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RELAGOES JURIDICAS PROCESSUAIS (Enfoque no Direito Processual Penal) Carles Fonseca * RESUMO Neste trabalho o autor procura demonstra que a caracterizayzo do provesso come reas jri- isa. alem dos aspectos téenicos espeificos, permite que se consideret 3s partes nfo como pevas do pracewa, senfo comma mujeltor de daetos 2 doves. em face do Estadojuz, epics SD econtecimente do sentize da dignidade humana, sobretudo do acusado na procesto pena! 1 Relagees Jurieas . 1 Conceito, § 29 —Elementor.§ 39 — Espécies. Relagio Juridico-Procesua § 19 Conceit, § 2 ~ Caravieres. § 39 ~ Sujets. IN, ComsideragBes Fi § 19 — Goncepedo do processo como relagso juridica.§ 2° Conciuses, TV, piliograia. 1 -- RELAGOES JURIDICAS © Codigo Penal brasileiro, no capftulo dos crimes contra a vida, prescreve que — “Matar alguém: {art. 121) Pena — reclusio, de seis @ vinte anos” (homicidio simples). Dentro do enfoque dicotémico da norma juridica, entrevé-se, insi- ta no dispositive em destaque, uma norma secundéria que estabelece um comportamento desejedo: no matar, é proibido matar ou, ainda, no se deve matar. O mesmo dispositive revela uma norma priméria, (*) que descreve uma providéncis sancionadora da ordem jur di * Advogado, Professor em Brasilia 30 R. Fac. Dit. UFG, 8{1-2]:29-46, jan.der. 1984 O delito, nese passo, representa a transgressio de uma norma Penal, em que se contém um modal dedntico modelador de uma condu ta?) @ a exprimir um juizo de valor. Existe, em face desse juizo, um bem juridico que o direito tutela, daf que “o crime ~ no dizer de Binding ~ 6 um procedimento contrério ao direito”. (?) A ocorréncia de um fato, hipoteticamente descrito pela regra juridica (prétase), produz uma conseqiiéncia tapédose). A esse fato jurfdico, sobre © qual incide a norma, vincula-se um telacionamento entre sujeitos de direito, instalando-se, como conseqiiéncia normativa, uma relagdo juridica. (*) A relacdo juridica, destarte, caracteriza-se por um vinculo inter- subjetivo (vinculo atributive) ou interpessoal, (°) em que esto presen- tes, subjacentemente, uma norma (elemento normativo que da signifi- cado @ aleance ao vinculo juridico); um fato (elemento relacional, acon- ecimento juridicamente relevante); @ um valor (elemento. axiolégi co}. (*) A norma} juridico penal é, a um tempo, instrumento de descrigio de um fato da vida social # forma ordenadora da interpretagéo e expos 20 de uma relacdo juridica, Daf que so inerentes a relagdo juridica um elemento formal e um elemento material, que decorrem da lei e do fato. elemento formal, no plano da concepeao dogmética do direito, 6 condicdo da juridicidade; & a coloraco juridica trazida pelo direito, (”} de que dimanam as categorias fundamentais do ilfcito e da sangio, 0 elemento material ¢ 0 préprio vinculo que, em face do prinefpio da im- putaedo, resulta da relacdo légica antecedente/conseqiiente. O vinculo, entretanto, subsiste em face de pessoas (sujeitos) e objeto, dat (a) suj tos, (b) vineulo e {c} objeto configuram a estrutura da relagao juridica, Segundo a teoria psicolégica de Bierling ~ que pretende reduzir 0 Direito 2 fatos ou fendmenos psfquicos — sujeito da relaco juridica, no sentido verdadeiro da palavra, ¢ “quem se encontra em posico de re- conhecer uma norma como norma juridica, isto é, de s2 reconhecer como concidadéio em face de outro ov outros concidadaos”. (*) Essa teoria nao tem sido seguida, preponderando a teoria formal do Direito ou a teoria normolégica, conquanto situem-se Bierling e Kelson na mesma seara do positivismo jur dico. A relagdo juridica afirma-se entre homens capazes de gozar direitos © contrair obrigagaes, Os sujeitos {de direitos} de relagdo é definido pela FONSECA, Catlos — Relates juridieas processuais, a norma, A intercomunicaco entre pessoas dé-se de forma a indicar uma correlatividade de direitos e deveres, quer se trate de uma relagdo medita ou imediata. (?) Essa correspectividade implica a existéncia de um sujeito ativo © um sujeito passive, em situacdes contrapostas, de modo que um assume uma faculdade em face do outro, isto &, “em face do sujeito ativo, a quem corresponde a faculdade ou protensao, encon: trase 0 sujeito passive, a quem incumbe a obrigagdo ou dever. Esta duplicidade do elemento subjetivo & uma conseqiiéncia natural do fato de ser a relacio um nexo entre homens, porque no pode competir a um deles uma faculdade garantida pelo direito objetivo, sem que ele implique uma fimitacdo as faculdades alheias, um dever que 6 geral € negative quanto a todos os outros, obrigados a respeitar 0 direito do titular, e que pode ser particular e de contetido vario para um individuo particularmente obrigado para com o primeiro”. (#°) Merece assinalar-se, na linha do pensamento de Kelsen, que 