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ÉTICA CRISTÃ

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SUMÁRIO
NOSSA HISTÓRIA

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 3

2. ÉTICA CRISTÃ....................................................................................................... 5

2.1 - O PAPEL DA FÉ NA ÉTICA CRISTÃ................................................................. 5

4. A NECESSIDADE DE UMA COSMOVISÃO CRISTÃ ............................................ 9

5. ÉTICA CRISTÃ NA SOCIEDADE MODERNA ..................................................... 11

5.1 PESSOA HUMANA NO CENTRO DA ÉTICA CRISTÃ ...................................... 11

5.2 A CARIDADE NÚCLEO E CAMINHO DA ÉTICA CRISTÃ ................................. 13

5.3 A ESCRITURA SAGRADA, ALMA DA ÉTICA CRISTÃ ..................................... 15

5.4 O FUNDAMENTO CRISTOLÓGICO PARA A ÉTICA ........................................ 16

5.5 DIÁLOGO DA ÉTICA CRISTÃ COM A CULTURA MODERNA ......................... 17

6. ÉTICA CRISTÃ E OS DIREITOS HUMANOS ...................................................... 18

6.1 TODOS OS SERES HUMANOS NASCEM IGUAIS EM DIGNIDADE ............... 20

6.2 TODOS OS SERES HUMANOS DEVEM AGIR UNS PARA COM OS OUTROS
EM ESPÍRITO DE FRATERNIDADE ....................................................................... 21

6.3 TODOS OS SERES HUMANOS NASCEM LIVRES .......................................... 22

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 23

8. BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 24

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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1. INTRODUÇÃO

A palavra ética vem do substantivo grego ethos/êthos, que por sua vez deriva
de ethô (estar habituado, se apropriar). Por conseguinte, pode-se afirmar que essas
duas palavras significam costume, hábito, podendo ainda significar caráter,
mentalidade, índole (WIESE, 2008). Assim, Burkhardt (2008) afirma que "ambos os
termos têm a ver com a formação da vida humana e/ou da postura interior que está
por trás da vida".

Historicamente falando, a palavra nasce nos escritos de Aristóteles (384-323


a.C). Contudo, o pensador responsável por iniciar o debate sobre ética ou filosofia
moral é Sócrates, que perguntava aos atenienses o que eram os valores nos quais
acreditavam e respeitavam.

Que perguntas Sócrates lhes fazia? Indagava: O que é a coragem? O que é


a justiça? O que é a piedade? O que é a amizade? A elas, os ate- nienses
respondiam dizendo serem virtudes. Sócrates voltava a indagar: O que é a
virtude? Retrucavam os atenienses: É agir em conformidade com o bem. E
Sócrates questionava: Que é o bem? As perguntas socráticas terminavam
sempre por revelar que os atenienses respondiam sem pensar no que
diziam. Repetiam o que lhes fora ensinado desde a infância. Como cada um
havia interpretado à sua maneira o que aprendera, era comum, no diálogo
com o filósofo, uma pergunta receber respostas diferentes e contraditórias.
Após um certo tempo de conversa com Sócrates, um ateniense via-se diante
de duas alternativas: ou zangar-se e ir embora irritado, ou reconhecer que
não sabia o que imaginava saber, dispondo-se a começar, na companhia
socrática, a busca filosófica da virtude e do bem (CHAUÍ, 2004).

Assim, ao pensar sobre o fundamento e o sentido dos costumes, Sócrates tinha


dois questionamentos. Primeiramente, interroga a sociedade para saber se o que ela
costuma considerar virtuoso e bom de fato corresponde à virtude e ao bem.

E, por último, interroga os indivíduos para saber se, ao agirem, possuem


efetivamente consciência do significado e da finalidade de suas ações e se seus
caracteres são realmente virtuosos e bons (CHAUÍ, 2004). A partir da indagação
sobre o que são, da onde vêm e o que valem os costumes, nasce a filosofia moral ou
a disciplina que, mais tarde, poderia ser chamada de ética. A indagação ética,
portanto, dirige-se ao indivíduo e à sociedade.

Dessa forma, ética pode ser definida como a ciência que estuda a
conduta/comportamento do ser humano diante da sociedade, exercendo seu papel

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na organização e preservação da vida. Deste modo, é "a ciência normativa do agir do
ser humano em vista do seu fim último" (RABUSKE, 2008).

De forma sucinta, os teóricos diferem a ética descritiva de ética normativa. A


ética descritiva pode ser definida como a tarefa da ética que consiste em analisar e
descrever a história da conduta do ser humano. Logo, a ética descritiva constata como
o ser humano - cristão ou não - se comporta. A ética normativa, por sua vez,
esclarece que a tarefa principal da ética é perguntar: como o ser humano deve se
comportar? Assim, Rodrigo Bibo de Aquino (2013) define a ética normativa da
seguinte forma:

"Ela pressupõe a existência da verdade. Para detectá-la, necessita-se de


normas ou critérios formulados a partir da verdade. Finalmente, a ética
normativa pressupõe que o ser humano tenha liberdade para agir desta ou
daquela maneira".

Para exemplificar a ética descritiva, podemos citar as pesquisas feitas com a


população acerca de temas como desarmamento, vacinação, etc. Quando lemos ou
vemos uma estatística desse tipo, estamos diante da ética descritiva, visto ela
descrever o que um povo ou grupo social pensa a respeito dos mais variados
comportamentos do ser humano.

Obviamente, em alguns casos, a ética descritiva pode observar um


comportamento equivocado, pois se a maioria aprova uma ideia ou comportamento,
isso não quer dizer que tal é moralmente aceitável. Para elucidar essa questão,
Jostein Gaarden et al. (2000) exemplifica: "se uma pesquisa revelar que muitos
empresários sonegam impostos, isso não significa que os que não fazem devem
fazer".

Dessa forma, na ética normativa o indivíduo é orientado sobre o que é certo e


sobre o que é errado dentro do grupo social do qual faz parte. Como afirma o autor
supracitado, “ela argumenta em favor de certos valores ou códigos; ela fornece
normas, por isso é ‘normativa’. Não busca o estado vigente da moralidade, e sim em
que estado ela deveria se encontrar. Não busca o que é, mas o que deve ser"
(GAARDER, 2000).

