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Apresentaçã o
Duas palavras sobre a polô nia
O nome dela, Elena
Noviciado
Noite escura
Santo abandono
Pequena vitima
Voltar para varsó via
"E assim que eu trato meus amigos"
A grande missã o
Amor nã o é amado
A imagem do misericordioso Jesus
Con idencias
Uma festa
Ordem para escrever seu diá rio
Joã o Paulo II e a divina misericó rdia
Uma pergunta
Para a casa do Pai com a cruz
Epı́logo
Bibliogra ia
Santa Faustina Kowalska
Apresentaçã o
A vida humilde e simples de Faustina Kowalska que nasceu em Swinice
(Poló nia) e no baptismo recebeu o nome de Elena, nã o é muito
conhecida em Espanha, por isso estamos entre os primeiros
descobridores dela, e nã o é conhecida por vá rios motivos que nó s vai
expor atravé s desta biogra ia simples.
Depois de uma infâ ncia e juventude dedicada ao serviço domé stico para
nã o ser um peso para a famı́lia e para ela dar uma contribuiçã o,
conseguiu entrar na Congregaçã o da Mã e de Deus da Misericó rdia em
1924 para silenciar a voz interior que vinha do aos sete anos, ela a
incentivou a se tornar religiosa. Nesta congregaçã o deu todos os passos
necessá rios até chegar à dedicaçã o total com a pro issã o perpé tua.
A sua vida se desenvolve dentro da congregaçã o em quase os mesmos
trabalhos que exerceu na vida secular quando estava ao serviço de
diferentes famı́lias, mas na nova vida ela os realiza sob "santa
obediê ncia", como padeiro, no cozinha, na cozinha, enfermaria, no
jardim ... custe o que custar. Mas escreve no seu Diário 82: «Nã o me
deixarei levar pelo trabalho a ponto de me esquecer de Deus. Vou
passar todos os meus momentos livres aos pé s do Mestre escondido no
Santı́ssimo Sacramento. Ele me ensinou desde os mais tenros anos ».
Apesar de ser uma pessoa quase analfabeta segundo os parâ metros
humanos, nela se cumpriu o que o Deuteronô mio nos diz: «O Senhor te
viu e te escolheu, nã o porque é s o povo mais numeroso entre todos os
povos, porque é s o mais pequeno de todos. Porque o Senhor te amou
»(7,7-8). E no Novo Testamento Jesus nã o prestou atençã o aos mais
humanamente preparados, mas a simples pescadores e pessoas
irrelevantes. Os desı́gnios de Deus.
Dotada de graças sobrenaturais e de uma grande intimidade com o
Senhor, alé m do dom de ler a consciê ncia das pessoas, sua vida se
ocupava na oraçã o pelos pecadores. Mas a caracterı́stica particular
deste santo era lembrar ao mundo inteiro o Amor misericordioso de
Deus. Ele escreveu um diário com mais de 600 pá ginas no qual coletou
todas as mensagens que vieram de Jesus.
Se a cada momento histó rico, e sobretudo, quando o mundo passa por
uma crise de cunho espiritual, social ou polı́tico que ameaça o ser
humano, Deus envia uma ou mais pessoas que saem dessa crise
oferecendo a palavra adequada, curativa A Irmã Faustina foi a pessoa
destinada por Deus a erguer a sua voz no meio de duas guerras
mundiais e a gritar ao mundo inteiro que a resoluçã o dos con litos nã o
se chegará com armas, mas acolhendo o Amor misericordioso. Jesus lhe
dirá : «A humanidade nã o encontrará a paz enquanto nã o se voltar com
con iança à misericó rdia divina» (Diário, 132).
Esta mensagem que nos chega atravé s da Irmã Faustina nã o é para um
momento especial, mas necessá ria nos nossos dias e sempre. Como
pecadores que somos, precisamos sempre de reconciliaçã o e
misericó rdia com os outros e com Deus, ricos de misericó rdia, como
nos recordou o Papa Joã o Paulo II na sua encı́clica, o grande promotor
deste dom de Deus à humanidade, como veremos. O dogma da Divina
Misericó rdia foi muito importante para o Papa Joã o Paulo II, tanto que
ele pró prio foi beati icado e canonizado na sua festa, no primeiro
domingo apó s a Pá scoa.
Na apresentaçã o desta biogra ia usaremos pouco as nossas palavras, ao
invé s, deixaremos que seja a pró pria Irmã Faustina que, atravé s do
seu Diário , nos mostre a obra da graça na sua vida, bem como a
mensagem de que foi a depositá ria da mundo.
Quando se trata de penetrar na vida dos santos, uma certa modé stia
vem a algué m especialmente se, como Irmã Faustina, Deus os conduziu
pelos caminhos do misticismo, porque entã o nossas palavras nã o
passam de um murmú rio, nada mais do que oferecem luz, talvez só
sirvam para obscurecer e obscurecer sua doutrina e mensagem. Daı́ o
nosso convite a nos aproximarmos da verdadeira fonte, dos seus
escritos e, especialmente, do seu Diário, onde escreveu as mensagens
que ouviu de Jesus, e inclui vá rias referê ncias à segunda vinda de Cristo
e ao juı́zo inal, reminiscentes das cartas de Sã o Joã o (1Jo 2,18): «Assim
surgiram muitos anticristos; Por isso sabemos que é a ú ltima vez.
***
Poucos meses antes de publicar esta biogra ia de Santa Faustina
Kowalska, o Papa Francisco trouxe a bula do jubileu da misericó rdia,
intitulada Misericordiae vultus (O rosto da misericó rdia), datada em
Roma em 11 de abril, vigı́lia do segundo domingo de Pá scoa ou Divino A
misericó rdia, «como tempo propı́cio para a Igreja, para tornar mais
forte e e icaz o testemunho dos ié is» (MV 3).
“Por outro lado - continua o Papa - é triste ver como a experiê ncia do
perdã o em nossa cultura está cada vez mais esmaecida. Até a pró pria
palavra à s vezes parece evaporar. Sem o testemunho do perdã o, poré m,
resta apenas uma vida esté ril e esté ril, como se vivesse em um deserto
desolado ” (MV 10).
Ao mesmo tempo, convida-nos «neste jubileu a que a Igreja será
chamada a sarar ainda mais estas feridas, a acalmá -las com o ó leo da
consolaçã o, a enfaixá -las com misericó rdia e a curá -las com a
solidariedade e a devida atençã o» (MV 15).
Mas sobretudo o que ele diz sobre o nosso santo biografado: «Que a
nossa oraçã o se estenda també m a tantos santos e beatos que izeram
da misericó rdia a sua missã o de vida. Em particular, o pensamento vai
para o grande apó stolo da misericó rdia, Santa Faustina
Kowalska. Aquela que foi chamada a entrar nas profundezas da
misericó rdia divina, interceda por nó s e conceda-nos viver e caminhar
sempre no perdã o de Deus e na con iança inabalá vel no seu amor
” (MV 24).
