhar vão conduzir a FV a entrar em relação com ele.

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Referenciação à Consulta de Saúde Mental Infantil e Juvenil
SINAIS DE ALERTA
Na Primeira Infância
• Dificuldades na relação mãe-bebé.
• Dificuldade do bebé em se autorregular e mostrar interesse no mundo.
• Dificuldade do bebé em envolver-se na relação com o outro e em estabelecer relações
diferenciadas.
• Ausência de reciprocidade interativa e de capacidade de iniciar interação.
• Perturbações alimentares graves com cruzamento de percentis e sem causa orgânica
aparente.
• Insónia grave.

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Na Idade Escolar
• Dificuldades de aprendizagem sem défice cognitivo e na ausência de fatores pedagógicos
adversos.
• Recusa escolar.
• Hiperatividade / agitação (excessiva ou para além da idade normal).
• Ansiedade, preocupações ou medos excessivos.
• Dificuldades em adormecer, pesadelos muito frequentes.
• Agressividade, violência, oposição persistentes, birras inexplicáveis e desadequadas para
a idade.
• Dificuldades na socialização, com isolamento ou relacionamento desadequado com pares
ou adultos.
• Somatizações múltiplas ou persistentes.

Na Adolescência
• Incapacidade para lidar com problemas e atividades quotidianas.
• Somatizações múltiplas ou persistentes.
• Humor depressivo, ideação suicida, tentativas de suicídio, isolamento relacional.
• Ansiedade excessiva.
• Alterações do pensamento e da perceção.
• Sintomatologia obsessivo-compulsiva.
• Insónia grave, persistente.
• Restrição alimentar, preocupação com o peso, comportamentos purgativos.
• Passagens ao ato impulsivas (agressivas ou sexuais), comportamentos autoagressivos,
fugas.
• Comportamentos antissociais repetidos.

Situações Particulares
As situações de negligência, maus-tratos, abuso sexual ou outras que exijam uma proteção
imediata da criança/adolescente devem ser referenciadas com a maior brevidade possível ao
Núcleo de Apoio a Crianças e Jovens em Risco (NACJR) do Centro de Saúde, à Comissão de
Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) da área ou diretamente ao Tribunal de Menores.

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Parentalidade como Foco de Atenção de Enfermagem

Exercício Parental
O desenvolvimento da criança não se faz de forma linear, pelo que os pais estão em constante
adaptação … cada etapa despoleta novas necessidades o que representa uma janela de
oportunidade para educação parental.
Processo de transição que pode levar a uma crise. Nós focamo-nos nas respostas aos
processos de transição, para conseguirem fazer uma transição saudável.
Estes processos de transição afetam a criança

Porque razão a Parentalidade é um Foco de Atenção para a Enfermagem ?


• Os pais influenciam, de forma determinante, a saúde dos filhos.
• Tomar conta da criança exige conhecimentos, capacidades, motivação, recursos e
oportunidades.
• Acontece através dos conhecimentos e competências práticas ao cuidar dos recém-
nascidos/crianças.
• Acrescem as necessidades de educação e apoio.

Outros focos relacionados


• Vinculação (ligação pais-filhos)
• Saúde e desenvolvimento da criança

Diagnósticos Relacionados
Domínio 7 - Relações de Papel
Definição – Ligações positivas e negativas entre pessoas ou grupos de pessoas e a forma como
essas relações são demonstradas.
Classe Diagnósticos
Papel de Cuidador Potencial para melhorar a
parentalidade Parentalidade
Comprometida
Risco de Parentalidade
Comprometida
Relações Familiares Risco de vinculação comprometida
Desempenho do papel Conflito no papel parental
Desempenho de papel ineficaz

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Potencial para melhorar a parentalidade
Definição: Disposição para melhorar o papel parental
Características Definidoras
• A criança expressa desejo para melhorar o ambiente de casa.
• Os pais expressam desejo de melhorar a parentalidade
• Os pais expressam o desejo para aumentar o suporte emocional.
• Os pais expressam o desejo de aumentar o suporte emocional de outras pessoas
dependentes