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2. ÉTICA CRISTÃ

A ética cristã se preocupa com as mesmas questões que a ética social: a


preservação da vida, a postura do ser humano diante das leis que regem os Estados,
etc. Contudo, a ética cristã não se limita à esses aspectos, pois também reconhece a
criação e a sociedade a partir dos valores bíblicos-teológicos, procurando colocar
esse conhecimento em prática no cotidiano (DE AQUINO, 2013).

O conceito de Ética Cristã está diretamente vinculado a Bíblica Sagrada, assim


pode ser definido como o “conjunto de princípios fundamentados nas Sagradas
Escrituras, principalmente nos ensinos de Cristo e objetivo é orientar a conduta do
cristão. A ética cristã, portanto, não é mera ciência de costumes. Ela vai além, pois
se preocupa também em distinguir o bem e o mal conforme revelados nas Sagradas
Escrituras (JUNIOR, 2013).

M.A. Inch (1992) declara que “a ética cristã é o formato cristão da ética
teológica. Entende que ‘havendo Deus, outrora, falado muitas vezes, e de muitas
maneiras, aos pais, pelos profetas, neste últimos dias nos falou pelo Filho’ (Hb 1:1-
2). Ela pesa as obrigações morais do homem à luz desta revelação distintiva.

Desse modo, o sujeito/agente da ética cristã é o ser humano que descobriu


sua identidade em Cristo e por ele foi regenerado. É a humanidade que vive a partir
da realidade que é a imagem e semelhança do seu Criador (DE AQUINO, 2013).

O indivíduo irá buscar viver sua vida levando em consideração os


ensinamentos de Jesus, assim como seus mandamentos. As normas de conduta
correta estarão sempre presentes neste indivíduo por terem sido instituídas por Deus.

A ética cristã se aplica a obediência à Cristo, não se excluindo a razão, é claro.


Mas pode se dizer que a ética cristã é normativa, pois tem como base as normas
estabelecidas pelo Criador.

2.1 - O PAPEL DA FÉ NA ÉTICA CRISTÃ

Permanece ainda a questão de saber que função pode desempenhar a fé na


reflexão ética. Talvez nos ajude a clarificar esta questão recordarmos que a ética, ou

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moral, tem dois níveis distintos. Um, é o nível normativo, aquele em que decidimos
que esta decisão concreta é correta, que determinada opção é melhor que outra; é o
momento em que realizamos juízos morais práticos. Outro, é o nível fundamental, que
é prévio ao normativo, no qual fazemos as nossas opções de fundo, identificamo-nos
com valores, assumimos objetivos, vamos elaborando as nossas concepções de vida,
de bem e de mal. É deste âmbito fundamental e fundante da existência humana que
brotam opções morais concretas.

Damo-nos conta desta realidade na nossa vida cotidiana. Podemos partilhar


os mesmos fundamentos, a mesma fé, com determinadas pessoas, e, apesar disso,
não estar de acordo com elas quando se trata de considerar uma determinada ação
como boa ou como má. Partilhamos a mesma fé e podemos estar igualmente
convictos e com as mesmas boas razões em partidos opostos, em projetos sociais
diferentes, em juízos éticos divergentes. O inverso também é possível: estarmos de
acordo em opções concretas com pessoas que têm concepções de vida muito
diferentes das nossas. Podemos estar empenhados nos mesmos projetos ou partilhar
as mesmas opções morais, mas por razões e motivações diferentes.

As normas e os princípios morais, bem como os juízos concretos, são resultado


de concepções mais globais, de valores fundamentais, de perspectivas de sentido e
de objetivos de vida. A distinção destes dois níveis é importante para percebermos
que há uma relação entre as concepções fundamentais e as decisões concretas, mas
não há uma correspondência direta.

Para pessoas crentes, a fé desempenha uma função dominante precisamente


nas concepções globais, ao nível da fundamentação da vida e da compreensão de
toda a realidade, num contexto próprio que confere sentido e é fonte de motivação. O
papel determinante e principal da fé revela-se sobretudo neste nível fundamental, pois
o âmbito normativo está sujeito às leis da razão humana, segue as vias
argumentativas comuns a todos os homens, crentes e não crentes.

Esta forma de entender a relação entre fé e ética não pretende diluir os traços
característicos de uma moral cristã, nem reduzir a especificidade da ética cristã
apenas ao nível da motivação do agir. Com este modelo explicativo, procuramos, por

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um lado, preservar a autonomia própria da racionalidade ética e, por outro, assegurar
um papel determinante para a fé, no discurso moral.

Há, sem dúvida, um carácter próprio da moral cristã, e é consensual que a ética
pode ser pensada teologicamente com os dados da fé cristã. O que não é tão evidente
é o tipo de papel que a fé pode desempenhar, a delimitação dos âmbitos em que ela
pode introduzir-se no discurso ético. São muitas e diversificadas as propostas dos
teólogos para concretizar aquilo que determina uma especificidade cristã da ética.

Dentro da perspectiva que assumimos, parecemos ter toda a plausibilidade


afirmar que o verdadeiro contributo que a fé oferece à moral, a teologia à ética, é
proporcionar concepções fundamentais e globais, uma mundividência, uma visão da
pessoa humana, uma concepção do bem, um novo horizonte de sentido (F. Böckle),
uma nova motivação ao agir moral (A. Auer), uma nova intencionalidade (J. Fuchs).

No mesmo sentido, vários modelos explicativos da teologia moral concordam


em identificar alguns elementos característicos da ética cristã neotestamentária: a
centralidade de Deus, o primado do “indicativo” salvífico, a integração do “imperativo”
moral no anúncio salvífico, o carácter paraclético da ética neotestamentária, a estreita
relação entre soteriologia e ética, a dependência da moral relativamente à fé, a
orientação para Jesus Cristo, a proposta do mandamento do amor como forma
fundamental da vida.