0 sujei- to de direitos e deveres ¢ a pessoa nfo o homem. Este é pessoa enquan to em relago com a ordem juridica: Si bien el hombre es persona, no or eso la persona es el hombre”. ('") Tal conceito é fundamental na ciénecia juridica. Outro elemento da relaedo juridica é 0 vinculo, que nesce de um acontecimento — fato gerador, que pode ser um fato ocorrido sem fluéncia da vontade humana ou um ato humano voluntério. O vincula 6, assim, 0 liame que liga os dois sujeitos, por forga da concregtio da norma juridica que atribul a alguém um status, isto é, confere titulo a um sujeito, dando-lhe legitimidade para praticar um ato ou exigir um direito tutelado pela ordem juridica. O fato (latu senso), do qual nasce © vinculo, pode ser licito ou ilicito. Assim, a conduta ilfcita de que resulta 0 homicidio cria um vinculo entre o homicida e a vitima (uma relacdo juridica direta de direito penal material), ou mais precisamente um vineulo entre ofensor e ofendido e entre aquele @ o Estado. Da mesma forma, de um contrato de compra e venda (negacio juridico Hicito) gera-se um vinculo entre duas ou mais pessoas que se p8em no Ambito de exigéncias legitimas, no sentido de prestagdo e contrapresta- sfo. A causa geradora do vinculo é sempre 0 acontecimento de um fato qualificado pela norma capaz de produzir, modificar ou extinguir direi to, Desde que presentes todos os pressupostos legais, diz-se que se ins- taurou o vineulo, dando nascimento a um direito subjetivo e uma corre- 32 R. Fac, Dit, UFG, 8(1-2): 29-46, jan./dez. 1984 lata sujeicdo. As vezes nem todas 0s pressupostes legais esto presentes, mas a verificago de alguns, no obstante, pode jé conferir a alguém uma expectativa que a ordem juridica tutela “como esperanga de um direito futuro”. (12) Inerentes ao vinculo, esto as categorias objetivas obrigaglo-fecul- dade, direito subjetivo-sujei¢go, potestas-sujei¢so, co-implicadas aos pares e 20 sujeito, fato e garantia tutelada, por isso que "ndo hé direi- tos, nem deveres, nem pretensdes, nem obrigagdes, nem direito de aco, sem que haja relaco juridica”. (9) Por fim, 0 objeto: aquilo sobre que recai o poder do direito subje- tivo, portanto objeto da faculdade atribuida ao sujeito. So os bens juridicos (valores materiais e imateriais) que servem de objeto da rela- 40 juridica. Esses bens so coisas e prestagdes (ages humanas, lcitas @ dotermindveis). Discute-se se 0 homem, além de sujeito de direitos, pode figurar ‘como objeto da relaggo juridica. Na consideracdo de Camelutti, no crime de injéria ou difamacao 0 bem lesado a personalidade humana (patriménio moral); diante de um ferimento provocado por uma eco criminosa (lesio corporal, e. 9.}, 0 homem (corpo humano} na sua ma- terialidade 6 0 objeto mesmo da leséo, constituindo-se, assim, objeto da relaciio juridica. (4) € inegivel que 0 ordenamento jurédico, a partir da constitui¢ao e assimilado pelas inimeras regras nele imbutidas, protege o direito fun- damental 8 vida, 0 direito a um nome, a uma imagem, a inviotabilidade, enfim, existéncia fisica e psiquics, E razodvel que esses direitos sejam protegidos ndo somente em face do Estado, sendo também em face das ‘outras pessoas (individuos). O individuo tem o direito de defender uma coisa da sua propriedade, e. g., contra todos (relacdo erga-omnes). E compreensivel que também possa exercer um direito de defender a sua integridade fisica e moral contra todos. Neste limite, pode o homer ser ‘objeto material de uma relagio juridica, instalada entre si @ as outros, decorrente de um direito subjetivo sobre si mesmo. O direito sobre a prépria pessoa, ou direito de estado como prefere especialmente Wachter, é objetado por Savigny, para quem tal importa reconhecer, a final, um direito a0 suicidio. Ao ver de Puchta, porém 0 “direito de personalidade” ndo é propriamente um direito sobre si pré- prio, mes ver a ser, no fundo, a base mesmo de todo o direito subj vo. fa) EONSECA, Contos ~ Relaybesjuridieas processuais. 33 Caio Mario no nega ser um direito, mas que ’’s6 pode ser exercido no limite da manifestegio da sua integridade". (**b) Semethante colo- Caedo faz Goffredo Telles Jtinior, ('46) Para ele o direito de personali- Gade designa 0 que é necessério num ser, exclusivo dele; no é um direi- to de ter 0 “proprio”, sendo um direito subjetivo de defender o que Ihe éestritamente proprio, ‘Seja como for, fica aqui registrada a controvérsia, quiga alimentada mais em face do estigma da escravidao, em que o homem-escravo nao passava da categoria de coisa, condigdo ainda detectada alhures © oxali ‘que no venha mais a ocupar espago no registro da hist6ria da humani- dade. ‘As relages juridicas podem ser classificadas em espécies, segundo 0 aspecto por que s¢ as vislumbre. Assim que, com relacdo ao objeto, cos- tume-se dividi-las em