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REPÚBLICA DE ANGOLA

GOVERNO DA PROVÍNCIA DE LUANDA


GABINETE PROVINCIAL DA EDUCAÇÃO/SAÚDE
INSTITUTO TÉCNICO PRIVADO DE SAÚDE - CRISTO SAÚDE

PROJECTO TECNOLÓGICO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO MÉDIO TÉCNICO DE


ENFERMAGEM

INFECÇÃO URINÁRIA

Conhecimento, Atitude e Prática sobre a Infecção Urinária nos Estudantes


da 12ª classe do Instituto Técnico Privado de Saúde - Cristo Saúde de
Janeiro à Março de 2021.

Luanda/2021
Conhecimento, Atitude e Prática sobre a Infecção Urinária nos Estudantes da 12ª classe do
Instituto Técnico Privado de Saúde - Cristo Saúde de Janeiro à Março de 2021.

TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO MÉDIO TÉCNICO DE


ENFERMAGEM

INTEGRANTES DO GRUPO Nº 8

1. Carlota Isabel Nzuzi Afonso


2. Coxe Sebastião Jonas
3. Diabanza Glória Mavitidi Lopes
4. Dina Mbenza Camilo
5. Jemina Patrícia Mbanzu
6. Marta Kussunga Feliz

Orientador: Rodrigues José

Co-orientador: Germano Nascimento

Luanda/2021
FOLHA DE ROSTO

Conhecimento, Atitude e Prática sobre a Infecção Urinária nos Estudantes da 12ª classe do
Instituto Técnico Privado de Saúde - Cristo Saúde de Janeiro à Março de 2021.

Aprovado aos 24/ 06/ 2021

Trabalho de conclusão para obtenção do título de


Técnico de Enfermagem.

BANCA EXAMINADORA

Presidente __________________________Assinatura___________________

Iº Vogal ____________________________Assinatura___________________

IIº Vogal ___________________________Assinatura___________________

I
Luanda/2021

II
DEDICATÓRIA

Dedicamos o nosso trabalho aos nossos queridos pais que têm nos apoiado financeiramente e
emocionalmente;

Dedicamos aos nossos familiares, colegas e amigos que nos encorajaram e nos impediram de
desistir dos nossos sonhos;

Dedicamos este trabalho também a nossa querida Professora de Ética e Deontologia


Profissional Aríete Sebastião Senga (Em memória).

III
AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus que é o motivo da nossa existência;

A Direcção do ITPS- Cristo Saúde, em especial ao Promotor Nsimindele Diapanga André que
sabiamente soube nos orientar durante estes 4 anos de formação;

Ao nosso tutor e orientador Rodrigues José, por ter dedicado a nós o seu precioso tempo para
nos orientar;

Ao co-orientador Germano Nascimento, por ter dedicado a nós o seu tempo para nos orientar;

Aos nossos queridos professores que incansavelmente se dedicaram na transmissão de seus


conhecimentos durante 4 anos formação, sem esquecer dos elementos não menos importante o
segurança e a equipe de limpeza.

IV
EPIGRÁFE

“A única forma de vencer a morte é não nascer” (Kiamesso João Muanza).

V
RESUMO

O presente trabalho aborda sobre a Infecção Urinária que é definido como “um quadro
infeccioso que pode ocorrer em qualquer parte do sistema urinário, como rins, ureteres,
bexiga e uretra. Tendo o objectivo de avaliar o conhecimento, atitude e prática dos estudantes
da 12ª classe do ITPS- Cristo Saúde sobre infecção urinária de Janeiro à Março de 2021; para
a obtenção dos resultados foi utilizado um estudo, observacional, descritivo e transversal com
abordagem quantitativa de 70 sujeitos, seleccionados com uma técnica de amostragem
aleatória simples; Para a recolha de dados utilizou-se um questionário contendo perguntas
fechadas que nos permitiu chegar aos seguintes resultados: verificou-se que a faixa-etária com
maior predomínio situa-se entre 17 - 21 anos de idade com 50%, maioritariamente do sexo
feminino com 69%, e 100% dos estudantes sabem o que é a infecção urinária. No que
concerne os factores de risco da infecção urinária, 47% dos estudantes alegam o contacto com
vários parceiros sexuais; lamentavelmente 66 % dos estudantes não sabem as causas da ITU;
no que tange ao quadro clínico, 46% referiram sensação de queimação ao urinar; das
complicações das ITU 27% afirmam os abortos de repetição; finalmente sobre a atitude a ter
quanto a pacientes com o diagnóstico da ITU, 33% disseram administrar medicamentos.
Depois da apresentação e interpretação destes resultados, pode-se concluir que os estudantes
de Enfermagem do ITPS- Cristo Saúde, têm conhecimento das ITUs, das suas complicações.
Embora tendo esse conhecimento, lamentavelmente não percebem as reais causas, isto
impossibilitará a tomada da atitude e a implementação da boa prática quando a cuidado de
enfermagem a aplicar a doentes.

Palavra-chave: Conhecimento, Atitude, Prática, Estudante, Infecção Urinária.

VI
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA= Agência Nacional de Vigilância em Saúde

EPMC= Enfermagem e Patologia Médico-cirúrgico

FDC= Farmacologia e Doenças Correntes

ITPS- Cristo Saúde = Instituto Técnico Privado de Saúde - Cristo Saúde

ITU= Infecção do Tracto Urinária

UFC/mL= Unidade de Formação de Colónias/ milímetro

OMS= Organização Mundial de Saúde

VII
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Distribuição dos estudantes segundo a Idade.......................................................................27

Tabela 2- Distribuição dos estudantes segundo o Sexo........................................................................28

Tabela 3- Distribuição dos s estudantes quando questionados se sabe o que é a infecção urinária.....29

Tabela 4- Distribuição dos estudantes quando questionados sobre os factores da infecção urinária...30

Tabela 5- Distribuição dos estudantes quando questionados sobre as causas da infecção urinária.....31

Tabela 6- Distribuição dos estudantes quando questionados sobre o quadro clínico da infecção
urinária....................................................................................................................................................32

Tabela 7- Distribuição dos estudantes quando questionados sobre as complicações da infecção


urinária....................................................................................................................................................33

Tabela 8- Distribuição dos estudantes quando questionados sobre o que podes fazer quando saberes
que o paciente é diagnosticado com a infecção urinária........................................................................34

VIII
SUMÁRIO

FOLHA DE ROSTO................................................................................................................I