Independentemente do que assumirmos como categoria compreensiva da


ética neotestamentária, o fato de admitirmos que, ao nível da sua fundamentação, ela
é condicionada pelas concepções religiosas leva-nos a reconhecer que a presença
da fé cristã no âmbito da moralidade humana tem alguns efeitos, ou funções.

A fé e o discurso teológico assumem uma função crítica. Para o crente, a


realidade histórica não coincide ainda com o projeto de Jesus Cristo. Há, portanto,
que confrontar os modelos presentes com o juízo da Palavra de Deus, rejeitar os
projetos de existência humana que estejam em contradição com a imagem do homem
e do mundo proposta na revelação. Positivamente esta função concretiza-se num
contributo construtivo para uma melhor compreensão da existência humana. A fé
impede a absolutização de qualquer bem-criado ou de dimensões específicas do
homem.

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A outra função, ou tarefa, é de estímulo na procura de concretizações morais
mais humanas e humanizantes; a fé capacita o sujeito com uma responsabilidade por
encontrar as melhores respostas aos problemas morais que enfrenta. As instâncias
religiosas não são meras guardiãs das fórmulas recebidas, ou conservadoras dos
códigos morais estabelecidos. O seu papel determinante revela-se, justamente, na
medida em que contribuem positivamente para uma procura de soluções normativas
que melhor protejam os valores morais.

Por fim, referimos o papel de integração que a fé pode desempenhar na ética.


A teologia, assumindo as suas referências transcendentais, que conferem um sentido
determinado à existência humana, integra no dinamismo da fé os elementos das
diversas éticas humanas.

3. A RELAÇÃO ENTRE A DOGMÁTICA E A ÉTICA CRISTÃ

Até o fim do século XVII os teólogos da Reforma não separaram a teologia da


ética, antes as tratavam em suas dogmáticas como sendo um só corpo. Todavia,
alguns deles iniciaram a estudá-las como disciplinas separadas, embora os
catecismos e confissões continuassem a expor doutrina e ética como sendo
complementares, especialmente pelos comentários feitos ao Decálogo. Mas, sob a
influência da filosofia do século XVIII a ética cristã gradualmente foi despojada de seu
caráter religioso. Louis Berkhof (1985) observa que “nos escritos de autores como
Scheleiermacher, Ritschl, Rothe, Herrmann e Troeltsch a moralidade ficou divorciada
da religião e adquire um caráter autônomo.”

Todavia, alguns teólogos como Dorner, Wuttke, Luthardt retornaram a


estuda-la mantendo uma relação com as suas dogmáticas, mas não obtiveram
sucesso. Embora os teólogos considerassem íntima a relação da credenda e
facienda (crer e fazer), e que ambas disciplinas estivessem necessariamente
dependentes, consideraram desejável trata-las separadamente. Alberto Fernando
Roldán (2004) esclarece que

A quase totalidade dos temas teológicos se relacionam de forma direta e


indireta com a ética, principalmente as doutrinas de Deus, do ser humano,
da salvação e da escatologia. Dito em outros termos, nosso modo de
entender Deus como santo, nossa concepção do ser humano como
portador da imagem de Deus, nosso conceito da salvação por graça e por
fé, e, finalmente, o chamado ‘motivo escatológico’ constituem os pilares
teológicos sobre os quais se erige nossa ética cristã.

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As consequências de se fazer uma dicotomia entre teologia e ética são
inevitavelmente ruins. A verdade revelada demanda uma vida que se harmonize
com toda a Escritura. Robert Banks (2004) observa que

Essa lacuna entre doutrina e ética é uma das razões de termos falhado em
desenvolver uma teologia satisfatória da vida cotidiana. Todas as principais
doutrinas têm sua dimensão prática exatamente como todas as questões
práticas têm seu aspecto doutrinal.
Quando ocorre o divórcio entre dogmática e ética, a primeira sofre o perigo
de tornar-se uma ciência meramente abstrata e especulativa, sem resultados
práticos, e a segunda transforma-se em filosofia relativa, ou subjetivismo
antropológico.

Embora exista uma estreita relação da dogmática com a ética, não podemos
concluir que seja uma relação de dependência recíproca. Hendrikus Berkhof (1985)
observa que

Dogmática não é dependente dos resultados da ética do mesmo modo que


é dependente dos resultados daqueles outros dois campos de estudo
[estudos do Antigo e Novo Testamento, e história da igreja]. Todavia, o
contrário é verdadeiro: o exame da ação da fé é dependente dos resultados
da pesquisa do conteúdo da fé.

4. A NECESSIDADE DE UMA COSMOVISÃO CRISTÃ

O cristianismo é uma religião em que a ética exerce uma função essencial. O


trino Deus é santo, e exige um relacionamento santo, a sua verdade é absoluta, e a
justiça é um elemento permanente em seu reino. Não existem decisões e
relacionamentos em que não se apliquem preceitos éticos, e que não tenham
motivações e implicações morais. Aceitando esta premissa podemos pensar que o
cristianismo

É mais do que discipulado, mais do que acreditar em um sistema de doutrinas


sobre Deus. O Cristianismo genuíno é uma maneira de ver e compreender
toda a realidade. É uma cosmovisão, uma visão de mundo. [...] em toda área
da vida, conhecimento genuíno significa discernir as leis e ordenanças pelas
quais Deus estabeleceu a criação, e então permitir que essas leis modelem
a maneira pela qual devemos viver (COLSON, 2000).

Toda ética é orientada por uma cosmovisão. As nossas crenças ditam o nosso
comportamento, porque as idéias têm conseqüências. Em toda ação moral há uma
teoria definida ou não. Uma das características exclusivas dos seres humanos é que
não podem fazer nada sem um tipo de orientação ou condução que uma cosmovisão
dá. Necessitam ser guiados porque são inescapavelmente criaturas com

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responsabilidade, que por natureza são incapazes de sustentar opiniões puramente
arbitrárias ou fazer decisões inteiramente sem princípios.

Por isso, é necessário escolher conscientemente uma específica cosmovisão


cristã. Sem uma cosmovisão a possibilidade da incoerência é presente, tornando
fragilizada qualquer postura ética que for adotada. Por isso, James W. Sire (2004)
comenta que comprometer-se com uma cosmovisão “na verdade, é um passo
significativo na direção da auto-conscientização, do auto-conhecimento e do auto-
entendimento.”