pessoais, reais e obrigacionsis, Em face dos interes- ses dominantes, podemos ter relagdes de Direito Privado e de Direito Publico. Na primeira hipdtese, a relagdo dé-se em linha de coordenacao; no segunda, realiza-se um liame de subordinagao, Do ponta de vista da eficécia, tem-se que uma relagdo juridica sera absoluta ou relativa e, quanto ao numero, seré simples ou complexa. J ino que concerne & natureza, classifica-se em principal e acess6riz ‘A tipolosia das relagées jurfdicas no se exaure af. E-nos particu: larmente til distinguir uma categoria de relagdes, tipiticada em face da sua fungdo: as relacdes processuais, que se contrapBem as relacdes de direito material, Assim s80 designadas conforme sejam dimanadas de hormas de direito processual ou de direito material (substantivo, de fundo) Il~ RELAGAO JURIDICO-PROCESSUAL, Como se disse, as relagSes processuais dimanam das normas do mesmo nome. € conveniente, todavia, lembrar 0 conceito de normas rocessuais. E diriamos que estas se destinam a disciptinar 0 exercicio da atuagéo jurisdicional da Estado, 0 modo e a forma de se constitul- rem 08 6rgios judicidrios, os seus servicos auxiliares e os procedimentos Preparatérios, bem assim estabelecem direitos € a respectiva tutela e os deveres, em virtude dos quais se instatam as relagBes juridicas proces- Suais. Vé-se, da conceituagdo, que as normas processuais néo se limitam @ regular um madus operandi, dal porque autores hd que distinguem nas M R, Fac, Dir, URG, 8{1-2):29.46, jan den. 1984 normas processuais as propriamente instrumentais e as processvais-ma: teriais. (15) Ditas normas tém um escopo que se confunde com o pro prio objeto do processo: "la obtencién del Pronunciamiento jurisdic cional que decida el conflicto juridico material controvertido y, even- tualmente, su ejucucién farzosa”, (1*) A relacdo juridica processual € um vinculo qualificado pela norma, que a regula e resquarda, Consiste @ssa relago, no dizer de Weismann repetido por Ferrara, “na faculdade das partes ¢ do juiz de praticar atos Processuais com eficécia propria”. (? ") Em face dessa relagdo, as partes, as partes @ 0 juiz, através de suas atividades e por meio de outros acon- tecimentos no proceso, “sdo colocadas numa posi¢go da qual Ihes resultam direitos e obrigacdes”, segundo Hellwig. {**) Nesse contexto, ‘tem-se que 0 ofendido ou o MP, usando do seu direito de acdo, timo Snus de alegar 0 "fato criminoso, com todas as suas circunstncias” (CPP, art. 41). O juiz, a seu turno, possui 0 poder-dever de lancar sen- tenga, com o fim de solucionar a espécie concretamente in examem, indo soberanamente © processo, usando de poderes e cumprindo deveres em face de cada uma das partes. O acusado tem o direito de ser ouvido, de se defender; ndo tem o dever de confessar o crime, mas desde que apresentar uma versio dos fatos, em seu favor, tem 0 onus de Provar a versdo oferecida, bem assim o MP ¢ 0 querelante tém 0 nus de provar 0 que ategar (CPP, art. 156), J no processo civil, tem 0 autor © nus de slegar © “fato e os fundamentos do pedido” (CPC, art. 382, IN); 0 eéu, em contrapartida, tem o 6nus de argiir toda a materia de de- fesa (art. 300), na oportunidade da resposta, possuindo cada um direitos (art. 79 ¢ seguintes), deveres (art. 14 ¢ 5.) e responsabitidades (art. 16 © 55.); 0 juiz dirigiré o processo segunda as disposi¢ées do cédigo, "as segurando és partes @ igualdade de tratamento”, volando pela solugtio répida do litigio, reprimindo ou prevenindo qualquer ato contrério & dignidade da justica; no se eximiré de sentenciar ou despachar, decidi 18 a lide nos limites do pedido, determinaré ou deferira as provas neces- sérias e Uteis @ instrugao do processo, respondendo nos limites da lei por perdas e danos porventura causados no exercicio da fung3o — nisso con- sistem os seus podares, deveres @ responsabilidades (CPC, artigos 125 ¢ 133}. Assim, as relagSes processuais criam para os sujeitos faculdades, direitos e poderes; encargos, deveres e sujeicées. FONSECA, Citlos ~ RelagSes juices processuai 35 A relaggo processual ¢ auténoma, dai a sua existéncie no de- pende da relacdo de direito material (substancial). A relacdo de direito material € pré-processual e © juiz néo a integra; constitui a res judicium deducta, sobre a qual se manifestard a sentenca, ao passo que na relaco processual 0 juiz é sujeito também dessa relagdo, Numa e noutra, os ressupostos e as pretensGes sio diferentes, tendo cada uma inicio e fim em momentos distintos ou no necessariamente em igual momento. Por tudo isso, vale dizer que ‘A relacdo processual no se confun de com a relagio pré-processual que possa existir entre as partes”, sendo aquela "independente de tudo quanto concerne ao exercicio da ago penal ou aos requisites para o mesmo”. {*°) Outro cardter da