DEDICATÓRIA.....................................................................................................................II

AGRADECIMENTOS..........................................................................................................III

EPIGRÁFE............................................................................................................................IV

RESUMO...............................................................................................................................V

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS...........................................................................VI

LISTA DE TABELAS.........................................................................................................VII

CAPITULO 1- INTRODUÇÃO...............................................................................................10

FORMULAÇÃO DO PROBLEMA.....................................................................................12

JUSTIFICATIVA..................................................................................................................13

OBJECTIVO.........................................................................................................................14

Objectivo Geral..................................................................................................................14

Objectivos Específicos......................................................................................................14

CAPITULO 2- FUNDAMENTAÇÃO TEORICA...................................................................15

2.1-Definições de termos e conceitos....................................................................................15

2.2- Epidemiologia................................................................................................................16

2.3- Componentes do sistema urinário humano....................................................................17

2.4- Infecção do trato urinário...............................................................................................18

2.5.1- Classificação das infecções do trato urinário..........................................................19

2.5.2- Agentes etiológicos das infecções do trato urinário................................................19

2.6- Fisiopatologia.................................................................................................................20

2.7 - Factores de Riscos.........................................................................................................20

2.8- Manifestações clínicas...................................................................................................20

2.9- Diagnóstico da Infecção Urinária..................................................................................21

2.10- Tratamento dos pacientes com ITUs............................................................................22


IX
2.11- Medidas de Prevenção.................................................................................................22

2.12- Cuidados de Enfermagem............................................................................................23

12.1- Cuidados na gravidez...................................................................................................24

CAPITULO 3- METODOLOGIA............................................................................................25

3.1- Tipo de estudo................................................................................................................25

3.2- Local de estudo..............................................................................................................25

3.3-População em estudo.......................................................................................................25

3.4- Amostra..........................................................................................................................25

3.5-Critério de inclusão e exclusão.......................................................................................25

3.6-Procedimento ético:........................................................................................................26

3.7-Procedimento de recolha de dados..................................................................................26

3.8-Processamento e análises de dados.................................................................................26

3.9-Variáveis.........................................................................................................................26

CAPITULO 4- APRESENTAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS.................27

CONCLUSÃO......................................................................................................................35

CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................37

APENDÊCES

ANEXOS

X
CAPITULO 1- INTRODUÇÃO

As infecções do trato urinário são responsáveis por cerca de 7 milhões de consultas por ano, e
são o factor complicador em cerca de 1 milhão de internações por ano nos Estados Unidos, as
ITU são muito prevalentes no ser humano, ocupando o segundo lugar, logo a seguir às
infecções respiratórias (JOSÉ e DIAS, 2011, p. 123).

Cerca de 40 a 50% das mulheres experimentam uma infecção urinária durante sua vida adulta.
Devido a sua prevalência e potencial morbilidade deve ser plenamente conhecida pelos
médicos. O termo infecção do trato urinário (ITU) é bastante amplo e abriga desde a infecção
assintomática da urina até as infecções sintomáticas com invasão tecidual pelos
microrganismos e inflamação das estruturas do trato urinário (ALVES e AERTS, 2007).

O processo infeccioso pode envolver rins, pelve renal, ureteres, bexiga e uretra, bem como as
estruturas adjacentes, fáscia perinefrética, próstata e epidídimo. As bactérias são a causa mais
comum das infecções urinárias, porém fungos e vírus também podem estar envolvidos
(ARRAIS e CUNHA, 2017).

A ITU caracteriza-se pela presença de bacteriúria significativa definida pela presença de> 105
UFC/mL e que diferencia a colonização e a multiplicação de bactérias na urina, da
contaminação pelas bactérias presentes na uretra distal que pode ocorrer durante a colecta do
material. As infecções do trato urinário podem ser classificadas em baixas ou altas;
complicadas ou não complicadas (PFEFERMAN e SCHOR , 2003).

Na infecção urinária baixa ocorre o envolvimento da bexiga e da uretra enquanto na infecção


alta ocorre o envolvimento dos rins. De um modo geral, são classificadas como complicadas
as infecções que ocorrem em homens, gestantes e crianças, bem como as que ocorrem em um
trato urinário que apresente alterações anatómicas ou funcionais. As infecções complicadas
são mais difíceis de erradicar existindo um maior risco de lesão renal, bacteriemia, sepse e
também maior mortalidade nesses pacientes. Infecções recorrentes são definidas como 2 ou
mais infecções durante os últimos 6 meses ou 3 ou mais infecções no último ano. O trato
urinário é estéril, com excepção do meato urinário e uretra distal. Essas regiões são
colonizadas por estafilococos e outros microrganismos comensais (ROSSI, OLIVEIRA e
RIBEIRO, 2011).

11
A urina é um meio de cultura que sofre grandes variações; sabe-se que concentrações altas de
ureia, pH baixo, hipertonicidade e presença de ácidos orgânicos são desfavoráveis ao
crescimento de bactérias. Os mecanismos de defesa incluem a dinâmica do fluxo urinário e as
propriedades antibacterianas do epitélio trato urinário. As infecções do trato urinário ocorrem
como resultado da interacçãoentre a virulência do microrganismo e factores biológicos e
comportamentais do hospedeiro em oposição a esses mecanismos de defesa. Há três possíveis
rotas por meio das quais os microrganismos podem invadir o trato urinário – via ascendente,
via hematológica e via linfática (ARAÚJO, FERREIRA, et al., 2007).

Via ascendente: o microrganismo poderá atingir através da uretra, a bexiga, uréteres e o rim.
Esta via é a mais frequente, principalmente em mulheres (pela menor extensão da uretra) e em
pacientes submetidos à instrumentação do trato urinário.

Via hematogénica: ocorre devido a intensa vascularização do rim podendo o mesmo ser
comprometido em qualquer infecção sistémica; é a via de eleição para ITU(s) por alguns
microrganismos como Staphylococcusaureus, Mycobacteriumtuberculosis, Histoplasmaspp.,
sendo também a principal via das ITU(s) em neonatos.

Via linfática: é rara embora haja a possibilidade de microrganismos alcançarem o rim pelas
conexões linfáticas entre o intestino e o rim e/ou entre o trato urinário inferior e superior
(JARBAS, SOARES e MIRANDA, 2016).