Cosmovisão é o conjunto de premissas que orientam a interpretação de toda


a experiência com Deus, comigo e com o próximo. Norman Geisler (2003) observa
que a cosmovisão “é um sistema filosófico que procura explicar como os fatos da
realidade se relacionam e se ajustam um ao outro.”

Existem basicamente três provas que formam a estrutura de uma cosmovisão.


Primeiro, a suficiência dos pressupostos. Para o desenvolvimento de uma lógica
válida, que conduzirá a um resultado que expressa a verdade, é necessário reter-se
pressupostos não somente verdadeiros, mas também suficientes. Qualquer
informação que falte, propiciará para um possível desvio da verdade. A cosmovisão
que não tem respostas a perguntas cruciais não pode ser verdadeira.

Segundo, a consistência interna. A contradição é um caos mental. O uso da


lei da não- contradição é necessário para a formação de qualquer cosmovisão. Esta
lei da lógica declara que duas declarações não podem possuir sentido contrário, ao
mesmo tempo e no mesmo contexto. A contradição é inerente e absurdamente
incompreensível. A consistência elimina os elementos e as categorias
contraditórias. A essência da verdade é a coerência, pois os fatos são
complementares entre si.

Terceiro, a coerência com a experiência externa. Devemos perguntar se a


cosmovisão ajusta-se aos fatos. A aplicabilidade existencial de uma cosmovisão é
crucial para comprovar a sua veracidade. É necessário questionar se esta
percepção da realidade é construtiva? Quais são as consequências práticas de se
crer assim? Estas conclusões não abrirão portas para um comportamento bizarro,
ou destrutivo?

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É importante notar que as cosmovisões têm a ver com crenças básicas sobre
as coisas. As crenças básicas que uma determinada pessoa sustenta, tendem a
formar uma estrutura ou padrão. Eis a razão por que os humanistas frequentemente
falam de um "sistema de valores". Todas as pessoas reconhecem, em algum grau
pelo menos, que devem ser consistentes em suas concepções, se quiserem tomá-las
com seriedade; de modo responsável, não adotam uma posição arbitrária de crenças
básicas que não possuam coerência. A cosmovisão forma, num grau significativo, a
maneira pela qual avaliamos os eventos, assuntos e estruturas de nossa civilização
e da nossa época. A cosmovisão bíblica é simplesmente um apelo para que o crente
leve a sério a Bíblia e o seu ensino para a totalidade da civilização, e que não a
relegue a alguma área opcional chamada "religião".

5. ÉTICA CRISTÃ NA SOCIEDADE MODERNA

5.1 PESSOA HUMANA NO CENTRO DA ÉTICA CRISTÃ

Para a ética cristã, o valor da vida humana não deriva do que uma pessoa faz
ou exprime, mas de sua própria existência como ser humano. Roselló (2005) explica
que

A pessoa é locus theologicus, é o único lugar no mundo visível em que se


pode conhecer a Deus como espírito pessoal, porque nos remete a Deus e
não somente em sua existência, mas também em sua essência.

Diante de todo o debate ético e jurídico acerca do ser humano, sob as lentes
da ética cristã, somos chamados a descobrir o que nele há de misterioso e
fundamentar todo um princípio de respeito à dignidade da pessoa em sua totalidade
de corpo e alma.

Em nossa socieade, estamos comprometidos com a igualdade humana e seus


direitos. E, por isso, não podemos deixar de nos preocupar com as diversas
concepções de dignidade humana e não podemos desviar nosso olhar dos
compromissos cristãos.

O filósofo Fernández del Valle (1997) define o ser humano como "um ser
deiforme, porque a forma de Deus teofânico, porque através d'Ele se manifesta o
Deus-Outro; e o teotrópico, porque é o lugar de encontro com Deus". Dessa forma,

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esses traços conferem ao ser humano uma dignidade própria que vem da sua
natureza de origem divina.

A dignidade do ser humano, enraizada na dignidade da prórpia vida, completa-


se e fica mais alta quando aberta à intimidade do Cridor; funciona como um espaço
reservado para um antropologia mais rica, mais desenvolvida da natureza humana e
de sua ação. A dignidade não é um conceito inútil e tem de ser salva do reducionismo
inumano das ciências modernas e da cultura de desprezo pela pessoa. Como a
antropologia teológica encara o ser humano na ordem histórica real, na ordem da
natureza humana, da revelação e salvação em Jesus Cristo, tem como essencial a
compreensão da pessoa e respeito à dignidade humana (COELHO, 2015).

A Bíblia concebe a tarefa ética do homem como uma resposta pessoal ao


chamado de Deus, como Deus se manifesta a nós em sua Palavra, assim é possível
crescer mediante a resposta que damos à Sua Palavra na comunhão com Deus. A
linguagem bíblica esclarece que sobre a vocação do homem. Isto infunde ao homem,
mediante o encontro com o amor de Deus, uma força ética que chega a conhecer os
próprios ideais em virtude desde amor de Deus. A abertura à transcendência e a
origem da sua integridade pessoal. O homem recebe a partir de fontes de sua relação
com Deus, relações que encontram em Cristo a sua maior profundidade, os seus
impulsos essenciais para encontrar a própria identidade e para plasmar em maneira
concreta a realidade (COELHO, 2015).

A reflexão sobre a pessoa humana, sobre sua orientação à transcendência e


sobre seu desenvolvimento torna-se, para a ética cristã uma chave que lhe abre uma
diversidade de bases objetiva da vida sociedade atual. A ética cristã está atenta à
base objetiva da vida moderna e reflete sobre ela no horizonte da fé, sempre prezando
pela defesa da dignidade humana.

Dessa forma, o principal desafio da ética cristã na sociedade moderna é a


aproximação com o saber da cultura tecnicamente e liberalmente diferenciada e estar
aberta aos seus horizontes com senso.