relacio procestual é o de que se trata de uma relagdo de Direito Publico. (2°) Assim 0 provaram Heinrich Degenkolb, Plész e Jakob Weismann citados por Pontes de Miranda, para quem “A relagdo juridica processual é sempre de direito pablico, embore possa ser (e, na maioria das espécies, 0 seja) somente de direito privado a relaco juridica que € objeto da demanda (res in iudicium dedcra)”. ey Uma relacio juridica pode classificar-se como de direito pablico na medida em que ¢ contrafda pelo sujeita {a pessoa) com o Estado como taf, com ou sem vontade daquele; relacdo essa que nao poderia ser con- trafda com outrem sendo com o Estado. A relagdo jurfdica processual é instalada diante e com a cooperagie do juiz, autoridade estatal, estando submetida a princfpios absolutos e coativos. Nao hé furtar-se, por isso, © caréter publica da relegfo juridica processual. A relagao processual compreende um feixe de direitos e deveres, poderes e Onus coordenados, e desenvolve-se de grau em grau, mediante atos sucessivos, (?7) tendentes a um mesmo fim, Disso resulta ser a rele- ¢80 processual complexa, dindmica (progressiva ou em movimento) ¢ nica. Da unidade da relagdo processual, derivase o principio da imutabi Jidade subjetiva e objetiva, que comporta excegdes e varia de acordo com 0 ordenamento jurfdico, podendo a imutabitidade subjetiva ser quanto as partes e quanto 20 Juiz, daf as restrigoes quanto a substitui- 80 das partes, 3 vinculago do juiz ao efeito, a modificacdo do pedido (CPC, artigos 41, 132, 264, 321}. 36 R, Fac, Dir, UFG, 8{1-2):29-46, jan.féez. 1984 Os sujeitos da relaco processual so as partes (autor ¢ réu) & juiz. Autor e réu somente podem ser substituidos nos casos expressos de lei (CPC, art. 41; CPP, artigos 92 § Unico, 93 39, 127, 142, 144, 149 § 20, 262, 631 © 654), Entre tais sujeitos {partes e juiz) existe uma relagdo de subordinacdo (das partes para o juiz) e uma relagao de su- premacia (do juiz para as partes). Como jé foi dito, autor e réu tém di- reitos e deveres, como os tem o juiz; desde que 0s direitos ¢ deveres processuais daquetes so perante este, inexiste relagao juridica entre autor e réu {acusador e ofendido). A presenga do juiz, como autoridade estatal, torna petente o interesse do Estado de realizar 0 direito objetivo e compor a tide; nao apenas interesse, mas um poder e monopélio. Em face desse poder exclusive que se subrogou 0 Estado, existe para todos os que figuram No pracesso como partes interessadas na composic#o uma pretenséo & tutela jurtdica (prestagio jurisdicionat, propriamente a sentenca). Para figurarem como sujeitos na relagdo processual é necessério @ presenga de requisitos (pressupostos processuais subjetivos), isto qualidades que 0 juizo, autor ¢ réu devem possuir. O Ministério Publico apresenta-se, no processo, ora como parte, ‘ora como fiscal da lei (custos /egis}, CPP, art. 257. Como parte (CPP, arts, 499 e 501), nos crimes cuja ago é de sue iniciativa é ele titular da pretensio puni e do direito de acusar decorrente daquela. Re- Presenta o Estado-Administragé que tem interesse processual e material. ‘A puni¢do de um fato criminoso depende necessariamente de um processo, {?*] no qual deve esiar presente a idéia do direito de liberda- de da pessoa reconhecido pelo Estado, em funcio de que a atacdo deste é limitada, sofreada. O jus persequendi, desse modo, é material € processual. E estando a atividade punitiva a cargo do 6rg3o do Minis. tério Piblico, 6 ele parte tanto no sentido material como na sede pro ccessual, guardadas as restri¢des quanto aos crimes cuja a¢30 depende da iniciativa privada, Na sua atuagdo come fiscal de lei, o MP deve envidar esforcos em favor de uma sentenca juste; ndo atua como parte em causa. (**) E uma atuaco em prol dos interesses puiblicos, porém conexos com interesses em conflito. (*#) FONSECA, Carlos ~ Relagtes juridieas processuais.. 37 Segundo a doutrina alemé, “a atividade da vitima e a do Ministério Publico como partes”, no caso de queixa do ofendido (crime de ago piblica) ou a intervengdo de assistente havendo denéincia, tratase de um “titisconsércio criminal” necessério e voluntério, para o acusador e para o particular, respectivamente. (7°) Além de juiz e partes (nuicieo subjetivo do process) — sujeitos prineipais — Frederico Marques aponta (a) os auxiliares do juizo e (b) terceiros interessados (direta ou indiretamente — CPP, artigos 208, 208 2 623}, como sujeitos secundarios ou acessorios. Entre estes inserem-se © terceiro prejudicado, o ofendido (pessoa prejudicada pelo crime) eo dor do réu, ocupando posic#o peculiar os patronos do querelante & do acusado (inclusive 0 defensor e o curador de réu menor}, podendo uns @ outros figurarem como partes e sujeitos processuais, decorrente de ineidentes no processo (CPP, artigos 135 § 