As infecções do trato urinário ocorrem geralmente por via ascendente. Os bacilos e outros
microrganismos que geralmente estão presentes no intestino grosso colonizam a uretra distal e
entram na bexiga de forma intermitente e se estabelecem quando as condições são favoráveis.
Alguns factores favorecem a infecção por essa via, como o trauma uretral incluindo o que
ocorre nas mulheres durante a relação sexual. O uso de preservativos parece potencializar
esses efeitos, assim como o uso do diafragma associado à espermicida. Há um trabalho
publicado que sugere que o espermicida causa aumento da colonização vaginal por
uropatogénico por diminuir a colonização por Lactobacilos, permitindo um aumento da
colonização por Escherichia coli. O facto de a ITU ser mais comum em mulheres do que em
homens suporta a importância da rota ascendente, visto que a uretra feminina é mais curta e
está mais próxima a áreas densamente colonizadas, como a região perianal e vulvar
(ANVISA, 2004).

12
PROBLEMATICA

Constatar que as infecções do trato urinário são responsáveis por cerca de 7 milhões de
consultas por ano, e são casos muito prevalentes no ser humano, ocupando o segundo lugar,
logo a seguir às infecções respiratórias. Isso levou-nos a fazer a seguinte pergunta: Que
conhecimento, atitude e prática têm os estudantes da 12ª classe do ITPS- Cristo Saúde
sobre infecção urinária?

13
JUSTIFICATIVA

O presente tema despertou-nos a atenção durante o estagio pré-eliminar realizado na 12ª


classe no Centro de Saúde Paz, notou-se, que muitos pacientes atendidos com o diagnóstico
da ITU. Com a Pandemia da Covid- 19, não foi possível realizar a pesquisa num do Centro de
Saúde. Mas com a mente, fazemo-la no ITPS- Cristo Saúde.

Para que nós como futuros técnicos possamos de qualquer forma contribuir no combate a
infecção urinária desde a prevenção até o tratamento adequado, de modo a reduzir o número
elevado de morbilidade da infecção urinária e também, servirá de instrumento de pesquisa
para as gerações vindouras.

14
OBJECTIVO

Objectivo Geral
Avaliar os conhecimentos, atitudes e práticas dos estudantes da 12ª classe do ITPS- Cristo
Saúde sobre infecção urinária de Janeiro à Março 2021.

Objectivos Específicos
(1) Caracterizar a mostra quanto à idade, sexo;
(2) Descrever as causas e factores de riscos;
(3) Avaliar o conhecimento dos estudantes sobre o quadro clínico e as complicações da
infecção urinária.

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CAPITULO 2- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1-Definições de termos e conceitos

Conhecimentos: é o conjunto de informações que o indivíduo adquire por meio da sua


experiencia, aprendizagem, crenças, valores e sobre algo no decorrer da sua trajectória
(MARQUES, 2019).
Pratica: a palavra “Prática” vem do grego prakliké, que significa “a arte de fazer uma coisa”
(MARCONI e LAKATOS, 2003).
Atitude: é uma tendência para responder a um objecto social de modo favorável ou
desfavorável ou seja uma predisposição ou tendência de um indivíduo ou de um grupo social
para responder de várias maneiras a um determinado objecto social (SALZANI, 2019).
Estudantes: faz referência a quem se dedica à apreensão (assimilação), à posta em prática e à
leitura de conhecimentos sobre determinada ciência, disciplina ou arte.
A infecção do Trato Urinário ITU: Conhecida popularmente como infecção urinária, é um
quadro infeccioso que pode ocorrer em qualquer parte do sistema urinário, como rins,
ureteres, bexiga e uretra (MAZILI, 2018).
As infecções do trato urinário (ITU) são consideradas umas das infecções mais encontradas na
prática médica, figurando como a segunda maior na população mundial, podendo atingir
mulheres e homens, sendo que as prevalências variam de acordo com a idade e o sexo dos
pacientes e a maior parte dos episódios são tratados com antibióticos (ARAÚJO, FERREIRA,
et al., 2007).
A infecção do trato urinário está entre as infecções bacterianas em adultos mais comuns,
principalmente em mulheres. Estima-se taxa de 0,5 episódio de cistite aguda em mulheres
jovens por pessoa/ano. Pode envolver o trato urinário baixo (uretra e bexiga), mais
frequentemente, e/ou alto (rins e ureteres). É responsável por quase 7 milhões de visitas ao
consultório e 1milhão de atendimento em serviços de emergência, resultando em 100 mil
hospitalizações anualmente. Acarreta custo anual estimado de aproximadamente 1,6 bilhão de
dólares nos Estados Unidos (HADDA, 2019).
A ITU é uma patologia que ocorre em todas as idades, do neonato ao idoso, mas durante o
primeiro ano de vida, devido ao maior número de malformações congénitas, especialmente
válvula de uretra posterior; acomete preferencialmente o sexo masculino (ALMEIDA,
SIMÕES e RADDI, 2007).

16
A partir deste período, durante toda a infância e principalmente na fase pré-escolar, as
meninas são acometidas por ITU 10 a 20 vezes mais do que os meninos. Na vida adulta, a
incidência de ITU se eleva e o predomínio no sexo feminino se mantém, com picos de maior
acometimento no início ou relacionado à actividade sexual, durante a gestação ou na
menopausa, de forma que 48% das mulheres apresentam pelo menos um episódio de ITU ao
longo da vida. Na mulher, a susceptibilidade à ITU se deve à uretra mais curta e a maior
proximidade do ânus com o vestíbulo vaginal e uretra (PFEFERMAN, 2003).

No meio hospitalar são as mais frequentes entre as infecções nosocomiais em todo o mundo.
Do ponto de vista prático, por convenção, define-se como ITU tanto as infecções do trato
urinário baixo Cistites e como as do trato urinário alto Pielonefrite (ALMEIDA, SIMÕES e
RADDI, 2007).

2.2- Epidemiologia

As infecções urinárias são a causa mais frequente de infecção bacteriana em mulheres.


Estima-se que ocorram cerca de 150 milhões de infecções do trato urinário em todo o mundo
anualmente, resultando em um custo de cerca de 6 bilhões de dólares em cuidados direitos. A
frequência de bacteriúria é de cerca de 1 a 2% nos neonatos. Nessa idade os meninos têm
mais infecções do que as meninas. A circuncisão diminui o risco de infecção. Depois do 1º
ano de vida as infecções são mais comuns nas mulheres. Dos 5 aos 18 anos a prevalência é de
1,2% nas meninas e de 0,03% nos meninos. A incidência nas meninas é de 0,4% ao ano e é
linear durante a idade escolar, não sendo afectada pela menarca. A incidência aumenta em
mulheres durante a adolescência, ocorrendo com uma incidência de 0,5 a 0,7% por ano. A
incidência em homens é de 5 a 8 casos por 10 mil pacientes (ANVISA, 2004).