Risco de Parentalidade Comprometida


Definição: Vulnerabilidade do cuidador principal para a incapacidade de criar, manter ou
recuperar um ambiente promotor de um ótimo crescimento e desenvolvimento da criança.
Fatores relacionados
• Conhecimentos
• Fisiológicos
• Relacionados com a criança (características)
• Psicológicos
Exemplos
• Prematuridade e deficiência da criança
• Doença mental dos pais (ex. depressão)
• Pobreza
• Violência doméstica
• Desemprego
• Divorcio
• Abuso de substâncias
• Hospitalização

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Parentalidade Comprometida
Definição: Incapacidade para criar, manter ou recuperar um ambiente que promova o ótimo
crescimento e desenvolvimento da criança.
Características Definidoras
Lactente ou criança
Alterações de comportamento (e.g. Deficit História de abuso e trauma (e.g. funcionamento,
de Atenção, posição desafiante). psicológico, sexual).
Atraso desenvolvimento cognitivo. Funcionamento social comprometido
Ansiedade da separação diminuída. Comportamento de ligação/vinculação
Acidentes frequentes. insuficiente
Mau desempenho escolar
Fugas
Pais
Abandono Cuidados inconsistentes
Capacidade diminuída para cuidar da criança Rigidez na resposta às necessidades da criança
Diminuição de afeto/carinho Incapacidade percebida para responder às
Interação pais-criança alterada necessidades da criança
Frustração com a criança Perceção de inadequação no papel
História de abuso na infância Punição
Hostilidade Rejeição da criança
Cuidados inadequados á criança Falar negativamente sobre a criança
Habilidades para cuidar inadequadas Ambiente doméstico inseguro
Condições para o cuidado infantil
inadequadas.
Estimulação inadequada
Comportamento inconsistente

Desempenho do papel parental


Definição: Ações parentais para proporcionar um ambiente social, emocional e físico que
nutra e seja construtivo para a criança.
Indicadores:
• Antecipa as necessidades da criança
• Elimina os perigos ambientais controláveis estimula o desenvolvimento cognitivo
• Estimula o desenvolvimento social
• Estimula o crescimento emocional
• Relaciona-se de forma positiva com a criança
• Manifesta uma relação carinhosa com a criança…

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Instrumentos para o Diagnóstico
Exemplo:

• Avaliação dos conhecimentos e habilidades dos pais (gravidez e até 6 meses de vida do
latente)
• Diagnóstico das necessidades de aprendizagem
• Quais os tipos de vinculação? – Ver tabela na aula de instrumentos de avaliação familiar
• Como se observam os comportamentos?

Intervenção de Enfermagem
Os pais como recurso para otimizar a saúde dos filhos
Exemplos:
• Orientação Antecipatória
• Promoção do papel parental
• Promoção da vinculação
• Promoção da integridade familiar
• Proteção contra abusos
• Apoio ao cuidador.

Orientação antecipatória
Definição: Preparação do cliente para uma crise futura de desenvolvimento e/ou
circunstância.
Classe: Ajuda para o enfrentamento (coping)
Abordagem baseada na capacitação e no desenvolvimento
Processo através do qual os profissionais de saúde identificam os assuntos que a criança e
família enfrentam e orientam de forma consistente baseados no desenvolvimento das
crianças.
Deve ser: Oportuna , Apropriada , Relevante

Touchpoints – Modelo baseado no desenvolvimento


Pressupostos
1. Os pais são os peritos nos seus filhos
2. Todos os pais têm forças
3. Todos os pais querem fazer o melhor com os seus filhos
4. Todos os pais têm algo de fundamental a partilhar em cada etapa do desenvolvimento
5. Todos os pais têm sentimentos ambivalentes
6. A parentalidade é um processo de tentativa/erro

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Princípios
1. Valorize e compreenda a relação que estabelece com os pais
2. Reconheça o que traz para a interação
3. Focalize-se na relação pais-criança
4. Utilize o comportamento da criança como a sua linguagem
5. Procure oportunidades para apoiar a mestria
6. Valorize a paixão onde quer que a encontre
7. Esteja disponível para discutir assuntos que vão para além do seu papel tradicional
8. Valorize a desorganização e a vulnerabilidade como uma oportunidade
Considerações Gerais
• Suporte ao desenvolvimento emocional e comportamento infantil
• Oportunidades de intervenção com a criança
• Respostas parentais aos Touchpoints

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Touchpoints Previsíveis
• Gravidez
• Recém-nascido: (1ª sem; 3ª sem)
• 6-8 semanas
• 4 Meses
• 7 Meses
• 9 Meses
• 12 Meses
• 15 Meses
• 18 Meses
• 2 anos
• 3 anos

TouchPoints fora do seu tempo


• O nascimento de um irmão
• O divórcio
• A morte
• A hospitalização
• A adaptação ao 1º ano
• A separação

Acerca dos pressupostos


• Os pais são os peritos em relação ao seu filho
• Todos os pais têm forças
• Todos os pais querem fazer bem aos seus filhos
• Todos os pais têm algo critico para partilhar acerca do desenvolvimento
• Os pais possuem sentimentos ambivalentes
• A parentalidade é um processo construído na tentativa e erro.