39, 118-144, 142, 329 § Gnico, 335, 347, 687 11), sendo as testemunhas peritos terceiros de- sinteressados, enquanto 0 Ministre da Justica (quando apresenta requisi- do), interessado, portanto sujeito processual. (7) Em termos de historia do Direito, vale registrar, @ titulo de infor- macéo, que havia no velho direito penal militar romano a instituigao da Decimatio, "consistente no sorteio de um dentre dez soldados, pars responder pelos crimes pratieados por toda a tropa em insubordinag3o"” (Recurso nimero 42.965-2PR, REI. Min. Gen. Ex. José Fragomer ‘TSM ~ DJ de 11/01/82. {Il -- CONSIDERAGOES FINAIS © proceso surge de uma situaeilo extra ou meta processual. Essa situagdio que dé origem ao proceso chama-se litigio, no sentido amplo, cuja existéncia pressupde a presenca de duas esferas contrapostes de interesses, Produzido © conflito ou litigio, logo estamos na necessidade de uma solugdo, que pode dar-se por via da atua¢o dos litigantes ou mediante a participago de um terceiro. Distingue-se, pois, ume compo- sigdo parcial de uma composicéo imparcial (o parcial contrapbe-se a imparcial). Aquela modalidade oferece duas perspectivas: uma das partes sacrifica o interesse proprio ou sacrifica o interesse alheio (sacri- ficio consentido ou imposto). Tem-se, na primeira hipétese, a autocom- osiggo no sentido 2 que alude Carnelurti, (?*) e, na segunda, esté-se 38 R, Fae, Dit, UG, 8(1.2):29-46, jan. fer, 1984 diante da figura da autodefess. Tanto uma como outra podem realizar 32 por via unilateral (rendincia a qualquer revide ou iegitima defesa) ou bilateral (transagio ou duelo}: tudo se define contorme a dirego im- Primida ao impulso subjetivo, de sorte a poder caracterizar se a compo: sigdo parcial de altruista e de egoista. (2°) A autodefesa combina a parcialidade © o egofsmo; é sempre perigo sa ¢ deficiente como alternativa de solucao, por isso os ordenamentos juridicos somente a permitem em grav tolerdvel e conforme situacdes excepcionais (condigées necessérias a configuraego da legitima defesa). Bay Na solugo imparcial, ou eterocomposi¢go na linguagem de Car- nelutti, deixando de lado a arbitragem e a mediagao, 0 Estado aparece Ra condi¢éo de terceiro imparcial, que intervém imperativamente (de modo a excluir qualquer outro poder), mediante o exercicio da juris. digd0 — atributo da soberania. E aqui que surge 0 processo, com 0 es copo de restaurar @ ordem perturbada (repressto} e de evitar que se a porturbe por obra da autodefesa (prevenc&io). (°!) Tem-se procurado explicar 2 natureza juridica do processo; duas concepgées dividem os doutrinadores: concepedo privatista e concep. $40 publicista. Na linha da coneepcéo privatiste, 0 processo ¢ interpreta do ora como contrato judicial, ora como quase-contrato judicial. Con forme a concepe%o publicista, as teorias mais importantes que tratam da categoria juridice do proceso slic: teoria da situagao juridica, 2 teoria da institui¢do, @ teoria administrativa (o processo como serviga Ublica) a teoria da relaeo juridica, (3?) Pode-se afirmar que a teoria da relago juridica — 2 que mi interessa — & a dominante, e sobre a qual nos reportamos 2 seguir. “Por ser uma relagio juridica, — diz Frederico Marques — 0 Processo civil cria, para as pessoas que nele intervém, direitos e poderes, ‘nus e deveres, bem como obrigagdes processuais, polarizadas nas posi. Bes funcionais de seus diversos sujeitos”. 2?) Foi Bulow quem estabe- feceu a teoria de que 0 proceso tem 0 caréter de uma relagdo juridica entre o Estado € as partes. Com seu livro “Die Lehre von den Prozes- seinreden und die Prozessvoraussetzungen” (A Teoria das Excegdes Dilstoriais e os Pressupostos Processuais), editado em 1868, abriu-se © caminho para uma Ciéncia construtiva do proceso. (34) A teoria, entretanto, $6 foi efetivamente desenvolvida por Wach {“Handbuch...”” nos ONSECA, Carlos ~ Relagoesjurileas processus. 30 4855) e Kohler ("Der Prozess...", 1888), sucedidos mais tarde por autores itatianos. (95) A idéia do proceso como relagdo juridica permite considerar que ‘a situactio das partes dentro do processo é regida nao pelos particulares {autor e réu}, como acontecia em tempo remoto, mas por lei. A relagdo juridica processual, reguiada pelo ordenamento juridico, cria situagbes particulares em que se encontram os sujeitos, um obrigado @ fazer yaler a vontade do outro ou autorizado a fazer valer a sua propria, dentro do proceso, como consediiéncia do exercicio de suas faculdades e do cumprimento de suas obrigacées. (36) Segundo Kohler, somente entre as partes {autor ¢ réu) estabelece- se a relagdo juridica processual, excluindose 0 juiz. Uma corrente, Iiderada por Hellwig, afirma que a relacdo ¢ bilateral, de sorte que os vineulos se dariam entre autor e juiz e, de outro lado, entre juiz e réu. Uma ultima