Infecções recorrentes ocorrem em 25 a 30% das mulheres após o primeiro episódio. A


recorrência geralmente é causada pela reinfecção por uma nova cepa (80% dos casos) em vez
de recorrência pela mesma cepa. As infecções recorrentes não complicadas geralmente não
causam sequelas. Entre as infecções complicadas, as que ocorrem em ambiente hospitalar
associadas a cateter são as únicas que tem dados epidemiológicos acurados, correspondem a
40% de todas as infecções hospitalares e são o tipo mais comum de infecção hospitalar
(HADDA, 2019).

17
De modo geral, cerca de 10% dos pacientes submetidos à cateterização das vias urinárias de
curta duração desenvolve infecção, o que resulta em 1,5 milhão de infecções do trato urinário
associadas a cateter nos Estados Unidos por ano. As infecções do trato urinário são a causa
mais frequente de sepse por gram-negativo nos pacientes internados; cerca de 50% das
infecções hospitalares se originam de infecções associadas à cateterização ou outros
procedimentos urológicos(ALVES, ASSIS, et al., 2010).

2.3- Componentes do sistema urinário humano

Fonte:(Brontrager, 2015, p. 307)

(BONTRAGER, 2015)

Estrutura de um
néfron

Fonte: (Tortora e
Derrickon, 2016, p. 1342)

18
O sistema urinário humano é responsável pela produção, transporte e eliminação da urina,
sendo constituído de dois rins, dois ureteres, uma bexiga urinária e uma uretra. Esse sistema
colabora para a manutenção da homeostasia, produzindo a urina, através da qual são
eliminados diversos resíduos do metabolismo e água, electrólitos e não electrólitos em
excesso no meio interno. A urina é produzida nos rins, passa pelos ureteres até a bexiga e é
lançada ao exterior pela uretra. O uréter percorre obliquamente a parede da bexiga, formando
uma válvula que evita o refluxo de urina aos rins. Esse mecanismo é eficaz para defender os
rins das infecções urinárias das vias inferiores. Além disso, a acidez da urina normal possui
algumas propriedades antimicrobianas, que durante a micção, tende a remover os
microorganismos potencialmente infecciosos. A mucosa também é formada por um epitélio
de transição e por lâmina própria de tecido conjuntivo que varia de frouxo ao denso
(PFEFERMAN, 2003).
Já a superfície luminal da bexiga é revestida por um epitélio estratificado denominado
urotélio, o qual constitui a primeira linha de defesa da bexiga e a interconexão entre os
microorganismos patogénicos e o mecanismo de defesa do hospedeiro. Além disso, apresenta
várias funções, podendo destacar o controlo da permeabilidade, respostas imunes, actua como
uma barreira que mantém a composição iónica e o soluto da urina e impede que patógenos e
metabólicos tóxicos penetrem a parede vesical (ARRAIS e CUNHA, 2017). Entretanto,
mesmo a bexiga apresentando vários mecanismos de defesa, é considerada o principal local
de infecção em cerca de 95% de todas as infecções do trato urinário.

2.4- Infecção do trato urinário

A infecção do trato urinário (ITU) caracteriza-se pela presença e multiplicação de micro-


organismos no trato urinário, a partir da extremidade distal da uretra podendo ocorrer invasão
tecidual de qualquer estrutura do trato urinário, como a bexiga e os rins, sendo a infecção
denominada de cistite e pielonefrite, respectivamente (POLETTO, 2014). É considerada uma
doença muito frequente, constituindo-se a segunda causa mais comum de infecções
bacterianas em clínica geral e uma indicação frequente para a prescrição de antimicrobianos.
Apesar de não se ter um dado exacto do número de pessoas acometidas por esta infecção em
Angola, sabe-se que as ITUs são responsáveis por um número elevado de internação de
doentes e é considerada um problema de saúde pública (ALMEIDA, SIMÕES e RADDI,
2007).

19
A ITU, em paciente com ausência de qualquer evidência de anormalidade estrutural ou
funcional no trato urinário, se desenvolverá apenas quando a virulência bacteriana superar os
mecanismos normais de defesa dos hospedeiros. Ao transpor a defesa normal do sistema
imunológico e fisiológico do corpo os micro-organismos podem alcançar o trato urinário e
causar infecção através de três vias: a ascendente, a hematogênica devido à intensa
vascularização do rim, podendo o mesmo ser comprometido em qualquer infecção
sistêmicaavia linfática (KLEIN, 2016).

2.5.1- Classificação das infecções do trato urinário


As ITUs podem ser classificadas em quatro grandes grupos de acordo com a localização
anatómica da infecção: uretrites, cistites, síndrome uretral aguda e pielonefrites. A
classificação das ITUs depende da parte do trato urinário, que é colonizado (inferior ou
superior), bem como a predisposição individual (POLETTO, 2014).

2.5.2- Agentes etiológicos das infecções do trato urinário


As ITUs são causadas, em grande maioria, por bactérias Gram negativas aeróbias ou
anaeróbias facultativas presentes na macrobiota intestinal, sendo: “a Escherichiacoli
predominante em 80 a 90% dos casos de ITUs agudas ou ambulatoriais. Klebsiella
(importantes em neonatos), Enterobacterspp. E Proteus spp., Acinetobacters pp. com menor
frequência, causam cistite e pielonefrite sem complicações” (RAFAELLA OLIVEIRA, 2008,
p. 36).
Considerando os cocos Gram positivos, Staphylococcussaprophyticus e Enterococcusspp. são
importantes agentes etiológicos de ITU tanto em pacientes hospitalizados como adquirida na
comunidade, enquanto que Streptococcus do grupo B são mais comuns em pacientes
diabéticos. Em pacientes hospitalizados a ITU pode ter como agentes etiológicos
Enterobacterspp., Enterococcusspp., Pseudomonas aeruginosaeCandidaspp., sendo este último
mais frequente em pacientes em uso de sonda vesical (JOSÉ e DIAS, 2011).
Os fungos e Infecções virais, particularmente adenovírus, também podem ocorrer, causando
cistite (MOTA, 2011).