Anti-semitismo
Na dé cada de 1930, do sé culo passado, ondas de anti-semitismo
chegaram da Alemanha porque muitos judeus se refugiaram na Polô nia
que viviam em paz com os nativos. Mas isso nã o foi nada mais do que o
primeiro passo para outros mais avassaladores e devastadores, eles
começaram a boicotar empresas judaicas e até mesmo consultas
mé dicas.
Em 1 de setembro de 1939, a Polô nia é invadida pela Alemanha e a
cidade de Danzig é anexada como um primeiro passo para abrir um
corredor para chegar à Romê nia, apreender o petró leo e o trigo da
Ucrâ nia. Nã o há nada que a Polô nia possa fazer para defender sua
soberania. Por sua vez, a Uniã o Sovié tica estava preocupada com a
rapidez com que a Alemanha estava agindo, por isso chegaram a um
pacto entre as duas potê ncias da é poca: a URSS ocuparia pouco mais da
metade da Polô nia e o resto da Alemanha. A Polô nia foi praticamente
anulada. Na verdade, a Segunda Guerra Mundial estourou.
A repressã o mais cruel foi apresentada com palavras so isticadas como
"Nova Ordem" e à frente desta "Ordem" ningué m menos que Hitler
colocou Hans Frank, um homem sem coragem, sanguiná rio e
assassino. Impô s um controle severo e quem nã o se submetia a ele era
punido até com a morte ou deportaçã o. A fome era galopante e os
poloneses tinham que se contentar com um pouco de pã o amanhecido
todos os dias e algumas batatas.
Quando Hans Frank assumiu o cargo de governador-geral, ele entrou
em Cracó via pela porta da frente, na frente da qual se lia as palavras: "Si
Deus pro nobis, quis contra nos?" (Se Deus está conosco, quem está
contra nó s?) Essas palavras foram uma premoniçã o para os invasores
ou uma con irmaçã o para os invadidos? Os eventos irã o con irmar isso.
Em 6 de novembro de 1939, os professores foram convocados pelas
autoridades alemã s para uma assemblé ia que levou à deportaçã o em
massa dos mais respeitá veis homens da ciê ncia para o campo de
concentraçã o de Sachswznhausen. Se isso aconteceu no campo polı́tico-
intelectual, o mesmo aconteceu no campo religioso: a Igreja passou à
clandestinidade porque as autoridades alemã s estavam prontas para as
repressõ es mais severas.
O arcebispo Sapicha convidou Frank para jantar e ofereceu-lhe nã o
algumas iguarias suculentas, que estavam fora de alcance, mas pã o
amanhecido, algumas batatas e um nescafé . Era o que os poloneses que
tinham tanta sorte jantavam, outros, nem isso. Mas a liçã o nã o o
capturou ou o criminoso nã o quis capturá -lo. Ele havia recebido o
slogan de que a Polô nia deveria desaparecer e nã o mais existir. Os
judeus també m tiveram sua parte; Alé m do que revisamos antes, era
necessá rio dar um passo adiante e exterminá -los sem compaixã o. Junto
com 1,2 milhã o de poloneses, 300.000 judeus foram deportados à força
para o Oriente. O Shoah é um genocı́dio como outros no sé culo 20, mas
com uma conotaçã o especial: uma construçã o idó latra contra o povo
judeu. Nã o é um problema geopolı́tico, há també m uma questã o
religioso-cultural. Todo judeu morto foi um tapa no Deus vivo em nome
dos ı́dolos. Com seu comportamento, os nazistas tentaram apagar a
concepçã o judaico-cristã de vida.
Enquanto isso, o que estava acontecendo na outra metade da Polô nia,
ocupada pela URSS? A Rú ssia nada tinha a invejar a Alemanha em
termos de repressã o. As deportaçõ es foram realizadas para a Sibé ria
para um "campo de reeducaçã o". Mais uma vez, que cinismo nas suas
palavras! Novamente, o lobo em pele de cordeiro. Como um sinal de
tanta barbá rie, vamos relembrar os tristemente famosos tú mulos de
Katyn. Em 5 de março de 1940, pelo menos 22.000 policiais foram
mortos e, para piorar, 61.000 familiares foram deportados para o
Cazaquistã o.
A falta de razã o da força será demonstrada pelos alemã es na noite de
18 de janeiro de 1945, quando tiveram que ceder à invasã o do Exé rcito
Vermelho que chegou a Cracó via. Antes de se retirar, os alemã es
dinamitaram a ponte de Debniki.
Tiago nos diz que “a fé posta à prova gera constâ ncia. Vede, pois, que
esta constâ ncia se torne perfeita, para que sejais homens perfeitos para
os irrepreensı́veis, nada faltando »(Tiago 1: 3-4). Isso aconteceu no
sé culo passado com a Polô nia, a naçã o "sempre iel". Apesar de
experimentar os falsos "paraı́sos humanos", fascistas e comunistas
resultaram em inú meras vı́timas. Muitos deles foram má rtires que
deram testemunho da sua fé em Jesus Cristo e na sua Igreja. Entre eles,
Sã o Maximiliano Kolbe (1894-1941), sacerdote franciscano declarado
"o santo do sé culo XX". Ele foi morto de fome em uma cela de puniçã o
em Auschwitz, tendo voluntariamente trocado sua vida pela de um pai
de famı́lia. A isso se deve acrescentar o beato Jerzy Popieluszko, capelã o
do famoso sindicato polonê s Solidariedade. Seu compromisso e
trabalho pastoral com os trabalhadores oprimidos irritaram as
autoridades que o torturaram até a morte. Seus restos mortais estã o no
museu do porã o da igreja de San Estanislao. Em 2010 foi beati icado na
presença de sua mã e. Na dé cada de 1930, outro má rtir polonê s, os
restos mortais do jesuı́ta André s Bobola, foram transferidos para
Varsó via. A eles devemos acrescentar nossa biogra ia e o Papa Joã o
Paulo II, todos eles hoje já canonizados.
Nã o podemos encerrar este capı́tulo sem lembrar que, em 16 de
outubro, Hans Frank, o outrora implacá vel governador da Polô nia,
subiu à forca. Anteriormente, ele reconheceu seus pró prios crimes e
pediu perdã o, admitindo que tinha um "demô nio" dentro dele e que
havia encontrado Deus. Em vez disso, Deus veio ao seu encontro com
sua grande misericó rdia, que é a maneira pela qual Deus entra no
pensamento e na vida das pessoas. La «verdad sobre Dios» está inscrita
en el espı́ritu de todas las personas y por mucho que nos opongamos no
lograremos borrarlo del corazó n humano: «Nos hiciste, Señ or, para ti, y
nuestro corazó n está inquieto hasta que no descanse en ti» ( Santo
Agostinho).