O respeito à pessoa humana está intimamente relacionado com o respeito ao


direitos que derivam de sua dignidade de criatura e na sua promoção. Tais direitos
são anteriores à sociedade. Dessa forma, Estado não tem o poder de arbitrariamente

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promulgar leis que ferem este princípio. Os bens de consumo, por sua vez, devem
ser utilizados com moderação; e os de produção devem ter em vista, em primeiro
lugar, o bem comum.

O bem comum pressupõe o respeito pela pessoa humana enquanto tal, com
direitos fundamentias e inalienáveis orientados para o seu desenvolvimento integral.
Em última instância, o bem comum reuer a paz social, ou seja, estabilidade e
segurança, que não se realiza sem priorizar a justiça distributiva, uma vez que a
violação desta sempre gera violência. Toda a sociedade e, principalmente o Estado,
têm a obrigação de defender e promover o bem comum.

O objetivo do debate sobre os desafios da ética cristã na sociedade moderna


é também desenvolver um pensamento crítico sobre esta. Cabe destacar que não se
trata de suspeitar do princípio da liberdade humana, não se trata de rejeitar
inteiramente e cultura moderna e depeciar o homem e sua aspiração à criatividade e
uma vida bem sucedida. Pelo contrário, o objetivo é proteger a vida humana e uma
cultura da liberdade e da pessoa que a ética cristã toma consciência dos muitosriscos
e muitas tensões podem ameaçar ou mesmo destruir uma vida vivida com senso de
humanidade e com dignidade.

5.2 A CARIDADE NÚCLEO E CAMINHO DA ÉTICA CRISTÃ

Diante de toda a realidade da sociedade atual e da percepção de pessoa o que


podemos propor para a ética cristã? Segundo Marciano Vidal (2003), é preciso uma
proposta da qual: se ame a pessoa, como Deus Pai a ama; se liberte a pessoa, como
Cristo a libertou; se faça a pessoa viver em liberdade, como corresponde àqueles que
vivem sob a "lei do Espírito que dá a vida em Cristo Jesus (Rm 8,2)".

Os cristãos que se tornam ativos dentro da sociedade econômica-social de


nosso tempo e lutam pela justiça e solidariedade, e devem se convencer de que
podem contribuir muito para o bem-estar da humanidade e a paz do mundo, e que,
individual e comunitariamente, devem dar exemplo neste neste campo.

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Desse modo:

Vai crescrendo a convicção de que o gênero humano não só pode e deve


aumentar cada vez mais o seu domínio sobre as coisas criadas, mas também
lhe compete estabelecer uma ordem política, social e econômica, que o sirva
cada vez melhor e ajude indivíduops e grupos a afirmarem e desenvolverfem
a própria dignidade (GS, 39).

E é por estes caminhos que deve-se transitar a ética cristã, pautada pela
caridade. Isso porque a ética cristã impulsiona a construir um mundo solidário, que
responda às grandes aspirações humanas de igualdade e liberdade, que defenda e
guarde a dignidade e os direitos humanos à luz da fé.

INVER e BINGEMER (1994) afirmam que:

Crescer em solidariedade, viver a solidariedade é, portanto, segundo a fé cristã


e o ensinamento da Igreja, viver uma ética que leva continuamente ao
reconhecimento da dignidade pessoal do outro - seja qual for seu estado de vida e
condição social- em pé de igualdade consigo mesmo e ao compromisso com a vida
de todos, particularmente dos pobres e dos inimigos.

Podemos definir solidariedade como sentimento de responsabilidade e dever


para com o outro, sentimento que envolve reci- procidade, responsabilidade e dever
de um grupo com outro grupo, ou de um indivíduo para com outro indivíduo.

O sentimento de solidariedade é tão mais importante à medida que leva aquele


que exerce ações solidárias ao reconhecimento do problema do outro que se encontra
em posição econômica e social desfavoráveis, incentivando à busca de sua
superação, seja através de ações emergenciais e fragmentadas como a doação de
alguns itens da cesta básica por ocasião de catástrofes naturais, seja através de
engajamento em movimentos sociais, associações e cooperativas.

É importante ressaltarmos que a idéia de solidariedade, nos últimos 15 anos,


tem levado a ações solidárias fundamentadas em valores como reciprocidade, união
e colaboração entre grupos sociais distintos, como patrão e empregado, ricos e
pobres.

Neste sentido, as ações solidárias que poderiam permitir a organiza- ção dos
trabalhadores em busca de melhores condições de trabalho e de vida – saúde,

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habitação, educação, lazer – acabam por estimular uma “con- vivência solidária” entre
grupos e classes sociais, porque unidas por um mesmo ideal: uma sociedade
solidária, destituída de conflitos, já que aque- les que se encontram em melhor
posição social e econômica, contribuirão para diminuir os problemas sociais que
eclodem diariamente nas cidades ou nos bairros: a fome, o aumento do consumo de
drogas, a violência, cujas causas estariam na pobreza local ou na falta de atitude dos
governos.

Por fim, remeter-se à caridade, ao projetar o comportamento das pessoas, é


remeter-se à raiz da ética cristã, que temos que compreender e viver desde sua
profunda dimensão social e política, que afeta todo o dinamismo da vida cristã.

5.3 A ESCRITURA SAGRADA, ALMA DA ÉTICA CRISTÃ

A ética cristã tem como desafio promover a articulação entre a ética cristã
formulada e a ética vivida, ou seja, a teologia iluminar a práxis como caminho para a
humanização e realização do homem. A resposta a este desafio, segundo M. Vidal
(1995):

Minha opinião é de que o paradigma para integrar essas duas perspectivas


(conteúdos da fé e os conteúdos da razão moral da vida humana) deve ser
o utilizado na teologia pós-conciliar: articular a razão autônoma (com suas
próprias leis e sua peculiar epistemoloogia) dentro dos significados das
'referências teônomas.

Dessa forma, a fé cristã fornece a forma para ética e o agente moral racional
fornece a matéria da ética.

Portanto, a ética cristã integra "evidências" racionais e "convicções" crentes.