20
2.6- Fisiopatologia

Na teoria clássica para o desenvolvimento de ITU, o uropatógeno, oriundo da flora fecal,


coloniza a vagina e a uretra distal. Posteriormente, ascende para a bexiga e promove a
infecção. Esse modelo é o mesmo para ITU esporádica e recorrente em mulheres. A ITU
resulta da interacção de factores biológicos e comportamentais do hospedeiro e da virulência
do microorganismo. E. coliuropatogénico apresenta-se como principal factor de virulência, o
tipo de fímbrias, que promovem a ligação ao epitélio da uretra e da bexiga, acarretando cistite.
Os modelos animais sugerem que E. coli pode permanecer latente em grandes reservatórios
bacterianos no hospedeiro e ser reactivada para causar infecção no futuro (HADDA, 2019).

2.7 - Factores de Riscos

Os factores de riscos que levam a um ITU são:


 Doenças neurológicas
 Diabetes melittus
 Aleitamento artificial
 Relações sexuais desprotegidos
 Meninos não circuncisados
 Refluxo vésico-ureteral (pielonefrite)
 Disfunção miccional
 Uropatia obstrutiva
 Higiene inadequada
 Constipação
 Uso prévio de antibioticoterapia com repercussão na flora intestinal normal

2.8- Manifestações clínicas

As manifestações clínicas das infecções do trato urinário são facilmente identificadas. Os


sintomas da cistite são polaciúria, disúria, desconforto supra-púbico, urina turva e,
ocasionalmente, hematúria macroscópica. A febre, em geral, está ausente; esses sintomas são
causados pelo processo inflamatório da mucosa da bexiga e da uretra causada pela invasão
bacteriana. É importante lembrar que as uretrites apresentam sintomas semelhantes, causando,
muitas vezes, dificuldade na distinção entre essas duas entidades (RAFAELLA OLIVEIRA,
2008).

21
O quadro clínico varia de bacteriúria assintomática ou irritação durante a micção podendo, em
determinadas situações, evoluir para choque séptico fatal. Uma infecção aguda do trato
urinário não complicada é definida como a presença de uropatógenos na parte inferior do trato
do urinário (cistite), causando sintomas em mulheres saudáveis e não grávidas sem alteração
anatómica conhecida ou anormalidades funcionais. Os sintomas típicos são disúria, urgência e
frequência urinária aumentada (ARRAIS e CUNHA, 2017).

Apielonefrite aguda (infecção urinária alta) é, na maioria das vezes, um problema mais grave,
identificada clinicamente pela febre, dor no flanco, náuseas, e às vezes vómito, e pode ocorrer
em mulheres e homens em qualquer faixa etária. A infecção urinária não complicada é rara
em homens, onde qualquer infecção no sistema génito-urinário é normalmente considerada
complicada (MARCONI e LAKATOS, 2003).

2.9- Diagnóstico da Infecção Urinária

O exame microscópico da urina é o primeiro passo para o diagnóstico laboratorial das


infecções do trato urinário. Mas o diagnóstico clínico das infecções do trato urinário na
maioria das vezes é fundamentado em sintomas como micção dolorosa ou sensação de que a
bexiga não se esvazia, mesmo após a micção(TORTORA e DERRICKSON, 2016). Já o
diagnóstico laboratorial das ITUs envolve alguns exames, tais como os de rotina e os
microbiológicos.

A urocultura, padrão-ouro no diagnóstico de ITU, consiste em cultura de urina quantitativa,


avaliada em amostra de urina colhida assepticamente, que poderá fornecer, na maioria dos
casos, o agente etiológico causador da infecção e indicações para a terapêutica (ROSSI,
OLIVEIRA e RIBEIRO, 2011).

De facto, cultura de urina trará informações importantes quanto à etiologia da infecção.


Embora a urina presente na bexiga seja normalmente estéril, a uretra e as áreas periuretrais
são colonizadas; assim, mesmo amostras coletadas com técnica asséptica frequentemente
estão contaminadas. A cultura quantitativa da urina separa estatisticamente a contaminação da
infecção urinária (ALMEIDA, SIMÕES e RADDI, 2007).

22
2.10- Tratamento dos pacientes com ITUs

O tratamento das ITUs, na maioria das vezes, é iniciado e até finalizado de maneira empírica
pelo facto de que um tratamento precoce pode diminuir as taxas de morbidade e mortalidade
(PFEFERMAN, 2003).

A escolha da droga é fundamentada em características como baixa toxicidade celular, via de


administração, menor índice de resistência e excreção urinária adequada e pouca alteração da
microbiota intestinal, elegendo muitas vezes as cefalosporinas, aminoglicosídeos e
sulfonamidas como droga de escolha, sendo essa última pouco utilizada recentemente por
apresentar alto índice de falhas terapêuticas (PFEFERMAN e SCHOR , 2003)

O tratamento da cistite, na gestante, é mais restrito com relação às drogas potencialmente


utilizáveis. As possibilidades terapêuticas disponíveis para a gestante repousam especialmente
em antibióticos beta-lactâmicos, nitrofurantoína e fosfomicina (KLEIN, 2016).

De acordo com a (SBU), 2004, o tratamento da ITU de vias baixas em mulheres adultas, com
duração de 3 dias é mais eficaz do que com dose única. É recomendado o uso de um dos
seguintes antimicrobianos: ácido pipemídico, ampicilinas, amoxacilinas, cefalosporinas,
fluorquinolonas, fosfomicinas, nitrofurantoína, quinolonas e sulfametoxazol+trimetoprima.

2.11- Medidas de Prevenção

As principais orientações para a prevenção e tratamento das infecções urinárias consistem no


aumento da ingestão hídrica, cuidados gerais de higiene íntima, correcções anatómicas e
recurso a antibióticos. Segundo as normas da Organização Mundial de Saúde (OMS), a toma
de antibióticos apenas deveria ser iniciada após a identificação da bactéria e do seu respectivo
antibiograma por parte do laboratório de Patologia Clínica. Na prática clínica diária tal facto
não se passa, iniciando o doente um antibiótico empírico, com base na experiência adquirida
acerca das infecções urinárias. Os antibióticos mais comummente utilizados no tratamento
percepcionado são as fluorquinolonas (actuam pela inibição da síntese de ácidos nucleicos),
pela sua boa actuação em microrganismos Gram-negativos, os principais causadores de
infecções urinárias (JOSÉ e DIAS, 2011).