Joã o Paulo II escreveu em 1987: «Se eu olhar para a minha juventude,
para aquela juventude dos anos de ocupaçã o - anos terrı́veis, anos de
pesadelo (os anos da guerra mundial e depois governados por um
regime ateu) - vejo que o fonte da “força impactante” foi precisamente a
Eucaristia ». Embora nã o tivessem a liberdade que é sinó nimo de futuro
e de horizonte, numa palavra, quando tudo parecia condenado ao
desaparecimento, voltamos a recorrer a Wojtyla que escreveu nesta
situaçã o: «só o amor pode contrariar o destino ... raio de luz cai sobre os
coraçõ es e esclarece as trevas de geraçõ es. Deixe um jato de força
invadir a fraqueza.
Diante das maiores di iculdades, é admirá vel o que um homem de boa
vontade pode fazer pela fé . Por im, ouçamos o que Solzenicyn escreveu
no gulag: «Agora acredito em mim e nas minhas forças capazes de tudo
sobreviver ... Compreendi por experiê ncia pró pria que as circunstâ ncias
externas da vida de um homem nã o só nã o se esgotam, mas isso mesmo
em si nã o de ine, nem constitui o essencial da vida.
Sem o essencial
Com a Primeira Guerra Mundial, toda a Polô nia sofreu as consequê ncias
da destruiçã o, fome e pobreza. A famı́lia Kowalska nã o foi exceçã o e
sofreu necessidades extremas a ponto de nã o poder ir à missa no
domingo por Elena porque ela nã o tinha um vestido adequado. Mas ele
substituiu a missa rezando com seu livro de oraçõ es durante a
missa. Nesse momento ele nã o poderia ser incomodado ou
comissionado algum trabalho, era o tempo dedicado a Deus.
Quando ela mal tinha quinze anos, ela disse à mã e: “Mã e, papai trabalha
muito, mas mesmo assim nã o preciso usar no domingo. De todas as
garotas da minha idade, sou a que tem o pior vestido. Eu já deveria
estar ganhando dinheiro sozinho.
A mã e, que já havia prometido que suas duas ilhas mais velhas
trabalhariam como empregadas domé sticas, pensou um pouco e disse:
"Entã o, minha ilha, vá em nome de Deus".
Faustina mal conseguiu gozar a adolescê ncia porque aos 15 anos
começou a trabalhar como empregada domé stica. Junto com seu
trabalho, ele intensi icou seus momentos de oraçã o que duraram até
tarde da noite, entã o sua saú de começou a debilitar-se e ele decidiu
largar o primeiro emprego. Ela se apresentou à mã e e disse-lhe que
deveria entrar para um convento, mas o pai disse-lhe que nã o tinha
dinheiro para pagar o seu dote. Elena respondeu: "Padre, nã o preciso
de dinheiro, o pró prio Jesus escolherá o convento para mim."
Nova tentativa de trabalho sempre atormentada por uma misteriosa
voz interior que repetia: "Deixe o mundo e vá para o convento".
O pedido de autorizaçã o para entrar no convento foi repetido vá rias
vezes, mas a resposta foi sempre a mesma. Ouçamos as suas palavras:
«O dé cimo oitavo ano da minha vida, pedido insistente aos meus pais
de autorizaçã o para entrar num convento; uma recusa categó rica de sua
parte. Depois dessa recusa entreguei-me à s vaidades da vida sem
prestar atençã o à voz da graça, embora a minha alma nã o encontrasse
satisfaçã o em nada. Os contı́nuos chamados da graça foram um grande
tormento para mim, poré m, tentei extingui-los com distraçõ es. Evitei
Deus dentro de mim e com toda a minha alma inclinei-me para as
criaturas. Mas a graça divina venceu a minha alma » (Diário 8).
Desde os sete anos, sentia dentro de si a voz do Senhor chamando-o
para uma vida mais perfeita, mas nem sempre a apoiou. Ele vai se
arrepender ao longo da vida de nã o ter encontrado ningué m para
esclarecer aquele anseio interior pela vida de consagraçã o a Deus e à
qual nã o soube responder por vá rios motivos, que veremos mais tarde,
alé m de sua vontade. Diante de tantas oposiçõ es e di iculdades, parecia-
lhe que o que sentia nã o era a vontade de Deus que seguisse o caminho
da consagraçã o ao Senhor e procurou silenciá -lo. Embora ouvisse
dentro de si a censura de Jesus: "Até quando me fará s sofrer, até quando
me enganará s?" (Diário 5).
A última dança
O tempo passou e ele atingiu a maioridade. Mais uma vez, ele vai para
sua famı́lia para obter permissã o para entrar em um convento e
novamente recebe uma recusa. Foi neste mesmo ano que teve uma
experiê ncia que marcará toda a sua vida. Ela foi convidada para uma
festa junto com sua irmã Jose ina, no parque de Veneza, na cidade de
Lodz perto da Catedral de Santo Estanislau. Lucina Strzelecka, que mais
tarde se consagraria ao Senhor nas monjas Ursulinas com o nome de
Irmã Julia, també m participou desta dança.
Vamos ver como ele relata essa dança: “Uma vez, junto com uma das
minhas irmã s, fomos a um baile. Quando todos se divertiam muito,
minha alma sofria tormentos internos. No momento em que comecei a
dançar, de repente vi Jesus ao meu lado. A Jesus martirizado, despojado
de suas vestes, coberto de feridas, dizendo-me estas palavras: "Até
quando me fará s sofrer, até quando me enganará s?" Naquele momento
os tons alegres da mú sica cessaram, a companhia em que eu estava
desapareceu de meus olhos, Jesus e eu permanecemos. Sentei-me ao
lado de minha querida irmã , escondendo o que estava acontecendo
dentro de mim, simulando uma dor de cabeça. Um momento depois,
deixei meu companheiro e minha irmã em silê ncio e fui para a Catedral
de Santo Estanislau em Kostka. Estava escurecendo, havia poucas
pessoas na catedral. Ignorando o que acontecia ao meu redor, prostrei-
me na cruz diante do Santı́ssimo Sacramento e pedi ao Senhor que se
dignasse a me dizer o que fazer a seguir.
Entã o ouvi estas palavras: "Vá imediatamente para Varsó via, lá você
entrará em um convento." Eu me levantei da oraçã o, fui para casa e
preparei as coisas necessá rias. Como pude, confessei à minha irmã o
que tinha acontecido na minha alma, disse-lhe para se despedir dos
meus pais e com apenas um vestido, nada mais, cheguei a Varsó via ».
Ela estava completamente confusa no meio de uma grande cidade e
sem ningué m que conhecia, entã o ela se entregou à Virgem para guiá -la
e dizer-lhe para onde ir. Ele se ajoelhou e começou a orar a Deus para
revelar sua vontade a ele. Enquanto rezava, ouviu estas palavras: «Vai
ao sacerdote e conta-lhe tudo; ele lhe dirá o que fazer.