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Princípios mobilizados na orientação
• Valorize e compreenda a relação que estabelece com os pais.
• Reconheça o que traz para a interação.
• Focalize na relação pais-criança.
• Utilize o comportamento da criança como a sua linguagem.
• Procure oportunidades para apoiar a mestria.
• Valorize a paixão onde quer que a encontre.
• Esteja disponível para discutir assuntos que vão para além do seu papel tradicional.
• Valorize a desorganização e a vulnerabilidade como uma oportunidade.

Conhecimento da família
O que conhece sobre esta família?
O que o interpela nesta situação? Fatos positivos e negativos
O que sabe acerca deste tipo de família?
O que o interpela nesta situação? Fatos positivos e negativos
Como é que este conhecimento afeta a sua interação com a família?

Evidência
• Qual é o desenvolvimento típico da criança neste touchpoint?
• Como avalia a desorganização da criança?
• Quais foram os temas típicos para os pais neste touchpoint?
• Quais foram as respostas parentais à desorganização e qual é a sua interpretação?

Observação da Interação
• O que observou na interação dos pais com a criança?
• O que observou no comportamento da criança?
o Qual é o sentido que atribui a estes comportamentos?

Compreensão do significado do comportamento dos pais


• O que fizeram ou disseram os pais?
• Quais os princípios que ajudaram a atingir os objetivos antecipatórios ?
o Qual é o sentido que atribui?

Orientação antecipatória com os Touchpoints – SÍNTESE


• Descrição Partilhada
• Predição Colaborativa e Individualizada
• Plano e aconselhamento negociado

101
Etapa V: Encaminhamento dos filhos e saída de casa

Processo de Transição Chave: Aceitar as múltiplas saídas e entradas no sistema Familiar

Múltiplas saídas e entradas no sistema familiar

Aceitar as entradas e saídas no sistema


Elevado número de divórcios nos países industrializados - Dissolução do casamento e novo
recasamento (famílias recompostas).
Crianças e Pais dos membros do casal existentes e os que resultam da segunda união e
outros familiares - Emergem como pessoas significativas na dinâmica e desenvolvimento da
blended family (mistura familiar)

Impacto dos movimentos no ciclo de vida familiar


Estrutura

• Agregação Extensão/parentalidade isolada:


• Separação Divórcio; Pais e mãe solteiro;
• Incorporação Viuvo(A); Adoção; Monoparentalidade

Funcionalidade

• Assunção de papeis
• Redefinição de papeis
• Dividir responsabilidade
• Tomada de decisão
• Gestão de Recursos

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Tarefa 1 - RENEGOCIAÇÃO DO SISTEMA CONJUGAL COMO DÍADE

• Dispõem pela primeira vez de recursos económicos para gastar apenas consigo
• Possibilidade de empreender novas atividades e concretizar projetos
• Síndrome de “ninho vazio”

Síndrome do ninho vazio


O impacto na família da saída dos filhos de casa pode provocar alterações na saúde dos pais,
agravando quadros depressivos e de baixa autoestima.

Tarefa 2 - DESENVOLVIMENTO DE RELACIONAMENTOS ADULTO-ADULTO ENTRE FILHOS E


PAIS
Filhos Independentes

• Síndrome d ninho vazio


• Pais questionam a capacidade de independência dos filhos- financeira e emocional
• Assumem suporte financeiro dos filhos (terminar formação em curso)

Filhos regressam a casa dos pais Compromisso e negociação

• Pais dependentes no autocuidado dos filhos que assumem o papel do cuidador familiar
• Filhos dependem economicamente dos pais- vivencia em conjunto reduz gastos
• Famílias em sistema de porta giratória