23
Alterações comportamentais a conduta na ITU recorrente devem começar com pesquisa e
correcção de factores de risco, já mencionados anteriormente, quando possível. Algumas
medidas preventivas são relevantes, visto que o uso de cateter é o principal factor relacionado
a ITU (ALVES, ASSIS, et al., 2010).

Inserir cateteres vesicais somente para indicações apropriadas, mantendo somente o tempo
necessário. Dar preferência à cateterização intermitente. Avaliar a possibilidade de métodos
alternativos para eliminação da urina, como: ◦ estímulo da eliminação urinária pelo som da
água corrente; aplicação de bolsa morna na região supra púbica; realização de pressão
delicada em região supra púbica; oferecer comadres e papagaios; utilizar fraldas, auxiliar e
supervisionar idas ao banheiro; utilizar condon (colector urinário externo) em homens
(ALVES e AERTS, 2007).

Garantir que a inserção, manutenção e retirada do dispositivo seja realizada por pessoa
treinada e qualificada, através de educação em serviço. A técnica para execução dos
procedimentos deve obedecer as rotinas ou normativas vigentes quanto a inserção,
manutenção, remoção (RAFAELLA OLIVEIRA, 2008).

2.12- Cuidados de Enfermagem

A qualidade da assistência de Enfermagem vem sendo discutida e compartilhada há algum


tempo, principalmente, em decorrência da crescente conscientização de que ela é um requisito
fundamental à sobrevivência económica das instituições de saúde, além de ser uma
responsabilidade ética, profissional e social. Nesse sentido, a avaliação da qualidade permite a
quantificação e o reconhecimento de um determinado problema e aponta qual a acção
necessária para que esse evento não aconteça, diminuindo a incidência de eventos adversos
(ARAÚJO, FERREIRA, et al., 2007).

Um grande problema de saúde pública, relacionado ao cuidado da assistência de Enfermagem,


diz respeito às infecções contraídas durante procedimentos realizados nos cuidados de saúde,
sendo a Enfermagem a principal responsável pelo combate e controle de infecções, por
desempenhar um cuidado direito ao paciente. É um destaque, dentre as infecções, a incidência
daquelas relacionadas ao trato urinário, correspondendo entre 35% a 40% de todas as
infecções hospitalares, sendo 70% a 88% directamente relacionadas ao cateterismo vesical e
5% a 10% após cistoscopias ou procedimentos cirúrgicos com manuseio do trato urinário,
sobretudo em ambientes como UTIs e Semi-UTIs. Esta ocorrência acarreta prolongamento no

24
tempo de internação dos pacientes, aumento do custo gerado pelas internações, potenciais
complicações e aumento da morbidade e mortalidade (ARRAIS e CUNHA, 2017).

A idade avançada, sexo feminino, disfunções anatómicas e doenças subjacentes severas estão
entre os principais factores de risco associados às ITU. Mas, sem dúvida, a grande maioria
destas infecções, cerca de 80%, está associada ao cateterismo do trato urinário, sua duração,
manipulação, posicionamento e garantia de fluxo. Nesse sentido, a prevenção da infecção se
coloca como essencial na qualidade da assistência à saúde desta população. Uma maneira de
prevenção é por meio da avaliação da qualidade das práticas assistenciais pela formulação de
indicadores clínicos (ALMEIDA, SIMÕES e RADDI, 2007).

12.1- Cuidados na gravidez

As principais orientações que o profissional enfermeiro deve realizar à gestante com infecção
urinária são: manter uma ingestão hídrica de no mínimo 2 litros por dia, isso aumenta a
quantidade de urina e impede que as bactérias se fixem na parede da bexiga causando
infecção; urinar frequentemente (no mínimo a cada 2 horas), pois isso ajuda na limpeza da
bexiga e uretra dificultando a infecção; urinar antes de dormir e após as relações sexuais para
a diminuição da entrada de bactérias na bexiga. Também devem ser evitados irritantes
urinários como chá, bebidas alcoólicas, café e refrigerantes do tipo cola; evitar banhos de
espuma ou aditivos químicos na água para que não haja variação do pH vaginal; realizar
higiene íntima 2 vezes ao dia. Forçar a saída de toda a urina da bexiga evitando a êxtase
urinária; urinar sentado e após urinar limpar a genitália de frente para trás evitando a
contaminação por bactérias vindas do trato intestinal. A importância da assistência de
enfermagem é para implementação de intervenções para reduzir o risco de infecções urinária e
o acompanhamento adequado. O enfermeiro tem papel fundamental nessa prática, já que o
mesmo é responsável pelo cuidado dos pacientes (KLEIN, 2016).

25
CAPITULO 3- METODOLOGIA

3.1- Tipo de estudo

Foi utilizado um estudo observacional, descritivo e transversal, com abordagem quantitativa,


realizado no ITPS- Cristo Saúde de Janeiro à Março de 2021.
O estudo descritivo quantitativo ajuda a determinar factores ou variáveis dum dado caso ou
mesma situação (VAZ-FREIXO, 2012).

3.2- Local de estudo

O estudo foi realizado no ITPS- Cristo Saúde, distrito urbano 11 de Novembro. Localizado
em Luanda no município de Cazenga, cujos pontos de referência são:
 A norte faz fronteira com a 14ª Esquadra Policial;
 A este faz fronteira com Empresa Lion;
 A sul com o Supermercado Mel;
 A oeste, com o mercado dos Kwanzas.

3.3-População em estudo

População é um grupo de seres que tem pelo menos uma característica em comum
(MARCONI e LAKATOS, 2003).

Neste contexto, a população alvo da nossa pesquisa foi constituída por 150 estudantes da 12ª
classe do ITPS- Cristo Saúde, sem distinção do sexo.

3.4- Amostra

Marconi e Lakatos, (2003), definem amostra como “uma parte seleccionada do universo,
população ou é um subconjunto de um universo”.

A nossa mostra é constituída por 70 estudantes que frequentam a 12ª classe no ITPS- Cristo
Saúde.

26
3.5-Critério de inclusão e exclusão

Foram incluídos todos estudantes maiores de 17 anos de idade, que frequentavam a 12ª classe
no ITPS- Cristo Saúde, que se disponibilizaram no momento oportuno do estudo. Sendo
assim, excluídos da pesquisa os estudantes do ITPS- Cristo Saúde que não frequentavam a 12ª
classe.