As primeiras constituem o dinamismo da autonomia, que se concentra na aceitação
da racionalidade humana e na opção pela causa axiológica do humano; as segundas
orientam o dinamismo da teonomia que pode ser expresso através da categoria do
absoluto que se faz presente em Cristo e que, dentro do contexto histórico-real da
comunidade crente, questiona radicalmente o humano com a esperança ativamente
escatológica (COELHO, 2015).

Na ética cristã há duas instituições centrais que se tornam a coluna vertebral,


ou seja, seus fundamentos e tema principal: a razão dialógica, iluminada pela fé.

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A reflexão da ética cristã, cientificamente elaborada, tem como uma das
principais fontes a Escritura, sempre em relação com a lei natural, razão humana,
psicologia, antropologia, história, biotecnilogia, etc.; estes são os lugares de onde
emergem os princípios de uma ética teológica.

A ética vivida pelos cristãos, é, por conseguinte, uma ética que se desenrola
num contexto decisivo, irrenunciável e interiorizado de fé, que se expressa em
conteúdos transformadores concretos da realidade humana. A fé é fonte de uma ética
específica, que deve ser entendida e vivida como uma ética própria da vida. Ética a
partir do específico de Jesus Cristo que, com suas Palavras e efeitos, com sua práxis
libertadora fundamental pela opção preferencial pelos pobres como "sujeitos sociais"
na construção do Reino de Deus, reino de fiéis livres em Cristo (HÄRING, 1979).

Portanto, a ética teológica, se corretamente desenvolvida a partir de fontes


teológicas com fundamentação racional, é capaz de dar contribuições seguras aos
questionamentos éticos que surgem em nossos dias: distinguindo o que é eticamente
praticável e o que não é eticamente praticável. Como exemplo, podemos citar o
exemplo de orientações fundamentais: a "posição central" do Decálogo tanto no
Antigo como no Novo Testamento, a moral evangélica, cuja "carta magna" é o Sermão
da Montanha, enfatizando as Bem-aventuranças, entre outros (COELHO, 2015).

5.4 O FUNDAMENTO CRISTOLÓGICO PARA A ÉTICA

A fiel compreensão da Escritura permite evitarmos o seu uso fundamentalista


e seletivo. A Sagrada Escritura nos revela como uma fonte inesgotável de costumes
éticos e indicações para a vida cristã.

O núcleo da fundamentação ética cristã passa necessariamente pelo


reconhecimento de Jesus Cristo como Senhor da humanidade e da história, conforme
as categorias da encarnação e as consequências para a vida dos homens. Sempre
que percorremos o itinerário cristológico sobre o coração ou a intrínseca dimensão
social e ética da fé, chegaremos à centralidade deste mistério ou lei da encarnação
na pessoa de Jesus e na história da salvação plena.

A partir disso, propomos a reflexão sobre Cristo como chave da ética cristã. A
mensagem religiosa de Jesus Cristo tem incidência na vida da sociedade e, portanto,
significação ética. A centralidade do reinado de Deus, presente em Cristo, em sua

16
pregação, em saus obras, e concebido como Boa-Nova para os pobres, aqueles para
os quais Deus nunca tinha sido Boa-Nova, tem impacto direto na vida das pessoas,
não só nas de seu tempo mas também atualmente (COELHO, 2015).

Assim, a fundamentação cristológica encontra um modo mais concreto nas


atitudes preferenciais de Jesus, as quais conformarão o seguimento ético dos
cristãos. Na vida e nos ensinamentos de Jesus, podem ser encontrado fonte
constante para o modo de ser e de comportar-se cujos significados são decisivos para
a ética cristã.

Logo, a finalidade social dos Evangelhos consiste na construção de um projeto


que procura ser a expressão de um sujeito ético e responsável, aberto aos demais,
aos iguais e diferentes, em fraternidade comunitária, para construir um mundo justo,
fraterno e solidário.

5.5 DIÁLOGO DA ÉTICA CRISTÃ COM A CULTURA MODERNA

A ética diz respeito à identidade das pessoas e das culturas, enquando a


religião desenvolove e sistematiza a ética mostrando um relacionamento profundo
entre ética e religião. Atualmente, estamos vivendo uma progunda mudança de época
em diferentes aspectos, sendo estes cultural, econômico, tecnológico, etc. As
variações sociais, econômicas e tecnológicas são estruturantes na vivência do tempo,
trazendo concepções de inconsistência, insegurança e instabilidade.

Dessa forma, deixa-se de lado a preocupação pelo bem comum para dar lugar
à realização imediata dos desejos dos indivíduos, à criação de novos e eventualmente
arbitrários direitos individuais, etc. Percebe-se que, gradualmente, é introduzido na
sociedade um sentido estético, uma visão à respeito da felicidade, uma percepção da
realidade e até uma liguagem que é imposta como autêntica cultura. Desse modo,
termina-se por destruir o que há de verdadeiramente humano nos processos de
construção cultural, que nascem do intercâmbio pessoal e coletivo (COELHO, 2015).

Essa cultura se caracteriza pela autorreferência do indivíduo, que conduz à


indiferença pelo outro, de quem não necessita e por quem não se sente responsável.
Prefere-se viver o dia a dia, sem planos a longo prazo na convivência familiar e

17
comunitária. Assim, as relações humanas vão se transformando em objetos de
consumo.

A pessoa humana é um ser social por natureza: ou seja, pela sua indigência
inada e pela sua tendência natural a comunicar-se com os outros. Esta sociabilidade
humana é o fundamento de todas as formas de sociedade e das exigências éticas
que nelas estão inscritas. O homem não se basta a si mesmo, mas tem necessidade
dos outros e da sociedade. A ética cristã insere os princípios teológicos no
conhecimento objetivo e no diálogo pluralista da cultura democrática moderna. Mas,
principalmente, deve iluminar as ações do homem pela fé cristã. Assim, a ética cristã
busca abranger a vida humana vivida de maneira pessoal e livre, caracterizada pela
relação de respeito para com o meio ambiente e com o outro, além de um humilde
reconhecimento dos limites do poder humano. Em última análise, a fé cristã infunde
a certeza que Deus acompanha também o homem em suas dificildades e difíceis
decisões. Tal certeza torna-se o horizonte de uma profunda esperança, e
precisamentre da esperança quje a teologia fala da promessa feita neste sentido por
Deus.