A resposta
A resposta veio-lhe por intermé dio de um pá roco da paró quia de
Santiago Apó stol, nos arredores de Varsó via, a quem se dirigira. No inal
da celebraçã o da Eucaristia, falou com um sacerdote que o enviou à
senhora Lipzye, com quem viveu um ano. “Naquela é poca - escreve em
seu Diário - tive que lutar contra muitas di iculdades, mas Deus nã o me
poupou sua graça. Meu desejo pelo divino estava icando cada vez
maior. Re iro-me a duas di iculdades principais. A primeira é que esta
dona Lipzye, embora muito piedosa, nã o entendeu a felicidade que a
vida consagrada traz e em sua bondade começou a projetar outros
planos de vida para mim, mas senti que ela tinha um coraçã o tã o
grande que nada poderia preencher it » (Diário 15). Enquanto morava
com esta senhora, ele visitou vá rios conventos, mas todas as portas
estavam fechadas para ele. Estamos no mê s de julho de 1924.
A outra di iculdade, muito dolorosa na verdade, foi quando sua irmã
Genevieve veio visitá -la para persuadi-la a voltar para casa. Ela nã o
volta para a casa dos pais, mas escreve uma carta aos pais dizendo que
já está internada em um convento e que só precisa ganhar um pouco de
dinheiro para entrar. Depois de uma noite em Varsó via, sua irmã voltou
para casa, mas sem a irmã . Momento triste para seus pais vendo
Genevieve sozinha sem sua irmã Elena. Embora com o coraçã o partido
por esta decisã o, escreverá no seu Diário: «Senti-me imediatamente
feliz; Pareceu-me que estava entrando na vida do paraı́so. Uma ú nica
oraçã o brotou do meu coraçã o, uma oraçã o de agradecimento
” (Diário 17).
A porta abre
A primeira porta entreaberta é a da Congregaçã o da Mã e de Deus da
Misericó rdia. O superior está disposto a aceitá -lo, mas primeiro ela
deve receber um pequeno dote. Visto que ele nã o tem uma ú nica
moeda, ele deve trabalhar em regime de servidã o para obtê -la. Nã o é
que a madre superiora, Michael, coloque o dote antes da vocaçã o, mas
que a pobreza em que a Polô nia se encontrava també m afetou a
comunidade, porque antes ela havia dito a Elena para ir à capela e
perguntar a Jesus se ele aceitaria ela naquela comunidade. A pró pria
Elena nos conta que foi até a capela e perguntou a Jesus: "Senhor desta
casa, você me aceita?" Imediatamente ouvi a voz: "Sim, eu te aceito,
você está no meu coraçã o." Quando voltei da capela, a Madre Superiora
perguntou-me: "Bem, o Senhor te acolheu?" E eu respondi: «sim». E a
mã e continuou: “Se o Senhor te aceitou, eu també m te aceito”.
O facto de ter sido aceite na Congregaçã o da Mã e de Deus da
Misericó rdia, já era uma amostra do que deveria ser toda a sua vida:
viver esta misericó rdia em si mesma e anunciá -la ao mundo inteiro.
Mas ele ainda teve que esperar até receber o dote. Depois de meio ano,
ela voltou ao convento onde fora admitida para dar sessenta zlotys para
icarem com ela, como haviam combinado. Mas ningué m sabia da
histó ria até que Madre Michael, que nã o estava mais em casa, ao
receber uma carta com a notı́cia, se lembrou do que se tratava. A partir
desse momento, o depó sito "bancá rio" continuou a crescer, tudo para
chegar logo ao dote. Faustina nã o se importa em trabalhar como criada,
já o fazia há muito tempo. Em um ano de serviço, ele consegue o dote
exigido e pode entrar na congregaçã o para realizar seu sonho de toda a
vida. No seu diário escreve: «Parecia-me que estava a entrar no
paraı́so. Uma ú nica oraçã o brotou do meu coraçã o, açã o de graças
” (Diário 17).
Logo aquele "paraı́so" se tornou uma tentaçã o muito forte. Pareceu-lhe
que nã o havia muito tempo para orar ali. O trabalho prevaleceu sobre a
oraçã o ou Faustina, devido à sua formaçã o precá ria, confundiu
a oração com o tempo a ela dedicado?
O pró prio divino Mestre sairá ao seu encontro para con irmar que
segue o caminho que empreendeu: «Tanta dor me causará s se
abandonares esta Congregaçã o. Chamei-vos aqui e nã o a outro lugar, e
tenho muitos agradecimentos preparados para vó s » (Diário 19).
Em 2 de agosto de 1925, a Festa de Nossa Senhora dos Anjos entrou na
congregaçã o como postulante. No ano anterior ela já havia feito o voto
de castidade perpé tua ao Senhor, como ela mesma conta: “Com as
palavras simples que luı́ram do meu coraçã o, iz o voto de castidade
perpé tua a Deus. A partir daquele momento senti uma intimidade
maior com Deus, meu marido. Naquela é poca iz uma pequena cela no
meu coraçã o onde estava sempre com Jesus » (Diário 16).
Noviciado
O primeiro teste
Durante este perı́odo de noviciado, Faustina teve a primeira forte
tentaçã o, uma espé cie de "noite escura" como se entende na vida
espiritual, que veremos mais tarde em que consistia. A mestra das
noviças era Ir. Marı́a Josefa Estefanı́a Brzoza, uma prudente diretora
enviada a Laval para observar a formaçã o das noviças in loco e absorver
o espı́rito da Congregaçã o. Durante o desempenho de sua posiçã o como
amante novata, ela foi um modelo exemplar que liderou pelo
exemplo; ela era exigente e ao mesmo tempo carinhosa com as
noviças. No capı́tulo geral da congregaçã o em 1934, ela foi nomeada
conselheira geral. Ela sabia como compreender as maneiras como a
Providê ncia e o Espı́rito queriam conduzir a irmã Faustina. Ela
percebeu que o que estava acontecendo com a Irmã Faustina nada mais
era do que uma tentaçã o do demô nio para fazê -la desistir de sua
intençã o de consagrar-se ao Senhor; Ele sabia como explicar ao seu
endereço o que signi icava a tentaçã o. Ser tentado nã o signi ica ser
pecador, porque até o nosso Senhor Jesus Cristo foi tentado pelo diabo
no deserto, como nos dizem os Sinó pticos (Mt 4,1ss; Mc 1,12; Lc 1,2-
3). O importante nã o é a tentaçã o, mas sim nã o sucumbir a ela. O que
esta pá gina evangé lica nos diz é que em nossa vida teremos tentaçõ es,
mas que devemos vencê -las com a ajuda da graça. Por outro lado, é o
que pedimos cada vez que rezamos o Pai Nosso: "Nã o nos deixes cair
em tentaçã o e livra-nos do mal"; E por isso que no inal dessas
tentaçõ es, "os anjos serviram" a Jesus porque ele havia saı́do delas com
louvor.