3.6- Procedimento ético:

Após aprovação do pré-projecto, á Direcção da Escola, elaborou uma carta. Foi entregue uma
carta de consentimento livre esclarecido a cada estabelecimento que aceitou a nossa pesquisa.

3.7- Procedimento de recolha de dados

Considerando o objectivo geral do estudo, achamos por bem, aplicar o método de inquérito, a
báse de um questionário com perguntas fechadas, elaborado pelos pesquisadores.

3.8- Processamento e análises de dados

Após a recolha, os dados foram processados no programa informático Windows utilizando o


Microsoft Word 2016 para elaboração do texto, o Microsoft Excel para a elaboração de
tabelas e a apresentados em slides através do PowerPoint.

3.9- Variáveis.

Variáveis sociodemografico Variáveis de Estudo

 Sexo  Causas da infecção urinária


 Idade  Factores de riscos
 Quadro clínico
 Complicações da Infecção
Urinária

27
CAPITULO 4- APRESENTAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS
RESULTADOS

Tabela 1- Distribuição dos estudantes segundo a Idade.

Faixa etária/anos Frequência %


17 - 21 anos 35 50
22 - 26 anos 26 37
27 - 31 anos 5 7
32 - 36 anos 2 3
≥37anos 2 3
Total 70 100
Fonte: Fichas de inquérito.

De acordo a tabela nº 1, verificou-se que a faixa-etária com maior predomínio situa-se entre
17 - 21 anos de idade com 50%; seguido a faixa-etária de 22 - 26 anos de idade com 37%; em
terceiro lugar dos 27 - 31 anos com 7%;quarto 32 – 36 anos com 3% e por ultimo ≥ 37 anos
com 3%.

28
Tabela 2- Distribuição dos estudantes segundo o Sexo.

Sexo Frequência %
Masculino 22 31
Feminino 48 69
Total 70 100
Fonte: Fichas de inquérito.

Segundo os resultados da tabela nº 02, quanto ao sexo apresenta maioritariamente feminino


com e 69%; sexo masculino com 31%.

29
Tabela 3- Distribuição dos estudantes quando questionados se sabem o que é a infecção
urinária.

Sabes o que é a infecção urinária Frequência %

Sim 70 100
Total 70 100
Fonte: Fichas de inquérito.

Como podemos observar nas Tabela nº 03, o 100% que constitui a nossa amostra
responderam sim sabem o que é a infecção urinária.

30
Tabela 4- Distribuição dos estudantes quando questionados sobre os factores de riscos da
infecção urinária.

Factores de riscos Frequência %


Vários parceiros sexuais 33 47
A gravidez 5 7
Falta da higiene íntima 22 31,4
Uso prolongado de cateteres 8 11,4
Não sei 2 3
Total 70 100
Fonte: Fichas de inquérito.

De acordo a tabela nº 04,dos estudantes inquiridos sobre os factores de risco da infecção


urinária 47% disseram vários parceiros sexuais; 31,4% referem falta de higiene íntima; 11,4%
disseram uso prolongado de cateteres; 7% disseram a gravidez e 3% não sabem.

31
Tabela 5- Distribuição dos estudantes quando questionados sobre as causas da infecção
urinária.

Causas da infecção urinária Frequência %


Escherichia Coli 10 14
Vírus de HPV 2 3
Enterobacteria 6 9
Pseudomonas aeruginosa 3 4
Staphylococcus saprophyticus 3 4
Não sei 46 66
Total 70 100
Fonte: Fichas de inquérito

Nesta tabela nº 05, 66% dos estudantes não sabem não sabem as causas da ITU; em seguida
Escherichia Coli com 14%; Enterobacteria com 9%; Pseudomonas aeruginosa e
Staphylococcus saprophyticus ambos com 4%; Vírus de HPVcom 3%.

32
Tabela 6- Distribuição dos estudantes quando questionados sobre o quadro clínico da
infecção urinária.

Quadro clínico Frequência %


Febre 7 10
Sensação de queimação ao urinar 32 46
Dor na região pélvica 28 40
Náuseas e vómito 1 1
Não sei 2 3
Total 70 100
Fonte: Fichas de inquérito

De acordo com a tabela nº 6, observa-se que 46% referiram sensação de queimação ao urinar;
40% disseram dor na região pélvica; 10% disseram febre; 3% desconhecem o quadro clínico e
1% disseram náuseas e vómito.

33
Tabela 7- Distribuição dos estudantes quando questionados sobre as complicações da
infecção urinária.

Complicações da ITUs Frequência %


Infecção renal 16 23
Aborto por repetição 19 27
Infertilidade feminina 17 24
Insuficiência Renal 11 16
Não sei 7 10
Total 70 100
Fonte: Fichas de inquérito

Como podemos observar na tabela nº 7; das complicações das ITU 27% disseram aborto por
repetição; 24% disseram infertilidade feminina; 23% disseram infecção renal; 16% disseram
insuficiência renal; por fim 10% referiram que não sabem.

34
Tabela 8- Distribuição dos estudantes quando questionados sobre o que se pode fazer quando
saberes que o paciente é diagnosticado com a infecção urinária.

O que se pode fazer Frequência %


Ouvir o paciente atentamente 11 16
Dar orientação 16 23
Encaminhar para uma unidade hospital 17 24
Administrar medicamentos 23 33
Não sei 3 4
Total 70 100
Fonte: Fichas de inquérito

De acordo com a tabela nº 8; sobre o que se pode fazer quando saberes que o paciente é
diagnosticado com a infecção urinária, 33% disseram administrar medicamentos; 24%
disseram encaminhar para uma unidade hospital; 23% disseram dar orientação; 16% disseram
ouvir o paciente atentamente; e 3% disseram não sabem.

35
CONCLUSÃO

Chegando a conclusão, começamos o nosso estudo por avaliar o conhecimento, atitude e


prática dos estudantes da 12ª classe, verificou-se que a faixa-etária com maior predomínio
situa-se entre 17 - 21 anos de idade com 50%, maioritariamente do sexo feminino com 69%, e
100% dos estudantes sabem o que é a infecção urinária.

No que concerne os factores de risco da infecção urinária, 47% dos estudantes alegam o
contacto com vários parceiros sexuais; lamentavelmente 66 % dos estudantes não sabem as
causas da ITU; no que tange ao quadro clínico, 46% referiram sensação de queimação ao
urinar; das complicações das ITU 27% afirmam os abortos de repetição;

Finalmente sobre a atitude a ter quanto a pacientes com diagnóstico da ITU, 33% disseram
administrar medicamentos.