103
Considerações Gerais
• Partilha Passiva/Ativa
• Construção Interativa
• Aprendizagem Colaborativa
• Suporte Partilhado
• Estratégias co construídas

Tarefa 3 - REALINHAMENTO DAS RELAÇÕES PARA INCLUIR PARENTES E NETOS


Realinhamento das relações: Incluir netos e parentes
Aceitar o papel mais central da relação do meio

Famílias em “Sanduíche”
São constituídas por:
• Trabalhadores no ativo
• Cuidadores dos filhos
• Cuidadores dos pais

Triângulo Relacional: Avós, Pais e Netos

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Aprender a ser avós
Existem várias formas de ser avós (Oliveira (2012))- três tipos de avós:
• Cuidadores
• Companheiros ´
• Distantes

Na abordagem de Pires (2010) podem ser:


• Substitutos educativos
• Transmissores de valores e tradições
• Passivos
• Ausentes

Exemplos de outras tipologias de avós

• Provedores: Centram no bem-estar dos netos e em presenteá-los.


• Democratas: Agem em prol de uma relação mais harmoniosa com a família.
• Carinhosos: Fazem de tudo para agradar aos netos
• Realistas: Entendem os processos de evolução dos netos.
• Conservadores: Vivem repetindo que no tempo dela “é que era bom” numa postura de
rejeição da atual geração.

Tarefa 4 - LIDAR COM INCAPACIDADES E MORTE DOS PAIS (AVÓS)


Transições associadas aos “avós”
Transição de Desenvolvimento: Envelhecimento
Transição Situacional: Reforma ou Cuidador
Transição Saúde-Doença: Diabetes, ICC, HTA, etc… (Isolada ou múltiplas)

• Vivência de situação doença crónica


• Vivência de agudização de doença crónica
• Compromisso funcional
• Dependência no autocuidado
• Assumir o papel de cuidador familiar

105
Limitação no exercício do autocuidado

• Alimentar
• Auto Elevar-se
• Cuidar da Higiene
• Arranjar-se
• Tomar Banho
• Usar os Sanitários
• Vestir ou Despir-se
• Divertir-se
• Transferir-se
• Virar-se

Aceitar as múltiplas saídas e entradas no sistema familiar


1. Renegociação do sistema conjugal como díade;
2. Desenvolvimento de relacionamentos adulto-adulto entre filhos e pais;
3. Realinhamento das relações para incluir parentes e netos;
4. Lidar com incapacidades e morte dos pais (avós).

Desafios da enfermagem
Enfermeiro Parceiro das Famílias

• Envelhecimento ativo cuidar dos dependentes


• Vigilância de saúde na meia-idade
• Preparação para a reforma
• Funções dos avós na saúde familiar

106
Etapa VI – Última fase da vida familiar

Processo de transição - chave: Aceitar a mudança de papéis das gerações

Famílias no fim de vida


• Manutenção do funcionamento e interesses do casal face ao declínio fisiológico;
• Exploração das novas opções de papéis familiares e sociais;
• Valorizar o papel da geração de meia-idade;
• Dar espaço à sabedoria e à experiência dos idosos, apoiando a geração mais velha;
• Lidar com as perdas (cônjuge, irmãos e outros companheiros). Preparar-se para a própria
morte. Revisão de vida e integração.

Principais Eventos:
• Cônjuges idosos
• Lidar com a reforma
• Lidar com doença incapacitante
• Rutura com a família através da morte
• Necessidade de mudar ou ajustar a residência

Atividades de desenvolvimento da família idosa:


• Reajustar a habitação
• Ajuste a diminuição de rendimento
• Manter rotinas confortáveis
• Proteger a saúde
• Manter relações de afeto
• Manter contacto com a família e rede social
• Manter-se ativo
• Encontrar sentido para a vida

Tarefa 1 - Manutenção do funcionamento e interesses do casal face do declínio


fisiológico
• Relacionamento conjugal
• Preparação e aceitação do envelhecimento
• Diminuição progressiva da autonomia
• Maior suscetibilidade à doença
• Diminuição da atividade física e mental

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Tarefa 2 - Exploração das novas opções de papéis familiares e sociais
• Ser avós
• Ser sogros
• Mudança de status dos membros idosos da família
• Independência versus dependência

Tarefa 3 – Valorizar o papel da Geração de Meia-idade


• Valorizar a geração entre a idade adulta madura e a velhice, aproximadamente entre 40
e 60 anos
• As dificuldades podem ser recíprocas das duas gerações

Tarefa 4 - Dar espaço à sabedoria e à experiência dos idosos, apoiando a geração


mais velha.