corrente, que tem a frente Bulow, Wach, Chiovenda, Cala- mandrei, além de outros, adota a concepedo trileteral: os vinculos déo- se entre partes e juiz € entre as préprias partes (autor e réu) Acreditamos que a razo est com a corrente que adota 2 concep- co bilateral-angular, para a qual mais tarde inclinou-se Bulow, (27) graficamente assim representada: aoe = Autor Rew Nao estamos convencidos da idéia de relagdo juridiea processual entre autor e réu. Romeu Pires escreve que: ‘“A relaeéo processual pro- priamente dita se desonvolve entre 0 autor e juiz, ¢ réu @ juiz. No que tange as relagdes entre autor © réu, elas $6 existem no campo do dit material. Se uma das partes — continua ele ~ impetra uma providéncia jurisdicional contra a outra parte, estabelece-se primeiro uma relagdo entre aquela e 0 juiz, em seguida entre o juiz ¢ esta Ultima”. (25) Hel- Iwig, citado por Tornaghi (ob. cit., p. 348), chega a afirmar categori- camente que “Sob 0 aspecto processual. as partes {autor ¢ réu) nao tém uma contra a outra nenhum direito”. No mesmo diapasio, situa-se Pontes de Miranda ‘Aqui, convém observer que as situagdes jurfdicas em que autor € Féu se vinculam por consegiiéncias juridicas dimanadas de atos de 40 R, Fae, Dir, UFG, 8(1-2}:29-46, janfder. 1984 acusagdo, (24) ndo tém 0 condio de estabelecer relacdo processual, sendo de direito material. A esse respeito, escreve Pontes de Miranda: “Nao hé particularizagdo em trés relagdes jurtdicas processuais (autor Estado; Estado, réu; autor, séu) como pensou Th. Schwalbach (Die Prozessvoraussetzunge im Reichszvil prozess, Archiv fir die civilstiche Praxis, 63, 393), contactos entre as partes é que criam entre elas rela bes @ situagdes juridicas particulares (e.g.. a respeito de prazos)". E Continua 0 mestre atagoano: “Cumpre, assim, que ndo confundam a relaco Juridica processual, 0 proceso, € as diversas relagées @ situa- Bes processuais nascidas durante © proceso. Provamos neste livro, como em outras obras anteriores, a necessidade de tal seperacdo ¢ 0 perigo da confusto”. (#9) A quisa de concluséo. Subjacente a todo conflito de interesses existe uma relacdo juridi 2, porque no ha titular de um direito que nao seja em face de uma relagdo, Esta é a base de todo o sistema jur(dico. (= Ay ‘As normas de direito processual ordenam as atividades desenvol- vidas no proceso pelos diversos sujeitos, vinculando-os aos impe- rativos jurfdicos. No movimento processual, a sujei¢o 2 exses impe- rativos faz nascer feculdades, direitos, Gnus, deveres e obrigacdes especificas, que qualificam a relagdo juridica processuat. A caracterizagdio do processo como relacdo juridica, além dos aspectos téenicos especificos, permite que se considerem as partes no como pecas do processo, senda como sujeitos de direitos e de- veres, em face do Estado-juiz, e implica o reconhecimento do sent do de dignidade humana, sobretudo do acusado no diteito penal. (3) Desse modo, as formalidades do processo funcionam (ou devem fun- cionar) como “atualidades das garantias constitucionais”, na li¢o de Jodo Mendes Jtinior (0 Provesso Criminal Brasileiro, 1911, p. 8). Por tudo isso vale frisar que “A concapedo do proceso como relacso juridica — no dizer de Tornaghi — obedece a uma razdo de conve: @ responde as conclusdes de uma elaboragio cientifica” (ob. cit., p. 365), concepego que, como lembra aquele jurista patrio, era negada pelos teorizadores do direito nazista, justamente porque ao acusado efa subraida a condigéo de detentor de direitos — atitude essa que & consciéncia juridica moderna repugns. FONSECA, Catlos ~ Relogdesjuridicasprocessuais, 4 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 01 ~ ALCALA-ZAMORA, Niceto & LEVENE, Ricardo, Derecho procesal penal. Buenos Aires, Guillermo Kraft, 1945. tl. 02— BARROS, Romeu Pires de Campos. Direito pracessual penal brasileiro, So Paulo, Sugestées Literarias, 1969. v.L 03 - CARNELUTTI, Francisco, Teoria goral do direito, Trad. de Queités e Castro. Sao Paulo, Saraiva, 1942. oa Sistema de diritto processuale civil, Padova, CEDAM, 1936. wl. 05 ~ CARVALHO, Paulo de Barros. Teoria da norma tributéria. 2. ed. Si0 Paulo, Ed. Rev. dos Tribunais, 1983 06 - CHIOVENDA. Instituigdes de direito processual civil, Trad, de J. Menegale. ‘So Paulo, Saraiva, 1942. 7 ~ COSSIO, Carlos. Teoria egolégica de derecho y el conceptc juridico de ti- bertad. 2. ed.S. 1, 1964. 08 - FLORIAN, Eugenio. Elementos de derecho procesal penal, Barcelona, Bosch, 1934. 09 — ENGISCH, Karl. 