Depois da apresentação e interpretação destes resultados, pode-se notar que os estudantes de


Enfermagem do ITPS- Cristo Saúde, têm conhecimento das ITUs, das suas complicações.
Embora tendo esse conhecimento, lamentavelmente não percebem as reais causas, isto
impossibilitará a tomada da atitude e a implementação da boa prática quando a cuidado de
enfermagem a aplicar a doentes.

Por esta razão, é imperioso que a direcção desta instituição reveja a grade curricular interna,
nas cadeiras de EPMC, Saúde colectiva e FDC, a fim de aprofundarem mais sobre os
patogénos das diversas infecções.

36
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante destas imensas dificuldades e problemática recomendamos o seguinte:

1. A direcção do ITPS- Cristo Saúde que revê a grade formativa interna;


2. Que a classe docente aprofunda mais na abordagem das patologias;
3. Para a comunidade académica, que estudos desta natureza sejam realizados com
finalidade de revelar as diversas facetas desta problemática.

37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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de um hospital universitário. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, s.l, 30
Setembro 2007. 215-219.
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SANITÁRIA, v. Modulo-1, 2004.
ARRAIS, E. L. M.; CUNHA, M. O. Prevenção de infecção urinária: Indicadores de qualidade da
assistencia de enfermagemem idosos. Revista de Enfermagem, 8 Agosto 2017. 1-3157.
BONTRAGER, K. L. Tratado de posicionamento radiográfico e anatomia associada. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2015. ISBN ISBN- 978-85-352-7304-5.
HADDA, J. Infecção do trato urinário. Femina, 2019. 1-5.
JARBAS, B.; SOARES, D. P.; MIRANDA, M. Infeções do Trato Urinário e Outras Infecções do
Sistema Urinário. Brasil: Anvisa, 2016. 1-18 p.
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publica, 30 Maio 2011. 1-131.
JUNQUEIRA, J. C. Histologia básica: texto e atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
ISBN ISBN 978-85-277-3216-1.
KLEIN, T. C. R. Pop 20 cuidados para prevenção de infecções urinarias. Serviço de Controle de
Infecção Hospitalar, 27 Julho 2016. 1-7.
MARCONI, M. D. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de Metodologia Científica. 5º. ed. São
Paulo: Atlas 2003, 2003. ISBN ISBN 85-224-3397-6.
MARCONI, M. E. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de Metodologia Científica. 5º. ed. São
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MARQUES, J. Falar bem o português. Porto: King, 2019.
MAZILI, P. Infecção urinária, São Paulo, 2018.
MOTA, D. M. Infecção Urinária. Brasil: FAMED, 2011.
PFEFERMAN, H. Abordagem diagnóstica e terapeutica da infecção do trato urinário. Artigo
revisado, São Paulo, 18 Fevereiro 2003. 1-116.
PFEFERMAN, H.; SCHOR , . Abordagem diagnóstica e terapeutica da infecção do trato urinário.
Artigo revisado, São Paulo, 18 Fevereiro 2003. 1-8.
POLETTO, R. Susceptibilidade antimicrobiana de uropatógenos em pacientes ambulatoriais na Cidade
de Goiânia. Revista da Sociedade Brasileira de , s.l, 12 Abril 2014. 416-420.
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Nacional de Iniciação Ciêntica, s.l, 17 Outubro 2008. 34-45.
ROSSI, P.; OLIVEIRA, R.; RIBEIRO, R. M. Infecção urinária não complicada na mulher:
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38
SALZANI, M. Infecções urinária: Buscando evidenciar as drogas mais usadas no trantamento dessas
patologias. joão Pessoa: ISSN 2447-2131, v. Vol. 19, N. 3, 2019. 318-356 p.

39
APÊNDICES
REPÚBLICA DE ANGOLA
GOVERNO DA PROVÍNCIA DE LUANDA
GABINETE PROVINCIAL DA EDUCAÇÃO/SAÚDE
INSTITUTO TÉCNICO PRIVADO DE SAÚDE - CRISTO SAÚDE

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO MÉDIO TÉCNICO DE ENFERMAGEM

FICHA DE INQUÉRITO
Título: Conhecimento, Atitude e Prática sobre a Infecção Urinária nos Estudantes da
12ª Classe do ITPS- Cristo Saúde de Janeiro á Março 2021.
INQUÉRITO
O presente inquérito é anónimo e confidencial, visa recolher informações sobre
Conhecimento, Atitude e Prática sobre a Infecção Urinária nos Estudantes da 12ª Classe do
ITPS- Cristo Saúde de Janeiro á Março 2021.
Agradecemos que marque apenas com um (x) dentro dos quadrados a resposta que achares
correcta.
1- Faixa Etária
a) 17 - 21 anos______;
b) 22 - 26 anos______;
c) 27 - 31 anos______;
d) 32 - 36 anos______;
e) ≥ 37anos______;
2- Sexo
a) Masculino______;
b) Feminino ______;

3- Sabe o que é a infecção urinária?


a) Sim______;
b) Não______;
4- Quais são os factores da infecção urinária?
a) Vários parceiros sexuais______;
b) A gravidez______;
c) Higiene íntima______;
d) Uso prolongado de cateteres______;
e) Anemia Falciforme______;
f) Não sei______;
5- Quais são as causas da infecção urinária?
a) Bactérias do tipo Escherichiacoli______;
b) Vírus de HPV______;
c) Enterobacteria______;
d) Pseudomonas aeruginosa______;
e) Staphylococcussaprophyticus______;
f) Não sei______;

6- Qual é o quadro clínico da infecção urinária?

a) Febre______;
b) Sensação de queimação ao urinar______;
c) Dor na região pélvica______;
d) Náuseas e vómitos______;
e) Não sei______;
7- Quais são as complicações da infecção urinária?
a) Infecção renal______;
b) Aborto______;
c) Hematúria______;
d) Insuficiência renal______;
e) Não sei______;
8- O que podes fazer quando saberes que o paciente é diagnosticado com a infecção
urinária?
a) Ouvir ao paciente atentamente______;
b) Dar orientação
c) Encaminhar para uma unidade hospitalar______;
d) Administrar medicamentos______;
e) Não sei______;

O Inquiridor O Participante
_________________________ ___________________
ANEXO

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