Tarefa 5 - Lidar com a perda do cônjuge, irmãos e outros companheiros;


• Preparar-se para a própria morte;
• Revisão de vida e integração.

Considerações Gerais
• Viuvez e suas consequências
• Necessidade de preparar a própria morte
• Cuidar de assuntos inacabados
• Fazer a revisão de vida e dar sentido à sua vida
• Transmitir informações às gerações sucessoras

Transições das famílias no fim do ciclo de vida


Transições de desenvolvimento
Transições Situacionais
Transições de Saúde-doença

• Aceitação da mudança de papeis das gerações


• Reforma
• Cônjuges Idosos
• Manter a atividade do casal, cuidar da saúde
• Declínio Funcional (dependência no autocuidado)
• Lidar com perdas
• Revisão de vida e integração
• Mudança de Residência

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• Família prestador de cuidados
• (Re)internamento hospitalares
• Doenças agudas e/ou crónicas, agudização de doenças crónicas, doença incapacitante
(dependência no autocuidado)
• Doença Prolongada, sofrimento e morte

A Perda na Família - LUTO


“Sentimentos de pena associados a perda ou morte significativa, antecipatória ou real”.

Resposta característica a uma perda significativa. É uma resposta adaptativa a uma


experiência de perda de vínculo afetivo e que envolve varias dimensões: físicas, psicológicas,
comportamentais, espirituais, socio culturais.

Luto
“Processo de luto experienciado pela família após a perda de um ente querido ou de algum
bem material ou imaterial, com manifestação de sofrimento acompanhado por sintomas
físicos e emocionais em mais do que um membro da família, ambiente familiar de luto e
sofrimento, tristeza partilhada e desorganização temporária das rotinas familiares.”

Luto Familiar

Sentimentos comuns no processo de luto


• Tristeza
• Raiva
• Culpa e autocensura
• Ansiedade
• Solidão
• Fadiga
• Desamparo
• Choque
• Anseio
• Emancipação
• Alívio
• Torpor

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Comportamentos após a perda
• Distúrbios do sono (insónias ou hipersónia)
• Distúrbios do apetite
• Comportamentos de distração ("andar aéreo")
• Isolamento social
• Sonhos com a pessoa falecida
• Evitar lembranças da pessoa falecida
• Procurar e chamar pelo ente perdido
• Suspirar e chorar
• Hiperatividade / agitação
• Visitar sítios ou transportar objetos que lembrem a pessoa perdida
• Guardar objetos que pertenciam ao falecido

Luto Antecipatório
“Processo pelo qual os sobreviventes vão assumindo o papel de enlutados e começam (ou
não) a elaborar as mudanças emocionais associadas à morte previsível do seu familiar”
Mais frequente em doenças de evolução prolongada

Luto pós-morte
Processo socialmente mais visível e expresso pelo vestir de luto. No luto pós-morte estamos
centrados numa perda do passado, no antecipatório estamos centrados numa perda que está
à frente
Transversal a todas as situações de morte

Fases do processo adaptativo das famílias pré morte - LUTO ANTECIPATÓRIO


O processo adaptativo das famílias com um membro portador de uma doença terminal passa
por fases, Hanson (2005) considera três fases:
• Preparatória
• Intermédia
• Aceitação

Processos de Luto pós-morte


Teoria Integrativa do Processo de Luto de Sanders (1999) considera que o luto tem cinco
fases:
1. Choque
2. Consciência da perda
3. Conservação retirada
4. Cura
5. Renovação

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Processo de elaboração do luto
No processo de luto, os familiares adaptam-se à perda por etapas, Worden (1998) refere que:
• 1ª etapa: Aceitar a realidade da perda
• 2ª etapa: Experimentar a dor da perda
• 3ª etapa: Adaptação ao meio em que a pessoa faleceu
• 4ª etapa: A capacidade da pessoa em reposicionar em termos emocionais a pessoa que
faleceu.

Processo dual de luto


Coexistem três dimensões ou componentes:
• (a) Orientação para a perda
• (b) Orientação para o restabelecimento
• (c) Oscilação.