Certa ocasiã o, a mestra noviça disse-lhe estas palavras: «Deixa que o
Senhor empurre o barco da tua vida para as profundezas insondá veis
da tua vida interior» (Diário 55). Você també m se lembrará de algumas
palavras das conversas com a mã e Mestre; No inal do noviciado disse:
«Que a tua alma se diferencie particularmente pela sua simplicidade e
humildade. Caminhe pela vida de criança, sempre con iante, sempre
cheia de simplicidade e humildade, feliz com tudo, feliz com tudo. Onde
quer que outras almas estejam assustadas, você , irmã , passa em
silê ncio graças à simplicidade e à humildade. Lembre-se por toda a vida
que, da mesma forma que as á guas descem das montanhas aos vales, as
graças do Senhor descem apenas sobre as almas humildes » (Diário 55).
Em vez de batatas, rosas
Alé m disso, a Irmã Faustina nã o gozava de boa saú de e sofria de
grandes debilidades, pelo que, enquanto estava na cozinha, a histó ria
das batatas pingando se tornava mais pesada a cada dia e, apesar de ela
querer evitá -la, a certa altura tornou-o insuportá vel. Reclamou disso ao
seu con idente, Jesus, de quem ouviu estas palavras: "A partir de hoje
será mais fá cil para você , porque Eu o fortalecerei". Baseando-se nessas
palavras, à noite, ele correu para pegar a panela e ergueu-a com
facilidade. Quando ela descobriu o pote, em vez de batatas, ela viu
buquê s de rosas. O pró prio Jesus lhe explicará a visã o: "Troquei o seu
trabalho á rduo por um buquê das mais belas lores, e o perfume delas
sobe ao meu trono." De agora em diante, ele tentará fazer esse trabalho
diariamente, porque entendeu que isso agradava ao Senhor.
Graças a esta preciosa ajuda, Faustina conseguiu sair desta tentaçã o
com louvor, embora nunca se exime de que, em outras ocasiõ es, o
inimigo volte com insistê ncia ao ataque. No inal do noviciado, e depois
de um retiro espiritual de oito dias, ele faz os primeiros votos
temporá rios de castidade, pobreza e obediê ncia na presença do Bispo
Sã o Responder e cinco anos depois ele fará os votos perpé tuos.
A partir deste momento ela está disposta a ir onde a obediê ncia a
mandar: Cracó via, Plock e Vilna serã o os lugares onde ela prestará seus
serviços como cozinheira, jardineira e porteira ou o que for
preciso. Para quem, como ela, viveu uma vida espiritual intensa,
encontrou Deus, na expressã o de Santa Teresa de Jesus, “mesmo entre
as panelas”. Tudo se exercitou no convento com o maior recolhimento,
mas ao mesmo tempo com alegria e amor. Quando surgia alguma
di iculdade ou con lito, ela procurava enfrentá -lo com as seguintes
palavras: «Queridas irmã s, nã o percamos a paz por uma pequena
coisa. Trabalhemos para satisfazer Jesus ».
Com tantas mudanças, de uma casa para outra, pode parecer que Irmã
Faustina gostava de ser um pouco viajante e estar sempre em lugares
diferentes. Mas erramos se pensamos assim, porque as mudanças
foram extremamente difı́ceis e difı́ceis para ele, embora nunca tenha
resistido porque descobriu nelas a vontade do Senhor. A Superiora
Geral, Madre Micaela, dirá mais tarde que a ú nica irmã que foi
designada a muitas mudanças sem nunca reclamar foi a Irmã Faustina.
O que distingue os santos é que cumprem os seus deveres com fervor,
observando ielmente todas as regras do convento, com recolhimento e
piedade, mas ao mesmo tempo com naturalidade e alegria, cheios de
amor benevolente e desinteressado. Toda a sua vida está voltada para
caminhar em direçã o à perfeiçã o cristã , por meio da uniã o com
Deus. Irmã Faustina escreverá em seu Diário: "Meu Jesus, tu sabes que
desde muito cedo quis ser uma grande santa, isto é , quis te amar com
um amor tã o grande como nenhuma alma jamais te amou" (1372 )
Os tempos de recreaçã o eram especialmente felizes para a Irmã
Faustina, especialmente quando estavam no exterior. Ele vibrava com a
contemplaçã o da natureza e erguia as mã os para o cé u exclamando em
voz alta: "O Deus, in initamente bom, quã o maravilhosas sã o as tuas
obras!"
Tudo isso nã o brotou apenas de dons puramente naturais, nem de um
costume adquirido desde muito jovem, mas de uma simbiose perfeita
de natureza e graça onde é difı́cil distinguir quando ambos agem e
quando apenas um deles. O que podemos a irmar é que sua vida teve
como foco sempre caminhar em uniã o com Deus e tendo em vista a
salvaçã o das almas.
O Senhor a encheu de muitas graças extraordiná rias: os dons da
contemplaçã o e do conhecimento profundo do misté rio da misericó rdia
divina, visõ es, revelaçõ es, estigmas ocultos, dons de profecia, de leitura
nas almas humanas e noivado mı́stico. Apesar de tantos dons, era uma
pessoa com os pé s no chã o, como escreve: «Nem as graças, nem as
revelaçõ es, nem os ê xtases, nem qualquer outro dom concedido à alma
me aperfeiçoam, mas a comunhã o interior do alma com Deus ... A minha
santidade e perfeiçã o consistem na ı́ntima uniã o da minha vontade com
a vontade de Deus » (Diário 1107).
Nã o sabemos se Irmã Faustina leu Sã o Paulo na primeira Carta aos
Corı́ntios, onde o apó stolo a irma que: todos os dons de Deus, sem
amor, sã o inú teis.
Noite escura
«Provemo-nos a nós próprios ou ao Senhor,
que o sabe fazer bem» (Santa Teresa de Jesus)
Escuridão total
E como se nã o bastasse, continua no seguinte nú mero: «Um dia, quando
acordei, enquanto me colocava na presença de Deus, o desespero
começou a invadir-me. A escuridã o total da alma. Lutei tanto quanto
pude até o meio-dia. Nas horas da tarde, medos verdadeiramente
mortais começaram a se apoderar de mim, as forças fı́sicas começaram
a me abandonar. Corri para a cela, ajoelhei-me diante do cruci ixo e
comecei a implorar por misericó rdia. No entanto, Jesus nã o ouviu meus
chamados. Senti-me completamente despojado das minhas forças
fı́sicas, caı́ por terra, o desespero apoderou-se de toda a minha alma,
sofri realmente dores infernais, que nã o diferem em nada das do
inferno ».
Para quem nã o percorreu estes caminhos de intimidade com Deus,
estas palavras da Irmã Faustina podem parecer crué is e
incompreensı́veis, mas Santa Teresa de Jesus, que muito sabe disso, nos
dirá : «Sei por experiê ncia como é doloroso este teste é ., requer mais
coragem do que todas as provaçõ es do mundo ”e ela as havia
experimentado fortemente em sua vida inicial.