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Trad. de Fadda ¢ Bonsa Torino, Unione Tipograicg, 1925. ¥.L. 29 — YURRE, Gragorio R, de. Even. seminarium diocesanum victorense, Vito, 1962. NOTAS: 11) A classiticagso des normas em secundrias @ primiias representa a classifica ‘eo dualista de Hans Kelsen {in Teoria General det Derecho y det Estado. Coincide, em esséneta, 1m a classificgedo adotada por Carlos Céssio (endo: norma e perinorma}, plasmada em “La Teoria Egoldgica del Derecho y of Concepto Juridica de Libertad”, Abeledo Perrot, 28. edi¢fo, 1964. (2) CF. Lourival Villenove, in As Estruturas Logieas © 0 Sistema do Direito Positi vo, pp. 30, 37 @ 103. Tenha-se em conte a afirmacio de Engisch fapoiado em E. Husser! — “Logische Untersuchungen 1} que, a0 apresentar um dos con ceitos de dever-ser (sollen) referido a valor, esclarece: “Uma conduta & devids (dlever ser} sempre que 3 sua realizapso ¢ valorada positivamente e a sua omis- 8&0 6 valorads negativemente”. (Ker! Engisch, imrodugio 80 Pensamento J- ridico, versio portuguesa, 32. ed., pp. 25 » 57. Funcdagso Cafouste Gulben- ‘ian, Lisboa, 1965) (3) KAUFMANN, Armin, Teoria ds Norma Juridica, p. 346. Tradueio da edi¢éo de Veriog Otto Schwartz &Co,, Géittingen, 1954. Kaufmann faz uma voliosa exposigio de toda obre de Binding, merecendo ser fides a péginas 21, 96, 346 e ss, Cf, também, Fraz Von Liszt, Tratado de Direito Penal Aleméo, To- mo |, p. 219 @ss., trad. de Higino Duarte. [4] VILLANOVA, Lourival. 06. cit., p. 34: Paulo de Barros Carvalho, in Teoria da Norma Tributéria, 2a. edicao, p. 36. (5) CF. Francesco Carnetutti: “Um dos termos da rafagio juridica nfo poderia, de resto, deixar de ser hurmano, uma vez que a relacso, como veremos, tom, antes de mais, um contatde tol que 52 ndo pode conceber sono entre homens”, in Teoria, p. 214; Pontes de Mirende: “A relagéa juridica pode ser entre wma pessoa e autra pessoa, ou eniire ume pessoa @ diss ou mais, ou entre dues ou FONSECA, Curlor — RelagSes Juridica processusis.. a ‘mais pessoas © outra ov outras pessoas, © que se dé com os direitos pessoais: ou entre uma, duas au mais pessoas (condBminos, compussuidores} @ 0 pir blico (direitos reais), porque af os direitos séo erga omnes. Dizer-e que, em tal espécie a relacso & entre pessoa e coisa, orca pelo absurdo”, in Comentd- i081.» 2a. edigéo, toma |, p. 192; Miguel Reale: “uma celacéa juridica & sam pre um vinculo entre duss ou mais pessoss”, in Ligtes..., Bushatsky/Ed. Univ. do Si0 Paulo, 1973, pp. 246 ¢ ss. (6) REALE, Miguel. Teoria Tridimensional do Direito, 2. edicbo, passim. (7) CF. Hélio Tornaghi, Instituicdes de Processo Penal, vol. 1. 0p. 327/8, 2a. ed. (8) LARENZ, Karl. Metodologia da Ciéncia do Direito, varsio portuguesa, de 22. edigao alema, p. 43. (9) Sobre 0 conceito de relagso imediats e mediata, ver Kelsen: “A relacso em (que a conduta de uma pessoa esté com uma ou varias outras pessoss pode ser imediata ou mediata. O homicidio & urna conduta do homicide een face da vi- ima, E uma relagdo imediota de homem a homem. Quem destréi um objeto valiaso, atua imediatamente om face de uma coisa e madiatamonto em face de ‘uma ou viriss pessoas que estéo interessades nessa colsa, especificamente se la & propriedade dessas pessoas”, in Teoria Pura do Direito, 4a. edie30, p. 48. (10) RUGGIERO, Roberto. tnstituigbes de Direito Civil, v. 1, 32. edict, p. 43. Ct, tambsim, Pontes de Mirande, Tretado de Direito Privado, val. 1, p. x¥i. (11) CF. Kelson, “Teorts General del Estado”, pp. 81-85; Cameluiti, ob. cit, p. 242, (12) RUGGIERO, Roberto. Ob. cit.,p. 44. (13) Amaral Neto, Francisco dos Santos. Enciclopédia Saraiva do Direito 64/409. Cl. Carnelutti, Teoria, pp. 279-283; Pontes de Mirande, loc. cit. (741 Ch, Cornelutti, Teoria, § 383; Miguel Reale, Licdes., pp. 248/249; Ruggiero, 0b. cit, pp. 43/44 © 188. Para Gregorio R. de Yurre, o homem, pessoa huma- 1na, nunca pode ser matéria ou objeto de relacio juridica, “Sujeto y término tianem que ser seresracionales. (..) Sélo fa persona puede ser sujeto o término de derectto". Noutra passage, atirma que “Toda persona es sujeto y térmi- no de derecho". Termo de dirsito, ne conceituacdo do autor, é 0 homem situado numa relago de subordinacfo ou de dever de subordinaSo, como a ‘elagéo entre filho e pai. Diz ele: “Materia, Es el objeto sobre ef cual racae la ‘elacién jur dice, La persone nunce puede ser materia; séfo fo imracional puede ser objeto ae derecho, ya sean casas materiaies, ya sorvicios 0 actividades. La ‘razon es ésta: ef objeto de una releci6n jurtdica es aquelio sobre fo que ef a“ R, Fac, Dir. UFG, 8(1-2}: 29-46, jan.fdez, 1984 hombre tiene derecho y es algo que se considera coma media 0 instrumento al servielo del sujeto. Ahora bien, l@ persona no puede en ningin caso ser me- dia 0 instrumento para e! servicio utilitario de outra persona. EI hombre pue- de tener deberes de subordinacién, tanto para con Divs como en relscién con Ja autoridad. Pero, en esta relacién de subordinacién, of hombre es término, 170 materia de tal derecho. La autoridad no es propriotaria de sus sifbditos, 1 el sibdito es