Processo de “Fazer o Luto”

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Tipologias de elaboração do Luto
• Integrado
• Psicopatológico
• Complicado
O objetivo é a integração do luto

Tipos de intervenção no luto


• APOIO (P. universal): Para a maioria das pessoas basta um acompanhamento inicial
• ACONSELHAMENTO (P. seletiva): Para alguns enlutados em risco que precisam de
orientação dos profissionais
• INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA (P. indicada): Para uma minoria que necessita de
intervenção especializada de curta ou longa duração

Níveis de intervenção no luto


Intervenção universal – são medidas destinados à população geral, supostamente sem
fatores de risco associados.
Ex. na comunidade, em ambiente de consulta de saúde e nos meios de comunicação.
Intervenção seletiva – são ações voltadas para populações com um ou mais fatores
associados ao risco de lutos complicados.
Ex: em grupos de risco para desenvolver lutos complicados.
Intervenção indicada – são intervenções voltadas para pessoas identificadas com múltiplos
fatores de risco ou com história de lutos complicados ou dificuldade na gestão do sofrimento.
Ex: Em programas específicos para enlutados com processos patológicos e de difícil resolução.
Psicoterapia individual ou em grupo

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Critérios clínicos do Luto complicado

Luto normal e patológico critérios de diferenciação


Fases de luto Resposta Normal Intensificação Patológica

Expressão Expressa as emoções Pânico. Reações dissociativas

Evitamento/Negação Evitamento de recordações Evitamentos não


Isolamento social, centra-se adaptativos, Abuso de
noutras coisas drogas. Sente-se morte ou
irreal.

Intrusão Recordações de experiências Ideação descontrolada, atos


com o falecido, pesadelos, auto lesivos, terrores
diminuição da concentração noturnos

Elaboração Recordações do falecido Não integração da morte do


outro. Rejeição persistente

Reorganização Reduz as oscilações Falha no luto. Persistência de


emocionais. Experimenta delírios ou ideias bizarras
estados de animo positivos

Adaptação da família à perda


1. Aceitação partilhada da realidade da morte e experiência partilhada da perda
2. Reorganização do sistema familiar e reinvestimento noutras relações e no seguimento da
vida

Influenciado por
• Rede familiar e social
• Contexto sociopolítico e histórico da perda
• Contexto soxiocultural da morte
• Situação de Perda
• Altura da perda no ciclo de vida da família

113
Necessidades das famílias com membros em fim de vida
Sete necessidades fundamentais nos familiares dos doentes em fase terminal hospitalizados:
• Acompanhar e ajudar o familiar moribundo;
• Ser informado quanto ao estado de saúde do doente;
• Ser informado quando o doente está prestes a morrer;
• Saber que o doente está o mais confortável possível;
• Expressar livremente as emoções;
• Ser apoiado pelos outros membros da família;
• Ser compreendido e apoiado pelos profissionais de saúde.

Cuidado de Enfermagem às famílias com ente querido em fase terminal


O enfermeiro desenvolve intervenções no sentido de apoiar e orientar as famílias:
• Observar e escutar quando um dos membros solicita a sua atenção;
• Permitir a expressão livre de sentimentos, aceitando as respostas individuais;
• Explicar que é normal experimentarem sentimentos e reações caóticas, como por
exemplo “desejar a morte do familiar”.

A morte na família Intervenção de Enfermagem


• A morte perturba o equilíbrio familiar e os padrões de interação. O processo de
recuperação envolve um realinhamento das relações e a redistribuição dos papéis
necessários para compensar a perda e prosseguir com a vida familiar.
• “Promover a coesão e a flexibilidade familiar é crucial para a sua reestabilização”
• A enfermagem ao cuidar da família ajuda-a a aceitar a morte de modo a não temer, nem
a acumular angústia ao confrontar-se com a perda inevitável.
• “É a aprendizagem do desinvestimento afetivo necessário para que se possa elaborar o
desligamento e a separação que estão por advir. É um tempo precioso e ao mesmo tempo
delicado da resignação, que se bem elaborada propicia uma maior harmonia consigo
mesmo”

Desafios da Enfermagem
• Enfermeiro Parceiro das Famílias
• Manter a funcionalidade familiar
• Restaurar e manter a saúde familiar
• Cuidar na morte e luto
• Ajudar os familiares cuidadores
• Evitar ou reduzir o efeito da doença crónica e hospitalizações

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