Mas Deus nã o nos deixa sozinhos na tribulaçã o, embora pareça que ele
se esconda ou desapareça, ele está ao lado daquele que é testado. Assim
sucedeu à Irmã Faustina, como ela escreve: «De repente, quando tenho
consentido em fazer o sacrifı́cio de todo o coraçã o e de todo o
entendimento; a presença de Deus me cobria, parecia-me que morria
de amor ao ver o seu olhar ».
Santo abandono
Quando tudo ao nosso redor parece absurdo e nã o há saı́da, o santo
abandono nas mã os de Deus é o ú nico recurso. Vejamos como Faustina
explica o seu modo de proceder: «A fé está exposta ao fogo, a luta é
dura, a alma se esforça, persevera com Deus com um ato de
vontade. Com a permissã o de Deus, Sataná s segue em frente, a
esperança e o amor sã o colocados à prova. Essas tentaçõ es sã o terrı́veis,
Deus sustenta a alma secretamente. Ela nã o sabe, pois do contrá rio nã o
poderia resistir. E Deus sabe o que isso pode enviar à alma. A alma é
tentada à descrença a respeito das verdades reveladas, à insinceridade
diante do confessor. Sataná s diz a ele: "Olha, ningué m vai entender
você , por que falar sobre tudo isso?" Palavras que a apavoraram
ressoam em seus ouvidos e parece que as fala contra Deus. Veja o que
você nã o gostaria de ver. Ouça o que você nã o quer ouvir, e é terrı́vel
nã o ter o confessor especialista nessas horas. Ela suporta todo o peso
sozinha; mas dentro do que está em seu poder, você deve procurar um
confessor experiente, porque você pode quebrar sob esse peso, e
muitas vezes você está no limite.
“Todos esses testes sã o duros e difı́ceis. Deus nã o os dá a uma alma que
nã o foi previamente admitida a uma comunhã o mais profunda com Ele,
e nã o desfrutou das doçuras do Senhor, e Deus també m tem seus
objetivos insondá veis para nó s nisso. Muitas vezes, Deus també m
prepara a alma para projetos futuros e grandes obras. E ele quer testá -
lo como ouro puro, mas ainda nã o é o im do teste. Ainda há a prova das
provaçõ es, ou seja, [sentir] a rejeiçã o total de Deus ».
Pequena vitima
A grande missã o
Os dois raios
Voltando à imagem e como deveria ser representada, isso també m foi
revelado à Irmã Faustina. Era 22 de fevereiro de 1931. Ele estava em
sua cela no convento de Plock. «Ao anoitecer, enquanto estava na minha
cela, vi o Senhor vestido com um manto branco. Ele tinha uma mã o
levantada para abençoar e com a outra tocou o manto em seu peito. Da
abertura da tú nica no peito saı́ram dois grandes raios: um vermelho e
outro pá lido ” (Diário 47). O pró prio Senhor explicará o signi icado dos
raios: «O pá lido relâ mpago simboliza a á gua que justi ica as almas. O
raio vermelho simboliza o sangue que é a vida das almas ... Ambos os
raios brotaram das entranhas mais profundas da minha misericó rdia
quando o meu coraçã o moribundo foi aberto na cruz pela lança. Esses
raios protegem as almas da indignaçã o de meu pai. Bem-aventurado
aquele que vive à sua sombra, porque a justa mã o de Deus nã o o
alcançará ” (Diário 299).
Jesus se lamenta com a Irmã Faustina porque: «O meu Coraçã o está
cheio de grande misericó rdia pelas almas e sobretudo pelos pobres
pecadores. Oh, se soubessem compreender que sou para eles o melhor
pai, que para eles sangue e á gua luı́ram do meu Coraçã o como de uma
fonte transbordante de misericó rdia; mas eles vivem no
taberná culo; como Rei da Misericó rdia, desejo encher as almas de
graças, mas elas nã o querem aceitá -las. Pelo menos você vem a mim
com a maior freqü ê ncia possı́vel e recebe essas graças que eles nã o
querem aceitar e com isso você vai consolar o meu coraçã o. Oh, quã o
grande é a indiferença das almas por tanta bondade, por tantas provas
de amor. Meu Coraçã o só se recompensa com a ingratidã o, com o
esquecimento das almas que vivem no mundo. Eles tê m tempo para
tudo, só nã o tê m tempo de vir me agradecer ” (Diário 367).
Joã o Paulo II, em 30 de abril de 2000, por ocasiã o da canonizaçã o da
Irmã Faustina, explicará o que entende por sangue e á gua: “Sangue e
á gua! O nosso pensamento vai para o testemunho do evangelista Joã o,
que, quando um soldado perfurou o lado de Cristo com a sua lança no
Calvá rio, viu sair “sangue e á gua” (Jo 19,34). E se o sangue evoca o
sacrifı́cio da cruz e o dom eucarı́stico, a á gua, na simbologia joanina,
nã o só recorda o Baptismo, mas també m o dom do Espı́rito Santo (cf. Jn
3,5; 4,14; 7,37 - 39).
A á gua é aquela que nos liberta do pecado original no Baptismo e
atravé s dela renascemos para a vida da graça, tornando-nos parte do
corpo de Cristo, que é a Igreja, e, quando pelo pecado, perdemos a
primeira graça, o Sacramento da Reconciliaçã o nos perdoa os nossos
pecados ao preço da paixã o e morte de Cristo na cruz.
O sangue lembra o lado aberto de Jesus. O Catecismo da Igreja Cató lica
expressa este misté rio da Redençã o. «A redençã o chega até nó s antes
de tudo pelo sangue da cruz (cf Ef 1,7; Col 1,13-14; 1Pe 1,18-19), mas
este misté rio opera em toda a vida de Cristo: já na sua encarnaçã o,
porque ao tornar-se pobre nos enriquece com a sua pobreza (cf 2Cor
8,9); na sua vida oculta onde repara a nossa insubordinaçã o com a sua
submissã o (cf Lc 2,51); na sua palavra que puri ica os seus ouvintes (cf
Jn 15,3); nas suas oraçõ es e nos seus exorcismos, pelos quais «tomou as
nossas enfermidades e carregou as nossas enfermidades» (Mt 8,17; cf Is
53,4); na sua ressurreiçã o, pela qual nos justi ica ”(cf Rom 4,25) (n.
517).
A imagem de Jesus Misericordioso é freqü entemente chamada de
imagem da Misericó rdia divina. E justo porque a misericó rdia de Deus
para com o homem se revelou mais plenamente no misté rio pascal de
Cristo. A imagem nã o apenas representa a misericó rdia de Deus, mas é
també m um sinal que deve nos lembrar do dever cristã o de con iar em
Deus e amar ativamente o pró ximo. No fundo - de acordo com a
vontade de Cristo - está a assinatura: “Jesus, eu con io em ti”. «Esta
imagem deve recordar as exigê ncias da minha misericó rdia, porque a fé
sem obras, por mais forte que seja, é inú til» (Diário 742).