O conhecimento de uma ética cristã nos coloca diante da sociedade e chama


a atenção para o papel do cristão na atividade social. Junto com a ênfase na
responsabilidade individual em meio a sociedade que promove o acesso aos bens
através dos meios, paradoxalmente, se nega às grandes maiorias o acesso aos
mesmos bens que constituem elementos básicos e essenciais para viverem como
pessoas (COELHO, 2015).

6. ÉTICA CRISTÃ E OS DIREITOS HUMANOS

A Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada pela Assembleia


Geral das Nações Unidas em Paris, em 10 de dezembro de 1948, é um marco na
história da humanidade. Através dela, pela primeira vez, é possível estabelecer a
universalidade da proteção dos direitos humanos. Ela surge como uma resposta dos
líderes mundiais e da Organização das Nações Unidas às atrocidades que
ocorreram durante as duas guerras mundiais no que concerne ao respeito à
dignidade humana.

18
Ainda hoje, quase 70 anos após o estabelecimento dos direitos humanos,
existem desafios a serem superados. Enfrentamos a maior crise humanitária desde
a Segunda Guerra: a série de conflitos internos de países da África e do Oriente
Médio – e, mais recentemente, da Venezuela, na América Latina – que tem levado
seus cidadãos a buscarem, em outros territórios, a segurança e estabilidade que
não mais encontram em seus países.

No entanto, existem movimentos em diversos países do mundo que pregam o


impedimento da entrada dos migrantes, utilizando-se de um discurso discriminatório
no que concerne à religião, à moral, aos costumes etc. Tais movimentos vêm
ganhando força nos últimos anos, chegando até a conseguir espaços significativos
na política, como no parlamento alemão (CABAJOSA, 2017) .

Marcado pela violência, o Brasil também enfrenta suas próprias questões no


que diz respeito à promoção e proteção dos direitos humanos. No senso comum,
disseminado pelas redes sociais, “direitos humanos” se tornou um grupo de pessoas
que defendem direitos de bandidos (MACIEL, 2016). Segundo o Anuário Brasileiro
de Segurança Pública, 57% da população brasileira em 2015 concordava com a
frase “bandido bom é bandido morto”. Muitas pessoas se declaram, portanto, contra
os “direitos humanos”. Desacreditadas da intervenção eficaz do Estado por conta do
descaso e da corrupção, muitas destas pessoas acreditam também no direito à
posse de armas de fogo e da legitimidade da eliminação de tudo aquilo que se
considera “mau” através da violência.

Tais dados são extremamente alarmantes dentro de um país de maioria


cristã. Segundo o censo do IBGE de 2010 (AZEVEDO, 2012), quase 90% dos
brasileiros se declarava cristão. Entendendo que os princípios básicos que regem
tanto os direitos humanos quanto a ética cristã perpassam a igualdade, a
fraternidade e a liberdade humana, além do respeito à vida em todos os seus
estágios, é no mínimo curioso pensar que tais princípios em que são baseadas a fé
e a ética cristã sejam aceitos – se considerarmos que a profissão de uma fé significa
aceitação dos dogmas e da doutrina que ela prega – enquanto os mesmos valores
propostos de forma laica através dos direitos humanos sejam negados.

19
6.1 TODOS OS SERES HUMANOS NASCEM IGUAIS EM DIGNIDADE

Os direitos humanos têm como um dos pilares de sua formulação a ideia da


dignidade humana como um atributo inato, presente em todas as pessoas,
independente de qualquer requisito ou condição – nacionalidade, gênero, credo
religioso, classe etc. Após um processo de secularização do pensamento cristão
e da racionalização do direito, destacaram-se na sociedade os conceitos de
pessoa de Hobbes, Locke, Descartes e Kant (BARZOTTO, 2005, p.146). Este último
influenciou o pensamento ocidental sobre o conceito da dignidade. Para ele, o ser
humano existe como um fim em si mesmo, como um único valor absoluto, não como
meio para a satisfação de uma vontade qualquer. A dignidade da pessoa, portanto,
determina que a ela sejam proporcionados os meios necessários para que possa
alcançar a sua autorrealização, ou seja, assumir a si mesma como fim.

No entanto, é no seio do Cristianismo, através da filosofia patrística, que surge


o entendimento do conceito de pessoa tal como temos hoje. Nesta perspectiva, o ser
humano seria dotado de subjetividade, possuidor de valor em si mesmo e de fins
absolutos e, como consequência, deteria direitos fundamentais em respeito a sua
inerente dignidade (FURTADO, 2016, p.105). Na fé cristã, o homem é concebido à
imagem e semelhança de Deus (Gn 1,26), e desta maneira seriam todos os homens
iguais. Não haveria, portanto, qualquer discriminação – de raça, de nacionalidade,
de fé, de gênero etc. – que superaria a dignidade inata de ser “imagem e
semelhança” do divino. A ideia de que a isonomia humana que garante a dignidade
do ser humano diante de suas diferenças está explícita na epístola do apóstolo
Paulo aos Gálatas: “Já não há judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem
nem mulher, pois todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3,28). Desta maneira,
Paulo desqualifica as três principais fontes de desigualdade: as diferenças de
identidade territorial, de classe social e de gênero (BARZOTTO, 2005, p.152). No
lugar das diferenças, é exaltada a semelhança que as supera: a unidade, a igualdade
e a dignidade em Cristo. Seríamos, portanto, iguais de um ponto de vista que
transcende nossa realidade. A Alemanha, manchada pelo nazismo do século XX,
mais uma vez sofre com o novo crescimento deste movimento e sua chegada ao
Parlamento (CABAJOSA, 2017). Ganham força novamente discursos que pregam
a supremacia branca alemã sobre não mais – somente – o negro e o judeu, mas
também sobre o muçulmano. Pregam que todos os pertencentes a esta religião são

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terroristas e por isto devem ser afastados, eliminados – sejam crianças, mulheres,
jovens, idosos; todos são um mal que deve ser eliminado antes que os alcance. Tal
discurso evidencia a negação da dignidade humana em virtude de características
que diferenciam, em vez da valorização das semelhanças que unem.