medio o instrumento al servicio de le autorided. Esta reduc- cién det hombre a fa categoria de materia tuvo lugar en Ia institucién de 1a es- clavitud. EI hombre fué degraded 2 la condtcién de cosa, objeto que se com- ‘pray se vende, meio e instrumento utilitaria al servicio de su propristario, El ‘sendr era ef proprietério; el esclavo ere '# propriedad del seffor y, como tal, totalmente sometido a las exigéncies utiltarias de su seffor”” (“Etiea”, Semi- rrarium Diocesonum Vietoriense, Vitoria, 1962, pags. 334-336). ‘A qualificagio do termo de direito atribuida a0 homem, tal como mencionada ‘aclma, néo altera as coisas. De qualquer sorte, a qualificagéo exerce uma fun- ‘fo didétice, denotativa de um conteido especitico; representa, entretsnto, uma significagSo jar idica que, enti, se ndo pode desprezar. (14a) Cf. Windscheid, “Diritto delle Pandette", vol. 1, § 40, pp. 175/116. Lorenz, Metocologis, pp. 487/8 © GO0e ss. (14b)Jastituicdes de Direito Civil, v. 1,1. 6, pp. 48/49, 58. adigso. (14e) “Direito Subjetivo 1”, in Enciclopédia Saraiva de Direito, vol. 28, pp. 318/ 316, (95) Assim distinguern Carnelutti, Alcais Zamora (in “Derecho procesal Penal”, ob. ‘it., pp. 33/37 ¢ 129). Alfredo de Marsico, Giovanni Leone, Romeu Pires (ob. it, pa 75-79); &. Massari, José Frederico Marques (ob. ct., pp. 47-50). Con- tra: Resenborg, "Lehrbuch", p. 4, apud Alcals-Zemora, ob. cit, p. 34. (18) CF. Ateala-Zamora, ob. cit.,p. 126. (97) Wissemann, “lebrbuch”, vol. To.,pp. 10 e ss. ¢ 385. ss., apud Helio Tornaghi, 0b. cit, p. 355. £18} tdem, v. 20., p. 31. idem p. 329. (19} TORNAGHI, ob. cit, p. 342; Eugenio Florian, ob. cit, p. 85. (20) Essa 6 a doutrina dominante, Contra, porém, Josef Kohler. Mortara, Ferrars, ‘Kremer @ alguns juristas argentinos (Jofré, Halperin, Alsine Y Podetti, Rey- ‘mundo Fernéndez) sustemam que a relagSo pracessual participa de ambos os caracteres, havendo uma relacso entre partes, de direito privado, e uma rele- fo entre elas ¢ 0 67940 julgador, de direito publica. Cf. Tomaghi, ob. cit, pp. 342/343; Alcsle-Zamora, 0b. cit. p. 127; Moseyr Amaral Santos, in Encicio- pédia Saraiva do Direito, vol. 64, p. 416. Goldschimide néo adota a teoria de reer Juries, concebendo o proceso come “stuart juries” (eb. ce, op tha FONSECA, Carlos — Relagses juridicas processuais, 45 (21) Comentérios... pp. XXIVe XXVIII (22) Uns sustentam que hd, no processo, uma série de relardes juridicas corde. rnadas, outros afirmam que 2 unidade procestual de gradualmente, por fa: s2s, cf Aleale-Zamore, ob. cit.p. 83. (23) MAURACH, Reinhart. “Tratado de Derecho Penal, v. 1, versio espantiols, . 619, Eugenio Florian, ob. cit. pp. 16:79. (24) CHIOVENDA, Instituigdes de Direito Processual Civil, v1, n. 9, pp. 63/64. (25) CARNELUTTI, Francesco. Sistema, v1, p. 387. 126) Eduardo Massari, “I! processo penale nella nuova tegislazione italiana, 1934, 2. 554, apud Frederico Marques, Tratado, v. 2, p. 276. Idem, Mortara, apus Eugenio Florian, ob. cit... 26, notan. 1. (27) Ob. elt, v. 2,pp. 168-173, (28) CARNELUTTI, Francesco. "Sistema di Diritto Processuale Civile”, vol. I,m 55, pp. 168 ss. (29) A legitima defeso exercida por terceiro, na qualidade de defensor ocasional, é ‘uma modelidade de autodefess. A arbitragem 2 mediocso si0 modalidades de compesicéo por via de terceiro, mas que dependem de aceitacso dos Hti- ganies. 130} Sobre 0 que s2 escreveu, ver Alcala-Zamora, “Derecho Procesal Penat, toma Lp. 7-10. (31) Aleala-Zamora, ob. cit, p. 18. (82) Sobre as duas conceppées @ as virias tearias, ver: Hélio Tornaghi, ob. cit, vol. 4, tiv. 1H, capitulos It a V; Frederico Marques, Tratado..., vol. 2. § 80. 193) Enciclopedia Saraiva do Direito, vol. 28/335. (24) GOLDSCHMIDT, James. “Teoria General del Processo", p. 14. £35) Cf. Hétio Tornaghi, ob. cit, p. 340 2 s8.; Pontes de Miranda, Comentérios a0 ‘Codigo de Processo Civil, tomo 1, 22, edigho, p. XIX es. (36) CF. Romeu Pires, Direito Processua{ Penal Brasileiro, v. 1, p. 1240s; Euge: rig Florian, “Elementas de Derecho Procesal Penal”. p. 80 ¢s. (37) Tomaghi, 0b. cit. p. 49. (98) Ob. oft.,p. 127. (99) So atos de causagso 0s convénios ou acordos processuais e dec!aracdes uni aterais de vontede ou negécios processuais. Sfo atos das partes, distintos dos ‘tos de obteneso, tudo de acordo com a taxionomia de Goldsmidt, ab. cit, copitulos Vile Xi (40) Comentérios... pp. XXIV @ XV. (40A) Karl Engisch referee 4 relagio jurice enquanto contetido do “conseqién: ia juridica”, ob. eit. p. 24 (41) A relopio jurtica processuel, como categoria distinta da relerSo juridica de direita material, atende inclusive a um postulada de seguranca juridice. Ver, @ ropésito, as considerapbes de Radbruch, Filosofia do Direita, 6a. ed, trad. portuguese, np. 248/386.

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