Assim entendido o culto à imagem, ou seja, a atitude cristã de con iança
e misericó rdia, o Senhor Jesus vinculou promessas especiais de:
salvaçã o eterna, grande progresso para a perfeiçã o cristã , a graça de
uma morte feliz, e todas as outras graças que foram perguntou com
con iança. «Atravé s desta imagem darei muitas graças à s almas. Por
isso quero que cada alma tenha acesso a ela » (Diário 570).
Se é verdade que esta mensagem está intimamente ligada ao sé culo
passado e anunciada entre duas guerras mundiais, no entanto é uma
mensagem a ser vivida em todos os tempos e em todas as
circunstâ ncias histó ricas, como Jesus con irma à Irmã Faustina: «A
humanidade nã o encontrará paz até que nã o se voltem com con iança
para a misericó rdia divina ” (Diário 132). «Esta imagem deve recordar
as exigê ncias da minha misericó rdia, porque a fé sem obras, por mais
forte que seja, é inú til» (Diário 742).
E necessá rio entender bem o que esta imagem deve signi icar: a
salvaçã o eterna a que todos estamos destinados; um meio oportuno de
avanço espiritual; uma morte feliz e as vá rias graças que se pedem com
fé e con iança. «Atravé s desta imagem encherei as almas de muitas
graças. Por isso quero que cada alma tenha acesso a ela
» (Diário 570). Mais de um milhã o de peregrinos anualmente vê m ao
santuá rio para venerar uma pintura que representa Jesus Cristo como
ele apareceu em visã o. O pró prio Jesus pediu à freira que divulgasse sua
adoraçã o, junto com a expressã o: "Jesus, eu con io em você ".
Con idencias
Uma festa
Uma pergunta
Como vimos, a vida da Irmã Faustina foi marcada pela dor e pelo
sofrimento nos seus aspectos espirituais, estigmá ticos e fı́sicos. Ele se
ofereceu como uma pequena vı́tima pela salvaçã o de almas. Durante
uma hora particular de adoraçã o, Deus revelou à Irmã Faustina o que
ela deveria sofrer: falsas acusaçõ es, a perda do bom nome e
outros. Quando esta visã o terminou, um suor frio banhou sua
testa. Jesus a fez saber que mesmo que ela nã o consentisse, ela seria
salva e ele nã o diminuiria suas graças e continuaria a manter um
relacionamento ı́ntimo com ela. A generosidade de Deus nã o diminuiria
em nada. Ciente de que todo o misté rio dependia dela, consentiu
livremente com o sacrifı́cio, plenamente consciente do que implicava
esta espé cie de pacto que lhe era pedido.
Ele vai escrever em seu diário: “De repente, quando eu tinha consentido
em fazer o sacrifı́cio com todo meu coraçã o e todo meu entendimento, a
presença de Deus me cobriu, pareceu-me que eu estava morrendo de
amor ao ver sua misericó rdia . "
Durante a Quaresma desse mesmo ano, 1933, experimentou no pró prio
corpo e no coraçã o a Paixã o do Senhor, recebendo os estigmas de forma
invisı́vel. Isso só era conhecido pelo seu confessor e ela o narra assim:
“Um dia, durante a oraçã o, vi uma grande luz e dela saı́ram raios que
me envolveram completamente. De repente, senti uma dor muito forte
nas mã os, nos pé s e no lado do corpo, e senti a dor da coroa de
espinhos, mas por muito pouco tempo ».
Mais tarde, quando a Irmã Faustina adoeceu com tuberculose, doença
que a levaria à morte, voltou a viver os sofrimentos da Paixã o do
Senhor. Isso se repete todas as sextas-feiras e, à s vezes, quando ele
encontra uma alma que nã o estava em estado de graça, pois goza deste
dom de ler as consciê ncias. Embora nã o fosse muito frequente, os
sofrimentos foram dolorosos e de curta duraçã o, pois ele nã o os teria
suportado sem uma graça especial de Deus.
Irmã Faustina poderia muito bem repetir as palavras de Sã o Paulo:
"Nó s sempre e em toda parte transportam os sofrimentos da morte de
Jesus em nossos corpos, para que a vida de Jesus també m se manifeste
em nó s" (2Cor 4,10). De certa forma, ela sentiu "co-redentora" com
Cristo. Ele escreve: «O amor deve ser recı́proco. Como o Senhor Jesus
bebeu toda a amargura para mim, entã o eu, sua esposa, para dar a
minha prova para ele, vai aceitar toda a amargura " (Diário, 389). E
continua: «Tudo o que nã o é nada comparado a você . Os sofrimentos, os
retrocessos, as humilhaçõ es, os fracassos, as suspeitas que enfrentamos
sã o espinhos que in lamam meu amor por você , Jesus. Louco e
irrealizá vel sã o os meus desejos. Eu quero esconder de você que eu
estou sofrendo. Eu nunca quero ser recompensado pelos meus esforços
e boas obras, oh Jesus, você é a minha recompensa. Você é o su iciente
para mim, oh tesouro do meu coraçã o. Eu gostaria de compartilhar os
sofrimentos do meu vizinho, esconder meus sofrimentos no meu
coraçã o, nã o só antes do meu vizinho, mas antes de você , oh Jesus. O
sofrimento é uma grande graça. Atravé s do sofrimento da alma torna-se
semelhante ao Salvador, amor cristaliza no sofrimento. Quanto maior o
sofrimento, o amor mais puro torna-se " (Diário, 57).
Numa ocasiã o, Jesus disse-lhe: «Nã o vives para ti, mas para as
almas. Outras almas se bene iciarã o de seus sofrimentos. Os vossos
sofrimentos prolongados dar-lhes-ã o luz e graça para aceitarem a
minha vontade ” (Diário 67).
Nos ú ltimos anos de sua vida, aumentaram os sofrimentos internos, a
chamada noite passiva do espı́rito e as enfermidades do corpo:
desenvolveu-se uma tuberculose que atacou seus pulmõ es e seu
aparelho digestivo. Por causa disso, ela foi internada no Hospital
Pradnik em Cracó via duas vezes, durante vá rios meses.
Esgotada isicamente, mas totalmente adulta de espı́rito, misticamente
unida a Deus, ela morreu no cheiro da santidade em 5 de outubro de
1938, com a idade de 33 anos, dos quais viveu 13 no convento. O seu
funeral realizou-se dois dias depois, na festa de Nossa Senhora do
Rosá rio, que nesse ano era a primeira sexta-feira do mê s. Seu corpo foi
enterrado no cemité rio comunitá rio em Cracó via. Durante o processo,
ele foi transferido para a capela.
O amor de Deus é a lor e a misericó rdia é o fruto.
Epı́logo
Dados biográ icos
25 de agosto de 1905 - a irmã Faustina nasceu na aldeia de Glgowiec
(hoje provı́ncia de Konin).
27 de agosto de 1905 - é batizada na paró quia de Sã o Casimiro em
Swinice Warckie (diocese de Wloclawek), e recebe o nome de
Elena.