6.2 TODOS OS SERES HUMANOS DEVEM AGIR UNS PARA COM OS


OUTROS EM ESPÍRITO DE FRATERNIDADE

Nas sociedades nas quais a posição social era determinada de maneira


hierárquica – as classes gregas, as castas indianas, os estamentos medievais –, os
direitos e deveres de seus membros eram atribuídos de acordo com sua posição na
estrutura social. Cada grupo detinha seu próprio código social que regia as relações
entre tais direitos e deveres para com seus pares e perante os outros grupos. Dentro
desta lógica, é difícil reconhecer uma humanidade comum no outro, naquele que
não pertence ao mesmo grupo. Assim, não há nestes casos uma ideia de relações
universais no que toca à moral, aos direitos e aos deveres, uma vez que nestas
sociedades entende-se que os seres humanos são naturalmente desiguais
(BARZOTTO, 2005, p.148).

Nestas sociedades, a isonomia era tida como um atributo dos pares dentro de
um grupo. A estes eram atribuídos deveres recíprocos. Reinava, assim, dentro de
uma comunidade de iguais a regra de ouro. A mesma regra não era aplicável, no
entanto, nas relações entre grupos. Este tipo de lógica discriminatória permitiu que
realidades atrozes, como a escravidão, fossem possíveis e válidas em diversas
sociedades ao longo da história da humanidade.

A negação desta dualidade de valores é vista no evangelho de São Lucas na


parábola do Bom Samaritano (Lc 10,25-37) na qual após apontar que, segundo as
escrituras, o caminho para alcançar a vida eterna é amar Deus acima de todas as
coisas (Dt 6, 5) e amar o próximo como a si mesmo (Lv 19,18); um doutor da lei
questiona Jesus sobre quem seria o próximo. Nesta parábola – em que um
estrangeiro reconhece a humanidade de um homem ferido, enquanto seus
compatriotas o ignoram – Jesus mostra que o próximo é todo ser humano, e que as
barreiras sociais que nos diferenciam não devem ultrapassar a essência humana
que nos une.

21
A atitude hospitaleira do samaritano ainda não é universalizada em nossa
sociedade. Diante da crise dos migrantes, países como a Alemanha – que possui
números menos expressivos no que concerne à quantidade de indivíduos
declarados cristãos (FOWID, 2017) em comparação ao Brasil, ao México e aos EUA
(PEW RESEARCH CENTER, 2015), por exemplo – acolhem os imigrantes e
trabalham para a proteção dos direitos humanos, entendendo que a necessidade da
valorização da dignidade destes indivíduos ultrapassa os limites territoriais e as
barreiras culturais. O governo alemão entende que migrantes e nativos fazem parte
de uma mesma casa comum, de uma mesma família humana, como afirma a
Declaração dos Direitos Humanos. Já países como os Estados Unidos da América
buscam erguer muros e criar barreiras (AHRENS, 2017) através de medidas como
o veto migratório, que barra a entrada de imigrantes de países de maioria
muçulmana.Em entrevista, o Papa Francisco afirmou que quem só pensa em
construir muros em vez de pontes não é cristão. Nesta afirmação, vemos que
Francisco entende que, como filhos de Deus e, por consequência, irmãos, os
cristãos devem buscar reconhecer a humanidade do outro acima de suas
características distintivas. Por isto, pontes – e não muros – devem ser construídas:
para promover o encontro fraterno e prover a assistência àquele que, apesar de
diferente, faz parte de uma mesma família humana.

6.3 TODOS OS SERES HUMANOS NASCEM LIVRES

O princípio da liberdade, na Declaração Universal dos Direitos Humanos,


entende que a pessoa, pela sua natureza racional, é livre. Desta maneira, o ser
humano tem direito a gozar de sua liberdade concretamente, seja na possibilidade
de ir, de vir, de permanecer, de pensar, de expressar-se livremente etc., sem a
interferência de outros. No Cristianismo, a liberdade é recebida como dom de Deus
tanto na criação, quando Ele afirma que o ser humano governaria sobre os animais
e sobre a terra (Gn 1,26), quanto na pessoa de Jesus Cristo que livrou a humanidade
da escravidão para que viva plenamente a liberdade (Gl 5,1). Em uma sociedade
democrática, o bom uso da liberdade se faz importante na medida em que a vida
passa pelo convívio em comunidade. Nela, todos são iguais e gozam dos mesmos
direitos. Se um indivíduo tem direito à liberdade, todos o tem. É claro, portanto, que
o exercício de nossa liberdade pode contemplar limites, medida necessária para que
os outros também exerçam seus direitos.

22
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Declaração Universal dos Direitos Humanos surge no século XX em um


momento em que a humanidade se encontrava devastada pelas atrocidades
cometidas durante as guerras do século em nome de um progresso que
desconsiderou a dignidade humana em seu avanço. No século XXI, como
sociedade, trilhamos um caminho parecido. Esquecemos ou ignoramos a História
que contextualiza a luta pelos direitos naturais do ser humano, bem como os valores
que nós mesmo pregamos.

Apontamos para o outro e ressaltamos o que nele há de diferente, e quanto


mais o fazemos, mais o desumanizamos. Criamos muros que nos separam em duas
categorias, o “nós” do “eles”, em vez de buscar entender que numa perspectiva
fraterna e isonômica somos todos “nós”. Temerosos da ameaça que a diferença do
outro pode representar para a nossa liberdade, bradamos pelo extermínio de seus
direitos – às vezes, até mesmo o direito à vida.

Talvez agora seja hora de parar, de olhar para trás e refletir sobre os
passos que acabamos de dar e sobre os que demos há mais tempo. Talvez seja
hora de olhar para frente e planejar os próximos passos com mais consciência de
onde queremos chegar. Se somos iguais em direitos, em dignidade e em liberdade,
também o somos nos deveres para com o próximo, que é parte de nossa família
humana. O que quer que façamos, para onde quer que caminhemos, estaremos
juntos, dividindo o mesmo espaço no mundo – para o bem e para o mal. Qual
caminho escolheremos?

23
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