1912 - Ouve na alma, pela primeira vez, o apelo à vida consagrada.
1914 - faz a primeira comunhã o.
1917 - começa a educaçã o primá ria.
1919 - começa a trabalhar na casa de alguns amigos de sua famı́lia, os
Bryszewski, em Aleksandró w.
30 de outubro de 1921 - recebe o sacramento da Con irmaçã o
administrado por Dom Vicente Tymieniecki em Aleksandró w
Ló dzki.
1922 - volta à casa da famı́lia para pedir permissã o aos pais para entrar
no convento, mas é negada.
Outono de 1922 - Elena vai para Ló dz e trabalha durante um ano para
pagar o dote exigido.
Julho de 1924 - vai a Varsó via para entrar num convento, o da
Congregaçã o da Mã e de Deus da Misericó rdia, e é recomendado
receber um pequeno dote.
1º de agosto de 1925 - Apó s um ano de trabalho, e já com o dote, é
aceita e inicia o postulado.
23 de janeiro de 1926 - vai para o noviciado de Cracó via.
30 de abril de 1926 - Recebe o há bito e é imposto em nome de Faustina.
Março-abril de 1927 - Ele passa por um perı́odo de "noite espiritual"
que dura nã o menos que um ano e meio.
16 de abril de 1928 - Na Sexta-feira Santa, um fogo ardente envolve a
noviça sofredora, que esquece os sofrimentos que está sofrendo e
conhece claramente os sofrimentos de Cristo por ela.
30 de abril de 1928 - Termina o noviciado e depois de um retiro de 8
dias faz os primeiros votos temporá rios.
10 de outubro de 1928 - Ela vai para a casa da congregaçã o em
Varsó via, na rua Zytnia, para trabalhar como cozinheira.
21 de fevereiro a 11 de junho de 1929 - Vai a Vilna para substituir uma
irmã que deve fazer a terceira provaçã o.
Junho de 1929 - ela é enviada para a recé m-fundada casa da
congregaçã o em Varsó via, Rua Hetmanska.
Entre 7 de julho de 1929 e maio de 1930 - realiza diversos cultos nas
diversas casas da congregaçã o.
22 de fevereiro de 1931 - Em uma visã o, o Senhor diz a ela para pintar
um quadro conforme o padrã o que ela vê .
Novembro de 1932 - Em Varsó via, ele faz a terceira provaçã o e faz os
votos perpé tuos em 1º de maio de 1933 perante o Bispo Estanislau
Respond.
2 de janeiro de 1934 - Primeira visita ao pintor E. Kazimirowski
encarregado de pintar a imagem da Misericó rdia divina, que será
concluı́da em junho de 1934. Irmã Faustina chora porque o Senhor
Jesus pintado nã o é tã o belo como ela o viu.
11 de maio de 1936 - Ele deixa Derdy e vai para Cracó via para icar lá
até sua morte.
9 de dezembro de 1936 - 27 de março de 1937 - Estadia no hospital
Pradnik.
2 de setembro de 1938 - Em uma visita ao hospital, o padre Sopocko a
encontra em ê xtase.
5 de outubro de 1938 - As 23 horas, Irmã Maria Faustina Kowalska
passa para a vida eterna.
25 de novembro de 1966 - Os restos mortais da Irmã Faustina sã o
transferidos do cemité rio das Irmã s da Mã e de Deus da
Misericó rdia em Cracó via.
20 de setembro de 1967 - Em uma sessã o solene presidida pelo Cardeal
Karol Wojtyla, o processo de informaçã o diocesana foi encerrado e
a ata foi enviada a Roma.
18 de abril de 1993 - Irmã Faustina é beati icada por Joã o Paulo II e em
30 de abril de 2000 é canonizada pelo pró prio Joã o Paulo II em
Roma, no primeiro domingo apó s a Pá scoa, festa da misericó rdia.
***
Oferecemos a seguir alguns subsı́dios para a oraçã o e re lexã o de
nossos leitores:
CONSIDERAÇOES
Que a alma em dú vida leia essas consideraçõ es sobre a misericó rdia
divina e torne-se con iante.
ORAÇAO
Foi assim que o entã o Papa Joã o Paulo II apresentou esta oraçã o:
«A voz de Maria Santı́ssima, a" Mã e da Misericó rdia ", à voz desta
nova Santa, que na Jerusalé m celeste canta a misericó rdia com
todos os amigos de Deus, unamos també m, nossa Igreja peregrina,
a nossa voz.
E tu, Faustina, dom de Deus no nosso tempo, dom da terra da
Poló nia a toda a Igreja, nos permite perceber a profundidade da
misericó rdia divina, ajuda-nos a vivê -la na nossa vida e a
testemunhá -la aos nossos irmã os. e irmã s. Que sua mensagem de
luz e esperança se espalhe por todo o mundo, mova pecadores à
conversã o, elimine rivalidades e ó dios, e abra homens e naçõ es à
prá tica da fraternidade. Hoje, nó s, ixando, juntamente convosco, o
nosso olhar no rosto de Cristo ressuscitado, fazemos nossa a vossa
oraçã o de con iante abandono e dizemos com irme esperança:
"Cristo, Jesus, eu con io em ti".
Bibliogra ia
Bento XVI, Joã o Paulo II, meu amado predecessor, San Pablo, Madrid 2007.
Elzbieta, S., Do quotidiano fez uma vida extraordiná ria: Santa Faustina Kowalska. Apó stolo da
Divina Misericó rdia, Levante, Granada 2003.
Iaria, R., Santa Faustina e la divina Misericordia, San Paolo, Cinisello Balsamo 2003.
Juan Pablo II, Dom e misté rio, BAC, Madrid 1996; Homilia no domingo, 30 de abril de
2000; Homilia no domingo, 22 de abril de 2001.
Kowalska, MF, Diá rio: A divina misericó rdia em minha alma, Levante, Granada 2003; Cartas de
Santa Faustina, Levante, Granada
2006; http://www.corazones.org/santos/faustina_diario.pdf (editora dos Padres
Marianos da Imaculada Conceiçã o da Bem-Aventurada Virgem Maria).
Sasiadek, J., Cosı̀ straordinaria, cosı̀ normale! Vita di santa Faustina Kowalska, apostola della divina
Misericordia, San Paolo, Cinisello Balsamo 2006.
Sopocko, M., Gesù con ido in te! Le preghiere della divina Misericordia, San Paolo, Cinisello
Balsamo 20032.
Indice
Apresentação
Duas palavras sobre a polônia
O nome dela, Elena
Noviciado
Noite escura
Santo abandono
Pequena vitima
Voltar para varsóvia
"É assim que eu trato meus amigos"
A grande missão
Amor não é amado
A imagem do misericordioso Jesus
Con idencias
Uma festa
Ordem para escrever seu diário
João Paulo II e a divina misericórdia
Uma pergunta
Para a casa do Pai com a cruz
Epílogo
Bibliogra ia